fénix digital nº 3

24
1 Editorial Número 3 | Periodicidade Trimestral | Julho 2011 Fénix Digital O terceiro e último número deste ano do Jornal Fénix Digital vem confirmar o que já sabíamos: as escolas e os agrupamentos da rede Fénix afirmaram-se à escala nacional como um conjunto com uma identidade própria, com dinâmicas de intervenção ter- ritorial, com práticas pedagógicas e organizacionais geradores de sucessos de natureza plural. Neste número, continuamos a dar voz às escolas e aos pro- fessores, praticando deste modo os direitos de autoria. Conti- nuamos a convidar personalidades de referência no campo da educação para enriquecerem o nosso conhecimento e o nosso olhar. Continuamos a ser o palco das palavras que acedem os horizontes de possibilidade de aprendizagens exigentes e rele- vantes. O Projecto Fénix assume-se cada vez mais como a promessa cumprida de mais e melhores aprendizagens para todos os alu- nos. Para isso investiu numa formação disciplinar realizada ao longo do ano e centrada na acção (nos casos da Língua Portu- guesa e Matemática) e numa formação pedagógica mais trans- versal realizada em diversos seminários regionais, para além do encontro nacional dirigido pelo prof. António Nóvoa. Não há dúvida que o conhecimento, a escuta e a proximidade foram os elementos que geraram uma dinâmica que conduziu a excelentes resultados escolares no final do ano. A nível de cada agrupamento e da equipa AMA-Fénix. Por isso, neste número, não podemos deixar de enunciar uma palavra de satisfação e congratulação: satisfação pelo sentido de elevada responsabili- dade e compromisso; congratulação pelas qualidades dos pro- cessos pedagógicos e dos resultados alcançados.Todas as pesso- as que trabalharam nestes territórios onde se teceu um sucesso mais consistente merecem o reconhecimento e os parabéns. E que nos alentam para um novo ano que não pode deixar de continuar a ser de grande exigência nos modos de fazer apren- der os alunos e de comprometer todos os actores educativos José Matias Alves Elementos, Dinâmicas, Sucessos

Upload: projectofenix

Post on 24-May-2015

918 views

Category:

Education


10 download

DESCRIPTION

Jornal Fénix Digital nº 3

TRANSCRIPT

Page 1: Fénix Digital nº 3

1

Editorial

Número 3 | Periodicidade Trimestral | Julho 2011

Fénix Digital

O terceiro e último número deste ano do Jornal Fénix Digital vem confirmar o que já sabíamos: as escolas e os agrupamentos da rede Fénix afirmaram-se à escala nacional como um conjunto com uma identidade própria, com dinâmicas de intervenção ter-ritorial, com práticas pedagógicas e organizacionais geradores de sucessos de natureza plural.Neste número, continuamos a dar voz às escolas e aos pro-fessores, praticando deste modo os direitos de autoria. Conti-nuamos a convidar personalidades de referência no campo da educação para enriquecerem o nosso conhecimento e o nosso olhar. Continuamos a ser o palco das palavras que acedem os horizontes de possibilidade de aprendizagens exigentes e rele-vantes.O Projecto Fénix assume-se cada vez mais como a promessa cumprida de mais e melhores aprendizagens para todos os alu-nos. Para isso investiu numa formação disciplinar realizada ao longo do ano e centrada na acção (nos casos da Língua Portu-

guesa e Matemática) e numa formação pedagógica mais trans-versal realizada em diversos seminários regionais, para além do encontro nacional dirigido pelo prof. António Nóvoa.Não há dúvida que o conhecimento, a escuta e a proximidade foram os elementos que geraram uma dinâmica que conduziu a excelentes resultados escolares no final do ano. A nível de cada agrupamento e da equipa AMA-Fénix. Por isso, neste número, não podemos deixar de enunciar uma palavra de satisfação e congratulação: satisfação pelo sentido de elevada responsabili-dade e compromisso; congratulação pelas qualidades dos pro-cessos pedagógicos e dos resultados alcançados. Todas as pesso-as que trabalharam nestes territórios onde se teceu um sucesso mais consistente merecem o reconhecimento e os parabéns. E que nos alentam para um novo ano que não pode deixar de continuar a ser de grande exigência nos modos de fazer apren-der os alunos e de comprometer todos os actores educativos

José Matias Alves

Elementos, Dinâmicas, Sucessos

Page 2: Fénix Digital nº 3

2

Pág. 3 - Crónica - Luísa Araújo

Pág. 4 - Algumas Notas Sobre o Projecto Fénix - Cristina Loureiro

Pág. 7 - Diário de Viagem - Maria Conceição Jorge

Pág. 8 - Blogar no 1ºCiclo - João Chanoca

Pág. 9-10 - Testemunhos - Cristina Almeida, Júlio Sousa, Marisa Carvalho e Gabriela Velasquez

Pág. 22 - A palavra a Manuel António Pina

Pág. 23 - Recursos Digitais

Pág. 24 - Imprensa na Escola

Pág. 21 - A Escola com a Família - Madalena Cavaco

Pág. 19-20 - Leituras

Pág. 17 - Formação Fénix 2010/2011

Pág. 18 - Seminário Nacional Mais Sucesso – Projecto Fénix Sessão de Encerramento – 15 de Julho de 2011

Pág. 13-14 - Notícias

Pág. 16 - O Projecto Fénix em Rede: Visitas e Encon-tros Regionais

Pág. 15 - Arte e Motivação - Criação de Fantoches na Es-cola de Mões Agrupamento de Escolas de Castro de Aires

Pág. 11-12 - À Conversa com... Helena Damião

Pág. 5-6 - O Presente do Futuro - Júlio Castro

Índice

Page 3: Fénix Digital nº 3

Em Portugal, o investimento público na educação pré-escolar mais que

duplicou desde 1996. Balanços recentes sobre o impacto da frequência

pré-escolar no bem estar dos adultos de amanhã, a nível educacional e

sócio-afectivo, não parecem deixar dúvidas: o investimento neste pri-

meiro nível de educação deixa marcas positivas e indeléveis (Reynolds,

Temple, Ou, Arteaga & White, 2011). Adultos na terceira década de vida

que frequentaram o pré-escolar enquanto crianças, quando comparados

com as que não participaram, tem mais sucesso na escola, melhor saúde

e melhores empregos e salários. E o impacto não se limita ao bem estar

pessoal mas também ao bem estar social, já que as crianças que frequen-

tam este nível de ensino se revelam socialmente bem adaptadas. Têm ín-

dices de comportamentos delinquentes e de abuso de subtâncias ilícitas

bem mais reduzidos do que aquelas que não frequentam o pré-escolar.

Na União Europeia, o conceito de acesso universal a este nível educa-

cional pressupõe a cobertura de crianças entre os três e os cinco anos

de idade. No entanto, nem todos os países, Portugal incluído, consegui-

ram até agora chegar ao patamar de inclusão de 90% das crianças entre

estas idades na educação pré-escolar. Em Portugal, só entre os quatro e

os cinco anos de idade se regista uma taxa ligeiramente superior a 90%.

Quer isto dizer que ainda há um caminho a percorrer, mas não podemos

deixar de considerar apenas metas quantitativas. A qualidade dos pro-

gramas durante a primeira infância também afecta o bem estar futuro e

as aprendizagens na etapa de ensino subsequente. A utilização, para fins

de monitorização, de indicadores de qualidade como sejam a formação

universitária dos educadores, o rácio-educador-criança e a adequação

dos espaços físicos à actividade pedagógica estão já bem cimentados

tanto em Portugal como na Europa em geral.

Mais recentemente, têm-se feito vários estudos que procuram compre-

ender como a qualidade dos programas curriculares para a educação

pré-escolar podem servir de alavanca para as aprendizagens no 1.º Ciclo

e resultados mostram que programas mais sequenciais asseguram uma

melhor transição. Por exemplo, sabe-se hoje que as crianças que iniciam

o 1º. Ciclo com pouco ou nenhum conhecimento das letras do alfabeto

têm maior probabilidade de ter problemas na aprendizagem da leitura.

Sabe-se ainda a enorme importância que a leitura em voz alta feita re-

gularmente pelo educador tem no acumular de novos conceitos e de

vocabulário por parte das crianças. Iniciativas como o Plano Nacional de

Leitura de certo contribuem para que boas práticas como estas ganhem

terreno. No entanto, talvez fosse tempo para rever as pioneiras orienta-

ções curriculares para a educação pré-escolar pois parece que melhores

orientações podem levar a melhores resultados.

Luísa AraújoJoint Research Center, European Commission

A Educação Pré-escolar e o Bem Estar

Crónica

3

 

Page 4: Fénix Digital nº 3

4

Cristina Loureiro

EB Comendador Ângelo Azevedo

Na EB Comendador Ângelo Azevedo, o Projecto Fénix envolve duas

turmas do sexto ano de escolaridade e duas turmas do oitavo ano, em-

bora apenas o oitavo ano tenha sido objecto de contratualização oficial

nas áreas curriculares disciplinares de Língua Portuguesa e Matemática.

Como pontos fortes do Projecto, é de realçar uma intensa cooperação

entre os docentes que trabalham de uma forma muito produtiva na

definição de competências e na selecção de metodologias e estratégias

mais adequadas aos grupos com os quais lidam diariamente.

O trabalho de cooperação permitiu a concretização de actividades que

nunca se realizaram na escola. Um dos exemplos é o Atelier de Escrita

Criativa que envolveu os alunos do 8º ano em várias actividades de es-

crita com o intuito de desenvolver nos alunos o gosto pela escrita.

Os resultados obtidos pelos alunos permitem-nos concluir que o Pro-

jecto está a dar os seus frutos. Efectivamente, o número de alunos com

nível inferior a três é mais reduzido quando comparado com os da-

dos de anos anteriores. Para além disso, é de sublinhar que a criação

de turmas de homogeneidade relativa permitiu-nos reunir um número

significativo de alunos que consegue atingir de forma rápida e eficaz as

competências, o que contribuiu para a existência de um elevado núme-

ro de alunos com níveis quatro e cinco, comparativamente com o que

existia em anos anteriores. Este conjunto de alunos é um verdadeiro

desafio, pois consegue-se ir mais além do que aquilo que foi inicialmente

definido.

Esta possibilidade de trabalhar com grupos com características bem di-

ferentes é sem dúvida fundamental e implica um respeito pela individu-

alidade dos nossos alunos, que devem ser encarados de acordo com as

suas especificidades.

Na nossa escola, a constituição dos ninhos teve por base as compe-

tências que os alunos apresentavam, não só ao nível das aprendizagens

escolares, mas também pessoais e sociais. A integração em grupos mais

reduzidos foi muito benéfica para alguns alunos que, embora não apre-

sentassem grandes dificuldades ao nível das aprendizagens escolares, re-

velavam uma fraca auto-estima que estava a condicionar o seu sucesso

pleno.

A satisfação dos docentes envolvidos no Projecto manifesta-se quando

os alunos conseguem atingir os objectivos definidos e se apercebem

que os progressos feitos pelos alunos estão a ter reflexos positivos nas

outras áreas curriculares disciplinares.

Para valorizar o grupo de alunos envolvidos no Projecto foi comemora-

do o Dia do Projecto Fénix na BE/CRE, no dia 7 de Junho. Decorreram

exposições com trabalhos realizados pelos alunos nas diferentes áreas

curriculares disciplinares e não disciplinares e uma projecção com várias

fotografias dos alunos Fénix que participaram em diferentes actividades.

notassobreoProjecto

Fénix

Algumas

Page 5: Fénix Digital nº 3

5

O

“Nenhum vento é favorável para um barco que anda à deriva. E anda à

deriva se não existe um projecto concreto de viagem, se não há forma de

controlar o barco ou se não estamos a navegar na direcção correcta” Santos

Guerra, 2002.

1.Breve nota sobre o contexto do Projecto

No ano lectivo 2009-2010, um novo desafio foi colocado ao nosso Agru-

pamento ao sermos seleccionados para o Projecto Mais Sucesso Escolar

– Tipologia Fénix. A filosofia, metodologia de trabalho do Projecto Fé-

nix, veio exactamente ao encontro das nossas preocupações ligadas ao

princípio nuclear da diferenciação pedagógica, no sentido de responder

com qualidade à diversidade e heterogeneidade dos alunos. Permitiu

desde logo aos professores integrados nas turmas com o Projecto Fé-

nix, “descalçarem-se”. Foi preciso deixarem “os sapatos na soleira da

porta dos tempos novos” (Mia Couto). Sapatos aqui, naturalmente em

sentido figurado, no sentido de uma atitude nova, activa, marcada por

uma inquietação solidária e de rebeldia construtiva. Trabalho colaborati-

vo, partilha, troca de experiências, conversa/reflexão/discussão sobre o

essencial, permitiram criar um clima de trabalho sereno, tranquilo mas

ao mesmo tempo de conquista, de experiência, de inovação.

2.As mudanças já realizadas e os factores/variáveis que

as possibilitaram

A entrada no Projecto Fénix permitiu criar na escola dinâmicas interes-

santes, quer ao nível organizacional, quer ao nível do debate/reflexão

enquanto organização aprendente. Esta prática teve resultados muito

positivos quer ao nível do desempenho das aprendizagens dos alunos,

quer ao nível do papel do professor na construção da sua profissiona-

lidade, nomeadamente nos professores dos apoios ao nível do 1º ciclo,

pois passaram a articular de uma forma mais consistente com o profes-

sor titular.

A grande alteração decorrente da implementação do Projecto situa-se

ao nível da mudança do paradigma dos apoios. E esta transformação cria

em todos, alunos e professores, uma situação de grande conforto.

3.Explicação da distribuição dos horários

Numa perspectiva organizacional, constituímos os apoios nas turmas

do Agrupamento de Escolas de Vagos, seguindo a filosofia dos Ninhos.

Assim:

3.1. No primeiro ciclo, constituímos Ninhos nas turmas que te-

rão apoio. A gestão dos Apoios foi feita de acordo com princípios de

ordem pedagógica, de apoiar um grupo reduzido de alunos, num outro

espaço e trabalhando os mesmos conteúdos/competências que o pro-

fessor titular, reajustando a gestão dos tempos lectivos de cada área cur-

ricular intervencionada, de modo a fazer coincidir o horário das Turmas

com o dos Ninhos.

3.2. Nos 2º e 3º Ciclos, foram constituídos Ninhos em várias

turmas utilizando as horas supervenientes dos professores e horas e

lectivas dos professores do quadro com insuficiência de horário. Assim

à mesma hora que está a ser leccionada uma aula, por exemplo de LP ou

Matemática, existirão Ninhos que recebem alunos dessas turmas. Esta

perspectiva organizacional implica um trabalho de articulação entre o

professor da disciplina e o professor dos Ninhos. Os professores dos

Ninhos têm uma hora na sua componente não lectiva para articular

com o professor titular.

3.3. Esta organização dos apoios ocorreu nas turmas que não

estão abrangidas pelo Projecto. Deste modo, durante este ano lectivo

65% das nossas turmas 74 turmas, foram abrangidas por este modelo

organizacional ao nível dos Apoios.

Porque queremos uma Escola que se organiza, que se reorganiza, que

pensa, que tem massa crítica, que atinge resultados e comprometida

com os seus resultados e desempenhos, entendemos que esta apropria-

ção do projecto e o seu alargamento se traduz naquilo que é o objectivo

supremos de qualquer organização: Criar Valor.

Cada um de nós deve dar o seu contributo para os processos de mu-

dança e implementar os processos de melhoria, partir desta visão, sentir

uma inquietação no sentido de procurar cada vez fazer melhor, neste

processo de construção de uma escola que se quer de qualidade. E a es-

cola enquanto organização, deve partir do princípio que qualquer insti-

presentefuturo

do

Page 6: Fénix Digital nº 3

6

tuição deve ser uma organização aprendente. Este aspecto biológico de

qualquer organização é muito importante, pois uma organização, cresce,

desenvolve-se, adapta-se e sobrevive ou simplesmente entra em crise.

Assim, exige-se uma escola dinâmica, mais humana e criativa, que vise

a promoção de aprendizagens significativas (académicas e não acadé-

micas) e a formação integral dos estudantes (crianças, adolescentes e

jovens).

As pessoas são o principal capital das organizações. Sem a contribuição

de todos e de cada um, as organizações não funcionam. As organiza-

ções devem incentivar os actores à mudança, quer nas atitudes, quer nas

competências.

Daí a importância de uma liderança transformadora e crítica que faça da

Escola, uma instituição simultaneamente mais humana e mais prestigiada,

que procure encontrar nas dificuldades, desafios. A grande questão que

se coloca nos tempos que correm é o da qualidade na educação – no

contexto sala de aula (assente no princípio nuclear da diferenciação

pedagógica, no sentido de responder com qualidade à diversidade e he-

terogeneidade dos alunos – e aqui temos o exemplo do Projecto Fénix,

como forma de intervenção neste campo, quer do ponto de vista orga-

nizacional, quer do ponto de vista pedagógico, com a construção de um

novo paradigma) e na organização e funcionamento da escola enquanto

organização (o desenvolvimento profissional do professor assenta na

capacidade de reflectir sobre a sua experiência e no envolvimento coo-

perado com os outros colegas, ao nível da intervenção e reflexão).

Como diz o Pedro Abrunhosa numa das suas canções: “O caminho faz-

-se entre o alvo e a seta / e que nunca caiam as pontes entre nós”. O

caminho, a liderança, a nossa capacidade de sentir, melhorar, imaginar a

organização é fundamental. Numa época de desafios, três aspectos assu-

mem-se como importantes para a excelência educativa, como afirmou o

Professor Roberto Carneiro “a responsabilidade social, a aprendizagem

de cada elemento da comunidade educativa, a importância da organiza-

ção”. Segundo o Professor Roberto Carneiro, o bom professor é o que

“… me leva a lugares onde nunca estive …” o professor excelente é o

que “transforma o lugar onde estou.” Esta capacidade de acreditar, de

transformar o nosso mundo leva-me a dizer que tal só é possível quan-

do descobrimos o nosso “Elemento” segundo Ken Robinson “o termo

para descrever o lugar onde as coisas que adoramos fazer e as coisas

em que somos bons se reúnem. Julgo ser essencial que cada um de

nós encontre o seu Elemento, não só porque nos tornará pessoas mais

realizadas, mas sobretudo porque o futuro das nossas comunidades e

instituições dependerá disso à medida que o mundo evoluir.”

Júlio Castro

Director do Agrupamento de Escolas de Vagos

Page 7: Fénix Digital nº 3

Esta sessão de Formação Fénix em Língua Portuguesa distingue-se de

todas as outras e não apenas por ser a última de quatro jornadas (in-

tercaladas pela operacionalização junto dos alunos), marca-a a viagem

individual de Expresso sem a agradável companhia de colegas, mas, por

outro lado, com a tranquilidade, a liberdade de pensamento e a medi-

tação proporcionadas pela observação da paisagem verde a «subir» a

Estremadura até à cidade carismática de Coimbra.

Na mala, O Principezinho, um dos livros da minha vida, uma edição de

há, pelo menos, trinta e cinco anos, recomendada pela professora de

Língua Portuguesa e oferecida pelos meus pais, lida e relida desde então

com renovado entendimento e satisfação, como uma lufada de ar fresco.

Esta obra, eleita para o «Fórum de Leitores» dinamizado pelo formador

Vilas-Boas, continua a «cativar» os alunos, dos quais se diz que não gos-

tam de ler, mas rendem-se, para o próprio espanto, à sua leitura; mesmo

os mais irrequietos sossegam e revelam um nível de atenção superior

ao habitual, sentindo o tempo da aula fluir sem enfado enquanto se lêem

as aventuras do aviador-criança e do pequeno príncipe com maturidade

de crescido. Trata-se de uma obra intemporal que aproxima e, de cer-

to modo, reconcilia o adulto e a criança, esta que questiona o mundo

das «pessoas grandes», que sobrevalorizam os números, as aparências, e

foca-nos no “essencial” de todos nós, além de facilitar ao jovem leitor a

compreensão da linguagem conotativa e simbólica.

Terminada a sessão, regresso a casa com a «mochila» mais apetrechada

de propostas e materiais úteis para trabalhar as competências da leitura

e da escrita no contexto do Novo Programa de Português do Ensino

Básico (NPPEB) e da realidade exigente de diferenciar para ensinar de

forma significativa.

Maria da Conceição JorgeE.B. 2,3 António Bento Franco - Ericeira

Da Capital à «Cidade dos Estudantes»

7

Viagem»de«Diário

Reflexão sobre a 4ª Sessão de Formação Fénix

Page 8: Fénix Digital nº 3

8

Blogar

O Blogue (a postagem”, a edição de imagens estáticas e em movimento,

os sons e o podcasting) proporciona-nos a produção de novos espaços

de discussão sobre as aprendizagens mais significativas do desenvolvi-

mento curricular, do estudo do meio ao desenvolvimento das compe-

tências linguísticas, do pensamento crítico à capacidade de diálogo, à

argumentação e à persuasão. Paralelamente, promove oportunidades

únicas, quando os alunos passam a ser geradores das suas aprendizagens,

mais do que simples consumidores, um pouco passivos e acríticos. O

Blogue e todas as suas ferramentas de auxílio e, muito concretamente,

o podcasting, dão aos alunos instrumentos e ferramentas para uma nova

audiência para as suas ideias, opiniões e produções, o que acarreta, por

sua vez, um aumento considerável nos níveis de exigência, de interesse

e de motivação para a aprendizagem.

A edição de um blogue, visto como um novo espaço cooperativo

de escrita e de leitura colaborativa (aprendizagem), é, ao

mesmo tempo, a ligação directa com a informação. Parece-nos, pois, o

espaço perfeito para introduzir os alunos no mundo potencial de co-

municação, num mundo de aprendizagem em rede e, finalmente intro-

duzi- los nas aprendizagens de um nova competência textual: a leitura e

a escrita com novos e inéditos objectivos.

João ChanocaEB1 da Vagueira - Agrupamento de Vagos

nolº Ciclo(Comunidades

virtuais)

“A Nossa Turma”Blog da EB1 da Vagueirahttp://estatudopertodenos.blogspot.comUm blog a consultar

Page 9: Fénix Digital nº 3

9

Da Escola de Santa Iria da Azoia chega-nos o testemunho de Ana

Cristina Lopes:

“Este projecto, além de ter sido uma atitude positiva da escola para com

os alunos, ajudou-os num melhor desempenho e sucesso escolar, trouxe

um melhor equilíbrio no percurso da sua aprendizagem, assim como

maior motivação e interesse pela escola.

Para a escola, penso que foi um processo de mudança e evolução para

melhor, no sentido de ter melhorado a qualidade do ensino que passa,

não só, pela condição física e material da escola, mas também pelo apoio

aos seus alunos tornando-se assim uma referência muito positiva e a ser

continuada.”

Cristina AlmeidaEscola Básica de Mário Beirão

Testemunho de uma mãe

“É com enorme agrado que deixo aqui registado o quão útil foi para

todos nós, docentes de Língua Portuguesa, a oportunidade de participar

e partilhar das propostas de trabalho que nos chegaram via Dr. António

Vilas-Boas. Sem teorizações em excesso, com uma componente muito

prática e com critérios muito objectivos, foi possível trabalhar o NPPEB,

para os 2º e 3º ciclos, sobretudo, nos domínios da leitura e da escrita,

pondo em prática oficinas reais de escrita e fóruns de leitores, onde é

possível atender à diferença e conduzir ao desenvolvimento efectivo

de competências. Conseguiu-se, naquelas sessões – que terminavam tão

rapidamente! - provar que, mesmo os alunos menos motivados, em situ-

ações ali retratadas, querem ler e querem escrever (se souberem como

fazê-lo e se essa tarefa lhes for útil) e ficam felizes por demonstrá-lo.

Não me recordo de ter participado, ao longo de toda a minha vida pro-

fissional, numa formação, onde tivesse sido possível aprender tanto e

partilhar na plena acepção da palavra; posso finalmente congratular-me

pela mudança nalguns aspectos da minha prática pedagógica e também,

por ver que, estamos todos em estado de alerta às diferentes neces-

sidades dos nossos alunos, abertos à mudança e que, por vezes, basta

um pequeno clic , para despertar neles e em nós algo que fará toda a

diferença, nas nossas, mas sobretudo nas suas vidas. Enquanto alunos e

enquanto pessoas, o seu trabalho será valorizado por todos: professo-

res, pais e entre pares; a sua auto-estima subirá em flecha e será possível

ver nos seus rostos uma intensa e duradoura alegria pelo sucesso que

vão gradualmente alcançando.

Aprender na verdadeira acepção da palavra

Testemunhos

Marisa CarvalhoAgrupamento de Escolas Padre António Martins de Oliveira, Lagoa

Julio SousaAgrupamento de Escolas de Salir

Projecto FénixUm Projecto gratificante

Articulação curricular no Projecto Fénix

“A integração dos alunos neste projecto tem sido uma mais-valia para

a aquisição de competências básicas fundamentais e, por conseguinte,

para a sua progressão ao nível das aprendizagens, dado que integram

um grupo com menos elementos, conseguindo-se uma melhor diferen-

ciação pedagógica, participação constante de todos os alunos, respeito

pelos ritmos de trabalho de cada um e um excelente clima de aula favo-

rável às aprendizagens.

Todos os alunos mostraram-se empenhados, trabalhadores e motivados,

nos Ninhos. Cumpriram todas as actividades apresentadas e os seus

resultados foram uma clara evidência do seu esforço e empenho.

Têm sido para mim muito gratificante participar neste Projecto, bem

como nos Encontros e Formações quer no ano transacto quer no pre-

sente ano lectivo.”

A aplicação do Projecto Mais Sucesso Escolar (PMSE), tipologia Fénix,

permitiu o desenvolvimento de uma outra forma de articulação curri-

cular envolvendo os docentes do 1º, 2º e 3º ciclos.

Na realidade, a aplicação deste Projecto no Agrupamento de Escolas de

Salir abrange turmas do 1º ciclo e do 3º ciclo. São feitas, regularmente,

reuniões com todos os docentes envolvidos nomeadamente os profes-

sores titulares de turma no caso do 1º ciclo e os Directores de turma

no caso do 3º ciclo, para permitir articular todo o trabalho desenvolvi-

do e a desenvolver, situação que, depois, “transita” para os Conselhos de

Turma e de Departamentos Curriculares.

Page 10: Fénix Digital nº 3

10

“Sou docente do 1º ciclo há muitos anos. Investi muito na formação

académica ao longo da minha vida profissional, sempre com o objectivo

de ensinar melhor. Sou viciada no trabalho: costumo dizer que quando

não tenho que fazer, invento. Mas nunca tinha tido uma experiência com

as características daquela que tive neste ano lectivo.

A escola onde leccionei este ano é uma escola urbana situada num con-

texto típico de bairro social. Esta característica, por si só, já a distingue

de todas as outras em que leccionei nos anos anteriores.

De facto, quase todos os anos da minha vida profissional foram de-

dicados a ensinar crianças de escolas privadas ou de escolas públicas

consideradas de “elite”.

Foi-me atribuído um grupo de oito alunos de 3º ano, considerados como

tendo dificuldades de aprendizagem, um “ninho” , ao qual me compete

ensinar Língua Portuguesa. A perspectiva de ensinar um pequeno grupo

de alunos que partilham dificuldades de aprendizagem da Língua Portu-

guesa era também nova.

Iniciei o ano escolar com uma forte expectativa de sucesso, convicta de

que o meu trabalho e empenho teriam necessariamente que resultar em

mais aprendizagem para os alunos. Uma excelente oportunidade para

verificar “o que dizem os livros”! E assim começou o carrossel de mais

um ano lectivo…

O diagnóstico inicial do grupo mostrou-me que estas crianças liam com

extrema dificuldade. Algumas ainda reconheciam letras de forma inse-

gura. Escreviam apenas frases curtas, repetitivas e sem correcção orto-

gráfica. Não se empenhavam no trabalho escolar nem demonstravam

qualquer interesse em aprender.

A caracterização sociocultural das suas famílias apontava para a perten-

ça a um grupo muito desfavorecido, com baixo nível de escolarização

e elevada incidência de desemprego. Vários autores têm identificado o

estatuto socioeconómico como um factor de risco individual e de gru-

po para a aprendizagem da literacia (Snow, Burns & Griffin, 1998).

De facto, estas crianças partilhavam algumas características que se in-

terpunham à instrução da literacia tais como um conhecimento muito

limitado do mundo, vivências restritas ao relacionamento no seu bairro

e aos vizinhos, quase sempre conflituoso, e atraso no desenvolvimento

da linguagem. Os pais não apareciam na escola, nem acompanhavam os

filhos nos trabalhos de casa pois, na maior parte dos casos, nem reco-

nheciam o seu próprio potencial ou responsabilidade como educadores.

É fácil etiquetar estas crianças como preguiçosas ou desmotivadas já

que parecia pensarem que o trabalho escolar era inútil e inacessível,

limitando-se a cumprir o mínimo possível. A intervenção teria portanto

de incluir um forte apoio emotivo e a criação de um contexto educativo

mais positivo.

As linhas gerais de acção foram traçadas: promoção de experiências de

aprendizagem que possam criar uma atitude mais positiva face à escola,

investimento no ensino explicito e sistemático das competências de lei-

tura e de escrita para assegurar confiança e competência, valorização da

participação dos pais na vida da escola.

A instrução foi desenhada para ser diferenciada, desafiadora, colabora-

tiva e também divertida, criativa, relevante e significativa. As estratégias

para ensinar habilidades específicas de leitura e escrita partiam sempre

da utilização de literatura autêntica e/ou de projectos em que a lin-

guagem escrita surgia como uma ferramenta indispensável, cumprindo

diversas funções (comunicação interpessoal, auxiliar de memória, orga-

nizadora do pensamento e da acção, etc).

Descobri que, como argumentam vários autores, a motivação para a

leitura é realmente contagiosa: sempre gostei de ler histórias aos meus

alunos e, depois de algumas semanas de aulas, eram as crianças que

discutiam espontaneamente as histórias que mais tinham gostado ou as

partes divertidas desta ou daquela história que tinham ouvido. Ninguém

dispensava na sala a hora do conto!

O trabalho escolar ganhou uma nova dimensão: qualquer visita que en-

trasse na sala, se o assunto fosse ventilado, teria de ouvir os comentá-

rios entusiasmados sobre os “versos para rir” que o grupo tinha escrito,

o teatro que ensaiava ou qual seria o próximo trabalho que íamos fazer

e a quem o iríamos apresentar.

A exploração do vocabulário foi uma das áreas definida como prioritá-

ria. O incentivo ao uso na escrita de “palavras fortes”, a escolha de pala-

vras “favoritas” dos textos, a criação de “nuvens” de palavras temáticas, a

utilização de organizadores gráficos criativos ou o recurso à tecnologia

informática para a organização de dicionários visuais e sonoros, criou

uma nova dinâmica em que todos se sentiam “especialistas em palavras”.

No final do ano, todos quiseram participar na “maratona da leitura”

organizada pela professora bibliotecária, preparando exaustivamente a

leitura do conto que tinham seleccionado, na escola e em casa, surpre-

endendo os colegas que os ouviram com a sua fluência de leitura oral.

Ao longo do ano, os pais foram várias vezes chamados a ajudar os filhos,

ora servindo de “ouvintes” das suas leituras ora a assistir a pequenas

sessões de teatro ou declamação. Nem todos vieram, mas começaram a

vir… a ser recebidos com simpatia, sem recriminações nem queixas…

e começaram também eles a sorrir mais, a manifestar o seu agrado pelo

trabalho dos filhos, a reconhecer o trabalho da escola!

Sei que uma estratégia funciona quando os alunos estão satisfeitos com

o produto do trabalho que realizam. Esta é a principal avaliação, situada

no dia a dia das actividades das crianças, que me permite tomar decisões

sobre o passo seguinte. E que me permite concluir que, apesar de haver

ainda um longo caminho a percorrer até que estas crianças atinjam o

sucesso escolar que desejamos, estamos no bom caminho!

E assim se construiu um dos anos mais gratificantes da minha já longa

vida profissional!

Gabriela Velasquez

“Um dos anos mais gratificantes da minha vida professional”

Page 11: Fénix Digital nº 3

11

1. Na sua opinião, qual o investimento que temos ain-

da de fazer, e em que áreas, para conseguir que todas as

crianças possam ter “sucesso escolar”?

Garantir o sucesso escolar a todos os alunos constitui um propósito

que, nas décadas mais recentes, as sociedades ocidentais têm persegui-

do. Em simultâneo, passaram a questionar abertamente a concepção de

sucesso que havia guiado a escola iluminista: aquisição daqueles conhe-

cimentos que, por princípio, não se poderiam adquirir fora da escola ou

que não se poderiam adquirir com a extensão e a profundidade que esta

instituição proporciona. Esse questionamento fez emergir uma multipli-

cidade de concepções de sucesso, que passou a constar nos discursos e,

também, nas práticas pedagógicas.

Assim, quando lemos nos documentos normativo-legais, curriculares,

programáticos e outros que o “sucesso” constitui um direito de todas

as crianças e jovens, não podemos deixar de nos questionar acerca do

significado concreto desta expressão e de como podermos agir para

fazer valer o sucesso como direito. Ao tentar responder percebemos

a confusão – que entendo que se tem feito e se faz – entre qualidade

e quantidade do sucesso. De facto, atribuir classificações positivas aos

alunos ou decidir a sua transição de ano não significa necessariamente

que eles dominem as aprendizagens que estão estabelecidas para um

certo nível de escolaridade. Aqui devo notar que também nem sempre é

claro nos documentos oficiais que aprendizagens devem os alunos fazer

em cada nível de escolaridade.

Voltando à pergunta, procurarei responder-lhe de modo mais concreto.

Em primeiro lugar, penso que deveríamos parar para pensar e, natural-

mente, para explicitar qual a responsabilidade da escola na educação das

crianças e dos jovens. Isso facilitaria muito a definição de sucesso esco-

lar, o que me parece ser da máxima urgência. Em segundo lugar, entendo

que essa definição, por mais operacional que fosse, não permitiria con-

cretizar totalmente o propósito em causa, pois, a verdade é que, apesar

de termos uma ideia mais ou menos precisa acerca de como se deve

ensinar para que os alunos aprendam, não sabemos, com toda a certeza,

como isso se faz em relação a todos os sujeitos que estão na escola. Em

terceiro lugar, entendo que a definição a que chegássemos teria de ser

plural, pois, apesar das óbvias semelhanças entre as crianças e os jovens,

temos de contar com aquilo que os distingue e a que é preciso dar

alguma resposta sólida. Em quarto lugar, para que a grande maioria das

crianças e jovens possa ter sucesso, ainda que com alguma diferenciação,

teremos – políticos, professores e outros técnicos de educação – de nos

concentrar mais nos processos de aprendizagem e teremos de ensinar

de acordo com o que sabemos acerca desses processos.

2. Reforçar as aprendizagens das duas disciplinas estru-

turantes “Português” e “Matemática” passará por um

maior investimento no l.º Ciclo do Ensino Básico?

As aprendizagens que se fazem no 1.º ciclo de escolaridade são fun-

damentais. A tendência da investigação pedagógica leva-nos ainda mais

longe, leva-nos a afirmar que são determinantes. Daí que os países com

melhores resultados em estudos de avaliação internacional sejam aque-

les que mais investem nesse patamar. Os programas são pensados com

critério, os manuais escolares, no caso de os haver, também, e os pro-

fessores são de excelência. E existe a preocupação de garantir que os

alunos não saltam etapas, avançam para a seguinte depois da anterior ou

das anteriores estarem consolidadas.

Indo ao cerne da pergunta que me foi posta, a Língua Portuguesa e a

Matemática são, de facto, estruturantes, mas também o são as Ciências,

a História, a Música e a Expressão Corporal, entre outras. A todas estas

áreas é preciso atribuir igual dignidade porque, cada uma à sua manei-

ra, contribuem para o desenvolvimento cognitivo, afectivo e motor das

crianças e jovens, possibilitando-lhes, em conjunto, uma educação for-

mal abrangente, afigurando-se como garantia da aquisição de um leque

basilar de conhecimentos que facultarão uma compreensão sofisticada

do mundo e a expressão consciente nele. Mas esta ideia já era a dos

Gregos, nada tem, portanto, de inovador. Há ideias tradicionais sobre

educação que estão certas e que devemos perseguir.

Por último: se “reforçar as aprendizagens de Língua Portuguesa e de Ma-

temática” significar que lhes devem ser destinadas mais horas lectivas,

como é a tendência das orientações mais recentes da tutela, mas ainda

da anterior legislatura, eu diria que não se deve fazer ou manter essa op-

ção, que se deve fazer uma outra, que é escolher criteriosamente o que

as crianças e os jovens devem aprender em cada área curricular e deter-

minar com precisão o percurso metodológico mais eficaz para ensinar.

Se, por exemplo, na Língua Portuguesa a opção incidisse sobretudo em

textos de reconhecida qualidade literária (em vez de incidir em textos

pobres ou empobrecidos, com supressões e adaptações), se o método

de exploração assentasse em modelos seguros de desenvolvimento da

compreensão se a natureza, o número de rubricas e o seu grau de apro-

fundamento fossem seriamente dimensionados, o tempo lectivo poderia

manter-se, mas certamente o nível de aprendizagem subiria. De nada

adianta aumentar este tempo se o objecto de aprendizagem for incon-

sistente ou inadequado e o método erróneo.

Àconversa

comHelena

Damião*

Page 12: Fénix Digital nº 3

12

* FPCE-UC - Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

3. Considerando “competência como uma noção funda-

mental nas actividades de ensino e de aprendizagem “ de

que falamos quando falamos de competência?

Não lhe sei responder de modo inequívoco. A noção de competência

tem assumido muitos significados. Destaco muito sumariamente apenas

dois, talvez os mais abrangentes.

Um sentido está ligado às teorias pedagógicas predominantes nos anos

de quarenta, cinquenta aos anos de setenta, oitenta, e reporta-se a des-

trezas adquiridas pelos alunos, fruto de um ensino estruturado, pois,

sem este tipo de ensino, tais destrezas não seriam possíveis de adquirir

ou, pelo menos, não seriam possíveis de adquirir num tempo de vida

razoável. Por princípio, como humanos todos temos determinadas ca-

pacidades, que, quando devidamente estimuladas através de um proces-

so instrutivo esclarecido, se manifestam com alguma rapidez na forma

de competência. Exemplificando, reconhece-se a nossa capacidade para

reter dados na memória, mas, se a nossa memória for sujeita a treino

específico, pode “guardar” dados e procedimentos de uma determinada

área de saber que serão úteis no imediato ou no futuro mais próximo

ou mais distante. Isso é uma competência que não tínhamos antes do

ensino e da aprendizagem escolar e que passámos a ter.

Mais recentemente, sobretudo depois dos anos oitenta, a noção de

competência ganhou um sentido diferente, sendo encarada sobretudo

como um saber ou um conjunto de saberes instrumentais que se afi-

guram relevantes para a resolução de problemas do quotidiano. Numa

certa interpretação, sobrepõem-se aos conhecimentos, sobretudo aos

de carácter mais erudito, que não parecem ter aplicação no imediato

vivencial dos alunos. Mais do que saber, é importante saber fazer, sobre-

tudo saber fazer o que está implicado em tarefas pessoais e sociais para

as quais somos convocados.

Devo dizer que o confronto entre estes dois entendimentos de com-

petência tem levantado polémica bastante entre académicos e decisões

de políticas e medidas educativas ao ponto de ter criado cisões muito

marcadas entre os que são a favor de uma ou de outra. Não me parece,

porém, que esse seja um terreno de discussão que beneficie o desen-

volvimento dos alunos, nem a transmissão e ampliação da herança da

humanidade, que a escola, de algum modo, está mandatada pela socie-

dade para assumir. Na verdade, para que este duplo desígnio da escola

possa ser concretizado é preciso convocar conhecimentos relevantes,

dignos de serem ensinados, e, em simultâneo, estimular as capacidades

que temos em potência.

4 . Que mensagem deixaria aos leitores do Jornal “Fénix

Digital”?

Que todos, sem excepção, temos de encarar a aprendizagem como uma

tarefa séria, talvez a mais séria de todas, pois é ela que nos permite afir-

marmo-nos como pessoas. E ser pessoa é ser capaz de pensar e de de-

cidir em liberdade. Talvez, por isso, a aprendizagem seja também a tarefa

mais difícil com que a sociedade se confronta. E é uma tarefa sem fim…

Page 13: Fénix Digital nº 3

13

Notícias

No dia 30 de Maio, três alunos da turma do 12.º ano do Curso Profis-

sional de Informática de Gestão e o seu professor de Português deslo-

caram-se à Quinta das Lágrimas, em Coimbra, para receber o prémio de

vencedores, no nível de Ensino Secundário, do “Concurso Inês de Cas-

tro”, uma iniciativa conjunta do Plano Nacional de Leitura e da Fundação

Inês de Castro, com o patrocínio da YDreams.

A cerimónia iniciou-se com uma Sessão de Abertura, tendo como ora-

dor o Comissário do Plano Nacional de Leitura. Seguiu-se a entrega de

prémios: foram entregues aos alunos vales de uma noite num hotel de

cinco estrelas, com direito a acompanhante e jantar. A Escola Secundá-

ria Dom Egas Moniz irá receber também um cheque livro no valor de

50 euros. De seguida, foi oferecido a todas as delegações das escolas

presentes um almoço na tenda do Jardim e foi feita a apresentação dos

trabalhos vencedores.

Subordinado à temática dos “Percursos de Pedro e Inês”, na modalidade

de Caça ao Tesouro, o conteúdo do trabalho elaborado e apresentado

Secundária de Resende venceu concurso nacional

pelos alunos assentou na definição de um “percurso” pelos contextos

e lugares históricos, geográficos, literários, afectivos, alusivos ao tema.

A pesquisa foi feita a partir de leituras sobre o romance de D. Pedro e

D. Inês de Castro. A elaboração do jogo Caça ao Tesouro – Percursos

de Pedro e Inês – obedeceu aos seguintes requisitos: elaboração de um

mapa que permitisse uma fácil visualização da área de jogo; explicação

da Caça ao Tesouro (objectivos, estratégias, modo de jogar, tarefas a re-

alizar, propostas de execução, número de jogadores...); enigmas alusivos

ao tema, com pistas a permitirem, em cada etapa, o acesso ao enigma

seguinte; definição de um “tesouro” para representar o fecho e o clímax

do percurso definido; fontes bibliográficas da pesquisa.

O evento terminou com com um lanche, pois a visita guiada aos jardins

e fontes da Quinta das Lágrimas, prevista para a tarde, não pôde ocorrer

devido ao mau tempo.

Todos os trabalhos premiados serão divulgados nos sítios do Plano Na-

cional de Leitura e da Fundação Inês de Castro.

Seminário Final de encerramento

Projecto Fénix 2011Mais Autoria, Mais Pedagogia, Mais Sucesso

No dia 15 de Julho, pelas 14h30 teve lugar na Universidade Católica

Portuguesa, Campus da Foz, numa organização conjunta com o Agru-

pamento de Escolas de Beiriz a sessão de encerramento do Projecto

Fénix 2011. Pretende-se com este encontro fazer o balanço de mais um

ano de projecto e reforçar a rede de escolas e agrupamentos envolvi-

dos no projecto. Será lançado o livro “Relatos que Contam o Sucesso”

e atribuido o prémio da Fundação Ilídio Pinho “Pedagogia”.

Universidade Católica Portuguesa Agrupamento de Escolas de BeirizSessão de Encerramento do PROJECTO FÉNIX 2011Mais Autoria, Mais Pedagogia, Mais SucessoUniversidade Católica Portuguesa | Campus da Foz, Auditório Ilídio Pinho, Porto15 de Julho de 2011

ObjectivosFazer o balanço de um ano do projecto FénixPrestar contas do trabalho realizadoReforçar a rede de colaboração das escolas e agrupamentos

Horário14.30 | Recepção

15.00 | Início – Sob o signo da criação – Intervenção musical pela ARTAVE

15.15 | Sessão de abertura Luísa Tavares Moreira Joaquim Azevedo

15:45 | As escolas e os agrupamentos da rede Fénix – palavras e imagens

16.00 | Lançamento do livro sobre o Projecto Fénix 2010_2011 Luísa Tavares Moreira José Matias Alves

16.30 | Atribuição do Prémio Fundação Ilídio Pinho Pedagogia Ilídio Pinho Joaquim Azevedo Luísa Tavares Moreira

17.00 | Sessão de encerramento Professor Doutor Nuno Crato - Ministro da Educação

www.porto.ucp.pt/fep/+sucessofenix/2011

Patrocínios e Apoios:

Page 14: Fénix Digital nº 3

14

Decorreu no passado dia 20 de Maio, no Auditório Municipal de Resen-

de, entre as 10 e as 16 horas, a apresentação pública dos projectos de

empreendedorismo, realizados na Escola Secundária Dom Egas Moniz,

no presente ano lectivo.

Tudo começou no ano passado, quando foi implementado o PNEE (Pro-

jecto Nacional de Educação para o Empreendedorismo), uma iniciativa

do Ministério da Educação e da DGIDC (Direcção-Geral de Inovação e

Desenvolvimento Curricular) abraçada pela Escola Secundária. Teve, des-

de logo, a colaboração da Net Porto e Bic Minho e também os parceiros

ACER, APROCER, Embalagens Namora e Câmara Municipal de Resende.

Da comissão fazem ainda parte a Direcção da Escola, os serviços espe-

cializados de Apoio Educativo/Serviços de Psicologia e Orientação, um

representante de cada ano escolar do 3.º ciclo e do ensino secundário,

um representante dos pais e Encarregados de Educação, um Assistente

Operacional e, a partir deste ano, um representante da UTAD.

Dessa primeira fase, surgiram diver-

sos projectos, em que um em especial,

o CERCAIXARES, desenvolvido pelo

aluno Fernando Vieira (9.º A), em par-

ceria com o seu primo Jorge e o pro-

dutor de caixas Sr. Namora, teve um

êxito quase inesperado. Conceberam

uma caixa para cerejas de tal maneira

inovadora que está já em vários mer-

cados nacionais, com um volume de

vendas considerável. O registo da pa-

tente foi feito na UTAD (Universidade

de Trás-os-Montes e Alto Douro), no

dia 24 de Fevereiro, com o número

2252, e a apresentação aos produto-

res de cereja realizou-se no dia 12 de

Abril.

Foi este o exemplo divulgado por toda a comunidade escolar e acre-

ditamos que pode ter servido de incentivo para que no presente ano

fossem realizados projectos absolutamente fantásticos. Desenvolveram-

-se na Área de Projecto e envolveram alunos de diversas turmas. Presi-

diram à sessão de abertura o Director da Escola Dom Egas Moniz, Dr.

António Carvalho; o Sr. Vereador da Câmara Municipal, Albano Santos; o

Coordenador da Equipa de Apoio às Escolas, Dr. César Carvalho e, em

representação da UTAD, a Dr.ª. Carla Gonçalves. Antes das apresenta-

ções, fomos brindados com uma extraordinária coreografia, com caixas

de cereja, executada pelo grupo “Ceranima” (11.º D).

Sob a orientação do Professor Adérito Lopes tomámos conhecimento

dos diferentes projectos. A iniciar, uma extraordinária história infantil, do

projecto “Ler é Ver” (12.º B), escrita em Braille e lida por um colabora-

dor invisual, Sr. José Borges; “Licorcer” (8.º D), que produziu um delicio-

so licor de cereja; “Biscoitos de Cereja” (7.º A), que nos criaram, desde

logo, água na boca; “Cherry Doll” (10.º B), apresentou-nos uma engraça-

da boneca com enchimento de caroços de cereja; “Psicodominó” (10.º

B), um dominó em madeira com desenhos de cerejas. Pelo meio, ainda

tivemos tempo de provar o licor e os biscoitos deliciosos, que serviram

de aperitivo para o almoço.

À tarde fomos brindados com mais uma animação proporcionada pelo

grupo “Ceranima” (11.º D), desta vez uma amostra de um baile tradi-

cional. Foi uma maneira descontraída de reiniciar os trabalhos. Seguiu-se

“Bancas e Uniformes” (11.º C), deu-nos a conhecer uma maqueta de

banca para venda de cereja e um avental para ser utilizado como unifor-

me no processo de venda; “Cercaixares” (9.º A), pela voz do Fernando,

do Jorge e do Sr. Namora, mais um testemunho da sua bem sucedida

criação; outra caixa diferente, con-

cebida para um determinado cliente,

foi apresentada pelo Sr. Namora, en-

quanto parceiro do PNEE e entusias-

ta desta ideia do empreendedorismo.

“Guloseimas de Resende” (9.º C) foi

outra das grandes novidades. Trata-

-se de uma loja de venda de produtos

de referência de Resende, nos diver-

sos campos: artesanato, gastronomia,

frutos, vinhos, recordações, livros.

“Cerdoce” (7.º D), um delicioso doce

de cereja; “Cerise” (8.º D), que teve

como entidade parceira a pastelaria

“O Sonho”, não ficou atrás de ne-

nhum outro, já que nos apresentou

um excelente bolo de cereja. “Cherry

Ice Cream” (7.º D), foi mais uma tentação, porquanto quando provámos

aquele saboroso gelado soube-nos a pouco. “Acessórios de Moda” (7.º

B), uma ideia bonita, concebida para criar bijutarias: anéis, pulseiras e

brincos, com materiais leves, acondicionados numa caixa com um dese-

nho de cereja. A terminar, nada melhor que “Cereja Fashion” (7.º D). O

grupo ornamentou t-shirts com motivos de cereja pintados à mão.

Mais palavras para quê? São jovens com dinamismo, ideias promisso-

ras e marcam a sua posição, de forma determinada, na defesa dos seus

princípios. São ingredientes fundamentais para se ter sucesso na vida. O

essencial já possuem, oxalá não se deixem vencer ao primeiro obstáculo.

Está concluída a segunda fase do PNEE, para o ano os trabalhos pros-

seguirão.

Empreendedorismo na Escola Secundária Dom Egas MonizUma realidade cada vez mais presente

Orísia Olhero Macedo Agrupamento de Escolas Padre António Martins de Oliveira, Lagoa

Page 15: Fénix Digital nº 3

Motivação

15

Um fantoche expressivo que ajuda a descobrir o prazer de aprender

Fruto de um trabalho intenso com alguns alunos este fantoche foi criado

para mediar as relações de aprendizagem.

Descobrem-se muitas coisas com os fantoches...

Criação de Fantoches na Escola de Mões

Agrupamento de Escolas de Castro de Aires

Artee

Page 16: Fénix Digital nº 3

16

Neste segundo ano de implementação a Equipa Ama-Fénix continuou a

seguir uma lógica de proximidade junto das escolas. O cronograma das

actividades delineadas dividiu-se entre as visitas de acompanhamento

às escolas, a organização de seminários e encontros de divulgação e

discussão das boas práticas profissionais, a investigação e divulgação de

evidências da prática docente educativa de sucesso e o estabelecimento

de algumas parcerias, que foram importantes para o reconhecimento do

trabalho dos docentes no Projecto, concretizado através da 1ª edição do

Prémio Fundação Ilídio Pinho “Pedagogia”.

No primeiro período, a equipa percorreu o país de norte a sul, inci-

dindo o roteiro em Évora, Lisboa, Porto e Faro e, em parceria com a

Universidade Católica do Porto, foi possível incentivar coordenadores

Fénix e professores a discutir e aprofundar boas práticas pedagógicas,

orientações metodológicas em contexto de sala de aula e outras ques-

tões relacionadas com a motivação e partilha de estratégias utilizadas

em cada contexto. Sob o tema “Dinâmicas de partilha e construção do

sucesso educativo” José Matias Alves conduziu estes grupos de trabalho,

a partir de materiais e suportes didácticos preparados especificamente

para estas sessões, o que cativou e envolveu os presentes.

Constituíram-se, paralelamente, grupos de discussão com os directores

das escolas, onde tive a oportunidade de reflectir e debater com os co-

legas das direcções a operacionalização do projecto e o seu alargamen-

to a outros anos de escolaridade, para além daqueles em que o Projecto

se encontra implementado.

Esta dinâmica de trabalho permitiu, no arranque do ano lectivo, um ca-

minho de reflexão e espírito auto-crítico, partindo da experiência acu-

mulada ao longo do primeiro ano de existência do Projecto. Por outro

lado, criou-se uma oportunidade de partilha profissional que, de um

modo geral, ajudou a potenciar o trabalho que já estava a ser desenvol-

vido no terreno junto dos alunos.

No segundo e terceiro períodos a equipa focou-se na resposta às so-

licitações das escolas. Para além do seu acompanhamento presencial,

procurou responder às necessidades identificadas de norte a sul do país,

investindo na organização de seminários e na formação contínua de pro-

fessores. Senti que as linhas de comunicação entre todos os envolvidos

eram mais estreitas, tal como me apercebi do envolvimento e preocu-

pação docente na conquista das metas educativas propostas, este ano

mais exigentes.

Em cada escola, o espaço de debate aberto entre professores, coorde-

nadores e directores desenvolveu-se em torno das histórias das turmas

e dos ninhos, dos testemunhos pessoais e de tomadas de decisão sobre

situações e soluções particulares. Embora nem sempre pelos mesmos

motivos, em cada escola transparecia a vontade de fazer mais e melhor

pelos alunos, uma grande ambição em fazer corresponder as expecta-

tivas e confiança depositada pelos pais e demais no Projecto, tal como

superar os resultados alcançados no ano anterior.

Perto do final do ano, foi possível fazer um novo percurso a nível nacio-

nal – Faro, Évora, Viseu, Lisboa, Porto – desta vez com todas as delega-

ções representantes de todas as escolas por região. Nestas, os profes-

sores e directores fizeram um balanço positivo dos dois últimos anos,

e percebi a manutenção de um elevado grau de compromisso com o

Projecto. Em cada contexto os desafios foram muitos e diversos, mas

a confiança e elevada cooperação profissional de cada escola foram es-

senciais para a sua superação, o que permitiu, inclusivamente, mais auto-

nomia na concepção de outros micro-projectos no seio de cada escola,

tal como se abriram novas oportunidades de interacção com escolas

vizinhas. O desafio comum a todas foi o investimento na aprendizagem

dos alunos que se encontravam em situação de absentismo e abandono

escolar, situação esta que neste segundo ano vimos diminuir. Igualmente

satisfatórios foram os resultados das escolas, uma vez que concretiza-

ram as metas propostas.

Foi extremamente gratificante ter a oportunidade de reflectir, descons-

truir e construir, possibilidades de resposta às diversas realidades que

pude conhecer, no terreno, ao longo destes últimos dois anos.

Pelos caminhos percorridos, conheci inúmeros colegas que diariamente

lutam pela melhoria da educação dos nossos jovens.

O Projecto Fénixem Rede:

Visitas e Encontros Regionais

Luísa Tavares Moreira

Page 17: Fénix Digital nº 3

17

Formação

A Formação Fénix prevista para o ano lectivo 2010/2011 partiu do Agru-

pamento de Campo Aberto – Beiriz, que partilhou a formação de profes-

sores do 2º e 3º ciclo, na área da Língua Portuguesa e Matemática. Mas

não esquecendo directores, coordenadores Fénix e outros professores,

foram concebidas outras formações, para corresponder a outras neces-

sidades.

O formador António Vilas-Boas desenvolveu a formação de Língua Por-

tuguesa “Novo Programa de Português do Ensino Básico (NPPEB): Estra-

tégias de escrita e de leitura para a sala de aula”, que contou com cerca

de três dezenas de formandos. A formação “Experiência Matemática -

Novo Programa de Matemática do Ensino Básico” foi dinamizada pela

formadora Berta Alves, e estiveram igualmente presentes três dezenas

de formandos.

Os formadores deixaram a sua marca, que ficou registada na avaliação

positiva que os professores fizeram das acções de formação ocorridas

ao longo do ano, em diferentes pontos do país (Porto, Lisboa e Coimbra).

Adicionalmente, foram desenvolvidas as formações de “Coaching Edu-

cativo”, a cargo de José Luís Gonçalves, da Escola Superior de Educação

Paula Frassineti, bem como “O Dever de Ensinar”, formação que contou

com uma convidada especial, a Professora Helena Damião, da Universi-

dade de Coimbra. A primeira centrou-se na definição do “coaching edu-

cativo”, e na forma como este pode ser mobilizado para a melhoria das

relações professor-aluno. Por seu turno, a Professora Helena Damião

conduziu os professores numa retrospectiva do que tem sido a missão

educativa ao longo do tempo, propondo-se a reflexão sobre os desafios

actuais e seus caminhos de superação/realização pedagógica.

Estas formações tiveram impactos diferentes consoante o alvo de inter-

venção, sendo que, em comum, a satisfação dos formandos foi elevada.

Procurou-se essencialmente corresponder às necessidades de formação

dos nossos professores, e os ganhos não foram somente técnicos, mas

também humanos, uma vez que permitiram fomentar o contacto e o

relacionamento entre os colegas das várias escolas e regiões. Esperamos

que o conhecimento adquirido se possa disseminar no interior de cada

escola, beneficiando-a como um todo.

Equipa AMA-Fénix

Fénix2010/

2011

“No que diz respeito ao desenvolvimento profissional dos professores também não basta que nos exercitemos fora de água. É preciso dar passos concretos, apoiar iniciativas, construir redes, partilhar experiências, avaliar o que se fez e o que ficou por fazer. É preciso começar.”

António Nóvoa

Page 18: Fénix Digital nº 3

18

No passado dia 15 de Julho decorreu a sessão de encerramento do ano

lectivo, através do III Seminário Nacional Mais Sucesso – Projecto Fénix

sob o tema “Mais autoria, Mais Pedagogia, Mais sucesso”, tendo sido uma

oportunidade de balanço dos dois anos de vida do Projecto.

Este encontro de professores, técnicos e profissionais da educação re-

gistou forte participação, provenientes do norte e do sul do país e que,

de forma directa ou indirecta, estão ligados a este Projecto. Mais de

quatrocentas pessoas tiveram a oportunidade de rever o que foi o tra-

balho, a dedicação e as conquistas das escolas, dos professores e dos

alunos, ao longo deste tempo. Através das palavras dos oradores e do

material que cada escola nos enviou para ser apresentado através de um

pequeno filme.

A Fundação Ilídio Pinho fez-se representar pelo Eng.º Couto dos Santos,

que abriu este Seminário aludindo à aposta desta instituição nas escolas

e nos jovens, num ensino de qualidade que possa garantir melhores

condições de futuro às gerações vindouras. Um aposta clara e ganha

por esta instituição que está ao serviço da ciência, da tecnologia e do

desenvolvimento. Pequenos passos, como a entrega dos Prémios Fun-

dação Ilídio Pinho Pedagogia, marcaram este Seminário, bem como o

público, numa cerimónia revestida de emoção. As seis escolas premiadas,

distinguidas pelos seus Projectos Educativos e resultados escolares, be-

neficiaram de uma verba que totalizou os 25000€, podendo mobilizá-la

em torno de novos projectos educativos. As escolas premiadas foram

as seguintes:

1º prémio - Agrupamento de Escolas das Taipas – Guimarães, com o

projecto “MetaFÉNIX: aprender MAIS, aprender MELHOR”;

2º prémio - Agrupamento de Escolas Francisco Torrinha – Porto, com

o projecto “Promoção da Literacia em Contextos Diversificados”;

3º prémio - Agrupamento de Escolas Lousada Centro – Lousada, como

projecto “MAPA - Melhor Acompanhamento Potencia a Aprendizagem”

Menções Honrosas:

Projecto “Percorrendo caminhos” apresentado pelo Agrupamento de Es-

colas de Campo – Valongo;

Projecto “Alfabeto (com)sentido” apresentado pelo Agrupamento de Es-

colas de Vagos;

Projecto “Iniciar com Sucesso” apresentado pelo Agrupamento Vertical

de Escolas Professora Paula Nogueira – Olhão;

Através das palavras dos vários oradores foi reforçada a necessidade

de autonomia pedagógica das escolas e a continuação do investimen-

to na formação de professores. Foram demarcados como factores es-

truturantes do Projecto a autonomia, o trabalho em lógica de ciclo, o

compromisso e contrato social, a cooperação e visão estratégica dos

professores (e demais colaboradores) que todos os dias se dedicam ao

ensino e à conquista da melhoria das aprendizagens. Aliás, foi da essência

do trabalho docente, do acompanhamento das escolas, e da experiência

partilhada entre os vários agentes de acompanhamento deste Projecto

que surgiu a necessidade de sintetizar e dar a conhecer toda a dinâmica

desenvolvida.

Súmula de dois anos de crescimento, o livro “Projecto Fénix – Relatos

que contam o sucesso”, organizado por José Matias Alves e Luísa Morei-

ra, foi apresentado neste seminário. Escrito a várias mãos, e num registo

mais pessoal, conta ainda com vários testemunhos e a visão de quem

fez parte da edificação do Projecto. O livro traduz o que Matias Alves

identificou como a “linha da exigência”, do “acreditar”, da “avaliação di-

ferenciada”, da “definição de objectivos”, dos “desafios”, do “voar”, entre

outros.

No final deste encontro, o Ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato,

demarcou o Projecto Fénix como um dos caminhos de acção com mé-

rito, e reconheceu o trabalho de quem se entrega a este projecto, pela

“iniciativa”, pelo “tentar fazer melhor” pelo ensino e pela aprendizagem.

Incentivou os presentes a continuar a investir na melhoria da educação.

Terminou com a seguinte mensagem: “Os momentos de maiores dificul-

dades são também os das maiores oportunidades”.

Seminário Nacional

Sessão de Encerramento15 de Julho de 2011

Equipa AMA-Fénix

Projecto Fénix Mais Sucesso

Page 19: Fénix Digital nº 3

19

Leituras

Mais um volume se publica, num louvável esforço de reflexão, sobre

um desses referentes de “mais sucesso”, as escolas Fénix. Este volume

é particularmente importante pois situa-se no quadro das práticas de

acompanhamento e monitorização, e da construção, em cada escola en-

volvida no projecto, de mais sucesso escolar.

Este livro inclui um conjunto de textos que dão conta das experiências

e sentimentos partilhados em torno do Porjecto Fénix, um projecto

que nasceu no Agrupamento de Escolas de Campo Aberto em Beiriz,

no concelho da Póvoa de Varzim, e que foi referenciado pelo Ministério

da Educação para ilustrar uma das possibilidades do programa Mais Su-

cesso Escolar.

Novo Livro FénixLançamento dia 15 de Julho

Joaquim Azevedo (in Prefácio)

Page 20: Fénix Digital nº 3

20

Azevedo, Joaquim (2011) Liberdade e Politica Publica de Educação

Ensaio sobre um novo compromisso social pela educação.

Porto: Fundação Manuel Leão

Com os olhos postos no presente e convocando-nos a uma reflexão

sobre o futuro da educação em Portugal, Joaquim Azevedo partilha com

os leitores mais de 30 anos de dedicação à causa educativa, que consi-

dera apaixonante. Uma análise profunda e sensível “que propõe os fios

condutores do que pode vir a ser um novo paradigma de geração do

bem público educacional, no quadro de uma nova politica pública de

educação.” Mas não é só uma análise é também um desafio ao investi-

mento na relação com o outro e com o conhecimento, à implicação e

ao respeito pela dignidade humana. Ao longo do texto vamos sentindo a

consistência da sua experiência e do seu empenho em continuar a con-

tribuir para a possibilidade de termos uma educação que responda aos

apelos das crianças e dos jovens que contam com todos nós. Um livro

que tem uma mensagem de esperança, a não perder!

Page 21: Fénix Digital nº 3

21

O projecto “ A Escola com a Família” revelou-se uma mais valia para os alunos da turma 3º D que, semanal-mente, em colaboração com um encarregado de educa-ção, desenvolveram imensas e diversificadas actividades no âmbito das Tecnologias de Informação e Comunica-ção (TIC) utilizando o computador Magalhães.

A utilização de um sistema em rede, através do router, possibilitou a realização de pesquisas utilizando a NET sem fios, a criação de emails e a troca de mensagens. Continuámos a dinamização do blogue que criámos no ano anterior, através do qual enviámos mensagens de Bom Ano a todo o Agrupamento e aos correspondentes do Projecto “Enlaces II” em Cabo Verde.

Os computadores “Magalhães” são frágeis e avariam.

Fizemos uma sessão com projecção de diapositivos so-bre os cuidados a ter e, ”… o meu pai fez a manutenção dos Magalhães” diz a Sofia. Foram resolvidos essencial-mente problemas de espaço e de optimização de disco.

Este trabalho de parceria revelou-se muito motivador para estas crianças e a utilização do computador “ Maga-lhães”, afirma-se como uma ferramenta capaz de auxiliar o aluno no desempenho de um conjunto diversificado de tarefas e no desenvolvimento de capacidades e ati-tudes e na aquisição de conhecimentos nas diferentes áreas curriculares.

Madalena Cavaco1º Ciclo Agrupamento D-2 Afonso III

AEscolacom a

Família

Page 22: Fénix Digital nº 3

livros?ler

a

22

APalavra

Ler um livro não é mais importante que ver, por exemplo, um filme, é

apenas diferente. Só que é nessa “diferença” que está tudo, ou quase

tudo. Não só a liberdade de leres o livro como quiseres, de trás para

diante ou de diante para trás, de voltares ao princípio ou de o fechares e

recomeçares a lê-lo no dia seguinte, mas também a liberdade de te leres

a ti mesmo nele, de imaginares tu (por mais pormenorizadamente que o

autor os descreva) cada personagem, cada lugar, cada acontecimento. E

de, nele, viajares, na companhia das palavras do escritor, por mundos re-

ais e imaginários, dentro e fora de ti, que só a ti pertencem, indo e vindo

como e quando quiseres entre esses mundos e o teu mundo de todos

os dias. Porque, num livro, só aparentemente é o escritor quem conduz

a história, na realidade tu é que vais ao volante, a história ou poema que

lês é mais teu e dos teus sentimentos e tuas emoções que dos do es-

critor. De tal modo que, se voltares a ler o mesmo livro passado muito

tempo, o livro já se transformou, já é outro, só porque tu também já te

transformaste e já és também outro. É por isso que se diz que todos

os livros são sempre muitos diferentes livros, tantos quantos as pessoas

que os lerem ou tantos quantas as vezes que uma mesma pessoa os ler. E

isso é uma coisa maravilhosa, descobrir que nós, com a nossa imaginação

e o nosso coração, é que estamos a escrever os livros que lemos.

Porquê

Manuel António Pina

Page 23: Fénix Digital nº 3

23

Recursos

Espaço destinado à divulgação e apresentação de endereços com estudos de interesse para os professores/as:

Progress in International Reading Literacy Study

Quadro de Avaliação 2011

http://timss.bc.edu/pirls2011/framework.html

Novas oportunidades para melhorar o ensino e aprendizagem em

Matemática e Ciência

Trends in International Mathematics and Science Study

http://timss.bc.edu/timss2011/frameworks.htm

Relatório da OCDE confirma abordagem subjacente aos objectivos Eu-

ropa 2020 para o ensino e a formação

Objectivos para melhorar a educação

http://ec.europa.eu/news/culture/110419_pt.htm

De pequenino se começa ….

“A educação e as estruturas de acolhimento para crianças em idade

pré-escolar variam muito em quantidade e qualidade nos vários países

da UE”. A Comissão Europeia propôs algumas medidas comuns para o

acolhimento e a educação das crianças em idade pré-escolar.

Mais informações: http://ec.europa.eu/news/culture/110222_pt.htm

Philippe Meirieu conferência dada no Congresso da AGEEM (Associa-

tion générale des enseignantes et enseignants de l’école maternelle de

l’enseignement public),

http://www.meirieu.com/

Conferências

Digitais

Conferencia Internacional do Projecto EU Kids

22 de Setembro 2011

Conhecer melhor os usos, riscos e segurança online

das crianças europeias

Portugal participa no estudo do projecto EU Kids Online II, que inquiriu,

na Primavera de 2010, 1000 crianças e jovens entre os 9 e 16 anos e um

dos seus pais em cada um dos 25 países europeus sobre riscos online

riscos e segurança online (25000 crianças e 25000 adultos).

Mais informações

http://www.fcsh.unl.pt/eukidsonline/

Page 24: Fénix Digital nº 3

24

EscolanaImprensa

Marco Vieira num artigo sobre o Projecto Feníx refere que “(...) este

projecto tem sido uma experiência muito agradável onde a partilha de

saberes tem sido uma constante. Os docentes envolvidos demonstram

uma entrega ímpar, partilhando todos os momentos possíveis e imagi-

nários para encontrarem mais uma gota, de forma, a regar as sementes

que têm dado fruto. Continuaremos a postar e nunca menosprezando o

próximo. O ensino e a aprendizagem são de todos nós”

Palavras chave: Persistência e Paciência

Texto completo em: http://voxnostra.blogspot.com/

ECO das Palavras

Jornal do Agrupamento de Mogadouro

O Projecto Fénix em destaque no “Folhetim de Verão”

Este jornal é uma iniciativa deste agrupamento integrada na rede de es-

colas fénix. Dando voz aos pais, alunos e professores, o nº56 de Abril de

2011 passa a mensagem do desejo de continuidade do projecto para o

próximo ano.

Palavras chave: Continuar e Cooperar.

http://voxnostra.blogspot.com/

Gente em Acção:

Jornal do Agrupamento de Vila Velha de Ródão

Director: José Matias Alves | Edição: UCP-FEP em colaboração com a equipa AMA-Fénix do Agrupamento Beiriz | Design: M. José Araújo e Francisco Soeiro | Revisão editorial: UCP/Ama-Fénix |Colaboraram neste número: Ana Cristina Lopes | Cristina Almeida | Cristina Loureiro | Gabriela Velasquez | Helena Damião | João Chanoca | Júlio Castro | Júlio Sousa | Luísa Araújo | Madalena Cavaco | Maria Conceção Jorge | Marisa Carvalho | M. José Araújo | Manuel António Pina | Orísia Olhero Macedo Periodicidade: Trimestral | Subscrever: Enviar e-mail para: [email protected] | Contactos: [email protected] | [email protected] |Propriedade : Universidade Católica Portuguesa

Agradecemos a todos os colaboradores, aos directores e professores das escolas que integram o Projecto Fénix que nos têm enviado material para o Jornal Digital.

Continuamos a contar com o vosso apoio!

Equipa AMA-Fénix/UCP

Agradecimentos