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7 “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” Cora Carolina

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“Feliz aquele que transfere o que sabe

e aprende o que ensina.”

Cora Carolina

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

A IMPORTÂNCIA DO JOGO E DAS ATIVIDADES LÚDICAS NA CONSTRUÇÃO PSICOMOTORA

JAQUELINE DIAS

ORIENTADOR: PROFº WILSON

RIO DE JANEIRO, 25 DE JULHO DE 2006.

9

A IMPORTÂNCIA DO JOGO E DAS ATIVIDADES LÚDICAS NA CONSTRUÇÃO PSICOMOTORA

OBJETIVO: REFLETIR SOBRE AS FUNÇÕES PSICOMOTORAS E A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS NA FORMAÇÃO DOS ALUNOS

PSICOMOTRICADADE

JAQUELINE DIAS

AGRADECIMENTOS

10

Agradeço a Deus, meu namorado Evandro por fazer com que enxergasse a importância das minhas esco-

Lhas.

11

DEDICATÓRIA

Dedico em especial professora Cristie pela sua Sensibilidade e amor pelo o que faz, minhas

amigas De sala Denise e Flávia que foram de extrema

Importância na conclusão deste trabalho.

A IMPORTÂNCIA DO JOGO E DAS ATIVIDADES LÚDICAS NA CONSTRUÇÃO PSICOMOTORA

12Resumo:

O tema da presente pesquisa é a importância dos jogos e das atividades

lúdicas no desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo do aluno nas fases pré –

escolar e de alfabetização. O ser humano é um ser social, que está

constantemente envolvido com seus semelhantes. Os jogos e a ludicidade são

um instrumento de trabalho que vem facilitar às pessoas na sua interação com

o outro e com o grupo. Ajudam a pessoa à “dizer-se” e “pronunciar-se” no

grupo. Ajudam a integração do grupo, não por meios de idéias, conceitos e

teorias, mas por meio de vivências, atitudes e compromissos claramente

assumidos através da sua participação nessas brincadeiras. O grupo é uma

necessidade intrínseca à pessoa, nele vive e convive, amadurece, cresce,

descobre, aprende, ensina e recria alcançando dessa forma a plena realização.

Nesse aspecto os jogos e o lúdico possibilitam o desenvolvimento integral, do

ser humano. Facilitam no desenvolvimento do seu aspecto motor, da

personalidade e das funções psicológicas intelectuais e morais, obtendo um

bom ajustamento emocional, afetivo e social.

Servem para aliviar tensões, encontrar respostas para a vida prática,

além de levarem a descobrir valores e desenvolverem a criatividade.

13

Sumário

Introdução - 7

Capítulo I – (Psicomotricidade dificuldades aprendizagem) 9

Capítulo II - (O valor do jogo no desenvolvimento humano) 31

Metodologia Pesquisa - 32

Conclusão - 33

Anexos - (Eventos Culturais) 34

Referência Bibliográfica - 35

14

Introdução:

Este trabalho foi idealizado mediante observações ocorridas com alunos

da pré – escola e alfabetização tendo sido observado que algumas dificuldades

de aprendizagem estão associadas diretamente a elementos da

psicomotricidade, e com os jogos educativos e a ludicidade poderiam ser um

aliado de suma importância para os professores visando o desenvolvimento

das funções psicomotoras.

Contribuindo assim para na formação destes alunos num contexto global

e também seno primordial no processo de aprendizagem das mesmas na fase

pré - escolar e de alfabetização.

O trabalho vem refletir sobre como a já mencionadas, funções

psicomotoras (esquema corporal, lateralidade, aspectos perceptivos e outros)

não sendo bem estimulados estarão por vezes relacionados futuramente a

dificuldades de aprendizados, como inversão ou trocas de letras, textos maus

escritos ou sem uma linha de raciocínio expressa com lógica, dificuldades em

relação à escrita, à leitura, à fala, à solução de problemas e a solução d

cálculos matemáticos.

É demonstrado, embasamento em estudos bibliográficos, que a

abordagem e os conteúdos a serem trabalhados com os alunos na sua fase

pré-escolar e de alfabetização se forem explorados de uma forma lúdica,

através de jogos educativos e brincadeiras que propiciem a experiência através

da manifestação corporal, terão muito mais significado e serão assimiladas

com muito mais facilidades contribuindo dessa forma para a formação dos

mesmos.

Levando em consideração que os professores possuem um conteúdo

abrangente, a partir de sua formação acadêmica, onde adquirem

conhecimentos sobre recreação, psicomotricidade, lazer, folclore, etc,

alicerçados nos jogos educacionais e brincadeiras infantis (considerando molas

mestres para aquisição de conteúdos relativos ao desenvolvimento psicomotor

da criança), torna-se interessante descobrir o porque do quase total abandono

15dessas atividades (jogos e brincadeiras), em detrimento de outros conteúdos,

nem sempre apropriadas para faixas etárias e desenvolvimentos psicomotores.

É importante uma reflexão a respeito da certeza de que os profissionais

atuam nesses segmentos escolares têm o conhecimento necessário da relação

entre a psicomotricidade e os objetivos dos jogos e brincadeiras usados como

processo de aprendizagem com a necessidade atual de cada aluno, visando

assim minimizar ou reduzir essas possíveis dificuldades de aprendizagem.

O estudo tem por objetivo geral compreender a importância dos jogos e

do lúdico no desenvolvimento motor, afetivo, cognitivo e social dos alunos na

fase de pré-escola e alfabetização, desdobrando –se nos seguintes objetivos

específicos:

Identificar as interligações diretas existentes entre as dificuldades de

aprendizagem do aluno, com as funções psicomotoras não

desenvolvidas.

Conceituar cada função psicomotora, e demonstrar atividades

específicas voltadas para cada área.

Demonstrar que os estímulos psicomotores trabalham através de jogos

educativos e de brincadeiras, podem ser de melhor assimilação para os

alunos da pré-escola e alfabetização.

O Estudo ainda buscará respostas para os seguintes questionamentos:

1. Será que os professores que trabalham nesta fase de

aprendizado possuem o conhecimento específico e necessário

entre a psicomotricidade e as dificuldades de aprendizado?

2. Como os jogos e o lúdico auxiliam no desenvolvimento motor,

afetivo, cognitivo e social do aluno?

Abordarei no primeiro capítulo a Psicomotricidade na prevenção das

dificuldades de aprendizagem, enfocando as áreas psicomotoras na escola

auxiliando no trabalho do professor. No segundo capítulo retrataremos o valor

do jogo no desenvolvimento humano na visão de vários autores trabalhando as

potencialidades da criança junto aos pais. Conclusão mostrará a importância

de um trabalho psicomotor em conjunto para que se tenham resultados mais

satisfatórios.

16

Capítulo I

A Psicomotricidade na prevenção das dificuldades de

aprendizagem

A fase pré-escolar e a de alfabetização são de suma importância no

desenvolvimento das crianças em seus aspectos psicomotores (cognitivo,

afetivo e motor) e primordiais no processo de aprendizagem das mesmas.

Porém, pode-se observar que muitas escolas não possuem professores

capacitados para trabalharem nesses segmentos. Cabe-se a indagação será

que não contratam esses profissionais por contenção de despesas,

desvalorização profissional ou desconhecimento sobre a importância da

psicomotricidade no desenvolvimento integral do aluno? Deixaremos essa

interrogativa no ar, para estarmos direto em nosso foco de estudo que é a

“Prevenção das dificuldades de aprendizagem através da psicomotricidade

trabalhada de forma lúdica”.

Dificuldades em relação aos Distúrbios da Psicomotricidade – o

Esquema Corporal (reconhecimento do próprio corporal e relação sujeito-meio),

à lateralidade (destrismo, sinistrismo, ambidestria, lateralidade cruzada e

contrariada) à Coordenação Motora (fina, ampla e viso-manual e viso-pedal) –

estão por vezes relacionadas a aspectos das deficiências de linguagem – a

Dislexia (designa a dificuldades da criança na aprendizagem da leitura, tipo a

inversão ou acréscimo de letras), a Disortografia (corresponde à dificuldade

específica para a aprendizagem da escrita, como textos maus escritos), a

Dislogia (a dificuldade de expressar o pensamento com lógica ou sem uma

linha de raciocínio), à solução de problemas e à resolução de cálculos

matemáticos.

Fonseca (1996) ressalta o caráter preventivo da psicomotricidade,

afirmando ser a exploração do corpo, em termos de seus potenciais uma

“propedêutica das aprendizagens escolares”. Para ele as atividades

desenvolvidas na escola como a leitura, ditado, redação, copia, cálculo,

grafismo, música e enfim o movimento, estão ligadas à evolução das

17possibilidades motoras e as dificuldades escolares estão, portanto, diretamente

relacionadas aos aspectos psicomotores.

Entendendo que os elementos da psicomotricidade estão relacionados

entre si e interagem na formação do indivíduo.

2.2 Habilidades Psicomotoras e o processo de alfabetização

As habilidades psicomotoras são essenciais ao bom desempenho no

processo de alfabetização. A aprendizagem da leitura e da escrita exige

habilidades tais como:

Dominância manual já estabelecida (área lateralidade):

Conhecimento numérico suficiente para saber, por exemplo, quantas

voltas existem nas letras m e n, ou quantas sílabas formam uma palavra (área

de habilidades conceituais);

Movimentação dos olhos da esquerda para a direita, domínio de

movimentos delicados adequados à escrita, acompanhamento das linhas de

uma página com os olhos ou os dedos, pressão adequada para segurar lápis e

papel e par folhear (área de coordenação visual e manual);

Discriminação de sons (área de percepção auditiva);

Adequação da escrita às dimensões do papel, reconhecimento das

diferenças dos pares b/d, q/d, p/q etc. orientação da leitura e da escrita da

esquerda para direita, manutenção da proporção de altura e largura das letras,

manutenção de espaço entre as palavras e escrita orientada pelas pautas

(áreas de percepção visual, orientação espacial, lateralidade, habilidades

conceituais);

Pronúncia adequada de vogais, consoantes, sílabas, palavras (área

de comunicação e expressão);

Noção de linearidade da disposição sucessiva de letras, sílabas e

palavras (área de orientação tempo espacial);

Capacidade de decompor palavras em sílabas e letras (análise);

Possibilidade de reunir letras e sílabas para formar novas palavras

(síntese).

18Muitas das dificuldades escolares não se apresentam em função do

nível da turma a que as crianças chegaram, mas segundo (Le Boulch), (1983),

Meur & States (1984) em relação a elementos básicos ou “pré-requisitos”,

condições mínimas necessárias para uma boa aprendizagem, que constituem a

estrutura da educação psicomotora.

Nesse sentido, é de suma importância a atividade lúdica realizada

através de atividades psicomotoras, no sentido de colaborar para o

desenvolvimento integral da criança, e que para que ela possa sedimentar bem

esse pré-requisito “, fundamentais também para sua vida escolar”.

Freire, (1991), nos diz que”causa mais preocupação, na escola da

primeira infância, ver crianças com dificuldades de ler e escrever, e em

atividades escolares, não conseguem nem saltar”. Descobrir as habilidades de

saltar, correr lançar, trepar, etc. é importante para o desenvolvimento pleno do

aluno, como um organismo integrado, levando em conta que tais habilidades

são consideradas como forma de expressão do ser humano, e é através de

brincadeiras e jogos educativos que podemos estimular melhores

desenvolvimentos.

A escola não deve se preocupar em ensinar essas habilidades apenas

para que o aluno possa executá-las bem ou para facilitar execução das tarefas

escolares, mas sim direcionar a aprendizagem dos alunos de forma lúdica.

Considerar o gesto ou a linguagem corporal como forma de expressão

do ser humano é um caminho para reconhecer a importância da atividade

corporal no processo ensino-aprendizagem.

Antes dos homens se comunicarem através de símbolos, à expressão

corporal se constituiu na primeira forma de linguagem.

192.3 – As áreas da psicomotricidade

Para finas de estudo subdividiremos a Psicomotricidade em áreas que,

embora citadas isoladamente, agirão quase sempre vinculadas umas às outras;

entenderemos por “Prática Psicomotora” todas as atividades que visam vincular

as várias áreas que mencionaremos a seguir.

2.3.1- Comunicação e Expressão

A linguagem é função de expressão e comunicação do pensamento e

função de socialização. Permite ao indivíduo trocar experiência e atuar – verbal

e gestualmente – no mundo. Por ser uma linguagem verbal intimamente

dependente da articulação e da respiração, inclui-se nesta área o exercício

fono-articulatórios e respiratórios.

Exercícios de fono –articulatórios:

Fazer caretas que expressam alegria, tristeza, raiva, susto.

Jogar beijos.

Fazer bochechos com e sem água.

Assoprar apitos e línguas de sogras.

Fazer bolhas de sabão.

Exercícios respiratórios.

Inspirar pelo nariz e expirar pela boca.

Inspirar e expirar pelo nariz.

Inspirar e expirar pela boca.

Inspirar, prender o ar por alguns momentos, expirar.

Exercícios de expressão verbal e gestual:

20Contar o que vê em fotos ou gravuras, começar com gravuras que tem

poucos elementos.

Contar a história dos seus próprios desenhos.

Brincar de “o que é o que é? Uma criança diz:” É redonda, serve para

jogar e chutar “a resposta é” UMA BOLA ““.

Imitar ondas do mar, mesa, animais, etc.

Imitar algo somente com gestos, para os colegas adivinharem o que é,

for preciso, usar sons.

2.3.1- Percepção

Percepção é a capacidade de reconhecer e compreender estímulos

recebidos. A percepção está ligada à atenção, à consciência e a memória. Os

estímulos que chegam até nós provocam uma sensação que possibilita a

percepção e a discriminação. Primeiramente sentimos, através dos sentidos:

tato, visão, audição, olfato e degustação. Em seguida, percebemos e

realizamos uma mediação entre sentir e pensar. E, por fim, discriminamos e

reconhecemos diferenças e semelhanças entre estímulos e percepções. A

discriminação é que nos permite saber, por exemplo, o que é verde, e o que é

azul, e a diferença entre o um e o sete.

As atividades propostas para esta área devem auxiliar o

desenvolvimento da percepção e da discriminação.

Exercícios de Percepção Olfativa:

Experimentar coisas que tem e que não tem cheiro.

Experimentar odores fortes e fracos, agradáveis e desagradáveis em

materiais como: vinagre, álcool, café e perfumes.

Exercícios de Percepção Auditiva:

21

Identificar e imitar sons e ruídos produzidos por animais e fenômenos da

natureza.

Procurar a fonte de onde se origina determinado som.

Brincar de cobra cega.

Tocar instrumentos musicais.

Fazer rimas com palavras.

Exercício de Percepção visual.

Identificar branco do preto.

Reconhecer, entre muitos, objetos que tem as cores primárias –

vermelho, azul e amarelo.

Agrupar objetos de acordo com suas cores.

Agrupar objetos de acordo com suas formas.

Montar quebra cabeça simples.

2.2.3 - Coordenação Motora

A coordenação motora é mais ou menos instintiva e ligada ao

desenvolvimento físico. Entendida como união harmoniosa de movimentos, a

coordenação supõe integridade e maturação do sistema nervoso.

Subdividiremos a coordenação motora em dinâmica global ou geral, fina,

viso-manual e viso-pedal.

A coordenação dinâmica global envolve movimentos amplos com todo

corpo (cabeça, ombros, braços, pernas, pés, tornozelos e quadris etc.) e desse

modo coloca grupos musculares diferentes em situações simultâneas com

vistas às execuções de movimentos voluntários mais ou menos complexos.

A coordenação fina engloba movimentos dos pequenos músculos em

harmonia na execução de atividades utilizando dedos, mãos e pulsos.

22A coordenação viso-manual refere-se a movimentos específicos com os

olhos nas mais variadas direções coordenadas com as mãos.

A coordenação viso-pedal refere-se a movimentos específicos com os

olhos nas mais variadas direções coordenadas com os pés.

As atividades psicomotoras propostas para a área de coordenação estão

subdivididas nessas quatro áreas:

Exercícios de Coordenação Dinâmica Global:

Sentar-se no chão como alguns índios, com as pernas e braços

cruzados.

Engatinhar bem rápido.

Correr imitando animais.

Correr segurando uma bola.

Arremessar bolas para um colega.

Exercícios de Coordenação Visomanual ou Fina:

Exercícios Gerais:

- Modelar a massa com barro.

- Grampear com grampeador.

- Folhear livros e revistas, folhas por folha.

- Brincar com io-io.

- Martelar parafusar.

2.3.4 - Orientação Espaço-Temporal

A orientação ou estruturação espaço - temporal é importante no

processo de adaptação do indivíduo no ambiente, já que todo corpo, animado

ou inanimado, ocupa necessariamente um espaço em um dado momento.

23A orientação espacial e temporal corresponde à organização intelectual

do meio e está ligada à consciência, à memória e as experiências vivenciadas

pelo indivíduo.

Exercícios de Orientação Temporal:

Ouvir histórias, ou músicas que contenham histórias, e depois contar a

seqüência dos fatos.

Ordenar cartões com figuras e formas e recompor uma história com

início, meio e fim.

Observar animais (mosca, lesma, lagartixa, gato, tartaruga, etc.) e dizer

quais são os mais velozes e os mais lentos.

Mover carrinhos rápidos e lentamente, seguindo instruções do professor.

Plantar feijões e observar o seu crescimento. Posteriormente, o

professor e as crianças desenharão a história da vida do feijão, passando pelas

etapas do seu desenvolvimento, da semente até a planta adulta.

Exercícios de orientação espacial:

Andar pela sala explorando o ambiente e os objetos, inicialmente de

olhos abertos e depois de olhos fechados.

Montar quebra-cabeças.

Jogar amarelinha.

Responder onde está o céu, o teto, o chão, a lâmpada, com palavras

como: em cima, atrás, etc.

Andar pela sala e pelo pátio seguindo a direção indicada por setas

pintadas no chão.

2.3.5 - Conhecimento Corporal

A criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos. Seu

corpo ocupa um espaço no ambiente em função do tempo, capta imagens,

24recebe sons, sente cheiros e sabores, dor e calor, movimenta-se. A entidade

corpo é centro, o referencial. A noção do corpo está no centro do sentimento de

mais ou menos disponibilidade e adaptação que temos de nosso corpo e está

no centro da relação entre o vivido e o universo. É nosso espelho afetivo-

somático ante uma imagem de nos mesmos, do outro e dos objetos.

O esquema corporal, da maneira como se constrói e se elabora no

decorrer da evolução da criança, não tem nada a ver com uma tomada de

consciência sucessiva de elementos distintos, os quais, como num quebra –

cabeça, iriam pouco a pouco se encaixar uns aos outros para comporem um

corpo completo a partir de um corpo desmembrado, o esquema corporal

revela-se gradativamente à criança da mesma forma que uma fotografia

revelada na câmara escura mostra-se pouco a pouco para o observador,

tomando contorno, forma e coloração cada vez mais nítidos. A elaboração e o

estabelecimento deste esquema parecem ocorrer relativamente cedo, uma vez

que a evolução está praticamente terminada por volta dos quatro ou cinco

anos, isto é, ao lado da construção de um corpo “objetivo”, estruturado e

representado como um objeto físico cujos limites podem ser traçados a

qualquer momento, existe uma experiência precoce, global e inconsciente do

esquema corporal, que vai pesar muito no desenvolvimento anterior da imagem

e da representação de si.

O conceito corporal é o conhecimento corporal, que vai pesar muito no

desenvolvimento anterior da imagem e da representação de si.

O conceito corporal e o conhecimento intelectual sobre partes e

funções; e o esquema corporal é inconsciente e se modifica com o tempo.

Exercícios de Conhecimento Corporal:

Nomear partes do próprio corpo.

Juntar as partes de um boneco desmontável.

Completar o desenho de uma figura humana com o que estiver faltando.

25Deixar o corpo cair, em bloco, sobre o chão.

Exercitar tensão e relaxamento no corpo (amolecer, murchar, endurecer,

etc).

2.3.6 - Lateralidade

Quando tratamos de conhecimento corporal, inserimos a lateralidade, já

que é a bússola de nosso corpo e assim possibilita nossa situação no

ambiente. A lateralidade diz respeito à percepção dos lados direito e esquerdo

e da atividade desigual de cada um desses lados visto que sua distinção será

manifestada ao longo do desenvolvimento da experiência.

Perceber que o corpo possui dois lados e que um é mais utilizado do

que o outro é o início da discriminação entre esquerda e direita. De início, a

criança não distingue os dois lados do corpo, embora ignore que sejam “direito”

e “esquerdo”. Aos cinco anos, aprende a diferenciar uma mão da outra e um pé

do outro. Em seguida, passa a distinguiu um olho do outro. Aos seis anos, a

criança tem noção de suas extremidades direita e esquerda e noção dos

órgãos pares, apontando sua localização, em cada lado de seu corpo

(sobrancelhas, ouvidos, mamilos, etc.). Aos sete anos, sabem com precisão

quais são as partes direita e esquerda de seu corpo.

As atividades psicomotoras auxiliam a criança a adquirir boa noção de

espaço e lateralidade e boa orientação com relação a seu corpo, aos objetos,

às pessoas e aos sinais gráficos.

Alguns estudiosos preferem tratar a questão da lateralidade como parte

da orientação espacial e não como parte do conhecimento corporal.

Exercícios de Lateralidade:

Colocar fitas vermelhas no pulso e tornozelo do lado direito e realizar

exercícios que peçam movimentos como: erguer a mão direita, baixar a mão

esquerda, erguer o braço direito e baixar o esquerdo, etc.

26 Colocar a mão sobre o contorno de mãos desenhadas no quadro,

rapidamente, como se estivesse dando um tapa. Colocar a mão na mesma

posição da mão desenhada.

Seguindo a solicitação do professor, desenhar ou colocar objeto no lado

direito ou esquerdo de uma folha de papel dividida ao meio verticalmente e

marcada com a inscrição direita e esquerda no lado correspondente.

Colocar os pés sobre os contornos de pés desenhados no chão, direitos

sobre o direito, e esquerdos sobre o esquerdo.

2.3.7 - Habilidades Conceituais

A matemática pode ser considerada uma linguagem cuja função é

expressar relações de quantidade, espaço, tamanho, ordem distancia, etc.

A medida em que brinca com forma, quebra-cabeças, caixas ou panelas,

a criança adquire uma visão dos conceitos pré-simbólicos de tamanho,

números e forma. Ela enfia contas no barbante ou coloca figuras em quadros e

aprende sobre seqüência e ordem; aprende frases; acabou, não mais, o que

amplia suas idéias de quantidade.

A criança progride na medida do conhecimento lógico matemático, pela

coordenação das relações que anteriormente estabeleceu entre os objetos.

Para que se construa o conhecimento físico (referente à cor, peso, etc.), a

criança necessita ter um sistema de referencia lógico-matemático que lhe

possibilite relacionar novas observações com o conhecimento já existente; por

exemplo: para perceber que um peixe é vermelho ela necessita de um

esquema classificatório para distinguir o vermelho de todas as outras cores e

outro esquema classificatório para distinguir o peixe de todos os demais

objetos que conhece.

Exercícios de Habilidades Conceituais:

27Observar uma coleção de objetos pequenos misturados: pedrinhas,

botões, colchas, grãos de milho, bolinhas de vidro, clipes, etc. separar esses

objetos pela classe a que pertencem: conjunto de pedras, de botões, de clipes.

Seriar objetos de acordo com o tamanho (do menor para o maior), com a

cor (da mais clara para a mais escura), com a espessura (do mais fino para o

mais grosso), conservando a mesma categoria.

Distribuir o mesmo número de objetos, observando que a quantidade

não se altera quando modificamos sua posição.

28

Capítulo II

O valor do jogo no desenvolvimento humano

Na visão de vários autores do desenvolvimento, uma condição básica

para qualquer criança se desenvolver, em todas suas potencialidades, é ter

uma comunicação autêntica e profunda com seus pais. Este tipo de relação

depende que os pais tiveram com os próprios pais. Caso não tenha

desenvolvido uma comunicação satisfatória haverá sempre oportunidade de

desenvolve-la com outras pessoas: avôs, tios, padrinhos, amigos, professoras,

terapeutas, etc. uma das possibilidades de instalar esta comunicação é por

meio de jogos ou brincadeiras que viabilizam, na relação simbólica e lúdica,

este aprofundamento. Vários estudos e pesquisas mostram o valor do jogo

para o desenvolvimento integral do ser humano.Afirmam que “é através do

brinquedo que a criança conquista sua primeira relação com o mundo externo e

entra em contato com os objetos” LEBOVICI e DIATKINE, (1985). Equilibrando

e integrando o sentir, o pensar e o agir os jogos potencializam a comunicação e

a aprendizagem.

Para o desenvolvimento deste processo, utilizam-se objetos como bolas,

arcos, cordas, almofadas, bastões, papéis, balões, panos, entre outros. Estes

objetos funcionam como mediadores de comunicação, mediadores de um

contato não verbal, profundo entre a criança e o adulto, de um contato num

contexto lúdico, pelo movimento e oportunidades que o objeto dinamiza.

Possuem um grande potencial de significação simbólica, dependo da história

relacional do indivíduo ou da família e do contexto no qual são utilizados.

LAPIERRE (1987), indica possibilidades simbólicas destes objetos:

panos bolas e arcos podem simbolizar a afetividade; tubos, o poder; cordas

têm o potencial de simbolizar a ligação ou limite. Outra característica dos

objetos é que, metaforicamente, auxiliam a transformar a relação dual em uma

relação ampliada que mais potencial para a comunicação e para o

desenvolvimento, tanto da criança como do adulto.

29Assim, pelo jogo, com objetos, estabelece-se um vínculo afetivo mais

autêntico entre pais e filhos ou entre crianças e educadores. Este vínculo se

constitui no atendimento de uma necessidade básica para qualquer ser

humano, que é desenvolver o sentimento de pertencer, de fazer parte, de ter

um espaço afetivo no outro, igualmente, o sentimento de ser.

Competem ao educador oferecer um espaço de liberdade, criatividade,

respeito, com regras de que não se pode machucar os outros e nem a si

próprio; de que não se pode permitir que o outro nos machuque, bem como

outras regras que se achar necessário do tipo: só joga quem quer jogar; joga-

se sem compromisso com o sucesso; no jogo, não tem certo nem errado.

LE CAMUS, (1986), na história ad psicomotricidade, ciência que busca

uma visão global e reacional do ser humano, aconteceu um primeiro momento

(corpo hábil) de valorização da habilidade corporal, na idéia de que, neste

processo paralelamente se trabalha a inteligência. No segundo momento

(corpo consciente), considerando a possibilidade de recepção do corpo

humano, privilegiou-se a imagem corporal e a consciência corporal, como base

para a construção da identidade. Finalmente o (corpo significante) se

centralizou na expressão, no jogo espontâneo e na relação, ou seja, na

expressividade do homem em seu contexto.

Tendo como pressuposto também estas idéias, privilegiam –se jogos de

prazer das sensações e movimentos corporais que pertencem à função

materna na gestação, os quais articulam e dinamizam os processos de

desenvolvimento de habilidade corporal, de consciência corporal, num contexto

relacional e de jogo espontânea. Neste contexto se oportuniza o sentimento de

SER, de identidade e de autonomia e o de PERTENCER, de ter vínculos.

Quando o espaço da agressividade e do confronto no jogo, encontra-se em

LEBOVICI e DIATKINE, (1985), a afirmação de que o jogo “expressa as

possibilidades que a criança tem de ser opor à sua dependência e de adquirir

certa autonomia”.

Outro pressuposto é que o homem é um ser simbólico, ou seja,

constantemente cria ou utiliza-se de símbolos para a comunicação consigo e

com os outros. Nos jogos espontâneos e criativos expressa suas demandas,

30seus conflitos, seus desejos, assim como amplia suas estratégias relacionais.

Mesmo que não aconteça um entendimento consciente, ou seja, a

decodificação da mensagem da família ou do grupo. Assim, o homem vai

desenvolvendo sua autonomia e sua capacidade de integrar-se criativamente

no mundo. Segundo LAPIERRE (1997), a linguagem inconsciente é analógica

e expressa-se em nível corporal, tônico-afetivo. O importante é que o jogo seja

proposta pelo educador ou terapeuta tenha por base os pedidos expressos nos

jogos dos clientes, alunos ou filhos, por meio de palavras, metáforas, gestos,

gestos, movimentos, objetos, músicas, entre outros. O jogo espontâneo-criativo

oportuniza que o indivíduo ou família seja sujeito da sua ação e não objeto da

ação do outro, ampliando as oportunidades de interação de criatividade Freire

(1980).

3.1 –O lúdico em parceria do professor em geral

O brincar hoje nas escolas, está ausente de uma proposta pedagógica

que incorpore o lúdico como eixo do trabalho infantil. Minha preocupação na

aproximação com a realidade do brincar na escola levou –me a perceber a

inexistência de espaço para o desenvolvimento cultural dos alunos do lúdico.

Esse resultado, apesar de apontar na direção de ações do professor, não deve

atribuir-lhe culpabilidade. Ao contrário, trata-se de evidenciar o tipo de

formação profissional do professor que não contemplam informações nem

vivências a respeito do brincar e do desenvolvimento infantil em uma

perspectiva social, afetiva, cultural, histórica, criativa e motora.

É rara a escola que invista neste aprendizado. A escola simplesmente

esqueceu a brincadeira, na sala de aula ou ela é usada como um papel didático

ou é considerada uma perda de tempo. Há algum tempo, as escolas não dão o

devido valor ao brincar. Valorizar neste caso significaria cada vez mais levar o

brinquedo para sala de aula e também munir os profissionais de conhecimento

para que possam entender e interpretar o lúdico, assim como utilizá-lo para que

auxilie na construção do aprendizado da criança. Para que isso aconteça, o

31professor deve estar muito presente, atento e participante nos momentos

lúdicos e nos seus objetivos.

Quem trabalha na educação em geral de crianças deve saber que

podemos sempre desenvolver a motricidade, à atenção e a imaginação da

mesma.

Em qualquer época da vida da criança, adolescente e porque não de

adultos, as brincadeiras devem estar presentes. O lúdico não é apenas objetos

apenas, erra a escola ao subsidiar sua ação, dividindo o mundo em dois lados

opostos: de um lado o jogo da brincadeira, do sonho, da fantasia, e do outro

mundo sério do trabalho e do estudo, independente do tipo de vida que se leve,

tanto os adultos, como os jovens e crianças precisam de brincadeiras de

alguma forma de jogo, sonho e fantasia para viver.

A capacidade do lúdico abre para todos uma possibilidade de

decifrar enigmas que os rodeiam. A brincadeira é o momento sobre si mesmo e

sobre o mundo, dentro de um contexto de faz de conta. Nas escolas isto é

comumente esquecido. Observo então que na escola não há lugar para o

desenvolvimento global e harmonioso em brincadeiras, jogos e outras

atividades lúdicas. Ao chegar à escola a criança é impedida de assumir a

corporeidade passando a ser submissa através de horas que fica imobilizada

na sala de aula.

O lúdico e a aprendizagem são considerados ações com finalidades

bastante diferentes e não podem habitar o mesmo espaço de tempo? Isto não

está certo. Muito pode ser trabalhado a partir de jogos e brincadeiras. Contar,

ouvir histórias, dramatizar, jogar com regras, desenha entre outras atividades,

constituem meios prazerosos de aprendizagem.

À medida que a criança interage com os objetos e com outras

crianças, construirá relações e conhecimentos a respeito do mundo em que

vive. Aos poucos, a escola, a família, em conjunto, deveram favorecer uma

ação de liberdade para a criança, uma socialização que se dará

gradativamente, através das relações que ela irá estabelecer com seus

colegas, professores e outras pessoas.

32Para que isso aconteça não deve sentir-se bloqueada, nem tão pouco

oprimida em seus sentimentos e desejos. Suas diferenças e experiências

individuais devem, principalmente na escola, ter um espaço relevante sendo

respeitadas nas relações com o professor e com outras crianças. Brincando em

grupo as crianças envolvem-se em uma situação imaginária onde cada um

poderá exercer papéis diversos aos de sua realidade, além de que, estarão

necessariamente submetidas a regras de comportamento e atitude.

Se a escola não atua positivamente, garantindo possibilidades para o

desenvolvimento da brincadeira, ela ao contrário, age negativamente

impedindo que esta aconteça. Diante desta realidade, faz-se necessário

apontar para o papel do professor na garantia e enriquecimento da brincadeira

como atividade social da infância. Considerando que a brincadeira deva ocupar

um espaço central na educação, entendo que o professor é figura fundamental

para que isso aconteça, criando os espaços, oferecendo material e partilhando

das brincadeiras.

Agindo desta maneira, o professor estará possibilitando às crianças uma

forma de assimilar cultura e modos de vida adulta, de forma criativa, social e

partilhada. Estará, ainda, transmitindo valores e uma imagem da cultura como

produção e não apenas consumo.

Devemos ter espírito aberto ao lúdico, reconhecer a sua importância

enquanto fator de desenvolvimento da criança. Seriam importantes termos na

sala de aula um cantinho com alguns brinquedos e materiais para brincadeiras.

Na verdade qualquer sala de aula deve ser disponível e apropriada para as

crianças brincarem. Podemos também ensinar as crianças a produzirem

brinquedos. É muito interessante ver uma criança transformar um simples copo

de plástico numa fantástica nave espacial com tripulantes e tudo. A sucata é

um recurso, se mostra como um lixo real e depois de transformada em algo

passamos a dar origem a objetos construtivos, expressivos. O brinquedo

(sucata) é assim denominado por se tratar de um objeto construído

artesanalmente com diversos materiais, como madeira, plástico, lata, borracha,

papelão e outros recursos extraídos do cotidiano.

33A tensão entre o desejo da criança e a realidade objetiva é que dá

origem ao lúdico acionado pela imaginação se configuram como possibilidade

da criança forjar novas formas de conceber a realidade social e cultural em que

vive, além de servir como base para a construção para a construção de

conhecimentos e valores, isto faz com que o lúdico seja uma grande fonte de

desenvolvimento e aprendizagem.

É necessário que desde a pré-escola, as crianças tenham condições de

participarem de atividades que deixem florescer o lúdico.

- Podemos então observar mais atentamente.

1 – A importância da repetição ocorre durante a brincadeira, fato que

não deve ser simplesmente ao prazer propiciado pelo exercício, mais trata

acima de tudo, uma forma de assimilar o novo.

2- o valor da imaginação e o papel a ela atribuído querem no

desenvolvimento da inteligência das crianças, quer no processo de

aprendizagem, do ponto de vista da formação de conceitos (Compreender

como ocorre o processo de representação da criança e seu alcance, uma vez

que ela consegue combinar simultaneamente o pensamento, a linguagem e a

fantasia).

3- na brincadeira a criança tem a oportunidade não apenas de vivenciar

as regras impostas, mas de transformá-las, recria-las de acordo com suas

necessidades de interesse e ainda entende-las. Não se trata de uma mera

aceitação, mas de um processo de construção que se efetiva com a sua

participação.

A relação da brincadeira e o desenvolvimento da criança permitem que

se conheçam com mais clarezas importantes funções mentais, com o

desenvolvimento do raciocínio e da linguagem. Vygotsky (1999) revela como o

jogo infantil se aproxima da arte, tendo em vista a necessidade da criança criar

para si o mundo às avessas para melhor compreende-lo, atitude que também

define a atividade artística.

Sendo a brincadeira o resultado de aprendizagem, e dependendo de

uma ação educacional voltada para o sujeito social, devemos acreditar, que

34adotar jogos e brincadeiras como metodologia curricular, possibilita à criança

base par aa subjetividade e compreensão da realidade concreta.

É preciso que professores se coloquem como participantes,

acompanhando todo o processo da atividade, mediando os conhecimentos

através da brincadeira e do jogo, afim de que estes possam ser re-elaborados

de forma rica e prazerosa.

Se os estímulos estiverem adequados ao estágio de desenvolvimento

em que a criança se encontra, as experiências vividas constituir-se-ão em

aprendizagens ricas e duradouras. No contexto escolar, propor brincadeiras

como aprendizagens aproxima-se do trabalho.

Evidencia-se que o brincar transformado em instrumento pedagógico na

educação, vai favorecer a formação da criança para cumprir seu papel social, e

mais tarde de adulto.

3.2 - Os jogos no processo de aprendizagem nas diversas fases do

desenvolvimento do aluno

O lúdico é para as crianças uma possibilidade de desenvolver o afetivo,

o motor, o cognitivo, o social, o moral e possibilita também aprendizagem de

conceitos. Quando se discute o uso de jogos na educação, aparecem duas

correntes há autores que destacam sua importância e outros assinalam seus

limites e cuidados. É importante essa ressalva, pois no contexto educativo, o

jogo deve ser usado de maneira justa para que não venha substituir a

realidade.

Antes de continuar vamos definir o que é jogo e o que são brincadeiras,

segundo o Aurélio:

- Jogo é uma atividade física ou mental organizada que por um

sistema de regras definem quem perde ou ganha.

- Brincadeira: passatempo, entretenimento.

- Podemos destacar alguns autores e suas posições sobre a

importância dos jogos e brincadeiras na vida do ser humano.

35Freud que diz “não deveríamos procurar os primeiros traços poéticos já

nas crianças? Talvez devêssemos dizer: cada criança em suas brincadeiras

comporta-se como poeta, enquanto cria seu próprio mundo, ou, dizendo

melhor: enquanto transpõe os elementos formadores de seu mundo para uma

nova ordem, mais agradável e conveniente para ela”.

Na ótica da teoria da psicologia genética, tendo Piaget como uma das

principais expressões, “o brincar representa uma atividade por meio da qual a

realidade é incorporada pela criança e transformada quer em função dos

hábitos motores (jogos de exercícios) quer em função das necessidades do seu

eu (jogo simbólico) ou em função das exigências de reciprocidade social (jogos

de regras)”. Ele menciona também que “os jogos não são apenas formas para

a criança energia, mais meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento

intelectual”.

Para Vygotsky, o brincar tem origem na situação imaginária criada pela

criança, em que desejos irrealizáveis podem ser realizados com a função de

reduzir a tensão e ao mesmo tempo, para construir uma maneira de

acomodação a conflitos e frustrações da vida real.

Logo é importante entender o lugar que o jogo ocupa para que possa ser

usado de forma adequada. Ele só é educativo quando o educador o

desenvolve com o objetivo e intencionalidade, caso contrário é apenas uma

brincadeira.

Pode-se dizer que o jogo está muito ligado ao próprio funcionamento da

inteligência uma vez que a sua construção depende de uma série de

assimilações e acomodações que a pessoa faz ao longo da vida. O cérebro, no

momento, não é um sistema de funções fixas e imutáveis, mas um sistema

aberto, de grande plasticidade, cuja estrutura e modos de funcionamento são

moldados ao longo da história da espécie e do desenvolvimento individual.

Como as possibilidades humanas são tantas que essa plasticidade pode ser

usada de tal sorte que não são necessárias transformações no órgão físico.

Quando a criança ou adolescente joga com regras exercita todas as funções

intelectuais mesmo que esta seja de natureza metafórica.

36Com o tempo a criança vai distinguindo os diferentes jogos e

percebendo que alguns necessitam de um grande esforço e concentração, sem

deixar de lado o caráter prazeroso da ação.

É importante que o jogo por si só não permitirá o desenvolvimento e a

aprendizagem, mas sim a ação de jogar é que desenvolve a compreensão.

Mas também no lúdico é importante que o aluno seja percebido como ele é,

mesmo apresentando dificuldades, e que o programa de atividades esteja

voltado para atender as necessidades. Por possuir regras supõe-se que o jogo

tenha organização e coordenação que o inserem num quadro de natureza

lógica.

É necessário conhecer as regras, compreende-las, e praticá-las exigindo

um exercício de operação e cooperação. Ao jogar acontece uma série de

relações, de encaixe parte e todo, de ordem, de antecipação e de retroação.

Com o jogo envolve operações entre pessoas, contato social, a situação

problema que o jogo oferece dá ao participante oportunidade de empregar

procedimentos cooperativos para alcançar o objetivo que é ganhar. O jogo

assume um significado funcional onde a realidade é incorporada pela criança e

transformada, de acordo com seus hábitos motores, com as necessidades do

eu e em função das exigências do social.

Piaget dedicou-se a estudar os jogos e chegou a estabelecer uma

classificação de acordo com a evolução das estruturas mentais. Para Piaget,

os jogos são classificados em:

- Jogos de exercícios – o período sensório – motor (zero a dois

anos) se caracterizam pela satisfação das necessidades básicas. O jogo

consiste em rituais ou manipulações de objetos em função dos desejos e

hábitos motores da própria criança. Aos poucos a criança vai ampliando seus

esquemas, adquirindo cada vez mais prazer através de suas ações. O prazer é

que trás significado as suas ações.

- O ato de sugar é tão importante, que o bebê mama não

apenas para sobreviver mais porque descobre o prazer de mamar à medida

que sacia a sua fome. Nesta fase outras conquistas vão surgindo (engatinhar,

nadar, falar) são todas atividades cheias de prazer. Ele prefere o chão onde

37ensaia os primeiros passos, emite os primeiros sons na tentativa de imitação

da fala se dedica a observar mãos e pés, descobrindo o corpo.

Ao observar estas condutas a criança percebeu que ao repetir as ações

existia um prazer em fazer funcionar, em exercitar o que já havia aprendido.

Jogos simbólicos compreende de 2 aos 7 anos aproximadamente. É a

fase do faz de conta, da representação, do teatro, onde uma coisa simboliza

outra. Uma vassoura pode virar um cavalo, e ao brincar com as bonecas pode

representar o papel de mãe. A criança é capaz porque já estruturou as imagens

mentais, já domina a linguagem falada com a qual pode se expressar.

Os jogos simbólicos têm características que lhes são próprias: liberdade

de regras, desenvolvimento da imaginação e fantasia, ausência de objetivos,

ausência de uma lógica da realidade, adaptação da realidade aos seus

desejos. Nesses momentos vivências aspectos de sua realidade muitas vezes

difíceis de elaborar: a chegada de um irmão, morte de alguém, mudança de

escola.

Jogos de regras – a partir dos sete anos, com os progressos da

socialização da criança e o desenvolvimento de suas estruturas intelectuais, o

jogo egocêntrico é abandonado. O convívio social é mais interessante. As

obrigações são impostas por intermédio das relações de reciprocidade e

cooperação do grupo. O jogo de regras é necessário para que as convenções

sociais e os valores morais de uma cultura sejam transmitidos.

As estratégias de ação, a tomada de decisão, a análise de erros, lidar

com perdas e ganhos, replanejar jogadas em função dos movimentos dos

adversários, tudo é importante para o desenvolvimento das estruturas

cognitivas de cada pessoa. O jogo provoca conflitos internos, a necessidade de

buscar uma saída, e é desses conflitos que o pensamento sai enriquecido,

reestruturado e apto para lidar com as novas transformações.

Jogos de Exercícios – depois das observações feitas acima vimos que a

escola não pode prescindir deste recurso. Na escola a construção do

conhecimento pode ser feita de forma prazerosa garantindo uma motivação

para aprendizagem. O jogo vai depender da etapa em que cada aluno

encontre. Se estiverem aprendendo a escrever seu nome ou palavras de sua

38língua, a escola pode lhe propor jogos de exercícios a fim de que os esquemas

de ação motora tão necessário para que esta tarefa seja adquirida,. Quando já

se encontra numa fase mais avançada é a vez dos jogos simbólicos, serem

chamados a cena, entonação, o brincar com a linguagem num constante

recriar.

Nas séries mais avançadas (adolescente) é a vez do de regras, onde as

atividades em grupo são bastante valorizadas para que as convecções sociais

e os valores morais de uma cultura possam ser transmitidos. O processo de

aprendizagem lúdica bem como o processo cognitivo visa a sua preparação

para o futuro. Neste inclui sua inserção no mercado de trabalho. Ter

capacidade de ver o trabalho como algo criativo, na medida em que nele se

estabelecem relações gratificantes. Do jogo simbólico pode se herda a

possibilidade de experimentar papeis, representar, dramatizar, recriar situações

do dia a dia.

39

Capítulo III - Metodologia de Pesquisa

Pesquisa bibliográfica. Os dados foram coletados por leituras sobre o

assunto. A fim de facilitar a leitura, o trabalho foi estruturado da seguinte forma:

Uma introdução; um desenvolvimento contendo: a ligação entre

psicomotricidade e dificuldade de aprendizado, conceituações das funções

psicomotoras e sugestões de trabalhos, a importância dos jogos e do lúdico no

desenvolvimento do aluno, e também como parceiros do professor no processo

de ensino-aprendizagem; conclusão.

40Capítulo IV - Conclusão

Através das pesquisas realizadas para a montagem deste estudo

demonstramos, embasamento em bibliografia, a ligação existente entre um

trabalho bem realizado nas áreas e funções psicomotoras e a prevenção do

surgimento de dificuldades de aprendizado nas áreas e funções psicomotoras e

a prevenção do surgimento de dificuldades de aprendizado nos alunos das

fases pré-escolares e alfabetização. Apresentei e conceituei cada área

psicomotora, direcionando atividades especificas para o desenvolvimento das

mesmas.

Expressamos a necessidade que o professor tem em possuir um total

conhecimento das áreas psicomotoras, para que possa realizar atividades

lúdicas que possuem um melhor significado e facilidade de assimilação pelo

aluno no intuito de desenvolve-las, objetivando assim minimizar ou reduzir

possíveis dificuldades de aprendizagem.

Tendo por base citações das bibliografias pesquisadas, podemos

concluir a importância que as atividades lúdicas tem na realização dos

trabalhos direcionados ao desenvolvimento das funções psicomotoras, na

melhor assimilação do conteúdo pelo aluno e no alcance dos objetivos

propostos pelo professor através de atividades e brincadeiras.

Neste estudo houve a preocupação de classificar, através de teoria de

Piaget, os jogos de acordo com evolução das estruturas mentais,

compreendendo desde a faixa etária até as fases do desenvolvimento

psicomotor que se encontra os alunos.

41ANEXOS

42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade. ed .São Paulo: Martins Fontes.

FREIRE, P. Conscientização: teoria e prática da libertação: introdução ao

pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Moaes: 1980

LEBOVICI, S; DIATKNE, R. Significado e função do brinquedo na criança.

Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.

MARLI, dos Pires, Santa, (org) Brinquedoteca, o lúdico em diferentes

contextos.Petrópolis, RJ: Vozes, 1987.

MEUR, A & STAES. L. Psicomotricidade: Educação e Reeducação. São Paulo:

Ed. Manole, 1984.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida, (org). Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a

Educação. São Paulo. Cortez, 1996.