fecundarte: festival cultural nascentes das artes:"arte produzida por mãos de não artistas"

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Este trabalho de pesquisa tem como objetivo apresentar uma análise da escola como um espaço de manifestação cultural, através da realização de um Festival Cultural, nominado de Fecundar'Te, que conta com a participação de professores de diversas áreas do conhecimento, alunos do Ensino Fundamental II, Ensino Médio e Curso de Formação de docentes, equipe diretiva e funcionários, do Colégio Sagrada Família de Ponta Grossa. São abordados estudos e práticas artísticas de linguagens como Música,Dança, Artes Visuais e Teatro. O objetivo do Projeto é estimular a todos, por meio da arte e da cultura, a se desenvolverem como pessoas mais sensíveis e críticas em seus posicionamentos, respeitando a individualidade de cada participante. O levantamento dedados teve por objetivo verificar e avaliar os resultados desse projeto cultural. Para esta análise, foram feitas observações antes, durante e depois. Posteriormente ao Festival,foram entregues questionários para alguns alunos de Ensino Fundamental II e Médio,professores, direção. Também foi levado em consideração, a condição da produção artística feita por pessoas que não são artistas e, mesmo com essa condição podem e devem produzir Arte. Este trabalho relata e analisa a condição de como os alunos,professores e direção fizeram do Festival um espaço de estudo da Arte e de produção artística. Foi a partir da História da Arte e também das tendências pedagógicas escolares que se estruturou teoria principal desta pesquisa.

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

    SETOR DE CINCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES.

    DEPARTAMENTO DE ARTES VISUAIS E MSICA

    FECUNDAR'TE : Festival Cultural Nascentes da Arte

    Arte produzida por mos de no artistas

    PONTA GROSSA

    2010

  • ADRIANA RODRIGUES SUAREZ

    FECUNDAR'TE : Festival Cultural Nascentes da Arte

    Arte produzida por mos de no artistas

    Trabalho de Concluso de Curso, apresentado para obteno do ttulo de graduao do curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Orientador: Prof. Ms. Nelson Silva Junior.

    PONTA GROSSA

    2010

  • AGRADECIMENTOS

    Primeiramente a Deus, pelo dom da vida e por me fazer

    capaz de realizar este projeto.

    Aos meus filhos, Leopoldo, Leonardo e Loureno, por

    acreditarem em mim, sempre!

    Aos meus amados pais, por sempre estarem juntos nas

    realizaes dos meus sonhos.

    Irm Edites Bet, por acreditar em meu trabalho, o qual

    realizei com muito amor.

    Ao professor Ms. Nelson Silva Jr., por seu auxlio e

    dedicao na elaborao do TCC.

  • SUMRIO

    INTRODUO ..................................................................................................... 7

    1. Arte: definies e sua Histria...................................................................10

    1.1 Evolues Artsticas na Histria da Arte..............................................................13

    1.1.1 Pr- Histria: Incio do sentido Artstico................................................................13

    1.1.2 Arte Egpcia: Emoo, Poder e Vida Ps-Morte...................................................14

    1.1.3 Greco Romano: Pensamento, Razo e Ideal de Beleza...................................15

    1.1.4 Idade Mdia: Religio, Teocentrismo, Arte Sacra.................................................16

    1.1.5 Renascimento: Intelectualidade, Cincia e Resgate da Arte Clssica.................17

    1.1.6 Barroco: Exagero, Dualidade e Emoo..............................................................21

    1.1.7 Neoclassicismo: Liberdade, Igualdade e Fraternidade........................................23

    1.1.8 Romantismo: Serenidade, Herosmo e Subjetividade..........................................24

    1.1.9 Realismo: Sobriedade, Verdade e Objetividade...................................................25

    1.2.0 Modernismo: Expresso, Ruptura, Liberdade......................................................28

    2 . As Tendncias Pedaggicas do Ensino e do Ensino de Arte.........................30

    2.1 Escola Tradicional .............................................................................................31

    2.2 Escola Nova ..................................................................................................... 33

    2.3 Escola Tecnicista .............................................................................................35

    2.4 Escola Libertadora .................................................... ...................................38

    2.5 Escola Libertria ...............................................................................................39

    2.6 Escola Crtico-Social dos Contedos ...............................................................40

    2.7 Escola Construtivista ........................................................................................41

  • 3. Procedimentos Metodolgicos...........................................................................45

    3.1 Classificao da Pesquisa ... .........................................................................45

    3.2 Local de Coleta de Pesquisa .............................................................................46

    3.2.1 Projeto Fecundar'Te ........................................................................................47

    3.3 Instrumentos de Coleta de Dados ....................................................................52

    3.4 Seleo da Amostra...............................................................................................53

    3.5 Resultado ..........................................................................................................54

    3.5.1 Direo...................................................................................................................55

    3.5.2. Docentes ...........................................................................................................57

    3.5.3 Discentes ...........................................................................................................60

    CONSIDERAES FINAIS .................................................................................68

    REFERNCIAS ....................................................................................................71 APNDICE 1 .....................................................................................................74

    ANEXO 1 .............................................................................................................75

  • RESUMO: Este trabalho de pesquisa tem como objetivo apresentar uma anlise da escola como um espao de manifestao cultural, atravs da realizao de um Festival Cultural, nominado de Fecundar'Te, que conta com a participao de professores de diversas reas do conhecimento, alunos do Ensino Fundamental II, Ensino Mdio e Curso de Formao de docentes, equipe diretiva e funcionrios, do Colgio Sagrada Famlia de Ponta Grossa. So abordados estudos e prticas artsticas de linguagens como Msica, Dana, Artes Visuais e Teatro. O objetivo do Projeto estimular a todos, por meio da arte e da cultura, a se desenvolverem como pessoas mais sensveis e crticas em seus posicionamentos, respeitando a individualidade de cada participante. O levantamento de dados teve por objetivo verificar e avaliar os resultados desse projeto cultural. Para esta anlise, foram feitas observaes antes, durante e depois. Posteriormente ao Festival, foram entregues questionrios para alguns alunos de Ensino Fundamental II e Mdio, professores, direo. Tambm foi levado em considerao, a condio da produo artstica feita por pessoas que no so artistas e, mesmo com essa condio podem e devem produzir Arte. Este trabalho relata e analisa a condio de como os alunos, professores e direo fizeram do Festival um espao de estudo da Arte e de produo artstica. Foi a partir da Histria da Arte e tambm das tendncias pedaggicas escolares que se estruturou teria principal desta pesquisa.

    Palavras-chave: arte; cultura escolar; Festival.

  • 7

    INTRODUO

    Desde a Prhistria, os seres humanos produzem formas visuais, utilizando

    smbolos particulares constitudos socialmente para exprimirem mundos objetivos e

    subjetivos. Ao transportarem suas vises, bagunam o mundo natural atravs das

    diferentes modalidades que abarcam as artes visuais, como o desenho, a pintura, a

    escultura, a fotografia, a gravura, o vdeo, a instalao, a performance, as artes cnicas, a

    dana e a msica.

    Mesmo com todas as inovaes tecnolgicas a que temos acesso, no existe um

    substituto para a criao artstica, assim como no h substituio para brincar e sorrir.

    Entretanto a maioria dos adultos (professores) esquecem dessa linguagem to rica

    e prazerosa que deixada para trs por volta dos 7 ou 8 anos, onde a prioridade da

    escola a valorizao da linguagem verbal (escrita e falada).

    A Arte um importante meio educacional, que estimula a inteligncia e contribui

    para a formao da personalidade do indivduo, sem ter a preocupao na formao de

    artistas. Muito pelo contrrio, o ensino da arte na escola, busca dar condies e

    oportunidades a todos de ser artista, em um momento especial, ou talvez a nica

    oportunidade em sua vida, desenvolvendo a percepo, a imaginao, a observao e o

    raciocnio.

    O Festival Cultural Fecundar'Te Festival Cultural Nascentes da Arte, organizado ,

    executado e avaliado por uma equipe, composta por discentes e docentes do Colgio

    Sagradas Famlia de Ponta Grossa, realizado no perodo de fevereiro abril de 2010,

    serviu como base para a elaborao deste Trabalho de Concluso de Curso (TCC).

    O tema abordado A arte produzida por mos de no artistas, envolveu a equipe

    de professores da instituio, a equipe de gesto, funcionrios e os alunos. Esse tema foi

    escolhido pela equipe de organizao, devido ao fato de a escola estar vivenciando um

    Festival de Arte e Cultura, envolvendo toda a equipe escolar num processo dinmico e

    democrtico de fruio da arte.

    Teve como objetivos: atender diversidade de interesses dos alunos do Colgio

    Sagrada Famlia com relao ao festival cultural, contemplando aqueles que desejam

    avanar em suas investigaes e educar a todos de forma a trabalhar e viver de maneira

    segura, agradvel e eficiente, num mundo cada vez mais com necessidade de valorizao

    cultural; desenvolvendo a capacidade criadora e de conhecimento sobre o tema

    selecionado para cada equipe, respeitando o trabalho em grupo (socializao).

  • 8

    A temtica de grande relevncia no mbito escolar, pois demonstra a importncia

    dada pela instituio formao integral dos alunos, e no apenas mera transmisso de

    conhecimentos em sala de aula.

    Nesse contexto, o VII Festival Cultural do Colgio Sagrada Famlia Fecundar'Te,

    buscou apresentar as diversas formas de expresses manifestadas pela Arte, seus

    estilos, seus artistas, levando a uma reflexo sobre a necessidade da Arte em nossa vida,

    da arte popular, da arte para embelezar, da arte e a sociedade, enfim, da arte sem limites.

    Buscou ainda, revelar artistas na pessoa dos alunos, que tiveram a oportunidade

    de mostrar e vivenciar publicamente sua capacidade de investigao, observao,

    tcnicas, originalidade, criatividade, trabalho em equipe, raciocnio, experimentao e

    produes artsticas, que culminaram com o desenvolvimento de novos talentos nas

    reas das artes plsticas, artes cnicas, dana e msica, tendo cada rea artstica, um

    profissional de formao na rea, para a orientao da prtica de cada uma das

    manifestaes artsticas.

    O Projeto proporcionou uma interao entre direo, coordenadores pedaggicos,

    professores, funcionrios e alunos, tendo assim, um conjunto de atuaes, onde a escola

    vai adquirindo, na vivncia do dia-a-dia, traos culturais prprios, formando crenas,

    valores, significados, modos de agir e prtica.

    Esse Festival defende que o ensino de Arte deve estar em consonncia com a

    contemporaneidade. O trabalho de pesquisa, buscou analisar a condio e investigao

    do processo completo, isto , conhecimento terico (pesquisa) e prtica.

    O trabalho apresenta no primeiro captulo, as definies do que vem a ser

    ARTE, uma palavra que se define por muitos conceitos, destacando o parecer de

    personagens do meio artstico, intelectuais. Ainda nesse captulo, foram pesquisados

    alguns perodos da Histria da Arte, destacando caractersticas de como a Educao

    Artstica se apresentou em cada momento, mostrando as particularidades do meio

    artstico e a funo da Arte, em cada perodo histrico abordado.

    O segundo captulo apresenta uma abordagem da Educao nas tendncias

    pedaggicas ao longo da histria, como: Escola Tradicional, Escola Nova, Escola

    Tecnicista, Escola Libertadora, Escola Libertria, Escola Crtico-Social dos Contedos e

    a Escola Construtivista. Apresenta um breve histrico de cada escola citada acima, em

    seus princpios gerais, numa viso contextualizada do ensino da Arte.

    J no Terceiro captulo, apresentam-se os procedimentos metodolgicos da

    pesquisa, bem como uma anlise sobre o Projeto do Festival Cultural: Fecundar'Te e

    seus resultados. Na efetivao deste estudo, participaram como sujeitos de pesquisa

  • 9

    seis alunos do Ensino Fundamental; seis professores, de diferentes reas e direo.

    Todos os sujeitos eram participantes do evento.

    Aborda-se tambm um breve histrico do Colgio Sagrada Famlia e o Ensino de

    Arte na instituio, o processo do Festival, seu histrico, sua estrutura, proposta, seus

    objetivos geral e especficos.

  • 10

    Captulo 1 Arte: definies e sua Histria.

    Segundo a definio do minidicionrio da Lngua Portuguesa Ximenes, Arte a

    capacidade humana de aplicao prtica de ideias; atividade de expresso esttica de

    sensaes e ideias; conjunto de regras essenciais ao domnio de uma habilidade;

    (XIMENES, 2008).

    O conceito sobre Arte de Gombrich, um dos mais significativos historiadores da arte

    do sculo XX, afirma que Nada existe realmente a que se possa dar o nome Arte.

    Existem somente artistas. (GOMBRICH,1999)

    Ainda para Gombrich, na resenha de Moura (professor doutor da UFRJ), nunca

    possvel a um dado trabalho de arte reconstruir o texto que pretende ilustrar, j que a

    ilustrao pode ser feita de diversas formas. Ao olhar um trabalho de arte, ns sempre

    projetamos algum significado adicional que no dado. A Arte estaria, dessa forma,

    sempre aberta a novos pensamentos.

    Vigotski, em sua obra Psicologia da Arte, destaca a arte como um fenmeno

    humano, que decorre da relao direta ou mediata do homem com um cosmo fsico,

    social e cultural, onde se constroem e se multiplicam variedades de facetas e nuanas

    que caracterizam o homem como integrante desse cosmo. (FONTES, 2001).

    Na obra Psicologia e Educao: Um Intertexto, Freitas, ela relata a resposta de

    Vigotski sobre a reduo da Arte tanto a uma funo apenas cognoscitiva, quanto a uma

    mera expresso de vivncias emocionais. Os dois fatores, o intelectual e o emocional,

    portanto, o pensamento e o sentimento, que movem a criao humana. Para Vigotski, o

    sentimento mais sincero ou intenso no promove, por si s, a Arte. necessrio alm do

    sentimento, um ato criador que o supere. A Arte s se realiza quando se consegue vencer

    o sentimento, sendo, portanto, um ato de criao que envolve aspectos de cognio e da

    linguagem usada para exprim-la. Vigotski v a Arte como um trabalho, um produto da

    atividade humana. (FREITAS, 2003)

    A capacidade de produzir Arte o que nos faz diferente dos outros seres, atravs

    da habilidade, mostrando o que j existe na natureza, atravs de uma nova linguagem.

    Mas a Arte tambm aquilo que nos aproxima dos outros, o que nos integra ao nosso

    mundo.(ROLLEMBERG, 2000)

    A Arte no uma cincia exata, logo chegamos a entender que ningum tem a

    verdade absoluta sobre ela. A cada tempo, a arte se inova, no deixando de reconhecer e

    valorizar as formas artsticas do passado. preciso entender que a Arte , antes de tudo,

  • 11

    comunicao, e que no criada para o artista, mas sim para o mundo (ROLLEMBERG,

    2000).

    Desde os tempos primitivos at hoje, a Arte vem contribuindo para uma melhor

    interiorizao do homem, procurando cada vez mais, assumir-se e conhecer-se para atuar

    de uma forma mais consciente e livre no mundo. ( BATTISTONI FILHO,1984)

    Encontram-se definies diversas sobre o que vem a ser Arte, resultado quase

    sempre da expresso humana. Para melhor entender ARTE, existe a necessidade de se

    esclarecer outros conceitos peculiares para a construo desse entendimento.

    O artista em sua produo, necessita conhecimentos sobre o mundo: o que vem a

    ser cultura, filosofia esttica1, sociologia, entre outros, construindo a objetividade e a

    subjetividade do seu eu em suas obras. O homem, em suas condutas, escreve sua

    Histria, sua Arte e transmite seus conhecimentos por meio do ensino formal e informal.

    Nas palavras do filsofo alemo Ernest Fischer

    O desejo do homem de se desenvolver, indica que ele mais que um indivduo. Sente que s pode atingir a plenitude que potencialmente lhe concernem, que poderiam ser dele. E o que o homem sente como potencialmente seu inclui tudo aquilo de que a humanidade, como um todo, capaz. A Arte o meio indispensvel para esta unio do indivduo com o todo; reflete a infinita capacidade humana para a associao, para a circulao de experincias e ideias. (ZAHAR, 1976, p.13)

    No decorrer do desenvolvimento social, sentiu-se necessidade de uma educao

    formal baseada no conhecimento subjetivo do ser humano, isto , uma educao atravs

    da Arte. Esta expresso, Educao atravs da Arte, criada por Herbert Read, poeta

    anarquista e crtico de arte e literatura britnico, em 1943, foi simplificada mais tarde pelo

    termo Arte- Educao, que tem como objetivo, a formao de uma educao que

    permita o indivduo desenvolver maior sensibilidade para o entendimento do mundo que o

    cerca. (DUARTE JR., 1991)

    Ainda, segundo Duarte Junior, no Brasil esse termo Arte- Educao, vem sendo

    bastante usado, aps o advento da Lei 5.692/71, que pretendeu modernizar a estrutura

    educacional, incluindo na educao artstica, a fundamentao terica e filosfica da

    Arte.

    Pela Arte, o indivduo pode expressar aquilo que o inquieta e o preocupa. Atravs

    dessa educao artstica, o indivduo, pode elaborar seus sentimentos, para que haja uma

    1 (do grego:percepo, sensao) o ramo da filosofia que tem por objeto o estudo da natureza do belo e dos fundamentos da arte. Estuda o julgamento e a percepo do que considerado belo, a produo das emoes pelos

    fenmenos estticos, bem como as diferentes formas de arte e do trabalho artstico, por outro lado a esttica pode se

    ocupar da privao da beleza. (Nunes, 2008, p.62)

  • 12

    evoluo mais integrada entre o conhecimento simblico e seu prprio eu. Portanto na

    Arte- Educao, no importa o produto final obtido; no a produo de obras de Arte,

    mas, a capacidade do indivduo elaborar seus prprios sentidos em relao ao mundo

    sua volta, colocando-se frente a frente com a questo da criao de um sentido pessoal

    que oriente sua ao no mundo. A finalidade da Arte-Educao deve ser, o

    desenvolvimento de uma conscincia esttica. (DUARTE JR, 1991)

    Segundo dois arte-educadores norte americanos, Lowenfeld e Brittain

    ...o que necessrio ao desenvolvimento da conscincia esttica no a apreciao de determinado quadro ou objeto, nem, necessariamente, o ensino de certos valores adultos ou de um vocabulrio para descrever uma obra de arte. A conscincia esttica ser bem mais ensinada atravs do aumento da conscientizao pela criana de seu prprio eu e de maior sensibilidade ao prprio meio. (MESTRE JOU, 1977,p. 397)

    A Arte-Educao no deve significar uma mera incluso da Educao Artstica

    nos currculos escolares, mas, uma Arte- Educao, vislumbrando uma atividade

    profundamente esttica e criadora em si prpria, fundamentando a compreenso do

    mundo, eliminando assim do ensino da Arte, somente a transmisso de ideias, repetio

    de opinies alheias. (DUARTE JR., 1991)

    Com a evoluo industrial, a sociedade foi reduzida a cacos desconexos, e o

    papel da Arte-Educao tem como objetivo, tentar colar os pedaos das novas geraes.

    Na citao do pensador ingls Herbert Read, criador da proposta da Educao

    atravs da Arte, prope

    Deve compreender-se desde o comeo que o que tenho presente no simplesmente a Educao Artstica como tal, que deveria denominar-se mais apropriadamente educao visual e plstica: a teoria que enunciarei abarca todos os modos de expresso individual, literria e potica ( verbal) no menos que musical ou auditiva, e forma um enfoque integral de realidade que deveria denominar-se educao esttica, a educao desses sentidos sobre os quais se fundam a conscincia e, em ltima instncia, a inteligncia e o juzo do indivduo humano. Somente na medida em que esses sentidos estabelecem uma relao harmoniosa e habitual com o mundo exterior, se constri uma personalidade integrada. ( Educacin por el arte. Buenos Aires, Paids,1977, p.33)

    A temtica sobre a Arte-Educao de grande relevncia no mbito social atual,

    pois demonstra a importncia do conhecimento da arte para a formao integral dos

    indivduos, e no apenas uma mera transmisso de conceitos errneos sobre a educao

    artstica e esttica na escola.

    Segundo definies do livro, Arte, Histria e Ensino, de Dulce Osinski, artista e

  • 13

    professora da UFPR, na evoluo da educao da Arte na escola, destacam-se artistas,

    grupos de artistas, educadores e instituies, entre eles esto Edmund Feldman, Arnold

    Hauser e Rainer Wick, que no buscaram em seus estudos dar conta do universo do

    conhecimento relativo do ensino da Arte, mas, dar sentido ao conhecimento sobre a Arte,

    auxiliando pesquisadores, arte- educadores e estudantes na compreenso da sua prpria

    prtica pedaggica.

    1.1 Evolues Artsticas na Histria da Arte

    1.1.1 Pr- Histria: Incio do sentido Artstico.

    Na Pr Histria (4000 a.C), o homem tinha em seu fazer artstico a fora da

    magia, cercado de rituais rigorosos, tornando a produo artstica uma funo pragmtica,

    isto , uma prtica do seu dia a dia, com carter funcional. A figura do artista era de

    curandeiro, sacerdote e mgico. (OSINSKI, 2002)

    Vnus de Willendor

    Fonte: ( http://leiter.files.wordpress.com/2009/12/venus-de-willendorf2.jpg)

    A estimulante descoberta de que os objetos naturais podiam ser transformados em

    instrumentos capazes de agir sobre o mundo exterior e alter-lo, levou a mente do

    homem primitivo tatear e experimentar , despertando aos poucos para o pensamento, a

    ideia de que a natureza poderia ser magicamente transformada, desenvolvendo uma

    atividade social, dando conta dos acontecimentos por meio de signos, imagens e

  • 14

    palavras, conduzindo a perceber que o poder mgico da linguagem era infinito.

    (FISCHER, 1983)

    1.1.2 Arte Egpcia: Emoo, Poder e Vida Ps-Morte.

    Na Arte Egpcia (4500-3000 a.C), as oficinas funcionavam como verdadeiras

    escolas para o treinamento de jovens artistas artesos

    O grande cuidado e o talento pedaggico que os egpcios despenderam na educao da gerao nascente de jovens artistas so demonstrados at nos materiais didticos que se conservam at hoje, tais como os moldes de gesso tirados do natural, as representaes anatmicas de vrias partes do corpo destinadas a fins pedaggicos e, e sobretudo, aqueles espcimes usados para mostrar aos alunos o desenvolvimento de uma obra de arte em todas as fases de produo. (HAUSER, 1994, p.31)

    Toda a atividade desse povo estava influenciada pela religio. Suas

    caractersticas principais foram: Politestas, crena na imortalidade da alma e o

    Juzo Final. (BATTISTONI FILHO, 1984)

    Os artistas-artesos egpcios eram subordinados rigidez do regime

    teocrtico, isto , a produo artstica se desenvolve obedecendo convenes

    estticas estritamente determinadas pelos faras, sacerdotes e chefes supremos.

    As oficinas de Arte, localizavam-se no interior dos templos e palcios, abrigando

    tanto trabalhadores livres como escravos. Essas oficinas funcionavam como

    verdadeiras escolas para o treinamento dos jovens artistas. (Osinski, 2002)

  • 15

    Fonte: (http://1.bp.blogspot.com/omdLarte+eg%C3%ADpcia.png)

    A produo artstica dessa poca era totalmente de carter acadmico e formalista,

    onde o artista permanece por muito tempo no anonimato. Os artesos egpcios foram

    muito criativos no que tange s artes decorativas. (BATTISTONI FILHO, 1984)

    1.1.3 Greco Romano: Pensamento, Razo e Ideal de Beleza.

    Na Cultura Greco Romana (323 a.C), o artista no passava de um

    arteso, que trabalhava por remunerao, que j era um sinal de desprestgio.

    Enquanto o poeta, era considerado um vidente, mais valorizado, pois trabalhar com

    a mente e manter as mos limpas era o ideal para os gregos. Paradoxalmente, no

    entanto a obra de arte era extremamente valorizada pelos gregos. Segundo o

    historiador de arte, o hngaro Hauser (1994), o mundo antigo venera a criao, e

    despreza o criador. (OSINSKI, 2002)

    Embora a caracterstica grega fosse o desenvolvimento intelectual do ser

    humano, este pensamento no alterou a formao artstica, a qual continuava

    ocorrendo pela tradio, nas oficinas artesanais. Os conhecimentos se davam de

    geraes em geraes, caracterizando a criao de escolas estilsticas. Na citao

    de Feldman, o processo da formao do artista no mundo antigo se processa de tal

    maneira: A escola formal para artesos no existia, as oficinas eram as nicas

    escolas de arte, prevalecendo a fora do exemplo

  • 16

    (FELDAM,1995 apud.OSINSKI, 2002). Mesmo no usufruindo do prestgio dos

    filsofos e dos poetas, o artista greco-romano que se ocupava da pintura, escultura

    ou arquitetura, j pertenciam a um patamar mais privilegiado, onde o anonimato j

    no era uma regra. (OSINSKI,2002)

    Fonte: http://www.arteeeducacao.net/historia/grega/images/grega005_jpg.jpg)

    Portanto, pode-se dizer que a cultura grega e romana foi o ponto de partida para

    boa parte da cultura do mundo ocidental atual. As contribuies deixadas por eles esto

    presentes na Arte, nas escolas de todos os nveis e at mesmo nas palavras usadas na

    atualidade. (BATTISTONI FILHO, 1984)

    1.1.4 Idade Mdia: Religio, Teocentrismo, Arte Sacra.

    Na Idade Mdia (sculo V ao XV), inegvel, que com o triunfo do cristianismo,

    uma nova mentalidade estava se consumando. A realizao filosfica mais notvel da

    Idade Mdia foi a Escolstica, sistema esse que procurou harmonizar a razo com a f,

    ou para fazer a filosofia servir aos interesses da teologia.(BATTISTONI FILHO,1984)

    Todos os historiadores de Arte so unnimes em apontar a forte influncia da

    Escolstica nas artes em geral na Idade Mdia. Na Europa medieval, a Igreja Catlica era

    a instituio mais rica, mais centralizada e universal. Enquanto os reis medievais tinham

    apenas o poder sobre os feudos, a Igreja era respeitada em toda a Europa, mantendo o

    monoplio da cultura, fundando escolas e universidades.

    (BATTISTONI FILHO,1984)

  • 17

    Nesse perodo a Arte e a Literatura, passam a se concentrar nos mosteiros. Os

    monges possuam uma rotina organizada e valorizavam o trabalho manual. Os mosteiros

    eram grandes centros de produo cultural. O esprito comunitrio da produo artstica

    dentro dos mosteiros no permitia o surgimento de individualismo, sendo que o artista

    continuava a ser considerado um mero arteso. (OSINSKI, 2002)

    Fonte: ( http://1.bp.blogspot.com/_mNlBy8/Patristic.bmp)

    As escolas de Arte eram as prprias oficinas monsticas, responsveis pelo

    treinamento dos artistas itinerantes, tendo sua produo artstica o objetivo de servir

    primordialmente os fins educacionais. Diante disso, podemos compreender que a Arte

    estava submetida aos desgnios de Deus e da Igreja. (OSINSKI, 2002)

    1.1.5 Renascimento: Intelectualidade, Cincia e Resgate da Arte Clssica.

    O Renascimento (final do sculo XV-sculo XVI), apresenta o resgate da arte,

    baseando-se na cultura greco-romana, destacando valores como a cincia, o equilbrio, a

    proporo e a harmonia em suas obras. Uma sociedade que busca a valorizao do

    homem como centro dos valores sociais, devido as grandes transformaes sofridas no

    final da Idade Mdia, alterando assim a vida econmica e poltica da Europa, mudando

  • 18

    tambm a mentalidade e os padres culturais da poca. (BATTISTONI FILHO,1984)

    A viso humanstica que caracterizou o Renascimento apoiava-se no

    otimismo, individualismo, naturalismo, desprezando assim os valores medievais. O

    homem passou a dar importncia a si mesmo como indivduo. A Histria passou a

    ser melhor estudada, a cincia poltica desenvolveu-se com a obra do italiano

    Maquiavel, O Prncipe, que procurou refletir sobre o livre exame dos fatos

    histricos, atacando as tradies medievais e propondo a ruptura do poder

    temporal com o poder espiritual. (BATTISTONI,1984).

    Na pintura Renascentista podemos distinguir trs grandes escolas com

    caractersticas prprias, so elas: a Florentina, a Veneziana e a Romana.

    Figura1

    Fonte:( http://www.google.com.br/imgres?botticelli-primavera.jpg&imgrefurl)

    A Escola Florentina (segunda metade do sculo XV), na cidade de Florena,

    caracterizava-se pelo intelectualismo, que se exprime tanto pelo predomnio da linha sobre

    a cor, como pela sensibilidade espiritualizada do claro-escuro. (BATTISTONI,1984).

    Artistas de destaque na Escola Florentina temos Sandro Botticelli (fig.1), Leonardo

    da Vinci, Filipo Lippi, Antonio Pollaiuolo.

    A Escola Veneziana, na cidade de Veneza,, se caracterizou pelo predomnio da cor

    sobre o desenho ou a linha. Falam mais aos sentidos do que ao esprito. Pinturas

    sensuais, decorativas e suntuosas. Os venezianos so luminosos coloristas.

    (BATTISTONI,1984)

  • 19

    Figura 2

    Fonte: (http://www.google.com.br/imgres/2009/08/escola-veneziana-tiziano)

    O maior representante da Escola Veneziana o grande mestre Ticiano (fig.2), que

    domina toda a primeira metade do sculo XVI. Ticiano foi um dos primeiros a nos dar o

    tipo da paisagem moderna.

    Figura 3

    Fonte: (http://www.google.com.br/imgres/2010/01/escola_de_atenas.jp)

    A Escola Romana, busca o equilbrio entre a linha dos florentinos e a cor dos

    venezianos, em outras palavras, entre o intelectualismo dos florentinos e o sensualismo

    veneziano, entre a razo e o sentimento.

    O grande representante desse equilbrio foi Rafael Sanzio (fig.3), destaca-se pela

    delicadeza dos traos, pela conciliao do paganismo com o cristianismo, e pelo equilbrio

    entre a linha e a cor, prezava pelos valores expressivos na organizao e distribuio dos

    elementos, massas, volumes, reas, cores e linhas, aplicando com sensibilidade os

  • 20

    princpios matemticos e geomtricos, ento bastante em voga no

    Renascimento.(BATTISTONI,1984)

    Segundo Dulce Osinski, o aprendizado nas Escolas Renascentistas, tinham artistas

    que combinavam elementos da prtica pedaggica s oficinas, com o conhecimento

    humanista. A durao, girava em torno de oito a dez anos. No entanto, esse perodo no

    era apenas dedicado ao domnio do ofcio. O local era um ambiente fecundo de debates,

    sobre informaes da antiguidade clssica, tradues dos escritores clssicos e ideias

    dos antigos filsofos se faziam presentes no cotidiano do aprendiz. Para eles, a arte era

    um meio de pesquisar o significado da existncia.

    Concluindo, Dulce Osinski cita que a slida base artesanal conseguida nas grandes

    oficinas, aliada introduo do conceito do fazer artstico, como uma atividade intelectual

    foi responsvel, no auge do Renascimento, pelo despontar de um artista verstil, que

    circulava livremente nas diversas reas da expresso plstica e tinha intimidade

    considervel com os assuntos da cincia.

    Mostrando assim a diferena entre a mentalidade do arteso Medieval e do artista

    Renascentista, ficando evidente, a comparao do pensamento do tratadista medieval

    Cenino Cennini, que via na imitao de modelos o processo mais seguro para chegar-se

    mestria (HAUSER, 1994), em relao ao posicionamento do artista renascentista ,

    Michelangelo, que dizia um homem pinta com o seu crebro (FELDMAN, 1995).

    No Renascimento, os artistas procuram imitar o que a Natureza tem de essencial e

    perfeito. A concepo que prevalece a partir dessa poca, e para cujo triunfo colaboraram,

    entre outros, Leonardo da Vinci (1452-1519), Giordano Bruno (1548-1600) e Galileu

    (1564-1642), que a Natureza um todo vivo, animado, regido por leis intrnsecas, que

    governam o curso dos astros, a queda dos corpos, a circulao do sangue. Verifica-se, no

    Renascimento, importante mudana na atitude que vinha da Idade Mdia, em relao

    Pintura, Escultura e Arquitetura, ento consideradas mecnicas, servis.

    Os artistas renascentistas reivindicam para essas artes a condio de atividade

    intelectual, antes somente conferida Poesia. D-se o reconhecimento das Belas-Artes como

    sntese de prxis2 com a imaginao, da atividade formadora com a inteligncia, que se

    destina a patentear a beleza das formas naturais em obras que solicitem, ao mesmo

    tempo, a viso sensvel e a contemplao intelectual.

    (NUNES, 2008)

    2 [do gr. prxix,'ao'.] S.f.2 n.1. atividade prtica; ao exerccio, uso. 2 .filos. no marxismo, o conjunto de atividades humanas tendentes a criar as condies indispensveis existncia da sociedade e , particularmente,

    atividade material, produo; e prtica. (http://www.dicionarioinformal.com.br/definicao.php) acesso:08/10/2010.

  • 21

    Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) enfatizou particularmente esse aspecto da

    espontaneidade dos sentimentos, quando pregou a urgente necessidade do retorno do

    homem ao estado natural. Desse ponto de vista, a Arte, veculo da subjetividade, dever

    satisfazer, sobretudo, a ordem do corao, para tornar-se o reflexo da vida interior do

    indivduo.(NUNES, 2008)

    1.1.6 Barroco: Exagero, Dualidade e Emoo.

    Barroco (final do sculo XVI e sculo XVII), com o termo Barroco, costuma- se

    definir uma arte grandiosa, extravagante e rica em invenes e efeitos teatrais.

    A palavra Barrueco, vem do vocabulrio espanhol que significa prola irregular e

    de formao defeituosa. Toda a produo artstica europia do final do sculo XVI at

    quase a metade do sculo XVIII, foi considerada inicialmente como de padro inferior s

    grandes obras que caracterizaram o Renascimento, por no respeitar as leis reguladoras

    que haviam sido erguidas naquele perodo da cultura humana.

    Enquanto os artistas renascentistas visavam a linha e o desenho, os barrocos

    procuravam o pictrico, as cores; um procura a harmonia, o outro busca a

    emoo.(BATTISTONI,1984)

    As primeiras acadmias eram associaes de cunho particular, subvencionadas

    muitas vezes por nobres e prncipes admiradores da cultura, geralmente sem vnculo

    algum com o Estado. A arte barroca originou-se na Itlia (sc. XVII), mas no tardou a

    irradiar-se por outros pases da Europa, trazida pelos colonizadores portugueses e

    espanhis. As obras barrocas romperam o equilbrio que se buscou no Renascimento,

    revelando angstias entre o sentimento e a razo ou entre a arte e a cincia; na arte

    barroca predominam as emoes e no o racionalismo da arte renascentista.

    uma poca de conflitos espirituais e religiosos. O estilo barroco traduz a tentativa

    angustiante de conciliar foras antagnicas: bem e mal; Deus e Diabo; cu e terra; pureza

    e pecado; alegria e tristeza; paganismo e cristianismo; esprito e matria. (PROENA,

    2009)

  • 22

    Os artistas buscaram resgatar o que se perdeu no perodo Renascentista. Atravs

    da Contra-Reforma3, os artistas barrocos, buscam trazer novamente os fiis Igreja,

    representando em suas obras a dramaticidade, atravs do forte contraste entre a luz e a

    sombra, atingindo o mximo de expresso.

    Temos como exemplo de obra Barroca, a composio em diagonal, na obra

    nominada Crucificao de So Pedro (fig.4), do mestre italiano, Miguel ngelo Amerisi

    Caravaggio, simbolizando o conflito da brutalidade com a pureza.

    Figura 4

    Fonte: ( http://www.google.com.br/imgres2Bpedro_crucifica15%26tbs)

    A pluralidade de culturas explica a pluralidade de estilos artsticos, j que cada obra

    de Arte sempre integrante do mundo cultural de um povo. A obra no pea isolada.

    frao de uma cadeia de fatos qual se integra. A obra sempre relacionada a uma

    cultura, mas seu autor um indivduo. (COSTELLA, 1997)

    A presena do componente individual no contedo das obras de arte, isto , o estilo

    do artista, marcante em nosso tempo, no se fez notar de modo intenso em outras

    pocas. a personalidade do artista a grande mola propulsora da Histria da Arte. a

    contribuio individual do artista, muitas vezes antecipada ao gosto comum, que fornece

    novos veios para a Arte, arrancando-a dos riscos do imobilismo e enriquecendo-a com

    imaginosos avanos.

    3 resposta da Igreja Catlica ao aparecimento de novas religies. Por volta de 1540 a Igreja Catlica reage a todas estas situaes que a faziam perder estados para o protestantismo. A Contra-Reforma serviu para revitalizar a

    Igreja. (http://neh.no.sapo.pt/documentos/a%20contra%20reforma.htm) acesso: 08/10/2010

  • 23

    Em consequncia, a liberdade de criao do artista revela-se direito fundamental

    do ser humano e deve ser preservada a todo custo (COSTELLA, 1997). Os tempos

    modernos comeam com a descoberta da Amrica por Colombo, em 1492, perodo da

    Renascena, o tempo em que a pintura ou a escultura deixaram de ser uma simples

    ocupao, para tornar-se uma profisso distinta.(GOMBRICH, 1999)

    A grande maioria dos artistas ainda pertenciam as guildas4 e companhias, tinham

    aprendizes, semelhana dos outros artesos, e ainda se apoiavam em encomendas

    feitas pela aristocracia abastada. Mesmo depois de 1492, a arte ocupou um lugar natural

    na vida das pessoas ociosas, e era geralmente considerada to axiomtica quanto

    indispensvel. (GOMBRICH,1999)

    Em fins do sculo XVIII, este terreno comum parecia estar cedendo aos poucos. A

    poca moderna que dealbou5 quando a Revoluo Francesa de 1789, ps fim a tantos

    pressupostos tomados por verdadeiros, durante sculos.

    Entretanto, ao invs de criarem uma nova tradio, os artistas revolucionrios

    voltaram simplesmente ao que julgavam ser classicismo puro, na suposio de que eles

    estavam em harmonia com os ideais racionalistas da nova ordem. Da surgiu o que se

    convencionou de Neoclassicismo. (GOMBRICH,1999)

    1.1.7 Neoclassicismo: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

    Os artistas tinham como princpios expressar e interpretar os interesses, a

    mentalidade e os hbitos da burguesia manufatureira e mercantil da poca da Revoluo

    Francesa e do Imprio Napolenico. chamada de Arte Acadmica, porque seus

    princpios estticos passam a ser adotados nas academias oficiais existentes na Europa.

    Na pintura, o grande artista Jacques Louis David (1748-1825), procurou em suas

    obras sempre expressar os ideais revolucionrios e os do Imprio. Em 1785, apresenta no

    Salo de Paris o Juramento dos Horcios (fig.5), evocando o episdio da histria

    romana, o quadro inspira-se nos baixos-relevos6 antigos.(BATTISTONI,1984)

    4 associaes de profissionais surgidas na Baixa Idade Mdia (sculos XIII ao XV). O surgimento das guildas estava relacionado ao processo de renascimento comercial e urbano que ocorreu neste perodo.

    (http://www.suapesquisa.com/idademedia/guildas.htm) acesso 08/10/2010.

    5 verbo dealbar significa ao romper, ao surgir. Tambm pode ter o sentido de branquear, aclarar (http://lexico.universia.pt/dealbar/) acesso 08/10/2010.

    6 gnero de escultura que abrange qualquer relevo aderente a um fundo, o gnero de esculturas preferido na

  • 24

    Figura 5

    Fonte: (http://www.google.com.br/imgres3./HoraciosJuramentoDavidCgfa.jpg)

    A Arte nesse perodo, deixara de ser um ofcio ordinrio, cujos conhecimentos,

    eram transmitidos de mestre para aprendiz. Convertera-se em vez disso, numa disciplina,

    como a filosofia, a ser ensinada em academias. A prpria palavra academia sugere essa

    nova abordagem. Deriva do nome do bosque onde o filsofo grego Plato ensinava seus

    discpulos e foi gradualmente aplicada a reunies de eruditos em busca da sabedoria.

    (GOMBRICH,1999)

    A Arte pode elevar o homem de um estado de fragmentao a um estado de ser

    ntegro, total. A Arte capacita o homem para compreender a realidade e o ajuda no s a

    suport-la como a transform-la, aumentando-lhe a determinao de torn-la mais

    humana e mais hospitaleira para a humanidade. A Arte, ela prpria, uma realidade

    social. A sociedade precisa do artista, este supremo feiticeiro, e tem o direito de pedir-lhe

    que ele seja consciente de sua funo social. (FISCHER, 1983)

    1.1.8 Romantismo: Serenidade, Herosmo e Subjetividade.

    Romantismo, perodo ps- neoclassicismo, desenvolve-se a partir de 1820, na

    Europa, apresentando como caractersticas principais: predominncia na criao artstica

    dos valores emocionais sobre os intelectuais; os artistas animam-se de sentimentos

    idealistas, tanto na reconstituio dos acontecimentos do passado, como na fixao dos

    fatos contemporneos. Os artistas romnticos destacam-se pelos sentimentos

    decorao das grandes superfcies arquitetnicas.(http://www.arte41.com.br/medalha1.htm) acesso 08/10/2010.

  • 25

    nacionalistas, escolhem temas medievais e pregam a volta natureza, ao defender a

    teoria do bom selvagem,ou seja, o herosmo (CHENEY,1995). Na pintura, a tendncia era

    exagerar no colorido, e a forma representada de uma maneira mais sinttica. Os

    pintores so bastante idealistas, e a paisagem constante em suas telas.

    Os artistas romnticos combateram a racionalidade absoluta, valorizando

    assim a subjetividade, no valorizando o ensino artstico ministrado em

    academias. A pintura ao ar livre passou a ser defendida como meio de

    aprendizagem. (OSINSKI, 2002)

    O artista participa dos acontecimentos polticos e sociais do seu tempo. O

    precursor e fundador da Escola Romntica de Pintura foi o francs Theodore Gericault. O

    seu quadro Balsa da Medusa (fig.6), considerado o marco inicial do romantismo,

    despertando enorme curiosidade popular pelo tema de sua composio, de sabor trgico.

    (PROENA, 2009)

    Figura 6

    Fonte:

    (http://www.google.com.br/imgres/ABalsadoMedusaoftheMedusaTheodoreGe.jpg)

    Entretanto o pintor mais famoso foi Eugene Delacroix, que utilizou em suas obras

    sugestes mitolgicas e histricas, teve influncia dos mestres Gericault, Rubens e

    Caravaggio, especialmente pela luz e cor.

    1.1.9 Realismo: Sobriedade, Verdade e Objetividade.

    O Realismo (1850-1900), tinha como objetivo, romper com o passado, exprimindo

    uma forte individualizao da burguesia industrial. Para o Realismo o BELO verdadeiro.

  • 26

    Como caracterstica principal a conciliao entre a criao artstica e a produo

    industrial, preconizando a restaurao do artesanato e trabalho manual. Este movimento

    influenciou o Industrial Design e o Art Nouveau. (GOMBRICH,1999)

    Na pintura realista existem aspectos importantes que devem ser analisados, como

    a recusa do intelectualismo neoclssico e do emocionalismo romntico, apego aos

    mtodos cientficos da criao, recusa aos temas mitolgicos, bblicos e literrios.

    Propagava ideias polticas e sociais, denuncia as injustias, a explorao dos humildes e

    os contrastes entre a misria e a riqueza. (BATTISTONI,1984)

    A maior expresso do Realismo foi o grande artista francs Gustave Coubert

    (1819-1877), sua pintura dotada de um sentimento de vitalidade natural ao abordar

    cenas do cotidiano, como vemos em sua tela Quebradores de Pedras ( fig.7).

    Figura 7

    Fonte: (

    http://movimentoculturalgaia.files./2009/08/osquebradoresdepedras.jpg)

    Revolucionrio por natureza, ardente defensor dos pobres, participou das guerras

    franco-prussiana, por causa de suas ideias liberais chegou a ser exilado na Sua.

    (GRAA, 2009)

    Segundo Dulce Osinski, coube ao Museu Austraco de Arte e Indstria, fundado em

    Viena em 1864, proporcionar uma integrao entre Escola de Artes e Ofcios. Com a

    combinao integrada entre o Museu e a Escola, apresentou por muito tempo, um modelo

    de instituio de ensino de arte em toda a Europa.

    A Escola de Viena previa, na estrutura de seus cursos, uma diviso em trs escolas

    tcnicas: a de arquitetura, a de escultura, e a de pintura e desenho. (OSINSKI, 2002)

  • 27

    O questionamento sobre o ensino da arte, na era da Revoluo Industrial, buscou

    na arte dois objetivos, ser de interesse pblico e de necessidade social, John Ruskin

    proclamava que a mesma no privilgio de artistas e classes educadas, mas parte

    inalienvel de herana de todos os homens. (Hauser,1994)

    na industrializao um perigo tanto para o consumidor quanto para o produtor. Para o consumidor, na medida em que seu gosto esttico deformava-se completamente devido oferta em massa de artigos de qualidade inferior e de mau gosto; para o produtor, na medida em que ele se via privado, atravs da produo mecnica, da possibilidade de uma prspera auto-realizao. (WICK, 1989, p.52)

    John Ruskin, um dos mais influentes crticos da Inglaterra, combatia o sistema de

    produo mecnica, por acreditar que o artista deixava de lado os valores espirituais,

    distanciando assim o produto do produtor. Props a volta da produo artesanal,

    abandonando assim a mquina em favor do trabalho manual.

    Nesse estudo encontrasse aliado as ideias de Ruskin, , o terico e artista ingls

    William Morris, rejeitava o conceito da arte pela arte, acreditando que se o homem

    soubesse usar a mquina a seu favor, seria de utilidade s inovaes tcnicas, trazendo

    assim benefcios humanidade. Segundo Morris, a decadncia da arte estava

    diretamente ligada a decadncia da sociedade. Socialista defendia a arte para todos,

    vinculando-a a poltica, a moral e a religio. (OSINSKI, Dulce)

    A posio de Morris era que o ensino de arte deveria contemplar toda a vida do

    povo.

    Se queremos ter uma escola artstica viva, temos de encontrar a maneira de interessar o grande pblico em arte; a arte dever se converter em parte de sua vida, algo de que no se possa prescindir, da mesma maneira que no se pode prescindir da gua ou da luz. J no ser possvel, como acontece agora, que se utilize a misria ou a indigncia como o feio da sociedade. (MORRIS,1898 p.24)

    Em 1888, Charles Ashbee, discpulo de Morris, fundou a Guild and School of

    Handicraft , na qual a formao dos alunos no era desenvolvida em atelis, mas em

    oficinas de aprendizagem: uma inovao de fundamental importncia para a reforma do

    ensino da arte no sculo XX. (WICK, 1989)

  • 28

    Dizendo que a civilizao depende da mquina, e no possvel a qualquer

    sistema que pretenda encorajar ou favorecer o ensino das artes deixar de reconhecer

    esse fato. Em sua opinio, a mquina deveria ser domesticada para, submissa, servir s

    necessidades do homem, e no ao contrrio. (PEVSNER,1994)

    1.2.0 Modernismo: Expresso, Ruptura, Liberdade.

    Modernidade, Modernizao e Modernismo, trs conceitos em torno dos quais tem

    girado a reflexo sobre o mundo moderno e sua cultura. Quanto ao primeiro, quando a

    palavra aplicada Arte, existem vrias concepes. O Modernismo caracteriza-se por

    um colapso do decoro tradicional na cultura ocidental, que previamente conectava a

    aparncia das obras de Arte aparncia do mundo natural.

    Os sintomas tpicos desse colapso so a tendncia de as formas, cores e materiais

    de Arte ganharam vida prpria, produzindo combinaes inusitadas, oferecendo verses

    distorcidas ou exageradas das aparncias da natureza e, em alguns casos, perdendo

    todo contato bvio com os objetos comuns de nossa experincia visual como percebemos

    na obra cubista (fig.8) Les Demoiselles d' Avignon (1907), do artista espanhol Pablo Ruiz

    Picasso. (HARRISON,2000)

    Figura 8

    Fonte: ( http://www.google.com.br/imgres/ESxeBbPQ83k/s320/picasso)

    O valor da Arte, reside no que poderamos chamar a involuntariedade ou o

    automatismo de seu contedo esttico e, sendo assim, no carter inquestionvel e

    autntico de suas expresses.

    Os significados e valores humanos falam por meio da obra de arte, no na forma

  • 29

    em que o artista os apreende, seja consciente, terica ou intelectualmente, nem por meio

    da tentativa de representar ou de fazer avanar o que podemos crer seja a direo

    apropriada de nossa histria e nossas sociedades. Cada um desses casos, interesses e

    investimentos parciais estaro em funcionamento, contrrios aos ditames do meio.

    (HARRISON,2000)

    A questo apresentada que toda Arte condicionada pelo seu tempo e

    representa a humanidade em consonncia com as ideias e aspiraes, as necessidades e

    as esperanas de uma situao histrica particular. Mas ao mesmo tempo, a Arte supera

    essa limitao e, dentro do momento histrico, cria tambm um momento de humanidade

    que promete constncia no desenvolvimento. Como acontece com a evoluo do prprio

    mundo, a histria da humanidade no apenas uma contraditria descontinuidade, mas

    tambm uma continuidade. (FISCHER, 1983)

    A Arte em sua origem foi magia; foi um auxlio mgico dominao de um mundo

    real inexplorado. A religio, a cincia e a Arte eram combinadas, fundidas, em uma forma

    primitiva de magia, na qual existiam em estado latente, em germe.

    Esse papel mgico da Arte, foi progressivamente cedendo lugar ao papel de

    iluminao dos homens em sociedades que se tornavam opacas, ao papel de ajudar o

    homem a reconhecer e transformar a realidade social. A Arte pode elevar o homem de um

    estado de fragmentao a um estado de ser ntegro, total. A Arte capacita o homem para

    compreender a realidade e o ajuda no s a suport-la como a transform-la,

    aumentando-lhe a determinao de torn-la mais humana e mais hospitaleira para a

    humanidade. A Arte prpria, uma realidade social. (FISCHER, 1983)

    A sociedade precisa do artista, que se apoderou das ideias e experincias do seu

    tempo, no s representando a realidade como tambm a essncia do seu meio.

    Numa sociedade em decadncia, a Arte, para ser verdadeira, precisa refletir

    tambm a decadncia. Mas, a menos que ela queira ser infiel sua funo social, a Arte

    precisa mostrar o mundo como passvel de ser mudado. E ajudar a mud-lo.

    (FISCHER, 1983)

  • 30

    Captulo 2 As Tendncias Pedaggicas do Ensino Geral e do Ensino da Arte.

    Esse captulo apresenta alguns pontos pertinentes sobre a Arte- Educao,

    indicando a conscincia, que no significa apenas a incluso da Arte nos currculos

    escolares. Muito alm disso, a Arte- Educao, tem a ver com um modelo educacional

    fundado na construo de um sentido pessoal para a vida, que seja prprio de cada

    indivduo. (DUARTE, 2001)

    Mostrar os fundamentos da Arte-Educao, tendo a preocupao e o

    questionamento de que a Arte, teria o poder de se tornar um instrumento para a formao

    de um homem mais pleno, onde somos levados a conhecer melhor nossas experincias e

    sentimentos, naquilo que escapam linearidade de outras linguagens. Atravs da arte,

    encontramos uma maneira de despertar o indivduo para que este d maior ateno ao

    seu prprio processo de sentir. A arte nos da condio de despertar a ateno de cada um

    para sua maneira particular de sentir, sobre a qual se elaboram todos os outros processos

    racionais. (DUARTE, 2001)

    A Arte ainda um fator de agilizao de nossa imaginao, pois na experincia

    esttica a imaginao amplia os limites que lhe impe cotidianamente a inteleco. Pela

    arte a imaginao convidada a atuar, rompendo o estreito espao que o cotidiano lhe

    conserva. Pela arte, o indivduo pode expressar aquilo que o inquieta e o preocupa.

    Pela Arte, pode elaborar seus sentimentos, para que haja uma evoluo mais

    integrada entre o conhecimento simblico e seu prprio EU, por isso, na Arte-Educao,

    o que importa no o produto final obtido; nem mesmo a produo de boas obras de arte,

    mas sempre o desenvolvimento de uma conscincia esttica. Segundo Lowenfeld e

    Brittain, dois arte-educadores norte-americanos,

    o que necessrio ao desenvolvimento da conscincia esttica no a apreciao de determinado quadro ou objeto, nem, necessariamente, o ensino de certos valores adultos ou de um vocabulrio para descrever obras de arte. A conscincia esttica ser mais bem ensinada atravs do aumento da conscientizao pela criana do seu prprio eu e de maior sensibilidade ao prprio

  • 31

    meio. (MESTRE JOU, 1977. p.397)

    Arte-educao no deve significar, finalmente, a mera incluso da educao

    artstica, nos currculos escolares. Citando Herbert Read, pensador ingls, que deu as

    primeiras diretrizes arte-educao, em 1943, quando prope a educao atravs da arte

    Deve compreender-se desde o comeo que o que tenho presente no simplesmente a educao artstica como tal, que deveria denominar-se mais apropriadamente educao visual ou plstica: a teoria que enunciarei abarca todos os modos de expresso individual, literria e potica (verbal) no menos que musical ou auditiva, e forma um enfoque integral da realidade que deveria denominar-se educao esttica, a educao desses sentidos sobre os quais se fundam a conscincia e, em ltima instncia, a inteligncia e o juzo do indivduo humano. Somente na medida em que esses sentidos estabelecem uma relao harmoniosa e habitual com o mundo exterior, se constri uma personalidade integrada. (PAIDS, 1977, p.33)

    Para compreendermos a caminhada da Arte na Escola, torna-se necessrio o

    conhecimento de algumas das Tendncias Pedaggicas existentes ao longo do tempo,

    destacando o sculo XX, iniciando pela Escola Tradicional, que tem seu marco inicial na

    Repblica. (IAVELBERG, 2003)

    2.1 Escola Tradicional

    A educao geral no contexto da Escola Tradicional entendida como instruo,

    caracterizada como transmisso de conhecimento e restrita ao da escola. A

    abordagem tradicional caracterizada pela concepo de educao como um produto, j

    que os modelos a serem alcanados esto pr-estabelecidos. Trata-se, da transmisso de

    ideias selecionadas e organizadas logicamente. (MIZUKAMI, 1986)

    A nfase dada s situaes de sala de aula, onde os alunos so instrudos e

    ensinados pelo professor. Analisando concepes psicolgicas e prticas educacionais

    do ensino tradicional, Aebli (1978), comenta que seus elementos fundamentais so

    imagens estticas que progressivamente sero impressas nos alunos, cpias de

    modelos do exterior que sero gravadas nas mentes individuais.

    Uma das decorrncias do Ensino Tradicional, j que a aprendizagem consiste em

    aquisio de informaes e de demonstraes transmitidas, a que propicia a formao

    de reaes estereotipadas, de automatismos, denominados hbitos, geralmente isolados

    uns dos outros e aplicveis quase sempre, somente s situaes idnticas em que foram

  • 32

    adquiridos. O aluno que adquiriu o hbito ou que aprendeu apresenta, com frequncia,

    compreenso apenas parcial.

    A relao professor-aluno vertical, sendo que um dos plos (o professor) detm o

    poder decisrio quanto metodologia, contedo, avaliao, forma de interao na aula.

    (MIZUKAMI, 1986)

    Ao professor compete informar e conduzir seus alunos em direo a objetivos que

    lhes so externos, detendo os meios coletivos de expresso, exercendo o papel de

    mediador entre cada aluno e os modelos culturais. (MIZUKAMI, 1986)

    O flagrante descompasso entre os estudos realizados sobre a psicologia infantil e o

    ensino vigente, suscitou discusses a respeito da necessidade de uma educao mais

    criativa, que pudesse se contrapor ao sistema unilateral de transmisso de

    conhecimentos e recepo mecnica dos mesmos pelos alunos, caracterstico da

    Escola Tradicional.

    Abordando os antecedentes da Educao Tradicional, principalmente na Arte,

    destacamos os Jesutas, que enfatizavam mais a Literatura do que as Belas Artes, porque

    elas estimulavam a seduo dos sentidos. No Imprio, no sculo XIX, instala-se a

    Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro, com a vinda da Misso Francesa, na

    qual eram reproduzidos modelos educativos similares aos das escolas europeias, com

    uma proposta da esttica acadmica.

    A Aprendizagem se d atravs da mimese, cpia de modelos e do natural, pela

    repetio mecnica de modelos. (IAVELBERG, 2003)

    Rui Barbosa, na educao artstica, influenciado pelos modelos educativos

    americanos, ingleses e belgas, copiava e transcrevia literalmente as propostas de ensino

    de desenho de Walter Smith, sem qualquer preocupao com a cultura nativa. O desenho

    era relacionado ao progresso industrial, tinha sentido utilitrio e de preparo dos indivduos

    para o trabalho em fbricas ou servios artesanais.

    Na Escola Tradicional, o que predominava era a autoridade do professor. A

    avaliao incidia sobre as habilidades manuais, hbitos de preciso, organizao, limpeza

    e capacidade de reproduzir os contedos. (IAVELBERG, 2003)

    2.2 Escola Nova

    Com origens na Europa e nos EUA, no sculo XIX, a Escola Nova, surge no Brasil

  • 33

    em 1930 e sua disseminao ocorre em 1950/1960. Parte da premissa de que a

    necessidade a mola da ao e se expressa pelo interesse. (IAVELBERG, 2003)

    O processo educacional, consoante a teoria de desenvolvimento e conhecimento,

    tem um papel importante, ao se provocar situaes que sejam desequilibradoras para o

    aluno, desequilbrios esses adequados ao nvel de desenvolvimento em que se

    encontram, de forma que seja possvel a construo progressiva das noes e operaes,

    ao mesmo tempo que a criana vive intensamente ( intelectual e afetivamente) cada etapa

    do seu desenvolvimento. (MIZUKAMI, 1986)

    Para Piaget, a educao um indissocivel, considerando-se dois elementos

    fundamentais: o intelectual e a moral. Considerando o fato de que a lgica no inata,

    mas que se constri, a primeira tarefa da educao deveria consistir em formar o

    raciocnio. Piaget declara que

    Todo ser humano tem o direito de ser colocado, durante a sua formao, em um meio escolar de tal ordem que lhe seja possvel chegar ao ponto de elaborao, at a concluso, dos instrumentos indispensveis de adaptao que so as operaes de lgica. (1973, p.38)

    Ainda, segundo Piaget, a escola deveria comear ensinando o indivduo a

    observar, dar a qualquer aluno a possibilidade de aprender por si prprio, oportunidades

    de investigao individual. (MIZUKAMI, 1986)

    A tendncia da Escola Nova na Arte Educao, a partir da viso dos filsofos John

    Dewey (1859-1952), Herbert Read (1893-1968), Viktor Lowelfeld (1903-1960), faz com

    que o ensino da Arte nas escolas, torne-se um marco na histria da educao brasileira.

    O 1 Congresso de Arte Infantil, em 1901, apresenta uma necessidade de mudana

    na educao artstica, com isso o austraco Franz Cizek (arte-educador) que atuou em

    Viena na virada do sculo, comea a dar aula de arte no contra turno, acreditando que era

    um meio de expresso de liberdade, contribuindo para a mudana da educao to

    almejada. Os estudiosos Thomas Muhnro e John Dewey, visitam as aulas de Franz, e

    escrevem dois livros sobre a vertente da Escola Nova.

    Na Inglaterra, Marion Richardson (professora inglesa), f e leitora de Francz Cizek,

    foi convidada para ser a inspetora geral da educao na Inglaterra,1920 (OSINSKI, 2002).

    Props, que as crianas nas aulas de arte, pudessem ter liberdade de expresso,

    indicando assim, a 1 Exposio de Produes Artsticas Infantis, produzindo um manual,

    sobre como ler essas produes. Com o sucesso do projeto, Marion foi enviada ao

    Canad, para a aplicao do mesmo.

  • 34

    Na Escola Nova, as caractersticas do ldico para as crianas, era baseada nos

    estudos de Freud, com a ideologia de acreditar que a etapa da infncia diferenciada em

    relao a fase adulta. (OSINSKI, 2002)

    Lowenfeld (1977), adepto a Escola Nova, exerceu grande influncia entre os arte-

    educadores brasileiros no final do sculo 60, identificando oito critrios para dimensionar

    a criatividade: sensibilidade a problemas, fluncia, flexibilidade, originalidade, habilidade

    para refletir e para rearranjar, anlise, sntese e coerncia na organizao. Nessa

    tendncia pedaggica, prioriza-se os aspectos psicolgicos do desenvolvimento, com

    pouca nfase nos aspectos sociais; o Aprender a aprender, como fato mais importante

    do que aprender contedos. (IAVELBERG, 2003)

    No Brasil com a ditadura de Getlio Vargas, a Escola Nova afastada do poder, e a

    educao passa por uma estagnao; consequentemente, o ensino- aprendizagem da

    Arte fica adormecido por mais tempo, at que surge outro movimento contrrio

    pedagogia tradicional, que origina a Educao pela Arte, propondo livre-expresso. Nesse

    perodo, a Arte considerada expressiva, portanto no se ensina, se expressa.

    (SCHARAMM, 2003)

    Augusto Rodrigues elemento fundamental no movimento Educao pela Arte,

    pelo fato de ter criado a Escolinha de Arte do Rio de Janeiro (1948). Transformar a

    educao e os professores era a meta da unio da Arte com a Educao; acreditava-se

    que unicamente dessa formas se conseguiria o respeito integral livre-expresso das

    crianas.(SCHARAMM, 2003)

    Segundo PESSI, para Augusto Rodrigues, por meio da Escolinha de Arte,

    [] concretizou-se seu sonho e de seus companheiros, concretizou-se o ideal de um cantinho ponde as crianas pudessem exercer sua capacidade de criar em liberdade, tendo ao seu lado o professor que lhe facilitava o acesso aos materiais e lhe possibilitava a auto- expresso. Em oposio atitude dos professores das outras escolas, nesta o professor passa a respeitar e a valorizar toda e qualquer manifestao da criana, sem se preocupar em interferir para que o desenho fique bem acabado, consequentemente agradando o adulto. (1990, p.28)

    John Dewey (1859- 1952), filsofo norte-americano que defendia a democracia e

    a liberdade de pensamento como instrumentos para a manuteno emocional e

    intelectual das crianas, faz uma descrio comparativa entre a Escola Tradicional e a

    pedagogia da Escola Nova, ressaltando as peculiaridades de cada sistema e sua

    inevitvel oposio. (OSINSKI, 2002)

    Sobre a Escola Tradicional, diz ele

  • 35

    [...] toda a importncia recai, [] nas subdivises lgicas e no encadeamento da matria a estudar. O problema de instruo consiste em obter textos que apresentam essa divises e sequencias lgicas, e em ministrar , em classe, essas pores no mesmo sistema gradativo e lgico. A criana simplesmente o indivduo cujo o amadurecimento a escola vai realizar [] o papel do aluno receber e aceitar. Ele o cumprir bem, quando for dcil e submisso. (DEWEY, 1978, p.45)

    Num posicionamento contrastante, na Escola Nova

    A criana o ponto de partida, o centro e o fim. Seu desenvolvimento e seu crescimento, o ideal. S ele fornece a medida e o julgamento em educao. Todos os estudos se subordinam ao crescimento da criana: s tem valor quando sirvam s necessidades desse crescimento. Personalidade e carter so muito mais que matria de estudo. O ideal no acumulao de conhecimentos, mas o desenvolvimento de capacidade. [] Aprender envolve um processo ativo de assimilao orgnica, iniciado internamente. [] A quantidade e a qualidade do ensino, a criana que as determina e no a disciplina a estudar. [] A matria em estudo nada mais do que alimento espiritual. (DEWEY,1978, p.46)

    2.3 Escola Tecnicista

    A Escola Tecnicista, existente a partir de 1950, nos EUA, instalou-se no Brasil nos

    anos 60 e 70, visando uma sintonia com os interesses da sociedade industrial e

    preparao dos alunos para o mercado de trabalho. (IAVELBERG, 2003)

    A educao, dever transmitir conhecimentos, assim como comportamentos ticos,

    prticas sociais, habilidades bsicas para a manipulao e controle do mundo e do

    ambiente. A escola considerada e aceita como uma agncia educacional que dever

    adotar forma peculiar de controle, de acordo com os comportamentos que pretende

    instalar e manter, atendendo aos objetivos de carter social, medida em que se atende

    aos objetivos daqueles que lhe conferem o poder.

    Para Skinner (1980), a tradio educativa ocidental determina uma educao

    voltada para o saber, para o conhecimento, termos difceis de se definir

    operacionalmente. A escola est ligada a outras agncias controladoras da sociedade, do

    sistema social ( governo, poltica, economia) e depende igualmente delas para sobreviver.

    A escola a agncia que educa formalmente. Ela procura direcionar o comportamento

    humano s finalidades de carter social, o que condio para sua sobrevivncia como

    agncia. (MIZUKAMI, 1986)

    O behaviorismo (Skinner) era a base psicolgica da proposta, o que implicava a

    prtica escolar e as propostas de estudos dirigidos. Objetivos, contedos, estratgias e

  • 36

    avaliao eram abordados de forma mecnica e racional, visando adequar o

    comportamento do aluno s normas da escola. Para Piaget, o behaviorismo no

    considera o valor do erro nem as coordenaes do sujeito na construo dos

    conhecimentos. (IAVELBERG, 2003)

    A educao atua, assim, no aperfeioamento da ordem social vigente ( o sistema capitalista), articulando-se diretamente com o sistema produtivo; para tanto emprega a cincia da mudana de comportamento, ou seja, a tecnologia comportamental. Seu interesse imediato o de produzir indivduos competentes para o mercado de trabalho, transmitindo, eficientemente, informaes precisas, objetivas e rpidas. (LIBNEO,1989, p.290)

    A prtica escolar nessa pedagogia tem como funo especial adequar o sistema

    educacional com a proposta econmica e poltica do Regime Militar, preparando, dessa

    forma, mo-de-obra para ser aproveitada pelo mercado de trabalho.

    No que diz respeito ao ensino-aprendizagem da arte na tendncia tecnicista, pode-

    se mencionar a ausncia de fundamentos tericos em detrimento do saber construir e

    saber exprimir-se. Nessa fase, apresenta grande nfase no uso de materiais

    alternativos, conhecidos na maioria das escolas como sucata e lixo limpo. O professor de

    arte, busca ajuda em livros didticos que esto no mercado para serem consumidos.

    (SCHARAMM, 2003)

    A LDB 5692/71, introduz a educao artstica no currculo escolar do ensino

    fundamental e mdio. A fragmentao no ensino da arte, se d em virtude do carter

    tecnicista da lei.

    Os professores de desenho, Msica, Trabalhos Manuais, canto Coral e Artes aplicadas, que vinham atuando segundo os conhecimentos especficos de suas linguagens, viram esses saberes repentinamente transformados em meras atividades artsticas. Desde sua implantao, observa-se que a educao Artstica tratada de modo indefinido, o que fica patente na redao de um dos documentos explicativos da Lei, ou seja, o Parecer n 540/77: no uma matria, mas uma rea bastante generosa e sem contornos fixos, flutuando ao sabor das tendncias e dos interesses. (FUSARI E FERRAZ, 1992, p.37-38)

    Assim, acreditava-se na neutralidade cientfica e enfatiza o uso de manuais,

    mdulos, tecnologia educacional e auto-instruo (dirigida).

    Segundo Barbosa, sobre as Escolinhas de Arte

    As prticas das escolinhas comearam a se fazer presentes na escola primria

  • 37

    e secundria por meio das classes experimentais criadas no Brasil depois de 1958. Convnios foram estabelecidos com instituies privadas para treinar professores, chegando mesmo as Escolinhas a serem uma espcie de consultores de arte-educao para o sistema escolar pblico. At 1973 as Escolinhas eram a nica instituio permanente para treinar o arte-educador. (1984, p.15)

    Quando a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional 5692, de 1971, tornou a

    Arte uma disciplina obrigatria da escola de 1 Grau e, em alguns cursos, de 2 Grau, os

    novos professores, sem a possibilidade de um curso de formao de educadores na rea,

    procuraram orientao nas Escolinhas de Arte.

    Sobre esse fato o item Consideraes, citado na Proposta Curricular para o Ensino

    de Educao Artstica no 1 Grau , aponta: Quando a Lei 5692/71 foi implantada na rede

    estadual de ensino, o que ocorreu efetivamente a partir de 1976, havia um nmero

    bastante reduzido de professores habilitados em Educao Artstica, para um grande

    nmero de aulas. Ento, aqueles que ministravam aulas de Desenho, Msica ou Artes

    Industriais adquiriram temporariamente (at que cursassem a complementao de

    estudos) o direito de atuar na rea alm da participao em um encontro de poucos dias,

    quando tomaram contato com os Guias Curriculares para o Ensino de 1 Grau .

    O Guia Curricular de Educao Artstica, na poca em que foi editado, foi o nico

    documento oficial elaborado com a finalidade de orientar o trabalho docente, oferecendo

    apenas uma introduo de algumas questes para o ensino de arte, sem, porm, propor o

    estudo de fundamentos pedaggicos, filosficos e psicolgicos, nem uma linha

    metodolgica que orientasse o ensino de arte nas escolas.

    Alm desse fato, esta lei estabeleceu uma educao de cunho tecnolgico, voltada

    para a profissionalizao do aluno, principalmente na escola secundria. Essa atitude

    refletia a crescente necessidade de formar mo-de-obra treinada e especializada com

    vistas a um mercado de trabalho industrial e que carecia de trabalhadores. Isso engloba a

    produo de companhias multinacionais que buscavam mo-de-obra barata para

    satisfazer o seu crescimento econmico, em meio ditadura militar.

    Aprender a fazer, era uma orientao forte da proposta. O professor era

    responsvel pela eficincia e eficcia do ensino. Seu papel era tcnico, neutro e

    imparcial. (IAVELBERG, 2003)

    2.4 Escola Libertadora

  • 38

    A Escola Libertadora, apresenta sua origem ligada diretamente com o mtodo de

    alfabetizao do educador e filsofo Paulo Freire (1921-1997). Nessa concepo, o

    homem considerado um ser situado num mundo material, concreto, econmico, social e

    ideologicamente determinado. Sendo assim, resta-lhe transformar essa situao. A busca

    do conhecimento imprescindvel, uma atividade inseparvel da prtica social, e no

    deve se basear no acmulo de informaes mas, sim, numa reelaborao mental que

    deve surgir em forma de ao sobre o mundo social.(SCHARAMM, 2003)

    Paulo Freire, reala o homem como ser incompleto, inacabado, o homem visto

    como um sonhador que tem direito a sonhar um sonho que nunca se conclui. Que

    reelabora o universo. Constri o possvel, antes inimaginvel, e vive a dignidade essencial

    de construir um sonho de Liberdade e de Autonomia. Sonho que se sonha junto

    Realidade canta Raul Seixas, talvez inspirado em Paulo Freire, quem sabe? Uma

    refinada abordagem de que Educao Libertria construda a partir de conscientizao

    crtica, da aceitao das diferenas e que a globalizao um modelo perverso,

    opressivo e ofensivo condio e a dignidade humana. Demonstra, que a reflexo crtica

    e conscientizao, provm da Comunicao dialgica e que a mesma s tem existncia

    por ser interativa. (OLIVEIRA, 2008)

    tica e Democracia so conceitos tratados como os elementos libertrios

    essenciais de que podem valer-se os fracos, oprimidos e perversamente emudecidos pelo

    poder e riqueza mal distribuda. demonstrada uma nova e singular perspectiva da

    liberdade e da autonomia, ameaadas, cada vez mais, pela globalizao e pelo poder

    manipulador da mdia de massas. (OLIVEIRA, 2008)

    A escola deve ser valorizada como instrumento de luta das camadas populares,

    apresentando um carter amplo, no restrita escola em si e nem a um processo de

    educao formal. Deve ser um local onde seja considerada o crescimento mtuo, do

    professor e dos alunos, no processo de conscientizao, o que implica em uma escola

    diferente da Escola Tecnicista, com seus currculos e prioridades. (MIZUKAMI, 1986)

    A relao professor- aluno horizontal e no imposta. Para que o processo

    educacional seja real necessrio que o educador se torne educando e o educando, por

    sua vez, educador. Quando esta relao no se efetiva, no h educao. O homem

    assumir a posio de sujeito de sua prpria educao e, para que isto ocorra, dever

    estar conscientizado do processo. A preocupao era com cada aluno em si, com o

    processo e no com produtos de aprendizagem acadmica padronizados.

    (MIZUKAMI, 1986)

  • 39

    Portanto, a dialogicidade a essncia dessa Educao, sendo que, o educador e

    o educando, so sujeitos de um processo em que crescem juntos, porque ...ningum

    educa ningum, ningum se educa; os homens se educam entre si, mediatizados pelo

    mundo. (FREIRE,1975c, p. 63)

    2.5 Escola Libertria

    A Escola Libertria, valoriza a experincia de autogesto, autonomia e no-diretiva.

    Pode se dizer que a pedagogia Libertria tem em comum com a pedagogia Libertadora

    a valorizao da experincia vivida como base da relao educativa e a ideia de

    autogesto pedaggica (Luckesi,1993, p.64). Nessa concepo, a ideia de conhecimento

    no a investigao cognitiva do real, mas, sim, a descoberta de respostas relacionadas

    s exigncias da vida social.

    Essa tendncia acredita na liberdade total; por isso d mais importncia ao

    processo de aprendizagem grupal do que aos contedos de ensino. Pode-se afirmar que

    a pedagogia libertria abrange quase todas as tendncias anti- autoritrias em educao,

    como a psicanaltica, a anarquista, a dos socilogos e tambm a dos professores

    progressistas (Libneo, 1989, p.39). Resumindo, o professor assume a funo de

    conselheiro, e muitas vezes, tambm a de instrutor-monitor. (SCHARAMM, 2003)

    O ensino da Arte na Escola Libertadora e da Escola Libertria, segue as propostas

    da Escola Nova, com um professor, animador e com uma postura dialgica, em relao

    ao educando, promovendo aes interdisciplinares em torno de um tema gerador, com

    prticas no-diretivas, e os contedos da arte popular, com contedos polticos presentes.

    (FUSARI e FERRAZ, 1993)

    2.6 Escola Crtico-Social dos Contedos

    No contexto da Escola Crtico-Social dos Contedos, incio na dcada de 80, tambm

    conhecida como pedagogia Histrico-Crtica, ocorre a retomada dos estudos terico-crticos,

    cujas metas eram conseguir uma escola pblica competente e garantir aos alunos acesso aos

    contedos fundamentais.

    A escola influencia e influenciada por determinantes histricos. Nem reprodutivista, nem

    idealista liberal, a escola Crtico-Social dos Contedos valida a experincia do aluno com os

  • 40

    contedos acumulados e em produo para a participao social e o exerccio da cidadania

    consciente. Os mtodos dessa prtica, segundo Saviani, situam-se para alm dos tradicionais

    e novos, superando, por incorporao, as contribuies de uns e outros.

    (IAVELBERG, 2003)

    Sua tarefa principal tarefa, centra-se na difuso dos contedos, que no so

    abstratos, mas concretos. Cabe ao professor escolher contedos mais significativos para

    o aluno, os quais passam a contribuir na sua formao profissional, visando assim,

    insero do aluno no contexto social. Na realidade no basta que os contedos sejam

    ensinados, preciso uma significao humana e social. (SCHARAMM, 2003)

    Nesse sentido, cabe ao professor escolher contedos mais significativos para o

    aluno, os quais passam a contribuir na sua formao profissional. Tudo isso visando

    insero do aluno no contexto social. Na realidade, no basta que os contedos sejam

    bem ensinados, preciso que tenham significao humana e social.

    2.7 Escola Construtivista

    A Escola Construtivista, em meados dos anos 80, surgem novas proposies

    como a escola scio-interacionista-construtivista, que, posteriormente, chamada de

    escola construtivista (IAVELBERG, 2003). A escola construtivista integra as contribuies

    da epistemologia gentica de Piaget, da escola scio-histrica de Vygostsky e da teoria

    da aprendizagem significativa de Ausubel. Classificada como escola ativa, a escola

    construtivista tem o aluno como centro e sujeito de suas aprendizagens.

    Ocorre o retorno valorizao dos contedos que de maneira diferente da escola

    tradicional, so definidos conforme sua utilidade social na formao para a cidadania e

    aplicao na vida escolar ou cotidiana do aprendiz. A observao dos mtodos de

    aprendizagem dos alunos e suas estratgias individuais, a variao de formas de

    assimilao de conhecimento, segundo os diferentes tipos de contedo (conceituais,

    procedimentais e atitudinais) articulados entre si nas situaes de aprendizagem,

    passaram a ser fatores determinantes nas escolas nos anos 90.

    Na LDB 9394/96, a Arte componente curricular obrigatrio,nos PCNs de Arte, em

    quatro linguagens :Artes Visuais, Dana, Msica e Teatro. Muitos Arte-Educadores,

    passam a trabalhar a partir de trs eixos de aprendizagem significativa em Arte: fazer

    artstico do aluno, a apreciao do aluno (dos prprios trabalhos, dos colegas e dos

  • 41

    artistas) e a reflexo sobre a Arte como objeto sociocultural e histrico. (IAVELBERG,

    2003)

    Os Parmetros Curriculares Nacionais para o ensino fundamental (PCN) foram

    elaborados com a inteno de ampliar e aprofundar um debate educacional que (...) d

    origem a uma transformao positiva no sistema educacional brasileiro, segundo declara

    o Ministro da Educao e do Desporto, no texto Ao Professor, que abre todos os

    volumes dos PCN para as 5a a 8a sries. Os PCN j esto nas escolas, influenciando a

    prtica pedaggica e tambm gerando inquietaes, inclusive na rea de Arte.

    Os PCN e especificamente a proposta para Arte envolvem complexas

    questes, em todos os ciclos da educao fundamental, os Parmetros Curriculares do

    rea de Arte uma grande abrangncia, propondo quatro modalidades artsticas: (1) Artes

    Visuais - com maior amplitude que Artes Plsticas, englobando artes grficas, vdeo,

    cinema, fotografia e as novas tecnologias, como arte em computador; (2) Msica; (3)

    Teatro; (4) Dana, que demarcada como uma modalidade especfica.

    Nos PCN-Arte, as propostas para essas diversas linguagens artsticas esto

    submetidas orientao geral, apresentada na primeira parte do documento, que

    estabelece trs diretrizes bsicas para a ao pedaggica. So diretrizes que retomam,

    embora no explicitamente, os eixos da chamada "Metodologia Triangular" - ou melhor,

    "Proposta Triangular" -, defendida por Ana-Mae Barbosa na rea de artes plsticas.

    Segundo os prprios Parmetros, o "conjunto de contedos est articulado dentro

    do processo de ensino e aprendizagem e explicitado por intermdio de aes em trs

    eixos norteadores: produzir, apreciar e contextualizar" (PCN-Arte, p. 49). Vale ressaltar

    que, em nosso pas, a Proposta Triangular representa a tendncia de resgate dos

    contedos especficos da rea, na medida em que apresenta, como base para a ao

    pedaggica, trs aes mental e sensorialmente bsicas que dizem respeito ao modo

    como se processa o conhecimento em Arte. (PENNA, 2007)

    Os temas transversais (meio ambiente, sade, pluralidade cultural, orientao

    sexual, tica, trabalho e consumo) so trabalhados nos contedos de todas as linguagens

    da Arte e demais reas de conhecimento separada ou interdisciplinarmente (com os

    cuidados necessrios para no descaracterizar a natureza de cada uma delas).

    (IAVELBERG, 2003)

  • 42

    Dentre as aes que visavam melhoria no ensino da arte estava o posicionamento

    terico-metodolgico conhecido por Metodologia Triangular.

    [...] Uma das aes que est em processo, hoje, e que vem se afirmando por sua

    maior abrangncia cultural, refere-se a um posicionamento terico metodolgico,

    conhecido entre ns por Metodologia Triangular. Esta proposta difundida e

    orientada por Ana Mae Barbosa, e que est sem dvida interferindo

    qualitativamente no processo e melhoria do ensino da arte, tem por base um

    trabalho pedaggico integrador de trs facetas do conhecimento em arte: o fazer

    artstico, a anlise de obras artsticas e a histria da arte. (FERRAZ e FUSARI,

    1993, p. 35)

    Ana Mae Barbosa foi a primeira pesquisadora a se preocupar com a sistematizao

    do ensino de Arte em museus, durante sua gesto como diretora do MAC. Em 1987

    desenvolveu, com apoio em sua "proposta triangular", o primeiro programa educativo do

    gnero, ainda hoje a base da maioria dos programas em Arte-educao no Brasil.

    Consiste no apoio do programa de ensino de Arte em trs abordagens para

    efetivamente construir conhecimentos em Arte: Contextualizao histrica; Fazer artstico;

    Apreciao artstica.

    Esta metodologia da proposta triangular, no s como sugesto, mas referencial

    terico-prtico do Caderno de Arte dos Parmetros Curriculares Nacionais, prope a

    integrao do fazer artstico, a apreciao da obra de arte e sua contextualizao

    histrica. Discutimos se a importncia atribuda ao conhecimento histrico para a

    formao do professor de Arte ser resolvida com uma boa relao interdisciplinar e /ou um

    bom conhecimento de histria e histria da arte. Dada a nfase aos aspectos histricos

    no ensino de arte (a historia da obra de arte frente histria da sua recepo, da qual o

    apreciador atual az parte), faz-se necessrio analisar qual a concepo de histria

    subjacente, se a histria entra na apreciao da obra como histria da obra de arte, sem

    negligenciar a histria na obra de arte.

  • 43

    Em entrevista, Ana Mae Barbosa questionada por Rosangla Rezende, sobre

    Arte-Educao

    Para mim, Arte/Educao todo e qualquer trabalho consciente para desenvolver a relao de pblicos (criana, comunidades, terceira idade etc.) com a arte. Ensino de arte tem compromisso com continuidade e currculo, quer seja educao formal ou informal. Arte Educao foi o termo usado por meus mestres. Eu acrescentei o hfen, Arte-Educao, no momento em que arte era recusada pelos educadores, nos anos de sua introduo obrigatria no currculo escolar, em torno de 1973-1974, para dar ideia de dilogo e mtuo pertencimento entre as duas reas. Na poca, meus mestres gostaram da ideia. Recentemente, em 2000, um linguista nos aconselhou a usar a barra, pois este sinal, sim, que significa mtuo pertencimento. Tanto assim que a barra muito usada em endereos de sites, quando um assunto especfico est dentro de outro mais amplo. Mas Arte/Educao e ensino de arte so faces diferentes de uma mesma moeda, a moeda concreta da intimidade com a arte. (BARBOSA, 2004)

    Definem-se critrios para a criao de boas situaes de aprendizagens, nas quais

    o aluno tem problemas a resolver e decises a tomar e pe em jogo tudo o que sabe

    sobre os contedos envolvidos.

    Os contedos so definidos conforme sua utilidade social na formao para a

    cidadania e aplicao na vida escolar ou cotidiana do aprendiz, sendo o ponto de partida,

    o conhecimento prvio do aluno, que servir de base para as novas aprendizagens. O

    professor, observador privilegiado das aes do aprendiz, pode avaliar o tempo todo,

    obtendo indicadores para suas intervenes.

    O professor responsvel pela aprendizagem do aluno, planejando atividades

    diferenciadas aos alunos com dificuldades de aprendizagem. Concludo em 1996, o

    relatrio Jacques Delors, para a UNESCO, pela Comisso Internacional sobre Educao

    para o sculo XXI, define os quatro pilares para a educao: saber saberes, saber

    fazeres, saber ser e saber ser no convvio com o outro. (IAVELBERG, 2003)

    Esses saberes ganham expresso nas prticas educativas e atribuem escola, a

    educao para a recuperao dos valores humanos fundamentais. Segundo Iavelberg,

    Os domnios saber saberes, saber fazeres e saber ser e ser no convvio com o outro,

    podem estar articulados em trs eixos de experincias de aprendizagem para preservar a

    possibilidade de viver arte na escola. (IAVELBERG, 2003)

  • 44

    Mediante a reflexo abordada nesse captulo, sobre as tendncias pedaggicas

    que influenciaram e influenciam a trajetria da educao geral e a da educao da Arte na

    escola, fica claro, que o papel do professor, ser sujeito desse processo histrico, porque

    ao mesmo tempo que se faz a histria, so determinados por ela. Entender a necessidade

    de conhecer o passado para entender o presente, e dessa maneira interferir e transformar

    o que for necessrio. (SCHARAMM, 2003)

    O estudo dessas tendncias pedaggicas, proporciona aos professores de Arte, o

    entendimento da dimenso poltica que se adotam nas escolas e universidades, pois sua

    ao em sala de aula o resultado desse conhecimento, fazendo opes pela sua

    prtica. No existe postura pedaggica neutra, todas esto comprometidas com

    determinadas ideologias, cabe ao professor permanecer vigilantes, para que saibam

    escolher corretamente o sentido dado ensino e a aprendizagem da Arte.

    (SCHARAMM, 2003)

  • 45

    Captulo 3 Procedimentos Metodolgicos

    3.1 Classificao da Pesquisa

    O presente estudo de natureza qualitativa, entendido como aquele que se

    preocupa, na Arte- Educao, com um nvel da realidade que no pode ser quantitativo,

    ou seja, trabalha com um universo de significados, motivos, aspiraes, crenas, valores

    e atitudes, que corresponde a um espao mais profundo das relaes (MINAYO, 1998,

    p.21-22).

    O Projeto pesquisado, Festival Cultural Fecundar'Te, ser apreendido a partir de

    um Estudo de Caso definido como um tip