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Victor Ceita Advogado sócio FBL - Advogados Angola

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Page 1: FBL - ESI-Africa.com · Estado actual da legislação de telecomunicações e suas tendências futuras Enquadramento Fases essenciais das telecomunicações em Angola:. Fase do controlo

Victor CeitaAdvogado sócioFBL -

AdvogadosAngola

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Estado actual da legislação de

telecomunicações e suas tendências futuras

Enquadramento

Fases essenciais das telecomunicações em Angola:

. Fase do controlo absoluto das Telecomunicações pelo Estado: 1975 – 1994

. Fase do controlo relativo das Telecomunicações pelo Estado: 1994 – 2000

. Fase da expansão e modernização do Sistema de Telecomunicação: 2000 – 2009

. Fase do incremento e consolidação das Tecnologias de Informação e Comunicação: 2010 – (...)

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1.ª Fase: Controlo absoluto das Telecomunicações pelo Estado: 1975 – 1994

� As telecomunicações eleitas como uma das actividades estratégicas para a afirmação e conservação da

independência do novo Estado.

� Finais de 1976 foi criada a Empresa Pública de Telecomunicações (EPTEL), sob a tutela governamental,

económica e financeira, cujo objecto social era a instalação e a exploração de equipamentos de comunicação

com o exterior.

� O estabelecimento e/ou utilização das instalações radioeléctricas privadas de emissão ou recepção, dependente

de licença da Direcção dos Correios e Telecomunicações (Estrutura da Secretaria de Estado das Comunicações).

� 1980 é criada a Empresa Nacional de Telecomunicações (ENATEL), sob a dependência directa do Ministério dos

Transportes e Comunicações, cujo modelo de gestão não era diferente da usada para a EPTEL, entretanto

mantida em vigor. Estas empresas viriam a ser substituídas pela Angola Telecom Angola Telecom, em 1992,

mantendo-se entretanto o figurino do controlo absoluto do Estado, situação que apenas é alterada em 1997.

� Em 1984 é aprova a Lei das Telecomunicações.

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1.ª Fase: Controlo absoluto das Telecomunicações pelo Estado: 1975 – 1994

� 1980 é criada a Empresa Nacional de Telecomunicações (ENATEL), sob a dependência directa do Ministério dos

Transportes e Comunicações, cujo modelo de gestão não era diferente da usada para a EPTEL, entretanto

mantida em vigor. Estas empresas viriam a ser substituídas pela Angola Telecom Angola Telecom, em 1992,

mantendo-se entretanto o figurino do controlo absoluto do Estado, situação que apenas é alterada em 1997.

� Em 1984 é aprova a Lei Sobre as Telecomunicações, revogada em 1985 pela Lei do Sistema Nacional de

Telecomunicações (Lei n.º 4/85, de 29 de Junho).

� Finalmente em 1994 inicia a roptura com o modelo socialista, rumo à economia de marcado.

� A Lei n.º 13/94, de 2 de Setembro, de Delimitação dos sectores da actividade económica, reformula o

conceito de “reserva do Estado”, dividindo esta reserva em absoluta, de controlo e relativa.

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2.ª Fase: Controlo relativo do Estado: 1994 – 2000

Desafios da Globalização

� Abertura do país ao mundo, através da implementação da rede de internet (Decreto executivo n.º 32/96, de

21 de Junho).

� 1997 é aprovado o regulamento sobre o acesso ao exercício da actividade de aprestação de serviços de

telecomunicações complementares e de valor acrescentado (Decreto n.º 18/97, de 27 de Março), entretanto

alterado em 1999.

� Ainda 1997 inicia-se o fim do monopólio da Angola Telecom na exploração das comunicações (Despacho n.º

65/97)

� 1999 Angola adere ao Memorando de Entendimento sobre Serviços de Comunicações Pessoais Móveis Globais

por satélite (GMPCS), e, em consequência, é aprova o Regulamento Sobre o Provimento do Serviço de

Comunicações Pessoais Móveis Globais por Satélite (Decreto n.º 18/99, de 23 de Julho).

� 2000 fruto das orientações da Lei n.º 13/94 e dos Decretos 18/97 e 9/99, o Estado através da Resolução n.º

12/00, de 19 de Março, assina com a UNITEL, SARL. primeiro contrato de concessão para a prestação do serviço

de telecomunicações complementar móvel.

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3.ª Fase: Expansão e modernização das Telecomunicações:2001 – 2009

Redução da intervenção do Estado

� 2001 é aprovado e publicado o Livro Branco sobre a política das telecomunicações: estratégias de longo

prazo para o sector; Estado deve reforçar as suas funções de formulador de políticas e de regulador do mercado

e consequentemente abandonar progressivamente as funções de operador de serviços.

� 2001 temos a Lei de Bases das Telecomunicações (Lei n.º 8/01, de 11 de Maio) regular a definição das

bases gerais para o estabelecimento, gestão e exploração das infraestruturas e serviços de telecomunicações

� 2002 nova Lei de delimitação dos sectores da actividade económica – relativiza ainda mais a intervenção

do Estado nas telecomunicações.

� 2004 é aprovado o Regulamento de Preços dos Serviços Públicos de Telecomunicações, que estabelece o regime

de preços a praticar pelos operadores públicos de telecomunicações, seus agentes e outros intermediários.

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3.ª Fase: Expansão e modernização das Telecomunicações:2001 – 2009

Redução da intervenção do Estado

� Entre 2004 e 2009 são aprovados alguns investimentos privados na área das telecomunicações, através do

regime contratual, nomeadamente, investimento privado NEXUS – Telecomunicações e Serviços, investimento

privado de expansão da UNITEL, investimento privado denominado Mundo Startel (para a prestação de serviços

de telecomunicações de uso público fixos).

� Em 2008 é aprovado o projecto de criação do satélite angolano (ANGASAT).

� Em 2008 estratégia para a privatização de 80% do capital MOVICEL, que vem a concretizar-se em 2009.

� Decreto do Conselho de Ministros n.º 115/08, de 7 de Outubro redefine o estatuto e papel do INACOM, que vê

reforçadas as suas competências e atribuições, ganhando um estatuto que lhe permite ser ou vir a ser uma

verdadeira agência reguladora da actividade das telecomunicações.

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4.ª Fase: Incremento e consolidação das Tecnologias de Informação e Comunicação: 2010 – Situação actual

� Constituição da República em Fevereiro de 2010: Estado mais regulador, coordenador e definidor de políticas do

desenvolvimento da economia.

� Sector das Comunicações: grande oportunidade para o desenvolvimento do país e motor da promoção de

aproximação entre os cidadãos, redução de assimetrias e distâncias absolutas e importante instrumento para a

gestão governativa.

� Promoção da iniciativa privada e da economia de mercado, assente nos valores da sã concorrência.

� Novos estatutos quer do Ministério das Telecomunicações e Tecnologias de Informação.

� 2011: grande produção legislativa na área das Comunicações, fruto da importância cada vez maior que o Estado

atribui a este sector da actividade económica:

� Lei n.º 22/11, de 17 de Junho: aprovada a Lei da Protecção de Dados Pessoais, tem por objecto

“estabelecer as regras jurídicas aplicáveis ao tratamento de dados pessoais com o objectivo de garantir o

respeito pelas liberdades públicas e os direitos e garantias fundamentais das pessoas singulares”.

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4.ª Fase: Incremento das Tecnologias de Informação e Comunicação: 2010 – Situação actual

Lei da Protecção de Dados Pessoais – o tratamento de dados pessoais deve processar-se de forma transparente,

em estrito respeito pelo princípio da reserva da vida privada, bem como pelos direitos, liberdades e garantias

públicas fundamentais, previstos na Constituição da República e na lei.

� Lei n.º 23/11, de 20 de Junho: aprova a Lei das Comunicações Electrónicas e dos Serviços da

Sociedade da Informação. Objectivos:

(i) o acesso universal à informação e ao conhecimento a todos os cidadãos

(ii) massificar o acesso ao mundo digital em todo o território nacional

(iii) promover a literacia digital

(iv) criar um quadro legal favorável ao investimento e aos negócios na área das TIC (Tecnologias de

Informação e Comunicação)

(v) promover a concorrência.

Pretende-se implementar um sistema integrado que permita a médio-longo prazo a introdução do uso corrente das

TIC na sociedade angolana.

A Lei das Comunicações Electrónicas e dos Serviços da Sociedade da Informação consagra o princípio da

liberalização do sector das comunicações electrónicas.

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4.ª Fase: Incremento das Tecnologias de Informação e Comunicação: 2010 – Situação actual

� Na sequência da Lei das Comunicações Electrónicas e dos Serviços da Sociedade da Informação, são

aprovados pelo Titular do Poder Executivo:

> Decreto Presidencial n.º 202/11, de 22 de Julho, que vem Regulamentar as Tecnologias e os Serviços da

Sociedade da Informação.

> Decreto Presidencial n.º 225/11, de 15 de Agosto, que aprova o Regulamento Geral das Comunicações

Electrónicas, definindo o regime jurídico aplicável às redes e serviços de comunicações electrónicas, às

frequências e numeração e ao serviço universal.

� A evolução dos últimos anos do sector das telecomunicações em Angola dá-nos conta de uma considerada

plataforma de comunicação, sustentada em infraestrutura de banda larga assente na fibra óptica, assim como na

infraestrutura nacional de transmissão por satélite, através dos projectos INFRASAT e ANGOSAT.

� Porém, o caminho para a massificação do uso das TIC, com uma cobertura desta ferramenta a todo o território

nacional, reclama do Estado a continuação da implementação dos projectos em curso.

� Tendência futura.

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Tendência da evolução do sector das Telecomunicações

� Livro Branco das Tecnologias de Informação e Comunicação – desafios a superar:

> criação de um ambiente que permita imprimir uma nova dinâmica aos diversos segmentos de negócio,

abrindo novos paradigmas e perspectivas de adopção de novas tecnologias, com a criação de novos produtos e

serviços e um mercado mais aberto.

> Assumpção de posição de líder em África, através do aumento dos níveis de serviços de comunicação

prestados à população.

� Reforço da concorrência e a plena liberalização dos serviços de comunicação, cabendo ao Estado cada vez mais

um papel de orientador e definidor de políticas do sector.

� Depois de investimentos na ordem dos 1.2 mil milhões de dólares na implementação da malha de

infraestrutural em fibra óptica, feixes hertzianos e por satélite, em todo o País, prevê-se investimentos na

ordem dos 1.9 mil milhões de dólares na fase de consolidação e sustentação das infraestruturas, o que

permitirá a generalização do acesso aos serviços de telecomunicações modernos à população.

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Tendência da evolução do sector das Telecomunicações

� Quer o Decreto Presidencial n.º 202/11 como o Decreto Presidencial n.º 225/11, reclamam do Estado a

continuação da actividade legislativa no sentido de materializar os comandos neles previstos.

� Governação Electrónica: compete aos Ministros que tutelam os sectores da administração pública, da

administração do território e das comunicações electrónicas, a criação de normas regulamentares sobre as

condições de desenvolvimento e implementação de uma plataforma de interoperabilidade para a Administração

Pública com o objectivo de garantir a interacção e colaboração entre os diversos ministérios e organismos

públicos.

� Prestação de serviços públicos por via electrónica: cabe aos Ministros que tutelam os sectores da

administração pública e das comunicações electrónicas definir medidas que promovam a prestação desses

serviços à população em geral.

� Educação e Formação: os Ministros que tutelam os sectores da educação e do ensino deverão implementar um

sistema centralizado de gestão dos processos educativos, com recurso às infraestruturas de comunicações

electrónicas.

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Tendência da evolução do sector das Telecomunicações

� Saúde: caberá ao Ministro da saúde desenvolver processos electrónicos no sistema de saúde, com o objectivo de

garantir a sua eficácia, qualidade e orientação para o doente.

� Justiça: deverão os Ministros que tutelam o sector da justiça e das comunicações electrónicas conceber e

desenvolver soluções e processos electrónicos na área da justiça no sentido de se garantir maior celeridade,

transparência e qualidade dos serviços de justiça aos cidadãos e contribuir para o descongestionamento e

melhoria do funcionamento dos tribunais.

� Oferta de redes e/ou serviços de comunicações electrónicas em regime de concessão: depende da

determinação do Titular do Poder Executivo, o que reclamará legislação nesse sentido.

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Conclusões

� As telecomunicações constituem uma das principais áreas do sector de actividade do Estado;

� Os grandes instrumentos legais recentemente aprovados deverão ser regulamentados em diversos níveis, com vista a torná-los adequados aos objectivos propostos;

� A liberalização do mercado é inevitável, encontrando este princípio acautelado na Lei das Comunicações Electrónicas.

� As Parcerias Publico-Privadas poderão ser um instrumento útil nesta nova fase de desenvolvimento das TIC, beneficiando o Estado do know how e capacidade económico-financeira do sector privado.

� Os princípios da liberalização e da não discriminação no sector das comunicações devem ser materializados de forma efectiva, no respeito pela igualdade de oportunidades a todos os agentes do mercado.

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FIM

Muito obrigado a todos.

Victor [email protected]

FBL – Advogados www.fbladvogados.com

Victor Ceita