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OUT 2012 NÃO TEM PREÇO #66 leitura recomendada para maiores de 18 anos FÁBIO PORCHAT SOLTA O VERBO O ex-bom moço do humor brasileiro mostra sua insatisfação com o certinho "Falo mesmo, falo o que eu quiser, da forma que eu quiser" SURFE SEM MAR? Campeonato leva mineiros para curtir as ondas do Rio NA ITÁLIA, BRASILEIROS SE REÚNEM PARA REALIZAR O SONHO DE DIRIGIR UMA FERRARI Dia de piloto MISS GUAICURUS Conheça a ganhadora do título entre as beldades de uma das ruas mais famosas de BH REVISTA

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FÁBIO PORCHAT

SOLTA O VERBO

O ex-bom moço do humor

brasileiro mostra sua insatisfação com o certinho

"Falo mesmo, falo o que eu quiser,

da forma que eu quiser"

SURFE SEM MAR?Campeonato leva mineiros para curtir as ondas do Rio

NA ITÁLIA, BRASILEIROS SE REÚNEM PARA REALIZAR O SONHO DE DIRIGIR UMA FERRARIDia de piloto

MISS GUAICURUSConheça a ganhadora do título entre as beldades de uma das ruas mais famosas de BH

REVISTA

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A NOVA CARA

DO HU-MOR

FÁBIO PORCHAT FALA DE SUA TRAJETÓRIA METEÓRICA E DO SUCESSO DE PORTA DOS FUNDOS

FÁBIO PORCHAT, DE 29 ANOS, é escritor, humorista e ator. Não necessariamente nessa ordem. Mas não tente iso-lar as três facetas do artista. Trabalhando na Globo desde 2006, seus lados redator e humorista estão frequentemen-te juntos. Ele começou na emissora como redator no Zorra total e acabou escrevendo personagens para participar do programa. No Junto e misturado, ele escrevia e atuava ao lado de Bruno Mazzeo e Gregório Duvivier. Atualmente no Esquenta!, ao lado de Regina Casé, é redator e faz participa-ção com trechos de seu stand-up. E também está atuando em A grande família.

Seu último filme também foi um sucesso. Apesar das críticas negativas, Totalmente inocentes é a quarta maior bilheteria nacional do ano, com 400 mil ingressos vendidos. Foi ele também quem liderou o movimento Humor sem censura, que, em 2010, derrubou uma lei que impedia fazer piada com candidatos durante o período eleitoral.

Apesar do currículo parrudo, recheado de peças de te-atro e apresentações com o grupo Comédia em pé, o que mais chama atenção é o programa de humor para a inter-net que ele criou com quatro amigos, o Porta dos fundos. Com mais de 10 milhões de visualizações no canal em dois meses, ele mostra que o seu trabalho mais relevante está começando a despontar. E não vai ser na televisão.

PERFILPOR FLÁVIA DENISE DE MAGALHÃES

FOTOS ELISA MENDES

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escrevia episódios de Os normais e imitava os dois. O Jô me deixou ir lá na frente e fiz aquilo. A plateia começou a rir, o Jô estava rindo e lembro que naquele segundo pensei: "É isso que quero fazer da minha vida". Quando terminou a apresentação, liguei para a minha tia falando: “Tô indo morar no Rio”. Liguei para a escola de teatro, a Casa das Artes Laranjeira, a CAL, para ver como era, quanto era. Já comecei a arquitetar minha vida. Fui falar com os meus pais e foi uma surpresa, porque nunca quis ser ator. Fazia teatro na escola, fazia curso de teatro, mas mais de onda do que qualquer coisa. Eu não lia sobre isso, não falava sobre isso, não via novela. Nunca quis ser ator. De repente, me deu esse estalo quando vi as pessoas rindo de mim. E fico feliz de ter tido isso com 18 anos. É tão difícil descobrir o que você quer para a vida com 18 anos.

A partir daí você começou a fazer humor?

ESCREVI ALGUMAS COISAS DE HUMOR, já com 18 anos. Não gostava de escrever e não gostava de ler. Achava chatíssimo, mas comecei a ler Veríssimo, comecei a achar graça e comecei a escrever Os normais. Vim para o Rio fazer a CAL (já estava totalmente encontrado na vida) e vi que tinha facilidade para fazer humor. Por que me negar? Adoro fazer as pessoas rirem, gosto de rir. Aí me emburaquei nessa onda. Me formei em março de 2005, como ator. Em maio, estreei uma peça com o Paulo Gustavo, um ator hilário. Fiz a peça com ele, que escrevi e fazia como ator. A peça ficou em cartaz um ano, o Maurício Sherman me assistiu, me chamou para escrever no Zorra total e comecei a trabalhar na Globo. Trabalho lá desde 2006. Entrei como redator e escrevi um personagem para mim no Zorra. Entrei para o Comédia em pé, que é o primeiro grupo de stand-up do país. O Cláudio Torres Gonzaga era o meu chefe no Zorra e me chamou. Nunca tinha ouvido falar de stand-up na vida. E ele falou: “É legal, você conta umas histórias, acho que vai fazer isso bem”. Eu disse: “Acho que tenho um texto disso”. Eu tinha um texto que não sabia o que era. Era eu falando de gente chata. E ele falou: “É exatamente isso”. Eu já tinha escrito stand-up sem saber que era stand-up. Entramos em cartaz em 2007 e não saímos nunca mais. Não tenho um fim de semana desde 2007. Mas saí do Comédia em pé no ano passado porque comecei a não ir.

Agora você está no Porta dos fundos. Conta um

pouco do projeto.

O PORTA DOS FUNDOS é uma parceria entre eu, o Antônio Tabet, o Ian SBF, o Gregório Duvivier e o João Vicente. Nós cinco criamos essa ideia de fazer televisão na internet. Geralmente, as pessoas vão para a internet para conseguir uma chance, para serem vistas e irem para a televisão. A gente não quer isso, a gente quer ficar na internet. A gente está vindo da televisão, não precisamos da internet para ir para a televisão. A internet não é o futuro, ela é o agora. As pessoas me reconhecem na rua por conta do Porta dos fundos. Um vídeo de três minutos tem dois milhões e meio de acesso. Ele tem mais audiência do que um episódio de meia hora do Casseta & Planeta. E, na internet, as coisas vão se divulgando muito rápido, vai viralizando. E você pode ver para sempre. Está lá. "Você viu ontem o Casseta?”

ACHO QUE A CIDADE MAIS SÉRIA é Curitiba. São Paulo ainda tem humor. Mas foi muito bom passar 19 anos lá. Quer queira ou não, tenho muito de São Paulo em mim. Fiquei aqui [no Rio] um mês e fui. Acho que peguei um lado bom de São Paulo, que é essa coisa de trabalhar, de ter foco, de ter rapidez, de fazer as coisas. Sou muito ansioso, faço milhões de coisas ao mesmo tempo. Se eu fosse baiano, acho que não ia conseguir. [risos] Quando vim morar no Rio, com 19 anos, tive que ter essa adaptação, mas sempre fui muito extrovertido, sempre fui de falar com todo mundo, como o carioca é. Ao mesmo tempo em que é muito folgado, tem uma coisa que é muito legal, que é conversar com todo mundo. O carioca conversa com o cara da favela e com o presidente do mesmo jeito, e acho isso muito legal. Tento pegar o melhor dos dois lados.

Onde você estudou em São Paulo?

ESTUDEI NO NOSSA SENHORA DO

MORUMBI a vida inteira, da primeira série ao terceiro colegial. E foi muito bacana ter estudado no mesmo colégio porque meus amigos de São Paulo não são amigos de faculdade, são de escola. Tenho oito amigos de escola em São Paulo que encontro sempre que vou para lá. Tenho amigos de infância até hoje.

E você já era engraçado?

ERA, mas acho que todo mundo é meio engraçado quando é adolescente. Sempre gostei muito de contar história, acho que era um diferencial. Na escola, todo mundo gosta de piada, mas eu comprava livrinho de piadas. Com 6 anos, minhas tias me davam livro de piadas e eu lia pra elas. Quando tinha um palavrão, eu dava risada. Sempre gostei de comédia.

Por que você voltou para o Rio com

19 anos?

PARA SER ATOR. Larguei tudo com quase 19. Estava na faculdade de administração, fui assistir ao programa do Jô como plateia e pedi ao Jô para ir lá na frente fazer uma imitação que eu tinha de Os normais. Eu

Você nasceu no Rio e foi

para São Paulo. Como foi crescer

na cidade mais séria do Brasil?

ADORO FAZER AS PESSOAS RIREM, EU GOSTO DE RIR

“Ah, que pena!" "Você viu o Porta dos fundos?" "Onde?" "Aqui, ó", e entrou. Acho muito legal que todo mundo esteja vendo o Porta dos fundos. Saio na rua e vêm falar comigo jovem, velho, rico, pobre, todas as classes sociais. Outro dia, em uma lan house no Catete [bairro carioca] estavam vendo. E o João veio me falar que estava na sala vip da TAM e a Debora Bloch e a Carolina Ferraz estavam vendo no celular e dando risada. Em dois meses, tivemos mais de 10 milhões de acessos e os vídeos estão se autodivulgando.

Qual é a periodicidade?

TODA SEGUNDA E TERÇA a gente lança vídeo novo e toda primeira segunda do mês a gente lança um programa, que é maior e é feito com qualidade. A gente lança em HD. Temos todo um sistema de som, a gente edita com um programa bacana. Pensamos como televisão para a internet, e acho que isso está dando resultando. A gente tem muitas visualizações, mas nenhum vídeo estourou. Nenhum tem 15 milhões de visualizações, mas um vídeo com 300 mil acessos dá tanta repercussão quanto um programa de TV. A gente está vivendo um momento, pela primeira vez no Brasil, que você não precisa estar na TV ou na Rede Globo para ser famoso e fazer sucesso. É o caso do [Marcelo] Adnet, que está na MTV. Os Barbixas, que fazem improviso, vão para Londrina e lota. Quando um cara ia para Criciúma, há 20 anos, e lotava sem estar na TV? Impossível. A internet é responsável por isso, além de uma geração de humoristas ótimos.

Você acha que vai chegar um ponto

em que vocês só vão fazer Porta dos fundos?

IA SER INCRÍVEL. Ser o próprio chefe é muito bom. A gente está escrevendo o que a gente quer, falando o que a gente quer, da forma que a gente quer. Isso é genial. Em nenhuma televisão eu poderia fazer uma sátira do Itaú. Eles iam falar: "Pelo amor de Deus, não faz isso". Em nenhuma televisão eu poderia falar um palavrão. Na internet eu posso tudo. Claro que a gente tem um limite, que é limite do que a gente acha engraçado. "Isso é engraçado?" "Não, não é." Então, não precisa. Tanto é que a gente fez vídeo da Ku Klux Klan, vídeo falando de empresa e, até agora, ninguém reclamou. Inclusive, uma empresa entrou em contato com a gente, o Spoleto, comprou o vídeo e pediu um segundo.

O Spoleto está patrocinando. Já têm

outras empresas?

JÁ. A gente está recebendo milhões de pe-didos de orçamento. Estamos vendo uma divulgação legal. E a gente não tem assesso-ria de imprensa, as pessoas que estão vindo. A gente foi capa de um caderno de cultura do Espírito Santo. As empresas começaram a querer, porque viram que fazemos vídeos com qualidade, com retorno e com graça. Não posso falar quais, porque não fechamos ainda. Mas não só o Spoleto, que já quer mais vídeos, mas outras empresas.

Então virou uma fonte de renda.

A GENTE JÁ NÃO PRECISA PAGAR. Empa-tamos os custos. A nossa ideia é começar a ter lucro a partir de agora.

Isso em dois meses.

POIS É! A gente não imaginou que ia ser tão bom. A gente sabia que ia ser legal, que ia dar resultado. A gente estava acreditando muito, mas foi muito rápido.

Quem está no grupo?

NÓS QUATRO ESCREVEMOS. Eu, o Ian, o Kibe e o Gregório. Eu, o Gregório e o Kibe

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somos atores. O Ian é o diretor e o editor. E a gente chamou um pessoal bacana: o Ra-fael Infante, a Júlia Rabello, o Luiz Lubian-co, a Letícia Lima e a Clarice Falcão. Esse é o nosso time de atores e vez ou outra tem uma participação.

Um tema constante seu é o

atendimento ao consumidor.

Você é pessimamente atendido em

todo lugar que vai?

[risos] EM QUASE TODO LUGAR, VIU? As pessoas tratam você que nem lixo. É de qualquer jeito, ninguém está nem aí. E você reclama e não dá em nada. Fiquei um ano e meio tentando resolver meu problema com a TIM, e ela não resolvia. Decidi fazer um ví-deo sacaneando isso, acho uma falta de res-peito. No meu stand-up falo muito da NET também. As pessoas tratam você muito mal, elas não estão nem aí. Existe aquela máxima de que o cliente tem sempre a razão, mas aqui o cliente tem é que se foder. Falo do que me incomoda. Tudo que me irrita dá um bom texto. Você está tão passionalmente investido naquilo que vira um bom texto. E não é uma picuinha minha. Se todo mundo riu é porque estão se identificando. Aquelas pessoas já passaram por aquela situação, e isso é um absurdo, não têm que passar. A gente lançou o vídeo do cara de azul um dia antes da TIM ser proibida de vender celu-lar. Foi muito na onda da coisa. O Spoleto foi uma brincadeira com a pressão que você sofre. Mas não é de graça, é o que a gente sente. Eu não faria um esquete com alguma coisa que funciona. A Anatel funciona. Se você ligar na Anatel, em um dia resolvem o seu problema. A gente sacaneia aquilo que não funciona. Mas estou virando um mártir

da população na luta contra os telemarketings. Mandam no Twitter: "Fábio, você precisa ligar para a Claro, liga para a Vivo". Virei o representante da maioria.

A mulher que atendeu você na TIM chamava Judite?

NÃO, eu ia colocar Marlene, mas achei melhor colocar ou-tro nome. E as pessoas me chamam de Judite agora na rua. [risos] Adoro.

O que é preciso para fazer humor?

PRECISA TER HUMOR. Você precisa saber tirar graça de to-das as situações. Tudo pode ser engraçado. Então, a gente tem que estar atento ao que está acontecendo. Tem que ter timing, e timing não se ensina, vem com a experiência, fazendo. Não tem como eu falar: "Você para, espera dois se-gundos e faz a piada". É um feeling, é fazendo, é uma pausa que sei que, se eu parar aqui, funciona. Mas dá para você ler muito humor, ver muito humor. Acho que isso ajuda muito a fazer sua máquina funcionar. Está muito na pessoa.

Então não tem como aprender a ser engraçado?

NÃO. Tem como aprender a matemática por trás do humor, o método de fazer uma piada.

Você disse para O Globo que o brasileiro está

desaprendendo a rir.

O BRASILEIRO É UM POVO que adora fazer graça, todo mundo tem um tio bêbado no Natal que empurra a galera para a piscina, né? Mas o brasileiro não sabe rir de si mesmo. Ele sabe rir do outro. Quem é burro é o português. Quem é sacana é o argentino. Nunca é ele. Quem é corno no Brasil? Sempre o outro. Ninguém quer ser o alvo de risada. E no stand-up a primeira lição é: se sacaneie para poder sacanear o outro. O brasileiro ouve uma piada e processa. O brasileiro chegou num ponto tão louco que um feto processou um comediante. É uma loucura isso. Um feto processou o Rafinha Bastos. É surreal. Processa o Maluf, processa o Sarney. As pessoas estão se preocupando mais com o que o comediante está falando do que com a sacanagem que faz um cara desses. Parece que o brasileiro se revolta com a coisa

errada. Se leva muito a sério. Estamos em um momento de tolerância, de aceitação, de luta contra o racismo, que é maravilhoso, mas, ao mesmo tempo, qualquer coisa que você faz, eles já entram nessa paranoia.

Você está tomando algum cuidado quando

se apresenta por causa do que aconteceu

com o Rafinha?

ACHO QUE VOCÊ TEM QUE PENSAR no seu público. Se estou fazendo um show dentro de um teatro, onde as pessoas pagaram para me ver, posso falar determinada coisa. Se estou na Globo, onde a pessoa ligou a TV e estou falando, posso falar outro tipo de coisa, de forma diferente. Quando você erra o seu público, pode ofender alguém. Mas a gente chegou a um ponto em que o Alexandre Pires foi processado por racismo. Ele, o Mr. Catra e o Neymar. Se o Mr. Catra for racista, eu realmente não sei mais a que ponto chegamos. Tenho certeza de que se a música falasse algo contra os negros, o Mr. Catra saberia melhor do que você. E o cara que entrou com o processo era branco. Ele tem muito mais culpa psicológica do que a culpa de verdade. Ninguém ouviu essa música e se ofendeu. As pessoas estão levando a piada ao pé da letra. Quando o Rafinha fala que comeria a Wanessa e o bebê, ele não está dizendo que quer penetrar um feto, que quer fazer sexo com um recém-nascido. Ele está dizendo que a Wanessa Camargo é gostosa.

O que você acha dessa nova geração de

humoristas, da qual você faz parte?

ACHO UMA GERAÇÃO MUITO TALENTOSA como já há algum tempo não havia. Você tem muitos nomes, muito bons. Adnet de um lado, Danilo [Gentili] de outro. Você tem a Tatá Werneck, a Dani Calabresa, o Gregório Duvivier. Uma galera boa, que faz de tudo. Uma galera multifacetada, que está correndo atrás. O Bruno Mazzeo, que aparece hoje, não é dessa geração. Ele escreve para a Globo desde os 14 anos. Tem o pessoal da geração 2000, nós somos a geração 2010, eu acho. Eles são uma geração de antes da internet. A gente veio com a internet, estamos fazendo show no Brasil com a internet. E já tem uma geração vindo aí abaixo da nossa, que são os filhotes do stand-up.

O que a sua geração tem em comum?

UMA INSATISFAÇÃO com o certinho. O stand-up dá muito disso: falo mesmo, falo o que eu quiser, da forma que eu quiser. Acho que, em comum, além de todos se conhecerem e serem amigos, essa geração tem essa coisa de liberdade. Se na TV não pode, não vou para a TV. O humor politicamente incorreto, com certeza, une todo mundo.

O que você vai fazer daqui

pra frente?

EM ABRIL, vai estrear o Vai que dá certo, uma comédia rasgadona, para todo mundo. Já assisti e gostei muito, o que é difícil, porque me odeio. Em março, começo a filmar o Meu passado me condena, que é baseado no seriado do GNT. A gente vai filmar em um navio. Minha peça ficou em cartaz até mês passado. A princípio, fico fixo em A grande família. E o Esquenta! volta ao ar em dezembro. E estreou uma peça de drama que dirigi, chamada Palavras da brisa noturna, em que a minha mulher atua. Fica três meses em cartaz aqui no Teatro Leblon. Tem alguma coisa que estou esquecendo, com certeza. Mas acho que está bom, né?

UM VÍDEO COM 300 MIL ACESSOS DÁ TANTA REPERCUSSÃO QUANTO UM PROGRAMA DE TV

EXISTE AQUELA MÁXIMA DE QUE O

CLIENTE TEM SEMPRE A RAZÃO, MAS AQUI

O CLIENTE TEM É QUE SE FODER

Parece que o brasileiro se

revolta com a coisa errada. Se

leva muito a sério

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Porchat encarna um atendente do Spoleto (abaixo) e um cliente insatisfeito da TIM (à direita): sucesso na internet e milhões de visualizações no YouTube