Na Comunidade Cipriano, em Gurjão-PB, vivem João Padeiro, Cristina, Leandro e Lidiane; uma família que vem fazendo a diferença no Cariri Paraibano. Filhos desta região, João Padeiro e Cristina tiveram por várias vezes que sair de sua terra em busca de uma vida melhor. De 1982 a 1997, viveram em vários estados e municípios levados por dificuldades comuns no nordeste brasileiro: pouca chuva, políticas assistencialistas, dificuldade na produção, pensamento negativo sobre a região, dificuldade de acesso à água, chegando a se locomover léguas em busca deste líquido precioso.

Cipriano é uma comunidade com 44 famílias, bastante conhecida na região, e está localizada a 2 léguas

da sede do município. Como tantas outras, a comunidade já passou por muitas dificuldades na sua organização. Com a criação da Associação Comunitária, em 1997, as famílias vêm encontrando meios para vencer algumas dessas dificuldades e conseguindo vários benefícios: quadra de esporte, capela, escola, poços, açudes, cisternas de placas, barragem subterrânea, telefone, dentre outros.

Em 1998, João Padeiro começa a participar da vida da comunidade. Em 2000, ele é eleito Secretário da Associação Comunitária e começa a fazer parte da Comissão Água, do Coletivo Regional de Educação Solidária, envolvendo-se com o trabalho das cisternas de placas, em parceria com o PATAC. Em 2004, João Padeiro assume a presidência da Associação, sendo reeleito em 2006.

O Coletivo tem sido um espaço importante na vida de João Padeiro. Tem ajudado na construção de novos conhecimentos sobre a realidade semi-árida; na descoberta de maneiras de se viver melhor no Cariri Paraibano; a aumentar as suas amizades; a envolver toda a família nos trabalhos comunitários; no fortalecimento das experiências de Fundo Rotativo Solidário; enfim, a sair do individual para o coletivo, pois, como diz o ditado, “uma andorinha só não faz verão”. Através do Coletivo, ele tem participado de encontros, reuniões, oficinas e visitas de intercâmbio.

A participação no Coletivo tem ajudado João Padeiro a não mais viver na busca de novas moradas, ele tem descoberto que o melhor local para se viver bem é aqui. E somente agora passa a compreender o sentido da música que diz: “Só deixo o meu Cariri, no último pau-de-arara”.

Quando comprou a propriedade, com 18 hectares, havia apenas: um campo de palma, um roçado de 2 hectares, 2 pequenos açudes e não tinham cercas viva. Atualmente, há cercas vivas de mandacaru, macambira, agave e aveloz; um tanque para armazenamento d'água; uma cisterna de placas; uma barragem subterrânea; 3 garrotes; 2 vacas; 5 ovelhas e algumas galinhas.

Ano 1 | nº 7 | Julho | 2007Gurjão - Paraíba

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Fazendo a diferença no Cariri paraibano

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Projeto Demonstrativo

A família busca usar a água com economia e reaproveita as águas da louça e da roupa para aguar as plantas medicinais, os pés de mamão, ramas de batata. E a água do banho serve para aguar um coqueiro e a graviola.Na propriedade, a família vem cultivando: palma forrageira, sorgo, capim elefante, cana-de-açúcar, milho, feijão, batata-doce, mandioca, jerimum, melancia, manga, caju, goiaba, umbu, chuchu, pepino e pinhas. A barragem subterrânea tem ajudado a fortalecer o que já vinha sendo cultivado, como também com a implantação de novas culturas. Na construção da barragem

subterrânea a família contou com a parceria do PATAC e entrou com uma contrapartida para pagamento da alimentação dos trabalhadores e o combustível do trator de esteira, cedido pela Prefeitura Municipal.

Quando adquiriu a propriedade o solo estava bastante desgastado. Atualmente, tem combatido a erosão com cobertura vegetal, diversidade na produção, colocação de garranchos e pedras em valas existentes no terreno, manutenção de plantas nativas, rotação de culturas e plantio de cajueiros.

O que vem sendo produzido na propriedade tem ajudado na manutenção da família. Há um costume de se vender o que sobra do consumo da casa: milho, feijão, além de batata-doce e castanha de caju.

Lidiane tem uma participação ativa no processo de organização da comunidade. Participa dos encontros da Igreja, missa e encontro de jovens. Atualmente é Secretária da Associação Comunitária, participa de encontros dentro e fora da comunidade, como também tem conhecimento sobre a experiência que vem sendo desenvolvida pela família, contribuindo com a colheita e a venda da castanha de caju.

João Padeiro, Cristina e Lidiane destacam como resultado: a conquista de novos conhecimentos; abertura para a implantação de novas experiências; implantação de práticas adaptadas à realidade local; melhor planejamento da produção na propriedade; fortalecimento do

trabalho na comunidade; o envolvimento com as articulações regionais; utilização de cobertura morta para proteção do solo; e diversidade na produção.

Como esperança para o futuro, João Padeiro e Cristina destacam que não pretendem mais sair da comunidade. E que desejam que o filho e a filha possam dar continuidade ao que está sendo implantado. Para isso, há um desejo de se continuar investindo na melhoria da propriedade.

A lição de vida que vem sendo construída por esta família do Cariri Paraibano nos mostra que na busca por melhores dias, a estrada sempre aponta para o nosso lugar de origem.

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UGE

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Projeto Demonstrativo

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Para mais informações, ligar para:(83) 9969.3588

Coletivo Regional do

Cariri e Seridó