fases do desenvolvimento humano e o seu comportamento

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Humanidade

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Os trs primeiros meses

OS TRS PRIMEIROS MESES No instante em que vem ao mundo, o recm-nascido abre a boca alarga os pulmes e solta o primeiro grito. um grito muito parecido com o rugido desesperado de quem, sonhando, est para cair num abismo, e acorda num brado angustioso.

Depois o beb abre os olhos e aceita a luz. Olha um pouco de esguelha; o olho direito move-se ligeiramente; o olho esquerdo continua fechado e imovel por alguns segundos.No consegue absolutamente distinguir as pessoas nem as coisas que o rodeiam. S nota sombras flutuantes, envoltas em pastoso nevoeiro. Ferem o seu ouvido rumores indecifraveis; uma constante zoeira de sons cavos, imprecisos.

Com os primeiros vagidos, os pulmes comeam a funcionar. Um sopro de oxigenio os inunda; e assim como o fole atia o fogo, assim aquela onda de oxigenio activa a circulao sanguinea. Comea ento a cadncia dos pulmes, e o latejar do corao, num compasso binario que continuara at ao derradeiro sopro da vida. Comea tambm o desgaste daquele tenro corpinho: viver significa envelhecer. A fbrica bioquimica do estmago entra tambm em funcionamento, o figado deve desenbaraar-se de milhes de globulos vermelhos que devido quela primeira irrupo de oxigenio se tornam absolutamente inuteis, convertendo-os portanto em secreo biliar.

A criana lavada, medida e pesada. Ento, recomea a gritar. Bate aspalpebras quando o medico lhe lava os olhos com uma soluo de nitrato de prata a 2%, para a defender de eventuais infeces.

A intelingencia daquele homenzinho ainda dorme, mas os seus sentidos j esto despertos . At h 14 ou 15 anos costumava-se tomar o beb pelos ps, deixando-o pender de cabea para baixo e sacudi-lo com o ligeiro mosquete depois do primeiro vagido.

Agora j ninguem faz assim, pois sabe-se que qualquer brusca mudana de posio pode afectar e prejudicar o equilibrio da criana. Portanto, envolto em panos brancos, o beb fica reclinado no bero. Ei-lo j a voltar a cabecinha para a janela, donde vem a luz. J pestaneja, e boceja, e esboa uma careta. Em seguida abre os punhos que estavam fechados em forma de bola.

No giro de poucas semanas abrir tambm as mos e tentar meter na boca no apenas o polegar, mas trs dedos juntamente, com grande desespero da mezinha.

POBRE CRIANCINHA A me quando tem um filho - disse Jesus esquece todas as dores passadas, com a alegria de vir ao mundo mais um homem . Rendas brancas! H festa na famlia. O nascimento de uma criana, esta maravilhosa aventura da criao, repete-se no mundo mais de 100.000 vezes por dia. E nenhum dos recm-nascidos igual ao outro. Cada um um pequeno ser absolutamente diferente. No principio, a criana sente frio. Antes vivia no calor materno, estava em certo sentido um pouco viciada ; mas agora a temperatura do ambiente para ela como um sopro de ar frio. Comea a tiritar: o seu corpinho muito frangil para suportar o salto improviso de 37 para 25 graus. De quando em quando agita os braos e as pernas para o ar. So movimentos ainda no controlados pelo cerebro.

Um problema que apaixona os estudiosos o seguinte : quando e como que o recm-nascido toma contacto com o mundo que o circunda? Nestes ltimos 10 anos os investigadores alemes, russos e americanos tm-nos fornecido muitos esclarecimentos.

Os cientistas da univercidade americana de Yale tm realizado estudos interessantes: em varios centros de cenas filmadas e em milhares de fotografias o professor Arnaldo Gesell, director do instituto de investigaes sobre o desenvolvimento da criana, os gestos e as reaes dos recm-nascidos desde a sua primeira hora de vida. Os seus assistentes faziam oscilar um anel encarnado de 10cm de diametro, suspenso de um fio no campo visual da criana. A experincia repetia-se todos os dias durante semanas e meses. E as concluses foram estas: a criana tem, logo desde o seu nascimento, um campo visivo igual ao do adulto; o seu aparelho visual est perfeitamente em ordem. Mas os doze pequenissimos musculos do olho ainda no tm a possibilidade de funcionar em harmonia. Isto provoca alm do estrabismo que apenas tempornio, certas imagens desfocadas na retina. A criana no consegue abarcar com os olhos o pequeno arco que lhe pende sobre o rosto; desorienta-se e perde-o de vista. Quatro semanas depois, as coisas mudam de figura: os musculos dos olhos comeam a funcionar em harmonia. Contudo, o campo visual da criana ainda continua limitado e circunscrito. S quando se lhe apresenta o anel directamente diante dos olhos que a criana o capta com a vista. Por algum instante consegue v-lo tambm de outras posies laterais, segundo o seu globo ocular for capaz de girar.

Ao terceiro ms j a criana consegue ver o anel diante de si, ou seja fitar-lhe os olhos e envolv-lo sem custo com a vista.

OS RECM - NASCIDOS NO SO SURDOS O doutor americano J. B. Watson descobriu que a criana logo desde o primeiro dia, capaz de races que na sua concatenao deixam supor uma certa inteligncia. Colocava o recm-nascido deitado de costas, com as pernas livres, e depois beliscava-o suavemente nos joelhos. E observou que a criana, com uma pedalada exacta, procurava afastar a mo do mdico.

Ao segundo dia o meu beb j reage ao som-notou o emigrado alemo nos Estados Unidos e psicologo de crianas, Guilherme Stern, no diario sobre o seu filho Gunther. _ E portanto no verdadeiro a opinio, acreditada durante sculos, de que os recm-nascidos sejam surdos. E continua notando: varias vezes comeou a chorar quando perto dele se ouviam ruidos fortes, como gritos alegres de sua irmzinha, alguns passos pesados, ou mesmo o ranger das cadeiras. Ao bater as palmas respondia ele batendo as plpebras, primeiramente quando as ouvia bater pouco mais de meio metro; e depois a uma distncia maior, ou seja desde a porta at ao bero, num raio de 6 metros. Outras reaces do recm-nascido so simplesmente semelhantes s dos animais, como por exemplo o reflexo dos macacos . Se metermos na mo da criana um dedo ou qualquer objecto, ela aperta-o fortemente. Se tentarmos tirar-lho, ope viva resistncia,e valendo-se do seu pequeno esforo, procurar no ceder durante algum minuto.

Pela tarde do seu primeiro dia, comea o beb a chuchar o polegar pela primeira vez; continuar ainda faz-lo ainda durante a noite. Na manha seguinte, 24horas depois de nascido acorda e quer beber. O desenho da sua cabecinha tornou-se regular. Os ossos do crnio j ganharam a sua curva natural. Docemente, a mezinha toca-lhe com um dedo na bochecha, e logo a boquinha da criana se abre para mamar.

No seu primeiro almoo, aquele homenzinho engole o leite 16 18 vezes por minuto. Depois, subitamente se torna imovel, relaxando profundamente os musculos nos braos da mam. E uma paz profunda lhe cai ento na alma...

APRENDE A CHORAR As papilas tcteis do recm-nascido so miuto mais receptivas e sensiveis do que as dos adultos. Ao contacto de substncias doces, a criana abre a boca e lambe os beios; e pelo contrario ao contacto de substncias salgadas ou amargas, faz uma careta de repulsa. Estimulada por odores picantes, espirra. E diante de uma garrafa de leite demasiado frio ou quente, retrai-se franzindo a testa.

Ainda se discute sobre o chamado trauma do nascimento que, segundo Segismundo Freud ( pai da psicanalise ) acompanharia o homem sob forma de angustia e depresso por toda a vida. A darmos razo a Freud, teriamos de crer que todas as crianas nascidas durante a guerra, deveriam necessariamente ser neuroticas.

Sobre um ponto concordam os medicos: os primeiros dias de uma criana so, de modo geral, desagradaveis e cheios de dificuldades. O recm-nascido ainda no produz lagrimas.So ao cabo de 4 semanas que ele aprende a chorar. Se pudesse, choraria com certeza muito antes, pois muitas so as coisas que o fazem sofrer: o frio, a humidade, o ruido a luz, o estmago demasiado cheio ou demasiado vazio, o cansao, ou ainda o acordar do sono. A tudo ele reage com chorar, que a sua natural sineta de alarme para advertir a mezinha. Algumas vezes, sobretudo de noite, chora at sem qualquer razo aparente. Provavelmente a digesto que o incomoda ou o faz sofrer. A digesto, nos primeiros dias, desenvolve-se nele muito lentamente e com dores do tipo de uma colica, tal como uma pessoa depois duma operao cirurgica, quando intestino ficou longamente inactivo, e depos recomea a funcionar entre espasmos e solavancos. Ao nascer, as vias intestinais encontravavam-se ainda quimicamentes puras; depois, so gradualmente colonizadas por todas aquelas bacterias que em seguida constituram a flora intestinal.UM TRIMESTRE LABORIOSO.

Somando tudo, a vida de um recm-nascido uma especie de estado crepuscular, interrompido pelas reaces contra os estmulos que o ofendem ou irritam. Os medicos chamam-lhe o mau trimestre . O recm-nascido s est verdadeiramente acordado 3 horas por dia. Nessas 3 horas calculam-se 15 minutos a passear ou embalar; 45 minutos para beber e os demais cuidados necessarios; e 104 minutos a chorar e noutras manifestaes de mau humor so assim dispotas pela natureza, a fim de conservar disperto o instinto materno, ou seja o instinto de proteco da me sobre o filho.

Logo que a criana pode, refugia-se no sono. O professor Ernesto Schneider, no seu livro psicologia da infncia, formula a hipotese de que as restantes 21 horas redondas que o recm-nascido leva a dormir por dia, sejam um regresso quele estado paradisiaco anterior ao nascimento, quando o beb ainda no precisava de nada. O sono, todavia no para ele simplesmente o meio de voltar quele encantamento primordial. Fisiologicamente explica-se assim: essa grande necessidade de sono devida imaturidade do cerebro. Os centros nervosos ainda no esto em condies de trabalhar por muito tempo. Esgotam-se rapidamente, e enquanto no tiverem repousado bastante, dormem.

Entre todos os vertebrados recm-nascidos, a criana sem confronto a criatura mais digna de compaixo: nenhum outro desde o nascimento chora e se lamenta de maneira to confrangedora como a criana; nem mesmo o gatinho ou ospassarinhos,a pesar de nascerem implumes ou cegos : E entre tanto acriana no nasce cega nem passa muito frio ,visto que logo a me toma cuidado dela .Um professor de Basileia, Adolfo Potermann, avana com esta teoria: talvez a criana nasa muito cedo, e portanto ainda no esteja madura .Enquanto os filhos dos outros animas logo ao nascer comeam a fazer aquilo que deles se espera (como por exemplo o poldro a saltar no prado, a foca a deslizar na gua etc ) a criana no primeiro ano de vida encontra-se em serias dificuldades para desenvolver aquilo para que foi criada e que a dever tornar a criatura mais nobre da terra :o caminhar erecto, a linguagem articulada , etc. A criana tem um desenvolvimento muito lento e trabalhoso precisamente porque est destinada a tornar-se qualquer coisa de grande, um pequeno infinito, ou seja um homem. Ela poder mais tarde rir, cantar, chorar, ou ento falar em chins ou ingls, conforme lhe aprouver. Mais do que nadar na agua, poder caminhar, correr, saltar, trepar, patinar , danar, sempre a seu bel-prazer. No bero, durante a sua primeira semana de vida, no tem quase nenhum conhecimento do mundo que a rodeia.De quando o seu constante mau humor cede a uma sensao de paz e contentamento: quando a mezinha a lava, quando lhe d banho, ou ento quando a embala. Mas isto dura pouco; logo depois, ela volta a mergulhar na densa penumbra do sono.

UM BEB SABE TUDO No dia 26 explode um milagre: a criana concentra toda a sua ateno num vulto humano, isto no rosto da mezinha. Ento v-o e percebe-o como qualquer mancha cor-de-rosa que lhe gira alegremente em torno, que no est fixa nem imvel no espao, mas antes se lhe apresenta atraente e deliciosa. A criana responde-lhe ento com um sorriso. o primeiro sorriso da sua vida: qualquer coisa de inefavel. A jubilosa resposta da mam torna-se um prazer para a criana. Alarga a boca; os musculos labiais no vibram, mas antes se imobilizam por alguns instantes.Mesmo que este sorriso fosse inteiramente espiritualizado o povo chama-lhe sorriso de anjo o primeiro contacto com o mundo dos homens j ficou assinalado.

A alma entra em contacto com todo ambiente que a circunda. A criana entrev muitas coisas ainda antes de ouvir, de ver, de sentir, de apalpar, ou segurar. Eis a porque dizem os pediatras que um beb sabe tudo.UMA HORA A CHORAR So as 7 da tarde. O beb no quer dormir. Acaba de ser lavado, perfumado, enxugado, envolto nos seus cueiros; alimentado e satisfeito, reclinado no bero, no seu pequenino bero azul. J conta 6 semanas: ainda s pesa 3,060kg e aumenta cada dia 20 a 30 gramas; como normal. No lhe falta nada; poderia mergulhar num placido soninho. E pelo contrrio, no dorme. H dias que comea a chorar sempre sempre quela mesma hora. Ao principio apenas um timido vagido.Mas depois o pequenino rosto faz caretas, o beb comea a chorar, os gritos tornam-se mais agudos, alarga os pulmes e berra. De vez em quando parece que aquele furor vai esmorecer,mas de repente, como brotando de intimas nascentes, retoma novo folego.

Por volta das 8 horas a voz afrouxa um instante eacaba porapagar-se. Engano. A clera que lhe crtou a respirao; e por isso, vermelho como uma brasa, o beb volta a gritar mais forte, esperneia e braceja desesperado. Mas finalmente, uma rstea de luz nas paredes daquele crcere invisivel. A rstea alarga-se; surge uma voz. Uma figura suave, a mezinha se curva sobre o bero e levanta a pobra criana. S ento lhe serena o peito, e a paz volta novamente quela alma pequenina. A criana venceu. A me acudiu aos seus gritos prepotentes. Mas no dia seguinte, repitir a choradeira.

Este seu choro crnomtrico tipico do segundo e terceiro ms de vida. Os psicologos explicam-no como sendo um sinal da vitalidade que extravassa na criana e que naquele laborioso trimestre ainda no chega a manifestar-se suficientemente. Daqui nascem aquelas tenses por vezes to fortes que vem provocar gritos lancinantes. Dir-se-ia que o corpinho do inocente se encontra separado do espirito. Obs: Este o penltimo e ltimo por um lapso cometido durante a copia.OS PRIMEIROS MOVIMENTOS Um medico, especialista no tratamento das crianas, o doutor Stirnimann, descobriu que um beb, logo no seu primeiro dia de vida, pode fazer alguns movimentos espontneos e pessoais, sendo levemente ajudado. Os musculos fortalecem-se muito depressa. Entre 100 crianas, umas 16 logo no primeiro dia se poderiam mover com certa independncia;14 dias depois, j 58 crianas poderiam faz-lo. Na experincia de Yternimann, a criana amparada por baixo dos braos; comea a dobrar um joelho, e tenta tambm avanar com uma perna. Se a fizermos mover sobre uma folha de papel quimico, os vestijos mostram certos passinhos normais, de cerca de 10 centimetros,feitos avanando com os ps, levantando e movendo as pernas bastante regularmente.

A criana tambm sabe escorregar. Ela escorrega institivamete. Os seus movimentos mais regulares so os da natao que a criana capaz de realizar na gua. J se lhe observaram trs movimentos, que nos fazem lembrar os de um cozinho. Se inadvertidamente a deixarmos mergulhar um pouco na gua, logo a respirao se lhe interrompe automaticamente, ao passo que mais tarde,em tais casos, tossiria ou mesmo a gua chegaria a penetrar.

No terceiro ms de vida o instinto do movimento novamente volta a dormitar por misteriosa lei da natureza. Se aproximarmos duma mesa, no mais tentar mover-se mas antes esncolher as pernas, como se tivesse medo de queimar. A criana, que a principio no reagia diferentemente de um cachorrinho, manifesta agora uma clara disposio para se comportar como homem; oseu pequenino corpo s espera que a alma venha control-lo. Os seus bracinhos e as suas pernas j no procuram mover-se nem escorregar.S espera que o seu cerebro se torne maduro para lhes poder dar por meio da vontade, as ordens necessarias.

A DESCOBERTA DA MUSICA Num claro dia de sol da sua setima semana de vida a criana sai varanda ao colo da mam. Ela dorme tranquilamente, mergulhada num sono suave. Subitamente, ouve-se um rumor desconhecido.Contorce, irritada, o rosto pequenino.

Por cima do nariz desenham-se dois traos escuros; a boca comea a tremer.Mas, sem se saber como, resolver no chorar. Fica, pelo contrario, escutando atentamente.Em seguida volta os olhos na direco donde vem o som.

O que ela ouve,agrada-lhe imensamente: numa casa vizinha,algum est tocando clarinete.

o encanto da musica ; a criana, pela primeira vez, fica suspensa,maravilhada. Entretanto,vai fazendo progressos.O seu sistema nervoso torna-se mais estavl.Instintivamente vai aprendendo que passa melhor quando no se coloca em atitude de continua defesa. Interessa-se com crescente curiosidade pelas pequenas bugingangas que lhe metem nas mos; alarga a perspectiva do seu mundo em torno do bero; aceita aqueles estimulos estranhos que at agora tinha repudiado refugiando-se no sono ou mesmo chorando. No seu primeiro ms de vida, a todo o disturbio do seu equilibrio psiquico respondia ela com gritos de terror; no segundo ms reage de maneira neutra.As fraudas humidas, contra as quais protestava fortemente o primeiro ms, j no meio do segundo as tolera com soberana indiferena. Como tambm j no chora quando alguem, furtivamente se aproxima do seu bero.

O PRAZER DE CHUCHAR O DEDO Aprende que, alm de mamar e de tomar banho, h um saquinho de outros pequenos gozos.Um por exemplo, o de chuchar o dedo (polegar),por vezes inexplicvelmente at ao exaurimento, screveu o pai da moderna psicologia da infncia, Guilherme Briyer. Provavelmente, o chuchar o dedo tem para a criana um contedo psiquico. uma especie de defesa contra influncias que no pode combater; um meio para adormecer, um auxilio, uma consolao. sobretudo a expresso do seu amor pela mezinha, de cuja companhia constantemente se mostra vida.

Entretanto, a criana vai comeando a erguer do bero a sua cabecinha.Mostra acentuada preferncia pela cor vermelha ou alaranjada. Despertam as suas tendncias para a sociabilidade, que primeiramente no ms inicial ainda dormitavam. J fita os rostos que se lhe aproximam, e sente-se feliz de ouvir falar ou dever pessoas juntos dela.

Depois do banho, de boa vontade se ficaria na gua at a preguiar e at protesta quando de l a tiram.At o seu choro diferente.De vez em quando manifesta aborrecimento,clera, irritaco,incomodo,ou dor.Antes de mamar,o choro da fome torna,-se terno e implorante.O rosto humano (segundo as pesquisas da Doutora Carlota Biihler) a primeira coisa que pode prender por alguns instantes a vista da criana.Numa experincia, Carlota buhler fez alternativamente aparecer e desaparecer um rosto diante da criana para controlar a sua ateno.No primeiro ms a criana alias o beb fitou aquele rosto por um segundo.No segundo ms,por 4 segundos;no terceiro ms por 12 segundos. Quando na mo da criana metemos qualquer objecto brinquedo,a criana aperta-o mas no o olha.Ainda no chega a distinguir o que seu daquilo que lhe estranho. No bero, o seu horizonte visual ainda limitado. Esse horizonte, porm, alarga-se quando aprende a sentar-se e pode olhar para toda sala. Se de cima lhe prender qualquer brinquedo sobre o bero, fita-o por alguns instantes. Os msculos do olho ainda no conseguem adaptar-se distncias muito curtas. As proprias pessoas so por ela consideradas ao nivel de objectos. Tudo aquilo que entr em contacto com ela, como se lhe pertencesse: a mo da mezinha, os cabelos, o bero, a mesma garrafinha de leite. O poeta alemo Adalberto Stiffer(morto em 1868), descreveu perfeitamente impresses primitivas na sua auto-biografia. Recordo __ diz ele __ o rebrilhar das cores que feriam os meus olhos, os sons que feriam os meus ouvidos e os encantos que invadiam todo o meu ser. Vejo olhos que me fitam, oio vozes que me falam, sussuros e contos que me embalam. Recordo como eu chamava Ma, a minha mezinha. Sinto ainda os seus braos que me passeiam. Recordo certas manchas escuras: eram os bosques. A mma, os olhos, as vozes, os braos tinham-se tornado em mim como sentimentos pessoais.

dificil determinar, cientificamente, quando que a criana pela primeira vez comea a ter conscincia da presencia da mam. ento o momento diz o psicologo prof. Ernesto Schneider em que o relmpago do conhecimento fulgura no olhar da criana. TEM FOME DE SENSAES Ao terceiro ms, a criana sorri regularmente para mezinha. uma correspondncia inefvel.Depois sorri tambm quando sente a sua voz.

O cientista Renato Spitz demonstrou com experincias que o beb no seu primeiro e laborioso trimestre de vida so sorri para um rosto que se lhe apresente frontalmente, isto , de maneira que lhe possa ver ambos os olhos.

Alm disto, preciso que esse rosto mova.No importa que esses movimentos se traduzam em sorrisos, em menear a caba,em acenos,ou mesmo em caretas.O beb no sorri para a garrafinha do leite, embora saiba longa expriencia que leite lhe traz sempre um prazer delicioso.No rosto humano a criana dever notar os olhos, a testa e o nariz.At para uma mascara de papel, que Sptiz lhe apresentava,o beb sorri; contudo, deixava de sorrir logo que Spitz lha apresentava de perfil, porque a criana s lhe via um dos olhos. Por meio de todo aquele ver,ouvir e sentir,ouvir e sentir,o beb enche a alma de multiplas sensaes,e grava-as em em si mesmo.Cobre-se de imagens e de sons.Toda a criana tem, literalmente, fome de sensaes; prefere tudo aquilo que brilha,que colorido, que tem movimento;gosta das vozes humanas; do conto suave,do som do piano,do tique-taque do relgio, do marulhar da gua.Os nervos tcteis gostam sobretudo daquilo que lpido, mole, suave, liso, brando.Estas impresses so o terreno suculento por onde mais tarde se apresentar o seu esprito. Provam experincia feitas na Itlia que as crianas crescem melhores e mais activas quando pela tarde se levam a um jardim onde possam ver rvores,flores,nuvens,passarinhos. Pelo fim do terceiro ms,o beb comea a levantar a cabea;os musculos do pescoo tornararm-se muito fortes e resistentes,que ja lhe permitem voltar a cabea sobre o travesseiro sua vontade.E a criana volta-a tantas e tantas vezes que os cabelos da nuca se lhe tornam luzidios como se lhe deitassem brilhantina. Entretanto, a criana pretende exprimir qualquer coisa muito mais maravilhosa: devido quela enorme riquesa de sensaes e de vozes que acumulou dentro de si , eis que, improsadamente, ela enceta consigo mesma uma especie de monologos. Ninguem lhe disse em que circunstncia determinada el devesse dominar o seu choro. E contudo, num certo dia e uma certa hora, ela domina-o positivamente; e ento, como por instinto, comea a emitir certos monosslabos.

DIAS MAUS, MAS FRUTUOSOSA criana tem horas negras, horas de mau humor. Chora e grita fortemente; faz nervos a toda a gente que a rodeia. A mam, tolerante, deixa passar tudo como se nada fosse. Para ela o seu beb est num daqueles maus dias em que se torna insuportvel. E esses maus dias so os mais frutuosos. A natureza no d saltos; encima tudo pouco a pouco. O desenvolvimento do petiz no procede regularmente; vai por perodos. H pausas em que parece que tudo tenha parado. O beb mostra-se aptico. Mas aparentemente. Os psicolgos j descobriram que estas pausas no so estreis. Servem para concentrar foras e novas possibilidades que um dia ou outro explodiro, talvez com violncia, como prenhes nuvens de Estio, antes da trovoada. O prof Arnaldo Gesell, director do instituto de pesquisas sobre a evoluo das crianas, na universidade americana de Yale, escreve: Naqueles dias negros de alta tenso, o choro das crianas tem um profundo significado. O pendulo psiquico gravita sobre umas extremidades; a criana est-se preparando para dar mais um salto em frente. H, pelo contrrio, outros dias em que a criana fica to serena que a me, preocupada, at receia que esteja doente. De tarde, mesma hora, comea improisamente a balbucear, a soltar pequenos murmrios guturais, a envoler certos rumores na garganta. A principio parece-nos que ela se esteja distribuindo, mas sbitamente advertimos que vai articulando novos sons. Maria Montesorri observa: como um relmpago que percorre as cordas vocais da criana, que at ento no tinha produzido mais do que vagidos e gritos informes.As cordas vocais esto-se disciplinando para novos sons. O ouvido da criana comea ento a distinguir claramente; a sua lingua move-se sob novos impulsos.Aquela lingua que at aqu no tinha feito mais do que chuchar, sente agora inexplicvelmente a necessidade de tocar no palato, nos labios, nas maxilas. Dizem os psiclogos que este um momento decisivo na evoluo da criana. Est lanando as bases em que mais tarde construir a sua linguagem. Naqueles monossilabos o petiz encontra uma nova forma de prazer; curiosamente, vai inventando novos sons. A pediatra Carlota Buhler descreve no seudiario (onde ia apontando tudo quanto observava na sua filha Inga ) que a sua menina desatou a chorar quando no conseguiu repetir r-r-r da mam Mas no dia seguinte a pequena produziu por si mesma novos sons diferentes. Ficou encantada, traduziu no rosto uma expresso de maravilha; depois articulou devagar e atentamente algumas consoantes labiais como o b e o v . A criana tem uma capacidade extraordinaria; no quinto e no sexto ms, descobre uma riqueza de sons que muitas vezes no se encontra na linguagem materna, a que por ventura mais tarde vir topar em qualquer lingua extrangeira.A DESCOBERTA DAS MOS o mau trimestre est para terminar, finalmente.A criana faz a descoberta das mos.Mexe-as, abre-as, leva-as boca, afasta-as de si. Segundo a observao dos doutores, o beb ao principio no sabe que aquelas mos lhe pertencem. A descoberta das mos mais um passo em frente: O petiz, agora, de espetador passivo torna-se protagonista. Os brinquedos que a mam lhe mete na mo segura-os tenazmente, aperta-os entre os dedos, e em seguida abandona-os; retoma-os de novo e deixa-os cair incessantemente. A constncia com que o inocente repete este exercicio e alarmante. Contaram-se at 36 vezes que ele abriu e feichou seguidamente o seu punho pequeno. Antes de ter tomado confiana com a sua propria mo- observou o prof. Americano Arnaldo Gesell- o beb observa e descobre a mo da mam que dela se aproxima e ou se afasta.

A descoberta da sua propria mo para ele uma coisa sensacional. Surpreendido,toca-a, leva-a boca, quer saber se est molhada, hmida ou enxuta, em movimento ou em repouso; a mo traz-lhe um feixe de nova sensaes. O doutor suio Stirnimann obeservou um beb que cravava os dedos no cabelo e o arrancava; com a dor chorava e gritava fortemente. E todavia, embora gritando, continuava a causar-se aquela dor.

MESES EMOCIONANTES Os bebs est fazendo rodagem dos seus msculos. A doutora Carlota Biihler fala duma criana que por 56 vezes levantou baixou a cabea e as costas no bero. Por meioDestes continuos exercicios, a criana, adquire uma nova experincia e provoca automaticamente os reflexos dos musculos motores. Os objectos que se lhe metm na mo, lana-os ela, atira-os ao ar; e a me, pacientemente,da-lhos outra vez. A criana continua brincadeira; parece que gosta de ouvir o ruido dos objectos que caem, como

Se o cerebro lhe dissesse: Sou eu quem provoco esses ruidos. Os primeiros meses de vida duma criana constituem ocasio unica lhe poder estudar o caracter. Numa mais na sua vida ela efectuar to rapidos progressos em to breve lapso de tempo. O prof. Gesell observa: No h duas crianas iguais ; nem sequer os gemeos se desenvolvem da mesma forma. Cada beb tem a sua particular maneira de crescer, o seu ritmo espeecial de desenvolvimento, que se revela em pormenores tpicos: por exemplo no modo de se mover, nas reaces em face de qualquer coisa desconhecida, no exito ou no insucesso, e ainda na maneira de conquistar a sua independencia das pessoas e de tudo aquilo que a rodeia. Os primeiros meses de vida so uma grande aventura: uma aventura mais emocionante do que a de um cosmonauta que desembarcasse num planeta desconhecido.PORQUE QUE OS PEQUENOS DIZEM MENTIRA?

O Toi tem cinco anos, e a sua irmzinha tem dois.Achando-se sozinho com ela, o

Toi belisca-a fortemente. Ela grita. A mam acode e inquieta-se: - porque ela m, mas eu sou bom.- E aproxima-se para receber os afagos da mezinha. Eis a interpretao deste facto: entram nele simultaneamente uma mentira e as manifestaes inconscientes produzidas pela mesma causa secreta da mentira, a inveja: o nascimento da irmzinha subtraiu ao toi uma parte dos cuidados e das ternuras maternas, e ele procura reconquist-los por todos os meios.QUEM TIROU O CANIVETE? A criana fcilmente se ilude e acredita no que lhe dizem. Um professor perguntou numa aula de crianas se no tinham visto uma coisa que estava ali em cima da secretaria; no obteve nenhuma resposta. Mas insistindo se no teriam visto um canivete que ele tinha pousado em cima da mesa, ento 29 dos 54 aluns, ou seja 57%, responderam que sim, que tinham visto o canivete, e entre estes at havia alguns que nem sequer podiam v-lo porque no se alcanava do seu lugar. sete alunos ousaram mesmo afirmar que tinham visto o professor a cortar papel com o canivete, pousando-o depois em cima da secretria; trs pequenos acrescenteram que tambm o tinham visto a afiar o lpiz. E como oprofessor fizesse observar que ao interromper-se a lio o canivete inha desaparecido de cima da mesa, reinou na sala grande silencio; depois gradualmente, os alunos comearam a declarar que um dos companheiros , que havia poucos dias fora acusado do furto, se tinha apoderado do canivete. Mas na verdade o professor ainda em todo dia no tinha tirado o canivete do bolso.

Quanto mais nova a criana, mais forte a influncia que a sugesto poder escrever no seu espirito.

Um pequeno de sete anos foi energicamente acusado pela me como tendo levado da sala um embrulho com alguns brinquedos, visto que aquilo tinha desaparecido pouco depois que ele entrara na sla sozinho. O pequeno admitiu que tinha cometido o furto, e at que se tinha (atirado) servido dos objectos para brincar, declarando que por fim tinha atirado com eles, e at indicou o lugar; procuraram-se mas no se encontravam.E assim aceitou o castigo que lhe deram.

Dez dias depois o embrulho foi encontrado intacto num canto da sala; tiha ficado inadvertidamente coberto debaixo de algumas peas de roupa. O pequeno tinha deixado-se dominar completamente pelas perguntas, e em base delas tinha-se acusado a si prprio, inventando toda a historia do furto.

A criana no tem nem mais fertil imaginao do que o adulto, mas no capaz de a controlar nem a refrear, e com frequncia pode viver sob o dominio das imagens. Fcilmente as concretiza; anima e personifica as coisas, e com toda a facilidade pode mergulhar num mundo que ele provoca de criaes imaginarias. A imaginao pronta, viva e dotada de uma grande fora de sugesto.

Um pequeno de 5 anos ouve a sua me a contar com muita vivacidade uma senhora amiga as maravilhas de um pequeno macaco que ela tinha quando era moa. E o pequeno, a um certo ponto, intervem na narrao afirmando: - Oh, tambm eu me diverti tanto com o macaquinho, e batia-lhe quando era mau para mim!

- Mas se tu ainda notinhas nascido, como que te podias divertir?- rebateu assombrada a mam.E o pequeno insistia abstinadamente na sua historia, zangando-se pela contradio e repetindo a narrativa, baseada nos contos que tinha ouvido anteriormente, mas com tamanha persuao que seriamos levados a acredit-lo se no vissemos a impossibilidade de tudo quanto afirmava. Dupre cita o caso de um pequeno de 9anos, que contou na escola o facto de morte de uma sua irmzinha (que nunca tinha existido) nica mente pelo gosto de ser tido em considerao e para ser consolado. Esta tendncia para a fabulao, ou seja para a inveno espontnea de historietas, comea j na primeira infncia, mas tem o seu maximo desenvolvimento na juventude. As meninas sentem para isso maior inclinao ainda.

CASTIGAR NO ADIANTA O pequeno aprende a mentir por imitao. Comea por imitar o procedimento mentiroso dos prprios companheiros; depois descobre que por meio de mentira ele poder colher certas vantagens, como evitar castigos ou prolongar o divertimento, aduzindo o falso motivo de que no tem lies para estudar. Tambm imita os adultos; o jovem depressa adverte que a vida em socidade recorre muitas vezes a simulaes e a dissimulaes feitas com ou por cortesia, por convenincia social, por solidariedade, por intersse. O pequeno repara que no trato humano os pensamentos, as palavras e as aces muitas vezes no concordam entre si. O ambiente social pode por vezes levar a criana a aprender a mentir. D-se isto num regime de excessiva severidade, devido ao qual o pequeno, para defender-se se refugia na mentira. Quanto mais severa e mais dura for a educao familiar, tanto mais facilmente e mais frequentemente o jovem recorrer a diversas tentativas de evaso, entre as quais h-de sobressair a mentira. E depois, se os seus desejos e aspiraes, ou liberdade na expresso dos seus sentimentos forem rigidamente sufocados,ento muito dificil sera impedir nele esse defeito. Foerster escreve:H professores que julgam haver triunfado da mentira, por terem conseguido que os seus alunos no ousem mentir jamais, devido ao receio de serem severamente castigados. que o recurso ao terror refora a inclinao mentira.

Quanto mais severas forem as medidas coersivas dos educadores, tanto mais forte sera o jovem a tentao de mentir.

Os tinmidos so os mais atreitos a recorrer mentira; o mesmo se diga dos individuos de caracter fraco e dos fisicamente diminuidos.

As crianas no so todas igualmente inclinadas mentira.

O menino de caracter nervoso est mais predisposto para a mentira que nos outros tipos de caracter. Segue-lhe imediatamente, mas com notavel diferena o caracter colrico, o amorfo o sanguineo, o sentimental, o apaixonado, o aptico, e por fim ofleumtico, que menos inclinado mentira.

A tendncia para a mentira mais acentuada nos rapazes do que nas raparigas, numa percentagem de 48,6% contra 32,4%.

Os pequenos muito inteligentes mentem menos frequentemente do que os meninos retardados no desenvolvimento intelectual; em paridade de ano escolar, os alunos das classes progressivas mentem menos do que os das classes populares.

Certas sondagens efectuadas num ambiente escolar revelaram que de 4-20% das mentiras so de caracter utilitario; 93% so ditas com o fim de aparecer debaixo de uma luz favoravel, por vaidade; 90% para alcanar ou conervar a estima do professor, ou seja por um sentimento de inferioridade ou fraqueza em face de adulto.

Outros exames efectuados em pequenos de 6 a 14 anos, acusaram estas medias; mentiras por medo,71%; por vaidade, 17% por malvadez, 3%; por altruismo, 2% Na base da mentira real da criana encontra-se uma especie de sentimento de insegurana e de inferioridade, que a leva a recorrer mentira como um meio de defesa(mentiras por medo) ou com o fim de afirmar valorizar a sua prpria personalidade, exaltando-a com diversos subterfugios diante da superioridade do adulto ou dos colegas.EDUCAR SINCERIDADE Para educar uma criana sinceridade, procure-se despertar nela gradualmente a conscincia da responsabilidade por aquilo que ela diz ou faz, e a vigilncia sobre si mesma. Use-se constantemente para com ela uma grande bondade, de forma que se lhe inspire facilidade a cofiana. Envergonhar pblicamente um mentiroso, resulta um dos meios mais infelizes e desaconselhveis. sempre melhor cultivar o amor e o desejo da franqueza e da sinceridade equivalente confiana recproca entre companheiros adultos: este sentimento de confiana um elemento que satisfaz a profunda necessidade que o jovem sente de se inserir cada vez mais na orgnizao social e de nela conseguir um nvel que tambm lhe permita ser tido em conta. A educao franqueza, e a lealdade, fundada nos valores religiosos sobrenaturais e nos valores humanos, resulta mais fcil e mais eficaz na adolescncia, quando o jovem sente mais vivamente a atraco pelo ideal da verdade e por um procedimento leal e coerente. At parece que um sede heroismo pelo bem, pela beleza e pela verdade acorda no corao dele. ento que nascem os herois de verdade.

GENIO E JOVEM PRECOCE Em 6 de Fevereiro de 1721, em Lubeck, cidade da Alemanha setentrional, uma criana prodigiosa: Cristiano Heineken. A historia da sua vida brevissima constituiu um caso de preciosidade extraordinaria at se tornar patolgica. O pequeno Cristiano viveu os primeiros dez neses aos cuidados duma ama sem dar sinais de dotes prodigiosos. Um dia veio visitar os pais um amigo da familia, um certo Von Scholneich, o qual notou que o pequeno observava com grande ateno e interesse as paredes pintadas da sala, e teve ideia de lhe apresentar algumas figuras dizendo-lhe, como se costuma fazer s crianas:Olha o gato!... Olha o cavalo! Voltou o dia seguinte, e repetiu as explicaes, apresentando-lhe diversas vezes as mesmas figuras; e ficava cada vez mais admirado a ver a intensa ateno e a facil compreenso da criana. Mas a sua maravilha, bem como dos pais, subiu de ponto quando Cristiano, muito embora balbuceando,comeou a fazer as primeiras tentativas de repetir o nome das figuras que lhe eram apresntadas. Von Schoneich insistiu e dentro de poucos dias o pequeno comeou a falar. Visto isso, o improvisado preceptor comeou a ensinar-lhe os factos mais importantes da sagrada escritura, aos 13 meses Cristiano sabia indicar quase todos os livros do antigo e do novo testamento, e repetia sentenas e factos aprendidos nos envangelhos. De Abril a Setembro de 1722,aprendeu razoavelmente a historia; em seguida passou ao estudo da geografia, orientando-se miuto bem nos mapas geograficos e repetindo os nomes das principais naes, cidades e rios. Desta maneira, foi encaminhado para o estudo do latim quando contava pouco mais de ano e meio de vida. Conduzido igreja do lugar, em cujas paredes via-se pintada uma dana mancabra, mostrou-se muito interessado pela anatomia dos esqueletos, e a sua curiosidade pelo estudo do corpo humano tornou-se mais viva quando o seu professor levou para casa umaa caveira. Ainda no tinha completado dois anos de idade quando um mal estar geral comeava a ameaar a sua frgil existncia com varios incmodos de saude. Procurando mudana de ares, os pais lembram-se de o levar para a Dinamarca, tambm com o fim de apresentarem corte red o pequeno prodigio, e ainda na mira de satisfazerem a sua ansia de ganhar dinheiro mediante a exibio do fiho extraordinario. Na corte da dinamarca o pequeno Cristiano alcanou muitos triunfos: o rei ofereceu-lhe uma condecorao ornada de diamantes, e muitos nobres e dignitarios quiseram v-lo, admirar os seus dons extraordinarios, e mimose-los com prendas magnificas. A excuro proporcionou realmente valiosos lucros familiares. Um dia porm, equanto estava muito aplicado a estudar, o menino atirou com a pena, rasgou as que tinha diante de si, e exclamou desolado: Mas para que me serve a mim tudo isto? No lhe vejo nenhum valor. Sinto que vou morrer dentro em pouco. A morte j aproxima-se... Anda-me c dentro um mal que no pode curar!.... Nos seus ltimos dias sustentou ainda doutas conversas sobre a sagrada escritura: depois quis que os irmos lhe cantassem os hinos religiosos que mais lhe agradassem, agradavam. Morria a 27 de Junho de 1725, com serca de 4 anos e meio, vitima da ambio do preceptor e dos pais com aquela precocidade que fazia reverberar sobre eles a gloriola do pequeno.NO PRECISO SER PRECOCE PARA SER GENIO A vida de Cristiano Heinecken representa um caso extremo.

A historia lembra nestes dois sculos varias figuras de genios precoces, especialmente no campo das artes, e em particular no da msica: Mazart tocava cravocmbalo aos 3 anos, Fazia pequenas composies musicais aos 4 anos, e aos 6 anos efectuava uma excurso pela europa: Chopin tocava em pblico aos 8 anos; Liszt aos 9; Verdi aos 10 Schubert aos 12; Rossini aos 14; Haendel compunha aos 11 anos; Haydn tocava e compunha aos seis anos; Wagner dirigiu em pblico uma sua composio aos 17 anos; Mendelssohn tocava em pblico e compunha aos 9 anos. Contudo, as produes criativas, as obras verdadeiramente originais por inspiraao e tecnica, onde mais particularmente brilha o poder do genio, s apareceram na adolescncia adiantada ou melhor, depois da adolescncia; no conhecem-se genios que na infncia tenham realizado trabalhos verdadeiramente criativos. Na infncia e na meninice do-se os primeiros lampejos, que por vezes at podero parecer maiores do que realmente so, devido tenra idade. O ser genio uma feliz maturao psiquica da personalidade, um harmonioso equilibrio entre os diferentes aspectos da vida intelectual, que assim alcanou plena efincia. Por conseguinte, no devemos imaginar que estamos em presena de um genio sempre que numa criana se descobrem capacidades e talentos extraordinarios.

Por outra parte, a precocidade no uma caracteristica indispensavel do genio: h varios exemplos de genios que s se revelam mais em idade muito avanada. Tomas Mann, romancista alemo de Lubek, tinha sido na sua adolescncia um aluno muito medicre, e nenhum dos seus professores teria podido imaginar a brilhante carreira que teve depois, quando adulto. Tomas Alva Adilsom, cientista e inventor americano, causava serias preocupaes famlia e aos seus professores devido aos seus insucessos escolares, e pouco faltou para ser classificado como deficiente. Alberto Einsten, matemtico e fsico alemo, que bem pode ser contado entre os maiores genios, teve uma infncia e uma juventude pouco brilhante e bem pouco promissoras: comeou a falar mais tarde, e na escola encontrava tantas dificuldades em compreender e acompanhar as lies, que os pais estavam desolados, temendo que o seu ilho fosse um pobre mido.TIVERAM O FULGOR DE UM METEORO H mininos cuja inteligncia, ou mais frequentemente qualquer outra habilidade, se desenvolve rpidamente com manifestaes precoces. No campo da musica, por exemplo, tem aparecido diversos casos de meninos- prodigiosos, e frequentes vezes a publicidade e a imprensa nos tm oferecido um ou outro director de orquestras em calo curto ou mesmo em calo de rendas. E o pblico aplaude, muito admirado, uma criana que sobre o podio dirige uma grande orquestra.

Um menino superdotado, precisamente por ser muito precoce, pode correr um grande ou grave perigo: O perigo de que o potencial energtico das suas capacidades fique rpidamente exaurido pelo ritmo demasiadamente acelerado do seu desenvolvimento. Pode suceder que depois alguns anos de explendor o pequeno entre na linha da normalidade e at da mediocredade. Por exemplo, varios dos meninos directores de orquestras em miniatura tiveram o fulgor de um meteoro: rpidamente apareceram e desapareceram.OS JOVENS DE HOJE SO PRECOCES Revelam numerosos estudos cientificos que nestes ltimos decenios se tem verificado entre varios povos europeus, americanos e asiaticos um fenmeno muito difundido nas massas juvenis, ou seja a acelerao dos processos do desencolvimento e do crescimento durante a adolescncia em muitos casos e diversos alcanou-se notvel antecipao. Segundo os resultados fornecidos pelas indagaes de um estudioso alemo, o professor Bernard-Thompson, em 1951 cerca de um tero da juventude germnica estava antecipada 2 a 3 anos no crescimento da estatura e do peso e na maturao puberal ralativamente gerao que, nos principios do sculo xx, contasse a mesma idade. Deve-se isto influncia de varios factores ambientais da vida moderna. Esta acelarao verifica-se tambm no desenvlvimento mental: tem-se observado que muitos jovens hodiernos se apresentam como mais inteligentes do que os seus coetneos das geraes passadas. Tal precocidade, porem, tambm tras consigo certas desvantagens: menor capacidade de trabalho e de rendimento mental, de profundidade e de reflexo. Encontram-se inteligncias mais despertas e mais prontas, mas superficiais e pouco robustas. Tem-se verificado em varias naes que a actividade escolar de muitos jovens tem diminuido, h menos capacidade de reflectir, de pensar seriamete, de se concentrar; o poder mental de abstraco e de raciocinio tem-se reduzido. Nos Estados Unidos tem-se constituido centros psicolgicos para estudos e consulta de jovens que parecem ofercer manifestaes de superioridade intelectual e de genio: faz-se isto a fim de se poder dar aos pis oportunas sugestes e conselhos.

Mas s vezes acontece que meninos prodigios so mistificaes: eles apresentam afectivamente uma ou outra capacidade ou aptido particular, por exemplo na musica (o que sucede mais frequentemente) ou mesmo na pintura: os pis fcilmente levados a exaltar tais aptides (que muitas vezes pouco passam doordinario), e encantados e lisonjeados pela ambio de alcanar a prpria glria na fama dos seus filhos, pretendem que seu filho brilhe sobre todos os mais por semelhante habilidade. E assim se encontram depois aquelas crianas, verdadeiros O adulto apressado o pior educador pequenos martires, que por varios anos so sujeitos a longos e extenuantes exercicios ao piano ou a qualquer outro instrumento.

Um facto anlogo, ainda que j se no trate de pequenos superdotados ou precoces, se observa muito frequentemente nas escolas; certos alunos devem sujeitar-se a um trabalho enervante de estudo superior s possibilidades, para satisfazerem a insensata ambio das suas familias vizinhas, que trazem filhos na mesma escola O ADULTO APRESSADO O PIOR EDUCADOR O critrio dos pais e dos educadores revela-se em se saberem comformar com as leis que regulam o densevolvimento fsico e mental da criana

muito perigoso para um pequeno o facto de no poder vier completamente um periodo qualquer do seu desenvolvimento fica alterado o curso normal da sua maturao. E este o incoveniente que se verifica quando os pais ou os educadores com o especioso pretescto defazer com que o aluno salte anos na escola ou nos estudos, tendem a forar ou acelerar o ritimo natural do seu densevolvimento o adulto apressado o pior educador.tambem na escola e no estudo cada nova aprendizagem tem o seu momento prprio. cada nova fumo que surge, deve ser suficientemente exercida para se poder firmar e aprefeioar. devemos deichar ao jovem o tempo necessario para se desenvolver adequadamente, antes de lhe impor um novo esforo

quando os pais observarem que o seu filho tem qualquer aptido ou habilidade esccepcional, emto, sem de qualquer modo o violentar, procusem antes favorec-lo, oferendo-lhe todas as possiblidades de a cultivar ou incremento, mas esteja-se muito atento, para nuca se exigir de mais. Um grupo de estudioso, entre os quais o professor Lidreg presseg, mestre de psicologia na universidade do Ohio, nos Estados Unidos, nalgumas sondagens efectuadas sobre o fenmeno do genio e das suas manifestae, pode concluir quase como regra geral, que os genios que se revelam precocemente ao seu talento, mozart o Lchubert pertencia a uma familia de msicoDEIXAI BRINCAR OS VOSSOS FILHOSLc uma acturidade que para todos alegre e fascinante o jogo. Tanto os jovens como os adultos, todos jogam, quer duma maneira, quer doutra.

O jogo dos jovens e do adolescente distingue-se profundamente do jogo do adulto. O adulto procura no jogo sobretudo uma disterso, uma evaso monotonia da vida quotidiana, um descanso aps um perodo de trabalho, operrio cansado do trabalho semanal, joga as malhas no dia festivo, a ttulo de descanso e relaxamento.PORQUE JOGAM No jovem, pelo contrrio, o jogo a forma especfica da sua actividade: quer dizer: o jovem joga para jogar, e no para descansar; joga mesmo sem estar cansado, sem ter feito qualquer trabalho; se o deixarmos livre, de boa mente comear a jogar logo de manha, logo que se levantar, quando ainda est fresquissimo de energias. Alem disso, muintos jogos no constituem para ele um reposo, mas antes uma canceira e um grande desempenho de energias ao qual, porm, alegre e entusiasticamente se sujeita, como sucede em certos desafio demorados; e muitas vezes o jovem chega noite cansado e prostrado de jogar. O gosto e a atraco pelos varios jogos mudam com o crescimento e com os anos. Um suio estudioso de psicologia, Claparde, fundando-se na evuluo dos interesses que animam o jogo, distinguiu-se estas fases ou perodos:

Jogos sensoriais: so os mais simples; predominam durante todo o primeiro ano da vida da criana. O menino gosta de ouvir tocar a campainha, gosta de fazer ruido batendo com a colher na mesa, gosta de ver as luzes ou os objectos intensamente coloridos. Jogos de movimento: favorecem a actividade dos membros, robustecendo o sistema muscular. Prevalecem estes desde o primeiro at cerca do quinto ano, e exprimem a gradual organizao dos movimentos, desde as formas mais simples e ainda no coordenadas, at as mais coordenadas e complexas. A criana brinca, primeiro, agitando os braos e as pernas sem qualquer finalidade aparente; depois procura segurar os obejectos, apalpa-los, volta-los em todos os sentidos; com desenvolvimento da capacidade de caminhar, o prprio caminhar se lhe torna um divertimento e a criana ainda incapasz de jogos de imaginao, diverte-se correndo em redor, saltando e agitando os membros. Os movimentos tornam-se assim mais exactos e seguros. PROCURAM O EXTRAODINARIAJogos de imajinao: alongam-se por toda a meninice, at a idade de 9 ou 10 anos. Prevalece neles actividade da fantasia viva e descorfreada.

Contudo, a imaginao no tende tanto para a invemo ou criao de situaes novas, quanto para reproduzir pela imitao as cenas observadas nos adultos, repetindo-as fantastica. A menina procura imitar a mam, reproduzindo cenas de familia e aquelas actividades que mais correspondem a sua condio (brinquedos domestico, sobretudo a boneca); o menino pelo, contrario, mais eclctico na imitao, oferecendo uma grande variedade de actividades limitadas. Jogos varios e complexos: por volta dos 8 anos o menino j se no conteta com a limitao de situao de situaes ordinarias, que no atraem suficientemente as suas atenes, mas procura reproduzir as cenas que mais o impressionaram nos contos ou as leituras, ou ainda no cinema; vai em procura daquilo que estraordinria, aventuroso: joga aos ladres, aos soldados, repodruz um mundo fabuloso do farwest. Assim, at cerca de 12 anos.

Jogos sociais: so favorecidos pela vida escolar. O rapaz gosta muito dos jogos colectivos ou de grupos, que servem para densevolver o sentimento social e ao mesmo tempo representam um meio muito eficaz para a formao do caracter; implicam naturalmente grande disciplina e sujeio s leis que regulam o jogo, e o reconhecimento dos prprios deveres e dos direitos dos outros na practica da actividade recreativas.

Os jogos de antagonismo, ou sejam aqueles que denandam competio ou luta para vencer e se impor aos demais, esto em harmonia com os seus instintos de combatividade e de afirmao pessoal, e manifestam-se pelo fim da meninice e durante a adolescncia, correspondendo s exigncias duma nova personalidade em boto. AS MENINAS SO MAIS SOSSEGADAS. Jogos intelectuais: so cronolgicamente a ultima manifestao da actividade recreativa: comeam na adolescncia e duram por toda vida. Consistem naqueles divertimentos que envolvem muita reflexo e raciocinio, como o dominio, as damas, o xadrez, etc. Frequentemente correspondem tambm particulares exigncias tipolgicas, quer dizer, so preferidos pelos caracteres calmos, reflexivos.

As meninas, em geral, so mais precoces do que os meninos em comear a brincar, mas tambm acabam primeiro; parece isto derivar do facto que a mulher fica mais cedo ocupada nas lidas caseiras.

A feio dos divertimentos das meninas no corresponde geralmente dos meninos da mesma idade; o periodo em que as meninas se aplicam aos divertimentos mais variados roda por volta dos 10 anos, ao passo que nos meninos esta orientao prevalece por volta dos 12 anos. As meninas so mais calmas nos seus brinquedos e mais orientadas para os jogos de imaginao ou do pouco movimento; os rapazes so mais dinmicos, gostam dos jogos de competio muscular e de grande movimento. Os jogos colectivos, com grande nmero de componentes, predominam entre os rapazes. Os jogos dos rapazes so mais pessoais e mais variados no contedo, ao passo que os das meninas so mais monotonos.JOVEM REVELA-SE NO JOGO O rapaz, no jogo, vive num clima de liberdade e de espontaneidade. Depois da atenuao ou afrouxamento da reflexo e da circunspeco torna-se como transparente, e revela-se ao olhar de que o observa aquilo que verdadeiramente: quer dizer reial ou mentiroso, activo ou indolente, capaz de iniciativas e dominador, ou incapz submisso, inteligente ou tardio, vivo e saudvel ou fraco adoentado. O menino que no brinca, ou est doente ou no tardar em estar. Se ele no pode correr e brincar fcilmente se tornar mau, grosseiro e em tempo at o seu prprio desenvolvimento fsico se h-de sentir. O jovem que, emcontrar-se impossibilitado de se expandir alegremente no jogo devido a errneos preconceitos de educao ou por ser prematuramente obrigado a trabahlar, no conhece a juventude. E isto muito triste.

O PRIMEIRO DIA DE AULA.

Com um ano, a criana aprende a estar de p; aos 4 anos aprende a linguagem articulada; aos 6 anos, comea a agir com inteligncia. E assim est pronta para a escola. Ei-lo ai: pela primeira vez um menino de 6 anos deixa a sua casa e se encaminha para a escola. como que um adeus infancia. Uma sombra de melancolia pesa na familia; j deu a hora pronta; a pasta j est pronta.

O pai com acenos sada da varanda, a irmzinha chora, a av enxuga uma lgrima; e o pequenito (pela mozinha da mam) sai da casa com um rosto fnebre. Atras dele fecham-se 6 anos de um maravilhoso, complexo, e por vezes tempestuoso densevolvimento. E as tempestades ainda no acabaram. O menino est para dar um novo salto para frente: talvez o salto mais decisivo de toda a sua juventude. Entra naquele estdio que os estudiosos chamam a primeira mudana de forma. At ali, a criana tinha mostrado uma constituio fisica particular: cabea robusta, fronte alta, crneo potente. O tronco era um bicho nico, sem depresses; o ventre grande e redondo. A coluna vertebral corria directa, e no apresentava qualquer flexo. Braos e pernas delicados, pequenos frgeis; mais rolios que musculados ou ricos de tendes. Os movimentos eram incontrolados; a criana girava e escorregava, mas na corrida no conseguia estacar de pronto nem quebrar um ngulo recto.

Entre os cinco e seis anos, a criana alonga-se: entra na puercia. Somem-se as gorduras; torna-se magra e musculosa; os flancos estreitam-se e os ombros alargam-se Enquanto a cabea e o tronco se conservam sensivelmente os mesmos, as pernas e os braos desenvolvem-se. As pernas tornam-se como depois ho-de ficar. Nem todos porm, tm um desenvolvimento harmnico; alguns meninos tm um crescimento tardio, e entra na idade escolar com as caractersticas da infncia. E quanto mais demorado for o atraso, tanto mais se lhe notaro, na idade adulta, os sinais caractersticos da infncia; basta pensar nos adultos com rosto Churchill.

Os pequenos de crescimento retardado precisam de mais tempo de maturao, diversamente partem desfavorecidos para o campo escolar. Mesmo que sejam inteligentes, ainda no esto capazes para os primeiros contactos da escola. Os professores elementares,nas ilhas Filipinas, usam um mtodo caracterstico para saber se a criana j esta madura: fazem-lhe levantar o brao direito acima da cabea; e depois observam se naquela posio ela consegue com a mo direita tocar a orelha esquerda. Se no conseguir, quer dize que ainda no est suficientemente desenvolvida. E neste caso mandam-na esperar mais um ano, antes de a admitirem na escola.

Biologicamente, quando uma criana enfrenta a escola, j no deve ser como avezinha implume que ainda precise do ninho. J deve poder tentar os primeiros vos.

ENSAIA NOVAS DIVERSES A criana desprende-se das saias da me. Quando, no primeiro dia de aulas e diante da turma de alunos, a mezinha quer ainda dar-lhe um beijo e mais um abrao afectuoso, o pequeno insofrido solta-se dela e irrompe entre os companheiros. O impulso prepotente. Mesmo que o pequeno no fosse escola naquela idade, por certo que tambm no continuaria a distrair-se nos mesmos brinquedos que antes; j no ficaria mais junto da janela da sua casa; mas antes, com novos companheiros, iria em procura de novos caminhos, de novos lugares, iria em procura de novas diverses. Este impulso para a expanso insubstituvel. E se ele faltar, quer dizer que alguma coisa no funciona bem. O psiclogo Wetterling fala em desarranjos no comportamento social, que logo desde o primeiro dia de aulas se notam em crianas frgeis. Wetterling cita o caso de um menino seu conhecido que tinha dotes de inteligncia superiores mediana; na aritmtica, por exemplo, estava trs anos antecipado sobre os seus coetneos. Sem que seus pais o ensinassem, tinha ele aprendido sozinho, aos cinco anos a multiplicar e a dividir. Diante dos adultos apresentava-se como um pequeno gnio. E contudo, no primeiro dia de aulas no havia quem conseguisse o apartar da mezinha, quem se agarrava angustiosamente; e mesmo algumas semanas depois, ainda rompia a chorar quando a me se afastava dele. Achava muito difcil entrar em contacto com os companheiros, porque ainda no tinha da quadra infantil.MELHOR AOS 6,5 ANOS OU AOS 7 O desenvolvimento fsico, espiritual e intelectual do jovem que freqenta a escola nos nossos dias, raramente sncrono. Os jovens crescem hoje mais desenvoltos do que antigamente, mas a vida moderna, com o seu tumulto de nervosismo, de excitaes ou estmulos, submerge-os psicologicamente. Para mais o pai e a me raramente dispem de tempo para acompanh-los. Em confronto com as geraes precedentes, a criana de seis anos no est altura de quanto se exige dela em matria escolar. Deveria comear as aulas aos seis anos e meio; melhor ainda, aos 7 anos.

O professor americano Arnaldo Gessell inventou uma engraada anedota para dar idia de quanto seja complicado e desarmonioso o desenvolvimento moderno da criana. Era uma vez um menino prodgio, (falo de alguns anos atrs conta gessell) com um par de culos de tartaruga, palmo e meio de altura, que a custo conseguia olhar com a sua cabecinha por cima da mesa. Chegou-se a ele uma senhora e perguntou-lhe: Quantos anos tens, meu pequeno? O menino tirou os culos, limpou-os cuidadosamente para ter tempo de reflectir, e depois disse:A minha idade psicolgica de 12 anos, minha senhora. A minha idade social de 8 anos. A minha idade moral de 10 anos. A minha idade anatmica chega apenas aos seis anos. Quanto data do meu nascimento, no estou bem informado, minha senhora; mas isso no tem importncia alguma.

FORMA IDIA DO TEMPO Nos povos primitivos a crianca, aos seis anos, j considerada pronta para o trabalho. Nos povos civilizados a crianca aos seis anos, passa do mundo dos brinquedos infantis para o mundo escolar da instruo. Mostra a sua pequena ambio em superar as primeiras dificuldades; j se pode ocupar em pequenas tarefas que aos 5 anos dificilmente poderia executar. Com um ano, tinha ele aprendido a manter-se de p; aos 4 anos tinha aprendido a linguagem articulada; aos 6 anos aprende a agir com inteligncia de um ser livre. E so estas as trs coisas que na terra o distinguem de qualquer outro animal.

Com a queda do primeiro dente molar, termina geralmente o crescimento material do crebro. Depois se desenvolve a inteligncia.

Os psiclogos j elencaram as coisas de capaz um menino de 6 anos. So varias. Ei-las:

1. Pode subir ou descer as escadas a correr, saltando os degraus, como um adulto;2. Pode aprender a repetir 5 ou 6 numeros diferentes, compor uma frase complexa e unica de 16 palavras, aprender de cor 5 penamentos diferentes; executar 3 ordens contemporaneamente,

3. Sabe distinguir a fantasia da realidade;

4. capaz de desenhar um losango ou rombo;

5. Pode distinguir por meio de comparaes estticas, as figuras bonitas das figuras feias;6. capaz (dizem os psicologos) de provocar retardos na sua vontade impulsiva. Quer dizer, capaz, por exemplo, de retardar no jogo, a sua prpria derrota. s criancas de diferente idade foram dadas tres ordens: pousa esta chave na cadeira. Abre a porta. Traz-me a garrafa que esta na mesa. A psicologa sua Gertrudes Strebel, que experimentou este teste, nota que nenhuma criana abaixo dos 3 anos foi capaz de executar estas ordens; 45% no quiseram experimentar; 30% esqueceram as ordens; as restantes executaram-nas s em parte. E pelo contrario, em crianas de 3-5 anos, nenhuma recusou, 75% executaram-nas perfeitamente. Com 4 anos, a criana capaz de formar uma certa idia do tempo. Continua a perguntar: hoje amanha? agora hoje? Aos 5 anos ainda no distingue entre ontem e amanha. Diz por exemplo: Amanha fizemos as malas, e ontem partiremos. Mas eis que, pouco antes de completar 6 anos, qualquer criana, improvisamente, se diverte a tornar claras algumas determinaes do tempo. Por exemplo, ser muito capaz de dizer: Depois de amanha, o amanha de amanha.AS PRIMEIRAS IDIAS ABSTRACTAS Aos 6 anos a criana comea a captar as idias abstractas. Encontra mais fceis, em primeiro lugar, os nomes conectivos. Em conhecendo o pardal, a pomba a melro, logo compreende que eles pertence a classe das aves. E tambm tira as suas consequncias lgicas. Uma senhora afirmava em casa do psiclogo Stern: Os recm nascidos no podem ouvir. Mas Ilda, uma pequenita de 6 anos, filha de Stern, retorquiu: No! No podem entender; mas ouvir isso o que podem.

Causa maravilhosa observar como rpido o desenvolvimento da criana entre os 5 e os 6 anos. At chega a pensar no seu prprio futuro.

Ainda poucos meses antes, a criana tratava os outros meninos como coisas, que podem deitar fora, picar ou ferir vontade. Esta fase a social coincide geralmente com os 2 anos e meio. Aos 4 anos o pequeno j brinca de boa vontade com outros meninos maiores de que ele, contando que no sejam to egosta como ele. Aos 6 anos comea a brincar com os seus cetneos. Mesmo que no fosse escola, brincaria da mesma forma com eles. E sujeita-se s regras do jogo, por mais rigorosas que elas sejam; compreende que, se as transgredir, o jogo fica interrompido.

UMA CURVA IMPORTANTE Na escola a criana faz mais uma descoberta, que ainda a impressiona mais do que a pontualidade, o dever e a ordem que lhe so impostos. Quer dizer, vem a descobrir que o mundo da sua fantasia choca violentamente com o mundo da realidade. At ali, ainda se no tinha acostumado a pensar de maneira concreta. Aprende-o nos bancos da escola. Um dia, na primeira classe elementar conta Wetterling, professor de pedagogia escrevi no quadro os nomes de Joo e de Rita; mas logo um pequeno me interrompeu para dizer que no estava bem: Joo era mais alto do que Rita, por isso devia-se escrever com letras maiores. Enquanto a criana no tiver compreendido que no deve medir todas coisas com o seu metro, sempre estas choques e estas incompreenses sero inevitveis.1. - O macaco um homem? perguntou uma pequenita de 6 anos sua me (conta a psicloga Carlota Bhler).

2. - No! respondeu a mam.

3. - Sim, mam, porque o macaco pode fazer tudo aquilo que fazem os homens.

4. - Mas no pode falar Observou-lhe a me.

5. - Mas pode aprender, no verdade?

- No.

- No sei porqu murmurou ento a menina, e acrescentou: - E contudo, o macaco um homem. Eis os obstculos que encontra uma criana de 6 anos. Resulta-lhe muito dificultoso entrar no mundo to diferente dos adultos. Esta nos explica a grande crise que a criana encontra aos 6anos. A inteligncia est desabrochando: o primeiro dia da aula.

ATENO S CRIANAS FALSAMENTE ATRASADAS Recordo o caso duma menina de 8 anos que h varios meses vinha sendo tratada com cido glutmico e extractos de tiroide, porque na escola tinha sido levianamente julgada como atrasada mental. A pequena era instvel, dormia mal, e tambm suportava mal as prprias curas. Na realidade, ela tinha at uma inteligncia muito viva, mas tendo mudado de residncia, ficar perturbada com a mudana de escola e com certas dificuldades de ortografia, relacionadas com uma insuficiente preparao bsica. Bastou que ela passasse para outra escola, que recuperasse com serenidade o tempo perdido e que abandonasse os tratamentos mdicos, para que logo a sua situao se tornasse normal. Estes falsos atrasos fazem correr o perigo de uma vida escolar completamente avariada. Muitas vezes so devidos aos prprios pais que, excessivamente preocupados com o bom xito dos seus filhos nos estudos, imaginam ou criam por si mesmos um mental que no existe.

Outras vezes trata-se de crianas a quem se quer fazer saltar um ano. Poderamos exemplificar com um menino de 5 anos e meio e que na 1classe elementar no se aplicava absolutamente nada, e que continuamente se levantava da carteira para molestar os companheiros. Normal sob todos outros aspectos, ele tinha freqentado um infantario no ano anterior, e a mestra tinha aconselhado que o no tirassem de la pelo menos ate aos 6 anos completos. O pai, porem exigia um inicio escolar brilhante e precoce, e estava mesmo resolvido, caso fosse preciso a recorrer a repeties e tratamentos calmantes. E tendo a criana voltado ao seu infantario, isto retrocedendo um passo, a perturbao desapareceu.

PAIS E MESTRES RESPONSVEIS Na memria dos casos as dificuldades escolares no procedem propriamente de deficincias mentais ou de alteraes patolgicas do caracter, que naturalmente seriam incompatveis com os estudos regulares. Falamos aqui de crianas normalmente dotadas, sadias, e que entretanto no conseguem adaptar-se convenientemente ao ambiente escolar. Pois bem, a dificuldade escolar o nico sintoma revelador de uma inadaptao que escapa a mesma criana porque a sua origem inconsciente. um conflito de tendncias que se no podem conjugar harmoniosamente nela, e que se respeitam essencialmente as suas relaes com a famlia. A mesma preocupao e ansiedade dos pais pelos resultados obtidos na escola explica muitas vezes certas inibies do aluno, por pouco emotivo ou sensvel que ele seja ao receio dessas notas. Outras vezes os resultados so suficientes, mas ainda no satisfazem o amor-prprio dos pais; estas exigncias, aliadas a falta de compreenso, provocam muitas vezes uma atitude de aposio ou desinteresse da parte da criana.

O pai facilmente excede nas advertncias, nos conselhos, nas censuras; mostrar-se- porventura demasiado rgido e autoritrio, sem qualquer toque de afecto; a me ser talvez muito exigente, muito ansiosa, superprotectora. Poderia, ainda, dar-se o caso contrario, em que eles se mostrassem indiferentes, ficando assim a criana sem os necessrios estmulos, e acabando tambm ela por se desinteressar dos seus deveres. Pode ser que, alm do ambiente familiar, tambm o ambiente escolar seja responsvel. Para certas crianas no fcil estabelecer relaes com os companheiros ,enquadrar-se na vida colectiva: so os tmidos, os inibidos, os filhos nicos animados em casa, que vo fazer na escola as primeiras experincias de vida social. Mais tarde surgem entre os companheiros de certas relaes individuais ou de grupos, donde naturalmente ficam excludos e separados os meninos passivos, infantis, ou os egocntricos impulsivos e rebeldes. Mas tambm nestes casos, as influencias familiares tm exercido muitas vezes uma aco desfavorvel. H professores que amam e compreendem as crianas, que estabelecem relaes com as famlias, e que por conseguinte alcanam efeitos claramente benficos no esprito dos alunos; mas tambm h outros que so indiferentes, que ignoram sistematicamente as dificuldades psicologicasdos pequenos. Estes podero invocar como justificao, a necessidade de disciplina e o elevado numero de crianas mas muitas vezes so escravos de preconceitos que os levam a ter apenas em conta o aspecto escolar da sua profisso, a autoridade, e no a psicologia.COMPREENDER AS CRIANAS Tanto os pais como os professores, explicam muitas vezes os insucessos escolares de meninos de inteligncia normal com estas duas razoes: a preguia, (no se aplica bastante), e a falta de vontade (poderia fazer mais). A preguia uma explicao superficial, demasiado simplista, e que encobre os verdadeiros motivos psicolgicos da inrcia escolar: falta de interesse, desordens na vida familiar, e tambm o fcil cansao, bastante freqente quando o crescimento muito rpido. Quanto a falta de vontade, uma terminologia prpria dos adultos, que pretendem identificar o seu trabalho com o das crianas, sem pensar que aquilo que assim qualificam a manifestao de qualquer incomodo na criana dentro da famlia ou da escola, incomodo, cujas razoes importa estudar e definir, antes de se falar em falta de vontade. Compreender: eis o principal trabalho dos pais. No basta criar os filhos, aliment-los, protege-los materialmente; todos os seres vivos, de qualquer espcie que sejam, fazem isto, mas tal no significa amar os filhos. A criana uma planta que no pode crescer sem amor, e amor, e amar uma pessoa significa desejar a afirmao da sua personalidade, conceder-lhe o pleno direito da humanidade, interessar-se e sentir-se responsvel pela sua vida. Pais sensatos so aqueles que renunciam de antemo a todo programa preestabelecido e absoluto daquilo que, segundo eles, a criana deveria fazer para indagarem, pelo contrario, aquilo que ele faz, e porque o faz. Por outro lado, se certo que a criana deve ser amada para receber uma sensao de segurana e para poder por sua vez amar depois os seus semelhantes, nem por isso se deve cair no erro de uma excessiva solicitude ou proteco, que mais poderia causar dano que proveito; corre-se o perigo de provocar inaptides e incapacidades para enfrentar e superar as situaes difceis que a vida reserva a todos.

A maior parte dos retardos e das dificuldades escolares no pede mudana de escola, mas antes colaborao da famlia. Neste caso, o que importa um bom auxilio da parte da famlia, para cobrir as lacunas no aproveitamento escolar e para viajar o trabalho realizado, auxilio este tanto mais precioso quanto mais for individual e exercido em clima de tranquilidade e confiana, ao invs do que sucede muitas vezes na escola. E se a prpria me for capaz de assumir este encargo, tanto melhor ainda. Nos casos de oposio, manifesta ou larvadas vida escolar, prefervel que se ocupa da criana uma pessoa estranha (naturalmente ao corrente da situao e pronta a colaborar); a me poder completar a aco dessa mesma pessoa, sem contudo figurar em primeiro plano. REMDIOS TEIS Tambm o medico pode ter naturalmente, a sua funo: ajudar os pais a compreender os filhos, indagar com pacincia as causas de qualquer perturbao emotiva, ou at, eventualmente, prescrever tratamentos verdadeiros e apropriados. Por exemplo, existem remdios teis para moderar a irrequietao de uma criana nervosa, psiquicamente instvel. So numerosos os sedativos de largo consumo, mas preciso notar que apenas tm um valor secundrio, coadjuvante, e que no se podem esperar grande xitos executivamente deles. Se a criana sofrer particularmente de insnia, poder-se a recorrer aos barbitricos de efeito leve, e no de ao prolongada como o vernal ou o luminal, que deixam uma sensao de torpor ao acordar. Tambm so ptimos os brometos,mas apenas como sedativos diurnos, e no para produzir o sono. Os tranqilizantes so indicados nos casos particulares em que haja ansiedade ou tenso emotiva. Para uso prolongado nas formas de nervosismo das crianas, antes se devem aconselhar os sedativos vegetais como a valeria, a camomila, a tlia etc.., em forma de ch ou infuso, duas vezes por dia, de manh e a noite, dada a sua absoluta inocuidade. COMPAIXO COM AS CRIANAS PREGUIOSAS Um professor da universidade de Paris, a quem um dia eu falava das diferenas mentais que se verificam entre os alunos, sobretudo em relao com os diversos graus do seu desenvolvimento e da necessidade que h de estudar tais diferenas, afirmou em tom que no admitia replica, que quando se trata de aulas e de estudo, se existem estas duas de aluno: os aplicados e os preguiosos. E embora eu procurasse demonstrar que afinal esta questo no era assim to simples e que se deviam estudar todos os casos com muita ateno, e observar por que motivo que um aluno no trabalha, ele repetia insistentemente num tom autoritrio e cobrindo a minha voz com a sua:

Na escola, os alunos ou so aplicados ou preguiosos, e no h meio termo!

Este episodio narrado argutamente por Alfredo binet, psiclogo francs.

E de facto, frequentemente se atira para as costas do aluno com a acusao de preguiosos sem todavia se fazerem os devidos esclarecimentos. QUEM SO OS PREGUIOSOS? Muitos educadores so levados a considerar como preguioso, ou segundo a gria escolar, como cabulas , aqueles alunos que no do bons resultados, embora tivessem capacidade para isso e na preguia apenas vem um defeito e uma culpa do aluno, a quem atribuem desleisco e ma vontade; geralmente, eles intervm sempre com medidas disciplinares depois de haverem tentando .sem xito alguns meio pedaggico de emenda.

Pelo contrario, os mdicos que se dedicam aos estudos pedaggicos e investigao dos problemas inerentes ao desenvolvimento psicofsico e a formao da criana, apenas vem na preguia uma manifestao de doenas orgnicas, e desta maneira consideram todos os alunos que se apresentam como preguiosos, outros tantos doentes sem culpa e portanto simples objecto dos cuidados mdicos. O doutor Gilberto robin, por exemplo, benemrito da medicina e da neuropsiquiatria pedaggica, comea um seu livro clssico sobre o problema da preguia escolar, com esta afirmao: o jovem nunca um preguioso! E portanto, todo o aluno preguioso se dever tratar e desculpar. certo que se do casos em que a actividade escolar como que fica bloqueada ou impedida por incmodos orgnicos; mas tambm se deve admitir que aparecem outros casos em que a preguia devida fraqueza de vontade, que se deixa arrastar por solicitaes instintivas, em lugar de realizar o esforo reclamado pelo dever. justamente por isso que os educadores, em tais casos, falam de m vontade e de verdadeira preguia, que o aluno responsvel e que tambm pode constituir culpa.O QUE A PREGUIA? A preguia a oposio voluntria a todo o trabalho intelectual ou material que tenha caracter de obrigao. O cumprimento do dever exige, portanto, um certo esforo que uma vontade fraca ou mal formada no quer prestar.

Segundo o doutor Gilberto Robin, seria preguioso aquele jovem que, sem ter uma constituio psicopatica ou uma doena, e que mesmo vivendo em apenas harmonia com o ambiente familiar, escolar, dispondo de uma inteligncia normal e sem qualquer motivo inibitrio, no quer atender seriamente ao trabalho esta preguia, de ndole moral, segundo Robin, deve considerar-se rara.

No jovem preguioso no encontramos um solido habito de trabalho por que foi transcurado dos pais e educadores, que o deixaram longamente inactivo sem o caminharem para nenhuma ocupao sem suscitarem nele qualquer sentimento de responsabilidade; ou ento porque, devido a umas frias muito longas ou ociosas, ele perdeu o habito do esforo ou da aplicao.A PREGUIA ANDAR LIGADA COM A EDUCAO?

Sim. Por vezes a preguia poder depender de o facto de o jovem ter sido educado com demasiada moleza: quer dizer, viveu sempre habituado a ser servido, mesmo nos servios escolares, ou foi demasiadamente auxiliado pelos pais que trabalhavam no lugar dele, ou teria a possibilidade de copiar pelos companheiros. E por conseguinte no se formou nele o habito da iniciativa, da aplicao realizada com esforo. Noutros casos, o jovem no ter sido devidamente ensinado a apreciar o valor do estudo e do trabalho. Tal inconveniente poder verificar-se quando em famlia, ou em ambiente em que o aluno vive, se troca dos estudos, a aco da escola, ou se lana o ridculo e a averso contra os mesmos professores.A PREGUICA CONTAGIOSA? Sim. A preguia at se explica frequentemente por uma espcie de contagio psquico, quer dizer suscitada pelo mau exemplo de outras pessoas, e sobretudo dos companheiros de trabalho. Taylor, no seu livro A organizao cientifica do trabalho narra este facto: num seu estabelecimento tinha ele estudado e controlado minuciosamente, com o cronmetro, na mo, todo o procedimento de um jovem operrio, de constituio fsica muito robusta. Observou quando de sua casa se dirigia ao emprego e quando regressava, o tal jovem caminhava muito rapidamente, com um passo de 6 a 7 km/hora, e at certas tardes,depois de um longo dia de trabalho, voltava quase de corrida; e pelo contrario, no estabelecimento era lentssimo nos seus movimentos, e as deslocaes que frequentemente deveria fazer de uma ou de outra parte, fazia-as num passo de cerca de 2 km/horas; se tinha de puxar uma carreta, caminhava muito vagarosamente, mesmo em plano, para reduzir o numero dos carretos, e depois na volta ainda ralentava mais o passo. A razo deste comportamento preguioso era o mau exemplo de indolncia dado pelo seu habitual companheiro de trabalho. OS DIVERTIMENTOS DEMASIADOS FAVORECEM A PREGUIA?Sim. Uma grande causa da preguia escolar do do desinteresse pelo estudo consiste na esccessiva freqncia daqueles divertimentos que tanto seduzem a juventude ordenar, como o cinema, a televiso e a leitura de folhetos ilustrados que se baseiam prevalentemente numa rpida sucesso de imagens, sem trabalho de pensamento e de reflexo. Tais diverses facilmente provocam a preguia e a repugnncia em face do esforo demandado por uma atividade seria de pensamento levando assim o uma forma de raciocnio tpica de superficialidade mental. O DESNIMO LEVA PREGUIA? Sim. Um jovem, ao ver que todos os dias, apesar do seu esforo e do seu trabalho, sempre tira

Ms notas na escola, ou se v esforado a fazer m figura diante dos colegas, pouco a pouco torna-se vitima do desalento, ganha averso e repugnncia pelo estudo e dedica-se abater, sobretudo se no achar algum conforto na compreenso da famlia e dos educadores. O desanimo arrasta-o para a inrcia, se no intervier o auxilio benvolo de uma pessoa que lhe mostre compresso e o anime oportunamente .

A criana dificilmente se deixa ovilta. O adolescente, pelo contrario, devido precisamente requintada sensibilidade da sua personalidade ainda jovem, incerta e dbil na sua afirmao frequentemente poder sentir a dolorosa opusso do aviltamento.

A PREGUIA SER DEVIDA A ANTIPATIA Sim. Podem se dar casos, sobretudo no ambiente escolar, em que a preguia anda ligada a qualquer fator afetivo. J se observaram rapazes que em certas matrias trabalhavam de ma vontade, eram desleixados e indolentes : era isto do viva antipatia que sentiam pelo professor , que no sabia compreende-los nem tinha estima ou confiana neles. O entusiasmo e o amor do trabalho, e do estudo, pelo menos at certa idade, facilmente so estimulados e alimentados no jovem pelo afecto que ele sente ao professor.

A PREGUIA SER UMA LENTIDO PSQUICA? No. No se deve confundir com a preguia aquela lentido psquica que se pode verificar em pequenos muito reflexivos. Essa lentido poder fazer com que o aluno fique um pouco atrs dos condiscpulos, sobretudo quando a exposio dos programas escolares procede em ritmo um tanto acelerado. H certos jovens que, no sendo capazes de um esforo inicial bastante intenso, se sentem depois como submergidos e oprimidos pelo trabalho. Segundo Binet, um grave erro considerar apenas a vivacidade e a prontido do esprito que tm a sua repercusso na diferente eficincia da actividade do individuo. tpica a aco das adenides, que torna mais difcil o esforo intelectual, a tenso baixa, o ouvido menos capaz alm de causar notvel dificuldade na respirao. Tambm certas perturbaes nas glndulas endcrinas podem levar a um estado de apatia. Temos um exemplo em certas formas leves de hipotiroidismo (os hipotiroides so crianas pequenas, gorduchas, com uma fcies caracterstica, as quais apresentam sempre como entorpecidas e indolentes; a apatia que nelas se observa devida ao ralentamento das funes vitais, em consequncia do deficiente funcionamento da tiride). A insuficincia das glndulas supra-renais, mesmo quando no se manifesta com os sintomas visveis e caracteristicos da colorao bronzeada da pele e dores variadas, enfraquece a criana, que se apresenta indolente e incapaz de tudo que esforo; temos ento um aluno astenico, ou seja, privado de energia. At os incmodos da vista e os do ouvido, que facilmente motivam o cansao, devido ao maior esforo empregado, podem tornar o aluno aptico e pouco amante do estudo.

O doutor Boganelli teve a oportunidade de estudar um caso: um pequeno, dotado de boa inteligncia e de boa sade, frequentava a 3 classe elementar. No faz progressos, e censurado porque, quando muito, faz mal os seus deveres, e tira pouco proveito da escola. Mas de nada servem as censuras e bons conselhos; na aula est distrado, e em casa perde tempo em pequenos divertimentos. O medico, chamado casualmente a tratar a criana devido a um pequeno incomodo de sade, observa que o seu olhar no normal e prescreve-lhe um exame da vista. Veio-se a verificar que aquele presumido preguioso era um mope; e o incomodo da vista, alem de lhe tornar o trabalho mais custoso, impedia-lhe muitas vezes de acompanhar as lies e sobretudo as explicaes dadas no quadro.

A ALIMENTAO INFLUI NA PREGUIA?

Sim. A demasiada quantidade de alimentao devido a gula e a voracidade, provocam um grande torpor mental, seja porque o estmago sempre cheio e sobrecarregado impede toda fora de agilidade fsica e psquica, seja tambm porque o organismo facilmente se v a encontrar num estado de prolongada intoxicao, uma vez que as vsceras da digesto, os rins e o fgado, no conseguem desempenhar completamente as suas funes de eliminao e desintoxicao. O mesmo tipo de torpor mental e de indolncia tambm produzido pelo factor contrario, ou seja pela falta de alimentao, ou pela qualidade fraca e pouco nutriente das substncias alimentares.

O ADOLESCENTE PREGUIOSO?

As crises do desenvolvimento podem motivar temporariamente um estado de indolncia ou de preguia no mondo adolescente. Este fenmeno observa-se particularmente durante o perodo da puberdade, em que se do profundas perturbaes orgnicas.

QUE REMDIOS SE H-DE USAR COM OS PREGUIOSOS? Para com todos os rapazes preguiosos, e talvez mesmo para com os adultos preguiosos, sempre se deve usar bondade, que feita de compreenso e de amor. OS ADOLESCENTES SO TMIDOS? Germana, doente de escrofulose e aleijada de um brao, tinha ficado rf de me. A madrasta no queria v-la em casa em campainha dos prprios filio. A pequena, muita tmida, vagueava todo o dia atrs do rebanho, e noite, tendo encerrando as o velhas no curral, deitava-se junto delas sobre um feixe de lenha, e adormecia.

Em compensao, germana oferecia o exemplo de uma suave bondade e de uma pureza cristalina. E assim, atrs do rebanho, bem depressa corriam para ela outros rebanhos de crianas.

Certa manha, nem apostara nem o gado se viam sair do curral hora do costume. Argem forou a porta, donde logo romperam balindo ondas e ondas de ovelhas. Mas do curral, deitada por terra, a doce pastorinha, muito tmida e escrofulosa, tinha adormecido na paz do senhor. A timidez de germana Cousim, tinha lhe servido de trampolim no vo para bondade.

Goethe, quando adolescente, Hesitava em atravessar uma. Rua anoto Le France escreveu de si mesmo: eu tinha sido um rapaz muito inteligente, mas por volta dos 17 anos tornei-me estpido. A minha timidez era tal, que no podia saudar nem assentar-me em companhia de algum, sem sentir a fronte banhada em suor.

A TIMIDEZ FALTA DE CONFIANA Dos 14 anos aos 18, a timidez de regra: apenas revela uma vontade em vias de formao.

A timidez, fenmeno depressivo de todas as energias de individuo, uma forma de temor; no se deve porem confundir nem com o medo, nem com o temo, sensaes to frequentes nos alunos em exames, e que so modos de ansiedades mais ou menos acentuadas, e suscitadas por perigos iminentes. A timidez; consiste no temor do juzo e da apreciao de outrem: o tmido tem medo dos homens e procura evit-los porque receia no se encontrar altura da sua posio; h portanto, falta de confiana em si mesmo, e falta de confiana nos outros. Este estado de animo anda acompanhado de uma forte sensibilidade e emotividade; basta um tudo-nada para o tmido se perturbar e corar, ao ver-se em presena de uma pessoa desconhecida com quem no tenha confiana. Julgando ser objecto de observao e considerao de outrem sente-se inquieto, mostra-se atrapalhado e ainda menos inteligente do que na realidade; perde o controlo e o domnio dos prprios actos, arde em rubor, tem movimento desconexos, desordenados; fica taciturno, sem ser capaz de dizer uma palavra, agita-se para fazer coisas inteis, tambm porque acha a merc de uma forte presso emotiva. Esta sensao de mal-estar leva-o a cortar pouco a pouco com todas as relaes sociais, a afastar-se, a viver em si mesmo.

A CRIANA NO TMIDA Nos primeiros anos de vida, no se pode falar de uma verdadeira timidez; na criana h medo; quer dizer, a criana perturba-se com tudo aquilo que se lhe apresenta de estranho; aproximando-se um forasteiro, a criana cala, esconde-se e procura refugiar-se no regao materno; s vezes chora. Depois, esta forma de medo desaparece. A criana desde os seis at cerca dos dez anos, ordinariamente bastante desenvolta e segura de si mesma. O fenomeno de uma verdadeira timidez revela-se especialmente na adolescncia, isto , no perodo de vida que decorre desde os 10-12 anos at aos 16-18 anos aproximadamente; a fase em que se efectua o segundo nascimento: o jovem organismo sofre profundas transformaes, atravs das quais amadurece o adulto; um complexo e vasto dinamismo psquico irrompe e freme no intimo do adolescente. o perodo das crises e do desequilbrio, no s do organismo e do animo juvenil, mas tambm do seu comportamento. Todos os adolescentes apresentam uma timidez caracterstica, sobre tudo nas novas relaes sociais que devem contrair; alguns estudiosos definem mesmo a timidez como fenomeno prprio deste perodo de vida, tanto assim que os adultos tmidos so considerados como indivduos cujo desenvolvimento se atrasou na quadra da adolescncia.O ADOLESCENTE REFUGIA-SE NO SONHO A vida social abre-se diante do jovem no perodo da adolescncia; mas o tmido no ousa enfrentar os outros homens, nem travar com eles todas as relaes de convivncia; sente-se por isso inadaptado ao ambiente que o rodeia, e no consegue amoldar-se ele; e assim isola-se, afasta-se da sociedade. Para evitar a sensao de mal-estar que experimenta refugia-se ento na sua imaginao e procura, fantasiando,viver aquela vida que no consegue construir na realidade. Vive sonhando ou seja construindo na sua fantasia projectos e castelos quimricos. No vive como os outros jovens, antes se afasta deles e raramente contrai verdadeiras amizades com os colegas. Gosta de viver sozinho, tornando-se ento um tanto misantropo, todo imerso e encantado nas suas