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Farmácia Castro Carneiro Jorge Manuel Pires Neri

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Farmácia Castro Carneiro

Jorge Manuel Pires Neri

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página II

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Castro Carneiro

6 de Janeiro de 2015 a 16 de Maio 2015

Jorge Manuel Pires Neri

Orientador: Dra. Maria Armanda Castro Carneiro

Tutor: Prof. Doutora Helena Vasconcelos

Setembro de 2015

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página III

Declaração de Integridade

Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, nº

__________, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de

Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter actuado com absoluta integridade na

elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (acto pelo qual um indivíduo, mesmo

por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele).

Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros

autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado

a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de

______

Assinatura: ______________________________________

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página IV

Agradecimentos

Os quatro meses de estágio que me foram propostos e que realizei com o maior

gosto não podiam ter sido um sucesso sem a ajuda e a colaboração de diversas pessoas.

A elas deixo agora o meu agradecimento:

Em primeiro lugar, à Dra. Maria Armanda, minha orientadora de estágio, pela

simpatia e forma como me recebeu e a oportunidade que me proporcionou, que sem dúvida

foi marcante e será uma mais-valia para o meu futuro. Agradeço também toda a confiança

depositada no meu trabalho assim como os incentivos que me deu durante estes quatro

mêses.

À Dra. Raquel Conceição por todos os conhecimentos transmitidos e saberes

partilhados. Agradeço também o laço de amizade que se criou e a disponibilidade

apresentada para clarificar todas as dúvidas que me apareceram ao longo do estágio.

A todos os profissionais da Farmácia Castro Carneiro, nomeadamente, o Rui, o

Paulo, a Carla, o Miguel, o Nuno, a Bárbara, o Sérgio, a Sílvia, o Filipe e a Dona Alice por

todos os momentos partilhados, conhecimentos transmitidos e carácter pessoais e

profissionais únicos. Estes vão de certeza perdurar e serão fundamentais para a minha

vida profissional.

À minha colega de estágio Ana Paula Mota, por ter sido insuperável, uma grande

companheira e uma ainda maior amiga, sempre disposta a ajudar e a colaborar. Os

ensinamentos e palavras foram únicos.

Aos professores e funcionários da Faculdade de Farmácia da Universidade do

Porto agradeço todos os momentos partilhados e conhecimentos que certamente serão

fundamentais.

Aos meus amigos, um enorme obrigado por terem tornado estes incríveis cinco

anos. Os momentos inesquecíveis, pessoas inconfundíveis e as palavras sentidas

certamente irão perdurar.

À minha Tia e Madrinha, por ser como uma segunda mãe estar sempre disponível

independentemente da situação.

Ao meu irmão por ser um autêntico “companheiro de guerra” durante estes 20 anos

em partilha. O meu amigo e companheiro de sempre.

À minha namorada, Sara, por ter sido um pilar de segurança, um autêntico porto-

seguro da minha vida e que sem ela, hoje, certamente não seria metade da pessoa que

hoje sou. Agradeço o amor, carinho e amizade que nunca deixaram que faltasse e todos

os conselhos e momentos vividos.

À minha Mãe pelo amor e carinho com que me criou, os sacrifícios que passou e a

oportunidade que me proporcionou. Ao meu pai, que partiu cedo demais, mas com certeza

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página V

estará em algum lado a olhar por mim. Sem hesitação alguma, dedico esta conclusão de

etapa da vida a eles, pois não poderia ser de outra forma.

“O sonho pertence àqueles que mais acreditam nele, e durante mais tempo.”

A todos vós, um sincero Muito Obrigado!

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página VI

Resumo

O Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas sustenta um ensinamento

teórico e prático no âmbito laboratorial durante quatro anos e meio. Como etapa final é

proporcionado aos alunos uma experiencia profissional na unidade curricular de Estágio.

Este contacto com a realidade laboral vem completar a teoria até então adquirida e

cimentar a formação académica do estudante, preparando-o para o futuro. Durante o

período de estágio, o estudante deve aprender a rentabilizar o conteúdo teórico que

adquiriu e tentar aplicá-lo junto das populações.

Este relatório surge, agora, após quatro meses de estágio curricular na Farmácia

Castro Carneiro, sendo dividido em duas partes: A – onde está caracterizada a farmácia

em si e os seus processos laborais; B – espaço para o desenvolvimento das iniciativas na

mesma. Neste relatório é dado ênfase às doenças cérebro-cardiovasculares, uma vez que

se trata de um tema muito delicado e comum na nossa sociedade, é fundamental o alerta

e sensibilização da população para o mesmo. Não obstante, é feita ainda referência à onda

emergente de medicamentos que tem sido responsável, muitas vezes, por situações de

risco e perigo, sendo fundamental para os profissionais de uma farmácia alertar para os

riscos e perigos da mesma. E como o perfil do farmacêutico deve pautar-se por estudar a

farmacoterapia específica dos doentes, por fim, neste relatório, é apresentado um curto e

simples caso de estudo entre os diversos casos que suscitaram durante estes quatro

meses.

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página VII

Índice

Declaração de Integridade ............................................................................................ III

Agradecimentos ............................................................................................................. IV

Resumo .......................................................................................................................... VI

Índice ............................................................................................................................. VII

Índice de Tabelas ........................................................................................................... IX

Lista de Abreviaturas ..................................................................................................... X

Introdução ....................................................................................................................... 1

1. Parte A - Farmácia Castro Carneiro ....................................................................... 1

1.1 Localização Geográfica e enquadramento Socioeconómico .................................. 1

1.2 Horário do funcionamento ...................................................................................... 2

1.3 Recursos Humanos ................................................................................................ 2

1.4 Espaço exterior e interior ........................................................................................ 2

1.2.1 Espaço exterior ................................................................................................. 2

1.2.2 Espaço Interior .................................................................................................. 3

2. Gestão e administração da Farmácia ........................................................................ 5

2.1 Encomendas .......................................................................................................... 6

2.1.1 Fornecedores e realização das encomendas .................................................... 6

2.1.2 Receção e Conferência de encomendas ........................................................... 6

2.2 Devoluções ............................................................................................................ 8

2.3 Armazenamento ..................................................................................................... 9

2.4 Controlo dos prazos de validade ............................................................................ 9

2.5 Informação ........................................................................................................... 10

3. Dispensa de produtos .............................................................................................. 10

3.1 Dispensa de Medicamentos ................................................................................. 10

3.1.1 Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ....................................................... 10

3.1.2 Compra, Armazenamento e Dispensa de Estupefacientes e Psicotrópicos ..... 14

3.1.3 Receituário ...................................................................................................... 15

3.2 Medicamentos Não sujeitos a Receita Médica ..................................................... 15

3.4 Outros produtos de saúde .................................................................................... 16

3.4.1 Medicamentos de uso veterinário .................................................................... 16

3.4.2 Medicamentos manipulados ............................................................................ 16

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página VIII

4 . Serviços farmacêuticos disponíveis ...................................................................... 17

4.1 Determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos .................................... 17

4.2 Consulta de Nutrição .......................................................................................... 18

4.3. ValorMED e recolha de radiografias .................................................................. 18

4.4. Prospeção de serviços ...................................................................................... 18

5. A importância do relacionamento com colegas, utentes e outros profissionais . 19

6. Marketing e Publicidade ........................................................................................... 19

7. Outras atividades ...................................................................................................... 20

Parte B - Casos de Estudo ........................................................................................... 21

1. Campanha de sensibilização sobre as Doenças Cérebro-cardiovasculares:

Hipertensão, Acidente Vascular Cerebral e Enfarte do Miocárdio. ........................... 21

1.1 Objetivos .............................................................................................................. 21

1.2 Introdução ............................................................................................................ 21

1.3 Epidemiologia geral .............................................................................................. 22

1.4 Fatores de risco e prevenção ............................................................................... 22

1.4.1 Fatores de risco não modificáveis: Idade, género e história familiar ................ 23

1.4.2 Obesidade....................................................................................................... 23

1.4.3 Hipertensão ..................................................................................................... 24

1.4.4 Inatividade física ............................................................................................. 24

1.4.5 Diabetes Mellitus ............................................................................................. 25

1.4.5 Lípidos ............................................................................................................ 25

1.4.6 Fatores inflamatórios e Trombóticos ............................................................... 26

1.4.6 Tabaco e álcool ............................................................................................... 26

1.4.7 Dieta ............................................................................................................... 27

1.5 Hipertensão .......................................................................................................... 27

1.5.1 Pressão arterial: fisiologia ............................................................................... 28

1.5.2 Alterações fisiopatológicas .............................................................................. 28

1.5.3 Tipos de hipertensão ....................................................................................... 30

1.5.4 Avaliação e Classificação ................................................................................ 30

1.5.5 Diagnóstico ..................................................................................................... 30

1.5.6 Tratamento farmacológico ............................................................................... 31

1.5.7 Tratamento não farmacológico e Aconselhamento Farmacêutico ................... 32

1.6 Aterosclerose no AVC e no Enfarte agudo do Miocárdio ..................................... 33

1.7 Acidente Vascular Cerebral ................................................................................. 34

1.7.1 Fisiopatologia .................................................................................................. 34

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página IX

1.7.2 Sintomas ......................................................................................................... 34

1.7.3 Diagnóstico ..................................................................................................... 35

1.7.4 Tratamento Farmacológico ............................................................................. 35

1.7.5 Tratamento Não Farmacológico e Aconselhamento Farmacêutico ................. 36

1.8 Enfarte Agudo do Miocárdio ................................................................................. 37

1.8.1 Fisiopatologia .................................................................................................. 38

1.8.2 Sintomas ......................................................................................................... 38

1.8.3 Classificação ................................................................................................... 38

1.8.4 Biomarcadores ................................................................................................ 39

1.8.5 Diagnóstico ..................................................................................................... 40

1.8.6 Tratamento Farmacológico ............................................................................. 40

1.8.7 Tratamento Não Farmacológico e Aconselhamento Farmacêutico ................. 41

Caso 2 – Riscos da automedicação ............................................................................ 42

2.1 Definição .............................................................................................................. 42

2.2.Objetivo ................................................................................................................ 43

2.3 Automedicação como mecanismo social .............................................................. 43

2.4 Farmacoeconomia ................................................................................................ 44

2.5 Riscos da automedicação e o Farmacêutico ........................................................ 44

2.6 Emergência .......................................................................................................... 45

Caso clínico “Sintomas de hipotiroidismo?” ............................................................. 45

Considerações finais .................................................................................................... 46

Bibliografia .................................................................................................................... 47

Anexos........................................................................................................................... 58

Índice de Tabelas

Tabela 1 Calendarização das atividades desenvolvidas na farmácia comunitária ............. 1

Tabela 2 Classificação dos tipos de hipertensão ............................................................ 30

Tabela 3 Redução da pressão arterial obtida em diferentes atitudes .............................. 32

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Lista de Abreviaturas

ANF - Associação Nacional das Farmácias

ATI - Angiotensina I

ATII - Angiotensina II

AVC - Acidente Vascular Cerebral

BPFC- Boas Práticas para Farmácia Comunitária

BRA - Bloqueador do Recetor de angiotensina

CCF - Centro de Conferência de Faturas

CNP - Código Nacional Português

DCCV - Doenças Cérebro-Cardiovasculares

DCI - Denominação Comum Internacional

DL - Decreto-lei

ECA - Enzima conversora de angiotensina

FCC - Farmácia Castro Carneiro

HDLc - High density Lipoprotein Cholesterol

IECA - Inibidor da enzima conversora de angiotensina.

IRS - Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares

IVA - Imposto de valor acrescentado

LDLc - Low density Lipoprotein Cholesterol

MIF - Medida da Independência Funcional

MM - Medicamento manipulado

MNSRM - Medicamento não sujeito a receita médica

MSRM - Medicamento sujeito a receita médica

Nº - Número

PVF - Preço de venda à farmácia

PVP - Preço de venda ao público

RM - Receita Médica

SNS - Sistema Nacional de Saúde

TnC - Troponina C

TnI - Troponina I

TnT -Troponina T

ValorMED - Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens e Medicamentos

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página 1

Atividades desenvolvidas no Estágio Curricular

Introdução

O estágio curricular do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas institui-se

como o primeiro contacto com a realidade profissional, tornando-se assim uma peça única

e fundamental no desenvolvimento dos jovens farmacêuticos. Para além do mais, o que

até agora estava limitado à teoria dos livros e das aulas pode, finalmente, ser aplicado num

contexto prático e social, acrescentando-se a esta a responsabilidade das ações pelo

estudante praticadas o que permite um crescimento íntegro como farmacêutico.

A necessidade da farmacovigilância e dos cuidados farmacêuticos permitem que a

farmácia desempenhe um papel essencial junto das populações. Por vezes o acesso aos

serviços de saúde primários torna-se complicado, pelos mais diversos motivos, e por isso

a atenção das populações fica voltada para a farmácia à porta de casa. De facto, e citando

o guia de Boas Práticas para a Farmácia Comunitária (BPFC): “Grandes alterações no

enquadramento legislativo da farmácia ocorreram recentemente em Portugal. Contudo a

farmácia continua a ser, claramente, considerada como um estabelecimento de saúde e

de interesse público que deve assegurar a continuidade dos cuidados prestados aos

doentes.”

As atividades realizadas durante o meu estágio estão sumarizadas na Tabela 1:

Tabela 1 Calendarização das atividades desenvolvidas na farmácia comunitária

1. Parte A - Farmácia Castro Carneiro

1.1 Localização Geográfica e enquadramento Socioeconómico

A Farmácia Castro Carneiro localiza-se, desde o dia 30 de Outubro de 2004, na

Avenida dos Descobrimentos, nº 459, Vila Nova de Gaia, loja 1 no centro comercial

“GaiaShopping”, porém, a sua existência data de 1973 na Rua Padre Cruz no centro da

cidade do Porto.

Devido à sua localização, a farmácia presta serviço a uma população muito

heterogénea sendo a sua maioria ser população idosa. Estando no interior de um grande

espaço comercial seria de esperar uma rotatividade significativa nos clientes, porém, a

Armazém e encomendas

Conferência de Receituário

Controlo prazo de validades

Atendimento ao público Manipulados

Determinação de parâmetros bioquímicos

Caso 1 – Campanha de sensibilização para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares

Caso 2 – Auto medicação

Janeiro

Fevereiro

Março

Abril

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página 2

verdade é que isso não acontece e a FCC apresenta um grupo de clientes, muitos deles

idosos, permitindo um acompanhamento farmacoterapêutico de maior qualidade e uma

avaliação da sua saúde de uma forma mais eficaz, o que por sua vez permite que a própria

equipa de profissionais criar laços de intimidade essenciais com estes clientes assíduos,

contribuindo para a fidelização dos mesmos. A FCC acaba por disponibilizar os seus

serviços a um outro leque de clientes/utentes com perfis sociais e económicos muito

variados, tornando-se um desafio diário e uma mais-valia à equipa profissional da mesa,

assegurando-se assim uma diversidade de experiências e situações que contribuem em

muito para a melhoria do atendimento e aconselhamento farmacêutico.

1.2 Horário do funcionamento

A FCC tem um horário em consenso com o centro comercial onde está inserida, e

assim sendo: De segunda-feira a Sábado: 9h as 23h. Aos Domingos: 9h as 20h. Durante

o ano apenas tem três dias de encerramento: o dia 1 de janeiro (Dia de Ano Novo),

Domingo de Páscoa e dia 25 de dezembro (Dia de Natal).

De 20 em 20 dias a FCC realiza um serviço noturno estando aberta em regime

permanente, realizando o seu serviço não no espaço comum dos restantes dias mas no

Postigo de Atendimento. (Anexo I)

1.3 Recursos Humanos

Para o bom funcionamento de qualquer atividade profissional é fundamental uma

equipa coordenada e adequadas às necessidades da mesma. Segundo o decreto-lei (DL)

nº 307/2007 de 31 de agosto, os recursos humanos de uma farmácia podem ser compostos

por dois quadros: o quadro farmacêutico, composto pela Drª Maria Armanda, como Diretora

Técnica e a Drª Raquel Conceição como Farmacêutica Adjunta e o quadro não

farmacêutico: distribuído por técnicos de diagnóstico e terapêutica (Filipe Carneiro, Rui

Pinto, Paulo Silva e Carla Cabral) e Técnico Auxiliar de Ação Farmacêutico (Nuno Cunha,

Sérgio Borges e Sílvia Antunes). A FCC conta ainda com o trabalho de José Miguel Silva,

tendo a seu cargo a gestão e contabilidade diárias e uma auxiliar de limpeza, Alice Peito.

Bárbara Baldaia, esteticista, colaborou até finais de abril [1], [2].

1.4 Espaço exterior e interior

No que diz respeito ao aspeto da FCC, esta respeita as orientações escritas no guia

de Boas Práticas de Farmácia Comunitária, assim como o que é descrito no DL nº 307/2007

de 31 de agosto onde são regulamentados os espaços da farmácia comunitária [2].

1.2.1 Espaço exterior

Exteriormente a FCC apresenta um aspeto moderno e profissional e que foge um

pouco ao costume das farmácias convencionais, uma vez que estando inserido no interior

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página 3

de uma grande superfície comercial tem de respeitar igualmente as normas desse mesmo

espaço. No exterior, encontram-se de forma visível as informações revelantes, necessárias

aos utilizadores da farmácia e exigidas pela lei: Horário de atendimento, identificação do

diretor técnico e uma lista de farmácias de serviço que tem de ser atualizada diariamente

[1]. Apresenta duas grandes montras que permitem a visualização do interior do espaço

de atendimento e que são alteradas consoante as necessidades (Anexo I).

As boas práticas de farmácia comunitária, assim como o DL 307/2007, de 31 de

agosto salvaguardam ainda a necessidade de bons acessos a todos os seus utilizadores,

e estando a FCC num centro comercial não existem quaisquer problemas no que diz

respeito a estacionamento ou acesso para indivíduos com deficiências motoras [2].

1.2.2 Espaço Interior

O espaço interior da FCC está homologado com todas as valências descritas nas

Boas Práticas de Farmácia Comunitária, e aprovadas pela Deliberação n.º 1502/2014, de

3 de julho, que predispõe a existência de uma série de compartimentos divisórios desde

área total mínima de 95 m2, sala de atendimento, laboratório, armazém, instalações

sanitárias e gabinete de atendimento ao público [3], [4].

Estando divido por dois pisos, o espaço da FCC engloba diversos locais de trabalho

que se inter-relacionam. O piso 0 abrange a área de atendimento ao público contando com

6 balcões de atendimento, dois gabinetes: um gabinete de apoio ao utente e outro de Boas

Práticas. Ainda no piso 0 encontra-se a antecâmara de receção das encomendas durante

o dia com uma porta para o exterior. Por fim no piso 0 fica ainda o Laboratório onde são

elaborados os medicamentos manipulados e uma casa de banho e uma saleta de arrumos.

No piso 1 encontra-se a área de conferência de encomendas, assim como o local

de aprovisionamento que está equipado com um robot. Ainda no piso 1 existe o escritório,

copa (cozinha), área de descanso com a segunda casa de banho e a área de vestiários

[1], [2].

1.2.2.1 Área de atendimento ao público

É nesta área que por excelência se pratica o ato farmacêutico. É o local de contato

e comunicação com o doente sendo portanto fundamental no papel da farmácia. A FCC

apresenta a sua área de atendimento como um espaço calmo, atraente, bem iluminado e

ventilado, profissional e muito convidativo. Todas as características asseguram uma

adequada comunicação entre os profissionais de saúde da farmácia e os utentes.

Esta área está equipada com 6 balcões encontrando-se separados em três grupos:

1 e 2 do lado esquerdo, o 3 no centro e o 4, 5 e 6 no lado direito. Cada balcão apresenta o

leitor de código de barras e um computador acoplado ao sistema informático (SI) da

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página 4

farmácia, assim como uma impressora de receitas e talões (Anexo I). A existência desta

separação física permite um atendimento mais isolado e privado [1].

1.2.2.2 Gabinetes de atendimento personalizado

Como já anteriormente foi referido, os gabinetes de atendimento personalizado

estão presentes nas farmácias portuguesas. A FCC proporciona aos utentes dois

gabinetes com estas características. Estão identificados pelas sinalizações nas portas de

ambas divisões. Estes gabinetes não têm as mesmas funções. O gabinete de boas práticas

está devidamente equipado com um computador, acoplado ao SI da farmácia. Está

igualmente equipado com material necessário para a medição da glicemia,

colesterolinémia e triglicerídeos. Por outro lado, o gabinete de atendimento ao utente,

surge como um espaço usado para outro tipo de fins, para além de poder ser feito o

aconselhamento privado tal como no gabinete de boas práticas aqui não é possível realizar

testes bioquímicos, porém é usado para serviços de Estética. Em situações esporádicas é

usado também para ações de formação e reuniões com delegados de informação médica.

1.2.2.3 Zona de receção e zona de conferência de encomendas

A zona de receção de encomendas encontra-se no piso 0 e tem uma porta de

acesso ao exterior do edifício por onde se faz a entrada das mesmas. A política de gestão

do “GaiaShopping” impede passagem de mercadorias pela zona interna ou pela frente das

lojas, assim é essencial que haja uma abertura para o exterior do edifício para permitir a

receção das encomendas durante o dia. Esta zona dispõe de um elevador para facilitar o

transporte desde a zona de receção até a zona da conferência das encomendas no

segundo piso. Esta última dispõe de dois computadores que estão integrados no sistema

informático da FCC.

1.2.2.4 Laboratório

Estando inserido no piso 0, o laboratório da FCC serve de apoio para a manipulação

de medicamentos, armazenamento de matérias-primas, do material necessário para as

preparações e também de uma balança analítica. Apresenta igualmente uma bancada de

trabalho no qual são feitas as manipulações em causa e de um misturador automático com

diversas velocidades, usado para o processo de homogeneização das preparações semi-

sólidas. Está também equipado com um computador integrado no SI da mesma. Neste

espaço estão também armazenadas as fichas de preparação usadas, assim como o

formulário galénico português e a Farmacopeia Portuguesa IX.

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página 5

2. Gestão e administração da Farmácia

A gestão e administração de uma farmácia é um tema que cada vez mais tem vindo

a ser posto em causa nas mais diversas farmácias espalhadas pelo nosso país. Uma boa

farmácia torna-se o espelho de uma boa gestão, tornando as decisões desta vertente

fundamentais para a sobrevivência ou para o sucesso da mesma. A Drª Raquel Conceição

e Filipe Carneiro são os profissionais responsáveis pela gestão dos stocks da FCC,

delineando os stocks máximos mínimos consoante a época sazonal, elaborando

encomendas e identificando potenciais negócios favoráveis a mesma e mínimos consoante

a época sazonal.

As farmácias hoje em dia optam por estratégias de contenção e em muitas é dada

preferência às reservas do cliente, deixando de parte o stock mínimo de sobrevivência. Os

casos de rotura de stock no mercado nacional, são comuns e podem, em situações

terminadas situa comprometer a venda. Muitas vezes a inviabilização da dispensa de um

medicamento pode prejudicar gravemente a farmácia, impedindo que por exemplo uma

receita seja aviada e por outro lado o cliente fica por vezes insatisfeito. Precisamente neste

âmbito cada vez mais é fundamental que a farmácia disponha de ferramentas avançadas

para permitir o controlo e gestão dos produtos, garantindo assim que os casos de rotura

ocorram o mais esporadicamente possível. Um dos exemplos destas ferramentas trata-se

do sistema informático, que no caso da FCC é o PHC Advance® da Logitools®. Neste

sistema encontra-se integrado tudo o que abrange a farmácia, desde a conferência de

encomendas até à dispensa do medicamento. Este software está integrado com o próprio

sistema de armazenamento robótico da FCC. Apesar de tudo, este sistema é bastante

intuitivo, e como tal em poucos dias, consegui facilmente perceber a dinâmica do mesmo,

o que me permitiu encaixar no ritmo de trabalho da FCC mais rapidamente. No sistema

informático é também delineado o plano de aquisição de produtos (Anexo II). O historial

comercial dos mesmos fica registado, podendo ser consultado em qualquer computador

da FCC. Cada profissional dispõe de um utilizador e de uma senha pessoal para o acesso

ao sistema informático, porém existem certas funções que são exclusivas do farmacêutico

e outras que apenas certos profissionais dentro da FCC podem realizar. Durante o meu

estágio utilizei o software descrito todos os dias desde a conferência de encomendas até

ao atendimento ao público.

A gestão da equipa profissional também é fulcral para o bom funcionamento da

farmácia. Os horários são feitos por turnos e os profissionais trabalham de forma

intercalada garantindo a funcionalidade da farmácia em todas as suas horas de abertura

ao público.

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página 6

2.1 Encomendas

Muita da gestão estratégica de uma empresa passa por operações que não são

expostas ao público ou consumidores. É muito importante garantir a manutenção de um

produto ao consumidor mas sempre da forma mais vantajosa, e a farmácia não foge à

regra. A rotação dos produtos é o ponto-chave da sua gestão: “produtos mais vendidos

devem mais encomendados”, ou seja, os produtos devem ser organizados de acordo com

a sua prestação nas vendas (sistema ABC em que A representa os produtos com maior

participação nas vendas da farmácia e o C serão os que prestam menor participação),

contudo há que ter atenção ao grau de imprescindibilidade de um produto, ou seja, até

pode nem ter grande influência nas vendas mas é fundamental tê-lo em stock.

2.1.1 Fornecedores e realização das encomendas

De forma a se obterem os produtos desejados normalmente as farmácias contam

com as cadeias de distribuição de medicamentos ou também designados de fornecedores

ou armazenistas. A FCC conta com a atividade de distribuição da OCP Portugal, sendo o

principal armazenista que a fornece na sua atividade diária. Este armazenista realiza três

entregas diárias, permitindo ajustar mais convenientemente as necessidades dos doentes

e da própria gestão da farmácia, tornando-se útil em situações de stocks esgotados e

pedidos pontuais. As encomendas a este fornecedor são feitas quer por telefone quer pelo

sistema informático da farmácia. Para além da OCP, outros armazenistas tais como a

Empifarma e a Coprofar são usados para situações mais específicas. Quando é necessário

são ainda feitas encomendas diretamente aos laboratórios.

Periodicamente, os delegados dos diferentes laboratórios dirigem-se à FCC para

apresentar e negociar os seus produtos. Normalmente a encomenda aos laboratórios e

delegados pode trazer bonificações ou outros benefícios muito vantajosos. Estas

vantagens são mais discretas no caso dos distribuidores. É importante referir que uma

farmácia bem gerida pode tirar bom partido destas bonificações. O momento da compra

dos produtos pode tornar ser muito importante, no sentido que é possível fazer, por

exemplo, compra de produtos sazonais como os “anti-gripais” não sujeitos a receita médica

fora da sua “época” e conseguir benefícios mais significativos do que se fossem obtidos

nas alturas do ano de maior procura.

2.1.2 Receção e Conferência de encomendas

Apesar de muitas vezes negligenciado, a receção e conferência de encomendas é

o ponto de partida do trabalho da farmácia. Os produtos, uma vez entregues devem ser

conferidos e registados no sistema, e o rigor e exatidão deste processo é fulcral. Muitos

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Jorge Neri Página 7

dos erros de stock podem e devem ser evitados se a conferência de encomendas for feita

de uma forma correta.

A OCP Portugal realiza as suas entregas através dos contentores ou também

chamadas “banheiras” devidamente seladas. São acompanhadas por uma fatura em

duplicado, onde estão descritas as quantidades aviadas, os produtos que se encontravam

esgotados, assim como o Código Nacional Português (CNP) que os acompanha, imposto

de valor acrescentado (IVA), Preço de Venda à Farmácia (PVF) entre outras informações

(Anexo III). Existem casos em que são usadas guias de transporte. As guias de transporte

são documentos que são necessárias em situações específicas tais como uma devolução

de um produto a farmácia.

No que diz respeito ao transporte, existem dois tipos de contentores: os normais

que no caso da OCP são verdes e os contentores de produtos que têm de ser conservados

em condições específicas como é o caso dos produtos que necessitam de temperaturas

baixas. Estes são azuis e normalmente vêm revestidos com esferovite. No seu interior têm

4 placas de gelo, permitindo alguma conservação. Por questões de segurança destes

produtos, sempre que se recebem encomendas devemos ter em atenção aos seus

contentores e colocá-los o mais rapidamente num local apropriado. Por outro lado, o

armazenista exige que nos casos em que é necessário efetuar uma devolução deste tipo

de produtos, seja necessário realizar uma marcação para garantir o estado de conservação

dos mesmos.

Os produtos irão ser introduzidos no sistema através dos computadores na zona de

conferência de encomendas. Alguns produtos entram diretamente no sistema robótico e

posteriormente são conferidos no SI outros são lidos através do leitor ótico de códigos de

barras ou então manualmente através da inserção do CNP. Deve-se ter atenção que a

leitura do código tem de ser efetuada exclusivamente pelo CNP. Caso sejam produtos com

o código de barras convencional é possível virem acompanhados do CNP escrito em

numerário. O CNP pode eventualmente apresentar a sigla ANF antes deste.

No ato de conferir uma encomenda devemos ter em atenção aos seguintes aspetos:

produtos aviados, verificando sempre se a fatura lhes corresponde; quantidades; preço

unitário e preço total, já que o valor final da fatura deverá corresponder à soma das bases

mais o IVA. Por outro lado, é importante ter em conta sempre o aspeto externo das

embalagens, tentando verificar alguma anomalia nas mesmas, assim como as etiquetas

de preço, de maneira a detetar variações que podem passar despercebidas e por fim o

prazo de validade. Uma vez terminada a conferência no SI (Anexo IV), é impresso um

documento e arquivado juntamente com as faturas enviadas pelo armazenista para

posterior confirmação e possíveis correções no final do mês. Existem ainda outras

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Jorge Neri Página 8

particularidades: as reservas. A FCC possibilita um serviço de reservas, pagas ou não,

mediante a existência do medicamento em questão no armazenista. Caso seja emitida uma

reserva e esta seja paga, o stock virtual irá ficar negativo, uma vez que foi pago um

medicamento que não existia no momento. Este ponto é importante para a conferência de

encomendas, uma vez que dever-se-á ter atenção aos medicamentos assinalados a

vermelho, significando que estão reservados para um doente. No momento em que o

medicamento entra no SI, o stock é reposto ficando a 0 e o utente apenas o tem de levantar.

Dever-se-á ter atenção aos produtos de venda livre ou Medicamentos não sujeitos

a receita médica (MNSRM). Ao estarem inseridos nesta categoria apenas apresentam um

teto máximo de comercialização, estando a farmácia livre para poder ajustar a margem.

No caso da FCC, a margem é ajustada aplicando ao preço de venda a farmácia um fator

de multiplicação, que depende se o IVA é 6% ou 23% que acaba por incluir o PVF, o IVA

e a margem de lucro. Durante a conferência de encomendas, podemos sugerir que o

sistema informático aplique a margem automaticamente, já previamente programada.

Porém devido à localização da FCC, a presença de concorrência muito próxima exige que

certos produtos tenham margens de lucro mais apertadas, de maneira a tentar garantir a

competitividade para com esses locais.

O meu estágio iniciou-se pela receção e conferência de encomendas o que me

permitiu iniciar a familiarização com os medicamentos, nomeadamente aspeto, cores e

tamanhos que durante o atendimento ao público se revelou muito importante já que os

utentes muitas vezes recorriam a estas caraterísticas para identificar os laboratórios ou

mesmo os princípios ativos.

2.2 Devoluções

Sempre que for detetada uma anomalia na embalagem, troca de produto entre

outras situações é necessário proceder a uma devolução. No SI, é possível proceder à

elaboração de uma nota de devolução, na qual deverão ser especificados os motivos de

devolução, assim como o produto em causa a devolver. Igualmente é feita uma reclamação

por telefone para o fornecedor que apresentará um número correspondente. Este tem de

estar implícito na nota de devolução. A nota de devolução surge como um triplicado onde

duas cópias são levadas pelo fornecedor e a outra é arquivada.

Existem situações em que o fornecedor não aceita a devolução, pelo que o produto

tem de retornar ao stock da farmácia para ser posteriormente incluído nas perdas, uma vez

que não é possível a sua comercialização.

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Jorge Neri Página 9

2.3 Armazenamento

O armazenamento da maioria das embalagens é feito pelo sistema robótico

impregnando na farmácia. Apresenta capacidade para mais de onze mil embalagens e foi

uma inovação que veio substituir o sistema de gavetas anteriormente usado. Este sistema

tem dois braços independentes entre si é capaz de armazenar e dispensar medicamentos

ao mesmo tempo. O método de armazenamento é aleatório, tendo em conta apenas o

tamanho das embalagens. O sistema é isolado do exterior sendo operado a partir de dois

monitores que presentes na área de conferencia de encomendas. (Anexo I)

Porém existem algumas exceções no armazenamento. Quer no piso 1 como no

piso 0, existem algumas prateleiras que são usadas para armazenar produtos que não

podem ser colocados no robot como por exemplo os xaropes (risco de quebra) ou produtos

de ortopedia pois têm grandes dimensões. Assim a FCC apresenta no piso 1 prateleiras

para armazenamento de produtos com grande capacidade de escoamento, ampolas de

vidro e embalagens de grandes dimensões. Ainda no piso 1 são armazenados os

emplastros transdérmicos, água oxigenada entre outros produtos. No piso 0, na zona de

receção de encomendas são armazenados os produtos de uso externo. Na retaguarda da

zona de atendimento existem também algumas prateleiras para o armazenamento de

xaropes, assim como um frigorífico para produtos como insulinas, colírios e outros produtos

que requerem condições de conservação específicas. O frigorífico tem a temperatura e

ambiente próprios que são controlados diariamente. Na área de atendimento ao público

estão armazenados e expostos nos lineares vários produtos de dermocosmética de

diversos laboratórios, assim como suplementos alimentares e produtos capilares. Na

montra direita existe um espaço exclusivo aos produtos de ortopedia de grandes

dimensões.

2.4 Controlo dos prazos de validade

O processo de controlo do prazo de validade dos produtos da farmácia é crucial por

dois motivos particulares: garantir a comercialização do produto e ao mesmo tempo, caso

seja necessário, tentar substituir o produto junto do fornecedor se possível. O controlo dos

prazos é feito em duas alturas distintas: durante a receção das encomendas e por outro

lado mensalmente, sendo que ambos têm a intervenção do sistema informático. Sempre

que um produto entra na FCC, a sua validade é tida em conta, corrigindo-se sempre que

for necessário. Para além do mais, mensalmente é emitida uma lista com os MNSRM cujo

prazo de validade está a acabar dentro de 6 meses.

No caso dos produtos armazenados dentro do sistema robótico, a sua maioria

MSRM é possível pedir pelo ecrã de controlo a remoção de produtos com determinadas

características e entre elas encontram-se os produtos cujo prazo expira dentro de 3 meses.

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Jorge Neri Página 10

A devolução destes produtos normalmente tende a ser algo mais simples do que os

restantes. Durante o meu estágio tive a oportunidade de realizar o controlo dos prazos de

validade mensalmente, tarefa que para além de contribuir para a qualidade da gestão dos

stocks foi importante para começar a reconhecer os locais onde os produtos eram

guardados.

2.5 Informação

Sempre que surgiam dúvidas ou questões sobre determinados medicamentos que

necessitassem de uma pesquisa, no imediato, profissionais da FCC recorriam ao uso da

internet para consultar os sítios mais indicados: site do INFARMED: (www.infarmed.pt), o

o site da Food and Drugs Administration (www.fda.gov). Por outro lado, o Prontuário

Farmacêutico era outra fonte de informação muito útil, muitas vezes usada para discutir

questões colocadas pelas Farmacêuticas. Sempre que era possível, recorria-se à

informação disponibilizada pelos Delegados de Informação Médica. Durante o estágio,

houve situações em que necessitei de recorrer à informação disponibilizada nestes

panfletos, principalmente nos produtos de higiene oral tal como Bexident®.

3. Dispensa de produtos

3.1 Dispensa de Medicamentos

Os medicamentos apresentam um estatuto salvaguardado na lei portuguesa e são

divididos em MSRM e MNSRM. O medicamento tem objetivo prevenir ou curar, através da

alteração de processos ou mecanismos metabólicos do organismo.

3.1.1 Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Fazem parte desta categoria todos os medicamentos que “possam constituir um

risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim

a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;” [5]. Este tipo de

medicamentos é de venda exclusiva nas farmácias e obrigatoriamente tem de ser

apresentada uma receita de um prescritor. Os MSRM apresentam um PVP já pré

estabelecido, que não pode ser alterado nas farmácias.

3.1.1.1 Receita médica

A receita médica (RM) é um documento essencial na dispensa de MSRM. De facto,

é necessária a sua presença para a se proceder a dispensa da medicação em causa já

que se trata de um “documento através do qual são prescritos, por um médico ou, nos

casos previstos em legislação especial, por um médico dentista ou por um odontologista,

um ou mais medicamentos determinados” [5].

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A prescrição por Denominação Comum Internacional (DCI) passou a ser obrigatória

a partir de 2012, centralizando-se a atenção na escolha farmacológica, o que contribuiu

para um maior uso racional do medicamento. A prescrição por nome comercial só pode ser

feita nos casos em que não há medicamentos similares, não há medicamentos genéricos

com comparticipação ou mediante uma justificação entre três possíveis: a) medicamentos

com margem ou índice terapêutico estreito que devem constar na lista da Autoridade

Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED); b) Suspeita,

comunicada ao INFARMED de intolerância a um medicamento com a mesma substancia

ativa; e por fim c) Medicamento destinado a assegurar a continuidade de um tratamento

com duração estimada superior a 28 dias. É salvaguardada a mediação do profissional de

saúde que dispensa, ou seja caso a prescrição não apresente a justificação devida ou

esteja mesmo ausente, a dispensa será feita como se DCI se tratasse. No caso dos

MNSRM, a prescrição já pode incluir o nome comercial. No que refere a esta situação,

muitas vezes questionava o utente se pretendia mesmo o medicamento em questão ou se

procurava outras alternativas, quer por razões económicas quer por outras razões [6].

Cada receita apenas pode ter quatro medicamentos diferentes e no máximo quatro

embalagens, mas cada medicamento só pode ter duas embalagens prescritas, exceto caso

seja dose unitária que neste caso pode ter até 4 por medicamento. Sempre que a RM de

um medicamento comparticipado não apresente as dimensões da embalagem em causa,

o Farmacêutico por lei deve dispensar a embalagem com menor quantidade [6].

Atualmente a prescrição de medicamentos é feita de forma eletrónica, contribuindo

para a segurança do sistema e dos doentes e facilita a comunicação entre os diferentes

profissionais de saúde. Para além da prescrição eletrónica existe ainda a prescrição

manual cuja utilização vai proceder até à sua desmaterialização. Esta é possível em quatro

situações: em caso de Falência informática; Inadaptação do prescritor; Prescrição no

domicílio; Até 40 receitas/mês. Da experiencia que obtive consigo concluir que a prescrição

eletrónica se revelou uma mais-valia na relação medico-farmacêutico-doente. A atenção

para este último é muito maior, uma vez que a leitura é extremamente mais fácil, permitindo

que o farmacêutico se concentre mais em quem mais precisa [6].

3.1.1.2 Ato da dispensa

A dispensa do medicamento começa pela validação da RM, isto é, no momento em

que o farmacêutico recebe a receita deverá verificar a sua constituição, identificando todos

os componentes essenciais desta desde o código de barras que terá de ser inserido no SI

(Anexo V), até aos pormenores como o máximo que o doente paga por medicamento ou a

data de validade. O farmacêutico deve então prontamente verificar a situação do doente

ou da pessoa que deseja levantar os medicamentos e informá-lo dos genéricos disponíveis

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para a prescrição em questão referindo o mais barato (Por lei, a farmácia é obrigada a ter

em stock três medicamentos com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e

dosagem, de entre os que correspondam aos cinco preços mais baixos de cada grupo

homogéneo). Dever-se-á ter em atenção ao regime de comparticipação, e caso seja

necessário solicitar o documento identificativo do regime em questão. No final da venda é

feita a impressão da receita e da declaração de receção dos medicamentos no verso da

receita que será assinada pelo utente e pelo farmacêutico, carimbada e datada. É também

impressa a fatura que tem de ser carimbada e assinada para ser validada. Este aspeto

sofreu uma alteração no início do ano fiscal. Até 2014, para fins de validade fiscal e de

despesas de saúde no Imposto sobre o rendimento das Pessoas Singulares (IRS), apenas

era necessário o nome da pessoa. A partir de 1 de janeiro de 2015 é necessário que a

fatura seja emitida com o nome e o número de contribuinte.

No caso do stock de um determinado medicamento se encontrar a zero a FCC

possibilita um serviço de reservas, pagas ou não, mediante a existência do medicamento

em questão no armazenista. Caso seja emitida uma reserva e esta seja paga, o stock

virtual irá ficar negativo, uma vez que foi pago um medicamento que não existia no

momento. Este ponto é importante para a conferência de encomendas, uma vez que dever-

se-á ter atenção aos medicamentos assinalados a vermelho, significando que estão

reservados para um doente. No momento em que o medicamento entra no SI, o stock é

reposto ficando a 0 e o utente apenas o tem de levantar.

É durante o ato da dispensa o farmacêutico deve proceder ao aconselhamento.

Este procedimento deve ser sempre o mais personalizado possível e adequar-se a cada

situação. Deverão ser fornecidas informações sobre a posologia do medicamento, método

de tratamento, outras informações como medidas terapêuticas não farmacológicas entre

outras. No meu estágio na FCC tive inúmeras oportunidades para realizar o atendimento

ao público, porém consegui desde muito cedo observar os profissionais da mesma a fazê-

lo. Sempre que realizei a dispensa de MSRM houve sempre apoio por aparte de toda a

equipa.

3.1.1.3 Comparticipações

O sistema de comparticipações do Sistema Nacional de Saúde (SNS) foi aprovado

pelo DL 48-A/2010, de 13 de Maio. A comparticipação dos medicamentos surge sempre

condicionada pelo seu valor terapêutico e pela sua vantagem económica. A

comparticipação assegurada pelo estado pressupõe a divisão em escalões. Os escalões

são Escalão A cujos medicamentos são comparticipados em 90%, Escalão B, 69%,

Escalão C, 37%, e Escalão D,15%. Estes escalões caraterizam grupos terapêuticos de

medicamentos que estão salvaguardados na Lei Portuguesa. A título de exemplo, os

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medicamentos antineoplásicos vendidos nas farmácias estão incluídos no escalão A

enquanto os medicamentos do Aparelho Cardiovascular já se encontram no escalão B. A

lista dos medicamentos pertencentes a cada grupo são fixados em portarias. O valor

máximo de comparticipação é determinado pelo sistema de preços de referência e é

aplicado aos medicamentos dos grupos homogéneos. Cada um destes grupos é

constituído por medicamentos com a mesma composição qualitativa e quantitativa em

substâncias ativas, forma farmacêutica, dosagem e via de administração, no qual se inclua

pelo menos um medicamento genérico existente no mercado. O Preço de Referência

corresponde à média dos 5 preços mais baixos dos medicamentos que integram cada

grupo homogéneo. Até ao vigésimo dia do último mês de cada trimestre civil o INFARMED

publica a lista dos grupos homogéneos [7], [8].

Durante o meu estágio tornou-se essencial compreender o sistema de

comparticipações e rapidamente conseguir identificar o regime ou o subsistema de

comparticipação.

Para além destas situações existem ainda sistemas de complementaridade cujo

objetivo acaba por reduzir ainda mais o custo do medicamento para o doente, ou seja,

acrescem ao valor comparticipado pelo estado. Dentro destes destaca-se por exemplo

SAMS, EDP-SAVIDA, MEDIS-CTT que dizem respeito a acordos com a entidade patronal

e por outro lado podem existir seguros de saúde como o da Multicare ou da Fidelidade

Seguros. Como o nome indica, existe a complementaridade do SNS, ou seja, a receita é

igual e o utente tem de exibir o cartão de identificação para usufruir da comparticipação,

pelo que é necessário tirar uma fotocópia da receita onde deve constar o cartão em causa

(a RM original vai para o SNS enquanto que a cópia segue para a entidade responsável

pela complementaridade) [8].

3.1.1.4 Comparticipação de medicamentos – regime especial

Paralelamente ao regime normal de comparticipação, a lei portuguesa estabelece

o regime especial que prevê um aumento na percentagem de comparticipação em função

do beneficiário (pensionistas com baixos rendimentos) ou nos casos de determinadas

patologias. Muitas destas resultam em condições determinantes na vida dos utentes e a

respetiva medicação é considerada imprescindível para a sobrevivência. Nestes casos, a

lei portuguesa dita que o Estado salvaguarda todos os encargos com os mesmos

medicamentos. Os medicamentos destas patologias não estão todos disponíveis na

farmácia de oficina, existem diversos que são de dispensa exclusiva hospitalar. O site do

INFARMED disponibiliza uma Tabela detalhada sobre as patologias e a percentagem de

comparticipação correspondente (Anexo VI) [7-9].

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As RM de pensionistas abrangidos por este regime devem apresentar a sigla “R” e

receitas de utentes abrangidos por um regime especial de comparticipação de

medicamentos em função de patologia com a sigla “O”.

A que tem maior visibilidade no ato do atendimento ao publico é a Diabetes, pelo

que o software disponibiliza um mecanismo facilitado para realizar as respetivas

comparticipações, porém é importante realçar doença de Alzheimer e a artrite reumatoide.

3.1.2 Compra, Armazenamento e Dispensa de Estupefacientes e

Psicotrópicos

Devido aos efeitos no sistema nervoso central, possibilidade de provocar

toxicodependência ou serem usados para fins ilícitos como tráfico ilegal ou contrabando,

os psicotrópicos e os estupefacientes acabam por estar ao abrigo de leis exclusivas que

exigem cuidados acrescidos durante todo o seu processamento. O DL nº 15/93 de 22 de

janeiro estabelece esses mesmos cuidados para além de salvaguardar o regime jurídico

aplicável ao seu tráfego e consumo. A compra por parte da farmácia é feita de igual forma

como para os restantes produtos. Porém, no momento da receção e juntamente com as

faturas, existe um documento alusivo a estes produtos, contendo um código específico

(Anexo VII). Este documento surge em duplicado e deve ser assinado e carimbado pelo

Diretor técnico, sendo arquivado na Farmácia durante três anos, Aquando da dispensa

devem ser obtidos os seguintes dados: do médico: o nome e morada, o nº de inscrição na

Ordem dos Médicos, data e a assinatura; enquanto do doente: nome, morada, sexo, idade,

Número de Identificação Civil e por fim por parte da pessoa que processe ao levantamento

da medicação é igualmente necessário o nome, morada, sexo idade e número de

identificação civil. Por lei, apenas o Farmacêutico, ou o substituto em caso de impedimento,

pode aviar receitas com psicotrópicos ou estupefacientes. A RM, tal como já referido

anteriormente, deverá ser identificada pela sigla RE – receita especial (Anexo VIII) e

apenas pode apresentar o medicamento em questão. Cada receita só pode ter o

medicamento classificado como psicotrópico ou estupefaciente. No ato da venda para além

de ser necessário fotocopia-la, são também emitidos documentos que terão de ser

armazenados na farmácia durante um período de três anos. A receita original no que diz

respeito à comparticipação tem o tratamento semelhante das restantes, pelo que segue

para o Centro de Conferência de Faturas. O farmacêutico deve ainda até ao 8º dia do mês

seguinte elaborar um relatório onde irão constar todos os fármacos deste tipo dispensados

assim como segundo a lei um duplicado de cada receita, e deve enviar esse mesmo

documento para o INFARMED [10-12].

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3.1.3 Receituário

Mensalmente é necessário proceder à conferência do receituário. Este

procedimento tem como fim obter a percentagem de comparticipação corresponde ao

Estado e os procedimentos estão salvaguardados na Portaria nº 193/2011. Quando as RM

são processadas pelo SI, cada uma recebe um número e um lote. Cada lote é composto

por 30 receitas. Os lotes apresentam códigos que que têm diferentes características, como

por exemplo o lote 10 corresponde às receitas normais e o 15 aos pensionistas (Anexo IX).

Ao longo do mês, os profissionais da FCC tentam manter estes lotes organizados,

facilitando o processo anteriormente referido. É enviado até ao 10º dia de cada mês para

o Centro de Conferência de Facturas (CCF), que está sobre a alçada da Administração

Central do Sistema de Saúde (ACSS): as RM, a Relação resumo de lotes, os Verbetes de

identificação de lotes e a factura mensal dos medicamentos vendidos. No que diz respeito

à fatura mensal, são enviadas a ACSS quatro cópias. Esta entidade reenvia à farmácia

duas cópias carimbadas: uma para arquivo e outra para a Associação Nacional de

Farmácias (ANF), entidade que no caso da FCC colabora no caso das

complementaridades [13], [14].

Com a implementação da RM eletrónica, conceito e procedimento que não tive

oportunidade de constatar, o sistema passará a ficar integrado nacionalmente e a

conferência de receituário passa a ser evidentemente mais simples.

3.2 Medicamentos Não sujeitos a Receita Médica

Segundo a lei portuguesa, consideram-se MNSRM todos aqueles que não

cumpram os requisitos necessários para serem considerados MSRM. Estes medicamentos

devem ser usados em situações menores, muitas vezes auto limitadas e devido a isso

contêm indicações para situações de automedicação salvaguardada na lei. No que diz

respeito à comparticipação e salvo algumas exceções, os MNSRM não são

comparticipados. O INFARMED, além do mais, disponibiliza através do seu website uma

lista atualizada diariamente dos MNSRM. [1]

Muitas vezes durante um aconselhamento, o Farmacêutico pode ver-se na situação

de indicar um medicamento desta classificação, e, para tal, é fundamental garantir a

segurança do doente. Por outro lado as medidas não farmacológicas nunca devem ser

negligenciadas. Durante o meu estágio foram diversas as vezes que esta situação

aconteceu. Nestes casos alertava sempre para o facto de as situações para as quais

seriam usados certos MNSRM deveriam ser de curta duração. Sempre que surgisse algo

anormal, os doentes deveriam recorrer ao médico. Na verdade, muitas pessoas escolhem

a Farmácia com a finalidade de procurar um aconselhamento profissional, evitando os

centros de saúde ou hospitais com grandes filas de espera. O farmacêutico, como é óbvio,

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não é o profissional perito em diagnóstico e portanto deve ter sempre uma abordagem

cuidadosa em todos estes casos: procurar saber o tempo de duração dos sintomas, a

causa dos mesmos, se são situações repetitivas. Tudo isto para poder fazer a escolha mais

acertada que por vezes é apenas uma indicação para uma ida ao médico. É importante

referir que existem situações em que o doente pede um medicamento por iniciativa própria.

Esta tendência advém muitas vezes de opiniões externas ou publicidade alusiva. O

farmacêutico deve perante isso averiguar qualquer malefício que o medicamento possa

provocar ao utente em questão, tentando adquirir informação para conseguir aconselhar

da melhor maneira possível. Na FCC assisti igualmente à mudança da sazonalidade dos

produtos, durante os primeiros três meses, muitas pessoas procuravam alívio dos sintomas

gripais procurando inclusivamente medicamentos com publicidade televisiva como o

Cêgripe® (Janssen-Cilag®) ou Strepfen® para alívio da dor de garganta (Reckitt Benckiser

Healthcare®). Já em abril começou a existir uma maior afluência para os cremes, assim

como anti-histamínicos [5].

3.3 Outros produtos de saúde

3.3.1 Medicamentos de uso veterinário

O DL n.º 184/97, de 26 de Julho [15] salvaguarda o regime jurídico dos

medicamentos veterinários onde é descrito que o medicamento veterinário é todo o

medicamento destinado aos animais. O farmacêutico também tem aqui um papel

importante já que muitas vezes as pessoas dirigem-se diretamente à farmácia antes de

consultar o médico veterinário. Na FCC os medicamentos veterinários mais procurados

são as pílulas contracetivas e os desparasitantes.

3.3.2 Medicamentos manipulados

Segundo o Estatuto do medicamento: “Considera-se medicamento manipulado

qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a

responsabilidade de um farmacêutico.” Os medicamentos manipulados (MM) são regidos

por leis próprias e por um guia de boas práticas a observar na preparação de

medicamentos manipulados em farmácia de oficina e hospitalar, salvaguardada pela

Portaria n.º 594/2004, de 2 de Junho. Devido ao baixo afluxo de medicamentos

manipulados requisitados pelos utentes, a FCC celebrou no passado acordos com outros

fornecedores de MM. O preço de venda ao público [16], [17] é calculado pela forma

presente no decreto-lei: fórmula: (Valor dos honorários + Valor das matérias-primas + Valor

dos materiais de embalagem) x 1,3, acrescido o valor do IVA à taxa em vigor (Anexo X).

Na FCC, são manipulados os medicamentos considerados mais simples e cuja

rotatividade justificam as matérias-primas. No decorrer do meu estágio, tive a oportunidade

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de realizar algumas manipulações É essencial ter em atenção aos lotes e a todas as

validades assim como verificar as condições em que as matérias-primas estão. Os lotes

devem ser corretamente registados na ficha de preparação. Por outro lado, devem-se ter

em atenção as características de cada um dos componentes para evitar ao máximo perdas

desnecessárias que se convertem em prejuízo para a própria farmácia. O passo seguinte

é rotular a embalagem (Anexo XI). Nesta deverão constar as seguintes informações: nome

e morada da farmácia, o nome do diretor técnico, a data da preparação, a fórmula do

manipulado com as respetivas quantidades de substâncias ativas usadas, o prazo de

validade, o número de registo e o preço. Sempre que for necessário: agitar antes de usar

ou nos casos devidos: uso externo ou uso veterinário. O cálculo do preço está descrito na

Portaria nº. 769/2004, de 1 de Julho que é elaborado através do auxílio de uma folha de

cálculo. Durante o meu estágio tive oportunidade de realizar um manipulado, estando a

ficha de preparação em Anexo XII [17].

4 . Serviços farmacêuticos disponíveis

Devido à crescente procura de algo mais do que o atendimento e aconselhamento

farmacêutico dentro de uma farmácia, estes espaços estão cada vez mais a optar por

oferecer aos utentes novos serviços. Desta forma, conseguem proporcionar-lhes um

espaço polivalente, permitindo que a farmácia se torne cada vez mais num local de

disponibilização de serviços de saúde.

Os serviços a disponibilizar por uma farmácia estão salvaguardados na Portaria n.º

1429/2007, de 2 de novembro. A FCC apesar de tudo consegue proporcionar alguns

serviços dos quais destaco: análises bioquímicas, e consultas de nutrição por um

profissional da área de duas em duas semanas com marcação prévia [18].

4.1 Determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos

A FCC apresenta no gabinete de boas práticas todo o material essencial para a

determinação de simples parâmetros bioquímicos (colesterol total, Triglicerídeos e

Glicémia), assim como parâmetros fisiológicos (Pressão arterial). Durante o período de

estágio diversas foram as oportunidades para fazer as dadas medições. Sempre que o

fazia, zelava pelo bem-estar da pessoa procurando ter conversas confortáveis para permitir

o melhor ambiente possível. Seguidamente às medições procurava esclarecer duvidas que

os doentes pudessem ter e essencialmente alertava para as terapias não farmacológicas

que poderiam realizar de maneira a contribuir para a melhoria da sua qualidade de vida. O

farmacêutico deve ter uma atitude formativa e informativa, devendo tentar obter

informações sobre o estilo de vida e alimentação.

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página 18

4.2 Consulta de Nutrição

A FCC disponibiliza de duas em duas semanas os serviços de uma nutricionista

através de consultas previamente marcadas. Normalmente, às quartas-feiras, é

disponibilizado o gabinete de boas práticas para a Nutricionista como local de trabalho para

as suas consultas. Nestas consultas é feita uma análise à alimentação e hábitos de vida

da pessoa que solicitar a consulta, e, de acordo com os resultados que a nutricionista achar

mais conveniente é feito um aconselhamento alimentar sobre a situação em causa

4.3. ValorMED e recolha de radiografias

A ValorMED é o Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens e de

Medicamentos fora de prazo de validade ou fora de uso, após consumo, e contribui desta

forma para uma causa ambiental e de saúde, garantindo a eliminação das embalagens

fora das suas condições normais. O programa desenvolvido por esta sociedade conta

ainda com a ajuda da Indústria farmacêutica assim como dos distribuidores e da população.

A sociedade em causa distribui os contentores às empresas de distribuição de

medicamentos que os fornecem as farmácias. Desta forma, a OCP no caso da FCC é o

intermediário. A FCC faz também a recolha de radiografias sem valor de diagnóstico ou

com mais de cinco anos. A FCC não tem o contentor ValorMED exposto na sua área de

atendimento, mas as pessoas sentem-se sensibilizadas e muitas vezes perguntam se é

possível deixar medicamentos estragados ou fora de prazo. No momento de troca do

contentor, um dos impressos fica na farmácia (Anexo XIII)

4.4. Prospeção de serviços

No âmbito da oferta de serviços, procurei junto dos responsáveis da FCC ter uma

atitude ativa, já que pode ser a chave para o crescimento da própria farmácia. Elaborei,

então, um curto questionário sobre quais os serviços que os utentes gostariam de ver a

FCC disponibilizar. Era um questionário simples, anónimo e muito rápido de elaborar, já

que o cliente apenas teria de colocar uma cruz nos serviços desejados. (Anexo XIV) Este

curto inquérito foi disponibilizado nos balcões de atendimento e continha uma série de

serviços plausíveis a serem introduzidos e no verso apresentava muito brevemente o intuito

e o objetivo destes serviços. Para além de novos, incluiu também serviços já

disponibilizados o que permitiu retirar conclusões sobre a capacidade da farmácia em

publicitar-se. Foram respondidos 64 inquéritos de um total de 80 impressos. Destes

conclui-se que os serviços mais procurados pelos utentes da FCC seriam as consultas de

nutrição e alimentação desportiva e coração saudável. Estes resultados podem ser

justificados pelo facto da existência de um ginásio com uma média de frequentadores muito

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página 19

significativa e por outro lado a existência do Hospital Privado da Trofa nas imediações do

GaiaShopping.

5. A importância do relacionamento com colegas, utentes

e outros profissionais

Apesar do impacto que a profissão farmacêutica tem na saúde das populações, a

verdade é que sendo a farmácia um estabelecimento comercial, esta é dependente dos

seus utentes e portanto, a apresentação ao público é fundamental. Por outro lado, a forma

como os seus profissionais se relacionam com a população que servem pode torna-se

numa plataforma de segurança para a própria farmácia. Os utentes dão muita importância

a forma como são atendidos e recebidos na farmácia. Quando se sentem confortáveis e

com confiança muitos deles acabam por desenvolver conversas com temas fora do âmbito

da farmácia em si. A verdade é que tais momentos permitem uma maior “fidelização” do

cliente. O cliente como gosta do serviço, vai voltar ao mesmo local. Uma grande parte da

população idosa que usufrui dos serviços da FCC tem uma relação próxima com os

profissionais desta. Ao longo dos anos, foram construídas pontes de comunicação que

facilitam não só o trabalho do farmacêutico como os problemas aos doentes. De facto,

inclusivamente, consegui desenvolver com alguns utentes esta ligação e assim, apercebi-

me da importância da mesma para a farmácia. Acima de tudo, o farmacêutico não pode

estar sempre a espera que chegue o cliente conhecido. Deve, por isso, optar por uma

postura natura tentando comunicar o mais abertamente possível, adaptando-se sempre ao

seu utente. Por outro lado deve-se sempre salvaguarda a privacidade do doente em

questão. O código deontológico da Ordem dos Farmacêuticos chama igualmente a atenção

para a questão ética da profissão farmacêutica assim como o dever de sigilo perante o

doente.

Os profissionais da FCC foram extremamente importantes para o desenrolar da

minha aprendizagem. Graças a eles consegui perceber a importância de uma relação

profissional-utente para o sucesso da farmácia comunitária.

6. Marketing e Publicidade

As farmácias portuguesas apresentam uma serie de mais vaias no que diz respeito

a publicidade e a disposição dos seus produtos. Certas marcas ou laboratórios, de acordo

com os contratos celebrados podem exigir que os seus produtos sejam colocados em

locais mais apelativos do que outros, como por exemplo, os locais imediatamente atrás dos

balcões de atendimento ou então em montras. Durante o período em que estive na FCC

foi-me explicado que as montras e os locais de exposição têm diferentes funções e

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página 20

relevâncias, podendo a sua elaboração estar inteiramente da responsabilidade do

laboratório (Anexo I) até outros casos em que apenas se colocava imagens alusivas. Zonas

ao nível dos olhos ou em áreas mais iluminadas podem ser igualmente exigidas pelos

laboratórios. Devido à localização da FCC, existe uma concorrência bastante desnivelada,

e desde logo se destaca a Well’s® imediatamente em frente. Os utentes muitas vezes

pediam o aconselhamento profissional na FCC e dirigiam-se ao Hipermercado para ir obter

os mesmos produtos, mas de forma mais barata.

No decorrer do meu estágio várias foram as oportunidades para aprender nas

diversas formações a que assisti. Estas formações eram elaboradas pelos delegados de

informação na própria farmácia ou formações exteriores através de inscrição prévia tal

como as formações ISDIN® ou PharmaNord®. O âmbito destas ações é dar a conhecer aos

farmacêuticos e aos demais profissionais de saúde novos produtos ou então rever alguns

conceitos sobre determinadas matérias, mas sempre focando nos produtos oferecidos pela

marca.

7. Outras atividades

Campanha dia do Pai

No dia 19 de março de 2014, no âmbito do dia do pai, a FCC desenvolveu uma

campanha de descontos nos produtos masculinos na ordem dos 15%. Para esta campanha

elaborei um simples panfleto publicitário para exposição na montra e que se encontra em

Anexo (Anexo XV).

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página 21

Parte B - Casos de Estudo

1. Campanha de sensibilização sobre as Doenças

Cérebro-cardiovasculares: Hipertensão, Acidente

Vascular Cerebral e Enfarte do Miocárdio.

A FCC serve um perfil de utentes com as mais variadas doenças, porém as que

mais se destacam são, evidentemente, as cérebro-cardiovasculares. Por ser um tema

muito delicado sugeri o desenvolvimento de uma campanha junto desta mesma população

composta por um conjunto de panfletos ilustrativos do tema. Várias poderiam ser as

doenças a abordar, porém restringi-me àquelas que me pareciam mais conhecidas da

população e que de certa maneira as mais intriga.

1.1 Objetivos

Os objetivos deste projeto passaram por alertar a população sobre o acidente

vascular cerebral (AVC), a hipertensão e o enfarte agudo do miocárdio (EAM) abordando

as características e sintomas mais típicos, etiologia e terapias não farmacológicas,

destacando, sempre que possível, a importância do esforço pessoal do doente na

resolução do problema. Foi também dado ênfase à sua prevalência assim como à

perigosidade das mesmas. A campanha serviria, de igual forma, para alertar a população

para os fatores de risco assim como uma breve explicação da farmacoterapia de cada

doença. Esta campanha teve início em março e prolongou-se até ao final do meu estágio.

1.2 Introdução

As doenças cérebro-cardiovasculares (DCCV) constituem-se como autênticos

flagelos nas sociedades modernas. A alimentação desequilibrada associada a uma vida

de sedentarismo são duas das principais atitudes de risco que podem desencadear estes

problemas, porém, a verdade, é que existe muito mais do que isto.

As DCCV são um conjunto de doenças do coração e dos vasos sanguíneos,

incluindo os cerebrais e apresentam um largo conjunto de fatores de risco e complicações

associadas, sendo que o que mais se destaca é a aterosclerose. Este grupo de doenças

pode ser divido de acordo com os ambientes e órgãos em que se desenvolvem as lesões:

doença cardíaca coronária, cerebrovascular, arterial periférica, doença cardíaca reumática

e malformações congénitas [19]. As duas doenças cardiovasculares que mais se destacam

acabam por ser o EAM e o AVC [20].

A OMS estima que até 2030, 23 milhões de pessoas morram anualmente devido a

doenças cardiovasculares. E ao mesmo tempo, a mesma organização defende que as

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página 22

doenças cardiovasculares podem ser prevenidas com mudanças do comportamento das

pessoas em relação aos fatores de risco [21].

1.3 Epidemiologia geral

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte a nível mundial,

seguidas das doenças neoplásicas e das infeções respiratórias. Estima-se que estas sejam

responsáveis por cerca de 29,6% das mortes no mundo todo. Em 2012, 17,5 milhões de

pessoas perderam a vida devido às doenças cardiovasculares, sendo que 7,4 seriam

devido a doenças coronárias e 6,7 devido ao AVC [22].

Em Portugal, a Direção Geral de Saúde no seu relatório refente a 2014 continua a

apontar as doenças do aparelho circulatório como as principais causas de morte da

população, conseguindo chegar aos 30,4% dos óbitos (Anexo XVI), seguidas dos tumores

neoplásicos e das doenças do foro respiratório. Também é dado destaque a outras

doenças mais específicas: o enfarte agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral.

Tal como é possível observar no Anexo XVII, Portugal tem a segunda taxa de mortalidade

devido a DCCV mais elevada da europa, contudo as estatísticas apontam para uma

tendência redutora no número de óbitos devido a Doenças cerebrovasculares ou

isquémicas cardíacas (Anexo XVIII). Apesar disso em 2012, 13020 pessoas foram vítimas

fatais do AVC e 4348 do EAM [23].

1.4 Fatores de risco e prevenção

Os fatores de risco de uma doença dividem-se em dois tipos: modificáveis como os

hábitos de vida ou não modificáveis como a idade ou o género. A prevenção de uma

doença ou de uma anomalia é caracterizada pela altura em que estas atitudes são

tomadas. Se é tomada uma atitude antes de a doença estar instalada, então trata-se de

prevenção primária, como por exemplo, o exercício físico regular para evitar a obesidade.

Por outro lado, quando a doença está instalada, as atitudes passam a ser incluídas na

prevenção secundária: aspirina diária para evitar a agregação plaquetária ou formação de

oclusões. As DCCV estão interligadas e os seus fatores de risco também. De facto, a

importância da prevenção e limitação dos fatores de risco contribui para uma redução muito

significativa do número de vítimas, e o farmacêutico tem um papel muito importante nesse

sentido. As doenças cardiovasculares apresentam fatores de risco major, ou seja, fatores

cuja redução ou eliminação diminui significativamente o risco associado: Diabetes mellitus,

Hipertensão, Dislipidemias, Tabagismo e Obesidade. Em Anexo (Anexo XIX) encontra-se

uma Tabela contendo os principais fatores de risco major para as doenças

cardiovasculares [24].

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página 23

1.4.1 Fatores de risco não modificáveis: Idade, género e história familiar

Os fatores de risco não modificáveis apenas servem como alerta para a situação e

não propriamente como algo contra o qual se possa lutar. A verdade é que quando se

pensa em DCCV, associa-se logo a pessoas de idade com problemas crónicos, muitas

vezes, polimedicadas. A idade está também associada a uma diminuição significativa dos

processos fisiológicos do organismo, podendo dar origem a um diverso número de

condições de saúde adversas e doenças [25], [26]. Por outro lado, com o avançar dos anos

aumenta a exposição a quaisquer outros fatores de risco inerentes. Inclusivamente, o teste

SCORE, desenvolvido por Anderson et al., que através de uma série de fatores de risco

como o sexo, idade, tabagismo, colesterol e hipertensão permite estimar o risco de uma

pessoa em 10 anos ter um evento cardiovascular fatal ou não, coloca os jovens como o

grupo de menor risco (Anexo XX) [27], [28]. A guideline europeia para a prevenção das

doenças cardiovasculares considera que a idade e o género masculino são fatores

propensos a este tipo de doenças

A história familiar é um fator de risco independente. Considera-se que as pessoas

que tenham um histórico familiar em primeiro grau de DCCV ou morte devido a estas,

acabam por ter um risco acrescido caso esses familiares sejam homens com menos de 55

anos ou mulheres com menos de 65. De facto, esta premissa é sustentada por diversos

estudos desenvolvidos nas últimas décadas tais como: INTERHEART, Framingham,

Physician's Health, entre muitos outros, considerando que este fator aumenta em 40 a 60%

o risco de desenvolver DCCV.

1.4.2 Obesidade

A obesidade é considerada uma doença do século XXI e tem aumentado

significativamente entre a população adulta e infantil. O Índice de Massa Corporal (peso

em quilograma/ (altura em metros) 2, normalmente designado por IMC, classifica como

excesso de peso valores compreendidos entre 25 a 29.9 kg/m2 e obesidade como todos

os valores superiores s 30kg/m2. Este índice é conhecido pela comunidade, porém é

importante ter outros em mente como o Gordura Corporal ou Perímetro Abdominal. De

facto, deve-se evitar ao máximo o aumento de peso caso o homem tenha mais de 94

centímetro de perímetro abdominal ou 80 centímetros no caso das senhoras. Pessoas com

excesso de peso apresentam ainda o metabolismo e o equilíbrio dos lípidos alterado:

verifica-se um aumento da Low density Lipoprotein Cholesterol (LDLc), triglicerídeos e uma

diminuição dos High Density Lipoprotein Cholesterol (HDLc) [27].

É importante dar destaque as características endócrinas que a gordura abdominal

tem, nomeadamente através da adipocinas e outras moléculas associadas. A gordura intra-

abdominal potencia a resistência à insulina e aumenta outros fatores de risco tais como

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página 24

hipertensão ou aterosclerose. Por fim, o objetivo da campanha passava também por alertar

para a apneia do sono que está muito relacionada com a obesidade e fomenta problemas

tais como disfunções ventriculares e arritmias que contribuem em muito para a mortalidade

[25].

1.4.3 Hipertensão

A hipertensão para além de ser uma doença é também considerada um dos fatores

de risco mais significativos no que toca a doenças cardiovasculares, já que os doentes

estão mais suscetíveis a outros eventos [29]. Um estudo de corte em 1,25 milhões de

pessoas com 30 anos ou mais sem DCCV, incluindo 20% dos quais tinham uma

hipertensão controlada concluiu que dos doentes com hipertensão tinham um risco de

desenvolver uma doença cardiovascular de 63.3% comparando com risco de 46,1%

relativamente aos não hipertensos [30]. A hipertensão é responsável por 54% dos AVC e

47% dos eventos isquémicos cardíacos [31]. Muitas vezes este problema encontra-se

associado a outros fatores de risco para DCV como diabetes ou dislipidemia. Apesar de

tudo continua a ser o mais previsível e apresenta bons indícios de reversibilidade.

A pressão arterial caracteriza-se por diversos fatores e o estudo Farmingham

delineou a importância destes no que diz respeito a previsão do risco de DCCV. Em

doentes com menos de 50 anos, a pressão diastólica é o principal fator a ter em conta,

porem dos 50 aos 59 os três tipos referidos são fundamentais para avaliar o risco. Por fim

acima dos 60 anos, a pressão de pulso torna-se o principal fator [32].

É fundamental alertar a população para os riscos inerentes. Durante o decorrer do

estágio verifiquei que as pessoas medicadas limitavam a sua terapia ao medicamento que

estavam a fazer segundo ordens do médico, evitando alterar o seu estilo de vida.

1.4.4 Inatividade física

O sedentarismo e a reduzida atividade física são outros fatores de risco

modificáveis. A OMS aponta para que 60% da população mundial não tenha atividade física

suficiente. Este comportamento é potenciador de outros fatores de risco como obesidade

ou dislipidemias, sendo por isso ainda mais preocupante. A falta de exercício físico é

responsável por aumentar o risco de EAM em 12% e o risco de AVC em 29% [33], [34].

A atividade física melhora um vasto conjunto de fatores tais como o HDLc, pressão

arterial, perda de peso, e resistência a insulina entre outros. E inclusivamente no trabalho

torna-se importante tentar realizar exercício físico. Pessoas com níveis de atividade física

moderadas, nestas situações, apresentam um risco mais reduzido [35]. Porém,

infelizmente, na Europa, a obesidade está a crescer muito significativamente, e para além

do mais, muitos são os doentes que não conseguem atingir os objetivos pretendidos,

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página 25

revelando um sério problema de saúde pública [36]. O farmacêutico deve ter um caráter

preponderante no âmbito deste fator de risco. Deve dar alguns conselhos simples de

melhoria da condição física, começando por alertar para os benefícios inerentes. Contudo

deve-se ter sempre em atenção às pessoas que não realizam qualquer exercício físico de

forma regular. O início da prática de exercício físico deve ser ponderado e por etapas.

Existe um risco acrescido de EAM em pessoas que começam exercícios físicos muito

vigorosos sem qualquer preparação prévia. Esta prática deve evoluir durante o tempo até

se adaptar a pessoa. Nesta altura, obviamente, o exercício físico regular irá diminuir o risco

de DCCV [37]. Durante o estágio muitas vezes deparei-me com pessoas que não faziam

qualquer exercício físico. De facto, o exercício deve ser praticado de forma regular durante

30 a 60 minutos, pelo menos quatro vezes por semana [38].

1.4.5 Diabetes Mellitus

A Diabetes é uma doença de proporções mundiais e um fator de risco major em

para as DCV. A hiperglicemia, resistência à insulina ou hiperinsulinemia são responsáveis

por induzir ou aumentar problemas macrovasculares como a aterosclerose ou

microvasculares como neuropatias ou nefropatias. As pessoas com diabetes têm uma

prevalência de 77%-87% de hipertensão, 74%-81% de elevação do LDLc e 66%-67% de

obesidade, sendo, de facto, uma condição extremamente preocupante. As partículas de

LDLc podem à semelhança da hemoglobina, ser glicosiladas, caraterística que aumenta o

tempo de semi-vida destas partículas e o seu efeito nefasto [39]. O estudo INTERHEART

demonstrou que a diabetes está presente em 10% da população suscetível a um EAM. A

prevenção dos problemas cérebro cardiovasculares é feita da mesma maneira que as

pessoas sem diabetes, com exceção obviamente do controlo glicémico [25].

1.4.5 Lípidos

A forma como a alimentação influencia as doenças cardiovasculares não se revela

apenas no peso corporal como também toda a composição dos fluidos e do organismo,

dos quais os lípidos têm uma grande relevância. Os lípidos sanguíneos, normalmente

associados a lipoproteínas têm uma grande relevância na doença aterosclerótica,

excetuando o HDLc, que, de facto, tem a atividade oposta. A evidência que a redução do

LDLc no plasma contribui para a redução do risco cardiovascular é inequívoca e diversos

estudos epidemiológicos já o provaram. De uma maneira geral, pessoas com o colesterol

total acima de 190 mg/dL e cujo LDLc está acima de 115 mg/dL devem iniciar terapia

farmacológica para atingir valores ideais. Este pressuposto é ainda mais evidente em

pessoas de alto risco (com outros fatores associados). A redução do colesterol tem um

impacto enorme na qualidade de vida das pessoas, e o facto de essa redução corresponde

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a uma relação dose resposta no que toca aos fármacos, ajuda muito mais no incentivo a

uma mudança dos hábitos de vida. Uma meta analise demonstrou que por cada 1.0 mmol/L

de LDL que era diminuído no sangue, existia uma redução de 20 a 25% na mortalidade

associada a doenças cardiovasculares [40].

O farmacêutico deve estar sempre atento às dislipidemias, uma vez que muitas

destas complicações tendem a ser hereditárias. A importância destas é de tal forma

enorme que o estudo INTERHEART concluiu que contribuíam com um aumento em 49%

do risco de sofrer um EAM [41].

1.4.6 Fatores inflamatórios e Trombóticos

Este grupo de moléculas tem sido cada vez mais estudada, sendo dividas em

inflamatórios como a proteína C reativa ou o fibrinogénio e trombóticos. No que diz respeito

à proteína C reativa, a sua presença é indicativa de fenómenos de inflamação, que

associados ao fibrinogénio podem perspetivar a existência de placas ateroscleróticas ao

longo dos vasos sanguíneos, revelando um risco para doenças cardiovasculares [42].

No que toca aos fatores trombóticos destacam-se a homocisteina e a fosfolipase

A2. A homocisteina apesar de se considerar um fator independente pode facilmente ser

comuflado por outras caraterísticas como doenças renais ou estilo de vida. Tratamentos

com vitamina B demonstraram ser uteis na sua redução [43].

1.4.6 Tabaco e álcool

O tabaco é um fator risco major no que toca a doenças cardiovasculares. O seu

consumo é um hábito comum europeu e as pessoas que fumam comportam um risco

SCORE que duplica em relação àquelas isentas deste hábito. Este risco é associado a um

efeito dose-resposta, e assim sendo, quanto mais pior [44]. Um estudo com mais de 10000

doentes com os diâmetros das artérias carótidas diminuídas concluiu que o tabaco estava

associado a 50% da progressão desse problema comparativamente ao mesmo problema

nos não fumadores. Nos sujeitos apenas expostos ao fumo do tabaco revelou-se um

aumento de 20% [45]. O risco de DCCV em homens e mulheres que fumam 20 cigarros

por dia comparando com os que não fumam é três vezes a seis vezes maior,

respetivamente.

O mecanismo pelo qual o tabaco afeta a aterosclerose pode passar,

eventualmente, por indução de radicais livres. Por outro lado, o tabaco ativa o sistema

simpático levando a um aumento do ritmo cardíaco, da pressão arterial e da vasoconstrição

coronária [46]. Porém, o tabaco entre outros malefícios potencia os efeitos da aterosclerose

ao ativar o estado protrombótico pela inibição do facto ativador do plasminogénio [47].

Reduz as propriedades elásticas dos vasos sanguíneos, além de potenciar o fibrinogénio

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Jorge Neri Página 27

e aumentar os níveis de proteína C reativa. Por fim, é importante dar ênfase ao monóxido

de carbono que tem capacidade de se ligar ao grupo Heme da hemoglobina, impedindo a

normal oxigenação dos tecidos.

No que diz respeito ao álcool, a verdade é que vários estudos de corte demonstram

que o álcool em proporções pequenas ou moderadas tem um efeito protetor para as

doenças coronárias, em comparação com as pessoas que não bebem ou bebem demais

[48]. Os efeitos do consumo do álcool devem ser controlados e equilibrados com outros

problemas de saúde inerentes aos doentes como cancro ou cirrose hepática. De uma

maneira geral o álcool consegue ter efeito protetor por exemplo no AVC ou prejudicial como

na hipertensão.

1.4.7 Dieta

A dieta e os alimentos ingeridos são uma das formas mais simples que as pessoas

têm em começar a precaver-se das DCCV. De facto, o INTERHEART demonstrou que 14%

da população abrangida pelo estudo não incluía frutas e vegetais na sua alimentação,

sendo que estes dois últimos produtos têm demonstradas provas inequívocas da sua

utilidade na prevenção cardiovascular [35].

O consumo de carnes vermelhas e o descuido no peixe ou nos vegetais contribuem

fortemente como os principais erros na alimentação. A alimentação preferencial deve

seguir a dieta DASH, rica em frutas e vegetais, e baixa em gorduras. Esta dieta tem o nome

do estudo que a desenvolveu, Dietary Approaches to Stop Hypertension (DASH).

Apesar de o longo dos últimos anos ter sido associado um risco acrescido das

gorduras saturadas nas doenças cardiovasculares, a verdade é que o debate permanece

na comunidade científica. No ano transato, uma meta análise de 76 ensaios contando com

650000 participantes concluiu que não existem evidências que apoiem a maioria das

guidelines internacionais sobre o tema em causa, defendendo ainda que o risco

cardiovascular é independente do tipo de gordura ingerida [49]. No que toca as fibras, estas

estão associadas a uma redução do risco de DCCV. Por fim, nota ainda para o consumo

de café e descafeinado que tem um efeito neutro nas doenças cardiovasculares [50].

1.5 Hipertensão

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), trata-se de uma condição

adversa do sistema cardiovascular caracterizada por um aumento significativo da pressão

arterial de forma persistente. De cada vez que o coração bombeia o sangue para o corpo,

os vasos sanguíneos, por diversas razões, oferecem resistência à sua passagem, pelo que

a pressão necessária para garantir o normal funcionamento do sistema é, nestes casos,

sucessivamente maior [21], [51], [52]. O relatório da OMS refere a hipertensão como o fator

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responsável pela morte de 9,4 milhões de pessoas todos os anos, correspondendo a 45%

das mortes relacionadas com doenças de coração, onde África lidera os continentes em

termos de prevalência, estando a Europa imediatamente a seguir. Em Portugal é estimada

uma prevalência de 42%, sendo mais comum em homens do que em mulheres. A zona do

Alentejo a mais fatigada por este problema [51], [53-55].

1.5.1 Pressão arterial: fisiologia

Por definição, a pressão sanguínea arterial é um fenómeno caracterizado pela

resistência oferecida ao ventrículo esquerdo do coração quando este bombeia o sangue

para a artéria aorta. Durante o mecanismo da impulsão do sangue, a pressão vai aumentar

até chegar a um máximo ao qual se dá o nome de pressão sitólica. Pouco após este pico

de pressão observa-se o nó ou incisura dicrótica que corresponde ao fecho da válvula

semilunar, seguido de um ligeiro aumento antes da pressão arterial chegar aos seus

mínimos a qual se caracteriza por pressão arterial diastólica. À medida que o sangue se

afasta do coração, a pressão vai diminuindo progressivamente (Anexo XXI) [56].

A diferença entre a pressão arterial sistólica e a diastólica dá origem a pressão

arterial de pulso, ou seja a amplitude dessa diferença. É importante não confundir com

pulsação arterial, um conceito diferente que se refere ao conjunto de ciclos de relaxamento

e constrição dos vasos sanguíneos e pode ser examinado em vários locais do corpo, sendo

muito útil em casos de emergência [56], [57].

Os doentes hipertensos de uma maneira geral apresentam a resistência vascular

periférica aumentada. Por sua vez o volume de sangue bombeado pelo ventrículo

esquerdo (stroke volume) vai sendo progressivamente menor. Nestes estados é também

comum uma redução da compilance quer arterial quer venosa. O resultado final acaba por

ser um aumento do esforço do coração para um volume de sangue progressivamente

menor [56], [57]. Em contraste pode ocorrer uma perda de sangue que vai desencadear

igualmente uma resposta de contra regulação que termina num aumento da pressão

arterial para equilibrar a diminuição de volume (Anexo XXII).

A hipertensão, normalmente, aparenta estar relacionada com a diminuição do

lúmen intersticial dos vasos sanguíneos, o que aponta para a já referida aterosclerose,

associada a estilos de vida pouco saudáveis [56].

1.5.2 Alterações fisiopatológicas

O coração e os vasos sanguíneos estão sujeitos, na hipertensão, a alterações

hemodinâmicas que vão desencadear consequências estruturais. As células cardíacas e

vasculares são expostas a uma tensão que se traduz num stress na parede em que essas

células estão inseridas. Para aliviar esse stress existem duas opções: ou se aumenta a

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Jorge Neri Página 29

espessura da parede como contra efeito ou se aumenta o volume da câmara. Desta forma,

o processo que tem por nome remodelação cardíaca é estabelecido pelas alterações na

estrutura destes tecidos devido a modificações hemodinâmicas ou hormonais. Apesar de

o coração ter a capacidade de responder aos estímulos quer através da hipertrofia quer

através da atrofia, normalmente a remodelação está associada à primeira possibilidade.

Esta hipertrofia caracteriza-se por aumento da massa dos cardiomiócitos isoladamente ou

em conjunto e muitas vezes acarreta alterações bioquímicas [57]. Existem 3 processos

possíveis de hipertrofia dentro da remodelação cardíaca: Hipertrofia concêntrica,

excêntrica ou mista [58]. Por outro lado podemos caracterizar estes processos de acordo

com a origem: patológicas, por exemplo devido à hipertensão, ou então fisiológicas. De

qualquer forma, estes processos são frequentemente associados a um aumento da massa

muscular [59]. Para além das células em necrose e processos fibróticos que ocorrem em

paralelo com a remodelação, estes tecidos, normalmente, apresentam alterações

bioquímicas muito significativas. Por fim, o processo misto, normalmente, ocorre após uma

isquemia cardíaca [58]. A importância das alterações fisiopatológicas no coração tem sido

debatida na comunidade científica, porém atualmente existe uma evidência: o uso de

terapia anti-hipertensora melhora significativamente o risco associado à hipertensão

consegue diminuir ou atrasar as alterações cardíacas a que o coração estaria sujeito.[60]

Por outro lado, as artérias são mais suscetíveis as alterações hemodinâmicas e por

consequente à própria remodelação. Mecanismos como por exemplo a aterosclerose ou a

sensibilidade ao sódio são mais significativos nestes tecidos. Ao contrário da remodelação

cardíaca, o conceito de remodelação vascular tem vindo a ser constantemente revisto. A

remodelação vascular foi proposta em 1985 por Janice M. Pfeffer onde só eram

consideradas as alterações ao diâmetro do lúmen do vaso sanguíneo. O longo dos anos a

comunidade científica tem considerado outras alterações, o que permitiu o aparecimento

de conceitos como a remodelação eutrófica, caracterizada por uma alteração (bioquímica

e celular) nas paredes dos vasos sem alteração das funções, ou então a remodelação

hipertrófica caso haja apenas um aumento do material que constitui o vaso. Por fim, se

houver uma diminuição deste mesmo material, assiste-se a uma hipotrofia. Estes dois

últimos conceitos podem ser acompanhados por comprometimento das funções

vasculares. Se forem consideradas apenas as modificações no diâmetro do lúmen do vaso

pode-se falar em remodelação externa (aumento do diâmetro) ou remodelação interna

(diminuição do diâmetro). Nos doentes hipertensos, o processo mais comum é uma

remodelação interna eutrófica. Porém nos diabéticos hipertensos, o problema ainda está

em discussão, observando-se remodelações muito díspares na população. As alterações

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vasculares contribuem para os problemas nos órgãos inerentes à hipertensão assim como

os problemas na microcirculação [61].

1.5.3 Tipos de hipertensão

A hipertensão é um fenómeno que pode ser subdivido em diferentes tipos. A

pressão arterial primária, que corresponde a 90% dos casos e não apresenta uma razão

concreta da sua existência, isto, é não tem a sua origem noutras doenças tal como a

hipertensão secundária tem. Porém julga-se que um largo número de fatores genéticos

estão inerentes ao seu aparecimento. Por exemplo, nos casos em que aparenta ser

hereditária, normalmente existem distúrbios nos sistemas fisiológicos envolventes como o

sistema renina angiotensina, ou em distúrbios genéticos renais [56]. A hipertensão primária

era designada essencial já que existia a necessidade de fazer circular o sangue com uma

determinada pressão para conseguir ultrapassar vasos sanguíneos com impedimentos

como placas ateroscleróticas. Assim era “essencial” esta pressão, porém essa

denominação caiu em desuso e hoje em dia usa-se Hipertensão Primária e Secundária. A

Hipertensão Secundária pode ter origem em diversas doenças como doenças renais,

apneia do sono, aldosteronismo primário, doenças renais crónicas, doenças da tiroide

entre outros [42], [43].

1.5.4 Avaliação e Classificação

De acordo com o valor da pressão arterial podemos classificar a hipertensão. Desta

forma, e seguindo a Sociedade Portuguesa da Hipertensão apresenta-se a Tabela 2 que

esquematiza essa mesma avaliação [62]:

Tabela 2 Classificação dos tipos de hipertensão

1.5.5 Diagnóstico

O diagnóstico é feito através da análise aos valores de tensão arterial obtidos.

Porém, o risco da pessoa acaba por ser ponderado não só com estes valores mas também

com uma avaliação dos danos noutros órgãos. Contudo, não basta apenas uma medição

da pressão arterial para diagnosticar hipertensão. A normal monitorização de uma pessoa

saudável requer medições em espaços de tempo com intervalos substanciais. A task force

Tipo Pressão sistólica Pressão diastólica

Óptima <120 <80

Normal 120-129 80-84

Normal Alta 130-139 85-89

Hipertensão, fase 1 140-159 90-99

Hipertensão, fase 2 160-179 100-109

Hipertensão, fase 3 >180 >110

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Jorge Neri Página 31

norte americana para o controlo da hipertensão admite que todas as pessoas que tenham

a pressão arterial normal devem fazer um controlo a cada dois anos, enquanto os pré-

hipertensos devem fazê-lo anualmente [63]. Contudo, a Quality and Outcomes Framework

britânica aponta para a verificação a cada 9 meses.

A OMS aconselha o uso de aparelhos eletrónicos que possibilitem medição manual,

sendo de evitar outras alternativas tais como equipamentos com mercúrio. Para se efetuar

o diagnóstico, a pessoa deve medir a sua tensão arterial em dois momentos do dia, duas

vezes separadas por um minuto entre si. Normalmente é feito ao longo de 5 dias. Porém é

necessário realçar situações que podem complicar a análise do doente. O efeito “Bata-

Branca” ou mesmo a Hipertensão camuflada são algumas delas. O primeiro caracteriza-se

por uma elevação da tensão arterial apenas no consultório e a pessoa no seu dia-a-dia tem

a pressão arterial normal. Não se sabe muito bem qual é a prevalência deste síndrome

mas os indícios apontam para 25% a 45% das medições das pressões arteriais elevadas

[64].

1.5.6 Tratamento farmacológico

A fim de corrigir a hipertensão, deve-se inibir ou reduzir os mecanismos

responsáveis pela sua elevação ou então pode-se sempre diminuir o volume de água no

corpo, isto é, diminuindo por isso o volume do próprio sangue com o uso de diuréticos.

Outra linha terapêutica acaba por ser a intervenção no sistema nervoso autónomo ao

administrar bloqueadores dos recetores β do coração. Dentro dos diferentes grupos de

antihipertensores existentes, os diuréticos, os inibidores da enzima conversora da

angiotensina (IECAs), os antagonistas dos recetores da angiotensina, os bloqueadores da

entrada do cálcio e os bloqueadores beta são considerados antihipertensores de 1ª linha

[38]. A norma orientadora da DGS para o tratamento da hipertensão arterial [38] afirma que

a terapia farmacológica deve iniciar-se com: um diurético tiazídico como a hidroclorotiazida

ou a indapamida; Como segunda opção destaca os IECAS (como o ramipril) ou o

Bloqueador do Receptor da Angiotensina (BRA) como o Losartan; Pode ser ainda usado

um bloqueador da entrada de cálcio. Para fins de potenciar os efeitos terapêuticos a norma

aponta ainda para a possibilidade da conjugação do IECA com um BRA, porém deve ser

feita em situações específicas como inadaptação a prescrição ou resistência. As

associações são também usadas nas situações que existe um risco mais acrescido. Destas

associações destacam-se diurético ou um bloqueador da entrada de cálcio juntamente

com um BRA ou IECA [38],[65]. Os bloqueadores β não são usados para o tratamento

inicial da hipertensão, mas sim para casos de insuficiência cardíaca ou doença coronária.

Por fim, é importante referir alguns casos específicos: pessoas com diabetes não podem

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fazer diuréticos sob risco de desidratação, aconselhando-se um IECA ou um antagonista

do sistema renina angiotensina.

1.5.7 Tratamento não farmacológico e Aconselhamento Farmacêutico

No que diz respeito à terapia não farmacológica, esta acaba por ter de ser sempre

implementada e devidamente encorajada. De facto, a terapia não farmacológica pode levar

a resultados excecionais e é função do farmacêutico como agente de saúde aconselhar os

doentes neste tipo de situações. Destacam-se alterações tais como reduzir o consumo de

sal, aumentar o exercício físico, reduzir o consumo de álcool, adotar uma dieta saudável e

perder peso. Estas 5 alterações são fulcrais para o sucesso de uma terapia anti hipertensa.

Durante o desenvolvimento do tema na farmácia, tentei dar enfase a estas 5 medidas

associando-lhes um valor de impacto [66]. O Eight Report of the Joint National Committee

on prevention, detection, evaluation, and treatment of high BP (JNC-8) aponta algumas

alterações, destacadas na Tabela 3:

Tabela 3 Redução da pressão arterial obtida em diferentes atitudes

Redução na pressão arterial

Redução do consumo de sal 2,8 a 8 mmHg

Dieta DASH 8 a 14 mmHg

Exercício Físico 4 a 9 mmHg

Redução do consumo de álcool 2 a 4mmHg

Perda de peso 5 a 20 mmHg

. Sempre que me deparava com doentes hipertensos em terapia tentava incentivar

os mesmos a optar por medidas não farmacológicas. Muitas vezes verifiquei que esses

doentes não tinham quaisquer conhecimentos sobre os benefícios destas terapias e

limitavam-se a cumprir o mínimo ou seja a tomar o antihipertensor prescrito e a reduzir o

sal. Os doentes mais “recentes” são os mais suscetíveis a estes conselhos e ao mesmo

tempo conhecem melhor os efeitos nefastos da sua condição de saúde [25]. A perda de

peso e a redução do consumo de sal são duas atitudes que melhoram significativamente

o risco associado à hipertensão. É importante dar incentivo a uma vida saudável, tentar

induzir o doente a alterar os seus estilos de vida e reforçar a ideia de que mesmo difícil é

possível. E por outro lado, torna-se fundamental que o doente compreenda a importância

do tratamento [67], já que um doente informado vai respeitar melhor a terapia do que um

doente mal informado.

O farmacêutico pode e deve ainda ajudar ao controlo periódico da hipertensão. Na

vertente farmacológica em si, é dever deste profissional alertar para os efeitos secundários

que possam eventualmente surgir. Depende, como é óbvio do tipo de fármaco usado, da

sua classe e da própria tolerância pessoal. Entre os efeitos secundários destacam-se os

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mais comuns, ou seja a hipotensão postural e impotência. Ainda se destaca a diurese no

caso dos anti hipertensores do grupo dos diuréticos tiazídicos (HTZ) e o cansaço assim

como a sensação dos pés frios no caso dos bloqueadores beta [68]. Por outro lado dever-

se-á alertar para a duração do tratamento que obviamente será prolongado.

Na vertente da campanha desenvolvi um panfleto (Anexo XXIII) com algumas

informações sobre a doença em si, para além de conselhos não farmacológicos. Este

panfleto foi o mais bem-sucedido do grupo, revelando grande interesse por parte dos

doentes. Foram impressos 30 panfletos, dos quais não restou nenhum, e muitas vezes era

questionado sobre a possibilidade de elaborar mais panfletos e de outros temas. As

pessoas abordavam os profissionais da FCC referindo que desconheciam o enorme

impacto das terapias não farmacológicas e pediam outros conselhos para além dos

referidos.

1.6 Aterosclerose no AVC e no Enfarte agudo do Miocárdio

Quer o AVC quer o EAM estão, na sua maioria das vezes, associados a um

processo que, normalmente, apresenta um bloqueio lipídico de um vaso sanguíneo,

tornando-se importante entender o mecanismo do mesmo. A verdade é que devido à

postura das sociedades em relação ao modo de vida e à alimentação, pode-se dizer que

os eventos ateroscleróticos iniciam-se mesmo logo na adolescência [69], [70]. A

aterosclerose é um processo multifatorial que afeta os vasos sanguíneos do sistema

cardiovascular. Tem início com uma disfunção endotelial associada a um

comprometimento dos fatores anti-trombóticos e fatores vasodilatadores essenciais à

manutenção dos vasos sanguíneos, assim como da adesão de moléculas ricas em lípidos

(efeito em cascata). Estas moléculas podem, também, ser alvos de processos oxidativos.

De facto, estes processos são responsáveis não só por permitir a deposição das moléculas

como é o caso da oxidação do LDLc, mas também vão dar origem ao aumento, por

exemplo, dos radicais lives que têm um papel nocivo (o ião hipoclorito pode por exemplo

modificar o HDLc, diminuindo significativamente a sua capacidade de transporte de

colesterol). Estes lípidos vão induzir a proliferação de moléculas quimiotáticas que com o

auxílio das moléculas de adesão, permitem o depósito de células inflamatórias como

macrófagos e linfócitos, que por sua vez aumentam o efeito quimiotático e ao mesmo

tempo que tentam eliminar os lípidos, acabam por os acumular (foam cells). O colagénio

presente nessas camadas vai dar firmeza às placas que se vão formando. Porém, o

conteúdo em lípidos destas placas vai variando e aquelas que apresentam um núcleo rico

em lípidos vão ter um risco acrescido de causar uma lesão ao sofrer uma rotura e produzir

um trombo desencadeando um processo inflamatório [70]. Caso a formação destes

trombos seja constante estamos perante uma doença trombótica ou tromoembólica tem

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como principais consequências o AVC e o EAM. O resultado de uma lesão na placa de

ateroma pode ser: cicatrização, aumentando de tamanho mas não o suficiente para

produzir uma oclusão e neste caso a lesão vai acumular as células necrosadas, e

posteriormente a placa continua a aumentar de tamanho, ou desencadear processo

inflamatório de tal ordem que bloqueia completamente o vaso sanguíneo constituindo um

risco de vida concreto. Em Anexo (Anexo XXIV) encontra-se uma Figura que ilustra artérias

coronárias com dois tipos de lesão aterosclerótica. Pode-se identificar dois tipos de

patologias dentro da formação de um trombo de acordo com a localização do mesmo:

arterial ou venoso. O primeiro constituído por fibrina geralmente está associado a

aterosclerose. O trombo venoso já tem fisiopatologias mais distintas podendo

inclusivamente movimentar-se e dar origem a outras complicações [71].

1.7 Acidente Vascular Cerebral

1.7.1 Fisiopatologia

Considerada uma das mais devastadoras consequências quer da hipertensão quer

da aterosclerose, o acidente vascular cerebral (AVC), mais conhecido por AVC, é uma

condição patológica caracterizada por uma isquemia cerebral. Quando isto acontece, o

cérebro não recebe oxigénio na zona afetada e as células entram em hipoxia, acabando

por iniciar processos de necrose. É possível dividir o AVC em três tipos de acordo com a

sua fisiopatologia e com o tempo de duração. Assim, temos AVC hemorrágico, AVC

isquémico e Ataque isquémico transiente. O AVC isquémico ocorre quando o vaso

sanguíneo fica bloqueado e o sangue não consegue fluir, e corresponde a 90% dos AVC.

Muitas vezes, este tipo de AVC ocorre devido a placas ateroscleróticas que entram em

processo de rotura e induzem inflamação. Este processo quando ocorre no cérebro é

também conhecido por lipo-hialinose, cuja hipertensão é fator predisponente.

Normalmente, este tipo de AVC ocorre em vasos sanguíneos com tarefas de irrigação nas

zonas mais internas do cérebro como a gânglios basais ou o tálamo. O AVC hemorrágico,

tal como o nome indica é originado a partir de uma hemorragia, ou seja um vaso sanguíneo

já fragilizado sofre uma rotura. Normalmente são vasos com problemas anteriores como

aneurismas e malformações. Finalmente, o ataque isquémico transiente tem a mesma

fisiopatologia do AVC isquémico porém prolonga-se por um espaço de tempo curto, sendo

também designado por “mini-avc”, porém a sua distinção tem sido colocada um pouco de

lado nos últimos anos já que as medidas de prevenção para ambos os tipos [72], [73].

1.7.2 Sintomas

A associação norte americana do AVC aponta para um acrónimo “FAST” que

identifica 4 rápidas atitudes a verificar e a ter. São elas o desvio facial, falecia muscular

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num membro superior, dificuldade no discurso e por fim pedir ajuda a equipas de

emergência médica. E a sociedade em geral associa muito esse tal desvio a um problema

relacionado com o AVC. Mas para além dos sintomas referidos deve-se ter em atenção

que a falência muscular pode ocorrer para além da face, na perna ou mesmo num lado

inteiro do corpo. É importante identificar eventuais perdas bruscas de alguma capacidade

como a visão, tato ou mesmo a capacidade para entender o discurso das outras pessoas.

Perda de equilíbrio, vómitos, febre e dor de cabeça severa com perda de consciência

[74],[75].

1.7.3 Diagnóstico

O diagnóstico do AVC não se resume apenas aos sintomas que a pessoa pode

apresentar. É importante efetuar uma Tomografia Computorizada que através de uma série

de raios-X permite saber a localização exata do problema. É possível também efetuar-se

uma ressonância magnética, que também consegue descrever imagens de órgãos e no

caso do AVC, localizá-lo. O teste aos ultrassons das artérias caróticas também auxilia na

produção de uma imagem através de ultrassons, identificando possíveis falhas. Porventura

poderão ser efetuados outros testes como eletrocardiograma ou análises sanguíneas para

análise médica [76], [77].

1.7.4 Tratamento Farmacológico

Os eventos Trombóticos podem ser tratados recorrendo a três tipos de fármacos:

anticoagulantes, anti-agregantes plaquetários e fármacos fibrinolíticos [71].

No que diz respeito aos antiagregantes plaquetários, o ácido acetilsalicílico é o

fármaco de escolha em profilaxia do tromboembolismo arterial ou doença cardiovascular

de longa duração, já que inibe mais de 95% da síntese de tromboxano X2, um potente

vasoconstritor que atua como mediador da coagulação. O clopidogrel, que faz parte das

tienopiridinas está indicado na prevenção de acidentes trombóticos assim como na

prevenção do AVC isquémico, para além de ser o fármaco usado quando se verifica

resistência à aspirina. O dipiridamol é um vasodilatador que interfere com a função

plaquetar pelo aumento da concentração celular de adenosina monofosato cíclico (AMPc)

por inibição das fosfodiesterases. Não tem qualquer benefício por si mesmo, mas

associado à varfarina usa-se na profilaxia da doença tromboembólica em doentes com

próteses valvulares. Em Portugal, preparações de libertação modificada têm sido

autorizadas para a prevenção secundária de AVC isquémico e de acidentes isquémicos

transitórios. Os anticoagulantes são expressivamente mais usados no tratamento de

trombos venosos, porém deve ser dado destaque aos usados em profilaxia de AVC:

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rivaroxabano (inibidor directo do factor X), Sulodexida composto heparinóide com diversos

locais de ação, Varfarina como antivitaminico K entre outros [71], [78].

Durante o AVC, uma zona cerebral passa a ficar sem oxigénio criando-se uma zona

de isquemia cerebral. A essa zona dá-se o nome de centro de isquemia e a principal

medida a ser tomada é uma reperfusão sanguínea da zona afetada. Assim sendo, e como

90% dos AVC são causados pelo bloqueio do fornecimento de oxigénio, através de um

trombo, a terapia inicial será a trombólise através de agentes trombolíticos como o

alteplase (ativador tecidular do plasminogénio, destrói a rede de fibrina formada). Tem de

ser administrado até 6 horas após um acidente cerebral oclusivo em doentes selecionados

por angiografia e os seus efeitos reduzem a mortalidade ou a dependência. Apesar de

tudo, os agentes trombolíticos estão mais indicados para a terapia do enfarte agudo do

miocárdio e embolia pulmonar que não requeira intervenção cirúrgica.

Para além de terapia fibrinolítica de emergência existem terapias que recorrem a

meios mecânicos para destruição do trombo. Porventura, a terapia do AVC pode também

ser acompanhada de heparina e varfarina [77-79].

Apesar de esta ser a terapia convencional, facilmente é possível compreender que

tirando a terapia fibrinolítica, a verdade é que não existe muito mais terapia imediata para

além desta, e mesmo assim o rácio risco benefício deve ser ponderado. Na verdade, a

terapia com alteplase comporta riscos de outras hemorragias intracranianas. É

exclusivamente usada para situações em que a pressão arterial do doente é superior a

185/110 e tem obrigatoriamente de descer.

1.7.5 Tratamento Não Farmacológico e Aconselhamento Farmacêutico

O tratamento não farmacológico do AVC baseia-se num conjunto de atitudes que a

pessoa pode ter quer antes como doente de risco quer depois. De facto, as terapias não

farmacológicas do AVC não são muito diferentes das demais terapias para evitar as DCV,

isto é, intervenções a nível do estilo de vida e dar preferência a atitudes saudáveis.

No que toca à reabilitação pós-AVC esta é salvaguardada pela norma nº 054/2011,

onde é dado ênfase à medicina física e a reabilitação.

O AVC pode ter efeitos devastadores a nível de sequelas e a forma como os

profissionais de saúde intervêm é fundamental para que o doente consiga melhorar. É aqui

que o farmacêutico pode ter o papel mais ativo, alertando a população e contribuindo para

a melhoria do estado de saúde. A reabilitação pós AVC depende sempre do doente: deve-

se identificar os objetivos, estabelecer um plano e fundamentar a ajuda. A DGS aponta

para a necessidade de ser evidenciado o grau de severidade do AVC baseando-se para

tal nas consequências por estas provocadas. Existem para tal escalas estandardizadas

usadas pelos médicos: índice de Barthel e/ou escala de Medida da Independência

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Funcional (MIF) (Anexo XXV) que permitem igualmente estabelecer o plano terapêutico a

seguir. Assim existe: Ligeiro (MIF > 80; Barthel > 90) Moderado (80 > MIF > 40; 90 > Barthel

> 55) e, por fim, grave (MIF < 40; Barthel < 55). Estes níveis podem sugerir o local de

tratamento, já que no AVC ligeiro o doente é encaminhado, preferencialmente, para

tratamento hospitalar ambulatório ou centro de reabilitação da área da residência e no AVC

moderado já existe indicação para internamento hospitalar especializado [80].

Na Farmácia, o profissional de saúde deve alertar para os riscos de uma falha na

terapia e incentivar a mudanças de estilo de vida se assim for o caso. Normalmente, os

doentes de AVC são sempre acompanhados pelo cuidador e é nesta pessoa que se pode

também focar o interesse do farmacêutico: deve recolher informação sobre a forma de vida

do doente, autonomia e independência, e chamar a atenção para eventuais situações que

possam ser alteradas. Muitas vezes os cuidadores tendem a sobrestimar os doentes e a

realizar as tarefas por eles. O farmacêutico deve chamar a atenção de que a terapia não

farmacológica pode passar por incentivos à recuperação e permitir que o doente tende

realizar as tarefas por si mesmo. O incentivo aos objetivos é fundamental. Porém, de facto,

o farmacêutico não é o terapeuta, logo o aconselhamento deve também não se estender a

outras áreas de menor compreensão. Assim sendo devem ser fornecidos aos doentes

outras ajudas como indicações de associações ou estabelecimentos de terapia ajduvante

[73].

Na FCC notei que as pessoas que procuravam a “aspirina diária” eram muitas vezes

pessoas obesas e portanto, em risco acrescido para um evento cardiovascular. Poucas

eram as que tinham cuidado com a alimentação e não tinham atenção a quaisquer outros

fatores de risco, razões que me incentivaram ao alerta destas doenças e do AVC em

particular. Com esta finalidade, foi então, elaborado um panfleto informativo,

disponibilizado em Anexo (Anexo XXVI). Novamente foram impressos outros 30

exemplares, sendo que a procura se limitou mais a pessoas mais velhas, muitas vezes

com fatores de risco associados. Curiosamente muitas vezes procuravam saber mais

sobre mecanismos de ação dos fármacos em si, revelando estarem muito à vontade nas

terapias não farmacológicas.

1.8 Enfarte Agudo do Miocárdio

O Enfarte Agudo do Miocárdio faz parte de um conjunto de consequências da

Doença Coronária, que é a principal causa de morte a nível global. [27] A morte por EAM

ou a isquemia cardíaca tem diminuído nas últimas décadas, porém, na Europa e na Ásia,

4 milhões de pessoas morrem anualmente devido a doenças coronárias [22].

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Jorge Neri Página 38

1.8.1 Fisiopatologia

À semelhança do AVC, o EAM é um evento clínico consequente a uma isquemia

prolongada, porém neste caso nos cardiomiócitos [81]. A morte destas células não ocorre

num momento exato. O tempo estende-se até aos 20 minutos. Porém para ser detetada

quer macroscopicamente quer microscopicamente numa situação post-mortem serão

necessárias 2 a 4 horas [81].

Quando ocorre o bloqueio de uma artéria coronária, o fornecimento de sangue fica

comprometido. Geralmente, observa-se um enfarte agudo do miocárdio com elevação do

segmento ST (correspondente ao tempo isoelétrico que estabelece a despolarização dos

ventrículos) quando a formação do trombo é rápida e promove a oclusão total do vaso

sanguíneo, surgindo então a elevação em causa. A sua progressão leva à elevação da

curva Q no Eletrocardiograma. De facto, o enfarte agudo do miocárdio ou uma isquemia

cardíaca podem ser representados por alterações nos seguimentos: PR, o complexo QRS,

a onda T e por fim o já referido seguemento ST [82]. Quando a oclusão não é total, estamos

perante um Enfarte Agudo do Miocárdio sem elevação ST (Anexo XXVII), que muitas vezes

se trata de uma Angina Instável.

1.8.2 Sintomas

Os sintomas dos diferentes tipos de isquemia cardíaca na qual se insere o EAM

são, apesar de tudo, semelhantes entre si, já que em todos eles ocorre um desequilíbrio

entre o fornecimento de oxigénio e o tecido [81]. Os sintomas tratam-se assim do resultado

desta perda de oxigénio que pode traduzir-se em dor localizada, ou combinações de dores

no peito, epigástricas e ocasionalmente irradia para o braço, associada a uma contante

perda de ar. Geralmente o desconforto tem uma duração superior a 20 minutos [82].

1.8.3 Classificação

O enfarte agudo do miocárdio tem uma classificação que pode ser um pouco

complexa e foge ao âmbito deste relatório, porém é importante distinguir e nomear os

diferentes tipos: Espontâneo, associado ao bloqueio de uma artéria que irriga o coração

devido a problemas como aterosclerose. Ocorre uma ulceração e uma quimiotaxia que

pode não se limitar a um simples local mas a vários impedindo a circulação sanguínea; O

Secundário, associado a uma maior necessidade de oxigénio por parte do coração, que

não é correspondida. Muitas vezes associado a doenças tais como Disfunção Coronária

endotelial ou taqui/bradicardias; Tipo 3 normalmente fulminante, é associado a sintomas

de enfarte mas os biomarcadores no sangue não estão elevados. Tipo 4 e tipo 5: Associado

a problemas preliminares com a vascularização. O tipo 4 divide-se em a) associado a uma

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intervenção percutânea e o tipo b) formação de um trombo. O tipo 5 é tipo de enfarte cujos

valore dos biomarcadores são mais elevados [81].

1.8.4 Biomarcadores

Os marcadores biológicos ou também designados por biomarcadores são

moléculas que caracterizam determinados processos ou mecanismos biológicos, e entre

outras utilidades podem ser adjuvantes no diagnóstico de determinadas doenças. O

biomarcador de EAM ideal deve ter um aumento plasmático significativo e em poucas horas

de forma a facilitar a sua leitura [83]. A sociedade Americana de Bioquímica Clínica definiu

que o diagnóstico de enfarte agudo do miocárdio deve ser baseado em pelo menos dois

biomarcadores: um nas primeiras 6 horas após os sintomas e outro muito mais sensível e

específico para o dano do miocárdio cujo pico plasmático ocorra 6 a 9 horas após os

sintomas e permaneça elevado durante alguns dias [84].

Antigamente, eram usadas enzimas tais como a aspartato aminotransferase ou a

Lactato Desidrogenase (LDH) que tendencialmente foram substituídas pela creatina cinase

(CK). Apesar de serem sensíveis para os casos de morte celular, a verdade é que não

eram específicas para o dano do coração. No que toca a enzimas, atualmente usa-se a

CK, mas a sua isoforma cardíaca (CK-MB). As restantes isoformas da CK estão no cérebro

(CK-BB) ou no músculo esquelético (CK-MM). A CK-MB tem o seu aumento ao fim de 4-6

horas apos as dores no peito, chegando ao pico plasmático entre as 12 e as 24 horas.

Porém, os seus valores voltam ao normal ao fim de poucas horas. Em mais de 65% dos

doentes que sofrem EAM é possível observar um aumento da CK-MB.

Por outro lado, o diagnóstico pode ser feito recorrendo a proteínas cardíacas. A

mioglobina, troponinas cardíacas ou filamentos de miosina cardíacos são as proteínas com

mais relevância neste aspeto. A mioglobina é uma proteína que se liga ao oxigénio e faz

parte do grupo Heme estando presente na musculatura cardíaca e esquelética. É muito útil

para determinações precoces de dano tecidular, porém peca por especificidade, pelo que

não é possível, através do doseamento, saber exatamente se se trata de dano tecido

cardíaco ou muscular esquelético. Durante muitos anos, o doseamento da CK-MB

juntamente com a mioglobina foi usado de forma a conseguir uma forma de diagnóstico

especifica e em menos tempo [83]. Entre 1 a 4 horas é possível observar o seu aumento

plasmático, porém esta proteína aumenta em todas as vítimas de EAM. Todavia, os seus

níveis começam a voltar ao normal logo ao final de 18-24 horas [84].

Por fim, existem as troponinas cardíacas. Nas últimas duas décadas, o doseamento

sérico das troponinas cardíacas tem sido o principal biomarcador de morte de

cardiomiócitos As troponinas cardíacas, troponina T (TnT), Troponina I (TnI) e Troponina

C (TnC) são responsáveis por fazer a ligação com o cálcio e regular a contração muscular.

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Quando ocorre dano tecidular, estas proteínas são libertadas para a corrente sanguínea.

O seu aumento sanguíneo é concomitante com o aumento da CK-MB, porém ao invés

desta ultima que pode ser encontrada mesmo em pessoas saudáveis que, por exemplo,

pratiquem desporto de alta intensidade, as troponinas cardíacas são encontradas em caso

de dano cardíaco. A quantidade de Troponina (TnI principalmente) que é libertada para o

sangue é tal forma elevada faz dela um marcador eficaz, tornando-se fundamental em

doentes que por exemplo não procuram ajuda médica durante 2 ou 3 dias. A verdade é

que estas proteínas permanecem elevadas durante 7 a 10 dias [83], [84].

1.8.5 Diagnóstico

Quanto mais rapidamente o doente reconhecer os seus sintomas melhor. De facto,

o diagnóstico do enfarte agudo do miocárdio normalmente é feito através das análises aos

biomarcadores, eletrocardiograma e imagiologia, porém torna-se importante no âmbito do

caso de estudo apelar à necessidade das pessoas não esconderem os problemas. A

verdade é que os sintomas não são específicos do problema em causa. As pessoas

queixam-se de dores no peito ou no braço, atribuindo-lhes muitas vezes origens erráticas,

por exemplo, osteoarticulares ou mesmo gastrointestinais. De facto, existem exemplos de

pessoas que conseguem aliviar a dor através de antiácidos. É, portanto, essencial que o

doente tenha autoconsciência e peça ajuda médica no imediato. Os médicos tentam

sempre perceber se a dor persiste há mais de 20 minutos ou mais e sem responder à

nitroglicerina. É importante realizar o eletrocardiograma cardíaco o mais rápido possível

para despistar se o enfarte tem elevação ST ou não e se representa um risco de vida

severo ao potenciar arritmias [27], [85].

1.8.6 Tratamento Farmacológico

Uma vez diagnosticado o EAM é essencial começar com a terapia de emergência.

Esta terapia tem como objetivos o alívio da dor, controlar as alterações hemodinâmicas e

a anormalidades da circulação, e em certos casos iniciar a terapia de reperfusão com

intervenção percutânea coronária ou fibrinólise. A guideline europeia para o tratamento do

EAM dá igualmente enfase aos tempos intervalo entre o início dos sintomas graves e a

chegada da assistência que podem ser um obstáculo uma vez que os primeiros momentos

são fundamentais para o desenrolar dos tratamentos. De facto, se a reperfusão coronária

invasiva for delineada como o tratamento ideal de emergência então o tempo entre o

primeiro contacto com o médico até que este é administrado não deve ser maior que 90

minutos. Em emergência, para alivio das dores são usados analgésicos opioides, cujos

efeitos secundários como náusea ou vómitos acabam por ser tratados com anti eméticos

[25].

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Em caso de falência cardíaca, hipoxia ou problemas respiratórios, o oxigénio pode

ser solução [27]. Porém este processo deve ser ponderado: em 2013 um estudo avaliou o

resultado de quatro ensaios com 430 doentes presumivelmente com EAM divididos em

dois grupos um com suplementação com oxigénio ou outro sem. Esta revisão concluiu que

não existia nenhuma redução significativa da mortalidade [86]. Por fim, nos doentes muito

nervosos, que se apercebem do risco da situação que estão inerentes pode eventualmente

ser fornecido um ansiolítico.

Numa fase posterior, é fornecida outro tipo de medicação: terapia com

antiagregantes plaquetários como a aspirina de forma a reduzir o risco de trombose

coronária. Em terapia de reperfusão também é fornecida esta medicação. Terapia com

agentes anticoagulantes é útil, mas a sua escolha não é simples. De facto, muitos estudos

nesta área acabam por se contradizer e não apontam nenhuma solução em concreto,

evidenciando sempre que é fundamental uma escolha de acordo com a terapia geral que

é feita. A heparina em grandes doses intravenosas demonstrou uma baixa utilidade, para

além das hemorragias provocadas. Outra opção trata-se de nitratos sendo útil para os

pacientes com dores muito persistentes. Os bloqueadores beta são usados em todos os

doentes com EAM com elevação ST com a exceção daqueles nos quais está

contraindicado, assim como a terapia com Estatinas [27],[87].

Por fim, destacam-se ainda outros grupos farmacológicos tais como antagonistas

do cálcio, antagonistas da aldosterona, entre outros

1.8.7 Tratamento Não Farmacológico e Aconselhamento Farmacêutico

O tratamento não farmacológico de um EAM deve passar pela consciencialização

do doente em relação à sua doença. O farmacêutico deve alertar para a duração do

tratamento do problema no seu âmbito fisiopatológico que será 5 a 6 semanas mas é

fundamental garantir que o doente altera o seu estilo de vida: parar imediatamente de

fumar, se necessário recorrendo a produtos farmacêuticos como tratamento de

substituição da nicotina. Assegurar uma boa alimentação equilibrada e não esquecer a

medicação prescrita em nenhuma altura. A verdade é que muitas vezes a circulação e o

transporte do sangue pode ficar comprometido. Deve ainda ser destacado o “paradoxo do

fumador”, isto é, fumadores que foram vítimas de EAM e necessitaram de terapia de

reperfusão têm prognósticos melhores do que os não fumadores. O Estudo International

Tissue Plasminogen Activator/Streptokinase Mortality que envolveu 2366 não fumadores,

2244 ex-fumadores e 3659 fumadores ativos concluiu que os não fumadores comparados

com os outros dois grupos tinham maior tendência para revelar complicações hospitalares

tais como AVC ou Hemorragias, assim como uma maior mortalidade em 6 meses do que

os fumadores ativos [88]. Contudo a verdade é que isto parte-se com dois fatores

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essenciais: primeiro o hematócrito dos fumadores é maior, e a verdade é que os grupos

fumadores normalmente são pessoas com menos fatores de risco associados, uma vez

que normalmente este grupo tem uma idade menor do que os não fumadores. Como parte

da campanha de sensibilização encontra-se em Anexo o panfleto desenvolvido (Anexo

XXVIII). Os doentes que se interessavam por este panfleto, procuravam junto dos

profissionais da FCC detalhes mais específicos sobre as terapias não farmacológicas.

Muitas vezes deparava-me com pessoas assustadas com o risco e queriam alterar o estilo

de vida. Em suma, poder-se-á dizer que este panfleto foi aquele que conseguiu “alterar

mais” o estilo de vida. Algumas semanas após a implementação da campanha diversas

pessoas referiam que já tinham começado a seguir os conselhos e a alterar as rotinas

diárias.

Caso 2 – Riscos da automedicação

Este segundo caso de estudo desenvolvido durante o meu estágio seguia agora o

objetivo de alertar a população para o risco dos medicamentos e incentivar a procura de

ajuda. A principal ideologia assentava na seguinte premissa: “Saber o nome, não é o

mesmo que conhecer o medicamento”. Assim sendo foi essencial estabelecer um contacto

com as pessoas que passou pela elaboração de um panfleto de alerta sobre o mesmo

tema (Anexo XXIX). Tal como os casos anteriores, foram impressos 30 panfletos. Tendo

este um impacto diferente do esperado uma vez que os doentes comentavam com os

profissionais situações de risco que presenciavam em casa, junto de familiares ou amigos.

Muitas pessoas alertavam para a necessidade da farmácia ser o principal meio de luta

contra este problema.

2.1 Definição

A automedicação baseia-se na utilização de MNSRM, para aliviar algumas queixas

de saúde simples e sem gravidade. Esta prática está prevista na lei portuguesa e

inclusivamente existe um conjunto de situações passiveis de automedicação. Em 1998, a

OMS e a Federação Internacional da Farmácia definem-na como a prática através da qual

um individuo seleciona e usa medicamentos para tratar sintomas e problemas de saúde

simples, que são reconhecidos por ele próprio. Estas duas organizações incluem a auto

medicação dentro das práticas do self-care, ato de cuidar de si próprio [89].

Diversas são as situações em que as pessoas recorrem aos medicamentos para

aliviar sintomas desagradáveis ou indesejáveis, usando para tal a conhecimento próprio,

muitas vezes fundamentado em sofismas urbanos sem ponderação científica e

possivelmente com erros graves, ou então recorrendo à publicidade do quotidiano ou

amigos/familiares. São estas situações para as quais os profissionais de saúde devem

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estar alertados e sendo a farmácia, muitas vezes, um local primário de saúde, é importante

dar realce à necessidade de cuidados com os medicamentos sejam eles quais forem.

Durante o meu estágio senti diversas vezes a necessidade de alertar a população para

situações em que eram requisitados os mais diversos medicamentos, muitas vezes MSRM,

cujo fundamento para o uso estaria errado [90].

2.2.Objetivo

Como já referido durante o meu estágio tive diversas vezes de alertar para

situações menos saudáveis e baseadas na automedicação. Este problema tinha uma

dimensão significativa o que me levou a elaborar um panfleto de forma a alertar a

população para os aspetos deste tópico de saúde por vezes olvidado.

2.3 Automedicação como mecanismo social

Especialistas afirmam que este fenómeno é característico de países desenvolvidos.

Cada vez mais os consumidores modernos tentam garantir um papel ativo na sua saúde,

controlando a farmacoterapia que fazem. A verdade é que ao tentar alterar uma condição

simples, sem o apoio profissional correto pode-se desenvolver um problema sério. Os

bloqueadores do recetor H2 da histamina, ou os corticosteroides tópicos, antifúngicos e

contraceção oral são alguns dos medicamentos mais abusados nestes casos.

Especialistas da área defendem que este comportamento se deve ao seguinte juízo: “não

é necessário um médico ou um farmacêutico e eu consigo tratar de mim próprio sozinho”.

Por outro lado existem razões tais como a compaixão pelos familiares, ou a desconfiança

perante os cuidados de saúde ou mesmo publicidade que induzem tais atitudes. Sylvie

Fainzang defende que a busca de medicamentos sem aconselhamento insurge-se devido

principalmente a prescrições prévias, internet e publicidade, o que pressupõe que um

individuo que escolhe um caminho farmacológico autónomo raramente se encontra

sozinho, sendo a ajuda externa essencial. Por outro lado, muitos países apresentam a

saúde como um bem essencial muito dispendioso, pelo que existe uma maior facilidade no

acesso aos medicamentos em geral (não são tão comparticipados), o que contribui

largamente para o seu consumo. Além do mais, as falhas nas restrições em certos países

menos desenvolvidos, acaba por permitir que e medicamentos como os antibióticos

acabam por infelizmente entrar nestas contas. Em Portugal, a publicidade física nas

farmácias ou a publicidade televisiva e radiofónica encontra-se legislada, além de que os

MSRM estão proibidos de ser publicitados, porém na Internet já se revela o oposto:

informação contraditória, pouco regulamentada e agressiva está disponível a todos [91].

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2.4 Farmacoeconomia

Muitas das situações de automedicação caracterizam-se por abusos de MNSRM.

Em 2014, o mercado de MNSRM representou 211,60 milhões de euros dentro dos 2,439

milhões de euros correspondentes ao mercado total de medicamentos em Portugal. E a

tendência de crescimento é enorme [92]. 2008 foi o primeiro ano em que as vendas

mundiais de MNSRM foram maiores do que os MSRM [90], [93]. Os fatores económicos

têm impacto grande neste assunto: desde serviços de saúde muito dispendiosos, maiores

conhecimentos na área, entre outros. Porém, apesar de todas as contra indicações que

esta prática pode ter, a verdade é que acaba por promover uma diminuição dos custos

associados aos Sistemas de Saúde. Aliás, a viragem de opinião em relação a este assunto,

como o sucedido na Roche® ou a Pfizer ®, que abandonaram esta área do medicamento

para voltar a entrar no início da década, revela a importância económica deste grupo de

medicamentos. Ao mesmo tempo outras empresas que nunca tinham saído do mercado

como a Bayer® ou a Novartis®, apresentam novos projetos e investimentos [90].

Muitas entidades reguladoras alteram anualmente as suas listas de medicamentos

que podem ser vendidos livremente. Este processo que toma o nome de “Rx‑to‑Over‑the

‑Counter Switch” tem por base certos princípios, tais como: o medicamento deve estar há

muito tempo no mercado e a sua monitorização e previsão de efeitos deve estar bem

documentada. Porém, os mecanismos de controlo não são mundiais, revelando sérios

problemas nos países subdesenvolvidos. De facto, certos medicamentos que nos países

desenvolvidos são sujeitos a receita, nestes países são de venda livre [94].

2.5 Riscos da automedicação e o Farmacêutico

Muitas vezes, durante o estágio, deparei-me com situações nas quais as pessoas

alegavam conhecimentos sobre os medicamentos, conhecimentos esses errados que

poderiam levar complicações derivadas da medicação e os riscos são inúmeros

começando logo pelos efeitos secundários que cada princípio ativo pode apresentar: desde

cefaleias, náuseas, vómito, agressão estomacal, até problemas anafiláticos graves ou

renais. Apesar de tudo, o aumento das resistências e as sobredosagens são os dois

principais riscos/desvantagens, principalmente nos antibióticos e nos analgésicos

respetivamente. Deve ser dado ênfase ao cuidado que os doentes devem ter em ler

atentamente todas as indicações, evitar confundir os medicamentos, detalhar os

medicamentos em casa, elaborar escalas de organização, entre outros mecanismos de

ajuda. Sempre que se faz um aconselhamento deve-se medir os riscos e os benefícios

caso haja um medicamento envolvido. Deve pautar-se por educar o doente, desenvolver

um aconselhamento terapêutico e revelar toda a informação essencial. Muitos pacientes

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não estão a par das suas doenças, não por falta de informação de outros profissionais mas

porque se olvidam das mesmas informações. Um doente mal informado rapidamente pode

cometer erros [94]. Por outro lado, é fundamental verificar se a pessoa em questão realiza

a terapia adequadamente. Sempre que um farmacêutico se deparar com um doente de um

grupo mais suscetível, então os riscos associados a uma má utilização dos medicamentos

multiplicam-se. Estas pessoas incluem, grávidas e senhoras a amamentar, recém-nascidos

e crianças em geral e portadores de doenças crónicas como diabetes e idosos. Para melhor

ajudar os profissionais a orientarem a sua busca de informações a fim de conseguirem o

melhor resultado possível, a Ordem dos farmacêuticos apresenta diversas publicações

nesse sentido. As indicações terapêuticas fornecem auxílio nesse sentido, revelando um

fluxograma com dicas essenciais nesse assunto [93], [95], [96].

2.6 Emergência

É importante também por outro lado estar atento a todos os sinais e sintomas de

uma pessoa. Na eventualidade de uma pessoa apresentar sinais de intoxicação ou

envenenamento dever-se-á contactar o Centro de Informação Anti-Venenos. Os

medicamentos são os principais agentes responsáveis pelas intoxicações nos adultos, dos

quais se destacam os ansiolíticos e antidepressivos, apesar de serem os analgésicos e os

anti-inflamatórios os medicamentos mais vendidos fora das farmácias. A maior parte

destas intoxicações é acidental e ocorre em casa. Uma das possíveis causas destas

intoxicações poderá eventualmente ser sobredosagens dos princípios ativos ou

automedicação irresponsável [97].

Caso clínico “Sintomas de hipotiroidismo?”

“Senhora ao telefone questiona a farmácia sobre a situação do Olcadil® (Cloxazolam)

devido aos lotes que tinham sido retirados do mercado. Reporta ainda ter tomado alguns

comprimidos que não surtiram efeitos, referindo que voltou a ter os “sonhos e a agitação

anteriores”. Mais indica que tem feito terapia com Eutirox® (Lexotiroxina) ”

A senhora foi aconselhada a ir ao médico e seria posteriormente contactada.

O hipotiroidismo consiste numa patologia com origem glândula tiroidea

caracterizado por sintomas e sinais que variam de acordo com a lesão, mas normalmente

incluem fadiga, intolerância ao frio, ganho de peso, obstipação, pele seca, mialgias e

irregularidades menstruais [98]. Isto deve-se a diminuição das hormonas tiroideias que

levam a uma desaceleração do metabolismo. O hipotiroidismo normalmente é primário,

correspondendo a problemas auto imunes ou resultado de terapias à glândula como a

tiroidectomia, que levam a uma diminuição dos níveis de tiroxina e à elevação da hormona

estimulante da tiroide (TSH) O tratamento para este problema normalmente é feito por

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

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recompensa hormonal com tiroxina sintética (T4) que vai dar origem in vivo a triiodotironina,

hormona mais ativa. Contudo é necessário ter em atenção ao risco associado aos

fármacos. Quando a dose não se ajusta corretamente, o doente com hipotiroidismo começa

a revelar sinais de hipertiroidismo. De facto, a insónia e a agitação são sinais deste último

problema [99]. Quando questionada sobre o médico, a resposta foi: “Já não vou ao médico

há uns largos meses. Não tenho tido problemas”

O caso de estudo trata-se então de uma suspeita de uma sobredosagem de

levotiroxina que porventura poderá estar a ser responsável pelos sintomas característicos

de um hipertiroidismo numa fase muito precoce. Este tipo de situações apesar de raras

podem ocorrer [100]. As pessoas que estão em terapia com hormonas tiroideias devem ter

sempre em atenção se têm os seguintes sintomas de fácil evidência apresentados em

Anexo XXX. Possivelmente e não excluindo outras hipóteses, o médico tinha aferido os

sintomas como normais, não revendo a terapia feita pela senhora, e de forma a evitar a

agitação e as insónias prescreveu cloxazolam cujas indicações terapêuticas presentes no

Resumo das Características do Medicamento são perturbações emocionais, dentro delas

a ansiedade, assim como perturbações no sono [101], sintomas que a senhora descreveu.

Com estes dados a senhora foi aconselhada a ir à farmácia onde foi explicada a situação

detalhadamente e aconselhada a ir ao médico, levando consigo um relatório da farmácia

sobre a mesma situação. Infelizmente, não existiu qualquer contacto da referida doente

com a farmácia durante o restante decorrer do meu estágio ficando o caso de estudo sem

uma conclusão concreta.

Considerações finais

O estágio curricular em ciências farmacêuticas, na vertente de farmácia comunitária

constituiu-se como o primeiro contacto com a realidade profissional. Durante os quatro

meses que pude colaborar e aprender com a FCC e a sua equipa, apercebi-me da

importância do farmacêutico não só no apoio direto ao doente, mas também na

necessidade moderna de gerir corretamente uma farmácia. Os temas desenvolvidos

permitiram aprofundar e solidificar conhecimentos, e ao mesmo tempo, alertar para

atitudes de risco que devem ser desencorajadas

Concluo, desta forma, que o estágio curricular na FCC foi sem dúvida uma mais-

valia. Desafios diários, responsabilidades exigidas e necessidade de adaptação foram

pilares que surgiram neste tempo. A aprendizagem, apesar de tudo, é contínua e deve ser

sempre estimulada independentemente do futuro profissional. Na farmácia comunitária a

materialização do saber em aconselhamento e cuidados farmacêuticos é um dever do

farmacêutico, e uma utilidade social que todos podemos usufruir.

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página 47

Bibliografia

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dos Farmacêuticos. 2009.

[2] Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto: Regime jurídico das farmácias de oficina.

[3] Deliberação no 2473/2007, de 28 de novembro: Aprova os regulamentos sobre áreas

mínimas das farmácias de oficina e sobre os requisitos de funcionamento dos postos

farmacêuticos móveis.

[4] Deliberação nº 1502/2014, de 3 de julho: Regulamentação das áreas mínimas das

farmácias, de acordo com n.os 4 e 5 do artigo 29.º e do artigo 57.º-A do Decreto-Lei

n.º 307/2007, de 31 de agosto, na sua redação atual.

[5] Decreto-Lei n.o 176/2006, de 30 de agosto: O estatuto do Medicamento.

[6] Portaria n.o 137-A/2012, de 11 de maio: Estabelece o regime jurídico a que

obedecem as regras de prescrição de medicamentos, os modelos de receita médica

e as condições de dispensa de medicamentos, bem como define as obrigações de

informação a prestar aos utentes

[7] Decreto-Lei n.o 48-A/2010, de 13 de maio: Aprova o regime geral das

comparticipações do Estado no preço dos medicamentos, altera as regras a que

obedece a avaliação prévia de medicamentos para aquisição pelos hospitais do

Serviço Nacional de Saúde

[8] Ministério da Saúde: Comparticipação de medicamentos - Portal da Saúde.

Acessível em:

http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/informacoes+uteis/medicamentos/co

mparticipacaomedicamentos.htm [acedido em 15 de abril de 2015]

[9] Infarmed: Dispensa em Farmácia Oficina. Acessível em:

http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/MEDICAMENTOS_USO_HU

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[10] Infarmed, “Normas relativas à dispensa de medicamentos e produtos de saúde,”

Acessível em:

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[11] Decreto-lei no 15/93, de 22 de janeiro: Regime jurídico do tráfico e consumo de

estupefacientes e psicotrópicos.

[12] Decreto Regulamentar no 61/94, de 12 de outubro: Controlo do mercado lícito de

estupefacientes e substâncias psicotrópicas.

[13] Portaria nº 193/2011, de 13 de maio: Regula o procedimento de pagamento da

comparticipação do Estado no preço de venda ao público dos medicamentos

dispensados a beneficiários do Serviço Nacional de Saúde que não estejam

abrangidos por nenhum subsistema ou que beneficiem de comparticipação em

regime de complementaridade.

[14] Administração Central do Sistema de Saúde (2014) Manual de Relacionamento das

Farmácias com o Centro de Conferência de Facturas do SNS. 1ª Edição.

[15] Decreto-Lei nº 184/97, de 26 de julho: Regime jurídico dos medicamentos de uso

veterinário farmacológicos.

[16] Portaria nº 769/2004, de 1 de julho: Estabelece que o cálculo do preço de venda ao

público dos medicamentos manipulados por parte das farmácias é efectuado com

base no valor dos honorários da preparação, no valor das matérias-primas e no valor

dos materiais de embalagem.

[17] Decreto-Lei nº 95/2004, de 22 de abril: Regula a prescrição e preparação de

medicamentos manipulados.

[18] Portaria n.o 1429/2007, de 2 de novembro: Define os serviços farmacêuticos que

podem ser prestados pelas farmácias.

[19] Direção Geral de Saúde. Norma 020/2011: Hipertensão Arterial: definição e

classificação. Acessível em https://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs/normas-e-

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jpg.aspx [acedido em 28 de fevereiro de 2015]

[20] American Heart Association, “What is Cardiovascular Disease? Acessível em:

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[21] World Health Organization, “A global brief on Hypertension", 2013. Acessível em:

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Anexos

Anexo I

Aspeto da Farmácia Castro Carneiro

Aspeto lateral da Farmácia

Aspeto interior da farmácia: sistema de senhas e montra de material ortopédico

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Anexo II

Encomenda ao fornecedor, aspeto do Software

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Anexo III

Fatura enviada pela OCP juntamente da encomenda

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Anexo IV

Conferência de encomendas

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Anexo V

Esquema explicativo da identificação de uma Receita Médica

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Anexo VI

Regime especial de comparticipação. Dispensa exclusiva em Farmácia de Oficina.

Fonte:

http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/MEDICAMENTOS_USO_HU

MANO/AVALIACAO_ECONOMICA_E_COMPARTICIPACAO/MEDICAMENTOS_U

SO_AMBULATORIO/MEDICAMENTOS_COMPARTICIPADOS

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Anexo VII

Fatura de Benzodiazepinas

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Anexo VIII

Receita especial

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Anexo IX

Fonte: - Manual de Relacionamento das Farmácias com o Centro de Conferência de Faturas do SNS, Novembro 2011, disponível online em: https://www.ccf.min-saude.pt/portal/page/portal/publico/DownloadPublicacoes/ManuaisdeRelacionamento Acedido a 17/6/2015

Códigos dos lotes e respetivas referências

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Anexo X

Ficha de preço de um medicamento manipulado

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Anexo XI

Rótulo de um medicamento manipulado

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Anexo XII

Ficha de preparação de um medicamento manipulado

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Anexo XIII

Documento identificativo do contentor ValorMED

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Anexo XIV

Frente do Questionário sobre os serviços

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Verso do questionário sobre os serviços

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Anexo XV

Publicidade elaborada alusiva ao dia do Pai

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Anexo XVI

Fonte: Doenças Cérebro-Cardiovasculares em números – 2014. Edição de 2014:

Direção Geral de Saúde

Percentagens de óbitos devidas às principais causas de morte desde 1988 até 2012

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Anexo XVII

Fonte: Doenças Cérebro-Cardiovasculares em números – 2014. Edição de 2014:

Direção Geral de Saúde

Comparação das taxas de mortalidade padronizadas por Doenças Cérebro-

cardiovasculares (DCV), em alguns países Europeus

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Anexo XVIII

Fonte: Doenças Cérebro-Cardiovasculares em números – 2014. Edição de 2014: Direção Geral de Saúde

Gráficos representativos da evolução do número de óbitos devido a Doenças isquémicas

do coração e a doenças cerebrovasculares

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Anexo XIX

Fatores de Risco Major para as doenças cardiovasculares

Adaptado de: The Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood pressure. The JNC 7 report. JAMA 2003; 289:2560

Fatores de risco Major

Hipertensão

Tabaco

Obesidade

Inatividade Física

Dislipidemias

Diabetes Mellitus

Microalbuminúria

Idade>55 anos em homens >65 anos em mulheres

Historia familiar de outras doenças cardiovasculares

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Anexo XX

Tabela SCORE usada em países com baixo risco de Doença Cardiovascular

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Jorge Neri Página 82

Anexo XXI

Pressão média

Pressão sistólica

Pressão diastólica

Incisura dicrótica

Curva dicrótica

Pressão arterial sentida pela artéria aorta. Figura adaptada de Richard E. Klabunde,

Cardiovascular Physiology Concepts, 2a edição. Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins,

2012.

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Jorge Neri Página 83

Anexo XXII

Esquema adaptado de Eric P. Widmaier, Hershel Raff, and Kevin T. Strang,

Vander’s Human Phisiology - The Mechanisms of Body Function, 13th ed. Nova Iorque,

Estados Unidos da América: McGraw-Hil, 2014. Pag. 413

Diminuição da pressão arterial

Diminuição da estimulação dos baroreceptores

Diminuição da invervação parassimpática no coração

Aumento da invervação simpática no coração

Aumento do ritmo cardíaco

Aumento da invervação simpática nas veias

Aumento da constrição das veias

Aumento da invervação

simpática nas arteriolas

Aumento do volume final diastolico

Aumento do volume de sangue

Aumento da resistência periférica

Aumento da

pressão arterial

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Jorge Neri Página 84

Anexo XXIII

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Jorge Neri Página 85

Anexo XXIV

Fonte: Adaptado de Badimón L, Vilahur G e Padró T (2009). Lipoproteins, platelets and

atherothrombosis. Revista Española de Cardiología; 62: 1161–1178.

Figura histológica comparativa da aterosclerose em duas artérias coronárias: Na figura A

está presente uma lesão complexa com tecido necrosado (N) associado a uma camada

fibrosa (F). A Figura B remete para uma lesão que onde já houve rotura mas cicatrizou

ficando o trombo (T).

F N T

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Anexo XXV

Continuação do Anexo XXV

Escala de Barthel

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Jorge Neri Página 87

Escala de Medida de Independência Funcional

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Anexo XXVI

Panfleto Informativo desenvolvido no âmbito da campanha de Doenças Cerebro-

Cardiovasculares

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página 89

Anexo XXVII

Fonte: Adaptado de Longo DL, Jameson JL, Fauci AS, Hauser SL e Loscalzo J, Harrison’s

Principles Of Internal Medicine, 18th ed. The McGraw-Hill Companies, 2012.

.

Aspeto da oclusão de uma artéria carótida. À da esquerda trata-se

de um bloqueio sem elevação ST, e à direita com elevação ST

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página 90

Anexo XXVIII

Panfleto Informativo sobre o Enfarte agudo do Miocárdio desenvolvido no âmbito da

campanha de Doenças Cérebro-Cardiovasculares

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Jorge Neri Página 91

Anexo XXIX

Panfleto informativo desenvolvido no âmbito da auto-medicação

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Jorge Neri Página 92

Anexo XXX

Sintomas de fácil evidência do Hipertiroidismo

Sintomas de fácil evidência do Hipotiroidismo

Sintomas do Hipertiroidismo

Ansiedade, irritabilidade, e problemas de

sono

Fraqueza corporal, especialmente nos

braços ou pernas ao levantar produtos

Tremores

Suor

Arritmias

Sensação de cansaço

Perda de peso

Sintomas do Hipotiroidismo

Sentimento de falta de energia

Facilmente constiapado

Cabelo quebradiço e fraco

Obstipação

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

Jorge Neri Página 93

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Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE Hospital de S. Pedro – Vila Real

Jorge Manuel Pires Neri

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Hospitalar

Jorge Neri Página I

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Serviços Farmacêuticos da Unidade Hospitalar de Vila Real

Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE

18 de Maio a 10 de Julho de 2015

Jorge Manuel Pires Neri Orientadora: Dra. Almerinda Alves __________________________________

Julho de 2015

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Hospitalar

Jorge Neri Página II

Declaração de Integridade

Eu, _______________________________________________, abaixo assinado,

nº __________, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter actuado com

absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (acto pelo qual um indivíduo,

mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou

partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores

pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas

palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________

de ______

Assinatura: ______________________________________

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Hospitalar

Jorge Neri Página III

Agradecimentos

Findo o período de estágio nos Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar de

Trás-os-Montes e Alto Douro, sinto uma enorme realização pessoal e um sentimento de

até agora que o dever está cumprido. Este sentimento não poderia ter sido atingido

obviamente sem a ajuda de todas as pessoas que o tornaram possível.

Dirijo, agora, um agradecimento especial:

Em primeiro lugar, à Drª Almerinda Alves, pela oportunidade que me concedeu em

realizar o estágio nos Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar de Trás os Montes e

Alto Douro, local especial para mim pois para além de me ter dado a oportunidade de

realizá-lo em casa, faço-o num local que me diz muito. Agradeço a incansável paciência e

disponibilidade para me transmitir os conhecimentos científicos e técnicos necessários de

uma farmácia hospitalar e da responsabilidade de um Farmacêutico nesta posição, assim

como a sua prontidão para esclarecer quaisquer dúvidas que existissem.

Em segundo lugar, a todas as Farmacêuticas dos Serviços Farmacêuticos pela

simpatia e acompanhamento no processo de transmissão de conhecimentos da Drª

Almerinda. São, verdadeiramente, uma equipa extraordinária.

Aos Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica, agradeço a disponibilidade de

entreajuda com que sempre se pautaram.

Aos técnicos Operacionais, agradeço a amizade e simpatia com que me sempre

trataram, nunca hesitando em ajudar quando precisei, assim como ambiente saudável que

proporcionam.

Às administrativas, um agradecimento pelas explicações e brincadeiras

proporcionadas, demonstrando que a alegria pode ter sempre lugar no trabalho.

Aos professores e funcionários da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

agradeço todos os momentos partilhados e conhecimentos que certamente serão

fundamentais.

Aos meus amigos, um enorme obrigado por terem tornado estes incríveis cinco

anos. Os momentos inesquecíveis, pessoas inconfundíveis e as palavras sentidas

certamente irão perdurar.

À minha Tia e Madrinha, por ser como uma segunda mãe estar sempre disponível

independentemente da situação.

Ao meu irmão por ser um autêntico “companheiro de guerra” durante estes 20 anos

em partilha. O meu amigo e companheiro de sempre.

À minha namorada, Sara, por ter sido um pilar de segurança, um autêntico porto-

seguro da minha vida e que sem ela, hoje, certamente não seria metade da pessoa que

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Hospitalar

Jorge Neri Página IV

hoje sou. Agradeço o amor, carinho e amizade que nunca deixaram que faltasse e todos

os conselhos e momentos vividos.

À minha Mãe pelo amor e carinho com que me criou, os sacrifícios que passou e a

oportunidade que me proporcionou. Ao meu pai, que partiu cedo demais, mas com certeza

estará em algum lado a olhar por mim. Sem hesitação alguma, dedico esta conclusão de

etapa da vida a eles, pois não poderia ser de outra forma.

“O sonho pertence àqueles que mais acreditam nele, e durante mais tempo.”

A todos vós, um sincero Muito Obrigado!

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Hospitalar

Jorge Neri Página V

Resumo

O farmacêutico apesar de ser um profissional multifacetado e poder exercer

diversas funções nos mais variados ramos desde a química analítica até a toxicologia, a

verdade é que continua a ser um profissional da sociedade e como tal a sua presença nos

hospitais e farmácia é fundamental.

O Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas complementa a realização de

um Estágio Curricular, parte dele obrigatoriamente em Farmácia Comunitária, porém,

existe também a possibilidade da realização de um estágio em Farmácia Hospitalar. Tendo

a noção de que esta vertente é extremamente importante para a sociedade e fundamental

no funcionamento de qualquer Unidade Hospitalar, segurei a oportunidade de realizá-la

nos Serviços Farmacêuticos da Unidade Hospitalar de Vila Real, Hospital de S. Pedro, que

por sua vez se encontra inserida no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Dessa experiência, resulta o seguinte relatório cujos objetivos passam pela descrição

detalhada dos mesmos, dando ênfase ao trabalho do Farmacêutico e às experiências por

mim vividas durante os dois meses em que presenciei o seu funcionamento. Foi um período

enriquecedor, de aprendizagem e de exigência, de onde resultou o esclarecimento sobre

uma vertente com a qual temos pouco contacto durante o curso e que revela uma

componente cientifica impressionante que muitas vezes passa despercebida.

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Hospitalar

Jorge Neri Página VI

Índice

Declaração de Integridade ............................................................................................. II

Agradecimentos ..............................................................................................................III

Resumo ........................................................................................................................... V

Índice .............................................................................................................................. VI

Abreviaturas ................................................................................................................. VIII

1. Introdução ................................................................................................................ 1

2. Centro Hospitalar de Trás-Os-Montes e Alto Douro .............................................. 1

2.1 Serviços Farmacêuticos ........................................................................................... 1

2.2 Sistema de Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia .......................................... 2

3. Código Hospitalar Nacional do Medicamento ........................................................ 3

4. Ciclo dos Medicamentos e Produtos Farmacêuticos ............................................ 3

4.1 Escolha e aquisição ................................................................................................. 3

4.2 Receção e conferência de encomendas ................................................................... 5

4.3 Armazenamento ....................................................................................................... 6

4.3.1 Armazenagem de medicação de alto risco ........................................................ 6

4.4 Preparação de medicamentos .................................................................................. 7

4.4.1 Preparação de Formas Farmacêuticas Não Estéreis ........................................ 7

4.4.2 Reembalagem e Rotulagem ............................................................................. 7

4.4.3 Medicamentos Manipulados.............................................................................. 8

4.4.4 Preparações Estéreis ou citostáticas individualizadas ...................................... 9

4.4.5 Nutrição Parentérica ........................................................................................11

4.5 Distribuição dos medicamentos .............................................................................. 12

4.5.1 Dispensa de medicamentos .............................................................................12

4.5.2 Dispensa em ambulatório ................................................................................12

4.5.3 Distribuição Individual Diária em Dose Unitária (DIDDU) .................................14

4.5.4 Distribuição Clássica e Reposição de Stocks por Níveis ..................................15

4.5.5 Distribuição Individualizada ..............................................................................17

4.6 Ensaios Clínicos ..................................................................................................... 18

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Hospitalar

Jorge Neri Página VII

5. Erros na Medicação e o seu registo ......................................................................20

6. Emergência Hospitalar e os Serviços Farmacêuticos ..........................................21

7. Pedidos de Informação e Centro de Informação do Medicamento .....................22

8. Farmacovigilância e Farmacocinética ...................................................................23

9. Outras atividades ....................................................................................................23

Formação: diagnóstico e tratamento da urticária .......................................................... 23

Visita ao serviço de Nefrologia ..................................................................................... 23

10. Conclusão ...............................................................................................................25

11. Bibliografia ..............................................................................................................26

12. Anexos .....................................................................................................................28

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Hospitalar

Jorge Neri Página VIII

Abreviaturas

AO - Assistente Operacional

AT - Assistente Técnico

CA - Conselho de Administração

CFL-SB - Camara de Fluxo Laminar de Segurança Biológica

CHTMAD - Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

DCI - Denominação Comum Internacional

DIDDU - Distribuição Individual Diária em Dose Unitária

DL - Decreto-Lei

DT - Diretora Técnica

FEFO - First Expired, First Out

FHNM - Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos

FIFO - First in, First Out

GHAF - Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia

INCM - Imprensa Nacional - Casa da Moeda

INFARMED - Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento, I.P.

JCI - Joint Comission International

Nº - Número

RCM - Resumo das Características do Medicamento

SF - Serviços Farmacêuticos

SNS - Sistema Nacional de Saúde

TDT - Técnico de Diagnóstico e Terapêutica

UCPC - Unidade Centralizada de Preparação de Citostáticos

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Hospitalar

Jorge Neri Página 1

1. Introdução

A farmácia hospitalar, ou os serviços farmacêuticos do mesmo, são o ponto de partida

dos medicamentos dentro de um hospital. A verdade é que a sua existência é fundamental

para assegurar a manutenção dos cuidados de saúde ao disponibilizar medicamentos e

outros produtos farmacêuticos necessários aos doentes. A manutenção de stocks e a

gestão necessária tornam esta atividade um desafio autêntico e a sua implementação na

minha formação académica foi vista por mim como essencial.

2. Centro Hospitalar de Trás-Os-Montes e Alto Douro

O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) é constituído por cinco

unidades hospitalares que prestam serviço a uma população com 300 000 pessoas

espalhadas pelo nordeste do nosso país. Essas unidades são: o Hospital de S. Pedro, em

Vila Real, onde está localizada a sede social, o Hospital D. Luiz I, no Peso da Régua, o

Hospital Distrital de Chaves, em Chaves, o Hospital de Proximidade de Lamego, e, por fim,

a Unidade de Cuidados Paliativos em Vila Pouca de Aguiar [1].

O Conselho de Administração (CA) sendo o órgão máximo do CHTMAD está

responsável por todas as atividades do Hospital, incluindo obviamente as atividades dos

Serviços Farmacêuticos (SF), e conta com a atividade de dez comissões de entre as quais

se encontra a Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT), para além de um Conselho

Consultivo, Auditor Interno e um Fiscal único [1].

2.1 Serviços Farmacêuticos

Os serviços farmacêuticos de um Hospital vão para além de uma farmácia como

algo físico que armazena e distribui medicamentos. Na verdade, o Decreto-Lei (DL) número

(nº) 44 204, de 2 de Fevereiro de 1962 define Farmácia Hospitalar como sendo um conjunto

de atividades farmacêuticas desenvolvidas num meio hospitalar de forma a colaborar com

os serviços no mesmo, dando destaque também à investigação científica e ao ensino. Os

SF do CHTMAD, como Farmácia Hospitalar, têm o dever de: selecionar e adquirir

medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos; aprovisionar, armazenar e

distribui-los; produzir medicamentos se necessário; analisar as matérias-primas e produtos

acabados; colaborar com protocolos terapêuticos, entre outras funções. Destacam-se

ainda a utilidade como Farmácia Clinica, a farmacocinética, farmacovigilância e por fim,

Centro de informação sobre medicamentos [1-3].

Apesar de subordinados ao CA, a verdade é que os SF apresentam autonomia

técnica e cientifica no que toca à sua atividade. O seu serviço baseia-se em assegurar a

terapêutica medicamentosa aos doentes, a qualidade e eficácia dos mesmos, tendo

sempre em vista o custo benefício dos mesmos [2], [3]. Os SF são sempre assegurados

por um Farmacêutico Hospitalar.

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Hospitalar

Jorge Neri Página 2

O corpo profissional dos SF do CHTMAD é constituído por 39 colaboradores dos

quais 13 Farmacêuticos, 12 Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica (TDT), 6 Assistentes

Técnicos (AT) e 9 Assistentes Operacionais (AO). O seu horário de funcionamento é das

8:30 as 18:00, dias úteis, existindo sempre um Farmacêutico de prevenção nos dias uteis

desde as 18:00 até às 24:00, e aos fins-de-semana e feriados das 9:00 até as 24:00 [1].

Fisicamente, os SF da unidade de Vila Real encontra-se no primeiro piso do Edifício

Geral. Apresentam uma área composta em divisões essenciais: Gabinetes e sala de

Reuniões, Área de Ambulatório, Área de Distribuição, Laboratório e zona de re-

embalamento, Armazém e Zona de Receção de Encomendas e Armazém de injetáveis de

grande volume. Todas as áreas, excetuando esta última, são intercomunicáveis e

apresentam uma zona de acesso ao exterior a poucos metros, zona essa que facilita o

transporte das mercadorias que chegam à zona de receção. Encontram-se também

próximos de zonas de circulação vertical essencial para o seu funcionamento [3].

Para fins de controlo de qualidade e de forma a se obter uma contínua melhoria dos

serviços do hospital, o CA do CHTMAD determinou a implementação de um Sistema de

Controlo de Qualidade segundo os requisitos da norma ISO 9001:2008. Paralelamente a

este sistema, existe, permanentemente, um manual da qualidade onde constam as normas

que devem ser respeitadas. Para além do mais, o CHTMAD já esteve acreditado pela Joint

Comission International, um importante órgão internacional de acreditação da qualidade

dos serviços de saúde e, como tal, também existe um manual de normas que foi elaborado

para a acreditação que se continua a seguir [1].

2.2 Sistema de Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia

No CHTMAD o sistema informático usado para a gestão do circuito do medicamento

é o GHAF: Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia. É um sistema multifacetado que

permite a organização na mesma plataforma de todas as atividades dos SF. Neste mesmo

sistema são elaboradas as encomendas, validadas as prescrições e feita a manutenção de

stock. Cada farmacêutica, TDT ou AT tem um utilizador de acesso e uma password e o

sistema funciona em rede, conjugando todas as atividades em tempo real.

Durante o meu estágio, tive oportunidade de operar diversas vezes com este

sistema. O método de trabalho no GHAF não me foi explicado todo de uma vez, pois pode

ser um pouco complexo, já que opera simultaneamente com diversos serviços, sendo ao

inicio um pouco confuso. Utilizei-o várias vezes a fim de conseguir entender a base do

mesmo através de atividades tais como: debitar medicação dispensada em ambulatório ou

em distribuição individualizada, validar a medicação prescrita e registo de revertências.

Para controlo do sistema informático, o CHTMAD possui um gabinete de informática

responsável pela manutenção do mesmo.

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Hospitalar

Jorge Neri Página 3

3. Código Hospitalar Nacional do Medicamento

A fim de melhor se identificar e categorizar os medicamentos, a Autoridade Nacional

do Medicamento e Produtos de Saúde (INFARMED) desenvolveu um sistema de

codificação a todos os medicamentos com autorização no mercado, autorização de

utilização especial, autorização de utilização excecional e autorização de importação

paralela. Este código permite um controlo mais apertado dos medicamentos, já que apenas

circulam pelas instituições do Sistema Nacional de Saúde (SNS), além de que é da

obrigação destas relatar os consumos. Tais compromissos vieram facilitar todos os

processos inerentes aos medicamentos [4].

4. Ciclo dos Medicamentos e Produtos Farmacêuticos

4.1 Escolha e aquisição

A Escolha dos produtos que entram nos SF é da responsabilidade da Diretora dos

mesmos, recorrendo sempre ao Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos (FHNM),

devendo estar permanentemente em consulta e o seu uso é obrigatório [2], [3].

O CHTMAD tem as suas compras centralizadas no sistema de aprovisionamento

que trabalha em cooperação com os Serviços Farmacêuticos. Atualmente, os

medicamentos são adquiridos diretamente destes últimos serviços, situação que

antigamente passava obrigatoriamente pelo sistema de aprovisionamento. O Farmacêutico

Hospitalar deve, então, tentar obter os medicamentos de melhor qualidade, tendo sempre

em vista o custo mais baixo possível.

O Ministério da Saúde a fim de organizar as compras a nível nacional elabora um

catálogo dos Serviços Partilhados, onde constam os medicamentos que devem ser

adquiridos pelos Hospitais Portugueses. Obviamente, este catálogo tem por base o FHNM

e todas as instituições e serviços integrados no SNS utilizam este Catálogo.

A primeira etapa para obter medicamentos é o processo de compra, mecanismo

essencial para esse fim. Posto isto, deve-se escolher a forma como se vai obter, que no

caso do CHTMAD podem ser os seguintes processos: Concurso Geral, Concurso Público

Centralizado, Ajuste Direto ou Concurso Limitado por prévia qualificação. O concurso geral

recorre ao catálogo já anteriormente referido mas quando o produto não existe neste

documento (por exemplo a Resina Permutora de Iões) e não existe nenhum concurso

prévio, procede-se ao Ajuste Direto. Este processo de compra tem de ser obrigatoriamente

justificado. Os demais métodos de obtenção de produtos requerem uma comissão de

escolha constituída por um júri.

Dentro de cada concurso, pode haver um ou mais fornecedores. Contudo, de

acordo com a utilidade, necessidade, custo benefício ou outras mais-valias, o DT faz a sua

escolha. Periodicamente, os Delegados de Informação Médica descolocam-se aos SF do

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Hospitalar

Jorge Neri Página 4

CHTMAD a fim de dar a conhecer os seus produtos ou prestar quaisquer esclarecimentos

ou simplesmente acompanhar os seus produtos de uma forma mais próxima.

Os SF do CHTMAD têm as suas compras centralizadas na unidade de Vila Real,

porém, isto é feito de forma agilizar o processo em si. De facto, a Diretora dos SF do

CHTMAD e as responsáveis pelos SF da Unidade de Lamego e pela Unidade de Chaves

estão encarregues do processo. Cada uma das farmacêuticas, com base nos consumos,

pontos de encomenda, necessidades e urgências elaboram uma lista comum com os

produtos que são necessários. É sempre tida em conta informação dos colaboradores dos

SF que todos os dias apontam as faltas que detetarem. Por outro lado, existem disponíveis

no sistema informático pontos de alerta, assim como notas de encomenda automáticas,

apesar de atualmente não serem usadas. Em Vila Real, a Diretora dos SF analisa as listas

comuns elaboradas por cada unidade e define o que pode ser transferido internamente. Os

TDT com uma lista de apoio estão encarregues de agrupar e acondicionar os

medicamentos a serem transferidos e seguidamente é elaborada a guia de transferência.

Todos os dias, um motorista de cada unidade tem a função de se deslocar entre os

hospitais e realizar o transporte de medicamentos e produtos necessários.

Caso seja necessária uma nota de encomenda, a Diretora elabora a lista dos

produtos e insere-os no sistema informático, onde o AT posteriormente vai proceder à sua

encomenda. Após ser feita a encomenda podem ser impressos dois documentos: guia de

entrada e encomenda a fornecedor. A primeira é impressa para verificação e validação no

momento de descarga do produto. Já o segundo documento é enviado por e-mail

diretamente pelo GHAF para o fornecedor. No entanto, as benzodiazepinas, psicotrópicos

e estupefacientes obedecem de leis próprias. A sua encomenda está sujeita à elaboração

de um documento presente no Anexo VII da Portaria n.º 981/98, de 8 de Junho (Anexo I).

Este documento deve acompanhar o original da nota de encomenda e ser enviado para o

fornecedor através do correio [5].

Nas situações em que é necessário obter um medicamento não incluído na agenda

do FHNM, é necessária uma avaliação por uma comissão própria. A CFT, da qual faz parte

integrante a Diretora dos SF, é um órgão de gestão de medicamentos, tendo entre diversas

responsabilidades a avaliação da utilização de medicamentos de acordo com as

necessidades dos doentes e a possibilidades do CHTMAD. Sempre que exista uma

situação como a anteriormente referida, compete à CFT a sua avaliação. Esta comissão

recebe os pedidos de introdução solicitados ou validados por um diretor de serviço que

considere pertinente a sua utilização. Baseando-se em critérios farmacoterapêuticos e

económicos, a CFT emite um parecer sobre a aprovação ou não do produto em causa.

Posteriormente, o pedido é homologado à ata da CFT e segue para o CA para autorizar a

compra do medicamento em questão.

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Hospitalar

Jorge Neri Página 5

O Despacho n.º 2061-C/2013, de 1 de fevereiro de 2013 promoveu a criação da

Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica (CNFT) que é responsável pela elaboração

do FHNM [6]. Para além disso, é da sua responsabilidade analisar a utilização de

medicamentos não abrangidos pelo Formulário Nacional de Medicamentos, através dos

relatórios enviados pelas Comissões Farmácia e Terapêutica dos Hospitais do Serviço

Nacional de Saúde e das Administrações Regionais de Saúde. Caso o medicamento não

faça parte dos grupos terapêuticos já discutidos na CNFT, então, a análise é apenas feita

localmente [1], [7].

4.2 Receção e conferência de encomendas

A receção e conferência de encomendas é feita em três etapas distintas. Uma vez

chegados ao armazém da farmácia, torna-se essencial realizar a receção assim como a

conferência dos produtos em si. Esta função pertence aos AO e/ou TDT que estão no local

de receção. A acompanhar a encomenda devem existir pelo menos um de dois

documentos: a guia de remessa ou a fatura e os profissionais nesta secção estão

encarregues de verificar os produtos que acabam de chegar, com o auxílio destes

documentos enviados pelo fornecedor. Se estiver correto é feita a sua conferência. Neste

passo, devem ser avaliadas as unidades, lotes, datas de validade, assim como as

condições especiais de transporte: baixas temperaturas, medicamentos frágeis,

medicamentos tóxicos e inflamáveis. Se forem os casos deverão ser verificados outros

documentos tais como certificados de libertação de lote, exigidos por exemplo para

hemoderivados, e vacinas, certificados de controlo de matérias-primas, entre outros

documentos. Caso existam não conformidades, é necessário recorrer a um impresso

próprio para enviar para o fornecedor. De acordo com as normas de qualidade,

semestralmente é necessário proceder à classificação dos fornecedores baseada de não

conformidades e serviço prestado. As não conformidades são classificadas em menores

ou maiores. No final, as guias de remessa ou faturas devem ser datadas e assinadas, para

posteriormente serem inseridas no stock pelo AT [1], [10].

As caixas que se apresentarem lacradas têm obrigatoriamente de ser conferidas

por um farmacêutico, já que se podem tratar de psicotrópicos, estupefacientes ou

benzodiazepinas.

Para além do mais, é necessário ter em conta medicamentos citostáticos que

devem vir separados dos restantes, para além de ter rotulado na embalagem “citotóxico” e

devem ser transportados em malas específicas até à Unidade Centralizada de Preparação

de Citotóxicos [8].

A conferência de hemoderivados exige ainda a presença dos boletins de análise e

certificados de libertação do lote aprovados pelo INFARMED, que ficam arquivados com a

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Jorge Neri Página 6

cópia da respetiva fatura, uma vez que o original tem que ir para aprovação. Estes

certificados de libertação são fundamentais para que estes medicamentos sejam

distribuídos. Todos os medicamentos que necessitem de boletins de libertação de lote para

o seu uso têm de ser conferidos por farmacêuticos.

4.3 Armazenamento

Uma vez conferidos é necessário proceder ao armazenamento dos produtos nos

seus respetivos lugares. A maioria dos medicamentos são armazenados no armazém geral

que conta com estantes móveis onde os produtos são armazenados por ordem alfabética.

O armazenamento no Kardex® tem como função auxiliar o processo de distribuição unitária

que será abordada mais a frente. De facto, os Kardex® são sistemas mistos, tendo função

quer de armazém quer de dispensa.

4.3.1 Armazenagem de medicação de alto risco

Medicamentos e reagentes que necessitem de refrigeração, citotóxicos,

estupefacientes, psicotrópicos e benzodiazepinas, gases medicinais e produtos

inflamáveis são considerados de alto risco devido às suas caraterísticas e como tal

requerem uma armazenagem específica [9].

Em primeiro lugar é essencial ter atenção à qualidade dos mesmos, uma vez que

dependendo desta podem ter diferentes locais de armazenamento. As benzodiazepinas,

estupefacientes, hemoderivados, medicamentos para a Hepatite C e Medicamentos de

ensaios clínicos estão armazenados numa sala específica. Cada um tem um armário com

fechadura à exceção dos estupefacientes e psicotrópicos que estão armazenados num

cofre.

Os Medicamentos que requerem refrigeração são armazenados em dois

frigoríficos.

Os Produtos inflamáveis têm uma sala própria para armazenagem, munida com

armários anti-fogo e bacias de retenção assim como uma porta antifogo que deve estar

sempre fechada.

O controlo das condições de conservação, nomeadamente temperatura e humidade

é feito com o auxílio do Sirius Stockage® que através de sondas consegue fazer o registo

destes parâmetros várias vezes ao dia Estas sondas encontram-se dispersas nos locais

de armazenamento, incluindo frigoríficos armazéns. Este sistema tem associado um

mecanismo de alarme para a central de segurança que posteriormente fornece informação

caso alguma condição esteja fora do normal.

No caso das soluções de eletrólitos concentrados o armazenamento deve estar

restringido a zonas específicas, não sendo misturadas com os demais medicamentos ou

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Jorge Neri Página 7

soluções comuns. É importante notar que todos devem ter um rótulo com a inscrição “Deve

ser Diluído”, que caso não esteja presente é feito o registo da não conformidade como erro

de medicação [9].

O armazenamento dos produtos é feito tendo em conta os sistema Fist Expired First

Out (FEFO) ou seja, o medicamento que está próximo do fim da validade é o primeiro a

sair ou First in First out (FIFO), ou seja o produto que veio primeiro é o primeiro a sair. De

qualquer forma, mensalmente é feito um levantamento dos produtos cujo prazo de validade

termina em três meses e é feita a sua substituição ou reorganização pelos serviços de

acordo com as necessidades destes. É importante ter em conta estes prazos de validade

de forma a articular as necessidades consoante as diferentes Unidades Hospitalares.

Muitas vezes as farmacêuticas analisam-nos e tentam reorganizar os produtos cujo fim do

prazo está próximo e coloca-los em Unidades que os necessitem em maior quantidade de

forma a evitar o seu desperdício. Durante o meu estágio apercebi-me da importância deste

fator e rapidamente consegui compreender as necessidades dos diferentes serviços,

conjugando-a com a racionalização do medicamento e gestão de validades. Verifiquei que

quando necessário também se realiza a troca de medicamentos com fornecedores e outras

unidades hospitalares [10].

4.4 Preparação de medicamentos

Este procedimento tem por objetivo preparar medicamentos, nomeadamente

fracionamento de unidades, reembalagem e rotulagem dos mesmos. Estes procedimentos

são destinados essencialmente a doses individuais ou específicas (pediatria),

reembalagem de doses unitárias sólidas, Preparações assépticas (desinfetantes) e

preparações estéreis ou citostáticas individualizadas. Estas preparações são

regulamentadas pelos DL nº 90/2004, nº 95/2004 e pela portaria nº 594/2004 que aprova

as “Boas Práticas Boas Práticas a Observar na Preparação de Medicamentos Manipulados

em Farmácia de Oficina e Hospitalar” [10], [11].

Porém é importante referir que, com a exceção da preparação de citostáticos, cada

vez menos se recorre a este tipo de operações, dada a grande oferta que existe no

mercado farmacêutico.

4.4.1 Preparação de Formas Farmacêuticas Não Estéreis

Fazem parte destas formas farmacêuticas todos os processos de reembalagem e

rotulagem, assim como preparação de doses individuais ou específicas ou medicamentos

manipulados.

4.4.2 Reembalagem e rotulagem

Este procedimento é essencial nas fases que o sucedem, ou seja, na distribuição

quer unitária quer clássica quer na reposição por níveis. Por vezes é necessário ter

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Jorge Neri Página 8

dosagens específicas ou formas individualizadas nos diferentes serviços, recorrendo-se

caso se necessite à reembalagem ou rotulação. Uma das vantagens destes processos

passa por facilitar o trabalho de armazenamento e posterior distribuição e os próprios

cuidados de saúde, diretamente com os doentes. O sistema contribui também para a

diminuição do risco de contaminação ou erros na administração. Acima de tudo, a

racionalização do medicamento é a mais-valia que salta à vista neste processo.

A reembalagem de medicamentos sólidos orais é feita numa área específica para

o efeito, separada fisicamente das restantes. Estas instalações permitem então o

reembalamento das formas farmacêuticas em doses unitárias, quando o fornecedor não

dispõe de tal capacidade. O equipamento é acoplado a um sistema informático no qual se

insere todas as informações necessárias: dose, forma farmacêutica, validade,

denominação comum internacional (DCI), laboratório. O procedimento é realizado pelo

TDT, supervisionado sempre pelo Farmacêutico [10].

É importante verificar sempre o estado de limpeza dos tabuleiros e da bancada,

recorrendo para tal a Álcool a 70% (V/V).

Da função do farmacêutico faz igualmente parte a análise ao prazo de validade do

medicamento e aqui existem dois momentos distintos: caso não seja removido do invólucro

do blister, o prazo, obviamente, é o mesmo que o seu fornecedor indica, pois não houve

exposição a fatores externos. Porém, caso seja fracionado, e uma vez que tal procedimento

exige a sua remoção do seu acondicionamento original, os medicamentos vão ficar

expostos a fatores ambientais não controlados, pelo que o prazo de validade será alterado.

Deve-se procurar estabilidades sobre o mesmo, ajustando se necessário. Caso não exista,

o prazo de validade novo a ser inserido não deve ultrapassar: a) 25% do tempo restante

entre a data de reembalamento e o prazo de validade do fabricante (por exemplo, se faltar

um ano para final da validade original, ao fracionar o medicamento, a validade nova não

poderá superar os 3 meses); b) um período de 6 meses desde a data que é reembalado

(Por exemplo, se faltarem 2 anos e 4 meses até ao final, 25% seria 7 meses, logo

considera-se 6). No fim, o Farmacêutico verifica a qualidade do medicamento reembalado,

verificando se existem não conformidades ou erros de embalamento assim como o rótulo

em si [10].

Durante o meu estágio tive a oportunidade de realizar um reembalamento de

Dexametasona, 4mg, cápsula para o serviço de Oncologia. Por outro lado, quase todos os

dias contactei com estas formas farmacêuticas uma vez que são necessários em muitos

serviços, sendo diversas vezes requisitados pelos Pyxis®.

4.4.3 Medicamentos Manipulados

Imediatamente antes da área do reembalamento encontra-se o laboratório, local

onde é feita a manipulação dos medicamentos. Este processo é feito quase exclusivamente

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para prescrições médicas prévias, pelo que o primeiro passo deste processo passa pela

verificação da prescrição médica a fim de assegurar a sua segurança no que diz respeito

as doses ou incompatibilidades. O farmacêutico ou o TDT é responsável pelo processo e

como tal é da sua responsabilidade assegurar a correta técnica de preparação, assim como

os cálculos que são necessários para a sua elaboração e a ficha de preparação de

medicamentos manipulados [10].

Antes de iniciar a técnica propriamente dita, é necessário assegurar a limpeza da

área de trabalho, assim como a presença de todas as matérias-primas, corretamente

rotuladas e em ótimo estado de utilização bem como os materiais e equipamentos

necessários, incluindo recipientes de conservação da forma farmacêutica final e respetivo

rótulo. Este deve conter o nome do local de produção e o Diretor dos SF assim como a

nomenclatura habitual como nome do medicamento, forma farmacêutica, dosagem,

quantidade dispensada, prazo de validade, nome do doente (se possível) entre outras

informações [10].

O produto final, para além de satisfazer as necessidades da prescrição deve

igualmente estar de acordo com as exigências da monografia galénica da forma

farmacêutica que está inserida na Farmacopeia Portuguesa [11].

Obviamente, por fim, devem ser selecionadas as embalagens que cumpram os

requisitos da forma farmacêutica final assim como outras condições especiais de

conservação como opacidade à luz entre outras.

Nos SF do CHTMAD, apesar de tudo, poucos são os medicamentos manipulados.

As requisições normalmente limitam-se a suspensões ou soluções tais como a suspensão

IPO (tratamento da mucosite, que contém nistatina (antifúngico), lidocaína 2% (anestésico)

e bicarbonato de sódio 1,4% (corretor de pH)) ou, caso seja uma requisição mais

específica, os SF recorrem a uma Farmácia Comunitária nas imediações, com a qual se

estabeleceu um protocolo.

4.4.4 Preparações estéreis ou citostáticas individualizadas

O fabrico de preparações estéreis é fundamental no funcionamento de certas

unidades Hospitalares No caso do CHTMAD, a Unidade Centralizada de Preparação de

Citostáticos (UCPC) que realiza o apoio à Unidade de Oncologia prepara a medicação para

o Hospital de Dia e para o Internamento desta mesma Unidade. Desde o dia 15 ao dia 27

de junho, tive a oportunidade de visitar esta unidade e presenciar toda a atividade que os

SF aqui disponibilizam.

A preparação de medicamentos estéreis requer cuidados especiais e condições

controladas para minimizar a contaminação microbiológica e a presença de pirogénios.

Para tal é necessária uma sala limpa que se caracteriza por um espaço concebido para a

realização de processos e técnicas em ambientes assépticos, onde são controlados fatores

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como temperatura, humidade e pressão. As salas são classificadas de acordo com as

técnicas que nelas são realizadas, que no caso da preparação de produtos citostáticos

para fins terapêuticos é exigida a classe A. Esta sala está equipada com todo o material

necessário para a preparação dos medicamentos referidos, sendo estes realizados numa

Camara de Fluxo Laminar de Segurança Biológica (CFL-SB) de classe II tipo B munida de

um filtro HEPA (High Efficiancy Particle Air Filter) que tem a capacidade de reter 99,97%

das partículas com mais de 0,3 μm de diâmetro. A CFL-SB deve estar ligada 24 horas por

dia de forma a evitar o aparecimento de aerossóis. O acesso a esta camara respeita o

Manual de Farmácia Hospitalar, já que possui uma antecâmara de passagem obrigatória

para pessoas, onde estão armazenados os materiais de proteção essenciais. A UCPC tem

o seu próprio controlo microbiológico, feito semanalmente. Este controlo complementa não

só as superfícies dos materiais como o próprio meio ambiente e o controlo do pessoal. De

maneira a assegurar a desinfeção e higiene exigidas, diariamente é feita uma limpeza geral

a todas as superfícies da sala limpa que possam interferir com a qualidade dos

medicamentos aí preparados. Esta limpeza é feita com álcool a 70% [3], [8], [10].

Durante a preparação em si, a transferência dos materiais era feita através de uma

janela de dupla porta com espaço necessário para essa dita transferência. Igualmente se

destaca o duplo encravamento, essencial para manter a pressão negativa dentro da sala

limpa [10].

Na sala limpa, operam dois TDT supervisionados por um farmacêutico que se

encontra no seu exterior. A preparação dos citostáticos exige a presença de uma

prescrição médica detalhada, onde está incluído todo o ciclo de quimioterapia do doente,

assim como outros fármacos adjuvantes no tratamento tais como anti-inflamatórios ou anti-

eméticos. É da responsabilidade do farmacêutico receber o mesmo protocolo e analisá-lo

e validá-lo. Durante esta análise, dever-se-á ter em atenção aos cálculos necessários para

corretamente detalhar as diluições ou reconstituições necessárias dos medicamentos à

sua área corporal. Caso seja detetada algum erro de prescrição ou dose fora do comum,

deve-se contactar o médico em causa. Estes cálculos são essenciais para a elaboração do

rótulo do citostático. Seguidamente são registados os lotes e os volumes dos fármacos

utilizados. O farmacêutico procede então ao envio do material necessário ao procedimento

por parte dos TDT, nomeadamente: citostático e reconstituinte (este último se necessário);

Sistema de administração; Diluente; Rótulo de identificação. No interior da sala, o TDT de

apoio ao TDT operador, confirma os cálculos e o material enviado adicionando outros se

necessário como agulhas, sistemas anti-gotagem (Spikes) ou seringas. Procede-se a

preparação do medicamento, cujas medições necessárias são sempre duplamente

verificadas. Os TDT verificam sempre a existência de partículas suspensas ou colorações.

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Certas preparações devem ter colorações específicas como por exemplo os soros que

contêm Doxorrubicina (vermelho) [8], [10].

O TDT confirma através da janela com o farmacêutico o nome do medicamento,

volumes e qualidade da preparação. O involucro de transporte de citostáticos deve

apresentar além do rótulo do medicamento, um colante com a inscrição: “produto

citotóxico”. O transporte fora da UCPC é feito dentro de malas identificadas com produtos

citotóxicos e o sinal de “Biohazard”. Acompanhando as malas de transporte, existe o livro

de registo de citostáticos que compreende as identificações dos doentes e os

medicamentos citostáticos usados na terapia. O farmacêutico aquando da chegada do

protocolo faz-se o registo no livro que posteriormente é rubricado pelo enfermeiro no

momento da receção [10], [12].

Sempre que existe alguma não conformidade, deve ser registada. Caso exista a

possibilidade de reutilização noutro doente, apenas se sinaliza a mesma opção na folha de

registos, sendo obviamente rotulada de novo na Sala Limpa. Porém caso não seja possível,

é preenchida a folha de registo de inutilizações, evidenciando o nome do citostático e o

volume [8], [12].

No que diz respeito aos resíduos existem dois contentores diferentes: um contentor

pequeno amarelo que depois de devidamente desinfetado entra na CFL-SB e serve de

apoio ao operador e ainda dentro da sala limpa um contentor maior onde são descartados

os lixos remanescentes dos invólucros dos materiais de apoio. Ambos serão

posteriormente incinerados. Nota ainda importante para o facto de qualquer citostático que

seja interrompido durante a administração será incinerado sem possibilidade de

reutilização [10]

No que diz respeito as acidentes, também existe um impresso próprio (Anexo II)

que dá destaque sempre ao medicamento responsável pelo mesmo, assim como o aspeto

da lesão por este provocada, e as primeiras medidas de socorro tomadas [8].

Nota final para a rotatividade do serviço aqui realizado: os TDT operam dentro da

sala limpa durante um máximo de 2 horas. A troca entre os profissionais é feita

semanalmente. No que toca aos farmacêuticos, estes trocam mensalmente, se bem que

durante os períodos de férias, a rotatividade é de dois em dois meses.

4.4.5 Nutrição Parentérica

Hoje em dia, a indústria farmacêutica apresenta um leque de opções muito vasto,

pelo que não se torna necessário preparar as misturas para fins de nutrição parentérica.

Por outro lado, o conjunto de doentes que recorrem a estas misturas, no CHTMAD, é muito

reduzido, o que não justifica o investimento necessário. Durante o estágio foi explicado que

este tipo de nutrição até poderia ter interesse para o serviço de neonatologia, porém os

utentes deste serviço são normalmente encaminhados para o Centro Hospitalar de S. João

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no Porto, com o qual o CHTMAD estabeleceu um protocolo de cooperação. Em casos que

seja mesmo necessário, situações que são muto excecioneis, estas preparações são

fornecidas por esse mesmo hospital.

4.5 Distribuição dos medicamentos

A distribuição é uma das atividades mais visíveis da farmácia hospitalar no meio em

que está inserida. É fundamental uma boa distribuição para o funcionamento das unidades

e para assegurar os cuidados de saúde aos doentes.

A distribuição de medicamentos a nível hospitalar, segundo as Boas Práticas em

Farmácia Hospitalar do Colégio da Especialidade da Ordem dos Farmacêuticos divide-se

em três tipos: 1) A distribuição a doentes em regime de internamento (Sistema de

Reposição de Stocks Nivelados, ou reposição por níveis, Sistema de Distribuição Individual

Diária em Dose Unitária); 2) Distribuição em regime de ambulatório; 3) Distribuição

Individualizada; 4) A distribuição de medicamentos sujeitos a legislação especial,

(estupefacientes, psicotrópicos, benzodiazepinas, hemoderivados e medicamentos de

ensaio clínico).

4.5.1 Dispensa de medicamentos

A dispensa de medicamentos por parte dos SF tem requisitos que devem ser

respeitados. O primeiro passo trata-se da prescrição médica, feita online, no sistema

informático do Hospital, em DCI e deverá ser impressa, assinada e colocada no Processo

Clínico do Doente, ficando a prescrição verbal exclusiva a situações de emergência ou no

Bloco Operatório. Os medicamentos só serão dispensados após validação do

farmacêutico.

4.5.2 Dispensa em ambulatório

A dispensa de medicamentos em farmácia de ambulatório é regida por leis próprias

que determinam entre outras particularidades, os limites e os medicamentos a dispensar.

Cada vez mais se assiste a um aumento dos doentes cujo tratamento pode ser feito a partir

de casa, num ambiente familiar, representando poupanças nos Hospitais e no SNS,

redução do risco de contrair doenças inerentes ao internamento [3].

A dispensa dos medicamentos pelos SF através do ambulatório é 100% gratuita

para o utente e podem englobar medicamentos mais comuns como medicamentos de

dispensa exclusiva em Farmácia Hospitalar. Estes são salvaguardados pela lei, sendo

apresentados em Anexo (Anexo III). Porém, existem situações em que os doentes por via

de efeitos secundários graves ou não adesão à terapêutica têm de ser internados [13].

A farmácia de ambulatório dos SF do CHTMAD tem, tal como sugerido no manual

de farmácia hospitalar, uma entrada exterior para os doentes e está próxima de circulação

vertical. A sala de dispensa é separada da sala de espera e das restantes divisões dos SF,

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Jorge Neri Página 13

o que acaba por contribuir para a confidencialidade e privacidade do doente. Existem dois

postos de trabalho cada um equipado com um computador com acesso ao GHAF. As

farmacêuticas trabalham em regime de turnos sucessivos. A sala de dispensa em

ambulatório é apoiada por armários de armazenamento e dois frigoríficos.

Os doentes dirigem-se a este local com a prescrição do médico de um determinado

serviço, consulta, Hospital de dia ou até mesmo em casos de alta mas que necessitem de

medicação como a nefrologia, sendo que a dispensa é da completa responsabilidade do

farmacêutico que deve numa primeira instância identificar o doente, o médico em causa e

a instituição. Posteriormente verifica-se a conformidade da receita. Casos específicos de

doentes renais ou transplantados, a receita só pode ser prescrita por nefrologistas e é

necessário referenciar os respetivos despachos relativos aos medicamentos. Para além

disso, caso exista, deve ser referenciada legislação de suporte para a dispensa entre

outras considerações.

Uma vez verificadas estas informações deve-se ter atenção ao perfil

farmacoterapêutico: início ou continuação da terapia, eventuais alterações as dosagens ou

porventura interações medicamentosas não verificadas. Através da análise da data da

próxima consulta é possível prever com exatidão o número de unidades que o utente vai

necessitar. A Circular Normativa N.º 01/CD/2012 por definição estabelece que as

quantidades a ceder para tratamento de doenças crónicas deverão ser cedidos para um

período de 30 dias. Normalmente são dispensados medicamentos até a proxima consulta,

não ultrapassando os 60 dias. Existem situações excecionais, devidamente autorizadas

pelo CA, cuja dispensa é feita para um período de tempo mais alargado. Normalmente,

estas situações são reservadas para pessoas deslocalizadas do CHTMAD e com meios de

transporte muito limitados, ou eventuais saídas do país. É importante garantir que o doente

reconhece a medicação e não tem quaisquer duvidas sobre a mesma. Na primeira vez que

é levantada a medicação, esta deverá ser feita pelo próprio utente, sendo garantido por

parte dos SF o ensinamento da posologia correta e que o doente reconhece todos os

medicamentos. Posteriormente, pode ser outra pessoa, um cuidador por exemplo, a

levantar a medicação, devendo sempre disponibilizar a sua identificação [10], [13].

O farmacêutico regista na receita e na guia de tratamento do doente as quantidades

dispensadas, datando-a e assinando. O DL nº 13/2009 e o despacho nº 10302/2009

exigem igualmente, que sejam registados também o lote e a data de validade sempre que

se tratarem de medicamentos biológicos ou medicamentos cedidos para tratamento pós-

operatório de cirurgia em ambulatório. Sempre que possível deve ser fornecida a

medicação dentro da cartonagem original contendo o folheto informativo [10], [14].

Na informação prestada ao doente dever-se-á ter em atenção o grau de

compreensão do mesmo, adaptando sempre que possível a informação científica a cada

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pessoa. De entre as informações prestadas deve constar: via e forma de administração;

condições de armazenamento; Informações técnicas pertinentes; quantidade total de

unidades; custo da terapia; próximo ato de dispensa/consulta. Finalmente, a receita é

assinada pelo doente ou cuidador e pelo farmacêutico. Posteriormente é realizado o

tratamento administrativo das receitas, sendo necessário debitar no stock as quantidades

dispensadas. A receita é arquivada em pastas que estão organizadas por serviços e por

ordem alfabética.

Logo que cheguei ao SF pude presenciar a dispensa em Regime de Ambulatório.

Tive a oportunidade de participar na organização administrativa das receitas, assim como

no auxílio das farmacêuticas quer com as unidades a dispensar quer com o

aconselhamento farmacêutico. É importante referir que existem, de facto, pessoas das

mais diversas faixas etárias e perfis sociais pelo que o farmacêutico deve ser sempre

ponderado no momento de contacto com o doente.

4.5.3 Distribuição Individual Diária em Dose Unitária (DIDDU)

Este processo de distribuição caracteriza-se pela distribuição diária da medicação

prescrita a cada doente por um período de 24 horas, 48 horas em caso de feriado ou 72

horas quando é feita à sexta feita (para sábado, domingo e segunda-feira). Desta forma, é

garantida que toda a medicação prescrita pelos médicos chega ao serviço. Normalmente,

a Unidose é distribuída entre as 15 e as 17 horas do dia. No quotidiano, os profissionais

dos SF referem-no como Unidose. Este tipo de distribuição engloba o médico, o

farmacêutico, o enfermeiro e o TDT [10].

Este tipo de distribuição tem por base, como sempre, a prescrição médica. Esta

deverá ser feita no GHAF, online, para facilitar todo o processo. O médico insere no

processo clínico do doente em causa a informação da terapia: principio ativo, a via de

administração, doses. Mais se adianta que deverá ser incluído o diagnóstico do doente,

assim como alergias ou interações medicamentosas e justificações clínicas quando

aplicáveis. É neste ponto que o farmacêutico entra em funções. A validação da prescrição

deverá ser feita com atenção especial. Através do FHNM, Resumo das Características do

Medicamento e Prontuário Terapêutico, o farmacêutico verifica a dose, a frequência e vias

de administrações e duração do tratamento. São verificadas também quaisquer

duplicações, contraindicações ou doses incorretas. Medicação que exija um maior controlo

como benzodiazepinas, estupefacientes e psicotrópicos ou medicação usada também em

SOS não são distribuídos na Unidose, pelo que devem ser corretamente assinalados. Uma

vez validada a prescrição é elaborado o perfil farmacoterapêutico do doente que será

enviado para o Kardex®. Através dele, os TDT conseguem colocar a medicação validada

pelo farmacêutico e prescrita pelo médico no sistema de malas de transporte de medicação

acopladas com gavetas individuais identificadas pelo nome e pelo número do processo

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clínico. Estas malas são preparadas por serviços. No auxílio desta preparação, os SF do

CHTMAD estão equipados com dois sistemas Kardex® já referidos. Toda a medicação que

não caiba nas gavetas individuais é enviada separadamente mas sempre identificada. No

caso da medicação que necessite de frio, esta é colocada dentro do frigorífico, mas numa

prateleira à parte, também identificada. Quando alguma medicação não existe no Kardex®

é emitido o mapa de incidências. Nesta situação devem-se recorrer às gavetas de apoio

aos Kardex®. Por outro lado, pode acontecer que não existam os medicamentos em causa

nos SF e então é gerado um Alerta da Farmácia que é enviado na gaveta do doente.

Durante o tempo em que está a ser preparada a unidose, podem eventualmente existir

alterações nos serviços: altas, mudanças de camas, prescrições revistas e alteradas. É da

responsabilidade do Farmacêutico estar atento a tais mudanças e deve proceder a

elaboração do mapa de diferenças para a sua correção. Cada farmacêutica está

responsável por diversos serviços, devendo validar a medicação do mesmo [10].

Para controlo interno da qualidade, é feita uma conferência da Unidose com um

elemento da enfermagem tendo por base obviamente o perfil farmacoterapautico. Esta

conferência deve constar no registo mensal de conferência conjunta. A conferência

conjunta não é feita diariamente em todos os serviços. Esta conferência é feita por

amostragem. Se forem detetadas anomalias ou não conformidades, estas deverão ser

corrigidas imediatamente e registadas [10].

Quando a medicação não é utilizada, esta deve ser devolvida aos SF e aqui

verificada. Verifica-se o estado de conservação, anomalias visíveis e a data de validade.

As revertências da medicação podem ser feitas de duas formas: por doente, que é

a forma mais correta ou por serviço. Durante o meu estágio tive oportunidade de elaborar

o registo das revertências, participando por isso na conferencia e verificação da medicação,

assim como no registo no GHAF. Este passo é extremamente importante na medida que

contribui para a manutenção dos stocks da farmácia, e ao mesmo tempo evita desperdícios

[10].

4.5.4 Distribuição Clássica e Reposição de Stocks por Níveis

A Distribuição clássica ou tradicional é complementar ao sistema de Unidose, mas

antigamente era o sistema mais usual. Deve ser feito um pedido aos SF pelo enfermeiro

chefe, que é rececionado pelo farmacêutico. O farmacêutico ou o TDT procede à

preparação da medicação, que no caso dos soros pode ser feito pelos AO, supervisionados

pelos TDT. O AT no fim, faz a atualização informática do stock. Após a preparação, o AO

realiza o transporte do pedido para o serviço onde a requisição é verificada e rubricada e

devolvida à farmácia.

A distribuição clássica tem sido cada vez mais substituída pela reposição por níveis

através do sistema Pyxis®, pois representa uma desvantagem no que diz respeito ao rigor

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do controlo dos stocks. Ainda assim, nos serviços onde não existe este sistema Pyxis®,

esta distribuição é ainda usada e engloba essencialmente produtos como injetáveis de

grandes volumes, pomadas e cremes de uso geral, soluções desinfetantes, solventes entre

outros produtos [10].

Cada serviço tem um stock de medicamentos que assegura a manutenção da

distribuição dos medicamentos complementarmente às unidoses. Quando, por alguma

razão, é necessária medicação e por exemplo os SF já encerraram ou a houve alguma

alteração na prescrição, facilmente os profissionais de saúde nos diferentes serviços

podem recorrer a este stock armazenado nos diferentes níveis. O CHTMAD conta com a

preciosa ajuda do sistema Pyxis Medstation 3500® que se baseia num conjunto de armários

informatizados, semiautomáticos de armazenamento de medicamentos. Estes sistemas

estão dispersos pelos serviços que se consideram mais uteis tais como urgência ou

unidades de cuidados intensivos. Nos Pyxis® encontra-se um conjunto de medicamentos

estabelecidos previamente pelo enfermeiro chefe, médico responsável pelo serviço e

farmacêutico atendendo às necessidades do serviço em si, estabelecendo-se máximos e

mínimos ideais para cada medicamento. O controlo dos armários é feito através de um

painel e um Software integrado no sistema. Todos os medicamentos fazem parte do stock

físico da farmácia até ao momento em que o profissional de saúde recorre à sua remoção

do Pyxis®. Para fins de controlo global está existe uma consola geral de controlo de todo o

sistema que está nos SF, e é através desta que as farmacêuticas conseguem fazer a

gestão dos medicamentos nos armários, elaborando relatórios de necessidades (Anexo IV)

ou procurando medicamentos. Estes relatórios são avaliados numa base diária pelas

farmacêuticas de forma a conseguir garantir o stock dos serviços. Os armários têm

diferentes compartimentos que representam diferentes níveis de segurança, desde

gavetas com divisórias, gavetas com cubies (recipientes em forma cubica que têm uma

placa de abertura), ou gavetas de dispensa unitária. Medicamentos com maior necessidade

de controlo são inseridos nas gavetas de dispensa unitária como os estupefacientes e as

benzodiazepinas de uma maneira geral estão inseridas nos cubies [10].

No Hospital de Vila Real a reposição por níveis é feita pelas farmacêuticas sendo

da sua responsabilidade ter atenção aos stocks dentro dos armários. O processo de

reposição é feito no local, sendo necessária verificar a validade do produto em causa, de

forma a garantir o cumprimento do sistema FEFO. Durante o meu estágio, diversas foram

as situações em que tive oportunidade de analisar os relatórios emitidos pela consola a fim

de reposição do armário em questão, preparar a medicação e de igualmente acompanhar

as farmacêuticas na reposição.

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Jorge Neri Página 17

4.5.5 Distribuição Individualizada

A distribuição individualizada é um tipo de distribuição exigida para medicamentos

que requerem um controlo mais apertado, sendo realizada para os Estupefacientes e

Psicotrópicos, Benzodiazepinas (nos serviços em que não existem Pyxis®),

Hemoderivados, Estimulantes da Hematopoiese e material de penso.

Conforme o tipo de medicação é exigido um modelo específico de

prescrição/distribuição: Modelo nº 1804 (hemoderivados), modelo nº 1509

(Estupefacientes e Psicotrópicos) ambos da INCM, Justificação Extra-Formulário (Anexo

V), ou ainda o modelo de requisição de material de penso (Anexo VI)

Estupefacientes e psicotrópicos

A Lei Portuguesa salvaguarda no DL n.º 15/93 de 22 de janeiro todas as substâncias

consideradas estupefacientes e psicotrópicas. A lei prevê um controlo bastante apertado

desta medicação uma vez que é suscetível de causar dependência forte assim como

efeitos secundários muito significativos ou mesmo tráfico e para fins ilícitos. A sua utilização

segundo a Portaria n.º 981/98, de 8 de junho requerem o registo do modelo n.º 1509 num

livro de requisições (Anexo VII). Este livro de requisições é de venda exclusiva da Imprensa

Nacional – Casa da Moeda (INCM).

Sempre que um serviço necessite de um medicamento com esta classificação pode

recorrer a duas situações: se tiver um armário Pyxis®, neste poderão estar armazenados

os medicamentos em questão. Para fins legais, os armários Pyxis® contendo este tipo de

medicamentos apresentam uma autorização do INFARMED. Têm um stock definido,

normalmente controlado em gavetas com segurança mais apertada. A medicação é

imediatamente associada ao doente e o preenchimento do modelo não é exigido. Porém

casos em que não existe Pyxis®, o médico prescritor deve preencher o modelo e enviá-lo

aos SF. No modelo constam informações sobre o medicamento, forma farmacêutica,

dosagem, quantidades, assim como o doente e o seu processo clínico. O modelo é

preenchido em duplicado e assinado pelos requisitantes e pela Diretora dos SF, ficando o

original arquivado em pastas específicas

A transferência de estupefacientes e psicotrópicos entre as diferentes unidades do

CHTMAD requer igualmente o modelo em questão.

Os estupefacientes e psicotrópicos têm um cofre de armazenamento situado numa

sala separada do armazém habitual. A este cofre só têm acesso as farmacêuticas.

Estimulantes da Hematopoiese

A distribuição destes medicamentos é feita de acordo com uma calendarização. O

AO do serviço de nefrologia transporta a lista de doentes em diálise que vão recorrer a

estimulantes da hematopoiese. O farmacêutico recebe a prescrição, valida-a e dispensa,

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Jorge Neri Página 18

com o cuidado de cautelosamente acondicionar os medicamentos, uma vez que as

eritropoietinas têm de permanecer a baixa temperatura. É feito o registo da validade e do

lote distribuído e as embalagens são identificadas com colantes dos doentes para a

enfermagem proceder a validação e dispensa da medicação. Tive oportunidade de por

diversas vezes participar nesta distribuição.

Hemoderivados

Estes medicamentos são constituídos por proteínas plasmáticas de interesse

terapêutico que não se podem sintetizar por métodos convencionais, pelo que são obtidos

de plasma de dadores humanos sãos, através de um processo tecnológico adequado de

fracionamento e purificação, sendo os principais: albumina, imunoglobulinas (vacina anti-

tetânica, contra a hepatite B, contra a varicela, contra o antigénio D, contra o

citomegalovírus e contra o tétano) e fatores da coagulação (Fator VII, Fator VIII, Fator IX,

além dos complexos protrombínicos). Estes medicamentos são acompanhados do

certificado de libertação de lote que é emitido pelo laboratório do INFARMED [15].

Para fins de controlo do medicamento, a sua utilização requer o impresso modelo

nº1804 (Anexo VIII)

Medicamentos Extra-Formulário

Por fim, a distribuição individualizada é também feita no caso dos medicamentos

que são extra formulário. Estes medicamentos requerem, tal como já referido de um

impresso e são sempre sujeitos a apreciação da CFT e se necessário da CNFT. Ao serem

dispensados desta forma ficam sujeitos a um registo, mas neste caso é necessária uma

justificação clinica do mesmo.

4.6 Ensaios Clínicos

No dia 23 de Junho deslocámo-nos ao gabinete do centro de investigação do

CHTMAD para assistir a uma explicação teórica dos ensaios clínicos. Esta sessão foi

apresentada pela Drª Lucília Penteado, colaboradora da empresa BlueClinical que é

responsável pela prospeção de novos ensaios clínicos em diversos hospitais portugueses.

A sessão durou cerca de duas horas na qual foram revelados algumas particularidades

destes procedimentos.

O DL nº 21/2014 de 16 de abril salvaguarda tudo o que diz respeito aos ensaios

clínicos e serviu principalmente para compilar uma série de documentos que tinham as

informações dispersas. Para além desta lei, deve também ser dado destaque às boas

práticas clínicas incluídas na International Conference on Harmonisation. Os

medicamentos passam por diversas fases: fase pré-clínica (Testes em Animais), Ensaios

Clínicos: Fase I: é avaliada a segurança e tolerabilidade do novo medicamento, sendo o

seu âmbito a Toxicologia e Farmacologia Clínica - 20 a 80 pessoas saudáveis; Fase II: é

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avaliada a eficácia terapêutica. É investigação Clínica Preliminar da Eficácia Terapêutica -

100 a 300 doentes; Fase III: Segurança, eficácia e benefício terapêutico. Avaliação

Terapêutica em larga escala - 1000 a 3000 participantes (Farmacoepidemiologia

Experimental); Fase IV: Vigilância Pós-Marketing - Realizados após a obtenção da

Autorização de Introdução no Mercado.

Nos casos dos medicamentos do Vírus da Imunodeficiência Humana, Hepatite C e

medicamentos oncológicos não existem fases I dos ensaios clínicos devido aos efeitos

secundários muito intensos.

O INFARMED é a autoridade competente nesta matéria, sendo este organismo

responsável pela supervisão dos ensaios clínicos, enquanto que a Comissão de Ética para

a Investigação Clínica é responsável por definir os princípios de boas práticas clínicas e

orientações científicas pertinentes aos mesmos.

O processo burocrático que existe antes de se por em prática o ensaio clinico

demora usualmente 4 a 5 meses, passando por diversas fases, necessitando de ser

autorizado do CA. A lei que surgiu o ano passado veio regularizar os limites de tempo para

resposta das entidades competentes. Na visita que foi realizada ao centro de investigação

foi dado muito enfase à necessidade do processo pré ensaio ser mais simplificado, uma

vez que era muitas vezes limitante, ficando o ensaio parado durante 1 ano ou mais

perdendo por vezes interesse ou significado clínico. Hoje em dia, a lei é mais clara nesse

sentido, perspetivando-se uma melhoria no que toca ao número e à qualidade dos ensaios

clínicos em território nacional. De facto, é essencial a elaboração da brochura do

investigador no qual devem contar: informação da empresa que quer realizar o ensaio

assim como o representante responsável, finalidade, objetivos e metodologia do processo,

a população e por fim outras informações que possam ser consideradas relevantes. [16]

Cada ensaio tem um médico supervisor responsável, que deve ser especialista na

área clínica a que os medicamentos experimentais dizem respeito. Igualmente, da parte da

farmácia hospitalar deve existir um farmacêutico responsável pelo ensaio clínico. A

comissão de ética competente é a entidade responsável pela monitorização dos ensaios

clínicos.

Após a apreciação do Ensaio Clínico ocorre a receção e conferência do

Medicamento Experimental. Nos SF é rececionado esse mesmo medicamento em causa

e a informação do promotor, sendo necessário proceder ao preenchimento de uma norma

associada. Aquando da receção, feita pelo farmacêutico responsável, devem ser

verificadas quantidades, lotes, prazos de validade, acondicionamento, e número de

randomização quando aplicável. O medicamento para além disto deve ter uma pasta de

arquivo própria na qual devem ser arquivados os documentos referentes. Por outro lado,

durante o armazenamento, deve ser preenchida a ficha do ensaio clinico [10].

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É da responsabilidade do promotor indicar os procedimentos clínicos e forma de

dispensa do medicamento. Muitas vezes estes procedimentos são confidenciais e o acesso

à documentação e aos medicamentos é reservado de forma a manter em segredo

informações relevantes do processo. O promotor deve enviar o modelo de registo, no qual

ficaram escritos as dispensas efetuadas além de informações como o doente em causa, o

medicamento, ou o número de randomizações entre outras informações. Na visita ao

centro de investigação foi feita uma alusão sobre a maneira como estes protocolos

confidenciais são feitos [10] ,[17].

Para o doente entrar no ensaio clinico este deve ser proposto pelo médico e

posteriormente é feita uma entrevista investigador, em que lhe devem ser explicados, de

modo completo e em linguagem adequada à sua capacidade de compreensão, os

objetivos, os riscos e os inconvenientes do estudo clínico, bem como as condições em que

este é realizado. Para participar o doente deve proceder à assinatura do consentimento

informado. A qualquer altura é possível desistir e sair do ensaio, não havendo nenhum tipo

de compromisso, nem nenhum tipo de comprometimento do tratamento. As normas dos

SF do CHTMAD alertam para a necessidade de ser respeitada a dignidade das pessoas,

o consentimento livre informado, a boa vontade e o voluntariado assim como a privacidade

e a confidencialidade quer do processo quer dos doentes. Devido a necessidade do registo

processual, os doentes acabam por ter um seguimento maior do que outros. Exames

clínicos, consultas, verificação de efeitos secundários são mais frequentes e deverão ser

sempre registados para futura consulta. O investigador tem a obrigação de em 24 horas

informar o promotor todas as reações e acontecimentos adversos graves, do qual deve

resultar um posterior relatório. Para além disto, a lei que aprova a investigação clinica

delineou a necessidade de existir um Registo Nacional de Estudos Clínicos, uma

plataforma online na qual são registados todos os ensaios clínicos para fomentar a

intercomunicação entre os diferentes grupos de investigação [10], [17].

Durante a sessão de explicação foi também dado enfase à utilidade económica dos

ensaios clínicos para o SNS. De facto, a lei salvaguarda que todas as despesas devem

estar a cargo do promotor do ensaio, resultando numa mais-valia para os encargos do

Hospital em si.

5. Erros na Medicação e o seu registo

Os erros na medicação encontram-se igualmente abrangidos pelas normas dos SF.

Na verdade, sempre que estes ocorrem, é necessário proceder ao seu registo, de forma a

permitir uma avaliação e garantir uma melhoria continua quer dos SF como dos

profissionais envolvidos. Considera-se Erro de Medicação qualquer ocorrência evitável

capaz de causar ou induzir uso inapropriado, ou prejudicar o doente. Estas ocorrências

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podem estar relacionadas com diversas situações e classificam-se em A (quando as

situações podem causar erro, por exemplo, na rotulagem), B (quando o erro ocorreu mas

não chegou ao doente) ou C (quando efetivamente chegou ao doente) [18].

Sempre que existe um erro na medicação este deve ser reportado por qualquer

profissional de saúde e registado em impresso próprio (Anexo IX).

Além do registo é necessário averiguar as circunstancias e de acordo com estas

tomar as devidas medidas. Caso o erro seja do tipo C deve ser imediatamente comunicado

ao médico responsável pelo serviço em que o doente está inserido e verificar a situação

clinica, enviando-se um relatório ao gestor do erro da medicação para este avaliar e caso

seja necessário, adequar as medidas imediatas necessárias [18].

Mensalmente o gestor do erro envia o relatório de Erros de Medicação à CFT, assim

como ao gabinete da qualidade e aos diretores e enfermeiros chefe dos serviços. Se o erro

não chegar ao doente, apenas é elaborado um impresso pelo profissional que o detetou,

ficando assim registado. [18].

No meu estágio consegui perceber desde cedo a importância da validação da

medicação de forma atenta uma vez que é neste momento que podem existir os erros em

questão. Presenciei igualmente o preenchimento do Registo de Erros de Medicação,

aquando da deteção de um erro de prescrição no GHAF.

6. Emergência Hospitalar e os Serviços Farmacêuticos

Os SF do CHTMAD, através dos Carros de Emergência, providência a medicação

de fácil acesso durante 24 horas por dia a qualquer pessoa em situação de emergência. O

carro em questão trata-se na verdade de uma estrutura física móvel onde se encontra um

conjunto de equipamentos, fármacos e outros materiais para reanimação cardio-

respiratória. Na 1ª gaveta de todos os carros de emergência, cuja composição está inscrita

nas normas do CHTMAD [19], existem fármacos de primeira linha em situações de

emergência orientandos por cores para uma reação mais instintiva. Os carros de

emergência têm procedimentos de manutenção e verificação, como por exemplo testar o

desfibrilhador semanalmente (desligado), ou verificar diariamente a pressão na garrafa de

oxigénio, porém, mensalmente devem ser verificadas as validades dos carros de

emergência. Este procedimento deve ser feito tendo em conta as necessidades do carro

de emergência e a gestão dos stocks deve ser feita com particular atenção. Devem constar

validades alargadas de forma a garantir a durabilidade. Se forem detetadas validades

próximas do fim, as farmacêuticas deslocam-se a estes carros para trocar a medicação,

encaminhando-a para serviços que a necessitem ou que tenham alta rotatividade dos

mesmos [19].

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Durante o estágio tive oportunidade de avaliar as validades dos fármacos de alguns

carros de emergência e acompanhar as farmacêuticas na substituição dos mesmos quando

foi necessário.

7. Pedidos de Informação e Centro de Informação do

Medicamento

Os SF dos hospitais têm a responsabilidade de fornecer informação sobre os

medicamentos que gerem. Esta informação pode ser requisitada quer a utentes quer a

outros profissionais de saúde. A complexidade e as inovações no setor dos medicamentos

e da farmacologia levou à necessidade da criação de Centros de Informação do

Medicamento (CIM) dentro dos SF [3]. Este centro de informação, que em termos clássicos

corresponderia a uma biblioteca contendo informação escrita, deve hoje em dia ser

representado por outros mecanismos para procurar informação, nomeadamente internet e

bases de dados.

Os SF devem proceder, através do seu CIM, à disponibilização de informação de

forma passiva ou ativa. No primeiro caso refere-se às situações pontuais em que se tentam

fornecer respostas a questões colocadas pelos profissionais de saúde. O pedido chega

aos SF ficando registado num modelo próprio, podendo a requisição ser feita por telefone,

pessoalmente ou escrito. Numa primeira fase verifica-se se o pedido é novo ou se já existe

a informação no banco de dados. Mas caso seja o primeiro pedido, é feita uma pesquisa

bibliográfica usando fontes tais como o Infomed ou o Prontuário Terapêutico e caso seja

ainda necessário poder-se-á usar outras fontes, entre elas estudos académicos ou

informação presente em Guidelines das diferentes organizações. No caso da informação

ativa, esta deve ser proporcionada por iniciativa do CIM, tal como realização de seminários,

elaboração de folhetos informativos, estre outros métodos [10], [20].

Durante o meu estágio foi-me pedido que elaborasse uma resposta a um pedido de

informação: “Qual é o tempo de intervalo que deve existir entre a vacinação contra a

varicela e o tratamento com fingolimod?”. Este último fármaco é usado para o tratamento

da esclerose múltipla com exacerbação-remissão muito ativa. De forma a resolver esta

questão recorri ao Infomed que direcionou para o Resumo das Características do

Medicamento (RCM) presente no site da Agência Europeia do Medicamento. Neste

documento, encontra-se a informação explícita sobre o caso, remetendo para que as

pessoas que não tenham sido vacinadas ou que nunca se obteve qualquer registo clínico

da varicela (ou seja, anticorpos para a varicela negativo) devam realizar um ciclo de

vacinação completo antes da administração do fingolimod. Assim, posto isto, após a

vacinação dever-se-á esperar cerca de um mês para o efeito seja completo [21].

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8. Farmacovigilância e Farmacocinética

Apesar dos medicamentos passarem estudos rigorosos que comprovam que o a

sua segurança e eficácia aceitáveis, a verdade é que existem sempre situações não

previstas e que se provam importantíssimas para o medicamento.

Em Portugal, o Sistema Nacional de Farmacovigilância foi criado em 1992, pelo

Despacho Normativo nº 107/92, de 27 de Junho, sendo atualmente regulamentado pelo

DL n.º 242/2002 de 5 de Novembro. A atualização deste sistema deve ter a colaboração

de todos os profissionais de saúde, indicando as suspeitas de reações adversas dos

diferentes medicamentos em causa [22]. Nos hospitais deve existir uma recolha e registo

adequado dos efeitos adversos para serem posteriormente enviadas. O INFARMED

através do portalRAM permite que qualquer pessoa consiga realizar uma notificação de um

efeito secundário grave ou não esperado de um medicamento.

As notificações dos medicamentos devem apresentar informações consideradas

mínimas: descrição da reação adversa; identificação do medicamento que terá dado

origem à reação adversa; informação sobre a pessoa que sofreu a reação adversa; os seus

contactos, enquanto notificador da reação adversa.

Os serviços de farmacocinética são realizados nos Serviços de Análises Clínicas,

sob vigilância de um médico da especialidade. A farmacocinética normalmente é feita para

certos antibióticos e outros medicamentos como modificadores do sistema imunitário.

9. Outras atividades

Formação: diagnóstico e tratamento da urticária

No dia 26 de maio, foi realizada uma ação de formação teórica sobre o diagnóstico

e o tratamento da urticária recorrendo a anticorpos monoclonais. Esta formação ficou a

cargo de profissionais da Novartis®. A urticária caracteriza-se por um prurido intenso em

várias zonas do corpo, cujo tratamento passa por anti-histamínicos de 2ª geração. Nesta

formação foi evidenciada a necessidade de controlar a proliferação de mastócitos como

meio de tratamento usando para tal o omalizumab em meio hospitalar: agrega-se as

imunoglobulinas tipo E produzidas pelos mastócitos, inibindo a ligação destes últimos.

Outros tratamentos tais como ciclosporina A, corticosteroides ou Montelucaste revelaram

pouca utilidade em comparação com o omalizumab.

A ação de formação a cargo de uma empresa farmacêutica foi realizada na sala de

reuniões.

Visita ao serviço de Nefrologia

No dia 9 de julho foi sugerida uma visita ao serviço de nefrologia. A visita, orientada

pelo Enfermeiro José Faceira que se disponibilizou a elaborar uma explicação teórica

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transmitida oralmente sobre o funcionamento da unidade, assim como os mecanismos

básicos de hemodiálise. Nesta visita foi explicado que a hemodiálise se tratava de um

mecanismo de mimetização mecânica e artificial do rim para doentes com insuficiência

renal. A unidade de Vila Real recebe em dias não sucessivos num regime de dois turnos,

manhã e tarde, os seus doentes. Os SF do CHTMAD contribuem para esta unidade com

medicamentos estimulantes da hematopoiese tal como já referido anteriormente neste

relatório entre outros medicamentos. Foi ainda dado destaque à diálise peritoneal,

tratamento domiciliário, por exemplo durante a noite, porém apenas para os doentes que

consigam compreender bem o mecanismo e o tratamento. É um método mais cómodo, já

que a pessoa não se tem de deslocar à unidade hospitalar para realizar o tratamento.

Normalmente, pessoas ativas profissionalmente são os principais candidatos à diálise

peritoneal. Por fim, foi explicado o mecanismo de purificação da água que recorre a

diversos filtros (de areia e outros de carvão ativado), assim a osmose inversa, de forma a

garantir que a água que está a circular nos instrumentos de diálise é pura em termos

bacteriológicos e em termos iónicos.

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10. Conclusão

A formação do farmacêutico é caracterizada pela multidisciplinaridade que a

incrementa, sendo composta quer por ciências quer básicas quer farmacêuticas. Na

verdade, o longo e teórico percurso ao longo dos cinco anos do Mestrado Integrado em

Ciências Farmacêuticas foram postas em prática nestes meses que complementam o

estágio curricular.

A Farmácia Hospitalar e a especialidade de farmacêutico hospitalar revelaram-se

um desafio enorme, demonstrando que o farmacêutico tem um papel ativo nos hospitais e

para além do mais os seus conhecimentos são fundamentais para enfrentar as

adversidades que o próprio hospital pode apresentar. Doenças muito diversas e mais

complicadas do que as que chegam a farmácia comunitária, a junção da atividade de

imensos profissionais e necessidade da racionalização e gestão do medicamento foram

alguns dos principais obstáculos que agora consigo facilmente identificar. Assim como na

farmácia comunitária, aqui o farmacêutico volta a ser um gestor e estratega na

racionalização do medicamento contribuindo sempre para o bem social e comum.

O Estágio Curricular nos Serviços Farmacêuticos de Vila Real, onde acabei o meu

estágio foram um verdadeiro abrir de horizontes, e que em muito contribuíram para a minha

formação como farmacêutico e certamente serão uteis no futuro profissional.

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11. Bibliografia

[1] Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro "Acerca da Instituição". Acessível

em: http://www.chtmad.min-saude.pt/. [acedido em 25 de julho de 2015]

[2] Decreto-Lei nº 44 204, de 2 de Fevereiro de 1962: Regulamento geral da Farmácia

Hospitalar

[3] Conselho Executivo da Farmácia Hospitalar (2005). Manual da Farmácia Hospitalar.

Gráfica Maiadouro;

[4] Portaria n.º 155/2007, de 31 de Janeiro: Cria o Código Hospitalar Nacional do

Medicamento (CHNM).

[5] Portaria n.º 981/98, de 8 de Junho: Execução das medidas de controlo de

estupefacientes e psicotrópicos.

[6] Despacho n.º 2061-C/2013, de 1 de fevereiro de 2013: Cria a Comissão Nacional de

Farmácia e Terapêutica e estabelece as suas competências e composição

[7] Deliberação n.º 690/2013, de 7 de fevereiro: Aprova o Regulamento de

Funcionamento da Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica

[8] Grupo MMU do CHTMAD, MMU nº 064 Manuseamento de Cistostáticos, Abril de

2010 in Manual JCI

[9] Grupo MMU do CHTMAD, MMU nº 057: "Armazenamento de medicamentos e

preparação de concentrados de eletrolitos" in Manual JCI

[10] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE.

Manual da Qualidade dos Serviços Farmacêuticos. Atualizado a última vez a

27/11/2014.

[11] Portaria n.º 594/2004, de 2 de Junho: Aprova as boas práticas a observar na

preparação de medicamentos.

[12] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE.

Manual de Procedimentos de Citostáticos. 2014.

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[13] Grupo MMU do CHTMAD, MMU nº 020 "Dispensa de medicamentos a utentes em

Regime Ambulatório" in Manual JCI

[14] Decreto-Lei nº 13/2009: Estabelece as condições e os requisitos para dispensa de

medicamentos para tratamento no período pós-operatório de situações de cirurgia

de ambulatório.

[15] Boletim do CIM. Medicamentos derivados do Plasma Humano. s.l. : Revista Ordem

dos Farmacêuticos, 2013.

[16] Grupo MMU do CHTMAD, MMU nº 070 "Investigação e Ensaios Clínicos" in Manual

JCI

[17] Decreto-Lei n.º 21/2014, de 16 de abril: Aprova a Lei da Investigação Clínica.

[18] Grupo MMU do CHTMAD, MMU nº 014: "Registo e Análise de Erros de Medicação"

in Manual JCI

[19] Grupo MMU do CHTMAD, MMU nº 079: "Emergencia Médica Intra-hospitalar" in

Manual JCI

[20] Conselho do Colégio da Especialidade em Farmácia Hospitalar (1999). Boas Práticas

de Farmácia Hospitalar. Ordem dos Farmacêuticos, Lisboa;

[21] Resumo das Características do Medicamento GILENYA (Fingolimod). Novartis®.

Acessível em: http://www.ema.europa.eu/docs/pt_PT/document_library/EPAR_-

_Summary_for_the_public/human/002202/WC500104530.pdf [acedido em 4 de julho

de 2015]

[22] PortalRAM. Acessível em:

https://extranet.infarmed.pt/page.seram.frontoffice.seramhomepage [acedido em 4

de julho de 2015].

[23] Ministério da Saúde, Programa do Medicamento Hospitalar, Março de 2007.

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12. Anexos

Anexo I

Impresso para a requisição de Estupefacientes, Psicotrópicos e Benzodiazepinas

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Anexo II

Impresso para registo de erros na medicação

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Anexo III

Medicamentos de dispensa exclusiva em Farmácia Hospitalar

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Anexo III: continuação

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Anexo IV

Relatório elaborado para Reposição do Pyxis® do Serviço de Medicina A

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Anexo V

Justificação Extra-Formulário

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Anexo VI

Modelo Interno para requisição de Material de Penso

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Anexo VII

Impresso modelo para a utilização de Estupefacientes, Psicotrópicos e Benzodiazepinas

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Anexo VIII

Modelo nº1804 referente à utilização de medicamentos Hemoderivados

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Anexo IX

Impresso de registo de acidentes na UCPC

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