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FALA-ME DO PATRIMÔNIO MUNDIAL A palavra patrimônio é empregada com frequência mas, nem sempre com o mesmo sentido. Por exemplo, uma pessoa se preocupa com seu patrimônio familiar, ou seja, seus bens pessoais e se questiona como protegê-los, fazê-los prosperar e transmiti-los para seus filhos. É um assunto de dinheiro, mas que também inclui objetos de valor sentimental – fotos antigas, louças, joias das avós – pelos quais sente grande estima. De modo análogo falamos do patrimônio cultural, histórico e arquitetônico. Nesse caso também os responsáveis por esses bens se questionam: como protegê-los, restaurá-los e transmití-los para as gerações futuras.

Para Saber Mais O conceito de patrimônio cultural, histórico e arquitetônico como herança comum de um grupo ou de uma coletividade foi uma ideia que amadureceu durante o século XIX pois, muitos dos castelos, igrejas e monumentos antigos estavam em condições precárias e desmoronando. A França foi o primeiro país a definir o conceito de monumentos históricos e a iniciar os esforços necessários para sua conservação. Mais tarde outros conceberam a ideia de que as paisagens mais bonitas também fazem parte do patrimônio comum e que deveriam ser protegidas das ameaças do mundo moderno. Quem compartilhava essa ideia se reuniu em Berna, Suíça em 1913. Ali proclamaram um princípio revolucionário: o patrimônio natural é propriedade de toda a humanidade e não apenas do país onde se encontra. Já os amantes da arte, da arquitetura e da história se reuniram em Atenas em 1931, sob os auspícios da SDN (Sociedade das Nações) criada em 1919 para promover o desenvolvimento de cooperação internacional entre os países e garantir a paz. Foi substituída em 1946 pela ONU. Todos os esforços foram interrompidos pela 2ª guerra mundial. A enorme destruição de obras de arte, monumentos e cidades antigas geradas pelo conflito deu um novo impulso ao empenho de conservação.

Patrimônio Em espanhol vem das palavras latinas pater(pai) e monere (advertir, aconselhar). Patrimônio é então o que remete, lembra ao pai. Em inglês temos o termo heritage – patrimônio vem a ser algo que se recebe, se guarda e se transmite. Herança – Reforça o aspecto da continuidade, do futuro e da responsabilidade de cada geração.

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Em 1945, terminada a guerra, 37 países assinam a Constituição que marca o nascimento da UNESCO. Em seu preâmbulo proclama: “Se as guerras nascem da mente dos homens é da mente dos homens que devem se erguer os baluartes da paz”. A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura tem o objetivo de alcançar gradualmente os objetivos da paz internacional e o bem estar geral da humanidade. O primeiro artigo da constituição afirma que a UNESCO, “estreitando, mediante a educação, a ciência e a cultura a colaboração entre as nações”, espera contribuir para o “respeito universal, a justiça, a lei, os direitos humanos e as liberdades fundamentais” que são reconhecidas pela carta das Nações Unidas sem distinção de raça, sexo, idioma ou religião.

Em 1954, em La Haya, Países Baixos, foi criada uma convenção para a proteção dos bens culturais em caso de guerras. Este acordo foi o primeiro instrumento jurídico internacional destinado exclusivamente à proteção do patrimônio cultural.

Dubrovinic – Croácia Proteção de monumentos durante a guerra.

UNESCO Foi criada em novembro de 1945, logo após o final da 2ª guerra. Tem 5 grandes missões: — Função de análise de perspectivas. Se dedica à previsão das transformações sobre o futuro da educação, ciência, cultura e comunicação. Por exemplo: analisa os impactos da internet no desenvolvimento das nações. — Apoiando-se prioritariamente na pesquisa, ensino e formação, a UNESCO deve zelar para que os pesquisadores, alunos, professores e educadores de forma geral possam aprofundar seus conhecimentos, compartilhá-los e utilizá-los em proveito de um maior número de pessoas, diminuindo exclusões.

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O Patrimônio Mundial é a base na qual a humanidade edifica sua memória e desenvolve suas múltiplas identidades. Permitir a destruição de obras primas, de conhecimentos e rituais, de paisagens e espécies de animais e vegetais que compõem esse patrimônio equivale a arrancar de uma pessoa todas as lembranças de sua infância, de sua família e dos lugares nos quais viveu. Como poderia essa pessoa se desenvolver, manter relações saudáveis com os outros e ser feliz se fosse privada de todas essas referências? A preservação do Patrimônio Mundial não é um luxo estético reservado aos amantes das artes e sim, uma necessidade vital para todos os povos. Essas considerações deram origem à convenção de 1972, com 38 artigos, que estabelece um marco no qual a UNESCO e os países signatários colaboram para proteger o Patrimônio Mundial.

Você sabia? O emblema da UNESCO foi adotado em 1954. Ele evoca o templo do Partenon, construído sobre a colina de Acrópolis em Atenas. É uma forma de prestar homenagem à Grécia Antiga, o berço da democracia, no século VI A.C. e cujas ideias filosóficas deixaram marcas profundas na humanidade.

— Exerce uma ação normativa, cria, modifica e aplica normas de direito internacional (leis universais que todos os países devem aplicar). A UNESCO adota assim declarações, proclamas, recomendações, etc. — Cumpre uma missão de assessoria aos países membros, aconselha sobre políticas e projetos de desenvolvimento. Exerce nesse caso uma cooperação técnica, por exemplo, coordenando as grandes obras de restauração de monumentos. — Por fim, a UNESCO é um grande centro de intercâmbios. Reúne e difunde em todo o mundo informações sobre os seus âmbitos de atuação: educação, ciência, cultura e comunicação.

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Para Saber Mais

A Aplicação da Convenção

Assembleia Geral dos Estados

A Assembleia Geral dos Estados que ratificaram a Convenção (187 em 2010) se reúne a cada 2 anos, durante a reunião ordinária da conferência geral da UNESCO. Uma Assembleia elege os 21 países membros do Comitê, com um mandato de 6 anos, que estuda a situação financeira do fundo do Patrimônio Mundial e decide como ele será utilizado.

Centro do Patrimônio

Mundial

O Centro atua como secretaria do comitê e se encarrega da gestão diária, da organização das reuniões anuais do comitê, encaminhamento dos expedientes, palestras, seminários, difusão das listas dos Patrimônios Mundiais e tarefas de conscientização da opinião pública.

Comitê do Patrimônio

Mundial

É uma entidade intergovernamental, parte da UNESCO. O comitê tem a responsabilidade de aplicar a convenção. Estabelece e mantém atualizada a lista do Patrimônio Mundial e a lista do Patrimônio Mundial em perigo. Define critérios de inscrição, recebe e analisa pedidos de ajuda e relatórios de conservação.

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A mesa do Patrimônio

Mundial

Sete membros do comitê formam a mesa cuja função consiste em preparar o trabalho do comitê.

Fundos do Patrimônio

Mundial

É o conjunto de recursos financeiros provenientes das contribuições obrigatórias (equivale a 1% da contribuição que cada país faz à UNESCO) e das doações feitas pelos países signatários da convenção.

A União Internacional para a Conservação da Natureza e seus Recursos (UICN) e o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) que são ONGs, assim como o Centro Internacional de Estudos para a Conservação e Restauração de Bens Culturais (ICCROM) cumprem uma função particular: participam das reuniões do comitê e proporcionam um valioso assessoramento técnico sobre os bens do Patrimônio Mundial, os quais seguem com muita atenção.

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Os Patrimônios Mundiais Quer pertençam a uma determinada cultura ou sejam de origem natural, todos os bens do Patrimônio Mundial devem ser únicos, insubstituíveis e autênticos. “Único” – é um conceito fácil de entender. O Louvre, os templos de Angkor e a Grande Pirâmide de Quéops são únicos no mundo e existem em um só lugar.

“Insubstituível” – Significa que sua destruição seria irreparável. Se destruímos uma floresta tropical, os especialistas em florestas não conseguiriam reconstituí-la de maneira idêntica, por mais empenho e tecnologia que empreguem.

“Autêntico” – É um atributo mais difícil de ser definido. São considerados autênticos, bens que não foram descaracterizados durante sua existência ou que estão parecidos como eram na época de sua formação.

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A Lista do Patrimônio Mundial A lista hoje conta com 911 locais culturais e naturais. A última sessão do Comitê do Patrimônio Cultural, foi em Brasília, em julho de 2010. Na ocasião inseriram 21 novos bens na lista do Patrimônio Mundial, sendo 15 culturais, 5 naturais e 1 misto. Mais um local brasileiro agora faz parte do Patrimônio Mundial, é a praça de São Francisco, na cidade de São Cristóvão, em Sergipe. É o marco de uma época, da União Ibérica (século XVI) quando Portugal e Espanha eram uma só coroa.

Desenhado por Michel Olyff, o emblema simboliza os bens culturais e naturais: o quadrado central é uma forma geométrica tipicamente criada pelo homem, o círculo representa a natureza. O emblema é redondo como a terra, e também simboliza a proteção.

Você sabia? Procedimento de inscrição: Um país prepara uma lista com os bens que deseja incluir como Patrimônio Mundial. Elabora um relatório detalhado e explica por que tem um “valor universal excepcional”. Leva também provas de iniciativas de conservação e os recursos financeiros a elas destinados. Tudo é encaminhado ao centro do Patrimônio Mundial que o transmite a UICN e ao ICOMOS para que o avaliem. Especialistas dessas ONGs visitam os locais e mandam um relatório para a mesa do Patrimônio Mundial. Os sete membros da mesa estudam os pedidos e os relatórios e verificam se cumprem os critérios estabelecidos pela convenção do Patrimônio Mundial e se existem condições legais para sua proteção. A partir daí a mesa formula suas recomendações ao Comitê. Os 21 países que compõem o comitê têm a palavra final, eles definem se o bem será incluído na lista de Patrimônio Mundial ou não. O Comitê é muito criterioso e procura fazer com que a lista de Patrimônio Mundial possa refletir a diversidade cultural e natural do mundo.

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As Sete Maravilhas do Mundo Antigo v

O Templo de Ártemis em Éfeso

O Mausóleo de Halicarnasso

O Colosso de Rodes

A Estátua de Zeus no Olimpo

As pirâmides do Egito

Os Jardins da Babilônia O Farol de

Alexandria

A ideia de elaborar uma lista das maravilhas do mundo não é de hoje. Há 2.000 anos os gregos se referiam àquilo que consideravam obras primas da atividade humana, todas elas situadas na parte oriental do mediterrâneo

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O que se entende por Patrimônio Mundial? Para facilitar essa tarefa, a Convenção distingue o Patrimônio Cultural do Natural. Por mais que ela seja útil, não é de suma importância essa distinção, já que com frequência, o homem deixou suas marcas nas paisagens naturais e lhes conferiu um valor espiritual, integrando-as a seus mitos e às lendas, à pintura, à literatura, etc. Quando essa interação é muito estreita, consideramos paisagem cultural. Patrimônio Cultural Se tratam de bens que devem ter um “valor universal excepcional”, por exemplo: Monumentos – edifícios (casas, palácios, lugares de culto, fortificações, fábricas antigas, etc.) esculturas e pinturas monumentais, algumas cavernas com pinturas rupestres, sítios arqueológicos. Conjuntos – cidades, povoados, bairros. Sítios – Obras elaboradas pelo homem ou obras conjuntas do homem com a natureza como paisagens urbanas ou rurais. Patrimônio Natural Se tratam de locais representativos ou excepcionais.

- Certas formações físicas e biológicas: florestas, geleiras, ilhas, cavernas, montanhas, etc - Habitat de espécies animais e vegetais em perigo de extinção: recifes de coral, florestas tropicais, manguezais, etc. - Locais ou zonas estritamente delimitadas como parques nacionais.

O Patrimônio Cultural Dos 911 bens inscritos na lista do Patrimônio Mundial, 704 estão nela por seu valor cultural.

As Paisagens Culturais

Algumas paisagens são representativas da fusão harmoniosa entre o homem e a natureza. São resultado de uma longa relação entre o homem e seu meio dando testemunho da criatividade humana.

Os arrozais em terraços das cordilheiras das Filipinas constituem um bom exemplo: há dois mil anos o cultivo de arroz nos terraços sobre as escarpas das montanhas moldaram a imagem desta região.

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Um monumento ou um local só poderá figurar na lista se apresentar um ou mais dos seis critérios estabelecidos pela convenção. 1º Representar uma obra prima do gênio criador do ser humano. 2º Dar testemunho de um intercâmbio de influências considerável feito ou em uma área cultural determinada como o desenvolvimento da arquitetura e das artes ou dos planejamentos das cidades. Por exemplo: O centro histórico de Córdoba (Espanha) que testemunha a influência Moura.

O Taj Mahal – Índia

O Taj Mahal é um imenso palácio de

mármore branco edificado entre 1631 e 1648 em Agra por ordem do imperador Shan Jahan que, inspirado por amor, quis perpetuar a lembrança de sua esposa favorita. Este monumento, uma joia da arte muçulmana na Índia, é uma das obras primas do patrimônio da humanidade.

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3º Oferecer um testemunho único ou ao menos excepcional sobre uma tradição cultural de uma civilização vivente ou desaparecida. Exemplos: Vale de Katamandú (Nepal)

4º Oferecer um exemplo de um tipo de construção ou paisagem que ilustre um período significativo da história humana. 5º Constituir um exemplo de estabelecimento humano, representativo de uma cultura. 6º Estar relacionado com acontecimentos, tradições viventes, crenças e obras excepcionais. Patrimônio Natural Atualmente 180 estão inscritos na lista do Patrimônio Mundial. São quatro os critérios e os locais devem apresentar ao menos um deles.

Parque Nacional de Kakadu - Austrália

Este local habitado há 40.000 anos abriga vestígios desde o período neolítico até nossos dias. Apresenta técnicas e comportamentos humanos através de pinturas e pictogramas.

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1º Devem oferecer o testemunho de uma época da vida do planeta Terra.

2º Constituir exemplos representativos da evolução e desenvolvimento dos ecossistemas.

Ex: Geleiras (Glaciares) na Argentina

3º Representar locais de uma beleza natural excepcional.

4º Possuir um habitat natural representativo e importante para a conservação local da diversidade biológica.

Sítio de Fósseis de Burgess Shale (Parque das Montanhas Rochosas Canadenses)

Nesse local encontramos fósseis marinhos excepcionalmente importantes para compreender a evolução na Terra.

Parque Nacional de Iguaçu – Cataratas

Ilhas Subantárticas da Nova Zelândia Tem uma riqueza biológica extraordinária, plânctons, aves marinhas e pinguins se concentram lá em colônias bastante numerosas.

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Alguns locais (91) são além de Patrimônio Mundial, reservas de biosfera. O MAB (Man and the Biosphere) é um bem sucedido programa de manejo do patrimônio natural, voltado para a conservação da biodiversidade, a promoção do desenvolvimento sustentável e a manutenção dos valores culturais associados aos recursos naturais.

Para Saber Mais Reservas de Biosfera Devido ao rápido desaparecimento da biodiversidade, governos, cientistas e outras entidades decidiram criar uma rede de áreas protegidas chamadas reservas de biosfera. O programa MAB (Man and the Biosphere) foi lançado pela UNESCO que escolheu as reservas com base em parâmetros científicos que vão além do objetivo de proteção, pois se propõem a desenvolver um modelo de gestão. Cada uma delas deve cumprir 3 funções complementares: conservar recursos genéticos, espécies, ecossistemas e paisagens; estimular o desenvolvimento sustentável, social e econômico e apoiar projetos de pesquisa e educação na área de meio ambiente. Vários dos Patrimônios Mundiais Naturais são reservas de Biosfera. São gerenciadas pelas legislações nacionais dos países junto às comunidades locais, ONGs e peritos em questões ambientais. Incluem 3 esferas de zoneamento: Zona Núcleo: normalmente compreende setores dos ecossistemas em seu estado natural, que não sofreram grandes alterações. São habitat de diversas espécies vegetais e animais e normalmente são áreas protegidas (parque nacional, reserva florestal, etc.) Zona intermediária: são áreas que devem coexistir com a zona núcleo em harmonia, ou seja, as atividades econômicas e a população devem garantir a sobrevivência e o equilíbrio das áreas preservadas. Pode ter áreas de lazer, estudo, turismo entre outras atividades. Zona de transição: são as áreas mais externas da reserva e são também chamadas de zonas de cooperação. Nela encontramos as cidades, fazendas, áreas de pesca, etc. e onde a população local, órgãos de preservação, governos e outros grupos, inclusive empresas privadas, trabalham em conjunto para uma coexistência responsável junto à área preservada.

Zona Núcleo

Zona Intermediária

Zona de Transição

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Os bens mistos

Nem sempre é fácil diferenciar um bem cultural de um natural. Alguns locais atendem ambos os critérios e pelo menos 27 deles são considerados bens mistos.

Exemplo:

O Patrimônio Mundial Imaterial Para a maior parte dos grupos humanos, a fonte de identidade não está nas cidades ou nos palácios e sim, nas manifestações culturais, tradicionais e populares que refletem uma comunidade. A transmissão é feita de geração em geração muitas vezes oralmente ou através de rituais. Formam parte do Patrimônio Imaterial as línguas, os contos, a música, a dança, as artes marciais, os festejos, a medicina e farmacopeia tradicional, as artes culinárias e os conhecimentos técnicos em todos os aspectos da vida de um povo como ferramentas, utensílios e moradias.

O logo do MAB é composto pelo sinal “ankh” que no Egito antigo tinha o significado de vida e pelas cores: Azul – ecossistemas aquáticos Verde – florestas e campos Branco – neves das montanhas e geleiras Vermelho – desertos e terras áridas Das 564 reservas de biosfera existentes no mundo, o Brasil possui apenas seis, uma em cada um dos grandes biomas brasileiros: Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal, Caatinga, Amazônia Central e o Cinturão Verde da Cidade de São Paulo (parte integrante da RB da Mata Atlântica) As nossas reservas equivalem a quase metade da soma das áreas das demais Reservas de Biosfera da rede Mundial!

Santuário de Machu Picchu – Peru A 2.430 m de altura é um local de extraordinária beleza. Machu Picchu foi a criação humana mais espetacular do Império Inca, com muralhas, terraços e rampas gigantescas esculpidas na rocha.

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Esse na realidade, é o patrimônio que corre mais perigo. Os povos nativos que os possuem são em sua maioria, minorias ameaçadas pela modernidade. O que vai acontecer, por exemplo, com o extraordinário conhecimento dos Índios Ianomamis sobre plantas medicinais quando suas terras forem ocupadas pela agricultura ou pecuária, ou suas árvores tiverem sido cortadas e suas tribos forem assentadas ao lado de missões religiosas ou cidades? É preciso então, reagir a fim de salvar a humanidade de uma ameaça grave: a uniformização imposta por uma cultura internacional padronizada.

Quando na África um Ancião morre, é como se tivéssemos perdido uma biblioteca!

(Amadou Hampaté Bâ)

Você Sabia? A metalúrgia, produção do ferro que trouxe tantas inovações técnicas importantes foi trabalhada há aproximadamente 3.000 anos na Nigéria e há 5.000 anos em Níger.

República Popular de Laos. Procissão de Monges Budistas

Guiné. Festa onde se recitam poemas épicos medievais acompanhados de música.

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Como salvar o Patrimônio Imaterial? Na prática, se trata de identificar este patrimônio, perpetuá-lo através de suportes físicos (gravações em CD, DVD), auxiliar a sua transmissão às novas gerações (mediante uma escola, por exemplo). Devemos também lutar contra a desvalorização que sofrem as culturas tradicionais, principalmente pelos jovens. Com esse fim, a UNESCO lançou um programa de valorização chamado: “Tesouros Humanos Viventes”. Esses “tesouros” são pessoas que têm um grau bastante elevado de competência e domínio de certas técnicas e práticas culturais. Cada país encontra sua forma de auxiliar essas pessoas notáveis. Na França, por exemplo, o Ministério da Cultura elegeu cinquenta pessoas como “mestres da arte”.

As tradições orais constituem vias de comunicação de grande importância. Uma falha na transmissão pode fazer desaparecer para sempre uma tradição de vários séculos. A transmissão de geração em geração de rituais, contos, costumes, jogos, brincadeiras, depende muitas vezes, apenas da palavra. Daí sua importância e fragilidade. O mesmo acontece com cerimônias e crenças, receitas culinárias, compostos de ervas medicinais usadas por curandeiros, etc.

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É uma distinção importante reservada a artesãos reconhecidos por sua maestria excepcional. Essa distinção os honra mas implica na responsabilidade de transmitir seus conhecimentos para as futuras gerações. Como exemplo dessas especialidades temos um artesão que trabalha com cerâmica, tapeçaria, filigranas, máscaras, palha, entre outros. O Patrimônio Mundial em Perigo Se a situação é muito grave, o Comitê pode incluir o bem ameaçado na lista do Patrimônio Mundial em perigo. Atualmente temos 34 na lista. Entre eles cabe mencionar a cidade velha de Jerusalém que não dispõe de nenhum acordo político que defina seu estatuto. Muitos desses patrimônios estão ameaçados pelo desenvolvimento urbano e falta de manutenção. Tumbuctú em Mali está ameaçado pelo avanço do deserto. Outro exemplo é a cidade Cristã de ABU MENA, no Egito, classificada como patrimônio em perigo desde 2001. Ela se encontra literalmente corroída pela água e sal. Um programa de desenvolvimento agrícola provocou a elevação dos lençóis freáticos levando à deterioração das construções que correm o risco de desmoronamento. Abu Mena

Atualidade Na 34ª sessão do Patrimônio Mundial em Brasília (2010) houve um avanço para a conservação de Jerusalém: a elaboração de um plano de ação conjunta para a preservação da parte antiga da cidade de Jerusalém. Pela primeira vez, Israel, Jordânia e Palestina se uniram para elaborar um projeto.

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No entanto, os perigos que ameaçam um bem podem ter várias causas: falta de proteção (segurança), fragilidade dos materiais, guerras, construções de represas, desertificação, desenvolvimento urbano, etc. As intervenções do Comitê do Patrimônio Mundial podem ser feitas de várias formas. Por exemplo, uma vez o governo do Nepal elaborou um projeto de desvio do curso do rio Rapti. No Parque Real Chitwan, viviam 400 rinocerontes de um só chifre. A diminuição dos níveis das águas, ocasionada pelo desvio do rio, colocou em perigo estes animais, que são a espécie mais célebre da fauna local. Fazendo uso da autoridade que lhe confere legitimidade internacional o Centro do Patrimônio Mundial expôs suas razões ao governo e o projeto foi cancelado, garantindo assim a sobrevivência desses animais. Finalmente, se o perigo ameaça um bem cultural ou natural, o Centro do Patrimônio Mundial pode mobilizar a opinião pública mediante uma campanha de salvamento internacional. Nesses casos, a proporção do problema muda radicalmente necessitando de soluções colossais. Nos anos 60, oitenta milhões de dólares provenientes de todos os países do mundo permitiram desmontar e transferir os templos de Abu Simbel, no Egito ameaçados pela construção da represa de Asuan. O êxito desta campanha de salvamento internacional abriria espaço para muitas outras que vêm ocorrendo no decorrer dos anos. Convenções especiais de proteção A UNESCO prepara convenções especiais de proteção como, por exemplo, a Convenção sobre a Proteção do Patrimônio Cultural Subaquático que determina que a pilhagem de naufrágios é ilegal, pois são registros históricos e bens da humanidade. A convenção determina também que os sítios arqueológicos submarinos também devem permanecer intactos já que as novas tecnologias (câmeras, robôs, etc) permitem que sejam estudados in loco.

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Porém, o saque do patrimônio artístico e arqueológico dos povos é um grave problema. Cada ano desaparecem milhões de objetos dos museus, lugares de culto, escavações, etc. A UNESCO organiza a luta contra os roubos em grande escala com a ajuda da Interpol, atacando sobretudo a exportação, importação e venda ilícita dos objetos de arte. Patrimônio Mundial, Paz e Desenvolvimento

Esopo afirmava que a língua é por sua vez um tesouro e uma barreira, pois ao mesmo tempo que aproxima os homens, também os distancia. Pode se dizer o mesmo do turismo. Ele se converteu numa gigantesca atividade em escala mundial, um fenômeno de massas. No ano de 2009, segundo a Organização Mundial do Turismo (WTO) 880 milhões de pessoas viajaram pelo mundo. Pelos cálculos da WTO, teremos até 2020 1 bilhão e 600 milhões de turistas internacionais! Boa parte destes turistas se dirigem a locais considerados Patrimônio Mundial. Isso gera um círculo vicioso, pois sem cultura e sem paisagens naturais não há turismo, mas para que se mantenham essas paisagens e essa cultura é necessário conservar o patrimônio da humanidade. Cabe acrescentar que o turismo auxilia o entendimento entre os povos. Sabemos que o ódio e a guerra se alimentam da ignorância e do desconhecimento em relação ao outro. O espírito de paz, por sua vez, tem raízes no conhecimento, intercâmbio e na admiração que despertam as obras primas de outras culturas. Assim é o lema do Dia Mundial do Turismo (27 de setembro) – “O trânsito livre de turistas permite um mundo unido”. Em 2010 o lema é Turismo e Biodiversidade, e a celebração oficial é na China, com vários eventos para conscientizar as pessoas da importância da preservação da biodiversidade e do turismo responsável.

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Para um país, o turismo representa uma vantagem evidente. Cria empregos, traz divisas, impulsiona a construção de infraestrutura (estradas, etc). Alguns países pequenos vivem à custa do turismo. Porém, o turismo de massas como escreveu R. Fox, é também como o fogo, tanto pode cozinhar o seu prato como queimar a sua casa! Em resumo, o turismo também tem efeitos negativos. Por isso, as ações dos turistas são importantes. Jogar lixo, não acatar as regras de conservação, desrespeitar a população local, entre outros comportamentos inadequados comprometem o bem e deterioram as relações com as populações locais. É necessário conciliar o turismo com a proteção do Patrimônio Mundial e com o desenvolvimento sustentável. Estes locais podem, bem administrados, servir de modelos de gestão e desenvolvimento, sobretudo porque geram empregos e levam ao crescimento econômico. É fundamental preparar as novas gerações para serem turistas responsáveis!

O Que é Desenvolvimento Sustentável? Nosso planeta não possui um manancial inesgotável de recursos naturais. Há mais ou menos 200 anos as populações não excediam a capacidade que o planeta tem de se renovar. Hoje, a população mundial gira em torno de 6 bilhões de pessoas e continua a crescer rapidamente. Existe um risco real de que os recursos naturais não serão suficientes para todos num futuro próximo. O impacto da exploração excessiva e do despejo do lixo e dejetos estão sendo sentidos pelo mundo na forma de catastróficas mudanças no clima, poluição do ar, rios e oceanos e perdas dramáticas da biodiversidade. Pessoas pobres em países pobres são as que sofrem mais intensamente. Desenvolvimento Sustentável se trata de mudar a forma de utilização dos recursos naturais, tão explorados em nome da modernização. Um equilíbrio tem que ser encontrado entre as necessidades sociais, materiais e ambientais de forma a produzir uma melhor qualidade de vida para todos. Desenvolvimento Sustentável se trata de reciclagem, redução de resíduos, uso de fontes de energia renováveis e diminuição da poluição. É pensar no bem comum, não apenas no pessoal, é pensar nas consequências de nossas ações a longo prazo e o impacto disto nas gerações futuras. Fazer estas e outras mudanças não é nada fácil, requer conscientização e boa vontade de cada um de nós. O desenvolvimento sustentável é definido como: “O desenvolvimento que atende as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atenderem as suas próprias necessidades”.

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Educação para o desenvolvimento sustentável Está no centro da busca para solucionar os problemas que ameaçam o futuro coletivo: pobreza, desnutrição, desperdício, degradação do meio ambiente, aquecimento global, decadência urbana, crescimento desordenado da população, desigualdade de gêneros, questões relacionadas à violação dos direitos humanos, É uma visão que procura equilibrar o bem-estar econômico e humano com as tradições culturais e o respeito pelas reservas naturais da Terra. É um processo para se aprender a tomar decisões que considerem o futuro da economia a longo prazo, a ecologia e a igualdade de todas a comunidades. Patrimonito Sabemos que as grandes decisões sobre o Patrimônio Mundial são tomadas entre os governos e a UNESCO. Devemos no entanto, considerar que são normalmente, as pessoas comuns que frequentam esses lugares considerados Patrimônio Mundial da Humanidade. Em sua grande maioria são lugares turísticos muito concorridos. Nada melhor então, do que educar crianças e jovens para conhecer, respeitar e participar da conservação desses patrimônios. Quando falamos de um local Patrimônio Mundial, conheceremos sua cultura local, história, sociedade, enfim, é uma grande descoberta. Para auxiliar a nova geração a aproveitar ao máximo este vasto manancial de conhecimento a UNESCO criou o personagem PATRIMONITO, que personifica e dá vida ao estudo e conservação desses locais, formando uma grande corrente de compreensão internacional, solidariedade e responsabilidade social. São feitos concursos anuais com ilustrações de alunos de todas as partes do mundo. Essas ilustrações representam uma pequena história que mostra algum sítio do Patrimônio Mundial e soluções para sua conservação. Esse concurso tem como objetivo ampliar a consciência e o conhecimento sobre os Patrimônios Mundiais e suas questões de conservação. Adaptação dos Livros: Háblame del Patrimonio Mundial Háblame de la Unesco Explaining Biosphere Reserves Unesco Publishing