fagote e os sons contemporâneos

Upload: lamartine-tavares

Post on 10-Jan-2016

18 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Estudo dos sons multifônicos presentes na obra Cantares para Airton Barbosa de Aylton Escobar.

TRANSCRIPT

  • Nome: Lamartine Silva Tavares E-mail: [email protected] Telefone: (62) 8183-2936 / 3661-2936 Instituio de origem: IFG Atuao profissional: Professor do Ensino Bsico, Tcnico e Tecnolgico.

    Nome: Johnson Machado E-mail: [email protected] Instituio de origem: UFG

    Temtica escolhida: Musicologia e criao musical

    Fagote e os sons contemporneos: estudo dos sons multifnicos presentes na obra Cantares para Airton Barbosa de Aylton Escobar.

    Resumo: Neste estudo abordamos o emprego dos sons multifnicos na pea Cantares para Airton Barbosa para fagote solo, escrita em 1983 pelo compositor paulista Aylton Escobar. Apresentamos uma contextualizao baseada nas pesquisas de Henrique Padovani e Silvio Ferraz sobre a explorao de novas tcnicas de emisso sonora em instrumentos musicais tradicionais. Trazemos tambm, com o objetivo de oferecer subsdios tcnicos para o estudo dos sons multifnicos presentes em Cantares, um estudo tcnico desses sons, orientado pelos trabalhos sobre tcnicas estendidas, desenvolvidos por Bruno Bartolozzi e Sergio Penazzi.

    Palavras-chave: Fagote, Msica Contempornea, Tcnica Estendida, Escobar.

    Bassoon and contemporary sounds : study of multiphonics present in the work Cantares para Airton Barbosa by Aylton Escobar .

    Abstract: In this study we discuss the use of multiphonics in the piece Cantares para Airton Barbosa for solo bassoon, written in 1983 by the composer Aylton Escobar . We present a context based on the research of Henry Padovani and Silvio Ferraz about exploring new sound emission techniques in traditional musical instruments. We also bring in order to provide technical support for the study of multiphonics sounds present in Cantares, a technical study of these sounds guided by the work on extended techniques developed by both Bruno Bartolozzi and Sergio Penazzi.

    Keywords: Bassoon, Contemporary Music, Extended Technique, Escobar.

    INTRODUO: A pea Cantares para Airton Barbosa para fagote solo foi composta em 1983

    pelo paulista Aylton Escobar, comissionada pelo Pro-Memus (INM/MEC FUNARTE) como pea de confronto para fagotistas no II Concurso Nacional Jovens Intrpretes da Msica Brasileira em 1984. Escobar, alm de dedicar a pea ao amigo fagotista Airton

  • Barbosa, falecido em 1980, escreveu no subttulo: para Valdinha, companheira; para Nol Devos, mestre-amigo; para os herdeiros desta f. A partitura da msica foi tambm editada pela FUNARTE, e gravada pelo fagotista Aloysio Fagerlande. Juntamente com a partitura o compositor elaborou uma espcie de bula, para explicar aos instrumentistas os sinais grficos usados para representar os efeitos especiais contidos na msica como os sons multifnicos. Tais efeitos foram selecionados por Escobar baseados no trabalho dos italianos Bruno Bartolozzi e Sergio Penazzi, que em meados do sculo XX se dedicaram s pesquisas no sentido de expandir as possibilidades sonoras dos instrumentos tradicionais, a exemplo do fagote, criando, assim, tcnicas estendidas para a performance desses instrumentos (PETRI, 1999).

    Tcnica estendida

    Em vrios momentos da histria da msica ocidental - desde o Renascimento, quando, por exemplo, os efeitos escritos por Monteverdi (1567-1643) em Il Combattimento di Tancredi e Clorinda de 1624, exigiram que os violinos buscassem uma sonoridade que reforasse o drama da cena por meio de ataques de arco repetidos rapidamente, dando origem ao tremolo. Tambm no sculo XX, quando o compositor Russo Igor Stravinsky (1882-1971) escreveu na introduo da Sagrao da Primavera (1913) um solo para fagote, explorando o registro superagudo do instrumento e exigindo do instrumentista uma habilidade inusitada - observamos o surgimento de novas tcnicas de produo sonora por meio de instrumentos tradicionais. Na medida em que estes instrumentos foram sendo desenvolvidos, as tcnicas utilizadas pelos instrumentistas foram sendo expandidas, abrindo para os compositores novas possibilidades de explorao sonora (PADOVANI e FERRAZ, 2009).

    Neste contexto, o sculo XX surge como o sculo das experincias no mbito da composio e performance musicais. A busca por diferentes recursos de produo sonora uniu compositores e intrpretes em pesquisas relacionadas a novas possibilidades tcnicas dos instrumentos convencionais, dentre eles o fagote. Com isso a expanso da tcnica desses instrumentos comeou a ser investigada. As pesquisas se intensificaram na segunda metade do sculo, fruto das transformaes relacionadas a fatores sociais, culturais e tecnolgicos (SOUZA, CURY e RAMOS, 2013, p. 138).

    No caso dos instrumentos de madeira como flauta, obo, clarinete e fagote, o compositor e pesquisador italiano Bruno Bartolozzi (1911-1980) foi um dos primeiros a trabalhar no desenvolvimento da tcnica estendida (PADOVANI e FERRAZ, 2009, p. 20). Juntamente com instrumentistas da poca, como o fagotista Sergio Penazzi, Bartolozzi realizou pesquisas sobre essa nova tcnica e comps peas como Concertazione, para fagote, cordas e percusso (1963), utilizando-se das tcnicas pesquisadas. Os resultados das pesquisas deram origem ao livro New Sounds for Woodwind (1967) e abordaram os sons monofnicos, multifnicos, microtonalidade e diversos outros efeitos sonoros, revelando a capacidade desses instrumentos de produzirem mltiplos sons. As pesquisas serviram tambm para a elaborao do Metodo per Fagotto (1971), no qual Bartolozzi e Penazzi descrevem os elementos tcnicos necessrios para a emisso desses sons no convencionais (SOUZA, CURY e RAMOS, 2013, p. 138).

    A partir dessas pesquisas muitos compositores passaram a incluir em suas obras uma grande diversidade dos novos sons. Um desses compositores foi o paulista Aylton Escobar (*1943) que em sua obra Cantares para Airton Barbosa (1983) para fagote solo, utiliza efeitos especiais como multifnicos, oscilao de certos sons em quartos-

  • de-tom e posies alternativas para uma mesma nota, que provocam mudana de timbre (PETRI, 1999).

    Os sons multifnicos

    Para definir o que so sons multifnicos, o fagotista e pesquisador pernambucano Valdir Caires de Souza (2013, p. 2) cita Campbeel em, The New Grove dictionary of music and musicians, quando afirma que os multifnicos so sons gerados por um instrumento monofnico, nos quais duas ou mais alturas podem ser ouvidas simultaneamente. Para Souza, a emisso desses sons no fagote depende de um conjunto de fatores externos e diversas variveis, como tipos de bocais, palhetas e at o tipo e modelo do instrumento. Algumas combinaes destes materiais podem proporcionar resultados bem mais satisfatrios do que outros. Por isso, para a boa execuo dos multifnicos, se faz necessria uma pesquisa prtica envolvendo diversos tipos de materiais com diferentes caractersticas como, bocais de diferentes marcas e modelos, palhetas de diferentes dimenses e tipos de raspagem e instrumentos feitos por diferentes fabricantes e de modelos distintos.

    Ainda de acordo com Souza, a tcnica para a emisso de sons multifnicos no fagote empregada de formas diferentes. Em uma, o instrumentista faz alteraes na embocadura, movendo-a para frente ou para trs. Faz tambm alteraes na coluna de ar, aumentando ou diminuindo a presso do ar que aplicado na palheta. Outra forma de se produzir os multifnicos utilizando dedilhados especficos. Souza ainda salienta que para a execuo de alguns multifnicos preciso empregar as diferentes formas simultaneamente (SOUZA, 2013, p. 3).

    Estudo tcnico dos multifnicos presentes na pea Cantares para Airton Barbosa de Aylton Escobar

    A performance de Cantares requer do instrumentista habilidades tcnicas estendidas, ou seja, recursos tcnicos que vo alm dos tradicionalmente trabalhados nos principais mtodos da literatura do instrumento (PETRI, 1999). O desconhecimento sobre esses novos recursos, seus mtodos de estudo e aplicao, pode se tornar um obstculo entre os instrumentistas e a obra, pois ainda existem poucos estudos sistematizados no sentido de explorar e difundir essa tcnica, especialmente no Brasil. Com o objetivo de oferecer subsdios tcnicos para o estudo dos multifnicos identificados na pea de Escobar, faremos aqui um estudo tcnico desses efeitos, por meio de pesquisas bibliogrficas e das experimentaes prticas no instrumento, fundamentados principalmente nos trabalhos de Bartolozzi e Penazzi.

    No ano de 2013, Cantares foi executada pelo autor dessa pesquisa no 47 Festival Msica Nova, realizado pela Universidade de So Paulo. Nessa oportunidade observou-se a carncia de fontes acessveis de suporte para a realizao das tcnicas estendidas requeridas. Sendo assim, essa experincia foi o que motivou a pesquisa ora em curso.

    Os materiais utilizados foram selecionados por meio de testes anteriores, realizados pelo performer, que elegeu a seguinte combinao de materiais para a execuo da pea: Fagote modelo alemo, da marca Moosmann (modelo 150); bocal da

  • marca Hekel, modelo CC 2; e palhetas fabricadas pelo prprio instrumentista, utilizando canas da marca Danzi.

    Multifnicos:

    Os sons multifnicos presentes em Cantares para Airton Barbosa foram selecionados por Escobar baseados no Metodo per Fagotto de Bruno Bartolozzi e Sergio Penazzi. Segundo entrevista concedida a Ariane Petri, o fagotista Noel Devos relata que durante o processo de composio dessa obra emprestou a Escobar o referido mtodo para que pudesse extrair dele o modo de grafar os efeitos especiais, como os multifnicos (PETRI, 1999). Por isso, para o estudo tcnico desses sons, tambm recorreremos a este mtodo.

    Observando a classificao dos multifnicos feita por Bartolozzi e Penazzi, identificamos em Cantares quatro tipos desses efeitos. So eles: multifnico formado por notas de diferentes timbres, composto por duas notas bem prximas e os harmnicos relativos a elas (Fig.1); trinado entre multifnicos (Fig.2); e ligaduras entre notas simples e sons multifnicos (Fig.3 e 4) (BARTOLOZZI e PENAZZI, 1971, p. 11-12). Para cada um desses tipos de efeitos, os autores apresentam consideraes, tabela de dedilhados e algumas orientaes de como devem ser estudados.

    Todos os multifnicos a seguir esto escritos na clave de D na quarta linha.

    Fig.1 Fig.2 (multifnico formado por notas de diferentes timbres) (trinado entre multifnicos)

    Fig.3 Fig.4 (ligaduras entre notas simples e sons multifnicos) (ligaduras entre notas simples e sons multifnicos)

    (BARTOLOZZI e PENAZZI, 1971)

  • O primeiro multifnico (Fig.1) aparece no desenvolvimento, incio da 3 subseo e ao final da 2 pauta (PETRI, 1999). classificado como multifnico formado por notas de diferentes timbres (BARTOLOZZI e PENAZZI, 1971, p. 11). So sete as notas que compem este multifnico: d2 (aumentado trs quartos-de-tom); mi2; fa2; mi3; si3; mi4; sol#4. A digitao anotada pelo compositor exatamente a mesma contida na pgina 66 do Metodo per Fagotto dos autores citados e traz alm da indicao de dedilhado, um smbolo, indicando que o instrumentista deve ligeiramente aumentar a presso dos lbios sobre e sob a palheta. Ainda sobre as orientaes para a boa emisso desse tipo de multifnico, os autores do mtodo ressaltam a importncia de se concentrar na afinao do que eles chamam the broke sound representado por uma nota em forma de quadrado, no presente caso, a nota mi2 e tambm na afinao da nota que estiver mais prxima desse mi2, aqui o sol2. Isso porque os harmnicos que devem soar neste multifnico dependem da afinao dessas notas.

    No trecho mencionado acima, o multifnico escrito em pianssimo crescendo, precedido de dois ataques graves acentuados em carter enrgico. O que primeira vista parece ser um problema devido grande alterao na dinmica, foi na verdade uma condio essencial para a boa emisso deste efeito. Observamos que se mantivermos a mesma intensidade e carter da nota que antecede este multifnico, comprometemos a emisso deste, que neste caso, em nosso experimento, soou apenas a nota mi2, com afinao consideravelmente baixa em relao ao l 442 Hz. Isto tambm ocorreu quando no seguimos a orientao de pressionar ligeiramente a embocadura, reafirmando a necessidade do smbolo grafado. Aps o ataque em pianssimo, o crescendo se torna possvel e sem grandes dificuldades, podendo acontecer durante o efeito um relaxamento da embocadura, auxiliando assim a realizao da dinmica escrita.

    O prximo multifnico (Fig.2) aparece imediatamente aps o primeiro e caracteriza um trinado entre multifnicos (BARTOLOZZI e PENAZZI, 1971, p. 12). Ou seja, utilizamos aqui dois multifnicos. O primeiro formado pelas notas: fa#2; r3; si3; e sol4. O segundo meio tom abaixo do primeiro: fa2 (natural); r3 (bemol); si3 (bemol); e sol4 (bemol). Aqui a digitao grafada tambm segue fielmente a apresentada na pgina 75 do Metodo per Fagotto, contendo apenas o dedilhado, sem informaes sobre alteraes na embocadura ou na coluna de ar. A pequena variao do dedilhado entre os dois multifnicos facilita a execuo do trinado, pois preciso movimentar apenas um dedo para realiz-lo. O fato de este efeito ser precedido de um multifnico em crescendo para forte facilita sua emisso, pois ao contrrio do primeiro, este pode ser iniciado com bastante volume e com a embocadura mais relaxada.

    O terceiro e o quarto multifnicos (Fig.3 e 4) acontecem ao final do desenvolvimento e da 4 pauta, finalizando uma subseo caracterizada por alteraes de timbre e variaes em quarto-de-tom a partir de notas longas (PETRI, 1999). Depois de escrever duas notas longas com tais variaes, o compositor ento transforma as duas prximas notas longas em multifnicos. Naturalmente estes so classificados como ligadura entre sons simples e sons multifnicos (BARTOLOZZI e PENAZZI, 1971, p.

  • 11). Na grafia, tambm extrada na ntegra da pgina 72 do mtodo estudado, alm das indicaes da digitao, h indicaes de variaes na embocadura. Para realizar esta passagem no ser necessrio o movimento dos dedos, pois esta ser feita apenas por meio de alteraes na embocadura e na presso do ar. Penazzi estabelece trs posies principais de contato da embocadura com a palheta: A posio normal, no centro da palheta; a posio superior, localizada na ponta e a inferior, na base da palheta. Para fazer as variaes o instrumentista deve mover a boca para frente ou para trs em relao palheta de acordo com a posio desejada (BARTOLOZZI e PENAZZI, 1971, p. 11-72).

    Assim, temos um fa#2 (nota simples) que se transforma em multifnico constitudo pelas notas sol1 (aumentado em um quarto-de-tom); fa#2 (aumentado em trs quartos-de-tom); fa#3; d4 (aumentado em trs quartos-de-tom). Posteriormente, no quarto e ltimo multifnico presente na pea, temos um d#2 (nota simples) que se transforma em um multifnico formado pelas notas: si1 (aumentado em trs quartos-de-tom); d2 (aumentado em um quarto-de-tom); r3; sol#3; do#4. Em ambas as passagens, segundo nossos experimentos, alm do movimento da embocadura, grafados na partitura, preciso fazer alteraes na presso desta sobre e sob a palheta e tambm na presso do ar lanado. Assim, ao iniciar a nota simples da passagem, utilizando a digitao indicada (diferente da tradicional), alm de posicionar a embocadura bem na ponta da palheta, o instrumentista deve tambm relaxar a boca consideravelmente e ento mov-la para frente, aumentando ligeiramente a presso dos lbios e do ar para transform-la em multifnico. A variao de dinmica escrita no apresenta dificuldades, preciso apenas ficar atento ao decrescendo do multifnico, pois se houver grande queda na presso do ar, o som pode ser interrompido antes do tempo desejado.

    CONCLUSO: Ao finalizarmos este estudo, conclumos que os trabalhos de Bartolozzi e Penazzi, juntamente com outras leituras citadas, so essenciais e oferecem grande parte dos subsdios tcnicos necessrios para a performance dos multifnicos presentes em Cantares para Airton Barbosa. Porm, devido s variantes entre diferentes materiais e performers, sugere-se tambm aos instrumentistas que estes realizem as prprias experincias, no intuito de identificar os melhores meios para o bom funcionamento destes multifnicos em suas performances.

    REFERNCIAS: BARTOLOZZI, Bruno; PENAZZI, Sergio. Metodo per Fagotto. Milano: Edizioni Suvini, 1971. 78p. (Coleo Bruno Bartolozzi Nuova tecnica per instrumenti a fiato di legno). ESCOBAR, Aylton. Cantares para Airton Barbosa. Para fagote solo. Partitura. Rio de Janeiro: Funarte, 1983.

  • PADOVANI, Jos Henrique; FERRAZ, Silvio. Proto-histria, evoluo e situao atual das tcnicas estendidas na criao musical e na performance. Musica Hodie, UFG, v.11, n. 2, p. 11-35, 2011. MONTEVERDI, Claudio. Madrigali Guerrieri ed Amorosi, 8 livro. Veneza, 1636. Disponvel em:. 12/04/2015. PETRI, Ariane. Obras de compositores brasileiros para fagote solo Vol. 1: Texto. Vol. 2: Partituras, 1999, Universidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Ariane Petri, 1999. 134p.Disponvel em: http://www.haryschweizer.com.br/Textos/tese_ariane_escobar.htm . 12/04/2015. SOUZA, Valdir Caires de; CURY, Fabio; RAMOS, Marco Antonio da Silva. Uma abordagem sobre as tcnicas estendidas utilizadas no fagote e a importncia da cooperao do compositor e do intrprete para o aperfeioamento do repertrio. Opus, Porto Alegre, v. 19, n. 2, p. 135- 146, 2013. SOUZA, Valdir Caires de. Possibilidades do Fagote na Msica Contempornea: Um Estudo Tcnico-Interpretativo dos Multifnicos na Fantasia, para Fagote e Piano de Ricardo Brafman. In: JORNADA ACADMICA DISCENTE - PPGM ECA/USP, II, 2013, So Paulo. Anais... So Paulo: USP, 2013. p. 1-8. STRAVINSK, Igor. A Sagrao da Primavera. Bal. Partitura. Paris, 1913. Disponvel em:. 13/04/2015.