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Instituto Brasiliense de Direito Pblico - IDP
JAIR ARAJO FACUNDES
Pluralismo, Direito e Ayahuasca:
Autodeterminao e legitimao do poder no mundo desencantado
Braslia 2013
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JAIR ARAJO FACUNDES
Pluralismo, Direito e Ayahuasca:
Autodeterminao e legitimao do poder no mundo desencantado
Dissertao apresentada ao Curso de Ps-Graduao em
Direito do Instituto Brasiliense de Direito Pblico IDP
como requisito parcial para a obteno do ttulo de
Mestre em Direito.
Orientador: Professor Doutor lvaro Ciarlini
B r a s l i a
2013
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JAIR ARAJO FACUNDES
Pluralismo, Direito e Ayahuasca:
Autodeterminao e legitimao do poder no mundo desencantado
Dissertao aprovada como requisito parcial para a obteno do grau de Mestre em Direito
junto ao Curso de Ps-Graduao em Direito do Instituto Brasiliense de Direito Pblico IDP
pela Banca Examinadora composta pelos seguintes professores:
______________________________________
Professor Doutor lvaro Ciarlini - Orientador
______________________________________
Professor Doutor Gilmar Mendes - IDP
______________________________________
Professor Doutor Delamar Jos Volpato Dutra - UFSC
______________________________________
Coordenador do Curso de Ps-Graduao em Direito
Braslia, 29 de maio de 2013
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Dedico este trabalho a
Joo Rodrigues e Alcia Arajo, meus pais, porque me
ensinaram, com suas vidas, que a existncia tem sentido, para
alm de suas lutas e dificuldades, e porque me presentearam
com o amor divino.
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AGRADECIMENTOS
Foram tantos. Temo esquecer alguns. Faamos assim. Se o Mestrado fosse um
lugar muito distante ao qual eu desejasse intensamente conhecer, e onde s me fosse
possvel chegar pelo mar, um lugar em que a aplicao do Direito se d com inteligncia e
com ateno mais excepcional qualidade do ser humano, justamente aquela que nos torna
iguais: a diversidade. Ento eu agradeo:
A Joo Rodrigues e Alcia Arajo, meus pais, pelo dom da vida e pelo exemplo de
determinao, decncia e coragem que me serviu e serve de guia no navegar da vida;
A Val, no s pelo apoio incondicional, necessrio para superar as tempestades
do caminho, mas por tornar a viagem, do mestrado e da vida, singularmente agradvel;
Jair Jnior e Lucas, filhos amados, luzes de alegria e inteligncia que me
impulsionam a tentar sempre ser um homem melhor e digno do amor deles, e que me
fizeram sonhar a possibilidade de uma sociedade de que possamos todos nos orgulhar;
A David Wilson, mestre e doutor em Direito, juiz federal, professor e dileto
amigo, navegante ousado, que fez a viagem e me deu a notcia de que no alm-mar do
positivismo dogmtico, h vida inteligente no Direito, tirando-me, com certa dificuldade, do
comodismo intelectual;
Ao Tribunal Regional Federal da 1 Regio, por seu Presidente, Desembargador
Federal Olindo Medeiros, e Corregedor, Desembargador Cndido Medeiros, cujo apoio no
programa de aperfeioamento de magistrados permitiu-me os vveres indispensveis;
Ao professor e Orientador lvaro Ciarlini, magistrado, mestre e doutor em
Direito, feliz referncia que me deu o norte e no me permitiu sair de rota, de quem sou
devedor e a quem aprendi a respeitar pelo conhecimento, inteligncia e integridade de
carter;
Aos colegas de viagem, com quem compartilhei bons e maus ventos, pelo prazer
da convivncia e dos debates: Cosmo, Rogrio, Flvio, Igncio, Fernanda, Fernando, Beatriz e
Luiz;
A Raimundo Irineu Serra, pelo barco.
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There are many of us, and we disagree about justice.
Jeremy Waldron
A parte mais decisiva de um argumento jurdico seu elemento moral.
Dworkin (2010b, p. 252).
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A aprovao da presente dissertao no implica o endosso do Professor
Orientador, da Banca Examinadora e do Instituto Brasiliense de Direito Pblico - IDP s ideias
e opinies que a fundamentam ou que nela so expostas.
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RESUMO
Os indivduos e grupos utilizam a expresso direitos fundamentais ou
equivalente em suas reivindicaes polticas e jurdicas, mesmo quando tais direitos no so
reconhecidos pela ordem jurdica contra a qual s vezes se insurgem para o fim de pleite-
los e garanti-los. Ainda quando reconhecidos em constituies e tratados internacionais,
intrpretes qualificados divergem quanto ao seu significado, extenso ou sentido, ao
fundamento de que conceitos como democracia, liberdade, igualdade, dignidade so termos
vagos e necessariamente ensejam ampla discricionariedade do intrprete na sua aplicao.
A pesquisa recusa essa viso e oferece uma alternativa terica que d conta desses diversos
aspectos relacionados aos direitos fundamentais, e o faz a partir do estudo de uma
reivindicao concreta do direito liberdade consubstanciada no caso Ayahuasca: o
controvertido uso ritual de uma bebida psicoativa que contm uma substncia (o alcaloide
dimetiltriptamina DMT) proibida em tratado internacional e na legislao de vrios pases.
Examina decises proferidas no mbito administrativo e judicial e em dois sistemas judiciais
diferentes: common law e civil law. Defende que os conceitos como liberdade e democracia
no so vagos nem indeterminados e so melhor compreendidos como interpretativos.
Sustenta que a leitura moral de tais direitos e liberdades oferece a melhor interpretao do
seu uso nos diversos contextos, capaz de proporcionar uma concepo consistente e
operativa de tais termos numa sociedade desencantada (Weber) caracterizada pelo
pluralismo. Conclui que permitir ou negar o exerccio de uma prtica religiosa somente se
justifica quando amparada por uma teoria poltica mais ampla acerca de como os bens,
espaos e liberdades escassos devem ser ordenados no interior de uma comunidade poltica
que busca se organizar por princpios que garantam a todos a mesma considerao e o
mesmo respeito por parte do governo e da comunidade.
Palavras-chave: Direitos. Conceitos interpretativos. Liberdade religiosa.
Ayahuasca. Pluralismo. Legitimidade do exerccio do poder. Igualdade.
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ABSTRACT
Individuals and groups use the term fundamental rights or its equivalent in
making political and judicial claims, even when such rights are not recognized by the judicial
system against which they sometimes arise for the purpose of seeking them and
guaranteeing them. Even when such rights are recognized in constitutions and international
treaties, qualified interpreters differ as to their significance, reach, and meaning, based on
the fact that such concepts as democracy, liberty, equality, and dignity are vague terms and
necessarily offer the interpreter wide discretion in their application. This work rejects this
vision and offers a theoretical alternative that takes into account these various aspects
related to fundamental rights, and does so based on a study of a concrete demand for the
right to liberty presented in the case of Ayahuasca: the controversial ritual use of a
psychoactive drink that contains a substance (the alkaloid dimethyltryptamine--DMT)
prohibited under international treaty and the laws of various countries. It examines
decisions rendered in administrative and judicial contexts and in two different judicial
systems: common law and civil law. It argues that concepts such as liberty and democracy
are not so vague or indeterminate, and are better understood as interpretative. It suggests
that a moral reading of such rights and liberties offers the best interpretation of their use in
various contexts, capable of providing a consistent and workable conception of such terms in
a disenchanted society (Weber) characterized by pluralism. It concludes that permitting or
denying the exercise of a religious practice is only justified when empowered by a wider
political theory of how scarce goods, spaces, and liberties should be ordered within a
political community that seeks to organize itself by principles that guarantee to all the same
consideration and the same respect on the part of the government and the community.
Keywords: Rights. Interpretative concepts. Religious liberty. Ayahuasca.
Pluralism. Legitimacy of the exercise of power. Equality.
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Sumrio
INTRODUO ............................................