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FACULDADES DOCTUM E CEFATEF - CENTRO DE FORMAÇÃO E ESTUDOS TERAPÊUTICOS DA FAMÍLIA Curso de Pós-graduação em Terapia Sexual na Saúde e Educação USO DOS COSMÉTICOS E PRODUTOS SENSUAIS NA TÉCNICA DE FOCAGEM DAS SENSAÇÕES NA TERAPIA SEXUAL São Paulo 2017

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FACULDADES DOCTUM E

CEFATEF - CENTRO DE FORMAÇÃO E ESTUDOS

TERAPÊUTICOS DA FAMÍLIA

Curso de Pós-graduação em Terapia Sexual na Saúde e Educação

USO DOS COSMÉTICOS E PRODUTOS SENSUAIS NA TÉCNICA DE

FOCAGEM DAS SENSAÇÕES NA TERAPIA SEXUAL

São Paulo

2017

LEILA EMILIA MACHADO CAMPOS

USO DOS COSMÉTICOS E PRODUTOS SENSUAIS NA TÉCNICA DE

FOCAGEM DAS SENSAÇÕES NA TERAPIA SEXUAL

TCC – Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao CEFATEF – Centro de Estudos Terapêuticos da Família e as Faculdades Doctum como exigência parcial para a obtenção do título de Especialista em Terapia Sexual na Saúde e Educação, sob a orientação da Professora Me. Graça Margarete S. Tessarioli e Professor Me. Luis Antônio da Silva.

Aprovado em: __________________________

_____________________________________________

Graça Margarete S. Tessarioli

_____________________________________________

Luis Antônio da Silva

USO DOS COSMÉTICOS E PRODUTOS SENSUAIS NA TÉCNICA DE

FOCAGEM DAS SENSAÇÕES NA TERAPIA SEXUAL1

Leila Emília Machado Campos2

Graça Margarete S. Tessarioli3

Luis Antônio da Silva4

RESUMO

A perturbação do Desejo Sexual Hipoativo por habituação caracteriza-se pela

diminuição ou perda da apetência sexual comum nos relacionamentos principalmente

de longa data, onde o entusiasmo dos primeiros tempos vai sendo substituído por uma

amizade cada vez mais assexuada. Segundo os critérios de diagnóstico do DSM-5,

esta disfunção se caracteriza nas mulheres pela ausência/redução significativa do

interesse/excitação sexual e, nos homens, os pensamentos ou fantasias

sexuais/eróticas e desejo para atividade sexual estejam deficientes/ausentes e exista

evidência de sofrimento. Uma vez diagnosticado, o tratamento é realizado por meio

de terapia sexual e onde o terapeuta se utiliza de um conjunto de técnicas dentre as

quais destaca-se a importância da focagem das sensações. Esta técnica, que é a mais

adequada para o tratamento das disfunções da apetência, explora o desenvolvimento

das percepções sensoriais voltadas para a recuperação dos estímulos sensoriais

obscurecidos ao longo do tempo. O objetivo central deste estudo é demonstrar a

possibilidade de ampliação da eficácia da técnica da focagem das sensações através

da inserção dos cosméticos e produtos sensuais e como eles podem influenciar no

propósito de intensificar o desenvolvimento da experiência sensorial e erótica do casal

de formas a restabelecer a cadeia de sentimentos e emoções para então reconstruir

1 Trabalho de conclusão de curso Pós-graduação em Terapia Sexual na Saúde e Educação, CEFATEF

e DOCTUM, 2015-2 2 Especialista em Terapia Sexual na Saúde e Educação: E-mail: [email protected] 3 Professora (Me.) Coordenadora do curso de Pós-graduação em Terapia Sexual na Saúde e

Educação. 4 Professor (Me.) da disciplina de Metodologia Científica do curso de Pós-graduação em Terapia Sexual

na Saúde e Educação.

os padrões cognitivos de avaliação do ambiente e de si próprio. O método proposto

visa a utilização dos cosméticos e produtos sensuais como importante recurso

terapêutico associado ao foco sensorial, onde o casal realiza uma massagem que

objetiva explorar todas as sensações experimentadas, tanto pelo doador quanto pelo

receptor.

Palavras Chaves: Focagem das Sensações, Cosméticos e produtos sensuais,

Preliminares, Massagem, Sexualidade, Saúde sexual, Disfunção e Inadequação

Sexual.

ABSTRACT

The disturbance of Hypoactive Sexual Desire by habituation is characterized by the

decrease or loss of the common sexual appetite in relationships mainly of long date,

where the enthusiasm of the first times is replaced by an increasingly asexual

friendship. According to the diagnostic criteria of DSM-5, this dysfunction is

characterized in women by the absence / significant reduction of sexual

interest/excitement, and in men, sexual / erotic thoughts or fantasies and desire for

sexual activity are deficient/absent and there is evidence of suffering. Once diagnosed,

the treatment is performed through sexual therapy and where the therapist uses a set

of techniques, among them the importance of focusing the sensations. This technique,

which is most suitable for the treatment of dysfunction of appetite, explores the

development of sensory perceptions aimed at the recovery of sensory stimuli obscured

over time. The central objective of this study is to demonstrate the possibility of

increasing the effectiveness of the technique of focusing the sensations through the

insertion of the cosmetics and products sensual and how they can influence the

purpose of intensifying the development of the couple's sensory and erotic experience

in ways to reestablish the chain of feelings and emotions to then reconstruct the

cognitive patterns of evaluation of the environment and of itself. The proposed method

aims to use cosmetics and products sensual as important therapeutic resource,

associated sensorial focus, where the couple performs a massage that aims to explore

all the sensations experienced both by the donor and the recipient.

Key Words: Sensate Focusing, Cosmetics and Sensual Products, Preliminaries,

Massage, Sexuality, Sexual Health, Sexual Dysfunction and Inadequacy.

SUMÁRIO DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo de Desenvolvimento Biopsicossocial ......................

........................................................

16

Figura 2 – Ciclo de Resposta Sexual – Modelo de Basson .................. 19

Figura 3 – Quadro das Disfunções Sexuais .......................................... 20

Figura 4 – Classificação das Disfunções Sexuais ................................ 22

Figura 5 – Modelo Pilset (Plisset) ......................................................... 27

Figura 6 – Homúnculo de Penfild .......................................................... 41

Figura 7 – Pirâmide de Maslow ............................................................. 54

Figura 8 – Massagem dorsal - Movimento em leque ............................ 60

Figura 9 – Massagem dorsal – Movimento com polegares braço ........ 60

Figura 10 – Massagem dorsal – Movimento de fricção .......................... 61

Figura 11 – Massagem dorsal – Movimentos de compressão ............... 61

Figura 12 – Massagem dorsal – Movimentos com polegares panturrilha 62

Figura 13 – Massagem frontal – Movimentos alternados face ............... 62

Figura 14 – Massagem frontal – em leque .............................................. 63

Figura 15 – Massagem frontal – Toque passivo quadril ......................... 63

Figura 16 – Massagem frontal – Movimentos com polegares pernas .... 64

Figura 17 – Massagem frontal – Toque passivo pés .............................. 64

SUMÁRIO DE TABELAS

Tabela 1 - Escala comparativa das áreas erógenas em homens e

Mulheres .............................................................................. 47

9

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

OMS Organização Mundial da Saúde

WHO World Health Organization

WAS Associação Mundial para a Saúde Sexual

ABEME Associação Brasileira de empresas do Mercado Erótico e Sensual

ABRASEX Associação Brasileira dos Profissionais da Saúde, Educação e Terapia

Sexual

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

DSM-5 Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª Edição

DSH Desejo Sexual Hipoativo

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 09

1 A QUESTÃO DA SEXUALIDADE ..........................................................

........................................................

12

1.1 Organização Mundial da Saúde – Saúde Sexual .................................... 14

1.2 Ciclo de Resposta Sexual ....................................................................... 17

1.3 Disfunções Sexuais ................................................................................. 20

2 TERAPIA SEXUAL ................................................................................. 26

2.1 Técnica do Espelho, Autofocagem e Autoverbalização .......................... 28

2.2 Treinamento Assertivo ............................................................................. 31

2.3 Focagem das Sensações ........................................................................ 32

3 SISTEMA SENSORIAL ........................................................................... 37

3.1 Os Órgãos dos Sentidos ......................................................................... 37

3.2 Somestesia e Imagem corporal ............................................................... 39

3.3 Zonas Erógenas ...................................................................................... 43

4 USO DOS COSMÉTICOS E PRODUTOS SENSUAIS NA TÉCNICA

DA FOCAGEM DAS SENSAÇÕES ........................................................

..........................................................................................

49

4.1 Cosméticos e Produtos sensuais ............................................................ 51

4.2 Aplicação dos Cosméticos e Produtos sensuais na Técnica da

Focagem das Sensações ........................................................................

53

4.3

Ampliando a eficácia da Técnica da Focagem das Sensações .............. 59

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 66

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 68

9

INTRODUÇÃO

Nos relacionamentos, principalmente os de longa data, é comum aos casais,

independentemente de gênero, apresentarem diminuição ou perda da apetência

sexual, a qual Cavalcanti (2012) classifica como desejo sexual hipoativo–DSH5 por

habituação, ou seja, “a apetência vai minguando, se diluindo no desgaste diário do

contato permanente. O entusiasmo dos primeiros tempos vai sendo substituído por

uma amizade cada vez mais assexuada. O tempo se encarrega de deixar marcas no

corpo, destruindo ou desgastando os atrativos sexuais”. (CAVALCANTI &

CAVALCANTI, 2012, p. 242).

Nesse caso o casal está adequado do ponto de vista psicológico, estando

ambos os parceiros satisfeitos do ponto de vista pessoal. Também pode haver

adequação perfeita coexistindo com um estado de dupla disfunção. Um exemplo seria

um casal onde o homem tenha uma disfunção erétil e a mulher apresente DSH pós

climatério. Ambas disfunções resultaram numa adequação sexual que permite ao

casal manter um relacionamento estável.

Ocorre, porém que um dos pares pode apresentar insatisfação com a

sexualidade e/ou com o comportamento do parceiro. Nesse caso ele estará

inadequado sexualmente, fato que acarretar sofrimento interpessoal e consequente

desgaste no relacionamento. A assertividade na comunicação cede espaço aos

conflitos e a monotonia e a perda da atratividade se fazem presentes. Desamor,

infidelidade e lutas pelo poder passam a ser manifestações comuns nessa fase.

Terapeuticamente dizemos que esse relacionamento está doente e o casal passa a

ser a unidade terapêutica. Sob pena de ruptura da relação.

Esse descompasso conjugal está presente em grande parte dos casais,

independentemente do tempo do relacionamento conjugal. Na maioria dos casos

esses problemas se somam ao desconhecimento do próprio corpo e das sensações

erógenas a ele inerente. Tais fatores acabam por gerar uma imagem corporal

5 A partir do DSM-5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o transtorno do desejo

sexual hipoativo - DSH foi desmembrado em transtorno do desejo sexual masculino hipoativo e

transtorno do interesse/excitação sexual feminino.

10

distorcida e distanciada da realidade, que tem seus efeitos agravados em função da

baixa autoestima que lhe é resultante. Tais fatores, associados às exigências sociais

e aos fatores estressantes do dia a dia propicia igualmente o surgimento de eventos

disfuncionais que contribuem para o agravamento da monotonia e comprometimento

da harmonia e saúde sexual do casal.

Este é um fato significativo na vida de muitas pessoas em que a terapia sexual

se insere no contexto de recuperação do desenvolvimento saudável da sexualidade e

saúde sexual através da aplicação de técnicas gerais e específicas a qual daremos

destaque para a Técnica da Focagem das Sensações. Esta técnica é uma das mais

bem fundamentadas técnicas da terapia sexual por possibilitar uma maior

comunicação entre os parceiros, propiciando uma intimidade partilhada, sem a

obrigação dos desempenhos sexuais preestabelecidos

Ao abordarmos a questão dos problemas diádicos do relacionamento de longa

data e apontar a terapia sexual como recurso fundamental para recuperação da

harmonia conjugal, acreditamos estar proporcionando a muitos casais que se

encontram nessa situação a possibilidade de retomarem o pleno desenvolvimento da

sexualidade e a recuperação da saúde sexual fundamentalmente importantes para o

compartilhamento de uma vida conjugal saudável e duradoura.

O planejamento terapêutico deve considerar todos aspectos biopsicossociais

indesejados e atender todas as outras possíveis variáveis que contribuam

negativamente para o agravamento do problema. Nas técnicas a serem aplicadas

deve-se considerar o fator tempo como determinante para o sucesso da terapia. Fator

este que nos leva a considerar a Técnica da Focagem das Sensações a principal

ferramenta por melhor atender às necessidades do caso ora analisado e por favorecer

o desenvolvimento de trabalhos específicos de aprimoramento dos estímulos e

percepções sensoriais que permitem recuperar a sensibilidade perdida e resgatar os

sentidos endurecidos ao longo do tempo.

Neste trabalho estamos propondo a inserção dos cosméticos e produtos

sensuais na técnica de focagem das sensações como coadjuvante no trabalho de

desenvolvimento da experiência sensorial e erótica do casal. Como resultado

pretende-se abreviar o processo terapêutico, como também proporcionar maior

desenvolvimento da sexualidade, além de estimular o prazer sensorial e facilitar a

descoberta de zonas erógenas aparentemente neutras.

11

Para o desenvolvimento desse trabalho será utilizada pesquisa de revisão

bibliográfica, utilizando-se das contribuições científicas já publicadas em artigos, livros

e teses sobre o tema abordado para validar e enriquecer as proposições aqui

suscitadas e também os registros e apontamentos dos trabalhos de consultoria em

sexualidade realizados em meu consultório. O trabalho será desenvolvido em quatro

capítulos. No capítulo I será apresentado o conceito de saúde sexual, segundo a

Organização Mundial da Saúde – OMS e a influência dos padrões sociais no

desenvolvimento da sexualidade. Serão também abordadas conceitualmente as

disfunções sexuais e os conceitos norteadores da terapia sexual. O capítulo II

apresentará o conceito de terapia sexual e analisará as técnicas gerais e específicas

que, em função do nível disfuncional, se fazem necessárias antes da aplicação da

técnica da focagem das sensações. A finalização deste capítulo está destinada a

apresentação da técnica da focagem das sensações e sua estrutura de procedimento

para aplicação pelo cliente. No capítulo III iremos analisar os órgãos dos sentidos, que

são as estruturas responsáveis pelas diferentes sensações que experimentamos

através da nossa visão, audição, tato e olfato. A seguir, faremos uma análise das

estruturas somáticas ou somestésicas que são responsáveis pela percepção espacial

que temos do nosso corpo e responsáveis por captar os estímulos do ambiente e

também analisaremos o conceito de imagem corporal e como ele se desenvolve ao

longo de nossa vida, através da consciência de nós mesmos. O capítulo será

finalizando com a apresentação das zonas erógenas e os estudos científicos

revolucionários a respeito de tema tão controverso.

No capítulo IV faremos abordagem sobre os produtos e cosméticos sensuais

disponíveis no mercado nacional e a importância da utilização deles na aplicação da

técnica da focagem das sensações. Também serão apresentados os fatores que

fazem com que eles ampliem a eficácia da técnica da focagem das sensações e será

apresentado um roteiro ilustrativo de massagem que visa facilitar a evolução

satisfatória da tarefa terapêutica.

Este trabalho destina-se ainda aos terapeutas sexuais que buscam o

aprimoramento e estudo das técnicas e procedimentos voltados para os tratamentos

das disfunções sexuais e inadequações sexuais. Aos profissionais da saúde e

educação sexual constitui valiosa ferramenta de estudo e trabalho por disponibilizar

material prático e teórico de relevante importância para o conhecimento e

desenvolvimento da sexualidade.

12

CAPÍTULO I - A QUESTÃO DA SEXUALIDADE

A Organização Mundial da Saúde entende que a sexualidade é parte

integrante da nossa personalidade, "um aspecto central do ser humano que ao longo

da vida engloba sexo, identidades e papéis de gênero, orientação sexual, erotismo,

prazer, intimidade e reprodução” (WHO, 2006a). A manifestação da sexualidade pode

ser traduzida pela capacidade que temos de nos ligar às pessoas, ao prazer, aos

desejos, às necessidades e à vida, nas diferentes formas de expressarmos nossos

desejos, pensamentos, crenças, valores e também pela maneira como sentimos, nos

movemos, tocamos e nos permitimos ser tocados.

O conceito de sexualidade, assim como a definição de saúde sexual tem

progredido desde que a Organização Mundial da Saúde – OMS publicou sua definição

original em 1975. A partir da realização de vários trabalhos, envolvendo especialistas

de diversos países, concluiu-se que “a saúde sexual não pode ser definida,

compreendida ou operacionalizada sem uma ampla consideração da sexualidade, que

está subjacente a comportamentos e resultados importantes relacionados à saúde

sexual” (WHO, 2006a).

Para a Associação Mundial de Sexologia – WAS, sigla do inglês World

Association for Sexolog, “o total desenvolvimento da sexualidade é essencial para o

desenvolvimento individual, interpessoal e social. Os direitos sexuais são direitos

humanos universais, baseados nos princípios da liberdade, dignidade e igualdade de

todos os seres humanos”.

Dentro dos conceitos apresentados, é possível considerar que o

desenvolvimento sexual saudável só é possível através da plena manifestação da

sexualidade em todos os seus aspectos. Entretanto apesar do ato sexual ser um dos

aspectos inerentes à sexualidade, é comum as pessoas associarem os termos sexo

e sexualidade, considerando-os como sinônimos. Essa ligação por similaridade dos

termos envolveu a sexualidade nos mesmos tabus e preconceitos existentes nas

questões sexuais, oriundos de uma sociedade patriarcal machista, impedindo o seu

pleno desenvolvimento.

Modificar pensamentos, mudar paradigmas, é uma tarefa lenta e

gradual. E a visão da sexualidade e do sexo está incluída nesse

13

contexto. Parece que ainda hão de vir alguns séculos para que a

sexualidade deixe completamente de ser vista como pecado ou algo

sujo e para que o aspecto prazeroso da questão seja enaltecido como

se deve. (DIEHL A.; VIEIRA D., 2013, p. 35)

A diferenciação semântica desses termos se faz necessária para que se

possa compreender a abrangência da sexualidade nos seus aspectos psicológicos e

como estes formatam a personalidade de cada um. Conceitualmente a Organização

Mundial da Saúde define sexualidade como sendo

[...] parte integral da personalidade de cada um. É uma necessidade

básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado de

outros aspectos da vida. A sexualidade não é sinônimo de coito e não

se limita à presença ou não de orgasmo. Sexualidade é muito mais do

que isso. É energia que motiva encontrar o amor, contato e intimidade

e se expressa na forma de sentir, nos movimentos das pessoas e como

estas tocam e são tocadas. A sexualidade influencia pensamentos,

sentimentos, ações e integrações e, portanto, a saúde física e mental.

Se saúde é um direito humano fundamental, a saúde sexual também

deveria ser considerada como direito humano básico. (OMS, 1975)

Ao conceituar sexo biológico, a Organização Mundial da Saúde considera as

características biológicas que diferenciam machos e fêmeas. Apesar de parecerem

incorretos para a classificação dos seres humanos, esses termos são os que melhor

identificam o sexo biológico.

.

Sexo refere-se às características biológicas que definem os seres

humanos como mulheres ou homens. Embora esses conjuntos de

características biológicas não sejam mutuamente exclusivos, como

existem indivíduos que possuem ambos, eles tendem a diferenciar os

seres humanos como machos e fêmeas. Em geral, em muitas línguas,

o termo sexo é frequentemente usado para significar "atividade

sexual", mas para fins técnicos no contexto de discussões de

sexualidade e saúde sexual, a definição acima é preferida. (OMS,

2006a).

14

Estabelecidas as diferenças semânticas e conceituais existentes entre sexo e

sexualidade, essenciais ao perfeito entendimento sobre a influência que os aspectos

da sexualidade exercem sobre a saúde sexual, passaremos à análise desse tema

onde será abordado o complexo contexto biopsicossocial por onde a sexualidade se

manifesta. Analisaremos a extensão dos aspectos biológicos, psicológicos e sociais

no desenvolvimento do ciclo de resposta sexual e os bloqueios que ocorrem em suas

fases, resultantes das manifestações psicofisiológicas associadas às disfunções

sexuais.

1.1 Organização Mundial da saúde – Saúde Sexual

A Organização Mundial da Saúde entende que a saúde sexual é fundamental para a

saúde física, emocional e o bem-estar de todos, indivíduos ou casais. Seria um estado

de bem-estar físico, mental e social em relação à sexualidade. Segundo a OMS, os

direitos humanos que amparam a sexualidade e a saúde sexual, constituem

igualmente direitos sexuais. “Os direitos sexuais protegem os direitos de todas as

pessoas de cumprir e expressar a sua sexualidade e gozar da saúde sexual,

respeitando os direitos dos outros e num quadro de proteção contra a discriminação"

(OMS, 2006a, atualizado em 2010)

O Ministério da Saúde publicou, em 2013, o Caderno de Atenção Básica -

Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva. Nele os direitos sexuais e reprodutivos são

reconhecidamente direitos humanos já sancionados em leis nacionais e documentos

internacionais. “Os direitos, a saúde sexual e a saúde reprodutiva são conceitos

desenvolvidos recentemente e representam uma conquista histórica, fruto da luta pela

cidadania e pelos Direitos Humanos” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013, p. 11). Nele a

saúde sexual e saúde reprodutiva são consideradas áreas prioritárias e essenciais

para a qualidade de vida e de saúde das pessoas, pautadas no respeito aos direitos

sexuais e direitos reprodutivos.

Constatou-se, entretanto, que as ações acabam sendo focadas mais na

saúde reprodutiva e avaliou-se a necessidade de se ampliar as abordagens que

contemplassem os aspectos relacionados à saúde sexual. O motivo, segundo

observação constante no referido documento dão conta de que “os profissionais de

15

saúde sentem dificuldades em abordar os aspectos relacionados à saúde sexual.

Trata-se de uma questão que levanta polêmicas, na medida em que a compreensão

da sexualidade está muito marcada por preconceitos e tabus”.

Segundo a OMS, a saúde sexual é definida como sendo

um estado de bem-estar físico, emocional, mental e social em relação

à sexualidade. Não é meramente a ausência de doença, disfunção ou

enfermidade. A saúde sexual requer uma abordagem positiva e

respeitosa da sexualidade e das relações sexuais, bem como a

possibilidade de ter experiências sexuais prazerosas e seguras, livres

de coerção, discriminação e violência. Para que a saúde sexual seja

alcançada e mantida, os direitos sexuais de todas as pessoas devem

ser respeitados, protegidos e cumpridos (OMS, 2006a).

Analisando o Caderno de Atenção Básica, elaborado pelo Ministério da Saúde

e considerando a definição de saúde sexual, com base no entendimento da

Organização Mundial da Saúde, observa-se que a saúde sexual não se resume

unicamente aos fatores biológicos. Faz-se necessário trabalhar a saúde sexual dentro

de um contexto mais amplo e cuja abrangência envolve também os fatores

psicológicos e sociais, além do biológico. “A resposta sexual tem uma base biológica

essencial, embora, em geral, seja vivenciada em um contexto intrapessoal,

interpessoal e cultural. Portanto, a função sexual envolve uma interação complexa

entre fatores biológicos, socioculturais e psicológicos” (DSM-5, 2014, p.423).

A saúde sexual não pode ser definida, compreendida ou operacionalizada

sem uma ampla consideração dos aspectos biopsicossociais (figura 1) intrínsecos à

sexualidade, por serem estes essenciais, e mesmo determinantes, para a saúde

sexual. A Organização Mundial da Saúde considera que “a sexualidade é influenciada

pela interação dos fatores biológicos, psicológicos e sociais” (WHO, 2006a). Aos

fatores sociais incluem-se os aspectos econômicos, políticos, culturais, legais,

históricos e religiosos. Tendo em conta que estes fatores são igualmente essenciais

na saúde sexual humana, podemos analisar a implicação de cada um desses

aspectos e a interação destes no desenvolvimento biopsicossocial da saúde sexual.

16

Figura 1 – Modelo do Desenvolvimento Biopsicossocial

Fonte: Elaborado pelo autor com base no conceito apresentado no DSM-5

Na figura 1, observamos a relação existente nos aspectos que constituem o

desenvolvimento biopsicossocial da sexualidade e consequentemente da saúde

sexual. Nos aspectos biológicos, que interferem na saúde sexual, devem ser

considerados os “fatores fisiológicos determinantes da capacidade de uma pessoa

responder sexualmente ou de experimentar prazer sexual” (DSM-5, p.423). Problemas

crônicos de saúde envolvendo traumatismos obstétricos, anomalias genéticas e

congênitas, doenças agudas e crônicas, medicamentos e seus efeitos colaterais,

assim como insuficiências ou distúrbios hormonais, tendem a refletir negativamente

nos aspectos psicológicos e acarretar prejuízos no relacionamento interpessoal.

Nos aspectos sociais deve-se levar em consideração “fatores culturais que

possam influenciar expectativas ou criar proibições sobre a experiência do prazer”

(DSM-5, p.423). Aspectos religiosos e educação familiar rígida, alicerçadas por

costumes sociais baseados em tabus e preconceitos são fatores de maior peso na

determinação da saúde sexual do indivíduo. A discrepância dos valores desenvolvidos

nesses ambientes desencadeia distúrbios psicológicos que retroalimentam

negativamente a interação biopsicossocial ao produzir conflitos intrapessoal e

interpessoal, além de favorecer o desenvolvimento de distúrbios psicofisiológicos

desencadeadores das disfunções sexuais.

17

1.2 Ciclo de Resposta Sexual

Na década de 60, o médico William Masters e a psicóloga Virginia Johnson

desenvolveram várias pesquisas dedicadas à atividade sexual. Através desses

estudos Masters & Johnson definiram um ciclo para a resposta sexual masculina e

feminina, subdividindo-o em quatro fases e, a partir destas poder-se estudar

detalhadamente o desenvolvimento da fisiologia sexual humana. Dessa forma esses

autores definiram as fases Excitação, Platô, Orgasmo e Resolução como

componentes de um modelo tetrafásico da resposta sexual humana. Mais tarde, na

década de 70, a psicóloga e psiquiatra Helen Kaplan propôs um novo modelo em

substituição ao modelo tetrafásico de Marters & Johnson. Kaplan havia percebido a

necessidade de incorporar o desejo ao ciclo da atividade sexual humana. Ela entendia

que o desejo sexual era percebido por meio de sensações específicas que leva à

predisposição para o sexo podendo ser ativado, no cérebro, por meios de lembranças,

fantasias, pensamentos e outras sensações, precedendo, portanto à fase da

excitação. Kaplan propôs também a exclusão da fase (platô) do modelo tetrafásico

por ser esta uma continuidade da primeira (excitação). Dessa forma o novo conceito

do ciclo da resposta sexual humana passaria a ser o modelo trifásico, subdividido em

desejo, excitação e orgasmo, a qual analisaremos mais detalhadamente a seguir.

“Não há dúvida que o cérebro é o órgão sexual mais importante no ser

humano e que a regulação fisiológica da função sexual ocorre pelo envolvimento de

várias regiões encefálicas” (DIEHL; VIEIRA, 2013) e que são acionadas pela memória

de vivências eróticas e mesmo fantasias. A estimulação do desejo faz aumentar o

impulso sexual que passa a contar com estímulos sexuais sensoriais táteis, auditivo,

visual e/ou olfativo.

Os estudos derivados da Neurociência tratam o desejo sob o viés do

corpo com seus órgãos sensoriais e verificam a sua expressão por

“motivação” e “comportamento”. Traduzir biologicamente o despertar

do desejo não é tarefa fácil, mas admitindo-se que o desejo sexual seja

um processo biopsicossocial, nele interferem três fatores: o cognitivo,

o emocional e o neurofisiológico. O cognitivo diz respeito ao mental e

inclui imagens mentais e pensamentos dentro de um universo social e

psicológico. O emocional está diretamente relacionado com as

18

influências psicológicas que determinam uma resposta metabólica e o

neurofisiológico explica as influências químicas e hormonais como o

despertar do desejo sexual. (DIEHL A.; VIEIRA D., 2013, p. 52)

Esse conjunto de estímulos e percepções sensoriais em resposta ao desejo

corresponde à fase seguinte do ciclo de resposta sexual, que é a excitação. Nela é

nítido observar várias alterações físicas, notadamente a lubrificação vaginal na mulher

e a ereção peniana no homem.

O orgasmo é uma sensação de intenso prazer que representa o clímax da

percepção prazerosa e que coincide com a tensão máxima da excitação sexual.

Nesse momento são observadas em ambos, mulheres e homens: contrações

musculares; espasmos musculares involuntários na pélvis e no corpo inteiro, aumento

do batimento cardíaco e da pressão sanguínea elevada.

Após o orgasmo o corpo entra na fase da resolução. Esta fase, considerada

no modele tetrafásico de Marters & Johnson, é representada pela volta ao estado de

não-excitação, quando há uma reversão das mudanças fisiológicas com o

relaxamento muscular, desaparecimento do rubor da pele e redução do batimento

cardíaco e pressão arterial, alívio de vascularização e detumescência peniana.

O ciclo de resposta sexual refere-se à sequência de mudanças físicas e

emocionais que ocorrem quando uma pessoa se excita sexualmente e participa de

atividades sexualmente estimulantes. O modelo apresentado por Masters & Johnson,

posteriormente modificado por Helen Kaplan, sugere um modelo linear, significando

que o desejo deve preceder a excitação e esta preceder o orgasmo, numa sequência

linear fixa.

Nos anos 2000, a psiquiatra canadense Rosemary Basson apresentou um

modelo não-linear para explicar a sexualidade feminina, principalmente as mulheres

que se encontravam em relacionamento de longa duração.

Um novo modelo elaborado por Rosemary Basson propõe mover o

foco do desejo sexual espontâneo (primeira fase de Kaplan do modelo

trifásico), acreditando que no sexo feminino, com o decorrer do tempo

de relacionamento, a mulher perde tal desejo. É um modelo cíclico e

não linear (DIEHL A.; VIEIRA D. L., 2013, p. 51).

19

Nesse modelo de resposta sexual foi incorporava a necessidade de intimidade

e satisfação emocional, reconhecendo que o desejo por ser reativo ou espontâneo

poderia ocorrer antes ou depois da excitação (figura 2). O modelo de Basson

considera que o objetivo da atividade sexual para as mulheres não é necessariamente

o orgasmo, mas sim a satisfação pessoal, que pode se manifestar como satisfação

física (orgasmo) e/ou satisfação emocional (um sentimento de intimidade e conexão

com um parceiro).

Figura 2 – Ciclo de Resposta Sexual - Modelo de Basson

Fonte: Arquivos H. Ellis, Sexualidade e Reprodução Humana

Apesar da importância e relevância do modelo não-linear (circular), no

presente estudo sobre o ciclo de resposta sexual, utilizaremos o modelo linear de

Masters e Johnson (1966) e Kaplan (1979) por ser o de maior prevalência nos estudos

da terapia sexual e também por estar em consonância com o Manual Diagnóstico e

Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), que considera os três estágios da

resposta sexual, desejo, excitação e orgasmo na classificação das disfunções

sexuais, sendo que estas ocorrem quando há um bloqueio em uma ou mais dessas

fases.

20

1.3 Disfunções Sexuais

No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais “as disfunções

sexuais (figura 3) formam um grupo heterogêneo de transtornos que, em geral, se

caracterizam por uma perturbação clinicamente significativa na capacidade de uma

pessoa responder sexualmente ou de experimentar prazer sexual” (DSM-5. APA,

2014). Existem casos que, embora não se configurem disfunção sexual, devem ser

tratados no âmbito da terapia sexual por serem desencadeadores desses processos

disfuncionais. Esses casos incluem estimulação sexual inadequada em função da falta

de conhecimento sobre os aspectos da sexualidade cujos reflexos inibem o

desenvolvimento saudável das fases do desejo e excitação.

Figura 3 – Quadro das Disfunções Sexuais

Fonte: DSM-5

As disfunções sexuais, segundo o DSM-5, podem estar presentes desde as

primeiras experiências sexuais do indivíduo, mas também podem estar relacionadas

aos transtornos sexuais que se desenvolvem após um período de função sexual

relativamente normal. As dificuldades sexuais também podem ocorrer

situacionalmente com determinados tipos de estimulação, situações ou parceiros.

Em muitos indivíduos com disfunções sexuais, o momento de início do

quadro poderá indicar etiologias e intervenções diferentes. Ao longo da

vida refere-se a um problema sexual que está presente desde as

21

primeiras experiências sexuais, e adquirido aplica-se aos transtornos

sexuais que se desenvolvem após um período de função sexual

relativamente normal. Generalizado refere-se a dificuldades sexuais

que não se limitam a certos tipos de estimulação, situações ou

parceiros, e situacional aplica-se a dificuldades sexuais que ocorrem

somente com determinados tipos de estimulação, situações ou

parceiros. (DSM-5, 2014, p.467)

Na avaliação das disfunções sexuais também deverão ser considerados

fatores relacionados a problemas sexuais ou de saúde do parceiro: aspectos

associados ao relacionamento que interferem negativamente na intimidade do casal

e que envolvem falta de comunicação; discrepâncias no desejo para a atividade

sexual ou mesmo fatores relacionados a vulnerabilidade individual associadas à

imagem negativa do próprio corpo e mesmo história de abuso sexual ou emocional.

“O julgamento clínico sobre o diagnóstico de disfunção sexual deve levar em

consideração fatores culturais que possam influenciar expectativas ou criar proibições

sobre a experiência do prazer sexual”. (DSM-5, 2014) de formas que os fatores

culturais ou religiosos que impliquem inibições relacionadas a proibição de atividade

sexual ou prazer, mitos e preconceitos provenientes de educação fortemente

repressora também devem ser considerados na análise dos casos envolvendo

distúrbios sexuais, assim como a presença de depressão, ansiedade e estresse

devem ser incluídos na análise dos fatores determinantes dos distúrbios sexuais.

Assim temos que a técnica da Focagem das Sensações, objeto desse estudo

e que será apresentada em detalhes no item 2.3, é utilizada para o tratamento de

quase todas as disfunções sexuais. Entretanto para o claro entendimento de seu

funcionamento e utilização, vamos efetuar breve abordagem sobre as disfunções de

maior ocorrência em meu consultório, presentes nos distúrbios da apetência,

excitação e orgasmia. No capítulo II também serão abordadas algumas técnicas cuja

aplicação deve anteceder à aplicação da técnica da focagem das sensações, nos

casos em que estejam presentes altos níveis de ansiedade, baixa autoestima e

quando for constatado comprometimento da intimidade do casal resultante de falhas

na comunicação decorrentes de falta de assertividade.

As disfunções sexuais apresentadas no DSM-5 estão classificadas conforme

quadro apresentado na figura 4. As disfunções relacionadas a apetência, excitação e

orgasmia configuram-se quadros disfuncionais com alta incidência de casos e a

22

técnica da focagem das sensações proporciona excelentes resultados no desbloqueio

dos fatores determinantes da disfunção e também contribui para a abertura de “[...]

um amplo canal de comunicação entre os parceiros e incrementando constante e

renovada descoberta do outro” (Cavalcanti & Cavalcanti, 2013, p.173).

Figura 4 – Classificação das Disfunções Sexuais

Fonte: Cavalcanti & Cavalcanti, 2012, p.209 – Atualizada conforme. DSM-5

As disfunções sexuais a seguir apresentadas, seguem as nomenclaturas,

classificações e definições adotadas pelo DSM-5. As disfunções da apetência estão

classificadas em dois subgrupos, Transtorno do desejo sexual masculino e Transtorno

do interesse/excitação sexual feminino, mas para efeito de síntese vamos analisa-lo

sob o contexto geral do desejo sexual hipoativo (DSH), que é o termo mais comumente

utilizado em terapia sexual.

O desejo sexual hipoativo (DSH) caracteriza-se pela ausência ou redução

significativa do interesse ou da excitação sexual, manifestada pela ausência ou

redução do interesse pela atividade sexual. Também são observadas a ausência ou

redução dos pensamentos ou fantasias sexuais/eróticas, que persistem por um

período mínimo de aproximadamente seis meses causando sofrimento significativo

para o indivíduo.

A inapetência sexual, tanto feminina como masculina, varia de acordo com a

sociedade, cultura e o momento histórico em que o indivíduo está inserido. As

deficiências na apetência sexual podem ser classificadas de acordo com os critérios

de cronologia e amplitude. Sob o ponto de vista cronológico, as disfunções podem ser

classificadas em “Ao Longo da Vida”, quando um problema sexual que está presente

desde as primeiras experiências sexuais e “Adquirido”, quando os transtornos sexuais

se desenvolvem após um período de função sexual relativamente normal. De acordo

23

com o critério de amplitude, as disfunções podem ser “Generalizado” refere-se a

dificuldades sexuais que não se limitam a certos tipos de estimulação, situações ou

parceiros e “Situacional” quando as dificuldades sexuais ocorrem somente com

determinados tipos de estimulação, situações ou parceiros.

As disfunções da excitação se caracterizam pelos transtornos relacionados a

ausência de lubrificação nas mulheres e a disfunção ou insuficiência erétil nos

homens. A ausência de lubrificação nas mulheres apresenta características bem

determinantes, de origem psicológica e fisiológica e pode estar associada ao

transtorno do interesse/excitação sexual feminino, como visto acima. Fisiologicamente

a ausência da lubrificação pode ser proveniente de dor que acomete locais diferentes

na área gênito-pélvica, gerando a falta de interesse sexual. Além dessas situações

mais comum, a ausência ou lubrificação ineficaz pode acontecer por deficiência

hormonal, como na menopausa ou quando a mulher usa pílulas anticoncepcionais por

muito tempo.

A insuficiência erétil se configura pela incapacidade persistente, total ou

parcial, em obter e/ou manter ereção durante a atividade sexual, ou mesmo a

diminuição acentuada na rigidez erétil. Os indivíduos que apresentam fracassos

ocasionais não devem ser considerados portadores de disfunções eréteis. Mas eles

podem se tornar disfuncionais, caso não saibam elaborar o fracasso.

Isso ocorre quando, preocupados com a falha, eles criam uma situação

psíquica de expectativa de um novo insucesso (Temor de desempenho). Nesses

casos, o indivíduo passa a considerar o ato sexual seguinte um “teste”, adotando um

duplo papel: de ator e de expectador do próprio desempenho.

Essa situação altamente ansiogênica pode inibir facilmente o reflexo erétil. É

precisamente o medo de não ter ereção que fará com que o indivíduo não a tenha.

Dessa forma o indivíduo ingressa num processo disfuncional com falhas permanentes.

Por sinal esse é o mecanismo mais comum das insuficiências eréteis em que apenas

os determinantes psicológicos estão presentes.

Também é importante sublinhar que o indivíduo pode ser portador de

disfunção erétil mesmo que apresente boas ereções (tumescência e rigidez penianas)

durante o ato masturbatório. Se não conseguir ereção suficiente para penetrar e/ou

manter a relação sexual, mesmo que seja funcional com manobras masturbatória ele

deve ser considerado disfuncional erétil.

24

Sua integridade pode estar assegurada sob o ponto de vista orgânico, mas

não se pode dizer o mesmo de sua condição psicológica, quando se vê confrontado

com uma situação inevitável. Muitos homens com transtorno erétil podem apresentar

baixa autoestima, baixa autoconfiança e senso diminuído de masculinidade, além de

afeto deprimido. Podem ocorrer situações de medo e/ou evitação de futuros encontros

sexuais. Satisfação sexual diminuída e desejo sexual reduzido na parceira do

indivíduo são eventos comuns.

Na classificação das disfunções do orgasmo, o DSM-5 destaca as disfunções

relacionadas ao transtorno do orgasmo feminino e os distúrbios da ejaculação nos

homens. “A anorgasmia é uma dificuldade ou incapacidade de atingir o orgasmo

mesmo depois de estimulação sexual. O distúrbio orgástico também inclui qualquer

dificuldade ou demora em atingir o orgasmo, causando sofrimento pessoal à mulher”

BERMAN J., BERMAN L., 2001, p. 108).

Para Cavalcanti (2012, p.309) “[...]a anorgasmia é definida como uma inibição

recorrente ou persistente do orgasmo, a anorgasmia é manifestada pela ausência ou

retardo do orgasmo após uma fase de excitação sexual adequada em termos de foco,

intensidade e duração”. Não se considera, porém, essa inibição como anorgasmia se

a pessoa é capaz de atingir o orgasmo através de masturbação. Nas mulheres é a

disfunção sexual mais comum junto com a falta de desejo.

Existe uma íntima correlação entre a apetência sexual e o orgasmo. O prazer

sexual e o desejo estão intimamente associados. O orgasmo é o maior reforçador do

desejo erótico, tanto que as pessoas anorgásmicas tendem a diminuir, gradualmente,

a apetência sexual, tornando-se portadoras de transtornos do desejo. “A anorgasmia

é condição rara no homem, mas na mulher é provável que o bloqueio do orgasmo seja

a disfunção sexual de maior frequência” (CAVALCANTI R.; CAVALCANTI M., 2012, p

311).

No caso de anorgasmia primária, o conhecimento do próprio corpo torna-se

importante para o crescimento sexual a mulher.

Dar-se permissão de conhecer um pouco de si mesma, olhando-se,

escutando-se e percebendo-se física e emocionalmente. Relaxar e

sentir o corpo e as sensações de estar tranquila. Descobrir sensações

em geral, tais como: o calor do sol, as sensações da água morna no

chuveiro, cheiro do sabonete, o vento que passa suave pelo corpo e

pelos cabelos. Descobrir-se o toque, tocando no corpo em geral, de

25

diferentes maneiras e percebendo as sensações produzidas. Tocar-se

de forma prazerosa, com focalização nas sensações de excitação,

especialmente nos seios e genitais. Uso de fantasias durante o toque.

(DIEHL A.; VIEIRA D., 2013, p. 497)

A terapia sexual é fundamental no tratamento da anorgasmia e a focagem das

sensações é citada por vários autores como uma das técnicas que propicia excelentes

resultados.

Nos distúrbios da ejaculação observa-se que a mais comum e a ejaculação

prematura ou precoce. “A Academia Internacional de Sexologia Médica (AISM) define

ejaculação precoce como “condição persistente ou recorrente em que o homem não

pode perceber e/ou controlar as sensações proprioceptivas que precedem o reflexo

ejaculatório, produzindo mal-estar pessoal e/ou em relação a parceira” (CAVALCANTI

R.; CAVALCANTI M., 2012, P.289).

A ejaculação precoce é teoricamente difícil de ser definida, mas fácil de ser

identificada na prática em função do ato ejaculatório ocorrer com estimulação sexual

mínima antes, durante ou logo após a penetração, sem que o indivíduo deseje. Outro

fator determinante na ejaculação precoce é a incapacidade de controlar as sensações

que precedem o reflexo ejaculatório.

No caso das disfunções sexuais citadas, quando há cobrança de uma das

partes quanto a performance sexual do outro a tendência é a piora do quadro

disfuncional. Na aplicação da técnica do foco sensorial o terapeuta orienta o casal

quanto a importância da participação efetiva e a colaboração do parceiro(a) na

aplicação da técnica para que os efeitos desejados sejam alcançados.

26

CAPÍTULO II - TERAPIA SEXUAL

Paulo Tessarioli, professor, em aula proferida no curso de Pós-graduação em

Terapia Sexual na Saúde e Educação, define a terapia sexual como sendo

Um conjunto de técnicas utilizadas para o tratamento das

inadequações sexuais e disfunções sexuais (problemas sexuais

envolvendo diminuição ou inibição do desejo sexual. Dificuldades para

manter o corpo excitado ou obstáculos para sentir satisfação com a

atividade sexual), destinadas a pessoas que não conseguem, a partir

dos seus próprios recursos, obter uma resposta sexual que lhe seja

satisfatória. Além disso, a terapia sexual tem como objetivo auxiliar o/a

cliente a compreender sua história sexual e o seu desenvolvimento

Questões de pecado, certo ou errado, estão relacionadas a fatores culturais e

religiosos predominantes no núcleo social a que o indivíduo está inserido. Sem entrar

na especificidade desses contextos, a terapia sexual se utiliza de técnicas gerais e

específicas para o tratamento das inadequações e disfunções sexuais auxiliando o

indivíduo a compreender o desenvolvimento do seu histórico sexual. É importante que

o terapeuta procure investigar se o quadro disfuncional encontra origem em causas

fisiológicas ou se está vinculado a questões emocionais e/ou de relacionamento. “O

julgamento clínico sobre o diagnóstico de disfunção sexual deve levar em

consideração fatores culturais ou religiosos que possam influenciar expectativas ou

criar proibições sobre a experiência do prazer sexual” (DSM-5, 2014, p. 423).

Essa investigação é realizada através da entrevista terapêutica, sendo este o

procedimento inicial que antecede ao tratamento. Em complemento a entrevista

terapêutica, o terapeuta pode se utilizar do modelo PLISSIT de terapia sexual (sigla

em inglês – figura 5), citado no livro Sexualidade do Prazer ao Sofrer (2013, p.491),

que apesar de constituir uma ferramenta de abordagem médica, agrega técnicas de

aconselhamento e orientações básicas sobre as questões biológicas e psicológicas

envolvidas na resposta sexual humana, constituindo-se, material suporte de relevante

importância na identificação das causas intrínsecas à queixa inicial apresentada pelo

cliente.

27

Figura 5 – Modelo Pilset (PLISSIT)

Fonte: Psychiatry Advisor

O 'P' em PLISSIT significa permissão. Como o sexo e a sexualidade trazem

em si questões que envolvem tabus e preconceitos para muitas pessoas, é importante

para o terapeuta construir confiança para obter permissão do cliente para falar sobre

questões sexuais e dando permissão ao cliente para trazer à tona quaisquer fatos ou

questões que tenham com relação ao sexo.

O 'LI' em PLISSIT significa informações limitadas. Muitas pessoas

simplesmente não estão completamente cientes e educadas sobre questões de

sexo. O terapeuta precisa expandir sua base de conhecimento orientando o cliente e

seu par sobre os problemas que enfrentam. A questão do autoconhecimento encontra

muitas barreiras quando a ele se associa o conceito pejorativo de masturbação. Essa

informação limitada pode levar as mulheres a desenvolver baixa autoestima, caminho

para desenvolvimento do desejo sexual hipoativo (DSH).

Para as mulheres, mesmo a masturbação, quando e se ocorre, pode

mostrar-se ansiogênica e/ou aversiva. Mulheres costumam interpretar

o fato de que proverem prazer sexual por conta própria como uma

experiência que as desmerece, como se fosse algo a fazer quando

nenhuma outra pessoa a deseja. Dessa forma, muitas acabam por não

se masturbar, por conta do sentimento de menos valia que nelas aflora.

É isso ou a alegação de que ‘não tem graça’. (DIEHL A.; VIEIRA D.,

2013, p. 138)

28

O 'SS' em PLISSIT significa sugestões específicas. Além de orientar os

clientes sobre mudanças no padrão sexual, o terapeuta precisa oferecer sugestões

específicas para o problema que o cliente apresenta, ressaltando-se os pontos

positivos do relacionamento com uma repercussão mais favorável na relação sexual.

O 'IT' em PLISSIT significa terapia intensiva. Os clientes podem precisar de

mais do que apenas um terapeuta sexual para ajudá-los. Eles também podem precisar

de ver um médico, por exemplo, se eles têm uma questão física subjacente a

disfunção sexual. Um bom terapeuta sexual será capaz de avaliar quais são as

melhores intervenções para o cliente.

Um bom diagnóstico e a intervenção adequada são essenciais para a

efetividade da terapia. A escolha do tipo de tratamento a ser realizado deve ser feita

a partir das perspectivas do cliente, de acordo com suas necessidades associadas a

um diagnóstico eficiente. Além do que é primordial que o casal esteja mantendo

abertas as linhas de comunicação, caso contrário haverá necessidade de o terapeuta

trabalhar as técnicas abaixo, antes de iniciar os trabalhos com a focagem das

sensações.

2.1 Técnicas: do Espelho, Autofocagem e Autoverbalização Emotiva

Muitas mulheres procuram a terapia sexual apresentando como, queixa inicial,

perda do desejo (desejo sexual hipoativo – DSH) e na entrevista terapêutica observa-

se, na maioria dos casos, fatores psicossociais ligados à dificuldade em lidar com o

próprio corpo em função dos conceitos do “corpo ideal”, ditados pela mídia e tão

fortemente introjetados como sendo o modelo desejado por todos (homens e

mulheres). A impossibilidade de manter esse padrão desejado leva muitas mulheres

a desenvolver uma imagem negativa de si mesma e, com isso, perder a autoestima.

Também estão implícitos nessa queixa inicial profundo desconhecimento dos

aspectos ligados à sexualidade e a fisiologia dos órgãos genitais. Tal

desconhecimento tem origem numa criação repressora, envolvida por mitos e tabus

relacionados às questões de ordem sexual.

O terapeuta ao identificar essas questões subjacentes, vinculadas à queixa

inicial, não pode aplicar a técnica da focagem das sensações sem antes trabalhar os

29

aspectos psicossociais envolvidos no caso. Não só as mulheres, mas também os

homens apresentam quadros disfuncionais ligados a apetência e que se constituem

fatores igualmente importantes para o tratamento e aplicação das técnicas

complementares a da focagem das sensações.

A baixa autoestima quando vinculada a uma imagem negativa de si mesma

gera inconformidades em relação ao próprio corpo que impedem a manifestação plena

da sexualidade e prejudicam o desempenho sexual. Mulheres que apresentam esse

quadro tendem a preferir a realização do ato sexual com luzes apagadas para

esconder seu corpo. Não raro elas internalizam imagens culturais negativas sobre a

sua própria genitália, provocando repulsa ao toque e mesmo ao contato visual. Os

homens também não estão imunes às rejeições e autocríticas quando seus corpos

não se ajustam aos padrões da beleza masculina socialmente estabelecidos. “A

imagem que fazemos de nós mesmos tem muito a ver com a nossa história passada.

Aprendemos a nos ver pelos olhos dos outros e a nos julgar segundo aos padrões de

beleza de terceiros” (CAVALCANTI & CAVALCANTI, 2012, P.157).

A técnica do espelho, tem como principal objetivo trabalhar a autoconsciência

corporal e a autoaceitação. Associada à técnica da autofocagem, a técnica do espelho

é uma oportunidade de nos encontrarmos com o nosso corpo e especialmente com

os sentimentos que nutrimos sobre ele propiciando-nos um relacionamento

intrapessoal que nos leva à aceitação do nosso corpo e da nossa aparência,

independente dos padrões de beleza de terceiros.

A visão é o elemento básico da percepção sensorial utilizado na técnica do

espelho. Ela nos permite descobrir e observar os traços mais positivos de nossa

aparência e, a partir daí, podermos validar o julgamento que fazemos a nosso respeito.

“Grande parte de nossa autoestima depende de como aceitamos ou rejeitamos nosso

esquema corporal” (CAVALCANTI & CAVALCANTI, 2012, P.157).

Seguindo os mesmos passos da técnica do espelho, a autofocagem é uma

verdadeira viagem tátil e sensorial pelo corpo. Recomenda-se que está técnica seja

realizada durante ou após um banho pelas oportunidades sensoriais que este

momento propicia. De olhos fechados é possível sentir a água escorrendo por todo o

corpo e o contato com a pele ensaboada pode desencadear uma sequência de

sensações que permite criar um sentimento afetuoso de intimidade pessoal. Apesar

de utilização menos comum pelos homens, após o banho é recomendado o uso de

30

um creme ou óleo corporal que além de hidratar a pele permite através de um toque

suave explorar todas as partes do corpo, inclusive as áreas genitais.

A autofocagem não leva necessariamente à automanipulação

genitálica com a finalidade masturbatória, embora não seja proibido

realiza-la. O objetivo do procedimento está menos vinculado ao prazer

sexual e muito mais comprometido com o autoconhecimento corporal,

em todos os níveis. Esse conhecimento é essencial para a

compreensão de si mesmo, permitindo à pessoa transmitir essa

experiência ao parceiro e, assim desfrutar do prazer sensório de modo

ainda mais perfeito (CAVALCANTI & CAVALCANTI, 2012, P.168).

Pela percepção tátil das pontas dos dedos pode-se sentir a textura da pele e

os contornos e formatos dos membros. Através da percepção sensorial do toque, um

novo universo de sensações pode se fazer presente, despertando uma série de

sensações gratificantes.

Finalizando a sequência de técnicas auxiliares e que antecedem a aplicação

da técnica da focagem das sensações, necessárias à eliminação dos efeitos

indesejados presentes nos distúrbios do interesse/desejo sexual hipoativo, a

autoverbalização emotiva é uma técnica que tem por finalidade reforçar a autoestima,

especialmente quando realizada diante do espelho (técnica do espelho). A técnica

consiste em falar alto coisas positivas que a pessoa sente e quer. Palavras que

engrandeçam e elevem a autoimagem e autoconfiança. “Muitos estudos demonstram

que falar sobre o próprio corpo, sua potencialidade erótica, sua capacidade de entrega

não só desinibe o indivíduo, mas também favorece seu desempenho sexual”

(CAVALCANTI & CAVALCANTI, 2012, P.164).

Apesar de termos apresentado as técnicas do espelho, autofocagem e

autoverbalização emotiva como auxiliares na técnica da focagem das sensações para

tratamento das disfunções da apetência, notadamente os transtornos do desejo

sexual masculino hipoativo e transtorno do interesse/excitação sexual feminino, cabe

ressaltar que essas técnicas não são exclusivas para essas disfunções. Elas

apresentam larga utilização individual ou em conjunto para o tratamento de várias

outras disfunções sexuais.

31

2.2 Treinamento Assertivo

Na entrevista terapêutica devem ser considerados durante a avaliação da

queixa inicial os fatores associados ao relacionamento, tendo em vista que poderão

ser relevantes para a etiologia e/ou tratamento e contribuir, em maior ou menor grau,

para o agravamento de uma disfunção sexual. Tais fatores, quando presentes, estão

fortemente relacionados à dificuldade do casal em estabelecer uma comunicação

assertiva, resultante da inabilidade de um dos parceiros ou ambos em manifestar seus

sentimentos, anseios e desejos sem constrangimento, sem negar os alheios.

O casal que não consegue manter uma postura positiva, firmada através de

gestos, atos e palavras, diante das inúmeras situações aos quais todos os

relacionamentos estão submetidos no dia a dia, tem a tendência ao distanciamento

da relação uma vez que a não assertividade afeta diretamente a comunicação.

Para Lange e Jakubowski (1976 apud TOMAS, A. C.; CARVALHO, M.R.,

2014, p. 104), “a assertividade pode ser definida como a capacidade de defender os

próprios direitos e de expressar pensamentos, sentimentos e crenças de forma

honesta, direta e apropriada, sem violar os direitos da outra pessoa”.

No aspecto da sexualidade, existem casais que, embora estejam

fisiologicamente funcionais e não exista nenhuma disfuncionalidade em suas relações

sexuais, não conseguem ter um relacionamento adequado. “Em certos casos, a

inadequação pode chegar ao ponto de levar um dos pares a procurar uma relação

homossexual, por não saber se desempenhar afirmativamente com o parceiro do

outro sexo” (CAVALCANTI & CAVALCANTI, 2012, P.164). Essa opção pode resolver

provisoriamente o problema assertivo, mas é evidente que não aliviará a ansiedade

nem tampouco resolverá a questão comportamental relativa a conduta assertiva.

O comportamento não assertivo está associado a presença de “sofrimento

psíquico e de tensão corporal, sendo importante estabelecer se o indivíduo fica

ansioso só porque não consegue ser assertivo ou se a ansiedade é causa da sua não

assertividade” (CAVALCANTI & CAVALCANTI, 2012, P.159).

No âmbito da terapia sexual, a identificação de inadequação no

relacionamento que tenha origem estabelecida pela falta de assertividade na

comunicação pressupõe a necessidade de se trabalhar o comportamento assertivo de

ambos os pares. Para tanto é utilizada a técnica de treinamento assertivo.

32

Comportamento assertivo é aquele “[...] que torna a pessoa capaz de agir em

seus próprios interesses, se afirmar sem ansiedade indevida, expressar sentimentos

sinceros sem constrangimento, ou exercitar seus próprios direitos sem negar os

alheios” (Alberti e Emmons, 1978, p. 18).

Na aplicação da técnica de treinamento assertivo são utilizados questionários,

aplicados individualmente a cada um dos pares e cuja finalidade é a identificação dos

pontos não assertivos a serem trabalhados e outro destinado a auto-observação do

comportamento e autoanálise do comportamento. Ao aplicar essas três etapas, o

terapeuta deve explanar sobre a importância da comunicação e também sobre os

fundamentos do comportamento assertivo, passando a mensagem de forma clara

para que o casal tenha condições de refletir sobre a assertividade considerando não

o que é certo ou errado e sim a forma pessoal em se lidar com os problemas, expor

ideias e defender suas próprias opiniões sem recuar, mas sem agredir ou subjugar o

outro.

No treinamento assertivo procura-se fazer com que o relacionamento

interpessoal seja o mais adequado possível. Alberti e Emmons afirmam que as

pessoas não assertivas costumam pensar no comportamento apropriado depois que

a oportunidade passou. Os agressivos, por exemplo, por não saberem controlar as

emoções, tendem a se arrepender depois de terem agido de modo não assertivo.

A aplicação da técnica do treinamento assertivo propicia o indivíduo (ou casal)

refletir sobre as situações que envolvem o cotidiano do relacionamento. Possibilita o

aprendizado da escuta, isto é, fazer com que o outro perceba que está sendo ouvido

e compreendido. Perceber a importância de passar uma mensagem clara, sem

cobranças e reinvindicações e fundamentalmente saber se colocar no lugar do outro.

Por fim a técnica do treinamento assertivo visa contribuir para que os pares atinjam

um ótimo nível de comunicação e assertividade na relação e, dessa forma, consigam

discutir abertamente sobre suas preferenciais sexuais, sonhos e fantasias.

2.3 Focagem das Sensações

Os sentidos são as portas de comunicação com o mundo externo. Para

Cavalcanti “existe uma íntima relação entre sensualidade e sexualidade. O ato sexual

33

é basicamente uma atividade sensorial onde predominam as sensações auditivas,

olfativas, visuais e táteis” (CAVALCANTI & CAVALCANTI, 2012, P.172). Assim

considerando, a utilização da técnica da focagem das sensações tem por objetivo

específico fazer do encontro erótico um momento de descoberta do outro e de si

mesmo, sem a obrigação dos desempenhos sexuais pré-estabelecidos.

Parte-se do princípio de que o tato contribui de modo extraordinário para

incrementar a comunicação interpessoal, vinculando tanto as emoções positivas

quanto as negativas. Saber dar e saber receber – cada parceiro se propõe a informar

como deseja ser acariciado, mesmo que isto implique na radical mudança dos padrões

comportamentais anteriormente cristalizados.

Para a prática da Focagem das Sensações é primordial que o casal esteja

com o relacionamento alinhado, pois o objetivo do foco sensorial é a redescoberta das

sensações tanto de um quanto do outro, transformando as preliminares em um ato

principal. É importante também que o casal se permita aos diversos tipos de

descobertas para que possam liberar suas fantasias e criatividade para que haja a

estimulação do desejo, favorecendo assim a excitação.

De acordo com a entrevista da Dra. Fabiane Dell` Antônio, as preliminares são

os estímulos prazerosos que o casal realiza um no outro para a obtenção do prazer.

Quanto mais prazeroso o estímulo maior será a excitação e a facilidade em sentir

orgasmo. As preliminares contribuem para esta satisfação sexual, e como

consequência para a saúde dos músculos íntimos, conhecidos como músculos do

assoalho pélvico, localizados na região do períneo. Estes atuam na sexualidade de

homens e mulheres, assim como na saúde física local. Os estímulos prazerosos

ocasionam maior envolvimento emocional de quem recebe e realiza, com aumento na

percepção corporal e intimidade entre o casal.

A técnica da Focagem das Sensações é realizada em duas etapas e o passo

inicial para o sucesso da técnica é a eliminação dos elementos que despertem a

ansiedade por temor de desempenho, nos casos de disfunções eréteis e disfunções

orgásticas e/ou a compulsão pela genitalidade. Dessa forma o casal é instruído sobre

a proibição do coito durante a execução da técnica.

É importante o Terapeuta enfatizar para o casal que no tratamento não é

focado o problema como sendo “dele” ou “dela” e sim como sendo um problema de

ambos, assim o objetivo é também tratar o relacionamento.

34

A estrutura do procedimento baseia-se em etapas claramente definidas e com

objetivos bem específicos, motivo pelo qual devem ser rigorosamente seguidas pelo

casal sob pena de se perder uma ótima oportunidade de revigorar o relacionamento

e, em determinadas situações, comprometer a continuidade do tratamento.

Inicialmente sugere-se aos parceiros tomarem um banho morno e relaxante, de

preferência juntos para que um possa banhar o outro. É importante que a escolha do

sabonete para o banho, ou de qualquer outro produto (esponja, óleo, cremes, etc.)

para auxiliar os parceiros nessa tarefa, seja consensual. Ao terminar o banho, um

pode enxugar o outro, de preferência, com uma toalha felpuda ou de textura

agradável.

O ambiente também deve ser preparado. Pouca luz e talvez até uma

agradável música de fundo são requisitos importantes que devem ser atendidos

levando-se em conta as facilidades do casal, a história do par e as preferências

individuais. Após o preparo do ambiente, um dos parceiros desempenhará o papel de

doador enquanto o outro será o receptor de carícias.

O receptor se deita de bruços, nu, e procura relaxar o mais possível enquanto

o doador começa a lhe acariciar todo o corpo. O toque pode ser com a mão e com os

lábios. Nesse momento o doador deve buscar o prazer do receptor. O prazer de quem

dá está exatamente em dar. Este é o prazer do “dar”. O receptor por sua vez deve se

fixar “egoisticamente” no prazer da doação que lhe está sendo feita. Concentre-se na

sensação do toque sem se preocupar com o cansaço do doador ou com o que ele

possa estar pensando. Este é o aprendizado do receber. No momento que achar

conveniente, o receptor pode se deitar de costas para que os toques possam ser na

frente. Os parceiros podem se beijar e, caso queiram, dizer palavras de amor.

Depois de algum tempo os papéis se invertem. Quem foi receptor passa a ser

doador, mas é preciso esclarecer que aquele que está recebendo carícias tem que

orientar o doador. O local em que deseja ser acariciado, a pressão, o tipo de carícia

preferido, não podem ser adivinhados pelo doador, ao contrário, devem ser

claramente orientados pelo receptor. Esta comunicação pode ser verbal ou gestual,

mas deve ser assertivamente anunciada.

Na primeira etapa da focagem das sensações, todo o corpo, com exceção dos

órgãos genitais e dos seios (na mulher), pode ser acariciado. Em alguns casos,

recomenda-se que os parceiros iniciem essa prática com roupas íntimas (calcinha e

sutiã –mulheres e cuecas –homens). Na segunda etapa da focagem das sensações a

35

experiência erótica é ampliada e os parceiros são liberados para fazer carícias

genitais, embora persista a proibição do coito. Pode ocorrer que algum dos parceiros

se excite tanto que chegue ao orgasmo. Esta é uma eventualidade e, portanto, não

deve ser considerado um objetivo. Para melhor desempenho o melhor será que as

carícias sejam antes difusas e depois nos genitais, para mais uma vez se difundir por

toda a superfície corpórea e então retornar aos genitais. O que é preciso ficar bem

evidenciado na execução da técnica do foco sensorial é que as carícias genitais visam

prazer sensório e não necessariamente o orgasmo.

Na sessão seguinte o casal deve comunicar ao terapeuta todas as reações,

positivas ou negativas, que possam ter ocorrido durante a execução da técnica. Cabe

ao terapeuta analisar as respostas, não importa se positivas ou negativas, pois é

preciso trabalha-las antes de prosseguir com o tratamento específico.

A Focagem das Sensações é uma das técnicas mais bem fundamentadas da

terapia sexual, pois pretende abrir portas para nova sensualidade, para uma maior

comunicação entre os parceiros, para uma intimidade partilhada e para um erotismo

difuso.

Desenvolvida por Masters e Johnson, a técnica da focagem das

sensações tem como objetivo modificar o comportamento sexual do

casal que, de forma automática, visa somente o coito e o orgasmo

como resultado do contato sexual. A meta é que o casal tenha a

atenção desviada da ereção e do orgasmo e focalize na experiência de

sensação erótica, diminuindo a ansiedade quanto ao desempenho do

ato sensual (DIEHL A.; VIEIRA D., 2013, p. 497)

Abandonando o conceito de que sexualidade seja sinônimo de relação sexual

e, portanto, não se resume a presença ou não de orgasmo, o ato sexual se torna muito

mais um reflexo da intimidade, da conexão, do erotismo e da excitação.

Normalmente, solicita-se ao casal que comece com toques sensuais. A

ideia é ir passando por todos os estágios da intimidade sexual vagarosa e

constantemente, permitindo que o casal construa sua comunicação e

técnicas sexuais no processo. A terapia sexual também permite ao casal

identificar as lacunas no relacionamento que afetam negativamente sua

sexualidade (BERMAN J.; BERMAN L., 2003, p. 182)

36

Autoras do livro Só para mulheres, Dra Jennifer e Laura Berman, descrevem

a técnica da Focagem das Sensações como massagem “VENIS” (Very Erotic

Noninsertive Sex) (sexo muito erótico sem penetração). Para essas autoras a maioria

dos casais que incorporaram o “VENIS” em suas vidas relatam que sua satisfação

sexual e suas técnicas de comunicação sexual melhoraram enormemente.

Esse conjunto de carícias com foco na percepção sensorial assume as

características das “Preliminares”, que é tão importante principalmente para as

mulheres por envolve-las num clima de desejo e excitação. Uma vez livre dos quadros

ansiogênicos e tensões de performance, o ato sexual passa a ser percebido como

uma troca de experiências sensoriais, portanto realizado com muito mais prazer e com

orgasmos bem mais intensos.

37

CAPÍTULO III – SISTEMA SENSORIAL

Neste capítulo veremos como nosso corpo percebe e reage diante dos

estímulos captados do ambiente e como essas informações sensoriais são

transformadas em sensações. No item 3.1 analisaremos os órgãos dos sentidos, que

são as estruturas responsáveis pelas diferentes sensações que experimentamos

através da nossa visão, audição, tato, olfato e paladar. Apesar de aqui mencionado,

não abordaremos as sensações relativas ao paladar pela sua não utilização na técnica

da focagem das sensações, não sendo, portanto, objeto desse estudo. Pelas suas

características somestésicas, o tato não será analisado nesse item e sim no item 3.2,

na abordagem das estruturas e sensações somestésicas.

No item 3.2 abordaremos sobre a estrutura somática e a percepção corporal.

Faremos breve incursão sobre como essa estrutura está distribuída ao longo do corpo

e como ela fornece as informações das sensações corporais recebidas do meio.

Entendendo a percepção corporal como sendo a imagem que cada pessoa tem de

seu próprio corpo, analisaremos sua influência sobre a autoimagem e autoestima do

indivíduo e como o ambiente influencia nesse processo.

No item 3.3 faremos uma abordagem sobre as zonas erógenas e como elas

estão distribuídas ao logo do corpo. Também será demonstrado como elas podem

contribuir para a eficácia da técnica da focagem das sensações.

Nosso corpo é dotado de um conjunto de estruturas e processos responsáveis

por captar os estímulos do ambiente. Esse conjunto de estruturas e processos, que

constituem nosso sistema sensorial, são fundamentais para que possamos interagir

com o meio e as pessoas as quais nos relacionamos. Essas informações sensoriais

são enviadas ao córtex cerebral onde são interpretadas, gerando as sensações e

percepções e a partir daí uma resposta será produzida

3.1 Os Órgãos dos Sentidos

Conforme artigo publicado no site Neotantra, a vida diária nas grandes

cidades tende a levar as pessoas, inconscientemente, a se defenderem uma das

38

outras. É como se nossa mente criasse “uma espécie de armadura no corpo: os

ouvidos e o olfato se fecham, o tato se protege porque o contato e o toque de

estranhos podem ser ameaçadores. A visão se encolhe por que na maior parte do

tempo não há coisas interessantes para se ver”. Com isso vamos perdendo a

sensibilidade e a capacidade de usar nossos sentidos.

De acordo com a filosofia clássica nada chega ao intelecto sem antes

ter passado pelos sentidos. O ato sexual é, basicamente, uma

atividade sensorial em que predominam as sensações auditivas,

olfativas, visuais e táteis. Segundo o livro de Tratamento.

(CAVALCANTI & CAVALCANTI, 2012 p. 172)

A técnica da focagem das sensações, além de possibilitar a transformação do

encontro erótico em um momento de descoberta do outro e de si mesma através da

estimulação dos órgãos dos sentidos e somestésicos, possibilita recuperar a

sensibilidade perdida ao resgatar os sentidos endurecidos ao longo do tempo. O foco

sensorial atua como um antídoto, desintegrando essa armadura sensorial propiciando

o resgate da energia interior que motiva encontrar o amor, o contato e a intimidade.

Mas para isso é imprescindível que o casal esteja aberto às linhas da comunicação

na intimidade.

Saber a importância de cada um dos sentidos é fundamental para despertar

o desejo, alimentar as fantasias e se permitir a novas descobertas. Aguçar cada um

dos sentidos é estabelecer uma conexão com seu interior. Feche os olhos e preste

atenção nos sons dos ambientes, no cheiro dos perfumes, perceba o sabor de uma

fruta. Sinta o prazer de um beijo. Nesses instantes, além de vivenciar intensamente o

momento, você estará num estado mental similar ao da meditação porque quando

você está focado nos seus sentidos, sua mente se liberta dos pensamentos

estressantes.

Culturalmente é atribuído aos homens se estimularem eroticamente por meio

da visão enquanto que as mulheres se estimulam principalmente pelo toque. Quando

um homem olha uma mulher atraente, é a visão das formas que desperta o desejo e

estimula a criatividade de suas fantasias sexuais. “A percepção visual do movimento,

o vestuário e o adorno, a moldura estética do ambiente - como as cores e o grau de

39

luminosidade - são impressões que facilitam e ampliam as reações dos indivíduos”

CAVALCANTI & CAVALCANTI, 2012, p. 173).

Na audição, os sons exercem grande influência na relação sexual. A música

e a voz se tornam elementos marcantes que ficam registrados em nossa memória

auditiva. “A melodia como o som da voz, pode ter ação relaxante, funcionando como

um poderoso estímulo sexual para certas pessoas. Fechar os olhos e deixar-se levar

pela musicalidade de um som agradável pode ser extremamente sensual e erótico”

(CAVALCANTI & CAVALCANTI, 2012, p.172).

Com relação ao olfato, a otorrinolaringologista Tatiana Abdo, Hospital das

Clinicas da FMUSP de São Paulo, em uma reportagem publicada no site vilamulher,

relata que a função olfativa do ser humano tem papel fundamental, embora seja

considerada rudimentar quando comparada à de outros animais. Tatiana Abdo

considera que a memória olfativa “é uma característica tanto fisiológica quanto

psicológica. As fibras do nervo olfatório fazem conexões com áreas do cérebro

responsáveis pelos processos de sentir cheiro, gosto, comportamento alimentar e

sexual”. Na mesma linha de pensamento, Cavalcanti (2012) considera que o olfato no

ser humano chega a ter efeito maior na sexualidade do que a audição. Para o autor

“[...] o olfato exerce um papel importante na vida sentimental das pessoas. Existe uma

memória afetiva dos odores, e não é sem razão que se costuma dizer que nada evoca

tanto a lembranças como a música e o perfume. (CAVALCANTI & CAVALCANTI, 2012

p. 172).

3.2 Somestesia e Imagem corporal

Ao analisarmos a influência dos cosméticos sensuais na aplicação da técnica

da focagem das sensações devemos considerar as estruturas nervosas e processos

capazes de coletar as informações sensoriais, a partir do corpo. Diferentemente das

estruturas sensoriais ligadas aos órgãos dos sentidos, apresentadas no item 3.1, as

estruturas somáticas ou somestésicas são responsáveis pela percepção espacial que

temos do nosso corpo, sua posição e orientação. Além disso essas estruturas

possuem a capacidade de receber, transmitir, elaborar e armazenar informações

sobre as percepções táteis. “Estímulos táteis não podem ser experimentados de

40

longe. O tato é o mais íntimo e pessoal de todos os sentidos. O tato possui uma

impressionante variedade de sensações: dor, frio, calor, maciez, dureza, aspereza”

(BUONOMANO, 2011, p. 58,).

Através do tato somos capazes de perceber a natureza, forma e intensidade

dessas informações, reconhecer as características dos objetos que entram em contato

com o corpo, detectar a intensidade dos estímulos e a sensibilidade à dor e à

temperatura. O tato é sem dúvida, um dos mais importantes elementos da vida erótica.

“A própria relação sexual é um ato fundamentalmente tátil. No entanto não se pode

deixar de lembrar que toda a pele é erotizável; toda ela pode ganhar uma expressão

sexual, dependendo do momento em que o toque se realiza e da pessoa que o faz”

(CAVALCANTI & CAVALCANTI, 2012, p.173).

Sendo a pele o maior órgão sensorial, ela recebe a todo instante uma

variedade de estímulos que são enviados ao encéfalo. O Departamento de Fisiologia

da UNESP diz que costumamos chamar de tato a sensação evocada pela estimulação

de receptores mais superficiais; pressão seria a estimulação dos receptores mais

profundos e vibração quando são estimulados os receptores que detectam estímulos

repetitivos e rápidos. Assim, para um mesmo estimulo mecânico cutâneo, os grupos

de receptores respondem de maneira peculiar. A precisão ou qualidade da informação

mecânica recebida vai depender do tamanho do campo receptivo acionado e da

densidade. Isso significa que não possuímos a mesma sensação em toda a superfície

corporal. Um médico, por exemplo, mede a frequência cardíaca no pulso do paciente

usando o sentido dos dedos indicador e médio e não a palma da mão.

O processamento e registro desses estímulos sensoriais é realizado no córtex

cerebral, cuja área ocupada é diretamente proporcional ao maior ou menor grau de

sensibilidade a um estímulo produzido. É como se um mapa do corpo humano ficasse

exposto na superfície do córtex sensorial somático. Essa representação, que recebeu

o nome de homúnculo (figura 6), é resultado das investigações do neurocirurgião

canadense Wilder Penfield (1891-1976), ele identificou relações de proporcionalidade

do tamanho de algumas áreas do córtex cerebral com as diversas regiões do corpo

humano. Dessa forma ele pôde desenvolver um mapa cerebral onde diferentes

regiões corporais eram representadas no córtex.

Com base na distribuição das partes do corpo no córtex, acreditava-se que os

estímulos de áreas próximas às áreas genitais poderiam ativar as áreas de

representação genital e produzir sensação erótica. Então, pela sua proximidade com

41

a região cortical dos genitais, podemos entender o porquê de os pés terem sido

considerados, altamente erotizáveis.

Figura 6 - Homúnculo de Penfield - Sistema nervoso sensorial somático

Fonte – Departamento de Ciências Fisiológicas – DFS

Universidade Estadual de Maringá

A imagem resultante é um corpo humano grotescamente desfigurado com

mãos, lábios e rosto desproporcionalmente grandes em comparação com o resto do

corpo. Devido às habilidades motoras finas e nervos sensoriais encontrados nestas

partes específicas do corpo, eles são representados como sendo maior no homúnculo.

Uma parte do corpo com menos conexões sensoriais e/ou motoras no cérebro é

representada para parecer menor.

Retornando ao modelo de desenvolvimento biopsicossocial, analisado no

capítulo 1.1, observamos que nossa estrutura biológica possui a capacidade de captar

os estímulos do ambiente e, através das sensações e percepções geradas a partir

desses estímulos, podemos interagir com o meio ambiente e nos relacionamos com

as pessoas. O resultado dessa interação gera uma cadeia de sentimentos e emoções

que, ao longo da vida, vai moldando o entendimento que temos sobre nós mesmo,

nossa forma de falar, ver, sentir e reagir. Concomitantemente às percepções

biologicamente constituídas, os fatores psicológicos do modelo biopsicossocial vão

42

estabelecendo os padrões cognitivos de avaliação do nosso ambiente e de nós

próprios.

Para Keating (1987), citado por Souza (2003, p.41) "a imagem do corpo é algo

mais do que resíduos de sensações e percepções, é algo mais do que um somatório

de impressões cinestésicas. A imagem corporal é, essencialmente, a consciência de

si". Quando nos colocamos diante de um espelho, muito além da imagem nele

refletida, o que vemos é a projeção mental que temos de nós, de como percebemos

nossa própria aparência. Nessa imagem vimos não somente o nosso corpo, mas

principalmente a forma como sentimos nosso corpo.

Através de uma percepção clara e verdadeira onde vemos as várias partes do

nosso corpo como elas realmente são, indica que nossa imagem mental reflete nossa

imagem corporal verdadeira. Nos sentimos confortáveis e confiantes de nós mesmos

e não perdemos tempo nos preocupando com as imposições sociais nem sobre os

conceitos de beleza ditados pela mídia.

Abrantes (1998), citado por Souza (2003, p.41) ressalta que a imagem

corporal, além de ser influenciada por fatores intrínsecos ao próprio indivíduo, “é

influenciada, ou até mesmo condicionada, por imposições sociais, culturais e

econômicas. Entre estes condicionamentos estão, por exemplo, os ideais de beleza

veiculados no meio em que cada indivíduo está inserido".

Existem momentos que nos sentimos estranhos ou desconfortáveis com

nosso corpo, mas é necessário, sobretudo termos a capacidade de desenvolvermos

uma autoimagem positiva sobre nosso corpo e sobre quem somos enquanto pessoa.

É necessário reconhecer e respeitar a nossa forma natural e aprender a dominar

quaisquer pensamentos e sentimentos negativos sobre nossa imagem.

Uma percepção distorcida da imagem corporal gera uma imagem negativa

sobre si mesma e, ao se convencer que somente as outras pessoas são atraentes,

nos convencemos que o nosso corpo passa a ser resultado de um fracasso pessoal.

Sentimentos de vergonha, ansiedade, baixa autoestima e mesmo depressão

acumulam-se num estado de isolamento social em total prejuízo do relacionamento

interpessoal e intrapessoal. Esses fatores são desencadeadores das disfunções da

apetência, notadamente o transtorno do desejo sexual hipoativo masculino e o

transtorno do interesse/excitação sexual feminino.

43

3.3 Zonas Erógenas

Conhecida também como áreas erógenas, pontos erógenos ou pontos

excitáveis, são áreas de sensibilidade tátil existentes ao longo do corpo que podem

ser desenvolvidas e exploradas sexualmente. No relacionamento sexual, isso varia

muito de pessoa para pessoa, ou seja, cada um tem sua preferência. O que é bom

para um pode não pode ser bom para o outro. Um pode ser mais sensível num

determinado ponto que o outro. Também as preferencias aos toques, mais sutis ou

mais intensos são particulares a cada um, assim como as temperaturas e texturas. A

sensualidade e sexualidade dos toques devem estar sempre presentes no

relacionamento conjugal, assim como a comunicação clara e despojada de pudores é

fundamental para que o casal possa desfrutar de um relacionamento verdadeiramente

gratificante e prazeroso para ambos.

As sensações erógenas são mais semelhantes do que se supõe, não havendo

diferenças significativas entre homens ou mulheres, experientes ou inexperientes ou

mesmo ativos ou passivos. A diferença resulta da maior ou menor sensibilidade que

um ou outro possa ter em certos pontos erógenos. Por isso ser tão importante a

constante percepção das sensações tanto no próprio corpo como no par, buscando

sempre novas sensações prazerosas ao invés de permanecerem em padrões de

estímulos que, com o tempo, se tornam cansativos

Para Rosenau (2014), as áreas erógenas podem ser divididas em três níveis

de acordo com a sensibilidade em produzir excitação sexual. As áreas de nível três

são menos sensíveis por natureza, porém capazes de produzir estímulo e excitamento

sensíveis sexuais. As áreas de nível dois contêm uma grande concentração de

terminações nervosas e podem produzir sensações mais abundantes. As membranas

mucosas (por exemplo, a boca, e os tecidos adjacentes) e o tecido nas áreas ao redor

dos genitais são muito sensíveis sexualmente excitáveis. As áreas de nível um são os

mamilos e os genitais. Estas são as áreas mais sensíveis e capazes de produzir

grandes sensações sexuais, sendo o pênis e o clitóris os órgãos mais importantes

para ativar a reação orgásmica.

A atenção concentrada nas sensações faz parte de um exercício

desenvolvido por Masters e Johnson, além de outros terapeutas

44

sexuais, com o propósito de ajudar casais a ultrapassarem os

problemas da ansiedade com relação ao desempenho sexual e a

tornarem-se amantes sensuais. Quando você brinca, diverte-se com o

seu cônjuge e concentra-se nas sensações sexuais, fica mais relaxado,

e um sentido de companheirismos emerge. Você se sente unido e ao

mesmo tempo estimula os seus terminais sensoriais, obtendo um

despertamento sexual” (ROSENAU, 2013, p. 51).

O nível três inclui todo o corpo com a pele e os terminais nervosos. O objetivo

é dar prazer ao seu par por meio do toque e da carícia em sua pele. Essa experiência

poderá ser intensificada se você massagear o seu par utilizando algum óleo especial

para pele, previamente aquecido, e preparar-lhe um lugar especialmente confortável

para um melhor manuseio dos óleos.

Massageie e acaricie os braços, os ombros, as orelhas e os lóbulos, o couro

cabeludo a parte superior do tórax, as costas, as nádegas e a batata da perna. Talvez

essas áreas não tenham a mesma concentração de terminais nervosos sensoriais

encontrados em outras partes do corpo, mas ainda assim são muito sensuais. Elas

podem contribuir positivamente para uma experiência sensual deliciosa.

No nível dois estão incluídas as partes do corpo que são normalmente

estimuladas durante a fase do despertamento. Utilize as pontas dos dedos para

explorar as áreas do nível dois. É importante a comunicação contínua para que o casal

fale o que sente em termo de sensibilidade maior ou não nessas áreas. Se o casal se

concentrar a mente em apreciar as sensações e os sentimentos sexuais, terá maior

probabilidade de perceber sensações até então não percebidas.

Estimule os seguintes terminais sensoriais parte posterior dos joelhos, a parte

interna das coxas, as axilas e a região dos seios, área abdominal e o umbigo, a parte

inferior das costas, o pescoço, da parte posterior para a anterior, a palma das mãos e

a planta dos pés e a face. Essas áreas são ricas em terminais nervosos sensoriais.

Permita que esses toques gentis e movimentos repetitivos sejam uma festa sensual e

sexualmente estimulantes.

O nível um, por sua vez constitui as zonas erógenas mais sensíveis e

sexualmente estimulantes são os mamilos e os genitais. Os mamilos são normalmente

pontos favoritos de ambos, homens e mulheres, para estimular o excitamento sexual.

Os terminais nervosos são especialmente sensíveis e ligados ao despertamento

sexual, pois a medida que aumenta a excitação, os mamilos ficam entumecidos.

45

Lembrando que as áreas do nível um não devem ser motivo de atenção

imediata. Não tenha pressa.

Um recente estudo publicado por Turnbull OH, et al, “Relatos de toque íntimo:

zonas erógenas e organização cortical somatosensorial”, um projeto conjunto entre

duas universidades britânicas e uma da África do Sul, e anunciado como “a primeira

pesquisa sistemática da magnitude das sensações eróticas de várias partes do corpo”

resultou na “primeira investigação empírica da teoria S1 das zonas erógenas” onde

buscou-se validar se a intensidade erótica das áreas adjacentes, representadas pelo

mapa cerebral, que recebeu o nome de homúnculo, (figura 3.4) se correlacionavam.

“As zonas erógenas têm propriedades de resposta paradoxais, produzindo

sentimentos eróticos de superfícies corporais distantes da genitália. Ramachandran

sugeriu uma intrigante explicação neurocientífica para a distribuição de zonas

erógenas, baseada na disposição das partes do corpo (como o posicionamento

adjacente dos genitais e dos pés) no córtex somatossensorial primário (S1)”.

Com relação ao homúnculo cortical, a pesquisa concluiu que:

A hipótese de S1 parece não ter suporte, devido ao baixo nível de

avaliação dos pés, à falta de inter-correlação entre as classificações de

sítios S1 próximos e à literatura anterior sugerindo que a estimulação

cortical de S1 não parece erotogênica. A consistência entre as

variáveis demográficas está aberta a múltiplas interpretações. No

entanto, pode ser que a experiência individual ou diferenças culturais

(um ponto de partida para algumas contas de distribuição de zonas

erógenas) não são variáveis determinantes substanciais. Assim,

embora S1 não pareça ser o local provável que apoiaria a proposta de

mapa de corpo neural de Ramachandran, sugerimos que as origens da

distribuição erógena podem derivar de um mapa localizado em outra

parte do cérebro. (TURNBULL OH, et al., 2013 P. 1)

A pesquisa foi resultado de uma amostra de 800 participantes, “principalmente

das Ilhas Britânicas e da África do Sul”, onde foram classificadas por ordem de

grandeza de intensidade erógena de 41 partes do corpo, variando de zero a dez. A

pontuação global das partes do corpo (a mais alta em primeiro lugar) para todos os

participantes, homens e mulheres, relatados separadamente, podem ser observados

na tabela 1.

46

Considerando que o ponto da pesquisa que mais surpreendeu os cientistas

foi o fato de haver “notáveis níveis de correlação entre os índices de intensidade,

independentemente da idade, orientação sexual, nacionalidade, raça e, mais

surpreendentemente, o sexo”, na distribuição das zonas erógenas e a correlação dos

índices de intensidade, demonstradas na tabela 1.

Diferentemente do que a maioria das pessoas pensam, o estudo sugeriu que

“os homens parecem ter efetivamente a mesma distribuição de zonas erógenas

encontradas em mulheres, mas para as mulheres, várias partes do corpo são

classificadas em níveis significativamente mais altos de intensidade”. Para Turnbull

“[...] esses dados podem sugerir que os fatores que determinam a intensidade das

zonas erógenas não são muito influenciados pelas experiências individuais de vida

e/ou cultura, embora reconheçamos que seria necessário mais trabalho”.

Em sua conclusão, Turnbull declara que apesar de serem possibilidades

especulativas, “a neurobiologia das zonas erógenas representa uma questão científica

fascinante e pouco investigada, que agora parece estar ao alcance da neuropsicologia

moderna e é claramente um tópico que retribuirá futuras pesquisas” (TURNBULL OH,

et al., 2013, p. 7).

Um dado curioso apontado nessa pesquisa foi o fato de, diferentemente do

que se pensava até então, as classificações para os pés foram surpreendentemente

baixas. Essa baixa pontuação, segundo Turnbull, não encontra correspondência com

o que se acreditava em função da distribuição das partes do corpo no córtex pelo fato

dos pés estarem próximos às áreas genitais e, dessa forma, ser fonte de prazer

erótico. Então, pela sua proximidade com a região cortical dos genitais, podemos

entender o porquê de os pés terem sido considerados, altamente erotizáveis.

Percebe-se que, ao longo do tempo, os membros inferiores ganharam

interesse erótico especial. Os pés e itens associados aos pés (sapatos, meias, etc.)

constituem forte fator de fetiches em relação às demais partes do corpo. No entanto,

segundo Turnbull, “os fetiches são fontes não-somáticas de prazer e uma forma

tipicamente visual do desejo derivado de objetos externos ao corpo. Tais ligações

eróticas são presumivelmente mediadas por sistemas visuais (ao invés de

somatossensoriais) ” (TURNBULL OH, et al., 2013, p. 2).

.

47

(Fonte: TURNBULL OH, et al., 2013 P. 3)

48

Na tabela 1 observamos o resultado da primeira pesquisa sistemática da

magnitude das sensações eróticas de várias partes do corpo, realiza por Turnbull OH,

et al. Comparativamente entre as colunas da esquerda “mulheres” e da direita

“homens”, as 41 partes do corpo, na coluna “mulheres” foram apresentadas

respeitando-se a tabela original apresentada na pesquisa, que segue a ordem

descendente com base nos índices de intensidade apurados. Entretanto, para efeito

de demonstração dos níveis de correlação das zonas erógenas existentes entre

mulheres e homens, modificamos a ordem de apresentação original da classificação

apresentada para os homens, não levando em consideração os índices de

intensidade.

Uma vez conhecidos os órgãos dos sentidos e analisadas as estruturas

somestésicas que são responsáveis pela percepção espacial que temos do nosso

corpo, abordaremos no capítulo IV, a seguir, a natureza dos produtos e cosméticos

sensuais e a importância de sua utilização na aplicação da técnica da focagem das

sensações. Também serão apresentados os fatores que fazem com que estes

produtos e cosméticos ampliem a eficácia da técnica da focagem das sensações.

49

CAPÍTULO IV - USO DOS COSMÉTICOS E PRODUTOS SENSUAIS NA

TÉCNICA DA FOCAGEM DAS SENSAÇÕES

A inserção dos cosméticos e produtos sensuais na aplicação da técnica da

focagem das sensações, tem por objetivo ampliar a experiência sensorial, permitindo

assim a obtenção de resultados positivos e num menor tempo de terapia. O

desenvolvimento das percepções táteis daí resultantes propicia a criação de

memórias sensoriais positivas que agregam potencial renovador na convivência

conjugal. Ao nos referirmos a cosméticos sensuais estamos especificamente tratando

de “óleos de massagem, os géis e cremes para uso tópico, sais de banho, banhos de

espuma, velas hidratantes e produtos de uso unicamente externo. Necessitam de

registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA” (AGUIAR Paula, 2012,

p.96). Estes, normalmente são encontrados em lojas “sex shop” que são

estabelecimentos voltados para o comércio de cosméticos e produtos eróticos e

sensuais. Lubrificantes, sabonetes íntimos que higienizam e perfumam a região íntima

e outros produtos com propriedades terapêuticas podem também ser encontrados em

farmácias e também necessitam de registro na ANVISA.

Como analisado no capítulo II, a Focagem das Sensações é uma das mais

bem fundamentadas técnicas da terapia sexual, pois pretende abrir portas para nova

sensualidade, para uma maior comunicação entre os parceiros, para uma intimidade

partilhada e para um erotismo difuso. Para o terapeuta Sexual Paulo Tessarioli, em

seu artigo A Importância do Conhecimento, “[...] ninguém conhece melhor o seu corpo

do que você mesma (o). Nesse sentido, a escolha de um produto sensual pode auxiliar

no desenvolvimento da percepção corporal das sensações a partir do seu uso”

Observamos, portanto que utilização dos cosméticos e produtos sensuais na

técnica de focagem das sensações resulta na intensificação dos estímulos sensoriais

e propicia um desenvolvimento mais amplo da experiência erótica do casal. Como

resultado espera-se abreviar o processo terapêutico, como também proporcionar

maior desenvolvimento da sexualidade e consequente restabelecimento da harmonia

e saúde sexual do casal.

Souza (2003, p.60), citando Dolto, diz que “[...] ‘a caricia não é um simples

afloramento da carne, mas sim um modo de lhe dar forma’. Através do tato e das

diversas técnicas orientadas de manipulação terapêutica que o envolvem, como a

50

massagem, pode-se, portanto, ajudar a construir a imagem corporal, interferindo nas

suas variáveis físicas e psíquicas”. Já Sobral, citado por Souza (2003, p.51) salienta

que "a imagem corporal é geralmente acompanhada de um conteúdo afetivo que a

liga, de um modo indissociável, à satisfação com o corpo próprio e aos sentimentos

mais profundos que a pessoa manifesta a respeito de si mesma, na sua relação com

o mundo e com os outros". Notamos, portanto, que entre os efeitos psicológicos da

massagem há a consciencialização da imagem corporal bem como na relação dos

pares, enquanto doador e receptor da massagem, estabelece-se uma sensibilização

progressiva que fortalece a intimidade de formas a eliminar o distanciamento e

monotonia até então estabelecida no relacionamento.

É bastante comum as pessoas acreditarem que para o exercício de

uma sexualidade satisfatória e prazerosa basta a relação sexual com

um parceiro em determinada periodicidade ou, em menor medida, a

autoestimulação por meio da masturbação. Entenda-se a relação

sexual restrita à penetração vaginal ou anal e a prática do sexo oral,

sem levar em conta o que está em seu entorno. Esta é a visão

hegemônica do que é “normal” e “natural” no sexo. No entanto, orbitam

em torno do ato sexual propriamente dito vários fatores que promovem

a estimulação do desejo, a excitação e favorecem decisivamente a

qualidade do prazer sexual. Entre tais fatores podem ser citados o

ambiente no qual há a relação sexual, um vestuário atrativo, um

perfume, uma música, um odor, uma nudez sugerida ou completa, uma

fantasia, um drinque, um filme romântico ou erótico, além da atração

física ou laço de afeto entre os parceiros. (LIS, 2012, p.451)

Os efeitos das percepções sensoriais propiciadas pelos órgãos dos sentidos

favorecem uma comunicação interativa e intimista entre os casais, o que tem levado

os profissionais da sexualidade a utilizá-la com fins terapêuticos. “ Se os órgãos dos

sentidos são os veículos da comunicação, nada melhor do que aprender a usá-los de

modo adequado e construtivo nas deficiências dos relacionamentos interpessoais”

(CAVALCANTI & CAVALCANTI, 2012, p. 173). Igualmente não é de se admirar que o

uso dos cosméticos e produtos sensuais vem sendo sugerido por profissionais

renomados do universo da sexualidade para a interação dos casais, ampliando, dessa

forma, as técnicas voltadas para o desenvolvimento do autoconhecimento. Como

resultado imediato observa-se o aumento da satisfação com a imagem corporal, a

51

elevação da autoestima e consequentemente a expansão da sexualidade, fazendo

com que a relação do casal saia do estado de habituação e passe a ser prazerosa e

com troca mútua de energia.

Há inúmeros dispositivos sexuais para aprimoramento do prazer sexual do

casal. Esses dispositivos estão disponíveis nos melhores fabricantes de cosméticos e

produtos sensuais do Brasil, assim como em boutiques sensuais e lojas de sex shop.

4.1 Cosméticos e Produtos sensuais

Nos últimos anos o Brasil vem acompanhando um crescimento constante do

mercado erótico e sensual e esse fator leva em conta as grandes transformações que

as indústrias brasileiras deste setor vêm promovendo não só em termos de qualidade

e variedade de produtos, mas também nos esforços que são direcionados para afastar

a imagem da vulgaridade e da pornografia , tão associadas aos tabus e preconceitos

ainda existentes, mas que aos poucos, vão perdendo força em função da

desmitificação do sexo como perversão passando ao entendimento dos aspectos da

sexualidade como parte integral da nossa personalidade e um aspecto do ser humano

que não pode ser separado dos demais aspectos da vida.

Nesse contexto os cosméticos e produtos sensuais vem ganhando cada vez

mais espaço no cotidiano dos casais que buscam sair da rotina da relação e fortalecer

a intimidade conjugal. Em contrapartida ao aumento dessa demanda, existe a

necessidade dos profissionais do mercado erótico e sensual se especializarem no

atendimento qualificado e buscarem conhecimento adequando sobre a natureza e

utilização desses produtos. A especialização profissional, além da capacitação na

área da sexualidade, abrange o necessário entendimento sobre a finalidade de cada

cosmético, as sensações que proporcionam e a forma apropriada de seu uso, de

formas a poder orientar adequadamente seus clientes, respeitando seu perfil e

necessidades individuais.

Em matéria publicada na Folha de São Paulo, “Produtos Eróticos ganham aval

dos médicos”, a médica Tânia Santana diz que “Os produtos eróticos aumentam o

desejo sexual” e a psicóloga e terapeuta sexual Silvia Cavicchioli, diz que “[...] É

52

preciso ter sensibilidade para indicar produtos que vão ajudá-la (clientes mulheres) a

explorar o corpo e colocá-la em contato com as zonas erógenas".

Como proprietária de uma boutique sensual e atuando no mercado erótico

sensual há mais de três anos, sei que por trás de cada solicitação de cosméticos e

produtos sensuais está um desejo e um anseio, muitas vezes encobrindo uma

disfunção ou inadequação sexual própria ou do parceiro (a). Entendendo as

necessidades do cliente, o profissional capacitado poderá oferecer o produto

adequado como também poderá orientá-lo na busca de uma terapia sexual para

melhor avaliação do quadro disfuncional apresentado. Por se tratar de saúde íntima é

também sempre importante esclarecer para os clientes a necessidade de somente

adquirir produtos e cosméticos devidamente registrados pela ANVISA - Agência

Nacional de Vigilância Sanitária.

Pela legislação brasileira, a ANVISA não permite que nos rótulos dos

cosméticos sensuais seja mencionada a finalidade do produto, fato que acaba

gerando muitas dúvidas e provocando a utilização incorreta de alguns cosméticos.

Para amenizar essa questão, os melhores fabricantes de cosméticos e produtos

sensuais do Brasil, dão suporte e treinamentos online e presencial para seus

distribuidores, orientando e esclarecendo a forma correta da utilização de cada

cosmético, além das dicas de uso, fazendo com que os vendedores estejam aptos a

dar informações corretas para seus clientes. A exigência dos consumidores e a

comparação com os cosméticos das linhas importadas fizeram com que os fabricantes

do comércio interno se preocupassem com todos os detalhes, inclusive

desenvolvendo seus produtos dentro da classificação especificada pela ANVISA de

produtos “dermatologicamente testado”, o que dá garantia tanto para o distribuidor

quanto para o consumidor final.

Segundo entrevista sobre o setor erótico no site do O GLOBO, Paulo Arêdes,

diretor da Erótika Toys, diz ter contratado uma “empresa especializada para

desenvolver os produtos que hoje compõem um catálogo com mais de 150 itens”.

Arêdes acrescenta que:

[...] apesar de muitos acharem que os mais vendidos são aqueles ligados

ao ato sexual propriamente dito, é o universo das preliminares que faz a

cabeça do público. Óleos para massagens com apelo sensual e erótico

são muito requisitados — diz ele, comentando que os produtos

53

encontrados no mercado tradicional podem ser um verdadeiro “corta

clima", quando usados para este fim. — Um óleo convencional é absorvido

pelo corpo em 10 minutos. Então, se alguém adotá-lo para uma

massagem tântrica, em que os corpos se entrelaçam, terá que parar no

meio para colocar mais. Pensando nisso, criamos exemplares que

garantem uma performance de até 40 minutos (ARÊDES, 2016)

Além dos cosméticos, os produtos sensuais estão cada vez mais competitivos

na forma de designer e qualidade. Tudo para sensualizar e para tornar o momento

mais romântico e marcante. As pétalas artificiais de rosas estão com aromas e

texturas muito similar aos naturais. As velas aromatizadoras de ambiente, assim como

os difusores de aromas sensual ganharam forma, cor, aromas para o momento a dois.

Por outro lado, os fabricantes de lingeries percebendo a necessidade de fugir

dos padrões estéticos das passarelas, começaram a criar modelos que atendesse a

todos os padrões estéticos. Com isso as mulheres de diversas estaturas, raça, idade

e peso, são valorizadas por se sentirem bem ao encontrar lingerie de acordo com o

seu perfil, aumentando a autoestima e dando segurança na hora da relação.

4.2 Aplicação dos Cosméticos e Produtos Sensuais na Técnica da

Focagem das Sensações

Segundo a Organização Mundial da Saúde, “Se saúde é um direito humano

fundamental, a saúde sexual também deveria ser considerada como direito humano

básico. A saúde mental é a integração dos aspectos sociais, somáticos, intelectuais e

emocionais de maneira tal que influenciem positivamente a personalidade, a

capacidade de comunicação com outras pessoas e o amor”.

A importância da saúde sexual também está representada na pirâmide de

Maslow (figura 7), onde o sexo figura no patamar das necessidades fisiológicas

básicas, assim como, a respiração, o sono, a comida, a água. Dessa forma não faltam

estímulos para se ter um sexo prazeroso. Ocorre que com o passar do tempo a relação

conjugal vai sofrendo um desgaste progressivo, o desejo cede espaço ao surgimento

de eventos disfuncionais que comprometem ainda mais a saúde sexual do casal. “A

técnica da focagem das sensações possibilita reverter esse quadro e desenvolver a

54

sexualidade, abrindo um amplo canal de comunicação entre os parceiros e

incrementando constante e renovada descoberta do outro” (CAVALCANTI &

CAVALCANTI, 2012, p. 173).

Figura 7 – Pirâmide de Maslow

Fonte: Dreamstime

A pirâmide de necessidades Maslow é um diagrama formado por um conjunto

de necessidades básicas essenciais para que possamos atingir nossa realização

pessoal, ao longa da vida. A partir da sua base, onde é necessário satisfazer as

necessidades fisiológicas básicas, as necessidades vão se elevando a um patamar

superior de satisfação das necessidades de segurança, condições sociais,

necessidades intrapessoais até se chegar ao cume conquistando a autorrealização.

Como já vimos, nosso corpo possui zonas que são apontadas como

particularmente sensíveis à estimulação erótica, resultando daí a eficácia da técnica

da focagem das sensações. “No procedimento usa-se o toque corporal. Ele não deve,

contudo, ser considerado apenas como simples exercício tátil, pois dele participam

todas as demais modalidades sensoriais” (CAVALCANTI & CAVALCANTI, 2012, p.

173), já apresentadas no capítulo III e é nesse aspecto que o uso dos produtos e

cosméticos sensuais se inserem como fator de ampliação dos estímulos, o que reforça

55

o propósito de abrir um amplo canal de comunicação entre os parceiros e incrementar

a constante e renovada descoberta do outro.

Como importante recurso terapêutico, a técnica da focagem das sensações é

realizada através de uma massagem por todo o corpo e onde devem ser exploradas

todas as sensações, tanto de quem dá como de quem recebe a massagem. Nessa

oportunidade o terapeuta desenvolve um processo de educação e esclarecimento

sexual. O casal deve ser orientado quanto ao objetivo básico da técnica, a importância

em se seguir corretamente todas as instruções e também deixar claro os motivos pelos

quais o coito não deve ocorrer.

“[...] na maioria das clínicas de terapia sexual, geralmente solicitam que os

casais evitem relações sexuais por algum tempo, de modo, que novas atitudes e

experiências possam ser descobertas” (LOPICCOLO, 1992, p. 24). Como visto, esta

técnica não deve ser considerada apenas como simples exercício tátil para

estimulação das zonas erógenas, não devendo, portanto, ser confundida com uma

massagem sensual. Esta visão equivocada pode comprometer todo o resultado do

trabalho terapêutico.

A técnica da focagem das sensações normalmente e dividida em duas etapas.

Na primeira etapa o casal é incentivado à redescoberta física. Para isso o terapeuta

prescreve as instruções sobre a forma como deve ser realizada a massagem pelo

corpo todo, excluindo o toque nos genitais (seios, vulga e pênis). Num momento um

dos cônjuges deve se concentrar nas sensações de tocar o corpo e o outro se

concentra na percepção do toque que está recebendo. No momento subsequente

inverte-se as posições e quem recebia passa então a dar. Para que ambos possam

perceber os sentidos é primordial que suas mentes estejam livres de preocupações e

pensamentos externos.

Após alguma prática desse exercício, o casal deve passar a ter maior

sensibilidade erótica, entretanto, dependendo do nível da comunicação e

assertividade existente entre o casal, pode ser sugerido que o exercício dessa fase

seja realizado com roupas íntimas até que os níveis de cobrança de desempenho e

ansiedade estejam reduzidos, criando um ambiente propício à realização do exercício

sem as roupas íntimas. Para a continuidade do processo, na etapa seguinte, deve ser

analisado o nível de interação do casal e serem colhidas suas impressões positivas e

negativas da experiência que foram observadas na realização das tarefas solicitadas.

56

Para o desenvolvimento dessa etapa e tendo a etapa I transcorrido dentro do

esperado, o terapeuta deverá orientar o casal quanto ao funcionamento genital, sua

fisiologia e explanar sobre as sensibilidades existentes nas diversas áreas. Aqui serão

realizadas todas as tarefas sugeridas no foco sensorial I, acrescentando agora o toque

nos órgãos genitais, mas sem que se faça qualquer exigência quanto a continuidade

da atividade com objetivo de coito ou orgasmo. Os toques na vulva e pênis deve

transcorrer da mesma forma com que é realizada nas demais partes do corpo. A

estimulação dos órgãos genitais deve ser vagarosa, tendo como propósito redescobrir

o prazer e despertar e expressar sensações sexuais. Se em dado momento ocorrer

orgasmo, este deverá ser encarado como eventualidade, não um objetivo e dar

prosseguimento à tarefa até sua conclusão.

Temos então que a massagem é o veículo principal no desenvolvimento das

tarefas da focagem das sensações, estando presente tanto na etapa I como na etapa

II do foco sensorial. Sabemos também que a massagem intensifica o prazer quando

a ela associamos recursos sensoriais por propiciarem maior descontração, estimular

o prazer em sua realização e contribuir efetivamente para os resultados positivos que

se pretende. No caso em estudo, para a aplicação da técnica da focagem das

sensações podem ser utilizados vários cosméticos e produtos sensuais cujas

características auxiliam na percepção dos sentidos táteis, visuais, auditivos e olfativos.

No aprimoramento da percepção tátil, LoPiccolo (1992) acredita que “[...]

alguns gostam de massagear usando diferentes lubrificantes (óleos ou loções, por

exemplo) para modificar a fricção e a textura da massagem. Os óleos intensificam os

toques recebidos e aquecem a pele” (LOPICCOLO, 1992, p. 30). Por sua vez

Cavalcanti (2012) entende que “[...] o tato é, sem dúvida, um dos mais importantes

elementos da vida erótica. A própria relação sexual é um ato fundamentalmente tátil”

(CAVALCANTI & CAVALCANATI, 2012, p. 173). Portanto o prazer em dar e receber

a massagem, onde predominam as sensações táteis, podemos optar por uma linha

de cosméticos que inclui os óleos de massagem sensual, com opções de leve

aquecimento e que deslizam com facilidade, proporcionando maior desempenho e

durabilidade na massagem. Os lubrificantes são especialmente indicados para a

massagem das genitálias.

As velas de massagem sensual é uma proposta interessante porque ao

derreter se transforma num óleo, não queima a pele e tem uma temperatura agradável

e com fragrâncias marcantes. Já o mousse efervescente provoca sensações vibrantes

57

e há uma pequena explosão em suas partículas impulsionando os sentidos. Os géis

também são ótimas opções para quem não gosta da pele muito oleosa, o gel é tão

deslizante quanto o óleo, porém sem odor e sai com facilidade no banho. Os géis

beijáveis também podem ser utilizados na aplicação da técnica da focagem das

sensações, porém sua utilização se restringe às sensações de aquecimento que

proporcionam nas partes erógenas, não tendo aqui qualquer vínculo ou estímulo à

prática do sexo oral por não fazer parte da técnica. A proposta é aplica-lo nas áreas

erógenas e ao massagear assoprar suavemente, proporcionando para quem recebe

a massagem novas descobertas de sensações.

Os lubrificantes são produtos específicos que auxiliam na massagem dos

genitais e estão disponíveis em várias lojas de produtos eróticos e farmácias. Existem

inclusive lubrificantes que auxiliam na sequidão vaginal e tem os que promovem uma

agradável sensação de calor e de formigamento nos genitais. Uma outra opção para

utilização na genitália são os cosméticos com toque aveludado por proporcionarem

conforto e sem deixar a sensação de molhado. Esses produtos deixam a pele macia

e evita qualquer tipo de fissura.

Usar a criatividade para o momento da massagem é fundamental para o

desempenho ainda melhor da técnica da focagem das sensações. A visão pode ser

aguçada através da decoração do ambiente e em como o casal estará vestido. “A

percepção sensual do movimento, o vestuário e o adorno, a moldura estética do

ambiente – como cores e o grau de luminosidade – são impressões que facilitam a

ampliam as reações sexuais dos indivíduos” (CAVALCANTI & CAVALCANTI, 2012, p.

173). Como sugestão podem ser utilizadas as pétalas de rosas artificias e com aroma

para decoração do ambiente. As velas decorativas, em diversos formatos colaboram

para que o ambiente se torne harmonioso.

Dependendo da disfunção e/ou inequação sexual, onde existe elevado grau

de ansiedade, o terapeuta poderá determinar o uso de lingerie na realização da

primeira fase do foco sensorial. Neste caso a escolha das lingeries deve levar em

consideração o conforto, mas considerar também as questões da beleza e da atração

que essas peças proporcionam.

Podemos observar que o estímulo tátil é essencial na aplicação do foco

sensorial e sua importância fica evidente na forma com que os estímulos são

percebidos, tanto por quem recebe quanto por quem dá a massagem. Essa

estimulação prazerosa é consideravelmente ampliada na presença dos estímulos

58

visuais, que atuam como reforçadores do prazer proporcionado pelo foco sensorial.

Mas não é só o estimulo visual que funciona como reforçador na técnica do foco

sensorial. O olfato e a audição também desencadeiam respostas sensoriais de grande

importância no processo terapêutico.

Nessa linha temos as lembranças olfativas que despertam sensações, trazem

lembranças e também estimulam desejos. A maioria das pessoas tem suas emoções

despertadas positiva ou negativamente através dos odores. No caso do foco sensorial

é importante o par saber das preferências do outro para que o momento se torne

marcante para ambos. Muitas atividades da vida sexual evocam a memória olfativa e

tem papel significativo na atração ou na repulsa sexual das pessoas. Dessa forma “o

terapeuta pode propor ao casal que a técnica do Foco Sensorial possa ser iniciada

com um banho morno juntos, e usem perfume agradável ao outro, se assim

desejarem”. (CAVALCANTI & CAVALCANTI, 2012, P. 174). Além do que o ato de se

banhar juntos estimula a intimidade do casal por propiciar a desinibição,

principalmente nos casos que envolvem desejo sexual hipoativo por baixa autoestima.

Posição esta ratificada por LoPiccolo (1992) que considera que “uma boa forma de se

despir e ficar à vontade é tomar banho juntos. Abraçar-se debaixo da água morna e

ensaboar-se mutuamente são coisas que ajudam a descontrair e criar um clima

sensual” (LoPiccolo, 1992, p. 162).

Observa-se, portanto, a importância na escolha das essências, sabonetes,

espumas e sais para o banho. Os sabonetes líquidos sensuais proporcionam

sensações refrescantes em todo corpo, inclusive na genitália, tornando o ato de

banhar-se mais agradável. Após o banho, essências, aromatizadores de ambiente e

velas aromatizadas despertam sensações olfativas que tornam o ambiente agradável

e acolhedor. A memória olfativa dessa experiência sensorial desencadeará

lembranças marcantes no futuro.

Não podemos concluir a apresentação dos cosméticos e produtos sensuais

cujas propriedade auxiliam positivamente na descoberta de novas áreas erógenas e

evocam a percepção dos sentidos, sem mencionarmos a importância da percepção

auditiva no contexto da aplicação da técnica da focagem das sensações. Apesar de

não estar ligada a um cosmético ou produto sensual especifico, uma agradável música

ambiente contribui para o relaxamento e ao mesmo tempo ativa a memória auditiva

desse momento. Aqui é importante destacar que a escolha da música deve atender o

gosto de ambos para que o clima fique realmente agradável e acolhedor.

59

4.3 Ampliando a eficácia da Técnica da Focagem das Sensações

O desenvolvimento das tarefas do foco sensorial I e foco sensorial II baseiam-

se fundamentalmente na utilização da massagem como veículo para a redescoberta

do prazer mútuo. Com o propósito de ampliar a percepção dos estímulos dos sentidos,

permitir o desenvolvimento de novas áreas erógenas através da conscientização de

novas sensações, selecionamos, no item 4.2, sugestões de produtos e cosméticos

sensuais cujas características podem proporcionar a máxima satisfação possível,

respeitando-se as diferenças individuais, ampliando assim a eficácia da técnica da

focagem das sensações e consequente redução do tempo de terapia.

Em nosso corpo existem áreas que são particularmente sensíveis à

estimulação erótica (zonas erógenas). “No entanto não se pode deixar de lembrar

que toda a pele é erotízável; toda ela pode ganhar uma expressão sexual,

dependendo do momento em que o toque se realiza e da pessoa que o faz”

(CAVALCANTI & CAVALCANTI, 2012, p. 173). Regiões aparentemente neutras,

podem se erotizar a ponto de se ampliar as áreas de sensações prazerosas pelo

corpo.

Estamos acostumados a olhar a pele como um revestimento que

protege nosso mundo anatômico interior, uma espécie de limite entre

o ‘eu’ físico e o ambiente. Sem descurar essa finalidade, a pele é

também o meio que nos põe em contato sensitivo com o mundo

externo. Nosso corpo é provido de receptores táteis e, em função disso,

pode despertar impressões sensuais que causam prazer.

(CAVALCANTI & CAVALCANTI, 2012, p. 173)

Para manter a eficácia da massagem e facilitar sua aplicação por aqueles que

nunca a praticaram, sugere-se o material a seguir, de caráter meramente ilustrativo,

que visa orientar o passo a passo e facilitar a reprodução dos movimentos básicos

necessários à realização e evolução satisfatória da massagem. O material ora

apresentado é reprodução do livro Celebração do Sexo, de autoria de Douglas

Rosenau, com todos os direitos reservados para a Editora Hagnos Ltda.

Segundo Dr. Rosenau (2013), a massagem deve ser realizada em

movimentos ritmados, deslizando as mãos suavemente sobre a pele com diferentes

60

pressões. No desenvolvimento da técnica devem ser utilizados os cosméticos

apresentados no subtítulo 4.2. Ele também orienta sobre a “importância em se manter

um ritmo constante no qual você variará a pressão e a velocidade dos movimentos”

(ROSENAU, 2013 p.144).

As figuras 8 a 12 apresentam sugestões para a massagem de bruços.

Figura 8 – Massagem dorsal - Movimento em leque

Fonte: ROSENAU, Douglas. Celebração do Sexo, 2.ed., 2013, p. 145

Comece com suas mãos juntas e movimente-se para cima, aplicando pressão

com a palma das mãos e com os punhos enquanto se apoia no sentido do movimento.

Os movimentos devem ser de dentro para fora recomendando-se que seja preservado

nesse instante a coluna cervical. Caso o óleo se espalhe no ponto da coluna, tenha

perto uma pequena toalha para retirá-lo.

Figura 9 – Massagem dorsal – Movimento com polegares braço

Fonte: ROSENAU, Douglas. Celebração do Sexo, 2.ed., 2013, p. 147

61

O braço é uma região que não pode ser esquecida, pois conforme

mencionado toda estrutura da pele é erotizável e a sensibilidade de algumas pessoas

pode ser aflorada mais numa região que em outra. Exercendo pressão com um dos

polegares, movimente-o para cima e em leque para o lado, enquanto inicia o mesmo

movimento com outro polegar um pouco acima do primeiro, repetindo essa sequência

em direção à parte superior do braço. Evite elevar, puxar ou girar o braço.

Figura 10 – Massagem dorsal – Movimento de fricção

Fonte: ROSENAU, Douglas. Celebração do Sexo, 2.ed., 2013, p. 147

Segure a perna com as mãos posicionadas uma ao lado da outra e crie um

movimento de fricção, exercendo uma pressão firme e alternando o sentido do

movimento com as mãos.

Figura 11 – Massagem dorsal – Movimentos de compressão

Fonte: ROSENAU, Douglas. Celebração do Sexo, 2.ed., 2013, p. 148

62

Na região do glúteo, deslize uma das mãos, empurrando a área do corpo

contra a oura mão, exercendo pressão sobre ela. Interrompa o movimento: empurre a

área com a segunda mão, enquanto você repete o movimento com a primeira.

Comprima, aperte e libere ritmadamente enquanto alternadamente massageia com as

mãos.

Figura 12 – Massagem dorsal – Movimentos com polegares panturrilha

Fonte: ROSENAU, Douglas. Celebração do Sexo, 2.ed., 2013, p. 153

Segure o joelho com as duas mãos e, cuidadosamente, massageie-o com os

polegares, executando pequenos movimentos circulares para uma massagem

profunda. Tente o mesmo movimento na parte superior da coxa: comprima-a com as

mãos, acaricie levemente toda a extensão da perna e segure a batata da perna e

depois a coxa, por um minuto para concluir a massagem.

As figuras 13 a 17 apresentam sugestões para a massagem frontal.

Figura 13 – Massagem frontal – Movimentos alternados face

Fonte: ROSENAU, Douglas. Celebração do Sexo, 2.ed., 2013, p. 157

63

A face muitas vezes esquecida é uma área sensível. Com as mãos colocadas

sobre a face, massageie suavemente toda a área da face, alcançando o queixo, as

maçãs do rosto, abaixo do nariz, sobre a testa e olhos.

Figura 14 – Massagem frontal – em leque

Fonte: ROSENAU, Douglas. Celebração do Sexo, 2.ed., 2013, p. 156

Deitado de costas, posicione-se ajoelhado atrás da cabeça e coloque as suas

mãos no tórax, abaixo da clavícula. Comprima o tórax para baixo e então massageie

em forma de leque, trabalhando os músculos peitorais até os ombros; comprimindo

com os dedos, volte para os ombros e pescoço retornando para a posição inicial.

Repita novamente os movimentos.

Figura 15 – Massagem frontal – Toque passivo quadril

Fonte: ROSENAU, Douglas. Celebração do Sexo, 2.ed., 2013, p. 155

64

Com as mãos, segure o quadril de modo que possa gentilmente pressionar a

região do abdômen com a ponta de seus dedos. Com os dedos posicionados nas

costas em contado com a coluna vertebral, exerça uma leve pressão para cima,

retorne ao abdômen e gentilmente comprima, alivie e comprima novamente.

Figura 16 - Massagem frontal – Movimentos com polegares pernas

Fonte: ROSENAU, Douglas. Celebração do Sexo, 2.ed., 2013, p. 153

Inicie a massagem no tornozelo da perna esquerda e utilize um movimento

alternado, subindo em direção à coxa. Em seguida, repita o movimento na perna

direita. Agora com a ponta dos dedos de uma das mãos posicionada sobre a batata

da perna, aplique movimentos de compressão e fricção alternados enquanto você

massageia até a coxa.

Figura 17 – Massagem frontal – Toque passivo pés

Fonte: ROSENAU, Douglas. Celebração do Sexo, 2.ed., 2013, p. 152

65

Com uma das mãos segure o tornozelo, liberando a outra mão para manipular

e trabalhar o pé. Com essa mão livre aplique pressão com os dedos em vários pontos

do peito e planta do pé.

Uma dica importante, no momento da aplicação do gel ou outro cosmético de

massagem, é a preservação das zonas erógenas, ou seja, não passar esses produtos

nessas partes, lembrando que essa dica vale para ambos. Estando de bruços, as

partes a serem preservadas são: atrás da orelha, pescoço, coluna cervical, atrás do

joelho, entre as coxas. Na frente: pescoço, mamilo, virilha e entre as coxas. A

sugestão aqui é, uma vez feita a massagem e tendo preservado as zonas erógenas,

deve-se iniciar a aplicação dos géis comestíveis, que devem ser suavemente

aplicados com as pontas dos dedos e, em seguida, com os lábios quase tocando a

pele, assoprar suavemente toda a área. Apesar da aproximação dos lábios com a pele

e o gel ser comestível, deve-se ter em mente que no contexto dessa massagem, este

gel não poderá ser lambido. Na técnica da focagem das sensações não se aplica as

sensações relativas ao paladar, conforme mencionado no subtítulo 4.2. A utilização

dos géis comestíveis na massagem do foco sensorial visa explorar as sensações

térmicas produzidas por esses produtos e que será muito estimulante para quem

estiver recebendo a massagem.

Durante todo o desenvolvimento da massagem, o foco da atenção de ambos,

deve estar voltado para as sensações de dar e receber. Quem está dando a

massagem deve se voltar para o prazer sensorial que está proporcionando em quem

a está recebendo e o receptor, ou seja, quem está recebendo a massagem, deve estar

com seu foco voltado para a descoberta de novas sensações, que podem ser

agradáveis ou desagradáveis. Essas sensações devem ser compartilhadas com o

doador para que ele possa intensificar ou modificar os movimentos, preservando ou

explorando as áreas que estão sendo massageadas.

Além de proporcionar o autoconhecimento de seu corpo e com isso facilitar o

desenvolvimento da autoimagem, o foco sensorial permite ao casal descobrir uma

forma prazerosa de prática sexual que não esteja envolvida diretamente com o coito

e necessidade de orgasmo.

66

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados deste trabalho demonstram a importância da terapia sexual no

tratamento dos distúrbios sexuais, notadamente das inadequações sexuais e das

disfunções sexuais, através de uma abordagem ampla do contexto da sexualidade e

a extensão dos aspectos biológicos, psicológicos e sociais no desenvolvimento do

ciclo de resposta sexual e os bloqueios que ocorrem em suas fases, resultantes das

manifestações psicofisiológicas associadas às disfunções sexuais.

Através da aplicação de técnicas gerais e específicas fundamentadas nos

norteadores da saúde sexual preconizadas pela Organização Mundial da Saúde, que

entende ser a saúde sexual fundamental para a saúde física, emocional e o bem-estar

de todos, indivíduos ou casais, o terapeuta sexual desenvolve um planejamento

terapêutico cuja característica breve e focal, considera a resolução do problema no

menor tempo possível, respeitando-se a natureza de cada caso e o envolvimento do

cliente.

Concentrando os estudos nas inadequações e disfunções sexuais

apresentadas em casais que mantenham relacionamentos, especialmente de longa

data, resultantes da diminuição ou perda da apetência sexual por habituação, este

trabalho analisou a eficácia da aplicação da técnica da focagem das sensações por

ser considerada uma das técnicas mais bem fundamentadas da terapia sexual. Como

tratamento terapêutico voltado para a recuperação dos estímulos sensoriais

obscurecidos ao longo do tempo, esta técnica se utiliza de um conjunto de estruturas

e processos existentes em nosso corpo (sistema sensorial) que são responsáveis pela

captação e processamento dos estímulos recebidos do ambiente, tornando-se

possível restabelecer a cadeia de sentimentos e emoções para então reconstruir os

padrões cognitivos de avaliação do ambiente e de si próprio.

O desenvolvimento da técnica se dá através de uma massagem por todo o

corpo e onde devem ser exploradas todas as sensações. Nessa oportunidade o

terapeuta desenvolve um processo de educação e esclarecimento sexual. Temos

então que a massagem é o veículo principal no desenvolvimento das tarefas da

focagem das sensações, que é realizada em duas etapas. Observa-se também que a

massagem intensifica o prazer quando a ela são associados recursos sensoriais que

67

propiciem maior descontração e estímulo em sua realização de formas a contribuir

efetivamente para os resultados positivos que se pretende.

Além da identificação, necessária para o entendimento das características da

aplicação da técnica da focagem das sensações, observa-se que o estímulo tátil é

essencial na aplicação nesse processo e sua importância fica evidente na forma com

que os estímulos são percebidos, tanto por quem recebe quanto por quem dá a

massagem. Essa estimulação prazerosa é consideravelmente ampliada na presença

dos estímulos visuais, que atuam como reforçadores do prazer proporcionado pelo

foco sensorial. Mas não é só o estimulo visual que funciona como reforçador na

técnica do foco sensorial. O olfato e a audição também desencadeiam respostas

sensoriais de grande importância no processo terapêutico.

Com base nos objetivos e problema de pesquisa do presente trabalho temos

que a utilização dos cosméticos e produtos sensuais na técnica de focagem das

sensações se apesenta como veículo facilitador da intensificação dos estímulos

sensoriais visto que o desenvolvimento das percepções somestésicas, daí

resultantes, propicia a criação de memórias sensoriais positivas que agregam

potencial renovador na convivência conjugal, despertando um profundo senso de

cumplicidade e companheirismo e estabelecendo uma comunicação íntima capaz de

renovar e fortalecer os laços de intimidade e convívio com uma sexualidade

prazerosa. Tem-se, portanto, que a proposição da inserção dos cosméticos e produtos

sensuais na técnica de focagem das sensações na terapia sexual, apresentada neste

estudo, se demonstra favorável mediante a ampliação da eficácia da técnica pela

intensificação do desenvolvimento da experiência sensorial e erótica do casal.

68

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