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FACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA FESP CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO LEONARDO MADRUGA VIÉGAS GOMES PRINCIPAIS ASPECTOS JURÍDICOS DA ATIVIDADE POLICIAL SOB A LUZ DOS DIREITOS HUMANOS CABEDELO - PB 2015

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FACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA – FESP CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

LEONARDO MADRUGA VIÉGAS GOMES

PRINCIPAIS ASPECTOS JURÍDICOS DA ATIVIDADE POLICIAL SOB A LUZ DOS DIREITOS HUMANOS

CABEDELO - PB 2015

LEONARDO MADRUGA VIÉGAS GOMES

PRINCIPAIS ASPECTOS JURÍDICOS DA ATIVIDADE POLICIAL SOB A LUZ DOS DIREITOS HUMANOS

Trabalho de Conclusão de curso em forma de Artigo Científico apresentado a Coordenação do Curso de Bacharelado em Direito pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba – FESP como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito.

Área: Direito Penal Orientador: Prof. Esp. Ricardo Servulo Fonseca da Costa

CABEDELO - PB 2015

LEONARDO MADRUGA VIÉGAS GOMES

PRINCIPAIS ASPECTOS JURÍDICOS DA ATIVIDADE POLICIAL SOB A LUZ DOS

DIREITOS HUMANOS

Artigo Científico apresentado à Banca Examinadora de Artigos Científicos da Faculdade Superior da Paraíba – FESP, como exigência para obtenção do grau de Bacharel em Direito.

APROVADO EM _____/_______2015

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________ Prof. Esp. Ricardo Servulo Fonseca da Costa

ORIENTADOR- FESP

___________________________________________ Prof.a Ms. Juliana Porto Vieira

MEMBRO- FESP

___________________________________________ Prof. Dr. Rogério Moreira de Almeida

MEMBRO- FESP

Este trabalho é dedicado às pessoas que sempre estiveram ao meu

lado pelos caminhos da vida, me acompanhando, apoiando e

principalmente acreditando em mim: Meus pais Alcebíades e Adriana.

Dedico também a duas pessoas que sempre foram e serão exemplos

de caráter e dignidade, sempre presentes na minha vida: Meus avós

Aliete, Viégas (in memorian) “tenho certeza que de onde você estiver

você está feliz assim como nós. Você permanecerá eternamente em

nossas lembranças e, principalmente em nossos corações”.

Vocês são muito especiais para mim. Amo muito todos vocês!

AGRADECIMENTOS

Durante estes cinco últimos anos muitas pessoas participaram da minha vida.

Algumas já de longas datas, outras mais recentemente. Dentre estas pessoas

algumas se tornaram muito especiais, cada uma ao seu modo, seja academicamente

ou pessoalmente; e seria difícil não as mencionar.

A meu orientador que dedicou muito do seu tempo me orientando, embora tivesse

outros interesses a resolver. Obrigado pelos ensinamentos, atenção, amizade e

dedicação ao longo deste período.

A todos os meus professores que são os maiores responsáveis por eu estar

concluindo esta etapa da minha vida, compartilhando a cada dia os seus

conhecimentos conosco.

Aos meus colegas de turma que, além de se tornarem amigos me ensinaram a

conviver com pessoas diferentes a mim.

Aos meus pais e avós que, acreditando em mim, financiaram esta minha etapa.

Obrigada a todos vocês por participarem desta minha etapa, pois direta, ou

indiretamente me fizeram crescer, tanto pessoalmente como profissionalmente.

SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................... 7

2 OS DIREITOS HUMANOS ......................................................................................... 9

3 O PODER DE POLÍCIA ........................................................................................... 12

3.1 ATO ADMINISTRATIVO .......................................................................................... 13

3.2 ABUSO DE AUTORIDADE ...................................................................................... 14

4 A ABORDAGEM POLICIAL .................................................................................... 15

4.1 A BUSCA PESSOAL ................................................................................................ 17

4.2 FUNDADA SUSPEITA ............................................................................................. 18

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 20

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 21

7

PRINCIPAIS ASPECTOS JURÍDICOS DA ATIVIDADE POLICIAL SOB A LUZ DOS

DIREITOS HUMANOS

Leonardo Madruga Viegas Gomes* Ricardo Servulo Fonseca da Costa**

RESUMO

Neste trabalho busca discutir sobre os aspectos jurídicos da atividade policial só que sobre a égide dos direitos humanos. Sabe-se que nos dias atuais esses direitos no Brasil quase não são respeitados pelos policiais, muitos chegam até a acreditar que tais direitos servem apenas para proteger os marginais. Entretanto, nem todos têm conhecimento que os direitos humanos é algo discutido constantemente no cenário internacional. Desta forma, este trabalho utilizou-se da revisão bibliográfica como a metodologia principal, dessa forma foram considerados apenas textos com até seis anos de publicados. Logo, foi discutido uma gama de assuntos como o poder de polícia, a abordagem policial, fundada suspeita, dentre outras temáticas. Pode-se concluir que por um longo tempo os direitos humanos com a atividade policial quase não têm dialogado entre si. Uma vez que, por muitas vezes tais direitos não são respeitados nas atividades policiais.

Palavras-chave: Direitos Humanos. Policial. Abordagem Policial.

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Com o passar dos anos surgiu a necessidade da constituição de princípios e

padrões de conduta perante a condição social do homem e isso acaba tornando-se

elementos indispensáveis nos processos da convivência social. Assim, no perdurar

da história da humanidade todas as civilizações estabeleceram diferentes sistemas

de normas sociais com o intuito de estabelecer padrões de relações humanas e

comportamentos sociais.

Desta forma, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é datada de 10 de

dezembro de 1948 possui 30 artigos, e neles discutem os valores éticos básicos

norteadores no processo de obtenção dos Direitos Humanos. A Segurança Pública nunca foi antes tão debatida no Brasil, momento em que

o Estado Democrático de Direito estabiliza-se, surge à necessidade de uma nova

dimensão entre o Estado, Polícia e Sociedade em defesa dos direitos e garantias

individuais, difusos ou coletivos daí surge o agente público policial como promotor dos

* Aluno concluinte do Curso de Bacharelado em Direito da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba -

FESP, semestre 2015.2, e-mail: [email protected] ** Professor FESP.

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direitos humanos condicionado a adequar suas ações aos princípios da legalidade,

necessidade, conveniência, proporcionalidade, ética.

Vale salientar que o processo de estruturação dos direitos do homem teve a

sua gênese no século XVIII, foi nesse período que erigiu - se o Estado de Direitos, e

trouxe consigo os movimentos constitucionalistas. Concomitantemente, com a

promulgação da Constituição Federal de 1988, que é vulgarmente conhecida como a

constituição cidadã, através dela tentou-se resgatar o processo de democratização

que foi atravancado na ditadura militar e, que consequentemente fez valer os direitos

dos cidadãos que até então eram negligenciados. Partindo desse contexto, existem

poucas pesquisas que busquem discutir a integração dos direitos humanos na

atividade policial, entretanto tal estudo é extremamente necessário, pois auxilia a

modificar o histórico de violência em sua atuação.

Logo, buscando por esse amoldamento, nos dias atuais os planos de ensino

das academias de polícia começaram a inserir em suas propostas disciplinas

relacionadas à importância dos direitos humanos na atividade policial. Esse

procedimento tem como escopo, a reflexão desses profissionais, os quais através da

produção científica sobre o tema conscientizem-se que é indispensável que exista

uma adequação do seu trabalho à defesa e respeito aos direitos fundamentais do

cidadão.

Esse contexto é sentido nitidamente na área da Segurança Pública, visto que

as polícias tratam com dois bens fundamentais sejam a vida e a liberdade dos

cidadãos, além de ter que restringir ou limitar o exercício dos direitos fundamentais

mesmo que momentaneamente em nome da coletividade, essas ações encontram

amparo no ordenamento jurídico, pois visam proteção do interesse público

representado pela manutenção da ordem pública e da paz social em detrimento do

interesse individual.

A atividade policial com nítida natureza de ato administrativo, as diversas

formas de controle da administração pública, o regramento da responsabilidade

objetiva do Estado, a exigência de concursos públicos para investidura no cargo ou

emprego público traduz uma importante forma de prestar um serviço de qualidade

revestido de todos os princípios do caput do artigo 37, da Constituição Federal de

1988, são eles: Probidade, necessidade, conveniência, proporcionalidade, legalidade,

publicidade e entre outros.

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Considerando a importância do tema e o enfoque dado a diversos setores da

sociedade em relação ao assunto, o presente trabalho de pesquisa bibliográfica

tentará responder questões fáticas que por muitas vezes não encontraríamos

resposta na doutrina tradicional respeitando, contudo a dignidade da pessoa humana,

analisando as poucas publicações existentes e as instruções dadas pela Secretaria

Nacional de Segurança Pública aos profissionais da área, reunindo assim informações

importantes de segurança pública para consulta da sociedade em geral.

2 OS DIREITOS HUMANOS

Bobbio (2012) afirma que os direitos humanos são categorias construídas

histórica e culturalmente, de modo que, além de não nascerem “todos de uma vez e

nem de uma vez por todas”, nascem em – e para – determinados contextos culturais.

Tal declaração surgiu:

Somente após a Segunda Guerra Mundial, a qual envolveu várias nações e causou prejuízos mundiais; os Direitos Humanos se firmaram e obtiveram reconhecimento pleno, pois o quadro de destruição deixado pela guerra despertou na humanidade a necessidade de se frear esse tipo de disputas. Sensibilizadas com as atrocidades das guerras, as nações mundiais decidiram fundar a Organização das Nações Unidas (ONU), e m junho de 1945, foi assinada a Carta das Nações Unidas, a qual declara como objetivo principal: “preservar as próximas gerações do sofrimento da guerra e reafirmar os direitos fundamentais do homem (BORGES, 2013, p.3).

Todavia, para alguns países o reconhecimento universal pode ser maléfico,

pois existe uma enorme variedade cultural no mundo. Sendo assim, alguns artigos ou

alíneas da Declaração dos Direitos Humanos podem não serem usados em alguns

Estados, por possuírem culturas e costumes diferentes, do que daqueles que

formularam a declaração.

Quando surge a Organização das Nações Unidas em 1945 e com esta a

Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, o processo de

internacionalização dos direitos humanos começa a se desenvolver. Com a

Declaração de Direitos Humanos, surgem numerosos tratados internacionais. De

acordo com Piovesan (2012, p. 141):

A necessidade de uma ação internacional mais eficaz para a proteção dos direitos impulsionou o processo de internacionalização desses direitos,

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culminando na criação da sistemática normativa de proteção internacional, que faz possível a responsabilização do Estado no domínio internacional, quando as instituições nacionais se mostram falhas ou omissas na tarefa de proteção dos direitos humanos.

A universalização dos direitos humanos, de acordo com o projeto esboçado

entre 1947 e 1948 pela Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, possuía

três etapas: a primeira seria a elaboração de uma declaração universal de direitos

humanos, logo após seria criado documentos jurídicos vinculantes e, por último, a

adoção de medidas de implementação. O objetivo era constituir uma Carta

Internacional de Direitos, que incidiria, de acordo com as seguintes etapas: a primeira

é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a segunda é o Pacto Internacional

de Diretos Civis e Políticos e no Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais

e Culturais e por fim é o protocolo adicional ao Pacto de Direitos Civis e Políticos.

Logo, a universalidade dos direitos humanos foi consolidada pela primeira vez

com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Resolução n. 217

A (III), da Assembleia Geral das Nações Unidas, em dezembro de 1948:

A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal

comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o

objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em

mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por

promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas

progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu

reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os

povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios

sob sua jurisdição. (Carta de Declaração dos Direitos Humanos). (Grifo

nosso)

Sendo assim, a Declaração dos Direitos Humanos possui três pilares, que é a

igualdade, a fraternidade e a liberdade. De acordo com da Declaração universal dos

Direitos Humanos, a igualdade é essencial ao ser humano, independente das

diferenças tanto de ordem biológica quanto culturais. A liberdade, compreende tanto

a dimensão política quanto individual, de acordo com a Declaração Universal de

Direitos Humanos. Já a fraternidade, está ligada aos direitos sociais e econômicos.

De forma geral:

Direitos humanos são derivados da dignidade e do valor inerente à pessoa humana, tais direitos são universais, inalienáveis e igualitários. Em outras

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palavras eles são inerentes a cada ser humano, não podem ser tirados ou alienados por qualquer pessoa; sendo destinados e aplicados a qualquer indivíduo em igual medida – independente do critério de raça, cor, sexo, idioma, religião, política ou outro tipo de opinião, nacionalidade ou origem social, propriedades, nascimento ou outro status qualquer (BORGES, 2013, p.2).

É indispensável salientar que apenas em 1948 com a aprovação da Declaração

Universal dos Direitos do Homem, que tem como escopo a dignidade da pessoa

humana. Isso fez com que a ideia e promoção dos direitos humanos aumentassem

com o tempo e acabou surgindo os referidos pactos e convenções.

No ano de 1966 de acordo com os princípios que foram aclamados na Carta

das Nações Unidas foram instituídos: o Pacto Internacional dos Direitos Civis e

políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Esses

buscam assegurar o respeito à integridade física e a dignidade da pessoa humana,

consequentemente acabou coibindo a prática de tortura e execuções que não são

levadas à justiça.

Enquanto isso:

No Brasil, a ditadura militar, instalada no ano de 1964 vigorando até 1984, foi um marco de desrespeito aos Direitos Humanos. O período da ditadura foi marcado por torturas de todo tipo e responsável pelo desaparecimento de muitas pessoas. Todas as classes sociais sofreram violação e restrição de Direitos. O Brasil se efetivou como um país democrático de direito após a promulgação da Constituição Federal de 1988. Também chamada de Constituição Cidadã por contar com garantias e direitos fundamentais que reforçam a ideia de um país livre e pautado na valorização do ser humano. Com a ruptura do antigo sistema ditatorial o Estado tinha a necessidade de resgatar a importância dos direitos do homem que tinham sido negligenciados até então. Porquanto, desde 1948 havia-se erigido a Declaração Internacional dos Direitos Humanos, no mundo (BORGES, 2013, p.3)

No que tange a Carta Magna do Brasil, o artigo 1° assegura a ideia de que

vivemos em um Estado Democrático de Direito sob a égide da ideia da cidadania e

dignidade da pessoa humana. Vale salientar que o Brasil é signatário de uma gama

de Tratados Internacionais referente a proteção dos Direitos Humanos,

consequentemente tem suas relações internacionais a garantia dos direitos humanos.

Os padrões internacionais de direitos humanos têm o objetivo de prevenir que as pessoas se tornem vítimas desse abuso, assegurá-las e protegê-las caso isto aconteça. Em alguns casos a violação desses direitos, são atos criminosos por si só – tortura, por exemplo, e execuções ilegais por funcionários do Estado (BORGES, 2013, p.4).

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Não diferente dos demais, os criminosos também têm direitos humanos, como

por exemplo, um julgamento justo e a um tratamento mais humanizado enquanto

estão detidos. Mas, os policiais quando estão investigando um crime, é indispensável

que seja lembrado que estão lidando com suspeitos e não com pessoas já

condenadas. Mesmo que um policial acredite que a pessoa realmente cometeu o

crime, apenas a justiça pode dizer que a pessoa culpada. Ou seja, este é um elemento

indispensável para que exista um julgamento justo, tudo isso para tentar prevenir que

pessoas inocentes sejam condenadas por crimes que não cometeram.

3 O PODER DE POLÍCIA

Boni (2010) afirma que a polícia tem o poder de garantir os direitos e a

segurança de uma determinada população. Pois, o ideal é que este busque viver de

uma forma pacífica com a população a qual serve. Assim,

Ao passo que o Estado deve garantir os direitos individuais e coletivos, de maneira cidadã; dispõe do poder de polícia, como instrumento da autoridade do Estado e do próprio povo, respaldado no interesse público e nas disposições legais que se enquadrem ao caso em concreto, servindo para mediação de conflitos, para a prevenção e repressão dos ilícitos, e de modo geral e amplo para assegurar a tranquilidade, a segurança, e a salubridade pública, contra quaisquer ameaças à ordem pública, notadamente quando existem direitos conflitantes (BONI, 2010, p. 632).

Enquanto isso, Di Pietro (2013) afirma que, de acordo com o conceito moderno,

adotado pelo direito brasileiro, o poder de polícia pode ser considerado como uma

atividade do Estado que consiste em limitar o exercício dos direitos individuais

buscando sempre beneficiar o interesse público.

No que tange ao poder de polícia Mello (2009) acredita que tal poder acaba

limitando o exercício da liberdade e da propriedade para que eles estejam endentados

com a utilidade coletiva, com o intuito de não provocar um óbice a realização dos

objetivos públicos. Consequentemente, o autor citado anteriormente critica esse

poder veementemente, pois esse poder seria inconcebível no Estado de Direito. Logo:

[...] a expressão “poder de polícia” traz consigo a evolução de uma época pretérita, a do “Estado de Polícia”, que precedeu ao Estado de Direito. Traz consigo a suposição de prerrogativas existentes em prol do “príncipe” e que se faz comunicar inadvertidamente ao Poder Executivo. Em suma: raciocina-

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se como se existisse uma “natural” titularidade de poderes em prol da Administração e como se dela emanasse intrinsecamente, fruto de um abstrato “poder de polícia”. Daí imaginar-se algumas vezes, e de modo mais ingênuo, que tal ou qual providência – mesmo carente de supedâneo em lei que a preveja – pode ser tomada pelo Executivo por ser manifestação de “poder de polícia”. (MELLO, 2009, p. 717)

Em suma, é indispensável que seja focada a ideia de que a atuação policial-

militar, é para buscar preservar a ordem pública assim como a ideia de polícia

ostensiva de segurança, de acordo com o que é descrito na constituição.

3.1 ATO ADMINISTRATIVO

De forma geral “o ato administrativo é um ato praticado como manifestação da

vontade do Estado, que cumpre os ditames legais, visando produzir efeitos jurídicos

para atingir o interesse público” (LIMA, 2014, p. 14). Ou seja, pode-se afirmar que o

ato administrativo ele sempre tem que seguir os preceitos legais, entretanto a

finalidade principal é o interesse público. Assim:

Declaração unilateral do Estado (ou de quem lhe faça às vezes), no exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de legitimidade por órgão jurisdicional. (MELLO, 2009, p. 380)

Ou seja, é sabido que aquele profissional que trabalha para a segurança

pública ele é um agente do Estado. Desta forma, este deve embasar as suas ações

no interesse público, consequentemente, deve praticar as suas ações dentro da

legalidade. Pode-se afirmar que:

Os atos administrativos possuem certas características que os definem e os fazem essenciais, pois são provenientes da administração pública. Os atributos prestigiam a ação do Poder Público sobre o particular. A presunção de legitimidade é um desses atributos, e presume que todo ato praticado pela administração pública está em conformidade com a lei, cabendo a pessoa que se sentir prejudicada demonstrar sua ilegalidade. A qualidade pela qual os atos administrativos se impõem aos administrados, independe de sua concordância ou anuência é chamada de imperatividade. Em virtude desse atributo, o ato administrativo é coercitivo e impõe obrigações a seu destinatário, a esse caberá cumprir o que lhe for determinado, já que aqui se evidencia o interesse público em detrimento do interesse particular (LIMA, 2014, p. 34).

Assim, a autoexecutoriedade acaba possibilitando que o Poder Público se

manifeste sem nenhuma autorização previa do Poder Judiciário. Lima (2014) afirma

14

que o ato administrativo possui alguns elementos que são indispensáveis para a sua

existência. Pois, os atos devem ser estruturados da seguinte forma: sujeito, objeto,

forma, finalidade e motivo. Logo:

Um ato administrativo somente pode ser realizado caso haja previsão legal, em respeito ao princípio da legalidade, desta forma surge assim um sujeito legalmente constituído para a realização do ato. O objeto do ato também chamado conteúdo é o resultado prático do ato, é aquilo que ele produz. A forma é como ato é externado, necessitando ser integralmente seguida caso exista forma específica determinada pela norma. A finalidade refere-se ao resultado específico que cada ato deve produzir. Não existe ato administrativo sem fim público, a finalidade é elemento vinculado de todo ato administrativo. (LIMA, 2014, p. 43).

Em suma, o objetivo da abordagem é preservação ou a restauração da ordem

pública. Já que ao pratica-lo o policial tem que visar a Segurança Pública e não o

interesse próprio. Ou seja, o policial “que abordar aleatoriamente, incorre em desvio

de finalidade, sujeito a Lei de Abuso de Autoridade, e ainda, o ato poderá ser

declarado nulo, em tese, por não possuir todos os seus elementos” (LIMA, 2014, p.45).

3.2 ABUSO DE AUTORIDADE

O agente público tem a responsabilidade de enorme por causa das suas

atribuições que são delegadas pelo Estado. Por óbvio, as consequências acabam

influenciando diretamente na vida da população. Assim, toda ação realizada por um

agente público deve ser de acordo com a lei. Caso não esteja de acordo com a lei

configura-se a probabilidade de invalidação do ato e atinente responsabilização legal

do executor do ato. O tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul decidiu que:

RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO. DANOMORAL. ABUSO DE PODER DA AUTORIDADE POLICIAL. APREENSÃO DE VEÍCULO LEGITIMIDADE ATIVA. O autor postula indenização por danos decorrentes da apreensão indevida de veículos que estavam sob sua responsabilidade, na condição de fiel depositário. Postulação de direito próprio. Legitimidade ativa reconhecida. Sentença desconstituída. Apelação provida. (5TJRS, AC 70050824937 RS, Rel. Marcelo Cezar Muller, Décima Câmara Cível, Julgado em 13.12.2012, Dje 07.02.2013, p. 122.)

Ou seja, o servidor público sempre tem que praticar os seus atos pensando no

bem-estar da população e não em si. Abaixo, pode-se perceber um exemplo de abuso

de poder:

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A retenção de alguém em algum lugar, a pretexto de verificar sua identidade e saber se é pessoa procurada pela Justiça ou autor de algum delito, que esteja em fuga, por exemplo, pode ser crime de abuso de autoridade ou configurar o mero exercício do poder de polícia legítimo do Estado. Por isso, é fator fundamental a análise do elemento subjetivo específico (vontade de abusar do poder). É natural que a polícia possa deter pessoas embriagadas, em atitudes escandalosas, bem como pessoas com distúrbios mentais ou mesmo vândalos que buscam destruir coisas públicas ou privadas, entre outras. Porém, se fizerem com o intuito de fazer cessar a situação anômala, pelo tempo necessário ao retorno à tranquilidade, estamos diante do correto exercício do poder estatal. Exemplo: a retirada, pelo agente policial, de um bêbado de um restaurante, à força, por estar perturbando outros clientes, encaminhando-o a casa ou outro local, até que se acalme, não configura atentado à liberdade de locomoção. É lógico que pode haver autuação em flagrante por algum delito que tenha cometido, inclusive pela contravenção de embriaguez (art.61, Lei 3.688/41), embora, em muitos casos, seja suficiente afastar o indivíduo de determinado lugar para acabar com a perturbação à ordem pública. Tal conduta é salutar, privilegia o direito penal de intervenção mínima e não pode ser considerado abuso de autoridade. Por outro lado, buscando um criminoso, procurado pela Justiça, pode o agente policial, desconfiado de alguém exigir-lhe os documentos pessoais, com o fim de atestar se se trata da pessoa visada. Para tanto, algum tempo o indivíduo haverá de ficar detido, no lugar onde foi abordado, para a confirmação de sua identidade. Havendo bom senso – e ausência de vontade de abusar do poder – cuida-se de ato de polícia do Estado. No mais, se for obrigado a permanecer por horas a fio em determinado local, apesar de ter-se identificado, a situação de abuso pode emergir. A consideração, pois, deste tipo penal depende do caso concreto (NUCCI, 2010, p. 43).

Na doutrina podemos encontrar duas formas de usurpar do poder que é

atribuído a administração. Pois, "inicialmente, o excesso de poder que está ligado ao

vício de competência, isto é, o agente com a regular atribuição para realizar um ato,

vai além do que lhe é atribuído em lei, extrapolando sua competência” (LIMA, 2014,

p.45). Tudo isso faz com que seja constituído um ato contrário a lei e isso faz com que

exista a possibilidade de anulação e em alguns casos pode chegar a ser abuso de

autoridade.

Ficou nítido na decisão acima que foi caracterizado abuso de poder, e serviu

apenas para exemplificar que é algo totalmente recorrente no Brasil. Mas, o cidadão

quando perceber que está sofrendo algum tipo de abuso de poder deve denunciar as

autoridades competentes.

4 A ABORDAGEM POLICIAL

De forma geral a abordagem policial é algo totalmente rotineiro e constante na

relação com a população. Assim:

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A abordagem policial pode ser compreendida como atividade material desempenhada pelas autoridades legalmente investidas nas funções públicas e dotadas de competência para a ação preventiva e repressiva, com fundamento no poder de polícia, visando à preservação da ordem pública (BONI, 2010, p. 639).

Mesmo sendo algo totalmente legal e previsto na lei é uma situação nada

agradável. Logo, é compreensível que em uma abordagem policial um cidadão sinta-

se ofendido. Só que de acordo com o Manual Básico de Técnicas Operacionais

Policiais da Academia Nacional de Polícia (2006), normalmente a abordagem é

utilizada em averiguações, como por exemplo uma prisão em flagrante. De forma geral

a abordagem é quando existe uma aproximação e domínio de pessoas, veículos ou

edificações. Pode-se afirmar que:

A abordagem pessoal é realizada a partir do surgimento de fundadas suspeitas, flagrante delito ou cumprimento de mandado de prisão, sendo a ação policial direcionada a uma ou mais pessoas. Ela tem por objetivo levantar subsídios para uma investigação policial em curso ou atender às circunstâncias de momento. Durante a sua realização poderá resultar em prisão em flagrante, caso seja encontrado com a pessoa abordada material de origem ilícita, ou em termo circunstanciado em decorrência de desacato, desobediência e resistência (MEDEIROS, 2010, p. 55).

O mesmo autor complementa que a abordagem policial pode acontecer em

veículos com o intuito de interceptá-los para poder vistoriá-los. Esse tipo de

abordagem tem como intenção verificar se existe alguma atividade delituosa e realizar

prisões. Popularmente tais operações policiais são denominadas como “blitz”.

Vale salientar que a partir do momento que a abordagem policial não constitua

um abuso de poder, pois, este não pode restringir o direito de ir e vir das pessoas.

Assim,

Os agentes policiais devem compenetrar-se de que se usam a força na estrita medida da necessidade, pena de descambar para a arbitrariedade violenta e agressão, que não se confunde com discricionariedade. Assim, responde por abuso de autoridade o policial que, a pretexto injustificado, detém alguém mediante emprego de força física e agressões, máxime porque, embora possa o agente da lei, nas hipóteses legais, suprimir a liberdade do cidadão, impõe-se o respeito à incolumidade física e às condições primárias de vida do detido. (TACRIM-SP- AC - Rel. Geraldo Gomes- JUTACRIM 44/425).

É indispensável salientar que um policial não pode manter uma pessoa detida

por um prazo superior aos tramites legais consequentemente, tem que prezar pela

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integridade física do suspeito. Na lei Brasileira, a abordagem policial está prevista nos

artigos 1º e 5º, nos incisos III, XV e LVII da nossa Carta Magna como pode ser

observado in verbis:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania

III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. [...] Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; [...] LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; [...] (BRASIL, 1988).

Em suma, o agente policial só poderá atuar mediante aos princípios jurídicos e

éticos que irão guiar a atividade pública. Logo, essa atuação só será considerada

legítima, a partir do momento que é os princípios da razoabilidade, da

proporcionalidade e da legalidade, uma vez que na atividade pública não há liberdade

de atuação, mas sim vinculação à lei.

4.1 A BUSCA PESSOAL

A busca em pessoas, em veículos e em domicílios é uma constante na

atividade policial. No entanto, não se admitirá que ela seja arbitrária ou desnecessária.

O Código de Processo Penal brasileiro especifica duas modalidades de busca: a

domiciliar e a pessoal, in verbis:

Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. § 1º Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:

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a) prender criminosos; b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos; d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso; e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu; f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato; g) apreender pessoas vítimas de crimes; h) colher qualquer elemento de convicção. § 2° Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.

Sabe-se que no Brasil a abordagem policial fundamenta-se no artigo 244 do

Código de Processo Penal. Assim, sempre que um policial aborda, trabalha com a

ideia da fundada suspeita partindo da ideia que uma pessoa possa a vir contravier ou

já ter contravindo alguma lei. Logo:

A busca pessoal tem natureza preventiva quando realizada por iniciativa policial na atividade de preservação da ordem pública, nesse sentido, a busca pessoal realizada pela Polícia Militar tem natureza preventiva quando realizada antes da efetiva constatação do ato delituoso e constitui ato legitimado pelo exercício do poder de polícia. Se realizada após o ato infracional, ainda que em consequência de busca preventiva, também se busca a obtenção de objetos necessários ou relevantes à prova da infração (de crime ou contravenção), ou a defesa do réu (alínea "e", do § 1º, do art. 240 do CPP) (ARAÚJO, 2008, p. 37).

Observamos, portanto, que os dispositivos legais previstos no Código Penal

Civil não são suficientes para convalidar todas as configurações de abordagem e

busca pessoal realizada pela Polícia Militar. Logo, este autor afirma que o assunto é

mais amplo e ultrapassa tudo que é o previsto no Art. 244 do Código de Processo

Penal.

4.2 FUNDADA SUSPEITA

Sabe-se que a fundada suspeita tem a sua base na legitimidade da busca

pessoal. Assim, é de extrema importância que seja observado a ideia da fundada

suspeita, pois é expressão permeada de subjetividade e sem definição legal. Isso tudo

faz com que exista uma gama de interpretações questionáveis e levando a realização

de condutas ilícitas. Em outras palavras:

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Suspeita é uma desconfiança ou suposição, algo intuitivo e frágil, por natureza, razão pela qual a norma exige fundada suspeita, que é mais concreto e seguro. Assim, quando um policial desconfiar de alguém, não poderá valer-se, unicamente, de sua experiência ou pressentimento, necessitando, ainda, de algo mais palpável, como a denúncia feita por terceiro de que a pessoa porta o instrumento usado para o cometimento do delito, bem como pode ele mesmo visualizar uma saliência sob a blusa do sujeito, dando nítida impressão de se tratar de um revólver. Enfim, torna-se impossível e impróprio enumerar todas as possibilidades autorizadoras de uma busca. (FEITOSA, 2009, p.32)

De forma geral, Alves (2011, p.3) afirma que a ideia da "suspeita" é totalmente

diferente de "fundada suspeita", já que:

[...] enquanto "suspeita" remete ao "desconfiar", a sua realização fundamentada sustenta uma materialidade, uma concretização da suspeita de uma determinada conduta para a sua formação, não sendo admitida a busca que não atenda este requisito, pois, "se a busca pessoal for feita sem que haja fundada suspeita, a conduta do agente policial poderá se caracterizar como crime de abuso de autoridade, por exemplo, se o fizer somente para demonstrar seu poder.

Assim, a fundada suspeita ela não pode ter como base elementos subjetivos,

uma vez que por causa do caráter lesivo aos direitos individuais. Desta forma, é de

extrema importância que seja referenciado o direito da legalidade, já que acaba

impedindo a sua utilização como atividade preventiva de delito que é confiada na

experiência do policial. Logo:

A "fundada suspeita", prevista no art. 244 do CPP, não pode fundar-se em parâmetros unicamente subjetivos, exigindo elementos concretos que indiquem a necessidade da revista, em face do constrangimento que causa. Ausência, no caso, de elementos dessa natureza, que não se pode ter por configurados na alegação de que trajava, o paciente, um "blusão" suscetível de esconder uma arma, sob risco de referendo a condutas arbitrárias ofensivas a direitos e garantias individuais e caracterizadoras de abuso de poder. Habeas corpus deferido para determinar-se o arquivamento do Termo (RAMOS 2010, p.45).

Em suma, a busca pessoal apenas é autorizada por causa do nascimento da

fundada suspeita, desta forma, essa fundamentação tem que ser material, real e

justificável. Já que “Físico, contextos sociais, cor, preferências sexuais, vestes,

tatuagens ou cicatrizes, entre outros elementos que individualizam o homem, não

podem, de maneira alguma, servir de fundamentação para suspeita” (ALVES, 2011,

p.4).

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Assim, o mesmo autor afirma que essa escolha "lombrosa" de suspeição

natural, pois o ponto de análise da fundada suspeita advém da conduta humana que

assinale a concretização do ato criminoso ou seja:

“na suspeita da realização de algum ato ilícito, que pode ser exposto por denúncia de terceiros, ou através do próprio policial quando, v.g., avista um volume que poderia ser uma arma, independente de contextualizações externas ao indivíduo” (ALVES, 2011, p.5).

Logo, independente da suspeita que existe é indispensável que exista a sua

materialidade e que o ideal é que não tenha como base os estereótipos

socioeconômicos ou raciais, pois caso isso aconteça poderá causar o abuso de

autoridade.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vivemos atualmente em uma sociedade totalmente civilizada, entretanto é

indispensável que exista uma imposição das normas de conduta para aquelas

pessoas que ali vivem. Mas, para nem sempre o homem possui liberdade para poder

satisfazer as suas vontades, pois, caso isso exista iriamos viver em um caos social.

Na maioria das vezes a paz não é alcançada nas sociedades por que existe

um conflito de interesses. Mas, o papel do Estado é garantir a paz social e manter a

sociedade vivendo da melhor forma possível, garantindo assim todos os seus direitos.

Muitas vezes os direitos fundamentais dos cidadãos não são respeitados. Ou seja,

nos casos aqui citados os policiais por muitas vezes possuíam condutas abusivas e

não respeitava o que era determinado na lei.

Mas, o policial não pode utilizar sua função para obter interesse pessoal, pois

caso isso aconteça pode ser considerado como um desvio de finalidade ou também

como algum excesso cometido na busca de realizar seu trabalho que é determinado

pela legislação. Entretanto, nem sempre isso acontece e acaba interferindo na

atuação policial.

Assim, os policiais muitas vezes operam baseado na fundada suspeita e que

pode ser gerada apenas por elementos subjetivos extraídos desse meio. Mas, por

outro lado, a população tem o dever de lutar por seus direitos perante o policial, uma

vez que este trabalha para o Estado e tem regras a serem seguidas. Caso isso não

aconteça as pessoas tem o direito de denunciar o desrespeito aos direitos do cidadão.

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Em suma, a relação entre polícia e direitos humanos está totalmente centrada

nas noções relacionadas a ideia de proteção e respeito, entretanto na maioria das

vezes essa relação não é tão positiva. De forma geral é função da polícia a proteção

aos direitos humanos. Mas, essa proteção é feita totalmente de forma genérica, pois,

eles apenas buscam manter a ordem social, mas nem sempre os direitos podem ser

gozados já que a ordem social no Brasil é algo quase extinto.

Nos casos de quebra da ordem social, a habilidade do Estado na tentativa de

promover e proteger os direitos humanos são totalmente reduzidos. Desta forma, na

maioria das vezes é por meio da atividade policial que o Estado alcança as suas

obrigações legais de proteger alguns direitos humanos.

KEY LEGAL ASPECTS OF POLICE ACTIVITY IN THE LIGHT OF HUMAN RIGHTS

ABSTRACT

This paper discusses on the legal aspects of police activity only under the banner of human rights. It is known that nowadays these rights in Brazil are hardly respected by the police, many come to believe that such rights serve only to protect criminals. However, not everyone knows that human rights is something constantly discussed on the international stage. Thus, this work we used the literature review as the main methodology thus were considered only texts with up to six years of published. Therefore, a range of issues such as the police power was discussed, the police approach, founded suspicion, among other themes. It can be concluded that for a long time human rights with police activity have almost no dialogues with each other. Since, for many times these rights are not respected in police activities.

Keywords: Human Rights. Cop. Police Approach.

REFERÊNCIAS

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juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13668>. Acesso em ago. 2015 BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Código Tributário Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 27 de outubro de 1966. BRASIL. Decreto-lei nº 3689, de 03 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 03 out. 1941. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2013. GREGO, Rogério. Atividade Policial: aspectos penais, processuais penais, administrativos e constitucionais. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2009. FERRAJOLI, Luigi. Democracia e direitos fundamentais ante o desafio da globalização. Política Externa. São Paulo, v. 14, n. 4, ano 0, p. 134-143, mar./maio, 2006. LIMA, Fernando. Aspectos jurídicos da abordagem policial. (Monografia). Curso de Direito. Faculdade Crhistus, 2014. MEDEIROS, Paulo Sérgio. O abuso de autoridade na abordagem policial. (Trabalho de Conclusão de Curso). Universidade Católica de Brasília, 2010. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2009. NAÇÕES UNIDAS. Carta de Declaração de Universalização dos Direitos Humanos.1948. NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais comentadas. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. PIOVESAN, Flávia. Ações afirmativas na perspectiva dos direitos humanos. 2. Ed. São Paulo: Scielo, 2012. RAMOS, Silvia; MUSUMECI, Leonarda. Elemento suspeito: abordagem policial e discriminação na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

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G633p Gomes, Leonardo Madruga Viégas.

Principais aspectos jurídicos da atividade policial sob a luz dos direitos humanos. / Leonardo Madruga Viégas Gomes. – Cabedelo, 2015.

22f. Orientador: Profº. Esp. Ricardo Sérvulo Fonseca da Costa. Artigo Científico (Graduação em Direito).Faculdades de Ensino Superior

da Paraíba – FESP

1. Direitos Humanos. 2. Policial. 3. Abordagem Policial. I. Título

BC/Fesp CDU:343 (043)