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FACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA FESP CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO JOBSON RIBEIRO DA SILVA ANÁLISE CRIMINOLÓGICA DO PSICOPATA: POTENCIAL CRIMINOSO E O SEU LADO BENÉFICO PARA A SOCIEDADE CABEDELO - PB 2015

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FACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA – FESP

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

JOBSON RIBEIRO DA SILVA

ANÁLISE CRIMINOLÓGICA DO PSICOPATA: POTENCIAL CRIMINOSO E O

SEU LADO BENÉFICO PARA A SOCIEDADE

CABEDELO - PB

2015

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JOBSON RIBEIRO DA SILVA

ANÁLISE CRIMINOLÓGICA DO PSICOPATA: POTENCIAL CRIMINOSO E O

SEU LADO BENÉFICO PARA A SOCIEDADE

Trabalho de Conclusão de Curso em forma de Artigo

científico apresentado à Coordenação do Curso de

Bacharelado em Direito, pela Faculdade de Ensino Superior

da Paraíba - FESP, como requisito parcial para a obtenção

do título de Bacharel em Direito.

Área: Criminologia

Orientador: Profª Esp. Gabriella Henriques da Nobrega

CABEDELO - PB

2015

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JOBSON RIBEIRO DA SILVA

ANÁLISE CRIMINOLÓGICA DO PSICOPATA: POTENCIAL CRIMINOSO E O

SEU LADO BENÉFICO PARA A SOCIEDADE

Artigo Científico apresentado à Banca Examinadora de

Artigos Científicos da Faculdade de Ensino Superior da

Paraíba - FESP, como exigência para a obtenção do grau de

Bacharel em Direito.

APROVADO EM _____/_______2015

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________

Profª Esp. GABRIELLA HENRIQUES DA NOBREGA

ORIENTADORA- FESP

___________________________________________

Profº Ms. EDUARDO DE ARAÚJO CAVALCANTE

MEMBRO- FESP

____________________________________________

Profº Esp. RICARDO SÉRVULO FONSECA DA COSTA

MEMBRO- FESP

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À minha mãe, mulher batalhadora, que sempre

fora ao mesmo tempo, pai e mãe.

Dedico.

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AGRADECIMENTOS

Ao Pai, Filho e Espírito Santo, meu Senhor Jesus de Nazaré, por ter me dado

discernimento para seguir uma vida de estudos e conhecimento, onde me encontro plenamente

realizado.

À minha mãe, Rosemere Freires Ribeiro, por sempre ter feito tudo que estava ao seu

alcance para me ajudar a cada passo que eu dou na minha vida.

A um grande homem, Emerson Antônio, por ter me ajudado tanto, de diversas

maneiras para que eu concluísse esta graduação.

À minha querida e brilhante orientadora e professora Gabriella Nobrega, por, além de

me orientar na conclusão do presente trabalho, me fazer admirar cada vez mais não somente a

graduação em Direito, mas, a criminologia na qual pretendo seguir.

À competente professora Socorro Menezes, por corrigir e ensinar de maneira clara sua

disciplina, ora aplicada no respectivo Artigo.

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Mas o homem não entende à vontade de Deus,

iludido até pensa que é maior do que os céus,

na verdade não é nada, é pó, é cinza, é o barro

que soprou!

(Jota Neto).

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................08

2 QUEM É O PSICOPATA?...........................................................................................09

2.1 CARACTERÍSTICAS SUBSTANCIAIS DO PSICOPATA..........................................13

2.2 COMO SE CONSTITUI SUA PERSONALIDADE......................................................15

3 POTENCIAL CRIMINOSO........................................................................................17

3.1 CURA OU REINCIDÊNCIA?........................................................................................19

4 POSSÍVEIS BENEFÍCIOS QUE DO PSICOPATA EM FAVOR DA

SOCIEDADE...........................................................................................................................22

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................24

REFERÊNCIAS.............................................................................................................25

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ANÁLISE CRIMINOLÓGICA DO PSICOPATA: POTENCIAL CRIMINOSO E O

SEU LADO BENÉFICO PARA A SOCIEDADE

JOBSON RIBEIRO DA SILVA

GABRIELLA HENRIQUES DA NOBREGA

RESUMO

Nada obsta a sanidade do indivíduo psicopata, bem como de suas artimanhas para o

cometimento de seus crimes, por tal razão, não deve ser confundido de maneira alguma com

os loucos ou doentes mentais, pois caso fossem, seriam inimputáveis, e as barbáries praticadas

por eles só aumentariam. É trazida a expressão sociopata para denominar esses criminosos,

onde também possuem o transtorno antissocial, sendo quê, a nomenclatura imposta

corretamente seria de Psicopata, já que nem todos sociopatas são psicopatas. Tendo o

psicopata ausência de sentimento afetivo e de culpa, pratica condutas criminosas por toda sua

vida, restando apenas a possibilidade de reincidência deste indivíduo, pois ressocialização

seria frustrada, bem como lhes acrescentaria experiências delituosas para seu grande potencial

criminoso, que vai de menor potencial ofensivo até crimes bárbaros e chocantes. O psicopata

visa a não descoberta do seu verdadeiro eu, passando na maioria das vezes despercebido em

nosso meio, utilizando-se de sua “arte” de interpretação e mentira. Porém, em se tratando da

possibilidade de características benéficas, o psicopata teria muito a contribuir em sociedade,

onde vislumbraria o mercado de trabalho e alcançaria grandes profissões, controlando sua

impulsividade e não sendo agressivo, tornando não necessariamente um criminoso.

PALAVRAS-CHAVE: Psicopata. Potencial Criminoso. Reincidência. Sociopata. Transtorno

Antissocial.

1 INTRODUÇÃO

Neste estudo partimos da análise criminológica sobre o psicopata, suscitando

brevemente como se constitui sua personalidade criminosa, bem como, trazendo de maneira

conceitual este criminoso ainda não tão estudado como deveria em meio jurídico, no qual

através da criminologia poderíamos defini-los, utilizando maneira a classificar-se como

metodologia de abordagem do comportamento humano para o delito.

Foi abordado através de pesquisas na área criminológica, bem como da psiquiatria

forense e psicologia criminal, que o indivíduo psicopata nada tem em comum com aqueles

que sofrem de alguma doença cerebral, ou daqueles que são portadores de enfermidades

mentais, ainda mostraremos que o então chamado sociopata que possui transtorno antissocial,

__________________ Aluno concluinte do Curso de Bacharelado em Direito da Fesp Faculdades, semestre 2015.2. E-mail:

[email protected] Chefe do núcleo de criminalística de João Pessoa – PB, e Professora da Fesp Faculdades, atuou como

orientadora deste TCC.

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nem sempre será psicopata. Trazemos sucintamente possíveis fatores que torna o indivíduo

psicopata, frio e perverso sem a necessidade de doença psíquica, desencadeando atitudes

errôneas e levando-o a cometer de maneira potencialmente violenta ou não, delitos por toda

sua vida, sem nenhum tipo de arrependimento ou culpa.

Elucidamos ainda, a possibilidade de cura e a probabilidade de reincidência do

indivíduo psicopata, trazendo o meio de punibilidade de tal forma, que seria mais eficaz, pelo

menos no que concerne a punição, pois como mostraremos, não seria possível sua

ressocialização em se tratando do não cometimento de condutas delituosas, desta maneira,

deixaremos claro que o psicopata poderá passar despercebido em sociedade e talvez nunca ser

detido e desmascarado, tornando a princípio sociável, diferente do que o senso comum

conjetura.

Ao tentar chegar ao “problema chave” em relação ao potencial delituoso do psicopata,

bem como a observância caracterizadora de sua personalidade, observamos qualidades

atribuídas a esses indivíduos, de tal maneira que teriam algo a contribuir em sociedade, de

forma prática e ainda chocante, por se tratarem de criminosos frios, e por essa razão serem

estigmatizados como pessoas isentas de sentimentos, vistas apenas negativamente. Desta

forma, tentamos trazer através dos avanços da literatura, os pontos positivos do psicopata no

convívio social e no mercado de trabalho, mostrando que existem níveis de psicopatia que os

tornam funcionais a coabitação social, pois, ao extrairmos características do psicopata,

atribuiremos ao indivíduo, que por sua vez não seja violento, elementos contributivos em

meio à coletividade, e com isso merecendo importantes apontamentos.

2 QUEM É O PSICOPATA?

Inicialmente partimos das primícias otimistas, de que o ser humano não nasce

absolutamente mal, para isto considere-se o argumento que se transcreve:

[...] A possibilidade de inobservância, infringência ou indiferença humana pelas

normas não deve desalentar aqueles que acreditam na sua imprescindibilidade para

ordenar o convívio. O homem é um ser perfectível. Pressupõe-se que ele seja

recuperável. Esse pressuposto adquire relevância extrema numa era que as criaturas

se comportam em desacordo com as normas. Nada obstante a multiplicação de maus

exemplos, a crença original persiste. A hipótese de trabalho é a de que todo ser

humano – por integrar a espécie – pode torna-se cada dia melhor. E essa é sua

vocação espontânea. A criatura tende naturalmente para o bem. O papel confiado

aos cultores da ciência normativa é reforçar essa tendência, fazendo reduzir o nível

de inobservância, transgressão ou indiferença perante a ordem do dever ser. Ainda

que o índice de espontâneo cumprimento dos ditames éticos não seja o ideal, há

sempre possibilidade de sua otimização, mediante o compromisso íntimo de

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observá-los na vida individual. E o grupo tem de atuar no sentido de estimular a boa

prática, no auxílio àquele que se afastou do trajeto, para reconduzi-lo à sendo

original (NALLINE, 2013, p. 37).

Com estas palavras, o autor defende que o ser humano tende para o bem, sendo que no

decorrer de sua vida existirá possibilidades de mudança do seu eixo positivo, e caso ocorra,

poderá alinhar-se novamente, porém, em se tratando do psicopata o desvio não terá conserto,

por mais que a sociedade tente reconduzi-lo. Seremos então, a partir de agora pessimistas

quanto a esses indivíduos.

[...] A palavra psicopata virou chavão para qualquer comportamento agressivo ou

bizarro que não compreendemos. Quem entre nós nunca comentou sobre um “chefe

psicopata” ou um “ex que era psicopata”? Até mesmo os cidadãos mais bem-

comportados entre nós já contaram uma ou outra mentira ou transgrediram regras

para satisfazer a interesses pessoais. Dependendo das circunstâncias, qualquer um de

nós pode agir temporariamente como psicopata (DAYNES; FELLOWES, 2012, p.

218).

Neste caso, algum fator do cotidiano podem nos fazer ter condutas talvez dignas de

um psicopata, mas não significa dizer que sejamos psicopatas, para ser, será preciso além de

muita maldade, ausência de culpa, dentre outras características cruciais, como veremos mais

adiante.

[...] A maior parte dos psicopatas não entende muito seu problema: eles sempre

foram assim e, portanto, presumem que todo mundo é igual. Nós entendemos – e é

por isso que a sociedade tem dificuldade de lidar com psicopatas. Nós simplesmente

não conseguimos compreender ou acreditar que existam seres humanos que não

sentem amor, compaixão ou culpa (DAYNES; FELLOWES, 2012, p. 219).

Por esta razão, devemos elucidar o que concerne ao senso comum desmitificando e

definindo o que de fato é um indivíduo psicopata, onde seu estudo irá além de uma

determinada matéria jurídica, portanto, sua conceituação se baseia além do aspecto

criminológico, fatores psiquiátricos e sociais. Em se tratando da criminologia, ela por sua vez,

tem demonstrado amplamente seus métodos de estudo para com o criminoso, e por tal razão:

[...] Como em outras ciências, também em criminologia tem-se tentado eliminar o

conceito de "causa", substituindo-o pela ideia de "fator". Isso implica no

reconhecimento de não apenas uma causa mas, sobretudo, de fatores que possam

desencadear o efeito criminoso (fatores biológicos, psíquicos, sociais...). Uma das

funções principais da criminologia é estabelecer uma relação estreita entre três

disciplinas consideradas fundamentais: a psicopatologia, o direito penal e a ciência

político-criminal (BALLONE, 2015).

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Daí se denota a complexidade do estudo, tendo em vista às diversas áreas do

conhecimento que serão atrelados a identificação do psicopata, onde um fator específico não

definirá, mas, a ligação de diversos elementos poderá nos trazer um entendimento mais amplo

e claro sobre tal criminoso.

Muitos ainda acreditam que se trataria de um transtorno mental ou uma enfermidade

neurológica. Analisando as palavras do Psiquiatra Alan Passos, fica claro que “o transtorno de

personalidade não é uma doença do ponto de vista no sentido do que é uma doença, a doença

a pessoa tem, e a personalidade a pessoa é, então é um transtorno estrutural da personalidade e

admite gradações”. Ainda no mesmo raciocínio, aduz “Todo psicopata é um sociopata, ele

tem um transtorno antissocial, mas nem todo antissocial é psicopata, existem antissociais

funcionais, eles conseguem funcionar na sociedade”1.

É notório, nas palavras do psiquiatra supracitado, que não há que se falar em doença

mental, e conclui em seu claro e conciso conhecimento que nem todos os antissociais são

psicopatas, por esta razão, entende-se que a terminologia “sociopata” deriva de indivíduos

antissociais, neste caso, não devendo ser confundido sociopata com psicopatas, já que nem

todos sociopatas (antissocial) são psicopatas, pois segundo consta no Dicionário de língua

portuguesa ao atribuir significado, diz que o sociopata possui “desequilíbrio patológico que se

manifesta num comportamento antissocial e impulsivo ou agressivo” (FERREIRA, 2015).

Lembrando que a grande maioria dos psicopatas não são violentos, além de quê,

quando se fala em desequilíbrio patológico, significa terminologicamente doença, o que o

psicopata de fato não possui:

[...] É importante ressaltar que o termo psicopata pode dar a falsa impressão de que

se trata de indivíduos loucos ou doentes mentais. A palavra psicopata literalmente

significa doença da mente (do grego, psyche = mente; e pathos = doença). No

entanto, em termos médico-psiquiátricos a psicopatia não se encaixa na visão

tradicional das doenças mentais. Esses indivíduos não são considerados loucos, nem

apresentam qualquer tipo de desorientação. Também não sofrem de delírios ou

alucinações (como a esquizofrenia) e tampouco apresentam intenso sofrimento

mental (como a depressão ou o pânico, por exemplo) (SILVA, 2010, p. 40).

Por esta razão, não devem possuir nenhum benefício quanto à dosimetria de suas

respectivas penas, muito menos ficarem isentos, pelo o argumento de que são loucos,

atribuindo a inimputabilidade conforme o Art. 26 caput e parágrafo único do Código Penal

que aduz:

__________ 1 Extraído de entrevista concedida ao programa Das Gerais no canal do you tube, cujo conteúdo é relevante para

melhor compreensão do tema que contempla a diferenciação entre o psicopata e sociopata.

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[...] É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental

incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente

incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse

entendimento. Parágrafo único: A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o

agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental

incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do

fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (grifo nosso) (BRASIL,

2015).

É o que não ocorre com esses indivíduos, “os psicopatas não são loucos, mas podem

ser muitos, muito maus” (DAYNES; FELLOWES, 2012, p. 19). Ainda as autoras

supracitadas nos traz sobre a inexistência de doença, dizendo que “Eles têm total consciência

e controle do seu comportamento. Seus atos são ainda mais assustadores por não poderem ser

considerados consequência de uma doença temporária, mas, sim, de uma permanente

indiferença fria e calculista em relação aos outros”.

Em nossa existência sempre houvera pessoas de caráter duvidoso, porém pouco

estudado, atribuíamos simplesmente como pessoas ruins ou sem coração, onde nos levávamos

pelo senso comum, poderíamos trazer como exemplo ditadores como Adolf Hitler, o

revolucionário cruel e religioso chinês Hong Xiuquan2 que foi responsável pelas mortes de

mais de 40 milhões de pessoas, dentre tantos outros homens cruéis, analisados e definidos

simplesmente como indivíduos perversos.

Para Daynes e Fellowes (2012, p. 19) elas dizem que “pode-se argumentar que toda a

nossa historia foi moldada por diversos psicopatas extremos, mas, como até a década de 1940

não havia parâmetros para avaliação de psicopatia, é difícil comprovar isso”. Por esta razão, o

presente trabalho vislumbrará os estudos de muitos autores que tem como fundamento a

consciência plena dos psicopatas, que por sua vez não resulta de nenhuma espécie de

enfermidade mental:

[...] Os psicopatas em geral são indivíduos frios, calculistas, inescrupulosos,

dissimulados, mentirosos, sedutores e que visam apenas o próprio beneficio. Eles

são incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se deslocar no lugar do outro.

São desprovidos de culpa ou remorso e, muitas vezes, revelam-se agressivos e

violentos. Em maior ou menor nível de gravidade e com formas diferentes de

manifestarem os seus atos transgressores, os psicopatas são verdadeiros “predadores

sociais”, em cujas veias e artérias corre um sangue gélido (SILVA, 2010, p. 40).

Essas características atribuídas pela referida autora fazem com que pensamos de

imediato que os psicopatas são totalmente fechados, é aí que nos enganamos, pois o fato deles

_______________ 2 Foi um revolucionário religioso chinês que liderou a rebelião Taiping um dos conflitos mais sangrentos da

história, um confronto entre as forças da China imperial e um grupo inspirado por um “místico autoproclamado”.

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não conseguirem estabelecer vínculos afetivos dos quais esses vínculos se remetem a sua

veracidade, ou seja, não quer dizer que eles não vivam bem socialmente, até podendo ser o

indivíduo mais simpático ou falante do grupo, é importante não estigmatizarmos em seres

sombrios ou tentar defini-los apenas observando suas aparências e atitudes, pois na maioria

das vezes nos enganamos, e é isto que eles almejam. SILVA (2010, p. 41) diz que “Sua marca

principal é a impressionante falta de consciência nas relações interpessoais estabelecidas nos

diversos ambientes do convívio humano (afetivo, profissional, familiar e social)”. Esta falta

de consciência não significaria dizer que o psicopata trataria todos de maneira agressiva, pelo

o contrário, sua falta de consciência seria atribuída a não importância que esse indivíduo daria

as pessoas em sua volta, não se preocupando em usá-las para obter vantagens, e para isto, o

disfarce de boa pessoa seria necessário.

2.1 CARACTERISTICAS SUBSTANCIAIS DO PSICOPATA

Com vista ao grande malabarismo que o psicopata faz com as palavras e com os

sentimentos daqueles que o rodeia, fica difícil desvendá-lo e desmascará-lo, mas, será

importante elencarmos algumas características que o compõem:

[...] Toda lei ou norma, gera temor e inibição, implicam na possibilidade de castigo.

A lei está feita para domar, para obrigar e para condicionar as condutas instintivas

dos indivíduos. O psicopata não apenas transgride as normas, mas as ignora,

considera-as obstáculo que devem ser superados na maioria das pessoas. Para os

contraventores não psicopatas, vale o lema "Se quer pertencer a este grupo, estas são

as regras. Se cumprir as regras está dentro, se não cumprir está fora". Mas o

psicopata tem a particularidade de estar dentro do grupo, apesar de romper todas as

regras, normas e leis, apesar de não fazer um insight, não se dar conta, não se

arrepender e não se corrigir. Sua arte está na dissimulação, embuste, teatralidade

e ilusionismo [...] (BALLONE, 2015, grifo nosso).

Essas transgressões da moral e da Lei, não deverão na maioria das vezes serem

percebidas facilmente, pois como o autor supracitado lembra a arte de interpretação desses

inescrupulosos, e diz que chega a ser “digna de Oscar” (grifo nosso).

“A manipulação é a arte de sobrevivência dos psicopatas; portanto, não admira nem

um pouco que eles sejam bastante talentosos nessa arte” (DAYANES; FELLOWES, 2012, p.

223). Hoje, não devemos ter uma noção “arcaica” de que os psicopatas demonstram sua

psicopatia por condutas expressas, aparência ou passados sombrios, para as autoras, elas

advertem que “No entanto, talvez seja bom olhar o “cara comum” – que tem um passado

comum, mas que é excepcionalmente frio” (DAYNES; FELLOWES, 2012, p. 220).

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Para Dutton (2013) o psicopata tem a vida como um jogo, principalmente quando as

peças são os sentimentos alheios, e diz “psicopatas são jogadores de xadrez psicológico e

manobram por aí pessoas como peões num tabuleiro”, ainda se remete a postura inicialmente

tomada quando é descoberto “ele brinca com nossa pena para pedir desculpas pelo

comportamento errático. Nos faz sentir dó, finge que seus erros não são culpa dele, e sim de

outra pessoa ou outra coisa. O psicopata é narcisista, tem desilusões de grandeza.” O autor

britânico desmitifica o fato de ser antissocial, trazendo “também tende a ser charmoso e

carismático, ao menos superficialmente, e normalmente desperta ótimas primeiras impressões,

mas, conforme o tempo passa, não é difícil perceber que aquela imagem é incapaz de

esconder um lado negro”. Apesar da facilidade de comunicação e até mesmo o nível de

inteligência, Dutton (2013) releva que “o psicopata também é parasítico, gosta de viver à

custa dos outros e faz as pessoas trabalhar por ele”.

Em se tratando da característica mais atenuada, porém melhor disfarçada do psicopata,

neste caso a mentira:

[...] os psicopatas são mentirosos contumazes, mentem com competência (de forma

fria e calculada), olhando nos olhos das pessoas. São tão habilidosos na arte de

mentir que, muitas vezes, podem enganar até mesmo os profissionais mais

experientes do comportamento humano. Para os psicopatas, a mentira é como se

fosse um instrumento de trabalho, que é utilizado de forma sistemática e motivo de

grande orgulho” (SILVA, 2010, p. 86).

Não é à toa, que ao passarem por testes psicológicos para possíveis benefícios no

cumprimento de suas penas, os psicopatas obtêm êxitos, pois eles sempre respondem aquilo

que o interceptor quer ouvir:

[...] Mentir, trapacear e manipular são talentos inatos dos psicopatas. Com uma

imaginação fértil e focada sempre em si próprios, os psicopatas também apresentam

uma surpreendente indiferença à possibilidade de serem descobertos em suas farsas.

Se forem flagrados mentindo, raramente ficam envergonhados, constrangidos ou

perplexos; apenas mudam de assunto ou tentam refazer a história inventada para que

ela pareça mais verossímil (SILVA, 2010, p. 86).

A citada autora observa quanto aos jogos de mentira, pois os psicopatas além de

mentir, sabem conduzi-la com sapiência magistral, dando a mentira, além da linguagem

verbal, a linguagem corporal, neste cenário, “os psicopatas são, ao mesmo tempo, roteiristas,

atores e diretores de suas histórias improváveis” (SILVA, 2010, p. 87). O psicopata não

apenas mente por mentir, ou conhece a famosa “mentira necessária”, sua mentira é

potencializada pela encenação, e por traz de boas palavras está um plano perverso.

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2.2 COMO SE CONSTITUI SUA PERSONALIDADE

No tocante à formação da personalidade criminosa, por sua vez psicopática,

inicialmente o desenvolvimento da criança seria um fator considerado relevante para alguns

autores, onde a formação de sua maldade estaria em volta de privações emocionais.

[...] É na relação emocional profunda e satisfatória, para ambas as partes, entre a

criança e sua mãe (ou mãe substituta) que se encontram as raízes de seu processo

maturacional, de sua capacidade futura de intercambiar suas necessidades e os

desejos dos outros, por aí já se podem vislumbrar as graves consequências das

privações emocionais [...] (SÁ, 2010, p. 75).

Neste caso, a mãe simbolizaria não só a figura da mulher, mas, a família no contexto

mais sadio e positivo que uma criança deveria ter, a privação dela ou de afetos tornariam

propícias ao crime, é o que o respectivo autor defende, porém, devemos observar que o

criminoso comum é diferente do criminoso psicopata, onde um dos fatores destintos seria a

ausência de culpa que o psicopata possui, por esta razão não devemos generalizá-los e iguala-

los.

Em entrevista, o neurocientista e criminólogo britânico Adrian Raine já defende que

“muitos criminosos violentos têm o cérebro fisicamente diferente e estruturalmente

deficiente” (ÉPOCA, 2013). Já neste contexto o autor se refere aos criminosos violentos em

geral, entre eles os psicopatas mais agressivos, neste caso já não se relacionariam com os

psicopatas não violentos,3 por mais que sejam perigosos tanto quanto os demais. Essa

observação é importante, pois mesmo quem estuda a “neurocriminologia” como Raine,

associando o crime à biologia, se posiciona cautelosamente, e ainda concorda que nem todo

criminoso tem disfunções cerebrais, e nem todo indivíduo com um perfil cerebral específico é

necessariamente um assassino ou psicopata, além de tudo, o cérebro costuma mudar

fisicamente do decorrer da vida.

Diante de tal complexidade sobre o que faz alguém ser psicopata, nos perguntamos: O

fenômeno da psicopatia, como é formado? Para isto, buscando entender de fato como se

constitui sua personalidade, o Doutor canadense Robert Hare, grande estudioso e professor da

UBC, psicólogo e prestador de consultoria ao FBI sobre psicopatas, criou o “Psychopathy

__________ 3 A esse respeito vale lembrar que existem muitos psicopatas que não são violentos, e muitos sequer agrediram

alguém, por isso é importante não estereotiparmos. A grande maioria comete seus crimes de maneira fria, porém

utilizando maneira a não ser descoberto, por esta razão a agressividade estaria de certa maneira os entregando, e

isso não é o objetivo deles. Contudo, todos são extremamente perigosos, sejam violentos, calmos ou indiferentes.

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Checklist” Manual Escala Hare PCL-R,4 usado por psicólogos de todo o mundo para

determinar o grau de psicopatia em indivíduos, "Eles querem muitas das mesmas coisas

básicas que o resto de nós, mas, além disso, têm uma necessidade excessiva de poder,

prestígio, riqueza, e assim por diante", diz Hare. "Eles diferem da maioria de nós em termos

de quanto eles querem "necessidade", seu senso de direito para o que eles querem, e os meios

com os quais eles estão dispostos a atingir seus objetivos”.

A referida autora, complementa dizendo que “os psicopatas têm consciência plena do

que faz, desta forma não poderíamos considerá-los dementes ou portadores de enfermidades

mentais, porém, o problema está no campo dos afetos e emoções”. Pensamento este que vai

de encontro com Augusto de Sá como já exposto, pois, por mais que a criança cresça em

ambiente sadio e amoroso, o indivíduo psicopata não dará a mínima para tais afetos, e poderá

ferir, maltratar ou até matar alguém do seu próprio convívio íntimo. Muitas vezes tentamos

justificar barbáries cometidas pelos os psicopatas, querendo até entendê-los.

[...] Tenha absoluta certeza: o problema são eles. São vampiros humanos ou, se

preferir, predadores sociais. Eu adoraria dizer que encontrá-los por aí é algo raro e

improvável, mas se assim eu fizesse, estaria agindo como um deles: mentindo,

omitindo a verdade e impossibilitando-o de se precaver contra suas maldades e

perversidades. Essa diferença entre o funcionamento emocional normal e a

psicopatia é tão chocante que, quase instintivamente, recusamo-nos a acreditar que

de fato possam existir pessoas com tal vazio de emoções [...] (SILVA, 2010, p. 48).

Em suma, eles são maus por si só, não existindo fator preponderante que os tornem

psicopatas, mas, há de se falar em atenuantes, caso identificados traços de psicopatia na

infância, onde a personalidade ainda está em desenvolvimento, porém, seu nível de afeto

continuará reduzido, e é preciso ter cuidado. “O mundo não é feito só de anjos. O mal existe

e, nos psicopatas, têm-se seu exemplo extremo, na forma quase absoluta” (MOREIRA, 2008).

Além disso, cumpre destacar que:

[...] Pais de filhos psicopatas sofrem e se culpam porque se sentem responsáveis pelo

desenvolvimento da personalidade de seus filhos. No entanto, tudo indica que esses

pais não cometeram erros tão graves assim, se é que os tenham cometido de fato. Os

estudos sobre a personalidade psicopática revelam que a educação fornecida pelos os

pais pode, no máximo, exacerbar o problema, mas nenhum indício de que a maneira

de educar seja capaz de originar a psicopatia (SILVA, 2010, p. 208).

__________ 4 Este Manual visa pontuar de maneira a classificar o grau de psicopatia dos indivíduos, objetivando a separação

do indivíduo de personalidade psicopática e o de não personalidade psicopática nos presídios, desenvolvido pelo

o Dr. Robert Hare, tendo sua versão brasileira apresentada pela Dr. Hilda Morana, que trabalhou esse problema

em sua tese para o doutorado na USP em 2003.

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Daí, chegamos ao entendimento de que a atenuação, bem como a exacerbação das

características para a constituição da personalidade psicopática, seria possível a depender da

educação, porém, nunca seria um fator preponderante para sua constituição, levando em

consideração a formação de sua personalidade independente de parâmetros estabelecidos em

seu meio, pois caso dependesse, significaria dizer que filhos de marginais necessariamente

seriam marginais, e isto de fato não ocorre.

3 POTENCIAL CRIMINOSO

Embora a maioria das pessoas associe qualquer assassino ao psicopata, é preciso

desmitificar este senso comum, pois os psicopatas não necessariamente são assassinos, podem

sim, cometer homicídios, quando já se encontram em um nível de psicopatia elevado,

“existem muito mais psicopatas que não matam do que aqueles que chegam à desumanidade

máxima de cometer um homicídio” (SILVA, 2010, p. 45).

Porém, os que não necessariamente matam não são inofensivos, “estamos muito mais

propensos e vulneráveis a perder nossas economias ao cair na lábia manipuladora de um

golpista do que perder a vida pelas mãos dos assassinos” (SILVA, 2010, p. 46).

Existem graus de psicopatia, por sua vez é o que irá delimitar o seu potencial

criminoso:

[...] É importante ressaltar que os psicopatas possuem níveis variados de gravidade:

leve, moderado e grave. Os primeiros se dedicam a trapacear, aplicar golpes e

pequenos roubos, mas provavelmente não “sujarão as mãos de sangue” ou matarão

suas vítimas. Já os últimos, botam verdadeiramente “a mão na massa”, com métodos

cruéis sofisticados, e sentem um enorme prazer com seus atos brutais. Mas não se

iluda! Qualquer que seja o grau de gravidade, todos, invariavelmente, deixam

marcas de destruição por onde passam, sem piedade (SILVA, 2010, p. 20).

Ainda assim, a autora mencionada deixa claro que em todos os níveis, o psicopata fará

algum “estrago” na vida daquele que estiver em seu caminho, até por que, estamos falando de

um indivíduo vaidoso, narcisista, isento de remorso ou bondade, por isto todos independentes

de níveis deixam muitas vezes “cicatrizes” amargas na vida de alguém:

[...] Eles geralmente estão envolvidos em transgressões sociais como tráficos de

drogas, corrupção, roubos, assaltos à mão armada, estelionatos, fraudes no sistema

financeiro, agressões físicas, violência no transito etc. Porém, na maioria das vezes

não são descobertos e nem penalizados pelos seus comportamentos ilícitos. Um

exemplo típico desses últimos é o abuso físico e psicológico de mulheres e de

crianças, que infelizmente se constitui numa transgressão de difícil controle social.

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Se existe uma “personalidade criminosa”, esta se realiza por completo no psicopata.

Ninguém está tão habilitado a desobedecer às leis, enganar ou ser violento como ele

(SILVA, 2010, p. 147).

Mas, é preciso termos em mente que todos os psicopatas são muito perigosos, pois

mesmo com as variações de psicopatia, eles continuam sendo maus e frios. “Existe uma

fração minoritária de psicopatas que mostra uma insensibilidade tamanha que suas condutas

criminosas podem atingir perversidades inimagináveis” (SILVA, 2010, p. 147). Ainda o

referido autor complementa denominando-os de psicopatas severos ou perigosos demais,5 e

diz “eles são criminosos que mais desafiam a nossa capacidade de entendimento, aceitação e

adoção de ações preventivas contra as suas transgressões. Seus crimes não apresentam

motivações aparentes e nem guardam relação direta com situações pessoais ou sociais

adversas” (grifo nosso).

Em se tratando de reações que o psicopata apresenta ou demonstra quando se vê

intimidado, provocado ou até mesmo agredido, nos impressionam, pois foge totalmente do

que seria normal ao indivíduo comum “Eles sempre demostram um misto de satisfação,

prazer, sensação de poder e indiferença. No entanto, são incapazes de sentir qualquer tipo de

arrependimento perante o mal que causaram às suas vítimas” (SILVA, 2010, p. 148).

É certo que cada psicopata por apresentarem variantes em seu grau de psicopatia, sua

conduta criminosa também irá variar:

[...] No caso específico da violência sexual praticada por psicopatas, a situação

chega a ser assustadora. Tudo indica que os estupradores em série, em sua grande

maioria, são psicopatas severos. Seus atos são resultado de uma combinação muito

perigosa: a expressão totalmente desinibida de seus desejos e fantasias sexuais, seu

anseio por controle e poder e a percepção de que suas vítimas são meros objetos

destinados a lhe proporcionar prazer e satisfação imediata. Puro exercício de luxúria

grotesca (SILVA, 2010, p. 147).

Além da violência sexual, existem aqueles que também matam após o estupro,

traremos como exemplo de um psicopata severo, Francisco de Assis Pereira, conhecido

nacionalmente como o “maníaco do parque”6 entre os anos de 1997 e 1998, onde torturava,

estuprava e matava mulheres no parque de Ibirapuera no Estado de São Paulo, sempre obteve

uma vida aparentemente tranquila, longe de qualquer suspeita criminosa ao seu respeito,

__________ 5 É exatamente o grau máximo de psicopatia atribuída a um indivíduo, pelo o tipo de crime, o modo que

cometera, e a maneira que lhe dou com isso após ser preso. 6 O relato que segue a cerca do criminoso foi elaborado a partir de uma leitura detalhada na Revista Veja no

acervo digital online, edição 1559. Matéria está publicada pela revista em 12 de Agosto de 1998.

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possuía na época aparência e roupas joviais, rosto sardento parecido com sua mãe, uma

mulher vistosa e tranquila. Seria o tipo de pessoa que passaria despercebido em qualquer

ambiente, ao puxar assunto, atraía pessoas7, gostava muito de conversar.

No ano ocorrido quando foi acusado e condenado, era descrito pelo os seus amigos,

chefe, pais e ex-namoradas como “gente fina”. Além das ex-namoradas, Francisco era popular

no parque, patinava ao mesmo tempo que ensinava algumas pessoas a praticarem este esporte

que sempre gostou e era bom. É notória a periculosidade deste indivíduo devido não só as

barbáries, mas, pelo o “modus operandi”8 que cometia os crimes, pois se mostrava afável e

simpático, adorado pelas crianças, disfarce perfeito e que durou bastante tempo para ser

descoberto. Em 2002, o serial killer foi condenado a mais de 130 anos de reclusão, porém, só

poderá cumprir no máximo 30 anos de acordo com a Lei, precisamente no Artigo 75 do

Código Penal Brasileiro que diz: “o tempo de cumprimento das penas privativas de

liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos” (BRASIL, 1984). Onde atualmente se

encontra cumprindo sua pena em regime fechado (grifo nosso).

Os assassinos em série demonstram ser homens normais, quando não estão atuando

criminosamente contra suas vítimas. O comportamento social também é aceitável em

sociedade, indo contra os que defendem que o psicopata seria antissocial. Francisco de Assis,

“maníaco do parque” jurou inocência até o último momento, e em suas declarações quando os

holofotes da mídia estavam em sua direção, bem como a polícia estavam estreitando o cerco

na época, declarou: “É uma forma de deixar o verdadeiro psicopata à solta”. No encontro que

o serial killer tivera com sua mãe Maria Helena, ela perguntou: “Meu filho, você fez essas

coisas todas?” Francisco apoiando-se a cabeça em seu ombro apenas chorava (grifo nosso).

3.1 CURA OU REINCIDÊNCIA?

Entender a complexidade entre o que seria cura e reincidência, implica considerar que

“o psicopata, por sua vez, superdimensiona suas prerrogativas, possibilidades e imunidades;

"esta vez não vão me pegar", ou "desta vez não vão perceber meu plano", essas são suas

crenças ostentadas” (BALLONE, 2015). Desta maneira, não existe a possibilidade de cura ou

ressocialização dos psicopatas, fazendo com que dá próxima vez que cometer o crime, o faça

de maneira ainda mais cautelosa para não ser descoberto, este é seu objetivo:

______________ 7 Mesmo sendo motoboy, suas mentiras e interpretações convenciam diversas mulheres, muitas de classe média,

que subiam na garupa de sua moto e saíam a mercê de falsas promessas, para serem assassinadas. 8 É uma expressão, utilizada para dizer que o sujeito procede de determinada maneira pré-estabelecida.

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[...] No sistema carcerário brasileiro não existe um procedimento de diagnóstico para

psicopatia quando há solicitação de benefícios, redução de penas ou para julgar se o

preso está apto a cumprir sua pena em um regime semiaberto. Se tais procedimentos

fossem utilizados dentro dos presídios brasileiros, certamente os psicopatas ficariam

presos mais tempo e as taxas de reincidência de crimes violentos diminuiriam

significantemente (SILVA, 2010, p. 153).

Pois, caso isso fosse verificado antes do cumprimento de suas penas, e houvesse a

possibilidade de separação de criminosos psicopatas dos demais detentos, é certo que trariam

vantagens tanto para o sistema carcerário, como para a sociedade em geral, “Os psicopatas

são manipuladores inatos e que, em função disso, costumam utilizar os outros presidiários

para a obtenção de vantagens pessoais” (SILVA, 2010, p. 153).

A referida autora ainda nos lembra de que “Estudos revelam que a taxa de reincidência

criminal (capacidade de cometer novos crimes) dos psicopatas é cerca de duas vezes maior

que a dos demais criminosos. E quando se trata de crimes associados à violência, a

reincidência cresce para três vezes mais” (SILVA, 2010, p. 153).

No Brasil o Deputado Federal/PSDB-RJ Marcelo Itagiba apresentou um projeto de Lei

de nº 6858/2010,9 que teria como objetivo alterar a Lei de Execuções Penais de nº 7.210, de

1984, para estabelecer que a realização de exame criminológico do condenado à pena

privativa de liberdade, no momento em que entrar no estabelecimento prisional e em cada

progressão de regime a que tiver direito, seja feita por comissão técnica independente da

administração prisional. Acrescentaria portanto, as seguintes disposições:

Art. 6º A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que

elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao

condenado ou preso provisório, levando em consideração o resultado de exame

criminológico.” (NR).

....................................................................................................................................

Art. 8º-A Sem prejuízo do disposto nos artigos 6º, 7º e 8º, para a obtenção dos

elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização

da execução, o condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em

regime fechado, será submetido a exame criminológico realizado também por

comissão técnica independente. §1º A comissão técnica de que trata este artigo

deverá identificar os presos portadores de psicopatia para orientar a individualização

da execução penal de que trata o art. 5º. §2º A comissão será composta de

profissionais da área de saúde mental e de psicologia criminal, especialmente

designados para a função, presidida por especialista de notório saber, com mandato

de dois anos, permitida recondução”.

Art. 84 [...]

§3º. O condenado ou preso provisório classificado como psicopata cumprirá pena

em seção distinta daquela reservada aos demais presos.” (NR)

____________ 9 Ocorre que o referido Projeto de Lei teve seu último ato em 10 de março de 2003, que por sua vez encontra-se

na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, onde sua proposição ainda está sujeita à apreciação pelo Plenário, e

por incrível que pareça o regime de tramitação é de Prioridade.

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Art. 112 [...]

§ 3°. A transferência para regime menos rigoroso, a concessão de livramento

condicional, o indulto e a comutação de penas do condenado classificado como

psicopata depende de laudo permissivo emitido pela comissão técnica de que trata o

art. 8º-A (BRASIL, 2010).

Porém, nenhuma das alterações até o prezado momento foram aprovadas. Como

exemplo e para melhor entendimento de como a separação dos psicopatas dos demais detentos

nos presídios e seu diagnóstico antes de prover qualquer benefício seria de suma importância,

poderíamos trazer o caso de Francisco Costa Rocha, pseudônimo “Chico Picadinho”, autor de

dois crimes em 1966 que chocou o Brasil, aparentemente um homem normal, Francisco mata

estrangulada a bailarina Margareth Suida, onde em seguida retalhou seu corpo em vários

pedaços com tesoura, faca e lâmina de barbear em seu apartamento logo após se conhecerem

em São Paulo, foi condenado com pena de 20 anos de reclusão, após oito anos cerceado de

liberdade em 1974 Francisco foi posto em liberdade por bom comportamento, no exame que

fez na época para o benefício para liberdade condicional foi excluído o diagnóstico de

psicopatia.

No entanto, no dia 15 de Outubro de 1976, Francisco mata com os mesmos requintes

de crueldade em relação ao seu crime anterior Ângela de Sousa da Silva, esquartejando com

faca, serrote e um canivete, desta fez fora condenado a 30 anos de reclusão. Francisco

encontra-se preso a mais de 35 anos em uma casa de custódia em Taubaté, novamente lembro

que no Brasil o código penal prevê como pena máxima 30 anos de reclusão, porém, o caso de

Francisco foi considerado exceção, constantemente vive se submetendo a exames

psicológicos em busca de sua liberdade, no entanto a justiça vem negando os pedidos, onde os

resultados dos exames considera-o “perigosíssimo”.

À época dos crimes “chico picadinho” era estudante de direito e continua sendo um

homem lúcido, até hoje passa seus dias na prisão pintando, quando cometeu suas barbáries diz

ter agido sobre influencia do romance “Crime e Castigo” do escritor russo Fiódor

Dostoiévski publicado em 1866, a quem chamou de Deus numa entrevista. Daí denota a

grande importância da alteração da Lei de Execuções Penais que em uma de suas mudanças

seria avaliar o preso por uma equipe técnica antes de qualquer beneficio. Mas sabemos que

em nosso País o famoso ditado popular se convalida “O brasileiro só fecha a porta depois de

roubado”.

Esse relato nos permite observar com base na argumentação desenvolvida pelo o

neurocientista Raine, Época (2013) que “50% da causa de crimes violentos é biologia. Mas

biologia não é destino, e podemos buscar tratamento”. Isso significaria que os criminosos

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violentos poderiam ser ressocializados, mas não leva em consideração o psicopata violento, e

sim atribui uma generalidade entre os criminosos. Neste sentido de não haver ressocialização

para o psicopata, Ana Beatriz nos tenta alertar, deixando claro que:

[...] mesmo que nossas intenções de ajudar um psicopata sejam as melhores

possíveis, não devemos nem podemos controlar o comportamento dele. Por isso,

ignore os repetidos pedidos de chances teatralmente implorados pelo o psicopata.

Chances são para pessoas que possuem consciência, indivíduos de bom coração”

(SILVA, 2010, p. 208).

A referida autora ainda diz “a luta contra a psicopatia é a luta pelo o que há de mais

humano em cada um de nós” (SILVA, 2010, p. 208). Devemos entender que ajudar, seria

basicamente negociar com o mal, mesmo que muitas vezes o psicopata utilize da chantagem,

ou por qualquer outro motivo. Tentar ajudar o psicopata a mudar, seria o mesmo que tentar

mudar a natureza de um animal venenoso, o que nos restaria seria apenas controlá-los.

4 POSSÍVEIS BENEFÍCIOS DO PSICOPATA EM DETRIMENTO DA SOCIEDADE

Quando falamos em psicopatia não é diferente se pensarmos em um ser perverso e

mal, e realmente é, porém, como já foi elucidado a respeito de não haver cura para o

indivíduo psicopata, existe a possibilidade de uma pessoa possuir características do psicopata,

mas de maneira atenuada, que o faça não cometer crimes brutais, desta forma, chegando até

mesmo a contribuir em sociedade dependendo da função que exerce perante ela. Significa

dizer também que esse indivíduo com traços, ou até mesmo sendo um psicopata em menor

grau, poderá sim cometer pequenos delitos morais, não chegando necessariamente a ser

crimes.

O psicólogo britânico Dutton (2013) afirma que existem características que podem ser

úteis no ambiente profissional por exemplo, e dependendo de variantes do indivíduo como

inteligência ou violência, a psicopatia pode fazer uma pessoa bem sucedida em vez de

criminosa. “Características comuns aos psicopatas como frieza, charme e falta de empatia são

importantes no mercado de trabalho”. Deve-se ter claro que:

[...] psicopatas são pessoas implacáveis, frias, sem medo, charmosas, persuasivas, de

grande força mental e que não sentem empatia pelos outros. Agora imaginemos que

muitas pessoas tenham todas essas características, mas também sejam violentas. Não

demorará muito para elas atacar alguém num bar e acabarem sendo presas. Por outro

lado, pense em alguém inteligente e capaz de controlar seus instintos” (DUTTON,

2013).

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Notemos que citado autor afirma que existe como controlar esses impulsos

psicopáticos, e se isso for alcançado, o indivíduo só terá benefícios em seu favor.

Corroborando essa assertiva, Silva (2010, p. 105) acrescenta:

[...] Os psicopatas estão por toda parte e no dia a dia é possível encontra-los em

diversas categorias profissionais. Em particular, em organizações e empresas

públicas ou privadas. Estas costumam se constituir em um cenário favorável para a

peculiar maneira de agir desses indivíduos. Sem qualquer sobra de dúvida, o papel

de liderança em cargos como diretor, gerente, supervisor ou executivo é sempre algo

muito atraente para um psicopata. Esses cargos, além de oferecerem bons salários,

proporcionam status social, poder e um amplo território de atuação e influencia.

Isso só complementa que a maioria dos psicopatas que não foram descobertos, ou que

pelo menos não cometeram crimes bárbaros, são bem sucedidos.

Dutton (2013), em uma entrevista argumenta que os psicopatas compõem o mercado

de trabalho, e em uma pesquisa que fez a respeito das profissões que mais atraem os

psicopatas, respondeu que “com certeza, o mundo dos negócios fomenta atitudes dignas de

psicopatas. E isso é socialmente aceitável”.

Os cirurgiões também estavam no topo da lista, e o autor explica “a frieza os ajuda na

profissão”. Ele esclarece que em relação às profissões que os psicopatas almejam “Os

psicopatas gostam de assumir riscos, por isso, raramente os encontramos num trabalho

entediante. Eles preferem empregos com regras que podem ser quebradas ou em que há uma

hierarquia clara de poder” (DUTTON, 2013).

Não é estranho este entendimento se pararmos para pensar em políticos ou grande

dirigentes de empresas, onde o poder e o controle estarão em suas mãos10

. O mencionado

autor ainda complementa “O mundo dos negócios fomenta atitudes dignas de psicopatas. num

ambiente corporativo, o psicopata rouba ideias e vende como se fossem dele”. (DUTTON,

2013) ainda diz que a maioria dos grandes heróis na verdade, poderiam ser psicopatas:

Quase todos, na verdade. Pense nos soldados de forças especiais, como a tropa de

elite da Marinha americana, são impiedosos, frios sob pressão e concentrados. A

falta de empatia é uma característica extremamente útil para um soldado, pode torná-

lo um herói. Mas um traço de personalidade, a impulsividade, é capaz de dirigir isso

para o mal. Se a pessoa não conseguir conter a vontade de ter o que quiser na hora e

for incapaz de trabalhar num objetivo em longo prazo, ela se tornará um psicopata

malsucedido, provavelmente um criminoso”.

________________ 10

Neste contexto especificamente, existe um estudo chamado ponerologia, no qual vislumbra a maldade no setor

político, pois é a ciência que estuda a maldade adaptada exclusivamente para os propósitos políticos.

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Embora seja difícil pensarmos no psicopata como um indivíduo que traga benefícios,

podemos vislumbrar a metáfora que o autor Dutton (2013) argumenta:

[...] Pense num marciano trabalhando numa unidade médica que trata problemas

causados pelo sol. Todo dia, ele vê pessoas desidratadas, com queimaduras e

melanomas, não demoraria a ele pensar que o sol faz mal aos terráqueos. Mas nós

sabemos que isso não é verdade. O sol pode fazer bem se controlarmos nossa

exposição a ele. Pode até nos deixar mais bronzeados e bonitos.

Desta forma, se entende que as características do psicopata em níveis baixos e sendo

controladas, poderiam trazer benefícios ao indivíduo psicopata, e em seu meio de convívio, o

autor ainda diz que seria o “bronzeamento para a personalidade”. Neste caso, quanto mais os

níveis caraterizadores dos psicopatas vierem à tona, mais a pessoa se queimaria, e sendo

controlados assim como os raios solares, se tornaria saudável.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos à conclusão sobre a personalidade do indivíduo psicopata, que seguramente

é consciente de suas condutas, por esta razão não falamos em portador de doença mental ou

psíquica como muitos defendem, mas de um transtorno de personalidade, daí ousamos em

diferenciar os sociopatas dos psicopatas, aduzindo que nem todo sociopata é psicopata, pois

os sociopatas mesmo sendo antissociais são funcionais, ou seja, eles conseguem funcionar em

sociedade sem cometer condutas determinantemente criminosas.

Cabe, entretanto assegurar que todo psicopata é necessariamente, um sociopata, pelo o

simples fato de possuir gradações voltadas para o crime, devendo pois, ser punido de maneira

a se evitar o cometimento de inúmeros crimes, tendo em vista que o psicopata reincide, já que

uma de suas características seria a ausência de culpa e arrependimento, além de contribuir

para outros criminosos não psicopatas para que tenham comportamentos violento e delituoso

dentro dos presídios, desta maneira, trazendo como solução medidas e mudanças da própria

Lei de Execução Penal nº 7.210, de 1984.

Deve mencionar que atualmente existe o Projeto de Lei de nº 6858/2010, fundado no

objetivo de separar os psicopatas dos criminosos comuns nos presídios, e ainda estabelecer

uma Comissão Técnica de Classificação que elaborará uma espécie de programa

“individualizador” da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso

provisório, levando em consideração o resultado de exame criminológico, dentre outras

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medidas, vislumbrando a garantia da punição ao psicopata e a não reincidência do mesmo,

bem como dos demais, pelo fato do psicopata influenciá-los.

Concluímos também, que mesmo sendo o psicopata considerado pelo o senso comum

como um assassino ou um “monstro”, é preciso observar possíveis qualidades no que

concerne ao mercado de trabalho, atrelando benefícios a sociedade, pois características como

frieza, charme e falta de empatia são importantes no mercado empresarial, além de uma mente

brilhante que possui, claro, que suas condutas violenta, agressiva e impulsiva, devem está em

baixo nível, pois caso não estejam, não restaria as grades de uma prisão para contê-lo.

ANÁLISIS DE PSYCHOPATH CRIMINOLÓGICA, CRIMINAL EN POTENCIA Y

SU LADO BENEFICIOSA PARA LA SOCIEDAD.

RESUMEN

Nada impedirá la cordura del individuo psicopático, así como sus artimañas para cometer sus

crímenes, por esa razón, no debe confundirse en modo alguno con locos o enfermos mentales,

porque si lo fueran, estarían exentos de castigo y las atrocidades cometidas por que sólo

aumentan. Trajo una expresión sociópata para nombrar a estos criminales, que también tienen

el trastorno antisocial, y lo que, la nomenclatura se impondría correctamente Psycho, ya que

no todos los sociópatas son psicópatas. Tener psicópata falta de sentimiento emocional y la

culpa, la práctica de una conducta criminal en toda su vida, dejando sólo la posibilidad de

recurrencia de este individuo, para la rehabilitación sería frustrado y los añadiremos

experiencia criminal para su gran criminal en potencia, que reducirá el potencial ofensiva para

crímenes brutales e impactantes. El psicópata está dirigido a no encontrar su verdadero yo,

yendo mayormente desapercibido en medio de nosotros, usando su "arte" de la interpretación

y la mentira. Sin embargo, cuando se considera la posibilidad de características beneficiosas,

el psicópata tendría mucho que aportar a la sociedad, donde vislumbraría el mercado laboral y

lograr grandes profesiones, controlar su impulsividad y no ser agresivo, por lo que no

necesariamente un criminal.

PALABRAS CHAVE: Psicópata. Criminal en Potencia. Reincidente. Sociópata. Trastorno

Antisocial.

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27f.

Orientadora: Profª. Esp. Gabriella Henriques da Nóbrega.

Artigo Científico (Graduação em Direito). Faculdades de Ensino Superior da Paraíba –

FESP

1. Psicopata. 2. Potencial Criminoso. 3. Reincidência. 4. Sociopata. 5. Transtorno

Antissocial I. Título

BC/Fesp CDU: 343 (043)