faculdade zumbi dos palmares antropologia raça cultura sociedade atividade 1

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1. Antes de responder propriamente a questão, cabe assinalarmos que as ações humanas

trazem consigo marcas simbólicas, diferenciadoras da natureza. Tais ações criam normas quanto à

sexualidade, por exemplo, e instituindo aquilo que se chama de cultura. As regras possuem um

sentido que vão além de sua mera existência, carregadas de valores destinados aos humanos e às

coisas.

O surgimento da religiosidade está relacionado ao fato dos seres humanos perceberem que

são dotados de consciência sobre as coisas, os outros e a si próprios. A percepção em que o meio

externo natural não é dependente do ser humano, pelo contrário, pode ser nocivo a ele muitas vezes,

fez surgir à crença em divindades.

Os seres humanos também percebem a existência de fatos antecessores e posteriores a sua

vida. Essa capacidade de memória cria a noção duma identidade individual e coletiva. Isso ajuda a

explicar a crença numa vida futura e seus rituais fúnebres, ações dotadas de muitos símbolos,

representantes e interpretadores da realidade, e que também permeiam a experiência do sagrado.

Como exemplo que acontecem no Brasil, gostaríamos de ressaltar as várias matrizes

formadoras – a portuguesa, a de maior hegemonia – responsável pelos vários Brasis, como escreveu

Darcy Ribeiro, em “O povo brasileiro”. Começamos pelos sincretismos religiosos, envolvendo as

religiões de matriz africana com o catolicismo. Gilberto Freyre ajuda-nos a entender isso, ao

comparar as relações entre brancos e negros no Brasil e nos Estados Unidos. Nesse país, o

protestantismo foi de maior força segregacionista; naquele, o catolicismo procurou cooptar o negro

à sua religiosidade, construindo até igrejas destinadas aos escravos, como a Nossa Senhora do

Rosário dos Pretos. Também podemos citar as atividades de José de Anchieta junto aos indígenas, o

qual através da linguagem teatral buscava ensinar os mandamentos cristãos, unindo as imagens dos

deuses tupiniquins ao impuro, ao Inimigo da fé cristã.

2. A concepção do sagrado envolve espaço, tempo e seres. A religião explica a origem, a

vida, o fim dos seres, oferece consolo às forças maléficas como doenças, também permitir o retorno

do ser humano ao convívio direto com o ser divino. A religião impõe normas morais, que

desrespeitadas, são dignas de punições, chegando a configurar-se como resultante de Estados, em

sua acepção política, no caso dos judeus e da Magna Grécia, por exemplo.

As contestações primárias surgiram entre os pré-socráticos, questionadores da atribuição de

características humanas aos deuses das polis. Epicuro acreditava que a religião tratava-se de fábula.

Espinosa, já no século XVII, defendeu que a religião vinha da superstição e que tinha caráter

político, onde os sacerdotes praticam vilanias contra os demais homens, pois os afastam da natureza

real de Deus, racional e nada supersticiosa. Aproximadamente duzentos anos depois, Feuerbach

assinala que os homens esquecem-se de que são os verdadeiros criadores das divindades e deixam

por elas governar, tornando-se alienados. Karl Marx continua nessa visão próxima onde o credo na

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justiça dum outro mundo diminui o interesse pela combatividade da classe explorada ante seus

exploradores. No mundo ocidental, percebe-se, paulatinamente, a crítica àqueles que pertenciam a

instituições religiosas e que detinham poderes e regalias, como a capacidade de ler ante uma

população analfabeta. Como exemplos de críticos destacam-se os iluministas franceses e Marx.

No pensamento ocidental, a filosofia, e posteriormente, a ciência romperam com a fé. A

Filosofia transformou os mistérios da fé em conceitos e teorias, onde a existência de seres

superiores deve ser provada. Teorias como o da evolução são vistas como heresia por religiosos.

Essas visões distintas causam severos conflitos os humanos, como o caso da razão ocidental –

acusada de ateísmo – e religião islâmica, tida como profundamente intolerante certas vezes.