faculdade redentor curso: nutriÇÃoredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... ·...

66
FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃO IVIE REZENDE FERNANDES A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO DURANTE A GESTAÇÃO Itaperuna 2011

Upload: others

Post on 12-Jul-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

0

FACULDADE REDENTOR

CURSO: NUTRIÇÃO

IVIE REZENDE FERNANDES

A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO DURANTE A GESTAÇÃO

Itaperuna

2011

Page 2: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

1

IVIE REZENDE FERNANDES

A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO DURANTE A GESTAÇÃO

Monografia apresentada à Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em Nutrição.

Orientador (a): Aldany de Souza Borges

Itaperuna

2011

i

Page 3: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

2

A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO DURANTE A GESTAÇÃO

Autor (a): IVIE REZENDE FERNANDES

Natureza: Monografia

Objetivo: Título de Bacharel

Instituição: Faculdade Redentor

Área de Concentração: Nutrição em Saúde Pública

Aprovada em: ____/____/____

Banca Examinadora:

__________________________________________________

Prof.ª Aldany de Souza Borges - Orientadora

Instituição: Faculdade Redentor

__________________________________________________

Prof.ª Laila Vitória do Couto de Souza

Instituição: Faculdade Redentor

__________________________________________________

Prof.ª Elaine Ibrahim de Freitas

Instituição: Faculdade Redentor

ii

Page 4: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

3

Dedico este trabalho aos meus pais, à

minha filha, à minha família, aos meus

mestres e amigos que estiveram sempre

à disposição nos meus momentos de

dificuldades. Todo o meu amor e

gratidão!

iii

Page 5: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

4

AGRADECIMENTOS

Ao meu senhor Jesus, que me deu a vida e a oportunidade de chegar até

aqui. A Ti, Senhor, pelo amor e pela bondade infinitos para comigo, em todos os

momentos da minha vida. “Graças e louvores sejam dados a todo momento...”

Aos meus pais, pela paciência e perseverança, mesmo nos momentos em

que eu menos mereci. Agradeço por estarem sempre do meu lado, por todo o amor

que me foi dado e por investirem na minha educação.

À minha pequena Ana Luisa, pelo amor e pelo carinho indescritíveis.

Agradeço por você ser a coisa mais perfeita da minha vida. Mamãe te ama demais!

À minha família e amigos, pelas palavras de incentivo e pela compreensão

frente aos obstáculos da vida.

À minha orientadora Aldany Borges, por estar sempre disposta a ajudar e a

ensinar. Obrigada pela paciência e dedicação durante a construção desse trabalho.

À minha coordenadora e professora Elaine Ibrahim, pela força e pela

consideração durante esses anos de luta. Agradeço por todos os nossos

momentos dentro e fora da sala de aula, pelo aprendizado e pelo carinho.

A todos os mestres que, desde o 1°período, se preocuparam em ensinar, em

educar, em ajudar, em capacitar seus alunos para a vida pós-faculdade.

A todos os funcionários da Faculdade Redentor, por se mostrarem sempre

dispostos a contribuir para o crescimento desta instituição.

iv

Page 6: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

5

“Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo.”

(KING, 2011).

v

Page 7: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

6

RESUMO

A gravidez é acompanhada por alterações anatômicas, fisiológicas e psicológicas que afetam quase todas as funções orgânicas da gestante. As mudanças observadas nas primeiras semanas são necessárias para regular o metabolismo materno, promovendo o crescimento fetal. A avaliação do peso corporal e o levantamento dos hábitos alimentares durante o pré-natal são estratégias importantes para identificar o estado nutricional gestacional, pois um estado nutricional inadequado causa grande impacto sobre o crescimento e desenvolvimento do recém-nascido, já que nesse período as necessidades nutricionais são elevadas, decorrentes dos ajustes fisiológicos da gestante. A avaliação nutricional no início do pré-natal é importante, pois estabelece as necessidades de nutrientes neste período e ao longo da gravidez. O acompanhamento nutricional é fundamental para que se estabeleça uma dieta que atenda às necessidades da gestante, visto que suas necessidades mudam conforme o período gestacional em que a gestante se encontra. O objetivo deste trabalho é mostrar a importância da nutrição durante a gestação. Este trabalho foi desenvolvido por meio de uma revisão bibliográfica sobre o tema através de consulta a artigos científicos publicados nos últimos anos, livros, revistas científicas, manuais e sites relacionados ao assunto como Ministério da Saúde. Percebe-se o quanto a qualidade da assistência pré-natal e o acompanhamento nutricional são indispensáveis, pois trazem benefícios para a saúde materna durante a gestação e o parto, garantindo o bem-estar do recém-nascido.

Palavras-chave: Gestação. Avaliação nutricional. Pré-natal. Estado nutricional. Ganho de peso gestacional.

vi

Page 8: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

7

ABSTRACT

Pregnancy is accompanied by anatomical, physiological and psychological changes that affect almost every organ function of the pregnant woman. The changes observed in the first weeks are needed to regulate maternal metabolism, promoting fetal growth. The evaluation of weight lifting and eating habits during the prenatal period are important strategies to identify the nutritional status during pregnancy, because an inadequate nutritional status has a great impact on the growth and development of the newborn, since this period the nutritional needs are high, physiological adjustments arising from the pregnancy. Nutritional assessment at the beginning of prenatal care is important because it establishes the need for nutrients during this period and throughout pregnancy. The nutritional monitoring is essential in order to establish a diet that meets the needs of pregnant women, as their needs change as the pregnancy where the mother is. The objective of this paper is to show the importance of nutrition during pregnancy. This work was developed through a literature review on the subject by looking at scientific papers published in recent years, books, journals, manuals and websites related to the subject as the Ministry of Health. It can be seen how the quality of prenatal care and nutritional counseling are essential, because they bring benefits to maternal health during pregnancy and childbirth, ensuring the welfare of the newborn. Keywords: Pregnancy. Nutritional assessment. Prenatal care. Nutritional status. Gestational weight gain.

vii

Page 9: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

8

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

DDI - Distúrbio por Deficiência de Iodo

DNA - Ácido Desoxirribonucléico

DTN - Defeito do Tubo Neural

DVA - Deficiência de Vitamina A

EN - Estado Nutricional

FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations

HCG - Hormônio Gonadotrofina Coriônica

IMC - Índice de Massa Corporal

IOM - Institute of Medicine

MS - Ministério da Saúde

OMS - Organização Mundial de Saúde

T₃ - Hormônio Triiodotironina

T₄ - Hormônio Tiroxina

TSH - Hormônio Estimulante da Tireóide

VET - Valor Energético Total

viii

Page 10: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Avaliação do estado nutricional (EN) da gestante acima de 19 anos, segundo

Índice de Massa Corporal (IMC) por semana gestacional ................................................. 20

Quadro 2: Ganho de peso recomendado (em Kg) na gestação, segundo estado nutricional

inicial .................................................................................................................................. 22

Quadro 3: Grupos de alimentos e número de porções por trimestre gestacional adaptado

para gestantes .................................................................................................................... 30

ix

Page 11: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

10

SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................................. vi

ABSTRACT ........................................................................................................................ vii

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 11

2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 13

3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 14

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 15

4.1 AJUSTES FISIOLÓGICOS DA GESTAÇÃO ..................................................... 15

4.1.1 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL PRÉ-GESTACIONAL ....... 16

4.1.2 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL GESTACIONAL ............... 18

4.2 GANHO DE PESO GESTACIONAL ................................................................... 21

4.2.1 GANHO PONDERAL EXCESSIVO DURANTE A GESTAÇÃO ............ 22

4.2.2 GANHO DE PESO INSUFICIENTE DURANTE A GESTAÇÃO ............ 24

4.3 A ALIMENTAÇÃO DURANTE O PERÍODO GESTACIONAL ........................... 25

4.3.1 DESORDENS ALIMENTARES .............................................................. 26

4.3.2 MACRONUTRIENTES ........................................................................... 28

4.3.3 MICRONUTRIENTES ............................................................................. 31

4.4 SUPLEMENTAÇÃO DE FERRO, ÁCIDO FÓLICO ............................................ 38

4.4.1 SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA A ................................................... 39

4.5 A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL DURANTE O

PRÉ NATAL .............................................................................................................. 40

5 ARTIGO CIENTÍFICO ..................................................................................................... 44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 61

x

Page 12: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

11

1. INTRODUÇÃO

A gravidez é acompanhada por alterações anatômicas, fisiológicas e

psicológicas que afetam quase todas as funções orgânicas da gestante. Cada

gestante vivencia essa fase de forma única e, muitas vezes, ocorrem, na mesma

mulher, diferenças de uma gestação para a outra. As mudanças observadas logo

nas primeiras semanas de gestação são necessárias para regular o metabolismo

materno, promover o crescimento fetal e preparar a mãe para o trabalho de parto e

lactação (ACCIOLY et al, 2009).

O organismo da mulher sofre intensas modificações funcionais e estruturais

durante a gestação, garantindo um ambiente propício à manutenção de uma nova

vida que se encontra em formação. Ocorre, assim, um aumento da demanda

energética que atenda às necessidades requeridas por essas modificações

fisiológicas (ASSUNÇÃO et al, 2007).

Durante a assistência pré-natal, a avaliação do peso corporal e o

levantamento de hábitos alimentares são estratégias importantes para identificar o

estado nutricional das gestantes. Dessa forma, é possível uma orientação

nutricional individualizada, que vise aperfeiçoar o estado nutricional materno, a

melhoria das condições maternas para o parto e a adequação do peso do recém-

nascido (SANTOS et al, 2006).

O estado nutricional materno inadequado tem grande impacto sobre o

crescimento e desenvolvimento do recém-nascido, visto que o período gestacional

é uma fase na qual as necessidades nutricionais são elevadas, decorrentes dos

ajustes fisiológicos da gestante e das necessidades de nutrientes para o

crescimento fetal (ROCHA et al, 2005).

Page 13: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

12

Eventos relacionados à gestação como puerpério e lactação, são marcados

por profundas mudanças que interferem na vida da mulher, como modificações

relacionadas ao corpo, sua fisiologia e metabolismo. Estas são as fases de maior

vulnerabilidade e que requerem prioridade na assistência (BAIÃO & DESLANDES,

2006).

A avaliação nutricional no início do pré-natal é importante, pois estabelece

as necessidades de nutrientes neste período e deve ser realizada continuamente

ao longo da gravidez. Sendo assim, a avaliação do consumo alimentar ajuda na

detecção de ingestão inadequada e de hábitos desfavoráveis (AZEVEDO &

SAMPAIO, 2003).

O acompanhamento nutricional é fundamental antes mesmo da concepção,

pois estabelece uma dieta que atenda às necessidades da gestante. Percebe-se,

desse modo, a importância da avaliação do estado nutricional materno, no início e

durante a gestação, visto que as necessidades nutricionais mudam conforme o

trimestre gestacional em que a gestante se encontra (LUCYK & FURUMOTO,

2008).

A alimentação tem papel relevante para a saúde dos indivíduos,

principalmente em etapas da vida como a gestação, onde ocorrem intenso

processo de formação de tecidos e grandes transformações orgânicas durante um

curto espaço de tempo. Diante disso, torna-se indispensável a avaliação da

condição nutricional das gestantes, afim de lhes oferecer um melhor atendimento e

os melhores cuidados possíveis, visando prevenir doenças e promover a saúde da

mãe e do bebê.

Page 14: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

13

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Mostrar a importância da nutrição durante a gestação.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Enumerar os benefícios da alimentação saudável durante a gestação;

Identificar erros alimentares que possam prejudicar a saúde da mãe e

do feto;

Ressaltar a importância do acompanhamento nutricional efetivo na

gestação.

Page 15: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

14

3. METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido por meio de revisão bibliográfica sobre o

tema através de consulta a artigos científicos publicados nos últimos anos, livros,

revistas científicas, manuais e sites relacionados ao assunto, como Ministério da

Saúde.

As palavras-chave utilizadas foram: gestação; avaliação nutricional; pré-

natal; estado nutricional; ganho de peso gestacional.

Page 16: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

15

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 AJUSTES FISIOLÓGICOS DA GESTAÇÃO

A presença dos ajustes fisiológicos da gestação no organismo materno se

dá através dos sinais e sintomas, permitindo, assim, seu diagnóstico. O diagnóstico

é permitido utilizando-se alguns parâmetros, como clínico, hormonal e

ultrassonográfico (ACCIOLY, 2009).

Durante esse período, há necessidade adicional de energia devido ao

crescimento do feto, da placenta, dos tecidos maternos, bem como para o próprio

consumo da gestante (AZEVEDO & SAMPAIO, 2003).

Fatores como amenorréia, náuseas (comuns no 1° trimestre, muitas vezes

acompanhadas por vômitos e anorexia), picamalácia, mudanças na pigmentação

da aréola mamária, atraso menstrual (10-14 dias) e aumento do volume abdominal

são sinais clínicos tradicionais da gravidez. Outro parâmetro utilizado para o

diagnóstico da gestação é o hormonal, considerado o mais precoce e exato, pois

investiga a produção do hormônio gonadotrofina coriônica (HCG), que pode ser

rastreado na urina e no sangue. A detecção desse hormônio é sinal de certeza da

gestação. O parâmetro ultrassonográfico também é essencial, visto que é possível

identificar os batimentos cardíacos do feto (6 e 7 semanas), assim como a

identificação da placenta (12 semanas). Com 16 semanas de gestação, a placenta

já apresenta sua estrutura bem definida (ACCIOLY, 2009).

O primeiro trimestre gestacional é marcado por grandes modificações

biológicas devido à intensa divisão celular que ocorre nesse período. A saúde do

embrião depende da condição nutricional pré-gestacional da mãe, tanto no que diz

Page 17: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

16

respeito às suas reservas energéticas quanto no que diz respeito às reservas de

vitaminas, minerais e oligoelementos. Nessa fase a mulher é submetida à privação

alimentar, pois sofre manifestações de enjôos e vômitos, mas que não acarretam

prejuízos para o feto, desde que essa mãe perca peso dentro dos limites

considerados adequados (VITOLO, 2008).

Para satisfazer as necessidades da mãe e do concepto, o aumento do

aporte de energia materna é necessário, pois o adequado consumo energético

juntamente com o ganho de peso durante a gestação resultam num ganho

ponderal gestacional satisfatório (ANDRETO et al, 2006).

O segundo e o terceiro trimestres integram outra fase para a gestante,

onde as condições ambientais exercem influência direta no estado nutricional do

feto. Fatores como ganho de peso adequado, ingestão de nutrientes e estilo de

vida são determinantes para o crescimento e desenvolvimento normais do feto. Por

esse motivo, os hábitos de vida da mãe, sua disciplina e a qualidade da assistência

pré-natal, serão responsáveis pelas conseqüências imediatas e futuras, tanto para

ela quanto para o bebê (VITOLO, 2008).

4.1.1 Avaliação do estado nutricional pré-gestacional

Durante a gravidez, aspectos importantes como a nutrição, o peso pré-

gestacional e o ganho de peso materno influenciam os resultados da gestação

(BARROS et al, 2008).

O estado nutricional da mulher antes e durante a gestação é um fator que

está associado à ocorrência de complicações gestacionais, como hipertensão,

diabetes, pré-eclâmpsia, prematuridade e insuficiência cardíaca. O estado

nutricional pré-gestacional inadequado é um fator de risco modificável que pode ser

Page 18: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

17

controlado por meio de intervenções nutricionais efetivas. Do mesmo modo, o

ganho de peso adequado ao estado nutricional vai conferir melhor prognóstico

gestacional (VITOLO et al, 2011).

Assunção et al (2007) relata que ao longo da década de 1990 discutiu-se

muito acerca do ganho de peso ideal para o período gestacional. O Institute of

Medicine (IOM) reconhece o peso pré-gestacional como um dos principais

determinantes do ganho ponderal; assim sendo, recomenda que o ganho de peso

ideal seja avaliado em função do estado nutricional inicial da gestante, sendo este

definido de acordo com as categorias de índice de massa corporal (IMC) pré-

gestacional.

Observa-se que o estado nutricional pré-gestacional é um determinante de

ganho de peso insuficiente ou excessivo, sugerindo, assim, intervenção precoce no

monitoramento dessa variável durante a gestação. Isso implica numa avaliação

criteriosa de peso e estatura e sua respectiva classificação, no início de pré-natal.

As modificações do estado nutricional pré-gestacional para o gestacional

aumentam a prevalência de sobrepeso e obesidade no decorrer das semanas

gestacionais. Pode-se dizer que esse seja um período facilitador do ganho de peso

excessivo, confirmando os achados de maior prevalência de mulheres obesas de

acordo com sua paridade (VITOLO, 2008).

Verifica-se também que a obesidade pré-gestacional aumenta os riscos de

complicações na gravidez. Mulheres com peso excessivo nem sempre possuem

depósitos adequados de nutrientes, visto que a qualidade da alimentação pode não

ter sido adequada. Portanto, é preciso atenção quando se trata de restrição

alimentar na gestação. A gestante deve receber orientações nutricionais de acordo

Page 19: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

18

com seus hábitos, condições de vida, sintomas, atividade física e patologias

associadas (LEMOS et al, 2010).

O alto índice de mulheres em idade reprodutiva com desvio ponderal

reforça a importância da avaliação nutricional antes e durante a gestação, e

enfatiza a importância do estilo de vida saudável, em que a orientação nutricional

deve favorecer o estado nutricional adequado, minimizando os riscos de

intercorrências gestacionais. Isso contribuirá para a redução das taxas de

morbimortalidade no que diz respeito ao binômio mãe-filho (PADILHA et al, 2009).

Diante disso, faz-se necessária a utilização de trabalhos práticos de

orientação nutricional. Programas de pré-natal coletivo das equipes de saúde, para

melhoria na qualidade de vida das gestantes devem valorizar a importância dos

aspectos nutricionais, comportamentais, com um estilo de vida ativo ou

moderadamente ativo durante a gravidez (LEMOS et al, 2010).

4.1.2 Avaliação do estado nutricional gestacional

O estado nutricional materno e o ganho de peso gestacional têm sido,

atualmente, foco de vários estudos, principalmente devido ao seu papel

determinante sobre os desfechos gestacionais. O estado nutricional é determinado,

principalmente, pela ingestão de nutrientes. Isso significa que um inadequado

aporte energético da gestante pode levar a uma competição entre a mãe e o feto,

limitando, assim, a disponibilidade dos nutrientes necessários para um adequado

crescimento fetal (MELO et al, 2007).

Algumas características maternas estão associadas com o ganho de peso

durante a gestação. Destacam-se os fatores nutricionais (estado nutricional no

Page 20: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

19

início da gravidez e consumo energético), fatores sociodemográficos (idade e

escolaridade), presença de companheiro, fatores obstétricos (paridade, intervalo

interpartal) e fatores comportamentais, como trabalho fora de casa e hábito de

fumar (STULBACH et al, 2007).

No Brasil, o problema nutricional de maior prevalência é o excesso de peso

e não a desnutrição no período gestacional, com prevalências que variam de 25 a

30%. Estudos observaram altas proporções de mulheres em idade fértil com

excesso de peso e obesidade, segundo Vitolo et al (2011). Por essa razão, o

monitoramento da evolução ponderal e o aconselhamento nutricional são

fundamentais para o controle adequado do ganho de peso durante a gestação. É

necessário o atendimento nutricional não apenas para gestantes com baixo peso,

mas, também, para aquelas com sobrepeso pré-gestacional e risco de ganho de

peso durante a gravidez (STULBACH et al, 2007; NASCIMENTO & SOUZA, 2002).

A avaliação antropométrica objetiva identificar as gestantes com desvio

ponderal no início da gestação; detectar as gestantes com ganho de peso

insuficiente ou excessivo para a idade gestacional em razão do estado nutricional

prévio; fornecer base para elaboração de condutas adequadas, visando melhorar o

estado nutricional materno, assim como suas condições para o parto e as

condições ao nascer. Características como fácil aplicabilidade, baixo custo e

caráter pouco invasivo reforçam o quanto a antropometria é importante na

avaliação do estado nutricional de gestantes (ACCIOLY, 2009; PADILHA et al,

2007).

O Ministério da Saúde (MS) recomenda a utilização do método de Atalah et

al (1997), pois este permite a avaliação nutricional de gestantes das quais não se

Page 21: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

20

conhece o peso pré-gestacional, empregando a avaliação do IMC segundo a idade

gestacional, como mostra o quadro 1 abaixo (SAUNDERS, 2011) :

Quadro 1: Avaliação do estado nutricional (EN) da gestante acima de 19 anos, segundo índice de massa corporal (IMC) por semana gestacional

Semana gestacional

Baixo peso Adequado Sobrepeso Obesidade

IMC ≤ IMC entre IMC entre IMC ≥

6 19,9 20,0 - 24,9 25,0 - 30,0 30,1

8 20,1 20,2 - 25,0 25,1 - 30,1 30,2

10 20,2 20,3 - 25,2 25,3 - 30,2 30,3

11 20,3 20,4 - 25,3 25,4 - 30,3 30,4

12 20,4 20,5 - 25,4 25,5 - 30,3 30,4

13 20,6 20,7 - 25,6 25,7 - 30,4 30,5

14 20,7 20,8 - 25,7 25,8 - 30,5 30,6

15 20,8 20,9 - 25,8 25,9 - 30,6 30,7

16 21 21,1 - 25,9 26,0 - 30,7 30,8

17 21,1 21,2 - 26,0 26,1 - 30,8 30,9

18 21,2 21,3 - 26,1 26,2 - 30,9 31

19 21,4 21,5 - 26,2 26,3 - 30,9 31

20 21,5 21,6 - 26,3 26,4 - 31,0 31,1

21 21,7 21,8 - 26,4 26,5 - 31,1 31,2

22 21,8 21,9 - 26,6 26,7 - 31,2 31,3

23 22 22,1 - 26,8 26,9 - 31,3 31,4

24 22,2 22,3 - 26,9 27,0 - 31,5 31,6

25 22,4 22,5 - 27,0 27,1 - 31,6 31,7

26 22,6 22,7 - 27,2 27,3 - 31,7 31,8

27 22,7 22,8 - 27,3 27,4 - 31,8 31,9

28 22,9 23,0 - 27,5 27,6 - 31,9 32

29 23,1 23,2 - 27,6 27,7 - 32,0 32,1

30 23,3 23,4 - 27,8 27,9 - 32,1 32,2

31 23,4 23,5 - 27,9 28,0 - 32,2 32,3

32 23,6 23,7 - 28,0 28,1 - 32,3 32,4

33 23,8 23,9 - 28,1 28,2 - 32,4 32,5

34 23,9 24,0 - 28,3 28,4 - 32,5 32,6

35 24,1 24,2 - 28,4 28,5 - 32,6 32,7

36 24,2 24,3 - 28,5 28,6 - 32,7 32,8

37 24,4 24,5 - 28,7 28,8 - 32,8 32,9

38 24,5 24,6 - 28,8 28,9 - 32,9 33

39 24,7 24,8 - 28,9 29,0 - 33,0 33,1

40 24,9 25,0 - 29,1 29,2 - 33,1 33,2

41 25 25,1 - 29,2 29,3 - 33,2 33,3

42 25 25,1 - 29,2 29,3 - 33,2 33,3

Fonte: (ATALAH et al, 1997).

Page 22: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

21

4.2 GANHO DE PESO GESTACIONAL

A assistência pré-natal no Brasil inclui o acompanhamento e o

monitoramento do ganho de peso gestacional, prevendo orientações nutricionais

voltadas às mulheres no período que vai da gravidez à amamentação (BAIÃO &

DESLANDES, 2006).

Kac & Meléndez (2005) afirmam que um ganho de peso adequado durante

a gestação está associado a um desfecho fetal satisfatório. O crescimento fetal

normal é uma função positiva do ganho de peso gestacional, modificado pelo

estado nutricional pré-gestacional.

Para avaliar o estado nutricional durante a gestação, a avaliação

antropométrica é recomendada, por ser um método rápido. A partir do

conhecimento do peso pré-gestacional e da altura, calcula-se o IMC, classificando

a gestante em baixo peso, normal, sobrepeso e obesa. Para mulheres com

sobrepeso, foram recomendados, pelo IOM, os ganhos de peso de 7 a 11,5 Kg,

como mostra o quadro 2 a seguir. Em mulheres com o peso normal, um ganho de

peso de 11,5 a 16 Kg durante a gestação está associado a um ótimo resultado

(LEMOS, et al, 2010).

Rocha et al (2005) em seu estudo sobre o estado nutricional de gestantes

no estado de Minas Gerais avaliaram o peso pré-gestacional e o ganho de peso

gestacional e verificaram que, entre as gestantes com baixo peso, 60% tiveram um

ganho de peso insuficiente e 18,6% excessivo; entre as eutróficas, 51,6%

apresentaram ganho de peso reduzido e 26,3% elevado. Já entre as gestantes com

sobrepeso e obesidade, a maioria (48,3%) apresentou ganho de peso excessivo.

Page 23: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

22

Quadro 2: Ganho de peso recomendado (em Kg) na gestação, segundo estado nutricional inicial

Estado nutricional (IMC)

Ganho de peso total (Kg) no 1°

trimestre

Ganho de peso semanal médio (Kg) no 2° e 3° trimestres

Ganho de peso total (Kg)

Baixo peso 2,3 0,5 12,5 - 18,0

Adequado 1,6 0,4 11,5 - 16,0

Sobrepeso 0,9 0,3 7,0 - 11,5

Obesidade - 0,3 7

Fonte: (BRASIL, 2006).

Identificar precocemente gestantes com estado nutricional inadequado

permite uma melhora no estado nutricional materno, tendo um impacto positivo nas

condições ao nascer, minimizando as taxas de morbimortalidade perinatal e

neonatal (ROCHA et al, 2005).

Desta forma, programas de intervenção que priorizem o controle de ganho

de peso na gestação influenciarão diretamente a prevalência de baixo peso e

obesidade na população como um todo (VITOLO et al, 2011).

4.2.1 Ganho ponderal excessivo durante a gestação

Iniciar o período gestacional com sobrepeso ou obesidade, assim como o

ganho de peso excessivo nesse período são fatores de risco importantes para uma

série de complicações, principalmente no final da gestação. A prevalência de

diabetes e hipertensão aumenta de duas a seis vezes em mulheres com sobrepeso

(VITOLO, 2008).

O ganho ponderal excessivo durante a gestação é caracterizado como

possível causa da obesidade entre as mulheres. Além de contribuir para a

obesidade, o excesso de peso está associado a complicações como hemorragias,

Page 24: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

23

macrossomia fetal, baixo peso ao nascer e mortalidade infantil (LEMOS et al, 2010;

STULBACH et al, 2007).

As mudanças comportamentais que influenciam a saúde materna, como

alimentos industrializados e fastfoods, têm sido identificados como facilitadoras

para o ganho de peso gestacional excessivo, repercutindo diretamente na saúde da

gestante. Identificar precocemente a inadequação do estado nutricional das

gestantes contribui para uma intervenção oportuna, resultando positivamente nas

condições de nascimento da criança e minimizando as taxas de mortalidade

perinatal e neonatal (BARROS et al, 2008).

A gestante que inicia a gravidez obesa apresenta um maior risco de parto

prematuro (menos de 32 semanas) e morte precoce ou tardia fetal. Em mulheres

que se tornam obesas durante a gestação, o risco aumentado de morte fetal tardia

ocorre na 28ª semana de gestação. A taxa de pré-eclâmpsia também aumenta

devido ao aumento do IMC (LEMOS et al, 2010).

Saunders et al (2011) alegam que existem diferentes fatores que

determinam o ganho de peso gestacional insuficiente e excessivo. Estes podem ser

identificados no início da gestação e têm ligação com o resultado obstétrico

inadequado, daí a importância do início precoce da assistência nutricional pré-

natal. A mudança de estilo de vida melhora os hábitos alimentares de gestantes

obesas. Uma melhor adesão às orientações prestadas nas consultas com o

nutricionista melhora a adequação do ganho de peso gestacional total, diminuindo

assim o risco de complicações gestacionais.

Page 25: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

24

4.2.2 Ganho de peso insuficiente durante a gestação

A desnutrição é uma causa conhecida de baixo peso ao nascer,

principalmente em países em desenvolvimento. A inadequação do estado

nutricional materno tem grande impacto sobre o crescimento e desenvolvimento do

recém-nascido, pois no período gestacional as necessidades nutricionais estão

elevadas, devido aos ajustes fisiológicos da gestante e às demandas de nutrientes

para o crescimento fetal (GUERRA et al, 2007).

Um estudo realizado na Califórnia verificou que mulheres que ganharam

menos peso durante a gestação apresentaram maior risco de ter filhos com defeito

do tubo neural (DTN), alertando quanto à importância do ganho de peso adequado

durante a gestação (VITOLO, 2008).

O baixo peso materno e as carências específicas de nutrientes podem

resultar em baixo peso ao nascer, assim como o sobrepeso e a obesidade estão

associados ao desenvolvimento de diabetes gestacional e/ou à síndrome

hipertensiva da gravidez, com conseqüências para a saúde materna e do concepto.

Por outro lado, o ganho de peso materno pode ser controlado durante a assistência

pré-natal, possibilitando a recuperação das gestantes desnutridas, diminuindo

consideravelmente o risco de nascimento de crianças com baixo peso (BAIÃO &

DESLANDES, 2006; GUERRA et al, 2007).

A gestante que não possui uma alimentação nutricionalmente adequada ou

que apresenta baixo peso pré-gestacional certamente inicia a gestação com as

reservas limitadas ou ausentes, aumentando riscos de baixo peso ao nascer e

prematuridade. Neste caso, a intervenção nutricional precoce é essencial, pois

exerce uma influência positiva sobre este prognóstico (GUERRA et al, 2007).

Page 26: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

25

Portanto, compreende-se que a ciência da Nutrição se ocupa em adequar

as recomendações nutricionais às necessidades de nutrientes dos indivíduos nas

diversas fases do ciclo da vida, mesmo em estados fisiológicos de grande

importância, sob o ponto de vista nutricional, como a gestação (BAIÃO &

DESLANDES, 2006).

4.3 A ALIMENTAÇÃO DURANTE O PERÍODO GESTACIONAL

A alimentação tem papel fundamental para a saúde dos indivíduos,

principalmente nas etapas da vida onde ocorre aumento da demanda de energia e

de nutrientes, como a gestação. A falta de conhecimento sobre alimentação

saudável pelas gestantes reflete-se nas suas escolhas alimentares, sendo

influenciadas por fatores como o apetite aumentado, o desejo, o paladar

aumentado, a disponibilidade do alimento, as influências culturais e familiares

(NASCIMENTO & SOUZA, 2002; BARROS et al, 2004).

Durante a lactação, a nutrição materna exerce grande impacto na gestação

e sobre a saúde da mulher e da criança. Em ambas as fases é fundamental que as

recomendações nutricionais sejam atendidas para garantir aporte nutricional e

ganho de peso adequados. O consumo inadequado de vitaminas e de minerais

está associado a desfechos gestacionais desfavoráveis. Há elevada proporção de

mulheres em idade reprodutiva que consomem dietas com quantidades

insuficientes de micronutrientes como zinco, ácido fólico, cálcio e ferro (LACERDA

et al, 2007).

São vários os fatores que influenciam no comportamento alimentar das

mulheres durante a gestação, desde condições socioeconômicas, biológicas,

Page 27: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

26

comportamentais e de assistência à saúde. O acompanhamento nutricional à

mulher durante o pré-natal é importante, pois tem como principais objetivos

estabelecer o estado nutricional, identificando fatores de risco, possibilitando

medidas terapêuticas e profiláticas no sentido de corrigir distorções e planejar a

educação nutricional (BARROS et al, 2004; AZEVEDO & SAMPAIO, 2003).

4.3.1 Desordens alimentares

Os hábitos e preferências alimentares e o estilo de vida das gestantes

tornam esse período particularmente vulnerável aos distúrbios nutricionais.

Horários irregulares, alimentação fora de casa, omissão do desjejum, substituição

de grandes refeições por fastfoods e mudanças do estilo alimentar são fatores que

contribuem para a inadequação alimentar. O consumo abusivo de álcool, tabaco e

drogas, baixa condição socioeconômica e dificuldades de relacionamento

intrafamiliar aumentam os riscos de hábitos alimentares inadequados (SAUNDERS

et al, 2009).

Muitas mulheres desejam ter uma alimentação saudável quando

engravidam, mas o aumento do peso e alterações na forma física durante a

gestação (associados ao medo de engordar) podem influenciar algumas mulheres

a se engajar em dietas inadequadas e restritivas (DUNKER et al, 2009).

Dentre os hábitos que promovem o ganho de peso excessivo na gestação

encontram-se a ingestão elevada de bebidas com adição de açúcar e de alimentos

altamente energéticos. Esses, geralmente, são alimentos pobres em fibras,

micronutrientes e água e com alto teor de gordura e açúcar. Alimentos como doces,

Page 28: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

27

chocolates, carne processada, refrigerantes, entre outros, estão relacionados com

o aumento do ganho de peso ao final da gravidez (MARTINS & BENICIO, 2011).

Segundo Dunker et al (2009), os comportamentos alimentares de controle

de peso, como dietas restritas, vômitos e exercícios excessivos, contribuem para

danos no crescimento fetal por comprometer a passagem dos nutrientes essenciais

do sangue materno para o feto. Esses comportamentos também levam à

desnutrição materna, causando danos no sistema imune, o que pode aumentar o

risco de doenças infecciosas maternas, contribuindo para nascimento de bebês

prematuros.

A pica ou picamalácia é uma desordem alimentar comum na gestação. Sua

definição refere-se ao gosto por alimentos estranhos, condimentos raros ou

substâncias estranhas. Dentre as perversões mais comuns encontram-se a

pagofagia (ingestão de gelo), a geofagia (ingestão de terra ou barro), a amilofagia

(ingestão de goma de lavanderia), o consumo de combinações atípicas e de frutas

verdes (SAUNDERS et al, 2009).

As causas desse comportamento nas gestantes são desconhecidas, tendo

como hipóteses o alívio de náuseas e vômitos referidos pelas mães e o suprimento

de deficiência de cálcio e ferro, contidos na maioria dessas substâncias (VITOLO,

2008).

Dentre as gestantes, a prática de pica pode estar associada à anemia, à

constipação, a infecções parasitárias, à toxoplasmose, a distúrbios específicos da

gravidez e a interferências na absorção de nutrientes. Para o concepto, os efeitos

dessa prática podem estar associados ao parto prematuro, ao baixo peso ao

nascer, a irritabilidade do neonato, a exposição fetal a substâncias químicas, como

Page 29: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

28

chumbo, pesticidas e herbicidas, podendo aumentar o risco de morte perinatal

(SAUNDERS et al, 2009).

É importante alertar quanto a esse tipo de comportamento durante a

gestação, pois há riscos de contaminação por substâncias tóxicas, diminuição no

aporte de nutrientes saudáveis e infecções por parasitas intestinais (VITOLO,

2008).

A ingestão de cafeína deve ser moderada durante a gestação, visto que

seu consumo excessivo pode causar riscos de aborto espontâneo, má formações

congênitas, baixo peso ao nascer, prematuridade ou retardo de crescimento intra-

uterino. É importante que a gestante esteja informada sobre os produtos que

contenham cafeína, como café, chás, refrigerantes à base de cola e chocolates,

diminuindo, portanto, sua ingestão (ACCIOLY, 2009).

4.3.2 Macronutrientes

Durante a gestação, o atendimento das demandas nutricionais maternas

influencia no adequado ganho ponderal gestacional e no resultado obstétrico que

se expressa no peso ao nascer. Alimentação e estilo de vida saudáveis são

estratégias que inspiram ações voltadas à política de segurança alimentar e

nutricional e à prevenção de agravos à saúde da população materno-infantil, a fim

de prevenir os agravos advindos da alimentação inadequada nesse ciclo da vida

(BRASIL, 2006).

Demétrio (2010) desenvolveu um modelo de orientação no formato de

pirâmide alimentar adaptado para gestantes, voltado para a educação alimentar e

nutricional. Esse modelo é baseado nas recomendações da FAO/OMS acerca da

Page 30: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

29

distribuição percentual dos seguintes macronutrientes: 55% a 75% de carboidratos,

sendo recomendado até 10% para sacarose e 25g/dia para fibras; 10% a 15% de

proteínas; 15% a 30% de lipídeos, sendo o colesterol < 300mg/dia, ácidos graxos

saturados < 10%, poliinsaturados até 10%, monoinsaturados em torno de 10% a

15% e trans < 1%. A classificação adotada em relação aos lipídeos é preconizada

pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

De acordo com as diretrizes utilizadas no Guia Alimentar para a população

brasileira do Ministério da Saúde, a pirâmide contém os alimentos mais

consumidos pela população brasileira. O porcionamento recomendado foi

estabelecido em função dos seguintes grupos alimentares: cereais, hortaliças,

frutas, leite, carnes e ovos, leguminosas, açúcares e gorduras. Para a

determinação do número de porções/dia de cada grupo, foi levado em

consideração as necessidades nutricionais recomendadas em cada trimestre de

gestação (BRASIL, 2006; DEMÉTRIO, 2010; ACCIOLY, 2009).

A pirâmide alimentar é dividida em quatro níveis e os alimentos estão

organizados em oito grupos alimentares: Primeiro nível (constituído pelo grupo de

cereais, raízes e tubérculos); segundo nível (constituído pelo grupo de legumes,

verduras e frutas); terceiro nível (constituído pelo grupo do leite e derivados, carnes

e ovos e leguminosas); quarto nível (constituído pelo grupo de óleos e gorduras e

açúcares e doces). Tais grupos foram porcionados de acordo com as necessidades

energéticas determinadas para o primeiro, segundo e terceiro trimestres

gestacionais, como mostra o quadro 3 a seguir (DEMÉTRIO, 2010):

Page 31: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

30

Quadro 3: Grupos de alimentos e número de porções por trimestre gestacional adaptado para gestantes

Alimentos N° porções 1°

trimestre N° porções 2° e 3°

trimestres

Cereais, raízes e tubérculos

5 6 ½

Frutas 4 ½ 4 ½

Legumes e verduras 5 5

Leite e derivados 3 3

Carnes e ovos 1 ½ 1 ½

Leguminosas 1 1

Óleos e gorduras 2 2 ½

Açúcares e doces 1 1

Fonte: (DEMÉTRIO, 2010 adaptado).

A recomendação do grupo de óleos e gorduras no 2º e 3º trimestres de

gestação é maior do que a preconizada pelo Guia Alimentar, pois nesse período há

modificações no metabolismo de energia da gestante, assim como diminuição da

demanda de glicose e aumento da utilização de ácidos graxos como fonte de

energia. A ingestão dietética de ácidos graxos poliinsaturados e monoinsaturados

deve ser maior em detrimento dos saturados e trans, visto que o consumo

aumentado durante a gestação está associado ao risco elevado de pré-eclâmpsia,

retardo do crescimento intra-uterino e baixo peso ao nascer (REZENDE &

MONTENEGRO, 2003).

Além das recomendações básicas voltadas para a promoção de práticas

alimentares saudáveis contidas no Guia Alimentar para a população brasileira,

Demétrio (2010) sugere complementar as orientações nutricionais e gerais para as

gestantes através de hábitos e /ou atitudes como:

- Escolher uma dieta variada com alimentos de todos os grupos da

pirâmide, evitando a monotonia alimentar;

- Dar preferência aos seguintes vegetais: frutas, legumes e verduras;

Page 32: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

31

- Atentar para a forma de preparo dos alimentos, preferindo às formas in

natura ou de preparação assada, cozida em água ou ao vapor;

- Procurar fazer a leitura dos rótulos dos alimentos industrializados para

conhecer seu valor nutricional e seu modo de preparo;

- Incluir os alimentos do grupo de cereais, raízes e tubérculos em maior

quantidade na alimentação diária;

- Usar açúcares, doces, sal e alimentos com elevados teores de sódio com

cautela;

- Consumir alimentos com baixo teor de gordura saturada (carnes magras)

e usar fontes de gorduras mono e poliinsaturadas (óleos vegetais, castanha,

amendoim, amêndoa, nozes, linhaça, gergelim);

- Ingerir de 6 a 8 copos de água diariamente;

- Realizar exposição freqüente ao sol (antes das 10 horas e após as 16

horas);

- Buscar acompanhamento médico e nutricional desde o início da gravidez

como forma de garantir uma gestação sem intercorrências.

4.3.3 Micronutrientes

As deficiências de micronutrientes como vitamina A, ferro e zinco

ocasionam diversos agravos à saúde dos indivíduos, visto que esses nutrientes

atuam na manutenção de diversas funções orgânicas vitais, como crescimento,

reprodução e função imune. Durante o período gestacional, a deficiência de

micronutrientes pode trazer conseqüências adversas para a saúde das gestantes e

para o desenvolvimento fetal (SILVA et al, 2007).

Page 33: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

32

A proporção de nutrientes destinados ao feto pode depender da

composição dietética da gestante. A ingestão diária inadequada para diferentes

componentes da dieta durante a gestação está relacionada com a

morbimortalidade materno-fetal. Deficiências de zinco, ferro, ácido fólico e iodo

estão associadas a aborto, anomalias congênitas, pré-eclâmpsia, parto prematuro

e bebês com baixo peso (LUCYK & FURUMOTO, 2008).

Vitamina A

A vitamina A tem papel de destaque na visão, na reprodução, no

desenvolvimento fetal, na função imune, na manutenção do tecido esquelético e na

manutenção da placenta. A ingestão, tanto deficiente quanto excessiva da vitamina

A está associada a defeitos congênitos (incluindo de cérebro, olho, ouvido, coração

e sistema vascular) devido a alterações no metabolismo de DNA, podendo

provocar morte fetal e abortos espontâneos. Os abortos, independentemente do

tipo (provocado ou não), podem estar associados à maior risco de cegueira noturna

gestacional, devendo ser investigada na avaliação nutricional da gestante

(ACCIOLY, 2009).

Estima-se que 10 a 20% das gestantes sejam acometidas pela cegueira

noturna, sintoma de Deficiência de Vitamina A (DVA). Gestantes com cegueira

noturna e DVA são mais predispostas à intercorrências e complicações

gestacionais, como anemia, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, náuseas, vômitos, falta de

apetite e infecções do trato urinário, reprodutivo e gastrointestinal (SILVA et al,

2007).

A ingestão inadequada de alimentos fonte de vitamina A é um importante

fator etiológico da carência. Sua exclusão ou baixo consumo estão relacionados a

Page 34: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

33

hábitos alimentares inadequados. Assim, restrições alimentares severas e

inadequadas podem causar deficiências nutricionais importantes, sobretudo de

vitamina A, com risco de danos irreversíveis ao organismo (SAUNDERS et al,

2007).

Alimentos-fonte: fígado de boi, azeite de dendê, leite e derivados

integrais, queijos amarelos, vegetais folhosos verde-escuros, hortaliças, frutas

amarelo-alaranjadas.

Ferro

O ferro é o oligoelemento mais abundante no organismo humano,

participando de diversos processos metabólicos. Participa na distribuição de

oxigênio a partir do pulmão para os tecidos corporais e participa ativamente na

produção celular de energia. É um mineral necessário para a reposição das perdas

sanguíneas durante o parto, podendo esta perda ser aumentada, caso o parto seja

cesárea (SILVA et al, 2007; ACCIOLY, 2009).

A anemia na gestação pode estar relacionada a uma dieta insuficiente de

ferro, associada ao aumento da demanda deste mineral, típico nesse período. As

anemias maternas moderada e grave estão associadas a um aumento na

incidência de abortos espontâneos, partos prematuros, baixo peso ao nascer e

morte perinatal (ROCHA et al, 2005).

A carência de ferro durante o período gestacional na mulher pode

comprometer o desenvolvimento do cérebro do recém-nascido, levando ao prejuízo

no desenvolvimento físico e mental, diminuição da aprendizagem, concentração,

memorização e alteração do estado emocional. Percebe-se, portanto, que o ferro é

um nutriente de grande importância para a saúde materno-infantil. As

Page 35: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

34

conseqüências da carência desse nutriente reforçam a necessidade da prevenção

e do tratamento da anemia por deficiência de ferro (SILVA et al, 2007).

Um consumo adequado de ferro é importante e deve ser feito a partir da

20ª semana gestacional, devido à maior intolerância digestiva no início da gestação

(BRASIL, 2006).

Alimentos-fonte: fígado de boi, carnes, ovos, vegetais verde-escuros,

leguminosas.

Vitamina C (ácido ascórbico)

A vitamina C apresenta várias funções no organismo. Possui ação

antioxidante, atua na síntese de colágeno e na redução do ferro férrico a ferroso,

facilitando sua absorção e contribuindo para a prevenção e tratamento de anemia.

Sua deficiência prejudica a síntese de colágeno, proteína estrutural dos ossos,

cartilagens, músculos e vasos sangüíneos, aumenta o risco de infecções, parto

prematuro e pré-eclâmpsia (ACCIOLY, 2009; VITOLO, 2008).

O adequado aporte desta vitamina durante a gestação está relacionado

com a prevenção de ruptura prematura da membrana plasmática e com uma

melhor resposta às infecções (LUCYK & FURUMOTO, 2008).

Alimentos-fonte: frutas cítricas, acerola, goiaba, morango, manga, tomate,

couve-flor, brócolis.

Ácido fólico

A deficiência de ácido fólico prejudica a divisão celular e a síntese protéica.

Quando sua ingestão é insuficiente, pode ocorrer anemia megaloblástica (causada

pela produção anormal de hemácias), sangramento no terceiro trimestre

Page 36: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

35

gestacional, aborto, descolamento da placenta, prematuridade, baixo peso do bebê

ao nascer, hipertensão gestacional (VITOLO, 2008).

Tendo em vista o papel do ácido fólico na divisão celular e na síntese

protéica, assim como na síntese de DNA, sua deficiência causa defeitos no

fechamento do tubo neural, processo essencial para a formação da calota craniana

e da coluna vertebral no feto. Dentre os defeitos do tubo neural, 90% dos casos

estão relacionados com a anencefalia e a espinha bífida. A anencefalia é uma

importante causa de morte perinatal e os portadores de espinha bífida crescem

com paralisia nos membros inferiores e graus variados de incontinência intestinal e

de bexiga (ACCIOLY, 2009).

Um consumo adequado de ácido fólico na gestação é importante e deve

ser feito antes do fechamento do tubo neural, o qual ocorre entre o 26° e 27° dia de

vida embrionária (LUCYK & FURUMOTO, 2008).

Alimentos-fonte: levedo de cerveja, fígado de boi, folhosos, leguminosas,

gérmen de trigo, suco de laranja.

Vitamina D

A vitamina D é essencial para a saúde da gestante e da criança. A

produção diária de vitamina D na pele atinge seu ponto máximo após cerca de 30

minutos de exposição à luz solar (VITOLO, 2008).

O papel da vitamina D é fundamental, pois mantém o metabolismo mineral

normal, sendo essencial ao crescimento ósseo, atua como fator imunológico, além

de estar envolvido na reprodução humana (ACCIOLY, 2009).

Page 37: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

36

A deficiência ou insuficiência de vitamina D durante a gestação está

associada ao baixo peso ao nascer, redução da mineralização óssea, aumentando

o risco de fraturas em crianças (VITOLO, 2008).

Alimentos-fonte: óleo de fígado de bacalhau, peixes gordurosos, fígado

de frango, gema de ovo, laticínios, margarinas enriquecidas.

Cálcio

Durante a gestação, ocorre a transferência de cerca de 25 a 30g de cálcio

para o feto, principalmente no terceiro trimestre gestacional, embora ocorra

considerável mineralização no segundo trimestre. Cerca de 99% do cálcio corporal

é encontrado nos ossos e dentes e uma pequena parte é encontrada no sangue,

nos músculos e outros tecidos (ACCIOLY, 2009).

Segundo Vitolo (2008), a baixa ingestão de cálcio está associada à

diminuição do comprimento do fêmur fetal. A deficiência ou distúrbios no

metabolismo de cálcio também está associada a câimbras nas pernas, prejuízos no

desenvolvimento e crescimento fetal, na pressão arterial, contrações uterinas

prematuras e, conseqüentemente, parto prematuro.

Alimentos-fonte: leite e derivados, sardinha, ostras, salmão, feijão-soja.

Zinco

O zinco é um micronutriente necessário à reprodução, ao crescimento,

desenvolvimento, reparação tecidual e imunidade. Está envolvido no metabolismo

de proteínas, carboidratos e lipídios, sendo essencial nos processos de

diferenciação e replicação celulares, assim como nos processos de transporte,

função imunológica e informação genética (SILVA et al, 2007).

Page 38: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

37

A deficiência de zinco durante a gestação tem sido associada à

infertilidade, abortos, malformações congênitas, baixo peso ao nascer, diminuição

da síntese de DNA, retardo do crescimento intra-uterino e prematuridade (LUCYK

& FURUMOTO, 2008).

Alguns fatores interferem na biodisponibilidade do zinco. Dieta rica em

alimentos integrais e fitatos, a suplementação elevada de ferro, uso do cigarro e do

álcool e o stress causado por infecção ou trauma podem diminuir a concentração

plasmática materna de zinco, reduzindo sua disponibilidade para o feto. Nesses

casos, as gestantes devem receber suplementação de zinco, com o intuito de

minimizar o risco de complicações associadas à sua deficiência (SILVA et al,

2007).

Alimentos-fonte: carnes, leite e derivados, ostras, mariscos, fígado,

queijos, cereais integrais, leguminosas, nozes.

Iodo

O iodo é um elemento essencial para a síntese dos hormônios tireoidianos

T₃, T₄ e TSH. Sua importância nutricional se deve ao importante papel

desempenhado pelos hormônios da tireóide no crescimento e desenvolvimento

humano, principalmente nos períodos que vão da concepção até os 2 anos de

idade. Como o cérebro continua a crescer rapidamente até o fim do segundo ano

de vida, o hormônio tireoidiano é essencial para o desenvolvimento cerebral

normal. A deficiência de iodo sobre o crescimento e desenvolvimento é

denominada Distúrbio por Deficiência de Iodo (DDI) (ACCIOLY, 2009).

Na gestação, o hipotireoidismo está associado à ocorrência de abortos,

parto prematuro, ao comprometimento do desenvolvimento cerebral do concepto.

Page 39: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

38

Além disso, a deficiência de iodo na gestação encontra-se associada à geração de

crianças com cretinismo. O cretinismo endêmico, expressão mais comum da

carência de iodo, caracteriza-se por deficiência mental e surdo-mudez, enquanto

que o cretinismo mixedematoso (menos comum) é caracterizado por

hipotireoidismo e nanismo (LUCYK & FURUMOTO, 2008).

Alimentos-fonte: fígado, rins, frutos do mar, cereais, cogumelos, alho.

4.4 SUPLEMENTAÇÃO DE FERRO E ÁCIDO FÓLICO

Durante a gestação a suplementação de ferro é recomendada, mesmo na

ausência de anemia, satisfazendo o requerimento desse mineral durante os dois

últimos trimestres gestacionais. Essa suplementação é importante devido ao fato

da dificuldade de atendimento das necessidades de ferro serem atingidas somente

através da ingestão dos alimentos (SILVA et al, 2007).

A OMS recomenda, na ausência de anemia, a suplementação de 40 mg de

ferro/dia e 5 mg de ácido fólico a partir da 20ª semana gestacional, devido à maior

intolerância digestiva no início da gestação. Recomenda-se a ingestão uma hora

antes das refeições. No diagnóstico de anemia leve a moderada, a suplementação

é de 120 a 240 mg de ferro/dia, via oral, uma hora antes das refeições (BRASIL,

2006).

As mulheres em idade reprodutiva, independente de pertencerem ou não

ao grupo de risco de deficiência do tubo neural, devem ser suplementadas com

ácido fólico durante o período periconcepcional. O MS recomenda a administração

oral preventiva de ácido fólico no período pré-gestacional e para a prevenção de

Page 40: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

39

DTN, especialmente nas mulheres com antecedentes de malformações, na

dosagem de 5 mg/dia, no período de 60 a 90 dias antes da concepção (ACCIOLY,

2009).

Durante a assistência pré-natal, é recomendada a suplementação diária

simultânea de ferro e ácido fólico, visando prevenir a anemia gestacional, a partir

da 20ª semana de gestação. O consumo regular de boas fontes naturais e de

alimentos enriquecidos com ácido fólico para mulheres em idade reprodutiva é

essencial para as que planejam engravidar (VITOLO, 2008).

4.4.1 Suplementação de Vitamina A

Segundo a OMS, a suplementação de vitamina A deve ser administrada

em doses semanais de 25.000 UI. Durante a lactação, a suplementação de

vitamina A em áreas onde a DVA é endêmica (todos os estados da região Nordeste

e municípios do estado de Minas Gerais - região norte e Vales do Jequitinhonha e

Mucuri) é feita em doses maciças (200.000 UI), recomendada nos primeiros 28 dias

pós-parto para as mães que não amamentam seu filho, visto que nesse período os

riscos de uma nova gravidez são pequenos. Para as mães que amamentam, a

suplementação de dose maciça é recomendada nos 60 primeiros dias pós-parto,

devido ao efeito anticoncepcional conferido pela amamentação (SILVA et al, 2007).

O MS criou, em maio de 2005, o Programa Nacional de Suplementação de

Vitamina A, intitulado Vitamina A Mais, com o objetivo de reduzir e controlar a DVA

em crianças e mulheres no pós-parto imediato residentes em áreas consideradas

de risco para a deficiência. O programa prevê a suplementação com dose única de

200.000 UI de vitamina A para as mulheres no pós-parto imediato ainda na

Page 41: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

40

maternidade. Para crianças com idade entre 6 e 59 meses, a suplementação é feita

de acordo com a idade e a cada 6 meses. As mulheres não devem receber

suplementação de vitamina A em outros períodos de sua vida reprodutiva, para que

os riscos de teratogenicidade para o feto sejam evitados, caso haja nova gravidez

em curso (BRASIL, 2006).

Dessa forma, estratégias de intervenção para o combate de DVA nas áreas

de risco, ações como promoção ao aleitamento materno e à alimentação saudável

são recomendadas (SILVA et al, 2007).

4.5 A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL

DURANTE O PRÉ-NATAL

O cuidado pré-natal compreende um conjunto de atividades durante todo o

período da gravidez que requerem tempo e outros investimentos, tanto por parte da

mulher, como de profissionais e de organizações que se dedicam à oferta desse

cuidado. A atenção pré-natal é usada como indicador de boa prática, assim como

uma medida de qualidade de cuidados clínicos e de saúde pública (SILVEIRA &

SANTOS, 2004).

O controle do pré-natal deve ter início precoce, ter cobertura universal, ser

realizado periodicamente, estar integrado com as demais ações preventivas e

curativas e deve ser observado um número mínimo de consultas. O sucesso do

pré-natal depende, em grande parte, do momento em que ele se inicia e do número

de consultas realizadas, variando de acordo com o mês de início e com

intercorrências durante a gestação (COIMBRA et al, 2003).

Page 42: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

41

O progresso no atendimento pré-natal está correlacionado com sua

qualidade, facilidade de acesso e com o cuidadoso acompanhamento de cada

gestante. Em geral, as mulheres que recebem cuidados desde o primeiro trimestre

têm melhores resultados gestacionais do que aquelas com início tardio (LIMA &

SAMPAIO, 2004).

Para o sucesso da assistência pré-natal, são necessários a participação da

equipe inter e multidisciplinar, o cuidado pré-natal qualificado, humanizado e

precoce, além da garantia da assistência de qualidade ao longo da gestação. A

atenção pré-natal e puerperal qualificada e humanizada acontece por meio do fácil

acesso a serviços de saúde de qualidade, com ações que integrem todos os níveis

de atenção: promoção, prevenção e assistência à saúde da gestante e do recém-

nascido, desde o atendimento ambulatorial básico ao atendimento hospitalar de

alto risco. No Brasil, a avaliação pré-concepcional e a atenção ao planejamento

familiar fazem parte das ações oferecidas às mulheres na saúde reprodutiva,

contribuindo para a melhoria da saúde da mulher e redução de morbimortalidade

materna e infantil (ACCIOLY, 2009).

O acompanhamento nutricional adequado, resultante da associação

‘alimentação equilibrada e ganho de peso dentro das faixas de normalidade’, pode

contribuir para a diminuição da morbimortalidade materno-infantil. Isso significa que

um acompanhamento eficiente durante a gestação e atendimento nutricional

contribuem para o ganho ponderal adequado ao final da gravidez, reduzindo,

assim, os riscos obstétricos e de obesidade pós-parto (PADILHA et al, 2010;

LEMOS et al, 2010).

Quando as gestantes recebem orientação sobre nutrição, ocorre uma

melhora no seu estado nutricional, tanto para aquelas com baixo peso quanto para

Page 43: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

42

as que se encontram acima do peso. A orientação nutricional deve concernir com

as necessidades nutricionais de cada uma, já que no período gestacional ocorre

variação das suas necessidades nutricionais, dependendo do peso pré-gestacional,

do ganho de peso durante a gestação, do estágio da gravidez e do nível de

atividade física (SANTOS et al, 2006).

O acompanhamento pré-natal é um momento importante de compreensão

de informações que podem contribuir para melhores resultados na dieta alimentar e

da gestação. Hábitos alimentares saudáveis, conhecimentos sobre alimentação e

nutrição interferem na escolha e na composição da alimentação diária, auxiliando

as gestantes na seleção de alimentos compatíveis com seu estado fisiológico

(BARROS et al, 2004; AZEVEDO & SAMPAIO, 2003).

Alguns cuidados devem ser valorizados no atendimento nutricional à

gestante como: esclarecimentos quanto à importância do ganho de peso

gestacional adequado e quanto aos benefícios da alimentação equilibrada,

enfatizando a importância da seleção de alimentos ricos em micronutrientes e do

uso de alimentos fortificados; desestímulo quanto ao consumo de fastfoods e

lanches rápidos, assim como de calorias vazias (como doces e refrigerantes),

reforçando a necessidade de se desenvolver hábitos alimentares mais saudáveis;

monitoramento do consumo de alimentos diet e ligth, tendo atenção quanto ao uso

de edulcorantes; suplementação de vitamina A, ferro e ácido fólico, quando não for

possível alcançar a ingestão dietética adequada através da alimentação; estímulo

ao aleitamento materno (ACCIOLY, 2009).

Esforços devem ser feitos para que o aconselhamento nutricional para

todas as gestantes durante a assistência pré-natal seja realizado com sucesso,

visando melhorar a qualidade da dieta durante a gestação. É necessário que se

Page 44: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

43

efetive o acompanhamento nutricional da mulher por um determinado período após

o parto, a fim de reverter hábitos alimentares inadequados (LACERDA et al, 2007).

Repensar sobre a qualidade da assistência pré-natal no que se refere à

atenção nutricional, faz-se necessário. A adequação da assistência pré-natal

pressupõe a atuação de profissionais de saúde preparados para identificar

gestantes em risco nutricional, através da avaliação do estado nutricional precoce,

assim como realizar orientação nutricional individualizada, buscando a otimização

do estado nutricional materno para o parto e a adequação do peso do recém-

nascido. As orientações devem ser oferecidas de acordo com as possibilidades

econômicas, sociais e culturais de cada paciente, assim como o encaminhamento

das gestantes para programas de assistência social, quando necessário (SANTOS

et al, 2006).

Page 45: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

44

5. ARTIGO CIENTÍFICO

A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO DURANTE A GESTAÇÃO

Ivie Rezende Fernandes¹; Aldany De Souza Borges²

Aluna do curso de Graduação em Nutrição, Faculdade Redentor¹; Nutricionista,

Especialista em Estratégias de Saúde da Família (Faculdade Redentor) e Nutrição Clínica

(UNIFOA), Docente do curso de Graduação em Nutrição, Faculdade Redentor²

Resumo

A gravidez é acompanhada por alterações anatômicas, fisiológicas e psicológicas que afetam quase todas as funções orgânicas da gestante. As mudanças observadas nas primeiras semanas são necessárias para regular o metabolismo materno, promovendo o crescimento fetal. A avaliação do peso corporal e o levantamento dos hábitos alimentares durante o pré-natal são estratégias importantes para identificar o estado nutricional gestacional, pois um estado nutricional inadequado causa grande impacto sobre o crescimento e desenvolvimento do recém-nascido, já que nesse período as necessidades nutricionais são elevadas, decorrentes dos ajustes fisiológicos da gestante. A avaliação nutricional no início do pré-natal é importante, pois estabelece as necessidades de nutrientes neste período e ao longo da gravidez. O acompanhamento nutricional é fundamental para que se estabeleça uma dieta que atenda às necessidades da gestante, visto que suas necessidades mudam conforme o período gestacional em que a gestante se encontra. O objetivo deste trabalho é mostrar a importância da nutrição durante a gestação. Este trabalho foi desenvolvido por meio de uma revisão bibliográfica sobre o tema através de consulta a artigos científicos publicados nos últimos anos, livros, revistas científicas, manuais e sites relacionados ao assunto, como Ministério da Saúde. Percebe-se o quanto a qualidade da assistência pré-natal e o acompanhamento nutricional são indispensáveis, pois trazem benefícios para a saúde materna durante a gestação e o parto, garantindo o bem-estar do recém-nascido.

Palavras-chave: 1.Gestação. 2.Avaliação nutricional. 3.Pré-natal. 4.Estado nutricional. 5. Ganho de

peso gestacional.

Abstract Pregnancy is accompanied by anatomical, physiological and psychological changes that affect almost every organ function of the pregnant woman. The changes observed in the first weeks are needed to regulate maternal metabolism, promoting fetal growth. The evaluation of weight lifting and eating habits during the prenatal period are important strategies to identify the nutritional status during pregnancy, because an inadequate nutritional status has a great impact on the growth and development of the newborn, since this period the nutritional needs are high, physiological adjustments arising from the pregnancy. Nutritional assessment at the beginning of prenatal care is important because it establishes the need for nutrients during this period and throughout pregnancy. The nutritional monitoring is essential in order to establish a diet that meets the needs of pregnant women, as their needs change as the pregnancy where the mother is. The objective of this paper is to show the importance of nutrition during pregnancy. This work was developed through a literature

Page 46: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

45

review on the subject by looking at scientific papers published in recent years, books, journals, manuals and websites related to the subject as the Ministry of Health. It can be seen how the quality of prenatal care and nutritional counseling are essential, because they bring benefits to maternal health during pregnancy and childbirth, ensuring the welfare of the newborn.

Keywords: 1.Pregnancy. 2.Nutritional assessment. 3.Prenatal care. 4.Nutritional status. 5.Gestational weight gain.

1 INTRODUÇÃO

A gravidez é acompanhada por alterações anatômicas, fisiológicas e psicológicas

que afetam quase todas as funções orgânicas da gestante. As mudanças observadas logo

nas primeiras semanas de gestação são necessárias para regular o metabolismo materno,

promover o crescimento fetal e preparar a mãe para o trabalho de parto e lactação. Ocorre,

assim, um aumento da demanda energética que atenda às necessidades requeridas por

essas modificações fisiológicas (ACCIOLY, 2009; ASSUNÇÃO et al, 2007).

A avaliação do peso corporal e o levantamento de hábitos alimentares, durante a

assistência pré-natal, são estratégias importantes para identificar o estado nutricional das

gestantes. Dessa forma, é possível uma orientação nutricional individualizada, que vise

aperfeiçoar o estado nutricional materno, a melhoria das condições maternas para o parto

e a adequação do peso do recém-nascido. (SANTOS et al, 2006; ROCHA et al, 2005).

O acompanhamento nutricional é fundamental antes mesmo da concepção, pois

estabelece uma dieta que atenda às necessidades da gestante. Percebe-se, desse modo,

a importância da avaliação do estado nutricional materno, no início e durante a gestação,

visto que as necessidades nutricionais mudam conforme o trimestre gestacional em que a

gestante se encontra (LUCYK & FURUMOTO, 2008).

A alimentação tem papel relevante para a saúde dos indivíduos, principalmente

em etapas da vida como a gestação, onde ocorrem intenso processo de formação de

tecidos e grandes transformações orgânicas durante um curto espaço de tempo. Diante

disso, torna-se indispensável a avaliação da condição nutricional das gestantes, afim de

Page 47: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

46

lhes oferecer um melhor atendimento e os melhores cuidados possíveis, visando prevenir

doenças e promover a saúde da mãe e do bebê.

Este trabalho objetiva revisar informações disponíveis na literatura acerca da

importância da nutrição durante a gestação através de uma revisão bibliográfica sobre o

tema, consulta a artigos científicos publicados nos últimos anos, livros, revistas científicas,

manuais de sites relacionados ao assunto, como Ministério da Saúde.

AJUSTES FISIOLÓGICOS DA GESTAÇÃO A presença dos ajustes fisiológicos da gestação no organismo materno se dá

através dos sinais e sintomas, permitindo, assim, seu diagnóstico. O diagnóstico é

permitido utilizando-se alguns parâmetros, como clínico, hormonal e ultrassonográfico

(ACCIOLY, 2009).

O primeiro trimestre gestacional é marcado por grandes modificações biológicas

devido à intensa divisão celular que ocorre nesse período. A saúde do embrião depende

da condição nutricional pré-gestacional da mãe, tanto no que diz respeito às suas reservas

energéticas quanto no que diz respeito às reservas de vitaminas, minerais e

oligoelementos. O segundo e o terceiro trimestres integram outra fase para a gestante,

onde as condições ambientais exercem influência direta no estado nutricional do feto.

Fatores como ganho de peso adequado, ingestão de nutrientes e estilo de vida são

determinantes para o crescimento e desenvolvimento normais do feto. (VITOLO, 2008).

O esforço para garantir o sucesso de uma gestação representa uma das funções

fundamentais da vida. São aspectos importantes: a saúde da mulher durante a gravidez, a

saúde do concepto, o bem-estar materno para possibilitar a nutrição do recém-nascido e

proteção contra o desenvolvimento de doenças crônicas durante a vida adulta. O período

de crescimento e desenvolvimento intra-uterino é o mais vulnerável do ciclo da vida. Por

isso, faz-se necessário mudanças biológicas e sociais para a efetiva proteção deste

processo fundamental (LUCYK & FURUMOTO, 2008).

Page 48: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

47

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL PRÉ-GESTACIONAL E

GESTACIONAL

Durante a gravidez, aspectos importantes como a nutrição, o peso pré-gestacional

e o ganho de peso materno influenciam os resultados da gestação. O estado nutricional da

mulher antes e durante a gestação é um fator que está associado à ocorrência de

complicações gestacionais, como hipertensão, diabetes, pré-eclâmpsia, prematuridade e

insuficiência cardíaca (BARROS et al, 2008; VITOLO et al, 2011).

O estado nutricional pré-gestacional é um determinante de ganho de peso

insuficiente ou excessivo, sugerindo intervenção precoce no monitoramento dessa variável

durante a gestação. Isso implica numa avaliação criteriosa de peso e estatura e sua

respectiva classificação, no início de pré-natal. As modificações do estado nutricional pré-

gestacional para o gestacional aumentam a prevalência de sobrepeso e obesidade no

decorrer das semanas gestacionais (VITOLO, 2008).

Atualmente, o estado nutricional materno e o ganho de peso gestacional têm sido

foco de vários estudos, principalmente devido ao seu papel determinante sobre os

desfechos gestacionais. O estado nutricional é determinado, principalmente, pela ingestão

de nutrientes. Isso significa que um inadequado aporte energético da gestante pode levar a

uma competição entre a mãe e o feto, limitando, assim, a disponibilidade dos nutrientes

necessários para um adequado crescimento fetal (MELO et al, 2007).

No Brasil, o problema nutricional de maior prevalência é o excesso de peso e não

a desnutrição no período gestacional, com prevalências que variam de 25 a 30%. Estudos

observaram altas proporções de mulheres em idade fértil com excesso de peso e

obesidade, segundo Vitolo et al (2011). Por essa razão, o monitoramento da evolução

ponderal e o aconselhamento nutricional são fundamentais para o controle adequado do

ganho de peso durante a gestação. É necessário o atendimento nutricional não apenas

para gestantes com baixo peso, mas, também, para aquelas com sobrepeso pré-

Page 49: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

48

gestacional e risco de ganho de peso durante a gravidez (STULBACH et al, 2007;

NASCIMENTO & SOUZA, 2002).

A avaliação antropométrica objetiva identificar as gestantes com desvio ponderal

no início da gestação; detectar as gestantes com ganho de peso insuficiente ou excessivo

para a idade gestacional em razão do estado nutricional prévio; fornecer base para

elaboração de condutas adequadas, visando melhorar o estado nutricional materno, assim

como suas condições para o parto e as condições ao nascer. Características como fácil

aplicabilidade, baixo custo e caráter pouco invasivo reforçam o quanto a antropometria é

importante na avaliação do estado nutricional de gestantes (ACCIOLY, 2009; PADILHA et

al, 2007).

O Ministério da Saúde (MS) recomenda a utilização do método de Atalah et al

(1997), pois este permite a avaliação nutricional de gestantes das quais não se conhece o

peso pré-gestacional, empregando a avaliação do IMC segundo a idade gestacional, como

mostra o quadro 1 a seguir (SAUNDERS, 2011) :

Page 50: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

49

Quadro 1: Avaliação do estado nutricional (EN) da gestante acima de 19 anos, segundo índice de massa corporal (IMC) por semana gestacional

Semana gestacional

Baixo peso Adequado Sobrepeso Obesidade

IMC ≤ IMC entre IMC entre IMC ≥

6 19,9 20,0 - 24,9 25,0 - 30,0 30,1

8 20,1 20,2 - 25,0 25,1 - 30,1 30,2

10 20,2 20,3 - 25,2 25,3 - 30,2 30,3

11 20,3 20,4 - 25,3 25,4 - 30,3 30,4

12 20,4 20,5 - 25,4 25,5 - 30,3 30,4

13 20,6 20,7 - 25,6 25,7 - 30,4 30,5

14 20,7 20,8 - 25,7 25,8 - 30,5 30,6

15 20,8 20,9 - 25,8 25,9 - 30,6 30,7

16 21 21,1 - 25,9 26,0 - 30,7 30,8

17 21,1 21,2 - 26,0 26,1 - 30,8 30,9

18 21,2 21,3 - 26,1 26,2 - 30,9 31

19 21,4 21,5 - 26,2 26,3 - 30,9 31

20 21,5 21,6 - 26,3 26,4 - 31,0 31,1

21 21,7 21,8 - 26,4 26,5 - 31,1 31,2

22 21,8 21,9 - 26,6 26,7 - 31,2 31,3

23 22 22,1 - 26,8 26,9 - 31,3 31,4

24 22,2 22,3 - 26,9 27,0 - 31,5 31,6

25 22,4 22,5 - 27,0 27,1 - 31,6 31,7

26 22,6 22,7 - 27,2 27,3 - 31,7 31,8

27 22,7 22,8 - 27,3 27,4 - 31,8 31,9

28 22,9 23,0 - 27,5 27,6 - 31,9 32

29 23,1 23,2 - 27,6 27,7 - 32,0 32,1

30 23,3 23,4 - 27,8 27,9 - 32,1 32,2

31 23,4 23,5 - 27,9 28,0 - 32,2 32,3

32 23,6 23,7 - 28,0 28,1 - 32,3 32,4

33 23,8 23,9 - 28,1 28,2 - 32,4 32,5

34 23,9 24,0 - 28,3 28,4 - 32,5 32,6

35 24,1 24,2 - 28,4 28,5 - 32,6 32,7

36 24,2 24,3 - 28,5 28,6 - 32,7 32,8

37 24,4 24,5 - 28,7 28,8 - 32,8 32,9

38 24,5 24,6 - 28,8 28,9 - 32,9 33

39 24,7 24,8 - 28,9 29,0 - 33,0 33,1

40 24,9 25,0 - 29,1 29,2 - 33,1 33,2

41 25 25,1 - 29,2 29,3 - 33,2 33,3

42 25 25,1 - 29,2 29,3 - 33,2 33,3

Fonte: (ATALAH et al, 1997).

O alto índice de mulheres em idade reprodutiva com desvio ponderal reforça a

importância da avaliação nutricional antes e durante a gestação, e enfatiza a importância

do estilo de vida saudável, em que a orientação nutricional deve favorecer o estado

nutricional adequado, minimizando os riscos de intercorrências gestacionais. Isso

Page 51: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

50

contribuirá para a redução das taxas de morbimortalidade no que diz respeito ao binômio

mãe-filho (PADILHA et al, 2009).

Diante disso, faz-se necessária a utilização de trabalhos práticos de orientação

nutricional. Programas de pré-natal coletivo das equipes de saúde, para melhoria na

qualidade de vida das gestantes devem valorizar a importância dos aspectos nutricionais,

comportamentais, com um estilo de vida ativo ou moderadamente ativo durante a gravidez

(LEMOS et al, 2010).

GANHO DE PESO GESTACIONAL

A assistência pré-natal no Brasil inclui o acompanhamento e o monitoramento do

ganho de peso gestacional, prevendo orientações nutricionais voltadas às mulheres no

período que vai da gravidez à amamentação. (BAIÃO & DESLANDES, 2006).

Kac & Meléndez (2005) afirmam que um ganho de peso adequado durante a

gestação está associado a um desfecho fetal satisfatório. O crescimento fetal normal é

uma função positiva do ganho de peso gestacional, modificado pelo estado nutricional pré-

gestacional.

Iniciar o período gestacional com sobrepeso ou obesidade, assim como o ganho

de peso excessivo nesse período são fatores de risco importantes para uma série de

complicações, principalmente no final da gestação. A prevalência de diabetes e

hipertensão aumenta de duas a seis vezes em mulheres com sobrepeso. Além de

contribuir para a obesidade, o excesso de peso está associado a complicações como

hemorragias, macrossomia fetal, baixo peso ao nascer e mortalidade infantil (VITOLO,

2008).

As mudanças comportamentais que influenciam a saúde materna, como alimentos

industrializados e fastfoods, têm sido identificados como facilitadoras para o ganho de peso

gestacional excessivo, repercutindo diretamente na saúde da gestante. Identificar

precocemente a inadequação do estado nutricional das gestantes contribui para uma

Page 52: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

51

intervenção oportuna, resultando positivamente nas condições de nascimento da criança e

minimizando as taxas de mortalidade perinatal e neonatal (BARROS et al, 2008).

Para avaliar o estado nutricional durante a gestação, a avaliação antropométrica é

recomendada, por ser um método rápido. A partir do conhecimento do peso pré-

gestacional e da altura, calcula-se o IMC, classificando a gestante em baixo peso, normal,

sobrepeso e obesa. Para mulheres com sobrepeso, foram recomendados, pelo Institute of

Medicine (IOM), os ganhos de peso de 7 a 11,5 Kg, como mostra o quadro 2 abaixo. Em

mulheres com o peso normal, um ganho de peso de 11,5 a 16 Kg durante a gestação está

associado a um ótimo resultado (LEMOS et al, 2010).

Quadro 2: Ganho de peso recomendado (em Kg) na gestação, segundo estado nutricional inicial

Estado nutricional (IMC)

Ganho de peso total (Kg) no 1°

trimestre

Ganho de peso semanal médio (Kg) no 2° e 3° trimestres

Ganho de peso total (Kg)

Baixo peso 2,3 0,5 12,5 - 18,0

Adequado 1,6 0,4 11,5 - 16,0

Sobrepeso 0,9 0,3 7,0 - 11,5

Obesidade - 0,3 7

Fonte: (BRASIL, 2006).

Saunders et al (2011) alegam que existem diferentes fatores que determinam o

ganho de peso gestacional insuficiente e excessivo. Estes podem ser identificados no

início da gestação e têm ligação com o resultado obstétrico inadequado, daí a importância

do início precoce da assistência nutricional pré-natal. A mudança de estilo de vida melhora

os hábitos alimentares de gestantes obesas. Uma melhor adesão às orientações prestadas

nas consultas com o nutricionista melhora a adequação do ganho de peso gestacional

total, diminuindo assim o risco de complicações gestacionais.

Estudo realizado na Califórnia verificou que mulheres que ganharam menos peso

durante a gestação apresentaram maior risco de ter filhos com defeito do tubo neural

(DTN), alertando quanto à importância do ganho de peso adequado durante a gestação

(VITOLO, 2008).

Page 53: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

52

O baixo peso materno e as carências específicas de nutrientes podem resultar em

baixo peso ao nascer. O ganho de peso materno pode ser controlado durante a assistência

pré-natal, possibilitando a recuperação das gestantes desnutridas, diminuindo

consideravelmente o risco de nascimento de crianças com baixo peso (BAIÃO &

DESLANDES, 2006; GUERRA et al, 2007).

A gestante que não possui uma alimentação nutricionalmente adequada ou que

apresenta baixo peso pré-gestacional certamente inicia a gestação com as reservas

limitadas ou ausentes, aumentando riscos de baixo peso ao nascer e prematuridade. Neste

caso, a intervenção nutricional precoce é essencial, pois exerce uma influência positiva

sobre este prognóstico (GUERRA et al, 2007).

Identificar precocemente gestantes com estado nutricional inadequado permite

uma melhora no estado nutricional materno, minimizando as taxas de morbimortalidade

perinatal e neonatal. Diante disso, percebe-se que a ciência da Nutrição se ocupa em

adequar as recomendações nutricionais às necessidades de nutrientes dos indivíduos nas

diversas fases do ciclo da vida, mesmo em estados fisiológicos de grande importância, sob

o ponto de vista nutricional, como a gestação (ROCHA et al, 2005; BAIÃO & DESLANDES,

2006).

A ALIMENTAÇÃO DURANTE O PERÍODO GESTACIONAL

Os hábitos e preferências alimentares e o estilo de vida das gestantes tornam

esse período particularmente vulnerável aos distúrbios nutricionais. Horários irregulares,

alimentação fora de casa, omissão do desjejum, substituição de grandes refeições por

fastfoods e mudanças do estilo alimentar são fatores que contribuem para a inadequação

alimentar (SAUNDERS et al, 2009).

Dentre os hábitos que promovem o ganho de peso excessivo na gestação

encontram-se a ingestão elevada de bebidas com adição de açúcar e de alimentos

altamente energéticos. Esses, geralmente, são alimentos pobres em fibras, micronutrientes

Page 54: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

53

e água e com alto teor de gordura e açúcar. Alimentos como doces, chocolates, carne

processada, refrigerantes, entre outros, estão relacionados com o aumento do ganho de

peso ao final da gravidez (MARTINS & BENICIO, 2011).

A pica ou picamalácia é uma desordem alimentar comum na gestação e refere-se

ao gosto por alimentos estranhos, condimentos raros ou substâncias estranhas como a

pagofagia (ingestão de gelo), a geofagia (ingestão de terra ou barro), a amilofagia

(ingestão de goma de lavanderia), o consumo de combinações atípicas e de frutas verdes.

A prática de pica pode estar associada à anemia, à constipação, a infecções parasitárias, à

toxoplasmose, a distúrbios específicos da gravidez e a interferências na absorção de

nutrientes. Seus efeitos podem estar associados ao parto prematuro, ao baixo peso ao

nascer, a irritabilidade do neonato, a exposição fetal a substâncias químicas, podendo

aumentar o risco de morte perinatal (SAUNDERS et al, 2009).

A ingestão de cafeína também deve ser moderada durante o período gestacional,

visto que seu consumo excessivo pode causar riscos de aborto espontâneo, má formações

congênitas, baixo peso ao nascer, prematuridade ou retardo de crescimento intra-uterino.

É importante que a gestante esteja informada sobre os produtos que contenham cafeína,

como café, chás, refrigerantes à base de cola e chocolates, diminuindo, portanto, sua

ingestão (ACCIOLY, 2009).

Durante a gestação, o atendimento das demandas nutricionais maternas

influencia no adequado ganho ponderal gestacional e no resultado obstétrico que se

expressa no peso ao nascer. Alimentação e estilo de vida saudáveis são estratégias que

inspiram ações voltadas à política de segurança alimentar e nutricional e à prevenção de

agravos à saúde da população materno-infantil, a fim de prevenir os agravos advindos da

alimentação inadequada nesse ciclo da vida (BRASIL, 2006).

Demétrio (2010) desenvolveu um modelo de orientação no formato de pirâmide

alimentar adaptado para gestantes, voltado para a educação alimentar e nutricional. Esse

modelo é baseado nas recomendações da FAO/OMS acerca da distribuição percentual

dos seguintes macronutrientes: 55% a 75% de carboidratos, sendo recomendado até 10%

Page 55: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

54

para sacarose e 25g/dia para fibras; 10% a 15% de proteínas; 15% a 30% de lipídeos,

sendo o colesterol < 300mg/dia, ácidos graxos saturados < 10%, poliinsaturados até 10%,

monoinsaturados em torno de 10% a 15% e trans < 1%. A classificação adotada em

relação aos lipídeos é preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A pirâmide alimentar é dividida em quatro níveis e os alimentos estão organizados

em oito grupos alimentares: Primeiro nível (constituído pelo grupo de cereais, raízes e

tubérculos); segundo nível (constituído pelo grupo de legumes, verduras e frutas); terceiro

nível (constituído pelo grupo do leite e derivados, carnes e ovos e leguminosas); quarto

nível (constituído pelo grupo de óleos e gorduras e açúcares e doces). Tais grupos foram

porcionados de acordo com as necessidades energéticas determinadas para o primeiro,

segundo e terceiro trimestres gestacionais, como mostra o quadro 3 abaixo (DEMÉTRIO,

2010):

Quadro 3: Grupos de alimentos e número de porções por trimestre gestacional adaptado para gestantes

Alimentos N° porções 1° trimestre

N° porções 2° e 3° trimestres

Cereais, raízes e tubérculos

5 6 ½

Frutas 4 ½ 4 ½

Legumes e verduras 5 5

Leite e derivados 3 3

Carnes e ovos 1 ½ 1 ½

Leguminosas 1 1

Óleos e gorduras 2 2 ½

Açúcares e doces 1 1

Fonte: (DEMÉTRIO, 2010 adaptado).

A recomendação do grupo de óleos e gorduras no 2º e 3º trimestres de gestação

é maior do que a preconizada pelo Guia Alimentar, pois nesse período há modificações no

metabolismo de energia da gestante, assim como diminuição da demanda de glicose e

aumento da utilização de ácidos graxos como fonte de energia. A ingestão dietética de

ácidos graxos poliinsaturados e monoinsaturados deve ser maior em detrimento dos

saturados e trans, visto que o consumo aumentado durante a gestação está associado ao

Page 56: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

55

risco elevado de pré-eclâmpsia, retardo do crescimento intra-uterino e baixo peso ao

nascer (REZENDE & MONTENEGRO, 2003).

As deficiências de micronutrientes como vitamina A, ferro e zinco ocasionam

diversos agravos à saúde dos indivíduos, visto que esses nutrientes atuam na manutenção

de diversas funções orgânicas vitais, como crescimento, reprodução e função imune.

Durante o período gestacional, a deficiência de micronutrientes pode trazer conseqüências

adversas para a saúde das gestantes e para o desenvolvimento fetal (SILVA et al, 2007).

A proporção de nutrientes destinados ao feto pode depender da composição

dietética da gestante. A ingestão diária inadequada para diferentes componentes da dieta

durante a gestação está relacionada com a morbimortalidade materno-fetal. Deficiências

de zinco, ferro, ácido fólico e iodo estão associadas a aborto, anomalias congênitas, pré-

eclâmpsia, parto prematuro e bebês com baixo peso (LUCYK & FURUMOTO, 2008).

Vitamina A

A vitamina A tem papel de destaque na visão, na reprodução, no desenvolvimento

fetal, na função imune, na manutenção do tecido esquelético e na manutenção da

placenta. A ingestão, tanto deficiente quanto excessiva da vitamina A, está associada a

defeitos congênitos, podendo provocar morte fetal e abortos espontâneos. Os abortos,

independentemente do tipo (provocado ou não), podem estar associados à maior risco de

cegueira noturna gestacional, devendo ser investigada na avaliação nutricional da gestante

(ACCIOLY, 2009).

O Ministério da Saúde (MS) criou, em maio de 2005, o Programa Nacional de

Suplementação de Vitamina A, intitulado Vitamina A Mais, com o objetivo de reduzir e

controlar a Deficiência de Vitamina A (DVA). O programa prevê a suplementação com dose

única de 200.000 UI de vitamina A para as mulheres no pós-parto imediato ainda na

maternidade (BRASIL, 2006).

Alimentos-fonte: fígado de boi, azeite de dendê, leite e derivados integrais,

queijos amarelos, vegetais folhosos verde-escuros, hortaliças, frutas amarelo-alaranjadas.

Page 57: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

56

Ferro

Participa na distribuição de oxigênio a partir do pulmão para os tecidos corporais e

na produção celular de energia. É um mineral necessário para a reposição das perdas

sangüíneas durante o parto, podendo esta perda ser aumentada, caso o parto seja

cesárea (SILVA et al, 2007; ACCIOLY, 2009).

A OMS recomenda, na ausência de anemia, a suplementação de 40 mg de

ferro/dia e 5 mg de ácido fólico a partir da 20ª semana gestacional, devido à maior

intolerância digestiva no início da gestação. Recomenda-se a ingestão uma hora antes das

refeições. No diagnóstico de anemia leve a moderada, a suplementação é de 120 a 240

mg de ferro/dia, via oral, uma hora antes das refeições (BRASIL, 2006).

Alimentos-fonte: fígado de boi, carnes, ovos, vegetais verde-escuros,

leguminosas.

Vitamina C (ácido ascórbico)

O adequado aporte desta vitamina durante a gestação está relacionado com a

prevenção de ruptura prematura da membrana plasmática e com uma melhor resposta às

infecções. A vitamina C possui ação antioxidante, atua na síntese de colágeno e na

redução do ferro férrico a ferroso, facilitando sua absorção e contribuindo para a prevenção

e tratamento de anemia (ACCIOLY, 2009; VITOLO, 2008 ;LUCYK & FURUMOTO, 2008).

Alimentos-fonte: frutas cítricas, acerola, goiaba, morango, manga, tomate,

couve-flor, brócolis.

Ácido fólico

Tendo em vista o papel do ácido fólico na divisão celular e na síntese protéica,

assim como na síntese de DNA, sua deficiência causa defeitos no fechamento do tubo

neural, processo essencial para a formação da calota craniana e da coluna vertebral no

feto. Dentre os DTN, 90% dos casos estão relacionados com a anencefalia e a espinha

bífida. Por isso, um consumo adequado de ácido fólico na gestação é importante e deve

ser feito antes do fechamento do tubo neural, o qual ocorre entre o 26° e 27° dia de vida

embrionária (ACCIOLY, 2009; LUCYK & FURUMOTO, 2008).

Page 58: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

57

O MS recomenda a administração oral preventiva de ácido fólico no período pré-

gestacional e para a prevenção de DTN, especialmente nas mulheres com antecedentes

de malformações, na dosagem de 5 mg/dia, no período de 60 a 90 dias antes da

concepção (BRASIL, 2006).

Alimentos-fonte: levedo de cerveja, fígado de boi, folhosos, leguminosas,

gérmen de trigo, suco de laranja.

Vitamina D

A vitamina D é essencial para a saúde da gestante e da criança. A produção diária

de vitamina D na pele atinge seu ponto máximo após cerca de 30 minutos de exposição à

luz solar (VITOLO, 2008).

Alimentos-fonte: óleo de fígado de bacalhau, peixes gordurosos, fígado de

frango, gema de ovo, laticínios, margarinas enriquecidas.

Cálcio

Segundo Vitolo (2008), a deficiência ou distúrbios no metabolismo de cálcio está

associada a câimbras nas pernas, prejuízos no desenvolvimento e crescimento fetal, na

pressão arterial, contrações uterinas prematuras e, conseqüentemente, parto prematuro.

Alimentos-fonte: leite e derivados, sardinha, ostras, salmão, feijão-soja.

Zinco

Alguns fatores interferem na biodisponibilidade do zinco. Dieta rica em alimentos

integrais e fitatos, suplementação elevada de ferro, uso do cigarro e do álcool e o stress

causado por infecção ou trauma podem diminuir a concentração plasmática materna de

zinco, reduzindo sua disponibilidade para o feto. Nesses casos, as gestantes devem

receber suplementação de zinco, com o intuito de minimizar o risco de complicações

associadas à sua deficiência (SILVA et al, 2007).

Alimentos-fonte: carnes, leite e derivados, ostras, mariscos, fígado, queijos,

cereais integrais, leguminosas, nozes.

Page 59: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

58

Iodo

O iodo é um elemento essencial para a síntese dos hormônios tireoidianos T₃, T₄ e

TSH. Sua importância nutricional se deve ao importante papel desempenhado pelos

hormônios da tireóide no crescimento e desenvolvimento humano, principalmente nos

períodos que vão da concepção até os 2 anos de idade. Como o cérebro continua a

crescer rapidamente até o fim do segundo ano de vida, o hormônio tireoidiano é essencial

para o desenvolvimento cerebral normal. A deficiência de iodo sobre o crescimento e

desenvolvimento é denominada Distúrbio por Deficiência de Iodo (DDI) (ACCIOLY, 2009).

Alimentos-fonte: fígado, rins, frutos do mar, cereais, cogumelos, alho.

A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL DURANTE O PRÉ-

NATAL

Para o sucesso da assistência pré-natal, são necessários a participação da equipe

inter e multidisciplinar, o cuidado pré-natal qualificado, humanizado e precoce, além da

garantia da assistência de qualidade ao longo da gestação. No Brasil, a avaliação pré-

concepcional e a atenção ao planejamento familiar fazem parte das ações oferecidas às

mulheres na saúde reprodutiva, contribuindo para a melhoria da saúde da mulher e

redução de morbimortalidade materna e infantil (ACCIOLY, 2009).

O acompanhamento nutricional adequado, resultante da associação ‘alimentação

equilibrada e ganho de peso dentro das faixas de normalidade’, pode contribuir para a

diminuição da morbimortalidade materno-infantil. Isso significa que um acompanhamento

eficiente durante a gestação e atendimento nutricional contribuem para o ganho ponderal

adequado ao final da gravidez, reduzindo, assim, os riscos obstétricos e de obesidade pós-

parto (PADILHA et al, 2010; LEMOS et al, 2010).

O pré-natal é um momento importante de compreensão de informações que

podem contribuir para melhores resultados na dieta alimentar e da gestação. Hábitos

alimentares saudáveis, conhecimentos sobre alimentação e nutrição interferem na escolha

Page 60: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

59

e na composição da alimentação diária, auxiliando as gestantes na seleção de alimentos

compatíveis com seu estado fisiológico (BARROS et al, 2004; AZEVEDO & SAMPAIO,

2003).

Esforços devem ser feitos para que o aconselhamento nutricional para todas as

gestantes durante a assistência pré-natal seja realizado com sucesso, visando melhorar a

qualidade da dieta durante a gestação. É necessário que se efetive o acompanhamento

nutricional da mulher por um determinado período após o parto, a fim de reverter hábitos

alimentares inadequados (LACERDA et al, 2007).

Repensar sobre a qualidade da assistência pré-natal no que se refere à atenção

nutricional, faz-se necessário. A adequação da assistência pré-natal pressupõe a atuação

de profissionais de saúde preparados para identificar gestantes em risco nutricional,

através da avaliação do estado nutricional precoce, assim como realizar orientação

nutricional individualizada, buscando a otimização do estado nutricional materno para o

parto e a adequação do peso do recém-nascido. As orientações devem ser oferecidas de

acordo com as possibilidades econômicas, sociais e culturais de cada paciente, assim

como o encaminhamento das gestantes para programas de assistência social, quando

necessário (SANTOS et al, 2006).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando uma mulher descobre que está grávida, um misto de emoções e anseios

começam a fazer parte da sua rotina. A mulher passa a se preocupar mais com a sua

saúde, já que uma gestação saudável trará benefícios não só para si mesma, mas também

para outra vida que se inicia. A preocupação em manter uma alimentação saudável, em

manter o peso o mais próximo do recomendado e os cuidados com possíveis

intercorrências devem acompanhá-la durante todo o período gestacional.

O acompanhamento durante o pré-natal é indispensável para que a gestação

evolua da maneira mais tranqüila e satisfatória possível. Hábitos alimentares saudáveis e

Page 61: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

60

conhecimento sobre alimentação e nutrição vão ajudar as gestantes na seleção de

alimentos compatíveis com seu estado fisiológico. Por isso, é importante esclarecer sobre

os benefícios da alimentação equilibrada para um ganho de peso adequado, enfatizando

sobre os perigos do consumo de alimentos ricos em açúcares e gorduras, que podem levar

a gestante a desenvolver complicações como anemia, obesidade, desnutrição, hipertensão

e diabetes, entre outros.

É papel do nutricionista informar, orientar e acompanhar a gestante durante e

após a gestação, garantindo assim uma assistência adequada e de qualidade, buscando

prepará-la, da melhor maneira possível, para o momento do parto e para o período da

lactação. Os cuidados durante o pré-natal são a garantia de uma assistência de qualidade

ao longo da gestação, melhorando a saúde da mulher e reduzindo os riscos de

morbimortalidade materna e infantil.

Page 62: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACCIOLY, E.; SAUNDERS, C.; LACERDA, E. M. de A. Nutrição em obstetrícia e

pediatria (org.). 2. ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica: Guanabara Koogan, 2009.

651 p.

ANDRETO, L. M.; SOUZA, A. I. de; FIGUEIROA, J. N.; FILHO, J. E. C. Fatores

associados ao ganho ponderal excessivo em gestantes atendidas em um serviço

público de pré-natal na cidade de Recife, Pernambuco, Brasil. Cad. Saúde

Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 11, p. 2401-2409, nov., 2006.

ASSUNÇÃO, P. L. de; MELO, A. S. de O.; GONDIM, S. S. R.; BENÍCIO, M. H. D.;

AMORIM, M. M. R.; CARDOSO, M. A. A. Ganho ponderal e desfechos gestacionais

em mulheres atendidas pelo Programa Saúde da Família em Campina Grande, PB

(Brasil). Rev. Bras. Epidemiol., São Paulo, v. 10, n. 3, p. 352-360, 2007.

AZEVEDO, D. V. de; SAMPAIO, H. A. de C. Consumo alimentar de gestantes

adolescentes atendidas em serviço de assistência pré-natal. Rev. Nutr., Campinas,

v. 16, n. 3, p. 273-280, jul./set., 2003.

BAIÃO, M. R.; DESLANDES, S. F. Alimentação na gestação e puerpério. Rev.

Nutr., Campinas, v. 19, n. 2, p. 245-253, mar./abr., 2006.

BARROS, D. C. de; PEREIRA, R. A.; GAMA, S. G. N. da; LEAL, M. do C. O

consumo alimentar de gestantes adolescentes no Município do Rio de Janeiro.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 1, p. 121-129, 2004.

BARROS, D. C. de; SAUNDERS, C.; LEAL, M. do C. Avaliação nutricional

antropométrica de gestantes brasileiras: uma revisão sistemática. Rev. Bras.

Saúde Matern. Infant., Recife, v. 8, n. 4, p. 363-376,out./dez., 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica da Saúde da Mulher. Pré-natal e

Puerpério: atenção qualificada e humanizada: manual técnico. Brasília. 2005.

163p.

Page 63: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

62

BRASIL. Ministério da Saúde. Guia Alimentar para a população brasileira:

promovendo a alimentação saudável: normas e manuais técnicos. Brasília:

Ministério da Saúde, 2006.

COIMBRA, L. C.; SILVA, A. A. M.; MOCHEL, E. G.; ALVES, M. T. S. S. B.;

RIBEIRO, V. S.; ARAGÃO, V. M. F.; BETTIOL, H. Fatores associados à

inadequação do uso da assistência pré-natal. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v.

37, n. 4, p. 456-462, 2003.

DEMÉTRIO, F. Pirâmide alimentar para gestantes eutróficas de 19 a 30 anos. Rev.

Nutr., Campinas, v. 23, n. 5, p. 763-778, set./out., 2010.

DUNKER, K. L. L; ALVARENGA, M. dos S.; ALVES, V. P. de O. Transtornos

alimentares e gestação: uma revisão. J. Bras. Psiquiatr., Porto Alegre, v. 58, n. 1,

p. 60-68, 2009.

GUERRA, A. F. F. da S.; HEYDE, M. E. D. V. D.; MULINARI, R. A. Impacto do

estado nutricional no peso ao nascer de recém-nascidos de gestantes

adolescentes. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., Rio de Janeiro, v. 29, n. 3, p. 126-133,

2007.

KAC, G.; MELÉNDEZ, G. V. Ganho de peso gestacional e macrossomia em uma

coorte de mães e filhos. Jornal de Pediatria, Porto Alegre, v. 81, n. 1, 2005.

LACERDA, E. M. de A.; KA, G.; CUNHA, C. B. da; LEAL, M. do C. Consumo

alimentar na gestação e no pós-parto segundo cor da pele no município do Rio de

Janeiro. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 41, n. 6, p. 985-994, 2007.

LEMOS, A. C.; MACIEL, A. A.; COELHO, S. C.; RIBEIRO, R. L. Influência da

obesidade materna durante a gravidez. Rev. Saúde & Amb., Duque de Caxias, v.

5, n. 1, p. 26-32, jan./jun., 2010.

LIMA, G. de S. P.; SAMPAIO, H. A. de C. Influência de fatores obstétricos,

socioeconômicos e nutricionais da gestante sobre o peso do recém-nascido: estudo

realizado em uma maternidade em Teresina, Piauí. Rev. Bras. Saúde Matern.

Infant., Recife, v. 4, n. 3,p. 253-261, jul./set., 2004.

Page 64: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

63

LUCYK, J. de M.; FURUMOTO, R. V. Necessidades nutricionais e consumo

alimentar na gestação: uma revisão. Com. Ciências Saúde, Brasília, v. 19, n. 4, p.

353-363, 2008.

MARTINS, A.P. B.; BENÍCIO, M. H. D. Influência do consumo alimentar na

gestação sobre a retenção de peso pós-parto. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v.

45, n. 5, p. 870-877, 2011.

MELO, A. S. de O.; ASSUNÇÃO, P. L.; GONDIM, S. S. R.; CARVALHO, D. F. de;

AMORIM, M. H. R.; BENÍCIO, M. H. D.; CARDOSO, M. A. A. Estado nutricional

materno, ganho de peso gestacional e peso ao nascer. Rev. Bras. Epidemiol.,

São Paulo, v. 10, n. 2, p. 249-257, 2007.

NASCIMENTO, E. do; SOUZA, S. B. de. Avaliação da dieta de gestantes com

sobrepeso. Rev. Nutr., Campinas, v. 15, n. 2, p. 173-179, maio/ago., 2002.

PADILHA, P de C.; SAUNDERS, C.; AZEVEDO, F.; ARIZA, T.; ACCIOLY, E.

Estado nutricional antropométrico pré-gestacional e resultado obstétrico. Rev.

Assoc. Bras. Nutr., Rio de Janeiro, v. 2, n. 1, jan./jun., 2009.

PADILHA, P. de C.; SAUNDERS, C.; MACHADO, R. C. M.; SILVA, C. L. da; BULL,

A.; SALLY, E. de O. F.; ACIOLY, E. Associação entre o estado nutricional pré-

gestacional e a predição do risco de intercorrências gestacionais. Rev. Bras.

Ginecol. Obstet., Rio de Janeiro, v. 29, n. 10, p. 511-518, 2007.

PADILHA, P. de C.; SENA, A. B.; NOGUEIRA, J. L.; ARAÚJO, R. P. da S.; ALVES,

P. D.; ACCIOLY, E.; SAUNDERS, C. Terapia nutricional no diabetes gestacional.

Rev. Nutr., Campinas, v. 23, n. 1, p. 95-105, jan./fev., 2010.

REZENDE, J.; MONTENEGRO, C. A. B. Obstetrícia fundamental. 9ª ed. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan; 2003.

ROCHA, D. da S.; NETTO, M. P.; PRIORE, S. E.; LIMA, N. M. M. de; ROSADO, L.

E. F. P. de L.; FRANCESCHINI, S. do C. C. Estado nutricional e anemia ferropriva

em gestantes: relação com o peso da criança ao nascer. Rev. Nutr., Campinas, v.

18, n. 4, p. 481-489, jul./ago., 2005.

Page 65: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

64

SANTOS, L. A. dos; MAMEDE, F. V.; CLAPIS, M. J.; BERNARDI, J. V. B.

Orientação nutricional no pré-natal em serviços públicos de saúde no município de

Ribeirão Preto: o discurso e a prática assistencial. Rev. Latino-am. Enfermagem,

Ribeirão Preto, v. 14, n. 5, setembro-outubro, 2006.

SAUNDERS, C.; PADILHA, P. de C.; LÍBERA, B. D.; NOGUEIRA, J. L.; OLIVEIRA,

L. M. de; ASTULLA, A. Picamalácia: epidemiologia e associação com complicações

da gravidez. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., São Paulo, v. 31, n. 9, p. 440-446, 2009.

SAUNDERS, C.; RAMALHO, A.; PADILHA, P. de C.; BARBOSA, C. C.; LEAL, M.

do C. A investigação da cegueira noturna no grupo materno-infantil: uma revisão

histórica. Rev. Nutr., Campinas, v. 20, n. 1, p. 95-105, jan./fev., 2007.

SAUNDERS, C.; SANTOS, M. A. de S.; PADILHA, P. de C. A orientação dietética e

a qualidade da assistência pré-natal. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., Rio de Janeiro,

v. 33, n. 1, p. 9-12, 2011.

SILVA, L. de S. V. da; THIAPÓ, A. P.; SOUZA, G. G. de; SAUNDERS, C.;

RAMALHO, A. Micronutrientes na gestação e lactação. Rev. Bras. Saúde Matern.

Infant., Recife, v. 7, n. 3, p. 237-244, jul./set., 2007.

SILVEIRA, D. S.; SANTOS, I. S. Adequação do pré-natal e peso ao nascer: uma

revisão sistemática. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 5, p. 1160-1168,

set./out., 2004.

SOUZA, N. L. de; ARAÚJO, A. C. P. F.; AZEVEDO, G. D. de; JERÔNIMO, S. M. B.;

BARBOSA, L. de M.; SOUSA, N. M. L. de. Percepção materna com o nascimento

prematuro e vivência da gravidez com pré-eclâmpsia. Rev. Saúde Pública, São

Paulo, v. 41, n. 5, p. 704-710, 2007.

STULCACH, T. E.; BENÍCIO, M. H. D.; ANDREAZZA, R.; KONO, S. Determinantes

do ganho ponderal excessivo durante a gestação em serviço público de pré-natal

de baixo risco. Rev. Bras. Epidemiol., São Paulo, v. 10, n. 1, p. 99-108, 2007.

VITOLO, M. R. Nutrição da gestação ao envelhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro:

Ed. Rubio, 2008. 632p.

Page 66: FACULDADE REDENTOR CURSO: NUTRIÇÃOredentor.edu.br/files/aimportanciadanutricaoduran... · Faculdade Redentor como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em

65

VITOLO, M. R.; BUENO, M. S. F.; GAMA, C. M. Impacto de um programa de

orientação dietética sobre a velocidade de ganho de peso de gestantes atendidas

em unidades de saúde. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. Rio de Janeiro, v. 33, n. 1, p.

13-19, 2011.