faculdade de medicina do abc programa de pÓs...

69
FACULDADE DE MEDICINA DO ABC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE IVO CAVALCANTE PITA NETO FATORES ASSOCIADOS À COMPLEXIDADE DAS FRATURAS FACIAIS CIRÚRGICAS SANTO ANDRÉ 2016

Upload: phamkhue

Post on 12-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

FACULDADE DE MEDICINA DO ABC

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

IVO CAVALCANTE PITA NETO

FATORES ASSOCIADOS À COMPLEXIDADE DAS FRATURAS FACIAIS

CIRÚRGICAS

SANTO ANDRÉ

2016

FACULDADE DE MEDICINA DO ABC

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

IVO CAVALCANTE PITA NETO

FATORES ASSOCIADOS À COMPLEXIDADE DAS FRATURAS FACIAIS

CIRÚRGICAS

SANTO ANDRÉ

2016

IVO CAVALCANTE PITA NETO

FATORES ASSOCIADOS À COMPLEXIDADE DAS FRATURAS FACIAIS

CIRÚRGICAS

Tese elaborada na Faculdade de Medicina do ABC, junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (recomendado pelo Conselho Técnico-Científico CAPES – Portaria MEC Nº. 1225 de 05/10/2010), como requisito parcial para obtenção do título de Doutor. Área de Concentração: Saúde Coletiva Orientador: Prof. Dr. Luciano Miller Reis Rodrigues. Coorientadora: Profa. Dra. Milana Drumond Ramos Santana

SANTO ANDRÉ

2016

P681f Pita Neto, Ivo Cavalcante

Fatores associados a complexidade das fraturas faciais cirúrgicas. / Ivo Cavalcante Pita Neto. -- Santo André, SP, 2016.

66 f.: 31 cm. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde) – Comissão de

Pós-Graduação, Faculdade de Medicina do ABC. Área de concentração: Saúde Coletiva Orientador: Prof. Dr. Luciano Miller Reis Rodrigues Coorientadora: Profa. Dra. Milana Drumond Ramos Santana

1. Traumatismos faciais. 2. Transtornos induzidos por álcool. 3. Epidemiologia.

CDD: 617.52 NLM: WE706

DEDICATÓRIA

“Dedico todo o êxito ao concluir mais uma tarefa de vida à minha esposa Isabela

Carvalho Cambraia Pita e aos meus filhos Eduardo, Luana e Felipe Cambraia Pita.

Aos meus pais que norteiam minhas atitudes morais pelo exemplo”.

AGRADECIMENTOS

À minha esposa Isabela Carvalho Cambraia Pita que com sua infinita

compreensão me ajudou nos momentos duros e exaustivos, soube entender minha

ausência ou minha presença ausente, devido às exigências do estudo e do trabalho.

Impulsiona-me sempre para o que é melhor para nós e para os outros. Aos meus

filhos Eduardo, Luana e Felipe Cambraia Pita, minha força e inspiração

Aos meus pais por sempre propiciar a minha formação profissional,

interminável, mas com muito desprendimento, amor, confiança e a fé que eu trilharia

pelo melhor caminho através das melhores escolhas. Antes do profissional, os

verdadeiros valores da vida e os princípios baseados na lei do amor que são os

verdadeiros tesouros adquiridos e permanentes, os quais me foram ensinados e

exemplificados a todo o momento por eles.

Aos familiares que de todas as formas me ajudaram, depositaram confiança e

sempre me mantinham com palavras de otimismo e esperança.

Aos meus orientadores prof. Dr. Luciano Miller Reis Rodrigues pela aceitação

do trabalho e Prof. Dr. Luiz Carlos de Abreu que com sua disciplina rígida sempre

exigiu muito, nos fazendo buscar o melhor e aprender mais. Seu sucesso nas

pesquisas e trabalhos científicos são consequência de sua capacidade que fez

despertar em mim a necessidade de estarmos sempre buscando a verdade, a

seriedade e a visão crítica no campo das pesquisas.

À minha coorientadora Profa. Dra. Milana Drumond Ramos Santana pelo

apoio, confiança e atenção neste processo, em que não seria possível sem sua

presença finalizarmos.

Aos amigos e colegas da pós-graduação da FMABC oriundos do Nordeste,

por dividirmos os momentos bons e difíceis, pelo aprendizado compartilhado e pela

atenção sempre.

Para que meu esquecimento momentâneo não seja injusto com alguém,

agradeço a todos que participaram da minha vida, direta ou indiretamente, durante o

doutoramento na FAMBC.

RESUMO

Introdução: As fraturas faciais têm sua incidência, etiologia, apresentação clínica e características influenciadas por variáveis como fatores econômicos, culturais e fatores sociodemográficos. Como tratamento necessita de abordagens simples ou mais complexas em que se torna importante entender a relação de fatores associados no evento da fratura com indicação cirúrgica. Objetivo: Avaliar fatores associados à complexidade das fraturas faciais cirúrgicas. Método: Foi realizado um estudo transversal analítico com coleta de dados de 624 prontuários de pacientes com fraturas faciais operados no Hospital Regional do Cariri em Juazeiro do Norte - CE. Registros de 2012 a 2014 foram adquiridos destacando sexo, idade, ocupação, fator etiológico, locais anatômicos das fraturas assim como os tipos de cirurgias realizadas de fraturas simples ou múltiplas. O dia da semana da ocorrência, relato ou sinais de ingesta alcoólica e o uso de capacete para acidentes motociclísticos foram denominados de fatores associados. Resultados: Como fator etiológico observou-se que os acidentes motociclísticos geram mais casos de fraturas faciais múltiplas com diferenças relevantes (p<0,001) apresentando-se com 111 casos (78%), associado ao não uso de capacete em 96 casos (86,5%) e com relato ou sinais de consumo de álcool em 102 casos (86,5%). O fim de semana e feriados apresentaram resultados semelhantes para proporção de fraturas múltiplas e fraturas simples com 63,9% e 64% dos pacientes. Conclusão: Em análise foi encontrada uma alta prevalência de fraturas faciais cirúrgicas em pacientes do sexo masculino entre 20 e 30 anos de idade, causadas por acidentes motociclísticos. Houve associação entre a presença de sinais ou relatos de consumo de bebidas alcoólicas, o não uso de capacete e a ocorrência fraturas múltiplas faciais. No entanto, o dia do ocorrido não foi decisivo para determinar a complexidade do trauma facial. Palavras-chave: Traumatismos faciais. Transtornos induzidos por álcool. Epidemiologia

ABSTRACT

Introduction: Facial fractures have their incidence, etiology, clinical presentation and features influenced by variables such as economic, cultural and demographic factors. A large number of these fractures require simple or more complex approaches and it becomes important to understand their clinical and epidemiological profile and factors associated with the fracture event and surgical indication. Objective: evaluate factors associated with the complexity of surgical facial fractures in the region Cariri. Method: An analytic transversal study was conducted with collection of data from medical records of patients operated for facial fractures at the Hospital Regional of Cariri, Juazeiro do Norte-CE. Records from 2012 to 2014 were acquired highlighting gender, age, occupation, etiology, and anatomical sites of fractures as well as surgeries of varying complexities for single or multiple fractures. The day of the event, report or signs of alcohol consumption and the use of helmets in motorcycle accidents were named associated factors. Results: As etiological factor was observed that motorcycle accidents generate more cases of multiple facial fractures with significant differences (p <0.001) presenting with 111 cases (78%), associated with the non-helmet use in 96 cases (86.5%) alcohol and in 102 cases (86.5%). The weekend and holidays showed similar results for the proportion of multiple fractures in 78 cases (63.9%) and simple fractures in 64% of patients. Conclusion: It can be concluded that there is a high incidence of surgical facial fractures in male patients between 20 and 30 years of age, caused by motorcycle accidents and that there was a association between the consumption of alcohol related, failure to wear a helmet and presence of surgical facial multiple fractures. Keywords: Facial injuries. Alcohol-Induced Disorders. Epidemiology.

LISTA DE TABELAS TABELA 1 Faixa etária portadores de fraturas faciais cirúrgicas ................... 27

TABELA 2 Atividade / Ocupação dos pacientes em que ocorreram as

fraturas faciais cirúrgicas...............................................................

27

TABELA 3 Etiologia do trauma que resultou em fraturas faciais

cirúrgica..........................................................................................

28

TABELA 4 Cirurgias das fraturas faciais.......................................................... 30

TABELA 5 Associação da complexidade da cirurgia com agente etiológico... 30

TABELA 6 Associação dos fatores de risco para fraturas múltiplas em

acidentes motociclísticos ..............................................................

30

TABELA 7 Associação do consumo de álcool com o dia da semana do

ocorrido e o uso de capacete ........................................................

31

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BMM Bloqueio maxilomandibular

PAF Projétil de arma de fogo

TCE Trauma crânio encefálico

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

1.1 Objetivos..............................................................................................................12

1.1.1 Objetivo geral....................................................................................................12

1.1.2 Objetivos específicos........................................................................................12

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 13

2.1 Etiologias ........................................................................................................... 144

2.1.1 Fatores de riscos nos acidentes em veículos motorizados...............................17

2.2 Classificação das fraturas faciais.........................................................................17

2.2.1 Fraturas do terço médio ................................................................................... 17

2.2.1.1 Complexo zigomático-maxilar ..................................................................... 188

2.2.1.2 Ossos próprios nasais ................................................................................... 18

2.2.2 Fraturas do terço inferior .................................................................................. 18

2.2.2.1 Mandíbula ...................................................................................................... 18

2.2.3 Fraturas panfaciais ........................................................................................... 20

2.3 Associação com trauma crânio encefálico (TCE) ................................................ 20

2.4 Tratamento conservador x Cirúrgico ................................................................. 222

3 MÉTODO .............................................................................................................. 244

3.1 Desenho...............................................................................................................24

3.2 Amostra................................................................................................................24

3.3 Variáveis...............................................................................................................24

3.4 Análise estatística................................................................................................25

3.5 Aspectos éticos....................................................................................................26

4 RESULTADOS ..................................................................................................... 277

5 DISCUSSÃO ........................................................................................................ 312

6 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 366

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 377

ANEXOS....................................................................................................................45

10

1 INTRODUÇÃO

As fraturas faciais são acometimentos que imprimem grande morbidade aos

pacientes pela sintomatologia dolorosa, déficits sensoriais e limitações funcionais.

Alterações estéticas causadas nestes traumas implicam em problemas sociais

diversos. A região nordeste do Brasil apresenta-se com um crescente número

populacional e consequentemente de veículos motorizados. Tem se observado um

grande número de pacientes internados vítimas de traumas pela violência urbana e

no trânsito.

A região metropolitana do Cariri, no sul do Ceará envolve 9 cidades com

590.209 habitantes segundo dados do IBGE (2014), Juazeiro do Norte apresenta

maior número entre as cidades com 263.704 habitantes. Esta última apresenta

registrado 96.203 veículos com 45.928 motocicletas, com maior proporção do que

Fortaleza, capital do estado, com 964.724 veículos com 247.794 motocicletas, e São

Paulo – SP com 25.718.247 veículos com 4.133.366 motocicletas.

As fraturas que envolvem o complexo maxilofacial têm sua incidência,

etiologia, apresentação clínica e características influenciadas por variáveis como

fatores econômicos, culturais e fatores sociodemográficos (KOSTAKIS et al., 2012;

SHANKAR, et al., 2012; MIJITI et al., 2014).

Os tipos de agentes etiológicos vão desde a violência no transito à fraturas

patológicas, estando sujeito a modificadores sociais. As causas mais frequentes são

os acidentes automobilísticos ou motociclísticos, seguidos de agressões e quedas,

com faixa etária de 20 a 29 anos como mais atingida (BOFFANO et al., 2014).

Estudos demonstram proporção de aproximadamente 4:1 para o sexo masculino e

feminino respectivamente (MCDALE et al., 1982; BUSUITO et al., 1986; AL AHMED

et al., 2004). Os altos índices preocupam não apenas pelas fraturas faciais, mas por

ser a terceira causa de morte em todas as faixas etárias nos Estados Unidos

(RUTLAND et al., 2006; SIMON-MORTON et al., 2005).

A cada dia no mundo 16.000 pessoas morrem pelo evento do trauma (KRUG

et al., 2000). Mais de 1,2 milhões de pessoas morrem todos os anos nas estradas do

mundo e que entre 20 a 50 milhões são vítimas de lesões não fatais, as quais

repercutem no aumento de custo para a nação. Acidentes de trânsito irão da 9a para

a 5a principal causa de morte em 2030, havendo cerca de 2,4 milhões de mortes por

11

ano no trânsito mundial. O alto número de veículos motorizados em consequência

do rápido crescimento econômico da população tem aumentado de forma dramática

o número de acidentes no trânsito, que associado a ingestão alcóolica tem agravado

o aumento da mortalidade e morbidade em países em desenvolvimento (NANTULYA

e REICH, 2002; GARG e HYDER, 2006).

O crescimento econômico brasileiro e em particular da Região Nordeste, com

ampliação da renda e do crédito pessoal aliada a uma deficiência crônica no

transporte público, propiciou um aumento considerável na aquisição de veículos

motorizados, principalmente os diversos modelos de motocicleta. Esse crescimento

rápido também proporciona grandes discrepâncias socioeconômicas contribuindo

para aumento da violência urbana de forma geral (BRASILEIRO e PASSERI, 2006).

Segundo a Organização Pan Americana de Saúde, o Brasil chega a gastar de

4 a 7 % do seu orçamento em saúde no âmbito de mortalidade e tratamento de

doenças decorrentes de causas externas (Conselho Regional de Medicina, 1998).

Levantamento de dados realizados no Canadá mostraram que os traumas de

face equivalem a 35 a 45 % dos traumas em geral, revelando ser preocupante, pois

representa uma área da saúde de alto custo e de difícil tratamento (KOENING e

LEWIS, 1993).

Dados importantes referem o custo hospitalar como um problema dos

traumas faciais. Em Recife-PE foi realizado um estudo de trauma facial e seus

custos. Demostrou-se que os pacientes atendidos no Hospital da Restauração

comprometidos com trauma de face corresponderam em grande maioria a homens e

jovens, e que o maior índice de fraturas dos ossos da face foi para a mandíbula. A

clínica de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial representou em média 8,5%

dos gastos totais do Hospital em cirurgias nos anos de 2001 e 2002. Desta forma,

verificaram necessidade de mais estudos sobre os custos desta ”doença do século”

com o objetivo de subsidiar os gestores quanto ao redirecionamento e

redimensionamento dos investimentos na área de saúde (SILVA e CAUÁS, 2004).

O objetivo deste trabalho é avaliar fatores associados à complexidade das

fraturas faciais cirúrgicas. Torna-se relevante, pois estes tipos de lesões impactam

nos serviços de saúde em termos econômicos, assistenciais e resultam de forma

mais importante em efeitos deletérios na saúde dos pacientes com os graus

variados de gravidade e limitações funcionais, problemas estéticos e sociais. Esses

dados fornecem informações para a implantação de estratégias educativas de

12

prevenção, assim como preparar os serviços de saúde através de equipes

capacitadas para o atendimento das fraturas faciais múltiplas, portando mais

complexas.

Espera-se encontrar expressivo número de acidentes motociclísticos como

principal fator etiológico para fraturas múltiplas faciais, em pacientes do sexo

masculino sob ingesta alcoólica sem uso de capacete. Sugere-se ainda que ocorram

mais fraturas complexas nos fins de semana e feriados.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo geral

Avaliar fatores associados à complexidade das fraturas faciais cirúrgicas

1.1.2 Objetivos específicos

• Analisar as relações entre fatores etiológicos e as fraturas múltiplas faciais

• Analisar a relação entre o dia do trauma e as fraturas múltiplas faciais

causadas por acidentes motociclísticos

• Analisar a relação entre consumo de álcool e as fraturas múltiplas de face

causadas por acidentes motociclísticos

• Analisar a relação entre o não uso de capacete e as fraturas múltiplas de face

causadas por acidentes motociclísticos

13

2 REVISÃO DE LITERATURA

O trauma crâniomaxilofacial pode ser considerado uma das agressões mais

devastadoras encontradas em centros de trauma, devido às consequências

emocionais, possibilidade de deformidades e grande impacto econômico que

causam no sistemas de saúde pública e privada (WULKAN et al., 2005). Trata-se de

um trauma de abordagem multidisciplinar, associando a cirurgia bucomaxilofacial

principalmente as especialidades de traumatologia, fonoaudiologia, oftalmologia,

cirurgia plástica, neurocirurgia e fisioterapia (WULKAN et al., 2005; CAMARGO et

al., 2012).

O trauma facial é considerado um grande problema de saúde pública em

diversos países com variados graus de desenvolvimento (ZANDI et al., 2011;

GASSNER et al., 2003). Tem se tornado uma epidemia mundial, oriundo de várias

etiologias, mas com destaque para os acidentes de trânsito (ZANDI et al., 2011;

YOKOIAMA et al., 2006; JIN; JANG; SHANG, 2013).

Estudo realizado com 6.000 pacientes revelou que 10,5% dos casos de

lesões faciais foram causados por acidentes de trânsito e a região da face é a mais

exposta a traumas externos nestes eventos (GASSNER et al., 1999;

MALLIKARJUNA e KRISHNAPPA, 2009).

Os traumas faciais podem gerar sequelas graves, limitando as funções

mastigatórias e fonatórias, além do impacto negativo na vida social e profissional do

indivíduo (CALDAS et al., 2008).

Como parte integrante do trauma geral, os traumas orais e maxilofaciais não

constituem normalmente uma ameaça direta à vida, mas estas lesões podem ser

consideradas mais graves do que os ferimentos a outras partes do corpo, devido à

alteração da aparência da face e sofrimento emocional que acompanham as vítimas

destas lesões (LI et al., 2015).

Têm se mostrado um problema de saúde pública em todo o mundo por causa

de seu impacto negativo de forma significativa na saúde geral do indivíduo com

repercussões psicológicas e consequências econômicas aos cofres públicos que

não podem ser ignoradas. Sendo os custos do tratamento e admissão hospitalar são

significativo após tais lesões (LEE, 2012; VAN HOUT et al., 2013; MIJITI et al.,

2014).

14

A análise epidemiológica das lesões decorrentes do trauma maxilofacial é

importante para que se possa identificar a incidência dos traumas, a fim de ajudar a

desenvolver eficientes formas para planejar a alocação de recursos para medidas

preventivas ao trauma facial (LEE, 2012; VAN HOUT et al., 2013; MIJITI et al.,

2014). Em diversos países o estudo quanto à epidemiologia e tratamento dos

traumas da face ainda é muito limitado (MOTAMEDI, 2003; KADKHODAIE, 2006).

O conhecimento das causas, frequências e gravidades dos traumas do

complexo maxilofacial se fazem de suma importância uma vez que esses dados se

fazem necessários para estabelecimento e tratamento eficazes de tais lesões, assim

como para medidas preventivas (KOSTAKIS et al., 2012).

2.1 Etiologias

A epidemiologia das fraturas do complexo maxilofacial tem sua etiologia

variada por diversos fatores a depender do estilo de vida da população estudada,

assim como a área geográfica, diferenças culturais e tendências socioeconômicas

(GANDHI et al., 2011.; KOSTAKIS et al., 2012; SHANKAR et al., 2012; LEE, 2012;

VAN HOUT et al., 2013). Acidentes de trabalho, quedas da própria altura, acidentes

automobilísticos, acidentes motociclísticos, acidentes desportivos e violência

interpessoal são os fatores etiológicos mais comuns das fraturas e lesões dos

tecidos moles envolvendo o complexo maxilofacial (WOOD e FREER, 2001). No

Brasil, os traumas de face em geral representam 7,4% a 8,7% dos atendimentos

emergenciais. A grande quantidade de lesões na face tem como fator contribuinte a

exposição e à pouca proteção da região do complexo maxilomandibular em que

podem resultar em traumas graves (MACEDO, 2007).

As fraturas faciais têm ocorrido com frequência como resultado de acidentes

de trabalho, porém nos últimos anos se observa uma diminuição desse fator

etiológico, provavelmente devido a normas rigorosas que têm sido impostas sobre

as empresas como o uso de capacetes, cintos de seguranças e protetores faciais

(BOFFANO A et al., 2014).

15

A queda da própria altura ocorre em segundo lugar em frequência,

principalmente em crianças pelas atividades recreativas, ou adultos em que estão

envolvidos ao uso de álcool (TANAKA, et al.,1994).

Aitken et al., (2014) mostram em seus estudos que 24,6% e 5,1% de todas

as fraturas correspondem a causas esportivas em homens e mulheres

respectivamente. Os homens com idade entre 15 a 19 anos são acometidos 9 vezes

à fraturas relacionadas ao esportes do que as mulheres da mesma idade.

Em um estudo de revisão de 208 casos realizado por Frenguelli et al., (1991)

das lesões do complexo maxilofacial, 22,7% foram decorrentes de causas esportivas

dentre todas as lesões registradas no Departamento da Universidade de Perugia

entre 1980 e 1988. Os autores observaram que a maioria dos acidentes ocorreu

durante jogos de futebol em consequência de colisões entre jogadores. As fratura

nasais foram as mais prevalentes, porém com outras fraturas mais graves presentes

e decorrentes de variadas atividades esportivas.

Há décadas estudos apontam os acidentes por veículos automotores como a

principal causa dos traumas faciais. Porém, verifica-se uma participação cada vez

maior da agressão física como mecanismo de trauma facial no Brasil e demais

países (MACEDO, 2007).

Os traumatismos faciais resultantes de agressões físicas estão entre as

lesões corporais mais comuns e ocorrem mais por razões de conflitos pessoais. A

alta prevalência dos traumas por agressões físicas e seus efeitos deletérios sobre a

saúde dos indivíduos estão entre as principais preocupações da saúde pública no

mundo (PAES et al., 2012).

A violência interpessoal que é considerada um dos principais fatores

etiológicos das fraturas envolvendo o complexo maxilofacial nos últimos anos (LEE

KH, 2009).

Os assaltos e violência interpessoal foram destaques importantes dentre

todos os outros fatores causais dos traumas faciais, assim como em relação ao

impacto na saúde pública de alguns países (MIJITI et al., 2014).

A associação do abuso de álcool, drogas ilícitas, armas de fogo, violência

contra idosos, crianças e mulheres, tornou-se motivo para a não notificação legal

desses abusos onde geram medo, vergonha, sensação de impotência e baixa

estima (O’MEARA C et al, 2012).

16

As desordens patológicas são responsáveis por um grande número de

fraturas do complexo maxilofacial, em que a osteoporose é a mais frequente entre

mulheres, aumentando e impondo uma carga crescente sobre o indivíduo e a

sociedade (HAGHPANAH, 2014).

Acidente automobilístico em geral continua a ser o fator etiológico mais

importante para fraturas do complexo maxilofacial em todo o mundo segundo

algumas pesquisas, seguido das quedas e agressões que vêm se tornando mais

significativas a cada ano na América do Norte, Brasil e Europa (BOFFANO, et al,

2014).

Desrespeito pela segurança durante a condução de automóveis pode resultar

em traumas físicos. Além disso, o tratamento e a reabilitação das vítimas estão

associados com problemas psicológicos, morbidades graves e incapacitantes assim

como danos mentais. Esses traumas impõem um encargo financeiro significativo

sobre os indivíduos e sociedade (AKSOY et al., 2002; WITTCHEN, et al., 2011).

O número de motocicletas vem aumentando em todas as regiões do mundo,

dado esse que corrobora para aumento do número de acidentes de trânsito. O

trauma do complexo maxilofacial decorrente de acidente motociclístico vem

influenciando a vida produtiva da população brasileira, especialmente em áreas

urbanas mais desenvolvidas (COURT-BROWN et al, 2014; COURT-BROWN e

CAESAR, 2006).

Em algumas localizações sóciodemográfica, os paciente envolvidos em

acidentes motociclísticos que sofreram traumas faciais ainda foram menos

prevalentes em 41% dos que causados pelos acidentes automobilísticos, resultantes

da intensificação das medidas educativas e preventivas para os itens de segurança

nos veículos motorizados de duas rodas em oposição ao alto índice de lesão pelo

acionamento do “air-bag” nos automóveis (CORAZZA et al., 2004).

Motociclistas são mais expostos as colisões de alta energia em relação a

outros transportes motorizados, com mais vulnerabilidade a região da cabeça e

extremidades (NZEGWU et al., 2008). As doenças por causas externas causam

importante perda de produtividade até mais do que as doenças cardíacas e câncer

(GASSNER et al., 2003).

17

2.1.1 Fatores de proteção e risco nos acidentes em veículos motorizados

O uso de cinto de segurança reduz a frequência e severidade das lesões

faciais secundárias em acidentes em veículos motorizados (PRICE 1983; HUELKE e

COMPTON, 1993). O uso de capacetes por usuários de motocicletas também reduz

a incidência de fraturas maxilofaciais (JOHNSON et al., 1995; BACHULIS et al.,

1988). O uso de capacete pode reduzir a gravidade do trauma facial, assim como a

morbidade e mortalidade nos acidentes motociclísticos (LIU et al., 2008).

No entanto, como fatores de risco, revela-se em estudos que o alto número

de veículos associado aos efeitos deletérios do álcool e drogas, resulta em aumento

do risco de lesões faciais em frequência e gravidade (AFZALI et al., 2013; LA

TORRE et al., 2007).

A associação entre consumo de álcool e fraturas faciais é bem documentada,

que está envolvida em 45% dos casos (MCDALE et al., 1982; SHAPIRO et al.,

2001).

2.2 Classificação das fraturas faciais

2.2.1 Fraturas do terço médio

Fraturas no terço médio da face exigem uma minuciosa avaliação, iniciando

pela verificação da mobilidade da maxila isoladamente ou em combinação com os

ossos zigomáticos ou nasais. As fraturas do terço médio da face afetam a maxila, o

zigoma e o complexo naso-orbito-etmoidal. Essas fraturas podem ser classificadas

em fraturas Le Fort I, Le Fort II e Le Fort III, fraturas do complexo zigomático-

maxilar, fraturas de arco zigomático ou fraturas naso-orbito-etmoidal. Pode ocorrer

isoladamente ou combinadas (múltiplas) (PATROCÍNIO, 2005).

18

2.2.1.1 Complexo zigomático-maxilar

As fraturas do complexo zigomático-maxilar em geral tem sua prevalência e

localização a depender da população e amostra estudada, representando a segunda

maior das fraturas da face, ficando atrás dos ossos nasais. Podem gerar dificuldades

graves na mastigação e limitação de abertura bucal (GIROTTO et al., 2001;

HOLLIER LH et al., 2003; SOUYRIS et al.,1989).

As fraturas do complexo zigomático estão entre as mais frequentes do

complexo maxilofacial. Por sua posição e projeção no arcabouço facial, apresentam

incidência significativa de injúrias, peça fundamental na estética do paciente que

exige sua recuperação (GONDOLA, 2006).

2.2.1.2 Ossos Próprios Nasais

A posição central e projeção do nariz na face faz com que o mesmo seja

frequentemente atingido nos traumas do complexo maxilofacial levando a sua fratura

com facilidade. As fraturas da porção óssea do arcabouço dos ossos próprios nasais

ou do septo nasal se não tratadas adequadamente pode levar a distúrbios funcionais

importantes na fisiologia respiratória. Em um estudo de revisão de 208 casos,

observou-se que as fraturas dos ossos próprios nasais foram as fraturas registradas

e de maior prevalência, tendo o futebol como principal fator etiológico (FRENGUELLI

et al., 1991).

2.2.2 Fraturas do terço inferior

2.2.2.1 Mandíbula

19

Nas últimas décadas, houve um aumento significativo dos traumas crânio-

maxilofaciais, em que a fratura de mandíbula ocupa o segundo lugar entre as

fraturas dos ossos da face, com incidência em torno de 20% a 50% ( PATROCÍNIO

et al., 2005 ; WULKAN et al., 2005). Devido a sua anatomia, topografia, e projeção

no terço inferior da face, é frequentemente atingida por traumas (SASSI et al., 2010).

As fraturas mandibulares são ocasionadas principalmente por acidentes

motociclísticos e automobilísticos, visto ser um osso bastante resistente que

necessita de trauma intenso para fraturá-lo. Pode ser também consequência de

prática desportiva, ferimento por arma de fogo ou arma branca, agressão física,

extração dentária, acidentes de trabalho, doenças metabólicas e tumores

(GASSNER et al., 2003; MOTAMEDI, 2003; ANDRADE FILHO et al., 2000; ZHI et

al., 2011).

Quanto ao sexo, existe envolvimento preferencialmente de homens jovens

com faixa etária de 21 a 30 anos de idade, tendo em vista que este grupo participa

de exercícios e esportes mais perigosos, dirige com menos cuidado e é mais

propenso a se envolver em episódios de violência interpessoal. Entretanto, existe

uma tendência mundial ao aumento da incidência nas mulheres que estão cada vez

mais expostas aos fatores de risco desse tipo de trauma (ELLIS et al., 1985;

FONSECA, 2000; MILORO, 2004; CAMARGO et al., 2012).

A localização e o padrão das fraturas mandibulares são determinados pelo

mecanismo da lesão e pela direção do vetor de força. Além disso, outros fatores

como a idade do paciente, a presença ou ausência de dentes, a presença de

patologias e as propriedades físicas do agente etiológico também apresentam um

efeito direto na característica e no resultado da fratura (MILORO, 2004). De acordo

com a região anatômica, a distribuição dos principais sítios de fratura tem sido

relatada como 16% a 33% envolvendo o corpo; 23,1% a 27,3%, o ângulo; 19,5 a

29,3%, o côndilo; 8,4% a 22%, a sínfise; 16% a 33% a parassínfise; 1,7% a 2,4%, o

ramo ; 0,2% a 4,8%, o processo coronóide e 1,4% a 3,1% no processo alveolar

(MILORO, 2004; HUPP et al ., 2009; CAMARGO et al., 2012).

Outro sistema de classificação das fraturas mandibulares as categoriza em

fraturas do tipo galho verde, simples, cominutivas e compostas, onde descreve a

condição dos fragmentos ósseos na região fraturada e a possível comunicação com

o meio externo (PATROCÍNIO, 2005).

20

Os principais sinais e sintomas apresentados pelas fraturas mandibulares

incluem dificuldade de mastigar, dor, maloclusão, assimetria facial,

retroposicionamento mandibular, parestesia ao longo do nervo alveolar inferior,

hiperatividade das glândulas salivares e mobilidade óssea no local da fratura

(MILORO, 2004; FUTRAN, 2008; CAMARGO et al., 2012).

Os acidentes de trânsito foram os maiores responsáveis pela causa das

fraturas mandibulares, principalmente acidentes envolvendo automóveis e

motocicletas (ANDRADE FILHO e FADUL, 2000). Porém, pode-se observar na

literatura uma tendência progressiva na incidência de casos de agressões físicas

(HAGAN e HUELKE, 1961). As fraturas mandibulares estão associadas às lesões

cervicais em 1,2% dos casos em que, se não diagnosticadas, podem levar à

sequelas graves (ANDRADE FILHO e FADUL, 2000).

2.2.3 Fraturas panfaciais

O termo "fratura panfacial" geralmente refere-se a fraturas múltiplas de vários

ossos da face, com alto grau de fragmentação que torna a restauração da

arquitetura facial dificultada e complexa. Ossos do terço superior, médio e inferior

estão envolvidos. A tarefa do cirurgião é garantir uma reconstrução anatômica,

estética e funcional para o reparo da face. Restaurá-la completamente à sua forma

tridimensional de origem é o objetivo. Todos os segmentos dos ossos têm uma

função precisa no reparo, no entanto a mandíbula tem um papel importante sendo

responsável por dar continuidade não apenas o terço inferior, mas também de todo o

esqueleto facial devido à sua interação com a maxila (por oclusão) e com a base do

crânio pela articulação temporomandibular (MANSON e HOOPES, 1980; GRUSS e

PHILLIPS, 1989).

2.3 Associação com trauma crânio encefálico (TCE)

21

Em relação às fraturas mais graves como as fraturas intracranianas,

Nakhgevany et al., (1994) e Keenan, et al., (1999), têm demonstrado em seus

estudos que quando associadas as fraturas da face, envolvem em maior número as

fraturas da maxila e com menor frequência as fraturas mandibulares.

Down et al., (1995), afirmaram que o reconhecimento precoce de

traumatismos cranianos graves e lesões corporais concomitantes é uma medida

para reduzir a mortalidade e morbidade dos pacientes. Através de uma avaliação

inicial e um plano sequencial de tratamento adequado pode-se definir o momento

certo para intervenção cirúrgica com a compreensão da causa e distribuição do

trauma facial.

Pacientes com fratura de face podem apresentar lesões associadas de

complexidade e severidade variadas. Gwyn et al., (1971) revisaram 567 pacientes

com fraturas faciais e referiram que 51,6% tinham traumas cranianos associados e

28,9% tinham alguma doença preexistente. Lim et al., (1993) referem que a

mudança na etiologia para o trauma de impactos de grande velocidade para baixa

intensidade explica o fato de traumas assim associados apresentarem baixa

incidência (11,3%). No entanto, a natureza destes politraumatizados continua a ser

significante e são fundamentais os cuidados multidisciplinares.

Davidoff et al., (1988) relataram que 55% de 200 pacientes com fratura de

face tinham trauma cranioencefálico (TCE). Mais de 90% dos casos foram de

gravidade baixa. Lim et al., (1993) obtiveram incidência de TCE moderado a severo

em 5,4% dos pacientes nos traumatizados de face. Segundo WULKAN et al., (2005)

o acometimento primário do encéfalo é muito incomum, corroborando com Sturla et

al., (1980) que afirmava que a existência de “pilares” de sustentação craniofacial que

determinam linhas de fraturas, anatomicamente relacionadas ao local e intensidade

do impacto. Ainda sugere-se que os ossos da face absorvem impacto pois são

preenchidos por ar, servindo de coxim de proteção para o cérebro (LEE et al., 1987).

No entanto ainda não existe consenso, de modo que Martin et al., (2002) e Davidoff

et al., (1988) consideram que as fraturas de face são marcadores para TCE grave e

não protetores.

22

2.4 Tratamento conservador x Cirúrgico

O tratamento conservador é uma conduta tomada quando há mínimo

deslocamento dos fragmentos ósseos pela ação dos músculos da mastigação.

Nestes casos, com um simples acompanhamento e orientação haverá consolidação;

outras vezes, o cirurgião apenas executa uma fixação intermaxilar. Isso ocorre em

fraturas simples e alinhadas, normalmente de baixa energia não necessitando de

intervenção cirúrgica (TOLEDO FILHO et al., 1998 e CAUBI et al., 2004).

Em casos nos quais ocorram fratura cominutiva envolvendo órbita e maxila,

exige-se imobilização por meio da suspensão com o fio de aço apoiado no processo

zigomático do osso frontal e posterior fixação intermaxilar, usando arco de Erich

(MARTIN et al., 2002).

As fraturas de mandíbula são tratadas por meio de redução cruenta, fixação

de placas e parafusos de titânio ou de forma conservadora com odontossíntese.

Redução incruenta a depender do local, deslocamento e traço de fratura (AFZELIUS

& ROSEN, 1980; HUELKE, 1983; JOHNSON et al., 1995).

De um modo geral, os autores preconizam que o tratamento da fratura de

mandíbula sem presença de deslocamento deve ser constituído de método incruento

ou conservador, obedecendo aos princípios de contenção e imobilização através da

fixação de barras de Erich, por odontossíntese e bloqueio maxilomandibular com

bandas elásticas por 45 a 90 dias (GOMES et al, 2001; FONSECA, 2000; CAUBI et

al., 2004; MILORO, 2004; FUTRAN 2008; BAGHERI, 2013).

Por outro lado, em presença de deslocamento dos fragmentos ósseos, o

tratamento deve ser cirúrgico ou cruento, partindo-se da redução e fixação da fratura

através do sistema de placa e parafusos, objetivando melhores resultados (SOUZA

et al, 1992; FONSECA, 2000; GOMES et al, 2001).

A simplificação dos fragmentos cominutivos com miniplacas e parafusos é

utilizada como auxilio na redução das fraturas, diminuindo as complicações da

redução aberta, para posterior fixação com placas de reconstrução (BAGHERKI,

2013).

As principais vantagens das técnicas de fixação são; proporcionar reduções

com maior precisão e estabilidade; eliminar a necessidade de bloqueio

maxilomandibular (BMM); reabilitar e restabelecer mais rápido a função no pós-

23

operatório imediato, contribuindo sobremaneira para o quadro de saúde geral do

paciente (SCHMIDT et al., 2000; CAMARGO et al., 2012; ZRONBA et al., 2014).

Um dos principais objetivos do seu tratamento se concentra na união dos

segmentos fraturados restabelecendo a resistência pré-lesão. Isto requer adequada

redução anatômica e imobilização que assegura a consolidação dos seguimentos

fraturados pela remodelação haversiana (VASCONCELLOS et al., 2001; FUTRAN,

2008).

A fixação interna Rígida ou fixação interna adequada e funcionalmente

estável é o tratamento de escolha para a grande maioria das fraturas faciais pelo

retorno rápido as funções do aparelho mastigatório, apesar do alto custo (FULTRAN

2008; ZHI et al., 2011)

A utilização da simplificação e fixação interna estável na redução de fraturas é

um tratamento eficaz, desde que os cirurgiões bucomaxilofaciais tenham

conhecimento de anatomia e fisiologia mandibular além de conhecerem os princípios

de fixação e técnica cirúrgica de aplicação dos sistemas de osteossínteses.

Ressalva-se o mais importante o fato de que se possa eleger racionalmente a

técnica de tratamento em cada caso particular (CAUBI et al 2004; CAMARGO et al.,

2012).

24

3 MÉTODO

3.1 Desenho

O estudo caracteriza-se por transversal analítico, através de dados obtidos de

prontuários de pacientes portadores de fraturas faciais cirúrgicas

3.2 População de estudo

Trata-se de amostra de conveniência de dados de prontuários registrados de

2012 a 2014 com um total de 624 casos de fraturas faciais de pacientes internados e

operados sob anestesia geral pelo serviço de Cirurgia e Traumatologia

Bucomaxilofacial do Hospital Regional do Cariri- CE na cidade de Juazeiro do Norte,

estado do Ceará, Brasil. O atendimento abrange toda a macrorregião do Cariri.

No entanto em algumas situações foi processada a análise estatística com

amostra menor pela exclusão de prontuários com a ausência de relato de algumas

características do trauma ou dos fatores associados.

Como fatores de exclusão foram estabelecidos os prontuários preenchidos de

forma não legível ou incompleto, de pacientes atendidos na emergência, porém não

submetidos a tratamentos cirúrgicos e consequentemente não internados. Casos de

fraturas alvéolo-dentárias não foram registradas na pesquisa por terem sido

conduzidas na própria emergência sem necessitar submetê-las a tratamento

cirúrgico sob anestesia geral e sem internamento hospitalar.

3.3 Variáveis

25

Os dados colhidos foram referentes ao sexo, idade, ocupação, fator

etiológico, locais anatômicos das fraturas assim como cirurgias realizadas de

redução e fixação de variadas complexidades para fraturas simples ou múltiplas.

As fraturas simples compõe grupo de acometimento de um segmento

anatômico e fraturas múltiplas representando cirurgias em mais de um segmento

facial, são complexas e com subdivisão em fraturas múltiplas 1,2 e 3;

-Fraturas múltiplas 1; envolvem a maxila e qualquer osso do terço médio ou

superior da face (zigomático, nasal, frontal)

-Fraturas múltiplas 2; envolvem a mandíbula e qualquer osso do terço médio

ou superior da face (zigomático, nasal ou frontal)

-Fraturas múltiplas 3; são chamadas de fraturas Pan-Faciais, com

acometimento dos três terços faciais ( frontal, maxila, nasal, zigomático e mandíbula)

O dia da semana da ocorrência foi registrado em dois grupos; os traumas em

que ocorriam no fim de semana (sexta-feira à domingo) e feriados, e o grupo dos

que ocorriam em outros dias da semana. Foram também obtidos relatos ou sinais de

ingesta alcoólica assim como o uso de capacete para acidentes motociclísticos.

Estes dados foram denominados de fatores associados, que foram computados e

realizados a análise em busca de associações significativas no desfecho das

cirurgias de fraturas múltiplas.

3.4 Análise Estatística

Para análise estatística foi utilizado teste Qui-Quadrado e Fisher para acessar

as associações entre as variáveis quantitativas. Neste estudo o nível de significância

considerado foi de 0,05 com a utilização do software SPSS versão 19 para

processamento dos dados. A estatística descritiva foi utilizada com distribuição dos

dados em tabelas e gráficos.

26

3.5 Aspectos éticos

As informações dos prontuários dos pacientes com seus dados pessoais

foram mantidas confidenciais, com aprovação após submissão do comitê de ética

em pesquisa sob número de protocolo 1.080.359 da Plataforma Brasil.

27

4 RESULTADOS

No total, 624 casos de fraturas faciais cirúrgicas foram registrados de 2012 a

2014. Destes, 546 (87,5%) eram do sexo masculino e 78 (12,5%) do sexo feminino.

A média de idade foi de 31,25 anos, com variação de 2 a 87 anos e a maioria com

idade entre 20 e 30 anos (40,5%) (tabela 1).

Tabela 1 - Faixa etária dos portadores de fraturas faciais cirúrgicas.

Idade Frequência (%) 0 – 9.9 9 1,4 10-19.9 75 12,0 20-29.9 253 40,5 30-39.9 152 24,4 40-49.9 71 11,4 50-50.9 32 5,1 60-69.9 25 4,0 70-79.9 4 0,6 80-89.9 3 0,5

Total 624 100 NOTA: (%) Porcentagem

A atividade econômica mais prevalente foi de agricultor, com 115 pacientes

(18,5%) que associada aos casos não informados e desempregados somou-se

43,7%. As duas outras atividades mais registradas foram a de estudante (14,9%)

seguido da função de pedreiro / servente (8%) e autônomo (7,1%) (tabela 2).

Tabela 2 - Atividade / Ocupação dos pacientes em que ocorreram as fraturas faciais cirúrgicas.

Atividade / Ocupação Frequência Porcentagem (%) Não informado / desempregado 156 25,2 Agricultor 115 18,5 Estudante 92 14,9 Pedreiro / servente / pintor 50 8 Autônomo 44 7,1 Auxiliar administrativo e serviços gerais 40 6,5 Outros serviços diversos 123 19,8 Total 620 100

NOTA: (%) Porcentagem

28

Como fator etiológico observou-se que os acidentes motociclísticos geraram

mais casos de fraturas faciais cirúrgicas, com 357 casos (62,1%), seguido de

agressão física com 72 casos (12,5%) desportivos com 35 casos (6%), PAF (projétil

de arma de fogo) com 27 casos (4,7%) e queda da própria altura 25 (4,3%) dentre

outras causas menos prevalentes (tabela 3). Para o sexo feminino as etiologias

acompanham tendência geral com 40 casos (51,3%) por acidentes motociclísticos

seguidos de agressões físicas com 14 casos (17,9%).

A ocorrência dos traumas foi mais prevalente no dia de domingo com 184

(29,5%) casos, assim como para acidentes motociclísticos com 113 (31,8%) (gráfico

01). Em consideração aos grupos de variáveis, a maioria ocorreu nos dias do fim de

semana (considerando sexta-feira, sábado e domingo) e feriados (62,17%). Em

grande parte dos prontuários foi registrado o relato de ingesta alcoólica ou sinais de

embriaguez (59,5%). Para os acidentes motociclísticos, foi encontrado o não uso de

capacete em 58% dos casos (gráfico 2).

Tabela 3 - Etiologia do trauma que resultou em fraturas faciais cirúrgicas.

Etiologia do trauma Frequência (%) Acidente motociclístico 357 63,3 Agressão física 72 12,7 Desportivo 35 6,2 Arma de fogo 27 4,8 Queda da própria altura 25 4,3 Acidente automobilístico 21 3,8 Acidente ciclístico 10 1,8 Atropelamento 9 1,6 Outras causas diversas 8 1,5 Total 564 100

NOTA: (%) Porcentagem

29

Gráfico 1 - Registro dos dias de ocorrência das fraturas faciais cirúrgicas

Gráfico 2 - Fatores registrados sobre as circunstâncias do trauma facial.

Avaliados os casos individualmente, as cirurgias realizadas de forma mais

frequente, foram os internamentos para tratamento cirúrgico das fraturas

mandibulares (30,9%), seguidos de fraturas nasais (19,6%), fraturas de zigomático

(17,8), fraturas múltiplas 1 (15%), múltiplas 2 (11,8%), múltiplas 3 (2,7%), fraturas de

maxila (1,3%) e frontal (0,2%) (tabela 4).

30

Tabela 4 - Cirurgias das fraturas faciais.

Cirurgia realizada Frequência (%) Fratura de mandíbula 170 30,9 Fratura nasal 108 19,6 Fratura de zigomático 98 17,8 Fraturas múltiplas 1 87 15,8 Fraturas múltiplas 2 65 11,8 Fratura múltiplas 3 14 2,5 Fratura de maxila 7 1,3 Fratura de frontal 1 0,2 Total 550 100

NOTA: (%) porcentagem

Associações foram encontradas referentes às circunstâncias do trauma que

poderiam gerar mais casos de fraturas múltiplas com cirurgias mais complexas. Os

acidentes motociclísticos, além de mais prevalentes foram os maiores causadores

das fraturas múltiplas (tabela 5).

Tabela 5 - Associação da complexidade da cirurgia com agente etiológico.

Etiologias Fraturas múltiplas Fraturas simples

Acidente de moto 111 (78,8%) 217 (56%)

Outras causas 30 (21,2%) 170 (44%)

Total 141 (100%) 387 (100%)

NOTA: P-valor <0.001 / Odds ratio 2.899 para fraturas múltiplas entre as etiologias

Foi encontrado que o dia do ocorrido não foi significante para associar a

complexidade do trauma, mas a presença do consumo de álcool e o não uso de

capacete determinaram a ocorrência de fraturas múltiplas (tabela 6).

Tabela 6 - Associação dos fatores de risco para fraturas múltiplas em acidentes motociclísticos

Fatores de Risco Fraturas múltiplas

Fraturas Simples

IC95% Odds Ratio

Valor

de P Consumo de álcool Sim 102 (86,5%) 109 (51,1%) 3,336 a

10,9 6,083 <0,001

Não 16 (13,5%) 104 (48,9%) Não uso de capacete Sim 96 (86,5%) 73 (38,4%) 5,530 a

19,03 10,26 <0,001

Não 15 (13,5%) 117 (61,6%) Fim de semana e feriado Sim 78 (63,9%) 137 (64%) 0,624 a

1,574 0,9964 0,987

Não 44 (36,1%) 77 (36%)

31

Nota: IC 95% - Intervalo de confiança, odds ratio – Razão de chance, valor de P – índice de significância estatística (<0,05)

O consumo de álcool induziu o não uso de capacete, mas não foi relevante

para diferenciar a complexidade das fraturas entre os dias que ocorreram os

acidentes (tabela 7).

Tabela 7 - Associação do consumo de álcool com o dia do occorido e o uso de

capacete.

Acidente motociclístico

Sem capacete Com

capacete

Fim de Semana / Feriado

Dia da semana

Consumo de álcool 121 (68,4%) 61 (46,5%) 137 (63,5%) 82 (62,6%)

Não consumo de álcool 56 (31,6%) 70 (53,5%) 79 (36,5%) 49 (37,4%)

Valor de P <0.001 Valor de P = 0.87

Total 177 (100%) 131 (100%) 216 (100%) 131 (100%)

Nota: (%) - porcentagem, valor de P – índice de significância (<0,05)

32

5 DISCUSSÃO

Em relação a faixa etária, o presente estudo está de acordo à literatura

mundial com maior frequência em indivíduos entre 20 e 29 anos de idade (MIJITI et

al., 2014; AL AHMED et al., 2004; BRASILEIRO & PASSERI, 2006; ANSARI, 2004;

AL-KHATEEB & ABDULLAH, 2007; GANDHI et al., 2011; KRAF et al., 2012; LEE,

2012; SAMIERAD et al., 2015). Em um estudo multicêntrico, esses dados se

encontraram diferentes, onde a média de idades foi de 30 a 39 anos.

Sobre o fator etiológico, a violência interpessoal (agressão física) parece estar

relacionada com uma maior taxa de fraturas faciais quando comparadas a todos os

pacientes com lesões diversas (GOULART et al., 2014), que contrasta com os

acidentes motociclísticos que foram predominantes em nossa pesquisa.

Também se fez diferente a alta incidência do sexo feminino como vítima nas

agressões, predominando sobre os homens em várias pesquisas. O autor chama

atenção para o fato do aumento da expectativa de vida especialmente em mulheres

como resposta para o achado (BOFFANO et al., 2014).

Nosso estudo revela que para o sexo feminino as etiologias acompanham a

tendência geral, com 40 casos (51,3%) por acidentes motociclísticos seguidos de

agressões físicas com 14 casos (17,9%) diferente dos estudos anteriores.

Outros estudos mostram que em relação à agressão física frente ao trauma

do complexo maxilofacial, o fator etiológico muda a depender do sexo, onde os

agressores são homens predominantemente (MIJITI et al., 2014; LEE, 2012). Um

percentual de 40% das fraturas maxilofaciais tem a agressão como causa, e os

homens representavam mais de 80% da população agressora (BOFFANO et al.,

2014). Não foi possível identificar o sexo do agressor no nosso estudo, mas

entender o grupo de riscos pode trazer planejamento de medidas preventivas.

Foi observado que nas agressões há uma tendência de acometer os ossos do

terço médio facial enquanto os acidentes motociclísticos causam mais fraturas

mandibulares, como visto em nosso trabalho e em outras pesquisas (VAN DEN

BERG et al., 2012; ARSLAN et al., 2014).

Os acidentes de trânsito foram os maiores responsáveis pela causa das

fraturas mandibulares, principalmente acidentes envolvendo motocicletas. Apesar

dos fatores sociodemográficos, culturais, econômicos e estilo de vida diferente,

33

resultados do estudo retrospectivo no Sudeste do Irã têm se mostrado semelhantes

em comparação a este estudo, onde as fraturas foram causadas principalmente por

motocicletas, tendo a mandíbula como o osso mais acometido na face (SAMIERAD

et al., 2015).

Outro conjunto de pesquisas mostra que as causas mais frequentes são os

acidentes automobilísticos ou motociclísticos em seguida as agressões e quedas. A

faixa etária de 20 a 29 anos foi a mais atingida. Estudos demonstram predominância

masculina sobre a feminina num índice de aproximadamente 4:1 (MCDALE et al.,

1982; BUSUITO et al., 1986; ANDRADE FILHO et al., 2000; LEITE-SEGUNDO et

al., 2004).

As fraturas mandibulares estão associadas às lesões cervicais em 1,2% dos

casos e que se não diagnosticados, podem levar às sequelas graves (ANDRADE

FILHO et al., 2000). Isso mostra a gravidade associada a este tipo de trauma, mais

frequente em nossa pesquisa.

As quedas da própria altura bem mais frequente em outros trabalhos,

ocorreram em segundo lugar de freqüência, principalmente em crianças ou adultos

relacionados ao uso de álcool (TANAKA et al., 1994).

O consumo de bebidas alcoólicas é a maior causa de mortalidade e

morbidade na Austrália, causando 3000 mortes e 65000 hospitalizações cada ano

(JAYARAJ et al 2013). Está presente em 10-26,9% associado nas fraturas faciais

(JUNG et al., 2014), e as lesões faciais eram mais graves quando havia o trauma

por influência do álcool (O`MEARA et al., 2012).

Globalmente, injúrias associadas ao consumo de álcool causam milhares de

mortes e enormes perdas econômicas a cada ano. Foi encontrado forte associação

da alta incidência das fraturas faciais e grande consumo de álcool como fator

etiológico na Austrália (JAYARAJ et al 2013). Há evidência entre a incidência de

crimes, trauma e o consumo de álcool (BERTHOLET et al., 2005). O Consumo

excessivo de álcool e violência interpessoal são fortemente associados com trauma

facial (HUTCHISON et al., 1998; HUMPHREY et al., 2003). Aproximadamente 60%

dos casos das fraturas cirúrgicas do nosso estudo havia consumo de álcool. Nos

casos específicos de acidentes motociclísticos o índice foi de 64% e houve forte

associação com as fraturas mais complexas (múltiplas).

Ao analisar os fatores de risco em acidentes motociclísticos, observou-se que

as fraturas faciais ocorreram de forma mais frequente em dias de sexta, sábado,

34

domingo e feriado em números absolutos, embora o dia da semana não tenha sido

fator de risco relevante para fraturas múltiplas segundo dados estatísticos.

Independente do dia da semana, o que se apresentou decisivo no desfecho das

fraturas múltiplas faciais cirúrgicas foram o relato ou sinais de ingesta alcóolica, que

por sua vez determinou dados estatísticos fortes para o não uso de capacete.

As fraturas faciais mais complexas, caracterizada por fraturas múltiplas

tiveram como fator de proteção o uso do capacete, porém há um fator de confusão

que determina que um número expressivo dos casos em que não foi usado capacete

representava o grupo dos que havia relatos ou sinais de ingesta alcoólica. Em

relação ao dia da semana, os dias de sexta, sábado, domingo e feriados

apresentaram maior prevalência para fraturas faciais cirúrgicas, mas não houve

indícios que estes dias fossem fatores de risco para fraturas múltiplas, pois

proporcionalmente o que esteve determinando a gravidade das fraturas foram o

relato ou sinais de ingesta alcóolica.

Lesões por agressões e agentes externos foram associadas ao consumo de

álcool como sendo a maior razão etiológica das fraturas. No entanto esse índice de

ingesta alcoólica poderia aumentar pela falta de informações no prontuário, seja por

omissão no relato do paciente ou por falta de registro na história médica pelo

profissional (VAN DEN BERG et al., 2012).

Sobre o consumo de álcool, a presente pesquisa encontra limitações por não

mensurar a quantidade da substância ingerida através da dosagem sanguínea e

assim como o trabalhos similares, os resultados sobre índices de ingesta alcóolica

talvez estejam subestimados pelo fato do paciente omitir ou negar com receio que a

transgressão da lei vigente traga-lhe punições. A percepção do profissional ainda

pode variar conforme situação encontrada no primeiro atendimento. Isso pode

ocorrer também na obtenção de informações sobre o uso de capacete.

Na população em geral, o reconhecimento dos pacientes que costumam a

alta ingesta alcoólica, o aconselhamento precoce pode reduzir o seu consumo

(JAYARAJ et al 2013).

Programas de prevenção de consumo de álcool não deveriam limita-se

apenas aos jovens, mas envolver diversas fases do crescimento, desde a criança

até o idoso, considerando a importância desta redução em todas as idades à

incidência de traumas faciais induzidos por consumo de álcool. Uma continua rede

de informações associadas à epidemiologia do trauma é fundamental para entender

35

a as mudanças nas tendências de seus mecanismos e fatores associados,

fornecendo dados para criação de guias de prevenção destas injúrias (CARVALHO

et al., 2010).

Foi observado que a lesão resultante do trauma e a associação com o álcool

foram preditivas na conduta e prontidão para mudar de hábitos por partes dos

pacientes. Em geral os pacientes que experimentam as consequências negativas do

consumo de álcool são mais motivadas a mudar de conduta (LONGABAUGH et al.,

1995; APODACA & SCHERMER, 2003).

Outro estudo mostrou que os pacientes vítimas de traumas estavam prontos

para mudar seus hábitos de consumo de álcool e sugere que as intervenções

motivacionais breves seriam adequadas (LASKI et al., 2004).

Uma intervenção breve de aconselhamento, conduzida em curto tempo após

o trauma em paciente que ingeriram bebidas alcoólicas, tem sido relatada como

medida altamente benéfica para reduzir riscos de novos traumas, assim como

subsequente diminuição dos níveis de consumo de álcool. O estudo revelou que

apenas 29% dos cirurgiões bucomaxilofaciais abordariam através de uma

intervenção breve o assunto dos males do consumo de álcool, 14% referenciariam o

paciente para um serviço ou clinica de tratamento do álcool e 76% relataram a

necessidade de maiores informações na conduta apropriada para referenciamento e

tratamento dos pacientes etílicos (LEE et al., 2015).

Esforços devem ser dirigidos para elaboração de políticas de saúde pública

para esclarecer a população sobre os riscos do consumo de bebidas alcoólicas para

os traumas faciais por diversas causas, especialmente em campanhas preventivas

de acidentes motociclísticos, em que resulta em fraturas de maior complexidade no

esqueleto facial.

Espera-se que pesquisas multicêntricas possam reafirmar a importância de se

conhecer os fatores associados aos traumas, sobretudo aqueles que trazem

tratamentos cirúrgicos de fraturas faciais múltiplas ou simples. A sociedade, órgãos

competentes e instituições de ensino necessitam de melhor entender a doença

trauma para elaborar pesquisas bem direcionadas que resultem em planos de ações

na educação e prevenção destes eventos.

36

6 CONCLUSÃO

Em análise foi encontrada uma alta prevalência de fraturas faciais cirúrgicas

em pacientes do sexo masculino entre 20 e 30 anos de idade, causadas por

acidentes motociclísticos. Houve associação entre a presença de sinais ou relatos

de consumo de bebidas alcoólicas, o não uso de capacete e a ocorrência fraturas

múltiplas faciais. No entanto, o dia do ocorrido não foi decisivo para determinar a

complexidade do trauma facial.

37

REFERÊNCIAS

AFZALI, S.; et al.; Frequency of alcohol and substance abuse observed in drivers killed in traffic accidents in Hamadan, Iran. Arch Iran Med. v.16, 2013. AFZELIUS, L. E.; Rosen, C.; Facial fractures: a review of 368 cases. Int J Oral Surg. 1980. p. 25-32. AITKEN, S. A.; et al.; Sports-related fractures in South East Scotland: an analysis of 990 fractures. Journal of Orthopaedic Surgery. Valenvia, v.22, n.23, 2014. p. 313-317. AKSOY, E.; UNLU, E.; SENSOZ, O.; A retrospective study on epidemiology and treatment of maxillofacial fractures. J Craniofac Surg. Boston, v. 13, 2002. p. 772-775. AL AHMED, H. E.; et al.; The pattern of maxillofacial fractures in Sharjah, United Arab Emirates: a review of 230 cases. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. v.98, n.2, 2004. p.166-70. AL-KHATEEB, T.; ABDULLAH, F. M.; Craniomaxillofacial injuries in the United Arab Emirates: a retrospective study. J Oral Maxillofacial Surg. v.65, n.109, 2007. p. 1101-1104. ANDRADE FILHO, E. F.; FADUL JR., R.; Fraturas de mandíbula: análise de 166 casos. Rev Ass Med Brasil. Rio de Janeiro, v. 46, n. 3, 2000. p. 272-273. ANSARI, M. H.; Maxillofacial fractures in Hamedan province, Iran: a retrospective study (1987–2001). J Craniomaxillofac Surg. v.32, 2004. p.28-34. APODACA, T. R.; SCHERMER, C. R.; Readiness to change alcohol use after trauma. J Trauma. v.54, 2003. p.990–4. ARSLAN, E. D.; et al.; Assessment of maxillofacial trauma in emergency department. World J Emerg Surg. v.9, n.1. 2014. p.13. Bachulis, B. L.; Sangster, W.; Gorrell, G. W.; Long, W. B.; Patterns of injury in helmeted and nonhelmeted motorcyclists. Am J Surg. v.155, n. 1, 1988. p.708-11. BAGHERI, S.C.; BELL, R.B.; KHAN, H.A.; Terapias atuais em Cirurgia Bucomaxilofacial. 1ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2013. BERTHOLET, N.; et al.; Reduction of alcohol consumption by brief alcohol intervention in primary care: systematic review and meta-analysis. Arch Intern Med. v.165, n.9, 2005. p.986–995. BOFFANO A; et al.; European Maxillofacial Trauma (EURMAT) project: A multicentre and prospective. Journal of Cranio-Maxillo-Facial Surgery. v. 43, 2014. p. 62-70.

38

BOFFANO, P.; et al.; Aetiology of maxillofacial fractures: a review of published studies during the last 30 years. Br J Oral Maxillofac Surg. Edinburgh, v.52, n.10, 2014. p.901-6. BRASILEIRO, B. F.; PASSERI, L. A.; Epidemiological analysis of maxillo- facial fractures in Brazil: A 5-year prospective study. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. v.12, 2006. p.28-34. BUSUITO MJ, SMITH JR DJ; ROBSON MC. Mandibulary fractures in na urban trauma center. J Trauma. v.26, n.9, 1986. p.826-9. CALDAS, I. M.; et al.; Orofacial damage resulting from road Acidentes. Dental Traumatol. v. 24, n. 4, Aug. 2008. p. 410-415. CAMARGO, I. B.; et al.; Fratura parassinfisária em Mulher Vítima de Violência Doméstica: Relato de Caso. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac. Camaragibe. v.12, n.1, jan./março. 2012. p. 9-16. CARVALHO, T. B. O.; et al.; Six years of facial trauma care: an epidemiological analysis of 355 cases. Braz J Otorhinolaryngol., v. 76, n.5, 2010. p. 565-74. CAUBI, A. F. et al.; Fratúra de mandíbula em pacientes geriátricos: Relato de caso clínico. Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial. v.4, n.2, abr/jun, 2004. p. 115-120. CAULEY JA; Incidence of fractures compared to cardiovascular disease and breast cancer: the Women's Health Initiative Observational Study. Osteoporos Int. v. 19,12, p. 2008. 1717-1723. CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA. Associação Paulista de medicina, Sindicato dos médicos do Estado de São Paulo. A epidemia da violência. 1998; p61. CORAZZA, M.; TRICONE, S.; VIRGIL, A.; Effects of airbag deployment: lesions, epidemiology, and management. Am J. Clin Dermatol. v.5, 2004. p. 295-300. COURT-BROWN, C. M.; CAESAR, B.; Epidemiology of adult fractures: A review. Injury. London, v. 37, n. 8, 2006. p 691-697. COURT-BROWN, C. M.; et al.; Changing epidemiology of adult fractures in Scotland. Scott Med J. Glasgou, v. 59, n. 1, 2014. p. 30-42. DAVIDOFF, G.; et al.; The spectrum of closedhead injuries in facial trauma victims: incidence and impact. Ann Emerg Med. 1988. P. 6-9. DOWN, K. E.; BOOT, D. A.; GORMAN, D. F.; Maxillofacial and associated injuries in severely traumatized patients: implications of a regional survey. Int J Oral Maxillofac Surg. Copenhagen, v. 24, 1995. p. 409-412. ELLIS, E.; MOOS, K. E.; EL-ATTAR, A.; Ten years of mandibular fratures: An analysis of 2,137 cases. Oral Surg. v. 59, 1985. p. 120-9.

39

FONSECA, R. J.; Oral and Maxillofacial Trauma. 3ed. Philadelphia: W.B. Saunders Company, v. 3, 2000. 500p. FRENGUELLI, A.; et al.; Head and neck trauma in sporting activities. Review of 208 cases. J Craniomaxillofac Surg. São Paulo, v. 19, n. 4, 1991. p. 178-171. FUTRAN, N. D.; Management of comminuted mandible fractures. Operative Techniques in Otolaryngology, v. 19, n. 2, June 2008. p. 113–116. GANDHI, S.; et al.; Pattern of maxillofacial fractures at a tertiary hospital in northern India: a 4-year retro-spective study of 718 patients. Dent Traumatol. Copenhagen, v. 27, n. 25, 2011. p. 262-270. GARG, N.; HYDER, A.; A Road traffic injuries in India: a review of the literature. Scand J Public Health. 2006. p.100-9. GASSNER, R.; BOSCH R.; TULI, T.; EMSHOFF, R.; Prevalence of dental trauma in 6000 patients with facial injuries. Implications for prevention. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. v.87, n.27, 1999. GASSNER, R.; et al.; Cranio-maxillofacial trauma: a 10 year review of 9543 cases with 21067 injuries. Jounal of Cranio-Maxillofacial Surgery. v. 31, 2003. p. 51-61. GIROTTO, J. A.; et al.; Long-term physical impairment and functional outcomes after complex facial fractures. Plast Reconstr Surg. New York NY, v. 108, 2001, p. 312-327. GOMES, A. C. A.; et al.; Tratamento Das Fraturas Mandibulares: Relato de Caso Clínico. Rev. Cir. Traum. Buco-Maxilo-Facial. v. 1, n. 2, Jul/Dez, 2001. p. 31-38. GONDOLA, A. O.; Epidemiologia das fraturas zigomáticas: uma análise de 10 anos. Revista Odonto Ciência., Porto Alegre, v. 21, n. 52, abr./jun. 2006. p. 158-161. GOULART, D. R.; et al.; What Is Expected from a Facial Trauma Caused by Violence? J Oral Maxillofac Res. v. 5, n. 4, 2014. p. 4-9. GRUSS, J. S.; PHILLIPS, J. H.; Complex facial trauma: the evolving role of rigid fixation and immediate bone graft reconstruction. Clin Plast Surg. 1989. P. 93-104. Gwyn, P. P.; et al.; Facial fractures-associated injuries and complications. Plast Reconst Surg. 1971. p. 225-30. HAGAN, E. H; HUELKE, D. F. An analysis of 319 case reports of mandibulary fractures. J. Oral Surg. Anesth. Hosp. Dent. Serv. Chicago, v. 19, 1961. p. 93-104. HAGHPANAH, B.; The Transforming Face of Fracture Epidemiology. Our Concern. v. 4, 2014. p. 23-33.

40

HOLLIER, L. H.; et al.; The management of orbitozygomatic fracture. Plast Reconstr Surg. v. 111, 2003. p. 2386-2392. HUELKE, D. F.; COMPTON, C. P.; Facial injuries in automobile crashes. J Oral Maxillofac Surg. 1983. p.241-4. HUMPHREY, G.; CASSWELL, S.; HAN, D. Y.; Alcohol and injury among attendees at a New Zealand emergency department. N Z Med J. 2003. HUPP, J. R.; ELLIS, E. R.; TUCKER, M. R.; Tratamento das Fraturas Faciais. Cirurgia Oral e Maxilofacial Contemporânea. Rio de Janeiro. v.1, 2009. p. 487–511. HUTCHISON, I. L.; ET AL.; The BAOMS United Kingdom survey of facial injuries part 1: aetiology and the association with alcohol consumption. Br J Oral Maxillofac Surg. 1998. p. 3–13. JAYARAJ, R.; et al.; Prevention of Alcohol-Related Crime and Trauma (PACT): brief interventions in routine care pathway - a study protocol. BMC Public Health. 2013. p.13:49. JIN, Z.; JIANG, X.; SHANG, L.; Analysis of 627 hospitalized maxilofacial – oral injuries in Xi’an, China. Dental Traumatol, v. 29. 2013. JOHNSON, R. M.; et al.; Craniofacial trauma in injured motorcyclists:the impact of helmet usage. J Trauma. 1995. p.876-8. JUNG, H. W.; et al.; Retrospective clinical study of mandible fractures. J Korean Assoc Oral Maxillofac Surg. v.40, n.1, 2014. p.21-6. KADKHODAIE, M. H.; Three-year review of facial fractures at a teaching hospital in northern Iran. Br J Oral Maxillofac Surg. v. 44, 2006. p. 229-231. KEENAN, H.T.; BRUNDAGE, S. I.; THOMPSON, D. C.; Does the face protect the brain? A case-control study of traumatic brain injury and facial fractures. Arch Surg. Chicago, v. 134, 1999. p. 14-17. KOENIG, W. J.; LEWIS, V. L. Jr.; The physician cost of treating maxillofacil trauma. Plast Reconstr Surg. v.91, n.5, 1993. p. 778-782. KOSTAKIS, G.; et al.; An epidemiologic analysis of 1,142 maxillofacial fractures and concomitant injuries. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radio. Chicago, v.1114, 2012. p. 6 9-73. KRAFT, A.; et al.; Craniomax-illofacial trauma: synopsis of 14,654 cases with 35,129 injuries in 15 years. Craniomaxillofac Trauma Reconstr. v.5, 2012. p. 41-50. KRUG EG, SHARMA GK, LOZANO R. The global burden of injuries. Am J Public Health. v.90, 2000. p.523-6.

41

LA TORRE, G.; et al.; Determinat of withn-country variation in traffic accident mortality in Italy: a geographical analysis. Int J Health Geogr. v.6, n.49, 2007. LASKI, R.; et al.; Facial trauma: a recurrent disease? The potential role of disease prevention. J Oral Maxillofac Surg. v.62, 2004. p.685–8. LEE, K. F.; et al.; The impact-absorbing effects of facial fractures in closed-head injuries. Analysis of 210 patients. J Neurosurg. v.66, 1987. p.542-7. LEE, K. Global trends in maxillofacial fractures. Craniomaxillofac Trauma Reconstr. New York, v. 5, 2012. p. 213-222. LEE, K. H.; BOBINSKAS, A. M.; SUN, J.; Addressing Alcohol-Related Harms Within Maxillofacial Trauma Practice. J Oral Maxillofac Surg. v.73, n.314, 2015. P.314-6. LEE, K. H.; Interpersonal violence and facial fractures. J Oral Maxillofac Surg. Edinburgh, v.67, n.9, 2009. p. 1878-1883. LEITE-SEGUNDO, A. V.; GOMES, V. D. R. L.; Estudo epidemiológico de 261 fraturas faciais atendidas no Hospital Regional do Agreste / Caruaru – PE. Odont Clín Científ. v.3, n.2, 2004. p. 117-122. LI, R.; et al.; Analysis of 126 hospitalized elder maxillofacial trauma victims in central China. Med Oral Patol Oral Cir Bucal. Valencia, v.1, n.4, 2015. p. 464-470. LIM, L. H.; et al.; Associated injuries in facial fractures:review of 839 patientes. Br J Plast Surg. v.46, 1993. p.635-8. LIU, B. C.; et al.; Helmets for preventing injury in motocycle riders. Cochrane Database Syst Rev. v.23, 2008. LONGABAUGH, R.; et al.; Injury as a motivator to reduce drinking. Acad Emerg Med. v.2, 1995. p.817–25. MACEDO, J. L. S.; Mudança etiológica do trauma de face de pacientes atendidos no pronto socorro de cirurgia plástica do Distrito Federal. Revista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. São Paulo, v.22, n.4, 2007. p. 209-212. MALLIKARJUNA, S. K.; KRISHNAPPA, P.; Prevalence of maxilofacial injuries by motorized two wheeler road traffic accidents in Bangalore city. Dent Traumatol, v.25, n.6, Oct. 2009. p. 599-604. MANSON, P. N.; HOOPES, J. E.; Structural pillars of the facial skeleton: an approach to the management of Le Fort fractures. Plast Reconstr Surg. 1980. p. 54–61. MARTIN, C. G.; SPAIN, D. A.; RICHARDSON, J. D.; Do facial fractures protect for brain or are they a marker for severe head injury? Am Surg. 2002. p.477-81.

42

MC DALE, A. M; MC NICOL, R. D.; Ward-Booth, P.; The aetiology of maxillo-facial injures with special reference to the abuse of alcohol. Int. J. Oral. Surg. Copenhagen, v.11, 1982. p. 152-155. MIJITI, A.; et al.; Epidemiological analysis of maxillofacial fractures treated at a university hospital, Xinjiang, China: A 5-year retrospective study. J Craniomaxillofac Surg. v.42, n.3, 2014. p.227-33. MILORO, M.; Peterson’s Principals of Oral and Maxillofacial Surgery. 2ed. Philadelphia: BC Decker. 2004. MONIRUZZAMAN, S.; ANDERSSON, R.; Economic development as a determinant of injury mortality—a longitudinal approach. Soc Sci Med. v.66, n.1, 2008. p.699-708. MOTAMEDI, M. H. K.; An assessment of maxillofacial fractures: a 5-year study of 237 patients. J Oral Maxillofac Surg. Edinburgh, v.6, 2003. p-61-64. NAKHGEVANY, K. B.; LIBASSI, M.; ESPOSITO, B.; Facial trauma in motor vehicle accidents: etiological factors. Am J Emerg Med. Phladelphia, v.12, 1994. p. 160–163. NANTULYA, V. M.; REICH, M. R.; The neglected epidemic: road traffic injuries in developing countries. BMJ. v.324, n.1, 2002. p.139-41. NZEGWU, M. A.; ALIGBE, J. U.; BANJO, A. A.. Patterns of morbidity and mortality amongst motocycle riders and their passagers in Benin-City Nigegia: one-year rewiew. Ann Afr Med. v.7, n.82, 2008. O’MEARA, C.; et al.; Alcohol and interpersonal violence may increase the severity of facial fracture. Br J Oral Maxillofac Surg. Edinburgh, v.50, n.1, 2012. p. 36-40. PAES, J. V.; et al.; Retrospective study of prevalence of face fractures in southern Brazil. Indian J Dent Res. Ahmedabad, v.23, 2012. p.80-86. PATROCÍNIO, L. G.; Fratura de mandíbula: análise de 293 pacientes tratados no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. São Paulo, v.71, n.5, set./out. 2005. p. 560-565. PRICE, J.D.; Facial fractures and seat belts. Br Dent J. 1983. Rutland-Brown, W.; et al.; Incidence of traumatic brain injury in the United States, 2003. J Head Trauma Rehabil. v.21, 2003. p.544-8. SAMIEIRAD, S.; et al.; Retrospective study maxillofacial fractures epidemiology and treatment plans in Southeast of Iran. Med Oral Patol Oral Cir Bucal. Kyoto, v.5, n.3, 2015. p. 140-145. SASSI, L. M.; et al.; Fratura da mandibular: revisão de 82 casos. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço. v.39, n.3, 2010. p. 190-192.

43

SCHMIDT, B. L.; et al.; A financial analysis of maxillomandibular fixation versus rigid internal fixation for treatment of mandibular fractures. J Oral Maxillofac Surg. v.58, n.12, 2000. p.06-10. SHANKAR, A. N.; et al.; The pattern of the maxillofacial fractures and the multicentre retrospective study. J Craniomaxillofac Surg. v.40, n.67, 2012. p. 649-605. SHAPIRO, A. J.; et al.; Facial fractures in a level I trauma centre: the importance of protective devices and alcohol abuse. Injury. v.32, n.3, 2001. p.53-6. SILVA, J. J. DA; CAUÁS, M.; Avaliação da violência urbana e seu custo cirúrgico na vítima de trauma de face no Hospital da Restauração - Recife PE. Odontologia. Clín Científ. v.3, n.1, 2004. p. 49-56. SIMONS-MORTON, B.; LERNER, N.; SINGER, J.; The observed effects of teenage passengers on the risky driving behavior of teenage drivers. Accid Anal Prev. v.37, n.9, 2005. p.73-82. SOUYRIS, K.; et al.; Malar bone fractures and their sequelae. A statistical study of 1,393 cases covering a period of 20 years. J Craniomaxillofac Surg., São Paulo, v.17, 1989. P. 64-68. SOUZA, L. C. M.; LUCCA, M. E. S.; Fratura de mandíbula: análise de 282 pacientes. Revista Paulista de Odontologia. n.1, Jan/Fev, 1992. p. 2-4. STURLA, F.; ABSI, D.; BUQUET, J.; Anatomical and mechanical considerations of craniofacial fractures:an experimental study. Plast Reconstr Surg. v.66, n.8, 1980. p.15-21. TANAKA, N.; A etiology of maxillofacial fractures. Br. J. Oral Maxillofac Surg. Edinburgh, v.32, 1994. p. 19-23. TOLEDO FILHO, J. L.; et al.; Utilização De Miniplacas No Tratamento De Fraturas Da Mandíbula. Revista da APCD. v.52, n.1, Jan/Fev 1998. VAN DEN BERGH, B.; et al.; Aetiology and incidence of maxillofacial trauma in Amsterdam: a retrospective analysis of 579 patients. J Craniomaxillofac Surg. v.40, n.6, 2012. p.165-9. VAN HOUT, W. M.; et al.; An epidemiological study of maxillofacial fractures requiring surgical treatment at a tertiary trauma centre between 2005 and 2010. Br J Oral Maxillofac Surg. Edinburgh, v.51, p.41, 2013. p. 420-426. VASCONCELLOS, R. J. de H.; et al.; Métados de tratamento as fraturas mandibulares. Rev. Cir. Traumat. Buco - Maxilo – Facial. v.1, n2, jul/dez,2001. p. 21-27. WITTCHEN, H. U.; et al.; The size and burden of mental disorders and other disorders of the brain in Europe 2010. Eur Neuropsychopharmacol. Amsterdam, v.21, 2011. p. 655-679.

44

WOOD, E. B.; FREER, T. J.; Incidence and a etiology of facial injuries resulting from motor vehicle accidents in Queensland for a three-year period. Aust Dent J. Sydney, v.46, 2001. p. 284-288. WULKAN, M.; PARREIRA, J. R.; BOTTER, D. A.; Epidemiologia do trauma facial. Rev. Assoc. Med. Bras. v.51, n.5, 2005. p. 290-5. YOKOYAMA, T.; et al.; A restrospective analysis of oral maxilofacial injuries in motor vehicle acidentes. J. Oral Maxillofac Surg. v.64, n.12, 2006. p. 1731-1735. ZANDI, M.; et al.; Maxillofacial injuries in western Iran: a prospective study. Oral Maxillofac Srg. v.15, n.4, 2011. p. 201-209. ZHI, L. I.; ZU-BING, L. I.; Clinical Charcteristics and treatment of multiple site comminutet mandible fractures. Jornal of Cranio-Maxillo-Facial Surgery. v.39, 2011. p. 296-299. ZRONBA, H.; et al.; Epidemiology and treatment outcome of surgically treated mandibular condyle fractures. A five years retrospective study. Jornal of Cranio-Maxillo-Facial Surgery. v.42, 2014. p. 879-884.

45

ANEXO A – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA

46

47

ANEXO B - CARTA DE SUBMISSÃO DO ARTIGO

48

ANEXO C – ARTIGO SUBMETIDO PARA PUBLICAÇÃO

FACTORS ASSOCIATED WITH THE COMPLEXITY OF FACIAL TRAUMA IN

HOSPITALIZED FOR EXTERNAL CAUSES.

Ivo Cavalcante Pita Neto1

Milana Drumond Ramos Santana1

Luiz Carlos de Abreu1

Jeferson Martins de Lucena Pereira Franco2

Júlio Leite de Araujo Junior2

Eduardo Costa Studart Soares3

David Gomes de Alencar Gondim3

Luciano Miller Reis Rodrigues1

1 Laboratory Design and Scientific Writing. Department of Basic Sciences. ABC College of

Medicine. Santo André - SP. Brazil

2 Leão Sampaio College of Dentistry. Juazeiro do Norte – CE. Brazil

3 Ceará Federal University. Fortaleza – CE. Brazil

ABSTRACT

Introduction: Facial fractures have their incidence, etiology, clinical presentation and features

influenced by variables such as economic, cultural and demographic factors. A large number

of these fractures require simple or more complex approaches and it becomes important to

understand their clinical and epidemiological profile and factors associated with the fracture

event and surgical indication. Objective: evaluate factors associated with the complexity of

surgical facial fractures in the region Cariri. Method: An analytic transversal study was

conducted with collection of data from medical records of patients operated for facial

fractures at the Hospital Regional of Cariri, state of Ceará, the Northeast of Brazil. Records

from 2012 to 2014 were acquired highlighting gender, age, occupation, etiology, and

anatomical sites of fractures as well as surgeries of varying complexities for single or multiple

fractures. The day of the event, report or signs of alcohol consumption and the use of helmets

49

in motorcycle accidents were named associated factors. Results: As etiological factor was

observed that motorcycle accidents generated more cases of multiple facial fractures with

significant differences (p < 0.001) with 111 (78%), associated with the non- helmet use in 96

cases (86.5 %) and consumption alcohol in 102 cases (86.5 %) . The weekend and holidays

showed similar results for the proportion of multiple fractures (78 cases, representing 63.9%)

and simple 64% of patients. Conclusion: It can be concluded that there is a high prevalence of

surgical facial fractures in male patients between 20 and 30 years of age, caused by

motorcycle accidents and that there was a strong association between the consumption of

alcohol, failure to wear a helmet and presence of surgical facial multiple fractures.

Keywords: Facial injuries. Alcohol-Induced Disorders. Epidemiology.

INTRODUCTION

Fractures involving the maxillofacial complex have their incidence, etiology, clinical

presentation and features influenced by variables such as economic, cultural and

sociodemographic factors1-3

.

The types of etiologic agents range from violence in traffic to pathological fractures,

being subject to social modifying agents. The most common causes are automobile or

motorcycle accidents, followed by assaults and falls and the most affected age group are

people with age between 20 to 29 years old4. Studies show male predominance over female

in a ratio of approximately 4:15-7

. The high rates concern not only because they are facial

fractures, but for being the third cause of death in all age groups in the United States8,9

.

Every day 16,000 people die in the world because of an injury10

. More than 1.2

million people die every year on the roads of the world but between 20 and 50 million are

victims of non-fatal injuries that cause an effect on the cost increase of a nation. Traffic

accidents will move from being 9th

to the 5th

main cause of death in 2030 with around 2.4

million of deaths per year in worldwide traffic. The high number of motor vehicles as a result

of rapid population's economic growth has increased dramatically the number of traffic

accidents that associated with alcohol intake has worsened in terms of increased morbidity

and mortality in developing countries11,12.

The Brazilian economic growth and in particular of the Northeastern region of this

country with the expansion of income and personal credit, combined with a chronic

deficiency in public transport, led to a considerable increase in the purchase of motor

50

vehicles, especially the many motorcycle models. This rapid growth also brings great

socioeconomic discrepancies contributing to increased urban violence in general14

.

According to the Pan American Health Organization, Brazil spends 4-7% of their

budget on health within mortality and treatment of diseases caused by external causes15

.

Data surveys realized in Canada have shown that facial trauma are equivalent to 35 to

45% of traumas in general, this is worrying, as it represents a health area of high cost and

difficult to treat16

.

The treatment of patients with facial trauma can be difficult and costly. Important data

relate hospital costs as a problem for facial trauma. A study was carried out in Recife-PE

about facial trauma and its costs. This study demonstrated that the vast majority of patients

treated at the Hospital da Restauração with facial trauma corresponded to men and young

people and that the highest rate of facial bone fractures operated were on the mandible, the

clinic of Oral and Maxillofacial Surgery accounted on average for 8.5% of total expenditure

of the Hospital in surgeries from 2001 and 2002. Thus, there is a need for more studies about

costs of this "disease of the century" in order to support managers as to the redirection and

resizing of investments in health17

.

The objective of this study is to analyze the complexity of the surgical facial fractures

by associating causal factors such as alcohol consumption and day of the event, as well as the

non-use of helmet in motorcycle accidents. These data become relevant as these types of

injuries greatly impact the economy and bring back in a more important way the deleterious

health effects with varying degrees of complexity and functional, aesthetic and social

limitations.

METHOD

This study is characterized by being a retrospective cross-sectional study performed

through data obtained from medical records of patients with surgical facial fractures who

were admitted and operated under general anesthesia in the Hospital Regional do Cariri- CE

in the city of Juazeiro do Norte, Ceará state, Brazil. Records from 2012 to 2014 were acquired

highlighting gender, age, occupation, etiology, anatomical sites of fractures as well as

surgeries of reduction and fixation of varying complexities for simple or multiple fractures. In

the latter simple fractures compose a group of fractures with involvement of an anatomical

segment in a surgical procedure and multiple fractures represent surgeries of more than one

facial segment, they are complex and subdivided into multiple fractures 1,2 and 3:

51

-Multiple fractures 1 involve the maxilla and any bone of the middle third or upper

face (zygomatic, nasal, frontal)

-Multiple fractures 2 involve the mandible and any bone of the middle third or upper

face (zygomatic, nasal or frontal)

- Multiple fractures 3 are called Pan facial fractures, with involvement of the three

facial thirds (frontal, maxillary, nasal, zygomatic and mandible)

The day of the occurrence was recorded in two groups: the traumas that occurred

between Friday to Sunday (considering the term “weekend”) and the ones that occurred in

other days of the week. Signs or reports about alcohol consumption were obtained as well as

helmet use for motorcycle accidents. These data were named associated factors and these

were reviewed and analyzed to search for significant associations in the outcome of surgeries

of multiple fractures.

The incomplete and illegible records of patients treated at emergency rooms but not

undergoing surgical treatments and therefore not admitted were established as exclusion

factors. Cases of tooth and alveolar fractures were not recorded in the survey as they were

conducted in the emergency itself without the need to subject the patients to surgery under

general anesthesia and without hospitalization.

The total sample consisted of 624 cases of surgical facial fractures, however in some

situations statistical analysis with smaller sample has been processed because of deletion of

records caused by the lack of reporting of some characteristics of trauma or associated factors.

The information from patient records with their personal data were kept confidential,

with approval after submission to the ethics committee of research under protocol number

1080359 of Plataforma Brazil.

Statistical analysis was performed using Fisher and chi-square test to access

associations between quantitative variables. In this study the considered level of significance

was 0.05 using the SPSS version 19 for data processing. Descriptive statistics was used with

distribution of data in tables and graphs.

RESULTS

In total, 624 cases of surgical facial fractures were recorded from 2012 to 2014. Out of

these, 546 (87.5%) were male and 78 (12.5%) were female. The average age was of 31.25

years (standard deviation 14.33) from 2 to 87 years old. The majority of the patients had

between 20-30 years old (40.5%) (Table 01). The occurrence of trauma was more prevalent in

52

the days of the weekend (assuming Friday, Saturday and Sunday) and holidays with 388 cases

(62.17%) (Figure 01). Farmer was the most prevalent economic activity, with 115 patients

(18.5%) that associated with cases of uninformed and unemployed amounted to 43.7%. The

other two high recorded activities were student (14.9%) followed by the function of

Bricklayer / Hodman (8%) and Self-employed (7.1%) (Table 02).

As an etiologic factor we could observe that motorcycle accidents generate more cases

of surgical facial fractures, with 357 cases (62.1%), followed by physical aggression with 72

cases (12.5%), caused by sports with 35 cases (6%), firearm bullet with 27 cases (4.7%) and

fall with 25 cases (4.3%) among other less prevalent causes (Table 03). In the majority of the

records reports of alcohol consumption or drunkenness signs were recorded with 313 patients

(59.5%) and for the motorcycle accidents, the non-use of helmet was found in 169 of the

cases (58%) (Figure 1).

Figure 1. Registered factors about the circumstances of facial trauma

Assessing the cases individually, the surgeries performed more often were reduction

and fixation of mandibular fractures (30.9%), followed by nasal fractures (19.6%), zygomatic

fractures (17.8%), multiple fractures 1 (15%), multiple fractures 2 (11.8%) multiple fractures

3 (2.7%), maxilla fractures (1.3%) and frontal fractures (0.2%) (Table 04).

Associations regarding the circumstances of trauma that could generate more complex

surgeries of multiple fractures were realized. Motorcycle accidents, besides more prevalent,

were the main causes of multiple fractures (Table 05). It was found that the day of occurred

was not significant to associate the complexity of the trauma, but the presence of alcohol

consumption and the non-use of helmet determined the occurrence of multiple fractures

(Table 06). The consumption of alcohol induced the non use of helmet, but was not relevant

for differentiating the complexity of fractures among the days that the accidents occurred.

(Table 07).

53

The motorcycle accident is the main cause. It was found that the day of the incident

was not significant to determine if the surgical fracture was single or multiple. Alcohol

consumption appears as a risk factor for the occurrence of multiple surgical facial fractures

for all etiologies (Table 05 e 06). The presence or absence of alcohol did not determine

whether the trauma occurred on the day of the week or weekend, for motorcycle accident. For

this etiology it was found that there was a statistical significance in the association of alcohol

consumption and non-use of helmet for multiple fractures. Strong association was also linked

to the consumption of alcohol resulting in non-use of helmet (Table 07).

Table 01. Age of patients with surgical facial fractures.

Age Frequency Percentage (%)

0 – 9.9 9 1,4

10-19.9 75 12,0

20-29.9 253 40,5

30-39.9 152 24,4

40-49.9 71 11,4

50-50.9 32 5,1

60-69.9 25 4,0

70-79.9 4 0,6

80-89.9 3 0,5

Total 624 100

Table 02. Activity / Occupation of patients who had surgical facial fractures.

Economic activity Frequency Percentage (%)

Uniformed / unemployed 156 25,2

Farmer 115 18,5

Student 92 14,9

Bricklayer / hodman / painter 50 8

Self-employed 44 7,1

Administrative assistant and general services 40 6,5

Other miscellaneous services 123 19,8

Total 620 100

Table 03. Trauma etiology that resulted in surgical facial fractures.

Trauma etiology Frequency Percentage (%)

Motorcycle accident 357 63,3

Physical aggression 72 12,7

Sports 35 6,2

Firearm 27 4,8

54

Fall 25 4,3

Car crash 21 3,8

Cycling accident 10 1,8

Hit by a car 9 1,6

Other miscellaneous causes 8 1,5

Total 564 100

Table 04. Surgeries for facial fractures.

Surgery performed Frequency Percentage (%)

Mandibular fracture 170 30,9

Nasal fracture 108 19,6

Zygomatic fracture 98 17,8

Multiple fracture 1 87 15,8

Multiple fracture 2 65 11,8

Multiple fracture 3 14 2,5

Maxillary fracture 7 1,3

Frontal fracture 1 0,2

Total 550 100

Table 05. Association of complexity of surgery with the etiologic agent.

Etiologies Multiple fractures Simple fractures

Motorcycle accident 111 (78,8%) 217 (56%)

Other causes 30 (21,2%) 170 (44%)

Total 141 (100%) 387 (100%)

NOTE: p-value <0.001 / Odds ratio 2.899

Table 06. Associations of complexity of surgery with risk factors in motorcycle accidents.

Risk factors Multiple

fractures

Simple

fractures CI95%

Odd

Ratio

P

Value

Alcohol consumption

Yes 102 (86,5%) 109 (51,1%) 2,250 a

5,842 6,083 <0,001

No 16 (13,5%) 104 (48,9%)

Non-use of helmet

Yes 96 (86,5%) 73 (38,4%) 3,049 a

8,195 10,26 <0,001

No 15 (13,5%) 117 (61,6%)

Weekend and holiday

Yes 78 (63,9%) 137 (64%) 0,742 a

1,340 0,9964 0,987

No 44 (36,1%) 77 (36%)

55

Table 07. Association of day of the week with the consumption of alcohol in motorcycle

accidents.

Motorcycle accidents Without

helmet

With

helmet

Weekend/

holiday

Weekday

Alcohol consumption 121 (68,4%) 61 (46,5%) 137 (63,5%) 82 (62,6%)

No alcohol consumption 56 (31,6%) 70 (53,5%) 79 (36,5%) 49 (37,4%)

p-value <0.001 p-value = 0.87

Total 177 (100%) 131 (100%) 216 (100%) 131 (100%)

DISCUSSION

In relation to the age average, this study conforms to world literature3,7,14,18-23

. In a

multicenter study, these data were found to be different, where the average age was between

30-39 years old. The prevalence of female gender was also the difference, where women was

the group of higher predominance. The author draws attention to the fact of increase in life

expectancy especially in women in response to the finding4.

Still about the etiological factor, interpersonal violence (assault) seems to be linked to

a higher rate of facial fractures when compared to all patients with multiple injuries24

.

Other studies show that with relation to physical aggression towards the maxillofacial

injuries the etiological factor changes to depend on the sex, where the perpetrators are

predominantly men3,22

. A percentage of 40% of maxillofacial fractures have aggression as the

cause, and men accounted for over 80% of the population of aggressors4. It was not possible

to identify the perpetrator’s sex in our study, but understanding the risk group can help with

the planning of preventive measures.

It was observed that with the attacks there is a tendency of development of injuries in

the bones of the facial middle third while motorcycle accidents cause more mandibular

fractures, as seen in this study and in other researches25,26

.

Traffic accidents were the main responsible as the cause of mandibular fractures,

especially in accidents involving motorcycles. Despite the difference of sociodemographic,

56

cultural, economic and other lifestyle factors, results of a retrospective study performed in

southeastern Iran has shown similar results compared to this study, where the fractures were

mainly caused by motorcycles, with the mandible as the most affected facial bone23

.

Other researches show that among the traffic accidents, the most common causes are

automobile or motorcycle accidents, then assaults and falls. The age group most affected were

adults between 20-29 years old27

. Studies show male over female predominance in an index

of approximately 4:1 5,6,27,28

.

Mandibular fractures are associated with cervical lesions in 1.2% of the cases and if

undiagnosed, can lead to serious sequelae27

.

The results of this study are different and falls were second in frequency, especially in

children or associated with alcohol use in adults29

.

The consumption of alcohol is a major cause of mortality and morbidity in Australia,

causing 3,000 deaths and 65,000 hospitalizations each year30

. It is present in 10 to 26.9% of

the cases associated with facial fractures31

and facial injuries were more severe when there

was trauma under the influence of alcohol32

.

Overall, injuries associated with alcohol consumption cause thousands of deaths and

huge economic losses every year. A strong association of high incidence of facial fractures

and large consumption of alcohol was found as an etiological factor in Australia30

. There is

evidence about a relation between incidence of crime, trauma and alcohol consumption33

.

Excessive consumption of alcohol and interpersonal violence are strongly associated with

facial trauma34,35

.

Analyzing the risk factors in motorcycle accidents, it was observed that the surgical

fractures occurred more frequently in the days of Friday, Saturday, Sunday and holiday in

absolute numbers, although the day was not an important risk factor for multiple fractures

according to statistical data. Regardless of day of the week, what appeared decisive in the

outcome of surgical multiple facial fractures was the reporting or signs of alcoholic intake,

which in turn determined with strong statistical data the non-use of helmet.

Complex facial surgical fractures, characterized by multiple fractures had as a

protective factor the use of helmet, however there is a confounding factor that determines that

a significant number of cases that the helmet was not used represented the group that there

were reports or signs of alcohol consumption.

Injuries caused by aggression and external agents were associated with the

consumption of alcohol as the biggest cause for these fractures. However alcohol

consumption index could be underestimated because of the lack of information in medical

57

record, either by omission in the patient's report or lack of registration in medical history by

professional25

.

The present study has limitations about the consumption of alcohol because it does not

measure the amount of the ingested substance through the blood dosage and as well as similar

studies, the results about alcoholic intake rates may be underestimated because of the patient’s

omission or denial with fear that the transgression of the law in force may bring him

punishment. The perception of the professional can also vary depending on the situation

encountered in the first visit to the patient. This can also occur when getting information

about the use of helmet.

In the general population, the identification of patients who often have high alcohol

intake and early counseling can reduce their alcohol consumption30

.

Programs of prevention of alcohol consumption should not be limited only to young

people but involve various stages of growth, from children to the elderly, considering the

importance of this reduction in all ages to avoid the incidence of facial trauma induced by

alcohol consumption. A continuous network of information associated with the epidemiology

of trauma is critical to understand the changing trends of its mechanisms and associated

factors, providing data for the creation of guides for the prevention of these injuries36

.

It was observed that injury resulting from trauma and its association with alcohol

intake was important for patient’s conduct and readiness to change habits. In general, patients

who experience the negative consequences of alcohol consumption are more motivated to

change their behavior37,38

.

Another study showed that patients who are victims of trauma were ready to change

their alcohol drinking habits and suggests that quickly motivational interventions would be

appropriate39

.

An intervention conducted short time after the trauma in patients who ingested alcohol

has been reported to be a highly beneficial measure to reduce the risk of further trauma as

well as subsequent decreased levels of alcohol consumption. The study found that only 29%

of the maxillofacial surgeons would address the problems of alcohol consumption through a

quickly intervention, 14% would give a referral to the patient for a service or clinical

treatment for alcohol consumption and 76% reported the need for more information on

suitable conduct for referral and treatment of intoxicated patients40

.

It is expected that multicenter researches can reaffirm the importance of knowing the

factors associated with trauma, especially those that bring surgical treatments of multiple or

simple facial fractures. Society, competent bodies and educational institutions need to better

58

understand the disease or trauma to design well-targeted researches that result in action plans

in education and prevention of such events.

CONCLUSION

There was a high prevalence of surgical facial fractures in male patients between 20

and 30 years of age caused by motorcycle accidents and there was a strong association with

intake of alcoholic beverages as a high risk factor for non-use of helmet and multiple facial

fractures.

Efforts should be directed for the development of public health and traffic policies to

inform the population about the risks of alcohol consumption in causing facial trauma for

various reasons, especially in motorcycle accidents because of the sharp severity of fractures

affecting the facial skeleton.

REFERENCE

1. Kostakis G, Stathopoulos P, Dais P, Gkinis G, Igoumenakis D, Mezitis M, et al. An

epidemiologic analysis of 1,142 maxillofacial fractures and concomitant injuries. Oral Surg

Oral Med Oral Pathol Oral Radiol. 2012;114(5 Suppl):S69-73.

2. Naveen Shankar A, Naveen Shankar V, Hegde N, Sharma Prasad R. The pattern of the

maxillofacial fractures and the multicentre retrospective study. J Craniomaxillofac Surg.

2012; 40 (67): e649-605.

3. Mijiti A, Ling W, Tuerdi M, Maimaiti A, Tuerxun J, Tao YZ, et al. Epidemiological

analysis of maxillofacial fractures treated at a university hospital, Xinjiang, China: A 5-year

retrospective study. J Craniomaxillofac Surg. 2014;42(3):227-33.

4. Boffano P, Kommers SC, Karagozoglu KH, Forouzanfar T. Aetiology of maxillofacial

fractures: a review of published studies during the last 30 years. Br J Oral Maxillofac Surg.

2014;52(10):901-6.

5. McDade AM, McNicol RD, Ward-Booth P, Chesworth J, Moos KF. The aetiology of

maxillo-facial injuries, with special reference to the abuse of alcohol. Int J Oral Surg.

1982;11(3):152-5.

59

6. Busuito MJ, Smith Jr DJ; Robson MC. Mandibulary fractures in na urban trauma center. J

Trauma. 1986; 26 (9), 826-9.

7. Al Ahmed HE, Jaber MA, Abu Fanas SH, Karas M. The pattern of maxillofacial fractures

in Sharjah, United Arab Emirates: a review of 230 cases. Oral Surg Oral Med Oral Pathol

Oral Radiol Endod. 2004;98(2):166-70

8. Rutland-Brown W, Langlois JA, Thomas KE, Xi YL. Incidence of traumatic brain injury in

the United States, 2003. J Head Trauma Rehabil. 2006; 21:544- 8.

9. Simons-Morton B, Lerner N, Singer J. The observed effects of teenage passengers on the

risky driving behavior of teenage drivers. Accid Anal Prev. 2005;37:973-82.

10. Krug EG, Sharma GK, Lozano R. The global burden of injuries. Am J Public Health.

2000;90:523-6.

11. Nantulya VM. Reich MR The neglected epidemic: road traffic injuries in developing

countries. BMJ. 2002; 324:1139-41.

12. Garg N, Hyder A. A Road traffic injuries in India: a review of the literature. Scand J

Public Health. 2006; 34:100-9.

13. Moniruzzaman S, Andersson R. Economic development as a determinant of injury

mortality—a longitudinal approach. Soc Sci Med. 2008; 66:1699-708.

14. Brasileiro BF, Passeri LA. Epidemiological analysis of maxillo- facial fractures in Brazil:

A 5-year prospective study. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2006;12:28-

34.

15. Conselho Regional de Medicina. Associação Paulista de medicina, Sindicato dos médicos

do Estado de São Paulo. A epidemia da violência. 1998; p61.

16. Koenig WJ, Lewis VL Jr.: The physician cost of treating maxillofacil trauma. Plast

Reconstr Surg 1993; 91 (5): 778-782.

17. Da Silva JJ, Cauás M. Avaliação da violência urbana e seu custo cirúrgico na vítima de

trauma de face no Hospital da Restauração - Recife PE. Odontologia. Clín Científ. 2004; 3

(1): 49-56.

18. Ansari MH. Maxillofacial fractures in Hamedan province, Iran: a retrospective study

(1987–2001). J Craniomaxillofac Surg. 2004;32:28-34.

19. Al-Khateeb T; FM Abdullah. Craniomaxillofacial injuries in the United Arab Emirates: a

retrospective study. J Oral Maxillofacial Surg. 2007; 65: (109) 1101-1104.

20. Gandhi S, Ranganathan LK, Solanki M, Mathew GC, Singh I, Bither S. Pattern of

maxillofacial fractures at a tertiary hospital in northern India: a 4- year retro-spective study of

718 patients. Dent Traumatol. 2011; 27: (25) 262- 270.

60

21. Kraft A; Abermann E; Stigler R; Zsifkovits C; Pedross F; Kloss F. Craniomax-illofacial

trauma: synopsis of 14,654 cases with 35,129 injuries in 15 years. Craniomaxillofac Trauma

Reconstr. 2012; 5: 41-50.

22. Lee K. Global trends in maxillofacial fractures. Craniomaxillofac Trauma Reconstr.

2012;5(4) 213-22

23. Samieirad S, Tohidi E, Shahidi-Payam A, Hashemipour MA, Abedini A. Retrospective

study maxillofacial fractures epidemiology and treatment plans in Southeast of Iran. Med Oral

Patol Oral Cir Bucal. 2015;20(6):e729-36.

24. Goulart DR, Colombo LA; de Moraes M; Asprino L. What Is Expected from a Facial

Trauma Caused by Violence? J Oral Maxillofac Res. v. 5, n. 4, p. 4-9, 2014

25. van den Bergh B, Karagozoglu KH, Heymans MW, Forouzanfar T. Aetiology and

incidence of maxillofacial trauma in Amsterdam: a retrospective analysis of 579 patients. J

Craniomaxillofac Surg. 2012;40(6):e165-9.

26. Arslan ED, Solakoglu AG, Komut E, Kavalci C, Yilmaz F, Karakilic E, et al. Assessment

of maxillofacial trauma in emergency department. World J Emerg Surg. 2014;9(1):13.

27. Andrade filho EF, Fadul R. Fraturas de mandíbula: análise de 166 casos. Rev Ass Med

Brasil. 2000;(46)3: 272-3.

28. Leite-Segundo AV, Gomes VDRL. Estudo epidemiológico de 261 fraturas faciais

atendidas no Hospital Regional do Agreste / Caruaru – PE. Odont Clín Científ. 2004;3(2):

117-122.

29. Tanaka, N. et al.: Aetiology of maxillofacial fractures. Br. J. Oral Maxillofac Surg.,1994;

32:19-23.

30. Jayaraj R, Whitty M, Thomas M, Kavangh D, Palmer D, Thomson V, et al. Prevention of

Alcohol-Related Crime and Trauma (PACT): brief interventions in routine care pathway - a

study protocol. BMC Public Health. 2013;13:49.

31. Jung HW, Lee BS, Kwon YD, Choi BJ, Lee JW, Lee HW, et al. Retrospective clinical

study of mandible fractures. J Korean Assoc Oral Maxillofac Surg. 2014;40(1):21-6.

32. O'Meara C, Witherspoon R, Hapangama N, Hyam DM. Alcohol and interpersonal

violence may increase the severity of facial fracture. Br J Oral Maxillofac Surg 2012;50:36-

40.

33. Bertholet N, Daeppen J, Wietlisbach V, Fleming M, Burnand B: Reduction of alcohol

consumption by brief alcohol intervention in primary care: systematic review and meta-

analysis. Arch Intern Med 2005, 165(9):986–995.

61

34. HutchisonIL,MagennisP,ShepherdJP,BrownAE.TheBAOMSUnited Kingdom survey of

facial injuries part 1: aetiology and the association with alcohol consumption. Br J Oral

Maxillofac Surg 1998;36:3–13.

35. Humphrey G, Casswell S, Han DY. Alcohol and injury among attendees at a New

Zealand emergency department. N Z Med J 2003;116:U298.

36. Carvalho TB, Cancian LR, Marques CG, Piatto VB, Maniglia JV, Molina FD. Six years

of facial trauma care: an epidemiological analysis of 355 cases. Braz J Otorhinolaryngol.

2010;76(5):565-74.

37. Longabaugh R, Minugh PA, Nirenberg TD, Clifford PR, Becker B, Woolard R. Injury as

a motivator to reduce drinking. Acad Emerg Med 1995;2:817–25.

38. Apodaca TR, Schermer CR. Readiness to change alcohol use after trauma. J Trauma

2003;54:990–4.

39. Laski R, Ziccardi V, Broder HL, Janal M. Facial trauma: a recurrent disease? The

potential role of disease prevention. J Oral Maxillofac Surg 2004;62:685– 8.

40. Lee KH, Bobinskas AM, Sun J. Addressing Alcohol-Related Harms Within Maxillofacial

Trauma Practice. J Oral Maxillofac Surg. 2015 73:314.e1- 314.e6

62

ANEXO D – PRODUÇÃO CIENTÍFICA – ARTIGO EM PERIÓDICO

63

ANEXO D – PRODUÇÃO CIENTÍFICA – ARTIGO EM PERIÓDICO

64

65

ANEXO D – PRODUÇÃO CIENTÍFICA – ARTIGO EM PERIÓDICO

66

ANEXO D – PRODUÇÃO CIENTÍFICA – ARTIGO EM PERIÓDICO

67

ANEXO D – PRODUÇÃO CIENTÍFICA – PUBLICAÇÃO DE LIVRO