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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA- FESP CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO POLLYANA YARA VIEIRA FIRMINO DUARTE PINTO DIREITO SUCESSÓRIO NA UNIÃO ESTÁVEL: A INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 1.790 DO CÓDIGO CIVIL 2002 CABEDELO-PB 2016

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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA- FESP

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

POLLYANA YARA VIEIRA FIRMINO DUARTE PINTO

DIREITO SUCESSÓRIO NA UNIÃO ESTÁVEL: A INCONSTITUCIONALIDADE

DO ARTIGO 1.790 DO CÓDIGO CIVIL 2002

CABEDELO-PB

2016

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POLLYANA YARA VIEIRA FIRMINO DUARTE PINTO

DIREITO SUCESSÓRIO NA UNIÃO ESTÁVEL: A INCONSTITUCIONALIDADE

DO ARTIGO 1.790 DO CÓDIGO CIVIL 2002

Trabalho de Conclusão de Curso em forma de Artigo

Científico apresentado à Coordenação do Curso de

Bacharelado em Direito, pela Faculdade de Ensino

Superior da Paraíba - FESP, como requisito parcial para

a obtenção do título de Bacharel em Direito.

Área: Direito Civil

Orientadora: Prof. Ms. Luciana Albuquerque Cavalcanti

Brito

CABEDELO-PB

2016

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POLLYANA YARA VIEIRA FIRMINO DUARTE PINTO

DIREITO SUCESSÓRIO NA UNIÃO ESTÁVEL: A INCONSTITUCIONALIDADE

DO ARTIGO 1.790 DO CÓDIGO CIVIL 2002

Artigo Científico apresentado à Banca Examinadora de

Artigos Científicos da Faculdade de Ensino Superior da

Paraíba - FESP, como exigência para a obtenção do

grau de Bacharel em Direito.

APROVADO EM _____/_______2016

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________

Profa. Ms. Luciana Albuquerque Cavalcanti Brito

ORIENTADORA-FESP

___________________________________________________

Profa. Ms. Francisca Luciana de Andrade Borges Rodrigues

MEMBRO-FESP

_____________________________________

Prof. Esp. Ricardo Berilo Bezerra Borba

MEMBRO- FESP

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por me proporcionar realizar um sonho o qual almejei por anos

e a Nossa Senhora de Fátima minha intercessora junto ao Pai, „Peça a Mãe que o Filho

atende‟ por me abençoar com esse curso que sem sua ajuda não seria possível concluir.

Quero agradecer a meu Esposo Irisvan incentivador incondicional na realização desse

sonho, sempre auxiliando e me proporcionando uma dedicação exclusiva ao curso, sem os

quais certamente não seria possível na minha vida. As minhas filhas Mariana e Marina por

entenderem as ausências, pela paciência em entender no momento que mais precisei dedicar

aos livros.

Aos meus pais por me auxiliarem por toda a vida.

A todos os professores do curso, sem exceção pelo conhecimento passado que

permitiu construir fundamentos importantes do meu intelecto sobre o Direito. Em especial aos

professores Luciana Villar de Assis, Gabriela Nóbrega, Luciana Borges e Moisés Coelho

Neto, pelo carinho e atenção em todos os momentos e sempre incentivando a seguir Obrigada

queridos mestres.

À minha professora e orientadora profª Luciana Cavalcanti Brito, por aceitar em me

orientar, cedendo seu tempo pra apoiar a construção desse trabalho. Agradeço pelo seu

suporte e incentivo, sem a sua colaboração não teria chegado até aqui, orientadora de um

carinho imensurável.

Por fim, agradeço aos meus amigos de curso que estivem comigo durante toda essa

estrada, em especial Ariel Alexandre, Cláudio Fernandes, Edgard Sá, Eduardo Fernandes

Jéssica Paloma, Pedro Marcio e Simone Aranha pela amizade e contribuição durante esses

últimos cinco anos .

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TERMO DE RESPONSABILIDADE/DIREITOS AUTORAIS

Eu Pollyana Yara Vieira Firmino Duarte Pinto, RG nº 2422659 SSP/PB, acadêmico do

Curso de Bacharelado em Direito, autor do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC,

intitulado Direito Sucessório na União Estável: A inconstitucionalidade do Artigo 1.790

Do Código Civil orientado pelo professor Luciana Albuquerque Cavalcanti de Brito,

declaro para os devidos fins que o TCC que apresento atendem as normas técnicas e

científicas exigidas na elaboração de textos, indicadas no Manual para Elaboração de

Trabalho de Conclusão de Curso da Fesp Faculdades. As citações e paráfrases dos autores

estão indicadas e apresentam a origem da ideia do autor com as respectivas obras e anos de

publicação. Caso não apresente estas indicações, ou seja, caracterize crime de plágio,

estou ciente das implicações legais decorrentes deste procedimento.

Declaro, ainda, minha inteira responsabilidade sobre o texto apresentado no TCC,

isentando o professor orientador, a Banca Examinadora e a instituição de qualquer

ocorrência referente à situação de ofensa aos direitos autorais.

Cabedelo, PB, 01 de Junho de 2016.

_____________________________________

Assinatura do Acadêmico(a) autor do trabalho

Matrícula do Acadêmico(a) autor do trabalho

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SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................... 6

1 CONSIDERACOES INICIAIS ................................................................................... 6

2 RESGATE HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DO INSTITUTO JURÍDICO DA

UNIÃO ESTÁVEL ....................................................................................................... 8

2.1 DIREITO ROMANO ...................................................................................................... 8

2.3 DIREITO CANÔNICO .................................................................................................. 8

2.4 DIREITO FRANCÊS ..................................................................................................... 9

2.5 DIREITO BRASILEIRO .............................................................................................. 10

3 UNIÃO ESTÁVEL NO NOVO CÓDIGO DE 2002 ................................................ 10

3.1 ELEMENTOS E REQUISITOS PARA O RECONHECIMENTO DA UNIÃO

ESTÁVEL ..................................................................................................................... 11

3.2 DEVERES E DIREITOS DOS COMPANHEIROS .................................................... 12

3.2.1 Os Alimentos ............................................................................................................... 13

4 MEAÇÃO ENTRE COMPANHEIROS ....................................................................... 14

4.1 MEAÇÃO E AS LEIS 8.971/94 E 9.278/96 ................................................................ 15

4.2 MEAÇÃO NO CÓDIGO CIVIL DE 2002 ................................................................... 16

5 SUCESSÃO DO COMPANHEIRO NA UNIÃO ESTÁVEL ................................. 17

5.1 A SUCESSÃO DO COMPANHEIRO NO ORDENAMENTO ATUAL .................... 17

5.1.1 Da Participação do Companheiro na Herança do Decujus .................................... 18

5.1.2 A Concorrência com os Descendentes do Decujus ................................................... 19

5.1.3 Filiação Hibrida .......................................................................................................... 20

5.1.4 Concorrência com Parentes Colaterais .................................................................... 21

6 INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 1.790 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002 22

7 CONSIDERAÇOES FINAIS ..................................................................................... 23

ABSTRACT ............................................................................................................................ 25

REFERENCIAS ..................................................................................................................... 25

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DIREITO SUCESSÓRIO NA UNIÃO ESTÁVEL: A INCONSTITUCIONALIDADE

DO ARTIGO 1.790 DO CÓDIGO CIVIL 2002

POLLYANA YARA VIEIRA FIRMINO DUARTE PINTO**

LUCIANA DE ALBUQUERQUE CAVALCANTI BRITO**

RESUMO

O presente artigo visa abordar a suposta inconstitucionalidade do artigo 1790, disposto no

Código Civil de 2002, versando sobre o direito sucessório dos companheiros. Depois da

aceitação de um direito civil Constitucional, sê passou a aceitar o tratamento semelhantes

conferido aos diversos tipos de família, onde podemos incluir a união estável. O objetivo é

trazer uma reflexão da inconstitucionalidade do artigo supracitado e mostrar a quebra

isonômica a equiparação feita pelo Texto Constitucional, entre a união estável e o casamento

no direito sucessório. Abordaremos os conceitos históricos bem como a diferenciação do texto

civil perante o Constitucional. Desta forma, entendem-se que seja inaceitável o tratamento

discriminatório dispensado pelo Código Civil aos companheiros em comparação aos

cônjuges, no que tange ao direito sucessório de ambos. Portanto, tal trabalho visa demonstrar

a desigualdade legal e a modificação da aplicação da lei beneficiando os companheiros. A

equiparação entre casamento e união estável foi feita não só pela Constituição mas, também

pela sociedade, dessa forma o código civil não pode usar de um tratamento discriminatório

para aqueles que escolhem esse modelo para constituir família.

PALAVRAS-CHAVE: Sucessão. União Estável. Companheiro(a). Herança.

Inconstitucionalidade.

1 CONSIDERACOES INICIAIS

O escopo do presente estudo é União Estável e os direitos sucessórios, trata-se de um

regime jurídico entre pessoas, que em regra não tem impedimentos para o casamento. De

acordo com Monteiro (2014) os impedimentos são circunstancias ou fatos expressamente em

lei que vedam a realização da união estável, e que possam de algum modo ameaçar a ordem

pública resultando circunstâncias ou fatos que não podem ser sanados.

A Carta Magna de 1988, estabeleceu como verdadeira espécie de família, ao lado de

outros modelos reconhecidos pelo direito. Dessa forma, constitui importante tema a ser

enfocado em um trabalho de conclusão de curso, atualmente é um dos temas mais

controvertidos no ordenamento brasileiro, gerando importantes repercussão jurídicas para

quem escolhe esse modelo e não conhece suas peculiaridades. A Constituição Federal

* Aluna concluinte do Curso de Bacharelado em Direito da Fesp Faculdades, semestre 2016.1. E-

mail:[email protected]

**Especialista em Direito Civil, Advogada, e Professora da Fesp Faculdades, atuou como orientadora deste

TCC. E-mail:[email protected]

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percebendo as constantes evoluções na sociedade buscou proteger outras formas de entidade

familiares diferentes da constituída pelo casamento, como a família monoparental composta

por pai ou mãe e filho, a família nuclear composta pelo casal e filhos e a união estável

formada pelo casal que vivem como família nos moldes do casamento.

Deste modo, nota-se que o legislador evolui juridicamente, quando antes tratava

apenas o casamento como forma de entidade familiar. Com a necessidade de proteger os

indivíduos inseridos dentro dessa estrutura familiar a Constituição Federal em seu art. 226,

§3°, que trata da União Estável e respeitando o princípio constitucional da Dignidade da

Pessoa Humana, valorizou as pessoas que escolheram esse modelo, deixando de ser

classificado como concubinato, para se tornarem União Estável, possuindo resguardo na

constituição.

Desta forma, a união estável antes tratada na forma de concubinato, termo pejorativo,

caracterizado pela clandestinidade por pessoas impedidas constituírem o casamento, torna-se

agora uma garantia constitucional, em um capítulo dedicado a família, devendo a lei facilitar a

sua conversão em casamento, estabelecendo a igualdade do homem e da mulher no exercício

dos direitos e deveres conjugais.

Após a Constituição Federal de 1988, surgiram duas leis tratando da União Estável as

Leis 8.971/94 e 9.278/96 e em janeiro de 2002 entrou em vigor o novo código civil,

consolidando as inovações trazidas pela Constituição. De acordo com os direitos e deveres no

âmbito da União Estável, surge um problema que deve ser esclarecido e debatido, trata-se, de

um ato discriminatório em relação ao companheiro (a), no que diz respeito a sucessão

patrimonial do companheiro (a) falecido (a), quando comparamos ao cônjuge no casamento.

O tratamento legal concedido pelo código civil de 2002, no que diz respeito à sucessão

do companheiro(a), afronta vários princípios da Carta Magna supracitados: princípio da

igualdade, da dignidade da pessoa humana, entre outros valores, a propensão do legislador

acentua a desigualdade entre cônjuge e o companheiro, usando um tratamento discriminatório,

se afastando do que preconiza a constituição, que se empenhou em equipará-los para evitar as

injustiças ocorridas no nosso país, onde poucos realmente sabem os seus direitos e deveres. O

código civil de 2002, no seu art. 1.790, estabeleceu a única hipótese em que o companheiro

terá o direito a herança, ou seja, quando não existirem parentes sucessíveis.

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2 RESGATE HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DO INSTITUTO JURÍDICO DA

UNIÃO ESTÁVEL

A origem da família é um tema bastante controverso, desde os primórdios o ser

humano sentiu a necessidade de viver em grupos primeiramente entre clãs onde todos se

relacionavam entre-se e não existia a relação de casamento ou união estável de forma

monogâmica, no inicio a família era matriarcal onde se tinha conhecimento da mãe e o pai era

desconhecido, posteriormente os homens passaram a buscar mulheres em outra tribos, com o

passar dos anos ocorreu mais uma modificação que foi o desenvolvimento do afeto nascendo

assim a família e as uniões monogâmicas.

2.1 DIREITO ROMANO

Desde as antigas sociedades pode ser verificado a existência do concubinato, como se

depreende do argumento que segue:

Em Roma existiam quatro formas de união entre pessoas de sexos diferentes: o

casamento normal, que produzia efeitos normais decorrentes do jus civile, o

chamado justae nuptiae; casamento entre peregrinos, chamado de jus gentiumou sine

connubio; a união de fato entre escravos, chamada de contubernium ou então

afinitas ou cognatio servilis, e, finalmente, a união livre, sem consensus nuptialis, o

chamado concubinatos (FERRIANI, 2010, p.17).

Com a Lex Julia it Pafia Poppaea, o instituto passou a ser considerado lícito e usual

foram e foram e foram reconhecidas as vantagens para o homem e a mulher e os direitos

sucessórios. O imperador Constantino, em 326 d. C., promulgou um edito piorando a situação

dos concubinas e seus filhos, criando várias sanções desestimulando o concubinato e

incentivando o casamento. (FERRIANI, 2010, p.10).

Em 527 d. C., Justiniano, ampliou os efeitos jurídicos do concubinato permitindo que

a concubina ingressasse de forma limitada na sucessão do concubina, conhecido como

Justiniano para o instituto produzisse efeito foram: ser a concubina desimpedida, livre, que

pudesse casar com o companheiro, ser única, coabitar com o companheiro por toda a vida,

portanto o concubinato era uma espécie de casamento de uma categoria inferior.

2.3 DIREITO CANÔNICO

Com a chegada dos cristianismo, o casamento religioso recebeu o status de

sacramento, no qual um homem e uma mulher recebem as bênçãos do céu, transformando-se

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em uma só pessoa física, espiritual e de maneira indissolúvel, por essa razão o concubinato

nunca foi bem aceito pela igreja católica . Em meados do século IX d. C., com a canonização

do casamento, a igreja requereu para si a competência exclusiva para a criação de normas

sobre o matrimônio. (FERREANI, 2010, p.19). Logo no início a igreja, no primeiro período,

aceitava o concubinato e em outros repudiou.

O concílio de Trento, em 1563, foi o marco inicial do repúdio da igreja ao

concubinato, proibindo o casamento presumindo e tornando obrigatório o casamento formal,

celebrado por um pároco na presença de duas testemunhas em cerimônia pública. O

concubinato servos, após e impostas alguns penalidades severas se após três advertências, não

houvesse terminado o relacionamento, poderiam ser excomungados.

Atualmente o código Canônico ainda traz restrições as relações extramatrimoniais,

mas com as constantes evoluções da sociedade, a igreja vem tolerando, e não constitui motivo

de negativa para o sacramento do casamento em decorrência do estado pessoal de concubinas,

ou em virtude de ser filho de mães ou pais solteiros.

2.4 DIREITO FRANCÊS

O direito francês sofreu grande influência do direito canônico, em se tratando de

concubinato, e por isso suas leis não resguardavam aqueles que viviam em relação de

concubinato, o código Napoleônico considerava inválidos negócios jurídicos entre concubinos

inclusive as doações (FERRANI, 2010, p.21).

Em meados do século XVII, surge a primeira lei que reconhecerá os direitos referentes

ao concubinato, passando assim a reconhecer a paternidade ilegítima, e as promessas feitas as

concubinas de prover suas necessidades foi assim a primeira vez que a palavra concubinato

entrar no ordenamento jurídico e passou produzir efeitos, diferentemente do inicio que eram

negado qualquer direito.

A jurisprudência admitiu o direito a indenização nos casos de rompimentos da relação

ou falsas promessas de casamento, considerando o concubinato ao estado de casado, e

gerando a obrigação de ressarcimento de danos por culpa. Depois da segunda guerra a justiça

continuou a proferir decisões favoráveis as mulheres que conviviam em união estável. Desta

forma, influenciando julgado no mundo e no Brasil.

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2.5 DIREITO BRASILEIRO

Como o código civil de 1916 não proibiu, porem não regulamentou a União Estável,

mas menciona a pessoa que vive com um homem casado a concubina, que não poderia

receber a doação de bens e que a esposa pode reivindicar os bens que foram a ela doados

.Eram impostas diversas restrições como a anulação de doações de bens e a proibição da

concubina de reivindicar algum direito.( FERRIANI, 2010, p.23)

Em se tratando de jurisprudência anterior a Constituição Federal de 88, os tribunas

negavam qualquer efeito ao concubinato, com a preocupação de proteger a família se a

constituição fosse fundada através do concubinato era considerado uma relação promíscua,

imoral, mesmo sendo formada por pessoas que não possuíssem nem tipo de impedimento

matrimonial.

No entanto, surgiram situações de injustiças, aonde a mulher não tinha qualquer

direito, embora os bens acumulados fossem do esforço comum, essas situações, ensejaram

alguns julgados que indenizavam pelos serviços domésticos prestados. Sendo assim observa-

se que trata-se apenas de partilha de bens e não do Direito Sucessório entre os companheiros.

3 UNIÃO ESTÁVEL NO NOVO CÓDIGO DE 2002

O novo Código Civil de 2002 revogou as leis nº 8.971/94 e 9.278/96 , diante da

inclusão do tema no livro de família, o novo diploma tratou dos aspectos pessoais e

patrimoniais, e, diferentemente do estabelecido antes do art. 1º da lei 9.278/96, não ficou

estabelecido qualquer período mínimo de convivência. O novo diploma reitera os deveres de

“lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos”(BRASIL, 2002).

Isso implica em considerar ser essa uma obrigação recíproca aos conviventes, aplicando em

face de comparação ao casamento os mesmos princípios e normas entre cônjuges.

No que diz respeito aos efeitos patrimoniais, o Código Civil de 2002 determina a

aplicação, no que couber, do regime da comunhão de bens, pelo qual haverá comunhão dos

aquestos, isto é, dos bens adquiridos na constância da convivência, como se casados fossem

“salvo a existência de contrato escrito entre os companheiros”. (Art. 1725). O art. 1726 do

Código Civil prevê que “a união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido

dos companheiros ao juiz e assento no registro civil” (BRASIL, 2002).

Uma das características da união estável é a ausência de formalismo, enquanto que o

casamento é precedido de um processo composto por: habilitação, publicação dos proclamas,

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entre outras formalidades, a união estável independe de qualquer solenidade, bastando o fato

da vida em comum. Embora não sendo exigido um instrumento escrito, para que seja

comprovada a constituição da união estável, se for da escolha de ambos, pode ser formalizada

por meio de um contrato de convivência entre as partes, que servirá como marco de sua

existência e regulamentando expressamente o regime de bens que venham a ser escolhidos

pelos conviventes.

Esclarece Veloso (1999 apud FERRIANI, 2010, p. 37) malgrado a tônica da união

estável seja informalidade, não se pode dizer que a entidade familiar, surja no dia seguinte que

passam a viver juntos. Há que existir, uma duração, “a sucessão de fatos e de eventos, a

permanência do relacionamento, a continuidade do envolvimento, a convivência more uxório,

a notoriedade, enfim a soma de fatores subjetivos e objetivos que, do ponto de vista jurídico,

definem a situação”.

Nesse sentido deve ainda considerar o seguinte:

O Código Civil, ao tratar do direito sucessório na união estável, ao menos em cinco

aspectos, trouxe inegável prejuízo ao companheiro sobrevivente: (a) não o

reconheceu como herdeiro necessário; (b) não lhe assegurou quota mínima; (c) o

inseriu no quarto lugar na ordem de vocação hereditária, depois dos colaterais; (d)

limitou o direito concorrente aos bens adquiridos onerosamente durante a união; (e)

não lhe conferiu direito real de habitação; e (f) só receber a totalidade da herança se

não existir herdeiro algum (DIAS, 2014, p.72).

Apesar da Carta Magna de 1988 equiparar a união estável ao casamento, tratado no

capítulo sobre a família, o Código Civil de 2002, cometeu uma injustiça, limitando a

participação do companheiro sobrevivente e demais parentes na linha sucessória como

descendentes, ascendentes e colaterais, diferentemente do cônjuge que é herdeiro necessário e

portanto não concorre com parentes da linha colateral.

3.1 ELEMENTOS E REQUISITOS PARA O RECONHECIMENTO DA UNIÃO

ESTÁVEL

Os elementos que caracterizam uma união estável são: durabilidade, estabilidade,

convivência sob o mesmo teto, prole, relação de dependência econômica. Segundo Cahali

(1996 apud FERRIANI, 2010, p. 32) ele propõe os seguintes elementos para caracterizar a

União Estável: a união entre homem e mulher, com convivência more uxório; o cumprimento

voluntário dos deveres conjugais como fidelidade, mútua assistência, coabitação, sustento,

guarda e educação dos filhos; intenção de permanência da vida em comum.

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Para o Código Civil de 2002, os requisitos da união estável são: a) diversidade de

sexo; b) convivência pública, contínua e duradoura; c) objetivo de constituir família. O

primeiro requisito essencial da união estável, trata-se de um requisito essencial da união

estável estando de acordo com a Constituição Federal, que reconhece a união estável entre

homem e mulher como entidade familiar em seu art. 226, § 3º, in verbis:

Art. 226 A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

[...]

§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem

e a mulher como uma entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em

casamento (BRASIL, 2002).

Como segundo requisito tem-se a convivência pública, a relação seja notória, que seja

conhecida no meio social em que convivem, não podendo ser clandestina ou secreta. A

convivência deve ser contínua e duradoura, ao contrário do que trazia a lei anterior (lei

8.971/94), que fixava um prazo de cinco anos ou condicionava a existência de filhos; o novo

Código Civil não fixou prazo, apenas estabeleceu que a união estável deve configurar-se pela

convivência pública, contínua e duradoura e ter como objetivo constituir família, tratando-se

de um acerto, pois deve se verificar caso a caso independentemente de prazo, portanto não

havendo exigência de prazo, na hipótese de dúvida o juiz decidirá conforme as circunstâncias

de cada caso.

O art. 1.723, parágrafo 1º do Código Civil veda a constituição da União Estável se

ocorrerem os impedimentos do art.1521, ressalvado o inciso VI, que proíbe o casamento das

pessoas casadas, se houver separação judicial ou de fato. Dessa forma não podem constituir

união estável: Os ascendentes com descendentes, seja o parentesco natural ou civil; os afins

em linha reta, ou seja, sogro e nora, sogra e genro, padrasto e enteada, madrasta e enteado; os

irmãos unilaterais ou bilaterais, os colaterais até terceiro grau; o cônjuge sobrevivente com

condenado por homicídio ou tentativa de homicídio conta seu consorte. As causas suspensivas

baseadas no interesse público e com intuito moral grave, constituem um obstáculo para o

casamento e consequentemente para a União Estável.

3.2 DEVERES E DIREITOS DOS COMPANHEIROS

O código civil em seu art.1.724, regula as relações pessoais entre os companheiros.

Declara o dispositivo: “As relações entre os companheiros obedecerão aos deveres de

lealdade, respeito, e assistência de guarda, sustento e educação dos filhos”(BRASIL, 2002).

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Os direitos de lealdade, respeito e assistência são recíprocos entre os companheiros, o dever

de fidelidade recíproca está implicitamente na lealdade e respeito, embora o código não traga

expressamente, a lealdade é gênero de que a fidelidade é espécie.

De acordo com Gama (2001, p.232 apud GONÇALVES, 2014, p.633) é importante

observar ainda que:

O lado do casamento, o companheirismo também impõem o dever de fidelidade a

ambos os partícipes, e não apenas a um deles, ante a regra constitucional já

analisada. Tal conclusão se afigura coerente com os contornos traçados pela doutrina

e pela jurisprudência na caracterização do companheirismo que, repita-se, deve ser o

único vínculo que une o casal em perfeito de harmonia e estabilidade. Não haveria a

configuração do companheirismos na hipótese de pratica desleal perpetrada por um

dos companheiros, mantendo conjunção carnal com terceiro, inexistindo a

denominada AFFCTTIO MARITALITS no caso especifico.

O dever de respeito, mencionado pelo dispositivo, consiste em considerar a

individualidade do outro, e também de não ferir os direitos da personalidade, à liberdade, à

honra, à intimidade, à dignidade entre outros. A assistência é dever recíproco entre os

companheiros, corresponde ao dever de mútua assistência imposta aos cônjuges, que os

obriga a se auxiliarem na prestação de socorro material, moral e espiritual, especialmente nas

situações difíceis. Enquanto a assistência imaterial implica em solidariedade em todos os

momentos bons ou maus da convivência, a assistência material está no campo patrimonial,

especialmente no tocante a obrigação de alimentar.

Os deveres impostos aos companheiros, de guarda, sustento e educação dos filhos, são

completamente semelhantes aos deveres atribuídos aos cônjuges no art. 1.566, IV, como um

dos efeitos do casamento. Em relação a guarda, é ao mesmo tempo direito e dever dos pais,

em caso de separação a guarda, em regra, será compartilhada, não sendo possível ela será

atribuída “a quem revelar melhores condições para exercê-la” de acordo com o dispositivo no

art.1.584 do código civil.

3.2.1 Os Alimentos

O código civil atual em seu art. 1.694 assegura o direito recíproco dos companheiros

aos alimentos, em caso de dissolução da união estável, o convivente terá direito, além da

partilha dos bens comuns, os alimentos, desde que comprove sua necessidade e a

possibilidade do parceiro, o legislador equiparou os direitos dos companheiros aos dos

parentes e dos cônjuges, aplicando-se consequentemente, as mesmas regras dos alimentos

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devidos na separação judicial, inclusive o direito de utilizar-se do rito especial da Lei de

Alimentos (5.478/68).

Os companheiros, tem a faculdade de oferecer alimentos, ao tomarem a decisão de

deixar o lar comum, a lei prevê o desconto em folha de pagamento da pensão, e a

possibilidade de serem fixados alimentos provisórios pelo juiz, exigindo a prova pré-

constituída do parentesco, casamento ou companheirismo, conforme se vê no seguinte

diploma legal: Art. 4 º Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios

a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita

(BRASIL, 2002).

Importante ressaltar:

Art. 17º Quando não for possível a efetivação executiva da sentença ou do acordo

mediante desconto em folha, poderão ser as prestações cobradas de alugueis de

prédios ou quaisquer outros, rendimentos do devedor. Que serão recebidos

diretamente pelo alimentando ou por depositário nomeado pelo juiz. (BRASIL,

2002).

Segundo aponta Oliveira (2001, p.150 apud GONÇALVES, 2014, p. 626):

Outras evidencias podem ser colhidas de certidão do casamento religioso das partes,

declaração de dependência para fins de imposto de renda, dependência para fins

previdenciário, aquisição conjunta de bens, locação de imóvel para uso comum e

outras espécies de documentos, públicos ou particulares (catas, bilhetes, fotografias),

além dos meios de prova oral e pericial (BRASIL, 2002).

Do exposto, depreende-se que a prova da união estável pode ser feita por todos os

meios de prova, em caso dos alimentos provisórios exige prova pré-constituída, dá-se ênfase à

documental, a petição inicial deve ser instruída com a certidão de nascimento, mas tal

documento não é suficiente para fundamentar o pedido, pois pode ser que este filho, tenha

sido gerado em contato eventual transitório, sem características de união estável. Nesse caso,

só a certidão de nascimento de filho comum não bastaria para legitimar a pretensão do pedido

de alimentos.

4 MEAÇÃO ENTRE COMPANHEIROS

No decorrer da União Estável é comum que os companheiros adquiram bens que

constituem o patrimônio dos ambos. Em caso de dissolução da união estável, esse patrimônio

tem de ser dividido, o que se faz por meação, o direito de meação entre os companheiros não

deve ser confundido com os direitos sucessórios. A meação não é herança, ela pode ocorrer

tanto na vida como após a morte.

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Essa garantia já existia no período anterior a Constituição Federal de 1988, quando a

jurisprudência já reconhecia esse direito no 1963, com a edição da Súmula 380 pelo Supremo

Tribunal Federal, um marco do reconhecimento de direitos entre companheiros, em caso

dissolução, a partilha de patrimônio adquirido com o esforço comum do casal,

fundamentando-se na existência de sociedade de fato entre ambos. A Constituição Federal de

1988, considerou a união estável com entidade familiar, garantindo a proteção do Estado. As

Leis 8.971/94 e 9.278/96 passaram a prever a meação entre os companheiros, e o Código

Civil o regime de bens os companheiros. (BRASIL, 2002).

4.1 MEAÇÃO E AS LEIS 8.971/94 E 9.278/96

A Lei nº 8.971/94 tratou desse assunto de meação entre os companheiros em

companheiros em seu art.3º: que diz: ¨Quando os bens deixados pelo(a) autor(a) da herança

resultarem de atividade em que haja colaboração do(a) companheiro, terá o sobrevivente

direito à metade dos bens (BRASIL, 1994).

Conforme dito anteriormente, o direito de meação não é herança, entendemos que o

artigo 3º da Lei 8.971/94 mencionou apenas a meação de bens em relação à morte, por lapso,

o direito de meação decorre também do rompimento da União Estável em vida.

Nesse sentido o posicionamento de Oliveira (2003, p. 104 apud FERRIANI, 2010,

p.45) deve ser evidenciado na medida em que ele ressalta que:

O legislador foi aquém do que pretendia ou deveria. Ao referir meação após a morte

do companheiro, omite-se a respeito da dissolução da sociedade de fato em vida,

com a decorrente partilha de bens. [...]. Aqui se invoca, por manifesta analogia, a

situação dos casados, que podem obter os direitos de meação não somente após o

óbito do cônjuge, mas igualmente em vida, desde que operada a dissolução da

sociedade conjugal por separação, divórcio ou nulidade do casamento.

Quando a Constituição Federal de 1988, considerou a união estável como entidade

família, deixou o campo de Direito das Obrigações e passou a integrar o Direito de Família,

portanto a antiga Súmula 380 não precisaria mais ser aplicada. É necessário explicar que o

direito de meação, previsto na Lei 8.971/94, não pode ser confundido com o regime de

comunhão parcial de bens dos casados, a diferença existe no fato de que, o direito a meação

só poderá ser mantido se houver um esforço comum na constância da união estável, não

havendo colaboração para aquisição do patrimônio, não há o direito de meação.

A Lei 9.278/96 também tratou do tema de meação entre os companheiros de forma

mais clara do que a legislação anterior. O art.5º “Os bens móveis e imóveis adquiridos por um

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ou por ambos os conviventes, na constância da união estável a título oneroso, são

considerados fruto do trabalho e da colaboração comum, passando a pertencera ambos, em

condomínio e parte iguais, salvo estipulação contrária em contrato escrito” (BRASIL, 1996).

Dessa forma, os bens adquiridos onerosamente na constância da união estável passam

a pertencer em condomínio ao casal, “trata-se do condomínio literalmente na acepção jurídica

do termo, ou seja, caracterizado pela indivisão do objeto e pela divisão de sujeitos, em que a

mesma coisa pertence aos companheiros” (FERRIANI, 2010, p. 46). Em caso de dissolução

da união estável, os bens adquiridos onerosamente durante a constância dessa união, serão

objeto de meação, excluindo-se aqueles bens que foram resultado de herança ou doação.

4.2 MEAÇÃO NO CÓDIGO CIVIL DE 2002

O Código Civil entendeu que as uniões estáveis terão aplicado às suas relações

patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens, conforme o art.1.725:

“Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros aplica-se às relações

patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens” (BRASIL, 2002).

Em suma, os bens adquiridos a título oneroso na constância da união estável

pertencem a ambos os companheiros, devendo ser partilhados, em caso de dissolução,

observando as normas que regem o regime da comunhão parcial de bens. A esse respeito,

Pereira (2001, p. 222 apud GONÇALVES, 2014, p. 638):

São semelhantes o artigo 1.725 do novo código civil brasileiro e o artigo 5º da Lei

9.278/ 96, mas não são idênticos. A diferença e inovação do disposto no novo

Código Civil brasileiro é que ele não usa mais a expressão „presunção‟ e portanto,

não deixa tão aberta a possibilidade de se provar o contrário como deixava o referido

artigo 5º. Ele designa expressamente para união o regime da comunhão parcial de

bens, como, aliás, já se deduzia antes. A diferença trazida pela redação do novo

Código Civil brasileiro é que ficaram igualizadas, sem nenhuma distinção, as regras

patrimoniais da união estável e as do casamento. Com isso, acabou mais essa

diferença entre os dois institutos. Se antes havia alguma brecha para demonstrar que

não houve esforço comum, com o novo Código Civil brasileiro isto ficou mais

difícil, a não ser que as partes estabeleçam uma convenção válida em contrário em

cartório, como autoriza o próprio artigo 1.725.

Desta forma, os parceiros não celebrando contrato que estabeleçam regra diversa,

aplicar-se-á à união por eles constituída o regime da comunhão de bens abrangendo os

aquestos, ou seja, os bens que sobrevieram na constância do casamento, permanecendo como

bens particulares aqueles que cada um adquiriu anteriormente e os sub-rogados em seu lugar e

os adquiridos durante a convivência a título gratuito, por doação ou herança, aplicando-se à

união estável os arts. 1.659 ss. do código civil.

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5 SUCESSÃO DO COMPANHEIRO NA UNIÃO ESTÁVEL

O direito sucessório do companheiro está previsto no artigo 1.790 do Código Civil

2002, o que nos levou a acreditar que houve um grande retrocesso nos direitos hereditários do

companheiro quando comparamos a legislação anterior –Lei 8.971/94 e 9.278/96.

Inicialmente, foram reconhecidos, entre os companheiros, apenas direitos de indenização por

serviços prestados, posteriormente, a edição da Súmula 380 do Superior Tribunal de Federal,

passou a ocorrer o deferimento da partilha dos bens, quando comprovado o esforço comum na

aquisição dos bens, mas não se trata de direito sucessório.

A Lei 8.971 de 1994 trouxe expressamente o direito sucessório na união estável,

quando prever, em seu art.2º que:

Art 2º- Que os companheiros participaram da sucessão um do outro, com direito a

totalidade da herança, se não houvesse descendentes nem ascendentes, ou ao

usufruto de um quarto dos bens, se se não existissem filhos (comuns ou não), e

metade dos bens, se não existissem filhos, mas existissem ascendentes (BRASIL,

1994).

A lei, previa, como um requisito indispensável para a concessão dos direitos, o prazo

de cinco anos de convivência ou a existência de prole, desde que, os companheiros fossem

solteiros, separados judicialmente, divorciados ou viúvos. Logo depois, em menos de dois

anos, foi publicada a Lei 9.278/96, prevendo como única espécie de direito sucessório dos

companheiros o direito real de habitação, modificando o requisito sobre o prazo estipulado de

convivência aos companheiros.

5.1 A SUCESSÃO DO COMPANHEIRO NO ORDENAMENTO ATUAL

O Código civil de 2002, no campo do direito sucessório, preserva a meação, que não

se confunde com herança, do companheiro sobrevivente, em razão do regime da comunhão

parcial de bens, aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável. Esses direitos

sucessórios estão restritos a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho, se

concorrer com filhos comuns, ou a metade do que couber a cada um dos descendentes

exclusivos do autor da herança, se somente concorrer com eles, ou a um terço daqueles bens

se concorrer com outros parentes sucessíveis, como ascendentes, irmãos, sobrinhos, tios e

primos do de cujus, ou à totalidade da herança, não havendo parentes sucessíveis, segundo

dispõe o art.1790, IV.

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Em comparação com as leis mencionadas anteriormente, o novo diploma, além de

restringir o direito hereditário dos bens adquiridos onerosamente na constância da união

estável, ainda impôs ao companheiro sobrevivente concorrência com descendentes,

ascendentes e até colaterais, retirando-lhe o direito real de habitação e o usufruto vidual,

prevista nas leis anteriores o que exclui parte importante da tutela jurídica do sobrevivente

quando da morte do seu companheiro.

Em cadente crítica ao sistema inaugurado pelo Código Civil de 2002, Veloso (1997, p.

236-237 apud GONÇALVES, 2014, p. 644) versa:

Na sociedade contemporânea, já estão muito esgarçadas, quando não extintas, as

relações de afetividade entre parentes colaterais de 4ª grau (primos, tios-avôs,

sobrinhos-netos). Em muitos casos, sobretudo nas grandes cidades, tal parente mal

se conhece, raramente se encontram. E o novo Código Civil brasileiro [...] resolve

que o companheiro sobrevivente, que formou uma família, manteve uma

comunidade de vida com o falecido, só vai herdar, sozinho, se não existirem

descendentes, ascendente, nem colaterais até o 4ª grau do de cujus. Temos de convir:

isto é demais! Para tornar a situação grave e intolerável, conforme a severa restrição

do caput do artigo 1.790, que foi analisado acima, o que o companheiro sobrevivente

vai herdar sozinho não é todo o patrimônio deixado pelo de cujus, mas apenas, o que

foi adquirido na constância da união estável.

Esse tratamento discriminatório, em comparação com a posição, em que se encontra o

cônjuge sobrevivente, que o coloca em terceiro lugar na ordem de vocação hereditária,

afastando da sucessão os colaterais do de cujus, quando a nossa Carta Magna, recomenda

proteção jurídica a união estável, como forma de entidade familiar ao lado do casamento.

5.1.1 Da Participação do Companheiro na Herança do Decujus

A sucessão entre os companheiros, é uma questão que merece destaque, que houve

uma diminuição dos direitos em relação à legislação anterior, de modo que, caso os

conviventes não tenham adquirido quaisquer bens, de forma onerosa, na constância da união

estável, ao companheiro sobrevivente não será deferida qualquer participação no patrimônio

do casal, estando totalmente desprotegido da lei. Essa é uma situação injusta para aquele que,

durante o tempo em que esteve junto ao seu companheiro, prestou-lhe todo o auxílio moral e

material.

Portanto, de acordo com o Código Civil, o companheiro somente terá direito à herança

dos bens adquiridos onerosamente na constância da união estável, em flagrante discrepância

com a legislação anterior. Não havendo razão para esse retrocesso, pois a tendência geral da

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doutrina e da jurisprudência é de cada vez mais igualar os direitos de cônjuges e

companheiros.

O Código Civil concede aos companheiros herança apenas dos bens adquiridos

onerosamente na vigência da união estável, o que sugere haver ocorrido confusão entre direito

à meação e direito hereditário. O direito de meação em vida dos bens adquiridos

onerosamente na união estável já existe para os companheiros, desde de que não haja contrato

entre eles dispondo o contrário, uma vez que o artigo 1.725 do Código Civil, em relação, a

união estável, aplica-se, ás relações patrimoniais no que couber o regime de comunhão parcial

de bens.

Segundo as lições de Pereira (2003, p. 188 apud FERRIANI, 2010, p.77):

Houve grande retrocesso, pois, o companheiro foi colocado em posição bastante

inferior à do cônjuge, o que situou a união estável como uma família de “segunda

classe” e não como outra espécie de família, nem melhor nem pior que o casamento,

apenas diferente. Afinal, constitucionalmente, todas as famílias são iguais em

dignidade.

Portanto, a melhor solução seria que os direitos sucessórios do companheiro não

ficassem restritos apenas aos bens adquiridos onerosamente, mas que alcançassem a

totalidade do patrimônio do companheiro do falecido.

5.1.2 A Concorrência com os Descendentes do Decujus

Como prevê o art.1.790, caput, os direitos sucessórios dos companheiros, serão

apenas, bens adquiridos onerosamente na constância da união estável. Assim, todo patrimônio

que o companheiro sobrevivente irá receber a título de herança será aquele que possui em

comum com o companheiro falecido, que também será objeto de meação.

Outra inovação do Código Civil é a concorrência do companheiro sobrevivente com

todos os parentes sucessíveis do de cujus. Na legislação anterior, o companheiro somente

tinha direito à herança quando não houvesse descendentes ou ascendentes, este estava na

terceira classe de ordem de vocação hereditária, não concorria com colaterais porque herdava

antes destes.

Com o regime do Código Civil o companheiro sobrevivente terá direitos sobre a

herança em concorrência com os descendentes, com os ascendentes, e também com os

parentes colaterais do falecido. Terá direito a totalidade da herança apenas se não houver

outro parente sucessível. Como dispõe o art. 1.790 “A companheira ou o companheiro

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participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da

união estável, nas condições seguintes” (BRASIL, 2002).

5.1.3 Filiação Hibrida

Outra questão polêmica no direito brasileiro no que diz respeito aos direitos

sucessórios do companheiro, é a sua sucessão nos casos de filiação hibrida, entendida como a

existência de filhos comuns e filhos exclusivos do falecido.

Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro,

quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas

condições seguintes:

I- se concorrer com filho comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei

for atribuída ao filho;

II- se concorrer com descendentes só do autor de herança, tocar-lhe-á a metade do

que couber a cada um daquele (BRASIL, 2002).

A primeira hipótese trazida pelo art.1.890, I, trata da concorrência do companheiro

com os filhos comuns do de cujus. Nesse caso, cada um terá direito à mesma quota. Tanto o

companheiro sobrevivente como os filhos comuns terão direito à mesma parte da herança, que

será dívida em frações iguais. O inciso I contém uma imprecisão, pois inclui apenas filhos

comuns, deixando de mencionar outros descendentes comuns com o companheiro

sobrevivente. Essa seria uma possibilidade bastante rotineira. Pode ocorrer de o falecido

deixar companheira, por exemplo.

Assim, se o falecido deixar companheiro sobrevivente e filhos ou outros descendentes

exclusivos, estes terão direito a uma quota da herança, e o companheiro terá direito à metade

do que for receber cada um dos filhos ou descendentes. Portanto, pode-se perceber que o

companheiro sobrevivente será privilegiado se concorrer com filhos ou descendentes comuns,

ao passo que terá tratamento menos vantajoso se a concorrência for com filhos ou descentes

exclusivo do falecido.

Em outras palavras Hironaka (2003, p. 59 apud FERRIANI, 2010, p. 80):

O legislador se olvidou mais uma vez da comum hipótese que abarca aqueles que,

tendo sido casados em primeiras núpcias, ou tendo mantido uma união estável

precedentes, tenham se separado, se divorciados ou assistido a morte do

companheiro da primeira fase de suas vidas, resolvendo assim, reconstruir sua

trajetória afetiva com terceiro, hipótese esta que se qualifica, ainda, pela especial

condição de se ter advindo prole de ambos os relacionamentos vividos

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A primeira solução possível seria aplicar o inciso I do art.1.790 do Código Civil para o

caso de filiação híbrida. O inciso trata da hipótese de concorrência entre companheiros e

filhos comuns e prevê a divisão da herança em partes iguais. Se revolvido dessa forma,

havendo filhos comuns e exclusivos do de cujus, tanto estes com o companheiro sobrevivente

receberão quota iguais da herança. A segunda solução possível seria a aplicação de inciso II

do art.1.790, dedicados apenas aos descendentes exclusivos do falecido. Assim caberá ao

intérprete do direito solucionar o problema, definido como deverá ser por analogia, os

costumes e os princípios gerais do direito.

5.1.4 Concorrência com Parentes Colaterais

O art.1.790, III, prevê a concorrência do companheiro sobrevivente com os demais

parentes do de cujus, diz o incisivo:” se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá

direito a 1/3( um terço) da herança” (BRASIL, 2002). Portanto se o de cujus não deixar

quaisquer descendentes, mas existir qualquer parente sucessível este concorrerá na herança do

companheiro sobrevivente, sendo assim, ascendentes e colaterais até o quarto grau concorrem

com o companheiro, quanto aos bem adquiridos onerosamente na constância da união estável.

A proporção da concorrência será de dois terços para os parentes do falecido e de um

terço para o companheiro sobrevivente, se não existirem bens adquiridos onerosamente o

companheiro será excluído da herança. Por isso deve ser observado os artigos do código civil

que tratam da ordem vocacional prevendo quando os ascendentes e colaterais vão ser

chamados, na primeira classe teremos os descendentes em concorrência com o cônjuge, for o

caso, na segunda classe são chamados os ascendentes em concorrência com o cônjuge, na

terceira classe é chamado o cônjuge e na quarta classe são chamados os parentes colaterais até

quarto grau.

Os ascendentes só serão chamados se não existirem descendentes e os colaterais só

serão chamados na falta dos ascendentes. Os parentes em linha colateral não concorrem com o

cônjuge só com o companheiro. Entretanto a concorrência com ascendentes parece justa, é o

que ocorre também com os direitos sucessórios do cônjuge, se os ascendentes forem de

primeiro grau receberam um terço da herança, mas se houver apenas um dos pais ou

ascendentes de segundo grau (avós) o cônjuge receberá a parcela maior, metade da herança

sobre o patrimônio de acordo com o art.1837 do Código Civil (BRASIL, 2002).

O que ocorre na união estável é no mínimo uma injustiça, não importando o grau nem

a quantidade de ascendentes, o companheiro terá direito a um terço da herança e os

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descendentes terão sempre dois terços dela. Se não houver ascendentes serão chamados os

colaterais, até quarto grau para sucederem em concorrência com o companheiro sobrevivente

e a divisão ficará dois terços para os colaterais e um terço para o companheiro. Não sendo

justo que parentes distantes, como primo ou tio-avô, concorra com o companheiro de toda

uma vida dividindo o mesmo teto, além do mais recebendo parcela maior de dois terços e

quem estava sempre ao lado receba um terço do que foi construído pelo de cujus. O correto

seria que os colaterais tivessem apenas direitos sucessórios apenas na ausência do

companheiro sobrevivente o que ocorre com o cônjuge no casamento.

6 INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 1.790 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002

Um dos temas que mais divide a jurisprudência e no qual a doutrina faz várias críticas

é a sucessão dos conviventes, antes da vigência do código civil de 2002, o tema era

disciplinado pelas Leis 8.971/94 e 9.278/96, que respeitavam a igualdade entre cônjuges e

companheiros, já na vigência do código civil de 1.916 não havia qualquer amparo aos

conviventes.

Com a Constituição Federal de 1988, esse cenário foi modificado a partir da vigência

do art. 226, $3º e das leis 8.971/94 e 9.278/96, a primeira lei assegurou o direito à sucessão

pelo usufruto da quarta parte dos bem do de cujus , havendo filhos destes ou comuns, e da

metade, se não houvesse filhos, e de receber a herança antes dos colaterais, na falta de

descendentes ou ascendentes do falecido, já a segunda lei, garantiu o direito real de habitação

sobre o imóvel destinado à residência da família do sobrevivente.

No entanto, o novo diploma legal modificou esse panorama, a começar por colocar os

conviventes no Livro de Família, e retrocedeu quando colocou o companheiro nas disposições

gerias do direito das sucessões, quando deveria colocá-lo ao lado do cônjuge, na ordem de

sucessão hereditária. Resultando daí, ao contrário do cônjuge, que possui a condição de

herdeiro necessário, que o companheiro se mantivesse na qualidade de sucessor regular e não

fazendo parte da ordem de vocação hereditária, de modo que pode vir a ser afastado da

sucessão por testamento, como acontece com os colaterais, sem justificativa por parte do

testador.

Desta forma, o art.1.790 do código civil, traz expressamente, que o companheiro

participará da sucessão do outro: “quantos aos bens adquiridos onerosamente na vigência da

união estável”, ou seja, a princípio está descartada a possibilidade do companheiro receber a

integralidade da herança, ou seja, colidindo frontalmente com os princípios constitucionais da

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dignidade da pessoa humana, da isonomia e da igualdade entre as entidades familiares,

quando é permitido que o companheiro concorra com parentes colaterais até quarto grau.

O companheiro não foi incluído na ordem de vocação hereditária (CC 1.829) esse

tratamento diferenciado é injusto e inconstitucional, quando a Constituição Federal (CF 226

$3º), não concedeu tratamento diferenciado a qualquer forma de constituição de família. De

acordo com Veloso (2001 p.235 apud FERRIANI, 2010, p.80) (o art.1790 merece censura e

críticas severa porque é deficiente e falho, em substância. Significando um retrocesso

evidente, representando verdadeiro equívoco.

Não havendo duvida que esse artigo colocou o companheiro em uma posição inferior,

quando comparado ao cônjuge, fica claro que o tratamento a união estável é de uma “família

de segunda classe” e não outra espécie de família, não sendo nem melhor nem pior q o

casamento apenas outra forma de entidade familiar. Dito de outra forma:

É preciso chamar o legislador à sua função, exigindo-lhe o cumprimento do preceito

constitucional de proceder e garantir a idêntica proteção dispensada pelo Estado à

entidade familiar, seja qual for a origem e a gênese de suas relações certamente

fundada no afeto vivenciado. Todo e qualquer tratamento discriminatório levado a

afeto pelo legislador ou pelo judiciário mostra-se escancaradamente

inconstitucional. Assim, a melhor solução é reconhecer a inconstitucionalidade do

art.1.790 do C.C., e deste modo, permitir a continuidade da lei pretérita (DIAS,

2014, p.77).

Essa questão da constitucionalidade ou não do art.1790 do CC, não é um assunto

pacifico na jurisprudência, existe uma desarmonia entre o posicionamento dos Tribunais de

Justiças Estaduais, pelos seus respectivos órgãos especiais, no âmbito dos incidentes de

inconstitucionalidade, sendo o Rio de Janeiro contrário a aplicação da norma, enquanto que,

São Paulo, Minas Gerais e o Rio Grande do Sul são favoráveis a ela.

7 CONSIDERAÇOES FINAIS

O reconhecimento por parte do Estado, da união estável entre homem e mulher com o

objetivo de constituir família, tratando do assunto na Constituição Federal 1988 no livro de

família, significou um avanço no âmbito jurídico, com as edições das Leis nº 8.971/94 e nº

9.278/96, foi um marco no direito brasileiro. Ao longo deste trabalho ficou demonstrado que

o tema, é de interesse coletivo e principalmente entre os operadores do direito, não sendo

pacifico na jurisprudência, existindo decisões de ambos os lados, situação que se repete

também na doutrina relacionada ao tema.

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Não existe duvidas que o a Código Civil de 2002 inovou quando garantiu ao

companheiro direito sucessório, mas cometeu um equívoco quando tratou dos direitos de

sucessões de seu companheiro em um artigo separadamente do artigo da ordem vocacional

hereditária, deixando para o companheiro sobrevivente apenas, os bens que foram adquiridos

onerosamente na constância da união estável e podendo concorrer com parentes colaterais do

falecido.

Quando a nossa Carta Magna equiparou a união estável ao casamento os deveres e

alguns direitos são semelhantes, o que não acontece na sucessão quando o companheiro só

receberá a parte que foi constituída na vigência da união estável, ficando de fora os bens

adquiridos por doação ou por herança, o companheiro não tem direito ao patrimônio e sim a

quota parte do que construí na vigência da união, tratando-se de um flagrante desrespeito aos

princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, da isonomia e da igualdade,

quando deixa o companheiro receber apenas um terço da herança do de cujus, enquanto que,

seus ascendentes e colaterais recebem dois terços.

A equiparação entre casamento e união estável foi feita não só pela nossa Constituição

Federal, mas também pela sociedade, dessa forma o código civil não pede retroceder, quando

leis pretéritas garantiu esses direitos. É necessário que seja declarada a inconstitucionalidade

desse artigo 1.790 para que os companheiros não incorram em erro, quando escolhem a união

estável, pensando está com todos os direitos e deveres semelhantes ao casamento e na

realidade não estão, indo descobrir essa injustiça numa hora difícil que é a perca de seu

companheiro de uma vida, pensando que está amparado juridicamente e na realidade vai

descobrir que poderá dividir os bens com parentes que não se tinha contato ou afeição.

Assim a melhor solução será o reconhecimento da inconstitucionalidade desse art.

1.790 do CC, deste modo, permitir que a sucessão do companheiro em união estável siga os

mesmos requisitos dos que são impostos ao cônjuge, já que no dia-dia não tem como

diferenciar se um casal vive em união estável ou casamento, por se tratar apenas de uma

modalidade de constituir uma família.

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SUCCESSION LAW IN STABLE UNION : OF ARTICLE

UNCONSTITUTIONALITY 1,790 CIVIL CODE 2002

ABSTRACT

This article aims to address the alleged unconstitutionality of article 1790, provisions of the

Civil Code of 2002, dealing with the law of succession of mates. After the acceptance of a

constitutional civil law, it is passed to accept the similar treatment given to various types of

family where we can include stable. The goal is to bring a the aforementioned article

unconstitutionality of reflection and show isonomic breaking the equalization made by the

Constitutional text, between the stable and the marriage law of succession. We will cover the

historical concepts and the differentiation of civil text before the Constitutional. Thus, it is

understood that it is unacceptable the discriminatory treatment of the Civil Code to fellow

compared to spouses, with regard to inheritance rights of both. Therefore, this work aims to

demonstrate the legal inequality and the application of the amendment to the law benefiting

companions. The equivalence between marriage and stable union was made not only by the

Constitution but also by society, therefore the civil code can not use discriminatory treatment

for those who choose this model to a family.

KEYWORDS: Succession. Stable Union. Lifemate. Heritage. Unconstitutionality.

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1.790 do Código Civil 2002. / Pollyana Yara Vieira Firmino Duarte Pinto. – Cabedelo, 2016.

25f. Orientadora: Profª. Ms. Luciana Albuquerque Cavalcanti Brito. Artigo Científico (Graduação em Direito).Faculdades de Ensino

Superior da Paraíba – FESP

1. Sucessão. 2. União Estável. 3. Companheira. 4. Herança. 5.

Inconstitucionalidade. I. Título

BC/Fesp CDU: 347 (043)