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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA- FESP CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO ALINE FERNANDES DA NÓBREGA A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DA PESSOA IDOSA: VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR JOÃO PESSOA 2014

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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA- FESP CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

ALINE FERNANDES DA NÓBREGA

A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DA PESSOA IDOSA: VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR

JOÃO PESSOA 2014

ALINE FERNANDES DA NÓBREGA

A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DA PESSOA IDOSA: VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR

JOÃO PESSOA

2014

Trabalho de Conclusão de Curso em forma de Artigo científico apresentado à Coordenação do Curso de Bacharelado em Direito, pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito. Área: Direitos Humanos Orientadora: Profª Ms. Ana Carolina Gondim de Albuquerque Oliveira.

ALINE FERNANDES DA NÓBREGA

A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DA PESSOA IDOSA: VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR

APROVADO EM _____/_______2014

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________ Profº Ms. Ana Carolina Gondim de Albuquerque Oliveira.

ORIENTADOR- FESP

___________________________________________ Profº

MEMBRO- FESP

___________________________________________ Profº

MEMBRO- FESP

Artigo científico apresentado à Banca Examinadora de Artigos Científicos da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba – FESP, como exigência para a obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Primeiramente à Deus pelas gotas de sabedoria dispensadas a mim, sua

humilde serva, aos meus pais, Francisco Gilberto Fernandes e Maria Dalva Lins

Fernandes, que me ensinaram as primeiras palavras e o valor de aprendê-las e à Wilson Bezerra da Nóbrega Filho

que com paciência e amor me faz companhia no caminho da vida.

Dedico.

SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................................................................... 5

2 O QUE É ENVELHECER? .............................................................................................................. 7

3 O PAPEL DO IDOSO A PARTIR DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ........................................ 8

4 O IDOSO NA SOCIEDADE BRASILEIRA ................................................................................. 10

5 A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS E A VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO ............ 13

6 A VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA O IDOSO E AMPARO LEGAL

PARA A SUA INTERVENÇÃO .................................................................................................... 17

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 19

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 21

5

A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DA PESSOA IDOSA: VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR

ALINE FERNANDES DA NÓBREGA* ANA CAROLINA GONDIM DE A. OLIVEIRA**

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo refletir sobre as transformações sociais decorrentes da transição etária já vivenciada no Brasil bem como o seu impacto na sociedade, principalmente quanto a questão da violência no convívio intrafamiliar contra a pessoa idosa em face da proteção aos direitos humanos no Brasil. Este presente estudo de natureza teórica, elaborado com base na metodologia aplicada à pesquisa bibliográfica e documental trata do envelhecimento dentro do contexto sócio jurídico, refletindo acerca do envelhecimento, identificando o papel do idoso na sociedade atual frente as transformações sociais históricas como a Revolução Industrial, pontuando a condição dos idosos na sociedade brasileira, ressaltando o fenômeno de envelhecimento populacional acelerado que o país experimenta e a decorrente falta de estrutura socioeconômica e política para lidar com o aumento do número de idosos, expondo os índices mais recentes de violência contra o idoso, salientando também o número alarmante de violência intrafamiliar contra o idoso, e realizando uma breve observação da legislação vigente em prol do idoso e a problemática da identificação dos agressores familiares da vítima, com o intuito de responder a problemática da violação dos direitos da pessoa idosa, explicitando as suas formas e, diante da identificação do número elevado de violência intrafamiliar, o posicionamento da legislação brasileira de proteção aos idosos perante esses casos.

Palavras-chave: Idoso. Violência Intrafamiliar. Direitos Humanos.

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

As estatísticas mais recentes divulgadas pelo Instituto Nacional de Geografia e

Estatística (IBGE) denotam um aumento significativo da população idosa nos últimos

anos e uma tendência progressiva desse envelhecimento. Esse fenômeno se deu de

forma lenta nos países desenvolvidos dando a oportunidade de preparo econômico e

social para lidar com tais transformações. Todavia, elas acontecem de forma

acelerada aqui no Brasil, ocasionando graves problemas sociais, dentre eles o

aumento da violência contra a pessoa idosa.

Diante desta realidade, este artigo foi elaborado com base na metodologia

aplicada à pesquisa bibliográfica e documental tendo por objetivo geral refletir sobre

o aumento da violência contra a pessoa idosa em face da proteção aos direitos

* Funcionária pública, bacharelanda concluinte do Curso de Bacharelado em Direito da Fesp Faculdades, semestre

2014.2. E-mail: [email protected]. ** Mestre em Direitos Humanos, Professora da Fesp Faculdades, atuou como orientadora desse TCC. E-mail:

[email protected].

6

humanos no Brasil. Como objetivos específicos, pretende: i) investigar o conceito de

envelhecimento; ii) discorrer sobre a influência da Revolução Industrial no papel social

dos idosos, pontuando também a condição social do idoso na sociedade brasileira

atual e finalmente; iii) analisar a atual conjuntura da violência contra os idosos,

principalmente a violência intrafamiliar perante a legislação brasileira. Tais objetivos

pretendem responder ao seguinte problema de pesquisa: Como se apresentam as

formas de violação dos direitos humanos da pessoa idosa? E com o desdobramento

dessa problemática, diante da explicitação dos índices elevados de violência

intrafamiliar, como a legislação brasileira de proteção aos idosos se posiciona perante

esse tipo de violência?

No contexto nacional, muitas das necessidades da pessoa idosa não são

supridas pela estrutura social e política instalada e mesmo em face do

desenvolvimento da legislação específica e das políticas públicas voltadas para essa

parcela da população. A violência intrafamiliar contra o idoso constitui uma das

principais preocupações sociais devido a ineficiência do Poder Público em identificar

casos de agressão velados dentro da própria casa do idoso. Como poderá identificar-

se posteriormente neste trabalho, baseado em dados sobre a violência intrafamiliar

contra o idoso fornecidos pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH), a cada ano

aumenta o número de casos de violência impetrados pelos conviventes do idoso e a

maioria aterrorizante dos agressores vem da própria família.

A convivência entre gerações em meio à crise financeira das famílias bem

como a indisponibilidade de um familiar para cuidar dos mais frágeis vem

desenvolvendo ambientes sujeitos a situações de violência física, psicológica,

financeira além da negligência e as relações de dependência desenvolvidas pelo

idoso diante das suas novas limitações fundamentam o medo da denúncia contra seus

parentes.

Em meio a este ambiente de violência silenciada, se faz urgente a inserção de

políticas públicas eficazes para prevenção e punição desses atos desumanos dentro

das famílias das pessoas idosas, agindo de forma rápida e efetiva na proteção da

dignidade do idoso e do respeito aos seus direitos.

7

2 O QUE É ENVELHECER?

O envelhecimento é um processo ininterrupto, progressivo e irreversível, desde

a concepção até a morte, integrando o desenvolver do ser humano, e possui

características imanentes que precisam ser identificadas e observadas. Para entender

o conceito de envelhecimento se faz necessária a análise de um conjunto de fatores

capazes de influenciar o desenvolvimento deste processo humano no decorrer do

tempo. É inegável o fato de que o envelhecimento independe da vontade humana e é

intrínseco a sua existência. É real e natural que todo ser vivo envelheça.

O conceito legal de idoso segue três critérios básicos: o cronológico, o

psicobiológico e o econômico-social. O critério cronológico interpreta como idoso a

pessoa que ultrapassou um limite de idade preestabelecido, no caso do Brasil

conforme dispõe a Lei 8.842/94 e corrobora a Lei 10.741/03, considera-se idosa a

pessoa maior de 60 anos de idade, entretanto é necessário ressaltar que a definição

da idade, analisando apenas o fator cronológico, dentro de contextos sociais, culturais

e econômicos diferentes, não é um marcador preciso para as transformações

inerentes ao envelhecimento (BRAGA, 2011).

Ainda conforme os ensinamentos da autora supracitada, tem-se o critério

psicobiológico que pode ser considerado um critério mais subjetivo por avaliar o

condicionamento psicológico e biológico de cada pessoa, apresentando dificuldades

na fixação de parâmetros físicos e mentais para avaliação das melhores condições

psicobiológicas e posterior conceituação da pessoa como idoso. O critério econômico-

social traz ao exame a posição econômica e social da pessoa diante da necessidade

de se utilizar da proteção e dos benefícios oferecidos pelo Estado, levando em

consideração a capacidade de manutenção da pessoa e da sua família, revelando a

sua hipossuficiência em relação a outro cidadão.

O papel que o ser humano tem na sociedade e a sua importância como parte

dela traz a relevância da análise do aspecto social do envelhecimento, onde, devido

as novas condições e limitações impostas pelo tempo se faz necessária a adaptação

do ser humano ao status correspondente a sua faixa etária, ocasionando uma

transformação nos processos de interação social, onde o idoso, além do romper as

relações de trabalho, como consequência da aposentadoria ou do desemprego,

desenvolve obrigatoriamente relações de dependência que vem a interferir na sua

qualidade de vida, observando-se a perda da investidura político-social da pessoa do

8

idoso, com a diminuição da sua interferência e conseguinte importância social,

passando a ser considerado como peso à sociedade, à economia e à família.

É importante entender que a análise do envelhecimento sob esses prismas é

de grande relevância para esclarecer o processo do envelhecimento mas não há como

determinar quando este processo começa ou termina, são vários fatores capazes de

influenciar o indivíduo no seu processo único de envelhecer. O que não se pode negar

é que todo ser humano com o passar do tempo se torna mais frágil exigindo um grau

maior de tutela e proteção do Estado no que tange ao respeito aos seus direitos.

3 O PAPEL DO IDOSO A PARTIR DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Historicamente, a visão da sociedade em relação a velhice sofreu

transformações baseadas no momento cultural, econômico ou político vivenciado.

Defronte os diferentes contextos sociais, pode-se enxergar a involução do papel

desempenhado pelo idoso, paralelamente ao desenvolvimento econômico e

tecnológico das sociedades. Segundo Palma e Schons (2000 apud SANTINI;

BROWSKI; 2008, p. 142):

Em todas as sociedades que se exaltava o velho, o que se constata é o domínio social deste em relação à propriedade do saber. Quanto mais simples a sociedade e quanto mais ela depende do saber acumulado, da memória dos seus membros mais idosos, mais poder os velhos retêm [...] é, portanto, a participação dos velhos que assegura a continuidade, a unidade das sociedades primitivas no campo religioso e social.

Nas sociedades antigas e ainda em alguns países orientais, como a China e o

Japão, a cultura social era de elevação do patamar do idoso, tratando-o como fonte

de sabedoria e experiência. O respeito e a admiração pelo idoso, bem como a busca

pelo seu bem-estar faziam parte da tradição popular. Como bem descreve Netto (1999

apud GRAVINIS, 2009):

Assim, nas sociedades primitivas, os velhos eram objetos de veneração; os jovens a eles recorriam em busca de seus conselhos; os idosos de então eram respeitados, a ponto de lhes confiarem negócios de grande importância social e econômica. Confúcio (nascido em 551 AC e falecido em 479AC) considerava que todos os elementos de uma família deveriam obedecer aos mais idosos. Há na sua doutrina uma supervalorização da tradição e de tudo o que nasce do exemplo e do ensino dos mais velhos.

Na Grécia antiga, a velhice era vista com desprezo e ridicularização. A

sociedade romana experimentou um período favorável a velhice, fundamentado na

9

valorização do Pater Familias, e de desvalorização, na época imperial. No período da

Renascença o ideal de juventude é venerado, estendendo-se a depreciação da figura

do idoso até o final do século XVII. A partir do século XVII há uma restauração dessa

imagem e o início de reconhecimento social que persistiu até a época do Iluminismo.

No início do século XIX, o isolamento do idoso passou a ser institucionalizado, através

do surgimento de asilos, declarando a velhice como uma doença social (DIAS, 2005,

p.251).

A partir do aprimoramento e desenvolvimento das sociedades e das

tecnologias de aceleração dos meios de produção, principalmente no continente

europeu, desencadeou-se o processo de industrialização, culminando na Revolução

Industrial ocorrida na Inglaterra no século XVIII. Tal revolução, inspirada e sustentada

pelos ideais capitalistas, acarretou profundas transformações econômicas e sociais,

não só no continente europeu, mas por todo o mundo.

Foram implantados novos modelos sociais, políticos e econômicos, baseados

no liberalismo. Estas transformações serviram de bases políticas e econômicas para

o surgimento e consolidação do Estado burguês e liberal, fundamentado nos ideais

de liberdade e igualdade. Todavia, apesar desses ideais, era flagrante a contradição

perante as crescentes desigualdades sociais, decorrentes da exploração do trabalho

do homem pelo homem no modo de produção industrial capitalista, apesar do enorme

desenvolvimento técnico e econômico.

É através do trabalho que o indivíduo se insere no contexto social, passando a

contribuir para o desenvolvimento da sociedade e, consequentemente, para o seu

próprio desenvolvimento. Dentro desse contexto o idoso deixa de ser parte integrante

da engrenagem do trabalho, restando inativo diante das limitações da velhice perante

o sistema capitalista.

Diante desse cenário social, onde a força e vigor físico eram exigidos da mão

de obra trabalhadora, majorando-se mais a capacidade produtiva do indivíduo do que

o valor humano, iniciou-se a desvalorização social e cultural do idoso. No decorrer

histórico, essa transformação social ocorrida no século XIX foi abarcada pelo século

XX, aumentando a estigmatização e desvalorização da pessoa idosa. Com a

velocidade do crescimento industrial e urbanização das cidades, a figura da família

patriarcal desapareceu e o estereótipo de membros improdutivos economicamente se

alastrou para as esferas culturais e sociais da vida do idoso, que perdeu o seu lugar

10

de chefe, de fonte de experiência e sabedoria (SANTINI; BORWSKY, 2008, p. 143-

144).

O avanço da idade, principalmente após a Revolução Industrial, representou a

saída do mercado de trabalho e consequente a esse escanteio social, o poder

econômico do idoso passou a ser insignificante; valores como a experiência de vida e

a memória da família, antes valorizados, agora passaram a ser irrelevantes,

resultando na segregação social do idoso. A cultura da desvalorização da pessoa

idosa agregou a imagem do idoso a ideia de incapacidade e dependência, sujeitando

os idosos ao esquecimento social, cultural, econômico e político, resultando na

exclusão do idoso e na discriminação e violação dos seus direitos.

4 O IDOSO NA SOCIEDADE BRASILEIRA

O envelhecimento populacional é um fenômeno ocasionado pela diminuição

das taxas de fecundidade em um determinado país, este fenômeno teve origem na

Europa, iniciando-se essa queda da fecundidade no período da Revolução Industrial,

e no decorrer do tempo, graças as melhorias sociais, como saneamento básico e o

desenvolvimento de antibióticos e vacinas, houve o aumento da expectativa de vida,

tendo sido o ápice deste fenômeno ocorrido no século XX, em meio a um significativo

desenvolvimento social, bem como a melhoria da distribuição de renda (RAMOS;

VERAS; KALACHE, 1987).

O Brasil tem identificado nas últimas décadas através das principais

estatísticas populacionais este fenômeno, ocasionado pela diminuição da taxa de

mortalidade, entre os anos de 1940 e 1960, e a partir de então a redução da

fecundidade, que iniciada na classe alta, generalizou-se dando início ao processo de

transição da estrutura etária. O que diferencia o fenômeno que vem ocorrendo no

Brasil do que ocorreu na Europa é que aqui não houve qualquer alteração na

distribuição de renda, e esse aumento da expectativa de vida se deu sem qualquer

melhoria das condições de vida e saúde da população, houve apenas uma intensa

urbanização que alterou as estruturas trabalhistas, aumentando o custo de vida e

consequente incorporação da mulher, que antes era cuidadora dos familiares

dependentes, no mercado de trabalho. Outro importante problema é que nos países

europeus essa transformação durou mais de cem anos proporcionando a

oportunidade para o governo e a sociedade se estruturarem e poderem arcar com um

11

número maior de idosos e hoje prover uma melhor qualidade de vida para essa

população, enquanto no Brasil, devido ao curto período estimado em que alcançará

os mesmos níveis de população idosa dos países europeus, não há como prever uma

adaptação satisfatória para essa transição (NASRI, 2008).

Pode-se entender essa transformação populacional através das estimativas do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)1 baseadas nas pesquisas mais

recentes, onde se pode identificar os traços que caracterizam esse fenômeno de

envelhecimento.

GRÁFICO 1: Comparativo da evolução da população brasileira distribuida por sexo e idade nos anos de 1990, 2000, 2010 e 2050. Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade para o Período 1980-2050 - Revisão 2008.

Neste gráfico comparativo originário de um estudo realizado pelo IBGE

intitulado “Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade para o Período 1980-

2050”, pode-se enxergar claramente o aumento do número de idosos em nossa

1 Cf. <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 10 out. de 2014.

12

população com o passar dos anos, a partir da década de 90 e a expectativa para o

ano de 2050. É possível enxergar dentro de um quadro comparativo da evolução da

população brasileira nas últimas décadas a diminuição da taxa de fecundidade e o

aumento do número de pessoas que alcança a velhice, entretanto não se pode

perceber grande avanços sociais ou melhoria quanto a distribuição de renda, saúde

pública, desenvolvimento social e político de melhor amparo a pessoa idosa.

A seguir pode-se observar o aumento dos índices de envelhecimento da

população no Brasil desde a década de 80 e as estimativas para os próximos anos:

GRÁFICO 2: Índices de envelhecimento da população brasileira. Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade para o Período 1980-2050 - Revisão 2008.

Dentro deste quadro comparativo asseverador do rápido fenômeno de

envelhecimento que o Brasil enfrenta, pode-se compreender que o acelerado

crescimento do número de pessoas idosas, em meio a uma sociedade ainda em

desenvolvimento, enfrentando graves problemas sociais, evidencia, de forma gritante,

os problemas já enfrentados por essa faixa etária da população, tais como a

autonomia, a mobilidade, o acesso a informações, a saúde e a segurança, dentre

outros.

13

5 A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS E A VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO

Em meados da década de 1970, no Brasil, incentivado pelo aumento do número

de idosos na população, o enleio social do idoso tomou proporções jamais imaginadas

por essa classe anteriormente esquecida, ensejando uma transformação sociocultural

na visão da velhice e no amparo aos direitos do idoso, inclusive e através da

participação política dos próprios idosos na luta por seus direitos e pela criação de

legislação em prol do idoso.

Dentro deste panorama do grau de envelhecimento que o país enfrentou e do

crescente aumento do número de idosos e da falta de estrutura familiar, social e

governamental de amparo a pessoa idosa, se fez necessária a implantação de novas

políticas públicas. Essa nova percepção do processo de envelhecimento e suas

consequências foi materializada através da criação e efetivação de dispositivos legais

no mundo inteiro.

As Nações Unidas, em 16 de dezembro de 1991, divulgaram a Carta de

Princípios das Nações Unidas para as Pessoas Idosas, reconhecendo as dificuldades

vividas pelo idoso tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento,

encorajando aos governos a implementação de princípios como a independência, a

participação, a assistência, a realização pessoal e a dignidade dos idosos, nos seus

programas nacionais em prol do idoso (ONU BRASIL, 2011).

No Brasil, a Constituição Federal de 1988, de forma generalizada exprimiu no

artigo 1º, inciso III, o fundamento da dignidade da pessoa humana. Em seu artigo 3º,

determina como objetivo fundamental da República a promoção do bem de todos, sem

preconceito ou discriminação em face da idade do cidadão. Mais especificamente

tratando sobre a proteção do idoso, preceituou em artigo 229 que os filhos maiores o

dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade, bem como o

artigo 230 designa à família, à sociedade e ao Estado o dever de amparar as pessoas

idosas, confirmando sua participação na comunidade, garantindo o direito à dignidade,

ao bem-estar e à vida (BRASIL, 1988).

Em 1994, em meio a inúmeros debates e reinvindicações da sociedade, dos

quais participaram ativamente os idosos, a fim de normatizar o direito do idosos, com

o intuito de garantir a independência, a integração e a participação de fato do idoso

na construção da cidadania, sobreveio a Lei de n° 8.842, de 4 de janeiro de 1994

14

estabelecendo a Política Nacional do Idoso, sendo regulamentada pelo Decreto

Federal n° 1.948, de 3 de Julho de 1996.

Referenciados pelas diretrizes internacionais, como o Plano de Ação

Internacional para o Envelhecimento criado em Madri em 2002, várias instituições

governamentais, bem como movimentos civis conquistaram uma sucessão de

propostas de leis, decretos e medidas instituidoras de garantia e proteção aos direitos

do idoso, culminando na criação do CNDI (Conselho Nacional dos Direitos do Idoso)

em 2002 e a promulgação do Estatuto do Idoso em 2003 (SECRETARIA DE

DIREITOS HUMANOS, 2011).

Apesar do amparo legal decorrente da criação dessas normatizações tanto

nacionais como internacionais em prol do idoso, a violência contra a pessoa idosa,

infelizmente, se apresenta em índices elevadíssimos em nossa sociedade,

encontrando dificuldade na sua real efetividade quanto ao problema da identificação

do agressor, como da proteção do idoso em situação de risco e também da punição

dos culpados.

O Estatuto do Idoso trouxe em seu artigo 19, §1, a definição da violência contra

o idoso, a aduzindo-a como qualquer ação ou omissão praticada em local público ou

privado que cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico ao idoso,

revolucionando as políticas de combate a violência bem como especificando condutas

criminosas contra o idoso e as suas punições (BRASIL, 2003)

Segundo Minayo (2004, p.13),

Violência é um conceito referente aos processos e às relações sociais interpessoais, de grupos, de classes, de gênero, ou objetivadas em instituições, quando empregam diferentes formas, métodos ou meios de aniquilamento de outrem ou de sua coação direta ou indireta, causando-lhes danos físicos, mentais e morais.

No que se refere às formas de violência, é essencial assimilar que a violência

pode se apresentar através de forma estrutural, relativa a precariedade das condições

sociais e consequente a situação de indigência sofrida pela população, através da

relação interpessoal quanto a forma de comunicação e de interação, e também deve-

se considerar a violência institucional empregada nas instituições públicas e privadas

responsáveis pela aplicação das políticas sociais do Estado e pela prestação de

serviço digno ao idoso (MINAYO, 2004).

A autora ainda institui algumas categorias e tipologias no intuito de indicar as

formas de violência mais comuns exercidas contra o idoso:

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Abuso físico: o uso da força física para coagir os idosos, resultando em

dor, incapacidade ou morte.

Abuso psicológico: despertar aflição ou sofrimento emocional no idoso.

Abuso sexual: Obtenção não consensual de relação sexual ou outras

práticas sexuais.

Abandono: deserção dos responsáveis governamentais, institucionais

ou familiares de assistirem o idoso nas suas necessidades.

Negligência: renegar ou omitir-se a cuidar dos idoso conforme as suas

necessidades.

Abuso financeiro e econômico: utilização imprópria ou ilegal dos bens

ou dos recursos financeiros do idoso.

Autonegligência: compreendida como a conduta da pessoa idosa que

ameaça sua própria saúde ou segurança.

Segundo a Secretaria de Direitos Humanos (SDH)2 de 2011 até o 1º trimestre

de 2014, o Disque-100 da SDH/PR registrou 77.059 denúncias de violações de

direitos humanos contra pessoas idosas, dentre elas o abandono, os maus tratos,

abuso econômico e a negligência.

O número de denúncias de violência contra a pessoa idosa cresceu 65,7% em

2013. Foram 38.976, contra 23.523 em 2012, e maioria avassaladora dos suspeitos

denunciados têm parentesco direto com a vítima. São familiares da vítima como

irmãos, netos, primos, mulheres ou maridos. Mas a maioria dos agressores é

constituída pelos próprios filhos, entre 71.358 suspeitos de agressão mencionados

nas denúncias, os filhos foram apontados como agressores em 36,6 mil vezes, ou

51,5% do total. Os netos estão entre os responsáveis por 5,9 mil casos, ou 8,25%

(SÁ, 2014).

É interessante perceber, diante desta estatística, a consequência da

transformação social vivenciada pelo cidadão brasileiro frente ao envelhecimento

populacional que vem ocorrendo no Brasil. Como foi visto anteriormente, este

fenômeno de envelhecimento, iniciado na Europa em meio aos avanços médicos e

sociais, e hoje se alastrando aqui, sem a devida evolução social no que tange a

melhoria das condições de vida e da distribuição de renda, impõe ao idoso brasileiro

o convívio entre gerações em meio a pobreza e a falta de estrutura, contribuindo

2 Cf. <www.sdh.gov.br>. Acesso em: 10 Out. de 2014.

16

indubitavelmente para geração de um ambiente propício a violência, e essa falta de

estrutura ultrapassa as paredes do lar do idoso, a precariedade das condições

socioeconômicas providas pelo Estado, bem como a ausência de políticas públicas

eficazes colaboram para a construção da violência.

A predominância dos casos em âmbito familiar reflete de fato o grau de

proximidade do idoso com o seu agressor, o ataque acontece na própria casa do

idoso, além de relatar outro fator de suma importância para análise das causas de

violência: a dependência da renda do idoso para mantença da família. Hoje a

população idosa sustenta muitas famílias através da cobertura previdenciária, e em

muitos casos, quando aumenta a gravidade das suas limitações, o idoso sofre a

violência financeira, podendo ser associada a violência física e psicológica dentro do

ambiente doméstico. Conforme bem explica Faleiros (2007 apud FALCÃO, 2010, p.

153):

Nas relações interpessoais, como na violência intrafamiliar e doméstica, existe ao mesmo tempo uma cumplicidade e um medo que se impõe pelo autoritarismo do agressor ou pelo medo e simbolismo imaginário de uma confiança entre vítima e agressor. A denúncia ou a revelação da violência provocaria o rompimento. A violência intrafamiliar e doméstica tem sido pouco denunciada, no contexto do segredo ou do conluio familiar, vinculado à honra, à cumplicidade, à confiança entre vítima e agressor e ao provimento da família, visto que o agressor é próximo à vítima.

Diante da transformação social e cultural enfrentada pela população desde a

Revolução Industrial, com a incorporação da mulher ao mercado de trabalho e em

face da pobreza extrema e consequente necessidade que todo participante hábil da

família trabalhe, pode-se identificar à falta de disponibilidade das famílias para cuidar

dos idosos, contribuindo para casos de violência por meio da negligência.

A negligência, segundo os dados da SDH, consistiu em 75% do total, foram

29,4 mil registros, sendo costumaz a falta de amparo e responsabilização,

posteriormente seguida pela negligência em alimentação e limpeza, em higiene e em

assistência à saúde. O que também é causa de preocupação é o crescente número

de casos de autonegligência, onde idosos buscam isolamento para não causar

incômodo aos seus relativos, havendo 197 denúncias de autonegligência em 2013,

151 em 2012 e 40 em 2011. Seguem o ranking de violência contra idosos, nesta

ordem, a psicológica (citada 21.832 vezes, ou 56% dos casos), o abuso financeiro

(16.796 vezes, 43% dos casos) e a violência física (10.803, 27,72%) (SÁ, 2014).

17

Esses dados apresentam as pesquisas e estatísticas dos casos que são

denunciados, infelizmente, talvez não reflitam claramente a real situação de violência

contra o idoso enfrentada pela população brasileira. O idoso sofre violência dentro de

sua própria casa, onde os seus familiares, supostos cuidadores, são os reais autores

da violência, o idoso sofre violência dentro das instituições que supostamente

deveriam prover cuidado e acolhimento na fragilidade da velhice, o idoso sofre

violência no exercício da sua cidadania, refletida na falta de estrutura social e política

diante das suas limitações. Diante dessa realidade se faz urgente a transformação

cultural, social e política no sentido de enxergar a velhice com um olhar de aceitação,

assegurando o direito da pessoa idosa de viver dignamente, sem violência,

participando igualitariamente da vida social.

6 A VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA O IDOSO E AMPARO LEGAL PARA

A SUA INTERVENÇÃO

Como se pode identificar através das estatísticas apresentadas os maiores

índices de violência contra a pessoa idosa tem a sua origem dentro do próprio lar, e é

assustadoramente empregada pelos familiares do idoso, constituindo um problema

crítico da sociedade brasileira. O idoso, com o desenvolver das suas limitações,

inevitavelmente desenvolve relações de dependência com os seus familiares, seja nos

cuidados com a saúde ou na dependência financeira, ou até mesmo pelo obrigatório

convívio familiar.

Teoricamente seria na família onde o idoso encontraria a segurança da

proteção e do cuidado, ali seria o seu porto seguro, onde ele criou seus laços, a sua

história, em meios aos rostos conhecidos, entretanto os abusos promovidos pelos

familiares encabeçam as estatísticas de violência.

Segundo Souza (2004) pode-se asseverar que a violência intrafamiliar é toda

e qualquer ação ou omissão que delimita a dignidade, o respeito, a liberdade, a

integridade física e psicológica e o pleno desenvolvimento por parte de um membro

familiar. Contudo é indispensável entender que a violência social experimentada é

consequência também da violência familiar, já que a família constitui a base da

sociedade, como prevê o artigo 226 da Constituição Federal (1988). Todavia, não se

pode culpar somente a inconsistência das estruturas sociais pela violência

empreendida contra os idosos, lamentavelmente, essa violência intrafamiliar

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encontrou abrigo dentro de diversos países e diferentes classes sociais e culturas. Os

maus tratos não são frutos apenas das dificuldades socioeconômicas, revelando

outros problemas familiares.

O idoso que sofre violência intrafamiliar se encontra em um posicionamento

muito frágil dentro desta estrutura, por ser dependente de seus familiares, vive em

meio ao sofrimento e a violação dos seus direitos básicos como a dignidade,

ocasionando traumas imponderáveis e muitas vezes irreparáveis. A violência

dispensada contra o idoso de forma covarde por quem supostamente lhe deveria

cuidado e proteção precisa ser tutelada de forma mais veemente pelo Estado de modo

a garantir a sua eficácia diante de tantos casos de abuso e negligência que ocorrem

de modo desenfreado em meio a coação moral e física exercida pelo medo do

sofrimento e do abandono.

Visando a garantia à segurança dos idosos vitimados pela violência o Estatuto

do Idoso reiterou os princípios constitucionais e estabeleceu ainda em seus artigos a

tipificação criminal, no Título VI, capítulo II, de várias condutas comumente praticadas

contra os idosos, constituindo crime a discriminação em relação ao livre exercício da

cidadania, a não prestação de assistência ao idoso em caso de iminente perigo,

impedir de qualquer forma o acesso à saúde, o abandono em hospitais, casas de

saúde, o não provimento de suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou

mandado, bem como ferir a integridade e a saúde do idoso subjugando-o a condições

desumanas ou degradantes ou deixando de prestar assistência alimentícia ou

cuidados essenciais, quando obrigado, ou além da privação de alimentos ou cuidados

ou obrigar o idoso a trabalho excessivo ou inadequado, dentre outros (BRASIL, 2003).

Pode-se depreender, no contexto social atual, que mesmo diante da criação de

legislações como esta, bem como o aparato constitucional em defesa do idoso, o

Poder Público ainda encontra severas dificuldades na identificação do agressor e

desvalimento ao idoso que deseja denunciar a agressão. Se faz necessário a

implementação de políticas públicas capazes de estabelecer diretrizes eficazes na

promoção da segurança do idoso dentro do âmbito social e principalmente familiar na

tentativa de prevenção e amenização das situações de violência crescentes em todo

país.

19

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a velocidade em que ocorre o fenômeno do processo de envelhecimento

populacional brasileiro aliada as transformações culturais e a continuidade da miséria

e pobreza, o país vai se deparando com incomplacentes problemas sociais

perturbadores das garantias constitucionais de seus cidadãos, principalmente dos

idosos.

O envelhecimento é inerente a todo ser humano, e essa característica implica

em transformações fisiológicas, psicológicas e sociais capazes de modificar

substancialmente o papel exercido por qualquer indivíduo diante da sociedade e da

sua própria família. A população dos países em desenvolvimento, mesmo sem

melhorias marcantes das condições de vida, chega a velhice, entretanto, perde o seu

papel de importância perante a família e é visto como peso social perante o Estado.

Em meio ao caos social e desguarnecidos da proteção familiar e estatal a

população idosa tende a viver os seus últimos anos em meio ao sofrimento e

segregação social, assistindo o total desrespeito aos direitos humanos e

constitucionais uma vez garantidos pelo Poder Público, que de forma resistente se

nega a investigação e punição dos agressores.

A responsabilidade para com o idoso se dá de forma concorrente entre o

Estado, a família e a sociedade. O enfrentamento a violência contra a pessoa idosa

não termina na elaboração de leis e nem na análise crítica das estatísticas. O aumento

da população idosa já é uma realidade em nossa sociedade e a tendência é que ela

aumente significativamente nos próximos anos.

É necessária uma transformação social do Estado no sentido de prover um

maior amparo a família dando a oportunidade de mudança real de comportamento

frente ao envelhecimento de seus entes, diante de tantos problemas financeiros e

emocionais oriundos do contexto social em que a maioria da população brasileira está

inserida. O respeito à dignidade do idoso e a diminuição das situações de violação

sofridas não podem ser resolvidas diante do não atendimento as necessidades

básicas como alimentação, saúde, moradia, dever político do Estado garantido pela

Constituição.

Os programas de amparo e prevenção à violência contra o idoso necessitam

prestar assistência continuada a família do idoso para prevenir e também identificar

de imediato situações de violência. O combate eficaz a esse tipo de violação dos

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direitos do idoso nasce na educação e formação do ser humano, reforçando os valores

familiares de respeito e amor pelos que agora precisam de ajuda.

O enfraquecimento fisiológico, psicológico e biológico do ser humano,

característica intrínseca a sua existência, não pode ser concomitante ao

enfraquecimento do Estado na sua responsabilidade de garantir a dignidade dos seus

cidadãos, e nem ao enfraquecimento da família na sua responsabilidade de prover

cuidado e acolhimento àqueles que um dia também foram provedores de cuidado e

acolhimento para aquele lar.

É dever de todos o zelo pelos direitos humanos do idoso, celebrando a

conquista do aumento da expectativa de vida em um país em desenvolvimento como

o Brasil e buscando novas ideias e novas políticas que venham a garantir uma melhor

qualidade de vida extirpando a violência contra o idoso do quadro de problemas

enfrentados pelo Brasil.

Se faz imperativo o fortalecimento social para aplicação eficaz e real proteção

dos direitos humanos de seus indivíduos, transformando a cultura de estereótipos,

discriminação e preconceitos, buscando o desenvolvimento voltado para a valorização

do ser humano como ele é, entendendo as suas necessidades em cada fase da vida,

respeitando as diferenças e combatendo toda e qualquer forma de violência.

A VIOLATION OF THE RIGHTS OF THE ELDERLY: INTRA-FAMILY VIOLENCE

ABSTRACT

This article aims to reflect on the social changes resulting from the transition age've lived in Brazil and its impact on society, especially regarding the issue of intra-family violence against the elderly living in the face of human rights protection in Brazil. This present study of a theoretical nature, prepared based on the methodology applied to bibliographic and documentary research comes within the context of aging legal partner, reflecting about aging, identifying the role of the elderly in our society forward historical social changes as the Industrial Revolution, punctuating the condition of the elderly in Brazilian society, highlighting the phenomenon of rapid population aging that the country experiences and the resulting lack of socioeconomic and political framework to deal with the increasing number of elderly, exposing the most recent rates of violence against the elderly, also highlighting the alarming number of domestic violence against the elderly, and making a brief observation of the current legislation on behalf of the elderly and the problem of identifying the perpetrators family of the victim, in order to answer the question of the violation of the rights of the elderly, explaining its forms and, on the identification of the high number of domestic violence, the positioning of the Brazilian legislation protecting seniors against these cases. Key words: Elderly. Intra-Family Violence. Human Rights.

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N754a Nóbrega, Aline Fernandes da. A violação dos direitos do idoso: violência intrafamiliar. / Aline Fernandes

da Nóbrega. – Joao Pessoa, 2014.

22f. Orientadora: Profª. Ms. Ana Carolina Gondim de A. Oliveira. Artigo Científico (Graduação em Direito).Faculdades de Ensino Superior

da Paraíba – FESP

1. Idoso. 2. Violência Intrafamiliar. 3. Direitos Humanos. I. Título

BC/Fesp CDU: 34.331(043)