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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA - FESP
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
ADRIANO DO AMARAL MORAES
TRIBUNAL DO JÚRI E A IMPORTÂCIA DA PLENITUDE DE DEFESA NESSE
INSTITUTO
CABEDELO - PB
2015
ADRIANO DO AMARAL MORAES
TRIBUNAL DO JÚRI E A IMPORTÂCIA DA PLENITUDE DE DEFESA NESSE
INSTITUTO
Trabalho de Conclusão do Curso de Direito, em forma de Artigo Científico apresentado à Coordenação do Curso de Bacharelado em Direito, pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito. Área: Direito Processual Penal
Orientador: Prof. Esp. Ricardo Sévulo Fonsêca da
Costa
CABEDELO - PB
2015
ADRIANO DO AMARAL MORAES
TRIBUNAL DO JÚRI E A IMPORTÂCIA DA PLENITUDE DE DEFESA NESSE
INSTITUTO
Artigo Científico apresentado à Banca
Examinadora de Artigos Científicos da Faculdade
de Ensino Superior da Paraíba - FESP, como
exigência para obtenção do grau de Bacharel em
Direito.
APROVADO EM _____/_________ DE 2015
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Prof. Esp. Ricardo Sérvulo Fonsêca da Costa
ORIENTADOR – FESP
___________________________________________________
Prof. Ms. Eduardo de Araújo Cavalcante
MEMBRO - FESP
___________________________________________________
Prof. Ms. Walter de Agra Júnior
MEMBRO - FESP
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS................................................................ 4
2 TRIBUNAL DO JÚRI............................................................................. 5
2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA...................................................................... 5
2.2 ORIGEM DO TRIBUNAL DO JÚRI NO BRASIL.................................... 6
2.3 ORGANIZAÇÃO E CONSIDERAÇÕES GERAIS.................................. 7
2.4 PRINCÍCIOS CONSTITUCIONAIS DO TRIBUNAL DO JÚRI............... 8
2.4.1
2.4.1.1
PRINCÍPIO DA PLENITUDE DE DEFESA............................................
DIFERENÇA ENTRA A PLENITUDE DE DEFESA E A AMPLA
DEFESA.................................................................................................
9
9
2.4.1.2 DIVISÃO................................................................................................ 10
2.4.2 PRINCÍPIO DO SIGILO DAS VOTAÇÕES............................................ 12
2.4.3 PRINCÍPIO DA SOBERANIA DOS VEREDICTOS............................... 12
2.4.4 PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DOS
CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA.................................................
13
2.5 COMPOSIÇÃO...................................................................................... 14
2.6 COMPETÊNCIA..................................................................................... 15
2.7 CARACTERÍSTICAS............................................................................. 15
3
3.1
PRINCÍPIOS INERENTES AO PROCESSO PENAL............................
PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE...............................................
16
16
3.2 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU DA NÃO
CULPABILIDADE...................................................................................
17
3.3 PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA................. 18
3.4 PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL..................................... 18
3.5
4
OUTROS PRINCÍPIOS....................................................................
CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................
ABSTRACT...........................................................................................
REFERÊNCIAS.....................................................................................
19
19
20
21
4
TRIBUNAL DO JÚRI E A IMPORTÂCIA DA PLENITUDE DE DEFESA NESSE
INSTITUTO
ADRIANO DO AMARAL MORAES
RICARDO SÉRVULO FONSÊCA DA COSTA
RESUMO
O principal escopo deste trabalho é ampliar o entendimento que alguns doutrinadores têm sobre a Plenitude de Defesa no Tribunal do Júri, uma vez que, quando se fala nas provas a serem produzidas pelo Ministério Público o leque é bem menor quando comparados às provas produzidas pela Tribuna de Defesa, seja esta por advogado, seja por defensor público. Porém, em contraponto, outra parte da doutrina acredita serem iguais às possibilidades de acusação e defesa quando se referem, por exemplo, ao tempo destinado as partes no debate, para o convencimento dos jurados, cada qual com suas teses. A própria lei não deixa dúvidas quando se refere às causas de nulidades, quando referimos a determinados tipo de explanações nos debates do júri. É interessante ressaltar que a Plenitude de Defesa nesse instituto, garante ao réu um vasto e amplo leque que possibilita satisfazer com mais segurança e conforto a sua pretensão. E quando tratar dos Princípios de Processo Penal, a ideia é de mostrar que eles sustentam-se uns aos outros , como se fossem uma teia, percebendo que no descumprimento de um deles, sempre afetarão aos demais, pois os reflexos expandem-se como veremos a seguir.
PALAVRAS-CHAVE: Tribunal do Júri. Plenitude de Defesa. Princípios. Processo Penal.
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O presente estudo fora realizado de forma que respeitasse procedimentos e
normas incorporadas na ABNT para a correta elaboração metodológica e científica
deste artigo. O foco principal versa sobre um princípio constitucional de suma
importante no que se refere ao Tribunal do Júri, uma vez que, diferentemente dos
outros procedimentos processuais penais, o princípio da plenitude de defesa
*Aluno concluinte do Curso de Bacharelado em Direito da FESP Faculdades, semestre 2015.2. Estagiário da Defensoria Pública da Paraíba (2° tribunal do Júri da Capital). E-mail: [email protected] **Epecialista em Direito Processual Civil pela UNP, possui graduação em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (1993), atualmente é professor universitário da FESP Faculdade, Advogado, Ordem dos Advogados do Brasil, tem experiência em Direito, atuou como orientador desse TCC.
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abrange toda e qualquer tipo de prova, obtidas de qualquer forma, até mesmo as
ilícitas, sempre em prol da pretensão a ser almejada única e exclusivamente pela
defesa. Vale ressaltar que, por mais que o princípio da plenitude da defesa seja
abrangente e em alguns casos restrinja o poder da acusação na obtenção de
determinadas provas, não fere o princípio da igualdade.
Contudo, isso não quer dizer que os outros princípios não são pertinentes. A
liberdade da acusação em relação às provas é bastante restrita, uma vez que o
próprio Código de Processo Penal limita essa liberdade. Mais adiante, a
complementação deste trabalho será exatamente no que diz respeito aos princípios
do processo penal, ou pelo menos àqueles que se mostrarem mais relevantes.
Aqui será explanada de forma simples para uma rápida compreensão do
tema. Primeiramente, conforme alguns doutrinadores e a própria lei. Trarei os
aspectos gerais sobre o Tribunal Popular, tais como a composição, formação,
características e, por fim, os princípios no qual configura o principal objeto desse
trabalho, sem deixar de lado os outros princípios, que dão suporte ao processo
penal de forma lato sensu. O princípio da Plenitude de defesa é considerado
importante por constar no artigo 5° da Constituição Federal e por ser
exclusivamente da competência do Tribunal Popular. Entretanto, há muitas
confusões quando comparados à ampla defesa. Adiante, trarei o porquê deste
princípio está disposto no artigo 5°, sua relação e ligação que com os demais
princípios processuais.
2 TRIBUNAL DO JÚRI
2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Em conformidade com os escritos doutrinários, a instituição do Tribunal do
Júri é muito antiga, há quem acredite que, a primeira evidência de sua existência
fora na antiga Grécia e Roma, há ainda doutrinadores que vislumbram indícios de
sua existência no Julgamento de Jesus, onde Pôncio Pilatos outorga o poder ao
povo de decidir sobre a liberdade daquele. A doutrina majoritária reconhece que a
origem do instituto fora na Grécia e na Roma Antiga, como preceitua Nestor
Távora:
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A origem do tribunal do júri é visualizada tanto na Grécia como em Roma, havendo quem veja um fundamento divino para a legitimidade desse órgão. Sob essa inspiração, o julgamento de Jesus Cristo, malgrado desprovido das garantias mínimas de defesa, é lembrado como um processo com características que as assemelham ao júri. De lado as controvérsias sobre a origem, a maior parte da doutrina indica como raiz do tribunal do júri a Magna Carta da Inglaterra, de 1215, bem como seu
antecedente mais recente, a Revolução Francesa de 1789 (TÁVORA, 2014, p. 2).
Todavia, não há conformidade doutrinária quanto à origem deste instituto. Em
contrapartida, é unânime quanto à evolução do aludido instituto. Fora na Inglaterra,
por volta de 1215, devido às revoluções sociais que tinha por ideal um julgamento
imparcial realizado pelos cidadãos da comunidade, que foi introduzido, pela
primeira vez, a previsão legal na Magna Carta do rei João Sem Terra, refletindo
nos moldes atuais.
O referido júri, fora oriundo de julgamentos dos delitos praticados por
bruxarias ou com feitio místico, tendo a participação de doze homens da sociedade
que possuíam discernimento purificado e transcendental, visando aplicar a verdade
divida sobre a inspeção de um fato tido como criminoso, e a execução do
respectivo castigo (BOTELHO, 2013).
2.2 ORIGEM DO TRIBUNAL DO JÚRI NO BRASIL
A princípio, o Tribunal do Júri fora instituído no Brasil, como instituição
jurídica, através de Decreto Imperial de 18 de Junho de 1822, denominado, de
“juízes de fato”. Composto por vinte e quatro homens da sociedade, os quais eram
considerados probos e inteligentes, para serem os juízes de fato.
No início, o instituto possuía competência para julgar apenas os crimes
contra a imprensa, após a Lei 1521/51 o instituto logrou competência estendida,
julgando também os crimes contra a economia popular. Em 1948, o Tribunal do Júri
passou a ser regido pelo atual Código de Processo Penal. No momento atual, o
mencionado instituto encontra-se, também, na nossa Carta Magna de 1988, artigo
5º, inciso XXXVIII, in verbis:
Art. 5 º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]
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XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: [...]
Sendo regido, com maior detalhamento, a partir do artigo 406 do Código
do Processo Penal de 1941. Donde relata todos os trâmites legais no qual os
processos de competência do júri deverão, obrigatoriamente, passar para que
tenha legalidade. Desde o início da investigação criminal até a sentença proferida
pelo juiz presidente.
2.3 ORGANIZAÇÃO E CONSIDERAÇÕES GERAIS
De acordo com entendimento da doutrina majoritária, o Tribunal do Júri é um
órgão derivado do poder judiciário, vez que, está evidenciado no meio dos Direitos
e Garantias individuais (art. 5°, XXXVIII, CF/88). Deste modo, constituindo-se
cláusula pétrea por força do artigo 60, § 4°, IV da CF/88, ou seja, aquela que só
pode ser revogada ou modificada por meio de nova Constituição Cidadã. Morais
(2014, p. 9) também segue essa linha de raciocínio, ele sustenta que a
Constituição é super-rígida por ser imutável. Em contrapartida, Lenza (2010, p.
470) e Silva (2013, p. 44) acreditam que a Constituição é rígida por ser mutável, ou
seja, modificada através de Emenda Constitucional, até mesmo as cláusulas
pétreas, desde que em benefício.
Brasileiro afirma que, se o Tribunal do Júri não constasse no referido artigo
constitucional, haveria a possibilidade de ser extinto. Sua inclusão no rol dos
Direitos Individuais é uma forma de proteção, evitado assim, sua extinção. De
acordo com a Constituição, “o poder emana do povo” (art. 1º, P.U. da CF/88) o
exercendo de forma direta no poder judiciário, visto que, o povo é quem vai julgar o
réu, é do meio da sociedade que serão sorteados para compor o conselho de
sentença. Esses são uns dos motivos, segundo Renato Brasileiro, que o Tribunal
do Júri tem para está presente no artigo 5º da Constituição.
Intitulado de tribunal popular ou conselho popular, pelo simples fato de
serem julgados por pessoas comuns da população. Esta, no entanto, julga
conforme sua convicção e entendimento, sem a obrigatoriedade de proferir seu
veredicto com fundamentação, tão somente de acordo com vossa consciência.
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Há doutrinadores que considera o mencionado instituto um órgão político,
em total descompasso com o judiciário, onde nele é exercido o direito ao sufrágio,
a exemplo de um cidadão no exercício de sua cidadania, segundo entendimento de
Tubenchalk (apud, BRASILEIRO, 2014, p. 9). Pois a atividade executada para
pleitear seu interesse refere ao caso em questão, é por meio do voto, como nas
eleições. O que é na verdade uma idealização de uma eleição, onde o veredicto
decidirá de acordo com a maioria dos votos.
Vale ressaltar que, após a alteração da lei 11.689/08, foi vedada a leitura
total dos votos. Portanto, apenas é necessário que quatro jurados tenham decidido
no mesmo norte para que se obtenha o saldo da votação do quesito. Ao final de
cada resposta, o Juiz deve conferir os votos proferidos pelo Conselho de Sentença
(artigo 488 do Código de Processo Penal).
2.4 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO TRIBUNAL DO JÚRI
Conforme já ficou demonstrado, o Tribunal do Júri é caracterizado como
sendo um órgão heterogêneo por ele se compor de um juiz togado, e, por 25 juízes
leigos, pelo qual o segundo irá decidir a vida do acusado, conforme seu íntimo
convencimento, sem a obrigação de fundamentar.
Portanto, como todos os institutos jurídicos tem suas peculiaridades, suas
normas disciplinadoras, seus dogmas, e, por fim, seus princípios. Com o Tribunal
do Júri não é diferente, também está repleto de norma e princípios que disciplina o
referido instituto. Vejamos que a Constituição, em seu artigo 5°, inciso XVIII, nos
mostra aqueles princípios que são essencialmente do Júri: artigo 5°, XXXVIII,
CF/1988 – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados:
a) A plenitude de defesa;
b) O sigilo das votações;
c) A soberania dos veredictos;
d) A competência para o julgamento dos crimes dolosos contra vida.
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2.4.1 PRINCÍPIO DA PLENITUDE DE DEFESA
Este princípio estar previsto na Carta Magna de 1988, em seu artigo 5º,
inciso XXXVIII, alínea “a”. Tal princípio assegura o acusado, em relação a sua
defesa, no tribunal do júri, onde poderão ser utilizados todos os recursos possíveis
de defesa para o convencimento dos jurados, até mesmo os argumentos não
jurídicos, tais como: sociológicos, políticos, religiosos, morais etc.
Brasileiro entende que a plenitude de defesa, por constar do artigo 5°, inciso
XXXVIII, é de um grau mais elevado em relação ampla defesa que consta do artigo
5°, inciso LV. Ainda afirma que existam estudiosos que não veem diferença
substancial entre os dois princípios (BRASILEIRO, 2014, p. 1267). Porém, a
plenitude de defesa, está previsto apenas para o acusado submetido ao júri, se
estendendo apenas aos crimes conexos a este. Também acredita alguns
doutrinadores que a plenitude de defesa é mais ampla que a própria ampla defesa,
pelo simples fato de deduzir sobre a produção da prova ilícita quando realizada em
favor da defesa, porém, isso não necessariamente afirme ser uma defesa
completa, integral, perfeita.
Segundo Nucci (2013, p. 797) os dois princípios constantes no artigo 5° da
Constituição, não é inútil, de algum modo tem certa importância, assim sendo, tem
a possibilidade de o acusado demonstrar provas, arrolar testemunhas, responder a
acusação e tudo que mais interessar a sua defesa, até mesmo comprovar a
veracidade de um fato, ou uma prova, ilicitamente.
2.4.1.1 DIFERENÇA ENTRE OS PRINCÍPIOS DA PLENITUDE DE DEFESA E A
AMPLA DEFESA
Acontece uma grande confusão quando nos referimos aos Princípios da
Ampla Defesa e o da Plenitude de Defesa. Esse é um ponto primordial a ser
estudado. Aqui vamos tratar detalhadamente de cada principio, mostrando suas
diferenças, muito embora a grande maioria acredite tratar-se do mesmo princípio,
eles diferenciam em muitos pontos.
Partimos do pressuposto de que se o constituinte atribuiu expressamente
denominação distinta é porque realmente pretendia distinguir. Pois bem, a palavra
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pleno é sinônimo de a algo absoluto, completo, perfeito, justamente como dever ser
a defesa do réu no tribunal do júri, notoriamente, restrito às limitações naturais do
ser humano. Portanto, a defesa no âmbito do tribunal do juro deve ser perfeita.
Como preleciona NUCCI:
Um tribunal que decide sem fundamentar seus veredictos precisa proporcionar ao réu uma defesa acima da média e foi isso que o constituinte quis deixar bem claro, consignando que é qualidade inerente ao júri a plenitude de defesa. Durante a instrução criminal, procedimento inicial para apreciar a admissibilidade da acusação, vige a ‘ampla defesa’. No plenário, certamente que está presente a ampla defesa, mas com um toque a mais: precisa ser, além de ampla, ‘plena’.
Diferentemente ocorre no processo comum, onde o réu é amparado pela
ampla defesa, tendo como base a defesa técnica. Sendo esta inconveniente, pode
o juiz corrigir o erro de ofício na sentença prolatada com fundamentação e, caso
haja contestação, há a possibilidade de interposição de recursos.
Quando no referimos ao tribunal do júri os procedimentos é dado de forma
distinta ao processo comum, uma vez que, naquela o desfecho do processo dar-se-
á pelos jurados, tidos como pares, que são leigos, sendo assim, a defesa do réu
deve aproximar da perfeição para o maior convencimento dos jurados, os quais
julgam conforme suas convicções.
Ressalta-se que, no instituto do tribunal do júri a decisão prolatada pelos
juízes de fato não é fundamentada, apenas votam, condenando ou absolvendo o
acusado. Assim, como o. Ademais, sendo o tribunal do júri soberano do júri, suas
decisões não são passíveis de revista, quanto a mérito, por tribunais togados.
Visto isso, em síntese, enfatiza-se que a ampla defesa, diferentemente da
plenitude de defesa, nada mais é do que uma segurança jurídica ofertada a todos
os acusados, inclusive no júri. Por essas razões é crucial que a defesa em Plenário
seja sempre plena.
2.4.1.2 DIVISÃO
A plenitude de defesa está dividida em dois tipos:
a) Técnica: obrigatoriamente deve ser feita por um profissional habilitado,
qual seja um advogado inscrito nos quadros da OAB, ou mesmo um defensor
público, sendo esta ultima uma faculdade do acusado. Não necessariamente, o
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acusado e o advogado, serão obrigados a utilizar uma defesa exclusivamente
técnica, podendo usar argumentos de caráter extrajurídicos (razões de ordem
social, emocional, de política criminal e etc.). A esse respeito, Brasileiro (2014,
p.1267) diz assim:
O advogado de defesa não precisa se restringir a uma atuação exclusivamente técnica, ou seja, é perfeitamente possível que o defensor também utilize argumentação extrajurídica, valendo-se de razões de ordem social, emocional, de política criminal, etc. Incumbe ao juiz-presidente fiscalizar a plenitude dessa defesa técnica, já que, por força do art. 497, V, do CPP, é possível que o acusado seja considerado indefeso, com a consequente dissolução do Conselho de Sentença e a designação de nova data para o julgamento.
Porque será julgado por juízes leigos, que não entenderam muita coisa
sobre o tecnicismo do direito. Quando o acusado é julgado por um juiz de direito,
aquele de caráter monocrático, quando for arguir a sua defesa, essa será
obrigatoriamente de natureza técnica, onde será mostrado por ex.: extinção da
punibilidade, erro de tipo, princípio da insignificância. Se, por ventura, o juiz
presidente, considerar o acusado indefeso, ou seja, se a atuação do advogado for
“muito ruim”, deverá dissolver o conselho de sentença e designar nova data para o
julgamento.
b) Autodefesa: essa consiste no interesse do acusado em mostrar as provas
que por ele será apresentada em seu favor, é uma faculdade atribuída sendo essa
sempre respeitando o direito constitucional de ficar calado, ou mesmo de não fazer
alguma objeção ao seu favor.
E se o réu, no interrogatório em plenário, apresenta tese diferente da do seu
advogado ou defensor? Távora (2014, p. 75 - 76) entende que devam ser levadas
em consideração pelos jurados, as duas, porém o STF já tem se manifestado que
deve ser quesitadas apenas a tese sustentada pelo advogado, pela defesa técnica.
Aqui se tem a oportunidade de o réu mostrar para os jurados as provas que
por ele foi produzida, inclusive, sua versão sobre o fato para o convencimento dos
julgadores. Quanto a esse princípio, não há desobediência ao direito constitucional
constante do artigo 5°, LXIII, que assim o diz: “o preso será informado de seus
direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
assistência familiar e de um advogado” (ANDRADE, 2007, p. 4). Porque se trata de
uma faculdade, “calar” ou “falar”. Se a lei obrigasse-o a depor, mesmo que em seu
favor, ai sim estaria diante de uma desobediência.
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2.4.2 PRINCÍPIO DO SIGILO DAS VOTAÇÕES
Esse princípio está previsto no art. 5º, XXXVIII, alínea “b”. De acordo com a
doutrina majoritária, a exposição de um veredicto unânime, ou seja, a exposição
total dos votos, afetaria o princípio constitucional do Sigilo das Votações. Quando
os sete jurados responderem aos quesitos, afirmativa ou negativamente, somando-
se quatro votos do mesmo norte, deve o Juiz Presidente encerrar a apuração dos
votos na sala especial.
É verídico que, o sigilo das votações só passou a ser realmente sigilosa, de
forma eficaz, após a reforma de 2008, por mais que a Constituição de 1988 já
garantia o referido princípio. É notório que antes da reforma de 2008, por mais que
o princípio tenha gataria constitucional, sofria certa violação.
Segundo Nucci (2015), a lei nº 11.689 de 2008 teria acolhido essa
orientação, nos §§ 1.º e 2.º do art. 483. Vale ressaltar que, a jurisprudência, mesmo
antes da modificação introduzida no Código de Processo Penal, já entedia que a
prolação de um veredicto unânime colide com o princípio constitucional do sigilo
das votações.
2.4.3 PRINCÍPIO DA SOBERANIA DOS VEREDICTOS
A soberania é reconhecida na Constituição, em seu artigo 5º, XXXVIII, c.
Esse princípio nada mais do que uma segurança dada ao veredicto dos jurados.
Após o encerramento da votação, o Juiz Presidente confeccionará a dosimetria e
fundamentação da sentença, não podendo ir contra o veredicto dos jurados.
Vejamos o que preleciona Nucci (2015, p. 387) em sua obra princípios
constitucionais penais e processuais penais:
A soberania dos veredictos é a alma do Tribunal Popular, assegurando-lhe o efetivo poder jurisdicional e não somente a prolação de um parecer, passível de rejeição por qualquer magistrado togado. Ser soberano significa atingir a supremacia, o mais alto grau de uma escala, o poder absoluto, acima do qual inexiste outro. Traduzindo-se esse valor para o contexto do veredicto popular, quer-se assegurar seja esta a última voz a decidir o caso, quando apresentado a julgamento no Tribunal do Júri.
Parte da doutrina entende que esse princípio é relativo simplesmente pelo
fato de um tribunal superior vir a anular a decisão em decorrência de determinadas
circunstâncias, remetendo o caso a novo julgamento. E a outra parte que acredita
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na que não afeta o mérito do feito, apenas a matéria é remetida a novo júri (SILVA,
2010).
Segundo Rousseau (1712-1778), o povo é quem tem soberania, e como o
Brasil é um Estado Democrático de Direito, supõe a participação do povo na hora
de tomar determinadas decisões, inclusive estendo esse entendimento as decisões
tomadas no júri. É como a democracia representativa supõe a escolha de pessoas,
em nome da população no processo, para decidir algumas vezes em nome do
Estado.
2.4.4 PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DOS CRIMES
DOLOSOS CONTRA A VIDA
Previsto no artigo 5º, XXXVIII, “d”. De acordo com o referido artigo, é
reconhecida, constitucionalmente, a instituição do Júri com competência para o
julgamento dos crimes dolosos contra a vida. Porém, essa competência é
considerada mínima, visto que, poderá ser suprimida, como por exemplo, os crimes
conexos aos dolosos. Dispõe do artigo 78, inciso I, do Código de Processo
Penal que: “Na determinação da competência por conexão ou continência, serão
observadas as seguintes regras: I - no concurso entre a competência do júri e a de
outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri” (BRASIL,
1941).
Sendo assim, trata-se então de uma competência mínima, pois, de acordo
com o artigo 74, § 1º do Código de Processo Penal: “Compete ao Tribunal do Júri o
julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único,
123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados”. Como visto,
apenas quatro tipos penais são julgados pelo tribunal do júri, uma vez que do artigo
124 ao 127 tratam da mesma matéria, o aborto.
Entretanto, em determinados casos a competência é afastada, nos casos,
por exemplo, dos artigos 29, inciso VIII; 96, inciso III; 102, inciso I, alíneas “b” e “c”;
105, inciso I, alínea “a”; e 108, inciso I, alínea “a”. Todos da Constituição. Os quais
tratam de casos excepcionais, onde certas pessoas, em virtude das funções que
ocupam, gozam do direito de serem julgados em foro privilegiado.
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2.5 COMPOSIÇÃO
A composição do tribunal do júri dar-se-á de acordo com os moldes do artigo
447 do atual Código De Processo Penal, sempre se lembrando das alterações que
se teve em 2008, in verbis:
Art.447[...] O tribunal do júri é composto por 1(um) juiz togado, seu presidente e 25 (vinte e cinco) jurados que serão sorteados dentre os alistados, 7(sete) dos quais constituirão o conselho de sentença em cada sessão de julgamento (BRASIL, 1941).
Somando-se assim, o total de 26 (vinte e seis) julgadores na primeira fase.
Na segunda fase, apenas 8 (oito), que restarão obrigados a continuarem os
trabalhos, onde apenas um, o juiz de direito, irá conduzir o feito de acordo com a lei
e proferir a sentença de acordo que o que foi acolhido e escolhido pelo conselho de
sentença. Lembrando que o representante do Parquet, tanto quanto a defesa, pode
recorrer caso não concorde com a decisão dos jurados.
Antes da reforma de 2008, o Tribunal era composto pelo presidente e por 21
jurados leigos, tendo esse número de jurados aumentado para facilitar a
composição de pelo menos 15 jurados, para daí então ser iniciada a sessão do
julgamento. Essa mudança foi apenas para evitar tantos adiamentos por falta de
quórum dos jurados, por isso que se expandiu para 26 o número que compõe o
instituto. Mendonça (2008, p. 64) assim entende:
Não há que falar em hierarquia entre o juiz togado e os juízes leigos, mas apenas em diversidade de competência, pois como se costuma dizer, os jurados leigos julgam os fatos e o juiz presidente aplica o direito. É por isso é um órgão horizontal. Dos 25 jurados que foram alistados da lista geral, apenas sete serão sorteados para compor o conselho de sentença, em cada sessão de julgamento. É este conselho órgão deliberativo, que irá julgar os crimes dolos contra avida.
De acordo com a doutrina, o aumento do número de jurados selecionados
para o julgamento, aumenta a probabilidade de comparecimento do número
mínimo que é 15. Com isso, obtendo-se o quórum suficiente para a realização do
feito. Entende-se que 15 é o mínimo por conta do direito de recusa pela tribuna da
defesa e da acusação, podendo estas recusar três jurados por réu. Caso o número
de jurados presentes fosse inferior ao mínimo, haveria a possibilidade de violar o
direito à recusa.
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2.6 COMPETÊNCIA
Entende Greco Filho (2012, p. 335) sobre os crimes que serão sujeitados a
julgamento pelo Júri, aqueles cujo existe Dolo e se dão contra a vida, podendo
ainda estender essa tal competência para julgar outros crimes, de modo que este
bem tutelado é o mais preciso do ser humano. Essa competência está em
conformidade com a alínea “d” do inciso XXXVIII, artigo 5º da Constituição de 1988,
assim afirma:
Quanto à competência, a Constituição assegurou ao júri o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, entendendo-se como tais os do capítulo próprio do Código Penal, quais sejam o homicídio, o infanticídio, o auxílio ou instigação ao suicídio e o aborto. Outras infrações, ainda que contenham a morte a título doloso, como o latrocínio ou a extorsão mediante sequestro seguido de morte, não são crimes dolosos contra a vida para os fins da competência do júri. A Constituição não referiu a figura tentada nem o julgamento dos crimes conexos. A tentativa não necessitava, mesmo, ser citada, porque o crime tentado é o próprio crime em fase de execução. Já quanto aos conexos, a menção seria conveniente, mas a extensão a eles é da tradição do direito brasileiro, e não se questionou a sua exclusão nem mesmo na época em que a competência do júri era privativa para os crimes dolosos contra a vida.
O que ele quis dizer é simples quanto à competência, deixando claro que o
genocídio e o latrocínio, conforme a doutrina e os tribunais superiores já
posicionaram e pacificaram seus entendimentos que não serão julgados pelos seus
pares aqueles que cometerem esses crimes, e sim, por um juiz singular, alegando
não ser a morte da vítima o objeto de pretensão. Porém, o juiz de direito é quem
vai proferir a sentença baseado na decisão dos jurados.
2.7 CARACTERÍSTICAS
Quatro são as características que norteiam o tribunal do júri, segundo
entendimento de Távora (2013):
a) Órgão Heterogêneo, como já diz o nome, sua composição se dá por um juiz
de direito e vinte e cinco jurados do qual sete serão sorteados para compor o
conselho de sentença, e assim proferir suas decisões subjetivamente complexas;
b) Decisões por maioria dos votos, onde após a alteração em 2008, não sendo
mais obrigatória a leitura de todos os votos, desta feita, obedecendo ao princípio do
sigilo das votações (art.5º, inciso XXXVIII, alínea “b” da CF/88);
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c) Órgão temporário, uma vez que, a sessões do júri acontece em alguns
períodos do ano, deixando a cargo do regimento interno dos tribunais de cada
estado; e, por fim;
d) Diz ser um órgão horizontal, não havendo de qualquer forma alguma
hierarquia entre o juiz presidente e os jurados. Todos dever respeitar-se diante um
do outro.
3 PRINCÍPIOS INERENTES AO PROCESSO PENAL
Conforme os ensinamentos de Alves (2014, p. 31 e 32) os princípios
processuais dividem-se em dois tipos: os princípios constitucionais e os princípios
propriamente ditos. Aquele abrange subdivisão, são eles: os explícitos, que
constam exatamente dentro do texto constitucional; e os implícitos, que são
constituídos através de outras fontes, como os valores socias, ideias e até mesmo
de outros princípios.
Primeiramente, vamos tratar dos princípios processuais, os quais dão
suporte a alguns outros que compõe a área penal e criminal, ficando abaixo apenas
dos constitucionais, segundo a posição piramidal de Hans Kelsen, devendo
sujeitar-se a uma hierarquia onde a Constituição Federal está no ápice.
É de suma importância dedicar parte de desse estudo aos princípios
processuais, pois é como se falássemos do bem sem falar do mal, falar de gratidão
sem citar a ingratidão; vendo isso, falar do principio da plenitude de defesa sem
falar dos princípios processuais, pois estão eles, ligados umbilicalmente entre si.
Os princípios inerentes ao processo penal, o qual engloba os princípios do
Tribunal do Júri, devem sempre estar em concordância com a Constituição Federal,
respeitando-a sob pena de ser declarado inconstitucional e tê-la como
embasamento principal, até porque grande parte dos princípios está
expressamente nela. Abordaremos aqui os princípios inerentes ao Processo Penal,
onde a grande maioria encontra-se expressamente na Constituição.
3.1 PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE
Esse princípio já engloba outros, quando nos referimos ao poder dever do
Estado na sua função de julgar. Assim o diz Lopes Junior (2013): “a garantia da
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jurisdição significa muito mais do que apenas “ter um juiz”, exige ter um juiz
imparcial, natural e comprometido com a máxima eficácia da própria Constituição”.
No Direito Penal e Processual Penal, a Jurisdicionalidade aparenta ser absoluta,
pois no Processo Civil é facultada às partes a escolha de um arbitro para proferir
uma sentença arbitral, assim, imbuindo a função julgadora a um terceiro imparcial.
Tal atribuição de função não é permitida do âmbito penal, desse modo, o
princípio da Jurisdicionalidade mostra-se relativa, uma vez que, na esfera Penal,
somente um juiz togado tem a prerrogativa de “dizer o direito”. Porém, vale lembrar
que no instituto do Júri, o poder de julgar é de seus pares, de modo a respeitar
outro princípio constitucional que é o da Soberania dos Veredictos, onde mais
adiante será explanada sua figura.
3.2 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU DA NÃO CULPABILIDADE
O agente que está sendo acusado da prática de um ato delituoso, antes de
ser sentenciado com o trânsito em julgado sem a possibilidade de recurso, será
considerado inocente, devendo então ser atribuído a ele o adjetivo de “indiciado”
quando estiver sob a égide de investigação policial e não ter sido recebido a
denúncia já na esfera judicial; “acusado” quando recebido a denúncia e ainda não
houver o trânsito em julgado da sentença penal condenatória e por fim, só será
considerado “culpado” quando condenado sem a possibilidade de mais recurso.
Esse princípio encontra-se destacado na Constituição, em seu artigo 5°,
LVII, como também no artigo 11º da Declaração Universal dos Direitos Humanos1 e
no artigo 8° do Pacto de São José da Costa Rica2. No processo penal assim deixa
claro “não suficientemente provada à culpa do acusado, o julgador deve inocentá-lo
por insuficiência probatória da culpa”. Segundo Almeida (2013, p.41) “a inocência é
presumida, cabe à acusação provar os indícios suficientes de autoria e a
materialidade”. Como visto, a regra no processo penal é clara, o acusado é
declarado inocente até que se prove o contrário e quem tem que provar a
culpabilidade do acusado é a acusação.
1Declaração universal dos direitos humanos. Disponível em: <http://www.humanrights.com/pt/what-are-human-rights/universal-declaration-of-human-rights/articles-11-20.html>. Acesso em: 11 nov. 2015. 2Pacto de San José da Costa Rica sobre direitos humanos completa 40 anos. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=116380>. Acesso em: 11 nov. 2015.
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3.3 PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA
Trata-se tão somente, de mais uma garantia constitucional, contida no artigo
5°, inciso LV da Constituição Federal, de modo que garante a parte defender-se de
tudo e qualquer coisa que lhe seja atribuída. Segundo Dezen Junior (2015):
É o poder que tem cada parte no processo de resistir ao que pretende a outra parte, ou seja, de resistir à pretensão do outro, de discordar e de trazer suas razões nos autos. Ou, na definição de Nelson Nery Junior, é, de um lado, a necessidade de dar-se conhecimento da existência da ação e de todos os atos do processo às partes, e, de outro lado, de as partes reagirem aos atos que lhes sejam desfavoráveis. Segundo Joaquim Mendes de Almeida, são elementos necessários ao contraditório À bilateralidade e a possibilidade de reação. Ou seja, que cada parte seja cientificada dos movimentos processuais da outra e que dessa ciência discorra a possibilidade de reagir ao quanto feito pela outra parte.
Não resta dúvida quanto à possibilidade e liberdade que a outra parte tem
para se defender daquilo que lhe for imputado, ou mesmo prejudicado em certos
atos processuais. O processo torna-se nulo quando alguém é condenado sem uma
defesa, ou até mesmo sem a liberdade de apresentar o contraditório. Lembrando
que, o referido princípio só se faz jus na fase processual, uma vez que, no Inquérito
policial, manifestamente não se faz jus a esse direito. Sendo assim, não resta
dúvida quanto à finalidade constitucional desse princípio, que é de fazer valer os
valores democráticos do Estado.
3.4 PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL
Para que uma condenação tenha relevância legal, deverá submeter-se aos
trâmites legais, que são aqueles em que a lei implica obrigatoriedade para o
seguimento do feito. O devido processo legal, quer dizer que a lei possibilita a
todos o acesso à justiça para pleitear seus direitos e suas pretensões, como
também o direito de escusar de determinadas acusações, e, para isso, deve-se ser
instaurado um processo, pelo qual se tramitará obedecendo aos procedimentos,
etapa por etapa, até a conclusão do feito, a não submissão aos procedimentos
legais é causa de nulidade da condenação. Távora (2014, p. 75 - 76) costuma dizer
que:
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O Devido Processo Legal, estabelecido em lei, é sinônimo de garantia, atendendo assim os ditames constitucionais. Com isto, consagra-se a necessidade do processo tipificado, sem a suspensão e/ou desvirtuamento dos atos essenciais. Deve ser analisado em duas perspectivas: a primeira, processual, que assegura a tutela de bens jurídicos por meio do devido procedimento (procedural dueprocess); a segunda, material, reclama, no campo da aplicação e elaboração normativa, a atuação substancialmente adequada, correta, razoável (substantive due processo f low).
Esse princípio encontra-se explicito na Constituição Federal no seu artigo 5°,
inciso LIV. A doutrina afirma que o devido processo legal é bem mais amplo do que
a legalidade em si, uma vez que, como tantos outros princípios, abarcam, por
exemplo: a ampla defesa, o juiz natural, o direito a um advogado, dentre outros
mais. Esse princípio tem como base para as seguintes garantias: ampla defesa,
imparcialidade do juiz e promotor, tomada de ciência prévia, igualdade de tempo
entre defesa e acusação. Enfim, sempre no contexto de hipossuficiência, mesmo
que na relação penal.
3.5 OUTROS PRINCÍPIOS
Aplicam-se, também, no processo penal, outros princípios no quais
acreditam alguns doutrinadores se tratar de 25, outros acreditam ser 29 como
sendo uns constitucionais e outros infraconstitucionais: a) princípio do in dúbio pro
reo; b) princípio de que ninguém é obrigado a produzir provas para prejudicar a si
mesmo; c) princípio da oficiosidade; d) princípio da busca da verdade real; d) da
indivisibilidade da ação penal privada; e) da transcendência; f) da publicidade; g) do
duplo grau de jurisdição; h) da oficialidade; i) da iniciativa das partes; j) da
economia processual; k) da duração razoável do processo penal e etc.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de todo o exposto, acredita que todos os princípios norteadores do
ramo penal e criminal, servem como pilar para a plenitude de defesa no tribunal do
júri, visto que esse último depende de todos os demais para que assim possa surtir
seus efeitos. Se o indivíduo é condenado sem que haja obediência ao devido
processo legal, já seria uma ferramenta para ser usada em sua defesa sempre
manifestando a ampla defesa nos demais crimes, inclusive naqueles dolosos
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contra a vida que, quando afunilado, chegamos a perceber a importância da
plenitude da defesa; sendo a jurisdiconalidade afetada de algum modo, descumpre
automaticamente fere o princípio do juiz natural, ou mesmo do promotor natural,
gerando uma cadeia de responsabilidade principiologica, pois não trata apena de
um princípio, mas de vários num mesmo ato de desobediência.
No tribunal do júri, já ficou claro sobre a confusão que se faz ao comparar a
ampla defesa com a plenitude de defesa. Ampla defesa, apesar do próprio nome
dá a ideia amplitude, vasto, qualquer meio e etc., mas é um equívoco pensar
assim. A única amplitude trazida por este princípio é apenas uma extensão que de
que todos os acusados, sem distinção alguma, têm o direito à ampla defesa.
Quando tratar da plenitude de defesa, aí sim, esse se limita apenas aos crimes de
competência a ser julgado pelo tribunal popular, porém é vasta a liberdade de
produção de provas em nome da defesa do acusado. Aqui não se faz necessário
mostrar aos jurados, como defesa do acusado, a letra da lei, que por muitas vezes,
esses juízes leigos não entenderão muita coisa, ou praticamente nada.
Haja vista, em momentos pretéritos, o professor Renato Brasileiro afirma o
porquê da plenitude de defesa consta do artigo 5° da CF, é por tratar de uma
garantia a proteger da extinção do instituto, também tem outro objetivo que é a de
garantir o direito jurisdicional pelo povo quando referir-se ao Poder diante de um
estado democrático de direito.
JURY AND THE IMPORTANCE OF THIS DEFENSE INSTITUTE PLENITUDE
ABSTRACT The main scope of this work is to expand the understanding that some scholars have on the defense of fullness in the jury, since, when speaking on the evidence to be produced by the prosecution the range is much smaller when compared to the evidence produced by the Tribune Defense, whether by a lawyer, either by public defender. However, in contrast, another part of the doctrine believed to be the same as charges of possibilities and defense when they refer, for example, the time for the parties to the debate, to convince the jury, each with their theses. . The law itself leaves no doubt when it comes to the causes of nullity, when we refer to certain kinds of explanations in jury discussions. Interestingly, the Defense Institute fullness that ensures the defendant a vast and wide range allowing satisfy with more safety and comfort to its claim. And when dealing with the Criminal Procedure Principles, the idea is to show that they hold to each other, like a web, realizing that the failure of one of them will always affect the other, as reflections expand as we shall see Next.
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KEY WORDS: Jury Court, Fullness of Defense, Principles, Criminal Proceedings.
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Tribunal do júri e a importância da plenitude de defesa nesse instituto. / Adriano do Amaral Moraes. – Cabedelo, 2015.
16f. Orientador: Profº. Esp. Ricardo Sérvulo Fonseca da Costa. Artigo Científico (Graduação em Direito).Faculdades de Ensino Superior
da Paraíba – FESP
1. Tribunal do Júri. 2. Plenitude de Defesa. 3. Princípios. 4. Processo Penal I. Título
BC/Fesp CDU:343.1 (043)