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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS Bacharelado em Humanidades Meio Ambiente & Sociedade - Prof. Dr. Evandro Meio Ambiente Meio Ambiente & & Sociedade Sociedade Quinta feira 27 de outubro de 2011 Modulo V: População Tradicional, Nativa ou Local População Tradicional, Nativa ou Local

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Meio Ambiente & Sociedade - Prof. Dr. Evandro Sathler

Meio Ambiente Meio Ambiente

& &

SociedadeSociedade

Quinta feira 27 de outubro de 2011

Modulo V:

População Tradicional, Nativa ou LocalPopulação Tradicional, Nativa ou Local

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P O P U L A Ç Ã O P O P U L A Ç Ã O T R A D I C I O N A LT R A D I C I O N A L

POPULAÇÃO NATIVAPOPULAÇÃO NATIVA

P O P U L A Ç Ã OP O P U L A Ç Ã O LOCALLOCALAFINAL, O QUE ESTAS AFINAL, O QUE ESTAS

EXPRESSÕES SIGNIFICAM?EXPRESSÕES SIGNIFICAM?

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NÃO SE TRATA DE UMA RESPOSTA SIMPLES.

SEUS SIGNIFICADOS SÃO DE SEUS SIGNIFICADOS SÃO DE INTERESSE DA ANTROPOLOGIA, INTERESSE DA ANTROPOLOGIA, SOCIOLOGIA, GEOGRAFIA E DO SOCIOLOGIA, GEOGRAFIA E DO

DIREITO SOCIOAMBIENTAL.DIREITO SOCIOAMBIENTAL.

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NO CASO DA ANTROPOLOGIA, NO CASO DA ANTROPOLOGIA, ALGUMAS ESCOLAS DE ALGUMAS ESCOLAS DE

PENSAMENTO DE DEDICAM MAIS PENSAMENTO DE DEDICAM MAIS DETIDAMENTE AO TEMA: DETIDAMENTE AO TEMA:

A ECOLOGIA CULTURAL; A ECOLOGIA CULTURAL; A ANTROPOLOGIA ECOLÓGICA; A ANTROPOLOGIA ECOLÓGICA;

A ETNOCIÊNCIA; E A ETNOCIÊNCIA; E A ANTROPOLOGIA NEOMARXISTA.A ANTROPOLOGIA NEOMARXISTA.

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A EXPRESSÃO A EXPRESSÃO POPULAÇÃO TRADICIONALPOPULAÇÃO TRADICIONAL, POR , POR VEZES, SE REFERE ÀS POPULAÇÕES VEZES, SE REFERE ÀS POPULAÇÕES

ABORÍGENESABORÍGENES OU OU INDÍGENASINDÍGENAS..

HÁ QUE SE PERCEBER QUE A OBSERVAÇÃO HÁ QUE SE PERCEBER QUE A OBSERVAÇÃO PARTE DE UMA VISÃO OCIDENTALIZADA OU PARTE DE UMA VISÃO OCIDENTALIZADA OU

EUROCENTRICA.EUROCENTRICA.

LITERALMENTE, A EXPRESSÃO TRADICIONAL LITERALMENTE, A EXPRESSÃO TRADICIONAL REMONTA À IDÉIA DE UMA CULTURA BASEADA REMONTA À IDÉIA DE UMA CULTURA BASEADA

NAS TRADIÇÕES (ESPECIALMENTE ORAIS), NAS TRADIÇÕES (ESPECIALMENTE ORAIS), AFASTANDO-SE DA IDÉIA DAS POPULAÇÕES AFASTANDO-SE DA IDÉIA DAS POPULAÇÕES

OCIDENTAIS (OU MODERNAS).OCIDENTAIS (OU MODERNAS).

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NESTE SENTIDO O TERMO SE APÓIA NA IDÉIA DE AFASTAMENTO DAS RELAÇÕES DE

MERCADO.

OU, POR OUTRA PERSPECTIVA, NUM CERTO OU, POR OUTRA PERSPECTIVA, NUM CERTO ISOLAMENTO DE TAIS POPULAÇÕES.ISOLAMENTO DE TAIS POPULAÇÕES.

AFINAL, POPULAÇÃO NATIVA OU LOCAL É O AFINAL, POPULAÇÃO NATIVA OU LOCAL É O MESMO QUE POPULAÇÃO TRADICIONAL? MESMO QUE POPULAÇÃO TRADICIONAL?

E ONDE ELAS SE ENCONTRAM?E ONDE ELAS SE ENCONTRAM?

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AUTORES AMERICANOS E AUTORES AMERICANOS E EUROPEUS UTILIZAM OS EUROPEUS UTILIZAM OS

TERMOS TERMOS NATIVE PEOPLENATIVE PEOPLE (OU (OU NATIVE POPULATIONNATIVE POPULATION), OU ), OU

LOCAL PEOPLELOCAL PEOPLE COM O COM O SIGNIFICADO ANÁLOGO AO SIGNIFICADO ANÁLOGO AO

DE POPULAÇÃO DE POPULAÇÃO TRADICIONAL.TRADICIONAL.

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POR TAL RAZÃO AS EXPRESSÕES POR TAL RAZÃO AS EXPRESSÕES POPULAÇÃO NATIVAPOPULAÇÃO NATIVA OU OU POPULAÇÃO LOCALPOPULAÇÃO LOCAL CHEGAM NO PORTUGUÊS COM SIGNIFICADO CHEGAM NO PORTUGUÊS COM SIGNIFICADO

SEMELHANTE.SEMELHANTE.

ANALISADO SOB OUTRA ÓTICA, ANALISADO SOB OUTRA ÓTICA, POPULAÇÃO POPULAÇÃO NATIVANATIVA SE REFERE A QUEM É NATIVO, SE REFERE A QUEM É NATIVO, NATURAL DE DETERMINADO LUGAR.NATURAL DE DETERMINADO LUGAR.

E POPULAÇÃO LOCAL SE REFERE A QUEM É E POPULAÇÃO LOCAL SE REFERE A QUEM É DO LUGAR. OU SIMPLESMENTE AQUELES DO LUGAR. OU SIMPLESMENTE AQUELES

QUE HABITAM DETERMINADO LUGAR. QUE HABITAM DETERMINADO LUGAR. ANÁLOGO A HABITANTE.ANÁLOGO A HABITANTE.

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PARA TODOS OS EFEITOS POPULAÇÃO PARA TODOS OS EFEITOS POPULAÇÃO TRADICIONAL ABRANGE POPULAÇÃO TRADICIONAL ABRANGE POPULAÇÃO

NATIVA, POPULAÇÃO LOCAL, CULTURA NATIVA, POPULAÇÃO LOCAL, CULTURA TRADICIONAL, SOCIEDADE TRADICIONAL, SOCIEDADE

TRADICIONAL, COMUNIDADE TRADICIONAL, COMUNIDADE TRADICIONAL, POPULAÇÃO TRADICIONAL, POPULAÇÃO

CULTURALMENTE DIFERENCIADA, CULTURALMENTE DIFERENCIADA, POPULAÇÃO EXTRATIVISTA, POVO POPULAÇÃO EXTRATIVISTA, POVO

TRADICIONAL, COMUNIDADE LOCAL TRADICIONAL, COMUNIDADE LOCAL ETC... ETC...

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(*) DIEGUES, A. C. O MITO MODERNO DA NATUREZA INTOCADA. SÃO PAULO: ANNABLUME, 2002, P. 88

PARA DIEGUES, “COMUNIDADES PARA DIEGUES, “COMUNIDADES TRADICIONAIS ESTÃO TRADICIONAIS ESTÃO

RELACIONADAS COM UM TIPO RELACIONADAS COM UM TIPO DE ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA DE ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA

E SOCIAL COM REDUZIDA E SOCIAL COM REDUZIDA ACUMULAÇÃO DE CAPITAL, ACUMULAÇÃO DE CAPITAL,

NÃO USANDO FORÇA DE NÃO USANDO FORÇA DE TRABALHO ASSALARIADO”TRABALHO ASSALARIADO”

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COMO VISTO, HÁ UMA CERTA COMO VISTO, HÁ UMA CERTA CONFUSÃO NO ENTENDIMENTO DO CONFUSÃO NO ENTENDIMENTO DO

CONCEITO.CONCEITO.

EM QUALQUER CASO, DOIS ELEMENTOS PERMEIAM O CONCEITO

E SÃO MUITO IMPORTANTES NA ANÁLISE: TERRITÓRIO E CULTURA.

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JÁ ANALISAMOS A NOÇÃO DE TERRITÓRIO.

RELEMBRANDO, O TERRITÓRIO PODE SER ENTENDIDO COMO:

UMA PORÇÃO DA NATUREZA E ESPAÇO SOBRE O QUAL UMA PORÇÃO DA NATUREZA E ESPAÇO SOBRE O QUAL UMA SOCIEDADE DETERMINADA REIVINDICA E UMA SOCIEDADE DETERMINADA REIVINDICA E

GARANTE A TODOS, OU A UMA PARTE DE SEUS GARANTE A TODOS, OU A UMA PARTE DE SEUS MEMBROS, DIREITOS ESTÁVEIS DE ACESSO, MEMBROS, DIREITOS ESTÁVEIS DE ACESSO,

CONTROLE OU USO SOBRE A TOTALIDADE OU PARTE CONTROLE OU USO SOBRE A TOTALIDADE OU PARTE DOS RECURSOS NATURAIS AÍ EXISTENTES QUE ELA DOS RECURSOS NATURAIS AÍ EXISTENTES QUE ELA

DESEJA OU É CAPAZ DE UTILIZARDESEJA OU É CAPAZ DE UTILIZAR (*) (*)

(*) DIEGUES, A. C. O MITO MODERNO DA NATUREZA INTOCADA. SÃO PAULO: ANNABLUME, 2002, P. 84

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O TERMO POPULAÇÃO TRADICIONAL RECAI SOBRE A TRADIÇÃO.

REPRESENTA A TRANSMISSÃO DE SÍMBOLOS, CRENÇAS, VALORES E OUTROS ELEMENTOS

COGNITIVOS QUE IDENTIFICAM UM GRUPO E QUE SÃO PASSADOS DE UMA GERAÇÃO PARA OUTRA.

UMA POPULAÇÃO DEVE SER CONSIDERADA UMA POPULAÇÃO DEVE SER CONSIDERADA TRADICIONAL POR ESTAR FUNDADA EM TRADICIONAL POR ESTAR FUNDADA EM

TRADIÇÕES, LOCALIZADA NUM TEMPO E NUM TRADIÇÕES, LOCALIZADA NUM TEMPO E NUM ESPAÇO, QUE SE TRANSFORMA NUM LUGAR, ESPAÇO, QUE SE TRANSFORMA NUM LUGAR, PELA SIMBOLOGIA CRIADA EM RELAÇÃO ÀS PELA SIMBOLOGIA CRIADA EM RELAÇÃO ÀS RELAÇÕES SOCIAIS NO SEIO DESTE GRUPO. RELAÇÕES SOCIAIS NO SEIO DESTE GRUPO.

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Este conjunto de relações com o Este conjunto de relações com o meio forma uma base cultural. meio forma uma base cultural.

A combinação de cultura exercida A combinação de cultura exercida num espaço/tempo nos remete à idéia num espaço/tempo nos remete à idéia

de território e “territorialidade”.de território e “territorialidade”.

O território existe em função da O território existe em função da existência de uma cultura existência de uma cultura (BONNEMAISON, 2002).(BONNEMAISON, 2002).

BONNEMAISON, Joel. Viagem em torno do território. IN: Geografia cultural: um século (3). (Orgs.) Roberto Lobato Corrêa/Zeny Rosendahl. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2002, p. 187.

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Por outra via o território é a base de uma cultura, Por outra via o território é a base de uma cultura, envolvendo sempre e concomitantemente uma envolvendo sempre e concomitantemente uma

dimensão simbólica, através de uma “identidade dimensão simbólica, através de uma “identidade territorial” atribuída pelo grupo social territorial” atribuída pelo grupo social

(HAESBAERT, 2001).(HAESBAERT, 2001).

Esta ligação da população com um espaço Esta ligação da população com um espaço geográfico determinado é a territorialidade, que, geográfico determinado é a territorialidade, que,

grosso modo, se dá através de um processo grosso modo, se dá através de um processo subjetivo de conscientização (CORRÊA, 1994).subjetivo de conscientização (CORRÊA, 1994).

HAESBAERT, Rogério. Território, cultura e des-territorialização. IN: Religião, identidade e território. (Orgs.) Roberto Lobato Corrêa/Zeny Rosendahl. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001, p. 120.CORRÊA, Roberto Lobato. Território e corporação: um exemplo. In: SANTOS, M; SOUZA, M.A.A.; SILVEIRA, M.L.. Território, globalização e fragmentação. São Paulo:  Hucitec, 1994, p. 251-256.

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A territorialidade, sob outra ótica, é a tentativa de A territorialidade, sob outra ótica, é a tentativa de atingir, influenciar ou controlar pessoas, fenômenos e atingir, influenciar ou controlar pessoas, fenômenos e relacionamentos, por indivíduos ou grupos, por via da relacionamentos, por indivíduos ou grupos, por via da

delimitação e afirmação de controle sobre uma área delimitação e afirmação de controle sobre uma área geográfica (HAESBAERT, 2005).geográfica (HAESBAERT, 2005).

A territorialidade será sempre a relação de um A territorialidade será sempre a relação de um indivíduo ou grupo (população) em face de um indivíduo ou grupo (população) em face de um território (uma área geográfica) através de suas território (uma área geográfica) através de suas

práticas culturais (COSTA, 2005), ou seja, será sempre práticas culturais (COSTA, 2005), ou seja, será sempre cultural a relação entre o ser humano e o espaço. cultural a relação entre o ser humano e o espaço.

HAESBAERT, Rogério. Territórios alternativos. São Paulo: Contexto, 2002, p.133; COSTA, Benhur. As relações entre os conceitos de território, identidade e cultura no espaço urbano: por uma abordagem microgeográfica. IN: Geografia: temas sobre cultura e espaço. (Orgs.) Roberto Lobato Corrêa/Zeny Rosendahl. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2005, p. 85.COSTA, Benhur. As relações entre os conceitos de território, identidade e cultura no espaço urbano: por uma abordagem microgeográfica. IN: Geografia: temas sobre cultura e espaço. (Orgs.) Roberto Lobato Corrêa/Zeny Rosendahl. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2005.

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Gomes (2001) define cultura como um “conjunto de Gomes (2001) define cultura como um “conjunto de práticas sociais generalizadas em determinado práticas sociais generalizadas em determinado

grupo”, e que leva este grupo a forjar uma imagem grupo”, e que leva este grupo a forjar uma imagem de unidade e coerência interna. de unidade e coerência interna.

Estas práticas exprimem os valores e sentidos Estas práticas exprimem os valores e sentidos vividos por certo grupo social e a delimitação de vividos por certo grupo social e a delimitação de

suas diferenças em relação a outros grupos suas diferenças em relação a outros grupos culturais. A cultura, desta forma, corresponde a culturais. A cultura, desta forma, corresponde a

um conjunto de atitudes, pouco ou nada um conjunto de atitudes, pouco ou nada ritualizadas, através das quais se estabelece ritualizadas, através das quais se estabelece

uma comunicação entre os membros do grupo.uma comunicação entre os membros do grupo.

GOMES, Paulo César da Costa. A cultura pública e o espaço: desafios metodológicos. IN: Religião, identidade e território. (Orgs.) Roberto Lobato Corrêa/Zeny Rosendahl. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001, p. 93.

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A identidade, segundo Castells (2001), é um processo de construção social sustentada por

atributos culturais e, neste sentido, existem pelo menos três formas de construção da identidade:

(i) a identidade legitimada, sendo aquela introduzida pelas (i) a identidade legitimada, sendo aquela introduzida pelas instituições dominantes na sociedade; instituições dominantes na sociedade;

(ii) a identidade de resistência, sendo aquela caracterizada (ii) a identidade de resistência, sendo aquela caracterizada pela oposição às instituições dominantes; pela oposição às instituições dominantes;

(iii) a identidade projetada, sendo aquela construída pelos (iii) a identidade projetada, sendo aquela construída pelos atores sociais como redefinição de uma nova identidade.atores sociais como redefinição de uma nova identidade.

CASTELLS apud GIL, Ana Helena Corrêa; GIL FILHO, Sylvio Fausto. Identidade religiosa e territorialidade do sagrado: notas para uma teoria do fato religioso. IN: Religião, identidade e território. (Orgs.) Roberto Lobato Corrêa/Zeny Rosendahl. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001, p. 49.

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População Tradicional é um termo em População Tradicional é um termo em construção. construção.

Retomando a questão da cultura, Cosgrove Retomando a questão da cultura, Cosgrove define como um conjunto de práticas define como um conjunto de práticas

compartilhadas, que são comuns a um compartilhadas, que são comuns a um grupo humano diferenciado, práticas estas grupo humano diferenciado, práticas estas

aprendidas e transmitidas através de aprendidas e transmitidas através de gerações.gerações.

COSGROVE, Denis. A geografia está em toda parte: cultura e simbolismo nas paisagens humanas. IN: Paisagem, tempo e cultura. (Orgs.) Roberto Lobato Corrêa/Zeny Rosendahl. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998, p. 101.

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Sauer aponta ser a cultura uma “chave para a Sauer aponta ser a cultura uma “chave para a compreensão sistemática de diferenças e compreensão sistemática de diferenças e

semelhanças entre os homens”.semelhanças entre os homens”.

Estas diferenças ocorrem sobre uma base territorial, Estas diferenças ocorrem sobre uma base territorial, que considera a noção de cultura para além de que considera a noção de cultura para além de

indivíduos isolados ou características pessoais, indivíduos isolados ou características pessoais, “mas comunidades de pessoas ocupando um espaço “mas comunidades de pessoas ocupando um espaço

determinado, amplo e geralmente contínuo”.determinado, amplo e geralmente contínuo”.

Considera, ainda, “crença e comportamento comuns Considera, ainda, “crença e comportamento comuns aos membros de tais comunidades”. aos membros de tais comunidades”.

SAUER, Carl O. Geografia cultural. IN: Introdução à geografia cultural. (Orgs.) Roberto Lobato Corrêa/Zeny Rosendahl. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003, p. 28.

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Ainda no entendimento de Sauer, existe “uma forma Ainda no entendimento de Sauer, existe “uma forma estritamente geográfica de se pensar a cultura, a saber, a estritamente geográfica de se pensar a cultura, a saber, a

marca da ação do homem sobre a área”. marca da ação do homem sobre a área”.

Neste mesmo sentido é possível imaginar as pessoas Neste mesmo sentido é possível imaginar as pessoas associadas numa e para uma área, da mesma forma em associadas numa e para uma área, da mesma forma em que é possível imaginar estas pessoas associadas por que é possível imaginar estas pessoas associadas por descendência ou tradição, no que contribui este autor descendência ou tradição, no que contribui este autor

para reforçar o conceito de População Tradicional como para reforçar o conceito de População Tradicional como um grupo específico assentado culturalmente sobre uma um grupo específico assentado culturalmente sobre uma base territorial por um tempo identificável, tendo como base territorial por um tempo identificável, tendo como resultado uma paisagem cultural, que é a ação de um resultado uma paisagem cultural, que é a ação de um

grupo cultural sobre uma paisagem natural.grupo cultural sobre uma paisagem natural.

SAUER, Carl O. A morfologia da paisagem. IN: Paisagem, tempo e cultura. (Orgs.) Roberto Lobato Corrêa/Zeny Rosendahl. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998, pp. 30 e 59.

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Em sociologia o termo Comunidade Tradicional Em sociologia o termo Comunidade Tradicional pode ser entendido como aquela comunidade pode ser entendido como aquela comunidade “mais homogênea e resistente a novas idéias, “mais homogênea e resistente a novas idéias,

menos tecnológica e menos dependente da mídia. menos tecnológica e menos dependente da mídia. Atribuem também valor mais baixo à Atribuem também valor mais baixo à

alfabetização e escolaridade e valor mais alto à alfabetização e escolaridade e valor mais alto à religião” (*) religião” (*)

Já no direito, como adverte Santilli, o conceito de Já no direito, como adverte Santilli, o conceito de População Tradicional ainda ensaia os primeiros População Tradicional ainda ensaia os primeiros

passos na formulação de uma definição que passos na formulação de uma definição que possa ser aceita juridicamente.possa ser aceita juridicamente.

(*) JOHNSON, Allan G. Dicionário de Sociologia. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 1997, p. 46.SANTILLI, Juliana. Socioambientalismo e novos direitos. São Paulo: Peirópolis, 2005, p. 125.

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Por exemplo, a Lei do Sistema Nacional de Por exemplo, a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) tramitou Unidades de Conservação (SNUC) tramitou pelo Congresso Nacional por oito anos, até pelo Congresso Nacional por oito anos, até

ser sancionada em julho de 2000, com ser sancionada em julho de 2000, com alguns vetos. alguns vetos.

Entre os vetos estava o inciso XV do artigo Entre os vetos estava o inciso XV do artigo 2°. Este dispositivo conceituava justamente 2°. Este dispositivo conceituava justamente

o termo População Tradicional.o termo População Tradicional.

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Segundo o conceito vetado, entendia-se Segundo o conceito vetado, entendia-se por População Tradicional os “grupos por População Tradicional os “grupos humanos culturalmente diferenciados, humanos culturalmente diferenciados,

vivendo há, no mínimo, três gerações em vivendo há, no mínimo, três gerações em um determinado ecossistema, um determinado ecossistema,

historicamente reproduzindo seu modo historicamente reproduzindo seu modo de vida, em estreita dependência do de vida, em estreita dependência do meio natural para sua subsistência e meio natural para sua subsistência e

utilizando os recursos naturais de forma utilizando os recursos naturais de forma sustentável”. sustentável”.

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As justificativas para o veto alertavam para o fato As justificativas para o veto alertavam para o fato que, “com pouco esforço de imaginação, caberia que, “com pouco esforço de imaginação, caberia toda a população do Brasil” na conceituação de toda a população do Brasil” na conceituação de

População Tradicional. População Tradicional.

Mesmo não sendo definido na lei, o termo Mesmo não sendo definido na lei, o termo População Tradicional encontra-se disperso por População Tradicional encontra-se disperso por

todo o texto da lei do SNUC.todo o texto da lei do SNUC.

Sem uma definição exata do que venha a Sem uma definição exata do que venha a representar o termo, torna-se praticamente representar o termo, torna-se praticamente impossível efetivar apropriadamente a lei.impossível efetivar apropriadamente a lei.

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Embora possa dificultar a boa aplicação concreta da Lei do SNUC, a falta de

definição não impede uma interpretação extensiva.

Interpretação Extensiva: Interpretação Extensiva:

quando a lei carece de amplitude, ou quando a lei carece de amplitude, ou seja, diz menos do que deveria dizer, seja, diz menos do que deveria dizer, devendo o intérprete verificar qual os devendo o intérprete verificar qual os

reais limites da norma. reais limites da norma.

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E por ser um termo em E por ser um termo em construção, na verdade, estimula construção, na verdade, estimula abordagens conceituais para além abordagens conceituais para além

da idéia da idéia conservacionista/preservacionista conservacionista/preservacionista

de utilização do meio ambiente, de utilização do meio ambiente, podendo compartilhar outras podendo compartilhar outras

matrizes como a matrizes como a conservação/preservação cultural.conservação/preservação cultural.

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Neste sentido são considerados População Tradicional não indígena:

os açorianos (Ilha de Santa Catarina); os caiçaras os açorianos (Ilha de Santa Catarina); os caiçaras (litoral de SP + RJ); os caipiras (do tupi = cortador (litoral de SP + RJ); os caipiras (do tupi = cortador

de mato – interior de SP); os babaçueiros de mato – interior de SP); os babaçueiros (Nordeste); os jangadeiros (CE); os pantaneiros (Nordeste); os jangadeiros (CE); os pantaneiros

(MT + MS); os pastores (Brasil em geral); os (MT + MS); os pastores (Brasil em geral); os pescadores (Brasil em geral); os praeiros (faixa pescadores (Brasil em geral); os praeiros (faixa litorânea entre PI e AP); os quilombolas (Brasil litorânea entre PI e AP); os quilombolas (Brasil

em geral); os ribeirinhos (amazônicos e não em geral); os ribeirinhos (amazônicos e não amazônicos); os sertanejos (Nordeste); e os amazônicos); os sertanejos (Nordeste); e os

sitiantes (Brasil em geral).sitiantes (Brasil em geral).

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Segundo defende Sathler, os garimpeiros do diamante no Alto Rio Jequitinhonha

(MG) também seriam considerados população

tradicional.SATHLER, Evandro B. A Área de Proteção Ambiental – APA das Águas Vertentes e a população do Alto Jequitinhonha – MG: considerações para uma geografia cultural do diamante. Seminário, Apresentação de Trabalho. II Seminário de Áreas Protegidas e Inclusão Social. Meio de divulgação: Local: UFRJ - Urca; Cidade: Rio de Janeiro; Inst. promotora/financiadora: EICOS - Universidade Federal do Rio de Janeiro;

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Com todo o que foi dito, o termo população tradicional Com todo o que foi dito, o termo população tradicional ainda não é um termo pacífico no meio jurídico. ainda não é um termo pacífico no meio jurídico.

Em qualquer caso, com a edição da Lei 11.284/06 (Lei Em qualquer caso, com a edição da Lei 11.284/06 (Lei que institui o Serviço Florestal Brasileiro), este horizonte que institui o Serviço Florestal Brasileiro), este horizonte

se modificou. se modificou.

Em seu artigo 3°, inciso X, denominou as comunidades Em seu artigo 3°, inciso X, denominou as comunidades locais como as “populações tradicionais e outros grupos locais como as “populações tradicionais e outros grupos

humanos, organizados por gerações sucessivas, com humanos, organizados por gerações sucessivas, com estilo de vida relevante à conservação e à utilização estilo de vida relevante à conservação e à utilização

sustentável da diversidade biológica”. sustentável da diversidade biológica”.

Curiosamente coloca as comunidades locais como Curiosamente coloca as comunidades locais como gênero da qual população tradicional torna-se espécie. gênero da qual população tradicional torna-se espécie.

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Em sentido análogo a Lei 11.428/06 Em sentido análogo a Lei 11.428/06 (Lei da Mata Atlântica), no seu artigo (Lei da Mata Atlântica), no seu artigo 3°, inciso II, denominou população 3°, inciso II, denominou população

tradicional a “população vivendo em tradicional a “população vivendo em estreita relação com o ambiente estreita relação com o ambiente

natural, dependendo de seus recursos natural, dependendo de seus recursos naturais para a sua reprodução naturais para a sua reprodução

sociocultural, por meio de atividades sociocultural, por meio de atividades de baixo impacto ambiental”. de baixo impacto ambiental”.

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Por fim o Decreto 6.040, de 7 de Por fim o Decreto 6.040, de 7 de fevereiro de 2007, instituiu a Política fevereiro de 2007, instituiu a Política

Nacional de Desenvolvimento Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Sustentável dos Povos e

Comunidades Tradicionais, definindo Comunidades Tradicionais, definindo no seu artigo 3°, povos e no seu artigo 3°, povos e

comunidades tradicionais, territórios comunidades tradicionais, territórios tradicionais e desenvolvimento tradicionais e desenvolvimento

sustentável. sustentável.

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Art. 3°. Para os fins deste Decreto e do seu Anexo compreende-se por:

I - Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição;

II - Territórios Tradicionais: os espaços necessários a reprodução cultural, social e econômica dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados de forma permanente ou temporária, observado, no que diz respeito aos povos indígenas e quilombolas, respectivamente, o que dispõem os arts. 231 da Constituição e 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e demais regulamentações; e

III - Desenvolvimento Sustentável: o uso equilibrado dos recursos naturais, voltado para a melhoria da qualidade de vida da presente geração, garantindo as mesmas possibilidades para as gerações futuras.

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Colchester aponta que “não existe definição Colchester aponta que “não existe definição universalmente aceita de quem são as universalmente aceita de quem são as

comunidades tradicionais ou ´nativas´”, e que, comunidades tradicionais ou ´nativas´”, e que, particularmente, o termo tradicional “implica particularmente, o termo tradicional “implica

uma longa residência numa determinada área”. uma longa residência numa determinada área”.

Os parâmetros propostos por Diegues para Os parâmetros propostos por Diegues para referir-se aos tradicionais, que não se vinculam referir-se aos tradicionais, que não se vinculam exclusivamente a aspectos conservacionistas exclusivamente a aspectos conservacionistas

e/ou preservacionistas do meio ambiente, são o e/ou preservacionistas do meio ambiente, são o que melhor se amoldam na discussão.que melhor se amoldam na discussão.

COLCHESTER, Marcus. Resgatando a natureza: comunidades tradicionais e áreas protegidas. In: Etnoconservação: novos rumos para a proteção da natureza nos trópicos. Antonio Carlos Diegues (org). São Paulo: NUPAUB/USP, 2000, 225-256, p. 230. DIEGUES, op. cit., p. 89.

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Sendo:

a) dependência e até simbiose com a natureza, os ciclos naturais e os recursos naturais renováveis a partir dos quais se constrói um modo de vida;

b) conhecimento aprofundado da natureza e de seus ciclos que se reflete na elaboração de estratégias de uso e de manejo dos recursos naturais;

c) noção de território ou espaço onde o grupo social se reproduz econômica e socialmente;

d) moradia e ocupação desse território por várias gerações, ainda que alguns membros individuais possam ter-se deslocado para os centros urbanos e voltado para a terra de seus antepassados;

e) importância das atividades de subsistência, ainda que a produção de mercadorias possa estar mais ou menos desenvolvida, o que implica uma relação com o mercado;

f) reduzida acumulação de capital;

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g) importância dada à unidade familiar, doméstica ou comunal e às relações de parentesco ou compadrio para o exercício das atividades econômicas, sociais e culturais;

h) importância das simbologias, mitos e rituais associados à caça, à pesca e atividades extrativistas;

i) a tecnologia utilizada é relativamente simples, de impacto limitado sobre o meio ambiente. Há reduzida divisão técnica e social do trabalho, sobressaindo o artesanal, cujo produtor (e sua família) domina o processo de trabalho até o produto final;

j) fraco poder político, que em geral reside com os grupos de poder dos centros urbanos;

k) auto-identificação ou identificação pelos outros de se pertencer a uma cultura distinta das outras.

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Diegues coloca, ainda, que um dos critérios de maior importância para definir cultura ou

população tradicional, além do “modo de vida”, é o “reconhecer-se como pertencente àquele

grupo social particular”.

Vale reiterar que qualquer grupo social Vale reiterar que qualquer grupo social particular tem por base um espaço particular tem por base um espaço

territorial, do qual é nativo ou não. A territorial, do qual é nativo ou não. A natividade torna-se um elemento a mais na natividade torna-se um elemento a mais na

conceituação de população tradicional.conceituação de população tradicional.

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SEGUNDO E TERCEIRO MOMENTO