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FACULDADE CENECISTA DE OSÓRIO - FACOS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS - BACHARELADO Alan Elison de Fraga AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PELAS AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES DO MUNICÍPIO DE CARAÁ PARA A FORMALIZAÇÃO OSÓRIO 2011

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FACULDADE CENECISTA DE OSÓRIO - FACOS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS - BACHARELADO

Alan Elison de Fraga

AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PELAS AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES

DO MUNICÍPIO DE CARAÁ PARA A FORMALIZAÇÃO

OSÓRIO

2011

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ALAN ELISON DE FRAGA

AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PELAS AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES

DO MUNICÍPIO DE CARAÁ PARA A FORMALIZAÇÃO

Monografia apresentada à disciplina de Estágio

Supervisionado II do Curso de Administração da

FACOS, como requisito parcial para a obtenção do

título de Bacharel em Administração.

Orientador: Rejane Kieling

OSÓRIO

2011

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Dedico este trabalho em especial a meus

pais e minha namorada. Nos momentos

em que pensei em desistir do curso, não

o fiz por pensar neles.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela vida e a família que me deu e por ter iluminado meus

caminhos, dando-me apoio e coragem durante essa caminhada.

Aos meus pais, Orquiz e Leci, pelo amor, pelo carinho e por sempre confiarem em

minha capacidade, dando-me todo o apoio que alguém necessita para seguir em frente na sua

vida.

À minha namorada Renata, pelo amor, pela parceria e pelas palavras de afago nos

momentos em que mais precisei; pela paciência e compreensão nos momentos em que não

pude dar-lhe a atenção devida durante esse caminho.

À minha família, em especial aos irmãos, cunhados, sobrinhas, afilhadas e padrinhos,

por participarem de maneira muito intensa durante essa jornada, transmitindo-me paz,

tranquilidade e muita alegria em minha vida.

A todos os amigos e colegas que estiveram presentes, sempre participando das minhas

e nossas conquistas pessoais e profissionais.

Aos professores que, durante todo o curso, nos ensinaram, apoiaram e, acima de tudo,

participaram de nossas vidas e nosso aprendizado. Em especial à minha orientadora,

professora Rejane, por ter acreditado em meu potencial e aceitado o desafio de ajudar-me

nesse último semestre, transmitindo tranquilidade e conhecimento.

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“Se você quiser alguém em quem confiar,

confie em si mesmo. Quem acredita

sempre alcança.”

Renato Russo

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RESUMO

O presente estudo tem o objetivo de identificar quais os problemas encontrados hoje

pelos agricultores do município de Caraá para formalizarem suas agroindústrias familiares,

tendo em vista que o município tem como base de sua economia a agricultura e vive uma dura

realidade financeira, precisando cada vez mais de fontes de renda e emprego. A

fundamentação teórica procurou identificar os problemas causados pela insuficiência de renda

numa economia, uma vez que o município investigado é classificado como o de menor renda

per capita do Rio Grande do Sul. Dentro dessa linha, buscaram-se autores que analisam a

relevância da agricultura familiar com seus efeitos multiplicadores sobre as demais variáveis

que formam a renda agregada e como agente participativo do agronegócio. A pesquisa foi

realizada em duas etapas. Na primeira, foram entrevistados três agricultores que pretendem

regularizar seu negócio, e na segunda, a entrevista ocorreu com órgãos e associações

responsáveis pelo apoio e pela licença de tais atividades no município. Para isso, foi usado o

método qualitativo-exploratório, no qual as entrevistas ocorreram de maneira semiestruturada,

realizadas com instrumentos de gravação de áudio e registro fotográfico. Através dessa

pesquisa foi realizada uma análise com os dados coletados, onde se observou que o município

precisa de uma grande evolução para que possa mudar sua situação atual no que diz respeito

às agroindústrias familiares. Por fim, concluiu-se que se trata de uma falha coletiva e que a

falta de parcerias, tanto por parte dos agricultores como por parte do poder público, parece ser

o principal problema em Caraá.

Palavras chave: Agroindústria familiar, formalização, agricultor, poder público.

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ABSTRACT

The aim of this paper is identify which problems are faced by the farmers from Caraá

County to legalize before the government as a family agribusiness, considering that this

county‟s economy are agriculture based and passing by a tough financial reality, needing more

and more sources of income and employment. The theoretical foundation sought to identify

the problems caused by lack of income in an economy, since the investigated municipality is

classified as the lowest per capita income in Rio Grande do Sul Along this line, authors

sought to analyze the relevance of agriculture familiar with its multiplier effects on other

variables that form the aggregate income as an agent and participatory agribusiness. It was

made in two stages, on the first was interviewed three farmers interested in regularize their

business, and on the second stage, an interview with agencies and associations responsible to

support and give authorization to agribusiness in Caraá county. Was used a qualitative and

exploratory method, interviews occurred in a semi-structured way, using audio and pictures

recorded. Thru this research an analysis was conducted and the data collected shown that the

county needs a huge revolution to change the family agribusiness actual situation. Finally

concludes that this situation is a collective failure and that the lack of partnership between

farmers and government seems to be the Caraá‟s principal problem.

Keywords: Family agribusiness, legalization, farmer, government

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APRODECANA Associação dos Produtores de Cana-de-Açúcar e Seus Derivados

ART Anotação de Responsabilidade Técnica

BB Banco do Brasil

CISPOA Coordenadoria de Inspeção Industrial de Produtos de Origem

Animal

COPERCANASUL Cooperativa dos Produtores de Cana-de-Açúcar

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FEE/RS Fundação de Economia e estatística do Estado do Rio Grande do Sul

FIPE Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

NEAD Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural

PIB Produto Interno Bruto

PMC Prefeitura Municipal de Caraá

PMSAP Prefeitura Municipal de Santo Antônio da Patrulha

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SIF Serviço de Inspeção Federal

SIM Serviço de Inspeção Municipal

STRC Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caraá

STRSAP Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santo Antônio da Patrulha

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Distribuição de pobres por região e área............................................................. 24

Quadro 02 - Registro dos Produtos Agroindustriais ............................................................... 29

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Fotografia 01 - Engenho do Agricultor A ............................................................................... 37

Fotografia 02 - Caldeira e coxo do Agricultor B .................................................................... 39

Fotografia 03: Local de armazenamento de vinho do Agricultor C ........................................ 40

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12

1.1 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE ........................................................................... 13

1.2 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA ........................................................................................ 15

1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 16

1.4 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 17

1.4.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 17

1.4.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 17

2 REVISÃO TEÓRICA ......................................................................................................... 18

2.1 A AGROINDUSTRIA FAMILIAR ................................................................................... 18

2.1.1 Produtos Agroindustriais ............................................................................................. 19

2.2 MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA ....................................................................... 20

2.2.1 A importância da pequena propriedade rural para a economia brasileira ............. 21

2.3 A POBREZA NO BRASIL ................................................................................................ 23

2.4 EFEITO MULTIPLICADOR DO INVESTIMENTO PÚBLICO NA ECONOMIA

COMO UM TODO ................................................................................................................... 25

2.5 LEGISLAÇÕES ................................................................................................................. 27

3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 31

3.1 MÉTODO QUALITATIVO-EXPLORATÓRIO ............................................................... 31

3.1.1 Coleta de dados da primeira etapa .............................................................................. 31

3.1.1.1 Entrevistas .................................................................................................................... 32

3.1.2 Coleta de dados da segunda etapa ............................................................................... 33

3.1.2.1 Entrevistas ................................................................................................................... 34

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................................ 36

4.1 RESULTADOS DA PRIMEIRA ETAPA ......................................................................... 36

4.1.1 Análise dos resultados da primeira etapa ................................................................... 41

4.2 RESULTADOS DA SEGUNDA ETAPA ......................................................................... 41

4.2.1 Análise dos resultados da segunda etapa ..................................................................... 44

4.3 ANÁLISE GERAL DOS RESULTADOS ......................................................................... 45

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 47

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 48

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APÊNDICE A: LEGISLAÇÕES RELACIONADAS ÀS AGROINDÚSTRIAS

FAMILIARES ......................................................................................................................... 52

APÊNDICE B: PESQUISA EXPLORATÓRIA – PRIMEIRA ETAPA .......................... 66

APÊNDICE C: PESQUISA EXPLORATÓRIA – SEGUNDA ETAPA ........................... 67

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1 INTRODUÇÃO

Com a busca da sociedade por alimentos cada vez mais naturais e o Brasil sendo

considerado uma potência no ramo de agronegócios, a agropecuária nacional vem crescendo e

tomando cada vez mais espaço no mercado, colocando o país num contexto em que pode vir a

ser considerado num futuro próximo o celeiro do mundo. Segundo Rodrigues (2006), o país

possui 22% das terras agricultáveis do mundo, além de elevada tecnologia utilizada no campo,

dados esses que fazem do agronegócio brasileiro um setor moderno, eficiente e competitivo

no cenário internacional. A agricultura familiar sempre esteve presente de forma notável na

estrutura agrária brasileira, principalmente no Sul do país, e nos últimos anos não tem sido

diferente. Esses pequenos produtores são responsáveis pela maior parte da produção de

insumos essenciais para a nossa economia, como o feijão, o fumo e a mandioca.

Com a necessidade de uma diversificação nos produtos a serem consumidos e o difícil

acesso a tecnologias modernas, começou a ser produzido de maneira artesanal o

beneficiamento dos insumos primários, trazendo novas opções gastronômicas à agricultura

familiar, além de um maior aproveitamento dos produtos e maior durabilidade dos mesmos.

Caraá é o município de menor renda per capita do Estado do Rio Grande do Sul

(FEE/RS, 2008); a base de sua economia é agrícola e a maior parte de sua população vive da

agricultura familiar. Há um grande número de agentes de transformação de matéria-prima no

município, porém de forma artesanal e sem as devidas licenças que as Leis exigem.

Nesse contexto, este estudo busca identificar quais as dificuldades desses agricultores

para inserir-se no ramo de agroindústria de forma legal; como está o acesso às informações e

para quais órgãos públicos o mesmo deve recorrer para entrar nesse mercado, legalizando sua

atividade. Afinal, a atual situação não permite a expansão desses negócios dos pequenos

agricultores, o que acaba deixando de gerar mais fontes de renda para o produtor e

oportunidades de desenvolvimento para o município.

Para alcançar tal objetivo, foi desenvolvida uma pesquisa qualitativo-exploratória,

dividida em duas etapas, sendo que, na primeira etapa, entrevistaram-se os agricultores que

fazem esse beneficiamento de commodities e têm o interesse na legalização de seu negócio; e

na segunda etapa, entrevistaram-se os órgãos e associações diretamente responsáveis pela

licença e apoio à agricultura familiar.

O presente estudo encontra-se dividido em cinco capítulos, sendo que o primeiro tem

por objetivo descrever o ambiente, o problema que o mesmo está enfrentando e os objetivos

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desta pesquisa. No capítulo dois há o embasamento teórico e literário necessário à elaboração

do presente estudo. Já no terceiro capítulo encontra-se a descrição da metodologia utilizada

para coleta dos dados. O capítulo quatro, por sua vez, apresenta os resultados obtidos na

coleta de dados. E o quinto capítulo traz as considerações finais quanto ao estudo.

1.1 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE

A descrição sobre o município de Caraá foi retirada do site do município.

O Município de Caraá originou-se de Santo Antônio da Patrulha, sendo emancipado e

decretado criado em 28 de dezembro de 1995, através da Lei Estadual nº 10.641. O Município

foi instalado no dia 1º de janeiro de 1997. Com uma extensão de 292,5 km² de área, fica

situado na Região Litoral Norte do Estado do Rio Grande do Sul, entre a serra, a metrópole e

o mar, limitando-se, ao norte, com o Município de Maquiné; ao sul, Santo Antônio da

Patrulha; a leste, com Osório; e a oeste, com Riozinho.

Os primeiros habitantes de Caraá foram os indígenas, que deram o nome à localidade

devido à farta existência de um produto que servia de matéria-prima para seus artesanatos.

Esse produto era uma planta denominada Caraá (taquara fina utilizada para ornamentação).

Bem mais tarde chegaram os luso-açorianos, iniciando um povoamento esparso,

principalmente nas trilhas de tropeiros que desciam a serra em busca das terras baixas do

litoral para dirigirem-se a São Paulo. Sua colonização começou com a chegada dos imigrantes

e com os incentivos do Governo Federal, transformando-se o lugar na chamada Vila Nova,

em 1898, que levou mais progresso para o hoje município de Caraá, através dos muitos

imigrantes, principalmente italianos, que nele estabeleceram-se.

Município eminentemente agrícola, tem como produção primária a cana-de-açúcar,

típica da região, e a consequente fabricação artesanal do açúcar mascavo e da cachaça; os

produtos hortigranjeiros, especialmente o repolho, a beterraba, o tomate, entre outros; as

lavouras de médio porte de feijão, milho, fumo, arroz, aipim, batata doce; e as pequenas

lavouras de subsistência, como convém a uma região tipicamente de minifúndio, somada ao

bom parque de produção de suínos e gado bovino, completam a base econômica do

Município.

A composição étnica da população caraense é formada por uma mescla de várias

raças, como alemães, portugueses, poloneses e grande maioria italiana. O município apresenta

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um relevo acidentado, com alguns vales, especialmente nas margens do Rio dos Sinos e Rio

Caraá (principais rios), muito férteis. Toda área do Município está inclusa na Bacia do Rio

Jacuí, sendo que neste território está localizada a nascente do Rio dos Sinos.

A cobertura florestal original do município estima-se que seria em torno de 70% da

área total. Atualmente, estima-se em torno de 14%, correspondente a uma área de

aproximadamente 4.313ha. Considera-se como cobertura florestal a floresta nativa secundária

(constituída inicialmente de espécies pioneiras, como vassoura, e posteriormente, com o

aparecimento de espécies nobres) e a floresta nativa primária (localizada nos topos dos morros

e encostas declivosas). Existe um Decreto Municipal que mapeia 9.000ha de preservação

ambiental na Nascente do Rio dos Sinos, que se estende até a localidade de Sertão do Rio dos

Sinos e a divisa com o Município de Riozinho.

O município é agraciado com a nascente do Rio dos Sinos, com fortes quedas d‟água,

rodeadas de mata ciliar. Existem, também, várias cascatas no decorrer do território caraense,

assim como rios propícios para banho e exploração sustentável.

No território rural caraense, predominam as práticas agrícolas e a noção de ruralidade,

ou seja, as características mais gerais do meio rural: a produção territorializada de qualidade,

a paisagem, a biodiversidade, a cultura e certo modo de vida, identificadas pela atividade

agrícola, a lógica familiar e a cultura comunitária. A região é interiorana e modesta, mas

apresenta características fundamentais para uma boa receptividade ao segmento turístico. A

população caraense é acolhedora, solidária e cultivadora dos costumes e culturas de suas

raças, contemplando com autenticidade os fatores culturais, por meio de resgate das

manifestações e práticas regionais, como o folclore, os trabalhos manuais, os “causos”, a

religião e a gastronomia, e principalmente, primando pela conservação do ambiente rural.

O município de Caraá – por seu relevo e pela diversidade cultural; oferta de produtos

caseiros; plantio de produtos sem agrotóxicos; propriedades abertas para visitação ao público

– conta com características agrícolas que conferem ao mesmo um potencial importante

voltado para o Turismo Rural. Por suas belas paisagens – relevos, morros, rios, cascatas,

principalmente pela nascente do Rio dos Sinos, com quedas d‟água de mais de 120m,

localizada em área de preservação ambiental; propriedades ecológicas; camping com quadras

esportivas; rios para banhos; rodas d‟água; pontes pênsil; reserva indígena; pousada à beira do

Rio dos Sinos, com locais para descanso, salão de jogos, comida caseira e sistema calefação;

campos esportivos – o Município apresenta potencial para o Turismo de Aventura e

Ecológico, tipificado pela utilização dos patrimônios natural e cultural dentro de um princípio

de preservação ambiental e de respeito ao ecossistema, sem comprometer sua potencialidade e

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sustentabilidade econômica. O município também reflete potencial voltado para o Turismo

Religioso, uma vez que, anualmente, ocorre a Romaria em Louvor a Nossa Senhora das

Lágrimas, Santuário com réplica da pintura da Madonna Delle Lacrime, da Itália, considerada

a nível estadual, onde acontece a peregrinação, com a realização de itinerários e percursos de

cunho religioso.

1.2 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA

As perspectivas para o agronegócio brasileiro hoje são promissoras. O país é visto

como principal candidato ao posto de grande fornecedor alimentício global. Neto (2007, apud

SEIBEL, 2007) afirma que, até 2015, a participação nacional no mercado internacional de

soja deve crescer dos atuais 36% para 46%. No caso do frango, o salto será de 58% para 66%.

Nas áreas em que o país ainda tem uma fatia pequena do comércio mundial as evoluções

devem ser muito maiores. Na suinocultura, por exemplo, de acordo com previsões dos

especialistas da área, o Brasil deve quadruplicar sua participação, conquistando metade do

mercado internacional.

A agricultura é extremamente importante para um país como o Brasil, que tem sua

origem de formação e desenvolvimento baseada nessa atividade. Para a região Sul, também

mostra-se de grande importância essa atividade de cunho familiar, pois esta região, além de

ter a origem de sua economia no ramo agrícola, possui alguns fatores que influenciaram e

incentivaram a prática de uma agricultura familiar em pequenas propriedades, como a questão

cultural das imigrações, o tipo de solo e a densidade populacional.

As famílias que atuam nesse segmento produtivo sempre enfrentaram muitas

dificuldades para permanecer na atividade, em razão da carência de políticas públicas

adequadas e aplicadas de forma sustentável, aliada às questões relacionadas diversas vezes

com a própria estrutura e organização dos agricultores familiares. A pequena agroindústria

familiar é uma forma de agregação de valor à produção agrícola, possibilitando aumentar suas

fontes de renda e diferenciação produtiva, permitindo acesso a mercados mais exigentes e

emancipação dos núcleo familiares envolvidos.

De acordo com Wesz Junior, Trentin & Filippi (2006), a agroindústria familiar rural é

uma das tentativas de revitalização da agricultura familiar, tratando de que a atividade rural

apropria-se de uma diversidade de valores e funções, sendo as agroindústrias familiares de

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grande importância para a viabilidade da agricultura familiar, bem como para seu crescimento

e desenvolvimento sustentável.

Nesse contexto encontra-se o município de Caraá, apontado como o município mais

pobre do Estado do Rio Grande do Sul pela Fundação de Estatística e Economia do Estado do

RS em 2008, cuja economia é alicerçada no setor agrícola. Nele encontra-se um grande

número de agroindústrias familiares, mas que possuem enormes dificuldades de se

formalizarem, deixando de inserir-se no mercado e de ser uma fonte de renda para o

município.

Isso faz com que se deixe de gerar novos empregos no município, e assim acaba

tornando-se cada vez mais comum que seus jovens deixem a agricultura, procurando

empregos nas fábricas de calçado do município ou saindo em busca de empregos nas cidades

vizinhas. E esse beneficiamento de commodities, que passava de geração para geração, torna-

se cada dia mais ameaçado.

Além do fator emprego, com a informalidade nas agroindústrias familiares, o

município deixa de arrecadar impostos e de tornar-se mais atrativo para eventuais interesses

de investidores e empreendedores inseridos no ramo de agronegócios, perdendo a

oportunidade de mudar sua realidade econômica.

Diante desses fatores, esse estudo buscará responder a seguinte questão: Quais são as

barreiras encontradas para a inserção das agroindústrias familiares do município de Caraá no

mercado formal?

1.3 JUSTIFICATIVA

O agronegócio brasileiro vive um momento de plena evolução, segundo Borges

(2007), o agronegócio brasileiro hoje é uma atividade próspera, segura e rentável, e o cenário

atual aponta que o Brasil será o maior país agrícola do mundo até o ano de 2017.

Essa expansão do agronegócio brasileiro acaba tornando-se uma excelente

oportunidade para o crescimento de municípios agrícolas como o município de Caraá, que

atravessa uma série de dificuldades econômicas para sustentar-se. Uma das explicações para

essa realidade é o fato do município possuir um grande número de agroindústrias familiares,

mas nenhuma formalizada.

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Diante dessa situação, o estudo busca identificar por que as agroindústrias familiares

caraenses têm dificuldade de se legalizar podendo inserir-se no mercado; quais as principais

barreiras encontradas pelos agricultores e pelo poder público do município para que se mude

essa situação.

Quanto à formação do acadêmico em Administração, esse estudo proporciona uma

oportunidade de ampliar seus conhecimentos, agregando as teorias estudadas com a realidade

prática de sua região.

Ao final do estudo, o acadêmico pretende ter o diagnóstico do fato pesquisado e,

assim, passar um relatório da situação para os órgãos e associações responsáveis de Caraá,

para que os mesmos possam tomar alguma atitude que melhore a realidade do município.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo geral

Identificar quais as barreiras encontradas pelos agricultores de Caraá para a

formalização das agroindústrias familiares do município.

1.4.2 Objetivos específicos

- Realizar um levantamento dos problemas apontados pelos agricultores para a

legalização de suas agroindústrias;

- Realizar um levantamento das justificativas apontadas pelos órgãos públicos da não-

regularização das agroindústrias familiares no município;

- Analisar os motivos declarados pelos dois lados como problemas que impedem a

formalização das agroindústrias;

- Diagnosticar os reais problemas da atual realidade no município com relação à

legalização das agroindústrias locais.

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2 REVISÃO TEÓRICA

O presente capítulo aborda os principais conceitos e definições de autores que

embasam o estudo, sendo essas citações subsídio para a melhor compreensão do estudo e para

a análise e interpretação dos dados, a ser procedida após a aplicação dos instrumentos de

pesquisa.

2.1 A AGROINDUSTRIA FAMILIAR

As primeiras caracterizações da agroindústria na teoria foram elaboradas por Marx

(1987), Kautsky (1980) e Lênin (1992), quando os mesmos definiram a agroindústria rural

como sendo todas as atividades de manufaturas realizadas nas unidades de produção

camponesa e que depois, com o aumento da divisão social do trabalho, passaram a ser

desenvolvidas na cidade.

De acordo com Requier-Desjardins (1999), o tema da agroindústria rural ressurgiu

somente nos anos oitenta na literatura da economia camponesa, onde, no princípio, concebeu-

se a agroindústria familiar como um meio para reforçar o controle do agricultor latino-

americano sobre a criação de valor agregado na cadeia de produção: supunha-se que,

processando ao menos parte do produto bruto, se teria a oportunidade de reter uma

porcentagem mais elevada de valor agregado, o que permitiria aumentar o nível de ingresso.

Nesse mesmo contexto, Mior (2005) considera a agroindústria familiar rural como

sendo uma forma de organização em que a família rural produz, processa e/ou transforma

parte de sua produção agrícola e/ou pecuária, visando, sobretudo, a produção de valor de troca

que se realiza na comercialização.

Em uma visão mais analítica, Schneider (2005) afirma que a agroindústria familiar é

como uma forma de pluriatividade para-agrícola, que na verdade resulta de um conjunto de

operações, tarefas e procedimentos que implicam na transformação, beneficiamento e/ou

processamento de produção agrícola (in natura ou de derivados) obtida dentro de um

estabelecimento ou adquirida em parte ou na totalidade de fora, onde o destino é a

comercialização.

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O conceito para agroindústrias familiares na literatura brasileira ainda é recente e

pouco explorado. Segundo Wesz Junior, Trentin & Filippi (2006), torna-se arriscada a

constituição de um conceito único e a viabilização de um modelo pré-definido, mas já é

visível que entre todos os conceitos citados existem várias afinidades. Desse modo, a

agroindústria familiar varia conforme as características dos contextos territoriais e temporais

em que estiver inserida, mostrando-se heterogênea e diversificada, tanto na escala de

produção como na estrutura produtiva.

2.1.1 Produtos Agroindustriais

Para Azevedo (2001), há uma grande diversidade no ramo de produtos agroindustriais;

a maioria consiste em produtos alimentares, mas há também aqueles que atendem outros

anseios dos consumidores, como tecidos e borracha. O mesmo autor cita que, enquanto alguns

produtos são perecíveis, como os produtos derivados do leite, outros podem ser estocados por

mais tempo, como o café, e há ainda aqueles que necessitam de um processamento mais

complexo, como o papel, enquanto outros commodities precisam apenas de um

acondicionamento adequado, como frutas in natura.

Segundo Ruiz et al. (2007), os produtos das agroindústrias familiares atendem

consumidores de variados níveis sociais, em mercados locais ou regionais. A transformação

desses produtos ocorre de forma artesanal e informal, geralmente em pequenas instalações, e

em sua grande maioria tratam-se de produtos que passam por um processo de beneficiamento

simples, com baixo conteúdo tecnológico, mas que apresentam um potencial de agregação de

valor bastante significativo.

No ambiente institucional dos mercados, alguns produtos têm maiores demandas que

outros, mas os mercados que são abertos por um determinado produto acabam facilitando a

entrada dos outros posteriormente. Os produtos das unidades agroindustriais individuais são

comercializados principalmente no município, pois isso facilita a comunicação entre produtor

e consumidor, fazendo com que o produtor tenha acesso às demandas de paladar, preço,

formas de apresentação e qualidade do produto. São os chamados mercados de proximidade

(ABRAMOVAY, 2004; KIYOTA, 1999; GAZOLLA, 2009).

Porém, de acordo com Wilkinson (2003), está cada vez mais presente a imposição de

qualidades privadas definidas pelos supermercados, abrangendo objetivos inteiramente novos

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neste setor, tais como a homogeneidade, a aparência dos produtos e as condições de

embalagem.

2.2 MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA

O processo de modernização da agricultura iniciou ao longo dos séculos XVIII e XIX,

em várias extensões da Europa, influenciado por fortes mudanças econômicas, sociais e

tecnológicas. Pode-se dizer que foram essas mudanças que proporcionaram a chamada

“Revolução Agrícola”, cujo movimento foi essencial para a eliminação do feudalismo e

surgimento do capitalismo (VEIGA, 2000).

Segundo Soto (2002), o processo de modernização no Brasil iniciou-se na década de

50, com as importações de máquinas e equipamentos mais avançados para a produção

agrícola. Com objetivo de aumentar a produção do país e substituir suas importações, já na

década de 60 incorporou-se no país um setor industrial. Nessa mesma década iniciaram-se

diversos debates entre estudiosos para tentar compreender e explicar as transformações

ocorridas na agricultura a partir da implantação de tecnologia e seus efeitos no processo

produtivo da pequena produção familiar, estimulada pela modernização e expansão do

capitalismo no campo.

Porém, Silva (2000) afirma que muito antes dessa data, mais precisamente em 1850, o

processo de transformação da agricultura brasileira despontou. Segundo o autor, esse fato

ocorreu após a Lei de Eusébio de Queirós (Lei que tinha como objetivo eliminar o comércio

de escravos) e a Lei de Terras (que tinha como objetivo limitar o costume e restringir a

ocupação daqueles que se apossavam de bens públicos).

De acordo com Delgado (1985), a modernização concentrou-se nos estados do Centro-

Sul brasileiro (Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio

Grande do Sul), caracterizando um movimento de concentração da produção e centralização

dos recursos. Assim, várias regiões brasileiras ficaram alheias a esse processo, desencadeando

um caráter excludente, através da concentração e centralização dos recursos.

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Com a integração indústria e agricultura no período de 1960-80, deparamo-nos com

empresas e grupos econômicos que influenciam poderosamente a dinâmica das

atividades agrárias, com profundas repercussões em suas estruturas. Mas na própria

agricultura surgem empresas e grupos econômicos, que com suas congêneres

industriais, fazem parte do poder econômico com interesses nas atividades agrárias.

(MÜLLER, 1989, P. 34)

Para Ploeg (2009), nos últimos anos a agricultura familiar brasileira vem ganhando

espaço em diversas linhas de pesquisa. As abordagens sobre a classe, apresentam-se

organizadas de forma coerente, combinando uma base teórica sólida, um enfoque amplo e

metodologicamente bem-estruturado e um forte envolvimento em processos de

transformação.

2.2.1 A importância da pequena propriedade rural para a economia brasileira

Tradicionalmente o setor agropecuário familiar é mais lembrado por sua importância

na absorção de emprego e, consequente redução do êxodo rural, e na produção de alimentos

para subsistência dos grupos envolvidos, o que lhes fornece um foco mais social do que

propriamente econômico. A pequena propriedade rural, contudo, passa a assumir nos últimos

anos um papel cada vez mais importante para o agronegócio.

As décadas de 60 e 70 marcam um período de profunda transformação no campo, com

políticas de incentivo do governo federal, à época sob o comando dos militares, a economia

brasileira assistiu a modernização da agricultura, vista a partir de então como uma preciosa

fonte geradora de divisas para o país, estas cada vez mais escassas devido às mudanças no

cenário internacional.

Neste processo de modernização as commodities, principalmente soja, são escolhidas

por poderem ser produzidas em grande escala e possuírem alta aceitação no mercado externo.

Com a introdução de máquinas e utilização de aditivos químicos, os produtores puderam

produzir mais produtos com menor uso do fator mão-de-obra. A pequena propriedade rural

não fez parte deste processo, uma vez que não produzia a escala necessária ao momento da

explosão das commodities.

Atualmente, as economias passam por um novo desafio. O acúmulo de resíduos

tóxicos presentes nos alimentos começam a despertar o anseio do consumidor moderno por

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produtos realmente saudáveis. Nesse sentido é o pequeno produtor rural que pode responder a

esta necessidade de demanda.

Em estudo realizado pelo NEAD-FIPE titulada como: “A importância do agronegócio

familiar no Brasil” é possível mensurar a importância do setor familiar, através da

quantificação do Produto Interno Bruto (PIB), não apenas de sua produção agropecuária, mas

de todo o complexo de indústrias, comércio e serviços existentes a montante e a jusante das

pequenas propriedades e posses familiares – o que se denominou agronegócio familiar. Este

termo foi utilizado porque a importância de uma atividade não se concentra apenas nela, mas

também no que depende dela.

As estimativas do PIB relativo ao agronegócio familiar e patronal (denominação da

produção que não é de origem familiar) foram calculadas pelos pesquisadores do estudo

utilizando-se dados provenientes de fontes estatísticas oficiais e métodos de análise

econômica fundamentados na teoria de insumo-produto.

Os resultados mostram que o segmento familiar da agricultura brasileira, ainda que

muito heterogêneo, responde por expressiva parcela da produção agropecuária e do produto

gerado pelo agronegócio brasileiro, devido ao seu inter-relacionamento com importantes

segmentos da economia.

Ao longo do período de análise, entre 1995 a 2005, o segmento familiar do

agronegócio brasileiro respondeu por cerca de 10% do PIB brasileiro, parcela bastante

expressiva, considerando que a participação do agronegócio situa-se ao redor de 30% do PIB

da economia brasileira. Enquanto o PIB do Brasil teve um crescimento acumulado de quase

24% atingindo ao redor de 1,9 trilhões de reais, em 2005, porém a evolução do agronegócio

familiar foi inferior, com um aumento de pouco mais de 15%. Produtos como frutas e

hortaliças são importantes para a agricultura familiar e exigem menor grau de processamento

até chegar ao consumo final, ao mesmo tempo produtos como a soja, cana de açúcar e

algodão constituem a matéria-prima de produtos totalmente industrializados. Por isso, no

agronegócio patronal, grande parte do PIB é atribuída à indústria de processamento (35%),

enquanto que no familiar a participação é de 24%. No sistema familiar, a própria produção do

campo e a distribuição de seus produtos exercem maior participação. Comparando a

agricultura com a pecuária, vale destacar que nos dois tipos de agronegócio (familiar e

patronal) o PIB associado à agricultura é maior, mas no caso do familiar, o setor pecuário é

mais participativo, devido à forte presença da avicultura, suinocultura e bovinocultura leiteira.

As características inerentes a cada sistema produtivo em cada região do país definem a

especialização da produção. Alguns tipos de plantações e criações dependem de técnicas

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melhor adaptadas ao perfil familiar, como os produtos que demandam por maior quantidade

de mão-de-obra, enquanto que outros são desenvolvidos com mais vantagens em grandes

propriedades, por exemplo, quando o uso da mecanização é mais vantajoso. Além disso, as

regiões do Brasil diferem em características físicas (clima, relevo, tipo de solo) e sociais

(época e forma de colonização) que implicam na heterogeneidade da distribuição de terras e

organização social.

Em termos do PIB relacionado a cada cultivo e criação, alguns produtos são

estritamente ligados ao sistema familiar. A produção nacional de fumo, mandioca e feijão

dependem basicamente das propriedades familiares. Da mesma forma as criações animais,

excetuando-se a bovinocultura de corte, dependem em muito das propriedades consideradas

familiares.

Consequentemente, o PIB das cadeias industriais da avicultura, suinocultura, dos

lácteos, do fumo e do processamento de alguns produtos vegetais tornam-se ligados ao

agronegócio familiar. No caso da indústria do segmento patronal, sobressaem-se: a produção

de madeira e celulose, a agroindústria sucroalcooleira, a cadeia têxtil, a bovinocultura para o

abate e produção de couro, a indústria de óleos vegetais e o beneficiamento de café.

O presente tópico foi desenvolvido com base nos artigos de Nycha e Soares (2005) e

Guilhoto (2007).

2.3 A POBREZA NO BRASIL

Segundo Arbache (2003), a investigação sobre a pobreza no Brasil é ineficiente pois

acaba se concentrando em questões como suas causas, conceitos e linha de pobreza, perfil do

pobre entre outros assuntos ao invés de se pesquisar questões associadas à sua natureza como

os funcionamentos do mercado onde os pobres estão inseridos.

O mesmo autor ainda afirma que as melhores ações para se combater a pobreza no

Brasil seriam novas políticas sociais onde se procura criar oportunidades qu permitam a saída

da condição da pobreza de forma sustentável agindo não só no âmbito do indivíduo, mas,

também no contexto em que o mesmo vive.

Carneiro (2003) foca em um perfil detalhado dos pobres urbanos e rurais no Brasil, em

sua pesquisa, foi elaborou-se uma mapa da pobreza no país onde ficou definido que são

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consideradas áreas de extrema pobreza aquelas que a renda per capita é inferior a R$ 160,00

por mês. Definindo um mapa da pobreza no país conforme quadro 01:

Parcela de pobreza

total

Nordeste Centro-

Oeste

Norte Sudeste Sul Total

Centro da Região

Metropolitana

3,6% 0,2% 0,4% 1,3% 0,3% 5,8%

Periferia da Região

Metropolitana

2,4% 0,0% 0,1% 2,4% 0,5% 5,4%

Grandes Cidades 4,8% 0,7% 1,1% 1,3% 0,6% 8,5%

Cidades Médias 6,6% 0,7% 1,7% 1,9% 1,3% 12,2%

Cidades Pequenas 12,5% 1,2% 2,4% 3,1% 1,2% 20,5%

Área Rural 32,7% 2,1% 0,7% 7,7% 4,3% 47,5%

Total 62,7% 5% 6,4% 17,7% 8,1% 100%

Áreas de extrema pobreza em negrito

Quadro 01 - Distribuição de pobres por região e área

Fonte: (Carneiro, 2003, p. 121)

A maioria de pobres não trabalha no mercado de trabalho formal. Grande parte dos

pobres trabalha no setor informal (22% são empregados informais e 37% são

autônomos) ou é inativa (15%). Somente 15% dos pobres estão trabalhando no setor

formal (privado ou público); somente 5 % estão desempregados. Isto significa que

as políticas sociais ligadas ao emprego ou desemprego formal têm alcance muito

limitado entre os pobres. (CARNEIRO, 2003, P122)

De acordo com Parente (2003), o Brasil possui um sofisticado sistema financeiro, com

uma gama diversificada de produtos e serviços. Porém, a maioria da população de baixa renda

não possui fácil acesso a esse sistema financeiro.

Ainda segundo essa autora, a população considerada pobre tem enorme preferência

por mecanismos de crediário, em que a dívida é parcelada na compra de um bem ou serviço,

em comparação à procura por empréstimos financeiros.

Para Abramovay, Saes, Souza, Magalhães (2003), dentre as políticas e intervenções

voltadas à melhoria da inserção dos pobres nos mercados, as mais significativas no Brasil

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contemporâneo são aquelas que procuram dotar os pobres de ativos voltados à ampliação de

suas capacidades produtivas, atingindo os agricultores. Nesse contexto entra o PRONAF

(Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).

Os mesmos autores declaram que o PRONAF não foi concebido como programa de

crédito, mas de desenvolvimento. Assim, sua linha de atuação mais inovadora concentra-se na

transferência de recursos para municípios, visando melhorar a inserção daqueles que obtêm

crédito nos mercados.

2.4 EFEITO MULTIPLICADOR DO INVESTIMENTO PÚBLICO NA ECONOMIA

COMO UM TODO

Na obra de Schumpeter titulada “A Teoria do Desenvolvimento Econômico” lançada

pela primeira vez em 1911 o autor desenvolve sua doutrina desenvolvimentista contrapondo-

se a teoria tradicional, que está fundamentada no que o autor chama de fluxo circular da vida

econômica.

Do seu ponto de vista, a economia está sempre em estado estacionário. Dentro desse

fluxo circular as rendas e os insumos de produção são dados, de modo que pode haver

alterações apenas na composição da combinação dos insumos produtivos já existentes, bem

como redistribuições da renda dada, num processo contínuo ao longo do tempo.

Para defender seu argumento, Schumpeter explica que, dentro desse sistema, todos os

mercados se encontram trabalhando em equilíbrio, supõe-se que cada ofertante encontra sua

demanda e vice e versa, assim é possível afirmar que o sistema está fechado em si e se todas

as transações do mercado são atendidas, estão lançadas as bases econômicas para o próximo

período, iguais às anteriores, em outras palavras, um ciclo fechado e constante.

O fenômeno do desenvolvimento em Schumpeter advém de novas combinações de

insumos ou novas formas de fazer o mesmo produto, mas não às modificações contínuas e

lentas ao longo de um processo, o desenvolvimento econômico aqui se constitui quando da

realização dessas novas combinações de forma descontínua e desestabilizante, que levam ao

rompimento do fluxo circular. De tal modo que tais combinações inovadoras se configurariam

nos seguintes casos: i) Introdução de um novo bem; ii) Introdução de um novo método de

produção, baseado numa descoberta cientificamente nova; iii) Abertura de um novo mercado;

iv) Conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas e v) Estabelecimento de um

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novo modo de organização de qualquer indústria (criação ou fragmentação de uma posição de

monopólio, por exemplo).

Via de regra, essas combinações acontecem a partir de novas empresas, não que não

possa acontecer por parte das antigas, o que também é possível, mas, como o autor

exemplifica, não é o dono de diligências que constrói estradas de ferro. Além disso, a criação

de novos empreendimentos, para atender as novas demandas é recorrente.

A partir da visão schmpeteriana, percebe-se que o município do Caraá encontra-se

num ponto de equilíbrio abaixo do ótimo, e necessita, portanto, de ações que rompam este

fluxo circular, levando sua economia a um novo ponto de equilíbrio onde os agentes

econômicos locais possam auferir mais renda, o que provocaria um efeito multiplicador sob as

economias adjacentes.

Um dos fundamentos de economia para determinar a renda nacional é o efeito

multiplicador de despesas ou gastos, a partir do modelo Keynesiano. Segundo este modelo, se

uma economia estiver com recursos desempregados à variação em um ou mais elementos que

compõe a demanda agregada provoca um aumento da renda nacional mais que proporcional

em relação a esta variação.

Isto ocorre porque um investimento ocorrido em uma economia que opera abaixo de

seu potencial, provoca um efeito multiplicador sobre toda a economia, ou seja, o aumento da

renda de um setor significa que os empresários e assalariados deste setor gastarão sua renda

com bens e serviços de outros setores, e assim sucessivamente.

O PIB (Produto Interno Bruto) de uma economia é gerado a partir da soma de

variáveis da demanda agregada, representado por:

Y = C + I + G + (X - M)

De acordo com Keynes, C, é uma variável dependente do nível de renda, em outras

palavras, varia no mesmo sentido da variação da renda, o que faz com que possa ser

representada por: C = Ao + bY, onde:

Ao = consumo autônomo, que representa uma parcela do consumo de independe do

nível de Y.

b = propensão marginal a consumir, que indica o quanto de cada $1 de renda adicional

é despendido em gastos de consumo.

O efeito multiplicador da renda é representado por k= 1/1-b, onde k indica o número

de vezes que uma mudança nos gastos do governo, dos investimentos voluntários e do saldo

das transações correntes causam impacto no nível de renda da economia.

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Esses gastos dependerão das propensões marginais a consumir e a poupar. Supondo a

propensão a consumir igual a 0,8 e a propensão a poupar igual a 0,2, e um investimento de R$

100 milhões na construção civil. Os trabalhadores e capitalistas da construção civil gastarão

R$ 80 milhões com alimentos e vestuário, poupando 20 milhões. A produção de alimentos e

vestuário elevar-se-á em R$ 80 milhões, e será transformada em renda (salário, lucros) dos

trabalhadores e empresários dos setores de alimentos e vestuário. Com a propensão a

consumir agregada de 0,8, esses, por sua vez, gastarão R$ 64 milhões (80% de R$ 80

milhões) com, digamos, lazer. O setor de lazer receberá um incremento de renda de R$ 64

milhões, e o processo continuará. Evidentemente tende a se encerrar, pois a propensão a

poupar limita esse mecanismo: em cada etapa, vazam 20% da renda adicional. Ao final desse

processo haverá um acréscimo da renda e produtos nacional muito superior aos R$100

milhões gastos.

2.5 LEGISLAÇÕES

Este tópico foi desenvolvido com base nas informações do guia Agroindústria:

Caminhos da legalização, e dos sites das Secretarias e Ministérios responsáveis pelas licenças

para Agroindústrias Familiares no estado do Rio Grande do Sul.

A legislação e o sistema de fiscalização de alimentos no Brasil são formados por

diversos órgãos governamentais e envolvem as áreas da agricultura e pecuária, saúde e meio

ambiente, além de questões do Código de Defesa do Consumidor, dos Conselhos de Classe e

legislações de ordem Tributárias, Trabalhista, Previdenciárias e Cooperativista.

Conforme Prezotto (1999) dentro do ambiente institucional, as maiores restrições que

afetam as agroindústrias familiares são decorrentes da legislação sanitária e do serviço de

inspeção correspondente, uma vez que sua influencia é determinante para as possibilidades de

implantação, registro, produção e comercialização dos produtos. Além do fato de que a

legislação que normatiza a fiscalização sanitária de produtos de origem animal e vegetal

destinados à alimentação humana no país, nas esferas federais, estaduais e municipais, possui

bases conceituais distintas que acaba gerando ações sanitárias diferentes e, por vezes,

conflitantes.

Nas legislações de ordem sanitária, destaca-se a Lei Federal 1.283/50, que institui a

inspeção sanitária de produtos de origem animal no Brasil e a Lei Federal 7.889/89, que

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autoriza as Secretarias ou Departamentos de Agricultura dos Municípios a realizar essa

inspeção sanitária.

Outro aspecto relevante na atual legislação sanitária vigente refere-se à restrição dos

locais de comercialização dos produtos inspecionados pelos Serviços de Inspeção Municipais,

conforme disposto na Lei 7889/89. Segundo a legislação, a comercialização desses produtos

não pode ser realizada fora do perímetro do município.

Outra questão preocupante para os agricultores familiares nos processos de

implantação de agroindústrias familiares, diz respeito à legislação previdenciária. Conforme

Barros (2003) o agricultor familiar é enquadrado como segurado especial na legislação

previdenciária, contribuindo com 2.2% sobre a receita bruta da produção comercializada. Ao

ser constituída uma agroindústria, seja sobre a forma de micro e pequenas empresas, seja

sobre a forma de associação ou cooperativa, assume-se outros deveres previdenciários,

acarretando perda da condição de segurado especial, o que implica que todos os membros de

uma família de agricultores passam a ser considerados empregados rurais, sendo equiparados

à autônomos para efeitos de legislação tributária.

No que se refere às certificações necessárias ao funcionamento das agroindústrias

familiares, estas incluem Alvará de Localização, Alvará Sanitário, ou documento equivalente

das Secretarias ou Ministério da Agricultura, Certificado de Registro de Produtos e Rótulos,

Licenciamento Ambiental e Anotação de Responsabilidade Técnica. O Alvará de

Localização, fornecido pelas Prefeituras Municipais, emite o parecer desse órgão da

conformidade do local de instalação da agroindústria com o código de zoneamento do

município. Já, o Alvará Sanitário é fornecido às agroindústrias que trabalham com produtos

de origem vegetal pelas Secretarias Estaduais da Saúde. No caso das agroindústrias que

produzem bebidas, essa certificação deve ser solicitada ao Ministério da Agricultura, Pecuária

e Abastecimento. Para as agroindústrias que trabalham com produtos de origem animal, o

Certificado de Registro de Inspeção Sanitária é fornecido pelo Serviço de Inspeção Municipal

(SIM), Coordenadoria de Inspeção Industrial de Produtos de Origem Animal (CISPOA) ou

pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF).

Dependendo do produto beneficiado ou transformado, a competência para registrar

essa agroindústria varia de órgão. No quadro 02 podemos ver quais órgãos são responsáveis

por cada atividade e pelo registro dos respectivos produtos:

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Produto Licença/Registro

Estabelecimento

Registro

Produto

Comercia-

lização

Bebidas alcoólicas, sucos,

refrigerantes e vinagres

Min. Agricultura Min. Agricultura Nacional

A

N

I

M

A

L

Carnes

e

derivados

Prefeitura Prefeitura - SIM Municipal

Sec. Agricultura Sec. Agric. -CISPOA Estadual

Min. Agricultura Min. Agric. - SIF Nacional

Leite

e

derivados

Prefeitura Prefeitura - SIM Municipal

Sec. Agricultura Sec. Agric. -CISPOA Estadual

Min. Agricultura Min. Agric. - SIF Nacional

Ovos

e

mel

Prefeitura Prefeitura - SIM Municipal

Sec. Agricultura Sec. Agric. -CISPOA Estadual

Min. Agricultura Min. Agric. - SIF Nacional

V

E

G

E

T

A

L

Doces e

conservas

Sec. Saúde Sec. Saúde Estadual

Min. Saúde Nacional

Balas, condimentos,

chás, essências...

Sec. Saúde Sec. Saúde Estadual

Min. Saúde Nacional

Pães, biscoitos,

massas...

Sec. Saúde Sec. Saúde Estadual

Min. Saúde Nacional

Vegetais

minimamente

processados

Sec. Saúde Sec. Saúde Estadual

Min. Saúde Nacional

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Embaladores de:

arroz, feijão, farinha

de mandioca...

Min. Agricultura Min. Agricultura Nacional

Palmito/ Erva-mate IBAMA, Sec.

Saúde

Min. Saúde Nacional

Quadro 02 - Registro dos Produtos Agroindustriais

Fonte: Agroindústria: Caminhos da legaização

O uso de rótulo em alimentos embalados é outra exigência do ambiente institucional

legal cujas informações variam conforme o produto. O registro desses produtos e de seus

rótulos é obrigatório para aqueles de origem animal, para as bebidas e para alguns produtos de

origem vegetal. Já, para produtos como o açúcar mascavo, melado, biscoitos, conservas de

vegetais (com exceção do palmito), doces e geléias, massas, panificados, entre outros, são

dispensados da obrigatoriedade de registro.

O licenciamento ambiental de indústrias alimentares e bebidas também compõe

exigências legais para o funcionamento desses estabelecimentos. No que se refere às

agroindústrias familiares, destaca-se a Resolução 385, de 27 de dezembro de 2006, do

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que estabelece procedimentos a serem

adotados para o licenciamento ambiental de agroindústrias de pequeno porte e de baixo

potencial de impacto ambiental. Essa legislação, entre outras questões, estabelece a área

construída máxima de até 250 m² para as agroindústrias e regulamenta a capacidade máxima

de abate para aqueles estabelecimentos que desenvolvem essa atividade.

Anotações Responsabilidade Técnica (ART) são exigidas para agroindústrias que

trabalham com produtos de origem animal e para agroindústrias de bebidas. A ART deve ser

exercida por médicos veterinários nas agroindústrias que trabalham com produtos de origem

animal, enquanto que para agroindústrias de bebidas, a legislação não determina qual o tipo

de profissional, sendo esta questão regulamentada pelos conselhos de classe.

Nesse capítulo foram descritas algumas considerações sobre legislações de ordem

sanitária, ambiental e previdenciária a que estão sujeitas as agroindústrias familiares. Tendo

em vista a amplitude de tais legislações que envolvem esses estabelecimentos, optou-se por

apresentar no Apêndice A, um compilado de legislações pertinentes às agroindústrias

familiares.

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3 METODOLOGIA

Segundo Roesch (2005), a metodologia pode ser definida como forma de conseguir as

respostas dos objetivos e o modo de coletar as informações necessárias. Essa metodologia é

considerada a parte mais importante do trabalho, pois auxilia o aluno a planejar como e

quando cada um dos passos será usado eficientemente, fundamentado com base na revisão de

literatura disponível sobre o tema em estudo.

3.1 MÉTODO QUALITATIVO-EXPLORATÓRIO

O presente estudo caracteriza-se por ter um método qualitativo-exploratório. De

acordo com Malhotra (2011), uma pesquisa qualitativa possibilita uma visão e compreensão

melhores do ambiente em estudo e potencializa as chances de localizarem-se aspectos antes

desconhecidos.

Já para Alyrio (2008), o método exploratório é caracterizado pela existência de poucos

dados disponíveis, em que se procura aprofundar e apurar ideias e a construção de hipóteses.

Esta pesquisa acadêmica foi realizada em duas etapas: a primeira aconteceu com

pequenos agricultores que pretendem formalizar suas agroindústrias, inserindo-se nos

agronegócios, enquanto na segunda etapa a pesquisa foi feita com órgãos públicos

responsáveis diretamente pela licença e apoio para tais agricultores

3.1.1 Coleta de dados da primeira etapa

Para conseguir marcar entrevistas com produtores que beneficiam produtos e têm

interesse de formalizar seu negócio, foi realizado contato com o Sindicato dos Trabalhadores

Rurais de Caraá (STRC), pois o órgão trabalha diretamente com os agricultores do município

e possui a atribuição de apoiá-los em busca de um desenvolvimento para os mesmos. O

Sindicato mostrou-se interessado em ajudar, pois conhece os anseios e as dificuldades de seus

associados neste ramo de agroindústrias e fez contato com aqueles que, em diversas

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oportunidades, sempre manifestaram seu desejo de ter ser sua agroindústria formalizada. A

própria associação agendou as visitas para que este estudo pudesse ser realizado e para todas

as entrevistas disponibilizou um funcionário para guiar e acompanhar o acadêmico nos locais

das propriedades desses agricultores.

O modo de entrevistas usado foi o de entrevistas semiestruturadas. De acordo com

Triviños (1987), uma entrevista semiestruturada parte de certos questionamentos básicos,

apoiados em teorias e hipóteses estudadas, que interessam à pesquisa e que, em seguida,

oferecem amplo campo de interrogativas, junto de novas hipóteses, que vão surgindo à

medida que recebem as respostas do informante. Assim, o informante vai seguindo

espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal

colocado pelo investigador e começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa.

Foi realizado, então, um roteiro básico de perguntas a serem aplicadas nas entrevistas

da primeira etapa, demonstrado no apêndice B. Assim, foram entrevistados três pequenos

agricultores que possuem em suas terras pequenos engenhos de beneficiamento de produtos

primários, caracterizando-se assim como agroindústrias. Cada um beneficia um tipo de

produto diferente, mas todos demonstram interesse na inserção de suas atividades no

mercado. Por tratar-se de um mercado informal, estando sujeito a infrações e penalidades, os

agricultores pediram para não serem identificados, portanto serão identificados como

Agricultores A, B e C.

3.1.1.1 Entrevistas

A entrevista com o agricultor A foi realizada na manhã do dia 03 de setembro de 2011,

em sua propriedade, na localidade de Sertão do Rio dos Sinos. O produto beneficiado por ele

é milho, que é transformado em farinha própria para o consumo. Inicialmente, foi realizada

uma conversa informal, para situar o entrevistado do que se trataria a entrevista. Após esse

diálogo, foi iniciada a entrevista com um gravador de áudio. O agricultor mostrou-se muito

simpático, se sentindo à vontade, e com o bom andamento da conversa, foram surgindo outras

perguntas, além daquelas pré-estabelecidas. No decorrer da entrevista, o agricultor A foi

mostrando seu engenho, onde se observou que, embora seu maquinário tivesse um

funcionamento satisfatório, o mesmo não se encontrava nas melhores condições de higiene e

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dificilmente ganharia a devida licença para funcionar naquelas condições. Ao final da

entrevista, foi feito registro de algumas fotos do local.

A segunda entrevista (agricultor B) foi realizada na manhã de 17 de setembro de 2011,

em sua propriedade, que se situa na localidade de Morro da Laje. Ele produz cana-de-açúcar,

de onde é feito o açúcar mascavo. Após um breve diálogo, o agricultor concordou em ceder

entrevista com gravação de áudio no local onde ocorre a transformação da cana em açúcar

mascavo. O ambiente encontrava-se em boas condições de higiene e com um aspecto

agradável, pois o mesmo afirmou que há quatro anos investe para conseguir legalizar seu

negócio. Embora se tratasse de uma pessoa mais tímida, o agricultor B respondeu a todas as

questões e mostrou-se satisfeito em participar da pesquisa. Ao final da visita, foram feitos

registros fotográficos do local.

O agricultor C foi entrevistado também na manhã de 17 de setembro de 2011, em sua

casa, na localidade de Passo Osvaldo Cruz. Na sua propriedade são cultivados parreirais de

uva, que são transformadas em sucos e vinhos. Juntamente com seus filhos, o agricultor C

recebeu o acadêmico com um mate em mãos. A entrevista toda transcorreu de maneira

informal, numa tradicional roda de chimarrão. O filho mais velho do agricultor mostrava-se

bastante revoltado com a burocracia e a falta de interesse dos órgãos públicos em ajudar as

agroindústrias familiares. Ao final da entrevista, os proprietários apresentaram o local onde é

realizado o armazenamento dos produtos já beneficiados, oferecendo uma amostra dos

mesmos. O local de armazenamento é um galpão de pedra, que mantém a temperatura

adequada para conservar o produto. Porém, os recipientes de armazenamento ainda não são os

ideais conforme a legislação. Assim como nas demais visitas, o pesquisador registrou o local

em fotos.

3.1.2 Coleta de dados da segunda etapa

As entrevistas com os órgãos públicos e associações foram marcadas por telefone e

agendadas para tarde do dia 03 de novembro de 2011.

Os órgãos entrevistados foram:

- Secretaria da Agricultura da Prefeitura Municipal de Caraá: responsável por

incentivar fontes de renda para a produção rural, assim como orientar os agricultores do

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município quanto ao funcionamento, mercado consumidor, uso e recuperação do solo e

conservação dos recursos naturais.

- EMATER de Santo Antônio da Patrulha: órgão estadual representante da extensão

rural, tem a missão de promover o desenvolvimento rural sustentável por meio de assistência

técnica aos agricultores. Foi escolhida a unidade desse município porque ele demonstra estar

num estágio avançado quanto à formalização de agroindústrias familiares e a EMATER

possui papel fundamental nesse fato.

- Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caraá (STRC): principal associação

representante dos agricultores do município e responsável por assessorá-los na busca de um

progresso rural para a agricultura familiar.

Assim como na primeira etapa, as entrevistas foram feitas de modo semiestruturado,

partindo de um roteiro comum (apêndice C)

3.1.2.1 Entrevistas

A primeira entrevista da segunda etapa foi realizada na sede da EMATER de Santo

Antônio da Patrulha, com o Sr. Flademir Heleno Schimidt, Técnico Agrícola desse órgão. Ele

mostrou-se muito interessado na pesquisa e, após uma conversa informal, concordou em

iniciar a entrevista com gravação de áudio. Flademir mostrou-se um funcionário bem

entusiasmado e otimista com o serviço feito hoje pela EMATER, apresentando projetos que o

órgão desenvolve no município de Santo Antônio da Patrulha, mostrando que o município de

Caraá poderia seguir o mesmo exemplo.

O segundo entrevistado foi o secretário de agricultura do município de Caraá, o Sr.

Telmo José Machado. O secretário foi objetivo nas respostas e apontou falhas coletivas nas

políticas de incentivo às agroindústrias familiares no município, destacando a falta de

parcerias tanto dos órgãos públicos e associações como dos próprios agricultores. Mas

também vê um forte potencial em terras e mão de obra na cidade.

Por fim, foi entrevistado o vice-presidente STRC e vereador do município, Sr. Ricardo

Nunes Rolim. O vereador mostrou-se preocupado com a atual situação do município,

principalmente na questão da falta de oportunidade para os jovens caraenses. Ele considera

que são necessários projetos de incentivo, principalmente por parte do governo municipal,

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para que essa realidade mude. Ele também vê potencial no município, mas teme que seja

tarde, pois os jovens hoje trabalham fora de suas propriedades.

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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo tem-se o objetivo de apresentar os dados e resultados obtidos mediante

a aplicação dos instrumentos de pesquisa na área em estudo, de acordo com a metodologia

usada descrita no capítulo anterior.

4.1 RESULTADOS DA PRIMEIRA ETAPA

Na primeira etapa, em que foram realizadas as entrevistas com os agricultores, notou-

se que, embora as três entrevistas fossem com agricultores que possuem um mesmo objetivo,

suas realidades e sua história com o beneficiamento de produtos primários eram bem distintas

umas das outras.

Segundo o Agricultor A, seu engenho foi adquirido em torno de oito anos atrás,

comprado de um amigo, e ele acredita que o moinho possui mais de 50 anos. O maquinário

foi produzido artesanalmente e é feito de madeira e pedra, mas, diferentemente de quando era

original, hoje ele funciona com eletricidade. O agricultor tem um grande interesse na

formalização de seu negócio, desejando um dia transformá-lo em uma pessoa jurídica. Ele

conta que já se informou sobre tal formalização com a Prefeitura Municipal e com um

escritório de contabilidade do município, e que lhe foram passadas as orientações corretas

para isso. Porém, a regularização exige investimentos considerados inviáveis perante sua

produção. Ele considera que os impostos cobrados não seriam o maior problema e que, se já

estivesse formalizado, os valores cobrados seriam acessíveis dentro do que ele produziria e

comercializaria. O produtor relata um pouco da discriminação sentida pelo produtor rural e

pensa que deveriam ser elaboradas leis mais flexíveis para esses produtores, pois disse que

tais condições só podem ser empreendidas por pessoas de classe alta. O agricultor acredita

que nenhum produtor do município de Caraá tem condições de adequar-se a tais normas. E

conta, ainda, que a própria produção da farinha de milho é produzida e consumida, em sua

maioria, por classes inferiores. Ele diz que sua maior realização se formalizando seria poder

passar pela fiscalização de cabeça erguida, sem se preocupar, sabendo que está legal perante a

Lei, pois hoje o mesmo sabe que precisa evitar esse contato. O produtor afirma que se

legalizando suas vendas certamente aumentariam, pois ele poderia sair com a mercadoria para

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vender em outros municípios, como Gravataí e Santo Antônio da Patrulha, onde ele conta que

proprietários de mercados já disseram-lhe que comprariam seu produto no caso da

formalização. O mesmo ainda afirma que o produto industrializado numa máquina artesanal

como a dele possui mais qualidade no seu sabor, o que torna sua farinha mais atraente do que

uma produzida em grandes indústrias. Hoje, sua produção é praticamente toda vendida para

moradores do município de Caraá; ela é feita sob encomenda, sendo que vende cerca de 200

kg por semana. Abaixo segue a fotografia 01 do engenho usado por esse agricultor para fazer

a farinha do milho:

Fotografia 01 - Engenho do Agricultor A

Fonte: Pesquisador (2011)

O Agricultor B vive uma realidade um pouco diferente; sua propriedade encontra-se

quase na divisa com Santo Antônio da Patrulha e o mesmo está participando de um projeto

desse município vizinho: o Projeto Puro Engenho, organizado por órgãos, associações e

empresas para formalizar agroindústrias de produtos derivados da cana-de-açúcar. Por isso, já

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encontra-se num estágio mais avançado e mais próximo de uma formalização. Seu primeiro

contato com a cana-de-açúcar foi trabalhando em fábricas de rapadura e, há cerca de 10 anos,

ele começou a produzir e também beneficiar o produto, começando também a fornecer o

produto beneficiado para fábricas de rapadura em Santo Antônio da Patrulha. Há cerca de 3

anos, a fábrica para a qual ele fornecia informou-lhe que só poderia continuar comprando seu

produto se ele formalizasse seu negócio e situou-lhe sobre o Projeto Puro Engenho. Ele conta

que os primeiros contatos foram feitos com a EMATER e o Sindicato dos Trabalhadores

Rurais de Santo Antônio da Patrulha (STRSAP), onde, em reuniões, foram passadas para os

interessados quais as normas deveriam ser tomadas para a legalização das agroindústrias.

Foram, também, colocadas pelo gerente do Banco do Brasil (BB) de Santo Antônio da

Patrulha as condições para obter crédito junto ao PRONAF, mas o agricultor B considerou

que, embora tivesse uma carência boa para começar a se pagar pelo empréstimo, os valores

mensais seriam muito altos comparados à sua produção, então, no decorrer desses 3 anos, foi

cumprindo cada requisito e agora disse estar próximo de obter sua licença. O agricultor diz

que já investiu cerca de R$ 30.000,00 no seu engenho e diz que, no começo, ficou muito

desconfiado para fazer todas as alterações em seu engenho, pois pensou que o produto

perderia sua qualidade com as novas instalações, mas depois de fazer as alterações no

ambiente, percebe que melhorou muito o produto, diminuindo o desperdício, melhorando o

sabor de seu açúcar mascavo e dando um aspecto de limpeza bem mais agradável para

trabalhar. O produtor destaca entre essas mudanças a troca do coxo onde é quebrado o açúcar,

que antes era de madeira e agora é de inox, o que torna mais visível cada defeito que

eventualmente ocorra no açúcar, podendo ser evitado com a melhor visualização do produto.

Outra grande vantagem que ele viu em entrar nesse projeto foi que os participantes do projeto

têm seu negócio divulgado pela EMATER na internet, o que inclusive já atraiu outros

fabricantes de municípios da região interessados em seu produto. A mão de obra é feita

exclusivamente por ele e sua esposa e o agricultor acredita que produz cerca de 400 kg de

açúcar mascavo por semana. Ele ainda afirma que não vive apenas desse beneficiamento, pois

também planta outros produtos como aipim e feijão. Abaixo segue a fotografia 02, referente

ao local de beneficiamento desse agricultor, onde pode se notar a sua caldeira já azulejada e o

coxo de inox, normas impostas para que se legalize essa agroindústria:

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Fotografia 02 - Caldeira e coxo do Agricultor B

Fonte: Pesquisador (2011)

O agricultor C, respondeu a pesquisa junto de seus filhos, dos quais o mais velho

mostrava-se muito indignado com a atual situação de falta de apoio público às agroindústrias

em Caraá. O agricultor conta que o cultivo de uva e a produção de vinho em sua propriedade

vieram de seu avô, imigrante italiano, e foram passando de geração para geração, e que nesta

última safra decidiram produzir também suco de uva. O interesse na formalização é

justamente para esse segundo produto, pois a Prefeitura Municipal de Caraá precisa de

fornecedores de suco para a merenda escolar nas escolas públicas municipais e não possui

nenhum fabricante de suco no município. Eles contam que, para a formalização de uma

vinícola, até já se informaram com os órgãos responsáveis para a licença, mas, por se tratar de

bebida alcoólica, exige muita burocracia e um capital de investimento em torno de R$

200.000,00 para tal legalização, um gasto elevadíssimo levando em conta sua produção. Por

isso, buscam agora a legalização para industrializar o suco, mas alegam que a Prefeitura e a

EMATER do município não demonstram interesse em apoiar; um exemplo disso que citam é

a falta de implantação do SIM (Serviço de Inspeção Municipal), que, segundo eles, poderia

autorizar ao menos a comercialização de seu produto dentro do município. Um exemplo que

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eles citam de atitudes de apoio foi um curso promovido e financiado pelo STRC há alguns

meses atrás, no qual foi trazido um especialista no cultivo de uvas e participaram do curso

apenas produtores da fruta no município. Os agricultores acreditam que se estivessem

legalizados conseguiriam pagar os impostos devidos, pois com isso aumentariam suas vendas,

podendo vender também para os mercados do município seu suco, que já é bem conhecido e

possui muita credibilidade por parte de sua população. A produção de suas bebidas é por safra

e eles acreditam produzir cerca de 1000 litros de bebidas por safra, considerando vinho e

suco. Tudo fica armazenado em galões plásticos, num ambiente de pedra para manter a baixa

temperatura da bebida, para conservá-la por mais tempo, e seus produtos são vendidos de

forma sazonal: enquanto o suco é vendido em maior número na primavera e no verão, o vinho

tem maior venda no outono e inverno. Abaixo segue o registro fotográfico (fotografia 03) do

local de armazenamento de vinho na propriedade pesquisada:

Fotografia 03: Local de armazenamento de vinho do Agricultor C

Fonte: Pesquisador (2011)

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4.1.1 Análise dos resultados da primeira etapa

Através da primeira etapa da pesquisa realizada foi possível identificar os anseios e

problemas que os agricultores do município possuem para poder regularizar suas

agroindústrias.

O alto investimento para que sejam atendidos todos os requisitos para registrar uma

agroindústria foi apontado como principal fato que justifica a situação atual desses produtores,

que também criticaram a burocracia existente para se conceder uma licença e a atuação do

poder público diante dessa realidade.

Identifica-se claramente a falta não só de incentivo, mas de apoio técnico e

informações mais precisas dos órgãos públicos para os agricultores, o que acaba gerando

muitas dúvidas nos mesmos, que não sabem para quem e como recorrer para que se suceda

pelo menos um primeiro passo a caminho da formalização.

4.2 RESULTADOS DA SEGUNDA ETAPA

A segunda etapa da pesquisa foi com órgãos públicos e associações que possuem o

dever de apoiar a agricultura familiar, para, através dela, analisar e identificar quais os

problemas estão ocorrendo para explicar a realidade das agroindústrias familiares no

município de Caraá.

Flademir, representante da EMATER, começa descrevendo um pouco da realidade das

agroindústrias familiares de Santo Antônio da Patrulha. Ele conta que já existem no município

em torno de 15 agroindústrias familiares legalizadas, das quais 11 são de derivados da cana-

de-açúcar, principal produto desse município, e todas elas conseguiram a formalização através

do projeto Puro Engenho, o mesmo no qual participa também o Agricultor B (entrevistado na

primeira etapa) e mais outras duas agroindústrias caraenses. Ele explica sobre o projeto, que é

um programa municipal de qualificação produtiva do melado e do açúcar mascavo, que se

iniciou em 2006, nos quais os participantes são: PMSAP, STRSAP, SEBRAE, EMATER,

BB, COOPERCANASUL E APRODECANA. Segundo Flademir, embora o projeto tenha se

iniciado há 5 anos, somente nos últimos 3 anos começou a funcionar na prática, pois foram

necessárias muitas reuniões e muita persistência para implantar o projeto da melhor maneira

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possível. O Técnico agrícola conta os passos que as agroindústria que pretendem entrar neste

projeto devem fazer: segundo ele, o primeiro passo é ir até o STRSAP cadastrar-se; o

sindicato encaminha os dados para a EMATER, que estuda a viabilidade para se enquadrar no

programa, fazendo visitação na propriedade para ver a real situação do ambiente e dar as

orientações sobre as exigências da Lei, além de informar sobre os valores necessários para o

investimento no local e quais as condições de financiamento pelo PRONAF, e depois a

EMATER, junto com o STRSAP e a secretaria de Meio Ambiente da PMSAP, fazem o

acompanhamento técnico até a conclusão da obra. Após isso, juntamente com o sindicato, é

dado encaminhamento à documentação para a 18ª Coordenadoria Regional de Saúde/RS.

Após licenciada, as únicas taxas devidas pela agroindústria são a taxa do Alvará Sanitário

(anual) e a taxa de licença ambiental (a cada 2 anos). Flademir explica que, após esse projeto,

a procura dos agricultores para a formalização em seu órgão aumentou, mas que aqueles que

possuem atividades não-relacionadas ao projeto raramente entram em contato mostrando

interesse na formalização. A grande vantagem que ele vê na formalização é a garantia da

qualidade do produto que é devida à orientação (assistência técnica) e fiscalização que essas

agroindústrias sofrem. Outro grande benefício citado por ele foi a melhora da autoestima

dessas famílias após estarem legalizadas, o que vai ao encontro do que foi mencionado na

justificativa do presente trabalho, onde identificou-se o caráter emancipatório às famílias

envolvidas no processo produtivo e de beneficiamento dos produtos agrícolas. E, questionado

sobre uma possível mudança na realidade do município de Caraá, o mesmo alega que

precisaria de mais incentivo no local e que, como a EMATER desse município possui apenas

um funcionário, fica difícil realizar bons projetos e que, para que isso ocorra, é preciso um

trabalho de parceria com os demais órgãos e associações, assim como ocorreu no

desenvolvimento do programa Puro Engenho.

O segundo entrevistado dessa segunda etapa foi o Sr. Telmo Machado, Secretário de

Agricultura de Caraá. Telmo afirma que a prefeitura não possui os dados da quantidade de

agentes beneficiadores de commodities existentes no município, mas sabe que existe de

maneira bem-estruturada no município a produção de queijo e de vinho, especialmente na

localidade de Fraga. O mesmo constata, também, que no município não se tem nenhuma

agroindústria legalizada e que a principal razão disso é a falta de estrutura de inspeção

sanitária, em razão do município não ter implantado o SIM (Serviço de Inspeção Municipal).

Segundo ele, até o momento, não houve grande interesse da Prefeitura em implantar esse

sistema, fato que ele lamenta e cita o exemplo justamente do Agricultor C (entrevistado na

primeira etapa), que tem grande interesse na formalização para produzir o suco e fornecer

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para a merenda escolar do município. O Secretário cita que é uma bebida de excelente

qualidade, porém ainda não pode comercializar seu produto por não estar regularizado.

Segundo Telmo, essa falta de interesse da Prefeitura ocorre devido a uma falha coletiva, pois

faltam iniciativas dos órgãos públicos, como a Prefeitura e a EMATER, e também falta de

iniciativa dos próprios produtores, pois, segundo ele, poucos demonstram esse interesse em

formalizar sua agroindústria. Ele alega que os agricultores do município são muito

individualistas e que se poderiam fazer mais parcerias entre eles, e que os mesmos também

não acreditam no poder público, que, por sua vez, valoriza pouco as pequenas propriedades. O

Secretário conta, também, que no momento não há nenhum tipo de programa de incentivo às

agroindústrias e que nesse segmento o município, de fato, não tem feito nada para que se

possa mudar tal situação, e que os únicos agricultores que tomaram alguma iniciativa para que

mudasse sua realidade foram o Agricultor B (entrevistado na primeira etapa) e outro

agricultor que produz mel na localidade de Caraá Central. Sr. Telmo afirma que não há

nenhum tipo de fiscalização e orientação por parte da Prefeitura nessas propriedades.

Questionado sobre as vantagens que o município teria com a regularização dessas

agroindústrias, ele entende que todo trabalho organizado traz vantagens ao município.

Segundo ele, os produtores têm por cultura proteger muito sua produção, sem querer

compartilhar com seus vizinhos suas dificuldades e propor parcerias para mudar de situação.

Mas acredita que o município tem muito potencial para a produção, citando como exemplo o

fato de ter muitos descendentes de italianos, que têm por cultura trabalhar no cultivo e

produção de alimentos. Ele alega que o capital social Caraá já possui, que seriam o homem e a

terra, só que falta um pouco mais de conhecimento e, acima de tudo, acreditar no potencial

que se tem, e afirma que, se o município tivesse uma política mais voltada para incentivo às

agroindústrias, a realidade econômica poderia ser diferente.

Vice-Presidente do STRC e vereador de Caraá, o Sr. Ricardo Rolim começou a

entrevista falando que acredita que o município tenha em torno de 70 pequenas

agroindústrias, sendo que cerca da metade são de produtos derivados da cana-de-açúcar.

Perguntado sobre projetos e incentivo do Sindicato nesse segmento, Ricardo citou que, junto

com a EMBRAPA, estão sendo promovidos cursos para os produtores de vinho. Preocupado

com a situação atual dos jovens no município, ele afirma que as vantagens da formalização

das agroindústrias para o município vão além da arrecadação de impostos, mas são também a

geração de empregos direta e indiretamente, pois a falta de opções hoje no município acaba

levando os jovens a procurar emprego em municípios vizinhos ou em fábricas de calçado, o

que os afasta da agricultura, deixando de cultivar em suas terras produtos que há várias

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gerações eram cultivados lá. Segundo o vereador, falta incentivo do município para as

agroindústrias, citando inclusive um exemplo de um produtor que pensa em abrir uma fábrica

de conservas de legumes no município, mas não consegue um local apropriado para isso e não

recebe incentivo para pôr em prática seu projeto. Ele conta que não entende porque os

produtores do município não apostam no cooperativismo, acredita que em função de raros

casos de cooperativismo que não tiveram bons resultados em Santo Antônio da Patrulha e que

contavam com associados caraenses. Ricardo acredita que, se um grupo de produtores de

confiança de Caraá empreendessem essa ideia, o projeto daria certo, pois há um bom número

de produtores de vinho e de cachaça, por exemplo, que, se unindo, dividiriam as despesas,

tornando o negócio mais viável financeiramente. Ele justifica essa falta de parcerias entre os

agricultores, alegando a desconfiança que os agricultores têm um com os outros. Questionado

sobre o interesse e a demanda dos produtores por formalizarem seu negócio junto ao

Sindicato, o vereador cita o grande interesse dos produtores de cachaça há alguns anos atrás e

relata que houve uma organização para que se regularizasse uma cooperativa nesse ramo,

quando houve encontros com os produtores engajados e órgãos de incentivo a

empreendimentos, como o SEBRAE e o próprio STRC, e organizaram-se para que isso

acontecesse, mas, segundo ele, não houve andamento no projeto porque, no decorrer dele,

houve desistências e o fato da cachaça não ser um produto de primeira necessidade para o ser

humano acabava dificultando a comercialização, e com o pagamento dos impostos devidos, o

produto teria de ser vendido por um valor acima do preço de mercado. Ele afirma que o

município tem grande potencial produtivo, mas falta investimento do poder público

municipal, e ainda afirma que a questão de acesso ao crédito por parte do agricultor não seria

problema, pois o Sindicato e a EMATER possuem convênio com o PRONAF, e que, no caso

de demanda, o crédito chega até o interessado.

4.2.1 Análise dos resultados da segunda etapa

Na segunda etapa foi possível identificar algumas falhas em todo o sistema, que

acabam resultando na não-formalização dessas agroindústrias familiares.

Todos os entrevistados acreditam que Caraá tem um grande potencial produtivo e para

ter agroindústrias familiares de sucesso. A falta de iniciativas no poder público acabou

tornando-se evidente, falha que foi destacada inclusive pelo próprio Secretário de Agricultura

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do município, que justificou alegando a falta de interesse e organização dos próprios

agricultores, o que se torna a razão do não-investimento da Prefeitura nesta causa. Mas

admitiu, também, que a falta de parcerias dos órgãos públicos municipais com os estaduais

prejudicam qualquer ideia de projetos nessa área.

Os produtores, de fato, parecem pouco organizados na luta para a mudança dessa

realidade, o que foi justificado pelos entrevistados dessa etapa pela desconfiança e

individualismo que os habitantes do município têm. Os motivos disso são experiências em

organizações anteriores que não surtiram bons resultados, como algumas cooperativas que

tentaram iniciar na região, mas não tiveram sucesso, e até por fatores culturais de

individualismo, por receio de dividir informações de sua propriedade com os vizinhos.

4.3 ANÁLISE GERAL DOS RESULTADOS

Após o fim de toda pesquisa foi possível fazer um diagnóstico da real situação no

município de Caraá sobre a não-formalização de suas agroindústrias familiares existentes.

A falta de parcerias, tanto entre os agricultores como entre os órgãos públicos, parece

ser o principal motivo desse fato. Enquanto os produtores não buscam uma organização que

almeje novas alternativas e lute por seus anseios perante o poder público, os órgãos públicos

não tomam qualquer iniciativa de projeto que possa auxiliar e orientar os interessados em ter

sua agroindústria legalizada.

Por parte dos agricultores, notou-se a falta de informações esclarecedoras vindas do

poder público e de conhecimentos técnicos em relação a ter uma empresa e se enquadrar em

todas as leis exigidas para receber as licenças devidas. Conforme Prezotto (1999) essa

complexidade de organizações somada a atuações desarticuladas na fiscalização dos

alimentos, promovem um ambiente institucional desfavorável às agroindústrias familiares,

uma vez que geram incertezas e desinformações por parte dos responsáveis pelos

empreendimentos.

Já por parte do poder público municipal parece desinteressante esse fator, pois muitas

das agroindústrias familiares acabam acomodando-se em suas situações sem a expectativa de

um crescimento, de acordo com Zago (2002) em estudo realizado no município de Arroio do

Tigre/RS é constatado que os agricultores têm alguma noção de exigências fiscais e sanitárias

implicadas na comercialização destes produtos, mas reconhecem que não as praticam.

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Conforme a autora, mesmo ao reconhecer que a situação dessa atividade é ilegal, eles ainda

preferem continuar desta forma, ao invés de tentar a legalização dos empreendimentos, devido

à burocracia e despesas que teriam. O que acaba passando a impressão para esses órgãos de

que não compensaria correr atrás de projetos e iniciar um programa de qualificação e

formalização desses agentes beneficiadores de produtos primários. De fato, um programa

como esse envolveria um bom tempo de pesquisas e trabalho, como o projeto Puro Engenho

citado no trabalho, que foi desenvolvido em Santo Antônio da Patrulha e custou cerca de 5

anos para começar a gerar frutos, mas esse é justamente o melhor exemplo a ser seguido, pois

através desse programa já foram regularizadas 11 agroindústrias e mais 3 estão em fase final

para obter a devida licença.

Enquanto isso, Caraá vai perdendo a mão de obra de seus jovens, o que torna o

potencial de agronegócios no município cada vez menor dificultando uma mudança de

realidade em sua atual situação econômica.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve por objetivo identificar quais os problemas encontrados pelas

agroindústrias familiares do município de Caraá para entrar no mercado formal.

Através da revisão literária buscou-se identificar os principais autores e conceitos

relacionados ao tema, o que enriqueceu o conhecimento do pesquisador para prepará-lo para

uma pesquisa de campo.

A pesquisa foi realizada em duas etapas; na primeira, o acadêmico visitou as

propriedades de agricultores que beneficiam produtos primários, criando, assim, um novo

produto, enriquecendo sua produção, além de obter uma fonte de renda diferenciada. Essa

etapa foi fundamental para o pesquisador captar a essência da agricultura do município,

percebendo que ainda há grandes barreiras para que esses produtores regularizem seus

negócios. Já na segunda etapa, as entrevistas ocorreram com órgãos públicos e associações

responsáveis pelo apoio e orientação à agricultura familiar no município. Através dessas

entrevistas, foi possível identificar a estrutura do poder público em Caraá, o que permitiu um

melhor entendimento da atual realidade do município.

Com as pesquisas realizadas foi possível analisar a situação do município e concluir os

objetivos propostos no trabalho. Nessa análise, conclui-se que o município ainda está distante

de mudar essa realidade e que o principal motivo disso é o fato de que os agricultores ainda

estão pouco interessados em organizar-se para lutar por incentivos e apoio público, enquanto

o poder público também não tem tomado iniciativa nem elaborado projetos para orientar tais

agricultores, o que acaba prejudicando todo o município, que vive uma situação econômica

lamentável.

Esta pesquisa possibilitou ao seu autor um aprimoramento de seus conhecimentos

teóricos, em especial na área estudada, além de um conhecimento prático da realidade

vivenciada no município em relação às agroindústrias familiares, onde foi possível identificar

a importância que teria um Administrador, tanto na área pública como no campo, para que se

pudesse melhorar a realidade do município.

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APÊNDICE A: LEGISLAÇÕES RELACIONADAS ÀS AGROINDÚSTRIAS

FAMILIARES

1 LEGISLAÇÃO PARA ROTULAGEM, EMBALAGENS E ADITIVOS

1.1 Legislação sobre rotulagem para produtos embalados

- LEI Nº 8.543, DE 23 DE DEZEMBRO DE 1992 - Determina a impressão de

advertência em rótulos e embalagens de alimentos industrializados que contenham glúten, a

fim de evitar a doença celíaca ou síndrome celíaca;

- PORTARIA Nº 27, DE 13 DE JANEIRO DE 1998 - Aprova o regulamento técnico

referente à informação nutricional complementar;

- PORTARIA Nº 42, DE 14 DE JANEIRO DE 1998 - Aprova o regulamento técnico

para rotulagem de alimentos embalados;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 40, DE 08 DE FEVEREIRO DE 2002 - Aprova o

regulamento técnico para rotulagem de alimentos e bebidas embalados que contenham glúten;

- PORTARIA INMETRO Nº 157, DE 19 DE AGOSTO DE 2002 - Aprova o

regulamento técnico metrológico estabelecendo a forma de expressar o conteúdo líquido a ser

utilizado nos produtos pré-medidos;

- DECRETO Nº 4.680, DE 24 DE ABRIL DE 2003 - Regulamenta o direito à

informação, assegurado pela Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do

Consumidor), quanto aos alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo

humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de organismos geneticamente

modificados, sem prejuízo do cumprimento das demais normas aplicáveis;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 259, DE 20 DE SETEMBRO DE 2002 - Aprova o

regulamento técnico sobre rotulagem de alimentos embalados;

- LEI Nº 10.674, DE 16 DE MAIO DE 2003 - Obriga que os produtos alimentícios

comercializados informem sobre a presença de glúten, como medida preventiva e de controle

da doença celíaca;

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- RESOLUÇÃO RDC Nº 359, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2003 - Aprova o

regulamento técnico de porções de alimentos embalados para fins de rotulagem nutricional;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 360, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2003 - Aprova o

regulamento técnico sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados, tornando

obrigatória a rotulagem nutricional;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 278, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005 - Aprova as

categorias de alimentos e embalagens dispensados e com obrigatoriedade de registro;

- INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 22, DE 24 DE NOVEMBRO DE 2005 - Aprova o

regulamento técnico para rotulagem de produto de origem animal embalado.

- RESOLUÇÃO RDC Nº 163, DE 17 DE AGOSTO DE 2006 - Aprova o documento

sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados, de forma complementar às Resoluções

RDC nº 359 e RDC nº. 360, de 23 de dezembro de 2003.

1.2 Legislação sobre embalagens para produtos

- PORTARIA Nº 27, DE 13 DE MARÇO DE 1996 - Aprova o regulamento técnico

sobre embalagens e equipamentos de vidro e cerâmica em contato com alimentos, e não

metálicos;

- PORTARIA Nº 987, DE 8 DE DEZEMBRO DE 1998 - Aprova o regulamento

técnico para embalagens descartáveis de polietileno tereftalato (PET) multicamada destinadas

ao acondicionamento de bebidas não alcoólicas carbonatadas;

- PORTARIA Nº 177, DE 04 DE MARÇO DE 1999 - Aprova o regulamento técnico

sobre as disposições gerais para embalagens e equipamentos celulósicos em contato com

alimentos;

- RESOLUÇÃO Nº 105, DE 19 DE MAIO DE 1999 - Aprova os regulamentos

técnicos sobre as disposições gerais para embalagens e equipamentos plásticos em contato

com alimentos;

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- LEI Nº 9.832, DE 14 DE SETEMBRO DE 1999 - Proíbe o uso industrial de

embalagens metálicas soldadas com liga de chumbo e estanho para acondicionamento de

gêneros alimentícios, exceto para produtos secos ou desidratados;

- RESOLUÇÃO - RDC Nº 91, DE 11 DE MAIO DE 2001 - Aprova o regulamento

técnico sobre critérios gerais e classificação de materiais para embalagens e equipamentos em

contato com alimentos;

- RESOLUÇÃO Nº 122, DE 19 DE JUNHO DE 2001 - Aprova o regulamento técnico

sobre ceras e parafinas em contato com alimentos;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 129, DE 10 DE MAIO DE 2002 - Aprova o regulamento

técnico sobre material celulósico reciclado;

- INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 9, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2002 - Normas

sobre as embalagens destinadas ao acondicionamento de produtos hortícolas "in natura";

- RESOLUÇÃO RDC Nº 217, DE 1º DE AGOSTO DE 2002 - Aprova o regulamento

técnico sobre películas de celulose regenerada em contato com alimentos;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 218, DE 1º DE AGOSTO DE 2002 - Aprova o regulamento

técnico sobre tripas sintéticas de celulose regenerada em contato com alimentos;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 278, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005 - Aprova as

categorias de alimentos e embalagens dispensados e com obrigatoriedade de registro;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 20, DE 22 DE MARÇO DE 2007 - Aprova o regulamento

técnico sobre disposições para embalagens, revestimentos, utensílios, tampas e equipamentos

metálicos em contato com alimentos.

1.3 Legislação sobre o uso de aditivos

- DECRETO Nº 50.040, DE 24 DE JANEIRO DE 1961 - Dispõe sobre normas

técnicas especiais reguladoras do emprego de aditivos químicos a alimentos;

- DECRETO Nº 691, DE 13 DE MARÇO DE 1662 - Introduz modificações no

decreto número 50.040, de 21 de janeiro de 1961;

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- DECRETO Nº 55.871, DE 26 DE MARÇO DE 1965 - Modifica o Decreto nº

50.040, de 24 de janeiro de 1961, referente a normas reguladoras do emprego de aditivos para

alimentos;

- RESOLUÇÃO Nº 21 DE 1975 - A Comissão Nacional de Normas e Padrões para

Alimentos (CNNPA) adota normas para análise de aditivos, coadjuvantes de tecnologia de

fabricação e embalagens, equipamentos elaborados e ou revestidos com resinas e ou

polímeros, destinados a entrar em contato com alimentos, e as técnicas analíticas adotadas ou

recomendadas pela Farmacopéia Brasileira, Food Chemical Codex, Food and Drug

Administration, Comitê Misto FAO/OMS de Peritos em Aditivos para Alimentos;

- PORTARIA Nº 21, DE 15 DE JANEIRO DE 1996 - Aprova a extensão de uso do

Ácido Sórbico e seus sais (Na, K e Ca) com a função de conservador em diversos tipos de

queijos;

- PORTARIA Nº 28, DE 22 DE JANEIRO DE 1996 - Aprova a extensão de uso dos

aditivos mencionados com as funções de espessante, estabilizante nos alimentos obedecendo

aos respectivos limites;

- PORTARIA Nº 29, DE 22 DE JANEIRO DE 1996 - Aprova a extensão de uso da

NISINA com a função de conservador para queijos pasteurizados;

- PORTARIA Nº 235, DE 21 DE MAIO DE 1996 - Concede uso de peróxido de

hidrogênio como coadjuvante de tecnologia para branqueamento de estômago, bucho, tripa e

mocotó de bovino;

- PORTARIA Nº 236, DE 21 DE MAIO DE 1996 - Concede a extensão de uso do

aditivo sorbato de potássio com a função de conservador em mel destinado exclusivamente à

elaboração de "iogurte com mel";

- PORTARIA MS Nº 540, DE 27 DE OUTUBRO DE 1997 - Aprova o regulamento

técnico sobre aditivos alimentares contendo definições, classificação e emprego;

- RESOLUÇÃO Nº 4, DE 24 DE NOVEMBRO DE 1988 - Aprova revisão das

Tabelas I, III, IV e V referente a Aditivos Intencionais, bem como os Anexos I, II, III e VII,

todas do Decreto n° 55.871, de 26 de março de 1965.

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- PORTARIA Nº 1.003, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1998 - Lista e enumera

categorias de alimentos para efeito de avaliação do emprego de aditivos;

- PORTARIA Nº 1.002, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1998 - Lista os produtos,

comercializados no país, enquadrando-os nas sub-categorias que fazem parte da categoria 8

“carnes e produtos cárneos”;

- PORTARIA Nº 1.004, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1998 - Aprova o regulamento

técnico sobre atribuição de função de aditivos, aditivos e seus limites máximos de uso para a

categoria 8 “carne e produtos cárneos”;

- PORTARIA Nº 370, DE 26 DE ABRIL DE 1999 - Aprova a extensão de uso do

aditivo INS 171 (Dióxido de Titânio) na função de corante para coberturas e xaropes para

produtos de panificação e biscoitos;

- RESOLUÇÃO Nº 383, DE 05 DE AGOSTO DE 1999 - Aprova o regulamento

técnico que aprova o uso de aditivos alimentares, estabelecendo suas funções e seus limites

máximos para a categoria de alimentos 7 “produtos de panificação e biscoitos”;

- RESOLUÇÃO Nº 385, DE 05 DE AGOSTO DE 1999 - Aprova o regulamento

técnico que aprova o uso de aditivos alimentares, estabelecendo suas funções e seus limites

máximos para a categoria de alimentos 6 “cereais e produtos de ou a base de cereais”;

- RESOLUÇÃO Nº 386, DE 05 DE AGOSTO DE 1999 - Aprova o regulamento

técnico sobre aditivos utilizados segundo as boas práticas de fabricação e suas funções,

contendo os procedimentos para consulta da tabela e a tabela de aditivos utilizados segundo as

boas práticas de fabricação.

- RESOLUÇÃO RDC Nº 1, DE 02 DE JANEIRO DE 2001 - Aprova o regulamento

técnico que aprova o uso de aditivos com a função de realçar o sabor, estabelecendo seus

limites máximos para os alimentos;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 28, DE 23 DE FEVEREIRO DE 2001 - Aprova a extensão

de uso extensão de uso da Natamicina (Pimaricina) (INS 235), como conservador, para

tratamento de superfícies de produtos cárneos embutidos;

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- RESOLUÇÃO RDC Nº 34, DE 09 DE MARÇO DE 2001 - Aprova o regulamento

técnico que aprova o uso de aditivos alimentares, estabelecendo suas funções e seus limites

máximos para a categoria de alimentos 21 “preparações culinárias industriais”;

- LEI Nº 10.273, DE 05 DE SETEMBRO DE 2001 - Dispõe sobre o uso do bromato

de potássio na farinha e nos produtos de panificação;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 179, DE 17 DE OUTUBRO DE 2001 - Aprova a extensão

de uso dos Aditivos INS 451i (Tripolifosfato de sódio) e INS 466 (Carboximetilcelulose de

sódio) como estabilizantes em produtos cárneos, em complementação ao vigente na Portaria

SVS/MS n° 1.004 de 11/12/98;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 234, DE 19 DE AGOSTO DE 2002 - Aprova a tabela de

aditivos para complementação do regulamento técnico sobre aditivos utilizados segundo as

boas práticas de fabricação e suas funções;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 43, DE 01 DE MARÇO DE 2005 - Aprova a tabela de

aditivos em complementação à lista de aditivos utilizados segundo as boas práticas de

fabricação autorizada pela Resolução n° 386, de 5 de agosto de 1999;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 286, DE 28 DE SETEMBRO DE 2005 - Aprova o

regulamento técnico sobre o uso de coadjuvantes de tecnologia, estabelecendo suas funções,

para a subcategoria de alimento “bebidas alcoólicas”;

- INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 51, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2006 –

Regulamento técnico de atribuição de aditivos, e seus limites das seguintes categorias de

alimentos 8 “carne e produtos cárneos”;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 5, DE 15 DE JANEIRO DE 2007 - Aprova o regulamento

técnico sobre atribuição de aditivos e seus limites máximos para a categoria de alimentos 16.2

“bebidas não alcoólicas”, subcategoria 16.2.2 “bebidas não alcoólicas gaseificadas e não

gaseificadas”.

2 LEGISLAÇÃO PARA ALIMENTOS DE ORIGEM ANIMAL

2.1 Legislação geral

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- LEI Nº 1.283, DE 18 DE DEZEMBRO DE 1950 - Dispõe sobre a inspeção industrial

e sanitária dos produtos de origem animal, de modo a estabelecer a obrigatoriedade da prévia

fiscalização, sob o ponto de vista industrial e sanitário, de todos dos produtos de origem

animal, comestíveis e não comestíveis em todo o território nacional;

- DECRETO Nº 30.691, DE 29 DE MARÇO DE 1952 - Regulamenta a Lei 1.283, de

18 de dezembro de 1950 e aprova o novo Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de

Produtos de Origem Animal (RIISPOA) no qual estabelece as normas para a inspeção

sanitária de carnes, leite, ovos, mel, pescado e produto derivados desses. O RIISPOA é

alterado pelos seguintes Decretos: Decreto 39.093 de abril de 1956; Decretos 1.255, de 26 de

junho de 1962; Decreto 1.236 de 02 de setembro de 1994; Decreto de 1.812 de 08 de fevereiro

de 1996; e Decreto 2.244, de 04 de junho de 1997;

- LEI Nº 7.889, DE 23 DE NOVEMBRO DE 1989 - Modifica a Lei nº 1.283, de 18 de

dezembro de 1950 e atribui competência às Secretarias ou Departamentos de Agricultura dos

Municípios para realizarem a inspeção sanitária de produtos de origem animal em

estabelecimentos que façam apenas comércio municipal;

- PORTARIA Nº 368, DE 04 DE SETEMBRO DE 1997 - Aprova o regulamento

técnico sobre as condições higiênico-sanitárias e de boas práticas de fabricação para

estabelecimentos elaboradores/industrializadores de alimentos;

- PORTARIA Nº 46, DE 10 DE FEVEREIRO DE 1998 - Institui o Sistema de Análise

de Perigos e Pontos Críticos de Controle - APPCC a ser implantado, gradativamente, nas

indústrias de produtos de origem animal sob o regime do serviço de inspeção federal - SIF, de

acordo com o manual genérico de procedimentos;

2.2 Legislação para carnes e derivados

- PORTARIA Nº 5, DE 8 DE NOVEMBRO DE 1988 - Aprova a padronização dos

cortes de carne bovina, proposta pela Divisão de Padronização e Classificação de Produtos de

Origem Animal (DIPAC);

- PORTARIA Nº 89, DE 15 DE JULHO DE 1996 - Institui o Programa de

Distribuição de Carnes Bovina e Bubalina ao Comércio Varejista, previamente embaladas e

identificadas;

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- PORTARIA Nº 90, DE 15 DE JULHO DE 1996 - Institui a obrigatoriedade da

afixação de etiquetas-lacre de segurança nos cortes primários (quartos de carcaça) e cortes

secundários do traseiro de bovinos e bubalinos, bem como nas meias carcaças de suínos,

ovinos e caprinos, obtidos nos estabelecimentos de abate, independente da aplicação dos

carimbos oficiais, a tinta, nas diversas partes da carcaça, prevista no Regulamento da Inspeção

Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA) e instruções

complementares;

- PORTARIA Nº 304, DE 22 DE ABRIL DE 1996 - Os estabelecimentos de abate de

bovinos, bubalinos e suínos, somente poderão entregar carnes e miúdos, para comercialização,

com temperatura de até 7 (sete) graus centígrado;

- INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 3, DE 17 DE JANEIRO DE 2000 - Aprova o

regulamento técnico de métodos de insensibilização para o abate humanitário de animais de

açougue;

- INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 4, DE 31 DE MARÇO DE 2000 - Aprova os

regulamentos técnicos de identidade e qualidade de carne mecanicamente separada, de

mortadela, de lingüiça e de salsicha;

- INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 20, DE 31 DE JULHO DE 2000 - Aprova os

regulamentos técnicos de identidade e qualidade de almôndega, de apresuntado, de fiambre,

de hamburguer, de kibe, de presunto cozido e de presunto;

- INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 21, DE 31 DE JULHO DE 2000 - Aprova os

regulamentos técnicos de identidade e qualidade de patê, de bacon ou barriga defumada e de

lombo suíno;

- INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 22, DE 31 DE JULHO DE 2000 - Aprova os

regulamentos técnicos de identidade e qualidade de copa, de jerked beef, de presunto tipo

parma, de presunto cru, de salame, de salaminho, de salame tipo alemão, de salame tipo

calabresa, de salame tipo friolano, de salame tipo napolitano, de salame tipo hamburgues, de

salame tipo italiano, de salame tipo milano, de linguiça colonial e pepperoni;

- INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 6, DE 15 DE FEVEREIRO DE 2001 - Aprova os

regulamentos técnicos de identidade e qualidade de paleta cozida, produtos cárneos salgados,

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empanados, presunto tipo serrano e prato elaborado pronto ou semi-pronto contendo produtos

de origem animal;

- RESOLUÇÃO Nº 1, DE 9 DE JANEIRO DE 2003 - Aprova a uniformização da

nomenclatura de produtos cárneos não formulados em uso para aves e coelhos, suídeos,

caprinos, ovinos, bubalinos, eqüídeos, ovos e outras espécies de animais.

2.3 Legislação para laticínios

- DECRETO-LEI Nº 923, DE 10 DE OUTUBRO DE 1969 - Dispõe sobre a

comercialização do leite;

- DECRETO Nº 66183, DE 05 DE FEVEREIRO DE 1970 - Regulamenta o Decreto

lei nº 923, de 10 de outubro de 1969, que dispõe sobre a comercialização do leite cru;

- DECRETO Nº 75.773, DE 26 DE MAIO DE 1975 - Altera o Decreto nº 66.183, de 5

de fevereiro de 1970, que dispõe sobre a comercialização do leite cru;

- RESOLUÇÃO DIPOA/SDA Nº 10, DE 22 DE MAIO DE 2003 - Institui o Programa

Genérico de Procedimentos Padrão de Higiene Operacional (PPHO), a ser utilizado nos

estabelecimentos de leite e derivados que funciona sob o regime de Inspeção Federal, como

etapa preliminar e essencial dos Programas de Segurança Alimentar do tipo APPCC (Análise

de Perigos e Pontos Críticos de Controle);

- INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 51, DE 18 DE SETEMBRO DE 2002 - Aprova os

regulamentos técnicos de produção, identidade e qualidade do Leite tipo A, do Leite tipo B,

do Leite tipo C, do Leite Pasteurizado e do Leite Cru Refrigerado e o Regulamento Técnico

da Coleta de Leite Cru Refrigerado e seu Transporte a Granel;

- PORTARIA Nº 146 DE 07 DE MARÇO DE 1996 - Aprova os regulamentos

técnicos de identidade e qualidade de produtos lácteos como queijos, manteigas, creme de

leite, entre outros;

- PORTARIA Nº 352, DE 04 DE SETEMBRO DE 1997 - Aprova o regulamento

técnico para fixação de identidade e qualidade de queijo minas fresco. Alterada pela Instrução

Normativa nº 4, de 01/03/2004;

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- PORTARIA Nº 353, DE 04 DE SETEMBRO DE 1997 - Aprova o regulamento

técnico para fixação de identidade e qualidade de queijo parmesão, parmesano, reggiano,

reggianito e sbrinz;

- PORTARIA Nº 354, DE 04 DE SETEMBRO DE 1997 - Aprova o regulamento

técnico para fixação de identidade e qualidade de doce de leite;

- PORTARIA Nº 359, DE 04 DE SETEMBRO DE 1997 - Aprova o regulamento

técnico para fixação de identidade e qualidade do requeijão;

- RESOLUÇÃO Nº 4, DE 28 DE JUNHO DE 2000 - Institui o produto denominado

„manteiga comum, para comercialização exclusiva no território nacional;

- RESOLUÇÃO Nº 5, DE 13 DE NOVEMBRO DE 2000 - Oficializar os padrões de

identidade e qualidade (PIQ) de leites fermentados;

- INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 48, DE 12 DE AGOSTO DE 2002 - Aprova o

regulamento técnico de equipamentos de ordenha de dimensionamento e funcionamento;

- INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 16, DE 23 DE AGOSTO DE 2005 - Aprova o

regulamento técnico de identidade e qualidade de bebida láctea;

2.4 Legislação para mel e produtos apícolas

- PORTARIA Nº 6, DE 25 DE JULHO DE 1985 - Aprova as normas higiênico-

sanitárias e tecnológicas para mel, cera de abelhas e derivados;

- INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 11, DE 20 DE OUTUBRO DE 2000 - Aprova o

regulamento técnico de identidade e qualidade do mel;

- INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 3, DE 19 DE JANEIRO DE 2001 - Aprova os

regulamentos técnicos de identidade e qualidade de apitoxina, cera de abelha, geléia real,

geléia real liofilizada, pólen apícola, própolis e extrato de própolis;

3 LEGISLAÇÃO PARA ALIMENTOS DE ORIGEM VEGETAL

3.1 Legislação geral

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- DECRETO-LEI Nº 986, DE 21 DE OUTUBRO DE 1969 - Institui normas básicas

sobre alimentos. Estabelece a obrigatoriedade de registro no Ministério da Saúde dos

alimentos e aditivos destinados ao consumo, com exceção das matérias-primas alimentares e

dos alimentos in natura. Também estabelece normas sobre a rotulagem dos alimentos, sobre

os aditivos, sobre padrões de identidade e qualidade e sobre o processo de fiscalização e de

infrações e penalidades a que estão sujeitas os estabelecimentos que não cumprirem as

legislações.

- LEI Nº 6.437, DE 20 DE AGOSTO DE 1977 - Configura infrações à legislação

sanitária federal estabelecendo as respectivas sanções;

- PORTARIA Nº 1.549, DE 17 DE OUTUBRO DE 1997 - Estabelece padrões de

identidade e qualidade específicos e sub-padrões para os tipos ou espécies de alimentos;

- PORTARIA Nº 326, DE 30 DE JULHO DE 1997 - Aprova o regulamento técnico

sobre condições higiênico-sanitárias e de boas práticas de fabricação para estabelecimentos

produtores/Industrializadores de alimentos;

- RESOLUÇÃO Nº 23, DE 15 DE MARÇO DE 2000 - Dispõe sobre o manual de

procedimentos básicos para registro e dispensa da obrigatoriedade de registro de produtos

pertinentes à área de alimentos;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 12, DE 02 DE JANEIRO DE 2001 - Aprova o regulamento

técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 276, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005 - Aprova o

regulamento técnico para especiarias, temperos e molhos.

3.2 Legislação para panificados, biscoitos e massas

- PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 224, DE 05 DE ABRIL DE 1989 –

Regulamenta o uso de produtos derivados de cereais, leguminosas e tubérculos na elaboração

de pães, biscoitos e massas alimentícias;

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- RESOLUÇÃO RDC Nº 344, DE 13 DE DEZEMBRO DE 2002 - Aprova o

regulamento técnico para a fortificação das farinhas de trigo e das farinhas de milho com ferro

e ácido fólico;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 263, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005 - Aprova o

regulamento técnico para produtos de cereais, amidos, farinhas e farelos;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 273, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005 - Aprova o

regulamento técnico para misturas para o preparo de alimentos e alimentos prontos para o

consumo;

3.3 Legislação para açúcar e melado

- RESOLUÇÃO Nº 18 DE MAIO DE 1976 - Os açúcares refinados poderão usar as

expressões superlativas de qualidade tais como "super", "superior", "extra" e "especial";

- RESOLUÇÃO RDC Nº 271, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005 - Aprova o

regulamento técnico para açúcares e produtos para adoçar;

3.4 Legislação para alimentos obtidos com hortaliças e frutas

- RESOLUÇÃO RDC Nº 352, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2002 - Dispõe sobre o

regulamento técnico de boas práticas de fabricação para estabelecimentos

produtores/industrializadores de frutas e ou hortaliças em conserva;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 218, DE 29 DE JULHO DE 2005 - Dispõe sobre o

regulamento técnico de procedimentos higiênico-sanitários para manipulação de alimentos e

bebidas preparados com vegetais;

- RESOLUÇÃO RDC Nº 272, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005 - Aprova o

regulamento técnico para produtos de vegetais, produtos de frutas e cogumelos comestíveis.

4 LEGISLAÇÃO PARA BEBIDAS

4.1 Legislação para cachaça

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- LEI Nº 8.918, DE 14 DE JULHO DE 1994 - Dispõe sobre a padronização, a

classificação, o registro, a inspeção, a produção e a fiscalização de bebidas;

- DECRETO Nº 2.314, DE 4 DE SETEMBRO DE 1997 - Regulamenta a Lei nº 8.918,

de 14 de julho de 1994, que dispõe sobre a padronização, a classificação, o registro, a

inspeção, a produção e a fiscalização de bebidas;

- DECRETO Nº 3.510, DE 16 DE JUNHO DE 2000 - Altera dispositivos do

Regulamento aprovado pelo Decreto no 2.314, de 4 de setembro de 1997, que dispõe sobre a

padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a produção e a fiscalização de bebidas;

- DECRETO Nº 4.062 DE 21 DE DEZEMBRO DE 2001 - Define as expressões

"cachaça", "Brasil" e "cachaça do Brasil" como indicações geográficas;

- DECRETO Nº 4.851, DE 02 DE OUTUBRO DE 2003 - Altera dispositivos do

Regulamento aprovado pelo Decreto nº 2.314, de 4 de setembro de 1997, que dispõe sobre a

padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a produção e a fiscalização de bebidas;

- INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 19, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2003 - Aprovar as

normas sobre requisitos, critérios e procedimentos para o registro de estabelecimento, bebida

e fermentado acético e expedição dos respectivos certificados;

- DECRETO Nº 5.305, DE 13 DE DEZEMBRO DE 2004 - Acresce § 6º ao art. 81 do

regulamento aprovado pelo Decreto nº 2.314, de 4 de setembro de 1997, que dispõe sobre a

padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a produção e a fiscalização de bebidas;

- INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 13, DE 29 DE JUNHO DE 2005 - Aprova o

regulamento técnico para fixação dos padrões de identidade e qualidade para aguardente de

cana e para cachaça.

4.2 Legislação para vinhos

- LEI Nº 7678, DE 8 DE NOVEMBRO DE 1988 - Dispõe sobre a produção,

circulação e comercialização do vinho e derivados da uva e do vinho;

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- DECRETO 99.0066, DE 8 DE MARÇO DE 1990 - Regulamenta a Lei n.° 7.678, de

8 de novembro de 1988, que dispõe sobre a produção, circulação e comercialização do vinho

e derivados do vinho e da uva;

- DECRETO Nº 113, DE 06 DE MAIO DE 1991 - Altera o Decreto nº 99 066, de 8 de

março de 1990, que regulamenta a Lei nº 7.678, de 8 de novembro de 1988;

- PORTARIA N° 283, DE 18 DE JUNHO DE 1998 - Aprova as normas e

procedimentos para o registro de estabelecimentos, bebidas e vinagres, inclusive vinhos e

derivados da uva e do vinho e a expedição dos respectivos certificados.

- INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 5, DE 31 DE MARÇO DE 2000 - Aprova o

regulamento técnico para a fabricação de bebidas e vinagres, inclusive vinhos e derivados da

uva e do vinho, dirigido a estabelecimentos elaboradores e ou industrializadores;

- INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 55, DE 18 DE OUTUBRO DE 2002 - Aprova o

regulamento técnico para fixação de critérios para indicação da denominação do produto na

rotulagem de bebidas, vinhos, derivados da uva e do vinho e vinagres;

- LEI Nº 10.970, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2004 - Altera dispositivos da Lei no

7.678, de 8 de novembro de 1988, que dispõe sobre a produção, circulação e comercialização

do vinho e derivados da uva e do vinho.

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APÊNDICE B: PESQUISA EXPLORATÓRIA – PRIMEIRA ETAPA

1 – Há Quanto tempo que você trabalha nesse ramo? E há quanto tempo possui o

maquinário para esse beneficiamento?

2 – Você pensa em formalizar sua agroindústria? Já se informou sobre os

procedimentos necessários para essa legalização?

3 – Qual a maior dificuldade encontrada para essa formalização em sua opinião?

4 - Já se informou sobre as condições de um financiamento para investir no negócio?

Considera os valores acessíveis?

5 – Você acha que teria condições de pagar os impostos devidos nesse ramo caso

estivesse formalizado?

6 – Se você conseguisse legalizar sua atividade, acha que aumentaria suas vendas?

7 – Quem são os maiores clientes de seu produto hoje? Sabe a quantidade produzida

mensalmente?

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APÊNDICE C: PESQUISA EXPLORATÓRIA – SEGUNDA ETAPA

1- Quantas Agroindústrias existem hoje na região, e quantas delas são formalizadas?

2 - Existe algum projeto de incentivo para tal formalização?

3- Está havendo uma fiscalização e apoio nas propriedades com beneficiamento de

produtos?

4- Existe uma grande procura e interesse dos agricultores na formalização dessas

agroindústrias?

5- Quais as vantagens da formalização?

6 – O que você considera como a maior dificuldade para a formalização desses

agricultores?

7 – Você vê potencial no município para desenvolver agroindústrias?

8 – Acha que seria possível mudar a realidade do município se houvessem mais

projetos de incentivo para o mesmo?