fachin

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FACHIN SOBRE A MAIORIDADE – “Para onde irão esse adolescentes, hipoteticamente, dos 14 aos 16 anos? Porque, como sabemos, há experiência em outros países cuja faixa etária é bem menor do que a que nós temos aqui. Portanto, é preciso analisar essas experiências guardadas, as diferenças culturais, sociais e econômicas. É preciso internalizar esse debate no país e verificar, por exemplo, se no sistema prisional – tal como está, para aqueles que já têm 18 anos completos, como é atualmente a regra da nossa Constituição – há mesmo ressocialização. Ou seja, se nós estamos cumprindo o nosso dever de casa de ressocializar ou se nós vamos, ao tentar proteger esses adolescentes vulneráveis – que são mesmo vulneráveis ao tráfico de drogas… Muitos desses jovens, ao invés de estarem já se encaminhando para a vida produtiva, especialmente nos grandes centros urbanos, são destinatários das piores circunstâncias e são iniciados no crime com interpostas pessoas. Portanto, o debate que eu acho que precisa se ter é qual é o mecanismo para enfrentarmos esse tema. Talvez uma saída seja discutir as regras que estão no Estatuto da Criança e do Adolescente. E, eventualmente, ampliar essas regras, de tal modo que, por exemplo, ampliando a internação – que deve ser adequada –, poderíamos alcançar alguns resultados eventualmente mais efetivos. Mas é preciso colocar isso para o debate da sociedade brasileira, como os Senhores sabem melhor do que eu.” A opinião de Fachin sobre a Federação Publicado 11 horas atrás “Dito isso, gostaria de ferir esse tema, que é central na sua preocupação, que diz respeito ao fortalecimento da Federação. Tive oportunidade, não faz muito tempo, de ir a um debate sobre a questão das competências tributárias e fazer uma afirmação segundo a qual, no meu modo de ver, vivíamos um federalismo de Ornato, ou seja, era muito mais um verniz federalista do que uma federação na sua substância, porque de certo modo a distribuição das competências acabava não privilegiando precisamente onde se exercitam as competências, as atribuições mais rentes à população, que são os Estados membros e os Municípios. É evidente que a União tem um papel importantíssimo agregador e mantenedor da unidade da Federação, mas a excessiva centralização que se tem, e acho que esse é um debate que V. Exª bem localizou, a rigor, atende por um modelo e um desenho normativo que de algum modo torna os Estados e Municípios extremamente dependentes de atitudes, condutas e comportamentos daquilo que ordinariamente se chama de poder central. Esse é um problema substancial. A suscitação que V. Exª faz é de extremo relevo. A questão que está subjacente ou mesmo até explícita é que papel pode o Judiciário desempenhar para que esse dilema que se vive, essa circunstância, obviamente, não se agrave.

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FACHIN SOBRE A MAIORIDADE Para onde iro esse adolescentes, hipoteticamente, dos 14 aos 16 anos? Porque, como sabemos, h experincia em outros pases cuja faixa etria bem menor do que a que ns temos aqui. Portanto, preciso analisar essas experincias guardadas, as diferenas culturais, sociais e econmicas. preciso internalizar esse debate no pas e verificar, por exemplo, se no sistema prisional tal como est, para aqueles que j tm 18 anos completos, como atualmente a regra da nossa Constituio h mesmo ressocializao. Ou seja, se ns estamos cumprindo o nosso dever de casa de ressocializar ou se ns vamos, ao tentar proteger esses adolescentes vulnerveis que so mesmo vulnerveis ao trfico de drogasMuitos desses jovens, ao invs de estarem j se encaminhando para a vida produtiva, especialmente nos grandes centros urbanos, so destinatrios das piores circunstncias e so iniciados no crime com interpostas pessoas. Portanto, o debate que eu acho que precisa se ter qual o mecanismo para enfrentarmos esse tema. Talvez uma sada seja discutir as regras que esto no Estatuto da Criana e do Adolescente. E, eventualmente, ampliar essas regras, de tal modo que, por exemplo, ampliando a internao que deve ser adequada , poderamos alcanar alguns resultados eventualmente mais efetivos. Mas preciso colocar isso para o debate da sociedade brasileira, como os Senhores sabem melhor do que eu.A opinio de Fachin sobre a FederaoPublicado 11 horas atrsDito isso, gostaria de ferir esse tema, que central na sua preocupao, que diz respeito ao fortalecimento da Federao. Tive oportunidade, no faz muito tempo, de ir a um debate sobre a questo das competncias tributrias e fazer uma afirmao segundo a qual, no meu modo de ver, vivamos um federalismo de Ornato, ou seja, era muito mais um verniz federalista do que uma federao na sua substncia, porque de certo modo a distribuio das competncias acabava no privilegiando precisamente onde se exercitam as competncias, as atribuies mais rentes populao, que so os Estados membros e os Municpios. evidente que a Unio tem um papel importantssimo agregador e mantenedor da unidade da Federao, mas a excessiva centralizao que se tem, e acho que esse um debate que V. Ex bem localizou, a rigor, atende por um modelo e um desenho normativo que de algum modo torna os Estados e Municpios extremamente dependentes de atitudes, condutas e comportamentos daquilo que ordinariamente se chama de poder central. Esse um problema substancial. A suscitao que V. Ex faz de extremo relevo. A questo que est subjacente ou mesmo at explcita que papel pode o Judicirio desempenhar para que esse dilema que se vive, essa circunstncia, obviamente, no se agrave.Entendo que o papel primordial no exatamente do Judicirio, mas ele tambm tem um papel a cumprir, ou seja, levar em conta que a Federao a forma central de organizao da repblica brasileira e que isso no apenas uma proclamao formal do texto constitucional. , na verdade, uma proclamao compromissria. Portanto, na interpretao e na hermenutica constitucional, preciso que tenha espao para a valorizao do princpio federativo, quando e se albergado no texto constitucional.