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NOTÍCIAS EM DESTAQUE 23 DE FEVEREIRO
Recessão e baixa popularidade marcam início do segundo
mandato de Dilma Na quarta-feira, Dilma retoma a agenda de viagens, em Feira de Santana (BA), onde entregará 920
unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida
Dilma prepara medidas para se contrapor ao arrocho fiscal anunciado no início do ano
Com o fim da semana de carnaval, o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff dá mostras de que,
enfim, vai começar. A presidente rompeu um silêncio de quase dois meses e falou sobre a crise na
Petrobras, o risco de derrubada do veto à correção de 6,5% da tabela do Imposto de Renda e defendeu com
ênfase as medidas trabalhistas e previdenciárias encaminhadas ao Congresso. Na quarta-feira, ela retoma a
agenda de viagens, em Feira de Santana (BA), onde entregará 920 unidades habitacionais do programa
Minha Casa, Minha Vida. E pretende apresentar projetos com pouco impacto fiscal, como iniciativas para
desburocratizar a abertura e o fechamento de empresas e projetos de combate à corrupção.
Com a presidente movendo-se mais intensamente, a Esplanada também tende a sair da letargia. O ministro
da Fazenda, Joaquim Levy, que passou o carnaval nos Estados Unidos tentando convencer investidores de
que o Brasil retomará o rumo correto no campo econômico, participa de jantar, hoje, com o PMDB,
principal aliado do Planalto, mas que traça o próprio caminho, paralelo ao PT.
No convescote, marcado para o Palácio do Jaburu, estarão caciques peemedebistas, como o vice-presidente
da República, Michel Temer; os presidentes da Câmara e do Senado, Eduardo Cunha (RJ) e Renan
Calheiros (AL), respectivamente; os líderes do partido na Câmara e no Senado, Leonardo Picciani (RJ) e
Eunício Oliveira (CE); e ministros da legenda. ―Teremos várias matérias importantes do ajuste fiscal que
passarão pelo Congresso e é fundamental que o principal ministro da área econômica nos esclareça o que
está acontecendo e o que está por vir‖, disse um interlocutor da sigla. (PAULO DE TARSO LYRA -
CORREIO BRAZILIENSE)
Gastos de parlamentares passam de R$ 753 milhões Valor foi pago pelo Congresso sem licitação para cobrir despesas atribuídas por deputados e
senadores ao exercício do mandato na última legislatura. Por suspeitas de mau uso da verba,
Ministério Público aciona a Justiça para restringir benefício
Para o Ministério Público, Congresso contraria a lei ao dispensar parlamentares de licitação
Daria para erguer mais de 11 mil casas populares ou 115 escolas públicas para atender aproximadamente
500 alunos. Ou construir 40 hospitais com uma centena de leitos. Bancaria 1 milhão de famílias que tentam
fugir da extrema pobreza, com o Bolsa Família, durante 12 meses. Ou, ainda, o novo salário de R$ 33,7 mil
dos 594 parlamentares por quase três anos. Esses são alguns dos compromissos que poderiam ser
assumidos com o total despendido pela Câmara e pelo Senado apenas com os gastos de deputados e
senadores na última legislatura.
Entre fevereiro de 2011 e 15 de janeiro de 2015, mais de R$ 753 milhões saíram dos cofres das duas Casas
apenas para pagar passagens aéreas, hotéis, refeições, aluguel de escritórios e veículos, combustíveis, entre
outros itens, para os parlamentares federais, segundo levantamento da Revista Congresso em Foco. Tudo
sem licitação.
Graças à chamada Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap), mais conhecida como cotão, os
congressistas não precisam se submeter às regras da Lei de Licitações na hora de comprar, por exemplo,
materiais de escritório ou contratar consultoria. Pelo menos R$ 580 milhões foram transferidos diretamente
para a conta de deputados e senadores como ressarcimento após a apresentação de nota fiscal.
Nesses casos, o Congresso não checa, por exemplo, se as empresas contratadas existem nem se os valores
são compatíveis com os serviços prestados. Faz somente a conferência ―fiscal e contábil‖ dos documentos,
limitando-se a verificar se os gastos declarados eram passíveis de reembolso, conforme as regras internas.
Valem a palavra e a escolha do parlamentar, que pode destinar recursos públicos para empresas privadas de
sua preferência.
Sob questionamento
Essa liberalidade no uso da verba é questionada por entidades da sociedade civil e pelo Ministério Público
Federal, que enxergam as atuais regras como um terreno fértil para irregularidades e despesas
questionáveis, como pagamento a empresas que não têm sede e utilização do benefício público com luxos.
As suspeitas de desvio ou utilização indevida da verba no aluguel de veículos, levantadas pelo ativista
Lúcio Batista, o Lúcio Big, levou a Câmara a limitar esse tipo de despesa e o Tribunal de Contas da União
(TCU) a abrir apuração contra 20 parlamentares.
O procurador da República no Distrito Federal Anselmo Henrique Cordeiro Lopes quer obrigar a Câmara e
o Senado a reverem o cotão. Anselmo acusa o Congresso de contrariar a Constituição e a Lei de Licitações
ao ressarcir os parlamentares por despesas ―ordinárias‖, ―previsíveis‖ e ―rotineiras‖, como a compra de
material para consumo em escritórios, a aquisição de combustíveis e lubrificantes para veículos, a
contratação de segurança particular e a divulgação da atividade parlamentar. Segundo o procurador, o
procedimento licitatório é obrigatório por lei nesses casos.
Ele pede na Justiça que a Câmara e o Senado parem de reembolsar deputados e senadores com gastos dessa
natureza e passem a realizar licitação para esses bens e serviços. Despesas consideradas imprevisíveis
como passagens aéreas e hospedagem continuariam sob as regras atuais. ―Apesar de a contratação ser feita
pelo parlamentar, a responsabilidade pela despesa é da Câmara e do Senado, que deveriam garantir a
impessoalidade e a economicidade‖, diz o procurador. O problema, observa, é que isso não ocorre.
Em agosto, a 20ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, rejeitou o pedido de liminar do procurador, que
recorreu ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. O recurso não foi examinado ainda. Somente as
despesas apontadas como passíveis de licitação pelo procurador somaram mais de R$ 250 milhões nos
últimos quatro anos. O número, no entanto, é ainda maior, já que o Senado inclui os gastos com
lubrificantes e combustíveis na mesma rubrica de locomoção e hospedagem, que não estariam sujeitas ao
processo licitatório.
Vantagens
O valor da verba varia de uma casa legislativa para outra e de acordo com o estado de origem do
parlamentar. Por causa dos voos tradicionalmente mais caros, congressistas da região Norte têm acesso a
uma fatia maior de recursos. Todos os dez deputados que mais gastaram a cota na legislatura passada
representavam estados do Norte. Entre os senadores, o ranking é igualmente dividido entre nortistas e
nordestinos.
Na Câmara, o benefício vai de R$ 27.977,66 (Distrito Federal) a R$ 41.612,80 (Roraima). Líderes e vice-
líderes partidários ainda têm direito a um bônus. No Senado, a cota varia de R$ 21.045,20 (também do
Distrito Federal) a R$ 44.276,60 (Amazonas). O senador também pode cobrir despesas feitas por seus
assessores com transporte, alimentação e hospedagem.
Além do cotão, os parlamentares têm direito a uma série de outros benefícios para exercer o mandato. O
Congresso banca a moradia de deputados e senadores por meio de apartamento funcional ou auxílio
financeiro, a contratação de até 25 funcionários por gabinete na Câmara e 55 no Senado, além das despesas
médicas dos parlamentares. Os senadores têm direito ainda a carro oficial com motorista, benefício restrito
a alguns cargos entre os deputados. Nos próximos quatro anos, cada parlamentar receberá por mês R$ 33,7
mil de salário. (EDSON SARDINHA – CONGRESSO EM FOCO)
Juiz quer apurar interferência em CPI da Petrobras Interceptações telefônicas da Polícia Federal apontaram tentativa de obstrução de trabalhos
parlamentares durante o ano passado. Suspeita é que empresas tentaram influenciar trabalhos
O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, responsável pelas investigações da Operação Lava
Jato, recomendou à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público Federal (MPF) que apurem suspeitas de
tentativas de obstrução dos trabalhos da CPI mista da Petrobras, concluída em dezembro do ano passado.
A suspeita da força-tarefa da Lava Jato, conforme Congresso em Foco apurou, é que as empresas
envolvidas no regime de cartel de obras da Petrobras tentaram influenciar a convocação de membros que
prestaram depoimentos aos deputados federais e senadores no ano passado. Os investigadores suspeitam
que a CPI de 2014 tenha passado por situação semelhante à que ocorreu em 2009, conforme depoimentos
do ex-diretor de refino e abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Na época, segundo Paulo
Roberto, o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra teria recebido propina para esvaziar uma CPI também
criada para investigar a Petrobras.
Interceptações telefônicas da Polícia Federal registraram momentos em que pessoas próximas ao ex-diretor
de serviços da Petrobras Renato Duque confirmaram a obstrução à sua convocação na CPI mista. O próprio
juiz Sérgio Moro faz essa observação em um dos despachos de manutenção das prisões temporárias dos
executivos Ricardo Pessoa, da UTC, Eduardo Hermelino Leite, Dalton Avancini e João Auler, da Camargo
Corrêa. ―Mais recentemente, foram interceptados diálogos telefônicos que revelaram obstrução à
convocação, como testemunha, do ex-diretor de Serviços Renato de Souza Duque pela Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito constituída no Congresso para apurar os crimes praticados contra a
Petrobras‖, revelou Moro em seu despacho.
Em um destes diálogos interceptados pela Polícia Federal, gravado no dia 11 de novembro do ano passado,
uma interlocutora de Duque, identificada como Gabriela, revela que estaria com ―três pessoas‖
monitorando os trabalhos da CPI da Petrobras.
Na conversa, a interlocutora revela uma articulação para obstruir a convocação do executivo da estatal. ―Tô
te ligando só para te falar que a gente tá monitorando o dia. Tem uma ideia agora de deixarem aprovar a
sua convocação. Hoje só vão votar você e o Sérgio Machado (na época, presidente da Transpetro). De
deixarem aprovar a convocação e depois irem protelando como tão (sic) fazendo com a cassação do André
Vargas. É … Eles tão (sic) lá conversando e tá tendo muita reunião ao mesmo tempo. Assim que a gente
souber com que posição. Se vai para reunião eu te aviso‖, afirmou a interlocutora de Duque uma semana
antes dele ser preso.
No ano passado, após sete meses de investigações, a CPI da Petrobras pediu o indiciamento de 52 pessoas,
entre elas Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, tido como líder do esquema de desvios de recursos da
Petrobras. No entanto, a CPI não fez indiciamento de políticos. (WILSON LIMA – CONGRESSO EM
FOCO)
Fundo do FGTS tem na Lava Jato mais de R$ 11 bilhões
aplicados O fundo FI-FGTS, que utiliza uma fatia de recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) do
conjunto de trabalhadores, tem mais de R$ 11 bilhões aplicados em empresas citadas na operação Lava
Jato.
É mais de um terço do total de R$ 32 bilhões de recursos do fundo, que foi criado para investir em projetos
de infraestrutura.
"A maioria das empresas desse setor [infraestrutura] estão na operação Lava Jato; é natural que seus
projetos façam parte de um fundo com foco em infraestrutura", disse Marcos Vasconcellos, vice-presidente
da Caixa. O banco é responsável pela gestão do FGTS e do FI-FGTS.
O maior investimento é em R$ 2,378 bilhões em debêntures (títulos de dívida de longo prazo) da Sete
Brasil, fornecedora de navios plataformas e sondas para exploração da Petrobras no pré-sal.
O fundo também têm R$ 2,379 bilhões em ações da Odebrecht TransPort, e outro R$ 1,079 bilhão na
Odebrecht Ambiental, ambas empresas de capital fechado do grupo Odebrecht.
O investimento mais arriscado até o momento é na OAS Óleo e Gás, em que o FI-FGTS tem R$ 800
milhões. O grupo atrasou pagamentos e deve pedir recuperação judicial nas próximas semanas.
Segundo Vasconcellos, o escândalo ainda não trouxe perdas ao fundo, que rendeu 7,71% em 2014.
O executivo afirmou que o FI-FGTS têm mais de R$ 10 bilhões em caixa para investir em projetos de
infraestrutura. No entanto, teve de reduzir o apetite devido ao risco crescente das empreiteiras.
"Estamos esperando que novos players [empresas] voltem a participar da infraestrutura", disse.
O governo e a CVM estudam abrir o FI-FGTS para que os trabalhadores apliquem seu dinheiro como
fizeram com ações da Vale e da Petrobras. (AGÊNCIA FOLHA)
MP quer impedir acordo de empresas na Lava Jato com
CGU Acordo de leniência permitiria que empresas firmassem novos contratos com órgãos públicos e
reduziria as multas impostas por participação no esquema de corrupção
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União solicitou à presidência da corte que
determine que a Controladoria Geral da União (CGU) evite celebrar acordos de leniências com empresas
investigadas pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que apura um esquema envolvendo pagamentos
de propinas de empreiteiras à Petrobras. De acordo com a Folha de S. Paulo, o pedido será analisado pelo
presidente do TCU, ministro Araldo Cedraz, que não tem prazo para tomar a decisão.
Operação Lava Jato investiga um esquema de corrupção na Petrobras
Foto: Sergio Moraes / Reuters
Um acordo de leniência permitiria a redução das multas impostas às empresas, que também poderiam
fechar novos contratos com órgãos públicos. Em troca, as empresas fariam ―reconhecimento dos fatos‖ e
―reparação dos danos‖.
Segundo o jornal, a CGU ainda não fechou nenhum acordo desse tipo, mas informou em novembro do ano
passado que duas empreiteiras já haviam procurado o órgão para discutir o assunto. A CGU abriu
processos contra oito empresas investigadas pela Polícia Federal no esquema.
O procurador Júlio Marcelo de Oliveira disse que a CGU não tem ―a independência e a autonomia
necessárias para conduzir questões de amplitude e gravidade como essa que se depara o País na Operação
Lava Jato‖. Em petição protocolada na sexta-feira, ele também classificou o esquema como
―provavelmente o maior escândalo de corrupção do mundo em todos os tempos‖.
A CGU foi criada em 2003 como um ‖órgão de consulta‖ da Presidência da República. De acordo com a
Lei Anticorrupção, de 2013, cabe ao órgão, no âmbito do governo federal, celebrar acordos de leniência.
(REDAÇÃO TERRA)
Empresário diz que presidente do DEM cobrou propina de
R$ 1 milhão Em delação premiada ao Ministério Público do Rio Grande do Norte divulgada no domingo (22) pelo
programa Fantástico, da TV Globo, o empresário potiguar George Olimpio acusou o senador José Agripino
Maia (DEM-RN), presidente nacional do DEM e coordenador da campanha de Aécio Neves (PSDB), de
cobrar mais de R$ 1 milhão para permitir um esquema de corrupção no serviço de inspeção veicular
investigado pela Operação Sinal Fechado do Ministério Público Estadual, em 2011.
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Segundo Olimpio, além de Agripino, participavam do esquema a ex-governadora do Rio Grande do Norte
e atual vice-prefeita de Natal, Vilma de Faria (PSB), seu filho Lauro Maia, o presidente da Assembleia
Legislativa, Ezequiel Ferreira (PMDB), e o ex-vice-governador Iberê Ferreira (PSB), morto em setembro
do ano passado. Todos negaram envolvimento.
De acordo com a delação premiada feita ao Ministério Público, o acerto com Agripino teria acontecido na
cobertura do senador, em Natal. "A informação que temos é que você deu R$ 5 milhões para a campanha
do Iberê", teria dito o senador, segundo o delator. Olimpio respondeu que doou R$ 1 milhão para a
campanha do ex-vice e prometeu entregar R$ 200 mil imediatamente ao senador e outros R$ 100 mil na
semana seguinte. "Aí ficam faltando R$ 700 mil", teria dito Agripino.
O empresário interpretou o comentário do senador como uma "chantagem". "Os R$ 1,15 milhão foram
dados em troca de manter a inspeção", disse Olímpio.
Em entrevista ao Fantástico, Agripino confirmou ter recebido Olimpio tanto na cobertura em Natal quanto
em seu apartamento em Brasília. De acordo com o senador, o empresário é "parente de amigos" de seu pai.
Agripino, no entanto, negou enfaticamente ter cobrado ou recebido propinas de Olimpio. "Ele não me deu
R$ 1 milhão coisíssima nenhuma. Eu nunca pedi nenhum dinheiro, nenhum valor, conforme ele próprio
declarou em cartório", disse o senador. "É uma infâmia."
Em 2012 Olimpio registrou um documento num cartório de Natal no qual afirmava nunca ter dado dinheiro
ao presidente nacional do DEM.
De acordo com os promotores que investigam o caso, o empresário mudou de ideia em 2014, quando,
sentindo-se abandonado pelos amigos, procurou o Ministério Público para sugerir a colaboração em troca
de benefícios penais.
Embora tenha feito a delação, Olimpio continua figurando como réu no processo. Os documentos que
envolvem Agripino foram remetidos à Procuradoria-Geral da República, já que o senador tem direito a foro
privilegiado.
Segundo os promotores que cuidam do caso, Olimpio teria montado um esquema que envolveria as
principais autoridades do Estado para aprovar uma lei que criava o sistema de inspeção veicular no Rio
Grande do Norte.
O presidente da Alern, Ezequiel Ferreira, teria recebido R$ 500 mil para aprovar a lei atropelando todo o
rito legal. Segundo a Promotoria, o projeto que instaurava a inspeção veicular potiguar não passou nem
sequer pelas comissões temáticas da casa antes de ser levada ao plenário.
A relação do empresário com políticos teria começado em 2008, quando Olimpio, por meio de um instituto
responsável por gerir taxas referentes a financiamentos de automóveis no Rio Grande do Norte, repassava
parte dos valores recebidos às mais altas autoridades do Estado.
Em um vídeo exibido no início da reportagem, Olimpio aparece entregando maços de notas ao então
diretor do Detran potiguar Erico Valerio de Souza, também envolvido no esquema de pagamento de
propinas. (AGÊNCIA BRASIL)
A receita para quebrar o Brasil Em novembro a doutora Dilma sancionou um projeto refinanciando as dívidas de Estados e municípios.
Coisa de R$ 500 bilhões, que deveriam ser pagos até 2039. Governadores e prefeitos que herdaram o
espeto mexeram-se para mudar as condições de pagamento. No carro-chefe ficou o comissário de São
Paulo Fernando Haddad. Argumentava que a cidade tinha perdido a capacidade de investimento. Mudando-
se o sistema, sua dívida cairia de R$ 62 bilhões para R$ 36 bilhões. Como dinheiro não nasce em árvore, a
Viúva perderá receita. Neste ano, seria uma mixórdia, apenas R$ 1 bilhão. Quem pagou tudo direitinho
ferrou-se.
Esse assunto não tinha personagens satanizáveis nem podia ser tratado como um escândalo. Teve até o
apoio do PSDB. Virou uma coisa boa.
Quatro anos antes, o mesmo Fernando Haddad estava no ministério da Educação e mudou as regras do
Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior, o Fies. Vivendo na ponta que distribui dinheiro,
baixou os juros para 3,4% ao ano, ampliou os prazos de pagamento para três vezes o tempo de duração do
curso e relaxou as exigências para os fiadores. Criou-se a fiança solidária, bastando juntar três colegas da
faculdade. De onde sairá o dinheiro emprestado a juros subsidiados e em condições imprevisíveis de
retorno? Um palpite: da bolsa da Viúva.
Aquilo que poderia ser uma boa iniciativa virou uma estatização do risco do financiamento das
universidades privadas. Esse tipo de crédito é socialmente necessário, desde que seja matematicamente
sustentável. Faculdades estimularam seus alunos a migrar para o Fies e, com isso, o número de bolsistas
passou de 150 mil em 2010 para 4,4 milhões em 2014. Os financiamentos pularam de R$ 1,1 bilhão para
R$ 13,4 bilhões. Há faculdades onde os alunos que pagam as mensalidades tornaram-se uma raridade.
Formaram-se conglomerados universitários, com ações na Bolsa. O repórter José Roberto Toledo mostrou
que, entre 2012 e novembro de 2014, enquanto o Ibovespa caiu 18%, as ações do grupo Kroton, com um
milhão da alunos, valorizaram-se em 500%. (Em 2014 o grupo recebeu R$ 2 bilhões do Fies, cifra inédita
até para a Odebrecht.)
O ministro Cid Gomes quis colocar método na maluquice, exigindo padrões de desempenho acadêmico às
escolas, notas melhores dos alunos para o acesso ao programa e associou parte do desembolso à formatura
do jovem. Prenunciou-se uma "catástrofe". Ou, nas palavras de Gabriel Mario Rodrigues, presidente da
guilda da escolas privadas, "o governo fez uma cagada", "o ministro não é do ramo" e "fala demais". Com
toda razão, ele diz que "não podemos confiar no governo". Nem eles nem a torcida do Flamengo. Com a
ajuda de parlamentares e de "gente trabalhando nas altas esferas" (em quem confiam), as empresas se
articulam para desossar as medidas.
Ganha um fim de semana na Guiné Equatorial quem acredita que esses financiamentos dados com critérios
frouxos e fianças capengas fecharão a conta na bolsa da Viúva. Vem por aí outro rombo. Como aconteceu
com a dívida dos Estados e municípios, certamente será renegociado, noutros governos. É assim que se
quebra um país.
CPI
Será instalada nesta semana a terceira CPI para investigar roubalheiras na Petrobras.
Na melhor das hipóteses, vai dar em nada, como as demais. Na pior, vai dar em tenebrosas transações,
como aconteceu com suas antecessoras que investigaram as tramoias de Carlinhos Cachoeira e aquelas
praticadas no Banestado.
EREMILDO, O IDIOTA
Eremildo é um idiota e está preocupado com a composição do Supremo Tribunal Federal em 2021. Seis
anos depois de ter sido deflagrada a Operação Castelo de Areia, o ministro Luís Roberto Barroso sepultou-
a. Ela investigava roubalheiras de empreiteiros. O cretino teme que aconteça a mesma coisa com a Lava
Jato.
Em todos os casos, essas investigações atolam porque descobre-se que foram alavancadas por ações ilegais.
Contaram-lhe que esse respeito ao que parecem ser pequenos detalhes foi estabelecido nos Estados Unidos
em 1966, no caso de Ernesto Miranda, um cidadão acusado de ter matado uma menina. Ele confessou o
crime, mas a polícia não lhe disse que tinha o direito de ficar calado. Miranda recorreu à Corte Suprema
numa folha de papel almaço, ganhou e foi libertado. Daí em diante, tornou-se sinônimo do direito dos
presos.
Eremildo foi atrás desse caso: O processo foi reaberto na primeira instância, Miranda foi a um novo
julgamento e tomou uma cana de vinte anos. Libertado condicionalmente em 1972, morreu numa briga de
bar.
Eremildo concluiu que, quando a Justiça quer, funciona.
FESTA
Marta Suplicy comemorará seu aniversário com uma festa no dia 20 de março.
Mais uma dor de cabeça para os petistas que pensam em apagar seu verbete da enciclopédia soviética.
(COLUNA DO ELIO GASPARI)
Projeto disciplina fusão e incorporação de partidos A ideia é limitar fusão de partidos só 12 anos depois de criados
Projeto apresentado pelo senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) propõe mudança na Lei dos Partidos
Políticos, para que a fusão ou incorporação entre partidos só seja permitida após um período
correspondente a três legislaturas ou 12 anos a contar da criação da legenda. A tentativa do senador é
disciplicar esse fenômeno que é comum no Brasil.
O Tribunal Superior Eleitoral registra a existência de 32 partidos políticos. Os dois últimos foram criados
em 2013 — Partido Republicano da Ordem Social (PROS) e o Solidariedade (SD). Alguns partidos são
resultado de fusões entre duas ou mais legendas. É o caso do Partido da República (PR), que reuniu PL e
Prona.
Bezerra justifica que esse prazo é necessário para que as novas agremiações tenham a chance de colocar
em prática os programas partidários. Além disso, de acordo com o senador, esse tempo evitaria a extinção
precoce de partidos.
A Lei dos Partidos Políticos, assim como a Constituição, estabelece ser livre a criação, fusão, incorporação
e extinção das legendas, desde que haja respeito à soberania nacional, ao regime democrático, ao
pluripartidarismo e aos direitos humanos. A legislação traz ainda regras para que as fusões e incorporação
aconteçam, mas não define em qual período isso pode acontecer.
A Constituição também obriga que os partidos tenham caráter nacional. Estão proibidos de receber
dinheiro de entidades ou governos estrangeiros e devem prestar contas à Justiça Eleitoral.
O PLS 22/2015, apresentado em fevereiro, foi encaminhado para análise da Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania (CCJ) que decidirá sobre a matéria em caráter terminativo. Dessa forma, se for
aprovado, poderá seguir para a Câmara dos Deputados, sem ter que passar pelo Plenário do Senado.
(DIÁRIODO PODER)
ATÉ TU, JOSÉ EDUARDO CARDOZO? Não foram poucas as vezes que indiquei o nome de José Eduardo Cardozo, como candidato a vereador e
demais postos, a alguns familiares que não conheciam bem o currículo dos candidatos. Tinha um bom
conhecimento do professor da PUC, colaborador do cardeal, e político convicto de seus ideais, ainda que
diferentes dos meus.
No plano pessoal, nunca me esquecerei de que foi Cardozo, com seu voto definitivo, que me elegeu
presidente da Fundação Cásper Líbero, como eleitor representante da Cúria Metropolitana.
Figura tranquila, respeitosa dos direitos gerais e humanos, sempre deixou uma impressão magnífica nos
auditórios que frequentou, como professor ou aluno.
Grande colaborador da candidata e prefeita Erundina, manteve-se no partido, quando essa, por convicções
pessoais decidiu abandoná-lo.
Nos tumultos de natureza moral pelos quais o partido passou seguidas vezes, depois do Mensalão, sempre
acreditei que havia chegado a hora de Cardozo acompanhar Chico Whitaker, Plinio de Arruda Sampaio e
Marina Silva que, entre outros, se desligaram daquele PT, que não correspondia aos sonhos de São
Bernardo.
Mas Eduardo Cardozo permaneceu. E , até mesmo, no vácuo das lideranças, cresceu, com sua figura e
méritos. Tornou-se, pela imagem e fidelidade partidária, Ministro da Justiça, no governo do PT. Melhor
para o partido e para Dilma, terem, naquele posto, alguém de sua envergadura moral.
É evidente que todo mundo na vida política, costuma conversar com todo mundo, mas político que ocupa
cargo político relevante, precisa cuidar de sua agenda, da transparência de seus encontros e da
oportunidade política ou moral de receber A ou B. No momento em que, pela primeira vez na história do
Brasil, nos caminhos judiciais do Lava Jato, as grandes empreiteiras, isto é, os corruptores, são arrolados
entre os denunciáveis, não podemos considerar hora adequada para o Ministro receber os advogados desses
réus. A observação não é minha, mas do Ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.
Não adianta José Eduardo Cardozo estrilar, dizendo que esse prurido ético é hábito de ditaduras militares.
Ele está cansado de saber que ética não é um valor que se metamorfoseia conforme o regime político. Ética
é ética. (JORGE DA CUNHA LIMA – IG)
Pelo menos R$ 1 bilhão foi sonegado em esquema na
Petrobras Estimativa preliminar é de fiscais da Receita Federal, que apontam que valor pode ser muito maior
se levar em conta manobras fiscais com obras superfaturadas e propinas
Pelo menos R$ 1 bilhão foi sonegado no esquema de corrupção na Petrobras que é investigado pela
Operação Lava Jato, da Polícia Federal, apontam cálculos preliminares da Receita Federal, de acordo com
informações do jornal O Globo. Esse valor, segundo técnicos do Fisco ouvidos pelo jornal, deve ser muito
maior, já que montante foi estimado com base na primeira etapa da operação.
De acordo com um técnico, um grupo especial de auditores fiscais do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília
já analisou as contas de 268 pessoas físicas e jurídicas envolvidas na Lava Jato. Até este momento, foram
abertos procedimentos de fiscalização de apenas 57 contribuintes.
Entre os 268 contribuintes analisados, o Fisco identificou laranjas ou empresas que foram citadas em
depoimentos, mas que não apresentarem indícios de sonegação. A Receita tem recebido dados da
investigação da força-tarefa da PF e do Ministério Público. A expectativa é de que novos procedimentos
sejam abertos nas próximas semanas.
Paulo Roberto Costa recebeu propina mesmo após ter saído da Petrobras
Os técnicos dizem que o valor da sonegação fiscal deve aumentar porque ainda não foi concluída a análise
das manobras que empreiteiras fizeram para pagar menos Imposto de Renda sobre as obras superfaturadas
e também sobre as propinas.
Receita já analisou as contas de 268 pessoas físicas e jurídicas envolvidas na Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras - Foto: Sergio
Moraes / Reuters
A Operação Lava Jato reuniu documentos que apontam que grandes empreiteiras simularam a contratação
de empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef. Ele emitiu notas fiscais por serviços não prestados. O
doleiro admitiu à Justiça que as notas eram fictícias e serviam para tentar legalizar as propinas pagas pelas
empresas. (REDAÇÃO TERRA)
Dilma confirma golpe contra o trabalhador e mantém em
4,5% a correção da tabela do IR Saindo pela tangente – Na sexta-feira (20), após cerimônia em que recebeu as credenciais dos novos
embaixadores estrangeiros, a presidente da República, Dilma Vana Rousseff, conversou com os jornalistas
presentes no Palácio do Planalto e falou sobre o reajuste da tabela do IR, valendo-se de desculpas pouco
convincentes, principalmente porque em 2014 o seu governo promoveu uma gastança sem precedentes.
―Eu tenho um compromisso e vou cumprir meu compromisso, que é 4,5%. Não estamos vetando porque
queremos, estamos vetando porque não cabe no Orçamento público. É assim‖, argumentou.
―Eu já mandei [a proposta de 4,5%] por duas vezes, vou chegar à terceira vez. Meu compromisso é 4,5%.
Se, por algum motivo, não quiserem os 4,5%, nós vamos ter de abrir um processo de discussão
novamente‖, completou a petista.
Quanto maior o índice de correção da tabela, maior o número de contribuintes isentos do pagamento de
imposto e menor é a arrecadação. O governo argumenta que a correção de 6,5% levaria a uma renúncia
fiscal de R$ 7 bilhões, mas ignora o fato de que o descompasso da economia impulsionou a inflação, que
diuturnamente derrete o poder de compra dos salários.
Tiro ao alvo
Líder do Democratas na Câmara dos Deputados, Mendonça Filho criticou o anúncio da presidente Dilma
Rousseff de que novo texto estipulando o reajuste da tabela do Imposto de Renda em 4,5% será enviado ao
Congresso Nacional. O democrata pernambucano é autor da emenda, aprovada por ampla maioria em
dezembro de 2014, que reajustava a tabela em 6,5%, valor calculado de acordo com a inflação para 2014.
―Dilma agora oferece um prêmio de consolação após o Brasil inteiro sofrer com dois meses sem reajuste da
tabela pois sabe que o veto que impôs ao reajuste em 6,5% vai cair no Congresso Nacional‖, afirmou
Mendonça.
Para o líder do Democratas, a inclusão do veto na pauta do Congresso é prioridade da oposição e conta com
o apoio de parlamentares da base governista. ―Vamos incluir o veto na pauta e depois derrubá-lo. Caso não
entre, o brasileiro vai ficar três meses sem correção de uma tabela que já acumula uma defasagem de mais
de 60%‖, lembrou.
Pacote de maldades
Mendonça Filho relacionou o anúncio do reajuste abaixo da inflação como o mais novo item do ―pacote de
maldades‖ da presidente.
―Se trata de mais uma medida do seu famoso pacote de maldades que é a única forma adotada pelo governo
até agora para tentar conter a crise fiscal em que se encontra: aumentos de impostos, tarifaços e cortes em
direitos trabalhistas‖, concluiu.
Jogo rasteiro
Dilma também defendeu as mudanças nas regras de concessão de benefícios trabalhistas e previdenciários,
anunciadas pelo governo em dezembro passado, e disse que as alterações corrigirão distorções. ―Todas as
medidas que nós tomamos têm um objetivo. Não estou falando das fiscais, estou falando daquelas que
dizem respeito ao seguro-desemprego, ao abono salarial, à pensão por morte. Nós estamos aperfeiçoando a
legislação. A legislação tem que ser aperfeiçoada da mesma forma como fizemos com o Bolsa Família‖,
ressaltou a presidente, ao citar os processos de auditoria pelos quais o programa social passa.
Dilma negou que as mudanças representem retirada de direitos ou flexibilizem a legislação trabalhista do
país. ―Flexibilização da legislação trabalhista é acabar com o décimo terceiro, com férias, com aviso
prévio.‖
Sobre a disposição do governo de desistir de aumentar o rigor nas regras para concessão dos benefícios,
Dilma disse que ―sempre há negociação‖, mas que o governo ―tem posições claras‖. ―Sempre há
negociação. Ninguém acha que num país democrático como o Brasil, que tem um Congresso livre, que tem
movimentos sociais sendo ouvidos e com os quais você dialoga, seja algo fechado, que não há negociação.
Sempre há negociação, mas há também posições claras. A gente tem que defender posições claras‖,
afirmou Dilma, que durante a campanha usou o termo ―nem que a vaca tussa‖ para garantir aos eleitores
que não mexeria nos direitos trabalhistas. (UCHO.INFO)
Quem pariu Mateus... Nas últimas eleições para a presidência da República, votei em Aécio e estava certo de que Dilma Rousseff
seria derrotada. Mas ela ganhou. Meu consolo foi verificar que ganhou por pouco mais de 3% dos votos.
De qualquer modo, seria melhor que ela tivesse perdido, pensava comigo mesmo, até que me dei conta de
que a coisa não era tão simples assim. Ao considerar a quantidade de problemas que ela teria de enfrentar,
avaliei melhor a situação –conforme escrevi aqui– e concluí que ela havia deixado, para si mesma, uma
verdadeira herança maldita.
E é o que está se vendo. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que ela nomeou para tentar evitar que o
barco afundasse, pensa o contrário dela e considera um erro a política econômica por ela imposta ao país.
Por isso mesmo, preparou uma medida provisória, enviada ao Congresso, que atinge algumas conquistas
dos trabalhadores –como o salário desemprego, pensão e auxílio-doença. Mal a proposta chegou à Câmara
de Deputados e as centrais sindicais se mobilizaram para impedir sua aprovação. E não só elas –que
representam grande parte do eleitorado petista– mas também parlamentares da base do governo e até do
PT.
Já pensou no que vai dar isso? Se medidas dessa natureza não contam com o apoio dos trabalhadores e da
base parlamentar governista, a situação econômica do país caminhará para um ponto crítico, cujas
consequências políticas para o governo serão inevitáveis.
Isso sem falar na Operação Lava Jato, cujas denúncias se multiplicam, envolvendo gente da cúpula petista,
como é o caso de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, que teria recebido, das mãos do denunciante,
milhões de dólares em propina.
Trata-se de um fato tão grave que o próprio Lula se viu obrigado, na festa de aniversário do partido, a
elogiá-lo e aplaudi-lo. Uma farsa, claro, mas também a única alternativa, pois se ficasse calado estaria
admitindo como verdadeira a acusação, o que não se pode esperar de nenhum petista, muito menos de Lula,
que aprendeu com o mensalão.
Tomado de surpresa, ao saber da denúncia, se disse traído para, depois, afirmar que o julgamento do
Supremo Tribunal Federal foi 80% político, muito embora ele e Dilma tivessem nomeado nove dos 11
ministros que julgaram o processo.
Sucede que a situação, agora, é outra, não só porque os escândalos se multiplicam como suas
consequências atingem a Petrobras, comprometendo seus investimentos e suas obras, de tal modo que a
desmoralizaram, como empresa, no âmbito internacional.
É impossível avaliar em que vai dar tudo isso mas, certamente, em boa coisa não será. Para piorar, os
trabalhadores de diferentes setores da estatal começam a manifestar publicamente seu descontentamento
com os escândalos e o atraso de seus salários.
Certamente, devem se lembrar dos discursos de Lula e Dilma, afirmando que defendiam a Petrobras de
seus inimigos, os tucanos, que queriam privatizá-la. Na verdade, quem a "privatizou" foram eles, que a
usaram para enriquecer seu partido e se manter no poder.
Postos assim contra a parede, recorrem à prática de sempre: apresentam-se como vítimas de uma
conspiração. Rui Falcão, presidente do PT, não teve a coragem de afirmar que a convocação de Vaccari
pela comissão que apura os crimes da Lava Jato foi resultado de uma manobra para estragar a festa de
aniversário do PT?! Como se alguém estivesse preocupado com semelhante efeméride!
Mas essa é a tática de sempre: quando alguém mostra que o PT pisou na bola, o faz porque está a serviço
da elite, inimiga do partido defensor dos pobres e, assim, o petista corrupto passa a ser herói nacional,
como José Dirceu e Genoino.
Enquanto isso, Lula e Dilma abrem os cofres do BNDES para dar dinheiro público aos empresários amigos
e entregam a Petrobras à sanha das empreiteiras.
É razão suficiente para Aécio dizer: "Ainda bem que perdi as eleições." Com toda a razão. Já imaginou a
campanha que Lula e sua turma estariam fazendo contra ele, quando tomasse as medidas que teria de tomar
para recuperar a economia que Dilma afundou?
Melhor que ela arque com as consequências de seus equívocos. Quem pariu Mateus que o embale.
(FERREIRA GULLAR)
A ‘nuvem’ de Beto Richa O ex-banqueiro mineiro José de Magalhães Pinto costumava dizer que política é como nuvem: "Você olha
e ela está de um jeito; olha de novo e ela já mudou". Repetida quase que à exaustão por analistas de todos
os cantos do País, sobretudo durante campanhas eleitorais, a expressão até pouco tempo atrás parecia só
não fazer sentido no Paraná de Beto Richa (PSDB), governador reeleito ainda no primeiro turno, com
55,67% dos votos válidos.
Em que pese a crise financeira desenhada desde o fim de 2013, quando a então secretária de Estado da
Fazenda, Jozélia Nogueira, chegou a admitir uma dívida com fornecedores na ordem de R$ 1,1 bilhão, o
tucano desfrutava de relativa tranquilidade. Além dos 17 partidos que, formalmente, integravam sua
coligação, Beto contava com o apoio de pelo menos 200 dos 399 prefeitos e de 45 dos 54 deputados
estaduais, fundamentais para transmitir aos eleitores a mensagem de que se o governo estadual não fez
mais nos últimos quatro anos foi porque tinha "inimigos" poderosos em Brasília. Foram eles, mais
precisamente os três (agora ex) ministros paranaenses de Dilma Rousseff (PT), dizia, os responsáveis por
dificultar a liberação de empréstimos internacionais e, assim, atrasar obras consideradas estruturantes para
o desenvolvimento do Estado.
Impossível imaginar cenário mais favorável para, de 2015 a 2018, seguir aprovando todo e qualquer
projeto de lei de interesse do Executivo enviado à Assembleia Legislativa (AL). A redução da bancada do
PT, de sete para três representantes, e a relutância de muitos peemedebistas em apoiar a candidatura de
Roberto Requião (PMDB), aliás, sinalizavam para uma segunda gestão sem sobressaltos. Tanto que se
tornou célebre a frase repetida pelo governador aos jornalistas logo depois de o Tribunal Regional Eleitoral
(TRE) anunciar o resultado do pleito de outubro: "O melhor está por vir".
Apenas quatro meses se passaram para não só "a nuvem", mas o céu todinho, mudar de lugar. Se em
dezembro o primeiro "pacotaço", aumentando impostos como IPVA e ICMS, passou sem dificuldade pelo
plenário da AL, o mesmo não ocorreria com a segunda leva de ajustes, que pegaria em cheio o
funcionalismo. De dentro da Assembleia, os sete oposicionistas auto declarados - Tadeu Veneri (PT),
Péricles de Mello (PT), Professor Lemos (PT), Requião Filho (PMDB), Anibelli Neto (PMDB), Nereu
Moura (PMDB) e Nelson Luersen (PDT) - aos poucos ganhavam novas adesões, não se sabe se por
convicção ou se por "senso de oportunidade". Fora, 30 mil professores grevistas protestavam, cada vez
mais organizados, contra a retirada de direitos trabalhistas.
Não demorou muito para a revolta popular ocupar as dependências da Casa do povo, em um dos mais
emblemáticos episódios da história da AL. Com o reforço de sindicalistas, integrantes de movimentos
sociais e outros servidores públicos, igualmente insatisfeitos, os docentes tomaram primeiro o plenário e,
dois dias depois, o pátio inteiro. Só arredaram o pé quando o Executivo aceitou retirar, para "reexame", as
mensagens de pauta, anúncio que se completou com a promessa do líder do governo, Luiz Cláudio
Romanelli (PMDB), de não utilizar mais o "tratoraço" para aprovar matérias no afogadilho.
Esfriados os ânimos e aparadas algumas arestas com o funcionalismo, as mensagens do "pacote de
austeridade" voltarão a ser analisadas a partir da próxima semana, muito provavelmente com a
complacência de boa parte dos governistas da AL - os mesmos que lá chegaram de camburão, escoltados
pelo próprio secretário de Segurança, Fernando Francischini (SD). No entanto, desta vez virão de forma
"fatiada", passando, obrigatoriamente, pela análise das comissões permanentes do Legislativo. Incumbido
da árdua tarefa de responder pela gestão tucana nos últimos dias, em que as aparições de Beto se tornaram
raridade, o chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra (PSD), garantiu que nenhuma proposta irá mais retirar
conquistas dos trabalhadores.
A repercussão negativa dos primeiros textos, somada a uma preocupação natural com as eleições de 2016,
contudo, já começa a mudar a forma como os membros da AL, em especial os pertencentes à bancada
aliada, se relacionam com o Palácio Iguaçu. Figuras como Ney Leprevost (PSD) e Chico Brasileiro (PSD),
de olho nas prefeituras de Curitiba e Foz do Iguaçu, respectivamente, tendem a se distanciar do governo,
mantendo "posição de independência". O mesmo deve acontecer com outros nomes da base, como Adelino
Ribeiro (PSL), Paranhos (PSC), Rasca Rodrigues (PV) e Tercílio Turini (PPS), que já haviam anunciado
voto contra o pacote. (MARIANA FRANCO RAMOS - FOLHA DE LONDRINA)
Senado realiza sessão temática sobre reforma política Foram convidados para o debate o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes; o diretor da
ONG Transparência Brasil, Claudio Abramo; e o cientista político Murillo de Aragão
Fernando Stankuns/Creative Commons - Senado será palco para um dos temas mais polêmicos do país
Com a presença de três convidados, o Senado realiza na próxima terça-feira (24), às 20h, uma sessão
temática para debater a reforma política. O debate servirá para preparar a votação em Plenário, prevista
para março, de dez projetos que alteram regras eleitorais e partidárias.
De acordo com o secretário-geral da Mesa do Senado, Luiz Fernando Bandeira, foram convidados para a
sessão temática o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes; o diretor-executivo da
ONG Transparência Brasil, Claudio Abramo; e o cientista político Murillo de Aragão.
A agenda de discussões e decisões estabelecida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
tem como objetivo dar andamento à reforma política no Legislativo. Ao discursar na cerimônia de posse da
presidente Dilma Rousseff (PT), em janeiro, Renan já havia alertado para a imobilidade do Parlamento
diante dessa questão.
— Ela não pode seguir sendo uma unanimidade estática, em que todos são favoráveis, mas não se avança
um milímetro sequer. Por sua complexidade e por se tratar de uma prerrogativa do Legislativo, é
recomendável que o Congresso faça a reforma, até porque pagará um preço alto se não a fizer — declarou
ele na ocasião.
Ao dar esses passos, o Senado busca fortalecer internamente o tema para vencer os obstáculos que,
tradicionalmente, dificultam a evolução de uma reforma de peso no cenário político brasileiro.
Barreiras à reforma
A revista Em Discussão!, publicada pela Secretaria de Comunicação Social do Senado do mês de fevereiro,
traz reportagens que explicam os temas mais comuns da reforma política e exploram os desafios do
processo. A edição da revista pode ser lida na íntegra aqui.
Para o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB), entrevistado pela revista, os
políticos hesitam em realizar uma reforma ampla e profunda por receio de entrar em ―terreno
desconhecido‖, uma vez que já estão habituados às regras eleitorais existentes e prosperam dentro delas.
— Os políticos fogem da decisão sobre a reforma, preferem jogar para a consulta popular. Isso tem que ser
feito este ano. É o primeiro ano de mandato, quando eles estão mais longe da próxima eleição, o que dá
mais tempo para se adaptar às novas regras — acredita.
No entanto, a distância do próximo período eleitoral também é vista como algo a ser superado para que se
viabilize a reforma política. Tradicionalmente, os períodos pós-eleitorais são os mais férteis em motivação
para tratar do tema — assim foi em 2003, na Câmara dos Deputados, e em 2011, no Senado — mas o
ímpeto dura pouco e as iniciativas acabam frustradas.
— É só enquanto [os políticos] sentem o fogo da campanha no pescoço. Acabou a campanha, teve o
resultado, o sujeito abandona. Se formos esperar por boa vontade, vamos ficar assim a vida inteira —
resume o senador Walter Pinheiro (PT-BA), também em entrevista a revista. Ele critica em seus colegas o
desinteresse pelo assunto da reforma política ao longo dos mandatos, fora das disputas eleitorais.
Em 2003, uma comissão especial da Câmara elaborou projeto de reforma que tratava de temas como
filiação partidária, domicílio eleitoral e horário gratuito de televisão e rádio. Anexado a 100 outras
propostas, tramitou por quatro anos e foi rejeitado em 2007.
Já em 2011, A Câmara dos Deputados e o Senado montaram novas comissões. A do Senado produziu 11
projetos, dos quais apenas dois foram aprovados — porém ainda aguardam deliberação da Câmara. Já a
comissão da Câmara não chegou a nenhuma conclusão e interrompeu suas atividades em 2012.
O ex-senador Francisco Dornelles presidiu a comissão do Senado em 2011. Ele entende que as principais
amarras da reforma são fruto de indecisão e falta de articulação política.
— Querem reformar tudo, aí o que tem consenso não é aprovado porque está junto daquilo que não tem
consenso — disse ele à revista Em Discussão!.
Opinião semelhante tem o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso. Ele é
defensor do financiamento público de campanhas eleitorais, matéria que é alvo de um julgamento do STF e
cujo debate não tem avançado no Congresso, apesar de haver projetos sobre o assunto.
— Por circunstâncias do pluralismo político do Congresso, não se consegue produzir consensos essenciais
para avançar determinadas agendas políticas — afirmou à revista.
Projetos em análise
Dois dos projetos que devem ser debatidos pelos senadores na sessão temática de terça-feira e votados em
março tratam da questão do financiamento de campanhas eleitorais. Ambos já têm o aval da Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).
A CCJ já deu parecer sobre todas as propostas que estarão em análise pelos senadores, e rejeitou apenas
uma: a PEC 55/2012, que institui o voto facultativo. Todas as outras vão a Plenário com parecer favorável.
Os temas abordados pelos projetos incluem, além do financiamento de campanhas e do voto facultativo, a
prestação de contas eleitorais, a formação de coligações, datas de posse, critérios para criação de partidos e
a participação feminina. Ao todo, são seis propostas de emenda à Constituição e quatro projetos de lei. A
lista completa pode ser conferida aqui.
Saiba mais
Além da revista Em Discussão!, o livro Resgate da Reforma Política: diversidade e pluralismo no
Legislativo é outra publicação do Senado que aprofunda o assunto. Escrito por consultores e advogados do
Senado, traz 15 capítulos que abordam diferentes faces da reforma política, como os diferentes sistemas
eleitorais, por exemplo. Leia mais aqui.
O livro será lançado na terça-feira (24), às 18h30, na Biblioteca do Senado, e será distribuído gratuitamente
em bibliotecas públicas. Em breve será disponibilizado também em formato digital. (CONGRESSO EM
FOCO)
Reajustes na saúde devem superar inflação Estudo da consultoria Aon aponta que, em 2015, a inflação médica deve ser bem mais elevada que a
alta de preços oficiais no Brasil
São Paulo - A inflação voltou para o topo da lista de preocupações dos brasileiros. E, se os 7,27%
projetados para o IPCA neste ano tiram o sono de economistas, a projeção de que a inflação médica suba
18,09% não traz alívio ao bolso do consumidor. A estimativa para o Brasil da Variação do Custo Médico e
Hospitalar (VCMH) está muito acima da média mundial, prevista em alta de 10,15%, segundo um estudo
global da Aon, consultoria de benefícios e capital humano. Se confirmado o resultado, a inflação médica no
Brasil terá um crescimento de 11,2% em relação ao ano passado, quando foi de 16,12%.
Ou seja, o resultado ficará ao menos dez pontos percentuais acima da inflação oficial medida pelo Índice
Nacional de Preço ao consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. ―O
Brasil já vem apresentando um valor de inflação médica bem elevado há algum tempo. Não resta dúvida de
que há uma inflação de demanda: mais pessoas passaram a ter acesso aos planos de saúde, mas o
incremento da infraestrutura não cresceu no mesmo ritmo. Podemos ver diariamente como os ambulatórios
de hospitais privados estão lotados. Nos grandes centros urbanos, já é frequente adiar uma cirurgia eletiva
por falta de leitos. Ou seja, os preços vão aumentar até que haja maior oferta‖, diz o vice-presidente de
benefícios globais e contas estratégicas para a América Latina da Aon, Humberto Torloni Filho.
No resto do mundo, ao contrário, as pressões de preço se dão pelas novas tecnologias, novos medicamentos
e aumento da expectativa de vida. ―Em alguns países há ainda uma classe médica mais bem estruturada,
que pressiona por melhores honorários‖, diz. Por aqui, outro agravante é a valorização do dólar em relação
ao real, já que parte significativa de equipamentos e medicamentos são importados.
Nem o fato de o Brasil possuir um sistema de saúde universal e gratuito através do Sistema Único de Saúde
(SUS) alivia as pressões de alta nos planos privados. Torloni Filho reconhece que o país tem boas entidades
de saúde governamentais — como o Instituto do Coração (Incor) e a Rede Sarah Kubitschek — além de
dar suporte importante na área de medicamentos, com remédios gratuitos e um programa de referência no
tratamento da Aids. ―Ainda assim, há uma demanda crescente por atendimento e o fato das pessoas não
estarem familiarizadas com o atendimento particular não ajuda‖, diz.
Ele afirma que uma grande parcela de usuários não sabe utilizar corretamente o plano de saúde, gerando
gastos que poderiam ser evitados. ―Existem muitas pessoas que ainda têm como costume procurar prontos
socorros para solucionar problemas de saúde específicos, que na realidade deveriam ser atendidos em
consultórios ou hospitais de referência. O paciente perde tempo realizando exames e tratamentos
desnecessários, sem que o problema seja de fato resolvido‖, exemplifica. Ou seja, esse atendimento gera
custos que se refletem nos reajustes.
De acordo com o executivo, as internações representam quase 50% dos custos da assistência médica
privada no Brasil, seguido de consultas (25%) e exames (20%). Os outros casos são responsáveis por 5%
dos custos. Para Torloni Filho, somente a correta gestão dos benefícios de saúde por parte das consultorias
pode reduzir o número de usuários que recorrem ao plano sem qualquer critério. ―Para isso, é necessário
identificar e entender o motivo da recorrência e orientar o beneficiário de forma adequada. O envolvimento
de consultores especializados tem mostrado bons resultados para as empresas e colaboradores‖, afirma o
executivo. (PATRICIA BÜLL – BRASIL ECONÔMICO)