fabio eduardo petroni pinca - usppro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/tcc-vf-final.pdfirmã...

109
FABIO EDUARDO PETRONI PINCA ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DA PPP DA LINHA 6 LARANJA DO METRÔ DE SÃO PAULO Trabalho de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Diploma de Engenheiro de Produção São Paulo 2018

Upload: others

Post on 05-Oct-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

FABIO EDUARDO PETRONI PINCA

ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DA PPP DA LINHA 6

– LARANJA DO METRÔ DE SÃO PAULO

Trabalho de Formatura apresentado à

Escola Politécnica da Universidade de São

Paulo para obtenção do Diploma de

Engenheiro de Produção

São Paulo

2018

Page 2: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,
Page 3: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

FABIO EDUARDO PETRONI PINCA

ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DA PPP DA LINHA 6

– LARANJA DO METRÔ DE SÃO PAULO

Trabalho de Formatura apresentado à

Escola Politécnica da Universidade de São

Paulo para obtenção do Diploma de

Engenheiro de Produção

Orientador: Prof. Dr. Mauro Zilbovicius

São Paulo

2018

Page 4: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

FICHA CATALOGRÁFICA

Page 5: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

À minha família.

Page 6: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,
Page 7: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

AGRADECIMENTOS

Não seriam suficientes simplesmente palavras para agradecer aos que sempre

estiveram junto de mim, que são meus exemplos e meu porto onde sempre encontrei

e encontrarei abrigo, minha família: meu pai Eduardo, o maior exemplo de homem

batalhador e correto que sempre me inspirou; minha irmã Marcela, a caçula da família

que com certeza será uma grande e poderosa voz lutando pelo que acredita; minha

irmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe

Lucia, com certeza aquela que mais incentivou e se privou para ver seus filhos

realizando seus sonhos. Não poderia deixar de citar meus avós, principalmente meu

avô Wilson, exemplo de honestidade e amor à família, e minha avó Espéria, uma

mulher forte que sempre colocou a educação em primeiro lugar.

Citando Aristóteles: “Mas é natural que tais amizades não sejam muito frequentes,

pois que tais homens são raros. Acresce que uma amizade dessa espécie exige tempo

e familiaridade.”, agradeço aos grandes amigos que fiz durante os anos em que estive

na Poli, em especial a Andres, Felipe e Fernando, alunos da Turma 6 – 2012,

intercambistas, àqueles com quem morei e todos com os quais pude com certeza

aprender e talvez ensinar algo.

Também gostaria de agradecer a todos os membros das atividades

extracurriculares das quais participei ao longo de minha graduação: Poli Finance, no

qual desenvolvi habilidades e fiz amigos verdadeiros e equipe de atletismo da Poli, na

qual pude realmente ver o valor do trabalho em equipe e da resiliência perante os

desafios de cada prova.

Este trabalho não seria possível sem o apoio dos já citados acima e também de

muitos outros, dentre os quais a valiosa orientação do Prof. Dr. Mauro Zilbovicius; de

toda a equipe da Secretaria dos Transportes Metropolitanos (Agar, Maristela, Bia e

Vitória), a qual forneceu todos os materiais e suporte para a realização do presente

trabalho; a ajuda de extrema importância, não só para este trabalho, mas também

para o meu desenvolvimento profissional, de toda a equipe da Bresser Asset,

especialmente ao Pedro Bresser-Pereira; a todos os professores e funcionários da

Poli e a todos aqueles que não mencionei, mas que com certeza foram importantes

durante essa jornada.

Page 8: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,
Page 9: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

“Ad augusta per augusta.”

Às coisas excelentes pelos caminhos estreitos.

“[...] Olhes para trás, mas vá em frente

pois há muitos que precisam

que chegues para poderem seguir-te.”

Charlie Chaplin

Page 10: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,
Page 11: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

RESUMO

O presente estudo é a avaliação econômico-financeira da PPP da Linha 6 – Laranja do

Metrô de São Paulo. Tendo como motivação ampliar a discussão acerca do uso de PPPs para o

desenvolvimento da mobilidade urbana no Brasil, este trabalho almeja contribuir para que o

modelo seja aperfeiçoado para permitir sua difusão. Para atingir este propósito, realizou-se um

estudo breve na revisão da literatura sobre o modelo de fluxo de caixa e das principais

peculiaridades das PPPs. Em seguida demonstrou-se a importância da mobilidade urbana no

contexto atual das cidades brasileiras e, mais especificamente em São Paulo, evidenciando a

necessidade de investimentos em meios de transporte de grande capacidade, principalmente nas

grandes metrópoles. Tendo em vista tal importância, adotou-se como modelo a ser estudado a

Linha 6 – Laranja do metrô da maior metrópole brasileira, da qual estudou-se os principais

elementos da primeira PPP integral (construção e operação) do Brasil e, a partir de dados

obtidos junto à STM (Secretaria dos Transportes Metropolitanos), foi feito o modelo financeiro

do projeto. Ao final, foram feitas análises dos indicadores econômico-financeiros a partir da

variação de fatores como custo da dívida e demanda de passageiros, além de um cenário

hipotético, no qual calculou-se, de forma simplificada, qual seria o valor da passagem da Linha

6 caso o valor total dos investimentos e o custo da operação fossem repassados ao usuário. Os

resultados do estudo podem ser utilizados para auxiliar as partes interessadas na modelagem de

grandes projetos de mobilidade urbana, bem como em sua avaliação econômica e financeira

para diversas outras finalidades.

Palavras-chave: Avaliação de Projetos. TIR. PPP da Linha 6 do Metrô de São Paulo.

Mobilidade Urbana.

Page 12: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,
Page 13: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

ABSTRACT

This study is an economic and financial evaluation of the public – private partnership (PPP)

for the Line 6 - Orange of the São Paulo Metro. Motivated by an increasing debate on the use

of PPPs for the development of urban mobility infrastructure in Brazil, this work aims to

improve the applied models and enable its diffusion. For this reason, a brief literature review

on cash flow models and the main peculiarities of PPPs was conducted. Followed by a

demonstration of the importance of urban mobility in Brazilian cities and, more specifically, in

São Paulo, while highlighting the importance of investments in large capacity transportation

means in large metropolises. Therefore, Line 6 – Orange from the largest Brazilian city, the

first Brazilian integral PPP (construction and operation), and its main characteristics were

analyzed. With the data obtained from the STM (Secretaria de Transportes Metropolitanos) the

financial model of the project was evaluated. The last part of the study includes the analysis of

key financial-economic indicators based on sensitivity analyses, through variation of metrics as

debt cost, passenger demand and the simplified calculation of ticket prices in a hypothetical

scenario, in which passengers of Line 6 cover investments and operation costs in full. The study

results serve as complementary resources for modeling complex urban mobility projects, for

economic and financial valuation and other ends.

Keywords: Project Valuation. IRR. PPP of Line 6 of the São Paulo Metro. Urban Mobility.

Page 14: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,
Page 15: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Valor das Contraprestações, em R$ mil................................................................... 38

Figura 2 - Processo de Licitação de uma PPP .......................................................................... 38

Figura 3 - Fluxo de Projetos de Infraestrutura .......................................................................... 40

Figura 4 - Estruturação de Projetos .......................................................................................... 41

Figura 5 - Percentual de Municípios que possuem Plano Municipal de Transporte ................ 47

Figura 6 - Percentual de Municípios que possuem alguma Estrutura Municipal de Gestão de

Transporte ................................................................................................................................. 48

Figura 7 - Distribuição Amostral .............................................................................................. 49

Figura 8 - Comparativo entre o Critério Brasil (RMs) e a Distribuição dos Entrevistados

segundo a Classe Social ............................................................................................................ 50

Figura 9 - Principais Problemas Urbanos (2017) ..................................................................... 50

Figura 10 - Problemas Urbanos por Porte dos Municípios ...................................................... 51

Figura 11 - Tempo Médio de Viagem por Porte dos Municípios ............................................. 52

Figura 12 - Tempo Médio de Viagem por Classe Social ......................................................... 52

Figura 13 - Posse de Veículos por Classe ................................................................................ 53

Figura 14 - Modos de Transporte Utilizados por Porte dos Municípios .................................. 54

Figura 15 - Problemas do Transporte Público .......................................................................... 55

Figura 16 - Responsabilidade dos Problemas do Transporte Público ...................................... 56

Figura 17 - Desejo da Responsabilidade do Custeio da Tarifa do Transporte Público ............ 56

Figura 18 - Perfil dos Entrevistados ......................................................................................... 57

Figura 19 - Região de Moradia dos Entrevistados ................................................................... 57

Figura 20 - Evolutivo das Áreas Problemáticas na Cidade de São Paulo ................................ 58

Figura 21 - Avaliação dos Diferentes Aspectos, Áreas e Serviços da Cidade de São Paulo ... 59

Figura 22 - Tempo Médio Gasto no Trânsito para Realizar todos os Deslocamentos Diários 59

Figura 23 - Uso dos Meios de Transporte em São Paulo ......................................................... 60

Figura 24 - Demandas para a Gestão Pública ........................................................................... 60

Figura 25 - Predisposição para utilizar o Transporte Público ao invés do Automóvel, caso

houvesse uma boa alternativa ................................................................................................... 61

Figura 26 - Crescimento Rede Metroviária no Brasil............................................................... 63

Figura 27 - Características das Modalidades de Transporte Urbano de Passageiros ............... 64

Page 16: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

Figura 28 - Distâncias Médias entre Estações para as Modalidades de Transporte Urbano de

Passageiros ............................................................................................................................... 64

Figura 29 - Capacidades das Linhas para as Modalidades de Transporte Urbano de Passageiros

.................................................................................................................................................. 65

Figura 30 - Relação entre o Desempenho dos Sistemas de Transporte e o Custo de Investimento

.................................................................................................................................................. 66

Figura 31 - Total da Extensão da Linha Operacional por Região Metropolitana .................... 67

Figura 32 - Entrada de Passageiros/Ano (mil) e Modalidade por Operador - 2015 ................ 67

Figura 33 - Dificuldades e Diretrizes Identificadas para o Transporte Ferroviário Urbano de

Passageiros ............................................................................................................................... 68

Figura 34 - Mapa da Rede do Metrô de São Paulo incluindo o Trecho Inicial da Linha 6 ..... 69

Figura 35 - Resumo das Considerações do Relatório do GT Linha 6...................................... 72

Figura 36 - Resumo dos Valores de Referência dos Investimentos da Linha 6 – Laranja ...... 76

Figura 37 - Cronograma de Desembolso da Linha 6, em R$ mil ............................................ 76

Figura 38 - Estimativa de Demanda Diária da Linha 6 – Laranja no Trecho Brasilândia – São

Joaquim .................................................................................................................................... 77

Figura 39 - Custo Operacional da Linha 6 ............................................................................... 78

Figura 40 - Risco de Demanda da Linha 6 ............................................................................... 81

Figura 41 - Sistema de Pagamentos após a Entrada da Linha 6 .............................................. 85

Figura 42 - Arranjo Contratual de Garantias das Contraprestações na Linha 6 ...................... 86

Figura 43 - Fluxo de Caixa Livre para o Projeto ..................................................................... 90

Figura 44 - Fluxo de Caixa Livre para o Acionista .................................................................. 91

Figura 45 - Análise de Sensibilidade da TIR em função do Custo da Dívida e da Demanda . 91

Figura 46 - Comparação entre TIR .......................................................................................... 93

Page 17: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

ANPTrilhos Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos

ABEP Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CAPM Capital Asset Pricing Model

CNT Confederação Nacional do Transporte

CPP Companhia Paulista de Parcerias

CPTM Companhia Paulista de Trens Metropolitanos

CGPPP Conselho Gestor de PPP

EMBI+ Emerging Markets Bond Index

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Ibope Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística

IPC Índice de Preços ao Consumidor

INCC Índice Nacional de Custo da Construção

IPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo

LAJIDA Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização

MIP Manifestação de Interesse Privado

MP Medida Provisória

NTNB Nota do Tesouro Nacional - Série B

NTU Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos

PMU Plano de Mobilidade Urbana

PNMU Política Nacional de Mobilidade Urbana

PPP Parcerias Público-Privadas

PMI Processo de Manifestação de Interesse

PGE Procuradoria Geral do Estado

Page 18: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

RIS Rodovia de Integração do Sul

STM Secretaria de Transportes Metropolitanos

SPE Sociedade de Propósito Específico

TJLP Taxa de Juros de Longo Prazo

TIR Taxa Interna de Retorno

UPPP Unidade de PPP

VPL Valor Presente Líquido

WACC Weighted Average Capital Cost

Page 19: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 23

1.1 Apresentação do Tema .......................................................................................... 23

1.2 Estágio ..................................................................................................................... 24

1.3 Objetivos ................................................................................................................. 25

1.4 Estrutura do Trabalho .......................................................................................... 25

2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................. 27

2.1 Avaliação por Fluxo de Caixa Descontado .......................................................... 27

2.2 Parceria Público-Privada (PPP) ........................................................................... 35

2.3 Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) ............................................ 40

3 ANÁLISE DO SETOR DE MOBILIDADE URBANA ...................................... 46

3.1 Mobilidade Urbana ................................................................................................ 46

3.2 Pesquisas acerca de Mobilidade Urbana ............................................................. 48

3.3 Setor Metroviário no Brasil .................................................................................. 61

4 MODELAGEM E AVALIAÇÃO DO PROJETO .............................................. 69

4.1 Projeto ..................................................................................................................... 69

4.2 Modelo ..................................................................................................................... 86

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................................................... 93

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 97

7 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 99

8 APÊNDICE ........................................................................................................... 103

Page 20: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,
Page 21: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

23

1 INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação do Tema

Para que um país consiga alcançar seu pleno desenvolvimento, se faz necessária uma

adequada disponibilidade de infraestrutura e de seus serviços correlatos visando desenvolver

vantagens competitivas para alcançar maior grau de especialização produtiva. Ainda, uma

correta prestação desses serviços irá possibilitar melhoras na produtividade e competitividade

de todo o sistema econômico do país, levando a uma melhora não só do ambiente empresarial,

mas também do bem-estar social. Também deve-se ressaltar o efeito multiplicador que os

investimentos em infraestrutura possuem, uma vez que são importantes indutores de outros

investimentos (NETO, CAMPOS et al, 2018).

Tendo em vista a importância de tais investimentos, o setor deve ser priorizado e, a

princípio, o Estado deveria ser o provedor da infraestrutura básica, como rodovias, portos,

aeroportos, metrô, entre outros. O básico seria suficiente para apoiar e prover o

desenvolvimento econômico do país, facilitando a integração e suprindo os serviços básicos,

como energia elétrica, tratamento de água e esgoto, telecomunicações, mobilidade, dentre

outros.

No entanto, dada a fragilidade da disponibilidade de recursos do governo nas últimas

décadas, se fez necessária e, para alguns setores imprescindível, a participação da iniciativa

privada por meio de privatizações, concessões ou Parcerias Público-Privadas (PPPs).

Diante da importância da participação privada e, considerando que grande parte dos

serviços de infraestrutura são oferecidos por meio de monopólios naturais devido aos altos

investimentos necessários, é imprescindível que haja regulação para garantir o nível de serviço

oferecido aos usuários. No entanto, deve haver uma ponderação entre garantir retornos

satisfatórios aos investidores e, ao mesmo tempo, oferecer um serviço de qualidade ao usuário,

por meio de tarifas módicas.

Para Silveira Neto e Mendonça (2011) apud Neto, Campos et al (2018):

“[...] a regulação atua em um jogo de interesses antagônicos: de um lado ficam

as empresas privadas que procuram explorar os setores regulados com o

máximo de rentabilidade possível e, de outro, o Estado, com a missão de

preservar os interesses sociais. Há, dessa forma, uma contraposição de

Page 22: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

24

interesses entre os dois lados, que, necessariamente, usarão suas estratégias

para retirar o máximo de proveito de suas ações. Os autores também afirmam

que o objetivo da regulação é intervir no mercado, direcionando-o a cumprir

não apenas seus interesses particulares mas também os interesses da sociedade

que consome esses serviços.”

Também é necessário destacar que um dos principais aspectos dos contratos entre o poder

público e a iniciativa privada é a definição e a repartição dos riscos inerentes aos projetos. De

acordo com Neto, Campos et al (2018) “os riscos de um negócio devem ser atribuídos a quem

tem as melhores condições de gerenciá-los e com mais capacidade de absorver seus custos”.

No presente trabalho haverá um enfoque mais especifico dentro da questão de

infraestrutura mais voltado para a mobilidade urbana, apresentando o histórico da concepção e

implantação, além de uma análise econômico-financeira da Linha 6 do metrô na cidade de São

Paulo.

Isso se deve ao fato de que nas últimas décadas o Brasil e, especialmente alguns estados

como São Paulo, se tornaram regiões essencialmente urbanas, sendo 84% da população

brasileira residente em cidades (47% em regiões metropolitanas) e, com relação à cidade de São

Paulo, trata-se da mais populosa no Brasil, com uma densidade demográfica de quase 7400

hab/𝑘𝑚2, de acordo com dados estimados, para 2018, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística). Em vista desse alto grau de urbanização, os problemas enfrentados

pela população das cidades, especialmente em grandes metrópoles como São Paulo, tem feito

com que as demandas por políticas públicas em áreas como mobilidade urbana se tornassem

muito importantes.

1.2 Estágio

Ao longo da elaboração do trabalho de conclusão do curso de Engenharia de Produção, o

autor realizou estágio supervisionado na área de análise de ações da Bresser Asset, uma gestora

de fundos de investimento com foco no mercado acionário brasileiro.

Durante o estágio o autor esteve em contato com a análise de empresas de capital aberto

dos setores de Concessões Rodoviárias, Telecomunicações e Utilities.

Page 23: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

25

Desse modo, aliado à experiência prévia do autor com o setor de infraestrutura e seu

interesse no desenvolvimento de políticas públicas na área de mobilidade urbana, foi decidido

o tema do presente trabalho.

Mais especificamente, a escolha por uma linha de metrô na cidade de São Paulo, se deu

pelo fato de que o autor reside na referida cidade e teve interesse em analisar, do ponto de vista

econômico-financeiro, a primeira PPP integral (construção e operação) de mobilidade urbana

do Brasil.

Ainda, é importante ressaltar que o desenvolvimento do trabalho de formatura do autor foi

muito proveitoso, uma vez que houve a solidificação de conhecimentos relativos a licitações,

PPPs, modelos financeiros, avaliação de projetos, entre outros. Vale lembrar que esses

conhecimentos são de extrema importância para um analista de ações do setor de infraestrutura,

demonstrando que o desenvolvimento do trabalho de formatura, além de consolidar tudo o que

foi aprendido ao longo dos anos de graduação, também auxiliou na carreira profissional do

autor.

1.3 Objetivos

O objetivo principal do trabalho é fazer um estudo sobre a análise econômico-financeira

do projeto de PPP da Linha 6 e também uma avaliação do comportamento de certas variáveis

em determinadas análises de sensibilidade.

Dito isso, o trabalho de mostra relevante pelo fato de que o consórcio vencedor da licitação

para a PPP da Linha 6 interrompeu as obras em 2016 e desde então há uma disputa judicial

entre o governo do Estado de São Paulo e a Move São Paulo relacionada ao culpado pela

interrupção. O trabalho se mostra relevante uma vez que, com o auxílio das análises de

sensibilidade, será possível analisar algumas variáveis que podem ter sido as responsáveis pela

interrupção das obras do projeto.

1.4 Estrutura do Trabalho

A estrutura do trabalho está dividida em seis capítulos, descritos a seguir.

Introdução: definição do escopo do trabalho, incluindo a apresentação do tema, da

motivação e dos objetivos da realização do trabalho.

Page 24: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

26

Revisão da Literatura: apresentação da metodologia de avaliação de projeto utilizada

no presente trabalho, bem como de conceitos importantes para o entendimento do

processo de licitação.

Análise do Setor de Mobilidade Urbana: estudo do setor de mobilidade urbana no Brasil

e em São Paulo, caracterizando sua evolução histórica e dinâmica do setor, além de dar

enfoque ao modal metroviário.

Modelagem e Avaliação do Empreendimento: análise das modelagens financeiras da

Linha 6 feitas pelo poder concedente e pelo consórcio vencedor, além de elaboração de

modelo financeiro próprio a partir da mudança de determinadas premissas.

Análise dos Resultados: análise crítica dos resultados obtidos, bem como realização de

análises de sensibilidade utilizando variáveis-chave.

Conclusão: conclusões gerais obtidas a partir do presente trabalho.

Page 25: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

27

2 REVISÃO DA LITERATURA

Para o cálculo do valor do projeto objeto desse trabalho, foi feita uma revisão da literatura

a fim de estabelecer uma fundamentação teórica consistente sobre o método do fluxo de caixa

descontado a ser utilizado.

Além disso, também se faz necessário uma revisão sobre os principais pontos abordados

em um processo de licitação para que se tenha um entendimento holístico do tema a ser tratado

no trabalho.

2.1 Avaliação por Fluxo de Caixa Descontado

De acordo com Damodaran (2007), “na avaliação pelo fluxo de caixa descontado, o valor

de um ativo é o valor presente dos fluxos de caixa previstos desse ativo, descontado a uma taxa

que reflita o grau de risco desses fluxos de caixa”.

Desse modo, se faz necessário calcular os fluxos de caixa futuros e determinar uma taxa

de desconto para trazê-los ao presente. Visando apresentar a metodologia de uma forma clara,

pode-se dividir o método de avaliação por fluxo de caixa descontado em: projeção dos fluxos

de caixa livre, cálculo do custo de capital ponderado, cálculo do valor terminal e cálculo do

valor presente dos fluxos de caixa livre futuros.

2.1.1 Projeção do Fluxo de Caixa Livre

Há três maneiras de classificação dos fluxos de caixa, sendo uma a qual estabelece uma

distinção entre o fluxo de caixa para os investidores acionistas do negócio e os fluxos de caixa

da empresa. No primeiro (Equação 1), os fluxos de caixa são contabilizados após todos os

fluxos de caixa associados à dívida (pagamento de juros, pagamento do principal, novas

emissões de dívidas), enquanto que, no segundo (Equação 2) são aqueles gerados por todos os

detentores de direitos na empresa (acionistas e credores) e constituem os fluxos de caixa antes

da dívida (DAMODARAN, 2007).

Page 26: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

28

Equação 1 - Fórmula para Fluxo de Caixa Livre para Patrimônio Líquido

𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑖𝑥𝑎 𝐿𝑖𝑣𝑟𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

= 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 − (𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 − 𝐷𝑒𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑎çã𝑜)

− 𝐴𝑙𝑡𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑒𝑚 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑒𝑚 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑁ã𝑜 𝑀𝑜𝑛𝑒𝑡á𝑟𝑖𝑜

+ (𝑁𝑜𝑣𝑎 𝐷í𝑣𝑖𝑑𝑎 𝐿𝑒𝑣𝑎𝑛𝑡𝑎𝑑𝑎 − 𝑅𝑒𝑝𝑎𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝐷í𝑣𝑖𝑑𝑎)

Fonte: Damodaran (2007)

Equação 2 - Fórmula para Fluxo de Caixa Livre para Empresa

𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑖𝑥𝑎 𝐿𝑖𝑣𝑟𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎

= 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 × (1 − 𝐴𝑙í𝑞𝑢𝑜𝑡𝑎)

− (𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 − 𝐷𝑒𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑎çã𝑜)

− 𝐴𝑙𝑡𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑒𝑚 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑒𝑚 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑁ã𝑜 𝑀𝑜𝑛𝑒𝑡á𝑟𝑖𝑜

Fonte: Damodaran (2007)

Para o presente trabalho o fluxo de caixa livre a ser utilizado para a projeção será o fluxo

de caixa livre abrangendo todo o prazo do projeto, no caso 25 anos, sendo 6 anos para a

construção e 19 anos de operação da linha.

Para que seja possível projetar os fluxos de caixa livre futuros, se faz necessário projetar

alguns indicadores, como os componentes da receita, margem LAJIDA (Lucro Antes de Juros,

Impostos, Depreciação e Amortização), investimentos, custo da dívida, entre outros. Ainda,

considerando especificamente o projeto da PPP da Linha 6, tem-se algumas variáveis já

definidas pelo edital de concorrência, como por exemplo a tarifa de remuneração (valor a ser

pago, por passageiro, pelo poder concedente ao concessionário, visando remunerar o custo de

operação) e a contraprestação pecuniária (valor a ser pago pelo poder concedente ao

concessionário, visando remunerar os investimentos feitos no período de construção do

projeto). Deve-se ressaltar que esses valores já definidos são reajustados por fórmulas

específicas contidas no edital de concorrência, normalmente por índices como o Índice de

Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC - FIPE/USP) e

Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).

Tendo em vista a definição dos valores futuros de variáveis como a demanda, depreciação,

investimentos, entre outros, o autor utilizou os modelos do poder concedente e da

Page 27: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

29

concessionaria vencedora da licitação para construir o modelo apresentado no presente

trabalho.

Utilizando todos os indicadores necessários chega-se ao fluxo de caixa livre para o projeto

e para o acionista em cada ano do prazo estabelecido para a PPP, ainda sendo necessário trazer

cada um ao presente através do custo de capital ponderado.

2.1.1.1 Cálculo do Custo de Capital Ponderado

O custo de capital ponderado (kc, também conhecido por WACC, do inglês Weighted

Average Capital Cost – custo médio ponderado de capital) representa a média ponderada dos

retornos exigidos pelos acionistas e pelos credores da empresa (COPELAND; KOLLER;

MURRIN, 2010).

Pode-se calculá-lo através da seguinte fórmula:

𝑘𝑐 =𝐷

𝐷 + 𝐸𝑘𝑑(1 − 𝑇) +

𝐸

𝐷 + 𝐸𝑘𝑒

Na qual:

kd é o custo da dívida;

ke é o custo do capital próprio;

D é o valor da dívida;

E é o valor do capital próprio;

T é a alíquota tributária marginal incidente sobre o resultado.

Visando um melhor entendimento do kc, ele pode ser entendido como o custo de

oportunidade do capital, ou seja, qual a expectativa de retorno do investidor para um projeto

alternativo de perfil de risco semelhante.

Tendo em vista a busca pela otimização do projeto, é possível atingir uma estrutura de

capital ótima, a qual minimiza o kc. Neste ponto, tem-se a proporção que minimiza o somatório

de custos com despesas da dívida e o custo com prêmios demandados pelos investidores,

temerosos de um potencial estresse financeiro decorrente de uma alavancagem excessiva da

empresa (ROSENBAUM; PEARL, 2013).

Page 28: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

30

I. Custo da Dívida

O custo da dívida pode ser entendido como o custo de contratação de uma nova dívida ou

de uma capitalização marginal, devendo refletir da forma mais realista possível o mercado local

de financiamento.

De acordo com Bordeaux-Rêgo; Paulo; Spritzer; Zotes (2006):

“[...] pode-se calcular esse custo a partir das últimas emissões de dívida da

empresa em questão ou por meio do prêmio de risco associado ao seu setor.

Esse prêmio deverá considerar riscos de crédito e cambial, os custos de

emissão e colocação da dívida e o risco Brasil menos o risco de moratória do

país (já está considerado o risco de inadimplência da empresa).”

Para o custo da dívida do presente trabalho utilizou-se o valor de 9,9% ao ano, o qual será

explicado posteriormente.

II. Custo do Capital Próprio

De acordo com Finnerty (2007), para estimar o custo de capital próprio, é aconselhável

utilizar o Método de Precificação de Ativos Financeiros (CAPM, do inglês Capital Asset

Pricing Model).

A metodologia CAPM fornece a taxa de retorno esperada para um investimento de capital,

considerando a existência de uma taxa de juro livre de risco, um prêmio pelo risco de mercado

e uma medida de risco da empresa em relação ao mercado (coeficiente beta da ação).

A fórmula básica do CAPM é:

𝑘𝑒 = 𝑟𝑓 + 𝛽𝑒 × (𝑟𝑚 − 𝑟𝑓)

Em que:

ke é o custo de capital ou retorno esperado;

rf é a taxa livre de risco;

βe é o beta do ativo;

rm é o retorno do mercado ou portfólio diversificado.

A seguir, cada componente da fórmula do CAPM será melhor analisado.

Page 29: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

31

i. Taxa Livre de Risco

Para se chegar a uma taxa livre de risco (rf) de um mercado, é recomendado utilizar um

título de dívida soberana (ausência de risco de inadimplência) com um prazo próximo ao do

projeto a ser analisado (sem necessidade de reinvestimento).

No Brasil, o governo emite o Tesouro IPCA+ (ou NTN-B Principal, na nomenclatura

antiga), título pós-fixado, cuja a rentabilidade da aplicação é composta por uma taxa predefinida

no momento da compra do título mais a variação de um indexador, no caso o Índice Nacional

de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice oficial de inflação utilizado pelo governo

brasileiro (TESOURO DIRETO, 2018).

Para o presente trabalho, o Tesouro IPCA+ será empregado como ativo base para o cálculo

da taxa livre de risco. Em 18 de outubro de 2018, o site do Tesouro Nacional indicava taxa de

rendimento real anual de 5,26% para os títulos com vencimento em 2035, próximo ao fim do

prazo das projeções do modelo de avaliação da Linha 6 do metrô de São Paulo, em 2038. Assim,

a taxa livre de risco real utilizada será rf = 5,26% a.a.

ii. Beta do Ativo

O beta de um investimento (βe) é o risco que ele adiciona ao portfólio de mercado. Apesar

de haver abordagens distintas para o cálculo do beta, este trabalho irá utilizar a do beta

fundamental.

Damodaran (2012) sugere três pontos principais a serem considerados para analisar os

fundamentos da empresa, ou seja, os fatores determinantes de seu perfil de risco. O primeiro

fato é o tipo de negócio, sendo que quanto mais sensível às condições de mercado, maior será

o seu beta.

O segundo fator considerado é a alavancagem operacional, representada pela relação entre

os custos fixos e os totais (quanto maior a proporção de custos fixos, mais alavancada

operacionalmente e maior a variabilidade dos lucros operacionais), sendo que, quanto maior a

alavancagem operacional, maior é o beta da empresa.

O terceiro fator é a alavancagem financeira, sendo que quanto maior o volume de dívida,

mais arriscado é o investimento e, desse modo, maior o beta da empresa.

Page 30: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

32

De acordo com Damodaran (2012), a fórmula para o cálculo do beta alavancado (com

dívida) de uma empresa é:

𝛽𝐿 = 𝛽𝑈[1 + (1 − 𝑇)(𝐷𝐸⁄ )]

Sendo:

● βL é o beta alavancado;

● βU é o beta desalavancado;

● T é a alíquota tributária marginal incidente sobre o resultado;

● D é a dívida total;

● E é o patrimônio líquido total.

O consórcio estabelecido com a finalidade de construir e operar a Linha 6 do metrô de São

Paulo, trata-se de uma empresa que atua em um único negócio: concessão de serviço público

na área de mobilidade urbana. Desse modo, como não há no Brasil um número considerável de

empresas com capital aberto comparáveis, decidiu-se utilizar o valor do beta alavancado global

de empresas do setor de Transportes, disponível no endereço eletrônico do Prof. Aswath

Damodaran (DAMODARAN, 2018). O valor do beta alavancado, datado de 05/01/2018 e

utilizando dados de 235 empresas do mundo todo, é de 1,21, considerando uma taxa de imposto

marginal de 34%; um beta desalavancado de 0,96 e uma relação D/E de 40,1%.

iii. Retorno do Portfólio de Mercado

Uma das maneiras de calcular o retorno sobre o portfólio de mercado (rm) é calcular a

diferença entre os prêmios médios históricos das ações em relação aos de títulos livres de risco.

Contudo, sua aplicação é recomendável somente em mercados de grande porte e elevada

diversificação, cujo histórico de cotações seja longo, o que não ocorre no Brasil. Desse modo,

para sua aplicação no presente trabalho se faz necessário realizar o ajuste mostrado na Equação

3 (DAMODARAN, 2012).

Equação 3 - Fórmula do Retorno do Portfólio de Mercado Não Maduro

𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑑𝑜 𝑃𝑜𝑟𝑡𝑓ó𝑙𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑀𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑁ã𝑜 𝑀𝑎𝑑𝑢𝑟𝑜

= 𝑃𝑟ê𝑚𝑖𝑜 𝑑𝑜 𝑀𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑀𝑎𝑑𝑢𝑟𝑜 + 𝑃𝑟ê𝑚𝑖𝑜 𝑃𝑎í𝑠 𝑑𝑜 𝑀𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑁ã𝑜 𝑀𝑎𝑑𝑢𝑟𝑜

Fonte: Damodaran (2012)

Page 31: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

33

Adota-se como mercado maduro os Estados Unidos, sendo seu prêmio de risco o prêmio

médio pago no mercado acionário americano nos últimos 10 anos, cujo valor é 10,9% a.a.,

conforme calculado em 06 de novembro de 2018 a partir da série histórica disponibilizada na

Bloomberg. Este prêmio de risco corresponde à diferença entre o retorno médio do mercado

acionário e o retorno médio dos títulos governamentais com vencimento no prazo de 10 anos.

O risco país considerado para o Brasil será de 2,55% a.a., o equivalente ao valor de seu

EMBI+ (Emerging Markets Bond Index) em 17 de outubro de 2018. De acordo (IPEADATA,

2018), o EMBI+ é um índice criado pelo banco J.P. Morgan, o qual é “baseado nos bônus

(títulos de dívida) emitidos pelos países emergentes e que mostra os retornos financeiros obtidos

a cada dia por uma carteira selecionada de títulos desses países”.

Então, calcula-se o retorno do portfólio do mercado brasileiro de acordo com as equações:

𝑅𝑚 = 10,9% + 2,55%

𝑅𝑚 = 13,45% 𝑎. 𝑎.

Finalmente, utilizando a fórmula do retorno do capital próprio, chega-se ao valor do ke, de

acordo com as seguintes equações:

𝑘𝑒 = 𝑟𝑓 + 𝛽𝑒 × (𝑟𝑚 − 𝑟𝑓)

𝑘𝑒 = 5,26% + 1,21 × (13,45% − 5,26%)

𝑘𝑒 = 15,17% 𝑎. 𝑎.

Deve-se ressaltar que, ao utilizar o mercado americano para estimar o valor do custo do

capital próprio no mercado brasileiro, tem-se o risco de não precificar adequadamente a

diferença entre o risco regulatório do setor de concessão de serviço público na área de

mobilidade urbana nos dois países.

III. Fórmula do Custo de Capital Ponderado

Utilizando o custo da dívida e do capital próprio já explicitados e a proporção entre dívida

e capital próprio dos valores médios globais para o setor de Transportes do Prof. Aswath

Damodaran, como já explicado anteriormente, pode-se chegar ao custo de capital ponderado

(kc) a partir da equação do kc. Os cálculos estão mostrados nas equações abaixo:

Page 32: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

34

𝑘𝑐 =𝐷

𝐷 + 𝐸𝑘𝑑(1 − 𝑇) +

𝐸

𝐷 + 𝐸𝑘𝑒

𝑘𝑐 = 28,6% × (9,9%) × (1 − 34%) + 71,4% × 15,17%

𝑘𝑐 = 12,7% 𝑎. 𝑎.

Portanto, chega-se ao valor do custo de capital ponderado de kc=12,7%, valor para o ano

de 2018, o qual será utilizado, visando simplificar o modelo, para trazer todos os fluxos de caixa

do projeto.

2.1.2 Determinação do Valor Terminal

Uma vez que a PPP da Linha 6 do metrô de São Paulo tem um prazo para seu término e,

para o presente trabalho, não será considerada a sua renovação, não faria sentido calcular o

valor terminal do projeto através do método de crescimento na perpetuidade. Desse modo, o

será considerado o prazo de concessão definido de 25 anos, sendo que serão calculados os

fluxos de caixa livre do projeto até o ano final, em 2038.

2.1.3 Cálculo do Valor Presente e Determinação do Valor da Empresa

Finalmente, pode-se calcular o valor do projeto como a soma de seus fluxos de caixa

futuros, descontados pelo seu custo de capital, com seu valor terminal, também descontado pelo

custo de capital, conforme a Equação 4.

Equação 4 - Fórmula do Valor da Empresa

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝐹𝑖𝑟𝑚𝑎 = ∑𝐹𝐶𝐿𝐹𝑡

(1 + 𝑘𝑐)𝑡

𝑛

𝑡=1

+ 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑇𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙

Fonte: Damodaran (2007)

No cálculo do valor da PPP da Linha 6 do metrô de São Paulo, o primeiro ano da projeção

será 2014 e o último ano será 2038 – correspondente ao fim do período do contrato da PPP.

Não será considerado valor terminal para análise do empreendimento, conforme discutido

anteriormente.

Page 33: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

35

2.2 Parceria Público-Privada (PPP)

2.2.1 Introdução

Na década de 1990 houve o início de uma tendência global de aumento da participação da

iniciativa privada no aporte de recursos para a realização de investimentos, normalmente

relacionados à infraestrutura, os quais sempre tiveram como principal financiador os governos

(BRANDÃO; SARAIVA, 2009).

Esse movimento ocorreu devido a diversos fatores, como a escassez de recursos públicos,

a falta de capacidade técnica nos órgãos do governo para projetos complexos, a dificuldade do

governo em realizar planejamento de médio e longo prazo, a falta de continuidade entre os

governos, entre tantos outros.

No Brasil, principalmente após a década de 1980, a falta de disponibilidade de recursos do

poder público, bem como de eficiência administrativa, levou a uma maior participação da

iniciativa privada, através de privatizações, concessões ou parcerias públicos-privadas (PPPs)

(NETO, CAMPOS et al, 2018).

As PPPs são parcerias entre a iniciativa privada e o poder público que possuem como

objetivo projetar, planejar, financiar, construir e/ou operar projetos, como por exemplo

hospitais, rodovias, metrô, entre outros, os quais deveriam ser fornecidos pelo Estado. Por

serem projetos que não seriam sustentáveis para que o privado assumisse sozinho, o poder

público faz aportes de recursos visando ao desenvolvimento do projeto, o qual, ao final, será

viabilizado justamente pela parceria entre o público e o privado.

2.2.2 Base Legal

Para possibilitar a expansão das PPPs, todo um arcabouço legal foi sendo desenvolvido

para dar suporte a essa nova mudança de paradigma com o início de uma maior participação

privada nos investimentos antes feitos, em grande parte, pelo Estado. Entre eles, pode-se citar:

Artigo 175 da Constituição de 1988: determina que “incumbe ao poder público, na

forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de

licitação, a prestação de serviços públicos”. Nesse artigo foi estabelecido que lei federal

irá dispor sobre o regime das empresas concessionárias de serviços públicos, o caráter

de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade,

Page 34: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

36

fiscalização e rescisão da concessão; os direitos dos usuários; a política tarifária e a

obrigação da concessionária de manter serviço adequado.

Lei nº 7.835/1992: lei estadual que dispõe sobre o regime de concessão de obras

públicas, de concessão e permissão de serviços públicos e dá providências correlatas.

Lei nº 8.666/1993: conhecida como “Lei das Licitações”, a qual “institui normas para

licitações e contratos da Administração Pública”. Essa legislação discorre sobre a

necessidade de que contratos administrativos (obras, serviços, compras, entre outros),

no âmbito dos órgãos de administração pública direta ou de suas instituições

controladas, tenham a necessidade de passar por processo de licitação, visando melhores

condições técnicas e de custo para o Estado.

Lei nº 8.987/1995: conhecida como “Lei das Concessões”, dispõe sobre o regime de

concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da

Constituição Federal. Entre outras providências, pode-se citar que foi estabelecida a

política tarifária dos concessionários de serviços públicos, através da determinação que

haja, nos contratos de concessão, critérios e procedimentos para reajuste e revisão das

tarifas, visando o equilíbrio econômico-financeiro das concessionárias. Além disso, um

aspecto inovador garantido pela lei é o direito dos usuários à modicidade tarifária, ou

seja, a cobrança deve ser condizente com as possibilidades econômicas da população

atendida.

Lei nº 11.079/2004: conhecida como “Lei das PPPs”, institui normas gerais para

licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito dos poderes da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Ainda, define que PPP é um tipo de

concessão com características distintas, podendo ser de dois tipos:

○ Modalidade patrocinada: trata-se da prestação de serviço público cujo

pagamento é feito pelo usuário, por meio da tarifa, e complementado com a

participação da autoridade pública.

○ Modalidade administrativa: o usuário da prestação do serviço é a própria

administração pública, a qual adquire o serviço com o objetivo de disponibilizá-

lo gratuitamente ao cidadão, sendo que não há cobrança de tarifa do beneficiário.

● Lei nº 11.688/2004: editada em 19 de maio de 2004, a lei estadual de São Paulo institui

o Programa de Parcerias Público-Privadas - PPP, discorrendo sobre os projetos que

poderão ser incluídos no programa, a composição e atribuições do Conselho Gestor

(órgão superior de decisão), a fiscalização, entre outros.

Page 35: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

37

● Lei nº 12.766/2012 (MP 575): editada em 27 de dezembro de 2012, em meio ao

processo de modelagem da Linha 6 do metrô de São Paulo, a lei introduziu algumas

alterações bastante relevantes na “Lei das PPPs”, com o objetivo de facilitar e tornar

mais atrativa a celebração de contratos de PPPs. Dentre elas, pode-se destacar:

○ Ampliação definitiva do limite percentual (de 3% para 5%) de

comprometimento da receita corrente líquida dos Estados, Distrito Federal e

Municípios com despesas em contratos de PPP.

○ Contemplação da figura do “aporte de recursos” pelo poder público em favor do

parceiro privado, o qual pode ocorrer antes e depois da disponibilização dos

serviços, com a possibilidade de aplicação de um regime tributário diferenciado.

Deve-se ressaltar que, quando realizado “na fase dos investimentos a cargo do

parceiro privado”, o aporte de recursos deverá guardar proporcionalidade com

as etapas efetivamente executadas.

○ Redução do prazo mínimo em que o parceiro privado poderá acionar o fundo

garantidor da PPP, de modo a ampliar a liquidez da garantia.

○ Mudanças no nível de detalhamento dos estudos de engenharia para PPP.

Deve-se atentar para a diferença entre as PPPs e as concessões comuns, regulamentadas

pela “Lei das Concessões”, quanto à remuneração do parceiro privado, uma vez que, no caso

das concessões comuns, ela advém exclusivamente das tarifas cobradas dos usuários, enquanto

que, nas PPPs, ocorre o pagamento total ou parcial através do ente público.

Também se faz importante a distinção entre PPP e privatização, que de acordo com

Camacho (2008):

“Ao contrário do que ocorre nas privatizações, as parcerias público-privadas

não importam em alienação definitiva do controle da política pública.

Ademais, os contratos de parceria possuem maior abrangência em relação aos

objetos cuja delegação é permitida. Portanto, privatização e parceria público-

privada são contratos administrativos distintos e não se confundem.”

Ainda, é importante destacar o papel da promulgação da Lei 12.766/2012 na modelagem

da Linha 6 do metrô de São Paulo, uma vez que, dentre outras modificações, houve a

substituição da possibilidade da Sociedade de Propósito Específico (SPE) emitir debêntures ao

Estado durante o período de construção da obra, pelo aporte de recursos, o qual foi uma das

grandes mudanças da lei resultado da conversão da Medida Provisória (MP) 575.

Page 36: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

38

Como pode ser visto na Figura 1, essa mudança possibilitou uma redução significativa do

fluxo de contraprestações.

Figura 1 - Valor das Contraprestações, em R$ mil

Fonte: Material STM

2.2.3 Processo e Estrutura

Um fluxograma básico exemplificando o processo contratual de uma PPP no Brasil, desde

o início com a apresentação da proposta até o fechamento do contrato entre o parceiro privado

com o poder público, é apresentado na Figura 2.

Figura 2 - Processo de Licitação de uma PPP

Fonte: Próprio Autor

A estrutura de um projeto de PPP é baseada nos quatro principais participantes: parceiro

privado, poder público, agentes financeiro e usuário (pode ser o próprio poder público).

Por exigência de lei, antes da celebração do respectivo contrato, é criada uma SPE com o

objetivo de segregar determinados ativos e riscos de forma efetiva dentro de uma operação. É

importante ressaltar a impossibilidade do poder público de ser o titular da maioria do capital

Page 37: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

39

votante da SPE, justamente para manter o controle com o poder privado e possibilitar a

condução da implantação e da gestão da PPP sem a ingerência do Estado. Além disso, destaca-

se também a necessidade de autorização prévia da Administração Pública para a transferência

do controle da SPE, nos termos do edital e do contrato, o que contribui para conferir certa

estabilidade para o parceiro público e os demais participantes do projeto.

Uma especificidade da PPP da Linha 6 do metrô de São Paulo é que se trata da primeira

PPP integral de metrô do Brasil, o que exige do parceiro privado não somente a operação da

linha, como também toda a sua construção.

2.2.4 Remuneração e Financiamento

Como já explicitado, a remuneração de uma PPP difere daquela de uma concessão

tradicional, uma vez que, para a concessão tradicional há o recebimento da remuneração

diretamente do usuário, enquanto que, no caso da PPP, a remuneração pode ocorrer de duas

formas: através das receitas geradas pela utilização do serviço pelos usuários somada a uma

remuneração complementar do poder público (concessão patrocinada) ou unicamente pela

remuneração do ente público (concessão administrativa).

No caso da PPP da Linha 6 do metrô de São Paulo, a remuneração do parceiro privado se

dará através:

Contraprestação Pecuniária: a ser paga mensalmente após o início da operação da linha,

visando remunerar o parceiro privado pelos investimentos realizados no período de

construção do projeto. O valor é reajustado por índices de inflação e de qualidade na

prestação do serviço.

Tarifa de Remuneração: a ser paga, após o início da operação da linha, por meio de um

valor fixo por passageiro, reajustado por índices de inflação. Esse valor visa remunerar

o parceiro privado pelos custos operacionais da linha.

Até a aprovação da Lei 12.766/2012, não havia o financiamento direto por parte do poder

público na fase de construção, mas com a mudança foi possível que o ente público realizasse o

aporte de recursos durante a fase não operacional do projeto. Além disso, o governo facilitou a

obtenção, por parte do parceiro privado, de empréstimos junto a bancos de incentivo ao

desenvolvimento, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Page 38: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

40

2.2.5 Riscos

Um aspecto muito importante nos contratos de PPPs é a forma como os riscos serão

alocados. A previsão legal da repartição objetiva dos riscos entre as partes foi uma das

inovações dos contratos de PPPs, uma vez que, ao invés do ente público assumir grande parte

dos riscos do projeto, há o conceito de divisão dos riscos àqueles com melhores condições de

administrá-los.

A prévia alocação dos riscos entre os parceiros de modo otimizado visa reduzir as

incertezas e, consequentemente, os custos do projeto. De acordo com a Comissão Européia

(2003, tradução própria):

“A transferência de risco está localizada no coração de um projeto efetivo de

PPP. Se não for corretamente balanceado, poderá ocorrer o aumento dos

custos e a inabilidade de uma ou ambas as partes em atingir seu total

potencial.”

Ainda, se a repartição dos riscos é prevista no art. 5º, III da Lei Federal nº. 11.079/04 e

claramente explicitada no edital do projeto, não há como mencionar quebra do equilíbrio

econômico-financeiro, muito menos desvirtuamento das condições efetivas da proposta

(CAMACHO, 2008).

2.3 Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI)

2.3.1 Introdução

Como já mencionado, é necessário elevar a qualidade e o estoque da infraestrutura no

Brasil a níveis adequados ao tamanho de sua economia. Porém, de acordo com Camacho;

Rodrigues (2015), um dos principais gargalos para a concretização dos projetos é a atividade

de estruturação (Figura 3).

Figura 3 - Fluxo de Projetos de Infraestrutura

Fonte: Camacho, Rodrigues (2015)

Page 39: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

41

De acordo com Camacho; Rodrigues (2015), após o planejamento e identificação do

projeto a ser licitado por meio de concessão ou PPP, tem início a etapa de estruturação do

projeto, composta por:

Preparação do Projeto: são realizados estudos técnicos (por exemplo, engenharia, meio

ambiente e demanda) e modelagem econômico-financeira, além de minutas jurídicas de

contrato e edital de licitação.

Procedimento Licitatório: são realizadas todas as atividades relacionadas ao

procedimento competitivo em si, ou seja, interação entre governo e potenciais licitantes,

aprofundamento de estudos, definição dos documentos finais da licitação, apresentação

das propostas pelos licitantes e, finalmente, definição da empresa vencedora, que será a

prestadora do serviço de concessão ou PPP.

Deve-se atentar que há uma clara diferença entre os modelos de estruturação em países nos

quais o modelo de PPP já está em um estágio maduro, daqueles em desenvolvimento (Figura

4). Naqueles, o principal instrumento de estruturação é o modelo de solicited proposals, no qual

o próprio governo desenvolve os estudos necessários junto a consultores externos e, assim,

passa ao procedimento de licitação, no qual há a possibilidade de discussão de pontos

específicos com os potenciais licitantes. O citado procedimento visa minimizar ao máximo o

conflito de interesses entre o privado e o público (CAMACHO; RODRIGUES, 2015).

Figura 4 - Estruturação de Projetos

Fonte: Camacho; Rodrigues, 2015

Ao contrário do explicitado acima, em países nos quais a estruturação não está madura,

faz-se o uso das unsolicited proposals, muito em função da falta de capacitação técnica e

Page 40: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

42

financeira do poder público. No Brasil, essas propostas receberam as denominações de Processo

de Manifestação de Interesse (PMI) e Manifestação de Interesse Privado (MIP), com sua

diferenciação residindo no fato de que no PMI o projeto é identificado pelo governo, enquanto

na MIP é identificado por potencial licitante. Segundo esses modelos, o governo autoriza uma

ou mais empresas a realizarem a preparação do projeto, que, na maioria das vezes, não chega à

fase de licitação e, quando chega, verifica-se baixa concorrência (CAMACHO; RODRIGUES,

2015).

De acordo com Baumgratz de Paula (2014, grifo próprio) apud Pereira et al (2012):

“Uma das estratégias ao dispor do poder público para obter as informações e

análises consolidadas nos estudos de viabilidade, a fim de decidir sobre a

contratação ou não de uma PPP e a publicação do respectivo edital, é o

chamado Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI). O PMI é um

instrumento que institucionaliza o diálogo público-privado a respeito de

um projeto de interesse público a ser concedido à iniciativa privada. Por

intermédio desse instrumento, o setor público obtém, de consultores ou

diretamente das empresas interessadas em disputar futuros contratos de

concessão, os estudos de viabilidade sobre projetos de infraestrutura que estão

na agenda da tomada de decisão do Estado. Em outras palavras, o PMI é um

convite do poder público para que a iniciativa privada interessada possa

apresentar, por sua conta e risco, análises e propostas sobre um projeto de

interesse público que, no futuro, poderá ser licitado.”

Desse modo, evidencia-se que projetos prioritários devem ser desenvolvidos a partir do

poder público, junto de uma equipe capacitada e com apoio de consultores externos. Pelo fato

de ser uma medida com resultados a médio e longo prazos, ainda é necessário aprimorar o

modelo atualmente utilizado pelo Brasil (CAMACHO; RODRIGUES, 2015).

2.3.2 Base Legal

Em 2011, os Estados de São Paulo (Decreto Estadual nº 57.289), do Rio de Janeiro

(Decreto Estadual nº 43.277), da Bahia (Decreto Estadual nº 12.653) e do Espírito Santo

(Decreto Estadual nº 2.889-R) editaram normas que regulamentam a apresentação de estudos

de viabilidade de parcerias público-privadas por particulares. Tradicionalmente conhecido

como PMI, esta possibilidade de interação com o particular ganhou a denominação de MIP no

decreto paulista.

Page 41: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

43

De acordo com o Decreto Estadual nº 57.389, “considera-se Manifestação de Interesse da

Iniciativa Privada - MIP, a apresentação de propostas, estudos ou levantamentos, por pessoas

físicas ou jurídicas da iniciativa privada, com vistas à inclusão de projetos no Programa de

PPP.”

De acordo com o Artigo 1º do Decreto Estadual nº 57.389, os principais pontos a serem

destacados são:

● Exigência de documentos, dentre eles as linhas básicas do projeto, com a descrição do

objeto, sua relevância e os benefícios econômicos e sociais dele advindos; a estimativa

dos investimentos necessários e do prazo de implantação do projeto; as características

gerais do modelo de negócio; a projeção da contraprestação pecuniária demandada do

Parceiro Público; outros elementos que permitam avaliar a conveniência, a eficiência e

o interesse público envolvidos no projeto.

● Em caso de aprovação pelo Conselho Gestor, “[...] a MIP será recebida como proposta

preliminar de projeto de PPP, cabendo à Secretaria Executiva dar ciência da deliberação

ao proponente e solicitar as informações necessárias para, em conjunto com a Secretaria

de Estado envolvida, publicar chamamento público para a apresentação, por eventuais

interessados, de MIP sobre o mesmo objeto”.

● “A indicação dos critérios de aproveitamento dos elementos do projeto e limites para o

ressarcimento dos custos incorridos.”

● “Os estudos técnicos elaborados pelo setor privado serão remetidos à Secretaria

Executiva, que coordenará os trabalhos de consolidação da modelagem final [...].”

● “Concluídos os trabalhos, a Secretaria Executiva submeterá à deliberação do Conselho

Gestor a proposta de modelagem final, avaliando, do ponto de vista técnico, o grau de

aproveitamento dos estudos apresentados e os respectivos percentuais de ressarcimento,

considerados os critérios definidos no chamamento público.”

● “Aprovada a modelagem final pelo Conselho Gestor e autorizada pelo Governador do

Estado a inclusão definitiva do projeto no Programa de PPP [...], serão iniciados os

procedimentos para a licitação [...].”

2.3.3 Entrave ao Modelo Brasileiro

De acordo com Camacho; Rodrigues (2015), o principal problema do modelo brasileiro é

o elevado risco de mercado na estruturação dos projetos, o que acaba por privilegiar potenciais

Page 42: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

44

licitantes e inviabiliza a participação de consultores independentes, gerando conflitos de

interesses e assimetria de informação entre os participantes. Dentre as consequências, pode-se

destacar:

Pequeno número de projetos licitados;

Baixa concorrência;

Contratos de concessão e PPPs desfavoráveis à sociedade;

Gastos sem retorno para licitantes e governo.

2.3.4 Possível solução

Ainda de acordo com Camacho; Rodrigues (2015), para a resolução desses problemas:

“A forma mais eficiente de se mitigarem esses problemas e aumentar a

efetividade do modelo de PMI é uma nova regulação que considere, para a

maioria dos projetos, um modelo em que somente consultorias independentes

possam participar do processo de preparação do projeto. Além disso, alguns

ajustes precisariam ser levados em conta nessa regulação, a fim de reduzir o

risco de seleção e pagamento e permitir o fomento do mercado de projetos

isentos, facilitando, assim, o alinhamento do projeto ao interesse público.”

Sendo que, para projetos de alta complexidade, haveria a possibilidade de considerar um

PMI aberto a potenciais licitantes, mas, de acordo com Camacho; Rodrigues (2015, grifo

próprio):

“[...] duas condições seriam necessárias para o sucesso desse modelo.

Primeiro, o governo contaria com o apoio de uma consultoria

independente durante todo o processo, para produzir estudos prévios à

abertura do PMI, analisar as informações vindas dos potenciais licitantes e

apoiar o governo em elementos estratégicos do projeto, como modelagem

financeira e regramento jurídico. Segundo, o escopo do PMI consistiria

apenas no que fosse estritamente necessário, sendo limitado a aspectos

técnicos referentes às soluções do projeto. Em suma, quando há participação

de potenciais licitantes no PMI, as medidas necessárias para mitigar os

conflitos de interesse tornam o processo mais custoso e mais demorado para

o poder público.”

Page 43: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

45

Desse modo, apesar de ser um mecanismo que contribui para implantação de concessões e

PPPs, algumas ressalvas são necessárias como já explicitado, devendo-se levar em consideração

que o aprimoramento e amadurecimento do procedimento se dará com o tempo, possibilitando

alcançar seu objetivo de melhorar o diálogo entre o público e o privado, cada qual tendo seus

objetivos atingidos.

Por fim, vale a ressalva que o projeto de PPP da Linha 6 do metrô de São Paulo foi a

primeira proposta da iniciativa privada no formato de MIP, sendo apresentada pela Odebrecht

Transport em junho de 2011. Ainda em 2011, foi publicado um chamamento público para a

realização de estudos, no qual houve sete interessados e, ao término do prazo, foram recebidas

três propostas. Após análise pelo poder público, foi feito o edital da licitação e, posteriormente,

foi realizado o leilão.

Portanto, apesar de alguns pontos a serem melhorados no mecanismo e dada as limitações

atuais do setor público brasileiro, o projeto do presente trabalho é um exemplo da importância

do PMI na elaboração e desenvolvimentos de novas PPPs, as quais a partir da união entre os

interesses privado e público, chega-se a uma relação benéfica a todos os envolvidos.

Page 44: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

46

3 ANÁLISE DO SETOR DE MOBILIDADE URBANA

3.1 Mobilidade Urbana

A complexidade do perfil da mobilidade aumentou consideravelmente nos últimos dez

anos no Brasil, muito provavelmente devido às transformações na dinâmica urbana, nas

condições econômicas e na evolução tecnológica. Isso pode ser agravado pela configuração

urbana do país, uma vez que atualmente 38,5% de toda a população brasileira está concentrada

em apenas 88 cidades que possuem mais de 300 mil habitantes, isto é, os centros urbanos estão

cada vez mais populosos. De acordo com a Pesquisa Mobilidade da População Urbana 2017,

59% dos entrevistados realizam pelo menos uma viagem todos os dias úteis da semana, sendo

que normalmente as viagens são realizadas nos horários de pico (início da manhã e fim da

tarde), o que sobrecarrega todo o sistema de mobilidade urbana (CNT, 2017).

Outro fator importante na mobilidade urbana no Brasil constatado pela pesquisa foi o

crescimento substancial da participação do transporte individual motorizado, muito em função

da grande presença da indústria automobilística e pelo incipiente planejamento urbano, o que

tem produzido efeitos catastróficos para o modo de transporte dominante no contexto brasileiro,

que é o ônibus. De acordo com os dados, o transporte individual possui maior representatividade

na matriz de deslocamento em detrimento da mobilidade coletiva (50,2% contra 49,8%) e os

deslocamentos motorizados representam 77,2% do total de viagens realizadas (CNT, 2017).

Ainda de acordo com a pesquisa, uma considerável parcela dos entrevistados entende que

o preço do transporte público é alto e os serviços não possuem a qualidade desejada em termos

de conforto e velocidade. Tendo esse dado em consideração, constata-se que a redução da tarifa

pública seria um fator decisivo para que uma parte dos usuários passasse a utilizar o transporte

público em detrimento de outros modos. Desse modo, pode-se depreender que o poder público

tem responsabilidade na reversão dessa situação, caracterizada por alto preço e baixa qualidade

(CNT, 2017).

Diante dessa situação, algumas medidas foram tomadas levando em conta que o transporte

é um importante instrumento de direcionamento do desenvolvimento urbano das cidades. Pode-

se destacar que o instrumento de efetivação da Política Nacional de Mobilidade Urbana -

PNMU (instituída pela Lei 12.587/12), o chamado Plano de Mobilidade Urbana – PMU, cuja

elaboração, integrada e compatível com o respectivo Plano Diretor Municipal, é obrigatória

Page 45: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

47

para os municípios acima de 20 mil habitantes e em todos os demais que forem obrigados, na

forma da lei, à elaboração do plano diretor (CNT, 2016).

O PMU, como instrumento ordenador do transporte público e da mobilidade urbana em

geral, deve conter os princípios norteadores dos serviços de transporte público coletivo, a

integração dos diversos modais de transporte, os seus mecanismos de financiamento e a sua

interação com os usos do solo.

Apesar disso, em levantamento realizado em 2012, pelo IBGE, e apresentado na Figura 5,

verificou-se que apenas 210 (3,8%) dos 5.565 municípios brasileiros possuíam Plano Municipal

de Transporte, enquanto que em 429 (7,7%) deles havia um plano em elaboração. Dos

municípios com mais de 20 mil habitantes – 1.669 no total –, 167 (10,0%) possuíam plano e

258 (15,5%) estavam elaborando esse instrumento.

Figura 5 - Percentual de Municípios que possuem Plano Municipal de Transporte

Fonte: CNT, 2016

Analisando outros aspectos de planejamento e gestão do transporte, percebe-se que, em

2012, 4.133 municípios – 74,3% do total – possuíam algum tipo de estrutura de gestão de

transporte, sendo esse quociente de 83,9% nos municípios com pelo menos 20 mil habitantes –

1.400 de um total de 1.669, como pode ser visto na Figura 6.

Page 46: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

48

Figura 6 - Percentual de Municípios que possuem alguma Estrutura Municipal de Gestão de Transporte

Fonte: CNT, 2016

Em 2015, de acordo com o IBGE (Perfil dos Municípios Brasileiros 2015), em todo o país,

apenas 351 municípios (6,3% do total) tinham consórcios (consórcios se prestam a atividades

de planejamento e execução conjunta de projetos de maior porte ou de abrangência regional,

assim como de gestão associada de serviços públicos de transporte) estabelecidos na área de

transporte, sendo esse quociente de 38,7% nos municípios com mais de 20 mil habitantes.

Diante disso, pode-se depreender que o problema de mobilidade urbana é muito relevante

no Brasil, uma vez que as cidades têm crescido desordenadamente e, como já citado

anteriormente, o poder público, principal órgão de desenvolvimento da infraestrutura necessária

para o transporte urbano, está em situação de dificuldade para direcionar recursos para a área.

Desse modo, se mostra de grande importância o desenvolvimento das PPPs com o intuito de

destravar investimentos em uma área tão vital para o desenvolvimento das cidades brasileiras.

3.2 Pesquisas acerca de Mobilidade Urbana

3.2.1 Brasil

I. Introdução e Metodologia

A pesquisa Avaliação da Mobilidade Urbana no Brasil 2017, realizada pela Confederação

Nacional do Transporte (CNT) e a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos

(NTU), teve como objetivo identificar os principais modais utilizados para a realização das

Page 47: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

49

viagens, conhecer a motivação e a frequência dos deslocamentos e avaliar a percepção sobre o

setor de transporte urbano.

Sendo assim, levando em conta sua importância, serão apresentados alguns dos resultados

dessa pesquisa que auxiliou a identificar os principais padrões de mobilidade da população

urbana brasileira.

Primeiramente, discorrendo sobre a metodologia utilizada, a pesquisa teve como público-

alvo a população residente em municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, sendo o

questionário respondido pelo responsável pelo domicílio, o qual também forneceu informações

resumidas sobre os deslocamentos de todos os moradores do domicílio com 15 anos ou mais.

Ainda, os municípios foram estratificados em 5 grupos, segundo o porte do município

baseado no tamanho da população, conforme Figura 7. O plano amostral da pesquisa considerou

a distribuição de 3.100 entrevistas em 35 municípios. O total de entrevistas foi alocado de forma

proporcional ao porte do município.

Figura 7 - Distribuição Amostral

Fonte: CNT (2017)

Quanto a determinação da classe social dos entrevistados, considerou-se a definição pelo

Critério Brasil de Classificação Econômica produzido pela Associação Brasileira de Empresas

de Pesquisa (ABEP). Como pode ser observado na Figura 8, o perfil socioeconômico

dos entrevistados foi proporcional ao perfil socioeconômico da sociedade brasileira de acordo

com o Critério Brasil - Regiões Metropolitanas.

Page 48: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

50

Figura 8 - Comparativo entre o Critério Brasil (RMs) e a Distribuição dos Entrevistados segundo a Classe

Social

Fonte: CNT (2017)

II. Principais Resultados

Constatou-se na pesquisa que o transporte figura entre os principais problemas urbanos

percebidos nos municípios brasileiros (Figura 9), sendo o quarto mais citado pelos entrevistados

(direito de citar até dois problemas).

Figura 9 - Principais Problemas Urbanos (2017)

Fonte: CNT (2107)

Também é perceptível, a partir da análise da Figura 10, que nos municípios com população

acima de 1 milhão de habitantes, ocorre uma maior percepção do transporte como um problema

urbano.

Page 49: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

51

Figura 10 - Problemas Urbanos por Porte dos Municípios

Fonte: CNT (2017)

Com relação aos padrões de mobilidade, em municípios com população total acima de 3

milhões de habitantes, o tempo médio de viagem é de 46,2 minutos, enquanto que nos centros

urbanos menores, a duração média das viagens é de aproximadamente 30 minutos, ou seja, 35%

menor (Figura 11). Essa situação decorre principalmente da maior frota de veículos e dos altos

índices de congestionamentos, características das grandes cidades e metrópoles brasileiras.

Page 50: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

52

Figura 11 - Tempo Médio de Viagem por Porte dos Municípios

Fonte: CNT (2017)

Ainda, a análise dos tempos gastos pelos brasileiros de acordo com as classes sociais revela

que as pessoas com melhores condições financeiras conseguem realizar viagens mais rápidas,

uma vez que as médias de duração das viagens identificadas das classes A e B foram de 36,9 e

31,6 minutos, respectivamente, enquanto que das Classes D/E foi de 43,3 minutos (Figura

12).Uma possível justificativa é a falta de priorização do transporte público, que compromete

significativamente os tempos das viagens realizadas pelos ônibus, ao passo que, as pessoas que

detêm condições de assumir os custos do carro próprio, conseguem realizar viagens com maior

velocidade.

Figura 12 - Tempo Médio de Viagem por Classe Social

Fonte: CNT (2017)

Page 51: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

53

Além do tempo de viagem consideravelmente maior para as classes mais baixas da

população, um outro dado importante que revela a real necessidade de políticas públicas

voltadas ao transporte urbano, principalmente para esse segmento da população, é a posse de

veículo por classe social (Figura 13). A partir da análise da figura, percebe-se a priorização do

transporte individual das classes A e B, as quais possuem índices muito maiores que a média

observada.

Figura 13 - Posse de Veículos por Classe

Fonte: CNT (2017)

Observando a Figura 14, chega-se à conclusão de que o modo de transporte mais utilizado

pela população brasileira, considerando todos os portes de municípios, é o ônibus. Porém, em

virtude do tema deste presente trabalho, é importante notar a parcela significativa do metrô em

cidades com população acima de três milhões de habitantes, o que mostra a grande relevância

desse modal de transporte nos grandes centros urbanos.

Page 52: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

54

Figura 14 - Modos de Transporte Utilizados por Porte dos Municípios

Fonte: CNT (2017, parte da figura)

Dentre os principais problemas no transporte público citados pelos entrevistados,

destacam-se o alto custo da tarifa e a falta de segurança e conforto, seguidos de problemas

relacionados à rede de transportes da cidade (Figura 15). Desse modo, se faz necessário que os

novos investimentos em infraestrutura de transportes prezem pela modicidade tarifária,

segurança, conforto, confiabilidade, tempo de viagem reduzido, entre outros fatores, os quais

podem ser encontrados, quando bem planejados e gerenciados, no sistema metroviário.

Page 53: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

55

Figura 15 - Problemas do Transporte Público

Fonte: CNT (2017)

Por fim, 61,1% dos entrevistados acredita que a solução dos problemas percebidos é de

responsabilidade do poder público (Figura 16) e 69,5% que o custeio da tarifa do transporte

público deve ter contribuição do governo (Figura 17). Desse modo, é possível concluir que os

usuários do transporte urbano requerem do poder público, seja ele federal, estadual ou

municipal, maiores investimentos e também uma maior fiscalização dos padrões de qualidade

do serviço prestado.

Page 54: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

56

Figura 16 - Responsabilidade dos Problemas do Transporte Público

Fonte: CNT (2017)

Figura 17 - Desejo da Responsabilidade do Custeio da Tarifa do Transporte Público

Fonte: CNT (2017)

Page 55: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

57

3.2.2 São Paulo

I. Introdução e Metodologia

A análise da Pesquisa de Mobilidade Urbana 2017, realizada pelo Ibope a pedido da Rede

Nossa São Paulo e da ONG Cidade dos Sonhos, teve como objetivo identificar e mensurar a

satisfação do paulistano em relação a aspectos da locomoção na cidade e sobre o transporte

público.

Sendo assim, levando em conta sua importância, serão apresentados alguns dos resultados

dessa pesquisa, a qual auxiliou a identificar os principais padrões de mobilidade da população

urbana de São Paulo.

Primeiramente, quanto à metodologia, a técnica usada para o levantamento de dados foram

entrevistas online e domiciliares com questionário estruturado, todas realizadas no município

de São Paulo. O perfil dos entrevistados está apresentado na Figura 18 e Figura 19.

Figura 18 - Perfil dos Entrevistados

Fonte: IBOPE INTELIGÊNCIA (2017)

Figura 19 - Região de Moradia dos Entrevistados

Fonte: IBOPE INTELIGÊNCIA (2017)

Page 56: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

58

II. Principais Resultados

Constatou-se na pesquisa que o transporte figura entre os principais problemas urbanos

percebidos no município de São Paulo (Figura 20), sendo o quinto mais citado pelos

entrevistados (direito de citar até três problemas).

Figura 20 - Evolutivo das Áreas Problemáticas na Cidade de São Paulo

Fonte: IBOPE INTELIGÊNCIA (2017)

Como pode ser observado na Figura 21, nenhum dos aspectos, áreas e serviços de

locomoção na cidade de São Paulo obtém média acima de 5,5 (ponto médio da escala), sendo

que todos os demais itens apresentam quedas significativas nas médias de satisfação em relação

à pesquisa de 2016.

Page 57: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

59

Figura 21 - Avaliação dos Diferentes Aspectos, Áreas e Serviços da Cidade de São Paulo

Fonte: IBOPE INTELIGÊNCIA (2017)

Com relação ao tempo médio gasto no trânsito para realizar todos os deslocamentos diários,

a média ficou em 2h53 (Figura 22).

Figura 22 - Tempo Médio Gasto no Trânsito para Realizar todos os Deslocamentos Diários

Fonte: IBOPE INTELIGÊNCIA (2017)

A partir da Figura 23, conclui-se que o ônibus é o meio de transporte mais utilizado na

cidade de São Paulo, com o carro em segundo lugar e o metrô em terceiro, evidenciando a

Page 58: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

60

importância da rede metroviária da capital paulista, a qual, mesmo não possuindo grande

extensão, é imprescindível para o deslocamento do paulistano.

Figura 23 - Uso dos Meios de Transporte em São Paulo

Fonte: IBOPE INTELIGÊNCIA (2017)

Nas demandas direcionadas à gestão pública mais citadas pelos entrevistados (Figura 24),

pode-se destacar o fato de que nas três primeiras posições se encontram demandas por

transporte público, sendo que o metrô é citada em duas delas. Assim, é possível inferir que o

metrô é um meio de transporte bem visto pela população e deve ser umas das prioridades do

poder público.

Figura 24 - Demandas para a Gestão Pública

Fonte: IBOPE INTELIGÊNCIA (2017)

Por fim, dentre aqueles que utilizam todos ou quase todo os dias automóvel, 80% deixariam

de usar o carro caso houvesse uma boa alternativa de transporte público (Figura 25).

Page 59: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

61

Figura 25 - Predisposição para utilizar o Transporte Público ao invés do Automóvel, caso houvesse uma

boa alternativa

Fonte: IBOPE INTELIGÊNCIA (2017)

3.3 Setor Metroviário no Brasil

3.3.1 Histórico

A história do transporte ferroviário no Brasil teve início em meados do século XIX, com a

primeira linha ferroviária, a Estrada de Ferro de Petrópolis, inaugurada em 30 de abril de 1854

por Irineu Evangelista de Sousa, o então Barão de Mauá. Logo depois, entre as décadas de 1890

e 1920, predominou a implantação do bonde. A gradual substituição dos bondes pelos ônibus,

se deu no período entre as décadas de 1940 e 1960, sendo motivada, entre outros fatores, pela

maior flexibilidade de circulação desse modal, pelos investimentos na nascente indústria

automobilística e pelo consequente aumento do número de automóveis em circulação (CNT,

2016).

Como um marco importante do transporte ferroviário no Brasil, em 1993, foi aprovada a

Lei nº 8.693, que dispôs sobre a descentralização dos serviços de transporte ferroviário coletivo

de passageiros, urbano e suburbano, da União para os Estados e Municípios – o que se

convencionou chamar de Programa de Estadualização dos Sistemas de Trens Urbanos de

Passageiros sobre Trilhos. Com isso, houve uma redução nos investimentos em virtude da

menor capacidade de financiamento dos Estados e Municípios frente ao governo federal.

Page 60: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

62

Ainda, outros marcos importantes foram o início da operação dos sistemas metroviários

com o metrô de São Paulo, em 1974 e o início do período de concessões dos sistemas com o

metrô do Rio de Janeiro, em 1997.

Sobre a importância do deslocamento urbano de passageiros, tem-se que é um serviço

essencial nas cidades, pois além de influenciar a vida da população, os meios de transporte

urbanos, destacadamente aqueles de média e alta capacidade, têm papel primordial na economia

do país, uma vez que o processo produtivo começa quando o trabalhador se desloca até seu

local de trabalho. Sendo o trabalho uma atividade rotineira e de elevada frequência, o

deslocamento para esse fim implica uma necessidade permanente de transporte nas diversas

localidades (CNT, 2016).

De acordo com a Figura 26, em 2017, a rede metroviária do Brasil possuía

aproximadamente 1.065 km. Através da mesma figura pode-se concluir que o desenvolvimento

da rede ainda é muito lento no Brasil, apesar de sua grande importância para o desenvolvimento

da mobilidade urbana, principalmente em grandes centros, como São Paulo (de acordo com a

World Metro Database, apenas a 53º maior rede do mundo, com 78,4 km) e Rio de Janeiro (de

acordo com a World Metro Database, a 74º maior rede do mundo, com 55,5 km).

Page 61: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

63

Figura 26 - Crescimento Rede Metroviária no Brasil

Fonte: ANPTRILHOS (2018)

3.3.2 Comparação com outras Modalidades de Transporte Urbano de Passageiros

Visando realizar uma comparação entre os diferentes modais de transporte urbano de

passageiros disponíveis, apresenta-se a Figura 27, Figura 28 e Figura 29.

Page 62: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

64

Figura 27 - Características das Modalidades de Transporte Urbano de Passageiros

Fonte: CNT (2016)

Figura 28 - Distâncias Médias entre Estações para as Modalidades de Transporte Urbano de Passageiros

Fonte: CNT (2016)

Page 63: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

65

Figura 29 - Capacidades das Linhas para as Modalidades de Transporte Urbano de Passageiros

Fonte: CNT (2016)

Da avaliação desses dados pode-se depreender que os trens metropolitanos e o metrô são

sistemas de alta capacidade (movimentam de 40.000 a 80.000 passageiros por sentido por hora)

e, especificamente com relação ao metrô, percebe-se um espaçamento entre 700 e 1.200 metros

entre as estações; intervalo entre os trens é reduzido, sendo de 90 a 180 segundos no horário de

pico (fora do horário de pico não há aumento expressivo); dinâmica de mobilidade é

predominantemente urbana (interna ao município); veículos são movidos por tração elétrica,

com elevada capacidade de aceleração e desaceleração e o embarque é feito por portas com

grande largura, para facilitar a entrada e saída de passageiros.

Os sistemas de transporte guiados sobre trilhos, dada a inalterabilidade do seu itinerário,

permitem um melhor desempenho operacional e o guiamento fixo associado ao tráfego

segregado proporciona ao transporte sobre trilhos atributos como confiabilidade, regularidade,

pontualidade, segurança, rapidez e conforto.

Por outro lado, a necessidade de infraestrutura específica, o elevado tempo de construção

e os altos custos de implantação e operação dos sistemas metroferroviários, requerem

adequados planejamento e gestão, dos quais devem participar os diversos entes públicos

envolvidos – nos níveis federal, estadual e municipal.

Por ser um modal com elevado desempenho (velocidade, disponibilidade, capacidade,

imagem), o custo de investimento acaba sendo alto para a implantação da infraestrutura do

Page 64: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

66

metrô, conforme está apresentado na comparação entre os diferentes modais de transporte na

Figura 30.

Figura 30 - Relação entre o Desempenho dos Sistemas de Transporte e o Custo de Investimento

Fonte: CNT (2016)

3.3.3 Presença do Metrô nas Cidades Brasileiras

Para se ter uma visão abrangente da importância do modal metroviário na matriz de

transporte de passageiros brasileira, especialmente nas grandes cidades, pode-se analisar a

extensão total das linhas em operação em algumas das maiores regiões metropolitanas do país

(Figura 31) e a quantidade de passageiros por ano atendidos pelas linhas (Figura 32, a qual

contabiliza diferentes modalidades, como metrô, trens metropolitanos, VLT).

Page 65: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

67

Figura 31 - Total da Extensão da Linha Operacional por Região Metropolitana

Fonte: CNT (2016)

Figura 32 - Entrada de Passageiros/Ano (mil) e Modalidade por Operador - 2015

Fonte: CNT (2016)

Page 66: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

68

3.3.4 Principais dificuldades

Após a apresentação histórica e das principais características do transporte ferroviário

urbano de passageiros no Brasil, é importante destacar alguns dos fatores que dificultam o seu

desempenho, assim como apontar algumas diretrizes para a sua melhoria (Figura 33).

Figura 33 - Dificuldades e Diretrizes Identificadas para o Transporte Ferroviário Urbano de Passageiros

Fonte: CNT (2016)

Page 67: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

69

4 MODELAGEM E AVALIAÇÃO DO PROJETO

4.1 Projeto

4.1.1 Descrição

O projeto a ser estudado no presente trabalho é a PPP da Linha 6 do metrô de São Paulo,

uma concessão patrocinada para prestação dos serviços públicos de transporte de passageiros,

contemplando a implantação das obras civis e sistemas, fornecimento do material rodante,

operação, conservação, manutenção e expansão.

A Linha 6 – Laranja, a qual se integrará ao sistema metroferroviário da Região

Metropolitana de São Paulo, compreende uma linha com 15,3 km de extensão no trecho

Brasilândia – São Joaquim, abrangendo 15 estações, incluindo um pátio de estacionamento e

manutenção de trens, intitulado Pátio Morro Grande. A Linha 6 também é conhecida como

“linha das universidades”, já que cruzará regiões próximas à FGV (futura estação 14bis),

Mackenzie, PUC e FAAP (Figura 34). Ainda quanto ao traçado da linha, há previsão de uma

eventual expansão no trecho Brasilândia - Bandeirantes, abrangendo mais cinco estações.

Figura 34 - Mapa da Rede do Metrô de São Paulo incluindo o Trecho Inicial da Linha 6

Fonte: Pinho (2013)

A concessão se desenvolverá em três fases progressivas, envolvendo as seguintes fases:

Page 68: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

70

Fase I: execução da infraestrutura, compreendendo as obras civis, instalação de via

permanente e sistemas de alimentação elétrica, de sinalização, de telecomunicações e

auxiliares, aquisição de material rodante e demais ações necessárias para permitir a

adequada operação da Linha 6;

Fase II: operação dos serviços públicos de transporte de passageiros da Linha 6, com

todas as suas estações, do trecho Brasilândia – São Joaquim; compreendendo a

prestação de serviços relativos às funções de operação, conservação e manutenção da

linha, o funcionamento das estações, dos terminais de integração intermodal, do centro

de controle operacional, do controle do acesso de passageiros e da validação de créditos

de viagem, a segurança operacional, pessoal e patrimonial, em parâmetros compatíveis

com a demanda;

Fase III: expansão dos serviços de transporte concedido, condicionada à superveniência

de decisão motivada do poder concedente, no trecho compreendido entre Brasilândia -

Bandeirantes, contemplando a operação e a manutenção do trecho, podendo incluir

obras civis, instalação e fornecimento de todos os sistemas e material rodante. A

participação da concessionária na operação e manutenção dos serviços da Fase III é

obrigatória, e a execução das obras civis da expansão, bem como instalação e

fornecimento de todos os sistemas e material rodante fica condicionada à sua expressa

aceitação.

4.1.2 Histórico

Como já mencionado, o Decreto Estadual nº 57.289/2011 – Manifestação de Interesse

Privado – MIP marcou uma nova etapa no Programa Estadual de Parcerias Público-Privadas,

ao detalhar o procedimento visando à inclusão de projetos no referido programa.

O projeto de PPP da Linha 6 foi apresentado pela Odebrecht Transport em junho de 2011

e se constituiu na primeira proposta da iniciativa privada apresentada nos termos e formatos de

MIP. Após solicitar algumas informações complementares, o Conselho Gestor de PPP aprovou,

no final de 2011, a inclusão do projeto na carteira de PPP do Estado na condição de Proposta

Preliminar e autorizou o aprofundamento dos estudos técnicos de viabilidade.

O Chamamento Público n. 001/2011, de outubro de 2011, tratou dessa MIP, estabelecendo

um prazo para os interessados requererem autorização para a realização dos estudos e posterior

apresentação final dos trabalhos. Foram sete interessados, sendo eles:

Page 69: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

71

Odebrecht Transport Participações S.A. e Construtora Andrade Gutierrez S.A.;

Construção e Comércio Camargo Corrêa S.A.;

Construtora Queiroz Galvão S.A.;

Galvão Engenharia S.A. e Somague Engenharia S.A.;

MITSUI & CO (Brasil) S.A.;

UTC Participações S.A. e CONSTRAN S.A. Construções e Comércio;

CR Almeida S/A Engenharia de Obras.

Para a avaliação das propostas oferecidas em resposta ao chamamento público no âmbito

da MIP da Linha 6 foi criado um Grupo de Trabalho (GT) da Linha 6, coordenado pela

Secretaria Executiva do Conselho Gestor de PPP (CGPPP) e composto por técnicos da

Procuradoria Geral do Estado (PGE), Secretaria de Transportes Metropolitanos (STM) e

Companhia do Metrô, Unidade de PPP (UPPP) e Companhia Paulista de Parcerias (CPP).

Encerrado o prazo para entrega das propostas, foram recebidos os estudos por parte de três

interessados cadastrados pela Secretaria Executiva do CGPPP nos termos do chamamento

público:

Construtora Queiroz Galvão S.A. (QGV);

Galvão Engenharia S.A. e Somague Engenharia S.A. (GAL);

Odebrecht Transport Participações S.A. e Construtora Andrade Gutierrez S.A (ODB).

O GT da Linha 6, em parceria com o Banco Mundial, desenvolveu uma metodologia para

dar suporte técnico às análises das propostas recebidas. A partir da conclusão do trabalho, foi

elaborado um relatório síntese com as análises técnicas de cada proposta, o que foi fundamental

para sistematizar os avanços e deficiências técnicas contidas nas propostas, possibilitando a

elaboração da modelagem final do projeto.

O modelo econômico-financeiro de referência sugerido pelo Banco Mundial foi utilizado

como a base para a modelagem final (Figura 35).

Page 70: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

72

Figura 35 - Resumo das Considerações do Relatório do GT Linha 6

Fonte: GT PPP Linha 6

Devido à aprovação da MP 575/2012, foram necessários ajustes na modelagem do projeto

para considerar as desonerações tributárias e o aporte de recursos pelo Estado na futura SPE

durante o período de implementação do empreendimento, em substituição a emissão de

debêntures pela SPE ao Estado – solução pensada anteriormente. Estes aportes de recursos

públicos reduziram a necessidade de alavancagem financeira do projeto, resultando na

contraprestação média de referência de R$ 580 milhões por ano. A estrutura de capital da SPE

foi mantida em 50% do setor privado (20% de capital próprio e 30% pela obtenção de

financiamento) e 50% do Estado com aportes – estas proporções foram adotadas na modelagem

financeira original.

Na 7ª Reunião Extraordinária do Conselho Gestor de PPP, foi autorizado o processo

licitatório da concessão e, em 11 de setembro de 2012, foi realizada a Audiência Pública.

Em julho de 2012, a STM instituiu um grupo de trabalho para elaborar os documentos da

Concorrência Internacional nº 001/2012 da Linha 6 – Laranja.

Em outubro de 2012, teve início a fase de Consulta Pública, pelos interessados, aos

documentos da licitação (edital, anexos, minuta do contrato). Ao fim da consulta, houve treze

empresas que ofereceram sugestões.

Após a análise de todas as sugestões pelo GT da Linha 6 e pela STM, alguns ajustes foram

realizados na modelagem do projeto, sendo os principais:

Page 71: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

73

Ajuste na tarifa de remuneração para R$ 1,60 por passageiro transportado;

Inclusão da garantia denominada “Remuneração Contingente” a futura concessionária

na hipótese de extinção da garantia real de pagamento das contraprestações pecuniárias

dada pela CPP, o que levaria ao pagamento adicional de R$ 1,60 por passageiro

transportado.

Em janeiro de 2013, foi publicado o edital de licitação da Linha 6 – Laranja, tendo sido

concedido o prazo de 90 dias para apresentação de propostas pelos interessados. Destaca-se que

no prazo estabelecido pelo processo licitatório, foram apresentados questionamentos formais

relacionados, entre outros, aos riscos decorrentes das atividades de desapropriação previstas

para serem executadas pelo futuro concessionário. Desse modo, em março de 2013, foi

autorizada a inclusão de cláusula mitigadora dos riscos de desapropriação através de uma banda

de variação de 10% calculada sobre o valor base de desapropriação de R$ 673 milhões, sendo

responsabilidade do privado até 10% acima do valor estipulado e responsabilidade do Estado

se passasse dos 10%.

Devido às mudanças, o edital foi republicado com novo valor de contraprestação e foi

considerado um novo prazo de 90 dias para análise dos participantes.

Em julho de 2013, não houve nenhuma proposta para a licitação.

Diante da ausência de propostas, o Conselho Gestor de PPP decidiu pela necessidade de

realizar novos ajustes levando como base os questionamentos recebidos e as sugestões

oferecidas na consulta pública. Dentre os ajustes feitos, destaca-se:

Revisão das premissas utilizadas no modelo financeiro;

Revisão dos eventos para o aporte de recursos;

Revisão dos procedimentos e da alocação de riscos relacionados às desapropriações e

aos reassentamentos;

Revisão da cláusula de reequilíbrio econômico financeiro do contrato.

O novo edital da Concorrência Internacional nº 004/2013 referente à concessão patrocinada

da Linha 6 – Laranja do metrô foi disponibilizado em setembro de 2013. Entre os principais

pontos previstos no edital, pode-se destacar:

Page 72: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

74

● Critério de julgamento será o menor valor da contraprestação pecuniária a ser paga pelo

poder concedente;

● Valor estimado do contrato de R$ 22,6 bilhões, correspondente ao somatório dos valores

nominais do aporte, da projeção da contraprestação pecuniária, das receitas decorrentes

da tarifa de remuneração e das receitas acessórias;

● Prazo de vigência da concessão de 25 anos, contemplando as fases de implantação de

infraestrutura (Fase I, a ser concluída no prazo máximo de 6 anos) e de operação (Fase

II, pelo prazo de 19 anos a partir da conclusão da Fase I);

● Licitação será processada e julgada com inversão das fases, analisando-se inicialmente

a garantia de proposta, julgando-se a proposta comercial, e em seguida analisando-se a

habilitação/metodologia de execução;

● A licitante deverá prestar garantia de proposta no valor de R$ 85 milhões, com prazo de

validade de noventa dias, contados da data marcada para a sessão de recebimento dos

envelopes;

● A licitante deverá comprovar aptidão para o desempenho de atividade pertinente e

compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação, por meio

da apresentação de atestado de capacidade técnica;

● A Licitante deverá se constituir em uma SPE;

● A concessionária não poderá, durante todo o prazo da concessão, transferir o controle

da sociedade, sem prévia e expressa autorização do poder concedente, seja por meio de

modificação da composição acionária e/ou por meio de implementação de acordo de

acionistas;

● A remuneração da concessionária será composta pelas seguintes parcelas:

○ Parcela A – receita decorrente da tarifa de remuneração a ser recebida após o

início da operação comercial, fixada em R$ 1,60 por passageiro transportado, na

data base de 01/02/2013.

○ Parcela B: contraprestação pecuniária devida pelo poder concedente, no valor

anual máximo de R$ 604 milhões, tendo como data base 01/08/2013, sobre o

qual incidirá desconto único em percentual oferecido pela licitante vencedora.

O valor será pago mensalmente e estará vinculado ao desempenho, mediante

aplicação de indicadores de qualidade e disponibilidade.

Page 73: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

75

● Nos termos da Lei Federal nº 11.079/04 e suas alterações, a concessão contempla aporte

de recursos por parte do poder concedente, no valor máximo de R$ 4,5 bilhões,

observada a proporcionalidade com as etapas efetivamente executadas.

Em novembro de 2013, o consórcio Move São Paulo, formado pelas empresas Odebrecht,

Queiroz Galvão, UTC Participações e Eco Realty Fundo de Investimentos, foi declarado

vencedor da licitação da Linha 6-Laranja do Metrô e, em dezembro de 2013, o contrato foi

assinado. O consórcio foi o único a apresentar proposta, com deságio de 0% em relação ao valor

proposto no edital.

4.1.3 Valores

I. Investimentos

Com relação aos investimentos necessários, a PPP da Linha 6 pode ser considerada um

projeto bastante complexo, uma vez que irá abarcar a implantação das obras civis, dos sistemas

e do material rodante.

No edital é possível encontrar as diretrizes e condições mínimas estimadas pelo poder

concedente para nortear os investimentos, ressaltando que a concessionária vencedora deve

realizar seus próprios levantamentos, avaliações e estimativas visando permitir estar de acordo

com os investimentos necessários.

De acordo com o edital, os valores de referência dos investimentos da Linha 6 – Laranja

são os apresentados na Figura 36. O valor total é de R$ 9,6 bilhões, sendo dividido em 50%

para o parceiro privado e 50% para o poder público (esse valor passa a 53,5% depois de

considerar o valor das desapropriações). Quanto à composição dos investimentos é interessante

notar que aproximadamente 55% do valor total dos investimentos é devido às obras civis e

outros quase 20% aos sistemas da Linha 6.

Page 74: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

76

Figura 36 - Resumo dos Valores de Referência dos Investimentos da Linha 6 – Laranja

Fonte: STM (2013)

A relação dos investimentos divididos por itens de aporte em cada um dos seis anos de

construção da Linha 6 pode ser encontrada na Figura 37.

Figura 37 - Cronograma de Desembolso da Linha 6, em R$ mil

Fonte: STM (2013)

II. Projeção da Demanda

Utilizando como base o Anexo VIII – Estudo de Demanda, relatório que apresenta a

estimativa de demanda da Linha 6 – Laranja a partir dos dados da Pesquisa Origem – Destino

de 2007, é apresentado na Figura 38 os valores para as demandas diárias das estações da Linha

6.

Page 75: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

77

Figura 38 - Estimativa de Demanda Diária da Linha 6 – Laranja no Trecho Brasilândia – São Joaquim

Fonte: STM (2012)

Para chegar aos valores apresentados, durante a realização dos estudos de transporte da

região metropolitana de São Paulo, o Metrô atualiza periodicamente os principais instrumentos

de estimativa de demanda de transporte considerando as políticas de expansão, as

reorganizações operacionais, as mudanças tarifárias entre outras, que são implementadas ou

planejadas dentro da metrópole.

Para efetivamente efetuar a previsão do fluxo de transporte, um conjunto de modelos é

desenvolvido e utilizado para prever possíveis mudanças de fluxos ou tráfegos nas redes de

transporte coletivo e individual e seus impactos. Para tal, são utilizadas diversas técnicas de

cálculo e manipulação de redes de transportes, envolvendo modelos matemáticos de previsão e

alocação de demanda e construção de redes de transporte urbano coletivo e rede viária da região

metropolitana de São Paulo.

III. Custos Operacionais

Utilizando como base o Anexo 6 – Custo Operacional da Linha 6 – Laranja, do relatório

técnico da STM de 27 de agosto de 2013, pode-se observar os valores dos custos operacionais

detalhados da Linha 6 na Figura 39.

Page 76: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

78

Figura 39 - Custo Operacional da Linha 6

Fonte: STM (2013)

IV. Riscos

Devido ao tamanho e complexidade do projeto da Linha 6, o contrato previu um rigoroso

sistema de divisão dos riscos, uma vez que ficaria a cargo do concessionário as obras, a

Page 77: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

79

execução das desapropriações e o serviço da operação da linha, o que aumentou

significativamente os riscos do empreendimento.

Para se ter uma melhor ideia da importância da administração dos riscos desse

empreendimento, tem-se o seguinte trecho extraído de Baumgratz de Paula (2014):

“Entrevistador: Quais foram os principais desafios, desde o PMI?

Entrevistado 8: Riscos. Riscos de Engenharia. Como contingenciar e mitigar

riscos de engenharia? O que na linha 4 não existiu. Riscos de engenharia

compreendem: riscos geológicos, riscos construtivos e riscos de

desapropriação. Porque aí você “quebra” o projeto. Se tem um entrave na

execução das desapropriações, elas não se viabilizam, você retarda o fluxo,

aumenta o custo e atrasa a receita. Porque essa [linha 6] é greenfield né? A

linha 4 o concessionário comprou o trem, financiou e etc., mas já pegava com

um delay [diferença temporal] muito pequeno para começar a operar; a receita

começava a entrar seis meses depois; essa aqui [linha 6] são três anos, três

anos e meio. Esses eram os grandes desafios.

Entrevistador: Quais foram as soluções?

Entrevistado 8: O arranjo de riscos da linha 6 é realmente um primor. Eu

recomendo que ele seja visto com bons olhos porque ele é um arranjo de risco

muito ponderado, porque ele foi bem desenvolvido pelo privado e foi bem

escrutinado pelo poder público. De modo que tem lá um belo trabalho. E,

verdade seja dita, já aproveitando a experiência da linha 4 né? O que deu certo

e o que não deu certo. E de outras PPPs de maneira geral. Então, eu acho que

o grande desafio da linha 6 era você colocar uma dimensão de riscos que a

linha 4 não tinha, a grande vantagem é que já a partir de um aprendizado de

12 anos. O que ela tem de mais destacável são as soluções que ela deu de

equilíbrio para esses riscos: se você tem a trava das desapropriações, como é

que você faz para fazer um reequilíbrio que seja fast-track [segue um

procedimento específico e mais célere], para não ficar um passivo contratual

sendo discutido por dez anos; soluções de risco de obra e de risco geológico,

tudo muito bem feito.

(...)

Page 78: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

80

Entrevistador: Você mencionou que toda essa matriz de risco foi bastante

escrutinada pelo poder público. Nesse caso, esse escrutínio depende de um

conhecimento técnico muito profundo né?

Entrevistado 8: É, mas que eu acho que o Estado tem. O que favorece, hoje,

os estados de SP e MG serem vanguardistas e terem várias PPPs é que cada

vez menos há uma assimetria de informações entre privado e Estado. Essa

simetria de informações, o fato de você ter, no Estado de SP, gente que entende

de PPPs até mais do que o privado, porque tem acervo de experiências, por

um lado torna o escrutínio mais eficiente e, segundo, dá ao Estado de SP, ao

MetroSP, à PGE, segurança [para atuar]. Ele pode ler a proposta apresentada

por qualquer particular porque ele tem confiança que ele sabe identificar o que

é positivo e interessante para o Estado e o que é cherry picking. Então, o

diálogo se torna mais adequado.”

Dada a importância da divisão dos riscos do projeto entre aqueles com melhores condições

de suportá-los, decidiu-se que ao poder público seria atribuído os riscos relativos a:

procedimentos arqueológicos que eventualmente onerem o contrato, atraso na liberação dos

documentos públicos necessários para as desapropriações, realocação de pessoas vulneráveis

atingidas pelas obras e custos ambientais não previstos no contrato.

De acordo com o contrato da PPP da Linha 6, são apresentados a seguir alguns dos riscos

atribuídos ao concessionário:

● Riscos de engenharia e de operação:

○ Atraso, ocorrido por comprovada responsabilidade da concessionária, no

cumprimento do cronograma do empreendimento;

○ Prejuízos decorrentes de erros na realização das obras;

○ Atrasos relacionados à interferência, como fibra óptica, dutos de água e esgoto,

dutos de gases, dutos de petróleo, vias de transmissão ou distribuição de energia,

entre outros.

● Riscos econômico-financeiros:

○ Aumento do custo de empréstimos e financiamentos a serem obtidos pela

concessionária para realização dos investimentos;

○ Variação dos custos e insumos, operacionais, de manutenção, de compra, de

investimentos, dentre outros dessa natureza;

Page 79: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

81

○ Diminuição das expectativas ou frustração das receitas alternativa e

complementares;

○ Alteração do cenário macroeconômico ou aumento de custo de capital e variação

das taxas de câmbio;

○ Estimativa incorreta do valor dos investimentos a serem realizados.

● Riscos ambientais:

○ Atraso na obtenção das licenças de instalação e de operação, total ou parcial, da

Linha 6.

Com relação ao risco de demanda, vale ressaltar o mecanismo de mitigação previsto, no

qual o risco assumido pelo concessionário varia de 85 a 115% (representando a assunção de

variação de 15%), conforme a Figura 40. Esse mecanismo será aplicado depois de transcorrido

12 meses do mês 73º de concessão (início da operação comercial) e irá durar por 10 anos.

Figura 40 - Risco de Demanda da Linha 6

Fonte: Baumgratz de Paula (2014)

Por fim, vale destacar que todos esses mecanismos para mitigar os riscos desse complexo

empreendimento foram essenciais para possibilitar seu financiamento, uma vez que os bancos

requeriam garantias para liberação dos recursos necessários.

V. Financiamento

Como já mencionado anteriormente, a promulgação da Lei 12.766/2012 durante a

modelagem da Linha 6 do metrô de São Paulo, instituiu algumas alterações no modelo anterior,

como a possibilidade de aporte público e o aumento do limite da lei de responsabilidade fiscal

Page 80: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

82

quanto ao comprometimento dos entes federados com despesas de caráter continuado de 3%

para 5%.

Com a substituição da possibilidade da SPE emitir debêntures ao Estado durante o período

de construção da obra pelo aporte de recursos, houve uma diminuição no valor da

contraprestação pecuniária, mas, em compensação, criou-se o um valor a ser desembolsado pelo

Estado à concessionária durante os anos de construção da linha.

Desse modo, os investimentos estatais compreendidos no aporte da Linha 6 tinham como

fonte, principalmente, o BNDES, como pode ser observado nos itens do contrato da PPP da

Linha 6 transcritos abaixo (Cláusula Vigésima Sétima – Do Aporte de Recursos, item 27.8).

“27.8 O APORTE DE RECURSOS será assegurado pelo PODER

CONCEDENTE por meio de financiamento obtido junto ao Banco Nacional

de Desenvolvimento Econômico e Social (“BNDES”) e, em caráter

complementar, por recursos orçamentários, declarando o PODER

CONCEDENTE, nesta oportunidade, que:

27.8.1 obteve autorização legislativa para contratação do financiamento junto

ao BNDES;

27.8.2 formalizou junto ao BNDES pedido de enquadramento do projeto de

implantação da LINHA 6 do Metrô;

27.8.3 acordou com o BNDES a adequação dos termos do financiamento às

disposições do presente CONTRATO.”

Quanto à parcela da concessionária, na Cláusula Décima Sexta – Do Financiamento do

Contrato da PPP da Linha 6:

“16.1 A CONCESSIONÁRIA é a única e exclusiva responsável pela obtenção

dos financiamentos necessários ao desenvolvimento dos serviços abrangidos

pela CONCESSÃO, de modo a cumprir, cabal e tempestivamente, todas as

obrigações assumidas neste CONTRATO.”

Aqui se faz necessário informar que a concessionária conseguiu um empréstimo ponte e

outro para capital de giro de longo prazo junto ao BNDES, mas, de acordo com matéria

veiculada no jornal Valor Econômico em 31/10/2013, Góes (2013, grifo próprio):

Page 81: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

83

“O Valor apurou que uma eventual ação judicial pode ter como alvo a

Odebrecht e a Queiroz Galvão, envolvidas em casos de corrupção

investigados pela Operação Lava-Jato. As denúncias foram determinantes

para o BNDES não liberar o empréstimo de longo prazo para o projeto

da linha 6.

[...]

O BNDES justificou a decisão de não liberar empréstimos adicionais à Move

São Paulo: "Em virtude da deterioração da situação cadastral e creditícia dos

principais patrocinadores do projeto, estes [os acionistas da Move SP] estão

com dificuldades em apresentar as garantias necessárias na fase de obras."

Desse modo, com dificuldades para conseguir a liberação do empréstimo de longo prazo

junto ao BNDES, a concessionária interrompeu as obras em setembro de 2016 e, até o presente

momento (outubro de 2018) não havia retomado a construção da Linha 6.

VI. Remuneração

Como já foi mencionado, a concessionária será remunerada através da tarifa de

remuneração (valor a ser pago, por passageiro, pelo poder concedente ao concessionário,

visando remunerar o custo de operação) e da contraprestação pecuniária (valor a ser pago pelo

poder concedente ao concessionário, visando remunerar os investimentos feitos no período de

construção do projeto).

Com relação ao modelo tarifário, buscou-se desvincular a tarifária de remuneração da

concessionária da tarifa paga pelo usuário do serviço (tarifa política), com isso se tornando um

dos principais fatores de segurança para os atores privados. De acordo com Baumgratz de Paula

(2014), “a tarifa contratual tem seu reajuste contratualmente previsto e absolutamente isolado

da definição da tarifa política (cobrada do usuário para acessar o sistema).”

Desse modo, o modelo tarifário e o sistema de pagamentos elaborados para a Linha 6

tiveram como base aqueles utilizados para a Linha 4 – Amarela, tendo como principais

características:

● Recebimento do concessionário por passageiro transportado, independentemente do

passageiro ser beneficiário de alguma redução tarifária ou gratuidade;

● Reajuste da tarifa contratual sem relação com o reajuste da tarifa política;

Page 82: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

84

● Recebimento do concessionário de 100% do valor da tarifa contratual por passageiro

exclusivo (somente utiliza a Linha 6) e 50% do valor da tarifa por passageiro

compartilhado com outras linhas;

● Tarifa de remuneração é direcionada para uma câmara de pagamentos comum a todos

prestadores de serviços de transporte público da rede (MetroSP, ônibus urbano,

ViaQuatro e Move São Paulo) e posteriormente dividida entre os membros;

● Move São Paulo tem preferência de recebimento das suas tarifas de remuneração face

ao MetroSP e à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), ficando abaixo

da ViaQuatro (concessionária da Linha 4– Amarela).

Para viabilizar esse modelo, se fez necessário arquitetar um arranjo institucional para que

uma divergência entre a tarifa política e a de remuneração não fosse afetar o fluxo de

recebimento da concessionária. Pode-se extrair a explicação de Baumgratz de Paula (2014)

referente à Linha 4 para o entendimento de tal arranjo:

“A resposta é que uma garantia formal para um valor tão alto seria

economicamente inviável. No entanto, ela não é necessária caso se consiga

estabelecer um sistema de pagamentos líquido e autônomo, como foi previsto

na cláusula nona.

Ao estabelecer, na cláusula nona, a arrecadação conjunta do sistema por uma

entidade autônoma e, associado à gestão autônoma das receitas da rede de

transportes, se conferir o direito de preferência à concessionária da linha 4

para receber seus créditos decorrentes de tarifas contratuais prioritariamente

aos demais operadores sobre trilhos, o que se buscou criar foi exatamente um

sistema de pagamentos líquido e autônomo a eventuais ingerências estatais

[...]”

Ainda referente ao arranjo, pode-se observar seu funcionamento com a presença da Linha

6 na Figura 41.

Page 83: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

85

Figura 41 - Sistema de Pagamentos após a Entrada da Linha 6

Fonte: Baumgratz de Paula (2014)

Apesar de ter como base a Linha 4 – Amarela, a explicação de Baumgratz de Paula (2014)

para a liquidez desse sistema de pagamentos pode ser estendida à Linha 6, uma vez que sua

previsão de demanda gira em torno de 600 mil passageiros por dia:

“A liquidez do sistema de pagamentos decorre do fato da rede

metroferroviária ser composta pela CPTM e pelo MetroSP, além da própria

operadora da linha 4. A CPTM possui uma média diária de passageiros da

ordem de 2,5 milhões. Já a Companhia do Metropolitano alcança a média

diária de 3,7 milhões. Sendo assim, ainda que se considere a possível

defasagem da tarifa contratual face à política, bem como a existência das

gratuidades, o montante arrecadado pelo sistema é substancialmente superior

aos créditos de titularidade da operadora da linha 4, cuja operação giraria entre

750 mil a 1 milhão de passageiros por dia.”

Uma diferença marcante entre a relação do sistema de pagamentos e a Linha 6 foi que

aquela foi utilizada como garantia do pagamento da contraprestação pecuniária, uma vez que a

concessionária deveria receber 228 parcelas (19 anos de operação) de contraprestações no valor

aproximado de R$ 606 milhões por ano e a CPP é fiadora somente de até seis parcelas mensais

dessa remuneração. O arranjo teve como base considerar essas seis parcelas com a “garantia

residual” e instituir uma “remuneração contingente” caso não houvesse o pagamento das

parcelas da contraprestação (Figura 42).

Page 84: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

86

Figura 42 - Arranjo Contratual de Garantias das Contraprestações na Linha 6

Fonte: Baumgratz de Paula (2014)

O mecanismo criado é apresentado por Baumgratz de Paula (2014, grifo próprio):

“Para além de servir como “garantia institucional” do recebimento de tarifas,

na linha 6, o sistema de pagamentos se presta a uma função adicional:

garantir o pagamento das contraprestações em caso de inadimplemento

da CPP na sua função de fiadora. De acordo com a cláusula 52.7 (transcrita

no anexo 6), havendo contraprestações não pagas pelo Poder Concedente e

não cobertas pelas garantias ofertadas pela CPP, cria-se, automaticamente,

uma “remuneração contingente”. Essa remuneração adiciona R$2,00 (dois

reais) por passageiro transportado às tarifas contratuais que o concessionário

faz jus e é paga pelo mesmo sistema de arrecadação conjunta, em preferência

de recebimento dos créditos tarifários do MetroSP e da CPTM [...]”

Por fim, diante do exposto, percebe-se que a Linha 6 tem sua tarifa de remuneração e

contraprestação pecuniária garantidas através do sistema de pagamentos adotado, mas também

é possível notar que essa garantia possui determinado limite (total de arrecadação do MetroSP

e CPTM) para ser usada na expansão do metrô em São Paulo, sendo necessário a partir de um

momento futuro, pensar em outro modelo que assegure o fluxo de caixa das concessionárias.

4.2 Modelo

Após a avaliação do projeto através da análise da descrição do projeto, de seu histórico,

seus principais valores, os riscos envolvidos, o modelo de financiamento e forma de

remuneração, tem-se uma sólida base para efetuar o cálculo da viabilidade do projeto através

Page 85: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

87

de um modelo econômico-financeiro, o qual busca projetar os fluxos de caixa livre no futuro e

trazê-los para o presente através de uma taxa de desconto.

No presente trabalho, serão calculados os indicadores tanto para o projeto, quanto para o

acionista. Assim, será calculada a Taxa Interna de Retorno (TIR) real para ambos e os

respectivos fluxos de caixa livre para o projeto e para o acionista.

Desse modo, se faz necessário definir as premissas usadas para o cálculo das principais

variáveis presentes no modelo, como receita, custos, investimentos e resultado financeiro.

4.2.1 Premissas

I. Receita

A receita do projeto é calculada basicamente através da receita tarifária, receita acessória

e contraprestação pecuniária.

A receita tarifária foi calculada através da projeção de demanda presente no edital de

licitação da PPP da Linha 6, a qual possui um último valor para o ano de 2030, sendo que esse

mesmo valor foi considerado constante entre os anos de 2030 e o final da concessão em 2038.

Ainda para o cálculo da receita tarifária, foi utilizado o valor da tarifa de remuneração de R$

1,60 por passageiro transportado (data base de 01/02/2013).

Com relação à receita acessória, foi estipulado um valor correspondente a 12% da

remuneração tarifária a ser recebido após o início da operação comercial, devendo-se atentar

que, de acordo com o edital de licitação da PPP da Linha 6, caso o montante das receitas

acessórias ultrapasse 8% da remuneração tarifária, 20% do excedente deverá ser compartilhado

com o poder concedente. Tendo em vista a simplificação do modelo, a parcela do excedente

referente ao poder concedente foi desconsiderada no presente trabalho.

Completando a receita da concessionária tem-se o valor da contraprestação pecuniária a

ser recebido mensalmente após o início da operação comercial. Esse valor será vinculado ao

desempenho da concessionária, medido através de indicadores de qualidade do serviço prestado

e dos serviços de manutenção, de acordo os parâmetros definidos no edital da PPP da Linha 6.

O valor anual da contraprestação considerado foi de R$ 606.787.364,80 (data base de

01/10/2013 referente ao mês de apresentação da proposta, com 0% de deságio em relação ao

Page 86: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

88

valor do edital), sendo utilizado no modelo o seu valor integral, ou seja, sem reduções devido

aos indicadores de qualidade.

Com relação às receitas, somente considerou-se como tributável o valor das receitas

acessórias, devido às isenções existentes para as outras fontes.

II. Custos

Os custos foram calculados com base na definição de uma margem LAJIDA para cada ano

da concessão, seguido de sua aplicação sobre a receita líquida, o que possibilita chegar no valor

do LAJIDA. Em seguida, realizando a subtração do LAJIDA na receita Líquida, tem-se o valor

dos custos para o período.

Nos anos iniciais foi considerada uma margem LAJIDA crescente, tendo como início o

valor de 40% em 2020 até 80% em 2025, sendo, a partir desse ano, esse valor constante até o

fim da concessão. O valor da margem LAJIDA foi definido através de comparação entre os

valores do modelo disponibilizado pelo poder concedente e o modelo da concessionária

disponibilizado em seu plano de negócios.

III. Depreciação

O valor da depreciação foi calculado utilizando os valores dos investimentos realizados e

suas respectivas vidas úteis, de forma linear e tendo como prazo o período da concessão.

Os valores e os prazos utilizados para o cálculo da depreciação foram:

● Obras Civis: aproximadamente R$ 6 bilhões durante todo o prazo de operação comercial

da concessão (19 anos);

● Sistemas: aproximadamente R$ 1,8 bilhões durante os 10 primeiros anos de operação

comercial da concessão;

● Equipamento Rodante: aproximadamente R$ 530 milhões durante os 10 primeiros anos

de operação comercial da concessão;

● Outros: aproximadamente R$ 635 milhões durante os 10 primeiros anos de operação

comercial da concessão.

Ainda, deve-se ressaltar que, de acordo com a lei 12.766/2012, a parcela dos investimentos

oriundos do aporte de recursos do Estado não deve ser depreciada pelo concessionário. Desse

Page 87: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

89

modo, como a divisão dos investimentos foi de aproximadamente 50% do Estado e os outros

50% da concessionária, considerou-se no modelo a metade da depreciação total calculada.

IV. Resultado Financeiro

Para o cálculo do fluxo de caixa livre para o acionista, se faz necessário calcular o custo da

dívida. No modelo exibido no presente trabalho, usou-se como base para o custo da dívida da

concessionária aquele ofertado pelo BNDES ao Estado de São Paulo para que este realizasse o

aporte de recursos na Linha 6.

De acordo com o documento obtido junto à STM, que trata das condições indicativas para

eventual apoio financeiro do BNDES à PPP da Linha 6 do metrô de São Paulo, a taxa de juros

de um apoio direto do BNDES está representada na Equação 5.

Equação 5 - Fórmula da Remuneração do BNDES

𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝐽𝑢𝑟𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝐴𝑝𝑜𝑖𝑜 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜 𝐷𝑖𝑟𝑒𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝐵𝑁𝐷𝐸𝑆

= 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜 + 𝑅𝑒𝑚𝑢𝑛𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝐵𝑁𝐷𝐸𝑆 + 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑅𝑖𝑠𝑐𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑟𝑒𝑑𝑖𝑡𝑜

Para a referida proposta os valores eram:

● Custo Financeiro: Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP);

● Remuneração do BNDES: 0,9% ao ano;

● Taxa de Risco de Crédito: entre 0,4% e 4,18% ao ano, conforme classificação de risco

do beneficiário e da operação.

Tendo como base a proposta do BNDES ao Governo de São Paulo e, levando em

consideração o custo da dívida da CCR (única empresa comparável de capital aberto no Brasil,

que atua em concessões rodoviárias, de mobilidade urbana e aeroportuárias) em 2014 (nos

empréstimos junto ao BNDES aproximadamente TJLP + 2%), foi considerado para o modelo

um custo de dívida de TJLP + 2%.

Quanto à amortização da dívida da concessionária adotou-se que seria feita por meio de

parcelas constantes ao longo do prazo da concessão.

V. Investimentos

Os investimentos previstos no edital da Linha 6 do metrô de São Paulo foram utilizados

como base para o modelo, assim como seu cronograma. Também foram considerados os aportes

Page 88: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

90

de recursos do Governo de São Paulo e, para o fluxo de caixa livre do acionista, foram

considerados os recursos captados com custo de dívida já explicitado anteriormente.

4.2.2 Resultados

Os resultados serão analisados a partir dos valores da TIR e do Valor Presente Líquido

(VPL), utilizando as taxas de desconto próprias para refletir o ponto de vista do projeto e do

acionista.

I. Resultado do Projeto

A análise do resultado do projeto será feita através da estimativa do fluxo de caixa livre do

projeto, calculado de acordo com o apresentado na Figura 43.

Figura 43 - Fluxo de Caixa Livre para o Projeto

Fonte: Próprio Autor

Para trazer a valor presente os fluxos de caixa do projeto, utilizou-se o custo de capital

ponderado do projeto de 12,7%, chegando a um VPL negativo de aproximadamente R$ 900

milhões, com uma TIR real do projeto de 7,9%.

II. Resultado do Acionista

A análise do resultado do acionista será feita através da estimativa do fluxo de caixa livre

do acionista, semelhante ao anterior, mas com algumas adaptações para refletir o ponto de vista

do acionista (Figura 44).

Page 89: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

91

Figura 44 - Fluxo de Caixa Livre para o Acionista

Fonte: Próprio Autor

Para trazer a valor presente os fluxos de caixa do acionista, utilizou-se o custo de capital

do acionista já calculado anteriormente, chegando a um VPL de R$ 60 milhões, com uma TIR

real do acionista de 18,7%.

4.2.3 Análise de sensibilidade

Sendo a demanda de passageiros e o custo da dívida dois fatores de muita influência na

TIR do acionista, decidiu-se realizar uma análise de sensibilidade com ambos para observar

como seria o comportamento da TIR em casos que, devido aos riscos do projeto, poderiam

ocorrer. O resultado da análise pode ser encontrado na Figura 45.

Figura 45 - Análise de Sensibilidade da TIR em função do Custo da Dívida e da Demanda

Fonte: Próprio Autor

Page 90: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

92

Page 91: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

93

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

A partir de uma análise dos resultados obtidos por meio modelo do presente trabalho

(Figura 46), pode-se observar uma grande aderência com relação aos valores da TIR do projeto

e, quanto a TIR do acionista, percebe-se uma diferença entre os valores, provavelmente em

virtude da utilização de diferentes parâmetros para o custo e a amortização da dívida.

Figura 46 - Comparação entre TIR

Fonte: Próprio Autor

Decidiu-se coletar outros valores para que seja possível realizar uma comparação mais

abrangente com outros tipos de investimentos possíveis. Além do número apresentado no

relatório técnico da STM, o qual teve como objetivo ajustar a modelagem do projeto após a

licitação deserta, que previa uma TIR de aproximadamente 8%, procurou-se outras alternativas,

como a licitação das linhas 5 e 17 do metrô de São Paulo, a licitação da Rodovia de Integração

do Sul (RIS) e títulos públicos.

Com relação às concessões rodoviárias, pode-se comparar o empreendimento do presente

trabalho à concessão rodoviária da RIS a ser realizada pelo governo federal em novembro de

2018, a qual possui 473,4 quilômetros (corta o Rio Grande do Sul em mais de 30 municípios)

e possui obrigações de investimento de R$ 7,8 bilhões (além de outros R$ 5,6 bilhões para

manutenção e conservação) ao longo dos 30 anos da concessão. Neste caso a TIR real de projeto

sobre o fluxo de caixa sem alavancagem é de 9,20% ao ano.

No caso das linhas 5 e 17 do metrô de São Paulo, que foram leiloadas em janeiro de 2018,

trata-se de uma concessão comum envolvendo a operação, conservação e manutenção dos

serviços de transportes de passageiros, possuindo uma TIR do projeto, elaborado pelo governo

de São Paulo, de 9,98%.

Já utilizando títulos públicos como base para a comparação, decidiu-se pelo uso do título

Tesouro IPCA+ 2035 (antiga NTN-B Principal) pelo fato de que seu vencimento é o mais

Page 92: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

94

próximo do final da concessão da PPP da Linha 6 do metrô de São Paulo. Em 01/11/2018, o

rendimento do referido título era de 5,19% ao ano.

Como uma ferramenta complementar para ser utilizada na interpretação dos resultados,

realizou-se uma análise de sensibilidade, já apresentada anteriormente, na qual é possível

perceber como os fatores demanda e custo da dívida interferem na TIR do acionista. A partir

da tabela depreende-se que para determinados valores do custo da dívida acima do considerado

para a presente modelagem e descontos com relação à projeção de demanda inicial, a TIR do

acionista chega a valores com um dígito, os quais não são atraentes para o setor privado, uma

vez que um projeto do porte da Linha 6 do metrô de São Paulo envolve variados e complexos

riscos.

Deve-se atentar à projeção de demanda do projeto, visto que o pagamento através da tarifa

de remuneração é feito por passageiro transportado, ou seja, uma variação da demanda dentro

da banda assumida como risco do concessionário varia entre 85% e 115% da demanda inicial

projetada, assim como representado na análise de sensibilidade realizada. Ainda, é notável

ressaltar que o estudo de previsão de demanda utilizado no edital foi feito pela STM, portanto

não foram aproveitados do PMI.

Uma verificação interessante a ser feita com relação ao presente trabalho se refere aos

responsáveis pelos investimentos e custos das linhas de metrô concedidas no modelo de PPP

integral. O montante relativo aos investimentos foi dividido igualmente (um pouco mais para o

Estado em função das desapropriações), sendo a parte da concessionária remunerada, pelo

Estado, ao longo da operação comercial da linha e, quanto aos custos da operação, estes foram

repassados à concessionária por meio da tarifa de remuneração oriunda de parte da tarifa paga

pelo usuário.

Tendo como objetivo demonstrar qual seria o valor da passagem a ser paga pelo usuário

caso o ônus dos investimentos e dos custos de operação da PPP fossem repassados em sua

totalidade para os usuários, efetuou-se o cálculo dessa tarifa (no modelo do Apêndice B

representada por “Tarifa Total/Pax”) chegando em um valor próximo a R$ 8,90 no primeiro

ano de operação da Linha 6 e atingindo R$ 6,26 no último ano da concessão em 2038, queda

esta devido à amortização da dívida e a consequente queda no valor referente ao pagamento de

juros. Antes de uma explicação detalhada da situação, vale destacar novamente a composição

de cada parcela da fórmula para que fique claro o cálculo da tarifa total (Equação 6):

Page 93: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

95

● Tarifa de Remuneração: valor visa remunerar o parceiro privado tendo em vista cobrir

os custos operacionais da linha;

● Contraprestação Pecuniária: valor visa remunerar o parceiro privado pelos

investimentos realizados no período de construção do projeto;

● Aporte de Recursos do Estado: valor aportado pelo Estado para completar, junto aos

valores do parceiro privado, o total de investimentos requeridos.

Equação 6 - Fórmula do Cálculo da Tarifa Total

𝑇𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑇𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑚𝑢𝑛𝑒𝑟𝑎çã𝑜 +𝐶𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑝𝑟𝑒𝑠𝑡𝑎çã𝑜 𝑃𝑒𝑐𝑢𝑛𝑖á𝑟𝑖𝑎

𝐷𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑙

+ 𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡𝑖𝑧𝑎çã𝑜 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝐷í𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝐴𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑐𝑢𝑟𝑠𝑜𝑠

𝐷𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑙

+ 𝐽𝑢𝑟𝑜𝑠 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝐷í𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝐴𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑐𝑢𝑟𝑠𝑜𝑠

𝐷𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑙

Desse modo, a tarifa total a ser cobrada do usuário da Linha 6 seria composta pelo valor

do custo de operação da linha (Tarifa de Remuneração, valor por passageiro), a remuneração

ao parceiro privado pelos investimentos feitos durante a fase de construção da linha

(Contraprestação Pecuniária dividida pela demanda anual para chegar no valor por passageiro)

e o pagamento da dívida contraída junto ao Estado pelo valor aportado na construção da linha

através do pagamento de juros (Juros da Dívida dividido pela demanda anual para chegar no

valor por passageiro) e de amortização (Amortização da Dívida dividido pela demanda anual

para chegar no valor por passageiro) dessa dívida.

Outra situação considerada pelo autor (Apêndice C) foi o cenário no qual o valor dos

investimentos necessários na fase de construção da Linha 6 fossem totalmente captados pela

concessionária, considerando-se um custo semelhante ao utilizado no presente modelo na

captação do Estado para efetuar o aporte de recursos, próximo de 10% (TJLP + 0,9% + 2%).

Isto considerado, calculou-se qual deveria ser o valor da passagem cobrado do usuário para

que a concessionária tivesse uma TIR semelhante a encontrada pelo modelo do Apêndice B

(próxima de 20%). Chegou-se ao valor de R$ 11,67 para o primeiro ano da concessão, valor

que cai a R$ 6,87 no último ano da concessão, devido à amortização da dívida e a consequente

queda no valor referente ao pagamento de juros.

Page 94: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

96

Page 95: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

97

6 CONCLUSÃO

O objetivo deste trabalho foi realizar uma análise da viabilidade econômico-financeira da

Linha 6 do metrô de São Paulo, de forma a possibilitar comparações com outros tipos de

projetos, assim como possibilitar um melhor entendimento do funcionamento de PPP’s em

infraestrutura e, mais especificamente, do formato da PPP integral de linhas metroviárias.

Para cumprir esse objetivo, o primeiro passo foi estabelecer uma fundamentação teórica

consistente sobre o método de avaliação de empresas utilizado e uma base para o entendimento

de uma PPP.

Em seguida, no terceiro capítulo, analisou-se o setor de mobilidade urbana no Brasil e em

São Paulo. Este estudo contribuiu para a compreensão da dinâmica do setor, bem como os

aspectos e suas principais características. Assim, foi possível perceber a necessidade de foco

das políticas públicas em meio de transporte de grande capacidade, como o metrô.

No quarto capítulo, estudou-se a Linha 6 do metrô de São Paulo desde a parte histórica até

as formas de remuneração, o que, em conjunto com o conhecimento desenvolvido nos capítulos

anteriores, possibilitou elaborar as premissas do modelo do projeto e concebê-lo.

No quinto capítulo, realizou-se a interpretação dos resultados do modelo, da análise de

sensibilidade e desenvolveu-se o conceito de tarifa total, a qual possibilitou uma noção de qual

seria o custo caso este fosse realocado totalmente para o usuário.

As análises realizadas proveram uma TIR do projeto de 7,9% e do acionista de 20,1%,

enquanto que na análise de sensibilidade os valores variaram entre 2% e 53%, a depender da

demanda e do custo da dívida. O cenário base está com uma rentabilidade de acordo com o

buscado pelo mercado, tendo em vista a comparação com outros projetos e os riscos envolvidos.

Portanto, após análise bibliográfica, do setor e da modelagem do projeto realizada no

presente trabalho, foi possível concluir que a PPP integral da Linha 6 do metrô de São Paulo é

viável de acordo com as condições impostas dada sua rentabilidade e ao alto retorno na questão

do transporte urbano em São Paulo. Se faz importante ressaltar, contudo, que modelos

financeiros são uma representação imperfeita da realidade e que estão altamente sujeitos a

variações macroeconômicas, setoriais e políticas, portanto, não devendo ser a única fonte de

informação para a tomada de decisão.

Page 96: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

98

Page 97: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

99

7 REFERÊNCIAS

IBGE. Dados Populacionais. Brasília, 2018. Disponível em:<

https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/sao-paulo/panorama>. Acesso em: 23 set. 2018.

ROSENBAUM, J.; PEARL, J. Investment Banking: Valuation, Leveraged Buyouts, and

Mergers and Acquisitions. 2013.

FINNERTY, J. D. Project Financing Asset-Based Financial Enginneering. Estados Unidos,

2007.

TESOURO DIRETO. Entenda Cada Título no Detalhe. Disponível em:

<http://www.tesouro.gov.br/tesouro-direto-entenda-cada-titulo-no-detalhe#this>. Acesso em:

18 out. 2018.

DAMODARAN, A. Investment Valuation: Tools and Techniques for Determining the Value

of Any Asset. 2012.

DAMODARAN, A. Avaliação de Empresas. São Paulo, 2007.

COPELAND, T.; KOLLER, T.; MURRIN, J. Valuation: Measuring and Managing the

Value of Companies. 2010.

IPEADATA. EMBI+ Risco-Brasil. Disponível em: <

http://www.ipeadata.gov.br/ExibeSerie.aspx?module=M&serid=40940>. Acesso em: 19 out.

2018.

BRANDÃO, L. E. T.; SARAIVA, E. C. G. Risco Privado em Infra-Estrutura Pública: uma

Análise Quantitativa de Risco como Ferramenta de Modelagem de Contratos. Rio de Janeiro,

2009.

ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DE SÃO PAULO. Decreto nº 57.289, de 30/08/2011.

Disponível em: <https://www.al.sp.gov.br/norma/161934>. Acesso em: 21 out. 2018.

Page 98: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

100

LOUREIRO, C. S. Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI): Avanços e

Necessidades. Disponível em: <https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI148799,61044-

Procedimento+de+manifestacao+de+interesse+PMI+avancos+e+necessidades>. Acesso em:

21 out. 2018.

METROBITS. World Metro Database. Disponível em: <http://mic-

ro.com/metro/table.html?feat=CICOCNOPLGSTAP&orderby=LG&sort=DESC&unit=>.

Acesso em: 23 out. 2018.

CAMACHO, F. T.; RODRIGUES, B. Estruturação de Projetos de Infraestrutura:

Experiência Internacional e Lições para o Brasil. 2015.

BAUMGRATZ DE PAULA, P. C. As Parcerias Público-Privadas de Metrô em São Paulo:

as Empresas Estatais e o Aprendizado Institucional no Financiamento da Infraestrutura de

Serviços Públicos no Brasil. 2014. 128 f. Tese (Mestrado em Direito) – Faculdade de Direito,

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.

NETO, CAMPOS et al. Modelos de Concessão de Rodovias no Brasil, no México, no Chile,

na Colômbia e nos Estados Unidos: Evolução Histórica e Avanços Regulatórios. Rio de

Janeiro, 2018.

CAMACHO, B. S. Parcerias Público-Privadas - Conceito, Princípios e Situações Práticas.

2008. Disponível em: <https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI62352,41046-

Parcerias+publicoprivadas+Conceito+principios+e+situacoes+praticas>. Acesso em: 23 out.

2018.

CAMACHO, F. T.; RODRIGUES, B. Estruturação de Projetos de Infraestrutura no Brasil

e os Procedimentos de Manifestação por Interesse. 2015.

Pesquisa mobilidade da população urbana 2017 / Confederação Nacional do

CNT (Confederação Nacional do Transporte). Pesquisa Mobilidade da População Urbana

2017. Brasília, 2017.

Page 99: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

101

CNT (Confederação Nacional do Transporte). Transporte Metroferroviário de Passageiros.

Brasília, 2016.

IBOPE INTELIGÊNCIA (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística). 11ª

Edição da Pesquisa de Mobilidade Urbana de São Paulo. São Paulo, 2017.

ANPTRILHOS (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos).

Balanço Setor Metroferroviário 2017-2018. Brasília, 2018.

PINHO, M. Metrô Recebe Proposta Única em Licitação da Linha 6 – Laranja. G1 São Paulo,

São Paulo, 31/10/2013. Disponível em:< http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/10/metro-

recebe-proposta-unica-em-leilao-da-linha-6-laranja.html>. Acesso em: 23 set. 2018.

GT (Grupo de Trabalho) PPP LINHA 6. Relatório de Trabalho. 2012.

STM (Secretaria dos Transportes Metropolitanos). Relatório Técnico da Concessão

Patrocinada da Prestação dos Serviços Públicos de Transportes de Passageiros da Linha 6 –

Laranja de Metrô de São Paulo. 2013.

STM (Secretaria dos Transportes Metropolitanos). Minuta do Contrato da Concorrência

Internacional nº 001/2012 – Anexo VIII Estudos de Demanda. 2012.

GÓES, F. Dona da Linha 6 do Metrô de SP pode ficar Inadimplente. G1 São Paulo, São Paulo,

31/10/2013. Disponível em:< http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/10/metro-recebe-

proposta-unica-em-leilao-da-linha-6-laranja.html>. Acesso em: 23 set. 2018.

DAMODARAN, A. Data: Current. Disponível em: <http://pages.stern.nyu.edu/~adamodar/>.

Acesso em: 10 out. 2018.

Page 100: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

102

Page 101: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

103

8 APÊNDICE

APÊNDICE A – FLUXO DE CAIXA LIVRE DO PROJETO (1/3)

(R$)

20132014

20152016

20172018

20192020

20212022

Co

ntrap

restação A

nu

al606.787.364

Dias/Ano

300

Dem

and

a Diária

-

-

-

-

-

-

-

633.340

636.215

639.104

Cresc. Y

oY-

-

-

-

-

-

-

-

0,45%

0,45%

Tarifa d

e Rem

un

eração1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

Receita T

arifária-

-

-

-

-

-

-

304.003.200

305.383.375

306.769.815

Receita A

cessória

-

-

-

-

-

-

-

36.480.384

36.646.005

36.812.378

% da R

eceita Bruta

-

-

-

-

-

-

-

12,0%12,0%

12,0%

Receita C

on

traprestação

-

-

-

-

-

-

-

606.787.364

606.787.364

606.787.364

Imp

osto

na R

eceita Bru

ta-

-

-

-

-

-

-

(5.198.455)

(5.222.056)

(5.245.764)

Taxa de Imposto

-

-

-

-

-

-

-

14%14%

14%

Receita L

íqu

ida

-

-

-

-

-

-

-

942.072.493

943.594.688

945.123.793

Desp

esas Op

eracion

ais-

-

-

-

-

-

-

(565.243.496)

(490.669.238)

(406.403.231)

LA

JIDA

-

-

-

-

-

-

-

376.828.997

452.925.450

538.720.562

Margem

LAJID

A-

-

-

-

-

-

-

40%

48%57%

D&

A(305.849.602)

(305.849.602)

(305.849.602)

LA

JI-

-

-

-

-

-

-

70.979.395

147.075.848

232.870.960

Imp

osto

-

-

-

-

-

-

-

(24.132.994)

(50.005.788)

(79.176.126)

Taxa de Imposto

-

-

-

-

-

-

-

34%34%

34%

Lu

cro O

peracio

nal L

íqu

ido

-

-

-

-

-

-

-

46.846.401

97.070.060

153.694.834

Investim

ento

s(929.902.277)

(733.393.119)

(1.853.173.046)

(2.588.122.214)

(2.480.445.770)

(1.027.403.506)

Ap

orte d

e Recu

rsos G

overn

o874.116.998

630.831.396

969.859.793

1.389.983.390

1.032.431.392

245.816.998

Flu

xo d

e Caixa L

ivre Pro

jeto(55.785.279)

(102.561.723)

(883.313.254)

(1.198.138.825)

(1.448.014.378)

(781.586.508)

352.696.003

402.919.662

459.544.436

Page 102: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

104

APÊNDICE A – FLUXO DE CAIXA LIVRE DO PROJETO (2/3)

(R$)

20232024

20252026

20272028

20292030

20312032

20332034

Co

ntrap

restação A

nu

al

Dias/Ano

Dem

and

a Diária

642.005

644.920

647.720

647.396

647.072

646.749

646.426

646.440

646.440

646.440

646.440

646.440

Cresc. Y

oY0,45%

0,45%0,43%

-0,05%-0,05%

-0,05%-0,05%

0,00%0,00%

0,00%0,00%

0,00%

Tarifa d

e Rem

un

eração1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

Receita T

arifária308.162.550

309.561.608

310.905.600

310.750.147

310.594.772

310.439.475

310.284.255

310.291.200

310.291.200

310.291.200

310.291.200

310.291.200

Receita A

cessória

36.979.506

37.147.393

37.308.672

37.290.018

37.271.373

37.252.737

37.234.111

37.234.944

37.234.944

37.234.944

37.234.944

37.234.944

% da R

eceita Bruta

12,0%12,0%

12,0%12,0%

12,0%12,0%

12,0%12,0%

12,0%12,0%

12,0%12,0%

Receita C

on

traprestação

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

Imp

osto

na R

eceita Bru

ta(5.269.580)

(5.293.503)

(5.316.486)

(5.313.828)

(5.311.171)

(5.308.515)

(5.305.861)

(5.305.980)

(5.305.980)

(5.305.980)

(5.305.980)

(5.305.980)

Taxa de Imposto

14%14%

14%14%

14%14%

14%14%

14%14%

14%14%

Receita L

íqu

ida

946.659.840

948.202.861

949.685.150

949.513.701

949.342.338

949.171.060

948.999.869

949.007.528

949.007.528

949.007.528

949.007.528

949.007.528

Desp

esas Op

eracion

ais(321.864.346)

(265.496.801)

(189.937.030)

(189.902.740)

(189.868.468)

(189.834.212)

(189.799.974)

(189.801.506)

(189.801.506)

(189.801.506)

(189.801.506)

(189.801.506)

LA

JIDA

624.795.495

682.706.060

759.748.120

759.610.961

759.473.870

759.336.848

759.199.895

759.206.023

759.206.023

759.206.023

759.206.023

759.206.023

Margem

LAJID

A66%

72%80%

80%80%

80%80%

80%80%

80%80%

80%

D&

A(305.849.602)

(305.849.602)

(305.849.602)

(305.849.602)

(305.849.602)

(305.849.602)

(305.849.602)

(156.767.105)

(156.767.105)

(156.767.105)

(156.767.105)

(156.767.105)

LA

JI318.945.893

376.856.458

453.898.518

453.761.359

453.624.268

453.487.246

453.350.293

602.438.917

602.438.917

602.438.917

602.438.917

602.438.917

Imp

osto

(108.441.603)

(128.131.196)

(154.325.496)

(154.278.862)

(154.232.251)

(154.185.664)

(154.139.100)

(204.829.232)

(204.829.232)

(204.829.232)

(204.829.232)

(204.829.232)

Taxa de Imposto

34%34%

34%34%

34%34%

34%34%

34%34%

34%34%

Lu

cro O

peracio

nal L

íqu

ido

210.504.289

248.725.262

299.573.022

299.482.497

299.392.017

299.301.583

299.211.193

397.609.685

397.609.685

397.609.685

397.609.685

397.609.685

Investim

ento

s

Ap

orte d

e Recu

rsos G

overn

o

Flu

xo d

e Caixa L

ivre Pro

jeto516.353.891

554.574.864

605.422.624

605.332.099

605.241.619

605.151.185

605.060.795

554.376.791

554.376.791

554.376.791

554.376.791

554.376.791

Page 103: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

105

APÊNDICE A – FLUXO DE CAIXA LIVRE DO PROJETO (3/3)

(R$)

20352036

20372038

Co

ntrap

restação A

nu

al

Dias/Ano

Dem

and

a Diária

646.440

646.440

646.440

646.440

Cresc. Y

oY0,00%

0,00%0,00%

0,00%

Tarifa d

e Rem

un

eração1,60

1,60

1,60

1,60

Receita T

arifária310.291.200

310.291.200

310.291.200

310.291.200

Receita A

cessória

37.234.944

37.234.944

37.234.944

37.234.944

% da R

eceita Bruta

12,0%12,0%

12,0%12,0%

Receita C

on

traprestação

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

Imp

osto

na R

eceita Bru

ta(5.305.980)

(5.305.980)

(5.305.980)

(5.305.980)

Taxa de Imposto

14%14%

14%14%

Receita L

íqu

ida

949.007.528

949.007.528

949.007.528

949.007.528

Desp

esas Op

eracion

ais(189.801.506)

(189.801.506)

(189.801.506)

(189.801.506)

LA

JIDA

759.206.023

759.206.023

759.206.023

759.206.023

Margem

LAJID

A80%

80%80%

80%

D&

A(156.767.105)

(156.767.105)

(156.767.105)

(156.767.105)

LA

JI602.438.917

602.438.917

602.438.917

602.438.917

Imp

osto

(204.829.232)

(204.829.232)

(204.829.232)

(204.829.232)

Taxa de Imposto

34%34%

34%34%

Lu

cro O

peracio

nal L

íqu

ido

397.609.685

397.609.685

397.609.685

397.609.685

Investim

ento

s

Ap

orte d

e Recu

rsos G

overn

o

Flu

xo d

e Caixa L

ivre Pro

jeto554.376.791

554.376.791

554.376.791

554.376.791

lcu

lo W

AC

C

Ke

15,2%

Retorno do P

ortfólio de Mercado N

ão Maduro

13,5%

Prêm

io Mercado M

aduro10,9%

Prêm

io País do M

ercado Não M

aduro2,6%

Taxa Livre de R

isco5,3%

Beta alavancado

1,21

Beta desalavancado

0,96

Kd

9,9%

Kd depois im

posto6,5%

D/E

40,1%

D/(D

+E)

28,6%

WA

CC

12,7%

TIR

real7,9%

VPL

(900.864.632)

Page 104: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

106

APÊNDICE B – FLUXO DE CAIXA LIVRE DO ACIONISTA (1/3)

(R$)

20132014

20152016

20172018

20192020

20212022

20232024

Co

ntrap

restação A

nu

al606.787.364

Dias/Ano

300

Dem

and

a Diária

-

-

-

-

-

633.340

636.215

639.104

642.005

644.920

Cresc. Y

oY-

-

-

-

-

-

0,45%

0,45%0,45%

0,45%

Tarifa d

e Rem

un

eração/P

ax1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

Tarifa T

otal/P

ax8,90

8,72

8,55

8,38

8,21

Receita T

arifária-

-

-

-

-

-

304.003.200

305.383.375

306.769.815

308.162.550

309.561.608

Receita A

cessória

-

-

-

-

-

-

36.480.384

36.646.005

36.812.378

36.979.506

37.147.393

% da R

eceita Bruta

-

-

-

-

-

-

12,0%12,0%

12,0%12,0%

12,0%

Receita C

on

traprestação

-

-

-

-

-

-

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

Receita C

ontraprestação/Pax

3,19

3,18

3,16

3,15

3,14

Imp

osto

na R

eceita Bru

ta-

-

-

-

-

-

(5.198.455)

(5.222.056)

(5.245.764)

(5.269.580)

(5.293.503)

Taxa de Imposto

-

-

-

-

-

-

14%14%

14%14%

14%

Receita L

íqu

ida

-

-

-

-

-

-

942.072.493

943.594.688

945.123.793

946.659.840

948.202.861

Cresc. Y

oY-

-

-

-

-

-

-

0,16%

0,16%0,16%

0,16%

Desp

esas Op

eracion

ais-

-

-

-

-

-

(565.243.496)

(490.669.238)

(406.403.231)

(321.864.346)

(265.496.801)

LA

JIDA

-

-

-

-

-

-

376.828.997

452.925.450

538.720.562

624.795.495

682.706.060

Margem

LAJID

A-

-

-

-

-

-

40%

48%57%

66%72%

D&

A(305.849.602)

(305.849.602)

(305.849.602)

(305.849.602)

(305.849.602)

LA

JI-

-

-

-

-

-

70.979.395

147.075.848

232.870.960

318.945.893

376.856.458

Dívid

a Acio

nista

4.469.399.967

4.234.168.390

3.998.936.812

3.763.705.235

3.528.473.658

3.293.242.081

Amortização

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

Resu

ltado

Fin

anceiro

-

-

-

-

-

-

(442.470.597)

(419.182.671)

(395.894.744)

(372.606.818)

(349.318.892)

Despesa F

inanceira-

-

-

-

-

-

(442.470.597)

(419.182.671)

(395.894.744)

(372.606.818)

(349.318.892)

LA

I-

-

-

-

-

-

(371.491.201)

(272.106.822)

(163.023.784)

(53.660.926)

27.537.566

Imp

osto

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

(9.362.772)

Taxa de Imposto

-

-

-

-

-

-

34%34%

34%34%

34%

Lu

cro L

íqu

ido

-

-

-

-

-

-

(371.491.201)

(272.106.822)

(163.023.784)

(53.660.926)

18.174.794

Investim

ento

s(929.902.277)

(733.393.119)

(1.853.173.046)

(2.588.122.214)

(2.480.445.770)

(1.027.403.506)

Ap

orte d

e Recu

rsos G

overn

o874.116.998

630.831.396

969.859.793

1.389.983.390

1.032.431.392

245.816.998

Valor Total Aporte de R

ecursos *5.143.039.967

4.872.353.653

4.601.667.339

4.330.981.025

4.060.294.711

3.789.608.397

Amortização *

(270.686.314)

(270.686.314)

(270.686.314)

(270.686.314)

(270.686.314)

Juros do Aporte de Recursos *

(509.160.957)

(482.363.012)

(455.565.067)

(428.767.121)

(401.969.176)

* para calcular Tarifa T

otal

Variação D

ívida A

cion

ista55.785.279

102.561.723

883.313.254

1.198.138.825

1.448.014.378

781.586.508

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

Flu

xo d

e Caixa L

ivre Acio

nista

-

-

-

-

-

-

(300.873.177)

(201.488.798)

(92.405.760)

16.957.099

88.792.818

Page 105: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

107

APÊNDICE B – FLUXO DE CAIXA LIVRE DO ACIONISTA (2/3)

(R$)

20252026

20272028

20292030

20312032

20332034

Co

ntrap

restação A

nu

al

Dias/Ano

Dem

and

a Diária

647.720

647.396

647.072

646.749

646.426

646.440

646.440

646.440

646.440

646.440

Cresc. Y

oY0,43%

-0,05%-0,05%

-0,05%-0,05%

0,00%0,00%

0,00%0,00%

0,00%

Tarifa d

e Rem

un

eração/P

ax1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

Tarifa T

otal/P

ax8,05

7,91

7,78

7,64

7,51

7,37

7,23

7,09

6,95

6,82

Receita T

arifária310.905.600

310.750.147

310.594.772

310.439.475

310.284.255

310.291.200

310.291.200

310.291.200

310.291.200

310.291.200

Receita A

cessória

37.308.672

37.290.018

37.271.373

37.252.737

37.234.111

37.234.944

37.234.944

37.234.944

37.234.944

37.234.944

% da R

eceita Bruta

12,0%12,0%

12,0%12,0%

12,0%12,0%

12,0%12,0%

12,0%12,0%

Receita C

on

traprestação

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

Receita C

ontraprestação/Pax

3,12

3,12

3,13

3,13

3,13

3,13

3,13

3,13

3,13

3,13

Imp

osto

na R

eceita Bru

ta(5.316.486)

(5.313.828)

(5.311.171)

(5.308.515)

(5.305.861)

(5.305.980)

(5.305.980)

(5.305.980)

(5.305.980)

(5.305.980)

Taxa de Imposto

14%14%

14%14%

14%14%

14%14%

14%14%

Receita L

íqu

ida

949.685.150

949.513.701

949.342.338

949.171.060

948.999.869

949.007.528

949.007.528

949.007.528

949.007.528

949.007.528

Cresc. Y

oY0,16%

-0,02%-0,02%

-0,02%-0,02%

0,00%0,00%

0,00%0,00%

0,00%

Desp

esas Op

eracion

ais(189.937.030)

(189.902.740)

(189.868.468)

(189.834.212)

(189.799.974)

(189.801.506)

(189.801.506)

(189.801.506)

(189.801.506)

(189.801.506)

LA

JIDA

759.748.120

759.610.961

759.473.870

759.336.848

759.199.895

759.206.023

759.206.023

759.206.023

759.206.023

759.206.023

Margem

LAJID

A80%

80%80%

80%80%

80%80%

80%80%

80%

D&

A(305.849.602)

(305.849.602)

(305.849.602)

(305.849.602)

(305.849.602)

(156.767.105)

(156.767.105)

(156.767.105)

(156.767.105)

(156.767.105)

LA

JI453.898.518

453.761.359

453.624.268

453.487.246

453.350.293

602.438.917

602.438.917

602.438.917

602.438.917

602.438.917

Dívid

a Acio

nista

3.058.010.504

2.822.778.926

2.587.547.349

2.352.315.772

2.117.084.195

1.881.852.618

1.646.621.040

1.411.389.463

1.176.157.886

940.926.309

Amortização

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

Resu

ltado

Fin

anceiro

(326.030.966)

(302.743.040)

(279.455.114)

(256.167.188)

(232.879.261)

(209.591.335)

(186.303.409)

(163.015.483)

(139.727.557)

(116.439.631)

Despesa F

inanceira(326.030.966)

(302.743.040)

(279.455.114)

(256.167.188)

(232.879.261)

(209.591.335)

(186.303.409)

(163.015.483)

(139.727.557)

(116.439.631)

LA

I127.867.552

151.018.319

174.169.155

197.320.059

220.471.032

392.847.582

416.135.508

439.423.434

462.711.361

485.999.287

Imp

osto

(43.474.968)

(51.346.229)

(59.217.513)

(67.088.820)

(74.960.151)

(133.568.178)

(141.486.073)

(149.403.968)

(157.321.863)

(165.239.757)

Taxa de Imposto

34%34%

34%34%

34%34%

34%34%

34%34%

Lu

cro L

íqu

ido

84.392.584

99.672.091

114.951.642

130.231.239

145.510.881

259.279.404

274.649.435

290.019.467

305.389.498

320.759.529

Investim

ento

s

Ap

orte d

e Recu

rsos G

overn

o

Valor Total Aporte de R

ecursos *3.518.922.082

3.248.235.768

2.977.549.454

2.706.863.140

2.436.176.826

2.165.490.512

1.894.804.198

1.624.117.884

1.353.431.570

1.082.745.256

Amortização *

(270.686.314)

(270.686.314)

(270.686.314)

(270.686.314)

(270.686.314)

(270.686.314)

(270.686.314)

(270.686.314)

(270.686.314)

(270.686.314)

Juros do Aporte de Recursos *

(375.171.231)

(348.373.286)

(321.575.341)

(294.777.396)

(267.979.451)

(241.181.506)

(214.383.561)

(187.585.616)

(160.787.671)

(133.989.725)

* para calcular Tarifa T

otal

Variação D

ívida A

cion

ista(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

Flu

xo d

e Caixa L

ivre Acio

nista

155.010.609

170.290.115

185.569.667

200.849.264

216.128.906

180.814.932

196.184.963

211.554.995

226.925.026

242.295.057

Page 106: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

108

APÊNDICE B – FLUXO DE CAIXA LIVRE DO ACIONISTA (3/3)

(R$)

20352036

20372038

xx

Co

ntrap

restação A

nu

al

Dias/Ano

Dem

and

a Diária

646.440

646.440

646.440

646.440

Cresc. Y

oY0,00%

0,00%0,00%

0,00%

Tarifa d

e Rem

un

eração/P

ax1,60

1,60

1,60

1,60

Tarifa T

otal/P

ax6,68

6,54

6,40

6,26

Receita T

arifária310.291.200

310.291.200

310.291.200

310.291.200

Receita A

cessória

37.234.944

37.234.944

37.234.944

37.234.944

% da R

eceita Bruta

12,0%12,0%

12,0%12,0%

Receita C

on

traprestação

606.787.364

606.787.364

606.787.364

606.787.364

Receita C

ontraprestação/Pax

3,13

3,13

3,13

3,13

Imp

osto

na R

eceita Bru

ta(5.305.980)

(5.305.980)

(5.305.980)

(5.305.980)

Taxa de Imposto

14%14%

14%14%

Receita L

íqu

ida

949.007.528

949.007.528

949.007.528

949.007.528

Cresc. Y

oY0,00%

0,00%0,00%

0,00%

Desp

esas Op

eracion

ais(189.801.506)

(189.801.506)

(189.801.506)

(189.801.506)

LA

JIDA

759.206.023

759.206.023

759.206.023

759.206.023

Margem

LAJID

A80%

80%80%

80%

D&

A(156.767.105)

(156.767.105)

(156.767.105)

(156.767.105)

LA

JI602.438.917

602.438.917

602.438.917

602.438.917

Dívid

a Acio

nista

705.694.732

470.463.154

235.231.577

0

Amortização

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

Resu

ltado

Fin

anceiro

(93.151.705)

(69.863.778)

(46.575.852)

(23.287.926)

Despesa F

inanceira(93.151.705)

(69.863.778)

(46.575.852)

(23.287.926)

LA

I509.287.213

532.575.139

555.863.065

579.150.991

Imp

osto

(173.157.652)

(181.075.547)

(188.993.442)

(196.911.337)

Taxa de Imposto

34%34%

34%34%

Lu

cro L

íqu

ido

336.129.560

351.499.592

366.869.623

382.239.654

Investim

ento

s

Ap

orte d

e Recu

rsos G

overn

o

Valor Total Aporte de R

ecursos *812.058.942

541.372.628

270.686.314

0

Amortização *

(270.686.314)

(270.686.314)

(270.686.314)

(270.686.314)

Juros do Aporte de Recursos *

(107.191.780)

(80.393.835)

(53.595.890)

(26.797.945)

* para calcular Tarifa T

otal

Variação D

ívida A

cion

ista(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

(235.231.577)

Flu

xo d

e Caixa L

ivre Acio

nista

257.665.089

273.035.120

288.405.151

303.775.182

lcu

lo W

AC

C

Ke

15,2%

Retorno do P

ortfólio de Mercado N

ão Maduro

13,5%

Prêm

io Mercado M

aduro10,9%

Prêm

io País do M

ercado Não M

aduro2,6%

Taxa Livre de R

isco5,3%

Beta alavancado

1,21

Beta desalavancado

0,96

Kd

9,9%

Kd depois im

posto6,5%

D/E

40,1%

D/(D

+E)

28,6%

WA

CC

12,7%

TIR

real18,7%

VPL

60.068.066

Page 107: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

109

APÊNDICE C – FLUXO DE CAIXA LIVRE DO ACIONISTA CONSIDERANDO O

VALOR TOTAL DOS INVESTIMENTOS APORTADOS PELA CONCESSIONÁRIA (1/3)

(R$)

20132014

20152016

20172018

20192020

20212022

Dias/Ano

300

Dem

and

a Diária

-

-

-

-

-

633.340

636.215

639.104

Cresc. Y

oY-

-

-

-

-

-

0,45%

0,45%

Tarifa A

pên

dice C

/Pax

-

-

-

-

-

-

-

-

11,67

11,37

11,08

Receita T

arifária-

-

-

-

-

-

2.217.557.445

2.170.922.010

2.124.302.240

Receita A

cessória

-

-

-

-

-

-

266.106.893

260.510.641

254.916.269

% da R

eceita Bruta

-

-

-

-

-

-

12,0%12,0%

12,0%

Imp

osto

na R

eceita Bru

ta-

-

-

-

-

-

(37.920.232)

(37.122.766)

(36.325.568)

Taxa de Imposto

-

-

-

-

-

-

14%14%

14%

Receita L

íqu

ida

-

-

-

-

-

-

2.445.744.106

2.394.309.885

2.342.892.940

Desp

esas Op

eracion

ais-

-

-

-

-

-

(1.467.446.463)

(1.245.041.140)

(1.007.443.964)

LA

JIDA

-

-

-

-

-

-

978.297.642

1.149.268.745

1.335.448.976

Margem

LAJID

A-

-

-

-

-

-

40%

48%57%

D&

A(305.849.602)

(305.849.602)

(305.849.602)

LA

JI-

-

-

-

-

-

672.448.040

843.419.143

1.029.599.374

Dívid

a Acio

nista

9.612.439.933

9.106.522.042

8.600.604.151

8.094.686.260

Amortização

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

Resu

ltado

Fin

anceiro

-

-

-

-

-

-

(951.631.553)

(901.545.682)

(851.459.811)

Despesa F

inanceira-

-

-

-

-

-

(951.631.553)

(901.545.682)

(851.459.811)

LA

I-

-

-

-

-

-

(279.183.513)

(58.126.540)

178.139.563

Imp

osto

-

-

-

-

-

-

-

-

(60.567.451)

Taxa de Imposto

-

-

-

-

-

-

34%34%

34%

Lu

cro L

íqu

ido

-

-

-

-

-

-

(279.183.513)

(58.126.540)

117.572.112

Investim

ento

s(929.902.277)

(733.393.119)

(1.853.173.046)

(2.588.122.214)

(2.480.445.770)

(1.027.403.506)

Ap

orte d

e Recu

rsos G

overn

o

Valor Total Aporte de R

ecursos *-

-

-

-

Amortização *

-

-

-

Juros do Aporte de Recursos *

-

-

-

* para calcular Tarifa T

otal

Variação D

ívida A

cion

ista929.902.277

733.393.119

1.853.173.046

2.588.122.214

2.480.445.770

1.027.403.506

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

Flu

xo d

e Caixa L

ivre Acio

nista

-

-

-

-

-

-

(479.251.802)

(258.194.829)

(82.496.178)

Page 108: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

110

APÊNDICE C – FLUXO DE CAIXA LIVRE DO ACIONISTA CONSIDERANDO O

VALOR TOTAL DOS INVESTIMENTOS APORTADOS PELA CONCESSIONÁRIA (2/3)

(R$)

20232024

20252026

20272028

20292030

20312032

20332034

Dias/Ano

Dem

and

a Diária

642.005

644.920

647.720

647.396

647.072

646.749

646.426

646.440

646.440

646.440

646.440

646.440

Cresc. Y

oY0,45%

0,45%0,43%

-0,05%-0,05%

-0,05%-0,05%

0,00%0,00%

0,00%0,00%

0,00%

Tarifa A

pên

dice C

/Pax

10,79

10,50

10,21

9,96

9,70

9,45

9,19

8,93

8,67

8,42

8,16

7,90

Receita T

arifária2.077.698.206

2.031.109.980

1.984.384.088

1.933.909.585

1.883.435.276

1.832.961.162

1.782.487.241

1.732.418.732

1.682.332.861

1.632.246.990

1.582.161.119

1.532.075.247

Receita A

cessória

249.323.785

243.733.198

238.126.091

232.069.150

226.012.233

219.955.339

213.898.469

207.890.248

201.879.943

195.869.639

189.859.334

183.849.030

% da R

eceita Bruta

12,0%12,0%

12,0%12,0%

12,0%12,0%

12,0%12,0%

12,0%12,0%

12,0%12,0%

Imp

osto

na R

eceita Bru

ta(35.528.639)

(34.731.981)

(33.932.968)

(33.069.854)

(32.206.743)

(31.343.636)

(30.480.532)

(29.624.360)

(28.767.892)

(27.911.424)

(27.054.955)

(26.198.487)

Taxa de Imposto

14%14%

14%14%

14%14%

14%14%

14%14%

14%14%

Receita L

íqu

ida

2.291.493.351

2.240.111.197

2.188.577.211

2.132.908.882

2.077.240.766

2.021.572.865

1.965.905.178

1.910.684.620

1.855.444.912

1.800.205.205

1.744.965.498

1.689.725.790

Desp

esas Op

eracion

ais(779.107.739)

(627.231.135)

(437.715.442)

(426.581.776)

(415.448.153)

(404.314.573)

(393.181.036)

(382.136.924)

(371.088.982)

(360.041.041)

(348.993.100)

(337.945.158)

LA

JIDA

1.512.385.612

1.612.880.062

1.750.861.769

1.706.327.105

1.661.792.613

1.617.258.292

1.572.724.143

1.528.547.696

1.484.355.930

1.440.164.164

1.395.972.398

1.351.780.632

Margem

LAJID

A66%

72%80%

80%80%

80%80%

80%80%

80%80%

80%

D&

A(305.849.602)

(305.849.602)

(305.849.602)

(305.849.602)

(305.849.602)

(305.849.602)

(305.849.602)

(156.767.105)

(156.767.105)

(156.767.105)

(156.767.105)

(156.767.105)

LA

JI1.206.536.010

1.307.030.460

1.445.012.167

1.400.477.503

1.355.943.011

1.311.408.690

1.266.874.541

1.371.780.591

1.327.588.825

1.283.397.059

1.239.205.293

1.195.013.527

Dívid

a Acio

nista

7.588.768.369

7.082.850.477

6.576.932.586

6.071.014.695

5.565.096.804

5.059.178.912

4.553.261.021

4.047.343.130

3.541.425.239

3.035.507.347

2.529.589.456

2.023.671.565

Amortização

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

Resu

ltado

Fin

anceiro

(801.373.940)

(751.288.068)

(701.202.197)

(651.116.326)

(601.030.455)

(550.944.584)

(500.858.712)

(450.772.841)

(400.686.970)

(350.601.099)

(300.515.227)

(250.429.356)

Despesa F

inanceira(801.373.940)

(751.288.068)

(701.202.197)

(651.116.326)

(601.030.455)

(550.944.584)

(500.858.712)

(450.772.841)

(400.686.970)

(350.601.099)

(300.515.227)

(250.429.356)

LA

I405.162.070

555.742.391

743.809.970

749.361.177

754.912.556

760.464.107

766.015.828

921.007.750

926.901.855

932.795.960

938.690.066

944.584.171

Imp

osto

(137.755.104)

(188.952.413)

(252.895.390)

(254.782.800)

(256.670.269)

(258.557.796)

(260.445.382)

(313.142.635)

(315.146.631)

(317.150.626)

(319.154.622)

(321.158.618)

Taxa de Imposto

34%34%

34%34%

34%34%

34%34%

34%34%

34%34%

Lu

cro L

íqu

ido

267.406.966

366.789.978

490.914.580

494.578.377

498.242.287

501.906.310

505.570.447

607.865.115

611.755.224

615.645.334

619.535.443

623.425.553

Investim

ento

s

Ap

orte d

e Recu

rsos G

overn

o

Valor Total Aporte de R

ecursos *-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

Amortização *

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

Juros do Aporte de Recursos *

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

* para calcular Tarifa T

otal

Variação D

ívida A

cion

ista(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

Flu

xo d

e Caixa L

ivre Acio

nista

67.338.677

166.721.689

290.846.291

294.510.088

298.173.998

301.838.021

305.502.157

258.714.329

262.604.438

266.494.548

270.384.657

274.274.767

Page 109: FABIO EDUARDO PETRONI PINCA - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/TCC-VF-Final.pdfirmã Maria Eduarda, a voz final que sempre incentiva a todos em casa e minha mãe Lucia,

111

APÊNDICE C – FLUXO DE CAIXA LIVRE DO ACIONISTA CONSIDERANDO O

VALOR TOTAL DOS INVESTIMENTOS APORTADOS PELA CONCESSIONÁRIA (3/3)

(R$)

20352036

20372038

xx

Dias/Ano

Dem

and

a Diária

646.440

646.440

646.440

646.440

Cresc. Y

oY0,00%

0,00%0,00%

0,00%

Tarifa A

pên

dice C

/Pax

7,64

7,38

7,13

6,87

Receita T

arifária1.481.989.376

1.431.903.505

1.381.817.634

1.331.731.762

Receita A

cessória

177.838.725

171.828.421

165.818.116

159.807.811

% da R

eceita Bruta

12,0%12,0%

12,0%12,0%

Imp

osto

na R

eceita Bru

ta(25.342.018)

(24.485.550)

(23.629.082)

(22.772.613)

Taxa de Imposto

14%14%

14%14%

Receita L

íqu

ida

1.634.486.083

1.579.246.376

1.524.006.668

1.468.766.961

Desp

esas Op

eracion

ais(326.897.217)

(315.849.275)

(304.801.334)

(293.753.392)

LA

JIDA

1.307.588.866

1.263.397.100

1.219.205.335

1.175.013.569

Margem

LAJID

A80%

80%80%

80%

D&

A(156.767.105)

(156.767.105)

(156.767.105)

(156.767.105)

LA

JI1.150.821.761

1.106.629.995

1.062.438.229

1.018.246.463

Dívid

a Acio

nista

1.517.753.674

1.011.835.782

505.917.891

(0)

Amortização

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

Resu

ltado

Fin

anceiro

(200.343.485)

(150.257.614)

(100.171.742)

(50.085.871)

Despesa F

inanceira(200.343.485)

(150.257.614)

(100.171.742)

(50.085.871)

LA

I950.478.276

956.372.382

962.266.487

968.160.592

Imp

osto

(323.162.614)

(325.166.610)

(327.170.606)

(329.174.601)

Taxa de Imposto

34%34%

34%34%

Lu

cro L

íqu

ido

627.315.662

631.205.772

635.095.881

638.985.991

Investim

ento

s

Ap

orte d

e Recu

rsos G

overn

o

Valor Total Aporte de R

ecursos *-

-

-

-

Amortização *

-

-

-

-

Juros do Aporte de Recursos *

-

-

-

-

* para calcular Tarifa T

otal

Variação D

ívida A

cion

ista(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

(505.917.891)

Flu

xo d

e Caixa L

ivre Acio

nista

278.164.876

282.054.986

285.945.095

289.835.205

lcu

lo W

AC

C

Ke

15,2%

Retorno do P

ortfólio de Mercado N

ão Maduro

13,5%

Prêm

io Mercado M

aduro10,9%

Prêm

io País do M

ercado Não M

aduro2,6%

Taxa Livre de R

isco5,3%

Beta alavancado

1,21

Beta desalavancado

0,96

Kd

9,9%

Kd depois im

posto6,5%

D/E

40,1%

D/(D

+E)

28,6%

WA

CC

12,7%

TIR

real20,1%

VPL

109.388.109