fabianalucioliveira - supremo tribunal e a dimensionabilidade da votação
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FabianaLuciOliveira - Supremo Tribunal e a Dimensionabilidade da votaçãoTRANSCRIPT
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38 Encontro Anual da ANPOCS
GT18 - Instituies judiciais, agentes e repercusso pblica
2 Sesso - Conflitos morais e lutas polticas nos tribunais
Supremo Tribunal Federal a dimensionalidade da votao
Fabiana Luci de Oliveira
Caxambu, 27 a 31 de Outubro de 2014
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Processo decisrio no Supremo Tribunal Federal a dimensionalidade da votao Fabiana Luci de Oliveira1 Resumo
O artigo discute a formao de grupos de votao no STF, enfocando as alteraes de composio do tribunal, verificando o impacto da trajetria de carreira dos ministros na determinao da composio dos grupos e no processo decisrio do STF. A discusso se insere no debate terico sobre comportamento judicial e relaes entre Judicirio e poltica. O cerne est na dinmica decisria interna, visando mapear fatores capazes de explicar o comportamento de voto dos juzes. Trs modelos tericos esto em disputa: legal, atitudinal e estratgico, com a articulao de suas caractersticas principais nas abordagens neoinstitucionais. No Brasil, o modelo atitudinal criticado a partir do questionamento de sua aplicabilidade nossa realidade, e dificuldade de operacionalizao da ideologia dos juzes. O artigo se posiciona nesta discusso ao buscar responder se importa quem est sentado no STF no momento da deciso e se e como possvel testar o papel da ideologia dos ministros. Para isso, so analisadas ADIns decididas de forma majoritria entre 1995-2012, buscando explicar o dissenso, e entender o papel da trajetria de carreira dos ministros nessas divises.
Palavras-chave: Supremo Tribunal Federal, processo decisrio, comportamento judicial, dissenso, ideologia, trajetria de carreira.
Introduo
O objetivo central do paper discutir a formao de grupos e a constituio de
redes de votao no Supremo Tribunal Federal, enfocando as alteraes de composio
da corte ao longo de dezessete anos (1995-2012), verificando o impacto da trajetria de
carreira dos ministros (e de outras variveis) na determinao da composio dos grupos
(redes) e no processo decisrio do STF.
Essa discusso se insere em um debate terico mais amplo sobre comportamento
judicial e relaes entre Poder Judicirio e poltica, pensando a forma pela qual os
tribunais participam do processo decisrio. O debate tem se constitudo em pelo menos
quatro mbitos: do desenho institucional, focando as caractersticas e ferramentas que 1 Professora do Departamento e do Programa de Ps-Graduao em Sociologia da Universidade Federal de So Carlos. Bolsista Produtividade CNPq. O paper apresenta os resultados iniciais de pesquisa que conta com financiamento da FAPESP. A autora agradece as alunas de iniciao cientfica Sarah Pereira e Simone Braghin pela dedicao na coleta e codificao dos dados das ADIns.
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possibilitam ao Judicirio ter impacto nas decises polticas2; da mobilizao dos
tribunais por atores polticos diversos, e a consequente formao de uma agenda temtica
a partir da alada de assuntos de impacto politico, econmico e social aos tribunais3; da
dinmica interna, ou seja, do processo de deciso e das respostas que os tribunais tm
dado4; e da reao dos diversos atores s decises do tribunal (compliance)5.
Embora o projeto que d origem ao paper passe por esses quatro mbitos, o cerne
aqui a dinmica decisria interna, inserindo-se em uma agenda de pesquisas empricas
que busca mapear os fatores e as caractersticas capazes de explicar o comportamento de
voto dos juzes que integram os tribunais superiores. Esta agenda tm sido influenciada
por trs modelos tericos principais, elaborados para entender o comportamento da
Suprema Corte norte-americana: legal, atitudinal e estratgico, e pela articulao de
caractersticas desses trs modelos nas abordagens neoinstitucionais.
No Brasil, o modelo atitudinal tem sido bastante criticado, a partir do
questionamento da sua capacidade de ser aplicado realidade jurdica e poltica do pas,
especialmente pela dificuldade de se operacionalizar sua varivel central: a ideologia dos
juzes. Uma vez que classificao da ideologia tem se dado a partir de posies liberais
2 Ver entre outros: ARANTES, Rogrio Bastos (1997). Judicirio e Poltica no Brasil. So Paulo, Idesp: Sumar: Fapesp: Educ. VIEIRA, Oscar Vilhena (1994). Supremo Tribunal Federal: Jurisprudncia Poltica. So Paulo: Revista dos Tribunais. TAYLOR, Matthew (2008). Judging Policy Courts and Policy Reform in Democratic Brazil. Stanford University Press. 3 Ver entre outros: TAYLOR, Matthew. (2007), O Judicirio e as polticas pblicas no Brasil. Dados, 50 (2): 229-257. PACHECO, Cristina Carvalho. (2008), Os estudos sobre judicirio e poltica no Brasil ps-1988: uma reviso da literatura. Pensar, Fortaleza, 13 (1): 75-86. MACIEL, Dbora Alves & KOERNER, Andrei (2002). Sentidos da Judicializao da poltica: duas anlises. Lua Nova: Revista de Cultura e Poltica, 57: 113-133. SADEK, Maria Tereza Aina (2011), O Judicirio e a arena pblica, in Lourdes Sola e Maria Rita Loureiro, Democracia, mercado e Estado: o B de Brics, Rio de Janeiro, Editora FGV. CARVALHO NETO, Ernani (2009). Judicializao da poltica no Brasil: controle de constitucionalidade e racionalidade poltica. Anlise Social, vol. XLIV (191), p. 315-335. 4 Ver entre outros: OLIVEIRA, Fabiana Luci de. (2012). Supremo Relator: Processo decisrio e mudanas na composio do STF nos governos FHC e Lula. RBCS, vol. 27, n:80, p. 89-115. SUNDFELD, Carlos Ari et al (2010). Controle de constitucionalidade e judicializao: o STF frente sociedade e aos Poderes - Belo Horizonte Faculdade de Filosofia e Cincias Humanas. 5 Ver entre outros: KAPISZEWSKI, Diana and TAYLOR, Matthew M. (2008). Doing Courts Justice? Studying Judicial Politics in Latin America. Perspectives on Politics, , pp 741-767. OLIVEIRA, Vanessa Elias (2005). Judicirio e Privatizaes no Brasil: existe uma judicializao da poltica? Revista de Cincias Sociais, vol. 48, n. 3, p. 559-587.
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versus conversadoras, a opo no Brasil tem sido priorizar a filosofia judicial,
classificada como ativismo versus conteno judicial6.
Nos Estados Unidos, a classificao da ideologia dos juzes da Suprema Corte
tm se dado de trs formas principais (i) pelo modelo de escalonamento desenvolvido
por Schubert (1965) 7 , dimensionando o voto de juzes em decises anteriores e
verificando a tendncia de cada juiz em manter percepes consistentes em seus votos
em casos parecidos. Esse mtodo foi criticado pela falta de independncia em utilizar
decises anteriores para prever decises futuras; (ii) pelo modelo de atributos (Ulmer,
19738; Tate e Handberg, 19919), que usa caractersticas pessoais dos juzes para predizer
seus votos (como gnero, faculdade de formao, classe social, e tambm o partido
poltico do governo de nomeao); e pela cobertura miditica (Segal e Cover, 198910),
analisando editoriais de jornais acerca da vida pregressa dos juzes antes de ingressarem
no tribunal.
A pesquisa que d origem ao paper testa estas diferentes formas de mensurar a
ideologia dos ministros do Supremo Tribunal Federal, observando as clivagens entre os
ministros do Supremo em casos de controle de constitucionalidade das leis, buscando
responder se importa quem est sentado ao tribunal no momento da deciso desses casos.
Para isso, analisamos as ADIns (Aes Diretas de Inconstitucionalidade) com
deciso final no perodo de 1995 a 2012, com destaque para os casos que provocaram
divises no tribunal (decises majoritrias). Buscamos identificar os motivos e as
consequncias do dissenso, discutindo se e como a trajetria de carreira dos ministros
6 Ver entre outros KAPISZEWSKI, Diana (2010). How Courts Work: Institutions, Culture, and the Brazilian Supremo Tribunal Federal.In: COUSO, Javier A. et ali (org). Cultures of Legality Judicialization and Political Activism in Latin America, Cambridge University Press. KOERNER, Andrei. Ativismo Judicial? Jurisprudncia Constitucional e poltica no STF ps-88. Novos estud. - CEBRAP, So Paulo , n. 96, p. 69-85. 7 Schubert, Glendon. (1965). The Judicial Mind: the attitudes and ideology of Supreme Court Justices, 1946-1963. Evanston: Northwestern University Press. 8 Ulmer, Sidney. (1973). Social Background as an indicator of the votes of Supreme Court Justices in Criminal Cases: 1947-1956 terms. American Journal of Political Science, 17: p. 622-30. 9 Tate, N. e Handberg, R. (1991). Time Biding and theory building in personal attribute models of Supreme Court Behavior, 1916-1988. American Journal of Political Science, 35: p. 460-80. 10 Segal, J. A. e Cover, A. D. (1989). Ideological Values and the votes of US Supreme Court Justices. American Political Science Review, 83: p. 557-65.
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influencia no grau de divergncia entre eles, e quais outras caractersticas ajudam a
entender tais divises11.
Como j ressaltado, aqui so apresentados e discutidos apenas os dados iniciais
da pesquisa, estando assim os resultados e a discusso sujeitos a revises significativas.
O paper que segue est estruturado em trs sees: a primeira cobrindo o perfil da
agenda decisria do STF em controle de constitucionalidade no perodo analisado e o
perfil dos atores que acionam o tribunal; a segunda voltada ao processo decisrio interno,
identificando os elementos que ajudam a entender o dissenso no Supremo; e a terceira
enfocando a constituio das redes de votao no Supremo.
I. Agenda decisria em controle de constitucionalidade no STF entre 1995-2012
A partir do trabalho de Falco, Cerdeira e Arguelhes (2013) sabemos que o
Supremo em pouco mais de 20 anos proferiu 1,3 milhes de decises, sendo 91% deste
montante em sede recursal. E a partir das estatsticas do STF, vemos que no perodo de
outubro de 1988 a julho de 2014, foram proferidas 3.530 decises em sede de ADIn,
sendo 2.493 decises finais objeto central de interesse da presente pesquisa. Aqui
cobrimos as 2.090 decises finais entre os anos de 1995 e 2012.
Conforme j observado por outras pesquisas (Werneck Vianna, 1999; 2007), h
um predomnio de diplomas estaduais sendo questionados nas ADIns, correspondendo a
62% do total de aes julgadas no perodo; 26% dos diplomas so federais, 9% tm
origem no Judicirio e outros 2% so de outras origens, como municpios, Ministrio
Pblico e conselhos profissionais.
E quando observamos os principais autores ou requerentes dessas aes, vemos
que os governadores lideram, responsveis por 28% do total de ADIns, seguidos de perto
por associaes, confederaes e sindicatos.
Vianna et al (2007: 43-45) j haviam observado que no perodo pr-governo
FHC, do montante de 1.184 ADIns impetradas, os governadores e a Procuradoria-Geral
da Repblica foram responsveis cada um por 28% do total de aes, seguidos de perto
pelas associaes, com 25% do total.
11 Numa continuidade e refinamento de pesquisa anterior, publicada em OLIVEIRA, Fabiana Luci. (2012). Processo decisrio no Supremo Tribunal Federal: coalizes e panelinhas. Rev. Sociol. Polt., Curitiba, v. 20, n. 44, p. 139-153.
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Durante o governo FHC os partidos polticos se destacam, sendo que das 1.631
ADIns propostas, 28% foram de partidos polticos (contra 13% no perodo pr-FHC). Os
governadores e as associaes continuam tendo forte presena, com 27% e 26% do total
de aes impetradas respectivamente. J a Procuradoria-Geral da Repblica reduziu sua
atuao, sendo responsvel por apenas 11% do total de aes propostas no perodo.
Os autores observam que nos trs primeiros anos do governo Lula a Procuradoria-
Geral da Repblica volta a ter destaque, sendo responsvel por 36% das 830 ADIns
impetradas, vindo na sequncia as associaes, com 23%, e os governadores, com 21%
do total. Os partidos reduzem sua participao, sendo autores de 14% das ADIns.
Apesar de alternncia no predomnio dos requerentes entre os perodos, no geral
notamos que h um relativo equilbrio na participao desses quatro atores:
Governadores, Procurador-Geral da Repblica, Associaes e Partidos Polticos.
No perodo consta, tambm, o arquivamento e no conhecimento de 30 ADIns
monocraticamente por serem provenientes de atores no legitimados, correspondendo a
pessoas fsicas, prefeitos e cmara de vereadores (agrupados em municpio), sendo que
pessoas fsicas tentaram checar ao STF via ADIn sobretudo para questionar diplomas do
prprio judicirio, como acrdos e resolues judiciais.
Tabela 1. Requerentes das ADIns
Fonte: Elaborao prpria, a partir das 2.090 ADIns julgadas entre 1995-2012
Em termos de atores questionados, temos o Legislativo Estadual, seguido do
Governo Estadual (categoria que rene mais de um requerido no nvel estadual, podendo
ser o Governador e a Assembleia, ou alguma secretaria do governo ou ainda o Tribunal
de Contas do Estado) juntas essas duas categorias representam 57% dos requeridos nas
aes julgadas nesse perodo.
Em terceiro lugar aparece o Governo Federal (reunindo tambm mais de um ator
questionado, podendo ser o Executivo e o Legislativo, ou ainda algum Ministrio,
N %Governador 576 28Associao/Confederao/Sindicato 510 24Partido Poltico 457 22Procurador-Geral da Repblica 413 20OAB 80 4Mesa Assemblia 23 1Pessoa Fsica 22 1Municpio 8 0,4Presidente da Repblica 1 0,0Total 2090 100
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Agncia Reguladora, ou o Tribunal de Contas da Unio), seguido pelo Executivo
Federal, ambos totalizando 22% dos atores questionados nessas ADIns. Tabela 2. Requeridos nas ADIns
Fonte: Elaborao prpria, a partir das 2.090 ADIns julgadas entre 1995-2012
Uma das variveis centrais para a compreenso da atuao do Supremo o
assunto em discusso no tribunal. O tipo de caso em julgamento pode ser um importante
preditor para a formao de redes e esta varivel ser testada aqui. Mas alm disso a
partir do tema e da temtica em disputa que se tem acesso agenda do Supremo, ou seja,
s questes que tm sido levadas ao Tribunal, os temas sobre os quais ele tem sido
chamado a responder.
Vianna et al (2007) observaram que 60% de todas as ADIns que ingressaram no
STF entre 1988 e 2005 referiam-se a assuntos ligados administrao pblica, embora
no seja possvel a partir de seus dados identificar especificamente o peso que cada
aspecto da administrao pblica tem nesses questionamentos. Seus dados indicam
tambm que 13% das aes tratam de assuntos tributrios, 12% da regulao da
sociedade civil, 6% da regulao da economia, 4% de politica social, 3% de regulao
da competio poltica, e 2% de relaes de trabalho.
Ao desdobrar nesta pesquisa a classificao da administrao pblica em trs
frentes, notamos que a discusso acerca da regulamentao de carreiras e de
prerrogativas de cargos (reunidos aqui na categoria agentes pblicos) ocupa 41% de
toda a agenda de controle concentrado do tribunal em sede de ADIn o que torna o
tribunal uma espcie de departamento pessoal do Estado, ou um Supremo RH. Outros
14% tratam de questes da administrao pblica relativas s finanas pblicas, poltica
oramentria, ao processo legislativo, criao e delimitao de municpios, s licitaes
e concesses de servios pblicos, e a separao de poderes (categoria administrao
pblica). E 7% referem-se administrao das instituies da justia, englobando
N %Legislativo Estadual 602 29Governo Estadual 578 28Governo Federal 261 12Executivo Federal 219 10Judicirio 200 10Executivo Estadual 114 5Legislativo Federal 63 3Municpio 36 2Ministrio Pblico 13 1Conselhos 4 0Total 2090 100
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emolumentos, precatrios, direito processual, e as polticas de segurana pblica no
tocante atuao das polcias civil e federal (categoria administrao da justia).
Ou seja, 62% de tudo o que o STF decidiu em termos de controle concentrado via
ADIn foi referente organizao do Estado, e s carreiras de seus agentes e servidores.
Apenas 15% das aes tratam de assuntos de maior impacto para a sociedade
civil, como polticas de direitos sociais, civis, direitos do consumidor, meio ambiente,
entre outros.
A agenda temtica do Supremo em controle direto de constitucionalidade faz com
que o que tem se chamado de judicializao da poltica no Brasil, gire em torno do
funcionamento do prprio Estado, afetando muito pouco polticas pblicas de alcance
mais amplo.
Tabela 3. Tema das ADINS
Fonte: Elaborao prpria, a partir das 2.090 ADIns julgadas entre 1995-2012
Evidente que o Supremo um ator reativo, dependendo dos legitimados para
levarem as questes at ele. Mas torna-se preocupante quando detalhamos o que tem sido
debatido na temtica agentes pblicos e percebemos que 45% das questes referem-se s
prprias carreiras da justia e organizao do Judicirio.
Esses dados sobre os assuntos e as temticas especficas sendo discutidos num
tribunal que recebe cerca de 30 mil processos por ano - o que segundo Falco, Cerdeira e
Arguelhes (2013: 307), demandaria 118 decises por dia, 15 decises por hora de
trabalho ou mais de uma deciso por hora por ministro- explicitam a necessidade de
promover-se um debate em torno do tipo de instituio mxima da justia que a
democracia brasileira requer e almeja: o colegiado de uma corte suprema deveria dedicar
cerca de metade de seu tempo no controle concentrado para decidir sobre questes afetas
ao funcionalismo pblico? Essa uma questo central ao debate das relaes entre
judicirio e poltica no Brasil, mas que foge ao escopo desse paper.
N %Agentes pblicos 849 41Sociedade civil 311 15Administrao pblica 301 14Poltica tributria 215 10Regulao da economia 175 8Administrao da justia 144 7Competio poltica 95 5Total 2090 100
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Os atores que mais tm levado questes afetas ao funcionalismo pblico ao STF
so o Procurador-Geral da Repblica, a Ordem dos Advogados do Brasil e os
governadores, havendo grande participao tambm das associaes de classe e dos
partidos polticos.
preocupante que instituies representativas como so os partidos polticos
dediquem tanto esforo a essa temtica 32% das ADIns de partidos polticos so
referentes aos agentes pblicos, sendo a temtica mais frequente de sua atuao no
tribunal, vindo em segundo lugar questes de administrao pblica, com 24% do total
de sua atuao.
Feita essa descrio do perfil das ADIns, e dos atores envolvidos no acionamento
do Supremo, focamos agora no processo decisrio.
II. Dinmica decisria no STF entre 1995-2012
O primeiro aspecto a ser observado no estudo do processo decisrio a
composio do colegiado. Um fato j notado e criticado pelos estudiosos do Supremo o
percentual elevado de casos decididos de forma monocrtica. No perodo em anlise
foram 935 ADIns (ou 45% do total) com deciso monocrtica. A Lei 9.868/99, prev em
seu artigo quarto que a petio inicial inepta, no fundamentada e a manifestamente
improcedente sero liminarmente indeferidas pelo relator, cabendo agravo neste caso.
Note-se que a maioria dessas decises so tomadas monocraticamente como decises
finais, e por isso integram a base de dados.
Falco, Cerdeira e Arguelhes (2013) afirmam que esse comportamento decisrio
monocrtico deturpa o perfil institucional do STF. E constatam essa realidade ao
verificarem que das 1,3 milhes de decises proferidas entre 1988 e 2009, 87% foram
tomadas monocraticamente; 11,6% nas turmas e menos de 1% no plenrio.
Tabela 4. Forma como colegiado votou
Fonte: Elaborao prpria, a partir das 2.090 ADIns julgadas entre 1995-2012
Os temas que mais foram decididos monocraticamente foram os ligados
competio poltica, poltica tributria e regulao econmica. As decises
N %Monocrtica 935 45Unnime 814 39Majoritria 341 16Total 2090 100
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monocrticas no so foco dessa pesquisa, mas dada a vasta produo de dados nesse
aspecto, tornar-se- questo a ser abordada futuramente de forma mais detalhada.
Grfico (1) Comportamento do colegiado de acordo com o tema geral das ADINS Fonte: Elaborao prpria, a partir das 2.090 ADIns julgadas entre 1995-2012
Aqui, interessam as decises do plenrio e mais especificamente aquelas que
dividiram a corte considerando apenas as ADIns julgadas pelo colegiado, 70% foram
decididas com unanimidade, 30% de forma majoritria.
Quando observamos o resultado das ADIns, excluindo as decises monocrticas,
notamos que o STF no tem sido nada tmido em se posicionar de forma a declarar a
inconstitucionalidade dos diplomas normativos questionados: 53% das aes foram
julgadas procedentes, e 15% parcialmente procedentes o que indica que o Supremo tem
acolhido as demandas que chegam at ele de forma bastante responsiva aos demandantes.
Mas a situao varia dependendo da origem do diploma questionado: o STF
parece mais cauteloso ao decidir sobre diplomas federais. Ainda preciso observar os
detalhes desses questionamentos para uma anlise mais precisa, mas no podemos
desconsiderar nessa anlise o que afirmam Kapiszewski e Taylor (2008),
it is undeniably the case that governments often act constitutionally (implying that judicial endorsement of their actions cannot be equated with either deference or subservience). Further, opposition political forces frequently use the judiciary to challenge perfectly legal and constitutional governmental policies as an extension of their political strategies elsewhere in the political system. Third, even courts widely considered to be independent more frequently than not rule in favor of the government. Finally, dependent courts are perfectly capable of selectively challenging governments: for instance, case selection mechanisms (especially in high courts) may permit judges to issue challenging rulings in less highly charged cases that fall within the tolerance interval of the executive and legislative branches, while avoiding more controversial cases. (Kapiszewski e Taylor , 2008: 749).
56%$ 56%$ 55%$47%$ 45%$ 42%$ 39%$
27%$36%$
24%$32%$ 40%$ 38%$ 45%$
17%$8%$
21%$ 21%$ 16%$ 21%$ 15%$
0%$
10%$
20%$
30%$
40%$
50%$
60%$
70%$
80%$
90%$
100%$
Compe2o$pol2ca$
Tributria$ Econmico$ Administrao$da$Jus2a$
Administrao$Pblica$
Sociedade$Civil$ Agentes$Pblicos$
Monocr2ca$ Unnime$ Majoritria$
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Observando as respostas do STF ao longo do tempo (tabela 6) no parece haver
grandes oscilaes, com exceo de uma aparente mudana na orientao entre aes no
conhecidas e julgadas prejudicadas.
No que diz respeito aos assuntos, as temticas em que o STF mais interveio foram
agentes pblicos e sociedade civil, julgando mais da metade das aes procedente. E
a que menos interveio foi a competio poltica isso porque muitos dos
questionamentos referem-se decises do TSE, corte na qual h ministros do prprio
STF.
Tabela 5. Sentido da deciso final (mrito)
Fonte: Elaborao prpria, a partir das 2.090 ADIns julgadas entre 1995-2012 Tabela 6. Sentido da deciso final (mrito), de acordo com governo de deciso
Fonte: Elaborao prpria, a partir das 2.090 ADIns julgadas entre 1995-2012
Grfico (2) Sentido da deciso final (mrito), de acordo com tema da ADIN Fonte: Elaborao prpria, a partir das 1.155 ADIns julgadas entre 1995-2012 (excluindo monocrticas)
Para os propsitos da pesquisa, foi importante identificar as composies ou
cortes que se alternaram no STF ao longo do perodo analisado. A partir do quadro 1
verifica-se que houve treze diferentes composies ao longo desses dezessete anos
N % N %Procedente 606 29 606 53Prejudicado 464 22 55 5No conhecido/No provido 392 19 138 12Negado seguimento 202 10 2 0,2Improcedente 184 9 178 15Parcialmente procedente 173 8 173 15Arquivado/Extinto 69 3 3 0,3Total 2090 100 1155 100
Total Excluindo monocrticas
19951998 1999-2002 2003-2006 2007-2010 2011-2014 TotalImprocedente 9% 5% 10% 10% 8% 9%Procedente 26% 25% 32% 31% 26% 29%No conhecido/No provido 44% 34% 18% 5% 3% 19%Prejudicado 12% 19% 23% 24% 29% 22%Parcialmente procedente 10% 6% 8% 9% 13% 8%Negado seguimento 0% 11% 9% 11% 12% 10%Arquivado/Extinto 0% 0% 0% 10% 8% 3%Total 104 525 775 491 194 2090
53%$60%$ 54%$ 49%$ 49%$
42%$ 40%$29%$
15%$16%$
14%$14%$ 17%$
13%$ 13%$19%$
15%$10%$
15%$18%$
20%$
22%$ 22%$36%$
12%$ 10%$ 12%$ 16%$ 12%$15%$ 15%$
12%$5%$ 5%$ 4%$ 4%$ 3%$ 7%$ 11%$
2%$
0%$
10%$
20%$
30%$
40%$
50%$
60%$
70%$
80%$
90%$
100%$
Total$ Agentes$Pblicos$ Sociedade$Civil$ Administrao$Pblica$
Econmico$ Tributria$ Administrao$da$JusIa$
CompeIo$polIca$
Procedente$ Parcialmente$procedente$ Improcedente$ No$conhecido$ Prejudicado$
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catorze quando considerarmos a nomeao de Roberto Barroso mas este ministro s
entrar na anlise quando se completar a base das decises at 2013, em decorrncia do
baixo volume de ADIns das quais participou em 2012.
Uma primeira explorao a fazer com relao s cortes observar o
comportamento decisrio a partir do resultado final das ADIns julgadas. Os dados
apresentados no grfico 3 indicam que as cortes 12, 6, 3 e 7 foram as que mais
proferiram decises monocrticas. E quando exclumos as decises monocrticas da
base, as cortes 10, 2 e 6 foram as mais divididas a corte 13 ainda apresenta poucos
casos, restando ser completada a base para que se possa trabalhar com essa composio.
Quadro (1). Composies (cortes) no STF entre 1995-2013
Grfico (3) Comportamento do colegiado, de acordo com composio da corte Fonte: Elaborao prpria, a partir das 2.090 ADIns julgadas entre 1995-2012
116 Dez 1994 - 15 Abr 1997 Moreira Alves; Nri da Silveira; Sydney Sanches; Octavio Gallotti;Seplveda Pertence; Celso de Mello;
Carlos Velloso; Marco Aurlio; Ilmar Galvo; Francisco Rezek; Maurcio Corra (Paulo Brossard)
216 Abr 1997 - 22 Nov 2000 Moreira Alves; Nri da Silveira; Sydney Sanches; Octavio Gallotti;Seplveda Pertence; Celso de Mello;
Carlos Velloso; Marco Aurlio; Ilmar Galvo; Maurcio Corra; Nlson Jobim (Francisco Rezek)
323 Nov 2000 - 26 May 2002 Moreira Alves; Nri da Silveira; Sydney Sanches; Seplveda Pertence; Celso de Mello; Carlos Velloso;
Marco Aurlio; Ilmar Galvo; Maurcio Corra; Nlson Jobim; Ellen Gracie (Octavio Gallotti)
427 May 2002 - 24 Jun 2003 Moreira Alves; Sydney Sanches; Seplveda Pertence; Celso de Mello; Carlos Velloso; Marco Aurlio;
Ilmar Galvo; Maurcio Corra; Nlson Jobim; Ellen Gracie; Gilmar Mendes (Nri da Silveira)
525 Jun 2003 - 14 Jun 2004
Seplveda Pertence; Celso de Mello; Carlos Velloso; Marco Aurlio; Maurcio Corra; Nlson Jobim; Ellen Gracie; Gilmar Mendes; Cesar Peluso; Ayres Britto; Joaquim Barbosa (Moreira de Barros; Ilmar Galvo; Sydney Sanches)
615 Jun 2004 - 15 Feb 2006 Seplveda Pertence; Celso de Mello; Carlos Velloso; Marco Aurlio; Nlson Jobim; Ellen Gracie; Gilmar
Mendes; Cesar Peluso; Ayres Britto; Joaquim Barbosa ; Eros Grau (Maurcio Corra)
716 Feb 2006 - 20 Jun 2006 Seplveda Pertence; Celso de Mello; Marco Aurlio; Nlson Jobim; Ellen Gracie; Gilmar Mendes; Cesar
Peluso; Ayres Britto; Joaquim Barbosa; Eros Grau; Ricardo Lewandowski (Carlos Velloso)
821 Jun 2006 - 31 Dec 2006 Seplveda Pertence; Celso de Mello; Marco Aurlio; Ellen Gracie; Gilmar Mendes; Cesar Peluso; Ayres
Britto; Joaquim Barbosa; Eros Grau; Ricardo Lewandowski; Crmen Lcia (Nelson Jobim)
901 Jan 2007 - 01 Set 2009 Celso de Mello; Marco Aurlio; Ellen Gracie; Gilmar Mendes; Cesar Peluso; Ayres Britto; Joaquim
Barbosa; Eros Grau; Ricardo Lewandowski; Crmen Lcia; Menezes Direito (Seplveda Pertence)
1023 Out 2009 - 02 Mar 2011 Celso de Mello; Marco Aurlio; Ellen Gracie; Gilmar Mendes; Cesar Peluso; Ayres Britto; Joaquim
Barbosa; Eros Grau; Ricardo Lewandowski; Crmen Lcia; Dias Toffoli (Menezes Direito)
1103 Mar 2011 - 18 Nov 2011 Celso de Mello; Marco Aurlio; Ellen Gracie; Gilmar Mendes; Cesar Peluso; Ayres Britto; Joaquim
Barbosa; Ricardo Lewandowski; Crmen Lcia; Dias Toffoli; Luiz Fux (Eros Grau)
1219 Nov 2011 - 28 Nov 2012 Celso de Mello; Marco Aurlio; Gilmar Mendes; Cesar Peluso; Ayres Britto; Joaquim Barbosa; Ricardo
Lewandowski; Crmen Lcia; Dias Toffoli; Luiz Fuz; Rosa Weber (Ellen Gracie)
1329 Nov 2012 - 25 Jun 2013 Celso de Mello; Marco Aurlio; Gilmar Mendes; Ayres Britto; Joaquim Barbosa; Ricardo Lewandowski;
Crmen Lcia; Dias Toffoli; Luiz Fuz; Rosa Weber; Teori Zavascki (Cezar Peluso)
7%#
36%#54%#
35%#45%#
58%# 50%#31%#
44%# 48%# 37%#
76%#67%#
61%#
39%#
38%#57%# 45%#
27%#34%#
47%#
40%# 29%# 43%#
5%#32%# 25%#
8%# 8%# 10%# 16%# 16%# 22%# 16%# 24%# 20%# 20%#33%#
0%#
10%#
20%#
30%#
40%#
50%#
60%#
70%#
80%#
90%#
100%#
1# 2# 3# 4# 5# 6# 7# 8# 9# 10# 11# 12# 13#
Monocr3ca# Unnime# Majoritria#
66%# 61%#
82%# 88%# 81%#
63%# 68%# 68%#71%#
55%#69%#
19%#
34%# 39%#
18%# 12%# 19%#
37%# 32%# 33%#29%#
46%#31%#
81%#
0%#
10%#
20%#
30%#
40%#
50%#
60%#
70%#
80%#
90%#
100%#
1# 2# 3# 4# 5# 6# 7# 8# 9# 10# 11# 12#
Unnime# Majoritria#
-
12
Considerando o sentido da deciso a partir das cortes (grfico 4), tem-se as cortes
11, 8, 9, 4 e 5 como as mais receptivas s demandas dos autores. Aqui um ponto crucial
para a anlise entender as caractersticas dos ministros sentados corte, assim como dos
casos sendo discutidos, para compreender esses padres.
Grfico (4) Resultado do mrito, de acordo com composio da Corte Fonte: Elaborao prpria, a partir das 1.155 ADIns julgadas entre 1995-2012 (excluindo monocrticas)
Na observao das caractersticas (perfil) dos ministros, seguimos as orientaes
adotadas por Songer et al (2012). Os autores se voltam ao estudo da suprema corte
canadense, buscando entender se no processo decisrio judicial importa quem est
sentado corte no momento da deciso. Eles partem das crticas ao modelo atitudinal, e
especialmente da dificuldade de export-lo a realidades externas ao cenrio
estadunidense, e propem uma combinao de dimenses na forma de chegar ao perfil
ideolgico dos juzes da Suprema Corte, separando a classificao do perfil dos juzes
em (i) ideologia judicial e (ii) filosofia judicial.
A ideologia judicial teria a ver com valores pessoais e atitudes polticas ou seja,
com a tendncia de um juiz individual manter percepes consistentes sobre o escopo e o
propsito adequado do papel do governo na sociedade. Por exemplo, esse juiz favorece a
interveno do governo na economia? Tende a se inclinar para o governo com mais
frequncia quando est avaliando o julgamento de criminosos ou a apoiar os direitos do
ru ao devido processo legal?
A ideologia judicial usualmente classificada em liberalismo x conservadorismo
ou federalismo x comunitarismo. Aqui adotamos a classificao conservador x
progressista.
34%$ 29%$
55%$ 61%$ 60%$ 54%$45%$
64%$ 61%$46%$
60%$
31%$
13%$10%$
11%$13%$ 19%$
17%$
16%$
11%$ 12%$26%$
21%$
44%$5%$6%$
4%$
17%$18%$
18%$ 34%$19%$ 18%$ 18%$
18%$19%$
34%$ 48%$
21%$
6%$1%$
7%$3%$ 5%$
3%$ 1%$0%$
0%$13%$ 7%$ 7%$4%$ 2%$ 4%$ 3%$ 1%$ 6%$ 7%$
0%$ 6%$
0%$
10%$
20%$
30%$
40%$
50%$
60%$
70%$
80%$
90%$
100%$
1$ 2$ 3$ 4$ 5$ 6$ 7$ 8$ 9$ 10$ 11$ 12$
Procedente$ Parcialmente$procedente$ Improcedente$ No$conhecido$ Prejudicado$
-
13
J a filosofia judicial tem a ver com a forma como o juiz interpreta e aplica o seu
poder de reviso judicial na sua atividade interpretativa, num sentido de expanso ou
restrio de direitos. Assim, a filosofia judicial usualmente classificada em ativismo x
restrio ou ativismo x autoconteno. Aqui utilizamos tcnico (significando restritivo
ou autocontido) x poltico (significando ativista).
Quadro (2). Perfil dos ministros do STF com atuao entre 1995-2013
As categorias para a classificao do perfil ideolgico e filosfico dos juzes se
constituem em "cdigos in vivo, no sentido postulado pela teoria fundamentada
(Strauss e Corbin, 1990), tendo sido adotadas a partir da prpria terminologia da fonte de
dados. As classificaes foram feitas com base em reportagens do jornal Folha de S.
Paulo quando da nomeao do ministro para o STF, no caso daqueles nomeados a partir
de 2004. Para os ministros nomeados de 2003 para trs, utilizamos a classificao de
estudos anteriores (Oliveira, 2004; 2011; 2012). Note-se que as classificaes ainda
precisam ser refinadas, estando em fase de consolidao, pois foram baseadas
exclusivamente em um nico perfil apresentado pelo jornal. Essa classificao ser
revisada a partir do apoio de outras fontes miditicas, incluindo a revista Veja etapa da
pesquisa em andamento.
Na esteira do modelo atitudinal, observamos a influncia que o presidente que
nomeou o ministro tem sobre o resultado da deciso. A operacionalizao dessa
observao se d com base no trabalho de Lindquist, Yalof e Clark (2000).
PJ MP Poltica1 Moreira Alves Geisel 20/06/75 tcnico conservador 19/04/03 Proc-Geral da Rep no sim sim 2 Nri da Silveira Figueiredo 01/09/81 tcnico conservador 24/04/02 Juiz TFR sim no no3 Sydney Sanches Figueiredo 31/08/84 tcnico conservador 23/04/03 Desembargador TJSP sim no no4 Octavio Gallotti Figueiredo 20/11/84 tcnico conservador 27/10/00 Ministro TCU no sim no5 Paulo Brossard Sarney 05/04/89 poltico progressista 24/10/94 Ministro da Justia no no sim 6 Seplveda Pertence Sarney 17/05/89 poltico progressista 17/08/07 Proc-Geral da Rep nao sim no7 Celso de Mello Sarney 30/06/89 tcnico conservador * Secret Consultoria Geral Presid Rep no sim sim 8 Carlos Velloso Collor 13/06/90 tcnico progressista 19/01/06 Ministro STJ sim sim no9 Marco Aurlio Collor 13/06/90 poltico conservador * Ministro TST sim sim no
10 Ilmar Galvo Collor 26/06/91 tcnico progressista 02/05/03 Ministro do STJ sim no no 11 Francisco Rezek Collor 21/05/92 poltico progressista 05/02/97 Ministro Relaes Exteriores no sim sim 12 Maurcio Corra Itamar 15/12/94 tcnico conservador 09/05/04 Ministro da Justia no no sim 13 Nelson Jobim FHC 15/04/97 poltico progressista 29/03/06 Ministro da Justia no no sim 14 Ellen Gracie FHC 14/12/00 tcnico conservador 05/08/11 Juza TFR sim sim no15 Gilmar Mendes FHC 20/06/02 tcnico conservador * Advogado Geral da Unio no sim sim 16 Cezar Peluso Lula 25/06/03 tcnico conservador 31/08/12 Desembargador TJSP sim no no17 Ayres Britto Lula 25/06/03 poltico progressista 14/11/12 Advogado no no sim18 Joaquim Barbosa Lula 25/06/03 poltico progressista 31/07/14 Procurador MP no sim no19 Eros Grau Lula 30/06/04 tcnico progressista 30/07/10 Advogado no no no20 Ricardo Lewandowski Lula 16/03/06 tcnico progressista * Desembargador TJSP sim no sim21 Crmen Lcia Lula 21/06/06 tcnico progressista * Procuradora-geral do Estado no no no22 Menezes Direito Lula 05/09/07 tcnico conservador 01/09/09 Ministro STJ sim no sim23 Dias Toffoli Lula 23/10/09 poltico progressista * Advogado-geral da Unio no no sim24 Luiz Fux Dilma 03/03/11 tcnico conservador * Ministro STJ sim sim no25 Rosa Weber Dilma 19/11/11 tcnico progressista * Ministra STJ sim no no 26 Teori Zavascki Dilma 29/11/12 tcnico conservador * Ministro STJ sim no no 27 Roberto Barroso Dilma 26/06/13 tcnico progressista * Advogado no no no
Data Aposentadoria Carreira anterior
Experiencia prviaID Ministro Presidente nomeaoData de posse
no STFFilosofia Judicial
Ideologia Judicial
-
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Os autores afirmam que para que haja influncia do presidente no direcionamento
das decises do tribunal, trs condies precisam ser atendidas: (1) o presidente deve ter
a oportunidade de nomear um ou mais juzes, (2) quando um presidente nomeou vrios
juzes, estes devem votar de forma igual entre si em aes decididas de forma majoritria
(decises no unnimes), e (3) a coeso deve, ainda, corresponder s preferncias
polticas do presidente. Assim, alm da anlise da composio de grupos no tribunal, e
dos fatores que explicam estas composies, observamos em assuntos de interesse dos
governos FHC, Lula e em parte do governo Dilma, demandas que questionam diplomas
federais com origem no Poder Executivo. Buscamos responder como os ministros
nomeados por cada um desses governos se comportaram em termos de votao
(deferimento, indeferimento, absteno/ausncia no plenrio, impedimento, etc.) dos
diplomas de interesse direto do governo federal.
A partir dos dados dispostos no grfico 5, vemos que as duas primeiras cortes
sistematicamente no conheceram das aes que questionavam diplomas federais, em
mais da metade dos casos. Sendo que a oitava corte foi a que mais deferiu no todo ou em
parte diplomas federais aqui novamente caber uma anlise detalhada do perfil dos
ministros e das temticas para dar sentido a estes dados.
Grfico (5) Resultado do mrito das ADIns que questionam diplomas federais, de acordo com composio da Corte. Fonte: Elaborao prpria, a partir das 544 ADINS(diplomas federais), julgadas entre 1995-2012
Para finalizar essa seo, observamos com base em um modelo de regresso
logstica, quais os fatores que contribuem para haver ciso no colegiado.
Os dados dispostos na tabela 8 indicam que quanto maior a proporo de
ministros com perfil progressista no Supremo, maiores so as chances de haver
30%$
14%$
37%$23%$
46%$ 42%$30%$
10%$
29%$15%$
24%$
44%$
50%$
65%$
33%$
32%$
18%$ 21%$
15%$
21%$
9%$
3%$
5%$
0%$
5%$ 19%$
9%$
9%$ 16%$
15%$
21%$
33%$
50%$ 33%$
22%$
7%$3%$
25%$18%$ 10%$
20%$
17%$
18%$15%$ 24%$ 13%$
20%$ 4%$ 7%$ 8%$ 15%$
17%$
6%$ 15%$ 10%$
4%$
5%$ 8%$ 5%$ 9%$ 3%$ 5%$ 14%$6%$ 3%$ 5%$
17%$
0%$
10%$
20%$
30%$
40%$
50%$
60%$
70%$
80%$
90%$
100%$
1$ 2$ 3$ 4$ 5$ 6$ 7$ 8$ 9$ 10$ 11$ 12$
Prejudicado$ No$conhecido$ Negado$seguimento/arquivado$ Improcedente$ Procedente$ Procedente$em$parte$
-
15
polarizao nas decises. E que nos casos em que o diploma questionado de origem
federal, as chances de haver ciso diminuem.
A proporo de ministros com perfil poltico ou com carreira prvia na
magistratura no obtiveram coeficientes estatisticamente significativos. J o tema em
questo faz diferena, sendo que nos casos em que esto em discusso temas da
sociedade civil e regulao da economia aumentam as chances de haver divises no
colegiado, comparados temtica de agentes pblicos.
O autor das aes tambm tem algum impacto, sendo que as ADIns propostas por
governadores em comparao s propostas pelo Procurador-Geral da Repblica,
diminuem as chances de ciso, enquanto as propostas por associaes em comparao ao
Procurador-Geral, aumentam as chances de diviso.
Tabela 8. Regresso logstica considerando como alvo a varivel forma de agrupamento do colegiado (deciso majoritria)
B Sig. Ideologia judicial - proporo de progressistas na composio 5,51 0,00 Origem do diploma - federal -0,53 0,00 Proporo de magistrados na composio 0,11 0,97 Filosofia judicial proporo de polticos na composio -2,31 0,16 Deciso no mesmo perodo (governo) de entrada 0,11 0,46 Tema Agentes pblicos (referncia) Tema Sociedade civil 0,39 0,05 Tema Regulao da economia 0,77 0,00 Tema Poltica tributria -0,43 0,16 Tema Administrao da justia 0,22 0,42 Tema Administrao pblica 0,30 0,16 Tema Competio poltica -0,12 0,74 Autor Procurador-Geral da Repblica (referncia) Autor Governador -0,42 0,04 Autor Associaes (inclui OAB) 0,70 0,00 Autor Partidos polticos 0,17 0,43 Autor Outros -0,01 0,99 Constante -2,027 0,225
Nagelkerke R Square = 0,15 Nmero de observaes: 1.155
Observando apenas as ADIns que tiveram deciso majoritria, num modelo de
regresso logstica, notamos que as chances de o Supremo julgar procedente a ao
diminuem quando se trata de diploma de origem federal e quando a ao julgada
dentro do mesmo governo em que deu entrada. E aumentam conforme aumenta a
proporo de ministros com perfil progressista na composio, assim como quando h
maior proporo de ministros com carreira na magistratura.
-
16
O autor da ao tambm faz diferena aqui, sendo que o que os governadores, os
partidos polticos e as associaes, em comparao ao Procurador-Geral da Repblica,
tm menores chances de ter uma ao julgada procedente.
E as temticas tambm influenciam em alguma medida, sendo que as aes que
questionam diplomas relativos administrao da justia, administrao pblica e
competio poltica tm menores chances de ser deferidas se comparadas s aes que
questionam temas ligados aos agentes pblicos. Tabela 8. Regresso logstica considerando como alvo a varivel resultado da deciso (deciso procedente)
B Sig. Origem do diploma - federal -1,518 0,00 Deciso no mesmo perodo (governo) de entrada -0,753 0,01 Ideologia judicial - proporo de progressistas na composio 7,868 0,01 Proporo de magistrados na composio 7,244 0,08 Autor Procurador-Geral da Repblica (referncia)
Autor Governador -0,804 0,05 Autor Partidos polticos -1,773 0,00 Autor Associaes (inclui OAB) -1,276 0,00 Tema Agentes pblicos (referncia)
Tema Administrao da justia -1,359 0,01 Tema Administrao pblica -0,689 0,09 Tema Competio poltica -1,07 0,12 Tema Regulao da economia -0,37 0,44 Tema Poltica tributria -0,892 0,16 Tema Sociedade civil -0,357 0,34 Constante -4,399 0,12
Nagelkerke R Square = 0,35 Nmero de observaes: 341 Como j ressaltado, esses so apenas alguns modelos iniciais, havendo
necessidade de maior explorao dos dados, sobretudo os relativos ao perfil ideolgico
(filosofia e ideologia judicial) e ao perfil profissional dos ministros. III. Redes e dimensionalidade da votao no Supremo
Observar as divises no STF, a partir das decises no unnimes, permite discutir
um dos assuntos mais polmicos (tanto no mundo acadmico quanto miditico) relativos
ao tribunal: a forma de nomeao dos ministros e a consequncia das nomeaes para a
configurao ideolgica e doutrinria do tribunal.
Nesta anlise h trs categorias de destaque: a carreira dos ministros (experincia
na magistratura varivel central da pesquisa); a experincia poltica dos ministros
(passagem por cargos majoritrios ou de nomeao) e o presidente que nomeou o
ministro ao STF.
Aqui observamos as 341 aes majoritrias, verificando o comportamento dos
-
17
ministros nomeados por cada presidente em relao aos demais ministros nomeados pelo
menos presidente, comparando seu posicionamento frente ao dos demais ministros
nomeados em outros governos, e atentando especialmente para o comportamento de
ministros com trajetrias de carreira semelhantes mas nomeados por diferentes
presidentes. Ou seja, o interesse est em entender as relaes existentes entre trajetria de
carreira, nomeao presidencial e processo decisrio.
Note-se que j realizamos esta anlise para um perodo mais curto, de oito anos12.
Agora o objetivo expandir a anlise e permitir a comparao com todas as nomeaes
presidenciais ao longo de duas dcadas, agregando robustez anlise.
O primeiro aspecto observado a quantidade de decises majoritrias em que
cada ministro votou (ver coluna total, quadro 3). E a partir deste total calcular os votos na
maioria e na minoria. Quadro (3). Comportamento de deciso dos ministros em decises majoritrias
Como j verificado na pesquisa anterior, o ministro Marco Aurlio o campeo
isolado de votos vencidos em 77% das decises majoritrias de que participou, ele
ficou na posio vencida, e ainda em 50% das decises em que votou na posio
dissidente, ele ficou vencido sozinho, sem a adeso de nenhum outro membro do
tribunal. 12 Ver OLIVEIRA, Fabiana Luci de. (2012). Processo decisrio no Supremo Tribunal Federal: coalizes e panelinhas. Rev. Sociol. Polt., Curitiba, v. 20, n. 44, p. 139-153.
Total MaioriaMinoria
(N)Minoria
(%)Minoria
isolada (N)Minoria
isolada (%) Relator
Marco&Aurlio 329 76 253 77% 127 50% 27Seplveda&Pertence 219 157 62 28% 6 10% 15Ayeres&Brito 209 154 55 26% 9 16% 20Joaquim&Barbosa 188 153 35 19% 4 11% 23Celso&De&Mello 250 219 31 12% 0 11Carlos&Velloso 152 122 30 20% 4 13% 16Nri&Da&Silveira 83 54 29 35% 0 6Cezar&Peluso 219 197 22 10% 4 18% 9Gilmar&Mendes 226 206 20 9% 1 5% 32Eros&Grau 142 123 19 13% 2 11% 44Ilmar&Galvo 98 81 17 17% 2 12% 17Ellen&Gracie 197 183 14 7% 0 14Crmen&Lcia 140 128 12 9% 0 14Maurcio&Corra 127 116 11 9% 2 18% 32Octavio&Gallotti 70 61 9 13% 2 22% 10Nelson&Jobim 150 142 8 5% 0 10Ricardo&Lewandowski 153 145 8 5% 1 13% 8Menezes&Direito 35 29 6 17% 0 4Sidney&Sanches 97 91 6 6% 0 6Dias&Toffoli 55 50 5 9% 1 20% 8Moreira&Alves 99 94 5 5% 0 10Francisco&Rezek 10 7 3 30% 0 1Luiz&Fux 31 28 3 10% 1 33% 4Rosa&Weber 14 14 0 0 0
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Foi tambm codificado o nmero de vezes em que cada ministro foi relator de
ADIns. Em apenas 12% das decises no unnimes o voto do relator foi derrotado. H
uma forte correlao entre o voto do relator e o resultado do mrito (coeficiente de
Pearson de 0,737).
Outro aspecto importante para a anlise observar o tamanho das maiorias. A
constituio estabelece que no controle concentrado, preciso haver um mnimo de oito
ministros votando, e que a deciso se d por maioria simples. Em 16% das 341 ADIns
com deciso majoritria, apenas 8 dos 11 ministros votaram; em 23% dos casos, 9
ministros votaram, e em 38% dos casos, 10 ministros votaram, sendo que em apenas 23%
dos casos o colegiado completo participou.
No perodo foram 42 aes decididas por um ou dois votos de diferena, e so
essas as aes que mais interesse despertam na identificao dos fatores de influncia na
constituio das redes de votao. As aes com um s voto de diferena no interessam,
ainda mais quando verificamos que um nico ministro responsvel por 76% delas.
Tabela 11. Quantidade de votos na minoria
Quantidade de votos na minoria N %
1 166 49 2 83 24 3 50 15 4 29 9 5 13 4
Total 341 100 Fonte: Elaborao prpria, a partir das 341ADIns com deciso majoritria, julgadas entre 1995-2012
Os diplomas de origem federal tendem a gerar maiores divises na corte, mas
ainda preciso explorar melhor os dados. Nesses casos em que houve maior dificuldade
para se chegar a uma deciso, como os ministros se agruparam para decidir? Quem votou
com quem? Nas decises em que cada voto conta, a carreira do ministro e o presidente
que nomeou tem alguma importncia na compreenso da formao de coalizes? Essa
anlise ainda est em curso. Aqui apresentaremos apenas parte da anlise, focada na
constituio de coalizes e no peso que o presidente que nomeou o ministro tem nessas
composies.
Para isso, identificamos isoladamente a combinao de cada par de votos, e
percebemos algumas combinaes mais robustas que poderiam configurar "panelinhas",
ou seja, grupos com posio compartilhada consistente. Por combinaes robustas
-
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entendemos um nvel de coeso de mais de 0,85 (a partir de 86%) entre os juzes (ver
quadro 4).
Quadro (4). Matriz dos ndices de similaridade, correspondentes s combinaes de juzes 2 x 2, nas aes no-unnimes
Foram identificados dois grupos robustos (panelinhas). O primeiro grupo
composto por ministros nomeados durante o regime militar, um nomeado por Itamar
Franco e os trs ministros nomeados por Fernando Henrique Cardoso (Moreira Alves,
Sydney Sanches, Maurcio Corra, Nelson Jobim, Ellen Gracie e Gilmar Mendes). O
segundo grupo composto por trs dos ministros nomeados por Lula: Cezar Peluso,
Ricardo Lewandowski e Carmen Lcia.
Seplveda Pertence, Ayres Britto e Joaquim Barbosa so os ministros, aps
Marco Aurlio de Mello, com maior proporo de votos dissidentes. Esses ministros no
tm uma forte coeso com nenhum dos grupos identificados no Tribunal, no constituem
qualquer panelinha. Mas Seplveda Pertence apresentam alta coeso com Carmen Lcia.
E Barbosa tem uma coeso alta com Rosa Weber, mas ainda h poucos votos codificados
no governo Dilma, portanto esses grupos a partir dos nomeados por Lula e Dilma podem
ser alterados uma vez que a base de dados se expanda.
No entanto, medir a coeso entre os juzes no suficiente para identificar o
impacto que as nomeaes presidenciais tem sobre as decises judiciais como um todo,
especialmente quando os presidentes tm a oportunidade de nomear mais de um Justia.
Nri%da%Silveira
Sydn
ey%San
ches
Octavio%Gallotti
Sep
lved
a%Pe
rten
ce%
Celso
%de%Mello%
Carlo
s%Velloso%
Marco%Aurlio%
Ilmar%Galvo%
Fran
cisco%Re
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Mau
rcio%Corra%
Nelson%Jobim%
Ellen%Gracie%
Gilm
ar%M
ende
s%
Cezar%P
eluso%%
Ayres%B
ritto%
Joaq
uim%Barbo
sa%
Eros%Grau%
Lewan
dowski%
Crm
en%Lcia%
Men
ezes%Dire
ito%
Dias%Toffoli%
Luiz%Fux%
Rosa%W
eber%
Moreira%Alves 63% 92% 83% 56% 90% 77% 12% 78% 70% 95% 97% 89% 92%Nri%da%Silveira 68% 64% 69% 67% 70% 34% 72% 70% 66% 62% 83%Sydney%Sanches 85% 56% 86% 79% 18% 81% 67% 92% 91% 82% 100%Octavio%Gallotti 49% 74% 79% 9% 89% 75% 80% 86%Seplveda%Pertence% 70% 61% 38% 55% 56% 58% 70% 73% 77% 76% 73% 70% 83% 80% 92%Celso%de%Mello% 71% 30% 75% 78% 81% 86% 84% 78% 78% 73% 73% 73% 82% 82% 78% 74% 78% 78%Carlos%Velloso% 31% 67% 44% 78% 81% 70% 76% 75% 67% 58% 70%Marco%Aurlio% 22% 22% 16% 20% 25% 24% 29% 34% 23% 25% 25% 25% 26% 17% 26% 29%Ilmar%Galvo% 67% 77% 81% 77% 80%Francisco%Rezek 71%Maurcio%Corra% 94% 81% 83% 75% 43% 67%Nelson%Jobim% 86% 91% 80% 56% 76% 87% 50%Ellen%Gracie% 89% 83% 66% 74% 78% 91% 88% 78% 88%Gilmar%Mendes% 86% 66% 81% 82% 86% 86% 81% 92% 89% 91%Cezar%Peluso%% 65% 78% 82% 88% 86% 88% 84% 71% 57%Ayres%Britto% 66% 69% 74% 71% 69% 71% 75% 100%Joaquim%Barbosa% 71% 85% 82% 69% 82% 81% 82%Eros%Grau% 82% 84% 83% 79%Lewandowski% 87% 79% 90% 86% 100%Crmen%Lcia% 91% 85% 77% 69%Dias%Toffoli% 85% 92%Luiz%Fux% 100%
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Assim, concordamos com Lindquist, Yalof e Clark (2000) que, para o presidente
de exercer influncia sobre as decises do Tribunal, trs condies devem ser atendidas:
(1) o Presidente deve ter a oportunidade de nomear um ou mais ministros, (2) quando um
presidente nomeou vrios ministros, esses ministros devem votar juntos nas decises por
maioria, e (3) a coeso deve corresponder s preferncias polticas do presidente.
Assim, com a finalidade de testar o impacto global das nomeaes presidenciais
no Supremo, e em alinhamento com a metodologia utilizada por Lindquist, Yalof e Clark
(2000), foi calculado o score de coeso para cada um dos blocos de nomeao
presidencial no Supremo.
Quadro (5). Blocos de nomeao presidencial
Bloco Nomeao Ministros
1 Militares
o Moreira Alves o Neri da Silveira o Sidney Sanches o Octavio Gallotti
2 Sarney o Seplveda Pertence o Celso de Mello
3 Collor / Itamar
o Carlos Velloso o Francisco Rezek o Ilmar Galvo o Marco Aurlio o Maurcio Corra
4 FHC o Nelson Jobim o Ellen Gracie o Gilmar Mendes
5 Lula
o Cezar Peluso o Ayres Britto o Joaquim Barbosa o Eros Grau o Ricardo Lewandowski o Carmen Lcia o Menezes Direito o Dias Toffoli
6 Dilma o Luiz Fux o Rosa Weber o Roberto Barroso
Aqui foi replicada a questo que Lindquist, Yalof e Clark (2000) se propuseram
a responder em seu estudo: o presidente teve ou no xito ao escolher os ministros
nomeados? Por xito entende-se que os ministros votam coesamente como grupo.
-
21
Grfico (6) Resultado do mrito das ADIns que questionam diplomas federais, de acordo com composio da Corte. Fonte: Elaborao prpria, a partir das 341 ADIns julgadas entre 1995-2012
A hiptese elaborada por Lindquist, Yalof e Clark (2000), e que foi testada aqui,
de que:
1. Blocos presidenciais so mais propensos a votar juntos do que a dividir seus
votos.
2. Blocos presidenciais so mais propensos a fornecer pontos de coeso
superiores a blocos gerados pela combinao aleatria de ministros.
Os blocos de maior coeso foram o bloco 4 (ministros nomeados por Fernando
Henrique Cardoso), com 96% de coeso e o bloco 1 (juzes nomeados pelos presidentes
militares), com 89% de coeso.
Na sequncia, est o Bloco 2 (ministros nomeados por Sarney) e o bloco 5
(ministros nomeados por Lula), ambos apresentando 85% de coeso interna. O bloco 3
(ministros nomeados por Collor / Itamar) apresentou o menor nvel de coeso - um grau
to baixo principalmente devido ao comportamento de voto o ministro Marco Aurlio.
Com exceo do Bloco 3, todos os outros blocos presidenciais tm escores de
coeso maiores do que os dos grupos aleatrios (mdia da corte excluindo grupo).
No entanto, segundo Lindquist, Yalof e Clark (2000), os escores de coeso de
grupos, se analisados isoladamente ou em relao a pontuao de combinao aleatria,
no so suficientes para comprovar a influncia da nomeao presidencial.
Para isso, seria necessrio ter uma base de comparao com o comportamento de
voto da corte como um todo, para garantir que a coeso do bloco no reflete apenas o alto
nvel de coeso que j existe na instituio durante o perodo.
89%$ 85%$
68%$
96%$
85%$75%$ 79%$
85%$76%$ 76%$
14%$6%$
*17%$
20%$
9%$
79%$ 80%$ 79%$ 80%$ 80%$
*40%$
*20%$
0%$
20%$
40%$
60%$
80%$
100%$
120%$
Bloco%1% Bloco%2% Bloco%3% Bloco%4% Bloco%5%
Mdia$Bloco$ Mdia$Corte$(sem$bloco)$ Diferena$entre$mdias$ Mdia$corte$total$
-
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Mais uma vez, a nica exceo o bloco 3. Entre os outros blocos, confirmou-se
que a coeso do bloco presidencial maior do que a coeso do Tribunal como um todo,
durante o perodo considerado.
Em seguida, observou-se o grau de coeso dos grupos no perodo de cada
governo, a fim de verificar se havia diferenas (quadro 6). Aqui foram consideradas
apenas as aes em que pelo menos dois ministros do bloco votaram.
Quadro (6). Comportamento dos blocos de acordo com governo de deciso
Como se pode observar, com exceo do bloco 3, os escores de coeso de grupos
aumentaram de um governo para o outro, o que indica que quanto mais tempo os
ministros passam votando juntos, mais prximos eles ficam em suas preferncias de voto.
Esses so os dados iniciais que ainda esto sendo consolidados na pesquisa em
andamento, com finalizao prevista para o incio de 2015. Resta ainda finalizar a
codificao das ADIns at o ano de 2013 e consolidar os parmetros de anlise.
At o momento, os achados iniciais mais interessantes dizem respeito agenda
decisria da corte, constatao de que os blocos de nomeao presidencial tendem a ser
mais coesos internamente do que os demais membros da corte agrupados aleatoriamente,
e as evidncias de que quanto mais tempo os ministros nomeados por um mesmo
presidente passam votando juntos, mais coesos eles ficam. No aspecto do peso que o
perfil dos ministros tm para a sua atuao, embora as classificaes ainda necessitem de
aprimoramento, j notamos alguns indcios do impacto da carreira e da ideologia dos
ministros no processo decisrio.
!
Grupo Governo no momento da
deciso
Coeso do grupo
Coeso da corte
(excluindo grupo)
Diferena coeso grupo e
corte (sem grupo
Coeso total da corte
Casos (N)
1 FHC 1 (1995-1998) 85% 73% 12% 77% 47 FHC 2 (1999-2002) 92% 75% 17% 80% 48 Lula 1 (2003-2006) 94% 84% 10% 83% 8
2
FHC 1 (1995-1998) 75% 77% -2% 76% 30 FHC 2 (1999-2002) 82% 82% 0% 81% 28 Lula 1 (2003-2006) 88% 79% 9% 80% 84 Lula 2 (2007-2010) 93% 81% 12% 82% 7
3
FHC 1 (1995-1998) 72% 83% -11% 77% 47 FHC 2 (1999-2002) 69% 87% -18% 80% 53 Lula 1 (2003-2006) 65% 86% -21% 79% 71 Lula 2 (2007-2010) 65% 79% -14% 74% 8
4 FHC 2 (1999-2002) 96% 76% 20% 80% 23 Lula 1 (2003-2006) 96% 76% 20% 80% 106 Lula 2 (2007-2010) 97% 77% 20% 80% 77
5 Lula 1 (2003-2006) 84% 78% 6% 80% 102 Lula 2 (2007-2010) 89% 68% 21% 81% 36
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As evidncias iniciais aqui reunidas constituem indcios em alguns aspectos
mais robustos, em outros menos de que importa, sim, o perfil dos ministros sentados
Corte no momento da deciso.
Bibliografia
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