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F O T Ó G R A F O 17 SETEMBRO A 20 DEZEMBRO 2009

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F O T Ó G R A F O

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Em 2005, a França acolheu o Brasil, com grande prazer e imenso sucesso, um Brésil-Brésils múltiplo, enraizado no presente e na modernidade, sem nada perder de sua influência sobre o imaginário.

Em 2009, o Brasil abre generosamente suas portas à França. Algumas centenas de eventos estão sendo organizados por todo o país, em todas as áreas, refletindo uma sede de compreendermos, de trabalharmos, de criarmos em conjunto.

Mas qual França o Brasil vai receber? Uma França orgulhosa de sua memória, evidentemente, uma memória viva, que ela gosta de partilhar muito além de suas fronteiras. O Brasil, aliás, na sua alegre antropofagia, buscou a França ao longo de toda a sua história, assimilando-a e metamorfoseando-a à sua maneira. Desse interesse que os países têm um pelo outro resulta o desejo de reencontrar as ideias, as imagens e os sabores, para prolongar esta alegria de se conhecerem e de se surpreenderem mutuamente.

A ambição do Ano da França no Brasil é também a de mostrar imagens e proporcionar sensações de uma França diferente, mais contrastante e aventureira do que poderíamos imaginar. Uma França que adora provar outras culturas, explorar outros territórios. Uma França que se inquieta e se questiona, em constante mutação, ao ritmo da evolução de sua sociedade, que é tão diversa quanto a brasileira. Uma França que cria a partir de suas interrogações, contemplando o mundo.

Uma França, sobretudo, que olha para o Brasil com admiração, sabendo também o que ela ainda pode lhe oferecer. Uma França que, desde Jean de Léry até o rapper MC Solaar, passando por Blaise Cendrars e Claude Lévi-Strauss, se nutre da cultura brasileira, multiplicando assim suas reflexões e seus impulsos.

O nome deste Ano é França.Br 2009. A França é convidada a percorrer o Brasil e seu imaginário tão rapidamente quanto nos permitem as navegações na Internet, e assim continuar a construir uma relação forte e ativa, permitindo que franceses e brasileiros atuem em conjunto sobre o mundo.

Yves saint-GeoursPresidente do Comissariado Francês

danilo santos de mirandaPresidente do Comissariado Brasileiro

Anne LouyotComissária-Geral do Comissariado Francês

embaixador Roberto soares de OliveiraComissário-Geral do Comissariado Brasileiro

Simiane-la-Rotonde. France. 1969 © Henri Cartier-Bresson / Magnum Photos

O que nos toca de modo tão profundo diante de uma fotografia? Se for um álbum de família, talvez o que nos atinja seja o passado, memórias que pareciam já soterradas nos movimentos dos dias e que, por alguns momentos, descobrimos tão presentes em lágrimas que se formam nas lembranças de nossos corpos. Porém, por que ainda nos emocionamos com o trabalho de artistas como Henri Cartier-Bresson?

Podemos ficar horas observando a ínfima parte de segundo captada pela máquina fotográfica. Aquele gesto incompleto, a luz perfeita que seria desfeita enquanto piscássemos as pálpebras, um olhar que se perdeu enquanto o redemoinho de concreto gira em nossa volta. Neste olhar apreendido, inusitadas linhas e sombras do mundo nos atingem com a rapidez estática de uma aparente insignificância do tempo.

Fazendo parte da programação do Ano da França no Brasil, a exposição de parte da obra de Cartier-Bresson será um elemento a mais a nos guiar para a contemplação da vida, do tempo, de céus e infernos que nos compõem. Pois parece ser assim, criando um tempo-espaço que não se restringe às cercas geopolíticas erguidas, junto às ampulhetas distorcidas das horas fugidias, que o fotógrafo francês compôs sua obra. Faz, portanto, com que possamos dividir impressões que propriamente não nos pertencem como indivíduos, mas que são componentes de tempo-espaço bem maior do que as íntimas piscadelas de nossas lembranças domésticas; fazem parte de uma memória coletiva que o humano carrega como espécie povoadora da vida.

Para o SESC, apresentar ao público a oportunidade de nos encontrar nas fotografias de Cartier-Bresson é trazer a sensação de que, por mais que nos julguemos ser diferentes uns dos outros, há uma extrema força de igualdade que explode quando nos deparamos com gestos, lugares e rostos tão estranhos quanto imensamente próximos. Não é um álbum de família frente ao qual nos comovemos, mas imagens de um conjunto de nós mesmos cujas emoções eclodem de uma única e mesma célula que compõe a humanidade.

sesC são Paulo

Bankers Trust. New York City. 1960 © Henri Cartier-Bresson / Magnum Photos

A vidA, umA dAnçA!

“Tirar fotos é prender a respiração quando todas as faculdades convergem para a realidade fugaz. É organizar rigorosamente as formas visuais percebidas para expressar o seu significado. É pôr numa mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração”. Esta imbatível definição de Henri Cartier-Bresson (1908-2004) para o ato de fotografar é o melhor ponto de partida para entender a magnitude e a repercussão de sua obra.

De posse de uma Leica, a câmera que dotou os fotógrafos do poder da “invisibilidade” graças ao tamanho e ao peso diminutos se comparados aos equipamentos de época, Cartier-Bresson encarnou um autêntico flâneur. Celebrado pelo poeta Charles Baudelaire (1821-1867), o “personagem” se deixa seduzir e ser conduzido aleatoriamente pelos erráticos caminhos das ruas parisienses enquanto contempla histórias e imagens. Cartier-Bresson não fez diferente e dizia o seguinte: “A foto em si não me interessa, mas sim a reportagem, a comunicação entre o mundo e o homem comum. E há este instrumento maravilhoso, a câmera, que passa despercebida. Pelo visor, a vida é como uma dança!”

Com faro peculiar para flagrantes, Cartier-Bresson fotografa com o gosto de um caçador que persegue instintivamente sua presa. Incansável, busca o momento em que a harmonia do universo conspira a favor do artista, a fração mínima de tempo em que forma e conteúdo atingem o limite da expressão e da perfeição diante da câmera.

“Para mim, o aparelho fotográfico é um caderno de notas, um instrumento da intuição e da espontaneidade, senhor do instante que _em termos visuais _ pergunta e responde a um só tempo. Para expressarmos o mundo temos de nos sentir envolvidos com aquilo que descobrimos no visor. Esta atitude exige concentração, disciplina mental, sensibilidade e senso de equilíbrio geométrico. É pela grande economia de meios que se chega à simplicidade de expressão.” Dito por Cartier-Bresson, tudo parece simples.

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A FOTO, um TiRO!

A paixão pelo prosaico e pela fugacidade da vida são evidentes na obra de Cartier-Bresson. Sua investigação não deseja a grandiosidade da fotografia, mas a descoberta da beleza escondida no caos, a delicadeza dos gestos cotidianos. Ainda assim, ele não escapa de outra missão: o registro de momentos históricos _alguns grandiosos _, como os que estão expostos nesta sala.

Dessa forma, ele abre caminhos para uma linhagem de “fotógrafos humanistas”. Alguns deles se reúnem em torno da agência Magnum, fundada em 1947 por ele, Robert Capa e David Seymour, entre outros profissionais.

Antes disso, em 1931, Cartier-Bresson começa a fotografar influenciado pelos surrealistas. “Não pela pintura deles, mas pela percepção do subconsciente”, afirmava. No início dos anos 1970, depois de uma conversa com o amigo e crítico de arte Tériade, ele praticamente para de fotografar: “Ele me dizia: você já disse tudo o que podia. Não deve se repetir. Você precisa se questionar. Isso é uma atitude libertária”, revelou o fotógrafo.

Ao aposentar a câmera, o artista se abriga no desenho e na pintura. “Não tenho saudades. O desenho é uma meditação enquanto a foto é um tiro”. Com meditação e reclusão, ele passa a fugir do assédio público. “A fama é horrível, horrível. Ficamos acorrentados”, dizia.

Bresson morreu em 2004, quando a fotografia já havia sido impactada por profundas transformações em virtude das novas tecnologias. Calcada na sensibilidade, na argúcia e no rigor estético, a visão de mundo de Cartier-Bresson e seus pares pode, ao primeiro olhar, parecer desconectada desses novos tempos. Mera ilusão. Ainda que a era da informação e da velocidade se iluda com a crença de que o instante decisivo ocorre o tempo todo, on line, Cartier-Bresson e sua obra permanecem como o fio da meada para o resgate de uma sensibilidade em aparente extinção.

eder ChiodettoCoordenador Geral

PROGRAmAçÃO inTeGRAdA

MESAS DE DEBATE Sala de Leitura, 2º andar. 200 vagas. Acesso livre até o limite de vagas. Mediação de Eder Chiodetto

O ACAsO ObjeTivO18/09, sexta. 20hJean-Luc Monterosso, diretor e curador da Maison Européenne de la Photographie eProfª. Helouise Costa (MAC/USP)

19/09, sábado. 18hProf. Maurício Lissovsky (UFRJ) e Gabriel Bauret, crítico e curador francês

FILMES Sala de Exibição, TérreoL’Aventure moderne: Henri Cartier-bresson [A Aventura Moderna: Henri Cartier-Bresson]29 minutos. Preto-e-branco. 1962Dirigido por Roger Kahane. Produção: ORTFEntrevista do artista com cenas raras de seu trabalho no meio da multidão anônima de Paris. H.C.b. Point d’interrogation? [H.C.B. Ponto de Interrogação?]38 minutos. Preto-e-branco. 1994Realizado por Sarah Moon. Produção: Take FivePerfil de Cartier-Bresson pela fotógrafa Sarah Moon em momentos de intimidades do artista.

FOTOGRAFAR É COLOCAR NA MESMA LINHA DE MIRAA CABEÇA, O OLHO E O CORAÇÃO

Henri Cartier-bresson extraído do L’Imaginaire d’après nature, Fata Morgana, Paris, 1996

minicontos de Cartier-bressonA proposta da oficina é a criação de pequenos contos a partir de fotografias de Henri Cartier-Bresson. Com a escritora Andréa DelFuego.21 e 28/10, quarta e quinta, 19h. Internet Livre, 2º andar

Fotografias literáriasCriação de pequenos contos, poemas e histórias a partir de saídas fotográficas.Com o escritor Samir Mesquita e o fotógrafo Eduardo Muylaert17 e 18/10, sábado e domingo, 11h. Internet Livre e Sala de Leitura, 2º andar

Crônicas FotográficasCom exercícios de percepção e interpretação de imagens, a proposta da oficina é trabalhar a construção de crônicas a partir de fotografias levadas pelos participantes. Com orientação do escritor Fabrício Carpinejar30/10, sexta, 20h. Sala de Leitura, 2º andar

A construção da imagem na arte ocidental Minicurso sobre os processos históricos de construção de imagem: da pintura ao desenvolvimento da fotografia. Pretende desenvolver uma leitura crítica do universo imagético produzido pela arte ocidental a partir do Renascimento, até o século XIX, momento em que esse gênero se expande da linguagem pictórica para a fotográfica. Com a profª Paula Palhares.10 a 19/11, terças e quintas, 20h às 22h. Sala de Atividades, 3º andar

Contacts: Henri Cartier-bresson [Contatos: Henri Cartier-Bresson]15 minutos. Cor. 1994Realizado por Robert Delpire, Centre National de la Photographie, Paris. Produção: KS VisionApresentação das folhas de contatos dos filmes do fotógrafo desvelando seu processo criterioso de edição.

Áudio original em francês e legendas em português

OFICINAS E CURSOSInscrições no balcão da Sala de Leitura, 2º andar

Pratas da CasaOficina de produção de retrato. Os participantes percorrem a Unidade para produzir retratos dos freqüentadores. Noções técnicas de fotografia e formas de abordagem. Com a fotógrafa Daniela de Moraes. 26/09, sábado, 10h30. Internet Livre, 2º andar

Fotojornalismo: todo mundo pode?Oficina sobre as transformações técnicas e a massificação dos aparelhos eletrônicos. A capacidade de registrar criticamente acontecimentos do cotidiano pode nos transformar em fotojornalistas? Com o fotógrafo Otávio Valle.04, 10 e 11/10, sábado e domingos, 15h. Internet Livre, 2º andar

Retratos em PinheirosOficina destinada à Terceira Idade. Por meio de aulas e saídas fotográficas, os participantes desta oficina irão aprender a produzir retratos dos moradores de Pinheiros em seu cotidiano. Com o fotógrafo e educador Daniel Queiroz.07, 08 e 09/10, quarta, quinta e sexta, 14h. Internet Livre, 2º andar

SAÍDAS FOTOGRÁFICASInscrições no balcão da Sala de Leitura, 2º andar. É necessário trazer câmera fotográfica.

CentroAvenida Nove de Julho e Praça da Bandeira. Com o fotógrafo Tuca Vieira.20/09, domingo, 11h. Sala de Atividades, 3º andar

Avenida PaulistaCom o fotógrafo Daniel Kfouri.24/10, sábado, 10h30. Internet Livre, 2º andar

elevado Costa e silvaCom o fotógrafo Sérgio Barzaghi.01/11, domingo, 11h. Internet Livre, 2º andar

APRESENTAÇÃOsarau FotográficoOs escritores Fabrício Carpinejar e Marcelino Freire escolhem trabalhos de Cartier-Bresson e outros fotógrafos, criam poesias e recitam obras conhecidas. 29/10, quinta, 20h30. Praça, térreo

INTERVENÇÃOHistórias de elevadorO momento de indecisão por Samir Mesquita. De setembro a dezembro, no elevador B da Ala Paes Leme

ENCONTROSAcesso livre até o limite de vagas. 200 vagas

Relatos do submundo: encontros da madrugadaFotojornalistas que batem o cartão após a meia-noite, contam sua experiência de fotografar a cidade durante a madrugada. Durante a conversa, eles mostram algumas imagens que marcaram suas carreiras. Com os fotojornalistas Apu Gomes, Flavio Florido, Lawrence Bodnar23/10, sexta, 20h. Sala de Leitura, 2º andar

Retratos urbanosA fotografia e a cidade são os temas principais dessa conversa com o fotógrafo Cristiano Mascaro. 06/11, sexta, 20h. Sala de Leitura, 2º andar

Fotojornalismo: realidades construídas e ficções documentaisBate-papo com Eder Chiodetto, organizador da exposição e ex-editor do jornal Folha de S.Paulo. Eder problematiza o atual estágio da fotografia na imprensa sob diversos aspectos, tais como a imposição de um olhar hegemônico, mitos e verdades sobre a manipulação na era da fotografia digital.27/11, sexta, 20h. Auditório, 3º andar. Retirada de ingressos no local com 30 min de antecedência.

SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO SESCAdministração Regional no Estado de São Paulo

PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONALAbram szajman

DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONALdanilo santos de miranda

SUPERINTENDENTESTécnico Social joel naimayer PadulaComunicação Social ivan Giannini

GERÊNCIASAção Cultural Rosana Paulo da Cunha Adjunto simone Avancini

Estudos e Desenvolvimento marta Colabone Adjunto Andréa nogueira

Artes Gráficas Hélcio magalhães

SESC Pinheiros Cristina Riscalla madi Adjunto denise Lacroix Rosenkjar

ASSISTENTESAção Cultural juliana braga e nilva LuzSESC Pinheiros sueli Guimarães, elisabete Folgati, Cristina TobiasAlessandra Fialho, William moraes e silvan silva

HENRI CARTIER-BRESSON: FOTÓGRAFO

FUNDAÇÃO HENRI CARTIER-BRESSON, PARISPresidente da Fundação Henri Cartier-Bresson martine FranckDiretora da Fundação Henri Cartier-Bresson Agnès sire

MAGNUM PHOTOS, PARISResponsável do Departamento Cultural emmanuelle denavit-FellerCoordenadora das exposições emmanuelle Hascoët

Curadoria Robert delpireCoordenação Geral eder ChiodettoProdução Executiva marie HippenmeyerDireção de Produção escamilla soluções Culturais

Museografia marta bogéaAssistente de Museografia marcus vinicius santos Colaboradores mônica silva e daniele CubinhetzTradução bureau Translations e marie Hippenmeyer

Agradecimentos jean-Luc monterosso, elise jasmin, Tuca vieira, Fernanda diamant, Lydie vannier (mk2), Alessandra domingues, Adelmo botto de barros Filho

sesC PinHeiROsRua Paes Leme, 195 • Tel.: 3095 9400

www.sescsp.org.br • 0800 118220

Realização

F O N D A T I O N

Essa exposição é parte integrante da temporada francesa do SESC SP