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UA actualização: 1 Progressos recentes sobre paz e segurança Kathryn Sturman Identificando os culpados: 3 No rasto da circulação das armas de pequeno porte Ben Coetzee ECOWAS/CEDEAO: 6 Qual o caminho a seguir com a Moratória? Nelson Alusala A proliferação de armas de 7 pequeno porte coloca desafios na África Ocidental Zebulon Takwa O Quénia é anfitrião da Primeira 9 Conferência sobre a Análise e Revisão da Situação das Minas e Armadilhas Noel Stott África e o Programa de Acção 11 sobre Armas de Pequeno Porte: Progresso e oportunidades Emily Schoeder Desarmamento prático: 13 Começando a identificar o melhor processo Nelson Alusala F CUS SOBRE AS ARMAS EM ÁFRICA VOL 3 NO 1 2004

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Page 1: F CUS · parte do mundo, participe na sua continuidade por meio de vários tipos de contribuições. Oferece também uma plataforma sem precedentes para organizações e indivíduos

UA actualização: 1

Progressos recentes sobre paz e

segurança

Kathryn Sturman

Identificando os culpados: 3

No rasto da circulação das armas

de pequeno porte

Ben Coetzee

ECOWAS/CEDEAO: 6

Qual o caminho a seguir com a

Moratória?

Nelson Alusala

A proliferação de armas de 7

pequeno porte coloca desafios na

África Ocidental

Zebulon Takwa

O Quénia é anfitrião da Primeira 9

Conferência sobre a Análise e Revisão

da Situação das Minas e Armadilhas

Noel Stott

África e o Programa de Acção 11

sobre Armas de Pequeno Porte:

Progresso e oportunidades

Emily Schoeder

Desarmamento prático: 13

Começando a identificar o melhor

processo

Nelson Alusala

F CUSSOBRE AS ARMAS EM ÁFRICA VOL 3 NO 1

2004

Page 2: F CUS · parte do mundo, participe na sua continuidade por meio de vários tipos de contribuições. Oferece também uma plataforma sem precedentes para organizações e indivíduos

UNIÃO AFRICANA

S

EC U R I T Y

ST

UD

IE

S

IN

ST

I T U T E F O R

SmallArmsNet:Um ponto

central para arecolha de

informaçõessobre armas depequeno portee armas ligeiras

em África.

Em Novembro de 2003, foi iniciado

o primeiro pórtico de Website

sobre o controle de armas de

pequeno porte em África. Este

portal, SmallArmsNet

(www.smallarmsnet.org), é uma

iniciativa do Programa para a

Gestão de Armas (PGA) no Instituto

para Estudos de Segurança, em

Pretória. Com menos de doze

meses de existência, SmallArmsNet

já atrai mais de 22.000 visitantes

por mês.

Porquê SmallArmsNet?Devido à dinâmica na natureza da

gestão de armas em África, o

Programa de Gestão de Armas

constatou a necessidade de um

instrumento que pudesse assistir

no estímulo e manutenção de um

muito necessário debate sobre

questões de paz e segurança no

continente.

Quem beneficia?SmallArmsNet é para grupos e

indivíduos que trabalham para

conter a abundância e o fácil

acesso a armas. Devido à sua

natureza interactiva, permite que

qualquer pessoa, em qualquer

parte do mundo, participe na sua

continuidade por meio de vários

tipos de contribuições. Oferece

também uma plataforma sem

precedentes para organizações e

indivíduos que desejem

desenvolver parcerias e

compartilhar experiências.

O pórtico serve para comparar,

documentar e disseminar

informação para os seguintes

grupos:

• Organizações não

governamentais (ONGs) da

sociedade civil,

• Académicos, pesquisadores e

estudantes,

• Departamentos governamentais

de protecção, segurança e

defesa,

• Organizações regionais e

internacionais,

• planeadores governamentais de

políticas de acção,

• Jornalistas e organizações de

comunicação social,

• Agências para o cumprimento da

lei e

• Quem quer que esteja envolvido

na luta contra a fácil

possibilidade de utilização de

armas de pequeno porte em

África.

SmallArmsNet está dividido nas

seguintes categorias de

informação:

• Títulos de notícias,

• Novidades no website,

• Questões a debater,

• Recursos,

• Acontecimentos,

• Ligações e

• Fórum de discussão.

TÍTULOS DE NOTÍCIAS dão uma

actualização diária sobre os

últimos acontecimentos no

campo das armas, em todo o

continente.

NOVO NO WEBSITE oferece uma

lista de novos documentos e

relatórios sobre o assunto.

QUESTÕES A DEBATER estão

divididas em TEMAS e REGIÕES.

Sob o título TEMAS encontrará

informação sob vários tópicos,

incluindo: agências, crianças,

juventude e conflito, controle de

exportações, redução da procura,

seguindo as pegadas das armas de

fogo e do negócio de armas.

REGIÕES dá informações sobre

armas de pequeno porte e armas

ligeiras na África Ocidental,

Central, Oriental e Austral.

RECURSOS apresenta-lhe

documentos, factos e números,

publicações e minutas de

conferências, enquanto a secção

de DOCUMENTOS contém

informação de recurso sobre

armas ligeiras, armas

convencionais e minas e

armadilhas.

A secção de ACONTECIMENTOS dá-

lhe a lista de acontecimentos que

terão lugar no ano corrente e a

página LIGAÇÕES dá acesso a várias

organizações internacionais e

regionais, redes e institutos de

pesquisa que estão envolvidos em

esforços para restringir a

proliferação de armas ilegais. O

FÓRUM DE DISCUSSÃO permite-lhe

expressar a sua opinião sobre

qualquer tópico relacionado com

armas de pequeno porte e armas

ligeiras.

O Programa para a Gestão de

Armas (AMP/PGA) acredita que a

troca de informações e o

conhecimento são vitais para se

encontrarem maneiras de

enfrentar a proliferação de armas

em África. Para mais detalhes

sobre o website, pode escrever

para o seguinte endereço

electrónico:

[email protected].

Este Boletim Informativo é uma iniciativa

conjunta do Instituto para Estudos de

Segurança (ISS/IES) e da União Africana

(AU/UA)

Page 3: F CUS · parte do mundo, participe na sua continuidade por meio de vários tipos de contribuições. Oferece também uma plataforma sem precedentes para organizações e indivíduos

1

Em Sirte, os líderes Africanos

confirmaram a sua intenção

de estabelecer uma Força de

Alerta Africana (ASF/FAA), e

adoptaram uma Declaração Solene

sobre uma Política Africana Comum

de Defesa e Segurança

(CADSP/PACDS). A reunião do

Conselho Executivo que teve lugar

antes da Assembleia dos Chefes de

Estado e Governo, chegou à

conclusão que a proposta da Líbia

para um único exército Africano era

ainda precoce e que a UA devia,

antes, concentrar os seus esforços

na criação de uma força de alerta.

Um projecto de decisão para adiar

as deliberações sobre esta proposta,

assim como sobre um projecto do

Pacto de Defesa Comum e Não

Agressão, não foi finalizado, mas

“pedia ao Presidente da Comissão

para convocar uma reunião de

Peritos Governamentais para

estudar as propostas em

profundidade e elaborar um

documento único para a

consideração da Assembleia durante

a sua sessão ordinária seguinte”.

Os planos da (ASF/FAA) foram

adiados pela segunda Cimeira

Ordinária da UA que teve lugar em

Maputo, em Julho de 2003, devido a

preocupações quanto ao

financiamento de um projecto tão

ambicioso. Um acontecimento bem

vindo à Cimeira de Sirte, foi que o

Presidente da Comissão da União

Europeia (UE), confirmou o

financiamento para o Fundo de

Apoio à Paz da UE, comprometendo-

se a contribuir com 250 milhões para

“operações de apoio à paz” da UA.

Isto será uma contribuição

significativa para a materialização da

capacidade Africana para a

manutenção das paz.

A Declaração Solene compromete os

estados membros ao processo vital

de desenvolverem “uma posição

comum em questões relacionadas

com a defesa”, “promoverem o

crédito e confiança mútuos entre

os Estados Africanos” na área

politicamente sensível da defesa e

segurança, e “cooperarem em

questões de defesa,

por meio do treino de

pessoal militar; troca

de informações e

segredos militares

(sujeito a restrições

impostas pela

segurança nacional); o

desenvolvimento de

uma doutrina militar e

a edificação de uma

capacidade colectiva”.

A declaração contém

uma importante afirmação sobre a

definição de segurança comum, a

qual, “... engloba tanto a tradicional,

estado-cêntrica, noção sobre a

sobrevivência do estado e a sua

protecção militar contra a agressão

externa, assim como a noção não

militar a qual é informada pelo novo

ambiente internacional, e a elevada

incidência de conflito entre estados.

As causas do conflito entre estados

necessitam de um novo ênfase na

segurança humana ... isto envolve

questões como os direitos

humanos; o direito de participação

completa no processo da

governação; o direito ao

desenvolvimento equitativo

...[segundo os quais] o objectivo

seria o de salvaguardar a segurança

de indivíduos, famílias, comunidades

e o estado ...”

Este reconhecimento da

necessidade de

segurança humana,

assim como do

estado, é fundamental

para a elaboração do

enquadramento da

acção por parte do

Conselho para a Paz e

Segurança, o que o

CADSP/PACDS deve

ser. Contudo, existe o

perigo de que uma

definição de

segurança tão vasta,

permita a Política Africana Comum

de Defesa e Segurança (PACDS)

colocar toda a espécie de questões

– desde a globalização ao VIH/SIDA, à

Actualização UA: ProgressosRecentes sobre Paz e SegurançaOs novos planos sobre paz e segurança da União Africana (UA) estão a progredir de uma forma notável. Os

progressos mais recentes tiveram lugar numa Reunião Cimeira Extraordinária dos Chefes de Estado e Governo que

teve lugar em Sirte, na Líbia, em 28 de Fevereiro de 2004. Subsequentemente, os Ministros dos Negócios

Estrangeiros passaram à séria tarefa de eleger quinze membros do Conselho para a Paz e Segurança, durante a

reunião da Quarta Sessão Ordinária do Conselho Executivo, em Addis Ababa de 12 a 16 de Março.

Kathryn Sturman

... Um acontecimento

bem vindo à Cimeira

de Sirte, foi que o

Presidente da

Comissão da UE

confirmou o

financiamento de um

Fundo para a Paz e

Segurança...

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2

Kathryn Sturman

redução da pobreza e

desenvolvimento económico – na

agenda da UA sobre paz e

segurança. Esta formulação vaga de

ameaças à segurança pode dar à

comissão para a paz e segurança

um mandato indefinido, duplicando

o papel de outras comissões da UA

responsáveis pelo desenvolvimento

económico, e programas como a

Nova Associação para o

Desenvolvimento de África (NEPAD/

NADA) e a Conferência sobre

Segurança, Estabilidade,

Desenvolvimento e Cooperação em

África (CSSDCA/

CSEDCA). Por

outras palavras,

é possível ajustar

e melhorar a

Política Africana

Comum de

Defesa e

Segurança.

Ao mesmo

tempo, a política

faz referência aos

numerosos

tratados,

protocolos e

planos de acção a

que os líderes

Africanos se

comprometeram em cimeiras

anteriores da UA e da sua

antecessora, a Organização para a

Unidade Africana (OUA/OUA).

O catálogo de expectativas em

relação à Convenção sobre

Mercenários, ao Tratado de

Pelindaba sobre a Zona Africana

Livre de Armas Nucleares, à

Declaração de Bamako sobre Armas

Ligeiras e Armas de Pequeno Porte

(SALW/ELAP), a Convenção de Argel

sobre Terrorismo e a Declaração de

Yaoundé sobre Drogas, entre

outras, salienta o facto de que a UA

não precisa de mais políticas – o

que é necessário é mais

implementação e a capacidade de

monitorizar os progressos

realizados.

Assim, o maior progresso que a UA

poderia fazer sobre paz e

segurança em 2004, é estabelecer

instituições responsáveis por

monitorizar, implementar e fazer

aplicar os princípios e política. O

mais importante destes é o

Conselho para a Paz e Segurança.

A inauguração do Parlamento Pan-

Africano em 18 de Março, foi a

demonstração simbólica dos

valores

democráticos e

da participação

popular na UA, os

quais são pré-

requisitos para a

noção de

segurança

humana e

estabilidade

interna dos

estados

membros. A

terceira

instituição que

deveria ser

estabelecida

durante este ano,

é o Tribunal

Africano dos

Direitos Humanos e dos Povos.

Demorou seis anos a recolher as 15

ratificações necessárias para o

protocolo sobre o tribunal entrar

em vigor, em Janeiro deste ano.

Apesar de tudo, talvez mais do que

qualquer outro, este instrumento

de coacção colectiva dos direitos

humanos em África, podia ser a

pedra fundamental da estrutura de

segurança colectiva da UA.

Eventualmente, o progresso não

será medido pelo estabelecimento

de novas instituições, mas antes

pelas consequências práticas que

elas possam dar às decisões da

União Africana.

O catálogo de expectativas

salienta o facto de a UA não

necessitar de mais

políticas – o que é necessário

é mais implementação e a

capacidade de monitorizar os

progressos realizados ...

o maior progresso que a UA

poderia fazer ... é estabelecer

as instituições responsáveis

por monitorizar, implementar

e fazer aplicar os princípios e

política

Embaixador Said Djinnit,

Comissário do Conselho Africano

para a Paz e Segurança (à direita)

e El Ghassim Wane, Director

Interino do Centro para a Gestão

de Conflitos(CMC / CGC).

Page 5: F CUS · parte do mundo, participe na sua continuidade por meio de vários tipos de contribuições. Oferece também uma plataforma sem precedentes para organizações e indivíduos

3

Ben Coetzee

Identificando os Culpados: No Rasto daCirculação de Armas de Pequeno Porte

Apercepção entre o público na

África do Sul é de que o

crime violento está a

aumentar.1 Isto levou a um aumento

no número de pedidos de licenças

para porte de armas e, com mais

armas de fogo, surge a possibilidade

da sua perda. Contudo a Lei Sul

Africana sobre o Controlo de Armas

de Fogo, entrou em vigor em Julho

de 2004. Esta nova legislação

estabelece maior controlo sobre a

posse legal de armas do que a

legislação desactualizada que

substituiu.

A nova legislação deverá ter um

impacto positivo no resto do

continente. Maior controlo na posse

de armas na África do Sul, por

exemplo, pode levar ao declínio do

número de armas vendidas no país.

Para além disto, a

nova legislação

exige um maior

controlo por parte

dos proprietários de

armas de fogo, o

que deve, por seu

lado, reduzir o

número de roubos

e perdas. Regulamentação mais

estrita no que respeita à importação

e exportação de armas de fogo,

devia também beneficiar a região da

África Austral.

Legado

Enquanto o controlo sobre fontes

conhecidas de armas é relativamente

fácil de estabelecer, restos de guerra

são de fácil acesso a muita gente na

África Austral. Foi exercido pouco

controlo sobre o armamento

distribuído aos combatentes nas

zonas de conflito, por toda a região,

e algumas destas zonas ainda são

instáveis. Esta incerteza sobre a

disponibilidade de armas, pode ter

um impacto nas políticas de

desarmamento, uma vez que o receio

pela segurança pessoal pode levar

muitos indivíduos a ficarem com

armas para a sua segurança pessoal.

Armas usadas com frequência

Na África do Sul, dois

calibres diferentes de

armas são preferidos

para utilização pelos

criminosos: o 9x19mm e

o .38 especial. As

munições deste calibre

são também utilizadas

em várias pistolas e

pistolas-metralhadoras que existem

na África Austral. Ambas estas armas

são fáceis de esconder e podem ser

utilizadas sem dar nas vistas,

tornando-as a escolha óbvia para os

criminosos.

As seguintes armas foram declaradas

como problemáticas por vários

países na África Austral, durante uma

oficina de trabalho sobre a

identificação de armas de fogo e

explosivos, a qual teve lugar na África

do Sul, em 2003, e foi organizada pela

Organização de Cooperação do

Chefes de Polícia Regionais da África

Austral (SARPCCO/OCCPRAA).Os

participantes desta oficina de

trabalho registaram que esta eram as

armas mais notáveis ma, de modo

algum, o único armamento

problemático encontrado nos seus

países. Cada país afirmou que tinha

problemas com algumas, senão

todas, das seguintes armas de fogo:

Pistolas

• Tokarev TT33 • Walter P38

• Beretta 92 • NORINCO

• CZ (Range) • Walther(Range)

• Lorcin • Browning HP

• Baby Browning • Colt

• Z88 • SIG-Sauer

• Lugar • Astra

• Vektor (Range) • Taurus

• Star • Jennings

➠cont. na página 4

A proliferação de armas de pequeno porte e armas ligeiras tem sido preocupação para muitos durante a última

década. Organizações não governamentais e governos, têm vindo a trabalhar de mãos dadas para resolver esta

questão. Os governos são responsáveis pela protecção e segurança dos seus cidadãos e, para esse efeito, mudam

e fazem aplicar políticas que se adaptem ao nosso mundo, sempre em mudança. As organizações não

governamentais avaliam o impacto e as reacções; como representantes da sociedade civil monitorizam o estado

e sugerem alterações à política a fim de possibilitar um ambiente mais seguro. Se ocorrer uma situação em que

o público em geral sente que o estado é incapaz de cumprir com a sua obrigação de o proteger, a populaça pode

tentar proteger-se a si própria. Uma das principais ocorrências que dão forma à percepção de insegurança por

parte da comunidade, é a violência desnecessária na prática de crimes.

Estas armas sãofáceis de esconder

e podem ser usadassem dar nas vistas,

tornando-as aescolha óbvia para

os criminosos.

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4

Ben Coetzee

Revólveres

• Rossi • Taurus

• Smith & Wesson • Arminius

• Colt • Webley & Scott

• Ruger • Olympic 6

Espingardas, pistolas metralhadoras

e pistolas automáticas

• AK-47 • R4

• FN FAL 7.62 • R5

• UZI • Galil 7.62

• LM4 • LM5

• Simonov • Skorpion

• Heckler & Koch G3

Caçadeiras

• Calibre 12 Baikal

• Calibre 12 Stevens

• Calibre 12 Pietro Beretta

Armas de fabrico caseiro

• Espingardas “Zip”

Calibres

• .308 • .303 MK I & II

• 30.06 • .38 Special

• .375 • .357

• .45 • .22

Similaridade das armas

A similaridade no desenho básico de

armas contribui para a dificuldade

de identificar as diferentes armas de

fogo. Existe uma tal variedade de

armas que se está a tornar cada vez

mais difícil identificar

uma determinada

arma que tenha sido

encontrada. Por

exemplo, a bem

conhecida espingarda

de assalto AK47 tem

sido fabricada como

vários modelos por

vários países. Num

esforço para baixar os

custos de produção

através do uso de

material existente na região, cada

fabricante fez algumas alterações ao

desenho básico da arma, de acordo

com as necessidades, dificultando

ainda mais a identificação.

Características distintivas

AK-472

AK-47s

AK-M

Identificação e registo

São necessários conhecimentos de

especialista para identificar estas

armas; portanto é necessário criar

bases de dados para seguir as pistas

da circulação de armas de fogo

através da região da

África Austral.

Registos deviam ser

mantidos sobre o local

onde cada arma foi

encontrada e

pesquisas deviam ser

feitas no sentido de

determinar o país de

origem. Isto auxiliaria

no processo de se

estabelecer os padrões

de distribuição no

continente Africano. Por exemplo, em

armas como a AK47 e suas variantes,

existem marcas do selector no lado

direito da arma e marcas da fábrica

no lado esquerdo, as quais podem ser

usadas para identificar o país e

origem (a não ser que estas marcas

tenham sido deliberadamente

apagadas pelo país produtor).

Exemplo de identificação

• Identificação fotográfica

Marcas de fábrica (lado esquerdo

da arma)

Marcas do selector (lado direito da

arma)

Num esforço parabaixar os custosde produção ...cada fabricante

fez algumasalterações ao

desenho básicoda arma ...

Page 7: F CUS · parte do mundo, participe na sua continuidade por meio de vários tipos de contribuições. Oferece também uma plataforma sem precedentes para organizações e indivíduos

5

• Marcas conhecidas

Lado esquerdo da arma

Lado direito da arma

Obstáculos na identificação de

armas de fogo

A identificação de armas tem sido

considerada como um grande

desafio para as agências de polícia

na África Austral. Armas que são

recuperadas podem ser de origem

desconhecida e difíceis de

identificar. Armas de fogo utilizadas

em actividades criminosas têm,

muitas vezes, o número de série e

outras marcas de identificação

apagadas numa tentativa de impedir

a identificação da sua origem. Para

fins de identificação, algumas armas

só podem ser agrupadas segundo o

seu calibre. Existem no mundo

vários bancos de dados para fins de

identificação de armas, mas não

consideram as necessidades

específicas da região da África

Austral.

Base de dados para armas africanas

A oficina de trabalho da SARPCCO

(OCCPRAA) sobre a identificação de

armas de fogo e explosivos, afirmou

que é necessário criar uma base de

dados, para fins de identificação,

que inclua as armas que se

encontram na região da África

Austral. Essa base de dados incluiria

fotografias e desenhos das marcas

encontradas nas armas, a fim de

assistir na identificação dos

diferentes tipos de armas. A

importância de uma base de dados

desta natureza incluiria os seguintes

elementos:

• A polícia estaria apta a:

– identificar as armas encontradas

nos seus respectivos países com

maior precisão,

– compartilhar os conhecimentos

com as outras polícias da região;

• Os oficiais dos tribunais teriam

maior facilidade em preparar os

processos onde conhecimentos

especializados são necessários;

• Seriam identificadas as áreas onde

certos tipos de armas são

encontrados;

• As origens das armas encontradas

seriam determinadas com maior

exactidão;

• Seriam compilados registos

completos do armamento

encontrado na região da África

Austral;

• Poderia ocorrer a uniformização da

terminologia global, o que

estimularia o debate sobre a

proliferação de armas de fogo e

outras questões relacionadas;

• Questões de língua e interpretação

podiam ser resolvidas a fim de

uniformizar definições legais; e

• A base de dados também assistiria

os membros da sociedade civil que

se encontram envolvidos na área

da proliferação de armas ligeiras e

armas de pequeno porte, com

conhecimentos sobre armas de

fogo e outros assuntos

relacionados.

Está a ser desenvolvido

presentemente, um protótipo de e

uma tal base de dados e o seu

progresso será actualizado nesta

carta informativa.

Notas

1 Ted Leggett, Os factos por trás dos

números, Estatísticas de crime 2002/3,

Crime Quarterly no 6, Dezembro de 2003,

p 5.

2 Fotografias por cortesia do Serviço de

Polícia Sul Africano. Fotógrafo: Ben

Coetzee

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6

Nelson Alusala

ECOWAS/CEDEAO; Qual o Caminhoa Seguir com a Moratória?

Quando os Chefes de Estado e Governo dos quinze estados membros da Comunidade Económica dos Estados da

África Ocidental (ECOWAS/CEDEAO) se reuniram em Abuja, na Nigéria, em 30 de Outubro de 1998, procuraram

encontrar um compromisso comum de enfrentar o problema da proliferação de armas na África Ocidental.

A cimeira levou à assinatura de uma moratória de três anos na importação, exportação e fabrico de armas ligeiras

na África Ocidental, vulgarmente conhecida como a “Moratória ECOWAS”. A Moratória era renovável por um

período, após a data da sua expiração.

As actividades da Moratória

incluem o estabelecimento de

bases de dados de armas,

campanhas de educação e

informação do público, treino das

forças de segurança, uma revisão da

legislação sobre a copra de armas

ligeiras e a recolha e destruição de

armas. Foi renovada por mais três

anos em 2001, tendo este segundo

período terminado em Outubro de

2004.

Num esforço de reflexão e a fim de

elevar o espírito da Moratória, o

Secretariado da ECOWAS (CEEAO)

realizou um a conferência em Março

de 2004. Esta conferência analisou

vários aspectos da Moratória,

incluindo todos os aspectos

relacionados com armas ligeiras, em

particular os intermediários, que não

tinham sido completamente tratados

no documento original. A

conferência reuniu representantes

de todos os estados membros da

ECOWAS, sociedade civil, doadores

das Nações Unidas, diplomatas e

especialistas.

Duas razões determinaram a

necessidade da realização desta

conferência. Primeiramente, era a

necessidade de transformar a

Moratória num instrumento mais

obrigatório do que uma declaração

política, a qual, no seu formato

actual, é baseada na vontade dos

estados membros. Portanto, dado

que o segundo período da Moratória

termina em Outubro de 2004, torna-

se necessário remodelá-la num

instrumento mais obrigatório e

executório, a fim de poder atingir o

máximo das suas possibilidades.

A segundo objectivo da conferência

de Abuja era recomendar a criação

de um instrumento para substituir a

Moratória, o qual trataria, para além

das questões estipuladas na

Moratória, de outros aspectos das

armas ligeiras e armas de pequeno

porte, incluindo a questão dos

intermediários e a

de uma maior

participação por

parte da sociedade

civil.

Uma análise

consultiva da

Moratória realizada

no Senegal, em

Janeiro de 2003, por

organizações da sociedade civil na

África Ocidental, também comentou

que a eficácia da Moratória tinha

sido significativamente reduzida pela

sua natureza voluntária e pela falta

de um sistema correspondente de

sanções executórias. Esta análise

consultiva também chamou a

atenção para o facto de a natureza

estado-cêntrica da Moratória, não

lhe permitir tratar da questão dos

actores, fora das estruturas do

estado, na região.

As discussões de três dias em Abuja

levaram à formulação de um

comunicado o qual recomendou a

adopção de um plano de acção

operacional para enfrentar a

proliferação de armas ligeiras na

região, sob a direcção de uma

unidade para as armas ligeiras, a ser

estabelecida no secretariado da

ECOWAS. A criação desta unidade

pode significar o fim do Programa

para Coordenação e Assistência para

a Segurança e Desenvolvimento em

África (PCASED/PCASED), o qual está

encarregado dos desafios com a

segurança relacionados

com armas ligeiras e

edificação da paz na

região.

O plano de acção para

o PCASED foi adoptado

em Março de 1999,

durante uma reunião

do Conselho de

Ministros dos Negócios

Estrangeiros da ECOWAS, a qual teve

lugar em Bamako, no Mali. As

prioridades eram a promoção de

uma cultura de paz, treino das forças

armadas e de segurança, reforço do

controlo nas fronteiras,

estabelecimento de um registo para

armas ligeiras, recolha e destruição

de armas, diálogo com os

produtores e fornecedores e armas,

revisão e harmonização das

legislações nacionais, mobilização de

recursos e extensão da Moratória.

... A eficácia daMoratória tinha sidosignificativamentereduzida pela sua

natureza voluntária ea falta de um sistemacorrespondente de

sanções executórias...

Page 9: F CUS · parte do mundo, participe na sua continuidade por meio de vários tipos de contribuições. Oferece também uma plataforma sem precedentes para organizações e indivíduos

7

Zebulon Takwa

A Proliferação de ArmasLigeiras Coloca Desafios

na África Ocidental

Contudo, a implementação destes

objectivos tem tido diferentes

níveis de sucesso.

O comunicado apresentado no final

da conferência de Ajuba, intitulado

“Elementos para o Combate ao

Negócio de Armas Ligeiras e Armas

de Pequeno Porte na África

Ocidental”, estipulou três áreas

prioritárias de acção : legal,

institucional e operacional. Ao

mesmo tempo, o comunicado

recomendou para a Cimeira

seguinte dos Chefes de Estado e

Governos da ECOWAS, a

necessidade de transformar a

Moratória ECOWAS numa

convenção.

Qualquer que seja a direcção que a

Moratória siga, a África Ocidental

observa atentamente, à medida

que a Moratória se transforma

numa organização que irá reduzir a

proliferação de armas na região.

Será que os atributos que os

estados membros da ECOWAS

angariaram, como os iniciadores da

primeira moratória regional, em

todo o mundo, sobre a proliferação

de armas, está em vias de passar a

acções concretas?

Nota Final

1 Os estados membros da ECOWAS e

signatários da Moratória são: Benin,

Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do

Marfim, Gâmbia, Ghana, Guiné, Guiné-

Bissau, Libéria, Mali, Niger, Nigéria,

Senegal, Serra Leoa e Togo.

Durante a maior parte da

história moderna, armas têm

sido utilizadas tradicional-

mente na África Ocidental.

Introduzidas pelos traficantes de

escravos, mercadores coloniais e

exploradores em viagens para o

interior do continente, a arma de

fogo e a pólvora tornaram-se num

símbolo de força e poder. Desde que

o período das guerras para captura

de escravos, conquista e os conflitos

inter-tribais/étnicos deu lugar à

‘modernidade’, as espingardas

passaram a ser armas cerimoniais,

muitas vezes disparadas e

apresentadas durante cerimónias

fúnebres e festivais tradicionais,

entre as tribos e grupos étnicos na

África Ocidental. A grandeza e

heroísmo a nível individual, de clã,

tribal, e étnica, era expressa, por

vezes, por meio de espingardas pois

eram consideradas como um

elemento desencorajante para

agressores e invasores.

Hoje, as espingardas mudaram. São

mais pequenas, sofisticadas e

mortais. O tráfico de armas ilegais

tornou-se num jogo lucrativo e

perigoso, praticado por muitos

partidos na região. Apesar da

existência da Moratória ECOWAS, o

crime armado, violência e conflito,

continuam a ser uma realidade por

toda a África Ocidental. Em vez de

oferecer um enquadramento para

reacção, a Moratória parece ter-se

mantido como uma declaração de

intenções.

Nigéria

A Nigéria, quartel general do

Secretariado da ECOWAS e um

participante importante na sub-

região, tem sido vítima de

assassínios políticos e ataques

armados de alto nível. Em Março de

2004, houve uma vaga de ataques a

governadores estatais, incluindo os

do Estado de Benue e o Estado de

Lagos. Roubos em auto-estradas

A África Ocidental é uma região com um historial de guerras sem sentido que

muitas vezes têm sido dirigidas mais às populações civis do que aos

combatentes. Em Outubro de 1998, os Chefes de Estado e Governos dos 16

estados membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental

(ECOWAS/CEEAO)1, assinaram formalmente a Moratória sobre a importação,

exportação e produção de armas ligeiras e armas de pequeno porte (SALW/

ALAPP). Os Estados Membros da ECOWAS adoptaram um código de conduta,

assim como um plano de acção, para a implementação da Moratória. A criação

de comissões nacionais para a luta contra o negócio e a posse ilegal de armas

ligeiras, estratégias de verificação e a introdução de certificados para os

possuidores de armas, são os pontos altos deste documento.

Este artigo faz uma revisão dos acontecimentos na África Ocidental que

desafiaram a eficácia e relevância da Moratória, no seu objectivo de restringir a

proliferação de armas ligeiras e armas de pequeno porte na região.

Page 10: F CUS · parte do mundo, participe na sua continuidade por meio de vários tipos de contribuições. Oferece também uma plataforma sem precedentes para organizações e indivíduos

8

Zebulon Takwa

também aumentaram nas estradas

principais, com ataques a autocarros

de passageiros e a pilhagem de

dinheiro e mercadorias.

Armas ligeiras são identificadas

como parte integrante do crime e

violência no país.2 Recentemente, o

Inspector Geral da Polícia Nigeriana,

Tafa Balogun, pediu a todos aqueles

que tivessem armas ilegais, para que

as entregassem às autoridades

policiais. Apesar da Nigéria ter

estabelecido uma Comissão

Nacional de Armas Ligeiras, como

requerido pela Moratória, enfrenta

a tarefa enorme de controlar e

reduzir a circulação e

disponibilidade de armas ligeiras no

país.

Conflito na sub-região

Guerras de rebeldes na Serra Leoa,

Libéria e Costa do Marfim, têm

debilitado seriamente o espírito da

Moratória ECOWAS. Armas e

munições têm sido adquiridas tanto

por forças governamentais com por

forças rebeldes,

Charles Taylor, que foi ajudado pelo

falecido presidente Houphouet-

Boigny, da Costa do Marfim, entre

outros, a lançar a sua guerra

revolucionária, forneceu armas e

munições à Frente Unida

Revolucionária (RUF /FUR) na Serra

Leoa. O Burkina Faso tem sido

acusado de fornecer a rebelião na

Costa do Marfim, enquanto o

governo de Laurent Gbagbo, na

Costa do Marfim, é mencionado

como tendo assistido um dos

grupos rebeldes na Libéria, o

Movimento para a Democracia na

Libéria (MODEL).

Na sub-região foram fornecidas

armas à Liberiana Unida para a

Reconciliação e Democracia (LURD),

contra o embargo de armas imposto

pelas Nações Unidas. A continuação

do abastecimento de mais armas e

munições à sub-região, tem

contribuído para os presentes

conflitos nestes países.

Mercenários, traficantes e

saqueadores

Intimamente ligada ao aparecimento

de conflitos na região, está a aliança

entre chefes militares e

mercenários, traficantes e

saqueadores, especialmente nos

países da bacia fluvial do rio Mano,

na África Ocidental. Negociantes de

ouro e diamantes, traficantes de

drogas e mercadores de armas,

parecem prosperar em situações de

confusão e instabilidade. Existe

agora uma rede nesta região da

África Ocidental, com ligações que se

estendem a todo o mundo e que

utiliza mercenários de quase todos

os países da sub-região.3

Um relatório em 2003, publicado na

revista New York Times4, revela como

os traficantes de armas escaparam a

todos os controlos e estabeleceram

um negócio florescente, através de

sistemas operacionais de transporte

clandestino, cheios de canais de

dinheiro, intermediários e vias de

tráfico. Em Junho de 2002, por

exemplo, Victor Bout, natural da

Rússia, foi contactado e ofereceu-se

para fornecer armas à Libéria, em

violação do embargo das Nações

Unidas.5

Peter Landesman, no New York

Times, afirmou que os

contrabandistas utilizam o que

parecem ser actividades em

negócios legítimos, para disfarçarem

o contrabando. Funcionários do

exército e das alfândegas, são

subornados para fazerem de conta

que não vêem e, algumas vezes,

soldados são pagos para agirem

como funcionários de armazém.

Armas têm sido aparentemente

identificadas como ‘mercadorias

perecíveis’; funcionários de linhas

aéreas, são conhecidos por

mudarem de carga durante paragens

para ‘reabastecimento’. Os

pagamentos podem ser feitos através

de companhias fictícias ou por

empresas de carga quase legítimas

ou, simplesmente, por troca directa

com quantidades de diamantes.6

Conclusão

Com a insegurança a aumentar, em

parte devido à má utilização de armas

ligeiras, a procura de armas está

também a aumentar. Como única

resposta sub-regional, a Moratória

precisa de ser revista, e preparado

um documento com mais poderes,

tendo em vista o novo contexto, com

o reaparecimento de novas

realidades. É imperativo que haja

uma acção mais completa e

coordenada para combater a

proliferação de armas ligeiras,

incluindo a identificação, a

perseguição e descoberta. Mais

importante ainda, é fundamental agir

sobre as causas principais do recurso

às armas.

Notas finais

1 A Mauritânia saiu mais tarde para se juntar

aos países do Mageb.

2 O jornal The Guardian de Domingo, 7 de

Março, compilou uma alarmante lista não

exaustiva de assassinatos cometidos na

Nigéria, entre 1999 (um ano depois da

Moratória ter sido assinada) e 2004.

3 Os Ucranianos têm sido citados, em

muitos casos, como sendo contrários ao

negócio ilegal e à rebelião. Alguns deles

trabalharam como mercenários. Fugitivos,

criminosos e soldados exilados do Ghana,

Togo, Gâmbia, Burkina Faso,Libéria, Serra

Leoa, Guiné e Mali, constituem a maior

parte deste soldados da fortuna.

4 www.nytimes.com/2003/08/17magazine/

17BOUT.html? Este artigo dá conta de

como Victor Bout, talvez o maior

negociante de armas em todo o mundo,

opera, quais os seus aliados, as suas

ligações com África, a sua protecção pela

Rússia, e mesmo pelas NU e Governos

Ocidentais, quando se trata de expediente

político. Transportou tropas das Nações

Unidas, via aérea, para Timor Leste e

Somália (e possivelmente Serra Leoa),

transportou de avião 2500 tropas de elite

francesas para o Ruanda, em 1994 e retirou

Mobutu da RD do Congo.

5 Ibid.

6 Ibid

Page 11: F CUS · parte do mundo, participe na sua continuidade por meio de vários tipos de contribuições. Oferece também uma plataforma sem precedentes para organizações e indivíduos

9

Ao criar o comité de

organização da cimeira em

Nairobi, o Ministro Queniano

dos Negócios Estrangeiros, Kalonzo

Musyoka, reiterou o cometimento

do Quénia na erradicação de minas e

armadilhas. “Vamos organizar a

cimeira, como um gesto de

solidariedade para com os povos e

países afectados por minas e

armadilhas em todo o mundo”1

A negociação, com sucesso, do

Tratado sobre a Proibição de Minas

(MBT/TPM) foi elogiada por Annan

como “um marco histórico na

história do desarmamento” e “uma

vitória histórica para os fracos e

vulneráveis do nosso mundo”.2 Foi

desenvolvida e aprovada no período

de um ano a assinada por 122 nações

em Ottava, Canadá, em 3 de

Dezembro de 1997. O Tratado entrou

em vigor a 1 de Março de 1999,

depois do Burkina Faso ter sido o

quadragésimo país a ratificá-lo, em

16 de Setembro de 1998. Faz agora

parte da Lei Internacional e é

considerado um “empreendimento

notável”.3

A partir de Março de 2004, um total

de 141 países são Estados

Signatários do Tratado sobre a

Proibição de Minas.4 Destes países,

50 estão em África. Apenas Marrocos

(um membro suspenso da UA), a

Líbia e o Egipto se mantêm

totalmente fora do tratado. A

Etiópia ainda não ratificou o tratado,

apesar de o ter assinado. Tanto

quanto se pode determinar, o Egipto,

que é afectado por minas, é o único

país Africano que continua a produzir

minas anti-pessoal.

África desempenhou um papel crucial

nas negociações da Convenção e,

hoje, é o continente com o maior

número de estados membros. O

papel pivotal que África

desempenhou, pode ser atribuído ao

facto de ser considerada como o

continente mais fortemente

afectado, em termos de minas e

vítimas.5 Países e áreas afectados por

minas e bombas por explodir

(UXO/BPE) em África, incluem: Argélia,

Angola, Burundi, Chad, República

Democrática do Congo, Djibouti,

Egipto, Eritreia, Etiópia, Guiné- Bissau,

Quénia, Libéria, Líbia, Malawi,

Mauritânia, Marrocos, Moçambique,

Namíbia, Niger, República do Congo,

Rwanda, Senegal, Serra Leoa, Somália,

Somalilândia, Sudão, Suazilândia, Síria,

Tunísia, Uganda, Saara Ocidental,

Zâmbia e Zimbabwe. Nos últimos

anos, foram divulgados acidentes

com minas/UXO nos seguintes países

ou áreas Africanas: Argélia, Angola,

Burundi, Chad, RD do Congo, Egipto,

Eritréia, Etiópia, Guiné-Bissau, Quénia,

Mauritânia, Moçambique, Namíbia,

República do Congo, Ruanda,

Senegal, Somália, Somalilândia, Sudão,

Tunísia, Uganda, Saara Ocidental e

Zimbabwe.

O continente foi também o local de

encontro para a primeira reunião dos

países signatários do Tratado sobre a

Proibição de Minas, quando

Moçambique foi o país anfitrião da

Primeira Reunião dos Países

Signatários (FMSP/PRPS), em Maputo,

de 3 a 7 de Maio de 1999. Participaram

na reunião governos de 108 países,

para além de grande número de

organizações internacionais e não

governamentais.

O Quénia está bem colocado para ser

o anfitrião da Primeira Conferência de

Revisão. Assinou o Tratado sobre a

Proibição de Minas, em 5 de

Dezembro de 1997 e ratificou-o em

23 de Janeiro de 2001. O Quénia não

produziu nem exportou minas.6 O

país está principalmente contaminado

com bombas por explodir (UXO). O

Quénia está presentemente

envolvido, juntamente com o

governo Britânico, em operações de

limpeza.7 O Quénia destruiu todas as

suas reservas de minas anti-pessoal

dois anos antes do prazo que se

estipulara. O país tinha estabelecido

que destruiria todas as suas reservas

de minas até 1 de Julho de 2005.

Completou a destruição de 35.774

minas em Agosto de 2003. O país

manteve 3.000 minas, como permitido

pelo artigo 3 do tratado.8

A necessidade de cortar a proliferação

de minas e armadilhas é um dos

pontos centrais da agenda sobre a

Noel Stott

O Quénia é Anfitrião da Primeira Conferência deRevisão sobre a Situação das Minas e Armadilhas

O Quénia foi escolhido para ser o país hospedeiro da Primeira Conferência de Revisão da Convenção sobre a

Proibição do Uso, Armazenamento, Produção e Transferência de Minas Anti-Pessoal e Sobre a sua Destruição

(Tratado sobre a Proibição de Minas). Terá lugar de 29 de Novembro a 3 de Dezembro de 2004. O Secretário Geral

das Nações Unidas, Kofi Annan, e chefes de estado participarão na “Cimeira de Nairobi de 2004 Sobre um Mundo

Livre de Minas”.

Page 12: F CUS · parte do mundo, participe na sua continuidade por meio de vários tipos de contribuições. Oferece também uma plataforma sem precedentes para organizações e indivíduos

10

Noel Stott

Paz e Segurança da Nova Associação

para o Desenvolvim-wento de África

(NEPAD/NADA). Endossada por todos

os líderes Africanos, na cimeira da

Organização da Unidade Africana

(agora União Africana), em 11 de

Julho de 2001, NEPAD/NADA

reconhece que combater a

proliferação ilícita de armas ligeiras,

armas de pequeno porte e minas e

armadilhas, é uma das pré-condições

importantes necessárias para colocar

os países Africanos, individual e

colectivamente, no caminho do

crescimento e desenvolvimento

sustentáveis.

A conferência de Revisão estudará,

entre outras coisas, o progresso

feito na implementação das

provisões da Convenção, incluindo “a

destruição de todas as minas anti-

pessoal em zonas minadas”;9 “dar

assistência para o tratamento e

reabilitação, reintegração social e

económica das vítimas de minas e

realização de programas de

divulgação sobre minas e

armadilhas”;10 “tomando as medidas

necessárias, legais, administrativas e

outras, incluindo a imposição de

sanções, para evitar e suprimir

qualquer actividade de um Estado

Signatário da Convenção”.11

Os Estados Signatários também

concordaram em nunca, em

circunstância alguma:

• Utilizar minas anti-pessoal;

• Desenvolver, produzir ou adquirir,

armazenar, reter ou transferir para

quem quer que seja, directa ou

indirectamente, minas anti-

pessoal;

• Assistir, encorajar ou induzir, por

qualquer forma, quem quer que

seja, a envolver-se em qualquer

actividade proibida a um Estado

Signatário da Convenção.

A adesão dos estados a estas

obrigações gerais vai também ser

analisada pelos outros estados e

organizações da sociedade civil.

De acordo com a Campanha

Internacional para Banir Minas e

Armadilhas (ICBL/CIBM), o desafio

humanitário e legal que a

comunidade internacional enfrenta,

mantém-se enorme, apesar dos

grandes progressos alcançados na

implementação desta convenção

global única. Quarenta e quatro

países ainda não assinaram o Tratado,

incluindo a China, Rússia, os EUA,

Israel, Índia, Paquistão, ambas as

Coreias, Iraque e Irão.12

Um aspecto ambicioso do Tratado

sobre a Proibição de Minas, foi a

marcação de prazos para a limpeza

de minas. O ano de 2009 foi marcado

como a data pela qual a maior parte

dos campos de minas do mundo

devem ficar desminados. O Comité

Internacional de Cruz Vermelha

(ICRC/CICV) acredita que “o prazo

deve ser mantido como objectivo,

mesmo que não seja possível cumpri-

lo a 100%”. O ICBL calcula que há

entre 15.000 e 20.000 vítimas

anualmente, 25% sendo crianças.

Contudo, tem havido um declínio do

número de acidentes desde o

princípio dos anos 90, quando a acção

humanitária de desminagem acabara

de começar, altura em que o

ICRC/CICV calculou em, pelo menos,

26.000 o número de mortos e

feridos anualmente.13

O ano de 2004 será um

acontecimento importante na vida

do tratado. A Cimeira de 2004

planeará o caminho a seguir para a

implementação total e

universalização do Tratado sobre a

Proibição de Minas.

Notas finais

1 http://www.eastandard.net/headlines/

news05020426.htm.

2 Kofi Annan, Declarações na Cerimónia de

Assinatura, Ottawa, Canadá, 3 de

Dezembro 1997.

3 Campanha Internacional para a Proibição

de Minas Terrestres, Relatório sobre a

Monitorização de Minas Terrestres de

1999: A Caminho de um Mundo Livre de

Minas, Human Rights Watch, Washington,

1999.

4 Para as últimas informações sobre os

países que acederam ao Tratado para a

Proibição de Minas, veja

http://www.icbl.org/ratification.

5 Campanha Internacional para a Proibição

de Minas Terrestres (ICBL/CIPMT),

Relatório sobre a Monitorização de Minas

Terrestres de 1999: A Caminho de um

Mundo Livre de Minas, Human Rights

Watch, Washington, 1999.

6 Campanha Internacional para a Proibição

de Minas Terrestres (ICBL/CIPMT),

Relatório sobre a Monitorização de Minas

Terrestres de 2003: A Caminho de um

Mundo Livre de Minas, Human Rights

Watch, Washington, 2003, p 312.

7 Campanha Internacional para a Proibição

de Minas Terrestres (ICBL/CIPMT),

Relatório sobre a Monitorização de Minas

Terrestres de 2003: A Caminho de um

Mundo Livre de Minas, Human Rights

Watch, Washington,2003, p 313.

8 O artigo 3 afirma que a quantidade de

minas mantidas ‘não deve exceder o

número absolutamente necessário’. Ele

permite aos Estados membros manter

ou transferir um certo número de minas

para o desenvolvimento de, e treino em,

detecção de minas, limpeza de zonas

minadas ou técnicas de destruição de

minas.

9 Artigo 5: destruição de minas anti-

pessoal em zonas minadas.

10 Artigo 6: Cooperação e assistência

internacional.

11 Artigo 9: Medidas de implementação

nacional.

12 Artigo 9: Medidas de implementação

nacional.

13 A longa estrada para um mundo livre de

minas, IRIN 02 de Março de 2004.

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11

Emily Schroeder

O Programa de Acção das NaçõesUnidas sobre Armas Ligeiras em

África: Progresso e OportunidadesO Programa de Acção para Impedir, combater e Irradicar o Negócio Ilegal de Armas Ligeiras e Armas de Pequeno

Porte (SALW/ALAPP), em todos os seus aspectos (PoA) tem importantes implicações para o continente Africano.

O programa resultou da Conferência da Nações Unidas sobre SALW/ALAPP, em Julho de 2001. O alastramento

de armas ligeiras fez parar o desenvolvimento em África, devido ao aumento da violência criminosa, o colapso

dos serviços de Saúde e educação, o vasto desalojamento de pessoas e o declínio da actividade económica.

O PoA representa um importante passo para a melhoria da cooperação e assistência internacionais sobre

o problema das armas ligeiras.

Em Julho de 2003, as NU

convocaram a Primeira

Reunião Bienal de Estados

(BMS/RBE) para considerar a

implementação do PoA, a nível

nacional, regional e global. Os

Estados Africanos que

apresentaram relatórios à BMS

foram a Argélia, Benin, Burkina

Faso,Burundi, Camarões, Republica

Centro Africana,

Tchad, República do

Congo, Djibuti, Guiné

Equatorial, Gâmbia,

Quénia, Mali,

Marrocos, Niger,

Ruanda, Senegal,

África do Sul e

Uganda. Para além

disto, os estados que

fizeram declarações

durante a reunião

incluíram Botswana,

Gabão, Gana, Nigéria,

Serra Leoa e Togo.1

As questões da marcação e

localização de armas ligeiras, assim

como o diálogo sobre o negócio de

armas, são áreas onde houve

progresso na implementação do

Programa de Acção em África.

Várias áreas foram identificadas

pelos estados Africanos nos seus

relatórios nacionais à BMS 2003,

como necessitando de maior

progresso e assistência.

I. Áreas onde houve progresso no

PoA desde a BMS/RBE de Julho

de 2003

Marcação e localização de armas

ligeiras

Vários estados Africanos estão

preocupados com a

falta de informação

sobre a circulação de

armas ilegais através

das suas fronteiras,

reservas de armas e

fabrico local de armas.

A este respeito, a

questão da marcação

e localização de armas

ligeiras e armas de

pequeno porte, é uma

daquelas em que tem

havido progresso a

nível internacional.

Em 2003, o Grupo de Peritos

Governamentais das NU,

determinou que era possível

começar negociações com vista à

criação de um instrumento

internacional que permitisse aos

Estados identificar e localizar armas

ligeiras ilegais. Como consequência,

a Assembleia Geral estabeleceu, em

2004, um grupo de trabalho com

agenda aberta, a fim de criar um tal

instrumento. O presidente do

grupo de trabalho, Embaixador

Anton Thalmann, da Suíça, foi eleito

a 3 de Fevereiro de 2004. Enquanto

um tratado sobre a marcação e

localização, terá pouco impacto

sobre as armas já em circulação,

será útil para o controlo da

circulação de armas nos futuro. O

grupo de trabalho concordou em

realizar três sessões substantivas,

em Junho de 2004, Fevereiro de

2005 e Junho de 2005. O plano é ter

um tratado pronto para adopção

pela Conferência de 2006 das NU,

sobre Armas Ligeiras.

O negócio de armas ilegais em África

Em 2003, a Assembleia Geral das NU

pediu ao Secretário Geral para

iniciar consultas com os Estados

Membros, no que respeita à sua

opinião sobre o negócio de armas.

Num esforço para contribuir para as

discussões que presentemente têm

lugar em África, O Instituto para

Estudos de Segurança realizou uma

oficina de trabalho, em Março de

2004, sobre a compreensão e

regulamentação do negócio de

armas na África Austral. O objectivo

da oficina de trabalho foi de

recolher recomendações concretas

O objectivo da oficinade trabalho foi de

recolherrecomendações

concretas dos paísesAfricanos que

enfrentam desafiossobre a

regulamentação donegócio de armas...

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12

Emily Schroeder

de países Africanos que enfrentam

desafios sobre a regulamentação do

negócio de armas, que pudessem

ser utilizadas para a criação de um

processo harmonizado Africano que

pudesse regulamentar as

actividades dos negociantes d

armas. A necessidade de controlo

mais eficaz sobre o negócio de

armas é uma questão emergente,

tanto internacionalmente como em

África.2

II. Oportunidades para assistência

O desafio de facilitar a

implementação do Programa de

Acção, está no estabelecimento da

ligação entre os doadores

internacionais e provedores de

vários tipos de assistência e os

países que deles têm necessidade.

Nos Relatórios Nacionais

apresentados pelos países Africanos

à Reunião Bienal de Estados, são

identificadas várias áreas para

assistência internacional, as quais

incluem:

Para melhorar a capacidade:

• Criar estruturas permanentes a

nível nacional para tratar da

questão das armas ligeiras e

armas de pequeno porte

(SALW/ALAPP);

• Criar Agências de Coordenação

Nacionais/Pontos Focais;

• Criar os necessários instrumentos

legais a nível nacional no que

respeita a SALW/ALAPP ilegais

• Recolher a informação existente e

obter dados estatísticos a nível

nacional, com vista à preparação

de uma base de dados

centralizada sobre as armas

ligeiras em armazém e a produção

local de armas;

• Identificação dos armazéns de

armas para fins criminosos; e

• Organizar campanhas de recolha

de armas a nível nacional,

entregas voluntárias e destruição

de armas.

Assistência Técnica:

• Construir a infra-estrutura que

seja necessária para a gestão de

armas em armazém;

• Computadorizar os registos de

SALW/ALAPP mantidas em

armazéns nacionais;

• Obter equipamento de monitoria

para a detecção de armas nas

fronteiras, incluindo

equipamento de vigilância,

incluindo crivos e pesquisadores;

• Comprar veículos e tecnologias

de comunicação para as

fronteiras; e

• Adquirir equipamento para a

destruição de armas ilegais

recolhidas.

Outras áreas de pedido de

assistência incluem:

• Actividades de divulgação ao

público para promover o

desarmamento voluntário e a

importância da destruição de

armas ligeiras;

• Assistência financeira para levar a

cabo o projecto Armas por

Projectos de Desenvolvimento;

• Desarmamento pós conflito,

actividades de desmobilização e

reintegração, incluindo a

reintegração da juventude e o

financiamento de programas de

desarmamento;

• Reforma do sector da segurança;

e

• Aumento da cooperação entre o

elemento civil e o militar da

população.

A próxima Reunião Bienal de

Estados sobre a Implementação do

Programa de Acção, terá lugar nas

Nações Unidas, em 2005, sendo a

primeira conferência de revisão em

2006.

Notas finais

1 http://disarmament.un.org/small-arms -

8 March 2004: 14:00

2 www.smallrmsnet.org 8 March 2004 –

14:30

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13

Nelson Alusala

Desarmamento Prático: Começandoa Identificar a Melhor Prática?

“Desarmamento prático” e “micro desarmamento” são duas expressões usadas com frequência como referência a

programas cujo objectivo é a remoção de armas ligeiras de uma sociedade através da sua recolha e destruição. No

Suplemento de uma Agenda para a Paz, o anterior Secretário Geral das Nações Unidas, Boutros Boutros-Ghali,

utilizou o termo “micro desarmamento” para se referir a armas ligeiras que eram utilizadas normalmente em

conflitos de que as NU trataram nos anos 90.1

AAssembleia Geral das NU

substituiu o “micro

desarmamento” por

“desarmamento prático” e,

simultaneamente, alargou o seu

significado para incluir uma gama

mais vasta de medidas, tais como

a recolha, controlo e destruição de

armas ligeiras e armas de pequeno

porte, medidas para

melhoramento da confiança,

desmobilização e reintegração de

antigos combatentes,

desminagem e conversão. O

Desarmamento prático está a ser,

cada vez mais, um componente

formal dos mandatos das missões

de paz, como já foi no caso da

Nicarágua, El Salvador, Libéria,

Serra Leoa e Macedónia.2

Cenários de desarmamento pós

conflito

Uma sociedade acabada de sair de

um conflito apresenta certas

características. Entre elas contam-

se os mecanismos enfraquecidos

da segurança do estado, os quais

não conseguem manter a lei e a

ordem na sociedade em geral. Do

mesmo modo, tal sociedade não

dispõe de mecanismos para

controlar a proliferação ilegal de

armas. Os cidadãos, ainda incertos

quanto à sua segurança, tendem a

adquirir armas ou a manterem as

que têm por uma questão de auto

protecção. Tal fenómeno pode levar

a um acréscimo descontrolado na

aquisição de armas. Isto explica as

constatações de um estudo

realizado pelo Comité Internacional

da Cruz Vermelha (ICRC/CICV) no

oeste do Camboja, no qual foi

estabelecido que os ferimentos em

pessoas tratadas, devido a acidentes

com armas de fogo, representavam

147 casos por 100.000 pessoas,

pouco tempo antes da assinatura

do acordo de paz, em 1991. Durante

o período de transição, sob o

controlo dos agentes de paz das

NU, este número

diminuiu para 71

casos por 100.000

habitantes. Cinco

meses depois das NU

terem saído, sem

terem conseguido

desarmar

completamente a

população, o número

tinha aumentado para

163 casos por 100.000

pessoas.3

A cessação formal das hostilidades

não significa, portanto, o fim

imediato da violência, a não ser que

os factores alimentando a procura

de armas sejam eficazmente

resolvidos. Quando um acordo de

paz é atingido, assinalando o fim de

um conflito, ocorre imediatamente

a seguir um período de

insegurança. Toda a gente espera

uma mudança. Este período de

transição pode ser marcado por

acontecimentos importantes,

incluindo o início do

desarmamento voluntário por

parte dos antigos beligerantes.

Consequentemente, à medida que

a situação passa de guerra para

paz, a situação da segurança em

geral não necessita dos largos

contingentes de forças militares

que estavam envolvidas

anteriormente. Isto

acontece, muitas

vezes, bastante

tempo antes de as

instituições de

segurança interna ( o

sector da segurança)4

estarem organizadas,

treinadas e equipadas

para tomarem conta

das responsabilidades

da segurança. Os

esforços no seio das

forças militares

(agentes de paz), à medida que se

adaptam aos seus papéis e níveis

de força na situação de segurança

em mudança, em conjunto com a

incapacidade das forças de

segurança interna de assumirem

maiores responsabilidades, cria

uma falha na segurança.5

Os esforços no seio

das forças militares...

à medida que se

adaptam aos seus

papéis e níveis de

força na situação de

segurança em

mudança ... cria uma

falha na segurança...

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14

Nelson Alusala

A recolha de armas,

imediatamente após o fim da

guerra, é uma prioridade. Isto

porque, se as armas são deixadas

em circulação, o desenvolvimento

e a assistência humanitária serão

retardados devido a incidentes de

violência armada. É, portanto,

aconselhável que os programas de

recolha de armas em cooperação

com a reforma do sector da

segurança, medidas de

reconstrução da paz e de

reconciliação, por forma a resolver

os problemas associados com as

armas ligeiras.

A recolha de armas não tem lugar

apenas em casos de pós conflito,

mas também em comunidades

afectadas pelo crime violento. O

objectivo é melhorar a segurança

pública através da remoção

indirecta de armas, elevando os

conhecimentos sobre os perigos

relacionados com a posse de

armas. Em tais casos, as

autoridades podem encorajar as

pessoas a entregarem as armas

em troca de alguma compensação,

incluindo estímulos legais como

amnistias.6

A recolha de armas como medida

para a prevenção do crime,

ocorreu pela primeira vez em

Filadélfia (EUA), em 1968, e em

Baltimore, seis anos mais tarde,

por meio de um programa de

compra, segundo o qual os

cidadãos entregavam as armas de

que já não precisassem, em troca

de dinheiro, certificados para a

compra de mercadorias, estímulos

e doações educacionais.7

De acordo com o Inquérito sobre

Armas Ligeiras de 2002, a recolha

de armas pode, portanto, ter

lugar como parte de um acordo

formal de paz ou como medida

pós conflito para a edificação da

paz. O primeiro é muitas vezes

referido como o programa da fase

I, ou desarmamento por comando,

enquanto o segundo, também

chamado programa da fase II, é o

desarmamento voluntário.

O Inquérito continua, explicando

que em muitos casos, o programa

de desarmamento da fase I, faz

parte integral de um programa de

desarmamento, desmobilização e

reintegração (DDR) que é

geralmente inspeccionado por

forças de paz e observadores

internacionais. Durante o processo,

os grupos a desarmar (1podem ser

milícias, rebeldes ou beligerantes),

podem ter um prazo para

entregarem as armas, passado o

qual, os que ainda tiverem armas

em seu poder, serão desarmados

pela força. Isto acontece muitas

vezes quando missões de paz das

NU operam sob mandato do

Capítulo VII. O maior objectivo do

desarmamento fase I é criar

estabilidade, evitando que a

sociedade volte a cair na violência.

O desarmamento fase I tem

usualmente uma certa duração,

como especificado no mandato

dos agentes de paz. Isto limita o

processo, a ponto de não ser

conclusivo, dado que os

portadores de armas podem não

estar completamente convencidos

da durabilidade da paz. Assim, no

fim do mandato dos agentes de

paz e depois da sua partida, ainda

existem armas no seio da

sociedade. Daí a necessidade do

desarmamento fase II, cuja eficácia

depende da boa vontade e

cumprimento por parte do

público. Esta fase é principalmente

voluntária, e depende de até que

ponto os possuidores de armas

pensem se devem mantê-las ou

entregá-las. São aconselháveis

campanhas de divulgação dirigidas

às comunidades que se pretende

atingir.

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15

O desarmamento voluntário e

espontâneo pode começar antes da

conclusão do desarmamento fase I.

Mas devia ser um processo

contínuo e parte de um programa

formal de DDR, mesmo depois da

partida dos agentes de paz.

África foi testemunha de vários

casos de recolha e destruição de

armas. Casos notáveis

incluem a cerimónia

da Chama da Paz, em

1999, no Mali, depois

da assinatura, em

1992 do acordo de paz

entre o governo e a

coligação dos

rebeldes Tuaregues

que lutavam pela

autonomia. A

cerimónia da Chama

da Paz assinalou a

destruição pública de

mais de 3.000 armas

recolhidas entre 1995 e 1996.

Um dos mais bem sucedidos

desarmamentos fase II foi o

projecto Ferramentas por Armas

realizado em Moçambique, entre

1995 e 2000, a seguir ao fim da

guerra entre a Frelimo e a Renamo.

O Conselho Cristão de Moçambique,

em colaboração com o governo e

os antigos combatentes, recolheu e

destruiu cerca de 200.000 armas e

munições. Os possuidores de armas

receberam incentivos tais como

ferramentas agrícolas e outro

equipamento. Após a destruição

das armas, os fragmentos foram

reciclados para produzir

ornamentos e outros objectos de

arte.8

A Operação Rachel, um programa

de destruição de armas lançado em

1995, numa operação conjunta

entre o Serviço de Polícia Sul

Africano e a Polícia da República de

Moçambique, tinha, em 2002,

localizado e destruído mais de 2.200

armas e 1,2 milhões de munições.9

A operação Rachel começou como

um meio de recolher e destruir

depósitos de armas que tinham

sido abandonados depois da

guerra civil em Moçambique.

Contudo, o seu sucesso depende

da forte cooperação com as

comunidades locais que têm

conhecimento dos depósitos de

armas nas suas

zonas.

O programa para

recolha e

confiscação de armas

de 1997, Na

República Central

Africana (CAR/RCA)

foi conduzido sob a

MISAB (Missão

Interafricana para a

observação de

Acordos). Conseguiu

recuperar 95% das

armas pesadas e 62%

das armas ligeiras e armas de

pequeno porte que tinham sido

roubadas dos armeiros do governo

em 1996.10

Contudo, o programa de recolha

de armas da RCA tem sido muito

criticado por ter envolvido apenas

os revoltosos em vez de toda a

gente (combatentes e civis).11 Em

contraste com o programa da RCA,

uma coligação de El Salvadorenhos,

organizações da sociedade civil e

grupos religiosos, reuniram os

seus esforços num programa de

desarmamento fase II sob o nome

de Movimento Patriótico Contra o

Crime, entre 1996 e 1999.12

Uma análise

O presente debate a nível global

centra-se no desarmamento e não

no armamento. Contudo, isto não

significa que os estudos para

investigar os motivos de grupos e

indivíduos para recorrerem às

armas devam ser ignorados. Por

exemplo, estudos de conflito em

países em desenvolvimento

revelaram que, apesar dos países

desenvolvidos continuarem a

utilizar programas de auxílio para

alcançar o desenvolvimento,

relativamente pouco tem sido

conseguido. Em especial, Dumont

denuncia o falhanço das iniciativas

para o desenvolvimento da África

pós colonial, afirmando que o

número de pessoas

desesperadamente pobres se tem

mantido constante, em cerca de

um quinto da raça humana, que

estas pessoas vivem nos limites da

sobrevivência, à mercê dos

cavaleiros do apocalipse cujas

condições de vida (habitação,

saúde e nutrição) são um insulto às

noções de igualdade.13

Kirkby et al14 completam a sua

análise observando que a criação

de armamento mais poderoso, com

maior poder de destruição, torna a

devastação ainda mais mortífera,

acrescentando que, para dezenas,

senão centenas de milhões de

pessoas no Sul, a sobrevivência é

praticamente impossível devido às

guerras. Os autores sublinham que

guerras por procuração entre o

Leste e o Oeste durante a Guerra

Fria, guerras coloniais, pós

coloniais, guerras de recursos

como o conflito do óleo no Médio

Oriente e guerras étnicas como no

Ruanda, continuarão a devastar

área enormes do Sul. Assinalam

que guerras no interior de estados,

como as guerras separatistas na

Etiópia, Nigéria e Sudão,

dominaram as vidas das pessoas

durante os últimos cinquenta anos.

Em face do conflito existente, a

pergunta é: Como pode o

desarmamento ser sustentável?

É recomendada uma mudança na

prática do desarmamento, com

vista a incluir outros processos

como a desmobilização e

Os possuidores dearmas receberam

incentivos tais comoferramentas agrícolase outro equipamento.Após a destruição dasarmas, os fragmentos

foram reciclados eutilizados para

produzir ornamentose outros objectos de

arte...

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16

Nelson Alusala

reintegração, reestruturação de

forças armadas, desenvolvimento

da justiça de transição e

desenvolvimento socio-

económico. Para o desarmamento

ser sustentável, o mundo tem que

mostrar mais acções do que

palavras. O Inquérito Sobre Armas

Ligeiras, 2003, sublinha isto ao

propor que o desarmamento

sustentável requer medidas

preventivas para o controle de

armas, como a limitação do

fornecimento de armas a uma

determinada área, através da

adopção de embargos e

moratórias, melhoria na aplicação

e adopção de legislações que

estabeleçam regras estritas e sem

ambiguidades para a posse e uso

de armas.15

A implementação de iniciativas de

desarmamento sustentáveis

requererá o comprometimento e

esforço de governos, das NU,

doadores e organizações da

sociedade civil em colocarem a paz

acima de tudo.

Notas finais

1 Documento A/50/60 – S/1995/1,

Suplemento a uma Agenda para a Paz:

Tomada de Posição do Secretário Geral

por ocasião do quinquagésimo

aniversário das Nações Unidas, 3 de

Janeiro de 1995, parágrafo 21.

2 Inquérito sobre Armas Ligeiras,

Contando o Custo Humano ( Oxford

Press), 2002, pg286.

3 Comité Internacional da Cruz

Vermelha. Disponibilidade de armas e

a situação dos civis em conflitos

armados, IRRC Relatório sobre a

disponibilidade de armas, Geneva,

1999, pg 13.

4 O termo sector da segurança, ou

estrutura de segurança, é um termo

genérico incluindo todas as

instituições envolvidas em segurança,

como as forças armadas, a polícia e os

serviços secretos.

5 Ver F Scott, “ Reconstruindo melhores

fundações: Segurança na reconstrução

pós conflito”, em

http://www.twq.com/02automn/feil.p

df accessed on 5March 2004-12-02.

6 Inquérito sobre Armas Ligeiras,

Contando o Custo Humano, op. Cit.,

pag 282-3.

7 Ibid, pag 282

8 Ver Conselho Cristão de Moçambique,

Projecto Ferramentas por Armas: Uma

iniciativa do Conselho Cristão de

Moçambique (CCM), em

http://sand.miis.edu/research/1999/Ap

ril1999/projectPDF, accessed on 5

March 2004.

9 Ver FOCUS Boletim Informativo No.2,

Junho de 2002.

10 Ver S Faltas, “Revolta e Desarmamento

na República Central Africana”, em S

Faltas e J di Chiaro III , Gerir os Restos

da Guerra ( Baden –Baden:Nomos

Verlagsgesellschaft, 2001, pag 76 a 96.

11 Ibid

12 Para uma detalhada discussão, ver W H

Godnick, “ O Movimento Patri’otico

contra o Crime de El Salvador (MPCD) –

A décima sétima ronda do programa

de recolha voluntária de armas –

mercadorias por armas.” São Salvador,

El Salvador, julho de 1998.

http://sand.miis.edu/research/1998/jul

1998/elsgoods4guns. PDF, Accessed on

8 March 2004.

13 R Dumont, Falso Começo em África

(London: Earthscan), 1988, citado em J

Kirkby et al., The Earthscan Reader in

Sustainable Development ( London:

Earthscan Publications), 1995, pag 1-14:

2-3.

14 Ibid.

15 Inquérito Sobre Armas Ligeiras,

Desenvolvimento Negado ( Oxford:

Oxford Press), 2003, pag. 309.

Page 19: F CUS · parte do mundo, participe na sua continuidade por meio de vários tipos de contribuições. Oferece também uma plataforma sem precedentes para organizações e indivíduos

Medidas para Controlo de ArmasLigeiras: Actualização

• 11 países no Corno de África e nos Grandes Lagos endossam o protocolo sobre armas

• A Libéria começa o seu programa melhorado de desarmamento

• A Comissão Europeia combate minas e armadilhas

• A África Ocidental procura recolher 8 milhões de armas ilegais na região

• O Conselho de Segurança toma medidas para fortalecer o embargo de armas de oito meses

• A exportação de componentes de armas Britânicas “coloca vidas em risco”

11 países no Corno de África e nos

Grandes Lagos endossam o

protocolo sobre armas

A 22 de Abril, o Protocolo de Nairobi

foi endossado por 11 países das

regiões do Corno de África e dos

Grandes Lagos. Eles são o Quénia,

Tanzânia, Uganda, Burundi, Ruanda,

RDC, Djibuti, Etiópia, Sudão, Eritréia

e Seichelles.

De acordo com o tratado, um

centro sub-regional para armas

ligeiras será estabelecido a fim de

implementar as políticas sobre as

armas.

A Libéria começa o seu programa

melhorado de desarmamento

A 15 de Abril, centenas de

combatentes rebeldes Liberianos

entregaram espingardas, lançadores

de granadas-foguete e outras armas

segundo um melhorado esquema

para desarmar combatentes depois

de quase 14 anos de guerra.

Combatentes do grupo rebelde

Liberianos Unidos para a

Reconciliação e Democracia (LURD)

fizeram bicha para entregarem as

suas armas e receber conselhos em

preparação para a vida civil. Isto

assinalou o início do programa

apoiado pelas NU, na cidade central

de Gbarnga.

A Comissão Europeia combate minas

e armadilhas

Em 25 de Março, a Comissão Europeia

adoptou o seu Programa Anual de

Trabalho para 2004, para minas anti

pessoal com um orçamento de 11,3

milhões de Euros. O objectivo deste

programa é assistir os países

sofrendo as consequências de minas

anti-pessoal a criar as condições

necessárias para o seu

desenvolvimento económico e social.

Os países a que se dirige em 2004

são Moçambique, Sudão, Somália,

Angola, Eritréia, Bósnia Herzegovina,

Kirgistão, Georgia/Abkhazia, Ucrânia,

Tajikistão e Perú/Equador

A África Ocidental procura recolher 8

milhões de armas ilegais na região

A 26 de Março, o bloco económico

regional da África Ocidental começou

a desenvolver um enquadramento

para a recolha de cerca de 8 milhões

de armas ilegais e armas ligeiras em

circulação. Depois de uma

conferência de três dias, na capital

Nigeriana de Abuja, os membros da

Comunidade Económica dos Estados

da África Ocidental publicaram um

comunicado recomendando “ a

adopção de um plano operacional de

acção” para resolver o problema da

proliferação de armas ligeiras na

região.

O Conselho de Segurança toma

medidas para fortalecer o embargo de

armas de oito meses

Em 12 de Março, o Conselho de

Segurança estabeleceu um Comité

para monitorizar o progresso na

implementação do embargo de armas

de oito meses, contra todos os grupos

armados, estrangeiros e Congueses,

que operam no leste da República

Democrática do Congo. O Conselho

também autorizou a missão das NU no

país, a apreender ou recolher e

destruir armas e material relacionado

encontrado, em violação da proibição.

A exportação de componentes de

armas Britânicas “coloca vidas em

risco”

A 15 de Fevereiro, Oxfam, Amnistia

Internacional e IANSA, publicaram um

relatório conjunto intitulado ‘Lock,

Stock and Barrel - Como os

Componentes de Armas Britânicas

Correspondem a Armas Mortíferas’. O

relatório afirma que o controlo

governamental mais fraco sobre as

licenças para exportação de armas está

a “colocar vidas em risco” em alguns

dos regimes mais repressivos do

mundo. Afirma ainda que a atitude do

governo tem, com efeito, permitido

que componentes Britânicos cheguem

a países como o Zimbabwe, Israel,

Indonésia, Colômbia, Nepal e Filipinas.

Page 20: F CUS · parte do mundo, participe na sua continuidade por meio de vários tipos de contribuições. Oferece também uma plataforma sem precedentes para organizações e indivíduos

Novas PublicaçõesLock, Stock and Barrel: How British Arms Components Add up to Deadly

Weapons

IANSA, Oxfam and Amnesty International, February 2004

Small Arms Survey 2004: Rights at Risk

Small Arms Survey, Oxford University Press, 2004

A Step Towards Peace: Disarmament in Africa

Thokozani Thusi & Nelson Alusala, ISS Monograph 98, Institute for Security

Studies, February 2004

Guns in the Borderlands: Reducing the Demand for Small Arms

Taya Weiss, ISS Monograph 95, Institute for Security Studies, January 2004

Qui Arme les Maï-Maï? Enquête sur une Situation Originale

Charles Nasibu Bilali, GROUPE DE RECHERCHE ET D’INFORMATION SUR LA

PAIX ET LA SÉCURITÉ (GRIP), 2004/5

Weapons in Mozambique: Reducing Availability and Demand

Ana Leão, ISS Monograph 94, Institute for Security Studies, January 2004

Guns or Growth? Assessing the Impact of Arms Sales on Sustainable

Development

IANSA, Oxfam & Amnesty International, published in association with

Ploughshares and Saferworld, June 2004

From Protection to Empowerment: Civilians as Stakeholders in the DRC

Vanessa Kent & Angela McIntyre, ISS Monograph 84, Institute for Security

Studies, April 2004

Conversion Survey 2004: Global Disarmament, Demiliterisation and

Demobilization

Bonn International Center for Conversion, Nomos Verlagsgesellschaft

Baden-Baden, 2004

Re-Examining Voluntarism: Youth Combatants in Sierra Leone

Krijn Peters, ISS Monograph 100, Institute for Security Studies, April 2004

União Africana

P O Box 3243

Addis Ababa

Ethiopia

Tel: +251 151 3822

Fax: +251 151 9321

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