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EXTRAÇÃO, PURIFICAÇÃO E PEGLAÇÃO DE LISOZIMA DÉBORA DA SILVA FREITAS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Interunidades em Biotecnologia USP/ InstitutoButantan / IPT, para obtenção do Título de Mestre em Biotecnologia São Paulo 2007

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EXTRAÇÃO, PURIFICAÇÃO E PEGLAÇÃO DE LISOZIMA

DÉBORA DA SILVA FREITAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Interunidades em Biotecnologia USP/ InstitutoButantan / IPT, para obtenção do Título de Mestre em

Biotecnologia

São Paulo 2007

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EXTRAÇÃO, PURIFICAÇÃO E PEGLAÇÃO DE LISOZIMA

DÉBORA DA SILVA FREITAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Interunidades em Biotecnologia USP/ InstitutoButantan / IPT, para obtenção do Título de Mestre em

Biotecnologia

Área de concentração : Biotecnologia

Orientador: Prof. Dr. José Abrahão Neto

São Paulo 2007

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Programa de Pós-Graduação Interunidades em Biotecnologia

Universidade de São Paulo, Instituto Butantan, Instituto de Pesquisas Tecnológicas _______________________________________________________________________________________________________

Candidato(a): Débora da Silva Freitas.

Título da Dissertação: Extração, purificação e peglação de lisozima.

Orientador(a): José Abrahão Neto.

A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa da Dissertação de Mestrado, em

sessão pública realizada a ................./................./................., considerou

( ) Aprovado(a) ( ) Reprovado(a)

Examinador(a): Assinatura: ............................................................................. Nome: ....................................................................................

Instituição: ..............................................................................

Examinador(a): Assinatura: ............................................................................. Nome: ....................................................................................

Instituição: ..............................................................................

Presidente: Assinatura: ............................................................................. Nome: .................................................................................... Instituição: ..............................................................................

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Dedico este trabalho

Aos meus pais

Geraldo de Freitas (in memoriam) e

Terezinha da Silva Freitas meus

exemplos de amor, compreensão e determinação.

Aos meus irmãos

Márcia, Marlice, Nilce, Zípora e Duarsem.

Aos meus queridos sobrinhos

Hugo Marques e Mariana Carolina.

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AGRADECIMENTOS

Obrigada, Deus, pela vida e por seu amparo durante toda a minha caminhada e principalmente

quando houve apenas uma pegada na areia.

Ao orientador Prof. Dr. José Abrahão Neto, que desde o início depositou confiança em meu

potencial como profissional e pela oportunidade do ingresso na Pós-graduação. Obrigada pela

paciência, durante esses anos de trabalho em conjunto.

À Profa. Dra. Soraia Attie Calil Jorge pelas palavras de apoio, incentivo e amizade.

Aos meus amigos, Ruither O. G. Carolino, Álvaro Braga Paiva de Souza, André e Ana

Paula Lopes obrigada pelo companheirismo.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pela concessão da

bolsa de estudos e auxílio ao projeto.

À secretaria da Pós-graduação em Biotecnologia pelo apoio e suporte.

Aos funcionários do Laboratório de Enzimologia da Faculdade de Ciências

Farmacêuticas/USP, obrigada pelo suporte.

Obrigada a todos que de alguma maneira contribuíram para a conclusão dessa etapa de minha

vida.

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“A ciência tem raízes amargas,

porém seus frutos são doces.”

Aristóteles (384-322 a.C.)

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Resumo

FREITAS, D.S. Extração, purificação e peglação de lisozima. 2007. 154f. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia) – Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

Dentre as principais tecnologias surgidas desde 1970, a Biotecnologia tem adquirido

relevância em diversas áreas, inclusive na indústria alimentícia, cosmética e farmacêutica.

Nesse âmbito, uma das técnicas utilizadas que trouxe novas perspectivas para o uso de

proteínas terapêuticas é a “PEGlação” – modificação química de polipeptídeos e proteínas

através da introdução de resíduos de polietilenoglicóis (PEG) modificados – o que permite a

modulação das propriedades físico-químicas, catalíticas e farmacológicas das moléculas

nativas de acordo com a finalidade. A lisozima (LZ) é um importante bactericida natural,

sendo uma enzima (EC 3.2.1.17) de ampla distribuição na natureza, cuja principal fonte de

obtenção é a clara de ovos de aves. Recentemente, a LZ adquiriu destaque como um potencial

fármaco antimicrobiano, devido à necessidade de desenvolvimento de novos agentes que

possam suplantar o crescente aumento na resistência bacteriana aos antibióticos. No presente

trabalho, a LZ foi extraída da clara de ovo de galinha por dois procedimentos: extração por

troca iônica em batelada “batch” com as resinas catiônicas IRC-50; IRP-88, seguida de

ultrafiltração, apresentando um rendimento em torno de 60%. Para verificar os efeitos

decorrentes da “PEGlação”, a LZ foi modificada utilizando três tipos de mPEG:

metoxipolietilenoglicol succinimidil succinato de 2 e 5 kDa (mPEG 2000 e mPEG 5000), e

com metoxipolietilenoglicol p-nitrofenil carbonato (mPEG-pNP) de 5 kDa. A atividade

enzimática da LZ modificada foi determinada sobre os substratos M. lysodeikticus e Glicol

Quitosana. A atividade enzimática sobre Glicol Quitosana não foi alterada em relação à LZ

nativa, enquanto o perfil de atividade sobre M. lysodeikticus foi modificado em função do pH,

apresentando pH ótimo em 6.0 para conjugados LZ-mPEG 2000, LZ-mPEG 5000 e pH ótimo

em 6.0 e 9.0 para o conjugado LZ-mPEG-pNP 5000. A resistência da LZ nativa e de seus

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conjugados à ação de proteases foi determinada e os conjugados obtidos foram mais

resistentes à degradação proteolítica comparado a LZ nativa. Para avaliar a atividade

antimicrobiana da LZ modificada contra bactéria Gram-negativa foi empregada cepa de E.

coli ATCC 29255. O conjugado LZ-mPEG 5000 apresentou maior atividade antimicrobiana

contra E. coli em relação a LZ nativa. Dessa forma, a “PEGlação” da lisozima mostrou-se

interessante, pois a LZ modificada apresentou maior estabilidade à temperatura e pH, sendo

resistente à degradação proteolítica, o que possivelmente pode permitir sua aplicação nas

áreas alimentícia, cosmética e farmacêutica.

Palavras chave: Peglação, lisozima, estabilidade físico-química, atividade antimicrobiana.

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ABSTRACT

FREITAS, D.S. Extraction, purification and pegylation of lysozyme. 2007. 154f. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia) – Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

Amongst the main technologies appeared since 1970, the Biotechnology has obtained

relevance in diverse areas, including the nourishing, cosmetic and pharmaceutical industries.

In this scope, one of the used techniques that brought new perspectives to the therapeutical

protein use is the PEGylation - chemical modification of polypeptides and proteins by means

of the introduction of modified polyethylene glycols (PEG) residues - what allows the

modulation of the physicochemical, catalytic and pharmacological properties of the native

molecules according to the purpose. Lysozyme (LZ) is an important natural bactericidal,

being an enzyme (EC 3.2.1.17) of large distribution in the nature, whose main source of

attainment is the egg-white from birds. Recently, the LZ acquired prominence as a potential

antimicrobial pharmaco, due to the necessity of development of the new agents that could

supplant the growing increase in the bacterial resistance to antibiotics. In the present work, the

LZ was extracted from the hen egg-white by two procedures: extraction by ionic exchange in

batch mode with cationic resins IRC-50; IRP-88, followed by ultrafiltration, presenting an

yield around 60%. In order to verify the PEGylation decurrent effects, the LZ was modified

using three types of mPEG: methoxypolyethyleneglycol succinimidyl succinate of 2 and

5 kDa (mPEG 2000 and mPEG 5000), and with methoxypolyethyleneglycol p-nitrophenyl

carbonate (MPEG-pNP) of 5 kDa. The enzymatic activity of the modified LZ was determined

on the substrates M. lysodeikticus and Glycol Chitosan. The enzymatic activity on Glycol

Chitosan was not modified in relation to the native LZ, whereas the profile of activity on

M. lysodeikticus was modified in function of the pH, presenting optimal pH in 6.0 for

conjugate LZ-mPEG 2000, LZ-mPEG 5000 and optimal pH in 6.0 and 9.0 for conjugate LZ-

mPEG-pNP 5000. The resistance of the native LZ and its conjugates to the protease action

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was so determined and the obtained conjugates showed more resistant to the proteolytic

degradation compared to the native LZ. To evaluate the antimicrobial activity of the LZ

modified against Gram-negative bacterium was used strain of E. coli ATCC 29255. The

conjugate LZ-mPEG 5000 presented major antimicrobial activity against E. coli in relation to

the native LZ. In this way, the lysozyme PEGlyation revealed interesting because the LZ

modified presented a greater stability to temperature and pH, being resistant to the proteolytic

degradation what possibly will allow its application in the food, cosmetic and pharmaceutical

areas.

Key words: Pegylation, lysozyme, physicochemical stability, antimicrobial activity.

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LISTAS DE FIGURAS

Figura 1A – Representação do substrato da lisozima e seu sítio de clivagem................

18

Figura 1B – Mecanismo de hidrólise enzimática da LZ sobre o peptídeoglicano..........

20

Figura 2 – Representação estrutural da nativa lisozima da clara de ovo de galinha......

22

Figura 3 – Comparação entre as estruturas da membrana celular de bactérias Gram-positiva e Gram-negativa................................................................................

28

Figura 4 – Mecanismo proposto para a interação de peptídeos antimicrobiano catiônico com a parede da bactéria Gram-negativa.......................................

30

Figura 5 – Dados de importação e exportação da lisozima e de seu cloridrato por peso líquido (tonelada)..................................................................................

33

Figura 6 – Dados de importação e exportação da lisozima e de seu cloridrato por valores FOB (103 US$)..................................................................................

34

Figura 7 – Principais características da proteína “peglada”............................................

36

Figura 8 – Estrutura tridimensional da lisozima da clara de ovo de galinha..................

40

Figura 9 – Representação esquemática da reação de “PEGlação” de grupos H2N-R com alguns derivados de PEG.........................................................................

41

Figura 10 A – Perfil de atividade (%) de lisozima em diferentes pH (4-12)....................

65

Figura 10 B – Perfil de estabilidade (%) de lisozima em diferentes pH (4-12)................

66

Figura 11 – Curva padrão de concentração molar (M) de sulfato de amônio..................

68

Figura 12 – Perfil Cromatográfico da eluição com gradiente crescente de sulfato de amônio em pH 7.0 com resina IRC-50............................................................

69

Figura 13 – Perfil Cromatográfico da eluição com gradiente crescente de sulfato de amônio em pH 7.0 com resina IRP-88............................................................

70

Figura 14 – Avaliação do perfil de eluição da lisozima das resinas IRC-50 e IRP-88 em função do tempo.....................................................................................

77

Figura 15 – Eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 12% com resinas IRC-50 e IRP-88............................................................................................

81

Figura16 – Eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 12% com resina IRP-88..............................................................................................................

83

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Figura 17 – Caracterização dos conjugados de lisozima modificada com mPEG 5000 por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%.......................

85

Figura 18 – Caracterização dos conjugados de lisozima modificada com mPEG 2000 por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%......................

86

Figura 19 – Caracterização dos conjugados de lisozima modificada com mPEG-pNP 5000 por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%................

87

Figura 20 – Caracterização dos conjugados de lisozima modificada com mPEG 2000 por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%......................

94

Figura 21 – Atividade enzimática residual (%) em função do grau de modificação da LZ com mPEG 5000.....................................................................................

96

Figura 22 – Atividade enzimática residual (%) em função do grau de modificação da LZ com mPEG-pNP 5000..........................................................................

97

Figura 23 – Atividade enzimática residual (%) em função do grau de modificação da LZ com mPEG 5000 ou mPEG-pNP 5000 sobre substrato Glicol Quitosana....................................................................................................

97

Figura 24 – Cinética da reação de “PEGlação” da LZ com mPEG 5000 na ausência de 2-mercaptoetanol acompanhada por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%............................................................................................

101

Figura 25 – Cinética da reação de “PEGlação” da LZ com mPEG 5000 com 2-mercaptoetanol acompanhada por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%................................................................

102

Figura 26 – Cinética da reação de “PEGlação” da LZ com mPEG 2000 acompanhada por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%.........................

102

Figura 27 – Cinética da reação de “PEGlação” da LZ com mPEG-pNP 5000 acompanhada por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%..............................................................................................................

103

Figura 28 – Representação estrutural (a) mPEG succinimidil succinato e (b) mPEG-p nitrofenil carbonato....................................................................................

104

Figura 29 – Cinética da reação de “PEGlação” da LZ com mPEG 5000 acompanhada por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%.........................

107

Figura 30 – Cinética da reação de “PEGlação” da LZ com mPEG 5000 acompanhada por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%........................

107

Figura 31 – Perfil eletroforético em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 12% das frações Obtidas por cromatografia de Gel Filtração da LZ-mPEG 5000 e LZ-mPEG 2000...............................................................................................

109

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Figura 32 – Perfil eletroforético em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 12% das frações obtidas por cromatografia de Gel Filtração da LZ-mPEG-pNP5000.............

110

Figura 33 – Eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 12% dos conjugados obtidos com a modificação da LZ por “PEGlação”.......................................

111

Figura 34 – Efeitos do pH sobre a atividade enzimática (%) da lisozima nativa e de seus derivados.................................................................................................

113

Figura 35 – Perfil de estabilidade em (%) da lisozima nativa e de seus derivados a 25°C.............................................................................................................

119

Figura 36 – Perfil de estabilidade em (%) da lisozima nativa e de seus derivados a 50°C.................................................................................................................

120

Figura 37 – Comportamento da lisozima nativa frente a ação de diferentes proteases......

124

Figura 38 – Comportamento da lisozima nativa e LZ-mPEG 5000 perante a ação de diferentes proteases.........................................................................................

125

Figura 39 – Eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 15% da LZ incubada com diferentes proteases................................................................................

127

Figura 40 – Eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 15% da LZ-mPEG 5000 com diferentes proteases.......................................................................

128

Figura 41 – Estabilidade da lisozima nativa e de seus derivados em soro humano...........

129

Figura 42 – Avaliação da atividade antimicrobiana da Lisozima, LZ–mPEG 5000 comparadas com o controle e mPEG 5000 em relação à UFC / mL...............

130

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Exemplos de proteínas terapêuticas conjugadas ao PEG utilizadas Clinicamente.....................................................................................................

44

Tabela 2 – Proporção mPEG 5000 / lisozima.....................................................................

54

Tabela 3 – Proporção mPEG 2000 / lisozima......................................................................

55

Tabela 4 – Proporção mPEG-pNP 5000 / lisozima............................................................

55

Tabela 5 – Proporção mPEG 2000 / lisozima.....................................................................

56

Tablea 6 – Proporção dos diferentes mPEG/lisozima para verificar a cinética da reação de “PEGlação” da LZ......................................................................................

57

Tabela 7 – Ensaio de atividade antimicrobiana da lisozima nativa e modificada LZ-mPEG 5000.................................................................................................

62

Tabela 8 – Medidas de atividade enzimática, quantidade de proteína, atividade específica, condutividade e concentração de sulfato de amônio das frações do processo de eluição em coluna em pH 7.0 com resina IRC-50.............................................................................................................

69

Tabela 9 – Medidas de atividade enzimática, quantidade de proteína, atividade específica, condutividade e concentração de sulfato de amônio das frações do processo de eluição em coluna em pH 7.0 com resina IRP-88..................

70

Tabela 10 – Eluição em batelada com resina IRC-50............................................................ 73

Tabela 11 – Eluição em batelada com resina IRP-88...........................................................

74

Tabela 12 – Resumo das etapas de purificação da lisozima com as resinas IRC-50 e IRP-88..................................................................................................................

78

Tabela 13 – Resumo das etapas de purificação da lisozima com resina IRP-88....................

82

Tabela 14 – Avaliação da atividade antimicrobiana da lisozima nativa, LZ- mPEG 5000, mPEG 5000 em relação à UFC / mL, Log UFC / mL e colônias sobreviventes (%)...............................................................................................

130

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 1.1 Lisozima da clara de ovo de galinha.................................................................................... 1.1.2 Aplicações da Lisozima.................................................................................................... 1.1.3 Estratégias para ampliar o espectro de ação da Lisozima................................................. 1.1.4 Perfil Mercadológico da Lisozima.................................................................................... 1.2 Modificação química de proteínas com polietilenoglicol (PEG)- “Pegylated proteins”....

1.2.1 Aspectos químicos envolvidos na tecnologia de PEGlação............................................

1.2.2 Propriedades do polietilenoglicol (PEG) ........................................................................ 1.2.3 A química da reação de PEGlação...................................................................................

1.2.4 Caracterização do metoxipolietilenoglicol (mPEG) conjugado....................................... 1.2.5 Propriedades terapêuticas do metoxipolietilenoglicol (mPEG)........................................

17

22

24 26 32

34

37

38

39

42 43

2. OBJETIVOS............................................................................................................................ 2.1 Objetivos Gerais…………………………………………………………………………. 2.2 Objetivos Específicos…………………………………………………………………….

45 45 45

3. MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................................. 3.1 MATERIAIS........................................................................................................................ 3.1.1 Aparelhos......................................................................................................................

46 46 46

3.1.2 Reagentes……………………………………………………………………………..

47

3.2 MÉTODOS.........................................................................................................................

3.2.1 Medida da concentração de proteína pelo método de Bradford..................................

48 48

3.2.2 Ensaios enzimáticos...................................................................................................

48

3.2.3 Eletroforese em gel de poliacrilamida.........................................................................

49

3.2.4 Extração e Purificação de Lisozima............................................................................

51

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3.2.4.1 Resina IRC-50............................................................................................................

51

3.2.4.2 Resina IRP-88.............................................................................................................

52

3.2.4.3 Fluxograma de Extração e Purificação de Lisozima com resinas IRC-50/ IRP-88....

3.2.5 Verificação da influência da proporção mPEG succinimidil succinato 5000,2000Da ou mPEG-p-nitrofenil carbonato 5000 no grau de substituição da lisozima...............

3.2.6 Verificação da influência do tempo no grau de substituição da lisozima utilizando tampão HEPES...............................................................................................................

3.2.7 Isolamento da lisozima modificada................................................................................

3.2.8 Verificação da atividade e da estabilidade biológica da lisozima modificada em

função do pH..................................................................................................................

3.2.9 Verificação da resistência a ação de proteases da lisozima modificada........................

3.2.10 Verificação da estabilidade biológica da lisozima modificada em soro humano..........

3.2.11 Determinação da atividade antimicrobiana da lisozima modificada contra bactéria Gram-negativa E. coli....................................................................................................

53 54 57 58 59 60 61 61

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................................ 4.1 Extração e Purificação de Lisozima................................................................................... 4.2 Efeito da proporção mPEG succinimidil succinato 5000, 2000 Da e mPEG-p- nitrofenil carbonato 5000 no grau de substituição da lisozima...........................................

4.3 Influência do tempo no grau de substituição da lisozima................................................... 4.4 Isolamento da lisozima modificada.....................................................................................

4.5 Verificação da atividade e estabilidade biológica da lisozima modificada em função do

pH........................................................................................................................................ 4.6 Verificação da resistência à ação de proteases da lisozima modificada.............................

4.7 Avaliação da atividade antimicrobiana da lisozima modificada contra bactéria Gram-

negativa E. coli..................................................................................................................

63

63

84 101

108

112 124 130

5. CONCLUSÕES....................................................................................................................... 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................

133 135

ANEXOS...................................................................................................................................... 154

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17

1. INTRODUÇÃO

Desde o início da utilização de métodos científicos, várias substâncias biológicas têm

sido purificadas e caracterizadas, muitas delas com propriedades valiosas para uso

farmacêutico e alimentício. A Lisozima (LZ), por exemplo, foi descoberta em 1921 por

Alexander Fleming que a descreveu como um extraordinário elemento bacteriolítico presente

nos tecidos e secreções. Ele nomeou a nova proteína como Lisozima, devido à sua capacidade

de lisar bactérias (liso) e por sua propriedade catalítica (zima, de enzima). Além disso,

Fleming mostrou que seu próprio muco nasal possuía LZ e que inibia o crescimento de

espécies de Micrococcus, verificando portanto, que a LZ era um antibiótico endógeno (inato).

Ele também verificou que a LZ estava presente na lágrima e que na clara de ovo de galinha,

particularmente, havia elevada quantidade dessa proteína (FLEMING, 1922; JOHNSON;

LARSON, 2005; MERLINI; BELLOTTI, 2005).

A LZ foi a primeira enzima cuja seqüência primária de aminoácidos foi determinada e

também foi a primeira enzima que teve sua estrutura determinada por cristalografia de raios-X

(BLAKE et al., 1965; PHILLIPS, 1966). Sua atividade catalítica foi demonstrada em 1966 por

John Rupley, o qual verificou que a lisozima hidrolisa os polissacarídeos da parede de

bactérias, e o seu mecanismo de ação é um dos mais bem compreendidos. Seu substrato é o

peptídeoglicano bacteriano que é composto por unidades de N-acetilglucosamina (NAG) e

ácido N-acetilmurâmico (NAM) que se alternam sucessivamente. A função do

peptídeoglicano é a proteção da membrana celular, conferindo resistência à pressão osmótica

gerada pelo interior da célula (WANG et al., 2000). A enzima cliva especificamente os

oligossacarídeos de N-acetilglucosamina contendo a ligação glicosídica β(1→ 4), Figura 1A.

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Figura 1A – Representação do substrato da lisozima e seu sítio de clivagem.

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Várias famílias de lisozimas têm sido encontradas, sendo que todas elas possuem em

comum a propriedade de clivar especificamente a ligação glicosídica β(1→ 4) entre o C-1 do

ácido N-acetilmurâmico e o C-4 do N-acetilglusamina do peptídeoglicano, maior componente

da parede das bactérias Gram-positivas, resultando na lise da célula bacteriana

(SALTON,1957; CHIPMAN; SHARON, 1969; JOLLÈS; JOLLÈS, 1984; MASSCHALCK;

MICHIELS, 2003; POOART et al., 2005; ZHAO et al., 2006).

Em relação à atividade catalítica da LZ estudos de cristalografia de raios-X revelaram

que três resíduos contendo grupo carboxil são encontrados numa fenda profunda no interior

da molécula de LZ, seu sítio ativo, onde se situam principalmente, os resíduos de aminoácidos

catalíticos Glutamato 35 (Glu 35) e Aspartato 52 (Asp 52) (MATSUMURA; KIRSCH, 1996).

O sítio ativo da LZ divide a molécula em dois domínios: domínio-α e domínio-β

(IBRAHIM et al., 2001). Segundo estudos do seu mecanismo de ação (Figura 1B) acredita-se

que o Glu 35 protone a extremidade acetal do substrato e o Asp 52 ionize-se negativamente,

estabilizando o carbocátion resultante (QSABA; KUMAR, 1997).

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Figura 1B – Mecanismo de hidrólise enzimática da LZ sobre o peptídeoglicano. Os aminoácidos aspartato 52 (Asp 52) e glutamato 35 (Glu 35) representam o sítio catalítico da enzima.

Embora tradicionalmente associada à clara de ovo de diversas aves, como a clara de

ovo de galinha (BERGQUIST, 1993) a LZ encontra-se amplamente distribuída na natureza,

sendo encontrada em muitas outras fontes incluindo látex do mamão, larvas de inseto, leite

eqüino, plantas e fungos (JOLLES; JOLLES, 1984; TRANDER, 1994; LAKHTIN et al.,

1995; ELAGAMY et al., 1996; LOCKEY; OURTH, 1996; NOPPE et al., 1996;

MASSCHALCK et al., 2001). A LZ também está presente no colostro humano, nos tecidos e

secreções de mamíferos, tais como leite, saliva, muco, sangue e lágrima. Também encontra-se

em altas concentrações em macrófagos, leucócitos, monócitos e neutrófilos. Além disso, a LZ

desempenha um importante papel na resposta imune dos organismos às reações inflamatórias

e infecções (JOHNSON; LARSON, 2005).

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Devido à sua grande diversidade, a LZ (EC 3.2.1.17) está classificada em seis famílias,

sendo que as principais diferenças entre elas estão relacionadas com a estrutura primária

determinada pela composição e seqüência de aminoácidos; propriedades bioquímicas e

antimicrobianas e a seqüência de genes responsáveis pela sua codificação (XUE et al., 2004).

Assim, podemos classificar as lisozimas em: lisozima de galinha ou clássica,

“chicken-type” (C) (CANFIELD, 1963); lisozima de ganso, “goose type” (G)

(GRÜTER et al., 1979; SIMPSON et al., 1980); lisozima bacteriana (autolisinas); lisozima de

bacteriófago T4 “phage-type” (INOUE et al., 1970) e lisozima de plantas (JOLLES, 1996).

Ainda recentemente, foram determinadas lisozima de invertebrados “i-type” como de

moluscos bivalves (BACHALI et al., 2002 OLSEN et al., 2003; TAKESHITA et al., 2003;

ZAVALOVA et al., 2003; BACHALI et al., 2004) e lisozima das secreções de pele de anfíbio

(ZHAO et al., 2006).

A lisozima tipo C tem sido amplamente estudada e várias moléculas estão sendo

purificadas e clonadas (WANG et al., 2005). Há relatos, também, de que a lisozima tipo C, ou

da clara de ovo de galinha, é uma proteína naturalmente encontrada em muitos outros

organismos como: vírus, bactérias, plantas, insetos, répteis, aves e mamíferos (OSMAN et al.,

1995; WANG et al., 2005).

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1.1 Lisozima da clara de ovo de galinha

Aproximadamente 3.5% do total de proteína presente na clara de ovo de galinha

correspondem a lisozima (ALDERTON et al., 1945; YAMAMOTO et al., 1997; SOFOS et

al., 1998; GHOSH; CUI, 2000). A LZ (Figura 2) é uma proteína globular que possui uma

cadeia simples de 129 aminoácidos interligada por quatro pontes dissulfetos (JOLLES et al.,

1963; PHILLIPS, 1966; JOLLES, 1996), possui massa molecular em torno de 14.4 kDa e pI

em torno de 11 (PROCTOR; CUNNINGHAM, 1988; MASSCHALCK; MICHIELS, 2003;

MINE et al., 2004). A atividade enzimática da molécula é perdida se pelo menos duas das

pontes dissulfetos não estiverem intactas, ou se todas estiverem reduzidas (WANG; SHELEF,

1992; PROCTOR; CUNNINGHAM, 1988). A LZ possui ainda um centro hidrofóbico com

cadeias de aminoácidos hidrofílicos na superfície, conferindo estabilidade à molécula

(PROCTOR; CUNNINGHAM, 1988).

Figura 2 – Representação estrutural da lisozima da clara de ovo de galinha (PDB, 1AZF). O esquema demonstra a estrutura dos dois domínios da proteína. O domínio-α (a direita da seta maior) e o domínio-β (a esquerda da seta). O sítio ativo localiza-se na fenda entre os dois domínios (seta). (Adaptado de SETHURAMAN et al., 2004).

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A lisozima é um dos componentes da clara do ovo que há mais tempo vem sendo

comercialmente utilizado. Vários métodos de purificação já foram descritos (MEYER et al.,

1936; ALDERTON et al., 1945). A LZ que é comercializada para uso em alimentos é obtida

com alto rendimento, mas com baixo grau de pureza, utilizando resinas de troca iônica. Sua

alta afinidade por resina catiônica é devido ao seu pI em torno de 11 que lhe confere um

caráter básico e também devido à sua estrutura monomérica (CUNNINGHAM et al., 1991). A

LZ é eluída da resina utilizando NaCl e é recuperada como sal de hidrocloreto. Após a

extração da LZ, a clara de ovo conserva suas propriedades funcionais e nutricionais sendo

utilizada em alimentos. A LZ é geralmente usada como sal de hidrocloreto, o qual é

facilmente solúvel em água e tampões. O cloridrato de lisozima é um pó branco e apresenta

sabor levemente doce (JOHNSON; LARSON, 2005).

Assim, com objetivo de se obter LZ com maior grau de pureza partir da clara de ovo

de galinha, tem-se usado uma combinação de processos convencionais tais como precipitação,

centrifugação e adsorção (IMOTO et al., 1972).

A purificação da LZ por uma ou muitas etapas cromatográficas também tem sido

descrita (MING et al., 1993; AWADÉ et al., 1994; MCCREATH et al., 1997). Além disso,

tem-se discutido, a purificação direta de LZ a partir da clara de ovo usando um sistema

contínuo de contra-corrente, cromatografia de leito expandido (OWEN;CHASE, 1997). Outra

técnica empregada é a ultrafiltração que apresenta alta seletividade no fracionamento das

proteínas. O processo é baseado na porosidade da membrana de ultrafiltração, fornecendo um

produto com alta pureza. É um processo mais facilmente escalonável em comparação a

cromatografia e eletroforese (GHOSH; CUI, 2000).

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1.1.2 Aplicações da Lisozima

Além de ser extensivamente utilizada como modelo para estudos estruturais

(estrutura/atividade) e de estabilidade (KHECHINASHVILI, 1990; MASUMOTO et al.,

2002; ELKORDY et al., 2004; SETHURAMAN et al., 2004; MERLINI; BELLOTTI., 2005),

a LZ apresenta também significativo potencial de uso na indústria alimentícia, farmacêutica e

cosmética (MINE et al., 2004).

A LZ possui várias propriedades bioquímicas desejáveis para uso como conservante

alimentar : é estável sob muitas condições tipicamente encontradas nos alimentos, é altamente

solúvel em meio aquoso (RAZAVI-ROHANI; GRIFFITHS, 1996b), apresenta baixa

toxicidade, especificidade de ação contra bactérias Gram-positiva e fungos, além de

apresentar baixo impacto sobre as qualidades sensoriais dos alimentos (SOFOS et al., 1998).

Numerosas patentes japonesas asseguram o uso da lisozima como conservante em

alimentos como legumes em conserva, carnes, frutos do mar, tofu, queijos, manteiga e

alimentos infantis (CUNNINGHAM et al., 1991; TRANTER, 1994; SOFOS et al., 1998).

No saquê, bebida japonesa, contendo 20% de álcool, a lisozima (10 a 20 µg/mL) foi

estável por 20 semanas a 37 °C (YASHITAKE; SHINICHIRO, 1977), por 1 ano a

temperatura ambiente (UCHIDA et al., 1972), e durante a pasteurização a 65 °C de

1 a 5 horas (UCHIDA et al., 1972, YASHITAKE; SHINICHIRO, 1977). Assim, a lisozima

tem sido empregada no Japão para estender o tempo de prateleira do saquê e do vinho

(TRANTER, 1994; GERBAUX et al., 1997; SOFOS et al., 1998).

Nos EUA também encontramos um número significativo de patentes que asseguram o

uso de lisozima em alimentos. Essas patentes incluem o tratamento de L. monocytogenes com

uso de lisozima em laticínios e carne; LZ e EDTA em frutas e legumes; e combinação nisina e

lisozima como ingredientes ou para aplicar na superfície de alimentos sólidos. Existe uma

outra patente que cobre o uso de lisozima ou sal não tóxico de lisozima juntamente com

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quelantes como EDTA para controlar o crescimento de Clostridium botulinum em alimentos

animais ou frutas e legumes. A LZ adicionada às fórmulas infantis ou ao leite promove o

crescimento de espécies de Lactobacillus e Bifidifobacterium bifidus no intestino de crianças

as quais podem prevenir o crescimento de bactérias nocivas (JOHNSON; LARSON, 2005).

O uso de lisozima na superfície de contato dos alimentos pode prevenir a colonização

de patógenos tais como L. monocytogenes, bem como, outras bactérias que formam biofilme

(BROWER et al., 1998).

A aplicação farmacêutica da LZ está relacionada com a sua capacidade de ser um

efetivo agente imunológico, sendo chamada de “antibiótico endógeno” e utilizada portanto, no

tratamento de infecções bacterianas e virais. Além de ser utilizada no tratamento de resfriados

e preventivo de problemas bucais como periodontite (PROCTOR; CUNNINGHAM, 1988).

Em estudos recentes têm-se verificado a atividade anti-HIV da LZ assim como, RNase

A e RNase U (urinária) que degradam seletivamente o RNA viral, o que abre perspectivas

interessantes no tratamento de infecção por HIV (SAXENA et al., 1996; LEE-HUANG et al.,

1999; STEINRAUF et al., 1999; LEE-HUANG et al., 2005).

A LZ também tem sido empregada como auxiliar de diagnóstico e como marcador em

terapias agudas e crônicas de infecções do trato urinário. A determinação de LZ no fluído

cerebroespinhal e soro sanguíneo é muito útil para diferenciar entre meningite bacteriana da

não bacteriana e infecções em geral (PROCTOR; CUNNINGHAM, 1988).

Uma outra interessante aplicação de LZ é a sua utilização em ensaios

imunoenzimáticos devido à sua alta especificidade em relação ao seu substrato (Micrococcus

lysodeikticus) que confere uma ideal capacidade para medir os níveis de metabólicos de

estradiol ovariano e progesterona na urina (SAID; PIETRO, 2002). Por isso, a LZ tem sido

utilizada em um dispositivo que permite monitoramento do ciclo menstrual feminino

identificando o período fértil (SMALES et al., 1999).

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A LZ pode ser associada a outros antibióticos. Quando associada a certos antibióticos

como amoxicilina, a LZ apresenta um efeito sinérgico, por outro lado, quando associada à

polimixina, neomicina ou canamicina a LZ é inibida. Em produtos cosméticos a LZ tem sido

utilizada em formulações por facilitar a cicatrização de feridas e por prevenir contra infecções

bacterianas. Encontramos também alguns enxaguatórios bucais e dentifrícios que contém LZ

pois, essa enzima atua impedindo a formação de placa dentária, aumentando a defesa das

mucosas (PROCTOR; CUNNINGHAM, 1988).

1.1.3 Estratégias para ampliar o espectro de ação antimicrobiano da Lisozima

Os microrganismos estão co-evoluindo com os humanos e animais e na maioria das

vezes essa relação é simbiótica. Contudo, quando existe uma competição, por exemplo

doenças, tanto os microrganismos como os humanos tem a oportunidade de desenvolver

estratégias de defesa. As bactérias selecionadas apresentam continuamente resistência a

agentes antimicrobianos alcançando níveis alarmantes. Essa situação está sendo considerada

atualmente um dos maiores problemas de saúde pública. Dessa forma, para a segurança de

drogas e sistemas alimentares, existe a profunda necessidade de desenvolver continuamente

novos agentes antimicrobianos (BERNKOP-SCHURCH et al., 1998; IBRAHIM et al., 2002;

MCPHEE; HANCOCK, 2005).

Os principais fatores que devem ser considerados quando selecionamos um antibiótico

incluem: o espectro de ação e as propriedades físico-químicas do composto, além da

segurança e eficácia contra o microrganismo presente. Dificilmente, essas características são

encontradas em um único antibiótico, por isso, a necessidade de novas estratégias para

garantir um bom desempenho dos agentes antimicrobianos (IBRAHIM et al., 2002)

A LZ é uma proteína antimicrobiana que ocorre na natureza e tem sido utilizada

amplamente. Contudo, o mecanismo de ação da LZ é limitado a certas bactérias Gram-

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positivas como Staphylococcus aureus, Micrococcus lysodeikticus, Micrococcus luteus,

Bacilulus cereus, Bacillus stearothermophilus, Clostridium thermosaccarolyticum e

Clostridium tyrobutyricum. Bactérias Gram-negativas, as quais são as responsáveis por um

terço de todas as infecções bacterianas, são resistentes à ação lítica da lisozima (WILD et al.,

1997; PROCTOR; CUNNINGHAM, 1988; MASSCHALCK et al., 2000; IBRAHIM et al.,

2001; IBRAHIM et al., 2002; TOUCH et al., 2003; MASSCHALCK; MICHIELS, 2003;

MINE et al., 2004; BRANEN; DAVIDSON, 2004; XU et al., 2004; VANNINI et al., 2004).

A resistência das bactérias Gram-negativas a ação lítica da LZ ocorre devido à

parede externa dessas bactérias. A camada externa da parede das bactérias Gram-negativas é

formada por uma estrutura membranosa composta por 20% de fosfolipídios, 50% de proteínas

e 30% de lipopolissacarídios (LPS) (COSTERTON, 1974). Portanto, para a LZ atuar com

atividade lítica efetiva contra a bactéria Gram-negativa ela deve atravessar a barreira de LPS,

atingindo a camada de peptídeoglicano que nas bactérias Gram-negativas é menos espessa do

que a camada presente nas bactérias Gram-positivas (Figura 3).

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Figura 3 – Comparação entre as estruturas da membrana celular de bactérias Gram-positiva e Gram-negativa (Adaptado de IBRAHIM et al., 2002).

Assim, apesar desse tópico ser um tanto controverso, vários estudos estão sendo

realizados com o objetivo de se compreender melhor como aumentar a capacidade lítica da

LZ na ação com eficácia sobre a parede de bactérias Gram-negativas .

Membrana externa

Peptídeoglicano

Periplasma

Membrana citoplasmática

(8 nm)

Gram-positiva

PORINA

(8 nm)

Gram-positiva Gram-negativa

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Recentemente, alguns trabalhos demonstraram existência de uma ação antimicrobiana

da LZ por mecanismo não enzimático e/ou lítico. Essa atividade está relacionada com a

existência de peptídeos catiônicos. Os peptídeos catiônicos são um importante componente do

sistema imune inato de uma ampla variedade de plantas, animais e bactérias

(POWERS; HANCOCK, 2003; MCPHEE; HANCOCK, 2005; HUNTER et al., 2005).

O termo peptídeo catiônico antimicrobiano é classicamente aplicado a um peptídeo que

possui uma cadeia com menos de 50 aminoácidos com carga positiva variando de +2 a +10

devido à presença de resíduos de lisina e/ou arginina e uma porção substancial (mais de 50%)

de resíduos hidrofóbicos. Esses peptídeos (Figura 4) podem apresentar atividade

antimicrobiana contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, fungos e protozoários

(POWERS; HANCOCK, 2003). O peptídeo irá adotar uma estrutura anfipática ou anfifílica

em cada solução ou mais tipicamente, quando interage com as membranas celulares. Esse

atributo é considerado crucial para atividade, porque, na maioria dos casos, o peptídeo

catiônico deve interagir com a membrana biológica obrigatoriamente para exercer sua

atividade.

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Figura 4 – Mecanismo proposto para interação de peptídeos catiônicos antimicrobianos com a

parede da célula de bactéria Gram-negativa. Esse mecanismo sugere que a passagem

através da membrana externa da célula ocorra pelo reconhecimento de um promotor

próprio do peptídeo catiônico. De acordo com essa hipótese sugere-se que ocorra

uma interação entre as cargas positivas do peptídeo com as cargas negativas da

superfície da membrana externa da bactéria, neutralizando a superfície externa da

bactéria promovendo assim, formação de fendas, através das quais o peptídeo

atravessa a membrana externa alcançando o citoplasma da célula (Adaptado de

POWERS; HANCOCK, 2003).

Nesse sentido, existem evidências que asseguram a presença de peptídeos catiônicos

nos sistemas de defesa, que agindo sinergisticamente com a LZ são capazes de uma ação

antimicrobiana em modelos animais (HANCOCK; SCOTT, 2000; MASSCHALCK;

MICHIELS, 2003), podendo induzir uma ação bactericida por mecanismo não enzimático

e/ou lítico (MINE et al., 2004).

Além disso, alguns peptídeos catiônicos antimicrobianos estão sendo isolados da própria

LZ. Foi observado por microscopia eletrônica que a LZ de galinha e de bacteriófago T4

contém um domínio, com uma seqüência de peptídeos, que pode ser liberada pela digestão

proteolítica da LZ nativa, a qual é capaz de atravessar a membrana da bactéria Gram-negativa.

Membrana externa

Membrana citoplasmática

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Estudos têm demonstrado que esses peptídeos apresentam acentuada atividade

antibacteriana sobre E. coli e S. aureus, danificando a membrana celular de ambas as espécies

(PELLEGRINI et al., 1997; DURING et al., 1999; IBRAHIM et al., 2001; MINE et al.,

2004). Assim, foi observado também que tanto uma seqüência de 15 aminoácidos (98-112)

isolados da LZ da clara de ovo de galinha, como uma seqüência sintetizada idêntica a esse

peptídeo apresentou atividade antimicrobiana sem apresentar atividade catalítica

(PELLEGRINI et al., 1997). Isso abre possibilidade para que nos próximos anos a engenharia

de proteínas possa levar a otimização de fragmentos de peptídeos como agentes

antimicrobianos (DURING et al., 1999).

Para ampliar a ação bacteriana da LZ em relação a bactérias Gram-negativas e

patógenos de origem alimentar, os pesquisadores estão realizando diversos estudos com a LZ.

Como por exemplo, utilizando-a parcialmente desnaturada, ou mesmo totalmente desnaturada

(IBRAHIM et al., 1996a; IBRAHIM, 1996b); liofilizada e ligada a diferentes e extensas

cadeias de ácidos graxos (IBRAHIM et al.,1991; IBRAHIM et al., 1993; LIU et al., 2000) e,

com a inserção de peptídeos hidrofóbicos ou hidrofílicos no C-terminal da LZ por

modificação genética (IBRAHIM et al., 2001; ARIMA et al., 1997; XU et al., 2004).

Alguns trabalhos demonstraram que certas tentativas de ampliar o efeito antimicrobiano

da LZ, principalmente contra bactérias Gram-negativas, conservam completamente, ou com

uma pequena perda, a atividade da LZ contra bactérias Gram-positivas (MINE et al., 2004).

Além disso, o efeito sinérgico da LZ com outros conservantes, ou associados com outros

procedimentos que envolvem determinadas condições de pH e temperatura , tem resultado em

uma significante melhora no seu espectro de ação. Em muitos casos, a combinação de LZ com

alguns conservantes naturais tais como: nisina, lactoferina, glicina, ácidos orgânicos, tripsina,

aprotinina e gelatina, bem como, alta pressão e eletroporação, tem tido um desempenho

melhor em relação à enzima sozinha (JOHNSON, 1994; HAUBEN, 1996; SOFOS et al.,

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1998; CHUNG; HANCOCK, 2000; MASSCHALCK et al., 2001; LIANG et al., 2002;

MASSCHALCK et al., 2003; MINE et al., 2004).

Outras estratégias que estão sendo aplicadas com a finalidade de aumentar a capacidade

antimicrobiana da LZ envolvem o uso de permeabilizadores de membrana tais como alguns

agentes quelantes como EDTA, que torna suscetível certas bactérias Gram-negativas à ação

da LZ (SAMUELSON et al., 1985); Tratamento de congelamento e descongelamento de

E.coli torna essa bactéria susceptível a LZ. O choque osmótico torna certas bactérias Gram-

negativas, incluindo Salmonella, susceptível a LZ (MINE et al., 2004). A conjugação da LZ

com dextrano tem mostrado aumentar sua atividade contra bactérias Gram-positivas e Gram-

negativas, particularmente se a temperatura está elevada durante o tratamento (NAKAMURA

et al., 1991; NAKAMURA et al., 1992). Além disso, apesar de pouco explorado, existem

alguns estudos que evidenciam o aumento da atividade lítica da LZ após modificação química

com metoxipolietilenoglicol (mPEG) (NODAKE; YAMASAKI, 2000; NODAKE et al.,

2002).

1.1.4 Perfil mercadológico da Lisozima

O mercado mundial de enzimas é superior a cinco bilhões de dólares, desses, dois

bilhões correspondem ao mercado de enzimas industriais (enzimas técnicas, enzimas para

indústrias de alimentos e enzimas para ração animal) e três bilhões o de enzimas especiais

(enzimas terapêuticas, enzimas para diagnósticos e enzimas para química quiral). Por outro

lado, o mercado brasileiro, em 2005, foi avaliado em US$ 147,2 milhões (3% do mercado

internacional), sendo que 20,6 milhões em exportações e 126,6 milhões em importações,

considerando-se enzimas industriais e terapêuticas, medicamentos contendo enzimas e kits de

diagnóstico a base de enzimas. Assim, desse total de US$ 147,2 milhões, 86% correspondem

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à importações, indicando grande desvantagem tecnológica e estratégica do Brasil

(BON, E.P.S., 2006).

Os dados de importação e exportação do mercado externo da enzima antibiótica

Lisozima (NCM é 3507.90.31) fornecidos pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior, apontam majoritariamente para importações em todo o período avaliado.

As quantidades importadas foram aproximadamente estáveis até 2003 (Figuras 5 e 6) entre 2 e

3 ton/ano, decaindo fortemente nos anos seguintes para 1 ton em 2004 e 0,16 ton em 2005,

correspondendo a uma faixa de importação anual entre US$ 141 mil a US$ 214 mil/ano até

2004 e caindo para US$ 26 mil/ano em 2005. Nesse ano, o Brasil importou a enzima

principalmente da Suíça, Alemanha e Itália, a um preço que variou entre US$ 158,00 a

US$ 247,00/kg.

Apesar de não produzir essa enzima, o Brasil exportou o produto para países como

Argentina, Chile e Costa Rica em 2003 e 2004. Não houve exportação para o ano de 2005

(http// www. aliceweb.desenvolvimento.gov.br).

Figura 5 – Dados de importação e exportação da lisozima e de seu cloridrato por

peso líquido (ton).

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34

Figura 6 – Dados de importação e exportação da lisozima e seu cloridrato por valores

FOB (103 US$).

Dessa forma, a determinação de uma metodologia simples e direta capaz de obter

lisozima de uma maneira eficiente, seria uma ferramenta importante, uma vez que essa é uma

enzima de grande interesse econômico, tanto para o mercado interno quanto para o externo.

1.2 Modificação química de proteínas com polietilenoglicol (PEG) -“Pegylated proteins”

O uso de proteínas, enzimas e peptídeos como agentes terapêuticos tem-se expandido

nos últimos anos. Essa nova tendência deve-se principalmente a descoberta de novos

peptídeos e proteínas; ao melhor entendimento dos mecanismos de ação “in vivo”; ao

aperfeiçoamento de técnicas envolvidas na expressão ou síntese de proteínas e peptídeos

semelhantes às proteínas e peptídeos de humanos; e ao desenvolvimento de sistemas de

liberação de proteínas e peptídeos “in vivo”, visando melhorar suas propriedades

farmacocinéticas e farmacodinâmicas (ROBERTS et al., 2002).

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35

Nesse sentido, surgiram estratégias para modificação de proteínas que não afetam

muito a sua atividade e ao mesmo tempo diminuindo ou mesmo suprimindo os problemas

típicos relacionados às proteínas e polipeptídeos terapêuticos. As principais limitações

apresentadas pelas proteínas terapêuticas envolvem o curto tempo de meia vida e sua

imunogenicidade, o que dificultam sua aplicação, principalmente na forma de terapia

injetável. A degradação protéica frente ao pH, temperatura e ação proteolítica associada à

baixa solubilidade, também são sérios fatores limitantes.

Assim, algumas estratégias estão sendo utilizadas para minimizarem esses fatores

limitantes como: a manipulação da seqüência de aminoácidos para diminuir a

imunogenicidade e a degradação proteolítica; fusão ou conjugação de imunoglobulinas e

proteínas do soro sanguíneo, como a albumina; incorporação de veículos para proteção e

liberação controlada; conjugação da proteína a polímeros naturais ou sintéticos; e técnicas

para alterar quimicamente as proteínas através de síntese orgânica (ABUCHOWSKI et al.,

1977a; COHEN et al., 1991; JANECEK, 1993; LYCZAK; MORRISON, 1994; HOLLE,

1997; SYED et al., 1997; MATSUMOTO et al., 1997; LONG; COMBES, 1999;

MOLINEAUX, 2003).

Diante dos bons resultados demonstrados com a aplicação de proteínas modificadas, a

atenção dos pesquisadores voltou-se para a conjugação de proteínas e peptídeos ao polímero

sintético polietilenoglicol (PEG). Atualmente, emprega-se para esses compostos e o

procedimento envolvido o nome de “Pegylated proteins” ou simplesmente peglação

“pegylation” (VERONESE et al., 1984; INADA et., 1994; ZHANG et al., 1999; ROBERTS

et al., 2002; MATSUMOTO et al., 2002; CALCETI; VERONESE, 2003; ZHANG et al.,

2004; HAAG; KRATZ, 2006).

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36

A tecnologia de “PEGylation” pode ser definida como a modificação química de uma

proteína ou peptídeo, por meio de ligação covalente a uma ou mais cadeias de

polietilenoglicol (PEG). As propriedades que a proteína pode obter com a “PEGlação”

(Figura 7) incluem: a diminuição da imunogenicidade e antigenicidade, aumento no tempo de

meia vida, devido à redução da filtração renal e maior estabilidade, por isso, essa técnica

demonstrou resultados importantes para terapias com uso de proteínas, biocatálise orgânica e

uso em diagnósticos (INADA et al., 1994; VERONESE et al., 1996; ROBERTS; HARRIS,

1998; SO et al., 1999; HARRIS et al., 2001; GREENWALD et al., 2003; YANG et al., 2004;

YUN et al., 2005).

Figura 7 – Principais características da proteína “peglada” (adaptado de VERONESE; PAUST, 2005).

Aumento da solubidade devido à hidrofilicidade do

PEG

Diminuição da acessibilidade de

enzimas proteolíticas e

anticorpos

Aumento do tamanho para

reduzir a filtração renal

Proteína

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37

A “PEGlação” teve início no laboratório do Professor Frank Davis na década de 70

(DAVIS, 2002) juntamente com Abuchowsky que modificou a albumina e a catalase

(ABUCHOWSKI et al., 1977a; ABUCHOWSKI et al,. 1977b). Até então, nenhuma enzima

havia sido modificada tão extensamente, mantendo a atividade enzimática. Naquela época, as

proteínas eram consideradas estruturas delicadas e somente modificações suaves e com

produtos de baixo peso molecular poderiam ser empregados (VERONESE; PAUST, 2005).

Desde então, a reação de “PEGlação” como foi inicialmente descrita tem se

desenvolvido e expandido, existindo atualmente uma ampla variedade de métodos químicos e

enzimáticos para conjugação de PEG a proteínas, enzimas ou peptídeos (HERSHFIELD et al.,

1991; MONFARDINI et al., 1995; BENTELEY et al., 1998; LEE et al., 1999; SCHIAVON

et al., 2000; TOPCHIEVA et al., 2000; VERENOSE et al., 2001; LEE et al., 2001;

KINSTLER et al., 2002; SATO, 2002; CAZALIS et al., 2004; GREENWALD et al., 2004;

LELE et al., 2005).

1.2.1 Aspectos químicos envolvidos na tecnologia de PEGlação

As principais variáveis estudadas na obtenção de um derivado protéico complexado ao

polietilenoglicol (PEG) são o grau de substituição nos resíduos dos aminoácidos alvo da

proteína, o comprimento e as características das cadeias de PEG. Assim, o efeito específico da

“PEGlação” sobre as propriedades físico-químicas e biológicas da proteína é determinado

pelas propriedades da proteína, do polímero, bem como, pela estratégia de “PEGlação”

(CALICETE; VERONESE, 2003).

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38

1.2.2 Propriedades do polietilenoglicol - PEG

O PEG é comumente encontrado na forma linear ou poliéter ramificado, com grupos

hidroxil, tendo a seguinte estrutura geral:

HO-(CH2CH2O)n- CH2CH2-OH

O PEG mais utilizado para modificação de proteínas e polipeptídios é o

monometoxipolietilenoglicol, mPEG, que possui a seguinte estrutura geral:

CH3-(CH2CH2O)n- CH2CH2-OH

O PEG é um polímero sintético biocompatível podendo ser utilizado como aditivo de

medicamentos em xaropes, cremes, pomadas, comprimidos e como veículo de produtos

injetáveis, tanto de aplicação intramuscular como endovenosa. O PEG tem sido utilizado em

produtos farmacêuticos desde 1970 quando foi aprovado pelo F.D.A (Food and Drugs

Administration) devido à sua baixa toxicidade. Assim, o PEG não é tóxico com massa

molecular acima de 1.000 Da e polímeros de 4.000 Da ainda são seguros quando

administrados por via endovenosa. Esse polímero pode apresentar vários graus de

polimerização, como por exemplo temos o PEG 80 que é líquido e o PEG 5000 que é sólido

(DUCAN; SPREAFICO, 1994; WORKING et al., 1997).

Comparado com outros polímeros, o PEG apresenta uma estreita faixa de

polidispersão (Mw/Mn) de 1.01 para PEGs com pequena massa molecular (< 5 kDa) e de 1.1

para PEGs com elevada massa molecular (> 50 kDa). Esses valores de polidispersão

garantem uma maior homogeneidade do polímero (ROBERTS et al., 2002).

A mais importante propriedade do PEG é ser anfifílico, ou seja, solúvel em água,

tolueno,1,1,1-tricloroetano e benzeno. Isso permite que o PEG seja empregado na conjugação

de biomoléculas sob condições fisiológicas. Assim, quando o PEG é adequadamente ligado a

uma biomolécula, ele modifica muitas de suas características, enquanto suas principais

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funções biológicas, tais como atividade enzimática ou reconhecimento de receptor são

mantidos. A conjugação ao PEG mascara a superfície das proteínas e aumenta o tamanho

molecular do composto; reduz sua filtragem renal; impede a aproximação de antígenos ou

anticorpos e reduz a degradação da mesma por enzimas proteolíticas. Por fim, o PEG

transfere suas propriedades físico-químicas para moléculas, modificando sua biodistribuição e

solubilidade de drogas peptídicas e não peptídicas. Essas propriedades permitem o surgimento

de novas técnicas na biocatálise e na tecnologia farmacêutica, onde muitas drogas insolúveis

são solubilizadas através da conjugação ao PEG, sendo dessa forma, mais facilmente

administradas (VERONESE et al., 2001).

1.2.3 A química da reação de PEGlação

A maioria das aplicações de conjugação de PEG envolve moléculas lábeis,

consequentemente, essa reação requer condições brandas de temperatura e pH (CALICETI et

al., 1999). Além disso, para conjugarmos o polímero (PEG) a cadeia da molécula de

proteínas, polipeptídios, enzimas ou pequenas moléculas orgânicas, é necessário ativar o PEG

pela preparação de um derivado de PEG que tenha pelo menos um grupo funcional reativo em

sua cadeia. Esse grupo funcional deve atuar como ponto de ligação para a proteína e deve ser

escolhido baseando-se no tipo de ligante que estará disponível na molécula protéica.

Assim, nas proteínas, os aminoácidos tipicamente reativos que se ligam ao mPEG

incluem: lisina, cisteína, treonina, histidina, arginina, ácido aspártico, ácido glutâmico, serina

tirosina, N-terminal e o ácido carboxílico C-terminal. No caso de glicoproteínas, grupos

hidroxil vicinais podem ser oxidados (ROBERTS et al., 2002).

A rota mais comum para a conjugação de PEG às proteínas tem sido ativar o PEG com

grupos funcionais apropriados para reagirem com os radicais de lisinas e N-terminal. Isso

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porque, a lisina é um dos mais prevalentes aminoácidos nas proteínas e pode até superar 10%

de todos os aminoácidos presentes em uma proteína (ROBERTS et al., 2002). Como exemplo,

podemos observar na Figura 8, os resíduos de lisina disponíveis na lisozima de clara de ovo

de galinha para a reação de “PEGlação”.

Figura 8 - Estrutura tridimensional da lisozima da clara de ovo de galinha: representação esquemática

da lisozima em duas diferentes orientações. (A) região correspondente ao sítio catalítico da

lisozima. (B) diferente posição de A, com giro de 180 graus sobre o eixo X. Os resíduos de

lisina (LYS) estão representados em azul; os grupos ε-aminos dos resíduos de lisina estão

em amarelo. Os resíduos catalíticos Glu35 e Asp52 estão representados em verde

(MASUDA et al., 2005).

Portanto, quando temos o PEG eletrofilicamente ativado, a reação de “PEGlação” vai

ocorrer entre o polímero ativado e os aminoácidos com caráter nucleofílico. Nesse caso, é

comum acontecer a substituição de vários resíduos de lisina. Essa heterogeneidade na

substituição dos resíduos de lisinas e a massa molecular do PEG ativo são responsáveis pelas

propriedades físico-químicas e biológicas do conjugado PEG-proteína, pois se o grau de

modificação for alto isso acarreta um aumento no tempo de meia vida e reduz a

antigenicidade da proteína (CLARK et al., 1996).

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41

Os derivados de PEG mais utilizados para reagirem com aminoácidos de lisina e N-

terminal das proteínas estão representados na Figura 9. Eles possuem massa molecular

pequena, suas ligações são instáveis e apresentam pouca seletividade na modificação. Assim,

temos como exemplos de PEG derivados: PEG diclorotriazina; PEG tresilato; PEG

succinimidil carbonato; PEG benzotriazol; PEG p-nitrofenilcarbonato e PEG succinimidil

succinato (VERONESE, 2001; ROBERTS et al., 2002).

Figura 9 – Representação da reação de “PEGlação” de grupos H2N-R com alguns derivados de PEG. (a) ácidos

alquila ativados: compostos altamente reativos em direção ao grupos alcenos. (b1) PEG-p-

nitrofenilcarbonato; (b2) PEG-triclorofenilcarbonato; (c1) PEG-oxicarbonilimidazol e (c2) PEG-

benzotriazol carbonato (Adaptado de VERONESE, 2001).

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42

Assim, com o desenvolvimento da técnica de “PEGlação”, é possível escolher quais

as melhores condições para o procedimento de “PEGlação” e qual PEG deve ser empregado.

Dependendo da escolha do PEG, pode-se realizar uma ligação sítio-específica, com

propriedades mais interessantes para o composto PEG-proteína (HERSHFIELD et al., 1991;

KINSTLER et al., 2001; VERONESE et al., 2001; CAZALIS et al., 2004; NA et al., 2005).

1.2.4 Caracterização do metoxipolietilenoglicol (mPEG) conjugado

O PEG solubilizado é transparente, sem características de fluorescência e não

detectável. Em função disso, muitos métodos estão sendo empregados para a caracterização

do grau de “PEGlação” de proteínas.

A técnica mais utilizada envolve a titulação colorimétrica de grupos amina não

conjugados. Essa técnica, contudo não permite o conhecimento exato dos números de cadeias

poliméricas ligadas ao peptídeo ou à proteína (HABEEB, 1965, BALLICO et al., 2005).

Existem outras técnicas, mas também apresentam algumas limitações como a iodinização

do PEG que é pouco sensível; a cromatografia de gel permeação, que possui o problema da

diferença hidrodinâmica entre o PEG e a proteína tornando-se difícil a caracterização, através

do tempo de retenção no processo cromatográfico; método colorimétrico pelo TNBS

(HABEEB, 1965; COOK et al., 1997) que determina a concentração de grupamentos aminas

livres na proteína e deve ser ajustado à concentração inicial na proteína.

Um método alternativo que tem sido empregado é a espectroscopia de massa, porém,

esse é um teste qualitativo e não indica o grau de substituição. Outros testes utilizados são

eletroforese capilar, cromatografia de alta performance (HPLC) e eletroforese em gel de

poliacrilamida (SDS). Esses métodos, apesar de serem frequentemente utilizados, apresentam

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limitações em relação a carga, massa molecular e a hidrodinâmica da proteína “peglada”

(VERONESE, 2001).

1.2.5. Propriedades terapêuticas do metoxipolietilenoglicol (mPEG)

Devido à série de benefícios que a “PEGlação” assegura às proteínas ou enzimas

como: manter a atividade enzimática; reduzir a imunoreatividade; reduzir a imunogenicidade

e prolongar o tempo de eliminação, várias classes de proteínas terapêuticas como enzimas,

citoquinas e anticorpos estão sendo aplicadas no tratamento de certas doenças com melhor

desempenho após serem “pegladas”.

Além disso, proteínas modificadas também podem ser empregadas associadas com

outros agentes como imunossupressores em transplantes e estão sendo usadas com sucesso

como drogas anti-tumorais devido à ineficiência da quimioterapia e radioterapia tradicionais

as quais são inespecíficas (VERONESE; PAUST, 2005; HAAG; KRATZ, 2006).

Existe uma série de produtos aprovados pelo FDA (Tabela 1), como PEG-

asparaginase (Oncaspar®) disponível no mercado desde 1994 e MacugenTM disponível desde

2004, que demonstra a utilidade da tecnologia de “PEGylation” e sua significativa

contribuição, conferindo um melhor desempenho, viabilizando e ampliando o uso de

peptídeos e proteínas como drogas terapêuticas extremamente importantes.

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Tabela 1 – Exemplos de proteínas terapêuticas conjugadas ao PEG utilizadas clinicamente.

Conjugado de PEG Tipo de “PEGlação” Doenças

Com proteínas

PEG-asparaginase ( Oncaspar®) Aleatória, PEG linear Leucemia linfoblástica aguda

PEG-adenosina deaminase

( Adagen®)

Aleatória, PEG linear Doenças severas associadas à

imunodeficiência (DSCI)

PEG-interferon α2a (Pegasys®) Aleatória, PEG 40 kDa

ramificado

Hepatite C

PEG-interferon α2b (PEG-Intron®) Aleatória, PEG 12 kDa linear Hepatite C e outras tentativas

de aplicação clínica em

Câncer, Esclerose múltipla,

HIV/AIDS.

PEG-G-CSF (Pegfilgrastim,

Neulasra®)

Específica, PEG 20 kDa linear Tratamento de neutropenia

durante quimioterapia

PEG-receptor antagonista do

hormônio de crescimento

(Pegvisomant, Somavert®)

Aleatória, PEG 5 kDa linear

(proteína modificada

geneticamente)

Acromegalia

Com oligonucleotídeos

PEG ramificado-antiVEGF

(Pegaptanib, MacugenTM)

Específica, PEG 40 kDa

ramificado.

Degeneração macular

(relacionada ao

envelhecimento)

(Adaptado de VERONESE; PAUST, 2005).

Assim, como foi descrito anteriormente, devido ao crescente potencial de uso da

lisozima nas áreas farmacêutica, cosmética e de alimentos, pretendemos nesse trabalho

estabelecer uma metodologia de extração e purificação da LZ simples e direta, além de

estudar sua modificação estrutural por “PEGlação” com PEG ativado de diferentes tamanhos

(5000 e 2000 Da), verificando suas propriedades físico-químicas como pH ótimo e

estabilidade da enzima “peglada”.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivos Gerais

• Extrair e purificar a lisozima (LZ) a partir de clara de ovo de galinha, procurando

estabelecer um processo em que a extração seja seletiva.

• Analisar os efeitos decorrentes da “PEGlação” da LZ em relação à manutenção e/ou

alterações de propriedades físico-químicas tais como estabilidade e resistência à ação

de proteases.

2.2 Objetivos Específicos

• Estabelecer metodologia de extração e purificação da LZ em batelada “batch”, com

resinas de troca iônica, seguida por ultrafiltração a partir da clara “in natura”.

• Determinar a influência da proporção mPEG 5000, mPEG 2000, mPEG-pNP 5000/

proteína no grau de substituição e na atividade enzimática da LZ em relação aos

substratos M. lysodeikticus e Glicol Quitosana.

• Estudar a influência do tempo na reação de “PEGlação” da LZ com os diferentes

mPEG succinimidil succinato de 2 e 5 kDa e mPEG p-nitrofenil carbonato de 5 kDa.

• Verificar a atividade e a estabilidade da LZ modificada em diferentes tampões dentro

da faixa de pH de 4.0 a 12.

• Avaliar a estabilidade da LZ modificada perante a ação de diferentes proteases

bacteriana, fúngica, tripsina e quimotripsina, papaína.

• Avaliar a estabilidade da LZ modificada em soro humano.

• Verificar uma possível atividade antimicrobiana da LZ modificada contra bactéria

Gram-negativa E. coli.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Enzimologia do Departamento

de Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas

(FCF/USP).

3.1 MATERIAIS

3.1.1 Aparelhos

As determinações espectrofotométricas foram realizadas em espectrofotômetro

Genesys (modelo 5), acoplado a um banho circulante termostatizado, com uma variação de

temperatura de 1 ºC.

As centrifugações foram realizadas em centrífuga refrigerada Sorvall modelo RC-5C e

U-32 R, Boeco Germany. Quando pequenos volumes de solução foram centrifugados, por

curtos períodos de tempo, foi utilizada uma microcentrífuga Jouan. As determinações de pH

foram realizadas em potenciômetro Radelkis OP-213, munido de microeletrodo. A

condutividade foi determinada pelos condutivímetros CONMET 1 e Digimed DM31.

Na preparação de homogenados foi utilizado um homogeneizador Marconi modelo

T-120. As cromatografias foram realizadas com sistema Econo UV Monitor, Econo Pump

(Bio Rad) acoplado a um coletor de frações ISCO modelo Retriver II. A reação de

“PEGlação” foi realizada em estufa vertical B.O.D. TE (TECNAL).

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3.1.2 Reagentes

Sephadex G-50, misturas de proteína e marcadores de peso molecular foram

fornecidos pela Amershan Pharmacia Biotec, Uppsala, Suécia. Material descartável: as

ponteiras de 10, 100, 200 microlitros, tubos tipo Eppendorf de 1.5; 0.2 ml, tubos de ensaio,

pipetas descartáveis, tubos tipo Falcon de 15 ml e 50 ml, foram obtidos da Labtrad do Brasil.

Placas descartáveis estéries da Bioplass. Membranas de ultrafiltração de porosidade 5 kDa,

30 kDa e 50 kDa NMWL Ultrafree® MC centrifugal da Amicon Biosepartions Millipore.

Membrana de diálise 12-16000 MW da Viskase Corporation. Padrão de massa molecular

(Prestained Protein MW Maker) da Fermentas, GELCODE Blue Stain Reagent da Pierce.

Resinas de troca iônica, cubetas plásticas descartáveis, albumina sérica bovina, lisozima, azul

brilhante G de Coomassie e metoxipolietilenoglicol (mPEG) ativado, Glicol Quitosana foram

fornecidos pela Sigma Chemical Company. Proteomix (quimotripsina, tripsina) da Biobrás;

Protex 6L (protease bacteriana) e Protease fúngica da Genecor International; Neutrase

(protease bacteriana) da Novo Industrial e papaína (Merck). Cepa de Escherichia coli ATCC

25922 e soro humano foram fornecidos pelo Departamento de Análises Clínicas da Faculdade

de Ciências Farmacêuticas FCF/USP. Todos os outros reagentes e solventes da marca Merck,

grau analítico - Quimitra do Brasil, RJ, Brasil.

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3.2 MÉTODOS

3.2.1 Medida da concentração de proteína pelo método de Bradford

A quantificação de proteína foi realizada pelo método de Bradford (BRADFORD,

1976). O procedimento de Bradford é baseado na ligação do corante azul brilhante G-250, à

proteína que causa uma mudança no pico de absorbância do corante de 465 para 595 nm. A

mudança da cor se desenvolve em 2 minutos e se mantém por mais de uma hora. Dessa forma,

foi preparada uma curva padrão de lisozima, a 595 nm em espectrofotômetro. Quantidades

apropriadas das amostras, devidamente diluídas, foram adicionadas a água deionizada mais

200 µL de reagente corante azul brilhante G-250 perfazendo um volume final de 1 mL. Após

20 minutos foi realizada a leitura a 595 nm, e a partir da curva padrão de lisozima

determinou-se à quantidade de proteína presente em cada amostra.

3.2.2 Ensaios Enzimáticos

A medida da atividade enzimática foi determinada a partir do método turbidimétrico

(SHUGAR, 1952) que mede a velocidade de lise da parede das células de Micrococcus

lysodeikticus. Quantidades apropriadas das amostras, devidamente diluídas, foram

adicionadas à cubetas plásticas contendo 1 mL de suspensão de Micrococcus lysodeikticus

(0.5 mg/mL) em tampão fosfato de potássio 100 mM pH 7.0, provocando a lise celular. A

taxa de lise foi acompanhada por espectrofotometria a 450 nm. Uma unidade (UI) é igual ao

decréscimo na absorbância de 0.001 por minuto nas condições do ensaio. A atividade

específica de cada amostra foi calculada a partir do quociente entre as unidades enzimáticas

totais (UI) e a quantidade de proteína (mg). Onde:

Aespecífica = Atividade x 1000_

Massa de Proteína (mg)

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A medida da atividade enzimática da lisozima ou lisozima modificada também foi

determinada sobre o substrato Glicol Quitosana (IMOTO; YAGISHITA, 1971). Para 1 mL de

uma solução 0.05% de Glicol Quitosana em 100 mM de tampão acetato pH 5.5 foi adicionado

100 uL da solução 2 mg/mL de lisozima ou de seus derivados preparados em 100 mM de

tampão acetato pH 5.5. A mistura foi incubada por 30 minutos a 40 °C. Após a reação, foi

adicionado a mistura 2 mL da solução (0.5 g de ferricianeto de potássio em 1L de 0.5 M de

carbonato de sódio) e imediatamente foi aquecida em água fervente durante 15 minutos para

estimar o poder de redução resultante da hidrólise do Glicol Quitosana (foi preparada uma

solução controle, sem enzima, sob as mesmas condições). Em seguida, após serem resfriadas

durante 5 minutos, mediu-se a absorbância das amostras a 420 nm.

3.2.3 Eletroforese em gel de poliacrilamida (Laemmli, 1970)

A eletroforese de proteínas pode fornecer várias informações a respeito de uma amostra,

como estimativa de massa molecular, impurezas de proteínas estranhas e degradação. Muitos

anos após o início de seu uso, o gel de poliacrilamida (PAGE) continua a ser o mais usado

experimentalmente para a análise proteínas puras ou misturas. Embora o gel de duas

dimensões apresente maior resolução, o gel de poliacrilamida unidimensional é o mais

utilizado pois apresenta suficiente resolução para a maioria dos experimentos e apresenta

relativa facilidade e pouca habilidade para seu manuseio.

O suporte utilizado na eletroforese foi o gel de poliacrilamida com dodecil sulfato de

sódio (SDS). Os géis de empilhamento e de corrida foram preparados em tampão Tris-HCl

0.5 M pH 6.8 e em tampão Tris-HCl 1.5 M pH 8.8, respectivamente. Para cada gel utilizou-se

proporções adequadas das soluções : acrilamida 30% N-N-metileno bis-acrilamida 0,8%, SDS

10% e como catalisadores tetrametilenodiamino (Temed C6H16N2) e persulfato de amônio

10%. Os géis foram preparados colocando-se as misturas entre duas placas de vidro, de

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dimensões 8 x 10 cm, separadas por espaçadores de 1,0 mm de espessura e acopladas ao

suporte Mini-Protean® II Dual Slab Cell Bio Rad que contém eletrodos. Os poços, para

aplicação das amostras, foram confeccionados colocando-se um pente entre as placas de

vidro, o qual foi retirado após a polimerização à 37 °C durante 30 minutos. O suporte do

sistema Bio Rad com o gel polimerizado foi transferido para uma cuba de acrílico Mini-

Protean® II Dual Slab Cell Bio Rad, conectada a uma fonte de corrente contínua, com tampão

de corrida Tris-glicina (Bio Rad). As amostras em quantidades (µg) adequadas foram

adicionadas ao tampão de amostra “Sample Buffer” (Bio Rad) com 2-mercaptoetanol, para

reduzir as pontes dissulfeto e denaturá-las com aquecimento em banho de água fervente por 5

minutos, em seguida foram aplicadas no gel. Foi aplicado também no gel o padrão de massa

molecular molecular cujas massas moleculares compreendem: 118 kDa (β-galactosidase),

86 kDa (Albumina), 47 kDa (Ovoalbumina), 34 kDa (Anidrase carbônica),

26 kDa (β-Lactoglobulina) e 19 kDa (Lisozima). A voltagem empregada na eletroforese foi de

150 V por 100 minutos. As vantagens do gel de poliacrilamida são: é quimicamente inerte, é

transparente e estável em amplas faixas de temperatura, força iônica e pH e pode-se alterar a

porosidade do gel.

Revelação do gel com o corante GELCODE Blue Stain Reagent

Após o término da eletroforese o gel foi colocado em solução fixadora por 15

minutos. Após a fixação, o gel foi enxaguado com água por 8 minutos, sendo este

procedimento repetido 4 vezes. Finalmente foi mergulhado em solução corante. Quando as

bandas estão coradas na intensidade desejada, o gel foi colocado em um recipiente com água

para posterior visualização.

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51

3.2.4 Extração e Purificação de Lisozima

3.2.4.1 Resina IRC-50

(a) - Preparação da resina: a resina IRC – 50 foi previamente hidratada por 24 horas

com água destilada. Em seguida, transferiu-se 45 mL da resina para um béquer de 250 mL,

onde foi ativada com 60 ml de HCl 0.5 N sob agitação durante 30 minutos. Após lavagens

sucessivas com água destilada até a neutralização do pH, adicionou-se 100 mL de Tris-HCl

0.5 M, pH 9.0, sob agitação por 30 minutos em temperatura de 8 °C.

(b) - Adsorção da clara à resina: após lavagens sucessivas com água destilada a 8 °C,

foi adicionada à resina, 90 mL de clara de ovos de galinha, previamente passada por peneira,

respeitando a proporção em volume 1:2 (v/v) de resina e clara respectivamente. Essa mistura

permaneceu sob agitação durante 1 hora a 8 °C. Em seguida, a clara sobrenadante foi

removida e a resina lavada com tampão Tris-HCl 50 mM pH 9.0 até a obtenção de uma

solução límpida.

(c) - Eluição: a eluição foi realizada através da adição de 90 mL de sulfato de amônio

1.0 M, sob agitação por 30 minutos a 8 °C. O eluído foi submetido à diálise a 8 oC, para

remoção de sulfato de amônio, em membrana de diálise pré-tratada de 12- 16000 MW por

16 horas na câmara fria a 8 oC sob agitação.

(d) - Ultrafiltração: após diálise a amostra foi submetida à ultrafiltração com

membrana de porosidade 50 kDa NMWL Ultrafree® MC centrifugal e centrifugada a

4000 x g em centrífuga refrigerada (U-32 R) a 5oC por 20 minutos. Obtendo-se, dessa maneira

o ultrafiltrado.

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3.2.4.2 Resina IRP-88

(a) - Preparação da resina: a resina IRP-88 foi previamente hidratada por 24 horas

com água destilada. Em seguida, transferiu-se 40 mL da resina para um béquer de 250 mL,

onde foi lavada e ativada com 80 mL de KCl 0.5 M sob agitação por 30 minutos. Após

lavagens sucessivas com água destilada, mediu-se a condutividade da fase de lavagem com

condutivímetro até atingir 60 µS/cm. Adicionou-se 100 mL de tampão Tris-HCl 0.5 M pH 9.0

a 8 oC, deixando-se sob agitação por 30 minutos a 8 oC.

(b) - Adsorção da clara à resina: após lavagens sucessivas com água destilada a 8 oC,

foi adicionada à resina, 80 mL de clara de ovos de galinha, respeitando a proporção em 1 : 2

(v/v) de resina e clara respectivamente. Essa mistura permaneceu sob agitação durante 1 hora

a 8 °C. Em seguida a clara sobrenadante foi removida e a resina lavada com tampão Tris-HCl

50 mM, pH 9.0 a 8 oC.

(c) - Eluição: a eluição foi realizada através da adição de 90 mL de sulfato de amônio

1.0 M, sob agitação por 30 minutos a 8 °C. O eluído obtido foi submetido ao processo de

concentração com membrana de porosidade 5 kDa sendo adicionada água deionizada, para

remoção de sulfato de amônio. O processo foi realizado em centrífuga refrigerada (Sorvall®

RC5) 10 oC por 2 horas. Em seguida foi realizado o processo de ultrafiltração.

(d) - Ultrafiltração: a amostra concentrada foi ultrafiltrada em membrana de

porosidade 50 kDa NMWL Ultrafree® MC centrifugal, centrifugada a 4000 x g em centrífuga

refrigerada (U-32 R,) a 5oC por 20 minutos A amostra proveniente do processo de

concentração também foi submetida à uma ultraflitração com membrana de porosidade

30 kDa NMWL Ultrafree® MC centrifugal que foi centrifugada a 4000 x g em centrífuga

refrigerada (U-32 R) a 5oC por 20 minutos.

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Clara de ovo

Para ambos procedimentos foram determinados a quantidade de proteína e a atividade

enzimática da clara (extrato bruto) e das amostras obtidas nas fases de eluição e ultrafiltração

como descrito em métodos. As etapas de extração e purificação da lisozima com as resinas

IRC-50; IRP-88 estão representadas no fluxograma a seguir (item 3.2.4.3).

3.2.4.3 Fluxograma de Extração e Purificação de Lisozima com resinas IRC-50 / IRP-88.

(c) Eluição

1.0 M (NH4) 2SO4 a 8 ºC por 30 min.

O eluído foi concentrado com membrana 5 kDa a 10 ºC por 2 horas.

O eluído foi submetido à diálise

(d) Ultrafiltração

(Membranas de 30 kDa ou 50 kDa a 4000 x g a 5 ºC por 20 min.)

Resina IRP-88 (a) Preparação da resina

(b) Adsorção da clara com resina em batelada “batch” sob agitação a 8 ºC por 1hora.

Lisozima purificada

Resina IRC-50 (a) Preparação da resina

(b) Adsorção da clara com resina em

batelada “batch” sob agitação a 8 ºC por 1hora.

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3.2.5 Verificação da influência da proporção mPEG succinimidil succinato 5000, 2000

Da ou mPEG-p-nitrofenil carbonato (mPEG-pNP) 5000 Da no grau de substituição da

lisozima.

Para verificar a influência da proporção em massa mPEG 5000, mPEG 2000 ou

mPEG-pNP 5000 em relação ao grau substituição da lisozima foram preparados tubos de

reações nas proporções propostas segundo a Tabela 2, Tabela 3 e Tabela 4 respectivamente.

Tabela 2 - Proporção mPEG 5000 / lisozima

Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3 Tubo 4 Branco

Tampão (µL ) 486 719 865 930 1000

mPEG 5000 (mL) a 514 281 135 69.8 -

Lisozima (mg) 20 20 20 20 10

mPEG 5000 / lisozima (m/m)b 2 1 0.5 0.25 -

mPEG 5000 / NH2c 0.86 0.43 0.21 0.11 -

a: solução preparada com 81.7 mg de mPEG 5000 e 1 mL tampão fosfato salino pH 7.3.

b: proporção massa / massa

c: proporção molar entre o número de moléculas de mPEG 5000 e o número de amino grupos

disponíveis na enzima para reação. Cada molécula de lisozima possui 7 amino grupos (6 ε-lisinas e

1 N-terminal) disponíveis.

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Tabela 3 - Proporção mPEG 2000 / lisozima

Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3 Tubo 4 Branco

Tampão (µL ) 466 733 866 933 1000

mPEG 2000 (µL) a 534 267 134 67 -

Lisozima (mg) 20 20 20 20 10

mPEG 2000 / lisozima (m/m)b 2 1 0.5 0.25 -

mPEG 2000 / NH2c 2.14 1.11 0.53 0.27 -

a: solução preparada com 75 mg de mPEG 2000 e 1mL de tampão Tris-HCl 100 mM pH 8.6.

b: proporção massa / massa

c: proporção molar entre o número de moléculas de mPEG 2000 e o número de amino grupos disponíveis na

enzima para reação. Cada molécula de lisozima possui 7 amino grupos (6 ε-lisinas e 1 N-terminal) disponíveis.

Tabela 4 - Proporção mPEG-pNP 5000 / lisozima

Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3 Tubo 4 Branco

Tampão (µL ) 466 733 866 933 1000

mPEG-pNP 5000 (µL) a 534 267 134 67 -

Lisozima (mg) 10 10 10 10 10

mPEG-pNP5000/lisozima (m/m)b 2 1 0.5 0.25 -

mPEG-pNP 5000 / NH2c 0.86 0.43 0.21 0.11 -

a: solução preparada com 37.5 mg de mPEG-pNP 5000 e 1mL de tampão Fosfato 100mMpH 8.0.

b: proporção massa / massa.

c: proporção molar entre o número de moléculas de mPEG-pNP 5000 e o número de amino grupos disponíveis na

enzima para reação. Cada molécula de lisozima possui 7 amino grupos (6 ε-lisinas e 1 N-terminal) disponíveis.

Os tubos foram previamente homogeneizados e incubados a 30 °C por 2 horas foram

retiradas alíquotas de 2 µL e adicionadas a 30 µL de Sample Buffer na presença de

2-mercaptoetanol e fervidas por 5 minutos. As amostras foram submetidas à eletroforese em

gel de poliacrilamida (SDS-PAGE) 10%.

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Com o mPEG 2000 o grau de substituição da lisozima também foi determinado como

descrito na Tabela 5.

Tabela 5 - Proporção mPEG 2000 / lisozima

Tubo 1 Tubo 2

Tampão (µL)a 1000 1000

Mpeg 2000 (mg) 5.0 2.5

Lisozima (mg) 20 20

mPEG2000 / lisozima (m/m)b 0.25 0.125

mPEG 2000 / NH2c 0.27 0.134

a: Tampão fosfato salino pH 7.3.

b: proporção massa / massa

c: proporção molar entre o número de moléculas de mPEG 2000 e o

número de amino grupos disponíveis na enzima para reação. Cada

molécula de lisozima possui 7 amino grupos (6 ε-lisinas e 1 N-terminal)

disponíveis.

Os tubos foram previamente homogeneizados e incubados a 30 °C por 2 horas.

De cada tubo de reação, acondicionado em câmara fria, foram retiradas alíquotas de 2 µL nos

tempos 2 , 24 , 48 e 67 horas e adicionadas a 30 µL de “Sample Buffer” na presença de

2-mercaptoetanol e fervidas por 5 minutos. As amostras foram submetidas à eletroforese em

gel de poliacrilamida (SDS-PAGE) 10%.

Para cada uma das razões molares obtidas, com os diferentes mPEG ativados

empregados foi realizada a medida de atividade enzimática como descrito 3.2.2.

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3.2.6 Verificação da influência do tempo no grau de substituição da lisozima utilizando

tampão Hepes pH 7.4.

A cinética da reação de “PEGlação” da LZ com mPEG 5000, 2000 ou mPEG-pNP

5000 foi acompanhada em função do tempo. Intervalos de tempo foram estipulados para

permitir um acompanhamento gradual da substituição dos resíduos de lisinas, α-amino por

cada grupo funcional presente nos mPEG ativados. Portanto, como essa é uma característica

de cada grupo funcional, a reação de “PEGlação” da LZ foi desenvolvida com esses

polímeros, no mesmo intervalo de tempo de 1, 3, 5, 7, 10, 20, 30, 60 e 120 minutos e com a

mesma proporção mPEG/proteína. Assim, o ensaio foi desenvolvido de acordo com a

Tabela 6.

Tabela 6: Proporção dos diferentes mPEG/lisozima para verificar a cinética da reação de “PEGlação” da LZ.

Tubo de

reação

mPEG (µL)a Lisozima

(µL)b

mPEG/lisozima

(m/m)c

mPEG/NH2 d

1

mPEG 5000

200 µL

500 µL

2

0.86

2

mPEG 2000

320 µL

400 µL

0.8

0.86

3

mPEG-pNP 5000

200 µL

500 µL

2

0.86

a: volume de solução dos diferentes mPEG em tampão HEPES 100mM pH 7.4.

b: volume de solução de lisozima em tampão HEPES 100mM pH 7.4.

c: proporção em massa (mg) entre cada tipo de mPEG e a massa (mg) de LZ empregada na reação

d: proporção molar entre o número de moléculas de cada mPEG e o número de amino grupos

disponíveis na enzima para reação. Cada molécula de lisozima possui 7 amino grupos

(6 ε-lisinas e 1 N-terminal) disponíveis.

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A reação de “PEGlação” para os diferentes mPEGs, de acordo com a Tabela 6, foi

conduzida a 30 oC durante 2 horas. Durante esse intervalo de tempo, foram retiradas alíquotas

de 14 µL nos tempos 1, 2, 3, 5, 7,10, 20, 30, 60 e 120 minutos, as quais foram adicionadas a

30 µL de “Sample Buffer” sem 2-mercaptoetanol, fervidas durante 5 minutos e aplicadas em

gel de poliacrilamida 10 %. Para os ensaios realizados com o mPEG 5000 também foram

retiradas alíquotas de 14 µL nos mesmos instantes porém, adicionadas a 30 µL de “Sample

Buffer” acrescidos de 2-mercaptoetanol.

Para verificar se a natureza química do tampão de reação empregado no processo de

“PEGlação” causava alguma interferência na cinética da reação, realizamos o mesmo

procedimento empregado anteriormente com mPEG 5000 de acordo com a Tabela 6, porém

utilizando como tampão de reação o tampão fosfato salino pH 7.3.

3.2.7 Isolamento da lisozima modificada

Em tubos de reação foram colocados 1 mL de solução de lisozima com concentração

de 20 mg / mL em tampão fosfato salino pH 7.3 (INADA et al., 1994) mais 5 mg de mPEG

5000 ou 2.5 mg de mPEG 2000 . Para a reação com mPEG-pNP 5000 foram colocados 1 mL

de solução de lisozima 10 mg/mL em tampão fosfato 100 mM pH 8.0 mais 2.5 mg de

mPEG-pNP 5000. As soluções foram homogeneizadas e colocadas para reagirem por duas

horas a 30 °C e em seguida foram transferidas para câmara resfriada a 8 °C durante 16 horas.

Após a reação, as amostras foram purificadas por cromatografia de Gel Filtração em

uma coluna (1.6 x 37 cm) de Sephadex G-50 a fim de separar a enzima modificada do

eventual excesso de mPEG 5000, mPEG 2000 ou mPEG-pNP 5000 . A coluna foi equilibrada

com tampão fosfato 100 mM pH 7.0 e eluída no mesmo tampão, sendo recolhidas frações em

volumes de 1 mL. Em seguida mediu-se a atividade enzimática (como descrito em 3.2.2) de

cada fração recolhida, sendo que as primeiras frações que apresentaram atividade enzimática,

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59

foram escolhidas para serem submetidas à eletroforese SDS-PAGE. Dessa forma, somente as

frações que correspondiam a 9; 10; 11 e 12 mL do eluído da coluna foram submetidas à

eletroforese (SDS-PAGE) tanto para a LZ-mPEG 2000, LZ-mPEG 5000 quanto para mPEG-

pNP 5000. Para isso, foram retiradas alíquotas de 40 µL de cada fração que foram aplicadas

em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 12%.

Assim, após visualização das bandas, as frações que apresentaram apenas a banda

correspondente a lisozima modificada com uma quantidade mínima de LZ livre foram

“pooled” e concentradas com membranas de porosidade 5 kDa.

3.2.8 Verificação da atividade e da estabilidade biológica da lisozima modificada em

função do pH .

O comportamento da atividade da lisozima nativa ou modificada com mPEG 5000,

mPEG 2000 ou mPEG-pNP 5000 em diferentes tampões, variando o pH de 4 a 12, foi

determinado pela adição de quantidade conveniente de cada amostra a 1 mL de suspensão de

Micrococcus lysodeikticus 0.5 mg /mL preparada nos diferentes tampões (4.0-5.0 acetato 50

mM; 6.0-8.0 Hepes 50 mM e 9.0-12 Tris-HCl 50mM) e imediatamente mediu-se a atividade

enzimática em espectrofotômetro a 450 nm. O pH no qual cada uma das enzimas, lisozima,

LZ-mPEG 5000, LZ-mPEG 2000, LZ-mPEG-pNP 5000 apresentou maior atividade foi

considerado 100%.

A estabilidade foi determinada pela incubação da lisozima nativa, lisozima-mPEG

5000, lisozima-mPEG 2000 e lisozima-mPEG-pNP 5000 nos diferentes tampões (4.0-5.0

acetato 50 mM; 6.0-8.0 Hepes 50 mM e 9.0-12 Tris-HCl 50 mM) por 1 hora a 25 °C ou

50 °C. Ao final desse período foi medida a atividade enzimática das amostras em 1 mL

suspensão de Micrococcus lysodeikticus com concentração de 0.5 mg / mL em tampão fosfato

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50 mM pH 7.0. A taxa de lise foi acompanhada por espectrofotometria a 450 nm. O pH no

qual cada uma das enzimas apresentou maior atividade foi considerado 100%.

3.2.9 Verificação da resistência à ação de proteases da lisozima modificada

Para verificar a ação de proteases sobre a lisozima nativa ou modificada foram

utilizadas 5 enzimas proteolíticas: Proteomix (quimotripsina e tripsina); Protex 6L (protease

bacterina); Neutrase (protease bacteriana); protease fúngica e papaína.

Primeiramente foram adicionados 0.5 UI das diferentes proteases em 100 µL da

solução de lisozima nativa (600 UI), preparada em tampão fosfato 100 mM pH 7.0. O volume

final de cada amostra foi de 1 mL em tampão fosfato 100 mM pH 7.0. As amostras foram

incubadas a 37 °C e foram retiradas alíquotas de 20 µL nos tempos 0, 15, 30, 60 e 120

minutos e mediu-se a atividade enzimática das amostras em 1 mL suspensão de Micrococcus

lysodeikticus com concentração de 0.5 mg / mL em tampão fosfato 50 mM pH 7.0.

Posteriormente, foi utilizado um excesso das diferentes proteases para verificar a

resistência a proteólise da lisozima modificada. Para 100 µL da solução de lisozima nativa

(600 UI) ou 100 µL da lisozima modificada LZ-mPEG 5000 (450 UI), preparadas em tampão

fosfato 100 mM pH 7.0, foram adicionadas 20 UI das diferentes proteases. O volume final de

cada amostra era de 1 mL em tampão fosfato 100 mM pH 7.0 . As amostras foram incubadas

a 37 °C e foram retiradas alíquotas de 20 µL nos tempos 0, 15, 30, 60 e 120 minutos e mediu-

se a atividade enzimática das amostras em 1 mL suspensão de Micrococcus lysodeikticus com

concentração de 0.5 mg / mL em tampão fosfato 50 mM pH 7.0. Foram retiradas de cada uma

das amostras alíquotas para serem aplicadas em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 15%.

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61

3.2.10 Verificação da estabilidade biológica da lisozima modificada em soro humano .

Para verificar a estabilidade biológica da lisozima nativa ou lisozima modificada em

soro humano foram adicionados a 1.5 mL de soro 500 µl de lisozima nativa (3000 UI) ou

500 µL de LZ-mPEG 5000 (2250 UI); 500 µL LZ-mPEG 2000 (2100 UI); 500 µL LZ-

mPEG-pNP 5000 (2350 UI). As amostras foram incubadas a 37 °C e foram retiradas alíquotas

de 50 µl de cada amostra nos intervalos de tempo 0, 15, 30, 60 e 120 minutos, mediu-se a

atividade enzimática das amostras em 1 mL suspensão de Micrococcus lysodeikticus com

concentração de 0.5 mg / mL em tampão fosfato 50 mM pH 7.0.

3.2.11 Determinação da atividade antimicrobiana da lisozima modificada contra

bactéria Gram-negativa E. coli.

Para avaliar a atividade antimicrobiana da lisozima nativa ou modificada LZ-mPEG

5000 contra bactéria Gram-negativa foi usada a cepa de E. coli ATCC 29255. As bactérias

foram mantidas em ¨slants¨ em meio LB, Luria-Broth (SOMASEGRAN et al.,1994). Foram

inoculados 50 µl de E. coli em 100 mL de meio LB e incubou-se a 37° C sob agitação de

150 rpm, “Shaker” (incubador rotativo), TE240 Tecnal por 18horas. Após esse período de

incubação, foram retirados 5 mL e transferidos para mais 100 ml de meio LB que foram

novamente incubados no “Shaker” a 37 °C e 150 rpm. O crescimento microbiano foi

acompanhado através da D.O. a 600 nm com espectrofotômetro. Após ter atingindo a fase

logarítmica de crescimento foi retirado 1 mL da suspensão de células. A suspensão de células

foi centrifugada em microcentrífuga, a 6000 rpm por 5 minutos. Em seguida as células foram

ressuspendidas em solução fisiológica tamponada e realizaram-se diluições seriadas até

105 células / ml em tampão fosfato 50 mM pH 7.0.

O ensaio de atividade antimicrobiana foi realizado essencialmente como descrito por

NODAKE et al. (2002), segundo a Tabela 7.

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62

Tabela 7 – Ensaio de atividade antimicrobiana da lisozima nativa e modificada

LZ-mPEG 5000

Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3 Controle

150 µl 105 cél. /mL 150 µl 105 cél. / mL 150 µl 105 cél. / mL 150 µl 105 cél. / mL

500 µl lisozima-mPEG 5000a 500 µl lisozimab 500 µl mPEG 5000c 500 µl tampãod

a:solução lisozima modificada com mPEG 5000 em tampão fosfato 100 mM pH 7.0.

b: solução de lisozima (20 mg / mL) em tampão fosfato 100 mM pH 7.0.

c:solução de mPEG 5000 (5 mg / mL) em tampão fosfato 100 mM pH 7.0.

d: solução tampão fosfato 50 mM pH 7.0.

Previamente foi medida a atividade enzimática da lisozima nativa (3000 UI) e da

modificada LZ-mPEG 5000 (2250 UI) para o volume empregado na reação. Em seguida os

tubos de reação foram incubados a 37 °C por duas horas. Foram retiradas alíquotas de 20 µL

de cada tubo e realizaram-se diluições seriada das amostras. De cada diluição foram retirados

100 µL para serem aplicados em placas descartáveis estéries com meio LB 2.5 % ágar. As

placas foram incubadas a 37 °C por 16 horas. Em seguida foi realizada manualmente a

contagem de unidades formadoras de colônias, sendo determinadas UFC / mL em cada

amostra. As UFC do controle foram consideradas 100 %.

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63

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Extração e Purificação de Lisozima

A lisozima foi extraída a partir da clara de ovos de galinha de uma marca comercial

local (São Paulo, Brasil). O método de extração empregado foi troca iônica em batelada

“batch”, um método simples e direto que não requer nenhum pré-tratamento da clara, apenas

sua homogeneização com a resina de troca iônica, sob agitação e, em seguida realiza-se a

lavagem da resina e a eluição da enzima.

A separação de moléculas biológicas similares de uma mistura complexa é um dos

obstáculos encontrados para o isolamento de certas substâncias, necessitando de técnicas de

alta resolução. A cromatografia de troca iônica comprovou ser uma técnica adequada, sendo

considerada um dos mais importantes métodos de fracionamento de substâncias biológicas,

por isso, essa técnica tem sido empregada em 60%-75% de todos os processos de purificação

de proteínas (BOSCHETTI, 1994; WALSH; HEADON, 1994; JANSON; RYDEN, 1998).

Devido à sua alta resolução, a cromatografia de troca iônica tem sido amplamente

usada em escala laboratorial para a extração de proteínas da clara de ovo. É um processo que

não provoca a desnaturação das proteínas, fornecendo assim um produto sem alterações.

Além disso, a cromatografia de troca iônica é facilmente aplicável em escala industrial.

Atualmente, de acordo com os procedimentos descritos na literatura, a grande maioria das

proteínas presentes na clara de ovo é obtida por cromatografia de troca iônica com alta

pureza, sendo aplicadas em estudos biológicos, bioquímicos e biofísicos (GUERIN-

DUBIARD et al., 2005).

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64

Levando-se em conta o pI da lisozima (pI = 11) foram testadas cinco resinas catiônicas

tipo Amberlit (IRP – 64; IRP – 88; IRC – 50; CG – 50 e Amberlit 15 da Merck). Dentre essas,

as que mostraram resultados preliminares de maior poder de retenção foram: a resina

Amberlite IRC - 50 e Amberlite IRP - 88. Essas resinas são do tipo trocadora de cátions,

fracamente ácidas, com “wet mesh” 16 - 50 e 100 - 500, respectivamente. Após o

procedimento de extração por troca iônica as amostras foram purificadas através de

ultrafiltração do eluído com membranas de porosidade 30 kDa ou 50 kDa , com objetivo de

eliminar proteínas indesejáveis (GHOSH; CUI, 2000; GHOSH et al., 2003).

Para estabelecermos as condições ótimas de extração e purificação de lisozima para

cada uma das resinas selecionadas, alguns procedimentos foram desenvolvidos visando à

padronização de parâmetros críticos dentro do processo de extração e purificação da enzima,

como: tipo de resina, tempo de cada etapa do processo, temperatura, pH, força iônica do sal

empregado e remoção de proteínas indesejáveis (WISEMAN, 1985; ATKINSON et al., 1987,

ABRAHAO NETO, 2001).

Para compararmos a recuperação da lisozima com os dois tipos de resinas utilizadas,

parâmetros como pH, força iônica do sal durante a eluição e ultrafiltração foram estudados.

Esses parâmetros foram analisados porque eles estão intimamente relacionados à eficiência da

cromatografia de troca iônica. A cromatografia de troca iônica basicamente consiste na

ligação da proteína de interesse a uma matriz inerte que possua grupos ionizáveis de cargas

opostas as da proteína, dessa forma a proteína interage eletrostaticamente com a matriz. Após

a ligação da proteína de interesse ela deve ser removida facilmente do material insolúvel de

maneira seletiva. Essa seletividade da eluição deve ser alcançada pela variação da

concentração do sal ou pela mudança do pH (WHITAKER, 1994).

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65

Assim, para determinarmos as condições apropriadas de pH para a extração e

purificação da lisozima foi realizado previamente o perfil de atividade e estabilidade da LZ

comercial (Sigma) em diferentes pHs. A medida de atividade foi realizada nos diferentes

tampões, obtendo-se o pH ótimo de atividade (pH 7.0 – 8.0). A enzima também foi incubada

nos diferentes tampões a 25 oC por 1 hora. Depois desse período foi realizada a medida da

atividade enzimática segundo o item 3.2.2. Assim, foi obtido o seguinte perfil de atividade

(10A) e estabilidade (10B) como mostrado pela Figura 10.

4 6 8 10 120

20

40

60

80

100 lisozima

Ativ

idad

e (%

)

pH

Figura 10A- Perfil da atividade (%) de lisozima em diferentes tampões variando o pH de 4 a 12, ( 4.0-5.0 acetato 50 mM; 6.0-8.0 Hepes 50 mM e 9.0-12 Tris-HCl 50 mM) a 25 °C. A atividade foi determinado pela adição de quantidade conveniente de lisozima a 1 mL de suspensão de Micrococcus lysodeikticus 0.5 mg/mL preparada nos diferentes tampões (4.0-5.0 acetato 50 mM; 6.0-8.0 Hepes 50 mM e 9.0-12 Tris-HCl 50 mM) e imediatamente mediu-se a atividade enzimática em espectrofotômetro a 450 nm.

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4 6 8 10 120

20

40

60

80

100 lisozima

Est

abili

dade

(%

)

pH

Figura 10B - Perfil da estabilidade (%) de lisozima em diferentes tampões variando o pH de 4 a 12, (4.0-5.0 acetato 50 mM; 6.0-8.0 Hepes 50 mM e 9.0-12 Tris-HCl 50 mM) . A estabilidade foi determinada pela incubação após 1 hora de incubação a 25 °C em cada pH. Ao fim desse período foi medida a atividade enzimática em 1 mL de suspensão de Micrococcus

lysodeikticus 0.5 mg/mL preparada em tampão fosfato 50 mM pH 7.0 em espectrofotômetro a 450 nm.

A partir da Figura 10B podemos perceber que a lisozima é uma enzima estável, pois

mantém sua atividade enzimática acima de 80 %, numa ampla faixa de pH (4.0 a 12) a 25 °C,

esse resultado evidencia que o pH não será um fator relevante na perda da atividade

enzimática da lisozima, contudo, a escolha do pH é muito importante na etapa de eluição.

Para garantirmos também a atividade enzimática da lisozima, o processo de extração e

purificação foi desenvolvido a baixa temperatura (8°C-10°C).

A proposta da etapa de eluição é remover a proteína de interesse da resina de troca

iônica com alta resolução, separando-a dos componentes adjacentes (WHEELWRIGHT,

1991). Assim, dependendo do pH e do pI da enzima ela apresentará carga positiva ou

negativa, o que determina diretamente se a enzima irá se desprender mais facilmente da resina

ou ficará retida (WHITAKER, 1994).

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67

Portanto, para obter as melhores condições de eluição da enzima, foram realizados

experimentos com o objetivo de se determinar qual a melhor condição de pH e concentração

de sulfato de amônio para etapa de eluição da lisozima de ambas as resinas. Apesar, do

sulfato de amônio ser um sal que apresenta a interessante capacidade de promover a

hidratação da proteína, garantindo sua estabilidade conformacional (ARAKWA;

TIMASHEFF, 1982) durante o processo, para que a eluição da proteína ocorra é

imprescindível que o sal esteja numa concentração adequada.

Para determinar condições apropriadas de concentração do sulfato de amônio para a

etapa de eluição, essa foi desenvolvida primeiramente, em coluna cromatográfica utilizando-

se um gradiente linear crescente de concentração de sulfato de amônio, monitorado pelo

aparelho Econo UV Monitor, Econo Pump (Bio Rad). Para essa etapa também determinamos

condições apropriadas de pH sendo que a solução de sulfato de amônio foi melhor tamponada

em pH 7.0. Dessa forma, realizamos o procedimento mantendo o pH em 7.0 durante a etapa

de eluição (fase c), com as resinas IRC-50 e IRP-88.

Para resina IRC – 50, a fase a (preparação da resina), foi realizada a 8 °C, a fase b

(adsorção da clara à resina) foi realizada em 1 hora com tampão Tris-HCl 50 mM, e a fase c

(eluição) foi desenvolvida em coluna cromatográfica (2.5 x 20 cm) a 8 oC com um

gradiente linear crescente de concentração de sulfato de amônio, monitorado pelo aparelho

Econo UV Monitor, Econo Pump (Bio Rad). O gradiente foi feito a partir da solução de

sulfato de amônio 0.9 M pH 7.0 a 8 °C e Tris-HCl 50 mM pH 7.0, a 8 oC mantendo-se assim

pH 7.0 durante todo processo. Durante a eluição pela coluna foram recolhidas frações em um

coletor de frações ISCO modelo Retriver II. O eluído da coluna foi recolhido em tubos de

ensaio (T) em volumes de 10 mL, na vazão de 1 mL / min. Em seguida mediu-se, em cada

tubo (T), a condutividade e realizou-se o doseamento de proteína e atividade enzimática

segundo métodos. A concentração de sulfato de amônio em cada tubo de ensaio (T) foi

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68

determinada através de uma curva padrão de concentração molar (M) de sulfato de amônio

em função da condutividade (mS / cm) como representado pela Figura 11.

y = 0,0146x - 0,0611

R2 = 0,9909

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 20 40 60 80

condutividade (mS/cm)

Co

ncen

tração

de s

ulf

ato

de a

nio

(M)

Figura 11 - Curva padrão de concentração molar (M) de sulfato de amônio em função da condutividade (mS/cm).

A eluição com gradiente linear crescente de concentração de sulfato de amônio 0.9 M

pH 7.0 e Tris-HCl 50 mM pH 7 a 8 °C como descrito acima, foi realizado também para

resina IRP – 88 utilizando coluna de (1.5 x 30 cm).

Os resultados obtidos com a resina IRC-50 estão expressos na Tabela 8 e pelo perfil

cromatográfico representado na Figura 12. Os resultados obtidos com a resina IRP-88 estão

expressos na Tabela 9 e pelo perfil cromatográfico representado na Figura 13.

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69

Tabela 8 - Medidas de atividade enzimática (UI), quantidade de proteína (mg), atividade específica (U/mg),

condutividade (mS/cm) e concentração de sulfato de amônio (M) para frações (T8,9, T10, T11, T12, T13, T14,T15)

que foram recolhidas durante o processo de eluição em coluna com gradiente linear crescente de concentração de

sulfato de amônio 0.9 M pH 7 e Tris-HCl 50 mM pH 7.0 com a resina IRC-50. A fração T11 foi a que apresentou

maior atividade enzimática (UI) e maior atividade específica (U/mg).

Amostras Unidades totais

(U)

Proteína total

(mg)

At. Espec.

(U/mg)

Condutividade

(mS/cm)

Conc. Sulfato de

amônio ( M)

Extrato Bruto 504000 8924 57 - -

T8 5500 51 108 6 0.0258

T9 23000 95 241 10 0.0842

T10 85000 144 589 11 0.1025

T11 155000 202 767 12 0.1173

T12 70000 77 914 13 0.1253

T13 20500 32 641 13 0.1331

T14 8500 12 702 14 0.1397

T15 5.000 7 720 15 0.1572

Figura 12 - Perfil cromatográfico obtido com frações de 10 mL recolhidas a partir da eluição com gradiente linear de concentração de sulfato de amônio 0.9 M pH 7 e Tris-HCl 50 mM pH 7.0 com resina IRC-50. (-•-) Atividade (UI), (-◦-) Condutividade (mS/cm).

60 80 100 120 140 160

0

5

10

15

Sulfato de Amônio 0,9 M pH 7,0 / Tris-HCl 0,05 M pH 7,0

Volume (mL)

Con

dutiv

idad

e (m

S/c

m)

0,0

5,0x104

1,0x105

1,5x105

Ativida

de (U)

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70

Tabela 9 - Medidas de atividade enzimática (UI), quantidade de proteína (mg), atividade específica (U/mg),

condutividade (mS/cm) e concentração de sulfato de amônio (M) para frações (T6, T7, T8, T9) que foram recolhidas

durante o processo de eluição em coluna com gradiente linear crescente de concentração de sulfato de amônio 0.9 M pH

7.0 e Tris-HCl 50 mM pH 7.0 com a resina IRP-88. A amostra T7 foi a que apresentou maior atividade enzimática (UI)

e maior atividade específica (U/mg).

Amostras Unidades totais

(U)

Proteína total

(mg)

At. Espec.

(U/mg)

Condutividade

(mS/cm)

Conc. sulfato de

amônio (M)

Extrato Bruto 528000 5840 90 - -

T6 34500 55 633 6 0.2434

T7 290000 332 874 40 0.5178

T8 110000 118 932 67 0.9237

T9 16000 26 615 81 1.1208

Figura 13 - Perfil cromatográfico obtido com frações de 10 mL recolhidas a partir da eluição com gradiente linear crescente de concentração de sulfato de amônio 0.9 M pH 7.0 e Tris-HCl 50 mM pH 7.0 com resina IRP-88.(-•-) Atividade (UI), (-◦-) Condutividade (mS/cm).

40 60 80 100 120

0

50

100

150

Sulfato de Amônio 0,9 M pH 7,0 / Tris-HCl 0,05M pH 7,0

Volume (mL)

Con

dutiv

idad

e (m

S/c

m)

0,0

5,0x104

1,0x105

1,5x105

2,0x105

2,5x105

3,0x105

Ativida

de (U)

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A partir dos resultados obtidos, notamos que o fato do pH ter sido mantido constante

em pH 7.0 influenciou significativamente na eluição da lisozima com gradiente linear de

concentração a partir de sulfato de amônio 0.9 M pH 7.0 e Tris-HCl 50 mM pH 7.0 para as

duas resinas. A eluição foi definida podendo ser demonstrada pelo perfil de atividade

enzimática, para as duas resinas. Com a resina IRC – 50 podemos observar pela Tabela 8 que

na fração 11 eluiu a maior quantidade de lisozima que está representada pelo pico de atividade

enzimática de 1,5 x 105 UI que corresponde ao volume de 110 mL no perfil cromatográfico

( Figura 12).

Para resina IRP-88, além da eluição ter sido definida, ela ocorreu em menor tempo,

pois logo na fração 7, Tabela 9, ocorreu o pico de atividade 3,0 x 105 UI que corresponde a

70 ml do perfil cromatográfico (Figura 13).

A concentração de sulfato de amônio para a resina IRC-50, como observamos pela

Tabela 8, ficou em torno de 0.12 M, e para a resina IRP-88 como observamos pela Tabela 9 a

concentração de sulfato de amônio ficou em torno de 0.5 M.

Assim, de acordo com os resultados obtidos podemos verificar que as melhores

condições para a realização da etapa de eluição realizada em coluna cromatográfica com a

resina IRC-50 consiste em utilizar sulfato de amônio com concentração em torno de 0.12 M e

manter o pH 7.0. Para resina IRP-88 a melhor condição para a etapa de eluição em coluna

cromatográfica consistiu em utilizar sulfato de amônio 0.5 M mantendo pH 7.0. Portanto, a

concentração de sulfato de amônio demonstrou ser um fator limitante para a eficiência da

cromatografia de troca iônica, pois quando se atinge a concentração adequada de sulfato de

amônio, os íons NH4+ provenientes da dissociação do (NH4)2 SO4 competem de forma efetiva

pelas cargas negativas da resina liberando a enzima e facilitando portanto o processo de

eluição, além disso, o pH 7.0 contribuiu para facilitar esse desprendimento da enzima das

resinas catiônicas.

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As melhores condições de eluição em coluna cromatográfica obtidas com a resina

IRC-50 descritas anteriormente, não foram reprodutíveis para a eluição em batelada, pois não

ocorreu a eluição da proteína de forma satisfatória. Esses resultados sugeriram que a força

iônica do sal empregado para a eluição da lisozima em cromatografia de troca iônica em

coluna cromatográfica é menor do que quando realizamos a eluição em batelada.

Provavelmente, isso ocorra porque na eluição realizada em coluna a organização das

partículas da resina na coluna e o fluxo contínuo do eluente facilitariam o processo de eluição,

exigindo assim baixas concentrações de sulfato de amônio. Contudo, a influência da força

iônica, do tipo de resina e a viscosidade da amostra aplicada em batelada ou em coluna são

parâmetros continuamente investigados (WRIGHT et al., 1998; DZIENNIK et al., 2005),

evidenciando a complexidade desses sistemas quando são comparados.

Assim, novos testes foram necessários para se conhecer a concentração adequada de

sulfato de amônio que deve ser empregada para a eluição em batelada.

A partir disso, para esclarecermos qual a melhor concentração de sulfato de amônio

empregada para etapa de eluição em batelada o processo de extração de lisozima foi realizado

com as resinas IRC-50 e IRP-88, sendo que para etapa de eluição (fase c) testamos diferentes

concentrações de sulfato de amônio, a fim de estabelecermos nestas condições a concentração

deste sal que forneça melhor rendimento na extração.

O procedimento de extração de lisozima foi desenvolvido com a resina IRC – 50, da

seguinte maneira: A fase a (preparação da resina) foi realizada a 8 °C, a fase b (adsorção da

clara à resina) foi realizada em 1 hora com tampão Tris-HCl 50 mM pH 9.0 e a fase c

(eluição) foi realizada da seguinte forma: o complexo resina IRC – 50 e proteína resultante da

homogeneização, foi dividido em volumes iguais em dois béqueres e foram adicionados a

uma porção 45 mL de sulfato de amônio 0.5 M pH 7.0 e condutividade de 69.8 mS / cm e a

outra porção 45 mL de sulfato de amônio 1.0 M pH 7.0 e condutividade 109 mS / cm. As

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porções foram agitadas por 30 minutos. Em seguida foi realizada a quantificação de proteína e

medida a atividade enzimática das amostras obtidas após a eluição com diferentes

concentrações de sulfato de amônio.

Com a resina IRP – 88 houve apenas alteração na fase c . O complexo resina IRP – 88

e proteína foi dividido em volumes iguais em três béqueres. A cada porção adicionou-se 30

mL de sulfato de amônio 0.33 M pH 7.0 e condutividade de 70 mS / cm, a outra porção 30

mL de sulfato de amônio 0.5 M pH 7.0 e condutividade 90 mS / cm e por fim adicionou-se 30

ml de sulfato de amônio 0.67 M pH 7.0 e condutividade 92 mS / cm. Todas as porções foram

agitadas por 30 minutos. Em seguida foi realizada a quantificação de proteína e medida a

atividade enzimática das amostras obtidas após a eluição com as diferentes concentrações de

sulfato de amônio. Os resultados estão expressos nas Tabelas 10 e 11.

Tabela 10 - Eluição em batelada com resina IRC-50. Foram obtidos 2 tipos de eluídos: eluído (1) com sulfato

de amônio 0.5 M pH 7.0 condutividade 69,8 mS / cm e eluído (2) com sulfato de amônio 1.0 M pH 7.0 e

condutividade 109 mS / cm.

Etapa Volume (mL) Unidades

totais (UI)

Proteína

total (mg)

At. Espec.

(UI / mg)

Condutividade

(mS / cm)

Rendimento

(%)

Extrato Bruto 90 1440000 12870 112 - -

Eluído (1) 55 572000 209 2737 27 79

Eluído (2) 55 594000 220 2700 43 82

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Tabela 11 - Eluição em batelada com resina IRP – 88. Foram obtidos 3 tipos de eluídos: eluído (a) com sulfato

de amônio 0.33 M pH 7.0 e condutividade 70 mS / cm ; eluído (b) com sulfato de amônio 0.5 M pH 7.0 e

condutividade 90 mS / cm e eluído (c) com sulfato de amônio 0.67 M pH 7.0 e condutividade 92 mS / cm.

Etapa Volume

(mL)

Unidades

totais (UI)

Proteína

total (mg)

At. Espec.

(U/mg)

Condutividade

(mS / cm)

Rendimento

(%)

Extrato Bruto 80 1493360 13200 113 - -

Eluído (a) 30 372000 147 2548 41 75

Eluído (b) 30 354000 132 2681 52 71

Eluído (c) 30 342000 138 2478 67 68

Esses procedimentos experimentais permitiram avaliar a influência da concentração do

sulfato de amônio na fase de eluição em batelada levando em consideração a condutividade

do eluído. Como podemos observar pelos dados apresentados nas Tabelas 10 e 11 a

condutividade dos eluídos obtidos diminuiu aproximadamente pela metade em relação à

condutividade inicial das soluções de sulfato de amônio empregadas para a fase de eluição.

Estes dados indicam que no eluído ocorre uma diminuição de íons NH4+ livres presentes nas

soluções iniciais. Basicamente esse mesmo processo ocorreu tanto com a resina IRC-50 como

a IRP-88.

Com a resina IRC-50 percebemos que a condutividade inicial da solução do sulfato de

amônio 0.5 M pH 7.0 era de 69.8 mS/cm enquanto que a condutividade do eluído (1) caiu

para 26.8 mS/cm. Além disso, houve um aumento significativo de atividade específica,

ressaltando que o processo de eluição foi eficiente, pois ocorreu o desligamento da lisozima

da resina. Esses dados indicam que a competição dos íons NH4+ pelas cargas negativas da

resina foi efetiva com essa concentração de sulfato de amônio utilizada.

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Por outro lado, quando aumentamos a concentração de sulfato de amônio para 1.0 M

pH 7.0 não ocorreu aumento da atividade específica e não houve aumento na quantidade de

proteína, sugerindo que a concentração de 1.0 M representa um excesso de sulfato de amônio.

Assim, como o volume total de resina IRC-50 correspondia ao dobro de volume de resina que

foi submetido a essas condições, o processo de extração (eluição, fase c) da lisozima foi

realizado novamente com 1.0 M de sulfato de amônio pH 7.0 para posterior purificação por

ultrafilitração.

Com a resina IRP-88 foram utilizadas três concentrações diferentes de sulfato de

amônio porque a adsorção da clara a resina IRP-88 ocorreu em uma superfície de contato

maior, pois essa resina possui “wet mesh” de 100-500, o que favoreceu a retenção e a

interação de outras proteínas da clara que interferiram no processo de eluição. A solução de

menor concentração molar 0.33 M pH 7.0 e condutividade 70 mS / cm foi suficiente para

provocar a eluição da lisozima, pois ocorreu um aumento significativo da atividade específica

e uma diminuição da condutividade para 41 mS / cm (Tabela 11). Portanto, da mesma forma

que ocorreu com a resina IRC-50, essa diminuição da condutividade deve estar relacionada

com a diminuição dos íons NH4+ livres no eluído, ressaltando que a competição dos íons NH4

+

pelas cargas negativas da resina foi efetiva, provocando a eluição da enzima. Por outro lado,

quando aumentamos a concentração de sulfato de amônio para 0.5 M pH 7 e 0.67 M pH 7.0

não ocorreu um aumento significativo da atividade específica e não houve aumento na

quantidade de proteína, sugerindo que a concentração de sulfato de amônio 0.33 M foi

suficiente, nestas condições, para realizar a eluição da lisozima. Assim, como o volume total

de resina IRP-88 correspondia ao triplo de volume de resina que foi submetido a essas

condições, o processo de extração (eluição, fase c) da lisozima foi realizado novamente com

1.0 M de sulfato de amônio pH 7.0 para posterior purificação por ultrafilitração. Como as

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amostras obtidas da maneira acima descrita continham uma quantidade alta de sulfato de

amônio foi necessário retirar o sal antes de submetê-las a ultrafiltração.

Para a resina IRC – 50 a fase a (preparação da resina) foi realizada a 8 °C, a fase b

(adsorção da clara à resina) com 1 hora e tampão Tris-HCl 50 mM pH 9.0 e a fase c (eluição)

com sulfato de amônio 1.0 M pH 7. Em seguida, após 30 minutos de eluição, o eluído foi

submetido à diálise a 8 oC com membrana 12 –16.000 MW para remoção de sulfato de

amônio. Assim, 6 mL de eluído foram colocados na membrana de diálise pré-tratada. O tubo

de diálise permaneceu por 16 horas na câmara fria a 8 oC sob agitação. Após a diálise a

amostra foi transferida para tubo de ultrafiltração com membrana de porosidade 50 kDa e foi

centrifugada a 4000 x g em centrífuga refrigerada a 5oC por 20 minutos, obtendo-se o

ultrafiltrado.

Para a resina IRP – 88 foram mantidas as fases a (preparação da resina) e b (adsorção

da clara à resina). A fase c (eluição) foi realizada com sulfato de amônio 1.0 M pH 7.0. O

eluído obtido foi submetido primeiramente à diálise, mas nesse caso, a diálise não foi

eficiente, então o eluído da resina IRP-88 foi submetido ao processo de concentração com

membrana de porosidade 5 kDa sendo adicionada água deionizada, para remoção de sulfato

de amônio. O processo foi realizado em centrífuga refrigerada a 10 oC por 120 minutos. Em

seguida foi realizado o processo de ultrafiltração da amostra concentrada, com membrana de

porosidade 50 kDa centrifugada a 4000 x g em centrífuga refrigerada a 5oC por 20 minutos,

obtendo-se dessa forma o ultrafiltrado. A amostra proveniente do processo de concentração

também foi submetida à uma ultraflitração com membrana de porosidade 30 kDa que foi

centrifugada a 4000 x g em centrífuga refrigerada a 5oC por 20 minutos.

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Para cada etapa desse processo foi determinada a quantidade de proteína e atividade

enzimática. Realizou-se uma eletroforese (SDS/PAGE) em gel de poliacrilamida 12 % para

verificar a pureza do ultrafiltrado obtido.

Para a extração e eluição realizadas acima com as resinas IRC-50 e IRP-88, foram

acompanhados o perfil de eluição da lisozima (fase c) em função do tempo. Os resultados

estão apresentados na Figura 14.

0

20

40

60

80

100

120

0 10 20 30 40 50 60 70

Tempo (min.)

Ati

vid

ad

e (

%)

IRC-50

IRP-88

Figura 14 – Avaliação do perfil de eluição da lisozima das resinas IRC-50 e IRP-88 em função do tempo.

Segundo os dados apresentados na Figura 14, notamos que a lisozima apresentou

maior percentagem de atividade no eluído a partir de 10 minutos de agitação e esses valores

se mantém durante 1hora. Esses dados indicam que a eluição da lisozima tanto da resina

IRC-50 quanto da resina IRP-88 aconteceu rapidamente. Esse é um aspecto muito interessante

do método em batelada em relação à cromatografia de troca iônica em coluna, em que a

eluição da proteína de interesse pode ser um processo demorado, podendo levar horas.

Os resultados obtidos durante todo o processo descrito acima até a fase de

ultrafiltração estão apresentados na Tabela 12.

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78

Tabela 12– Resumo das etapas de purificação da lisozima com as resinas IRC-50 e IRP-88.

Etapa Volume

(mL)

Unidades

totais (UI)

Proteína total

(mg)

At. Espec.

(U/mg)

Rendimento (%) Fator de

Purificação

Extrato Bruto 90 882000 7605 116 100 1

Eluído 100 680000 460 1478 77 12

Ultrafiltrado

IRC-50

100 540000 80 6750 61 58

Extrato Bruto 80 1088000 6997 155 100 1

Eluído 100 900000 527 1706 83 11

Ultrafiltrado

IRP-88

100 680000 122 5574 62 36

Quando comparamos o processo de extração e purificação de lisozima com a resina

IRC-50 em relação à resina IRP-88 notamos que a recuperação da enzima ocorre de forma

eficiente com ambas as resinas. Pois, segundo a Tabela 12, o ultrafiltrado obtido a partir da

resina IRC-50 apresentou um rendimento de 61% e o ultrafiltrado obtido a partir da resina

IRP-88, apresentou um rendimento de 62%. Esses resultados demonstraram que os

procedimentos adotados foram eficientes durante a ultrafiltração.

Um dos principais fatores responsáveis pelas dificuldades no processo de purificação

da lisozima está relacionado ao fato de existirem na clara do ovo várias outras proteínas além

da lisozima como a ovoalbumina (pI = 4.5), conalbumina (pI = 6.1) e ovomucina (pI = 4.7)

(GHOSH; CUI, 2000). Devido ao pI dessas proteínas, elas interagem eletrostaticamente com a

lisozima (pI = 11) sendo essa interação responsável pela consistência viscosa da clara do ovo.

Assim, para separarmos a lisozima das outras proteínas ainda contaminantes foi

utilizada a ultrafiltração. A ultrafiltração é uma técnica efetiva de concentração ou separação

de moléculas de diferentes tamanhos. Na ultrafiltração os poros da membrana são pequenos o

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suficiente para impedir a passagem da proteína através da membrana enquanto não impede a

passagem de sal, tampões e água. A concentração da proteína em solução pode ser

aumentada pela passagem do solvente através da membrana enquanto a proteína fica retida.

A ultrafiltração também pode ser empregada como diafiltração, na qual ocorre um processo

como na diálise, entretanto o processo ocorre muito rapidamente e facilmente para grandes

volumes. Apesar da ultrafiltração, ser uma técnica eficiente e escalonável de bioseparação de

proteínas, sua alta resolução de separação é viável somente quando suas condições de uso

estão bem otimizadas. Parâmetros que devem ser otimizados incluem pH, concentração de

sal, concentração da amostra, permeabilidade de fluxo e hidrodinâmica da membrana

(SCOPES, 1982; WHEELWRIGHT, 1991; GHOSH et al., 2003). Uma das principais

dificuldades na ultrafiltração, parece estar relacionada com a amostra que dependendo das

condições (por exemplo altas concentrações salinas) pode formar agregados e também

apresentar formas poliméricas como dímeros e trímeros que dificultam a passagem pelos

poros. Outro fator relevante seria o pH, pois promoveria uma carga residual da membrana e

da proteína podendo aumentar a interação eletrostática entre elas (THOMAS, 1996; GHOSH

et al., 2003). Por outro lado, existem trabalhos anteriores mostrando que em concentrações de

sulfato de amônio de 1.2 M não haveria alterações significativas na estrutura da lisozima

(CHANG; FERNANDEZ, 1998). Por isso, para ocorrer a separação da lisozima de outras

proteínas contaminantes aplicando-se a ultrafiltração, numa segunda etapa, como processo

de purificação, foi necessário um pré-tratamento da amostra eluída, pois, apesar de ter sido

um método rápido, as interações da lisozima com a ovoalbumina, ovotransferina no eluído,

aliada a alta concentração do sulfato de amônio interferiram diretamente na ultrafiltração.

Assim, com a resina IRC-50, somente foi possível a realização da ultrafiltração, de

maneira eficiente, após a diálise do eluído para remoção do excesso de sulfato de amônio e

favorecimento da separação da lisozima das proteínas contaminantes. Dessa forma, foi obtido

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o ultrafiltrado com membrana de porosidade 50 kDa para facilitar o fluxo da lisozima, que

possui massa molecular de 14.4 kDa, pelos poros da membrana durante a ultrafiltração. Esse

procedimento permitiu a obtenção de 0.8 mg/mL de enzima com um fator de purificação de

58 vezes, com um rendimento de 61 % (Tabela 12).

Através da análise do gel de eletroforese SDS-PAGE 12% (Figura 15), notamos a

grande prevalência da banda correspondente à lisozima no ultrafiltrado obtido com a resina

IRC-50 (poço 3) com massa molecular em torno de 14.4 kDa.

Com a resina IRP-88 a fase de ultrafiltração também exigiu alguns ajustes. Como o

eluído apresentava um aspecto heterogêneo, para realizarmos sua ultrafiltração tivemos

também que retirar previamente o excesso de sulfato de amônio. Por isso, concentramos o

eluído com membrana de 5 kDa e esse concentrado foi posteriormente ressuspendido com

água deionizada para promover a retirada do excesso de sulfato de amônio e também

favorecer o desprendimento da lisozima de proteínas ainda contaminantes do eluído. Após

esse tratamento foi realizada a ultrafiltração com membrana de porosidade 50 kDa com o

mesmo o objetivo de facilitar o fluxo da lisozima pelos poros da membrana durante a

ultrafiltração. Esse procedimento permitiu a obtenção de 1.22 mg/mL de enzima com a resina

IRP-88 apresentando um rendimento de 62% e fator de purificação de 36 vezes (Tabela 12).

Pelo gel de eletroforese SDS-PAGE 12 % (Figura 15), notamos a presença de duas bandas no

ultrafiltrado, (poço 5). Observamos uma banda sutil em torno de 46 kDa que corresponde à

massa molecular da ovoalbumina e outra banda em torno de 14.4 kDa correspondente a banda

de lisozima (indicada pela seta).

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Figura 15 – Eletroforese em gel de poliacrilamida SDS – PAGE 12% com resinas IRC-50 e IRP-88. P: Padrão de massa molecular; 1: extrato bruto (20 µg); 2: eluído obtido com resina IRC-50 (20 µg) 3: ultrafiltrado IRC-5 (20 µg); 4: eluído obtido com a resina IRP-88 (20 µg); 5: ultrafiltrado IRP-88 (20 µg); a seta indica Lisozima 14.4 kDa.

Na tentativa de eliminar a presença da ovoalbumina remanescente no ultrafiltrado da

IRP-88, novamente o eluído foi concentrado com membrana de 5 kDa e a ultrafiltração foi

realizada com membrana de porosidade 30 kDa com objetivo de impedir a passagem da

ovoalbumina de massa molecular de 46 kDa pela membrana. Os resultados estão expressos na

Tabela 13.

19 kDa

47 kDa

86 kDa

5 4 3 2 1 P

34 kDa

26 kDa

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Tabela 13 – Resumo das etapas de purificação da lisozima com resina IRP-88.

Etapa Volume

(ml)

Unidades

totais (UI)

Proteína

total (mg)

At. Espec.

(U / mg)

Rendimento (%) Fator de

Purificação

Extrato Bruto 80 1088000 6997 155 100 1

Eluído 100 900000 527 1706 82 11

Ultrafiltrado

IRP-88

100 500000 106 4717 46 30

Como podemos notar nos dados apresentados na Tabela 13, o rendimento desse último

processo foi menor (46%), a quantidade de proteína obtida foi de 1.06 mg/mL, com fator de

purificação de 30 vezes. Esses dados indicam que a ultrafiltração com membrana de

porosidade 30 kDa ofereceu maior resistência ao fluxo de lisozima, causando um menor

rendimento. Por outro lado, quando visualizamos o ultrafiltrado no gel de eletroforese de

poliacrilamida SDS-PAGE 12% (Figura 16, poço 3) observamos uma melhor purificação da

lisozima (14.4 kDa).

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Figura 16 – Eletroforese em gel de poliacrilamida SDS – PAGE 12% com resina IRP-88. P: Padrão de massa molecular; 1: extrato bruto (20 µg); 2: eluído obtido com a resina IRP-88 (20 µg); 3: ultrafiltrado IRP-88 (20µg). Onde a seta indica Lisozima 14.4 kDa.

Dessa forma, podemos afirmar que as duas resinas proporcionaram a obtenção de

lisozima segundo a metodologia empregada nesse estudo. Em comparação a outros

procedimentos de extração e purificação de lisozima a partir da clara de ovo, notamos que a

percentagem de rendimento, fator de purificação e atividade específica de 5000 – 7000 U/mg,

obtidos com as resinas IRC-50 e IRP-88, foram semelhantes a trabalhos anteriores (OWEN;

CHASE, 1997; GHOSH; CUI, 2000; ROY et al., 2003).

Assim, as principais vantagens da extração da lisozima utilizando o método em

batelada estão relacionadas com a facilidade do processo, pois a lisozima foi obtida com duas

etapas de purificação sem nenhum pré-tratamento da clara. O método é relativamente rápido,

podendo ser aplicado em escala industrial. Outro aspecto muito interessante desse método é o

P 1 2 3

86 kDa

47 kDa

19 kDa

34 kDa

26 kDa

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reaproveitamento do resíduo protéico da clara que tem sido utilizado como suplemento

alimentar para animais, em diversos gêneros alimentícios (PROCTOR; CUNNINGHAM,

1988; TUSGE et al., 1996).

Para verificarmos os efeitos decorrentes da complexação do mPEG a enzima, a

lisozima foi modificada por “PEGlação” com três tipos de derivados de polietilenoglicol

ativado: metoxipolietilenoglicol succinimidil succinato (mPEG) de massas moleculares 5 kDa

e 2 kDa e com metoxipolietilenoglicol p-nitrofenil carbonato (mPEG-pNP) de 5 kDa.

4.2 Efeito da proporção mPEG succinimidil succinato 5000 e 2000 Da e

mPEG-p-nitrofenil carbonato (mPEG-pNP) 5000 Da no grau de substituição da

lisozima.

O grau de modificação da lisozima (LZ) foi determinado a partir do perfil

eletroforético dos conjugados LZ-mPEG obtidos em gel poliacrilamida SDS-PAGE. Dessa

maneira, foi possível avaliar o efeito da proporção dos mPEG 5000, 2000 Da ou mPEG-pNP

5000 Da no grau de substituição da LZ.

Apesar da eletroforese SDS-PAGE ser frequentemente utilizada para caracterização

dos conjugados obtidos com a “PEGlação”, essa técnica apresenta algumas limitações em

relação à carga, massa molecular, hidrodinâmica da proteína “peglada” e a identificação exata

dos sítios de “PEGlação” na seqüência de peptídeos ou proteína. Por isso, muitas outras

técnicas como métodos colorimétricos, espectroscopia de massa, cromatografia de alta

performance (HPLC) são empregadas para a caracterização desses conjugados. Assim, devido

às dificuldades enfrentadas para se caracterizar os conjugados mPEG-proteína, esse aspecto

da tecnologia de “PEGlação” tem sido alvo de muitos estudos. (HABEEB, 1965; COOK et

al., 1997; VERONESE, 2001; VERONOSE et al., 2001; BALLICO; DRIOLI; BONORA,

2005).

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Trabalhos realizados anteriormente indicaram que a lisozima é preferencialmente

“peglada” nas lisinas (K) 33, 97 e 116, sendo que a perda de atividade enzimática estaria

condicionada ao grau de substituição obtida, ou seja, quanto mais substituída maior seria a

inativação (ROBERTS; HARRIS, 1998; LEE et al., 2001; LEE; PARK, 2003).

Assim, o efeito do grau de substituição da LZ foi determinado segundo as proporções

propostas como descrito no item 3.2.5. O perfil eletroforético obtido por eletroforese SDS-

PAGE dos conjugados de LZ com cada proporção molar referentes aos mPEG 5000, 2000 e o

mPEG-pNP 5000 estão representados nas Figuras 17, 18 e 19 respectivamente.

Figura 17 - Caracterização dos conjugados de lisozima modificada com mPEG 5000 por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%. P: Padrão Massa Molecular; poço 1: LZ nativa; poço 2: LZ modificada razão mPEG 5000/NH2= 0.11; poço 3: LZ modificada razão mPEG 5000/NH2 = 0.21; poço 4: LZ modificada razão mPEG 5000/NH2 = 0.43; poço5: LZ modificada razão mPEG 5000/NH2=0.86.

P 1 2 3 4 5

47 kDa

34 kDa

26 kDa

19 kDa

Lisozima livre: 14.4 kDa

Lisozima modificada

86 kDa

118 kDa

30 kDa

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Figura 18-Caracterização dos conjugados de LZ modificada com mPEG 2000 por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%. P: Padrão Massa Molecular; poço 1: LZ nativa; poço 2: LZ modificada razão mPEG 2000/NH2 = 2.14; poço 3: LZ modificada razão mPEG 2000/NH2 = 1.11; poço 4: LZ modificada razão mPEG 2000/NH2 = 0.53; poço 5: LZ modificada razão mPEG 2000/NH2=0.27.

118 kDa

86 kDa

47 kDa

34 kDa

26 kDa

19 kDa

P 1 2 3 4 5

Lisozima livre: 14.4 kDa

Lisozima modificada

~ 19 kDa

~ 26 kDa

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Figura 19 - Caracterização dos conjugados de LZ modificada com mPEG-pNP 5000 por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%. P: Padrão Massa Molecular; poço 1: LZ nativa; poço 2: LZ modificada razão mPEG-pNP 5000/NH2 = 0.11; poço 3: LZ modificada razão mPEG-pPN 5000/NH2

= 0.21; poço 4: LZ modificada razão mPEG-pNP 5000/NH2 = 0.43; poço 5: LZ modificada razão mPEG-pNP 5000/NH2=0.86.

De acordo com perfil eletroforético das amostras, podemos visualizar bandas com

massas moleculares superiores a da (LZ) nativa 14.4 kDa. Essas bandas correspondem aos

conjugados de LZ com mPEG 5000 (Figura 17), mPEG 2000 (Figura 18) e mPEG-pNP 5000

(Figura 19).

Esse aumento na massa molecular dos conjugados ocorre devido à modificação

química da LZ pela ligação covalente com os derivados de mPEGs ativados. A reação de

“PEGlação” comumente envolve a ligação entre o PEG eletrofilicamente ativado a resíduos

nucleófilos de lisinas (K) e grupamento N-terminal. A rota mais comum para essa reação

ocorre com os resíduos de lisinas presentes na proteína (ROBERTS et al., 2002).

A LZ apresenta 6 resíduos de lisinas (K1, K13, K33, K96, K97 e K116) todos

localizados na superfície da molécula, e um N-amino terminal, disponíveis para reação

(MASUDA et al., 2005). Como foi verificado em trabalhos anteriores, a reatividade de cada

118 kDa

86 kDa

47 kDa

34 kDa

26 kDa

19 kDa

Lisozima livre: 14.4 kDa

Lisozima modificada

P 1 2 3 4 5

30 kDa

40 kDa

50 kDa

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resíduo de lisina em direção ao reagente químico é diferente, porque a reatividade dos 6

resíduos está relacionada com a acessibilidade da superfície de cada ε-amino grupo

(LEE; RICHARDS, 1971; GERKEN et al., 1982). Portanto, na reação de “PEGlação” a

lisozima é preferencialmente “peglada” nas lisinas K33, K97 e K116. Dentre os 6 resíduos de

lisina disponíveis os resíduos K97 e K33 são os que possuem maior reatividade porque são

mais acessíveis para reagirem com os mPEGs ativados (VEERAPANDIAN et al., 1985;

YAMADA et al., 1986; LEE; PARK, 2003; MASUDA et al., 2005).

Dessa forma, a reação de “PEGlação” gera um aumento da massa molecular da

proteína nativa proporcional ao número de polímero que foi ligado covalentemente a ela.

Assim, apesar das limitações da eletroforese SDS-PAGE, observamos nas diferentes razões

molares empregadas com mPEG 5000 ou mPEG-pNP 5000 / LZ ( Figura 17 e Figura 19)

uma banda nítida em torno de 30 kDa, indicando que a ligação dos mPEGs ativados aos

resíduos de amino grupos da LZ foi bem sucedida. Nesse caso, observamos que a LZ está tri-

substituída, pois provavelmente, pelo menos 3 moléculas de mPEG 5000 ou mPEP-pNP 5000

estão ligadas covalentemente aos seus grupos aminos mais reativos (K33, K97 e K116).

Esse aumento no tamanho aparente da enzima e de sua massa molecular são

características, propriedades do conjugado mPEG-proteína. Portanto, proteínas “pegladas”

apresentam alterações em suas propriedades físico-químicas quando comparadas à proteína

nativa. Podemos ressaltar entre elas: mudanças conformacionais, impedimento estérico,

alterações nas propriedades eletrostáticas, hidrofobicidade, e também alterações nas

propriedades farmacodinâmicas e farmacocinéticas da proteína, que ampliam o potencial de

uso da maioria das proteínas (BAILON; BERTHOLD, 1998, ROBERTS et al., 2002).

É sabido que a “PEGlação” altera sistema de clearance, diminuindo o clearance renal.

Além disso, a ligação do mPEG à proteína forma um envoltório de proteção em torno da

proteína. Essa proteção está associada à hidratação favorecida pelo mPEG à proteína que

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impede o reconhecimento imunogênico e aumenta a resistência à degradação por enzimas

proteolíticas (REDDY, 2000; HARRIS et al., 2001; GREENWALD, 2001; VERONESE,

2001; GREENWALD et al., 2003; CAZALIS et al., 2004; VERONESE; PAUST, 2005). Em

conseqüência do aumento da massa molecular, a lisozima modificada se move mais

lentamente durante a eletroforese em gel de poliacrilamida (SWANK; MUNKERS, 1971;

ABUCHOWSKI et al., 1977).

Outro aspecto relevante envolvido na reação de “PEGlação” é a extensão do grau de

modificação da proteína. Nos métodos tradicionais de “PEGlação”, que usam mPEG

derivados de primeira geração como mPEG 5000, 2000 ou mPEG-pNP 5000, a variação no

número, a localização dos resíduos de lisina na proteína, e a reação de conjugação são

aleatórias. Por isso, a estequiometria da conjugação mPEG-proteína e os sítios de ligação não

são controlados facilmente, sendo muitas vezes imprecisos (VERONESE, 2001; YUN, et al.,

2005). Assim, a reação de “PEGlação” pode levar a formação de misturas de compostos

diferentes quimicamente (KLINSTLER et al., 2002).

Portanto, dependendo da quantidade de mPEG ativado disponível para reagir com os

resíduos de K da proteína, varia-se o grau de modificação da proteína. Ou seja, quanto maior

for a quantidade de mPEG disponível maior será o grau de modificação. Portanto, múltiplos

resíduos de K podem ser substituídos na lisozima, isso depende diretamente da proporção

mPEG/NH2 empregado na reação. Quando múltiplos resíduos de K são modificados, uma

mistura heterogênea é produzida, composta de uma população de várias moléculas de mPEGs

ligadas por proteína variando de zero até 7 (6 ε-lisina e α-amino) amino grupos da LZ

(VERONESE, 2001; ROBERTS, et al., 2002).

Como podemos observar na Figura 17 (poço 5) e Figura 19 (poço 5), corresponde a

amostra com maior proporção de mPEG 5000 ou mPEG-pNP 5000 / NH2 de 0.86. Essa

proporção provocou maior grau de substituição dos resíduos de K na lisozima. Sendo o grau

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de modificação da LZ maior com o mPEG 5000, o que fica evidenciado devido à distorção

causada no gel, a intensidade do rastro da amostra, e pela diminuição da intensidade da banda

correspondente a LZ livre (14.4 kDa). Esse alto grau de substituição, provocou uma excessiva

“PEGlação” da LZ o que ocasionou a perda de sua atividade enzimática.

Com o mPEG-pNP 5000, nessa mesma proporção de 0.86 ocorreu também o maior

grau de substituição da LZ, porém é possível identificar que a LZ está tri-substituída com uma

banda nítida em torno de 30 kDa, penta-substituída com uma o banda em torno de 40 kDa, e

hepta-substituída com outra banda em torno de 50 kDa. Isso indica que nessa proporção o

mPEG-pNP 5000 provocou maior substituição dos resíduos de K, quando comparado ao

mPEG 5000 que demonstrou maior afinidade pelos 3 resíduos de lisina (K33, K97, K116),

produzindo com nitidez o conjugado de 30 kDa. Também notamos que o mPEG-pNP 5000

livre, presente em excesso, não interferiu na hidrodinâmica das amostras no gel de forma tão

prejudicial quanto o mPEG 5000. Assim, apesar de não haver muitos estudos que explorem a

reação de “PEGlação” da LZ com o mPEG-pNP 5000, os conjugados obtidos com esse mPEG

ativado com grupo p-nitrofenil carbonato teve um bom desempenho em nossos experimentos.

As outras proporções de mPEG 5000 ou mPEG-pNP 5000 / NH2 também causaram

modificações na LZ porém, como as relações molares eram menores Figura 17 e Figura 19

(poços 4, 3, 2) o grau de substituição foi menor. Com o mPEG 5000 (Figura 19) observamos

que nas outras proporções mPEG 5000 / NH2 também foi obtida a banda de 30 kDa, sugerindo

a maior afinidade do mPEG succinimidil succinato 5000 Da aos resíduos de lisina (K33, K97,

K116) porém com as proporções de mPEG 5000/NH2 de 0.43 e 0.21 verificamos também a

distorção do gel, provocada por excesso de polímero livre (poços 4 e 3, respectivamente).

Com as mesmas proporções de mPEG-pNP 5000 / NH2 de 0.43 e 0.21 podemos

observar pelos dados da Figura 19 (poços 4 e 3, respectivamente) diferenças no grau de

substituição da LZ em relação ao mPEG 5000. Pois além da banda nítida em torno de 30 kDa

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91

podemos observar uma banda nítida em torno de 40 kDa. Dessa forma, podemos verificar que

apesar desses derivados de mPEGs ativados apresentarem a mesma massa molecular de 5000

Da, a reação de “PEGlação” apresentou diferenças em relação ao grau de substituição na LZ.

Provavelmente, essas diferenças estejam relacionadas ao grupo funcional p-nitrofenil

carbonato e sua reatividade em relação aos resíduos de amino grupos; e também pelas

condições em que ocorreu a reação de “PEGlação”. A reação de “PEGlação” da LZ com

mPEG 5000 é incolor, ocorreu em pH em torno de 7.0, e preferencialmente com os resíduos

K33, K97 e K116 (ROBERTS; HARRIS, 1998; NODAKE; YAMASAKI, 2000; LEE et al.,

2001; LEE; PARK, 2003, MATSUDA, et al, 2005). Paralelamente, a reação de “PEGlação”

da LZ com mPEG-pNP 5000 ocorreu em pH 8.0, apresentando no início uma coloração

amarela clara que intensificou-se no decorrer da reação de conjugação. A partir das

diferenças de massas moleculares dos conjugados obtidos, podemos observar que a

substituição dos resíduos de amino grupos apresentou diferenças de reatividade em relação ao

grupo succinimidil succinato, pois após 2 horas observamos conjugados de massas

moleculares em torno de 40 kDa e 50 kDa (BEAUCHAMP et al., 1983; VERONESE et al.,

1985)

O menor grau de modificação da LZ foi obtido com a menor proporção de

mPEG 5000 ou mPEG-pNP 5000 / NH2 de 0.11. Pelos dados da Figura 17 e Figura 19

(poço 2) observamos que essa proporção permitiu a obtenção de um conjugado mais

homogêneo, com massa molecular em torno de 30 kDa com ambos os polímeros. Assim, para

se evitar a formação de uma mistura heterogênea de compostos de LZ tri, tetra, multi

substituída a menor proporção de 0.11 foi a mais adequada para ser aplicada na obtenção de

conjugados LZ-mPEG 5000 ou LZ-mPEG-pNP 5000 por “PEGlação” .

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92

Dependendo da proteína, enzima é interessante que ocorra a ligação de uma única

molécula de mPEG pois, assim é mais provável que se conserve sua atividade biológica,

evitando-se alterações em seu comportamento, especialmente quando a atividade da enzima

está associada com a interação com um substrato macromolecular, como ocorre com a

lisozima (GAERTNER; OFFORD, 1996).

Desde os primeiros trabalhos sobre modificação de proteínas com mPEG

frequentemente, utiliza-se mPEG de 5000 Da em grande parte dos estudos. Em função disso,

a maioria das drogas aprovadas pelo FDA (repartição do governo americano que testa,

controla e inspeciona alimentos e remédios) envolve proteínas modificadas com mPEG 5000

Da, como ADAGEN®, ONCASPAR®. Porém, existem trabalhos que empregaram diferentes

PEGs com diferentes massas moleculares como PEGs de 350, 750, 2000 Da para

modificação de tripsina (ZHANG et al., 1999), PEG 19000 Da para modificação da catalase e

albumina (ABUCHOWSKI, 1977) e PEG 13000 para modificação da lípase (INADA et al,

1994).

Em alguns estudos têm-se observado que a conjugação de somente uma ou duas

cadeias de PEG de elevada massa molecular é suficiente para produzir conjugados com

propriedades farmacológicas melhores e elevada atividade biológica. Assim, PEGs com

massa molecular na entre 10-60 kDa, com estrutura linear ou ramificada, tem sido a melhor

escolha na conjugação de proteínas de pequena massa molecular como citoquinas e certos

hormônios. Por isso, encontramos PEG-INTRON®, que possui PEG 12.000 e PEGASYS®,

com PEG de 40.000 Da (GREENWALD et al., 2003; CALICETI; VERONESE, 2003).

Assim, o tamanho da cadeia de mPEG empregado é um fator relevante na reação de

“PEGlação”, pois a massa molecular do mPEG exerce uma grande influência sobre as

propriedades biológicas dos conjugados mPEG-proteína (VERONESE, 2001).

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93

Dessa forma, apesar do mPEG 2000 possuir o mesmo grupo funcional do mPEG 5000,

o succinimidil succinato, ele apresentou um comportamento distinto em relação ao grau de

substituição dos resíduos de amino grupos da LZ. De acordo com a Figura 18, podemos

observar que as proporções utilizadas de mPEG 2000/NH2, como descritas em métodos,

foram desfavoráveis para a obtenção dos conjugados LZ-mPEG 2000, pois as amostras

apresentaram um elevado grau de modificação, acarretando um aumento de massa molecular

dos conjugados obtidos que apresentaram distorções ao serem caracterizados no gel de

poliacrilamida, interferindo sobremaneira na caracterização dos conjugados obtidos. Apenas a

menor proporção molar mPEG 2000/NH2 de 0.27, Figura 18 (poço 5), permitiu visualizar

bandas com massa molecular, em torno de 19 kDa e 26 kDa.

As diferenças apresentadas por esse polímero estão intrinsecamente relacionadas ao

tamanho de sua cadeia que por ser um pouco menor, apresentou uma maior acessibilidade aos

resíduos de lisinas da LZ, e também ao fato desse polímero mPEG 2000 favorecer a

formação de uma mistura de conjugados “cross- linked”.

Alguns metoxipolietilenoglicóis (mPEGs) comercialmente disponíveis contém

considerável quantidade de PEG-diol devido à presença de uma pequena quantidade de água

durante a reação de polimerização. A quantidade de PEG-diol pode exceder 15% da

composição do mPEG. Quando o mPEG apresenta uma quantidade significativa de PEG-diol

isso é problemático porque a remoção de grupos diol e seus produtos reativos é extremamente

difícil. Além disso, devido à reatividade do PEG-diol ele pode se ligar também à proteína ou

polipepitídeo alvo durante a reação de “PEGlação”, resultando na formação de uma mistura

de produtos conjugados “cross-linked”. Essa mistura de conjugados contaminantes

produzidos interfere diretamente na pureza do derivado “peglado” desejado (VERONESE,

2001).

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94

Uma outra conseqüência agravante desse polímero mPEG 2000, e das condições da

reação de “PEGlação” está relacionada com a considerável perda da atividade enzimática da

LZ após a ligação covalente ao mPEG 2000, indicando que o maior grau de modificação da

enzima ocasionou perda da atividade enzimática (ROBERTS; HARRIS, 1998; VERONESE,

2001).

Em função dos resultados obtidos com essa a modificação química da LZ com

mPEG 2000, a reação de “PEGlação” foi realizada sob diferentes condições e com menores

razões molares mPEG 2000/NH2 como discriminado na Tabela 5. O perfil eletroforético dos

conjugados obtidos está representado na Figura 20.

P 1 2 3 4 5 6 7 8

Figura 20 –Caractrização dos conjugados de LZ modificada com mPEG 2000 por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%. P:Padrão massa molecular; poços 1, 2, 3, 4: LZ modificada razão mPEG 2000/NH2 = 0.134 por 2, 24, 48 e 67 horas respectivamente. poços 5, 6, 7, 8: LZ modificada razão mPEG 2000/NH2 = 0.27 por 2; 24 , 48, 67 horas respectivamente.

47 kDa

34 kDa

26 kDa

19 kDa

86 kDa

Lisozima livre: 14.4 kDa

19 kDa

26 kDa

Lisozima modificada

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95

De acordo com o padrão de migração eletroforético das amostras (Figura 20),

observamos que ocorreu uma diferença considerável dos conjugados obtidos de LZ com

mPEG 2000, em relação ao mPEG 5000. Mesmo com as proporções molares de 0.134 ou

0.27, houve formação de conjugados heterogêneos LZ-mPEG 2000. Assim, é possível

identificar, na Figura 20, em todos os poços, duas bandas nítidas em torno de 19 kDa e

26 kDa, indicando que duas moléculas de mPEG 2000 (19 kDa) e aproximadamente 6

moléculas de mPEG 2000 (26 kDa) estão covalentemente ligadas a LZ (14.4 kDa).

O grau de modificação da LZ foi maior com a proporção mPEG 2000/NH2 de 0.27 o

que pode ser observado pela diminuição de intensidade da banda de LZ livre14.4 kDa.

Portanto, como essa proporção molar produziu uma mistura heterogênea de conjugados, e

afetou consideravelmente atividade enzimática da LZ, optamos assim, trabalhar com o

conjugado mPEG2000/NH2 de menor proporção molar de 0.134.

Dessa forma, como a LZ é uma enzima globular de pequena massa molecular

14.4 kDa, notamos pelos resultados obtidos que sua modificação química com mPEG 5000,

mPEG-pNP 5000 ou mPEG 2000 ocorreu de maneira adequada com pequenas quantidades

de polímero, ou seja, nas menores proporções molares 0.11 e 0.134, respectivamente.

Visto que a modificação química da LZ com mPEG 2000 apresentou características

diferenciadas em relação ao mPEG 5000 ou mPEG-pNP 5000 foi estudada a estabilidade da

ligação do mPEG 2000 aos resíduos de lisinas da LZ em função do tempo.

A estabilidade da ligação do mPEG 2000-LZ foi acompanhada nos tempos de 2, 24,

48 e 67 horas (Figura 20). A partir dessas amostras foi observado que o grau de modificação

da lisozima demonstrou ser estável, pois ao longo de todo esse intervalo de tempo não

ocorreu nenhuma alteração considerável no perfil das bandas eletroforéticas obtidas tanto

para razão de 0.134 como para a 0.27.

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96

Assim, apesar de possuir algumas limitações, a reação de “PEGlacão” da LZ com

mPEG 2000, apresentou requisitos importantes para esse procedimento como estabilidade e

reprodutibilidade (VERONESE; PASUT, 2005).

Com a finalidade de determinarmos quantitativamente o efeito do grau da substituição

sobre atividade enzimática da LZ foram realizadas medidas de atividade enzimática da LZ

nativa e de seus derivados sobre o substrato Micrococcus lysodeikticus. Paralelamente,

também verificamos o efeito do grau da substituição da LZ sobre outro substrato, o Glicol

Quitosana (como descrito no item 3.2.2), dos conjugados obtidos com cada razão molar de

mPEG 5000/NH2 (Figura 21), mPEG-pNP 5000/NH2 (Figura 22) e com o substrato Glicol

Quitosana (Figura 23).

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,00

20

40

60

80

100

Ativ

idad

e en

zim

átic

a re

sidu

al (

%)

razão molar (mPEG 5000/NH2)

Figura 21 - Atividade enzimática residual (%) em função do grau de modificação da LZ com mPEG 5000 succinimidil succinato na razão molar mPEG 5000/ NH2 de 0.11, 0.21, 0.43 e 0.86. A atividade enzimática da LZ nativa era de 1.520 UI / mg de proteína.

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97

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,00

20

40

60

80

100

Ativ

idad

e en

zim

átic

a re

sidu

al (

%)

razão molar (mPEG-pNP 5000/NH2)

Figura 22 - Atividade enzimática residual (%) em função do grau de modificação da LZ com mPEG 5000 p-nitrofenil carbonato na razão molar mPEG 5000/NH2 de 0.11, 0.21, 0.43 e 0.86. A atividade enzimática da LZ nativa era de 1.520 UI / mg de proteína.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,00

20

40

60

80

100

mPEG5000 mPEG-pNP 5000

Ativ

idad

e en

zim

átic

a re

sidu

al (

%)

razão molar (mPEG/NH2)

Figura 23 - Atividade enzimática residual (%) em função do grau de modificação da LZ com mPEG 5000 succinimidil succinato (-■-) ou com mPEG 5000 p-nitrofenil carbonato (-●-) sobre o substrato Glicol Quitosana na razão molar mPEG / NH2 de 0.11, 0.21, 0.43 e 0.86. A atividade enzimática da LZ nativa foi considerado 100%.

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Como o mPEG 2000 apresentou um comportamento diferente quanto ao grau de

substituição dos resíduos de lisina da LZ em comparação ao mPEG 5000 e ao

mPEG-pNP 5000, a reação de “PEGlação” da LZ foi realizada com apenas a razão molar de

0.27 e 0.134. Com a razão molar de 0.27 ocorreu um grau de modificação da enzima

excessivo, pois ocorreu a formação de conjugados “cross-linked”. Provavelmente, houve uma

perturbação na conformação da enzima, levando a uma considerável perda da atividade

enzimática (INADA et al., 1994). A menor relação mPEG 2000/ NH2 de 0.134 permitiu a

manutenção atividade enzimática em torno de 30%.

Diante dos resultados obtidos, podemos constatar que uma das limitações da

tecnologia de “PEGlação” envolve em muitos casos, uma perda da atividade biológica durante

a conjugação da proteína ao mPEG. Assim, o mesmo mecanismo que é excelente para

prevenir a degradação das proteínas por enzimas proteolíticas ou anticorpos, pode também

dificultar o acesso da proteína ao seu substrato. Isso ocorre principalmente com enzimas que

possuem um substrato de elevada massa molecular tais como peptídeos, proteínas,

polissacarídeos. Portanto, o aumento da massa molecular da enzima “peglada” pode causar

impedimento estérico que prejudica a ligação do sítio ativo da enzima ao seu substrato,

acarretando na perda de sua atividade biológica (KATRE, 1993; ROBERTS; HARRIS, 1998;

VERONESE, 2001, KINSTLER et al., 2002; CAZALIS et al., 2004).

Outra conseqüência da “PEGlação”, responsável pela perda de atividade biológica,

principalmente, no caso da lisozima, é a diminuição de cargas positivas da superfície da

enzima. Os resíduos de lisinas (K) são os responsáveis por grande parte das cargas positivas

da LZ e são importantes para sua atividade enzimática, pois são essenciais para a interação da

LZ com as cargas negativas da parede da célula bacteriana de Micrococcus lysodeikticus.

Portanto, a perda da atividade enzimática da LZ também está associada com a diminuição das

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cargas positivas devido à ligação dos mPEGs ativados aos amino grupos (YAMASAKI et al.,

1968a; YAMASAKI et al.,1968b; NOKADE; YAMASAKI, 2000).

Por isso, a LZ que é uma enzima pequena (14.4 kDa) e possui como substrato o

polissacarídeo da parede de bactéria Gram-positiva Micrococcus lysodeikticus, ou seja, um

substrato de elevada massa molecular, quando foi altamente modificada com diferentes

mPEGs (mPEG 5000 ou mPEG-pNP 5000) apresentou uma mistura de conjugados de maior

massa molecular, em função da ligação desses polímeros, o que consequentemente ocasionou

além da diminuição de suas cargas positivas necessárias para interagirem com seu substrato,

provocou também o impedimento estérico, dificultando o acesso do sítio catalítico da enzima.

Logo, na proporção molar mPEG/NH2 de 0.86, a atividade enzimática da lisozima modificada

foi muito baixa como podemos observar pelas Figuras 21 e 22 onde a atividade enzimática

residual da LZ-mPEG 5000 é de 3% e da LZ-mPEG-pNP 5000 de 8% .

Diante dessas considerações, podemos verificar pelas Figuras 21 e 22 que à medida

que se diminuiu o grau de modificação da LZ, maior (%) de atividade enzimática residual.

Portanto, a razão molar de 0.11 com mPEG 5000/NH2 ou mPEG-pNP 5000 foi a mais

adequada, porque a atividade enzimática residual foi de 67% e 77% respectivamente.

Com o mPEG 2000 a proporção mais adequada foi de 0.134 que manteve 30% da

atividade enzimática em relação à enzima nativa .

Assim, o impedimento estérico provocado pela modificação da LZ com mPEG 5000,

mPEG 2000 ou mPEG-pNP 5000 interferiu diretamente sobre a atividade lítica da LZ em

direção a parede bacteriana do Micrococcus lysodeikticus, dificultando o acesso da enzima,

acarretando na perda da atividade enzimática.

Há uma série de estudos que demonstra a perda de atividade enzimática como

conseqüência da reação de “PEGlação”. Esse obstáculo não ocorre apenas com a lisozima da

clara de ovo de galinha, mas também ocorreu com a modificação da catalase

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(ABUCHOWSKI et al., 1977), uricase (VERONESE et al., 1996), tripsina (ZHANG; GUAN,

1999), L-asparaginase (ASHIHARA et al, 1978; SOARES et al., 2002; ZHANG et al., 2004).

Por outro lado, quando utilizamos um substrato menor e menos complexo, o polímero

Glicol Quitosana, observamos que a modificação da LZ com mPEG 5000 ou

mPEG-pNP 5000 nas diferentes razões molares (Figura 23) não afetou a atividade lítica da

LZ. Esses resultados indicam que a modificação da LZ por “PEGlação” não ocasionou uma

alteração estrutural do sítio catalítico da enzima. Resultados semelhantes foram obtidos com a

acetilação da LZ (YAMASAKI et al., 1968), com a ligação de peptídeos hidrofóbicos

(ARIMA et al., 1997) e com a modificação química da LZ com mPEG-COONSu 5000

(NODAKE; YAMASAKI, 2000).

Dessa forma, o efeito específico da “PEGlação” sobre as propriedades físico-químicas e

biológicas da proteína é estritamente determinado pelas propriedades da proteína e do

polímero, bem como, pela estratégia de “PEGlação”adotada. Relevantes parâmetros devem

ser considerados para a obtenção do conjugado proteína-polímero como: estrutura, massa

molecular, composição da proteína e forma, pureza do polímero, número de ligantes na cadeia

do polímero, além da química da reação de conjugação, isso, porque dependendo do grau de

modificação sofrido pela proteína, pode-se ocasionar a perda de sua atividade biológica

(CALICETI; VERONESE, 2003).

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101

4.3 Influência do tempo no grau de substituição de lisozima.

A cinética da reação de “PEGlação” da LZ com mPEG 5000, 2000 ou mPEG-pNP 5000

foi acompanhada em função do tempo como descrito em 3.2.6. Os resultados obtidos da

cinética da reação de “PEGlação” da LZ com mPEG 5000 estão representados nas Figuras 24

e 25. A cinética da reação da LZ com mPEG 2000 está representa pela Figura 26 e o

resultado obtido com o mPEG-pNP 5000 está representado pela Figura 27.

Figura 24 – Cinética da reação de “PEGlação” da LZ com mPEG 5000 acompanhada por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%. A reação foi realizada em tampão Hepes pH 7.5 e as amostras foram preparadas na ausência de 2-mercaptoetanol. P: Padrão de massa molecular; 1’, 3’, 5’, 7’, 10’, 20’, 30’, 60’ e 120’ indicam o intervalo de tempo em minutos das amostras submetidas à eletroforese.

P 1’ 3’ 5’ 7’ 10’ 20’ 120’

34 kDa

30’ 60’

47 kDa

19 kDa

86 kDa Lisozima modificada

30 kDa

Lisozima livre: 14.4 kDa

118 kDa

26 kDa

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102

Figura 25 – Cinética da reação de“PEGlação” da LZ com mPEG 5000 acompanhada por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%. A reação foi realizada em tampão Hepes pH 7.5 e as amostras foram preparadas com 2-mercaptoetanol. P: Padrão de massa molecular; 1’, 3’, 5’, 7’, 10’, 20’, 30’, 60’ e 120’ indicam o intervalo de tempo em minutos das amostras submetidas à eletroforese.

Figura 26 – Cinética da reação de “PEGlação” da LZ com mPEG 2000 acompanhada por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%. A reação foi realizada em tampão Hepes pH 7.5 e as amostras foram preparadas com “Sample buffer” na ausência de 2-mercaptoetanol. P: Padrão de massa molecular; 1’, 3’, 5’, 7’, 10’, 20’, 30’, 60’ e 120’ indicam o intervalo de tempo em minutos das amostras submetidas à eletroforese.

1’ 3’ 5’ 7’ 10’ 20’ 30’ 60’ 120’ P

86 kDa

47 kDa

34 kDa

26 kDa

19 kDa

Lisozima modificada

Lisozima livre: 14.4 kDa

30 kDa

118 kDa

Lisozima livre: 14.4 kDa

Lisozima modificada

P 1’ 3’ 5’ 7’ 10’ 20’ 30’ 60’ 120’

118 kDa 86 kDa

47 kDa

34 kDa

26 kDa

19 kDa

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103

Figura 27 – Cinética da reação de “PEGlação” da LZ com mPEG-pPN 5000 acompanhada por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%. A reação foi realizada em tampão Hepes pH 7.5 e as amostras foram preparadas na ausência de 2-mercaptoetanol. P: Padrão de massa molecular; 1’, 3’, 5’, 7’, 10’, 20’, 30’, 60’ e 120’ indicam o intervalo de tempo em minutos das amostras submetidas à eletroforese.

O polietilenoglicol é tipicamente ligado a proteínas, polipeptídeos via α- e ε-amino

grupos e grupos terminais reativos, levando a formação de ligações covalentes estáveis como

ligações amina, amida ou uretano. Assim, uma série de derivados ativados de polietilenoglicol

tem sido usado como reagentes para tecnologia de “PEGlação”, incluindo o PEG

succinimidil succinato que é amplamente utilizado (ZALIPSKY, 1995; BULLOCK et al.,

1996) e o PEG-p-nitrofenil carbonato que perante a literatura especializada ainda encontra-se

com uma aplicação mais limitada (Figura 28).

Assim, o estudo da cinética da reação de “PEGlação” com o mPEG ativado com os

grupos funcionais succinimidil succinato ou p-nitrofenil carbonato é interessante para elucidar

diferentes aspectos da reação de “PEGlação”.

86 kDa

47 kDa

34 kDa

26 kDa

19 kDa

Lisozima livre: 14.4 kDa

30 kDa

40 kDa

Lisozima modificada

118 kDa

P 1’ 3’ 5’ 7’ 10’ 20’ 30’ 120’ 60’

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104

Figura 28 -Representação estrutural (a) PEG succinimidil succinato e (b) PEG-p-nitofenil carbonato (Adaptado de VERONESE; PASUT, 2005).

De acordo com os resultados obtidos com a reação de “PEGlação” da LZ com o

mPEG 5000 (Figura 24 e 25) e mPEG 2000 (Figura 26) podemos constatar que compostos

que possuem o grupo funcional succinimidil succinato são altamente reativos em direção aos

grupos aminos disponíveis na molécula de lisozima. Portanto, tanto a reação da LZ com

mPEG 5000 ou mPEG 2000 teve início quase que instantaneamente, 1 minuto após o início

da reação (VERONESE, 2001; VERONESE; PASUT, 2005).

Os conjugados obtidos LZ-mPEG 5000 apresentaram o mesmo perfil de substituição,

e conforme o aumento do tempo de reação aumentou-se intensidade da banda em torno de

30 kDa, no final de 2 horas. Esse resultado demonstra a maior afinidade do mPEG 5000 pelos

resíduos de K33, K97 e K116 como sugerido por LEE e PARK, (2003).

A reação de conjugação da LZ-mPEG 2000 apresentou uma cinética bem diferente em

relação ao mPEG 5000. Como podemos observar pelos dados da Figura 26, o mPEG 2000

também é altamente reativo, devido ao grupo succinimidil succinato, porém sua substituição

aparentemente é inespecífica, pois ocorre a substituição dos resíduos mais reativos na

molécula de LZ, os resíduos de lisina ( K33, K97, K116), mas como esse polímero está em

uma razão molar mPEG 2000/NH2 de 0.86 ocorreu um elevado grau de modificação da LZ, e

também a formação de conjugados “cross-linked” devido possivelmente, a presença de grupos

diol. Assim, primeiramente foram ligados mPEG 2000 nos resíduos mais reativos de lisinas

(b)

(a)

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105

(bandas em torno de 19 kDa e 26 kDa) e em função do tempo de reação as bandas

aumentaram em número e em massa molecular, indicando que essa proporção mPEG

2000/lisozima ocasionou um inespecífico e elevado grau de modificação de LZ no final de 2

horas de reação.

A partir das Figuras 24 e 25 podemos observar que não ocorreram alterações

consideráveis no perfil eletroforético das amostras tratadas com 2-mercaptoetanol das

amostras que não foram tratadas. Esse reagente é um agente redutor empregado para romper

as pontes dissulfetos que participam da estrutura terciária da proteína e utilizado na

composição do “Sample buffer” para preparação das amostras a serem aplicadas na

eletroforese (LAEMMLI, 1970). Segundo esses resultados, é possível observar que o perfil

eletroforético da cinética de reação de “PEGlação” da LZ-mPEG 5000 obtido com as

amostras preparadas na ausência de 2-mercaptoetanol apresentou melhor nitidez (Figura 24).

Em função disso, a cinética da reação de “PEGlação” da LZ com mPEG 2000 ou mPEG-pNP

5000 foi acompanhada com as amostras preparadas sem 2-mercaptoetanol.

A cinética de reação de “PEGlação” da LZ com mPEG-pNP 5000 (Figura 27) indica

uma cinética de substituição mais lenta quando comparada com a cinética do mPEG 5000 ou

mPEG 2000. Portanto, o fato do mPEG-pNP 5000 exibir uma velocidade de reação mais

lenta, permite explorar as diferenças de reatividade dos distintos grupos aminos das proteínas

ou polipepitídeos empregados na reação de “PEGlação”. Assim, esse composto (mPEG-pNP

5000) permite que se interrompa a reação em um determinado intervalo de tempo a fim de

obter um conjugado com o grau de modificação desejado (VERONESE et al., 2001;

VERONESE; PASUT, 2005).

Com o mPEG-pNP 5000 percebemos que sua ligação a LZ ocorreu preferencialmente

em direção aos amino grupos mais reativos da LZ ( K33, K97, K116), como observado com o

mPEG 5000 produzindo uma banda em torno de 30 kDa. O desenvolvimento da reação em

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função do tempo, mostrou um aumento da intensidade da banda em torno de 30 kDa, e no

final de 2 horas verificamos a formação de 2 conjugados: um representado pela banda em

torno de 30 kDa e outro representado pela banda em torno de 40 kDa ( Figura 27).

Assim, a partir do padrão obtido em gel de poliacrilamida (Figura 27) podemos

constatar uma propriedade muito interessante desse composto, pois no instante de 30 minutos

após o início da reação, observamos nitidamente apenas a banda correspondente ao conjugado

de 30 kDa, sem a mistura heterogênea de outros conjugados, indicando que esse intervalo de

tempo seria o ideal para se obter um conjugado mais homogêneo de LZ-mPEG-pNP 5000 que

facilitaria sua purificação do excesso de polímero e da lisozima livre. Esse fato não aconteceu

com outros intervalos de tempo, sendo que nos instantes de 60 e 120 minutos já ocorre a

formação de uma mistura de conjugados que fica nítida após 120 minutos, representada pelas

bandas em torno de 40 kDa e 50 kDa (Figura 27).

Dessa forma, o conjugado LZ-mPEG-pNP 5000 foi um interessante derivado obtido,

pois esse tipo de conjugado não está extensivamente explorado, havendo portanto poucos

estudos envolvendo a modificação química da LZ com o mPEG-pNP 5000. Nesse sentido, o

estudo do conjugado LZ-mPEG-pNP 5000 contribuiu com informações detalhadas a respeito

do emprego desse polímero na tecnologia de “PEGlação”.

Com finalidade de verificarmos se a natureza química do tampão de reação empregado

no processo de “PEGlação” causava alguma interferência na cinética da reação, realizamos o

mesmo procedimento empregado com mPEG 5000 de acordo com o Tabela 6, porém

utilizando como tampão de reação o tampão fosfato salino pH 7.3. Os resultados estão

apresentados nas Figuras 29 e 30.

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107

Figura 29 – Cinética da reação de “PEGlação” da LZ com mPEG 5000 acompanhada por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%. A reação foi realizada em tampão fosfato salino pH 7.3 e as amostras foram preparadas com “Sample buffer”na ausência de 2-mercaptoetanol. P: Padrão de massa molecular; 1’, 3’, 5’, 7’, 10’, 20’, 30’, 60’ e 120’ indicam o intervalo de tempo em minutos das amostras submetidas à eletroforese.

Figura 30 – Cinética da reação de “PEGlação” da LZ com mPEG 5000 acompanhada por eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%. A reação foi realizada em tampão fosfato salino pH 7.3 e as amostras foram preparadas com “Sample buffer” acrescido de 2-mercaptoetanol. P: Padrão de massa molecular; 1’, 3’, 5’, 7’, 10’, 20’, 30’, 60’ e 120’ indicam o intervalo de tempo em minutos das amostras submetidas à eletroforese.

34 kDa

47 kDa

19 kDa

86 kDa

Lisozima modificada

30 kDa

Lisozima livre: 14.4 kDa

26 kDa

118 kDa

1’ 3’ 5’ 7’ 10’ 20’ 30’ 60’ 120’ P

P 1’ 3’ 5’ 7’ 10’ 20’ 30’ 60’ 120’

Lisozima modificada

30 kDa

Lisozima livre: 14.4 kDa

19 kDa

26 kDa

34 kDa

47 kDa

86 kDa

118 kDa

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108

A partir dos resultados apresentados notamos que o tipo do tampão empregado para

reação não teve uma interferência significativa, principalmente porque o pH tanto do tampão

HEPES como do tampão fosfato salino é próximo das condições fisiológicas, em torno de 7.0.

Assim, a principal diferença entre esses tampões está relacionada à natureza química, pois o

tampão fosfato salino apresenta maior número de íons em solução do que o tampão biológico

HEPES.

Nas duas condições testadas, os perfis eletroforéticos das amostras tratadas com ou

sem 2-mercaptoetanol foram similares. Por isso, é possível comparar os resultados obtidos

com tampão HEPES (Figuras 24 e 25) com tampão fosfato salino (Figuras 29 e 30). Isso fica

evidente devido à obtenção do conjugado com massa molecular em torno de 30 kDa, com a

mesma cinética de “PEGlação”.

4.4 Isolamento da lisozima modificada

A lisozima foi modificada com mPEG 5000, mPEG 2000 ou mPEG-pNP 5000 e

isolada segundo condições propostas no item 3.2.7. A Figura 31 representa a eletroforese em

gel de poliacrilamida 12% das frações recolhidas com o procedimento de purificação por Gel

Filtração dos conjugados lisozima-metoxipolietilenoglicol succinimidil succinado de 5000 Da

(LZ-mPEG 5000) e lisozima-metoxipolietilenoglicol succinimidil succinado de 2000 Da

(LZ-mPEG 2000). A Figura 32 representa a eletroforese em gel de poliacrilamida 12% das

frações recolhidas com procedimento de purificação por Gel Filtração dos conjugados

lisozima-metoxipolietilenoglicol p-nitrofenil carbonato de 5000 Da.

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109

Figura 31 – Perfil eletroforético em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 12% das frações obtidas por cromatografia de Gel Filtração. P: padrão de massa molecular; poços 1, 2, 3, 4: frações obtidas a partir da eluição com Gel Filtração da lisozima modificada com mPEG 2000. Poços: 5, 6, 7, 8 frações obtidas da eluição com gel filtração da lisozima modificada com mPEG5000.

Ao analisarmos o padrão de migração obtido em gel de poliacrilamida (Figura 31)

temos que a lisozima modificada com mPEG 2000 apresenta uma mistura de bandas em torno

de 19 kDa e 26 kDa mesmo após a Gel Filtração poços 1, 2, 3. Isso ocorreu, devido ao fato da

massa molecular desses conjugados obtidos serem próximas. Por outro lado, a lisozima

modificada com mPEG 5000 apresentou uma banda nítida em torno de 30 kDa (poço 5) que

corresponde a lisozima “peglada” sem a presença de LZ livre. As frações representadas nos

poços 1, 2 e 3 foram concentradas por ultrafiltração em membrana de porosidade 5 kDa e

dessa forma foi obtido 1 mL da amostra LZ-mPEG 2000. As frações representadas nos

poços 5, 6 e 7 também foram concentradas por ultrafiltração em membrana 5 kDa e dessa

forma foi obtido 1 mL do conjugado LZ-mPEG 5000.

1 2 3 4 5

34 kDa

26 kDa

19 kDa

P 6 7 8

47 kDa

86 kDa

118 kDa

Lisozima livre: 14.4 kDa

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110

Esse mesmo procedimento de purificação por cromatografia de Gel filtração e

concentração das frações correspondentes a LZ modificada foi realizado com a “PEGlação”da

LZ com o mPEG-pNP 5000. O perfil de eluição da LZ modificada com o mPEG-pNP 5000

(Figura 32).

Figura 32 – Perfil eletroforético em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 12% das frações obtidas por cromatografia de Gel Filtração. P: padrão de massa molecular; poços 1, 2, 3, 4: frações obtidas a partir da eluição com Gel Filtração da lisozima modificada com mPEG-pNP 5000.

Dessa forma, os conjugados LZ-mPEG foram obtidos após o procedimento de

purificação por cromatografia de Gel Filtração e concentração por ultrafiltração das frações

correspondente a LZ “peglada”. O conjugado obtido com o mPEG 2000 (Figura 33, poço 2)

corresponde à uma mistura de conjugados de massa molecular em torno de 19 kDa e 26 kDa.

Embora, seja comum a obtenção de um alto número de conjugados, em muitos casos,

nos quais, a reação de “PEGlação” envolve mPEGs que se liguem aos grupos aminos das

proteínas, essa é uma limitação da aplicação desses polímeros, pois cada vez mais, tem-se

exigido, principalmente pelo FDA, que os conjugados mPEG-proteína apresentem alta pureza

118 kDa 86 kDa

47 kDa

34 kDa

26 kDa

19 kDa

1 2 3 4 P

30 kDa

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111

e que a metodologia empregada na “PEGlação” permita identificar o sítio de ligação da

molécula de mPEG na estrutura primária da proteína (VERONESE, 2001; KLINSTLER et al.,

2002; VERONESE; PASUT, 2005).

Assim, os conjugados obtidos com mPEG 5000 (Figura 33, poço 3) ou mPEG-pNP

5000 (Figura 33, poço 4) apresentaram uma banda nítida em torno de 30 kDa com ambos os

polímeros, enquanto que com o mPEG 2000 temos uma mistura de conjugados ((Figura 33,

poço 2).

Figura 33 – Eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 12 % dos conjugados

obtidos com a modificação da LZ por “PEGlação”. Poço 1: lisozima

nativa; poço 2: LZ-mPEG 2000; poço 3: LZ- mPEG 5000; poço 4:

LZ- mPEG-pNP 5000.

P

19 kDa

26 kDa

34 kDa

47 kDa

118 kDa

86 kDa

1 2 3 4

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112

4.5 Verificação da atividade e estabilidade biológica da lisozima modificada em função

do pH .

Para verificarmos a atividade e a estabilidade biológica dos conjugados obtidos com a

modificação da lisozima com os diferentes mPEGs (mPEG 5000; 2000 ou mPEG-pNP 5000),

como descrito no item 4.4. foi estudado o comportamento da lisozima nativa e de cada de um

dos seus derivados (LZ-mPEG 5000; LZ-mPEG 2000; LZ-mPEG-pNP 5000) em função do

pH e da temperatura. Existem poucos trabalhos que verificaram esse comportamento da LZ e

de seus derivados “peglados” nessa faixa ampla de pH, principalmente em pH >10.

A atividade enzimática e a estabilidade da lisozima nativa e de seus derivados foi

determinada em diferentes tampões, variando o pH de 4 a 12 como descrito em 3.2.8. Os

resultados obtidos referente aos ensaios da determinação da atividade enzimática da LZ nativa

e de seus derivados LZ-mPEG 5000; LZ-mPEG 2000 ou LZ-mPEG-pNP 5000 estão

representados pela Figura 34.

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113

4 6 8 10 120

20

40

60

80

100 lisozimaA

tivid

ade

(%)

pH

4 6 8 10 120

20

40

60

80

100 lisozima lisozima-mPEG 5000

Ativ

idad

e (%

)

pH

4 6 8 10 120

20

40

60

80

100 lisozima lisozima-mPEG 2000

Ativ

idad

e (%

)

pH

4 6 8 10 120

20

40

60

80

100

lisozima lisozima-mPEGp-NP

Ativ

idad

e (%

)

pH

Figura 34 – Efeitos do pH sobre a atividade enzimática (%) da lisozima nativa e seus derivados. Lisozima nativa (A), lisozima-mPEG 5000 (B), lisozima-mPEG 2000 (C), lisozima-mPEG-pNP 5000 (D) em diferentes tampões variando o pH de 4 a 12 (4.0-5.0 acetato 50 mM; 6.0-8.0 Hepes 50 mM e 9.0-12 Tris-HCl 50 mM) a 25°C.

(A) (B)

(C) (D)

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114

A Figura 34 mostra o efeito do pH sobre a atividade enzimática da lisozima (A) e de

seus derivados “peglados” (B), (C) e (D). Assim, notamos que a reação de “PEGlação”

ocasionou alterações marcantes no perfil de ação da lisozima sobre substrato Micrococcus

lysodeikticus.

Nas condições do ensaio a lisozima nativa apresentou pH ótimo de ação entre 7 e 8

enquanto que para LZ-mPEG 5000 (B), LZ-mPEG 2000 (C)) o pH ótimo de ação foi 6.0, e

para o LZ-mPEG-pNP 5000 (D apresentou pH ótimo em 6.0 e 9.0, ou seja, ocorreu um

deslocamento do pH ótimo de atividade em relação ao da lisozima nativa. Em pH 7.0

observamos uma queda de atividade da LZ-mPEG 5000 em torno de 50%, LZ-mPEG 2000

em torno de 70% . Nesse mesmo pH o conjugado LZ-mPEG-pNP 5000 também apresentou

um perfil de ação sobre o Micrococcus lysodeikticus diferenciado, porém a perda de

atividade em relação à LZ nativa foi em torno de 20%.

Para pH acima de 8 a lisozima nativa apresentou uma queda significativa de atividade

enquanto que seus derivados LZ-mPEG 5000, LZ-mPEG 2000 ou LZ-mPEG-pNP 5000

apresentaram atividade em torno de 80%, 60% e 100% respectivamente, em pH 9.0. Em

extremos de pH, ou seja, 4 e 12 a lisozima nativa e seus derivados perdem atividade

enzimática significativamente. Como foi verificado por HOMCHAUDHURI, et al. (2006), a

exposição da LZ nativa a pH 12.2 a 25°C produz a formação de agregados o que

provavelmente, ocasiona a perda de atividade enzimática.

Assim, a estabilidade estrutural da enzima em relação a agentes desnaturantes, tais

como pH e temperatura, é responsável pela manutenção de sua atividade enzimática. Por isso,

a influência do pH e a da temperatura são parâmetros críticos que interferem na atividade

biológica das enzimas. Além disso, temos que o pH ótimo de uma enzima é dependente de

vários parâmetros experimentais, incluindo tempo de reação, temperatura, natureza e

concentração do substrato, natureza e concentração do tampão, força iônica do meio e pureza

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115

da enzima (WHITAKER, 1994). Por outro lado, o efeito do pH da solução sobre a proteína

promove sua adsorção que interfere com sua atividade enzimática. Essa adsorção para estar

relacionada com as propriedades físico-química da proteína como: tamanho, dimensão, e

carga eletrostática (LEE et al., 2002).

A atividade enzimática da LZ tem sido tradicionalmente medida pela observação da

lise de células liofilizadas de Micrococcus lysodeikticus. A máxima atividade específica da

LZ a 25 °C usando Micrococcus lysodeikticus como substrato é de aproximadamente 50.000

UI/mg , mas pode ser menos de 20.000 UI/mg dependendo das condições (pH, natureza

química dos tampões) de tratamento da LZ e de seu substrato (JOHNSON; LARSON, 2005).

A atividade lítica da LZ vem sendo estudada há tempos, principalmente devido às

particularidades que essa enzima possui. A LZ pode ser inativa na ausência de sais, indicando

que atividade lítica dessa enzima apresenta uma dependência da concentração, da força iônica

e da natureza química dos íons (cátions) e dos tampões empregados no preparo da suspensão

de células de Micrococcus lysodeikticus. Em função disso, geralmente a atividade lítica da LZ

aumenta com o aumento da força iônica, contudo se a suspensão de células de Micrococcus

lysodeikticus estiver com uma elevada concentração de sais, força iônica, em dado pH pode

ocorrer a inibição da LZ (FLEMING; ALLISON, 1922; BOASSON, 1938; FEINER et al.,

1946; SMOLELIS; HARTSELL, 1952; JOHNSON; LARSON, 2005).

No centro catalítico da LZ encontramos dois aminoácidos ácidos. E a interação entre a

LZ e seu substrato se trata de uma catálise ácido-base que envolve os dois aminoácidos, o

glutamato 35 (Glu 35) e o ácido aspártico 52 (Asp 52). Esses aminoácidos se encontram em

lados opostos do ponto de ação da LZ no substrato, a ligação glicosídica β (1-4) característica

dos peptídeoglicanos bacterianos cujo dissacarídeo é constituído de N-acetil glucosamina

(NAG) e N-acetil murâmico (NAM). A região onde está cada um desses aminoácidos é

diferente. O Asp 52 se encontra rodeado de grupos polares e no pH próximo ao fisiológico,

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116

ele fica ionizado. Por outro lado, o Glu 35 está em uma região apolar e próximo ao pH

fisiológico ele está protonado, não ionizado. Assim, o meio em que se encontra cada um dos

resíduos determina seu papel no processo catalítico sendo, o Glu 35 e Asp 52 fundamentais na

ação catalítica da LZ. Por isso, o pH influencia nesse mecanismo catalítico porque quando o

pH aumenta o Glu 35 se ioniza, e quando ocorre uma diminuição do pH é o Asp 52 que se

protona.

Trabalhos anteriores demonstraram que o pH ótimo para a lise do Micrococcus

lysodeikticus “in vitro” pela LZ da clara de ovo de galinha é aproximadamente 6.6

(PROCTOR; CUNNINGHAM, 1998). Sua atividade enzimática é observada numa faixa de

pH de 3.5 a 7.0 (WANG; SHELEF, 1992), entretanto, menor atividade tem sido observada em

pH abaixo de 3.5 ou acima de 7.0 (SMOLELIS; HARTSELL, 1952; YANG;

CUNNINGHAM, 1993). O pH ótimo de atividade da LZ é fortemente dependente da

concentração do sal (CHANG; CARR, 1971; DAVIES et al., 1969) e para valores de pH

abaixo de 5.3 o produto da reação pode inibir a enzima (JOHNSON; LARSON, 2005).

Assim, levando-se em consideração os fatores que interferem na atividade enzimática

da lisozima, podemos observar a partir dos resultados obtidos (Figura 34 A) que a LZ nativa

apresentou um comportamento similar ao que está descrito na literatura. Outro aspecto que foi

observado em relação à medida da atividade lítica da LZ é que quando se realizou a medida

da atividade enzimática com a suspensão de Micrococcus lysodeikticus em tampão fosfato

0.1 M, pH 7.0 a atividade lítica obtida foi menor do que quando mensurada em tampão fosfato

0.05 M pH 7.0 (valores não mostrados), apresentando, em baixas concentrações salinas, um

aumento não específico da atividade enzimática (DAVIES et al., 1969; SMOLELIS;

HARTSELL, 1952; CHANG; CARR, 1971; TRANTER, 1994; JOHNSON; LARSON, 2005).

Isso, confirma a influência da concentração do sal e a força iônica do tampão empregado,

sobre a atividade lítica da LZ.

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117

A modificação química da lisozima com mPEG 5000 (Figura 34 B), mPEG 2000

(Figura 34 C) ou mPEG-pNP 5000 (Figura 34 D) causou um deslocamento no pH ótimo

(pH 6) em relação à enzima nativa (pH entre 7 e 8). Dessa forma, o perfil de atividade dos

conjugados obtidos sobre o Micrococcus lysodeikticus foi modificado, indicando que a

complexação da LZ com os diferentes polímeros empregados causou alterações

conformacionais na enzima que refletiram em mudanças no perfil de atividade de cada

derivado frente ao pH. A lisozima modificada apresentou uma queda de atividade em pH 7.0,

sendo essa queda mais significativa com os conjugados LZ-mPEG 5000, LZ-mPEG 2000.

Estudos de modificação química têm indicado, que as cargas positivas dos aminos

grupos da lisozima estão envolvidos na hidrólise catalítica do peptídeoglicano da parede das

bactérias Gram-positivas. Essas cargas positivas dos amino grupos são essenciais porque

interagem eletrostaticamente com a parede da bactéria Micrococcus lysodeikticus carregada

negativamente, auxiliando na lise celular (YAMASAKI et al., 1968a; YAMASAKI et al.,

1968b; MASUDA et al., 2005). Assim, quando ocorre a ligação covalente da lisozima aos

diferentes polímeros (mPEG 5000, mPEG 2000 ou mPEG-pNP 5000) ocorre uma diminuição

dos amino grupos livres da lisozima, o que pode estar diminuindo sua atividade catalítica.

Esse comportamento foi observado em pH 7.0, no qual ocorre uma diminuição de cargas no

meio externo, pH neutro, associada com a diminuição das cargas positivas presentes na

superfície da lisozima (IMOTO, 1983; NODAKE et al., 2002; LEE et al., 2002).

Entretanto, em 9 < pH < 12 os derivados LZ-mPEG 5000, LZ-mPEG 2000 ou

LZ-mPEG-pNP 5000 apresentaram maior atividade catalítica em relação à LZ nativa. Nessas

condições, percebemos que a reação de “PEGlação”conferiu uma maior resistência a

condições desnaturantes para a LZ nativa. Esses conjugados caracterizam-se por apresentar

uma superfície de hidrofobicidade maior do que a LZ nativa. Existem evidências, indicando

que ligação covalente de mPEGs aos resíduos de lisina 33 não altera a estrutura secundária ou

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118

terciária da molécula de LZ (MALZERT et al., 2003) o que não prejudica sua atividade

enzimática sob certas condições.

Estudos de cristalografia de raio-X e modificação química têm sugerido que a lisina

33 é o mais exposto dentre os 6 resíduos de lisina da LZ e está mais distante da fenda do sítio

catalítico da LZ (BLAKE et al., 1967; YAMADA et al., 1986). Como foi sugerido por

NODAKE et al. (2002) a modificação química por “PEGlação” aparentemente, não envolve

completamente a molécula de LZ, porém contribui para criar uma região hidrofóbica em uma

parte específica da molécula de LZ. Essa propriedade da “PEGlação” promoveria a atividade

lítica da LZ em pH básicos.

A estabilidade biológica da lisozima, LZ-mPEG 5000, LZ-mPEG 2000 e

LZ- mPEG-pNP 5000 foi verificada em diferentes tampões, numa ampla faixa de pH de 4.0 a

12, sob temperaturas de 25 °C e 50 °C. Nessas condições foram obtidos os perfis de

estabilidade representados nas Figuras 35 e 36.

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119

4 6 8 10 120

20

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80

100 lisozima

Est

abili

dade

(%

)

pH

4 6 8 10 120

20

40

60

80

100

lisozima lisozima-mPEG 5000

Est

abili

dae

(%)

pH

4 6 8 10 120

20

40

60

80

100

Lisozima Lisozima-mPEG 2000

Est

abili

dade

(%

)

pH

4 6 8 10 120

20

40

60

80

100

lisozima lisozima-mPEG-pNP 5000

Est

abili

dade

(%

)

pH

Figura 35- Perfil de estabilidade (%) da lisozima nativa e de seus derivados. Lisozima nativa (A), lisozima-mPEG 5000 (B), lisozima-mPEG 2000 (C) e lisozima-mPEG-pNP 5000 (D) realizado pela incubação das amostras por 1 hora a 25 ºC em diferentes tampões variando o pH de 4 a 12 (4-5 acetato 50 mM; 6-8 Hepes 50 mM; 9-12 Tris-HCl 50mM).

(A) (B)

(D) (C)

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120

4 6 8 10 120

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80

100 lisozima

Est

abili

dade

(%

)

pH

4 6 8 10 120

20

40

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80

100

lisozimalis-mPEG5000

Est

abili

dade

(%

)

pH

4 6 8 10 120

20

40

60

80

100

lisozima lis-mPEG2000

Est

abili

dade

(%

)

pH

4 6 8 10 120

20

40

60

80

100

lisozima lis-mPEGpNP 5000

Est

abili

dade

(%

)

pH

(C)

(A) (B)

(D)

Figura 36 - Perfil de estabilidade (%) da lisozima nativa e de seus derivados. Lisozima nativa (A), lisozima-mPEG 5000 (B), lisozima-mPEG 2000 (C) e lisozima-mPEGpNP 5000 (D) realizado pela incubação das amostras por 1 hora a 50 ºC em diferentes tampões variando o pH de 4 a 12 (4-5 acetato 50 mM; 6-8 Hepes 50 mM; 9-12 Tris-HCl 50mM).

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121

De acordo com os dados representados na Figura 35 podemos notar que lisozima

nativa (Figura 35 A) e seus derivados, LZ-mPEG 5000 (Figura 35 B), LZ-mPEG 2000

(Figura 35 C) e LZ-mPEG-pNP 5000 (Figura 35 D)) permaneceram estáveis em uma

ampla faixa de pH (4-12) a 25 °C. A LZ nativa apresentou uma estabilidade acima de

80% nos diferentes pHs enquanto que seus derivados lisozima mPEG 2000

(Figura 35 C), lisozima-mPEG-pNP 5000 (Figura 35 D) apresentaram pequenas

variações na estabilidade nos diferentes pHs. O conjugado lisozima-mPEG 5000

(Figura 35 B) apresentou estabilidade bem próxima a LZ nativa, sendo mais estável em

pH > 9.

Quando a temperatura foi dobrada para 50 °C (Figura 36), o derivado

LZ-mPEG 2000 (Figura 36 C) ficou menos estável em pH < 8, e apresentou estabilidade

semelhante em relação à LZ nativa em pH > 9 até 11. LZ-mPEG 5000 ( Figura 36 B),

LZ-mPEG-pNP 5000 (Figura 36 D) apresentaram perfis de estabilidade semelhantes LZ

nativa em função do pH. Em pH 12 os conjugados LZ-mPEG 5000 (Figura 36 B),

LZ- mPEG 2000 (Figura 36 C) e LZ-mPEG-pNP 5000 (Figura 36 D) apresentaram maior

estabilidade do que a LZ nativa.

Como as proteínas são moléculas anfifílicas constituídas por α- hélices e folhas β

sua superfície externa está diretamente envolvida com sua função e atividade. Assim,

propriedades moleculares das proteínas como interações eletrostáticas, superfície de

hidrofobicidade, estabilidade estrutural, massa molecular caracterizam sua função

(LEE, et al., 2002). Por isso, a estabilidade de uma proteína é principalmente dependente

das interações de sua cadeia de aminoácidos e elementos da estrutura secundária. Dentre

as ligações mais fortes, temos as interações eletrostáticas de longo alcance. Mas temos

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122

também as ligações mais fracas tipo Van der Waals que contribuem para a estabilidade da

proteína. Pontes de hidrogênio, pontes salinas e pontes dissulfetos também contribuem

para a estabilidade da proteína. Outro fator que afeta a estabilidade da proteína é o

solvente em que proteína se encontra (PETERSEN et al., 2004).

Assim, a estabilização de uma enzima contra inativação irreversível em função de

extremos de pH, depende de vários fatores como temperatura, meio externo, força iônica,

e natureza química dos tampões (ZACCHIGNA et al., 1999). Contudo, podemos notar

que a lisozima nativa foi muito estável em uma ampla faixa de pH

(MASSCHALCK et al., 2003), sendo essa uma propriedade muito interessante da

lisozima.

A modificação química da LZ com mPEG 5000, mPEG 2000 ou mPEG-pNP

5000 não acarretou em uma alteração prejudicial no seu comportamento, pois a LZ é

uma proteína estável estruturalmente e sofre pouca ou nenhuma alteração conformacional

por modificações brandas (VAN DER VEEN, 2005). Assim, os derivados obtidos

apresentaram uma estabilidade interessante nessas condições de pH e temperatura, sendo

que as principais vantagens da modificação química da LZ com mPEG 5000, mPEG

2000 ou mPEG-pNP 5000 foi em relação à sua alta estabilidade em pH alcalino,

principalmente em pH 12.

A lisozima é dentre as enzimas, uma das mais estáveis ao aquecimento, podendo

resistir à ebulição por 1 ou 2 minutos em pH de 4 a 5, porém é desnaturada pelo

aquecimento em elevados pH (AHERN; KLIBANOV, 1985; SOFOS et al., 1998).

Irreversível desnaturação ocorre a 100°C muito mais lentamente a pH 4 do que em pH 8

(AHERN; KLIBANOV, 1985). Aquecimento da lisozima por 5 minutos a 100°C em

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123

pH 9 resultou em uma significativa perda de atividade enzimática (MEYER et al., 1936).

A lisozima usualmente não é afetada por temperaturas acima de 55 °C, embora sua

estabilidade durante o aquecimento altere com as condições de pH, concentração de sal

(WANG; SHELEF, 1992). A estabilidade da LZ diminui em pH acima de 7.0

(SMOLELIS; HARTSELL, 1952; WANG; SHELEF, 1991), com muito maior

estabilidade em pH 7.0 do que em pH 9.0 na clara do ovo (CUNNINGHAM;

LINEWEAVER, 1965), provavelmente porque ocorre a redução de pelo menos uma das

ligações dissulfeto pelo grupo sulfidrila da ovoalbumina (CUNNINGHAM;

LINEWEAVER, 1967). Em pH 6.2 a lisozima perdeu somente 5% da atividade lítica

depois de aquecida a 80°C por 30 minutos e perdeu 25% da atividade depois de aquecida

a 100 °C por 20 minutos (SMOLELIS; HARTSELL, 1952). A estabilidade da LZ foi

maior entre 85°C e 95°C em pH 5.5 (BEYCHOK; WARNER, 1959).

Perante essas considerações, o desenvolvimento de formulações estáveis da lisozima,

principalmente para uso em alimentos, poderia ampliar de forma considerável o uso dessa

enzima. Assim, a modificação química da lisozima por “PEGlação” pode proteger a LZ

contra a desnaturação em função da temperatura e pH, possivelmente como um resultado

de um aumento de interações hidrofóbicas (JOHNSON; LARSON, 2005).

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124

4.6 Verificação da resistência à ação de proteases da lisozima modificada

Para verificarmos a resistência à ação de proteases dos conjugados obtidos com a

modificação da lisozima como descrito no item 4.3, foi estudado a ação de diferentes

proteases sobre lisozima nativa e modificada como descrito no item 3.2.9. Nesse ensaio

foram utilizadas proteases de origem bacteriana (Neutrase e Protex 6L), origem vegetal,

(Papaína), Protease Fúngica e protease de origem animal, Proteomix (quimotripsina e

tripsina). Essas proteases apresentam pH ótimo no intervalo (6.0-8.0) e podem atuar

inespecificamente, sendo a Proteomix mais específica em direção aos aminoácidos

tirosina, fenilalanina e triptofano. Os resultados obtidos estão expressos nas Figuras 37 e

38.

0

20

40

60

80

100

120

0 20 40 60 80 100 120 140

Tempo (min)

Ati

vid

ad

e (

%)

Proteomix Protease Fúngica Neutrase Papaína Protex 6L

Figura 37 – Comportamento da lisozima nativa frente a ação de diferentes proteases. Foram adicionados a 100 µL de lisozima nativa (600 UI) diferentes proteases: Proteomix, Protease Fúngica, Neutrase, Papaína e Protex 6L como descrito em métodos.

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125

0

20

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60

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100

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0 20 40 60 80 100 120 140

Tempo (min)

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%)

Lisozima LZ-mPEG 5000

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Tempo (min)

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%)

Lisozima LZ-mPEG 5000

0

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Tempo (min)

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e (

%)

Lisozima LZ-mPEG 5000

0

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0 20 40 60 80 100 120 140

Tempo (min)

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%)

Lisozima LZ-mPEG 5000

0

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40

60

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100

120

0 20 40 60 80 100 120 140

Tempo (min)

Ati

vid

ad

e (

%)

Lisozima LZ-mPEG 5000

Figura 38 - Comportamento da lisozima nativa, lisozima modificada (LZ-mPEG5000) perante a ação de

diferentes proteases. Foram adicionados a 100 µL de lisozima nativa (600 UI) ou a 100 µL modificada LZ-mPEG 5000 (450 UI), preparadas em tampão fosfato 100 mM pH 7.0, em excesso das diferentes proteases (20 UI). (A) Proteomix, (B) Protease Fúngica, (C) Protex 6L, (D) Neutrase, (E) Papaína.

A B

C D

E

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126

A partir dos resultados apresentados na Figura 37 notamos que a lisozima nativa é uma

enzima resistente a degradação proteolítica, pois em contato com 5 diferentes proteases a

enzima permaneceu com considerável atividade enzimática (98%) por 2 horas a 37°C. Essa

resistência à degradação proteolítica pode ser explicada devido à estrutura globular, bem

empacotada e rígida da molécula de lisozima (POLVERINO DE LAURETO et al., 1995).

Estudos anteriores verificaram a resistência a degradação proteolítica da LZ com papaína,

tripsina, quimotripsina (MINE et al., 2004) e outras proteases (IMOTO et al., 1974, 1986;

POLVERINO DE LAURETO et al., 1995). Essa limitada proteólise da LZ é uma interessante

propriedade, que tem contribuído para análise estrutural e dinâmica das proteínas

(POLVERINO DE LAURETO et al., 2002).

Com objetivo de verificarmos se a lisozima modificada apresentava resistência à ação

de proteases, trabalhamos com um excesso de protease (proporção em massa LZ / protease

1:25). Como podemos observar pela Figura 38 a LZ nativa apresentou uma queda de atividade

enzimática em torno 40% na presença de 20 UI de Proteomix (A), Protease Fúngica (B) e

Protex 6L (C). Com a Neutrase (D) e a Papaína (E) a LZ manteve atividade enzimática em

torno de 80%. Simultaneamente, observamos que ocorreu um aumento da resistência a

degradação proteolítica da lisozima modificada, LZ-mPEG 5000, em relação a nativa nas

condições do ensaio. Essa resistência enzimática pode está relacionada à ligação da LZ ao

mPEG o que promoveu o aumento da massa molecular da enzima causando impedimento

estérico, evitando assim o contato com as proteases (VERONESE, 2001; ROBERTS et al.,

2002; LEE; PARK, 2003). Resultados semelhantes foram obtidos com os derivados LZ-

mPEG 2000 e LZ-mPEG-pNP 5000.

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127

Dentre outros trabalhos SO et al. (1996), demonstrou que a susceptibilidade da

lisozima à proteases (tripsina, pronase P, catepsina B e D) foi maior do que a modificada com

mPEG, indicando que a modificação química da lisozima por “PEGlação” pode aumentar a

resistência a degradação proteolítica.

Outras enzimas como Ribonuclease, Catalase, Tripsina, L-asparaginase

(MONFARDINI et al., 1995) e Uricase (SCHIAVON et al., 2000) após serem modificadas

por “PEGlação” também apresentaram maior resistência a degradação proteolítica.

Figura 39 - Eletroforese em gel de poliacrilamida SDS–PAGE 15%. Lisozima incubada a 37 ºC após 2 horas em tampão fosfato 0.1 M pH 7.0 com proteases: P: padrão de massa molecular: poço 1: lisozima nativa; poço 2: Papaína; poço 3: Protease Fúngica; poço 4: Neutrase; poço 5: Protex 6L. A seta indica lisozima com 14.4 kDa.

P 1 2 3 4 5

47 kDa

26 kDa

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128

Figura 40 - Eletroforese em gel de poliacrilamida SDS–PAGE 15%. LZ-mPEG 5000 incubada a 37 ºC após 2 horas em tampão fosfato 0.1 M pH 7.0 com proteases. P: padrão de massa molecular: poço 1: Lisozima nativa; poço 2: Papaína; poço 3: Protease Fúngica: poço 4: Neutrase; poço 5: Protex 6L. A seta indica Lisozima com 14.4 kDa.

A partir dos géis de poliacrilamida 15% (Figuras 39 e 40) foi verificado o perfil

protéico das amostras submetidas à degradação proteolítica com diferentes proteases. Como

as proteases estavam em excesso, foi possível observar bandas correspondentes às proteases.

A presença de banda correspondente a LZ-mPEG 5000 (30 kDa) indica a resistência

proteolítica dessa amostra.

P

47 kDa

26 kDa LZ-mPEG 5000

1 2 3 4 5

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129

0

20

40

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80

100

120

0 15 30 45 60 75 90 105 120

Tempo (min.)

Ati

vid

ad

e (

%)

Lisozima LZ-mPEG 2000

LZ-mPEG 5000 LZ-mPEG-pNP 5000

Figura 41 - Estabilidade da lisozima nativa, LZ-mPEG 2000, LZ-mPEG 5000 e LZ-mPEG-pNP 5000 em soro humano a 37 °C por 2 horas.

Quando amostras de lisozima nativa ou lisozima modificada foram submetidas à

incubação em soro humano “in vitro” como descrito 3.2.10 notamos que as amostras

permaneceram estáveis, com atividade enzimática acima de 90% (Figura 41), indicando que

não ocorreu alterações em relação ao reconhecimento imunogênico, bem como, à degradação

proteolítica inespecífica entre a lisozima nativa e seus derivados.

Esses resultados obtidos permitem observar que a lisozima apresenta algumas

propriedades físico-químicas e biológicas peculiares e que a sua “PEGlação” favoreceu a

proteção contra digestão enzimática. Assim, a conjugação ao mPEG foi interessante pois,

mascarou a superfície da enzima, aumentou o seu tamanho molecular, impedindo a

aproximação de antígenos ou anticorpos e evitando a degradação da mesma por enzimas

proteolíticas (ROBERTS et al., 2002).

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130

4.7 Avaliação da atividade antimicrobiana da lisozima modificada contra bactéria

Gram-negativa E. coli.

Os testes de atividade antimicrobiana da lisozima, LZ-mPEG 5000 foram realizados

com descrito no item 3.2.11. Os resultados estão apresentados na Tabela 14 e na Figura 42.

Tabela 14 – Avaliação da atividade antimicrobiana da lisozima nativa, lisozima-mPEG

5000, mPEG 5000 em relação à UFC / mL, Log UFC / mL e colônias sobreviventes (%).

Amostra UFC / mL Log UFC / mL Sobreviventes (%)

Controle 2.4 x 104 4.38 100

Lisozima 2.2 x 104 4.34 92

LZ-mPEG 5000 1.0 x 104 4.0 42

mPEG 5000 2.3 x 104 4.36 96

0

5000

10000

15000

20000

25000

UF

C/

mL

controle Lisozima LZ-mPEG 5000 mPEG 5000

Figura 42 – Avaliação da atividade antimicrobiana da Lisozima, LZ–mPEG 5000 comparadas com o controle e mPEG 5000 em relação à UFC / mL.

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131

De acordo com a Tabela 14, percebemos que a atividade antimicrobiana do conjugado

LZ-mPEG 5000 foi maior quando comparada a lisozima nativa, pois a percentagem de

colônias sobreviventes de E. coli foi de 42% enquanto que a percentagem de colônias

sobreviventes com a lisozima nativa foi de 92 %. Em relação ao mPEG 5000 livre nenhum

efeito antimicrobiano foi observado como podemos observar pela percentagem de colônias

sobreviventes bem próxima ao do controle. Os dados representados na Figura 42 permitem

visualizar o comportamento da lisozima e da LZ-mPEG 5000 em relação à atividade

antimicrobiana contra bactéria Gram-negativa em relação às unidades formadoras de colônias

(UFC), indicando uma queda de unidades formadoras de colônias nas amostras tratadas com

LZ-mPEG 5000.

As bactérias Gram-negativas são geralmente mais resistentes à LZ do que bactérias

Gram-positivas, principalmente devido à proteção conferida membrana externa da parede

celular dessas bactérias. Alguns microrganismos resistentes incluem importantes patógenos

como espécies de Samonella e Escherichia coli O157:H7. Entretanto, sob certas condições

fisiológicas, ou com tratamentos químicos e físicos que rompem ou alteram a membrana

externa dessas bactérias, pode-se aumentar a atividade lítica da LZ contra bactérias Gram-

negativas. Estudos recentes (NAKIMBUGWE et al., 2006a; NAKIMBUGWE et al., 2006b)

compararam a atividade antimicrobiana de lisozimas de origens diferentes, incluindo a LZ da

clara de ovo de galinha, sob pressão ambiente e sob elevada pressão hidrostática contra

espécies de Yersinia enterocolítica, Shigella flexneri, Escherichia coli O157:H7,

Pseudomonas aeruginosa e Samonella typhimurium. A pressão ambiente, nenhuma bactéria

Gram-negativa foi sensível aos diferentes tipos de lisozima, sugerindo assim, que a lisozima

nativa não apresenta atividade antimicrobiana em relação a cepas de bactérias Gram-negativa.

Portanto, uma avaliação do potencial de uso da LZ nativa, por meio de propostas que possam

ampliar sua eficácia antimicrobiana, ou pelo menos, promover a inibição do crescimento de

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algumas cepas resistentes à enzima nativa pode ser muito vantajoso (JOHNSON; LARSON,

2005).

Nesse sentido, verificamos a atividade antimicrobiana da lisozima modificada,

LZ-mPEG 5000 perante a E. coli. Assim, foi possível observar que o conjugado

LZ-mPEG 5000 apresentou maior atividade lítica quando comparada a lisozima nativa. Essa

atividade antimicrobiana pode estar principalmente relacionada com a capacidade da LZ

modificada interagir com membrana externa da parede bacteriana da E. coli. Como a

LZ-mPEG 5000 pode ser caracterizada como um conjugado de maior superfície de

hidrofobicidade do que a enzima nativa, essas regiões de maior hidrofobicidade interagem

com a camada de LPS, presente nas bactérias Gram-negativas, facilitando a lise bacteriana

(NODAKE; YAMASAKI, 2000; NODAKE et al., 2002; VANNINI et al., 2004), pois permite

o acesso da lisozima modificada a camada interna de peptídeoglicano.

Assim, essa diminuição de 42% do número de colônias sobreviventes sugere que a

lisozima quando modificada por “PEGlação” pode ter seu espectro de ação ampliado a

bactérias Gram-negativas como E. coli. Portanto, a modificação da LZ com mPEG produz

conjugados que podem ser considerados candidatos promissores a novos agentes

antimicrobianos, principalmente, como preservativos para vários alimentos, formulações

farmacêuticas e cosméticas. Além disso, estudos anteriores já demonstraram que o espectro de

ação da lisozima pode ser ampliado (MINE et al., 2004; JOHNSON; LARSON, 2005)

ressaltando, dessa forma, a importância da lisozima com um agente antimicrobiano.

Contudo, esse é um tópico não muito bem esclarecido na literatura o que implica na

realização de novos testes para elucidar o mecanismo de ação proposto para a lisozima

modificada com mPEG e estratégias de “PEGlação” que possam garantir uma atuação mais

efetiva da LZ modificada contra bactérias Gram-negativas.

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5. CONCLUSÕES

As principais conclusões obtidas nesse trabalho foram:

� A metodologia desenvolvida com o método direto em batelada a partir da clara “in

natura” mostrou-se reprodutível, de boa resolução, permitindo a obtenção de LZ com

rendimento em torno de 60% e com elevado grau de purificação.

� O mPEG de 2 e 5 kDa ativado com grupo funcional succinimidil succinato é

altamente reativo, enquanto que o mPEG de 5 kDa ativado com grupo p-nitrofenil

carbonato liga-se lentamente a LZ, produzindo conjugados com uma cinética de

reação de “PEGlação” lenta.

� Os dados de atividade enzimática da LZ modificada sobre o substrato Glicol

Quitosana indicam que a modificação da LZ por “PEGlação” não ocasionou alteração

estrutural do sítio catalítico da enzima.

� O perfil de atividade da LZ “peglada” sobre o substrato biológico M. lysodeiktcus em

diferentes pH foi modificado, sugerindo que a “PEGlação” promove alterações no

balanço de cargas na superfície da enzima e a formação de regiões de maior

hidrofobicidade que refletiram em mudanças no pH ótimo de atividade em relação a

enzima nativa.

� A LZ “peglada” apresentou uma establidade equivalente a enzima nativa em diferentes

pH (4.0-12), indicando modificação química da LZ por “PEGlação” não causou

alterações na estabilidade dos conjugados.

� A LZ “peglada” foi resistente à ação de diferentes proteases e manteve-se estável em

soro humano, indicando que “PEGlação” favoreceu na resistência a degradação

proteolítica em relação a LZ nativa.

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� A LZ “peglada” apresentou atividade antimicrobiana contra E. coli, sugerindo que a

“PEGlação” pode ser uma estratégia empregada para ampliar a ação da LZ contra

bactéria Gram-negativa.

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ANEXOS

ANEXO A – Curva padrão de lisozima e equação da reta, quantificação de proteína pela metodologia de Bradford (1976).

y = 18,263x + 0,1996

R2 = 0,9982

0

2

4

6

8

10

12

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

Abs (nm)

Co

ncen

tração

lis

ozim

a (

ug

)

ANEXO B – Curva de determinação da atividade enzimática da lisozima sobre substrato

Glicol Quitosana pela metodologia de Imoto e Yagishita (1971).

Atividade enzimática da Lisozima sobre Glicol Quitosana

y = 0,0021x + 0,0704

R2 = 0,9504

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0 50 100 150 200 250 300

Lisozima (ug)

Dif

ere

a A

bs

(4

20

nm

)

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