expressao plastica - mario de andrade

6
José Augusto Avancini. Expressão Plástica e Consciência Nacional na crítica de Mário de Andrade. Ed. da UFRS, 1999. Mário de Andrade desde o início compreendeu a importância das artes plásticas para seu projeto de constituição de um imaginário plástico nacional e moderno. A atividade crítica: 1) na imprensa diária, abordando vários temas no período de 1927-1932, nas colunas do jornal Diário Nacional . 2) mais sistemática com a publicação de ensaios, catálogos de exposições e cursos. O trabalho de Avancini busca: “a) circunscrever a importância da crítica de arte no conjunto da obra, estabelecendo as bases culturais mobilizadas por Mário para interpretação das práticas artísticas. b) ordenar o pensamento em lascas de Mário de Andrade sobre arte e compreender como ele construiu teoricamente seus paradigmas artísticos em função de uma determinada visão do passado” p.18 Estabelece uma periodização: 1ª fase: 1920-1935 2ª fase: 1938-1945 1

Upload: jhsantos2013

Post on 23-Nov-2015

10 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Jos Augusto Avancini

14

Jos Augusto Avancini. Expresso Plstica e Conscincia Nacional na crtica de Mrio de Andrade. Ed. da UFRS, 1999.

Mrio de Andrade desde o incio compreendeu a importncia das artes plsticas para seu projeto de constituio de um imaginrio plstico nacional e moderno.

A atividade crtica: 1) na imprensa diria, abordando vrios temas no perodo de 1927-1932, nas colunas do jornal Dirio Nacional .

2) mais sistemtica com a publicao de ensaios, catlogos de exposies e cursos.

O trabalho de Avancini busca: a) circunscrever a importncia da crtica de arte no conjunto da obra, estabelecendo as bases culturais mobilizadas por Mrio para interpretao das prticas artsticas. b) ordenar o pensamento em lascas de Mrio de Andrade sobre arte e compreender como ele construiu teoricamente seus paradigmas artsticos em funo de uma determinada viso do passado p.18

Estabelece uma periodizao: 1 fase: 1920-1935

2 fase: 1938-1945

1920-1935 Mrio ativo articulista, batendo-se pela arte nacional e por seu revigoramento junto s fontes alems e ao passado colonial, ocasio em produz o ensaio sobre o Aleijadinho.

Um Mrio inspirado pelo Espirit Noveau, culto moderno ao primitivismo.

1938-1945 momento mais reflexivo burilando suas idias e conceitos sobre arte. Importantes ensaios sobre Segall, Portinari e Clvis Graciano. Curso de Filosofia e Histria da Arte de 1938 na Universidade do DF. Srie de ensaios e artigos. O Banquete, 1944-1945.

O exerccio da crtica

A crtica de arte de Mrio de Andrade foi uma atividade paralela a outras que desenvolveu como ensaista, prosador, poeta pensador e crtico de msica e literatura. p.23

Conforme Pedrosa afirma em conferncia Semana de Arte Moderna, as artes plsticas impulsionaram o esprito dos modernistas dos tempos das cavernas, constituindo mesmo uma atividade formativa destes intelectuais.

O impacto da exposio de Anitta Malfatti em dezembro de 1917, o contato com Oswald de Andrade, Di Cavalcanti, Brecheret entre outros.

Mrio inovou essa crtica procurando interpretar as obras, baseando suas interpretaes numa ampla e atualizada informao bibliogrfica sustentando suas opinies num consistente arcabouo terico p.24

Preocupao com a produo cultural do passado.

Forma estilstica: crnica de arte e o ensaio

O ensaio como fonte de conhecimento e como arma de combate, simultaneamente. A crnica geralmente informativa, tambm polmica, foi alm de simples relato instrumento de discusso de idias p.26

mergulho no nacional para alcanar a universalidade.

Mergulho que foi feito de diversas maneiras pelos modernistas, primeiro pelo resgate do passado colonial: histria, hbitos, costumes, tradies, tanto na pesquisa cientfica quanto na literria (principalmente na poesia na qual alguns temas e tcnicas do perodo colonial so retomados no fazer artstico); segundo, pela criao de uma viso utpica, anterior ao pecado da colonizao, onde floresa lendria mitologia tupi, fora da histria real, como na poesia de Oswald de Andrade, Raul Bopp e Cassiano Ricardo, e na prosa de maneira mais restrita, por exemplo Macunama. p.26-27.

Questionamento quanto a funo e atitudes dos intelectuais.

Ver Leon Kossovicht As artes plsticas: Mrio de Andrade e seu mtodo In: Discurso, SP: FFLCH/SP, n 01, Ano 1, p.83, 1970.

Joo Luiz Lafet. 1930: a crtica e o modernismo. SP: Duas Cidades, 1974, agora tem nova edio ver jornal de resenhas da Folha, apresentao da obra por Antonio Candido.

O exerccio da crtica em Mrio foi essencialmente um exerccio de poltica da crtica, ou melhor, da sua funo poltica dentro do esforo de servir coletividade, seja pelo amilhoramento cultural-social, seja pelo fato de utilizar temas artsticos com clara finalidade de criticar a situao poltica do pas. p.41

ver: Mrio de Andrade. Taxi e crnicas no Dirio Nacional. SP: Duas Cidades, 1976.

A questo do intelectual aparece presente na obra de M. A.

Sobre o intelectual nada no mundo o impedir de ver, de recolher e reconhecer a verdade da misria dos homens. O intelectual verdadeiro, por tudo isso, sempre h de ser um homem revoltado e um revolucionrio, pessimista, ctico e cnico: fora da lei. Taxi e crnicas... op. Cit. p.516

Cita Jos Miguel Wisnik. O coro dos contrrios. Sobre a natureza tica e multifactica de M.A. ver p.50

Avancini encerra pretendendo analisar: 1) a questo da nacionalizao das artes no Brasil; 2) o preparo tcnico de nossos artistas e a consequente qualidade formal de seus trabalhos; 3) a necessidade de comunicabilidade da arte e sua dimenso social.

em termos pictricos, Mrio permanecer um cezzaniano praticamente at o fim da vida. Sua crtica de arte ser calcada no expressionismo alemo, mas com uma enorme vontade construtiva na busca de uma figurao que sobrepujasse o realismo acadmico tradicional e suas variantes estalinista e fascista. Repudia a abstrao, pois esta era destituda de contedo social, moralmente formador. Sua crtica de arte teria como modelo Aleijadinho, Portinari e Segal. Dentro desse tipo de pintura e escultura no cabia lugar para a simultaneidade ou polimorfismo. Talvez essa escolha de Mrio marque claramente os limites de seu conhecimento artstico que eram profundos em msica, mas algo deficientes, na artes visuais, tanto por formao, quanto por opo. p.66

Uma idia interessante seria fazer comparaes entre M.A. e M.P. acerca da interpretao de Portinari, Segall e Aleijadinho.

Foram o Prefcio Interessantssimo e A escrava que no Isaura, os dois textos mais acabados que Mrio realizou sobre as questes tericas da arte. nele que a crtica encontrou e encontra repetidamente as principais explicaes sobre a teoria marioandradiana.p.67-68

a questo do barroco surge nas pginas 114-118.