experiência educacional sob a perspectiva da biologia do conhecer
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Trabalho publicado nos Anais do II Encontro Universitário do campus da UFC no CaririTRANSCRIPT
EXPERIÊNCIA EDUCACIONAL SOB A PERSPECTIVA DA BIOLOGIA DO
CONHECER: O CASO DO LABORATÓRIO TROCA DE AFETOS (LATA)
Naira Michelle Alves Pereira¹ Francisca Pereira dos Santos² Maria Vanderleia de Sousa3
Tatiane Pereira Jorge4
¹ Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri; E-mail: [email protected]. 2
Doutora em Literatura e Cultura pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). E-mail:
[email protected]. 3 Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri; E-mail: [email protected].
4 Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri; E-mail: [email protected].
Resumo
Ensinar teorias, fórmulas e fatos faz parte do cotidiano das escolas. O diferencial, entretanto,
encontra-se em não somente apreende-las como também aplicá-las em algo que repercuta em
benefícios e melhorias para o ensino aprendizagem, desenvolvendo espaços mais interativos e
cooperativos no desenvolvimento das atividades educacionais. Esse é o principal desafio do
modelo de educação proposto pelo biólogo Humberto Maturana, a qual se caracteriza por uma
maior criticidade por parte dos estudantes, que devem no contexto da sociedade, onde estão
inseridos assumirem o papel de sujeitos no ato de serem capacitados para o uso dos
conhecimentos adquiridos em prol da igualdade social. Diante dessa perspectiva esse artigo
relata a experiência do LATA – Laboratório de Troca de Afetos que utiliza a abordagem
ancorada nas idéias de Maturana onde toda a prática e reflexão se impõe a pergunta: para que
educar?. A metodologia do presente trabalho se constitui em uma pesquisa exploratória sobre
aspectos das idéias da biologia do amor no campus da ufc cariri a partir da intervenção desse
Laboratório, no curso de biblioteconomia. Percebe-se, portanto que o Laboratório Troca de
Afetos (LATA) utiliza-se dos conceitos de educação baseados na Biologia do Conhecer,
caracterizando-se como um espaço adaptado para desenvolver ações que emerge transformar
aulas em debates, diálogos, intercâmbios e produção de conhecimentos a partir da sala de aula
como estúdio de conexão com a sociedade, através de convidados/atores sociais para interagir
com as turmas. Conclui-se que, o processo pedagógico do Laboratório Troca de Afetos –
LATA constitui-se em uma relação mais espontânea, deixando de ser apenas atividades
depositadoras de informações passando a constituir-se em exercícios integrados a realidade
cotidiana, através de um processo de interatividade, coletividade e cooperatividade.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem. LATA. Metodologia pedagógica.
Introdução
Ensinar teorias, fórmulas e fatos é uma prática bem comum por parte de um grande
percentual de escolas. Ou seja, “a escola continua oferecendo espaços quadriculados e testes
de múltiplas escolhas em vez de processos interativos e cooperativos de construção do
conhecimento”. (MORAES, 2003, p. 169).
Diante desse cenário no qual a educação ainda é pensada, de uma maneira geral, como
um processo de “memorização, repetição e cópia” (MORAES, 2003, p.169,) este artigo
propõe analisar atividades extensivas da Universidade Federal do Ceará, Campus Cariri, que
se utilizam de outros meios e mecanismos pedagógicos para desenvolverem estudos,
experimentações, pesquisa e sobretudo levar o conhecimento tendo em vista o respeito com o
outro e a diversidade cultural.
De uma forma mais direta este trabalho pretende focar O Laboratório Troca de Afetos
(LATA) caracterizado como um Grupo aberto, multidisciplinar de estudos, experimentações e
pesquisa em cultura, memória, tecnologias da informação e comunicação, oralidade e gênero.
Sendo um acontecimento político, didático e pedagógico que se desenvolve na disciplina
cultura e mídia do curso de Biblioteconomia, da Universidade Federal do Ceará, Campus
Cariri, idealizado pela professora do curso de biblioteconomia Francisca Pereira dos Santos.
Observa-se a partir da interação dos alunos, dos comentários da experiência que a
metodologia pedagógica gerada no Laboratório Troca de Afetos (LATA) cria um espaço não
somente de interação mais de afeto, respeito – aluno, professor e comunidade, como promove
o intercambio da universidade com a cidade. Possibilitando gerar e produzir conhecimentos,
transformando aulas em debates, diálogos, intercâmbios e produção de conhecimentos a partir
da sala de aula como estúdio de conexão com a sociedade, através de convidados/atores
sociais para interagir com as turmas.
Materiais e Métodos
O presente trabalho é fruto de nossa participação do Laboratório Troca de Afetos
(LATA), quando cursávamos a disciplina cultura e mídia e fruto também das nossas conversar
sobre essa experiência e principalmente do nosso interesse em estudar e conhecer a
perspectiva da abordagem desenvolvida por Maturana no que diz respeito a biologia do
conhecimento. Sendo assim, o estudo do LATA vem sendo observado a partir de investigação
tanto empírica como baseada em referências bibliográficas a partir dos livros: Emoções e
Linguagens na Educação e na Política de Humberto Maturana (1999) e Educar na Biologia do
Amor e da Solidariedade de Maria Cândida Moraes (2003).
Resultados e discussões
Segundo Maturana (1999) hoje, os estudantes se encontram no dilema de escolher
entre o que deles se pede, que é preparar-se para competir no mercado profissional, e o ímpeto
de realizar uma tarefa de responsabilidade social, imprescindível para eliminar as excessivas
desigualdades sociais através da transformação de uma ordem político-cultural. Sob o nosso ponto de vista, isto pressupõe conceber o aprendiz como um sujeito
ativo no processo de observação de sua realidade e construtor, desconstrutor e
reconstrutor do conhecimento, ao mesmo tempo, um aprendiz autônomo em relação
ao meio, o que significa um aprendiz/aprendente que é auto-organizador,
autoprodutor e autodeterminado em relação ao seu entorno. (MORAES, 2003, p.
157).
Nessa perspectiva, o educar se constitui em uma relação de afeto, deixando de ser
atividades distantes, constituindo.se em exercícios integrados a realidade cotidiana,
implicando em uma “[...] valorização dos processos de aprendizagem cooperativa, da
interatividade e da dialogicidade entre sujeito e objeto [...]” (MORAES, 2003, p. 162).
Nessa ótica, identificamos o projeto de extenção Laboratório Troca de Afetos (LATA)
do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará, Campus Cariri, como um
processo de mediação pedagógica que reconhece [...] a complexidade dos fenômenos educacionais que colocam como sendo
inseparáveis indivíduo/contexto, sujeito/objeto, educador/educando e todos os
tecidos que regem os acontecimentos, as ações, as interações e retroações que tecem
a realidade de nossa existência. (MORAES, 2003, p. 160).
O LATA se constitui em um projeto de ensino, pesquisa e extensão sobre cultura que
visa proporcionar ao aluno (a) uma relação de afeto entre:
A sala de aula e o mundo externo;
O conhecimento trazido pelas escolhas do professor;
A opinião, participação e integração dos alunos na dinamização da ementa;
Uma outra pessoa que vem de fora, a testemunha da vida, da cultura do seu lugar e do
mundo que vem nos trazer uma “verdade”. A TESTEMUNHA vem de fora para narrar
através da sua voz o ritmo de uma trajetória de vida a ser dita. É aquele (a) que vem para
nos afetar com sua teia de temas e tramas.
Tal processo se transforma em conhecimento e pesquisa cujo objetivo geral é construir
novas práticas pedagógicas para o ensino na Universidade Federal do Ceará, Campus Cariri, a
partir de intervenções coletivas entre alunos, professores, e comunidade.
A metodologia integrada para apreensão de saberes acontece através de dois
procedimentos: um das comunidades orais e outros das comunidades virtuais.Alguém vem de
fora para narrar através da sua voz o ritmo da sua experiência de vida a ser dita objetivando
gerar uma experiência. Um contato. Nesse sentido, toda pessoa é potencialmente apta para o
intercâmbio. Fazendo assim com que o educar deixe de ser entendido como um ato da fala
enquanto apresentação de quem domina certas informações pronunciadas como verdades e
passa a construir-se em comunicação de sistemas viventes nas ações comuns. (MATURANA,
1999).
O processo se da também através de um procedimento de simulação. Usa-se a foto
como recurso informacional para registro, memorização e disseminação dos processos,
estudos e pesquisa do laboratório, onde posteriormente são incluídos no Blog do projeto-
acontecimento. O blog é gerenciado pelos alunos (as) do Curso de Biblioteconomia da UFC
Campus Cariri objetivando divulgar as imagens, a entrevista o documentário, a conversação
desses debates gestados informalmente, construindo um acervo de documentários poéticos
digitais como fonte de informação, fazendo com que estes passem a compreender as tecnologias como ativadoras dos processos de mediação
pedagógica, como enriquecedoras de ambientes de aprendizagem onde alunos e
professores interagem com diferentes fontes de informações a partir de desafios,
interesses individuais e coletivos. São Instrumentos que permitem romper barreiras
do espaço e do tempo escolar, que transcendem os limites da sala de aula e das
grades curriculares, abrindo novas janelas do conhecimento que se constroem além
das disciplinas, do horário rígido e dos professores especialistas. (MORAES, 2003, p.163).
Contudo, a intenção é criar nas pessoas envolvidas no processo (Educativo e afetivo),
uma reflexão dos seus atos, desenvolvendo o senso crítico nos alunos, que devem no contexto
da sociedade perceberem o seu papel de sujeitos no ato de estudar e serem capacitados para o
uso dos conhecimentos adquiridos a fim de retribuir a sua comunidade os benefício que lhes
foram proporcionados gerando uma relação de cooperação, interação e coletivismo entre
sujeito e sociedade.
Conclusão
O educador (a) deve ser envolvido por outros processos de mediação educativa e
avaliativa. Instiga processos que alia aluno, cultura e comunidade, a fim de integrar o
processo educativo a realidade cotidiana.
O processo pedagógico do Laboratório Troca de Afetos – LATA constitui-se em uma
relação mais espontânea, deixando de ser apenas atividades depositadoras de informações
passando a constituir-se em exercícios integrados a realidade cotidiana, através de um
processo de interatividade, coletividade e cooperatividade. Nessa perspectiva, o
ensino/aprendizagem deixa de ser entendido como processo da pronuncia de certas
informações, como ato da fala de quem domina e passa a ser um processo de mediação
coletiva e interativa entre aluno, professor e comunidade.
Assim sendo, a educação deve formar cidadãos para desenvolver e devolver ao país o
que recebeu dele, a fim de realizar uma tarefa de responsabilidade social, imprescindível para
eliminar as excessivas desigualdades sociais, segundo a concepção da biologia do
conhecimento.
Referências
MATURANA, Humberto. Emoções e Linguagem na Educação e na Política. Tradução:
José Fernando Campos Forte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.
MORAES, Maria Cândida. Educar na Biologia do amor e da solidariedade. Petrópolis:
editora vozes, 2003.