expediente sumário - sou leitor espírita · penas e gozos futuros: a) o sofri-mento é inerente...

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo CristãoAno 130 / Outubro, 2012 / N o 2.203

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES

Redatores: ALTIVO FERREIRA, ANTONIO CESAR PERRI DE

CARVALHO, EVANDRO NOLETO BEZERRA, GERALDO

CAMPETTI SOBRINHO, JOSÉ CARLOS DA SILVA SILVEIRA

E MARTA ANTUNES DE OLIVEIRA DE MOURA

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: SADY GUILHERME SCHMIDT

Equipe de Diagramação: AGADYR TORRES PEREIRA E

SARAÍ AYRES TORRES

Equipe de Revisão: WAGNA CARVALHO E ISAURA DA

SILVA KAUFMAN

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça)CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:SGAN 603 – Conjunto F – L2 Norte 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

SumárioExpediente

Editorial

Integração e convivência

Entrevista: Servando Agramonte

O Espiritismo em Cuba

Esflorando o Evangelho

Cooperemos fielmente – Emmanuel

Evangelização Espírita Infantojuvenil

VI Encontro Nacional de Diretores de DIJ

A FEB e o Esperanto

Do Movimento Esperantista – Affonso Soares

Conselho Federativo Nacional

Reunião Extraordinária do Conselho Federativo Nacional

em São Paulo

Seara Espírita

Natureza das penas e dos gozos espirituais –

Christiano Torchi

Canto de esperança – Amélia Rodrigues

Malefícios da intriga – Clara Lila Gonzalez de Araújo

Influência espiritual – Richard Simonetti

Soneto – Raul de Leoni

“Nosso lar” – Aylton Paiva

Ações de acolhimento, consolo, esclarecimento e

orientação (Capa) – Antonio Cesar Perri de Carvalho

Educação – Tarefa de emergência – Osmar Marthi Filho

Em dia com o Espiritismo – A busca da felicidade –

Marta Antunes Moura

A cepa e a imortalidade da alma –

Magda Luzimar de Abreu

Conduta espírita – Geraldo Campetti Sobrinho

Um novo sentido para a prece – Carlos Abranches

Retorno à Pátria Espiritual – Ney Lobo

Liberdade de pensar – Apelo fraternal aos irmãos de

ideal espírita – Jorge Leite de Oliveira

O tradicional ainda mais bonito!

A FEB na 22a Bienal do Livro de São Paulo

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PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 5522,,0000Assinatura digital anual RR$$ 2244,,0000Número avulso RR$$ 77,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 5500,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274www.feblivraria.com.brassinaturas.reformador@febrasil.org.br

Editorial

Centro Espírita é a base do Movimento Espírita, ambiente onde se

estuda, pratica e divulga a Doutrina Espírita. Representa também a

porta de acesso para os simpatizantes, desesperançados e/ou carentes

de espiritualidade, que buscam o Espiritismo.

Nos momentos em que a mídia em geral destaca os temas doutrinários, é

natural que ocorra maior aporte de pessoas interessadas em conhecer-lhe os

princípios ou receber apoio e consolo.

Simultaneamente, há necessidade de reforçar e aperfeiçoar os processos que

assegurem uma boa acolhida aos neófitos. Daí a razão de o Conselho Federativo

Nacional da FEB ter iniciado, neste ano, a difusão do Seminário Integrado: “Ações

de Acolhimento, Consolo, Esclarecimento e Orientação no Centro Espírita”. Para o

atendimento dos amplos objetivos do Centro e do Movimento torna-se importante

a valorização do espaço de convivência solidária e fraterna que deve caracterizar as

instituições.

O natural reconhecimento da diversidade dos encarnados e desencarnados no

ambiente fraterno dos centros deve ensejar condições para o esforço integrado –

das várias áreas de atuação ou dos diversos potenciais das pessoas – para o atendi-

mento do “ser integral” que aporta a este local. Os trabalhadores espíritas devem ser

preparados para o trabalho em equipe, de cooperação mútua, a fim de que os

ingressantes recebam o apoio cristão, potencializado, sem dúvida, pela compreensão

da Doutrina.

A adequada integração de pessoas, projetos, esforços e ações num ambiente soli-

dário e fraterno são os caminhos para a ação espírita que se amplia em nossos dias.

O

4 Reformador • Outubro 2012336622

Integração e

convivência

5Outubro 2012 • Reformador 336633

xistindo, como existe, umaJustiça Divina que funcionana consciência de cada um,

qual seria a natureza das penas edos gozos que experimentam osEspíritos?

Ao retornarem para o mundoespiritual, além das percepçõesque tinham no estado de encar-nados, os Espíritos apresentamoutras que estavam abafadas pe-lo corpo físico. Isso se deve aofato de que a inteligência (atri-buto do Espírito) eclode mais li-vremente sem os obstáculos na-turais próprios do organismo fi-siológico.

A natureza animal do corpofísico funciona como uma espé-cie de quebra-luz das potênciasda alma, razão pela qual obstruias percepções do Espírito du-rante a existência física, estabe-lecendo uma espessa muralha vi-bratória a separá-lo do mundoespiritual.

Apesar de as penas e os gozosdo Espírito, após a morte, nãoserem materiais, uma vez que aalma não é matéria, eles são mui-to mais pungentes do que as pe-nas e os gozos experimentados na

Terra, em virtude de que, uma vezocorrido o desenlace espiritual, ocorpo físico já não entorpece assensações do Espírito.

Em geral, o homem não tem arespeito senão ideias vagas, quan-do não equivocadas e completa-mente falsas, pelo fato de desco-nhecer questões elementares a res-peito da natureza do Espírito. Empleno século XXI, continuamos anos perguntar: “O que acontececonosco durante e após a morte?Morrer dói?”. A esse respeito, aDoutrina Espírita não se baseia emteorias e sistemas preconcebidos,mas sim na observação dos fatosrelatados pelos próprios Espíritos.

O conhecimento do laço fluídi-co que une a alma ao corpo, deno-minado por Kardec de perispírito(envoltório semimaterial do Espí-rito), é a chave por meio da qualse compreendem esses e muitosoutros fenômenos relacionados àssensações experimentadas pelosEspíritos desencarnados:

O estado do Espírito por oca-

sião da morte pode ser assim

resumido: Tanto maior é o so-

frimento quanto mais lento for

o desprendimento do perispíri-

to; a presteza deste desprendi-

mento está na razão direta do

adiantamento moral do Espíri-

to; para o Espírito desmateriali-

zado, de consciência pura, a

morte é qual um sono breve,

isento de agonia, e cujo desper-

tar é suavíssimo.1

Na questão 257 de O Livro dosEspíritos,2 Kardec elabora um “En-saio teórico sobre a sensação dosEspíritos”, na qual explica a açãodo perispírito como “o agente dassensações exteriores”, destacandoque “a dor que sentem não é umador física propriamente dita [...] émais uma reminiscência do queuma realidade, reminiscência, po-rém, igualmente penosa”, origina-da dos condicionamentos mentaisadquiridos durante a existênciaterrena.

ECH R I S T I A N O TO RC H I

Natureza das penas edos gozos espirituais

1KARDEC, Allan. O céu e o inferno. Trad.Manuel Quintão. 60. ed. 3. reimp. Rio deJaneiro: FEB Editora, 2012. Pt. 2, cap. 1, it.13, p. 185.

2Idem. O livro dos espíritos. Trad. EvandroNoleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp. Rio deJaneiro: FEB Editora, 2011. p. 225-226.

Da obra Nosso Lar extraímospequeno trecho das palavras doEspírito André Luiz, que narra aprópria experiência, ao estagiarnas regiões umbralinas:3

[...] como a flor de estufa, não

suportava agora o clima das

realidades eternas. Não desen-

volvera os germes divinos que o

Senhor da Vida colocara em

minhalma. Sufocara-os, crimi-

nosamente, no desejo incontido

de bem-estar. Não adestrara ór-

gãos para a vida nova. [...]

Ó amigos da Terra, quantos de

vós podereis evitar o caminho

da amargura com o preparo dos

campos interiores do coração?

Acendei vossas luzes antes de

atravessar a grande sombra.

Buscai a verdade, antes que a

verdade vos surpreenda. Suai

agora para não chorardes de-

pois.4 (Grifo nosso).

Se observarmos a Natureza,toda ela funciona como um siste-ma de penas e recompensas, depesos e contrapesos, a se compen-sarem incessantemente. A dor e osofrimento que decorrem de nos-sos atos equivocados é um proces-

so destinado a proteger, a ensinare a curar, isto é, a educar o Espíritoimortal, os quais são ainda inter-pretados por muitos, ainda presosaos atavismos ancestrais, como pu-nição divina.

O Espiritismo, em boa hora,restaurando os ensinamentos doCristo, veio corrigir esse e outrosequívocos, mostrando Deus comoum Pai compassivo, bom, miseri-cordioso e infinitamente justo, oqual insculpiu suas leis no âmagodo próprio Espírito, para que ca-da um tenha a oportunidade decorrigir o erro em si mesmo, for-talecendo a responsabilidade pes-soal pelos atos praticados.

A maioria esmagadora das pes-soas não recebe das religiões umapreparação espiritual adequada,por desconhecimento das leis

6 Reformador • Outubro 2012336644

4XAVIER, Francisco C. Nosso lar. Pelo Es-pírito André Luiz. 61. ed. 1. reimp. Rio deJaneiro: FEB Editora, 2010. Cap. 1, p. 20.

3As regiões umbralinas são faixas espiri-tuais transitórias, vinculadas à crosta ter-restre, destinadas ao estágio provisóriodos Espíritos infratores das leis divinas,que ali têm a oportunidade de esgotar osresíduos mentais grosseiros, derivados domaterialismo e das ilusões terrenas.

naturais que regem as relações doespírito e da matéria. O fato é quegrande parte dos movimentos re-ligiosos, além de não cumprirema sua missão, conservam as mas-sas na ignorância, induzindo-as aacreditarem numa “salvação” fá-cil, à custa de privilégios, promes-sas e barganhas, como se a reden-ção espiritual pudesse ser con-quistada de um salto com o merocumprimento de rituais exterio-res de adoração.

Essa falta de preparação espiri-tual tem sido fonte de muitas de-cepções e sofrimentos por par-te das criaturas humanas que, aodesencarnarem, se sentem frus-tradas e revoltadas diante das pro-messas não cumpridas de umparaíso fácil e cheio de privilégios.

Os benfeitores do espaço ensi-nam também que a felicidade dosbons Espíritos é conquistada pelomerecimento, isto é, pelo estudo,sacrifício, renúncia, trabalho, ab-negação, virtudes que gradual-mente conduzem ao progressomoral. Por isso se diz que a felici-dade é diretamente proporcionalà elevação de cada um.

Analisemos parte do depoi-mento do Espírito Maurice Gon-tran, de grandes virtudes intelecto--morais, que desencarnou aos 18anos, de afecção pulmonar:

[...] não mais sofria, e respira-

va a longos haustos, prazerosa-

mente, um ar embalsamado e

puro: transportava-me através

do Espaço uma força desco-

nhecida. Brilhante luz resplan-

decia em torno, mas sem can-

sar-me a vista! Vi meu avô, não

mais esquálido, alquebrado,

porém, com aspecto juvenil e

loução. E ele estendia-me os

braços, estreitando-me efusiva-

mente ao coração.5

Enfim, os sofrimentos dos Es-píritos inferiores são tão variadosquanto as causas que os produ-zem e proporcionais ao grau deinferioridade, assim como os go-zos guardam relação direta com ograu de superioridade. Há, inclu-sive, Espíritos que sofrem pelo fatode não poderem mais gozar dosmesmos prazeres materiais quefruíram enquanto encarnados.

Três princípios ensinados pelosEspíritos superiores resumem aspenas e gozos futuros: a) o sofri-mento é inerente à imperfeição;b) toda imperfeição, assim comotoda falta dela originada, traz con-sigo a punição respectiva, a se ma-nifestar nas consequências naturaise inevitáveis dos atos praticados;c) o homem pode vencer as pró-prias imperfeições por meio davontade, neutralizando o mal fei-to ontem pela prática do bem rea-lizado hoje, que lhe assegurará averdadeira e perene felicidade.6

As penas e os gozos espirituaisatuam sobre os Espíritos na exatacorrespondência de suas necessi-dades interiores, conforme te-

nham bem ou mal vivido. Aspenas têm por objetivo recondu-zir a criatura recalcitrante aocaminho do bem por meio doarrependimento, da expiação e dareparação. Os gozos constituemfonte de bênçãos a premiar osesforços daqueles que perseveramno trabalho do bem:

Dolorosa, cheia de angústias pa-

ra uns, a morte não é, para ou-

tros, senão um sono agradável

seguido de um despertar silen-

cioso. O desprendimento é fácil

para aquele que previamente se

desligou das coisas deste mundo,

para aquele que aspira aos bens

espirituais e que cumpriu os seus

deveres. Há, ao contrário, luta,

agonia prolongada no Espírito

preso à Terra, que só conheceu

os gozos materiais e deixou de

preparar-se para essa viagem.7

Em suma, a natureza das penase dos gozos futuros está direta-mente ligada à evolução dos Espí-ritos. Quanto mais materializadoe vinculado às paixões terrenas,mais estará o Espírito sujeito a so-frimentos. No sentido inverso, quan-to mais moralizado e sintonizadocom o bem, maior será a venturaexperimentada pelo Espírito.

Encerrando estas reflexões, ocor-re-nos a seguinte indagação: quebem estamos fazendo hoje que nosgarantirá um futuro espiritual di-toso amanhã?

7Outubro 2012 • Reformador 336655

5KARDEC, Allan. O céu e o inferno. Trad.Manuel Quintão. 60. ed. 3. reimp. Rio deJaneiro: FEB Editora, 2012. Pt. 2, cap. 2,Maurice Gontran, p. 260.

6Idem, ibidem. Pt. 1, cap. 7, it. Código pe-nal da vida futura, subit. 33, p. 109.

7DENIS, Léon. Depois da morte. 2. reimp. Riode Janeiro: FEB Editora, 2011. Pt. 4, cap. 30,p. 267-268.

s lábios que ensinam averdade e educam atravésdo exemplo e do amor são

mais nobres do que aqueles queapenas murmuram orações.

As mãos que socorrem os quesofrem e os que se encontram em necessidade transformam-se emasas que voam na direção do futu-ro, tornando o mundo melhor, sãomais santas do que aquelas queapenas abençoam com gestos.

As vozes que modulam palavras debondade para com as crianças-nin-guém são mais abençoadas do queaquelas que somente louvam a Deus.

Os esforços de ternura para edu-car e reeducar crianças são mais

edificantes do que aqueles queamealham moedas, mesmo que se-jam de ouro.

Quem se oferece para auxiliarum ser infantil, investe no porvirda Humanidade com doação de luz.

A criança débil de hoje poderáser um sol poderoso amanhã ouum abismo de sombras ameaça-doras no porvir.

O sentido da vida é educar, por-que fora da educação não há comosobreviver na multidão.

Por isso, é necessário que odiscernimento e a emoção hu-mana direcionem-se aos peque-ninos que avançam no rumo daposteridade.

Quando a vida tem um sentidosuperior, nada se lhe torna impe-dimento.

Debalde se combaterá a vio-lência, o crime, a dissolu-

ção dos costumes, noscampos complexos dasdiscussões acadêmicasem salões de luxo, inter-

mediadas pelas refeiçõesopíparas e caras, enquan-to a miséria infantil espia,

morrendo esfaimada dolado de fora.

O mundo de ho-je, com as suas tra-paças e dores ino-mináveis, é o re-

sultado do aban-dono da infân-cia no passado.

Faze algo!Torna-te um recanto de amor e

sorri ao pequenino da rua, apon-tado como malfeitor ou em situa-ção de perigo social.

Recolhê-lo aos redutos correti-vos, sem alma nem amor que edu-cam, é condená-lo à autodestrui-ção ou à destruição dos outros.

Onde mora? Quem são os seuspais? Quais os direitos que possui?

Bem poucos se interessam porsaber, a fim de o ajudar.

Jesus, porém, reuniu algunsdeles no seu seio e prometeu-lheso Reino.

Ajuda-os a encontrar o cami-nho que os levará a esse lugar for-moso que irão construir na Terra.

Insiste no teu canto de esperança.Entoa o hino de bondade e faze

que cada verso da tua canção setransforme num comovente estri-bilho de amor e de educação.

Um dia, não muito distante, vol-verás ao palco terrestre na condi-ção de criança.

Realiza hoje em favor da infân-cia, o que gostarias de receber,quando retornares amanhã.

A Lei Divina estatui que o bemque se faz é o bem que se faz a simesmo.

Amélia Rodrigues

(Página psicografada pelo médium Divaldo

Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite

de 15 de agosto de 2012, no Centro Espírita

Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)

OCanto de esperança

8 Reformador • Outubro 2012336666

9Outubro 2012 • Reformador 336677

stes versículos falam-nosdiretamente ao coração aorecordarmos as sublimes

orientações que nos bafejam a alma,como Espíritos encarnados e devo-tados ao Evangelho, na magistralinterpretação da Doutrina Espírita.Os ensinamentos oferecidos peloEspiritismo esclarecem-nos sobreas realidades essenciais vividas nocorpo de carne e a respeito das ver-dades incontestes da vida após amorte, tornando-nos responsáveisdiante das necessidades constantesda prática do bem, exigindo de nósentendimento e comiseração paraque a força do amor seja capaz desuperar todo mal que, porventura,ainda se instale em nosso íntimo.

A palavra pode ser motivo deescândalo se não a disciplinarmosconvenientemente, causando enor-mes prejuízos morais para nós epara aqueles que ferimos e vilipen-diamos. Com ela aviltamos a condu-ta dos outros, estimulamos o pessi-mismo do próximo, destruímos as

melhores intenções, difamamos,censuramos e favorecemos os nossosinstintos inferiores, sem nos darmosconta dos perigos que corremos aopermitir que as palavras levianas,que pronunciamos sobre o compor-tamento alheio, causem os maiorestranstornos para aqueles que se tor-nam alvo da nossa insensatez. So-bre o problema, Joanna de Ângelis,a egrégia entidade, alerta-nos:

A intriga é enfermidade da alma

que se alastra perigosamente na

sociedade, tornando-se terrível

inimiga dos bons costumes.

[...]

Da simples referência a respeito

de alguém ou de algum aconte-

cimento adulterado pela imagi-

nação enferma, surge a rede das

informações infelizes que dila-

ceram as vidas que lhes são o

alvo inditoso.

[...]

Tem, pois, cuidado com o que

falas a respeito do que ouves,

vês ou participas. Serás respon-

sável pelo efeito das expressões

que externes, em razão do seu

conteúdo.1 (Grifo nosso.)

O generoso Espírito conclui que,nesses momentos, devemos nosopor e calar sem dar atenção a as-suntos dessa natureza. Ao agirmosassim, não estamos coniventes como erro, pelo contrário, interrompe-mos uma conduta prejudicial ins-tigada pelo mexerico.A palavra equi-librada é instrumento sublime,quando nos valemos para dizer coi-sas que contribuem de maneira edi-ficante junto aos que nos ouvem.

Ao refletirmos sobre a situaçãodas instituições espíritas, que sãotemplos de “esclarecimento e con-solo, renovação e solidariedade, emcujo equilíbrio cada coração que lhecompõe a estrutura moral se asse-melha a peça viva de amor na sus-tentação da obra em si”,2 nem sem-pre encontramos companheirossatisfeitos com os rumos tomados

E

“Eu, porém, vos digo que toda palavra inútil que os homens falarem,dela prestarão conta no dia do juízo. Pois a partir das tuas palavras serás

justificado; e a partir das tuas palavras serás condenado.” (Mateus, 12:36-37.)

CL A R A LI L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

Malefíciosda intriga

pela orientação dos trabalhos, ape-gando-se às censuras e tricas nosgrupos onde atuam, convertendoo trabalho em demonstrações derebeldia e inconformidade. Ape-gam-se à insatisfação para emitirpalavras de perturbação e dese-quilíbrio, embaraçando as pessoasque querem ajudar e colaborar demaneira espontânea nas tarefas ofe-recidas pela organização espírita,que a todos convoca às fileiras dacaridade, no serviço nobre de aten-dimento aos necessitados do cami-nho. E onde operamos, não há tare-fas menores ou maiores, elas sãoigualmente indispensáveis; im-porta a maneira com que agimosao aceitarmos de boa vontade asatividades abençoadas que nos sãooferecidas por Deus, segundo a suasoberana justiça.

De que maneira diminuir a de-savença, a incerteza e o desaponta-mento que sentimos diante de con-flitos internos da Casa Espírita e que,em determinada circunstância, nostornam companheiros hostis, pas-sando a falar mal de tudo e de todos?A resposta a essa questão nos é ofere-cida pelos amigos espirituais, entreeles, o preclaro Espírito Irmão X, nocapítulo 29, do livro Cartas e Crôni-cas,psicografado pelo médium Fran-cisco Cândido Xavier. A mensagem,de singular importância, conta-noso episódio ocorrido com um servi-dor espírita que, acabrunhado pelosproblemas encontrados na sua Insti-tuição, é aconselhado pelo estimadoBenfeitor. Ao amparar o oprimidotrabalhador, o protetor utiliza-se deargumentos interessantes, procuran-do convencê-lo da essencialidadede preservarmos certas posturas de

discrição e modéstia, servindo-sede uma metáfora para fornecerexemplo rico e variado.Trata-sede uma árvore “velha e valo-rosa” que conhecera em sua

primeira infância:

[...] Verde e forte, assemelhava-

-se a uma catedral na obra pro-

digiosa da Natureza. [...] Tem-

pestades terríveis caíam sobre

ela, anualmente, oprimindo-a e

dilacerando-a, mas parecia refa-

zer-se, sempre mais bela. [...] O

tronco, porém sempre ador-

nado de milhares e milhares de

folhas seivosas, parecia inabalá-

vel e invencível.

Um dia, contudo, alguns bichi-

nhos começaram a penetrá-la

de modo imperceptível.

Ninguém lhes conferiria qual-

quer significação.

[...] os bichinhos multiplicaram-

-se, indefinidamente, invadiram

as raízes e ganharam o coração

da árvore vigorosa, devorando-o,

pouco a pouco...

[...] transformava-se em lenho

seco, destinado ao fogo.

10 Reformador • Outubro 2012336688

Assim também, [...] são mui-

tas das associações respeitáveis,

quando não se acautelam contra

os perigos, aparentemente sem

importância. São admiráveis

na caridade e na resistência aos

golpes do exterior. Suportam,

com heroísmo e serenidade, es-

tranhas provações [...]. Afron-

tam a calúnia e a maldade [...]

dentro de inalterável paciência

e indefinível força moral...

Visitadas, entretanto, pelos ver-

mes invisíveis da inveja ou do

ciúme, da incompreensão ou da

suspeita, depressa se perturbam

e se desmantelam, incapazes de

reconhecer que os melindres

pessoais são parasitos destrui-

dores das melhores organiza-

ções do espírito.

Quando o “disse me disse” in-

vade uma instituição, o demô-

nio da intriga se incumbe de tol-

dar a água-viva do entendimento

e da harmonia, aniquilando todas

as sementes divinas do trabalho

digno e do aperfeiçoamento espi-

ritual.3 (Grifo nosso.)

Como fazer para não deixarmosisso acontecer? Responde o emé-rito amigo:

Dentro de minha nova condi-

ção, apenas conheço um remé-

dio: nossa adaptação individual

e coletiva à prática real do Evan-

gelho do Cristo.4

Tecer considerações impróprias arespeito de trabalhadores nobres eesforçados, esquecendo-se da frater-nidade que deve existir em todas as

situações, significa desconhecer aessência do objetivo do Espiritismoque é o de trabalhamos juntos, uni-dos, congregando esforços para aconstrução de um mundo evangeli-zado. Allan Kardec, na análise quefaz do ensinamento de Jesus, quandoo Mestre enuncia que “um profeta só nãoé honrado em sua terra e na sua casa.– E não fez lá muitos milagres devi-do à incredulidade deles”5 (Mateus,13:54-58), explica-nos que “o prin-cípio de tal verdade decorre de umaconsequência natural da fraquezahumana”.5 Refere-se às pessoas quedesconhecem, na maioria das vezes,as qualidades morais daqueles comquem se relacionam amiúde, nasmúltiplas situações ordinárias davida, sem lhes inspirar a confiançaque devotariam a certas persona-lidades de saber e de inteligência:

[...] Quem quer que se eleve aci-

ma do nível comum é sempre al-

vo do ciúme e da inveja. Os que

se sentem incapazes de chegar à

altura em que aquele se encon-

tra esforçam-se por rebaixá-lo,

por meio da difamação, da ma-

ledicência e da calúnia; e tanto

mais forte gritam, quanto me-

nores forem, crendo que se en-

grandecem e o ofuscam pelo ar-

ruído que promovem. Tal foi e

será a história da Humanidade,

enquanto os homens não houve-

rem compreendido a sua nature-

za espiritual e alargado seu hori-

zonte moral. Semelhante precon-

ceito, portanto, é próprio dos

Espíritos acanhados [...], que

tomam suas personalidades por

modelo de todas as virtudes.6

Essas lições imprescindíveisdevem ser avaliadas pelos espíri-tas, sem exceção! A exaltação dapersonalidade leva-nos a nos con-siderar acima dos outros, julgan-do-nos com direitos superiores eexacerbando suscetibilidades pes-soais com o que quer que consti-tua ofensa às opiniões e às açõesdesenvolvidas por nós. Só seremosfelizes se nos deixarmos animarpor sentimentos de benevolên-cia, de indulgência e de perdão. Eisso não será conseguido apenascom o estudo de lições de moral,mas com a destruição das causasde antagonismos e de dissensõesentre as criaturas. Para isso, é pre-ciso provar que não somos maisdo que os outros e de que todospossuem o mesmo valor e a mes-ma possibilidade de evolução ede progresso espiritual, como le-gítimos princípios que se origi-nam da preexistência da alma eda reencarnação.

Referências:1FRANCO, Divaldo P. Enfermidade da alma.

(Mensagem do Espírito Joanna de Ângelis.)

In: Reformador, ano 130, n. 2.198, p. 8

(166)-9(167), mai. 2012.2XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Estude

e viva. Pelos Espíritos Emmanuel e André

Luiz. 13. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB

Editora, 2012. Cap. 36, p. 210.3XAVIER, Francisco C. Cartas e crônicas.

Pelo Espírito Irmão X. 13. ed. 3. reimp. Rio

de Janeiro: FEB Editora, 2012. Cap. 29.4 ______. ______. p. 139.5KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Evandro

Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB Edito-

ra, 2010. Cap. 17, it. 1 e 2, p. 444.6 ______. ______. p. 445.

11Outubro 2012 • Reformador 336699

Reformador: Qual sua atuaçãono Movimento Espírita cubano esua relação com o CEI?Agramonte: Atuo comoum assessor do ConselhoEspírita Internacional emCuba, e esforço-me para darcontinuidade ao trabalhoespírita iniciado por nossoirmão Antonio Agramonte,já desencarnado, e a irmãCarmem Agramonte para,através de nossa SociedadAmor y Caridad Universal,levar os ensinos do Espiri-tismo a todo o país. Paraisso temos já realizadosdois Encontros Regionais e um Congresso Nacional, apartir de 2004. Agora tra-balhamos para obter o re-conhecimento oficial detodas as sociedades espíri-tas do país, com a finalidadede organizar as Federaçõesdas Províncias.

Reformador: Quais são as ativi-dades da Sociedad Amor y Cari-dad Universal?

Agramonte: Eis as atividades: edu-cação espírita, através da evange-lização de crianças, jovens e adul-

tos; também se faz a divul-gação da literatura espíritacom a doação de 24 mil li-vros por parte do CEI; e ini-ciou-se o desenvolvimentoda AME – Associação Mé-dico-Espírita de Cuba. Paraesta atividade convidamos,em 2008, Marlene Nobre,presidente da AME-Brasil,que realizou conferências ereuniões com os médicosem Cuba; busca-se a uni-dade de todos os espíritas,respeitando-se as práticasmediúnicas dos distintosgrupos, porém colocando--se a Codificação como oprincípio da filosofia quenos foi legada por AllanKardec, para unificar a to-dos e desenvolver o Espiri-tismo no país.

SE RVA N D O AG R A M O N T EEntrevista

Servando Agramonte reside em Havana (Cuba), onde atua como médico.É dirigente de sociedades espíritas e da Associação Médico-Espírita de Cuba,

assessora o Conselho Espírita Internacional. É um dos responsáveis pelo7o Congresso Espírita Mundial (Havana, 22 a 24/3/2013). O líder espírita de

Cuba convida os brasileiros para este grande evento

O Espiritismoem Cuba

Cartaz do 7º Congresso Espírita Mundial

12 Reformador • Outubro 2012337700

Reformador: Quantos centrosespíritas estão legalmente consti-tuídos em Cuba?Agramonte: Atualmente se en-contram oficialmente registra-das no Ministério da Justiça 535sociedades espíritas. Estamostrabalhando para acrescentar180 novas instituições.

Reformador: Como se organizaatualmente o Movimento Espíri-ta de Cuba?Agramonte: Estão sendo cons-tituídas as diferentes Federa-ções das províncias para depoiscriarmos a Federação nacional,ainda pendente. Já temos váriasFederações provinciais, porémnem todas ainda estão legal-mente oficializadas.

Reformador: Há centros espíri-tas muito antigos em funciona-mento?Agramonte: Há muitas socie-dades espíritas antigas, funcio-nando em Cuba, com mais de90 anos de fundação. Comoexemplo, a Sociedad EspíritaMás Luz, duas vezes visitada pe-lo CEI, localizada na provínciaGranma, já tendo ultrapassado100 anos.

Reformador: Como é a relaçãode vocês com o CEI?Agramonte: Todo o país se re-laciona harmonicamente como CEI, o qual nos tem apoiadoenviando-nos livros espíritas,que são distribuídos por fede-rações provincianas para todoo país.

Reformador: Quais são as expec-tativas com relação ao 7o Con-gresso Espírita Mundial?Agramonte: Há muitas expec-tativas e empenho dos espíritascubanos em participarem dessamagna reunião, onde poderemosunir-nos ainda mais em todosos aspectos para o funcionamentodo Movimento Espírita cubano.Estamos aproveitando a opor-tunidade que nos foi propiciadapelo Estado Cubano, através doDepartamento de Assuntos Re-ligiosos do Comitê Central, naspessoas das senhoras CaridadDiego e Eloisa Valdés. Temos aesperança de uma grande parti-cipação dos espíritas de todo omundo, e de que eles nos tra-gam seus bons conhecimentos eas experiências da prática daDoutrina Espírita.

Reformador: Alguma mensagemaos espíritas do Brasil?Agramonte: Em Cuba há umherói nacional, José Martí, jádesencarnado, cujos princípiossempre foram os mesmosapresentados pela Dou-trina Espírita. Essesprincípios sempre nosmotivaram a trabalhardesenvolvendo os be-los e importantes co-nhecimentos sobreJosé Martí e o Espi-ritismo. Quandoestive no Brasil,em abril de 2011,visitando a Fede-ração EspíritaBrasileira e o

Conselho Espírita Internacional,encontrei nos brasileiros moti-vação e empenho iguais aos quetenho vivido em Cuba. Convidoos brasileiros a conviver com ossentimentos cubanos. Gostariamuito de vê-los em Cuba, parti-cipando do 7o Congresso Espí-rita Mundial.1

13Outubro 2012 • Reformador 337711

1N. da R.: Para informações sobre o 7o

Congresso Espírita Mundial acesse: <www.7cem.org>.

14 Reformador • Outubro 2012337722

ma senhora pergun-tou-me:

– Meu marido éum homem bom, caridoso,mas quando fica nervosoxinga, briga, ofende, viraoutra pessoa. Tenho a im-pressão de que ele acabatransmitindo a manifesta-ção de um Espírito pertur-bador? É possível?

Sem dúvida! Mais prová-vel, porém, tratar-se de umamanifestação… anímica, algode seu próprio Espírito, reve-lando sua maneira de ser.

Debitar aos desencarnadosum comportamento agressivo emal-educado do marido podeser um exercício de generosidadeda esposa compreensiva, mas nãoé compatível com a realidade.

Há um princípio fundamentalque não podemos esquecer nesseassunto:

Não temos um comportamen-to inadequado por influência espi-ritual.

Somos influenciados em vir-tude de um comportamento ina-dequado, levando-se em conside-ração o princípio da sintonia.

Espiritualmente falando, o ve-lho ditado diz-me com quem andase te direi quem és pode ser tra-duzido assim: diz-me como és ete direi com quem andas.

Mesmo em casos de possessão,raros, em que o Espírito literalmente

domina sua vítima, ele só consegui-rá comprometê-la em atos violen-tos se a agressividade for caracterís-tica marcante de sua personalidade.

Ninguém será induzido a fazero que não seja compatível com suamaneira de ser.

Neste planeta de provas e expia-ções que é a Terra, estamos mais

URI C H A R D SI M O N E T T I

Influênciaespiritual

perto da animalidade do que daangelitude.

Na vida em sociedade há umverniz de civilidade, adquiridocom a educação, mas facilmenterompido, quando não exercitamoscontrole sobre as nossas emoções,deixando que fale o homem dascavernas, que ainda tem bomespaço dentro de nós.

Quando ele se manifesta, trazseu repertório infeliz de gritos,palavrões, agressividade…

Os resultados são sempre lamen-táveis: ambiente conturbado, laresdesfeitos, amizades comprometi-das, relacionamento complicado.

E pode acontecer o pior, comovemos frequentemente na mídia,dando-nos notícia de brigas, agres-sões, assassinatos, principalmenteenvolvendo acidentes de trânsito,quando as pessoas descontroladasfazem emergir o bruto que moradentro delas, um ser irracional,dócil às sugestões sinistras de Espí-ritos interessados em promover aconfusão no Mundo.

Por isso, muita gente amarga emlongos anos de prisão o resultadode um momento de invigilância.

Até que derrotemos em defini-tivo esse ser primitivo que mora emnós, livrando-nos das influênciasdas sombras e até mesmo habili-tando-nos a estágios mais altos deespiritualidade, é fundamental con-tê-lo em nosso mundo interior.

Certa feita Jesus afastou um Es-pírito impuro que atormentavaum menino. Os discípulos per-guntaram por que eles, que ha-

viam tentado o mesmo, não oconseguiram.

Jesus lhes respondeu (Mateus,17:21):

Esta casta de Espíritos impuros

não se expulsa senão pela ora-

ção e pelo jejum.

Está aí a orientação perfeita paraque afastemos Espíritos perturbado-res ou evitemos sua aproximação.

A oração, voltar o nosso pensa-mento a Deus, usando a poderosaantena do coração, fortalece nossa

alma, eleva nosso padrão vibra-tório, cortando o contato comas sombras.

O jejum, que devemos entenderno sentido espiritual: evitar máspalavras, pensamentos viciosos,comportamento indisciplinado…

Com semelhante empenhoconteremos o bruto e acordare-mos o anjo que dormita em nós,filhos de Deus que somos, habi-litando-nos a evitar a influênciadas sombras e até mesmo a afas-tar os brutos do Além, que asse-diam suas vítimas.

15Outubro 2012 • Reformador 337733

Não te entregues na Terra à indiferença.

Cheio de amor e fé, trabalha e espera;

Nos domínios do mal, nada há que vença

A alma boa, a alma pura, a alma sincera.

No pensamento nobre persevera

De servir, sempre alheio à recompensa;

O desejo do Bem dilata a esfera

Das luzes sacratíssimas da Crença.

Vive nas rutilantes almenaras

Dos castelos do Amor de essências raras,

Aspirando os olores da Pureza!...

Terás na Terra, então, a vida calma...

E a morte não será, para a tua alma,

Jamais medonha e trágica surpresa.

Soneto

Fonte: XAVIER, Francisco C. Parnaso de além-túmulo. 19. ed. 2. reimp. Rio deJaneiro: FEB Editora, 2010. p. 638-639.

Raul de Leoni

16 Reformador • Outubro 2012337744

osso Lar” é uma Co-lônia espiritual, istoé, um local onde se

reúnem e vivem Espíritos que dei-xaram o corpo físico por meio dofenômeno natural da morte.

O autor do livro é o EspíritoAndré Luiz que, em sua últimaencarnação, era um médico e viviana cidade do Rio de Janeiro.

Este nome é um pseudônimo deque ele se serve para respeitar e pro-teger a tranquilidade de familiaresainda encarnados.

Apresentando-o, Emmanuel,Guia espiritual de Francisco Cân-dido Xavier e coordenador de suatarefa missionária mediúnica, diz:

O intercâmbio com o in-

visível é um movimento

sagrado, em função res-

tauradora do Cristianis-

mo puro; que ninguém, toda-

via, se descuide das necessidades

próprias no lugar que ocupa pela

vontade do Senhor.

André Luiz vem contar a você,

leitor amigo, que a maior sur-

presa da morte carnal é a de nos

colocar face a face com a pró-

pria consciência, onde edifica-

mos o Céu, estacionamos no

purgatório ou nos precipita-

mos no abismo infernal; vem

lembrar que a Terra é oficina

sagrada, e que ninguém a me-

nosprezará, sem conhecer o

preço do terrível engano a que

submeteu o próprio coração.

Por sua vez, na Mensagem ini-cial, André Luiz exclama:

Ó caminhos das almas, miste-

riosos caminhos do coração! É

mister percorrer-vos, antes de

tentar a suprema equação da Vida

Eterna! É indispensável viver o

vosso drama, conhecer-vos deta-

lhe a detalhe, no longo processo

do aperfeiçoamento espiritual!...

Em suas primeiras impressõesalém da dimensão física, ele cons-tata a realidade da sobrevivência,ou seja, a continuidade da vida es-piritual quando cessa a vida ma-terial.

Mais voltado às questões dasciências, especificamente as liga-das à Medicina, e, como diz ele,lendo sem maiores responsabili-dades o Evangelho de Jesus, sur-

preende-se com a continui-dade da existência. Deinício sente muita di-ficuldade em com-preender o que estáacontecendo. Passa

algum tempo em con-flitos pessoais e se revolta.

Em certo momento, quando,pelo sofrimento, diminui o seuorgulho e vaidade, lembra-se domenino que orava junto da mãezi-nha e, em lágrimas, volta ao acon-chego da oração.

“NAY LTO N PA I VA

“Nosso lar”

Em meio ao nevoeiro da revoltae do desespero que, ante a luz daprece, se dissipa, um Espírito, aquem chama de emissário de Deus,se faz visível para ele:

“Um velhinho simpático mesorriu paternalmente. Inclinou--se, fixou nos meus os grandesolhos lúcidos e falou:

– Coragem, meu filho! O Se-nhor não te desampara.”

Ele é socorrido e amparado.Clarêncio indica o destino:“– Vamos sem demora. Preciso

atingir ‘Nosso Lar’ com a pres-teza possível”.

Já devidamente acolhido, AndréLuiz interpela seu acompanhante:

“– Amigos,por quem sois,explicai--me em que novo mundo me encon-tro... De que estrela me vem, agora,esta luz confortadora e brilhante?

– Estamos nas esferas espirituaisvizinhas da Terra, e o Sol que nosilumina, neste momento, é o mes-mo que nos vivificava o corpo físico”.

Estas são as primeiras noçõesque André Luiz tem sobre a novamorada.

Com o decorrer do tempo toma-rá conhecimento da admirável or-ganização dessa cidade espiritual,regida por normas que refletemsempre a justiça e o amor.

As surpresas são grandes e ad-miráveis na nova dimensão de vidaem que se encontra.

No entanto, André Luiz não seesquece dos familiares que deixouno mundo físico: a esposa e os fi-lhos que passam a ser o seu pensa-mento constante.

De imediato,não tem autorizaçãopara retornar ao antigo lar terrestre.

Por diversos meios procura terinformações sobre a amada espo-sa e os queridos filhinhos.

As informações não o satisfazem.Por vias diretas ou indiretas re-

cebe esclarecimentos sobre as for-mas de manifestação do amor, espe-cialmente entre os casais.

Vai sentindo que algo estranhoacontece. Por que não ter acessodireto e imediato ao sonhado lar?Como estaria a dedicada esposa?E os filhos, após terem passadotantos anos?

Decorreu, mais ou menos, umano para que André Luiz pudesseter as respostas às íntimas inda-gações.

Muitas surpresas o aguarda-vam. Momentos de dor e sofri-mento e, também, de extrema ale-gria e euforia.

Finalmente seria um cidadãoem “Nosso Lar”.

Eis aí, prezado leitor, um rapi-díssimo resumo dos relatos queAndré Luiz nos legou, transmiti-dos pela mediunidade missioná-ria de Francisco Cândido Xavier.

Referência:

XAVIER, Francisco C. Nosso lar. Pelo Espí-

rito André Luiz. 61. ed. 1. reimp. Rio de Ja-

neiro: FEB Editora, 2010.

17Outubro 2012 • Reformador 337755

18 Reformador • Outubro 2012337766

m Seminário inovador –“Ações de Acolhimento,Con-solo, Esclarecimento e Orien-

tação no Centro Espírita” – foi efe-tivado este ano, no desenvolvimen-to das Reuniões das Comissões Re-gionais do Conselho FederativoNacional da FEB. Oinício da nova pro-posta surgiu com o“Projeto 2009 para asações da Secretaria--Geral”1 do CFN, cujaversão atual tornou-sedelineada e, depois,aprovada nas Reu-niões Ordinárias doCFN, respectivamente,de 20102 e de 2011.3

A primeira Dire-triz do “Plano de Tra-balho para o Movi-mento Espírita Brasi-leiro (2007-2012)” inspirou a li-nha de pensamento que norteia amodalidade de ação proposta:

Difundir a Doutrina Espírita,

através do seu estudo, da sua

divulgação e da sua prática,

colocando-a ao alcance e a

serviço de todas as pessoas,

indistintamente, independen-

temente de sua condição so-

cial, cultural, econômica ou

faixa etária.4

A partir do entendimento darealidade chamada “PirâmideSocial” do Brasil, na qual, emsua ampla base, encontram-seas faixas sociais menos favoreci-das, do ponto de vista econômi-

co e cultural, foram alinhavadosos subsídios doutrinários queoferecem contribuições para afundamentação dessa linha deatuação.5

A mensagem “Missão dos es-píritas”, de Erasto, é muito signi-

ficativa, com desta-que para o trecho:

Ide, pois, e levai a pala-

vra divina: aos grandes

que a desprezarão, aos

eruditos que exigirão

provas, aos pequenos e

simples que a aceitarão,

porque é principalmen-

te entre os mártires do

trabalho, desta expiação

terrena, que encontra-

reis fervor e fé. [...]6

Os comentários doCodificador da Doutrina Espíritasão oportunos:

Essas máximas resultam do

princípio de humildade que

Jesus não cessa de apresentar

UAN TO N I O CE S A R PE R R I D E CA RVA L H O

Ações de acolhimento,consolo, esclarecimento

e orientação

Capa

como condição essencial da fe-

licidade [...]. Ele toma uma crian-

ça como o tipo da simplicidade

de coração e diz: “Será o maior

no reino dos céus aquele que

se humilhar e se fizer pequeno

como uma criança”, isto é, que

não alimentar nenhuma pre-

tensão à superioridade ou à

infalibilidade.

Deparamos com a mesma ideia

fundamental nesta outra máxi-

ma: Aquele que quiser tornar-se

o maior seja o vosso servo, e

nesta outra: Aquele que se hu-

milhar será exaltado e aquele

que se elevar será rebaixado.7

Também em O Evangelho se-gundo o Espiritismo é pertinente aconclamação de Fénelon:

[...] A cada um a sua missão, a

cada um o seu trabalho. A for-

miga não constrói o seu formi-

gueiro e animálculos não ele-

vam continentes? Começou a

nova cruzada. Apóstolos da

paz universal e não de uma

guerra, modernos São Bernar-

dos, olhai e marchai para fren-

te [...].8

A sugestão para reflexão so-bre os episódios históricos dospioneiros cristãos representa umalinha mestra nos romances his-tóricos de Emmanuel e se en-contra explícita na obra JustiçaDivina:

É imperioso anotar, contudo,

que toda a formação espírita

guarda raízes nas fontes do

Cristianismo simples e claro,

com finalidades morais distin-

tas, no aperfeiçoamento da

alma, expressando aquele Con-

solador que Jesus prometeu aos

tempos novos.9

Entre as recomendações demedianeiros recentes, destacamostrechos da entrevista de ChicoXavier, concedida a dirigentes daUSE-SP, em 1977:

[...] deveríamos refletir em uni-

ficação, em termos de família

humana, evitando excessos de

consagração das elites culturais

na Doutrina Espírita, embora

necessitemos sustentá-las e cul-

tivá-las com respeitosa atenção,

mas nunca em detrimento dos

nossos irmãos em Humanida-

de, que reclamam amparo, so-

corro, esclarecimento e rumo.

[...] Não consigo entender o Es-

piritismo, sem Jesus e sem Allan

Kardec para todos, a fim de que

os nossos princípios alcancem os

fins a que se propõem.10

E também a opinião de Dival-do Pereira Franco em entrevistana FEB:

Nós deveremos trabalhar muito

pela disciplina na Casa Espírita,

mas não podemos olvidar dos

sentimentos, tendo em mente que

um grande número de neófitos,

que busca nossa Casa, é constituí-

do por pessoas muito sofridas,que

não encontraram respostas além,e

vêm até nós buscando entendi-

mento, cordialidade. Eis uma das

funções muito importantes pa-

ra o Atendimento Fraterno, por-

que graças a um bom Atendimento

Fraterno,a pessoa se sente em casa.11

Para se atender à Diretriz cita-da do “Plano de Trabalho” e aosembasamentos doutrinários, le-vou-se em consideração que “aseventuais divisões das atividades ereuniões em áreas, setores ou de-partamentos não devem ser im-peditivas ou complicadoras para

19Outubro 2012 • Reformador 337777

O acolhimento

e a integraçãodos simples,

no ambiente

dos centrosespíritas, étarefa de

primordialimportância

Capa

um trabalho integrado, devendo--se pensar no Centro Espírita comoum todo”,12 e foram definidas algu-mas premissas importantes parao desenvolvimento do Seminário:valorizar o conjunto das áreas deatuação, de forma integrada, semsuperestimar ou subestimar nenhu-ma área; trabalhar o conteúdo e ascontribuições de cada área para odesenvolvimento de ações de aco-lhimento, consolo, esclarecimentoe orientação e, preferencialmente,em função de estudos de casos;inspirar-se em exemplos dos pri-mitivos cristãos; empregar lingua-gem adequada e simples; ofere-cer uma visão sobre o trabalhadorespírita e seu compromisso com otrabalho no Centro Espírita.

A respeitabilidade dos espíritasjunto à comunidade, aos poderespúblicos e à mídia foi conquista-da ao longo de dezenas de décadasem função da marcante ação no

atendimento dos socialmente ca-rentes. Na atualidade, sem qualquerideia de proselitismo, entendemosque o acolhimento e a integraçãodos simples, no ambiente dos cen-tros espíritas, é tarefa de primor-dial importância, coerente com acompreensão de que o Espiritis-mo é o “Consolador Prometido”.5

Referências:1Ata da Reunião Ordinária de 2008 do

Conselho Federativo Nacional. Reformador,

ano 127, n. 2.162A, p. 9. ed. especial.

mai. 2009.2Ata da Reunião Ordinária de 2010 do Con-

selho Federativo Nacional. Reformador, ano

129, n. 2.186A, p. 7, ed. especial. mai. 2011.3Ata da Reunião Ordinária de 2011 do Conse-

lho Federativo Nacional. Reformador, ano 130,

n. 2.198A, p. 6, ed. especial. mai. 2012. 4“Plano de Trabalho para o Movimento

Espírita Brasileiro (2007-2012)”. Reforma-

dor, ano 125, n. 2.140A, ed. especial. jul.

2007. Diretriz 1, p. 30-31.

5CARVALHO, Antonio Cesar P. Acolhi-

mento dos simples. In: Reformador, ano

129, n. 2.183, p. 22(60)-24(62), fev. 2011. 6KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezer-

ra. 1. reimp. atualizada. Rio de Janeiro:

FEB Editora, 2010. Cap. 20, it. 4. 7______. ______. Cap. 7, it. 6.8______. ______. Cap. 1, it. 10.9XAVIER, Francisco C. Justiça divina. Pelo

Espírito Emmanuel. 13. ed. 2. reimp. Rio

de Janeiro: FEB Editora, 2010. Cap. Invo-

cações.10CARVALHO, Antonio Cesar P. Chico Xa-

vier – O homem e a obra. São Paulo: Ed.

USE, 1997. p. 80-81. 11FRANCO, Divaldo P. Conversa fraterna:

Divaldo Franco no Conselho Federativo

Nacional. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB Edi-

tora, 2002. p. 28. 12CONSELHO FEDERATIVO NACIONAL.

Orientação ao centro espírita. Cap. 12.

Disponível em: <http://www.febnet.org.br/

ba/file/Downlivros/orienta.pdf/>. Acesso em:

2/8/2012.

20 Reformador • Outubro 2012337788

Capa

Cooperemosfielmente

21Outubro 2012 • Reformador 337799

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

Fonte: XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. ed. esp. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2011. Cap. 48.

Pai é o Supremo Criador da Vida, mas o homem pode ser fiel cooperador

dEle.

Deus visita a criatura pela própria criatura.

Almas cerradas sobre si mesmas declarar-se-ão incapazes de serviços

nobres; afirmar-se-ão empobrecidas ou incompetentes.

Há companheiros que atingem o disparate de se proclamarem tão pecadores e

tão maus que se sentem inabilitados a qualquer espécie de concurso sadio na obra

cristã, como se os devedores e os ignorantes não necessitassem trabalhar na própria

melhoria.

As portas da colaboração com o divino amor, porém, permanecem constante-

mente abertas e qualquer homem de mediana razão pode identificar a chamada

para o serviço divino.

Cultivemos o bem, eliminando o mal.

Façamos luz onde a treva domine.

Conduzamos harmonia às zonas em discórdia.

Ajudemos a ignorância com o esclarecimento fraterno.

Seja o amor ao próximo nossa base essencial em toda construção no caminho

evolutivo.

Até agora, temos sido pesados à economia da vida.

Filhos perdulários, ante o Orçamento Divino, temos despendido preciosas energias

em numerosas existências, desviando-as para o terreno escuro das retificações difíceis

ou do cárcere expiatório.

Ao que nos parece, portanto, segundo os conhecimentos que possuímos, por

“acréscimo de misericórdia”, já é tempo de cooperarmos fielmente com Deus, no

desempenho de nossa tarefa humilde.

“Pois somos cooperadores de Deus.”– PAULO. (I CORÍNTIOS, 3:9.)

O

22 Reformador • Outubro 2012338800

osso mundo passa por pro-fundas transformações, tan-to do ponto de vista material,

quanto social, político, econômicoe moral. O Espiritismo alerta-nosque são chegados os tempos daidade viril da Humanidade, comopreconiza o insigne Codificador,Allan Kardec, em A Gênese.1

Mas toda transformação impli-ca em mudanças e estas deman-dam de cada um de nós novasposturas; para isso, precisamos es-tar preparados para o novo.

Somos Espíritos em longa jor-nada evolutiva, na qual fomos an-gariando experiências ao longo deinúmeras reencarnações e, dessemodo, construindo nossa milenarbagagem evolutiva.

Diante dos novos tempos, quese descortinam para a Humanida-de – Nova Era,a Era de Regeneração –é fator preponderante para garantir-mos nossa entrada segura nessa erade amor: a Educação, aqui entendidacomo “o conjunto de hábitos adqui-ridos”, como Kardec a considera.2

Embora precisemos acompanharo progresso material, social, culturalde nossa sociedade, jamais podemosabrir mão dos valores ético-moraisque caracterizam o Cristianismo eo Espiritismo, os quais têm como

base a lei áurea, anunciada porJesus, há dois mil anos: “Fazer aopróximo o que gostaríamos quenos fosse feito”, “Amar a Deus so-bre todas as coisas e ao próximocomo a si mesmo” (Lucas, 10:27).

Santo Agostinho traz-nos im-portantíssimas orientações sobrea Educação em seu belíssimo texto“A ingratidão dos filhos e os laços defamília”,3 no qual nos ensina que aprincipal missão dos pais é “apro-ximar de Deus” a alma de seus fi-lhos. Clara a orientação do nobreEspírito: a de que temos que envidartodos os nossos esforços para iden-tificar as más tendências de nossoseducandos, corrigindo-as e incenti-vando suas virtudes. Essa é a missãoque nos está confiada pelo Criador eda qual teremos que prestar contas.

O Espiritismo é uma Doutrinaeducadora por excelência, a própriareencarnação é um processo dereeducação do ser, pois retornamoscrianças a um lar, a uma família, parasermos reeducados, pois, comocriança, o Espírito está mais acessí-vel a receber a orientação dos pais eeducadores, seja na escola, seja naCasa Espírita, seja por meio da Evan-gelização Infantojuvenil.

Lembremo-nos de que mais for-te que mil palavras é o exemplo.

A criança observa as condutas eatitudes daqueles com quem con-vive mais diretamente, podendoadotá-las como referências decomportamento

No mundo de hoje, em que háextrema liberdade, precisamos noslembrar do profundo ensinamen-to do Apóstolo Paulo, quando nosdiz: “Tudo me é lícito, mas nem tu-do me convém” (I Coríntios, 6:12),4

alertando-nos quanto aos limitesde nossa conduta e, sobretudo, àsconsequências de nossos atos.

A criança e o jovem precisamaprender que suas atitudes têmconsequências, e sua liberdade, li-mites, exatamente onde começao direito alheio, e que precisamosresponder por nossas ações, pe-rante as leis humanas e, sobretu-do, perante as leis divinas, inscul-pidas em nossa consciência, daí otermo responsabilidade. Algo umtanto esquecido nos dias de hoje.

Instado sobre essa questão, Di-valdo Pereira Franco, educador dealmas, orienta-nos que “a educaçãoespírita, trazendo a evangelizaçãoinfantojuvenil à luz do Espiritismo,é tarefa de emergência, mais quede urgência. Vou deixá-lo crescer,depois ele escolherá (a Religião quequiser seguir) representa, para mim,

NOS M A R MA RT H I FI L H O

EducaçãoTarefa de emergência

23Outubro 2012 • Reformador 338811

o mesmo que o deixar contaminar-secom o tétano,ou outra enfermidade,para depois aplicar o remédio [...]”.4

A Doutrina Espírita e a Casa Es-pírita muito podem contribuir comos pais e os educadores em suas re-lações com as crianças e jovens, noâmbito da educação, especialmen-te nas tarefas da Evangelização in-fantojuvenil, que devem ser trabalhoessencial na Casa Espírita, conduzin-do-as com extremo carinho e cuida-do, pois estamos, dessa forma,contribuindo para formar Espíritosmelhores, os quais, por sua vez,transformarão o Planeta em Mundode Regeneração. Se a Casa Espíritanão tem, deve formar esse trabalho;se tem, deve mantê-lo e melhorá-lo.As Federativas espíritas, órgãos deUnificação do Movimento Espírita,têm a obrigação de apoiar essas ta-refas nos centros, devendo trocarexperiências entre si, no intuito deaprenderem conjuntamente e amplia-rem esse importantíssimo trabalho.

Por outro lado, os pais, frequenta-dores ou não das casas espíritas, têm,nesse serviço, prestado pelo CentroEspírita, importantes subsídios queos auxiliarão na educação de seus fi-lhos,bem como no grupo de pais,ouescola de pais, que será então umespaço para troca de experiências ede aprendizagem da difícil e funda-mental tarefa de educar Espíritos.

Além disso, as Mocidades e Ju-ventudes Espíritas oferecem ao jovem

um grupo – já que nessa fase ojovem aceita conviver em grupo – o qual deverá ser um grupo harmo-nioso, equilibrado, saudável, forma-do por jovens que, via de regra, fre-quentaram a Evangelização Infan-til, cujas famílias conhecemos e que,geralmente, também frequentama Casa Espírita.

Içami Tiba nos diz: “Os pais queencaminham o filho para algumareligião, não vão buscá-lo na ca-deia”.5 Embora deva haver casos emque, mesmo recebendo orientaçãomoral, o Espírito possa equivocar-seem função de suas tendências, aoreceber, porém, ensinamentos deboa conduta e religiosidade, torna-semais fortalecido no bem, como quevacinado contra desvios mais graves.

Recorrendo a Jesus, ao Educadordos Educadores, Mestre de nossasvidas, aprendemos com Ele a peda-gogia do amor, que não julga, nãocondena, não força consciências,mas convida, conduz, traz à tona asaquisições anteriores. Daí o termo

educação – do latim educare – ex--ducere –, que significa conduzirpara fora, tirar de dentro de – ou se-ja, reorganizar os conteúdos do Es-pírito. Como ocorreu na célebrepassagem da mulher adúltera, Jesusnão a condenou, nem a eximiu desuas responsabilidades, dizendoàqueles que a queriam lapidar:“Atire a primeira pedra aquele queestiver sem pecado”(João,8:7).Comotodos se retirassem, ficando a sóscom ela, diz-lhe: “Vai e não pequesmais” (João, 8:11), mostrando comisso que não temos o direito de julgare condenar, mas tão somente o de,com amor, despertar a criatura paraas responsabilidades e consequên-cias de suas atitudes, porque o amoré o grande recurso do educador.

Referências:1KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Guillon

Ribeiro. 52. ed. 5. reimp. Rio de Janeiro:

FEB Editora, 2012. Cap. 18, it. 14. 2______. O livro dos espíritos. Trad. Guillon

Ribeiro. 92. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro:

FEB Editora, 2012. Comentário de Kardec à

q. 685a.3______. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed.

2. reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2012.

Cap. 14, it. 9.4FRANCO, Divaldo P. Diálogo com dirigen-

tes e trabalhadores espíritas. São Paulo:

USE, 1981. p. 67-68.5Palestra ministrada pelo médium psiquia-

tra Dr. Içami Tiba, em Curitiba. Disponível

em: <www.spiritismo.de/Evangelizacao.htm>.

Acesso em: 23/7/2008.

homem é a espécie maisbem-sucedida do Planeta,principalmente pela sua ex-

traordinária capacidade de adap-tação, favorecida por implemen-tos cerebrais especiais, assevera oconhecido cientista e lorde inglêsRobert Winston:

Há cinco milhões de anos, nos-

sos ancestrais hominídeos des-

ceram das árvores para tentar a

sorte nas savanas. O fim da Era

do Gelo os forçou a se adapta-

rem a um novo ambiente, com

menos recursos naturais do que

as florestas repletas de vegeta-

ções e pouca proteção física

contra os predadores. [...]1

O drama lento da cruel seleção

natural persistiu por mais de 200

mil gerações, como homens-ma-

cacos competindo com animais

mais rápidos, fortes, resistentes,

venenosos e, fundamentalmente,

mais preparados para a violência

e o clima das savanas. [...]

Começamos a vida na savana

como Australopithecus, com um

cérebro de tamanho igual ao do

chimpanzé. Nos três milhões de

anos que se seguiram, ele tripli-

cou de tamanho. Nosso cérebro

[...] parece ter sido a nossa arma

secreta e a solução para o problema

de sobrevivência. [...] Aprendemos

a fazer e a usar ferramentas. Des-

cobrimos o fogo e seus usos. Nos

tornamos [sic] curiosos a respei-

to do vasto mundo que habita-

mos e decidimos explorá-lo. Co-

meçamos a conversar uns com

os outros e a vida em comunida-

de se tornou mais complexa e

bem-sucedida. [...]1

Esta é uma breve história damarcha evolutiva do homem. Im-porta assinalar, porém, que emrazão da inata curiosidade do serhumano e da sua desenfreada ex-ploração do meio ambiente che-gamos a uma encruzilhada ascen-sional sem precedentes.

Hoje, somos atingidos por con-vulsões da Natureza em diferentes

partes do globo terrestre: terre-motos e maremotos; erupçõesvulcânicas, deslizamentos e entre-choques de placas continentais;vendavais, tempestades e ciclones;derretimento das calotas pola-res, ressecamento de solos e lon-gas estiagens. Cresce o número dedoenças somáticas e psíquicas, emgeral decorrentes da vida agitadados grandes centros urbanos; dosedentarismo; do estresse extre-mado e contínuo; da poluição; daalimentação rápida (fast food),pobre em nutrientes, mas rica emgorduras, açúcares e conservan-tes; do consumo excessivo de be-bidas alcoólicas e do tabaco – istosem citar outras substâncias quí-micas altamente viciantes – todasfavoráveis à manifestação de cer-tas doenças, como câncer, diabe-tes tipo 2, afecções cardíacas etc.Nas zonas rurais e na periferia doscentros urbanos, sobretudo nospaíses em desenvolvimento, a si-tuação não é menos angustiante: afalta e escassez de água, associadas

24 Reformador • Outubro 2012338822

O

A busca da

felicidadeMA RTA AN T U N E S MO U R A

Em dia com o Espiritismo

às péssimas condições sanitárias ede higiene, alimentam o desola-dor quadro de doenças infeccio-sas, parasitárias e transmissíveis.Há também as doenças genéticas,assim como as congênitas, querepresentam um capítulo à parte,pois estão crescendo no mundointeiro. Da mesma forma, os trans-tornos psíquicos ou mentais, as-sim como os psicossomáticos, seexpressam cada vez mais.

“Como espécie – lembra o pro-fessor Winston –, não somos fisi-camente feitos para cidades gran-des e anônimas, [...] fast food,drogas e uma vida comunitáriafragmentada. Quem inventouarmas nucleares não estava pen-sando na facilidade com a qualnós formamos alianças e ataca-mos nossos inimigos. Nossa buscapor riqueza material e status fre-quentemente resulta na dissolução

de unidades familiares [...].”2 Ficadifícil imaginar que a criatura sejaassim descrita, definida como oindivíduo, representante da espécieevolutiva mais bem-sucedida doPlaneta. No entanto, precisamosconsiderar que o ser humano é“pessoa, portadora de valores, istoé, de sua própria superação, poisapenas o que transcende pode terum valor e dar sentido à existên-cia; quando o mais deixa de ser omelhor, aparece o problema do‘por quê?’, portanto, o problemadas finalidades; quando se afirmaa questão da solidariedade inter-gerações, aparece a da responsabi-lidade [...] e, portanto, também ada ética [...]”,3 analisa René Passet,professor emérito de Ciência Eco-nômica da Universidade de Paris-1(Sorbonne).

As contribuições da Ciência eda Tecnologia ampliam-lhe a in-

teligência, não há dúvida, mas sãoinsuficientes para garantir-lhe umestado permanente de felicidade. Ainteligência precisa ser enriquecidacom valores morais, a fim de que ohomem cumpra a destinação paraa qual foi criado.Neste aspecto,é sem-pre atual a orientação de Ferdinand,Espírito Protetor, inserida em OEvangelho segundo o Espiritismo:

A inteligência é rica de méritos

para o futuro, mas sob a condi-

ção de ser bem empregada. Se

todos os homens que a possuem

dela se servissem de conformi-

dade com a vontade de Deus, a

tarefa dos Espíritos, de fazer

progredir a Humanidade, seria

bem mais fácil. Infelizmente,

muitos a tornam um instru-

mento de orgulho e de perdição

contra si mesmos. O homem

abusa da inteligência como de

25Outubro 2012 • Reformador 338833

26 Reformador • Outubro 2012338844

todas as outras faculdades e, no

entanto, não lhe faltam ensina-

mentos que o advirtam de que

uma mão poderosa pode retirar

o que lhe concedeu.4

O Espírito Alberto de MeloSeabra (1872-1934), o doutor Sea-bra, estimado médico brasileiro eescritor espírita do passado, escla-rece:

A inteligência humana, encar-

nada ou desencarnada, pode

contribuir, pelo poder da vonta-

de, na educação ou na reeduca-

ção de si própria, selecionando

os recursos capazes de lhe favo-

recerem o aperfeiçoamento.

A reflexão mental no homem

pode, assim, crescer em ampli-

tude e sublimar-se em beleza

para absorver em si a projeção

do Pensamento Superior.5

Ainda que os avanços científi-cos sejam incipientes para admitira sobrevivência do Espírito emoutra dimensão da vida, focalizan-do seus estudos apenas no ho-mem físico que tem “data de vali-dade” no espaço de tempo com-preendido entre o nascimento e amorte do corpo, a voz do Espiri-tismo e de outras doutrinas reen-carnacionistas está espalhando-sepelo mundo. Quando o ser huma-no alcançar o entendimento deque é um Espírito imortal que,após a morte do veículo somático,continua a evoluir em outra reali-dade, a extrafísica, de onde saitemporariamente para renascerno plano físico, quantas vezes se

fizerem necessárias, terá a cons-ciência desperta, indispensável àbusca da felicidade verdadeira.

A Doutrina Espírita ensina, po-rém, que não basta nascer e renas-cer, pura e simplesmente. É impor-tante que o Espírito imortal traba-lhe, efetivamente, a sua transfor-mação moral e intelectual, em ca-da etapa reencarnatória e nas vi-vências no plano espiritual.

A propósito, aconselha Emma-nuel:

Vive oferecendo ao caminho o

melhor de ti mesmo, plantando

a bondade e a compreensão, o

entendimento e o serviço na

alma dos semelhantes, na certe-

za de que, no caminho ilimitado

da vida, o sepulcro não é senão a

passagem de acesso a novos de-

graus de trabalho e de luta, além

dos quais recolheremos as flores

do reconhecimento ou os golpes

da incompreensão, os frutos do

amor ou os espinhos do ódio, a

bênção da fraternidade ou o frio

da indiferença, segundo a lei

que nos confere os resultados

do tempo de conformidade com

as nossas próprias obras.6

A busca da felicidade duradou-ra é processo evolutivo que, cedoou tarde, o homem obterá, assimexpresso nestas palavras do sábioOrientador espiritual:

Já se disse que duas asas condu-

zirão o Espírito humano à pre-

sença de Deus.

Uma chama-se amor; a outra,

sabedoria.

Pelo amor, que, acima de tudo, é

serviço aos semelhantes, a criatura

se ilumina e aformoseia por den-

tro,emitindo,em favor dos outros,

o reflexo de suas próprias virtu-

des; e pela sabedoria, que começa

na aquisição do conhecimento,

recolhe a influência dos vanguar-

deiros do progresso,que lhe comu-

nicam os reflexos da própria gran-

deza, impelindo-a para o Alto.

Através do amor valorizamo-nos

para a vida.

Através da sabedoria somos

pela vida valorizados.

Daí o imperativo de marcha-

rem juntas a inteligência e a

bondade.7

Referências:1WINSTON, Robert. Instinto humano. Trad.

Mario M. Ribeiro e Sheila Mazzolenis. São

Paulo: Editora Globo, 2006. Introdução, p. 17.2______. ______. p. 18.

3PASSET, René. Economia: da unidimen-

sionalidade à transdisciplinaridade. In:

MORIN, Edgar. A religação dos saberes –

o desafio do século XXI. Trad. Flávia Nas-

cimento. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand

Brasil, 2005. Cap. 7, p. 255.4KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1.

reimp. atualizada. Rio de Janeiro: FEB Edito-

ra, 2010. Cap. 7, it. 13, p. 173.5XAVIER, Francisco C. Vozes do grande

além. Por vários Espíritos. 5. ed. Rio de

Janeiro: FEB Editora, 2003. Cap. 4, it. 13,

p. 27.6______. Plantão da paz. Pelo Espírito Em-

manuel. 2. ed. São Bernardo do Campo, SP:

GEEM, 1988. Cap. Mais Além, p. 97-98.7______. Pensamento e vida. Pelo Espírito

Emmanuel. 18. ed. 2. reimp. Rio de Janei-

ro: FEB Editora, 2010. Cap. 4, p. 21.

27Outubro 2012 • Reformador 338855

m Prolegômenos, de O Li-vro dos Espíritos, os Espíri-tos instruíram Kardec a co-

locar no cabeçalho do livro umacepa, um ramo de videira, por elesdesenhada. Buscando entender amensagem da Espiritualidade su-perior, lembramos que, na ceiacom seus apóstolos, que antece-deu à sua crucificação, Jesus re-partiu o pão e serviu-lhes vinho.O texto bíblico descreve:

E, tomando o cálice e dando

graças, deu-lho, dizendo: Bebei

dele todos; porque isto é o meu

sangue [...]. (Mateus, 26:27-28.)

Não é sem razão que Jesus te-nha utilizado este símbolo. Nacultura hebraica a videira era tidacomo árvore sagrada que oferecia,entre outros atributos, prosperi-dade e proteção para aqueles quesob ela se estabelecessem. O pró-prio Jesus se comparou à videira:“Eu sou a videira verdadeira, e meuPai é o lavrador”. (João, 15:1.)

A arte cristã se apropriou destesímbolo. A videira, suas folhas e aprópria uva estão representadasem pinturas relacionadas à vida

de Jesus. Na iconografia (área daHistória da Arte que identifica ossímbolos e sua interpretação – Ico-nologia) constata-se que a videirae seus frutos são universalmenteutilizados e têm vários significa-dos, incluindo os da imortalidade,doconhecimento e da preexistência.1

Na arte funerária cristã, a presen-ça da videira e das uvas tambémestá relacionada à imortalidade.1 Ovinho, em razão de sua cor, é asso-ciado ao sangue, que sustenta a vida,vida corpórea do Espírito, ser imor-tal. Para a arte cristã a imortalidadeestá relacionada à vitória do Cris-to sobre a morte, pela ressurreição.Tal vitória assegura aos seus adep-tos uma vida contemplativa no céu.

A cepa desenhada em Prolegô-menos, de O Livro dos Espíritos, étambém apresentada como umconceito de imortalidade, e é inte-ressante observarmos como osEspíritos se utilizam desse símbo-lo da arte cristã para definir talconceito de forma simples. É pre-ciso também ressaltar que o pró-

prio desenho da cepa é bem sim-ples e apresenta as principais ca-racterísticas do ramo de uma vi-deira, quais sejam: um galho, al-gumas folhas e um cacho de uvas.

Os Espíritos apresentam a ico-nologia para a videira:2

Porás no cabeçalho do livro a

cepa que te desenhamos, por-

que é o emblema do trabalho

do Criador. Aí se acham reuni-

dos todos os princípios mate-

riais que melhor podem re-

presentar o corpo e o espírito.

O corpo é a cepa; o espírito é o

licor; a alma ou espírito ligado

à matéria é o bago. O homem

quintessencia o espírito pelo

trabalho e tu sabes que só me-

diante o trabalho do corpo o

Espírito adquire conhecimentos.2

EMAG DA LU Z I M A R D E AB R E U

A cepa e a

imortalidade da alma

1CHAVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain.Dicionário de símbolos. Rio de Janeiro:Editora José Olympio Ltda., 2009.

2KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Guillon Ribeiro. 92. ed. 2. reimp. Riode Janeiro: FEB Editora, 2012. Prolegôme-nos, p. 60 e 62.

Na interpretação da gravura,os Espíritos destacam a compara-ção entre as propriedades da ce-pa, os atributos do Espírito imor-tal e o mecanismo por meio doqual o Espírito ganha domíniode si mesmo. A interpretação dadapor eles mostra que o conceitode imortalidade na visão espíritanão a relaciona a uma vida de con-templação em um plano invisível,mas de trabalho para que o Espí-rito imortal depure a si mesmo:“O homem quintessencia o Es-pírito pelo trabalho”,2 atravésdas reencarnações, “o trabalho docorpo”.2

Aplicando a análise iconográfi-ca à cepa, identificamos primeira-mente o seu significado conven-cional, ou seja, seus atributos maisfacilmente reconhecíveis: a uva quese reproduz, nascendo, extinguin-do-se e renascendo.

A interpretação simbólica (ico-nológica) indica, segundo a obraKardequiana, que “o espírito é olicor”.2 Dessa forma, quando o tex-to bíblico sugere que o vinho é o sangue de Jesus, que venceu amorte física, deduzimos que seo Espírito é o licor (sumo ou seivada uva), e entendendo o vinhocomo produto desta seiva, o Espí-rito também é imortal. Quandoencarnado o Espírito é “a almaou Espírito ligado à matéria”,2 ouseja, “é o bago”.2 O bago aqui re-presenta a reencarnação do Espí-rito, licor, que fica confinado aocorpo físico. Na concepção espíri-ta da imortalidade nós, Espíritosimortais, evoluímos por meio do“trabalho do corpo”,2 isto é, da reen-

carnação, como apresentado nasperguntas 166 a 167 de O Livrodos Espíritos.

166. Como pode a alma, que

não alcançou a perfeição duran-

te a vida corpórea, acabar de

depurar-se?

“Sofrendo a prova de uma nova

existência.”

166a. Como realiza essa nova

existência? Será pela sua trans-

formação como Espírito?

“Depurando-se, a alma indubi-

tavelmente experimenta uma

transformação, mas para isso

necessária lhe é a prova da vida

corporal.”

166b. A alma passa então por

muitas existências corporais?

“Sim, todos contamos muitas

existências. Os que dizem o

contrário pretendem manter-

-vos na ignorância em que eles

próprios se encontram. Esse o

desejo deles.”

166c. Parece resultar desse princí-

pio que a alma, depois de haver

deixado um corpo, toma outro, ou,

então, que reencarna em novo cor-

po. É assim que se deve entender?

“Evidentemente.”

167. Qual o fim objetivado com

a reencarnação?

“Expiação, melhoramento pro-

gressivo da Humanidade. Sem

isto, onde a justiça?”

Entendemos assim, que a cepaapresentada pela Espiritualidade

em O Livro dos Espíritos expressaa mensagem divina da imortali-dade. O Espírito imortal conquis-ta sua própria salvação, quandocoloca em prática a mensagem deJesus, o Cristo. Para o Espírito,a morte não existe, mas sim oaprendizado em diferentes vidas,como a uva da vinha que, subme-tida à pressão, gera o suco, liberaa semente, que renasce, manten-do a vida.

Observamos que, ao contráriodas pinturas cristãs, os Espíritosnão associam a cepa à figura hu-mana, consequentemente não a re-lacionam com qualquer escola reli-giosa preexistente. A imortalidadeaqui é apresentada como atributode todos, concedido por Deus, oCriador. Jesus, “guia e modelo”(Op. cit., q. 627) da Humanidade,é referência, mas não propriedadede uma dada religião cristã, poisEle governa espiritualmente todoo Planeta3 e atende a todas as cria-turas. Todo ser é imortal, e o quese busca é ser bom e estar em sin-tonia com as leis do Criador.

Apesar da simplicidade, repre-sentada na gravura na obra karde-quiana, identifica-se ali a utiliza-ção pelos Espíritos, de formadidática, de um símbolo cristão,apresentando o conceito acercada imortalidade da alma.A forma desua utilização é diferenciada naDoutrina Espírita porque não in-voca apenas a imagem de Jesus,mas a da sua seara, a sua vinha.

28 Reformador • Outubro 2012338866

3XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. PeloEspírito Emmanuel. 27. ed. 5. reimp. Riode Janeiro: FEB Editora, 2012. Cap. 59.

29Outubro 2012 • Reformador 338877

com essa preciosidade defrase para nossa reflexãoque André Luiz enriquece a

apresentação “Mensagem ao lei-tor” da obra Conduta Espírita.

Psicografado por Waldo Vieira,com sua primeira edição em1960, o livro chega à 32a ediçãoem nova roupagem. Projeto grá-fico reformulado, com capa derefinada estética, a FEB Editoravaloriza o importante conteú-do inserido em Conduta Espíri-ta, com uma forma de apresenta-ção que desperta o interesse à sualeitura.

É como se tivéssemos diantede nós uma nova publicação.Para a maioria dos leitores, tra-ta-se de um novo título. Paranós, que já lemos o livro, é comose o lêssemos pela primeira vez.Prestamos mais atenção, desper-tamo-nos para pontos até en-tão despercebidos e nos tocamospela mensagem educativa que seuconteúdo revela.

Trata-se de um livro que deveassumir a nossa cabeceira, pois ocontato diário com as suas lições,pela leitura e reflexão decorrente,despertará o desejo de melho-ria constante, convidando-nos

a reformular atitudes e aprimorarações no cotidiano das relaçõesinterpessoais.

A proposta do autor espiritual ésimples, porém valiosa para o pro-cesso de renovação íntima de todosos que buscamos a melhoria con-tínua de comportamentos:

Reunimos algumas páginas

com indicações cristãs para que

venhamos a burilar as nossas

atitudes no campo espírita em

que o Senhor, por acréscimo

de misericórdia, nos situou os

corações.

Cada recomendação é roteiropara a conduta adequada diantedas pessoas e circunstâncias que avida nos oferece. Por isso, as pon-derações insertas na obra colo-cam-nos diante de nós mesmos,do próximo, de Jesus e, por con-sequência, de Deus.

Quando conseguirmos esta-belecer tais relações na base doequilíbrio, sentir-nos-emos maisintegrados com os propósitos devida que o Criador nos reservou:a de que a lei de justiça, amor ecaridade não seja apenas um com-pêndio teórico para enfeite dasmais belas bibliotecas do mundo,mas que possa configurar-se nocódigo de conduta moral de todosque nos conscientizamos sobre aimportância de nossa participa-ção como cooperadores de Deusna definitiva implantação de seureino na Terra, a iniciar-se pelocoração de cada um de nós.

Referência:VIEIRA, Waldo. Conduta espírita. Pelo Es-

pírito André Luiz. 32. ed. 1. reimp. Rio de

Janeiro: FEB Editora, 2012.

É

“Da conduta dos indivíduos depende o destino das organizações.”

GE R A L D O CA M P E T T I SO B R I N H O

Conduta espírita

raternidade, aprendizado, alegria e com-promisso. Estas palavras resumem os mo-mentos vividos durante o VI Encontro

Nacional de Diretores de DIJ, realizado de 20a 22 de julho de 2012, na sede da FederaçãoEspírita Brasileira, em Brasília (DF).

O evento comemorou os 35 anos daCampanha Permanente de Evangelização Es-pírita Infantojuvenil e promoveu o acompa-nhamento das ações evangelizadoras desenvol-vidas junto às crianças, aos jovens e às famíliasnas diferentes Unidades Federativas do País.

O Encontro contou com aproximadamente150 participantes, sendo 115 representantes das 27Unidades Federativas do Brasil, membros do Conse-lho Diretor e Diretoria Executiva da FEB, 10 exposi-tores e 11 representantes internacionais, oriundos daArgentina, Estados Unidos da América, Luxembur-go, Portugal, Peru, Uruguai e da Comissão da Áreade Infância e Juventude da Coordenadoria Europeia doConselho Espírita Internacional.

Durante o evento foram apresentados o “Histó-rico da Campanha Permanente de EvangelizaçãoEspírita Infantojuvenil” (Rute Ribeiro), o “Acom-panhamento dos Projetos e Ações desenvolvidospelas Federativas Estaduais” (Miriam Dusi) e o “Per-fil da Juventude Espírita Brasileira” (Cirne Araújoe Janine Mattar), tema de estudo da Área de Infân-cia e Juventude, no decorrer das Comissões Regio-nais, de 2009 a 2011, e que resultou na consolida-ção do censo brasileiro e na análise dos resultadoscom base em pesquisas representativas de âmbitonacional.

A “Gestão da Área de Infância e Juventude” foitema amplamente abordado, enfatizando-se os as-pectos de planejamento e avaliação (Darcy Moreira),liderança e formação de equipes (Alvaro Chrispino eFrederico Pifano) e comunicação interpessoal (Mar-co Leite). Em sequência, os participantes se reuniramem grupos temáticos, na tarde de sábado, para daremcontinuidade à elaboração do “Plano de Trabalhopara a Área de Infância e Juventude do MovimentoEspírita Brasileiro”, cuja construção foi iniciadadurante as reuniões das Comissões Regionais de 2012.De forma articulada e consonante com o “Plano deTrabalho do Movimento Espírita Brasileiro”, o “Pla-no de Trabalho para a Área de Infância e Juventude”contempla, como Diretrizes Nacionais:

1. Dinamização da Campanha Permanente de Evan-gelização Espírita Infantojuvenil;

2. Capacitação de Trabalhadores da EvangelizaçãoEspírita Infantojuvenil;

VI Encontro Nacional de

F“Prossigo para o alvo.” – Paulo. (Filipenses, 3:14.)

30 Reformador • Outubro 2012338888

Evangelização Espírita Infantojuvenil

Diretores de DIJ

Mesa de Abertura: Miriam Dusi e o Conselho Diretor da FEB

31Outubro 2012 • Reformador 338899

3. Organização e Funcionamento da EvangelizaçãoEspírita Infantojuvenil no Centro Espírita.

As ações estratégicas foram construídas pelosEstados com foco na infância, na juventude e na fa-mília, e o documento final está disponível a partir desetembro de 2012.

O último dia do evento proporcionou, ainda, im-portantes reflexões sobre “Os Trabalhadores da Últi-ma Hora na América Latina” (Roberto Versiani) esobre a mensagem de Paulo de Tarso – “Prossigopara o Alvo” (Paulo, Filipenses, 3:14), tema centraldo Encontro, conduzido por Sandra Borba.

A programação contemplou o lançamento doDVD Vozes do Gran-de Além e InstruçõesPsicofônicas, contan-do com a presença deArnaldo Rocha; e aexibição especial dofilme E a Vida Conti-nua..., com a presen-ça do produtor, Ocea-no Vieira de Melo.

Os lançamentosdo livro Sublime Se-menteira – Evangeli-zação Espírita Infan-tojuvenil, pela FEBEditora, e do site do Departamento de Infância e Ju-ventude da Federação Espírita Brasileira, durante oVI Encontro Nacional, representaram significativasações para todos os que atuam na seara da Evan-gelização Espírita junto à criança e ao jovem.

O livro Sublime Sementeira – Evangelização Espí-rita Infantojuvenil constitui coletânea de entrevistas emensagens relacionadas à evangelização, à missão edu-cativa do Espiritismo, à infância, à juventude, à famí-lia e temas afins, destacando-se relevantes reflexõesde Allan Kardec, Amélia Rodrigues, André Luiz, Áureo,Benedita Fernandes, Bezerra de Menezes, BittencourtSampaio, Cairbar Schutel, Carlos Lomba, CasimiroCunha, Cecília Rocha, Emmanuel, Estêvão, Eurípe-des Barsanulfo, Francisco Spinelli, Francisco Thiesen,

Guillon Ribeiro, Irmão X, Rousseau, Joanna de Ânge-lis, Léon Denis, Leopoldo Cirne, Leopoldo Machado,Lins de Vasconcellos, Meimei, Thereza de Brito, Viannade Carvalho e Vinícius. A obra contempla, ainda, umaentrevista inédita respondida por Divaldo Franco,sob inspiração de Bezerra de Menezes, acerca dos 35anos da Campanha Permanente.

Já o site do Departamento de Infância e Juventudeda FEB (www.dij.febnet.org.br) disponibiliza infor-mações, conteúdos e subsídios úteis à realização datarefa nos diferentes recantos do país. Organizadoem links “Sou Criança”, “Sou Jovem”, “Sou Família” e“Sou Evangelizador”, o site visa estabelecer umacomunicação direta com as crianças, os jovens, fami-

liares e evangeliza-dores, por meio delinguagem própria,oferecendo temas eatividades de interes-se. Planos de Aula,Currículo e outrosdocumentos de apoioencontram-se dispo-níveis para download,bem como dicas pe-dagógicas e matériassobre a Evangelização

Espírita Infantojuvenil.Os dias do VI En-

contro Nacional de Diretores de DIJ foram marcadospor intenso estudo e trabalho, alegria e fraternidade,interação e fortalecimento dos vínculos em prol daEvangelização Espírita Infantojuvenil.

O convite aos tarefeiros da Evangelização é paraque permaneçamos unidos e sintonizados com oAlto, atentos ao sonido certo da trombeta do seuamor, que conclama a todos para a nobre tarefa deaproximar os corações infantojuvenis da mensa-gem de Jesus à luz da Doutrina Espírita.

Prossigamos, juntos, para o alvo, proporcionan-do, conforme nos sintetiza Emmanuel, a união dodiscípulo com o Mestre, com a fé irrestrita de que“tendo sido semeado, cresce”! – Jesus. (Marcos,4:32.)

Participantes do Encontro

m tempos modernos, até asrogativas ao Alto merecemares novos.

É bem certo que os problemasque geram sofrimentos e, por issomesmo, pedidos e súplicas sofridas,continuam semelhantes aos de to-dos os tempos. Eles se revelampor meio de defeitos morais, ran-cores envelhecidos e permanente-mente alimentados, além de má-goas cristalizadas, senis na origeme renovadas no forno da lembran-ça diária – motivos, enfim, de so-bra para que os cansados de sofrerfaçam seus pedidos aos benfei-tores do Além, em busca de forçaspara a necessária superação.

Como tudo muda, chegaramtambém aos cenários das contur-badas relações humanas outras ra-zões para que os precisados de apoioreajustem um pouco o rumo da con-versa com a realidade espiritual.Neste texto, apresentamos algumasdessas novas situações, das quais amaioria das pessoas não está maisconseguindo se desvencilhar.

Caso você se enquadre em algu-mas delas, talvez sua prece possaser mais ou menos assim:

1) Para o amanhecer: “Senhor,neste começo de dia, ajude-me aser mais paciente em tudo, masprincipalmente no trânsito loucoem que irei entrar daqui a pouco,na hora de ir para o trabalho. Acada dia, motoristas mal prepara-dos e enraivecidos, senhores darazão e arrogantes, com a mão aovolante, cruzam comigo pelas ruas.Peço que me dê o verdadeiro sensoda direção defensiva, saindo de casajá alerta para uma postura de reco-lhimento e atenção consciente, enão de agressividade. Se não pos-so controlar as causas da violêncianos outros, auxilie-me a evitar osefeitos dela em mim”.

2) Para o ambiente profissio-nal: “Mestre querido, se meu localde trabalho ainda não se livrou dacompetitividade selvagem, em queuns tentam superar o talento dosoutros com artimanhas antiéticas,em busca de melhores posições e

salários na hierarquia corporativa,ajude-me no preparo da serenida-de interior. Posso e devo enxergarmeus colegas como colaborado-res de produtividade, e não comoameaças a meu sucesso profissio-nal. Quero construir em mim osfundamentos da simpatia, paraque a convivência no local de ser-viço seja a mais fraterna possível”.

3) Para a relação conjugal: “Se-nhor, em tempos de emancipaçãofeminina, que eu aprenda a enten-der os fantásticos avanços da qua-lidade de vida da mulher, em suacontribuição à evolução de nossotempo. Mas, em sendo uma delas,que eu não utilize as novas con-quistas para explorar as lacunas demeu relacionamento com os ho-mens, em favor de uma pretensavantagem destemida, por força deleis que me protegem a integridadefísica e moral. E em sendo homem,que eu aproveite essa brilhanteoportunidade para ressignificar ocontexto da convivência com elas,abrindo mão definitivamente do

ECA R LO S AB R A N C H E S

Um novo

sentidopara a prece

32 Reformador • Outubro 2012339900

machismo e da falta de educação,na elaboração de uma convivênciaafetiva mais segura e respeitosa”.

4) No trato com o meio am-biente: “Irmão sublime, nesse mo-mento em que a Natureza é o servivo mais ofendido e machucado,dentre os que sofrem a ação doshomens brutos, ajude-me a cuidarde minha relação com elacomo se estivesse em-balando um filho ama-do. Que, ao contemplaruma árvore, um rio ouo ar, eu tenha a sabedo-ria necessária para sen-tir que são meus irmãosna Criação divina nesseintercâmbio permanen-te com a vida que estuaao meu redor, e que oscuidados que eu mani-festar em relação a elesrevele o zelo e as aten-ções que tenho para commeu próprio desejo deevoluir”.

5) Para lidar com a in-fância: “Senhor, diantede um tempo em que aintegridade e delicadezada criança vêm sendoperigosamente ameaça-das por adultos irrespon-sáveis, pais violentos euma sociedade incapazde controlar suas mani-festações de agressividade, permi-ta-me acalmar meu mundo inte-rior, para que eu não desconte nospequeninos o que não conseguiainda resolver em mim. Sobretudo,que eu tenha competência paraoferecer a eles todo o meu amor,

em forma de carinho, proteção,segurança e assistência, a fim deque se sintam felizes e renovadoscom a minha presença”.

6) Diante de mim: “Senhor Je-sus, quando muitos não conseguemencontrar-se consigo ao longo davida, perdendo-se em crises dedepressão, de pânico, com transtor-

nos alimentares e mentais, dentreoutras enfermidades de graves con-sequências, permita-me caminharao seu encontro, no sentido de rea-linhar as forças sutis da vida cósmi-ca com as minhas próprias energiasvitais, sabendo que quando me tor-

nar ‘um’ contigo e com Deus, esta-rei em plena sintonia com a lei deamor, que me rege os destinos,desde o princípio dos tempos”.

6) Diante do Senhor: “Mestre,venho notando que a correria en-louquecida desses dias tem me fei-to cansar mais rápido, a ponto denão me dirigir ao Senhor quando e

quanto deveria fazê-lo.Por isso, quero aqui pe-dir-lhe compreensão eajuda, para que o conví-vio com a pressa cotidia-na não esfrie meus laçoscom a Espiritualidadeque me define o ser, alémde entender que é sa-grado o tempo de nossaconversa em particular,para a qual reservarei osminutos suficientes emmeu dia, todos os dias”.

Tempos novos pedempreces diferentes em seuconteúdo. Se essa for apercepção, que esse mo-mento de nossas reu-niões fraternais seja vi-vido com os olhos vol-tados para a frente e ossentimentos devida-mente mergulhados naprofundidade de nossasbuscas em comum, esca-

pando das fórmulas prontas e dasrogativas envelhecidas, ditas muitomais com os reflexos do sempreigual do que com os impulsos dosentimento novo, característicos dosque estão aprendendo a sentir ever a vida com um novo olhar.

33Outubro 2012 • Reformador 339911

O esperanto é muito falado?

irculou na rede mundial de computadores,formulada pelo site Yahoo, a questão em foco.As respostas foram, obviamente, as mais di-

versas, nelas incluindo-se até a afirmação de que oesperanto é uma língua em extinção.

Queremos, não obstante, aqui expor trechos ipsislitteris das respostas ([email protected]) de dois competentes e incansáveis ati-vistas do Movimento Esperantista do Brasil, AdonisSaliba ([email protected]) e Fernando Maia Jr.([email protected]), por conterem informações eargumentos bastante significativos e esclarecedores,dignos do conhecimento do leitor.

Adonis afirma: “Certamente, aqueles que não fa-lam esperanto vão dizer que é pouco falado. Mas, seperguntassem a vocês: o iídiche é pouco falado, o queresponderiam? A mesma coisa: o iídiche é pouco fa-lado, pois [vocês] não pertencem a essa comunidade.O esperanto é muito falado, mas dentro da comuni-dade esperantista. Ela existe no mundo inteiro, certa-mente em mais de 120 países. Mas nos últimos anos o

esperanto se tornou uma língua corrente na Internet,haja vista o reconhecimento do Google, colocando atradução automática do esperanto para todos os ou-tros 64 idiomas. Se consultarem a Wikipédia, vão verque o esperanto está no segundo grupo de idiomascom mais de 150 mil artigos. Se consultarem o site<Tatoeba.com> (excelente para quem gosta de idio-mas), vão ver que o esperanto é a terceira língua maisimportante. Considerando que no mundo ainda exis-tam 6.000 línguas (acho isso difícil, pois o inglês estáacabando com as culturas minoritárias) e o esperantoestá entre as 20 e 30 mais importantes línguas cultasdo Planeta, vão ver que a significância do esperantoé realmente grande... Por quê? Porque há uma comu-nidade de falantes em escala mundial. Portanto, nãosubestimem o esperanto. O esperanto é muito maisque uma língua, é um ideal para a Humanidade, poisvincula um idioma internacional com uma propostade democracia linguística e de igualdade cultural pa-ra todos. Sou esperantista há 45 anos, viajei por maisde 20 países, falando esperanto. Nunca senti qual-quer dificuldade. [...] Somente uma língua paratodos, como o esperanto, de igual posse para todos,é que permitirá uma plena compreensão. Por isso, oesperanto não tem pressa, mas sobreviverá enquantoa Humanidade tiver esperança na igualdade humana”.

E Fernando Maia complementa:

“O esperanto é bastante falado. [...] Uma das esta-tísticas disponíveis é a da Ethnologue: Línguas doMundo, base de dados sobre idiomas, mantido pelaSIL International, grupo em parceria consultiva com

Do MovimentoEsperantista

C

34 Reformador • Outubro 2012339922

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

a ONU para assuntos linguísticos. Segundo eles, exis-tem pelo menos dois milhões de falantes em nível defluência L2 (quase nativo). Com certeza, existem tan-tos mais em níveis mais básicos. O portal de aprendi-zado <Lernu.net> possui cerca de 120.000 membros,com falantes provenientes de 220 países. Tudo isso éfato: no Facebook, se você arriscar aprender um poucode esperanto, logo terá a possibilidade de encontrarpessoas da Costa Rica até o Nepal (neste ano de 2012,farei breve viagem pela China e Vietnã, sendo cicero-neado por contatos que falam esperanto, que muito jáme ajudaram com dicas, reservas de hotel etc.), sendoque, no Vietnã, todos os guias que me ajudarão falamesperanto. Isso não quer dizer que o inglês não devaser aprendido e nem é importante. O inglês é muitoimportante no mundo profissional e todos devemaprendê-lo – mas deve haver uma consciência de queele não é falado em qualquer lugar”.

Esperanto entra na Universidade deBrasília

A fonte de informações sobre a bela iniciativa daUniversidade de Brasília (UnB) de instituir curso deesperanto em seu espaço é o professor Josias Barboza([email protected]), autor de um modernométodo de ensino do idioma no Brasil.

Josias assim se expressava em 2 de agosto desteano, em e-mail postado na lista de discussão <[email protected]>:

“Às vésperas da aprovação final do Projeto de Lei6.162/2009, que introduz o ensino do esperanto nasescolas de nível médio do Brasil, a Universidade de

Brasília (UnB) acrescentou oficialmente o esperantoàs 12 línguas atualmente ensinadas naquela Univer-sidade. O objetivo principal do curso de 180 horas éa capacitação adicional de atuais professores de lín-guas estrangeiras para o ensino do esperanto. O cursose destina ao público geral adulto, com um progra-ma especial para professores de línguas no terceirosemestre. Objetiva-se que os concludentes do curso secapacitem para obter aprovação no nível C1 dos exa-mes do Quadro Comum Europeu de Referência paraLínguas, conhecido com KER no meio esperantista.

Esta conquista de espaço na Universidade abrecaminho para um passo ainda mais importante paraa evolução do ensino do esperanto no Brasil: o cursode pós-graduação Lato Sensu, sugerido pela própriadireção da UnB. As providências necessárias já estãoem andamento e esperamos poder anunciar essecurso de especialização já no início do próximo ano”.

O curso teve início em 27 de agosto, funcionandoduas vezes na semana, segundas e quartas-feiras, soba direção dos professores Paulo Nascentes e JosiasBarboza (visite: <unbidiomas.net>).

35Outubro 2012 • Reformador 339933

Retorno à Pátria Espiritual

Ney LoboDesencarnou o companheiro Ney Lobo, aos

93 anos, no dia 28 de agosto, em Curitiba (PR),cidade onde nasceu, em 1919. Foi militar, licencia-do em Letras e Filosofia. Dedicou-se à Pedagogiacom a visão espírita, assumindo, em 1967, a dire-toria do Instituto (depois Colégio) Lins de Vas-concellos, construindo a cidade-mirim e realizan-do um dos mais marcantes feitos da Educação emInstituição espírita, no Brasil. Escreveu livros comoFilosofia Espírita da Educação, em cinco volumes,pela FEB Editora, e outros com foco na Educaçãoà luz do Espiritismo.

Ao nosso caríssimo confrade, em seu retorno àPátria Espiritual, rogamos as bênçãos de Jesus!

aríssimos irmãos, pelo pen-samento podemos criar oudestruir, por isso Jesus nos

recomendou vigiar e orar (Marcos,14:38) antes de falar e agir. Tudo oque pensamos, mais cedo ou maistarde, influenciará nossas vidase a dos outros para o bem ou parao mal, se insistirmos nisso e traba-lharmos para sua realização. Opensamento, diz Léon Denis, “geranossas palavras, nossas ações e,com ele, construímos, dia a dia, oedifício grandioso ou miserávelde nossa vida presente e futura”.1

Diz ainda esse filósofo que:

Modelamos nossa alma e seu in-

vólucro com os nossos pensa-

mentos; estes produzem formas,

imagens que se imprimem na

matéria sutil, de que o corpo fluí-

dico é composto. Assim, pouco

a pouco, nosso ser povoa-se de

formas frívolas ou austeras,

graciosas ou terríveis, grosseiras

ou sublimes; a alma se enobrece,

embeleza ou cria uma atmosfera

de fealdade. Segundo o ideal a

que visa, a chama interior aviva-

-se ou obscurece-se.1

O Espírito Yvonne Pereira orientaos médiuns, que somos todos nós,

sobre a necessidade da vigilânciade nossos pensamentos e vida mo-ral, para somente servirmos aosinteresses superiores, pelo amor aobem e à verdade. Eis seus esclare-cimentos sobre como agem as enti-dades superiores, ante o equívocodos que criticam o movimento ouos confrades espíritas:

[...] os Espíritos superiores não

semeiam confusão na Seara do

Senhor e não lançam um com-

panheiro contra outro.

As entidades nobres são cristãs e

seguem com fidelidade a doutri-

na de Jesus. Quando se pronun-

ciam mais diretamente, abordam

o problema e não pessoas ou ins-

tituições, apresentando a solução

cristã para esse ou aquele caso.

Não defendem nem elogiam os

seareiros para não lançar a

competição e a discórdia. Amam

a todos de maneira equilibra-

da e justa. Desse modo:

Que nenhum médium se sujeite

a intercambiar as mentes pertur-

badas que em desalinho infil-

tram-se no trabalho do Senhor.

Não aceitemos, pela mediuni-

dade, que alguns Espíritos ata-

quem ou defendam, apaixonada

e desequilibradamente, ideias

apoiando esse ou aquele agrupa-

mento, em que fique evidenciada

a falta de caridade e a ação das

trevas nos desvios humanos.

Que os médiuns da verdade

não caiam no engodo de criti-

car e reformar companheiros e

o Movimento Espírita, tornan-

do-se intérpretes de Espíritos

atormentados.2

Afirma o Espírito Emmanuel, noPrefácio de Nos Domínios da Me-diunidade, que “cada criatura comos sentimentos que lhe caracterizama vida íntima emite raios específicose vive na onda espiritual com que seidentifica”.3 Mais adiante, prossegue:

Sem noção de responsabilidade,

sem devoção à prática do bem,

sem amor ao estudo e sem esfor-

ço perseverante em nosso pró-

prio burilamento moral, é im-

praticável a peregrinação liber-

tadora para os Cimos da Vida.3

Devemos ter muito cuidado como que pensamos, falamos e fazemos,pois a influência dos Espíritos emnossas vidas, para o bem ou parao mal, é muito grande, conformeconsta da questão 459 de O Livrodos Espíritos, de Allan Kardec:

CJO RG E LE I T E D E OL I V E I R A

Liberdade de pensarApelo fraternal aos irmãos de ideal espírita

36 Reformador • Outubro 2012339944

Influem os Espíritos em nossos

pensamentos e em nossos atos?

“Muito mais do que imaginais.

Influem a tal ponto, que, de ordi-

nário, são eles que vos dirigem”.4

Como se pode observar, da res-posta acima, é muito importanteque atendamos à recomendação deJesus sobre a necessidade de vigiarnossos pensamentos, pois nossaspalavras e ações positivas e nega-tivas partem deles.

De que modo, então, podemosnos imunizar contra a influênciados maus e conquistar a assistênciapermanente dos bons Espíritos? Aresposta está na questão 469 do li-vro acima citado, quando, à pergun-ta de Kardec sobre o meio de neu-tralizar a influência dos maus Espí-ritos, esclarecem os reveladores:

Praticando o bem e pondo em

Deus toda a vossa confiança, re-

pelireis a influência dos Espíritos

inferiores e aniquilareis o império

que desejem ter sobre vós. Guar-

dai-vos de atender às sugestões

dos Espíritos que vos suscitam

maus pensamentos, que sopram

a discórdia entre vós outros e que

vos insuflam as paixões más. Des-

confiai especialmente dos que vos

exaltam o orgulho, pois que esses

vos assaltam pelo lado fraco. Essa

a razão por que Jesus, na oração

dominical, vos ensinou a dizer:

“Senhor! não nos deixes cair em

tentação, mas livra-nos do mal”.4

Segundo Léon Denis, “as vibra-ções de nossos pensamentos, denossas palavras, renovando-se em

sentido uniforme, expulsam denosso invólucro os elementos quenão podem vibrar em harmoniacom elas; atraem elementos simila-res que acentuam as tendências doser”.1 Pouco adiante, ele continua:

[...] Pensamos raras vezes por

nós mesmos, refletimos os mil

pensamentos incoerentes do

meio em que vivemos. Poucos

homens sabem viver do próprio

pensamento, beber nas fontes

profundas, nesse grande reserva-

tório de inspiração que cada um

traz consigo, mas que a maior

parte ignora. Por isso criam um

invólucro povoado das mais dis-

paratadas formas. Seu Espírito

é como uma habitação fran-

ca a todos os que passam. Os

raios do bem e as sombras

do mal lá se confundem,

num caos perpétuo. [...]1

Prossegue o autor, di-zendo que:

Não há progresso possí-

vel sem observação atenta

de nós mesmos. É ne-

cessário vigiar todos os nos-

sos atos impulsivos para che-

garmos a saber em que sentido

devemos dirigir nossos esforços

para nos aperfeiçoarmos. [...]

Desse modo, pre-cisamos “discipli-nar as impres-sões, as emo-ções, exercitan-do-nos em do-miná-las, em

utilizá-las como agentes de nossoaperfeiçoamento moral; aprenderprincipalmente a esquecer, a fazero sacrifício do ‘eu’, a desprender-nosde todo o sentimento de egoísmo.A verdadeira felicidade neste mun-do está na proporção do esqueci-mento próprio”.1

Vamos, portanto, meus irmãosem Jesus, exercitar a tolerância, abenevolência para com todos. Evi-temos melindres, competições en-tre nós, a não ser aquelas em que,sem pretendermos parecer ser me-lhores que o nosso próximo, mascom espírito genuinamente cris-tão, nos esforcemos na prática do

37Outubro 2012 • Reformador 339955

maior bem possível, exercitando ahumildade, a abnegação e o devo-tamento ao semelhante. Guarde-mos a nossa língua na água da paz,como foi recomendado a ChicoXavier, e procuremos imitar oCristo de Deus que, cingindo-secom uma toalha, lavou os pés deseus apóstolos, num exemplo sim-bólico de extrema humildade e deamor incondicional a toda a Hu-manidade, ainda que entre os la-vados estivesse aquele que sairiadali para traí-lo (João, 13:4-30).

Enfim, aprendamos a suportar,com paciência e serenidade, qual-quer procedimento de nosso pró-ximo para conosco. Procuremosser tolerantes com os outros e se-veros para com nossos próprioserros, corrigindo-nos, incessante-mente, pois a felicidade não estáno exterior, como esclarece Jesus:o “Reino de Deus está dentro devós” (Lucas, 17:21). Cabe-noscultivá-lo com base nos bons pen-samentos, de onde provêm as pa-lavras e atos.

Referências:1DENIS, Léon. O problema do ser, do des-

tino e da dor. 31. ed. 4. reimp. Rio de Ja-

neiro: FEB Editora, 2011. Cap. 24. p. 495-

-497, 501-502, respectivamente.2CRISTIANO, Emmanuel. A pena e o trovão.

Pelo Espírito Yvonne do Amaral Pereira.

São Paulo: Allan Kardec, 2010. p. 56-57.3XAVIER, Francisco C. Nos domínios da

mediunidade. Pelo Espírito André Luiz.

34. ed. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB

Editora, 2011. Prefácio.4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad.

Guillon Ribeiro. 92. ed. 2. reimp. Rio de Ja-

neiro: FEB Editora, 2012. Q. 459 e 469.

Depois de muitos estudos e pesquisas, a FEB Editora apresentousua nova logomarca, o símbolo que estampará suas obras a partirde 2012. A repercussão e a aceitação da figura foram tão intensasque a Federação Espírita Brasileira (FEB) decidiu também adotaro novo desenho como sua representação gráfica.

A nova marca é composta por elementos que preservam o azultradicional da FEB e inserem novas nuances da cor ao projeto,buscando leveza e movimento. A figura, composta por traços,remete a pilares que se apresentam em trio: a premissa adotadapela FEB – Deus, Cristo e Caridade –, e o tríplice aspecto daDoutrina Espírita – Ciência, Filosofia e Religião.

O novo símbolo apresenta, ainda, páginas em movimento deum livro, principal produto da FEB Editora. O desenho represen-ta o caminho da mensagem que vem do Alto, aquela que a FEBbusca disseminar: a palavra de Jesus sob a luz do Espiritismo.A figura utilizada é fluida e orgânica, sinônimo da fase moderna edinâmica da Editora.

A marca passa, também, a seriedade e a sobriedade que sempreacompanham as obras da FEB, símbolos de um conteúdo analisa-do com responsabilidade e tradição. Uma grande missão, acima detudo, de estudo, prática e divulgação da Doutrina Espírita.

Conselho Diretor e Diretoria Executiva da FEB

38 Reformador • Outubro 2012339966

O tradicional aindamais bonito!

39Outubro 2012 • Reformador 339977

Conselho Federativo Nacional

No dia 9 de agosto, ocorreu aReunião Extraordinária do CFN daFEB, em São Paulo, para assinalardois eventos históricos relacionadoscom o livro E a Vida Continua....Pela manhã, houve exibição espe-cial do filme E A Vida Continua...,em sala de cinema do ShoppingCenter Norte, com a presença dosmembros do Conselho FederativoNacional da FEB e, como convida-dos, as Entidades Especializadas deÂmbito Nacional, Rede Boa Nova,Entidades e Editoras Espíritas dacapital paulista, Eurípedes Hyginodos Reis, filho adotivo de ChicoXavier, participação especial daequipe do filme: diretor Paulo Fi-gueiredo, produtor Oceano Vieirade Melo e cinco atores.

A Reunião foi aberta pelo presi-dente interino da FEB,Antonio CesarPerri de Carvalho, e a prece proferi-da por Cristina Brito.Compareceramrepresentantes do Amapá,Bahia, Espí-rito Santo, Mato Grosso, Mato Gros-so do Sul, Minas Gerais, Pará, Para-ná,Pernambuco, Rio de Janeiro, RioGrande do Sul, Roraima, Santa Ca-tarina e São Paulo. A USE-SP este-ve presente com todos os diretores,

ex-dirigentes e diretores de ÓrgãosRegionais, bem como os diretoresda FEB: Roberto Fuina Versiani eCélia Maria Rey de Carvalho. À tar-de, como parte do evento do CFN,foi aberto o estande da FEB na 22a

Bienal Internacional do Livro de SãoPaulo, no recinto do Anhembi, coma presença de todos os convidados jácitados, e lançada a edição especialdo livro E a Vida Continua...

Em ambos os eventos, prestou--se homenagem ao médium Fran-cisco Cândido Xavier.

No estande havia outras novasedições da FEB Editora e o espaço“Conte Mais”, em parceria com aFERGS. Informações: <[email protected]>, <www.eavidacontinuaofilme.com.br>, <www.febnet.org.br>.

Reunião Extraordinária do

Conselho Federativo Nacionalem São Paulo

Diretores e atores na apresentação do filme E A Vida Continua...

De 9 a 19 de agosto, o Pavilhãode Exposições do Anhembi rece-beu a 22a edição da Bienal Inter-nacional do Livro de São Paulo. AFederação Espírita Brasileira (FEB)fez parte do evento que contoucom mais de 400 expositores, di-vididos numa área de 60 mil m².

Para esta edição da Bienal, a FEBEditora, em um espaço de 300m2,contou com a parceria da Federa-ção Espírita do Rio Grande do Sul(FERGS), que ficou responsávelpela área infantil. Diversas ativida-des fizeram parte da programaçãona área destinada às crianças, comooficinas de desenho e de artesanato,com material reciclável, e as famosascontações de histórias, que aconte-ceram em todos os dias do evento.

Apresentação

A 22a Bienal de São Paulo foi umadas primeiras oportunidades quea FEB Editora teve para mostrar,ao grande público, a sua nova logo-

marca, escolhida neste ano, a qualficou estampada nas paredes e late-rais do estande, acompanhando ahomenagem feita aos mais conheci-dos médiuns e mentores espirituais.A FEB aproveitou bem seu espa-ço, divulgando imagens de AllanKardec, Chico Xavier, Emmanuel,André Luiz, Meimei, entre outros.

Na ocasião, também foram apre-sentados aos visitantes os novosprojetos da Instituição: capas, pro-jetos gráficos e novas edições.

Abertura

Na Abertura estiveram presen-tes o presidente interino da FEB,Antonio Cesar Perri de Carvalho, e

outros diretores como Célia MariaRey de Carvalho e Roberto FuinaVersiani. Dirigentes e representan-tes de 15 Federativas participa-ram da Abertura e parabenizarama organização do estande. O vice--presidente e coordenador edito-rial da FEB, Geraldo Campetti So-brinho, também visitou o local noprimeiro fim de semana.

A FEB contou ainda com a pre-sença do elenco e da equipe res-ponsável pelo filme E A Vida Con-tinua..., que foram conferir as novi-dades da Instituição para esta Bienal.O elenco e todos os visitantes pude-ram assistir, todos os dias, à exibi-ção do trailer da nova produção,quefoi disponibilizado, juntamente com

40 Reformador • Outubro 2012339988

A FEB na 22a Bienaldo Livro de São Paulo

Convidados do CFN da FEB em visita ao estande

outros vídeos, selecionados pela FEB,para divulgação em telões locali-zados na parte externa do estande.

Lançamentos e autógrafos

Vários livros da Instituição fo-ram lançados durante a Bienal.No total, quatro autores estiverampresentes para sessões de autógra-fos. Gladis Pedersen de Oliveira,autora de Os Pintinhos de Beatriz(FERGS), autografou seus livrosnos dias 9 e 10 de agosto. A obrafaz parte da Coleção Conte Mais,projeto da FERGS, agora em par-ceria com a FEB Editora.

No dia 11 de agosto, MiriamDusi visitou o estande para auto-grafar o livro Sublime Sementeira:Evangelização espírita infantojuve-nil (FEB Editora), do qual é coor-denadora. Miriam também auto-grafou sua obra A Grande Viagem(Edicei), que foi muito procuradapelas crianças.

Nos dias 16 e 19, Adeilson Sallesautografou seus lançamentos: Pauloe Estêvão para Jovens Leitores (FEBEditora/FERGS), A Cura do Cego deJericó (FEB Editora) e Esconde-Es-conde (FERGS). A participação doautor foi animada com a presençados mascotes Sapo Eleotério e a

Onça-Pintada, personagens de OMaior Brejo do Mundo e O Segredoda Onça-Pintada, respectivamente,obras do mesmo autor, lançadas pelanossa Editora em anos anteriores.

O ilustrador L. Bandeira, res-ponsável por transformar em ima-gens várias das histórias infantisda Editora, do mesmo modo auto-grafou suas obras nos dias 18 e 19,juntamente com Adeilson Salles.

Samuel Nunes Magalhães, nosdias 17 e 18, autografou seu lança-mento Anna Prado: A mulher quefalava com os mortos, além de seulivro anterior, Charles Richet – Oapóstolo da ciência e o espiritismo.

Novas edições

Também foram apresentadas aogrande público as novas ediçõesde clássicos da FEB Editora. A obraConduta Espírita recebeu novo for-mato, capa e projeto gráfico e atua-lização ortográfica, conforme o No-vo Acordo Ortográfico. O mesmoaconteceu com o romance Paulo eEstêvão, que ganhou nova aparên-cia para comemorar os 70 anos deseu lançamento. Outro livro re-formulado este ano foi E a VidaContinua..., que ganhou ediçãoespecial para acompanhar o lan-

çamento do filme, inspirado natrama, que chegou aos cinemas detodo o Brasil, em setembro.

Reformador na Bienal

Com assuntos atualizados so-bre a Doutrina e o MovimentoEspírita, a revista Reformador tam-bém esteve presente na Bienal, des-pertando o interesse do público eatraindo-o para novas assinaturas.

A FEB Editora, com o objetivode divulgar a Doutrina Espírita, dis-ponibilizou ao público mais de 10mil exemplares de suas obras, du-rante toda a Bienal. Além dos li-vros da Instituição, foram apresen-tadas as obras das entidades parcei-ras: União das Sociedades Espíritasdo Estado de São Paulo (USE-SP),União Espírita Mineira (UEM), as-sim como da Federação Espírita doRio Grande do Sul (FERGS), di-vulgando diversas obras infantis.Estimou-se que cerca de 800 milvisitantes compareceram à Bienalde São Paulo, no decorrer daque-les dez dias.

41Outubro 2012 • Reformador 339999

Projeto Conte Mais da FERGS

Destaques da BienalMais vendidos

Adultos:

• E a vida continua...

(Edição especial do filme)

• Paulo e Estêvão

• Agenda cristã

• Conduta espírita

• O céu e o inferno

(Trad. Evandro N. Bezerra)

Infantis:

• Paulo e Estêvão para

jovens leitores

• O peixinho azul

42 Reformador • Outubro 2012440000

Seara Espírita

FEB: Seminário “Integrar e Conviver”A FEB promoveu em sua sede o seminário “Integrare Conviver: Caminhos para a Ação Espírita”, no dia25 de agosto, com foco em dois temas centrais: “AçõesIntegradas de Acolhimento, Consolo, Esclarecimentoe Orientação” e “Novo olhar para a assistência social”.Atuaram como expositores: Antonio Cesar Perri deCarvalho, Roberto Fuina Versiani, Fabiana Lobo Sá,José Carlos da Silva Silveira, Maria de Lourdes Pereirade Oliveira, Célia Maria Rey de Carvalho e MiriamLúcia Masotti Dusi. Informações: <[email protected]>.

CEI: Reunião em BrasíliaNos dias 16 a 18 de agosto, reuniu-se na sede doConselho Espírita Internacional, em Brasília, a Co-missão Executiva do CEI. Houve também visita ereunião na sede da FEB. Foram analisadas: definiçãode Plano de Ação e Dinamização das Atividadesdo CEI; informações sobre o 7o Congresso EspíritaMundial e reestruturação da Sede Administrativado CEI. A reunião foi presidida pelo secretário-ge-ral interino, Charles Kempf (França). Informações:<www.intercei.com>, <www.congressoespirita.com.br>.

FEB: Diálogo Governo – Sociedade CivilA FEB, no último dia 8 de agosto, participou doevento “Diálogos Governo – Sociedade Civil: PlanoBrasil sem Miséria”, promovido pela Secretaria--Geral da Presidência da República e realizado noAnexo do Palácio do Planalto. Estiveram presentesdiversas Entidades da Sociedade Civil, Órgãos doGoverno e ministros de Estado. O tema foi “PlanoBrasil sem Miséria”. Informações: <[email protected]>.

FEB: Globalização da Religião e Ação SocialO presidente interino da FEB, Antonio Cesar Perride Carvalho, foi um dos convidados para o Seminá-rio Internacional “Globalização da Religião e AçãoSocial” na Pontifícia Universidade Católica de São

Paulo, no dia 30 de agosto. Trata-se de projeto depesquisa em parceria da Universidade de Durham(Reino Unido) com a USP, Unicamp, UFSCar, PUC-SPe UMESP. Informações: <[email protected]>.

Espírito Santo: Mostra de ArteOcorreu no dia 29 de julho, na Federação Espíritado Estado do Espírito Santo, a XIII MOSTRARTE.Com o objetivo de refletir sobre como a Arte pode-ria inspirar as diversas atividades da Casa Espírita, oevento contou com apresentação de grupo de dançainfantil, exposição doutrinária, com Edmar Thiengo,e depoimentos sobre realizações de Arte como re-curso de divulgação espírita. Informações: <www.feees.org.br>.

Ceará: Capacitação em AtendimentoFraterno

Prosseguindo as capacitações deste ano, a FederaçãoEspírita do Estado do Ceará realizou, no dia 12 deagosto, um encontro sobre atendimento fraterno, ins-pirado no Projeto Manoel Philomeno de Miranda,com o conferencista Liszt Rangel (PE). Informações:<www.feec.org.br>.

Maranhão: Encontro de JovensO Encontro de Jovens Espíritas 2012 do Maranhãoocorreu nos dias 13,14 e 15 de julho e teve como tí-tulo “Transição Planetária”. Na oportunidade, foramabordados os seguintes assuntos: o papel do jovemna sociedade, sexualidade, drogas e bebidas, suicídiona juventude e a família espírita. Informações: <www.femar.org.br>.

Sergipe: Juventude em debateO Departamento de Infância e Juventude da Federa-ção Espírita do Estado de Sergipe apresentou o seuProjeto Oficina de Arte e Coral. O evento ocorreu nodia 29 de julho e foi realizado juntamente com o 7o

Encontro de Juventude Espírita de Sergipe, cujo te-ma foi “Cidadania Planetária”. Informações: <www.fees.org.br>.