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« EDITORIAL »

ExpedienteDIREÇÃO EXECUTIVA

Guilherme Saraiva

COORDENADOR DE PRODUÇÃO Caio Barbosa

DIREÇÃO DE ARTE Samira Cardoso

REDAÇÃO Fernanda Varela

REVIsÃO Amanda Fantini Bove

DEsIGN GRÁFICO E ILUsTRAÇÕEs Taíssa Bach,

Juliana Carvalho, Euller Camargo e Mazaroto Santos

AUDIOVIsUAL Diego Monteiro e

Tagory Nascimento

MIDIAs sOCIAIs Carlos Henrique

Brandão

Olá pessoal,

Faltando três meses para o Exame Nacional do Ensi-no Médio (Enem) 2014, a revista do QG vai te ajudar a navegar pelo mar de conteúdos que engloba o Enem. Nossos professores traçam rotas para você chegar ao seu tesouro - seja ele uma vaga na universidade, em um curso técnico, a conclusão do ensino médio ou uma oportunidade de intercâmbio.

Assim, a Matéria de Capa aponta os assuntos que mais caem no exame e mostra como eles são cobra-dos. Além de texto, você encontra comentários em ví-deos com os professores de cada uma das disciplinas dos cursos do QG.

Em Dicas de Estudos, vamos falar sobre aquelas pa-lavras que sempre geram dúvida na hora de escrever e elencar os erros mais recorrentes nas redações do Enem. Lembrando que, na coluna Tiro de Letra, da professora Carla Carmelita, tem ainda mais dicas so-bre a redação!

Já a seção Profissões traz uma carreira que está entre as cinco mais demandadas pelo mercado brasileiro. Conversamos com a contadora baiana, Eva Canário, que fala sobre o curso de Ciências Contábeis e expli-ca por que o mercado está aquecido.

Esses são alguns dos destaques da quinta edição da nossa revista, que conta ainda as últimas novidades do QG, incluindo o novo Curso Intensivo de Questões, só com resoluções de enunciados do Enem! A gente espera que você curta e se quiser deixar sua crítica, elogio ou sugestão de pauta é só enviar um e-mail para [email protected].

Bons estudos!

« sumáRIO »

PerfilSaiba mais sobre o professor de matemática André Fontenele

Acontece no QGTodas as novidades do nosso curso online

Dicas de EstudoEntenda qual o emprego correto de palavras e expressões

Matéria de CapaVeja quais são os temas mais recorrentes do Enem

DropsProfessores dão dicas de livro e filmes

Profissões

Abra o OlhoProfessor Márcio Branco propõe reflexão sobre raças

É pra lá que eu vou Conheça a UFPB, a federal com mais alunos do Nordeste

Ciências Contábeis está em alta no mercado. Confira entrevista com a contadora Eva Canário

QG Resolve: Exercícios e respostas em vídeos inéditos. Tem ainda dicas para redação nota mil no Enem

Tipo Assim Confira os textos dos vlogueiros Luisa Clasen (Lully de Verdade) e Bruno Miranda (Minha Estante)

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« PERFIL »

4 x 4Tunts tunts

tunts tunts

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No compasso do professor André Fontenele estão

a paixão por matemática e discotecagem

Carioca da gema, o professor An-dré Fontenele dá aulas há 15 anos. Mas, contrariando a máxi-ma “quem gosta de exatas não é

muito fã de humanas”, ele chegou a cursar letras e matemática ao mesmo tempo, até descobrir que a matemática lhe trazia mais satisfação à alma. E, talvez, essa afinidade com números, escalas e séries harmôni-cas tenha influencia na atividade preferida das horas de lazer: a música. Em especial, a eletrônica, onde André ensaia as primeiras mixagens como DJ. Conheça mais sobre o professor do QG, no relato a seguir.

André Fontenele

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« PERFIL »« PERFIL »

Na sala de aula

Leciono há 15 anos. Fiz graduação em matemática e mestrado em ma-temática aplicada, ambos na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Depois, cursei dois anos de doutorado no programa de en-genharia naval da COPPE, também na UFRJ, mas acabei tendo que trancar por conta do trabalho.

Minha maior motivação na profissão é poder dar aos meus alunos a mesma oportunidade que eu tive, de estudar em uma universidade de excelência e pública.

Sobre André

Sou nascido e criado no Rio de Janeiro, na capital mesmo. Carioca da gema. Tenho 32 anos, sou solteiro e não tenho filhos. Tenho três irmãos, sendo um de criação e dois do segundo casamento do meu pai. O de cria-ção também tem 32 anos e os outros 21 e 18 anos.

Tempo de escola

Até o segundo ano do ensino médio eu era um aluno regular. No terceiro ano, eu saí da minha escola, que era bem ruim, e fui para uma excelente, onde encontrei professores excepcionais que me inspiraram.

À época, eu gostava muito de literatura e matemática, o que não é tão co-mum. Prestei vestibular para letras e matemática em universidades dife-rentes. Passei em ambos e cursei duas faculdades durante um ano. Como me identifiquei mais com a matemática, levei até o fim.

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« PERFIL »« PERFIL »

Recado para os alunos

Tenham sempre um plano de estudos, desenhado mesmo, escrito no papel. Esse plano precisa ser realista. Não adianta colocar no papel que vai estudar 20 horas por dia, todo dia, e no terceiro não conseguir cumprir o que prometeu. Nada mais fácil do que enganar a si mesmo.

Esse plano também deve ser mutável. De acordo com o passar das se-manas, o aluno deve redesenhá-lo de acordo com as suas necessidades (mais horas de estudo nas semanas que antecedem o Enem, por exem-plo). O aluno que tem um plano, por menos ambicioso que seja, está um passo à frente do que não tem.

Extraclasse

Nas minhas horas de lazer gosto muito de ouvir música. Dos mais di-versos estilos - desde a música eletrônica até a MPB (arranho no vio-lão), passando pelo samba (no momento tenho praticado bastante o repique de mão, mas tenho que confessar que tocar esse instrumento é bem mais difícil que parece...).

Minha paixão pela música eletrônica é tanta que sou DJ nas horas va-gas. Não sou profissional, mas tenho todo o equipamento em casa e fiz alguns cursos.

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« AcOnTEcE nO QG »

ExErcícios

QG lança curso exclusivo de questões do EnemNada melhor do que fazer exercícios para fixar o que você viu na teoria, não é mesmo? Foi pensando nisso que o QG criou o Curso Intensivo de Questões. Em 100 horas/aula, nossos professores resolverão enunciados do Enem presentes nas edições de 2009 a 2013. As matrículas abrirão no dia 15 de agosto.

O objetivo do curso é familiarizar os alunos com os tipos de questões cobradas no exame nacional. “É um curso fundamental para dar confiança e segurança necessárias para a resolução das provas dos dias 8 e 9 de novembro”, afirma o coordenador pedagógico do QG, Marquinho Laurindo.

A carga horária compreende: 20 horas para português e matemática; e 10 horas para literatura, química, física, biologia, história e geografia. Cada aula é dividida em três blocos de vinte minutos. O investimento no Curso de Questões é de R$ 125.

EvEn

to QG do Enem participa do Papo de estudanteNos dias 30 e 31 de agosto, o QG do Enem estará presente no Feirão Papo do Estudante, em Pernambuco. O evento irá reunir estudantes, instituições de ensino e profissionais com objetivo de integrar esses públicos, auxiliando os jovens a conhecerem o mercado de trabalho.

No estande do QG, os visitantes poderão conhecer mais sobre o nosso curso e ver as vantagens do estudo online. Também irão rolar ações interativas com sorteio de brindes e bolsas de estudo para quem passar por lá. O Feirão será realizado no Chevrolet Hall, em Olinda. Até o fechamento desta edição, mais de 40 palestras estavam confirmadas. Mais informações em: http://feiraodoestudante.com/

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O QG estreou mais um programa ao vivo com a interação dos estu-dantes. As novidades, desta vez, são a participação simultânea de dois professores e a abordagem de um mesmo tema sob a ótica de cada disciplina. No primeiro Enem em dose dupla: aulões temáticos, o comando ficou por conta dos pro-fessores Rafael Cafezeiro (Biologia) e Fábio Vidal (Física), que falaram sobre Corpo Humano.

Como nos demais programas, a transmissão ocorre pela fanpage

do QG (www.facebook.com/qgdo-enem). Após, os vídeos são publi-cados no QG TV. Até as provas do Enem, os aulões serão realizados sempre na primeira terça-feira do mês, das 19h às 20h.

Agende-se: 02 de setembro - A Ge-opolítica europeia pós-derrubada do muro de Berlim (história e geo-grafia); 07 de outubro - Efeito Es-tufa (física e geografia) e 04 de no-vembro – Segunda Grande Guerra (química e história).

Ao vivo

Aulões temáticos e interdisciplinares na fanpage do QG

« AcOnTEcE nO QG »

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AntEnAdos

Lançamos em julho um programa exclusivo sobre os últimos fatos do mundo, o Updating: Atualidades para o Enem. As aulas têm transmissão ao vivo e gratuita pela página do QG no Facebook.

Quinzenalmente, às terças-feiras, o professor Orlando Stiebler comenta temas como a crise na Ucrânia, as tensões no Oriente Médio e a violência contra as mulheres pelo planeta. A duração da aula é de uma hora e, no último bloco, o professor responde às dúvidas enviadas pelos comentários.

Depois da transmissão, os vídeos ficam disponíveis no QG TV e, até o final do ano, serão reunidos em curso gratuito em nosso site. Ao todo, serão oito videoaulas até o dia 28 de outubro, semana anterior ao Enem.

Acompanhe os últimos fatos do mundo no Updating

« AcOnTEcE nO QG »

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Passando« DIcAs DE EsTuDO »

O uso correto de palavras e expressões para garantir uma redação nota mil

- Onde vc vai hj?

- Ñ sei, pq?

- Pq pensei em sair, mais ñ sei...

Você consegue identificar os erros no diálogo acima (ou a cima?!)? Se você acha que o problema está nas palavras abreviadas,

olhe novamente. É verdade que, com a co-municação por mensagens de texto, esse tipo de linguagem tornou-se comum nos “whatapps da vida”. E, claro, você sabe que, em textos formais e avaliações como a re-dação do Enem, a produção textual deve seguir a norma culta. Mas não são esses os erros de que estamos falando.

a limpo

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« DIcAs DE EsTuDO »

Se você ainda não percebeu, fique tranquilo, porque a Dica de Estudos deste mês é para esclarecer a respeito dessas palavras e expres-sões que volta e meia causam dúvidas sobre o uso. A professora de redação, Carla Carmeli-ta, explica o emprego correto delas, além de elencar quais são os erros mais comuns dos estudantes nas redações do Enem.

Em relação à ortografia, ela lembra que o novo acordo só será obrigatório a partir de 2016. Assim, você pode optar se escreve em consonância com as normas antigas ou con-forme a reforma ortográfica. “Só não deve utilizar as duas formas, uma vez que o avalia-dor pode entender essa ‘mistura’ como falta de domínio das regras de ortografia”, alerta Carla. Vamos às dicas:

Por que / Por quê / Porque / Porquê1) A forma “por que” pode ser a sequência de uma preposição “por” e um pronome interro-gativo “que”. Em termos práticos, é uma expres-são equivalente a “por qual razão”, “por qual motivo”. Veja alguns casos em que ela ocorre:

• Por que você agiu daquela maneira?

• Não se sabe por que tomaram tal decisão.

• Não é fácil saber por que a situação persiste em não melhorar.

• Por que os corruptos não vão para a cadeia.

Há casos em que “por que” representa a sequ-ência preposição + pronome relativo, equiva-lendo a “pelo qual” (ou alguma de suas fle-xões “pela qual, pelos quais, pelas quais”). Em outros contextos, “por que” equivale a “para que”. Veja detidamente os exemplos abaixo:

• Estas são as reivindicações por que estamos lutado.

• O túnel por que deveríamos passar desabou ontem.

• Lutamos por que um dia este país seja melhor.

2) Caso surja no final de uma frase, ime-diatamente antes de um ponto (final, de interrogação, de exclamação) ou de reti-cências, a sequência deve ser grafada “por quê”, pois, devido à posição na frase, o mo-nossílabo “que” passa a ser tônico, devendo ser acentuado.

• Ainda não terminou? Por quê?

• Você ainda tem coragem de perguntar por quê?

• Claro! Por quê?

• Não sei por quê!

3) Já a forma “porque” é uma conjunção (causal ou explicativa), equivalendo a “pois”, “já que”, “uma vez que”, “como”. Observe os exemplos:

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« DIcAs DE EsTuDO »

• A situação se agravou porque muita gente se omitiu.

• Sei que há algo errado porque ninguém apareceu até agora.

• Você continua implicando comigo! É porque eu não abro mão de minhas ideias?

4) A forma “porquê” representa um subs-tantivo. Significa “causa”, “motivo”, “razão” e normalmente surge acompanhada de pa-lavra determinante (artigo, por exemplo). Como é um substantivo, pode ser pluraliza-do sem qualquer problema. Observe:

• Dê-me ao menos um porquê para sua atitude.

• Não é fácil encontrar o porquê de toda essa confusão.

• Creio que os verdadeiros porquês mais uma vez não vieram à luz.

Onde / Aonde1) “Aonde” indica ideia de movimento ou aproximação. Opõe-se a “donde”, que expri-me afastamento. Veja nos exemplos que a forma “aonde” costuma referir-se a verbos de movimento:

• Aonde você vai?

• Aonde querem chegar com essas atitudes?

• Aonde devo dirigir-me para obter esclare-cimentos?

• Não sei aonde ir.

2) “Onde” indica lugar em que se está ou em que se passa algum fato. Normalmente, refe-re-se a verbos que exprimem estado ou per-manência. Observe:

• Onde você está?

• Onde você vai ficar nas próximas férias?

• Não sei onde começar a procurar.

Mas / Mais1) “Mas” é uma conjunção adversativa, equi-valendo a “porém”, “contudo”, “entretanto”. Observe os exemplos:

• Tentou, mas não conseguiu.

• O país parece ser viável, mas não consegue sair do subdesenvolvimento.

2) “Mais” é pronome ou advérbio de inten-sidade, opondo-se normalmente a “menos”. Veja os exemplos:

• Ele foi quem mais tentou; ainda assim, não conseguiu.

• É um dos países mais miseráveis do planeta.

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Senão / Se Não1) “Senão” equivale a “caso contrário” ou “a não ser”. Veja:

• É bom que ele chegue a tempo, senão não haverá como ajudá-lo.

• Não fazia coisa alguma senão criticar.

“Senão” também pode ser usado como subs-tantivo na acepção de “defeito, mácula”. Veja:

• Aquele processo apresentava muitos senões.

2) “Se não” surge em orações condicionais. Equivale a “caso não”. Observe:

• Se não houver seriedade, o país não sairá da situação melancólica em que se encontra.

Acerca de / Há cerca de / A cerca de1) “Acerca de” significa “sobre”, “a respeito de”. Veja:

• Haverá uma palestra acerca das conse-quências das queimadas sobre a tempera-tura ambiente.

2) “Há cerca de” indica um período aproxi-mado de tempo já transcorrido. Observe:

• Os primeiros colonizadores surgiram há cerca de quinhentos anos.

3) Já a expressão “a cerca de” significa “apro-ximadamente.” Veja:

• Minha casa fica a cerca de cem metros da praia.

Demais / De mais1) “Demais” é advérbio de intensidade, equi-valendo a “muito”. Pode ser também prono-me indefinido, significando “os outros”, “os restantes”. Veja:

• Eles se amam demais.

• Levantamo-nos e saímos, os dois; os de-mais continuaram jogando.

2) “De mais” é locução prepositiva. Tem va-lor oposto a “de menos”. É empregada ao lado de substantivos ou pronomes substantivos. Observe:

• Nunca tive dinheiro de mais.

• Não haviam feito nada de mais.

Observação: No início da matéria, os erros a que nos referimos foram as palavras “Onde” (o correto é “aonde”) e “mais” (o certo é “mas”).

« DIcAs DE EsTuDO »

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Veja abaixo quais são os erros mais frequentes nas redações do Enem, conforme a professora Carla Carmelita:

1. Ausência de um posicionamento - ou seja, o aluno não apresenta uma tese, uma ideia a ser defendida;

2. Parágrafos com um só período - muitos candidatos produzem um parágrafo inteiro com apenas um ponto final;

3. Inadequação Vocabular - emprego de expressões típicas da oralidade como “aí”, “daí”, “pra”, assim como gírias e frases feitas;

4. Ortografia - muito cuidado com a grafia correta das

palavras, a escrita errada pode ser considerada erro crasso;

5. Concordância Verbal e Nominal;

6. Ausência da proposta de intervenção;

7. Pontuação;

8. Flexão de nomes e verbos;

9. Divisão silábica na mudança de linha (translineação);

10. Cópia do texto de apoio.

« DIcAs DE EsTuDO »

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« mATÉRIA DE cAPA »

Professores do QG apontam os caminhos para você chegar bem preparado nas provas

de novembro

Rumo ao Enem 2014

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« MATÉriA de cApA »

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O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi criado em 1998 para que o governo federal pudesse acompa-nhar a qualidade da educação básica brasileira. Ape-sar de, hoje, ele também ter muitas outras finalida-

des, o conteúdo cobrado nas provas permanece o mesmo desde a década de 90: componentes curriculares do Ensino Médio. Mas, nesse mar de assuntos, como saber para onde direcionar a proa? Bem, Fernando Pessoa que nos desculpe mas, neste caso, navegar

não é preciso. Porém, com base nos exames anteriores, os profes-sores do QG traçaram coordenadas para que você siga em frente e não fique boiando.

Para o coordenador pedagógico do QG do Enem, Marquinho Laurindo, o Inep foi tornando a prova mais difícil ao longo do tempo - a medida que mais instituições foram eliminando o vestibular e adotan-do a nota do Enem como forma única de ingresso. “O caráter interpretativo, mais usado nos primeiros anos, deu lugar a uma prova mais conteudista. Foi o que vimos no ano passado e é a tendência para 2014”, opina Marquinho.

A estudante de medicina e embaixadora do QG, Gabriele Arja, também percebeu essa mudança no Enem de 2013. “Achei a prova mais elaborada que nos outros anos, portanto, mais difí-cil. Foi cobrado mais conteúdo didático do que conhecimento de mundo em geral”, relata. Mesmo tendo conseguido uma boa nota para ingressar na Universidade Federal do Amapá (Uni-fap), Gabriele está de olho na Universidade Federal Fluminense (UFF) e no programa de intercâmbio Ciências Sem Fronteira, por isso, irá fazer o Enem novamente. “Aproveito o tempo vago e finais de semana da melhor maneira possível. Tenho assisti-do às videoaulas do QG do Enem e estudado com o material complementar disponibilizado pelo curso. Isso tem me ajudado bastante a relembrar as matérias”, conta a estudante.

Percebe-se que o Enem deseja que o candidato tenha uma boa leitura do

enunciado, identificando com clareza o que se pede.” Jairo Teixeira

« mATÉRIA DE cAPA »

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« MATÉriA de cApA »

Terra à VistaO Enem é constituído por uma prova de redação e 180 ques-tões objetivas - divididas em quatro provas, cada uma con-tendo 45 perguntas de múltipla escolha. Essas provas avaliam quatro áreas do conhecimento do Ensino Médio: Ciências Hu-manas e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecno-logias, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias.

Assim, no primeiro dia do Enem, são aplicadas as provas de Ci-ências Humanas e Ciências da Natureza, e os candidatos têm até quatro horas e meia para respondê-las. Já no segundo dia, o tem-po de prova é de cinco horas e meia. Isso porque, além das ques-tões de Linguagens e Códigos e Matemática, o estudante precisa fazer a redação - lembrando que, neste ano, o Enem acontecerá nos dias 8 e 9 de novembro!

“Trata-se de uma prova extensa, com questões interdisciplinares, onde há necessidade de articulação do conhecimento. Ela exige dos alunos muita atenção, principalmente na leitura dos enun-ciados”, afirma Marquinho. Aliás, a importância de interpretar a questão é um ponto destacado por todos os professores do QG, quando questionados sobre o que cobra o Enem.

“Percebe-se que o Enem deseja que o candidato tenha uma boa leitura do enunciado, identificando com clare-za o que se pede”, afirma o professor de matemática, Jairo Teixeira. Já o professor de física, Beraldo Neto, diz que “é funda-mental que o aluno aborde uma questão na sua completude, so-bre todos os aspectos, como era feito na época dos filósofos”.

Agora que já temos um mapa geral sobre o conteúdo do exame, é hora de içar velas e seguir rumo a cada uma das disciplinas dos cursos do QG. Os professores apontam os assuntos mais recor-rentes no Enem - aqueles que não podem ficar de fora dos estu-dos - e dão dicas de como os temas são cobrados. Além do texto, você encontra orientações em vídeo. Boa viagem!

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« mATÉRIA DE cAPA »

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« MATÉriA de cApA »

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« mATÉRIA DE cAPA »

Ciências da Natureza | Física - Segundo o professor Fábio Vi-dal, no ano passado, houve uma reviravolta em física. A prova, que era baseada em interpretação de enunciados com gráfi-cos, figuras ou situações cotidianas, pediu bastante fórmulas e conceitos específicos que não caíam com frequência, como força de Lorentz, por exemplo. “Das 15 questões, notamos que a banca distribui bem o conteúdo com questões teóricas e uti-lizando fórmulas desde a mecânica, passando pela termologia, eletricidade e ondas”, conta Vidal. Ele ressalta ainda que o es-tudante pode ficar tranquilo a respeito dos nome de fórmulas e físicos, pois isso não cai.

O professor Beraldo também destaca a mecânica, pedindo atenção especial à conservação da energia e do momento linear. Questões sobre energia, abordando fontes, geração, transmissão, economia e consumo (importantíssimo) estão entre os assuntos mais cobra-dos. “Hidrostática é outro tema que não pode ser esquecido, uma vez que tem interação com biologia e geografia”, alerta o professor, chamando atenção ao caráter interdisciplinar do Enem.

O Mapa - O Que Cobra o Enem?

Ciências da Natureza | Biologia - Ecologia é o assunto mais cobrado em biologia, segundo o professor Rafael Cafezeiro, o Café. Poluição atmosféri-ca, relações ecológicas e ciclos biogeo-químicos são temas recorrentes. Ain-da é importante dar atenção especial à citologia (organelas membranosas) e fisiologia humana, que surpreende-ram no exame passado, diz Café.

Falando em assuntos inesperados, o professor ainda cita uma questão de 2013 sobre canibalismo: “Nela vemos um texto que quebra paradigmas, fa-zendo uma abordagem distinta da que se vê em sala de aula. Fiquem atentos”. Atenção ainda a uma carac-terística importante: a prova de bio-logia também traz muitos casos onde todas as alternativas são verdadeiras, mas apenas uma responde à questão.

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« MATÉriA de cApA »

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Ciências da Natureza | Química - Sustentabilidade do pla-neta também é assunto recorrente na prova de química. Assim, biocombustíveis, energias alternativas e 3R’s (redu-zir, reutilizar e reciclar) são constantemente cobrados.

O professor Roberto Mazzei ainda destaca o equilíbrio químico, que tem se mantido como assunto de importân-cia na maioria das edições. Foque também nas proprieda-des coligativas atreladas às soluções e suas implicações no cotidiano - desde o conhecimento das mudanças do esta-do físico das substâncias a fatos como o cozimento de um alimento em panela de pressão e fora dela.

Regras e nomenclaturas não precisam de “decoreba” por-que o exame não pede isso. Por exemplo, não espere que seja cobrada a nomenclatura comercial de um álcool, mas sim como é obtido esse etanol, fontes de obtenção e apli-cações do mesmo no dia a dia das pessoas. “Daí, a prova sempre dá uma puxadinha para a solubilidade e proprie-dades físicas das substâncias”, exemplifica Mazzei.

Ciências Humanas | História - O professor Marcelo Tavares expli-ca que o Enem exige do candidato habilidades de interpretação e uti-lização de informações históricas (desde textos, imagens e produções culturais) que permitam a identifi-cação de conflitos políticos, interes-ses dominantes, ideologias em voga.

“O exame celebra a consolidação do discurso democrático, da con-quista de direitos sociais, do res-

peito às minorias. Portanto, todos os movimentos que se encaixem nessas categorias são de grande im-portância”, enfatiza Marcelo. Como exemplo, o professor lembra de uma questão do Enem sobre Impé-rio Romano, que não fez alusão aos nomes de imperadores nem mesmo a processos específicos, mas, sim-plesmente, a uma característica bá-sica do desenvolvimento da Roma antiga: sua expansão territorial.

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« MATÉriA de cApA »

Ciências Humanas | Geografia - Conforme o professor João Felipe Ribeiro, as questões da prova de Humanas ligadas à geografia estão relacionadas, em grande parte, às relações de poder (intra e internacionais), aos impactos tecnológicos no processo produtivo na sociedade e, consequentemente, no Espaço Geográfico e às relações sociedade-natureza.

“Nas questões sobre as relações sociedade-natureza, a abordagem e os gabaritos costumam seguir a linha do desenvolvimento sustentável, ou seja, na busca por equilíbrio entre interesses econômicos e preocupações ambientais e sociais”, indi-ca João. Dos assuntos que sempre aparecem nas provas e não devem ficar de fora dos estudos estão: Nova Ordem mundial, mercado de trabalho, fordismo/pós-fordismo, impactos ambientais, recursos hídricos e desenvolvimento sustentável.

Linguagens e Códigos | Português - A prova de Linguagens avalia principal-mente as competências de leitura do es-tudante. “Esqueçam as análises frasais e classificações de estruturas gramaticais extraídas de orações. No Enem, a uni-dade de análise é sempre o texto”, enfa-tiza a professora Clara Catanho.

Enquanto nas outras provas o texto é apenas fonte de informações, aqui ele é abordado de diversas formas. Segun-do Clara, explora-se gênero e função

social, sequência tipológica principal, grau de formalidade, as informações explícitas e implícitas, as funções de linguagem, a presença da linguagem não verbal, entre outros.

A dica principal da professora é que o candidato crie estratégias de leitura, per-ceba o direcionamento do enunciado da questão, entenda que tipo de análise está sendo solicitada. “É o tipo de prova em que o candidato deve ser um verdadeiro detetive, em busca de pistas textuais.”

Linguagens e Códigos | Literatura - Em literatura, o Enem cobra as re-lações entre as formas de expressão artística. A abordagem da linguagem literária por meio das funções e figuras também é muito recorrente.

Para o professor Marquinho Laurindo, os assuntos que merecem atenção especial, por aparecerem frequentemente, são textos verbais e não-verbais, estilo de época (de modo geral) e figuras e funções da linguagem.

“Há sempre relações entre a produção moderna e as representações artísti-cas do passado. Trata-se de uma retomada que deve ser observada e inter-pretada pelos alunos. Não há necessidade de decorar”, salienta o professor.

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« MATÉriA de cApA »

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Matemática - A prova de mate-mática exige muito raciocínio dos candidatos, sejam eles aritméti-cos, geométricos ou algébricos. Os destaques dos professores André Fontenele e Jairo Teixeira sobre os assuntos mais cobrados na prova são: geometrias plana e espacial, funções do primeiro e segundo graus, gráficos e tabelas, estatística (média, moda e mediana), proba-bilidades, escala/razão/proporção e porcentagem.

“O candidato deve se preparar para ser cobrado mais no racio-cínio e menos em memoriza-ção de fórmulas ou expressões. Algumas vezes, o enunciado da questão até já forneceu a fórmu-la que deveria ser utilizada na resolução do problema”, afirma Jairo. André ainda dá mais uma dica: “ Vale muito a pena impri-mir todas as provas anteriores e resolver as questões dessas pro-vas como forma de treinamento”.

Redação - O tema da redação do Enem é sempre motivo de especulação entre docentes e alunos. Mas, após analisar pro-postas temáticas de 1998 até 2013 (confira no vídeo), a profes-sora Carla Carmelita destaca uma tendência: os temas sempre versam sobre questões sociais. “O candidato deve ter um po-sicionamento crítico e ético, apresentando uma proposta de intervenção”, resume Carla.

Normas de concordância e regência, assim como a ortografia ofi-cial são pontos que devem ter um olhar redobrado na hora da prova. A professora também lembra que um dos erros mais co-metidos pelos candidatos é copiar o texto de apoio - fique atento pois, se isso ocorrer, a correção desconta o número de linhas co-piadas, valendo somente as que forem produzidas por você.

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« drops »

Nossos professores dão dicas de filmes, documentários, livros e peças de teatro para reforçarem a compreensão

de assuntos importantes do Enem. Confira:

Narradores de Javé (Eliane Caffé)Por que assistir? Produção nacional de 2003, o filme conta a história de um povoado fictí-cio (Javé), que está prestes a ser inundado pela construção de uma hidrelétrica. Para evitar a tragédia, os moradores precisam transformar o local num patrimônio histórico. A estratégia encontrada por eles é escrever a história de Javé organizada num livro, o “livro da salvação”. No entanto, no povoado, só havia um adulto alfabe-tizado: Antônio Biá, ex-funcionário dos correios que inventara comentários falaciosos a respeito de alguns importantes personagens de Javé.

Por meio desse enredo, discutem-se questões sociopolíticas como a posse da terra e a falta de acesso à educação. Porém, pretendemos res-saltar as reflexões linguísticas que o filme nos permite realizar.

O primeiro ponto em destaque é o ato de nar-rar, o qual intitula a obra: alguns moradores

contam a Antônio Biá como o povoado de Javé surgiu para que, assim, o escrivão consiga cumprir sua tarefa. Entretanto, nos enredos construídos, cada narrador-personagem se coloca como sujeito centralizador dos fatos e os narra sob seu ponto de vista. Assim é que a história da origem de Javé se multiplica em muitas, sob diversas óticas. Antônio Biá passa, então, a ter dificuldade para organizar e compilar tudo no tal livro salvador.

Outro assunto a ser salientado é o valor atribuído à língua escrita. Na situação em que o povoado se encontrava, as histórias contadas de geração em gera-ção, de boca em boca, perdiam a validade. Somente a escrita poderia evitar a inundação, pois emprestava às memórias de Javé a instância documental e científica. Elementos da narração e relação fala x escrita em destaque: filme imperdível para os candidatos ao Enem.

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« drops »

A vingança de Gaia (James Lovelock) Por que ler? Gaia é a Deusa Grega que significa a Mãe Terra. Durante milênios o homem vem exploran-do-a, sem dar atenção ao que isso pode gerar. Agora, com o aqueci-mento e as drásticas mudanças de padrões climáticos, a Terra come-ça a reagir. James Lovelock, um dos maiores pensadores contem-porâneos em termos ambientais, argumenta de forma apaixonada que, embora o aquecimento glo-bal seja inevitável, não é tarde de-mais para salvar pelo menos parte da civilização humana. É uma es-pécie de testamento de Lovelock,

que escreveu o livro aos 86 anos, após uma vida inteira dedicada à ciência da Terra.

De forma entusiasta, ele apre-senta o que se passa com nosso planeta neste momento e discute as medidas que podem e devem ser tomadas, em uma obra com pouco mais de cem páginas. Lo-velock analisa nossa necessidade de energia, chegando a algumas conclusões surpreendentes, mas convincentes. É um retrato per-feito da Ecologia que se cobra no Enem. Aconselho a todos tanto para o vestibular quanto para a cidadania como um todo.

José Drummond Professor de biologia

Hotel Ruanda (Terry Georg)Por que assistir? O filme de 2004 é baseado na história real de dois grupos étnicos rivais, Tutsis e Hutus, que entraram em um grande conflito, consi-derado um dos piores genocídios do século XX. Esse conflito é apenas mais um dentre os vários que ocorreram e ocorrem no continente africano, fruto da colonização desastrosa europeia, que dividiu a África em várias colônias segundo os interesses dos colonizadores, ignorando a diversidade étnica e a multiculturalidade existente entre os povos.

O triste episódio ocorreu no ano de 1994, enquanto o mundo estava em-polgado e vibrando com a copa, que inclusive o Brasil se consagrou tetra-campeão. Naquele ano, Ruanda vivia um conflito étnico que levou à morte mais de um milhão de pessoas em apenas cem dias. O filme é emoção do começo ao fim, mostrando uma África a que o mundo deu as costas.

Após 20 anos do genocídio, é momento de refletirmos e entendermos que a intolerância cultural pode ser fatal para humanidade. Recomendo esse filme para todos os candidatos antenados na prova do Enem e na Aldeia Global.

Wagner Rocha Professor de geografia

Filme

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© Ilustração

Não é preciso ser PhD para saber que gostar de números é uma característica necessária a contadores, não é mes-mo? Mas quem deseja estudar Ciências Contábeis, quar-to curso com mais alunos matriculados no país, também precisa saber que a profissão exige organização e leitura constante − incluindo muita legislação.

Conforme dados do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), são mais de 300 mil contadores em todo Brasil e o mercado está em busca de mais profissionais. “Perícia contábil e auditoria são opções de emprego que estão em alta nesta área”, afirma a contadora Eva Canário, que há oito anos atua no setor de perícia e cálculo contábil em Salvador, cidade onde nasceu.

Eva começou a trabalhar na área enquanto estava na uni-versidade. No final do estágio, foi contratada e, depois de cinco anos na mesma empresa, decidiu abrir o próprio es-critório, uma sociedade com o marido e outros três cole-gas de faculdade. Na entrevista a seguir, você confere mais detalhes sobre a carreira que, segundo o CFC, está entre as cinco mais demandadas pelo mercado brasileiro.

Procuram-se

« PROFIssõEs »

contadoresMercado está aquecido para bacharéis

em Ciências Contábeis, mas é preciso fazer exame para exercer a profissão

Eva Canário

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Por que você escolheu ser contadora?

A carreira de Ciências Contábeis possui um leque muito grande de áreas para atuação e eu me identifico muito com o casamento número e lei. Di-ferentemente do que muitos pensam, a profissão de contador não é feita só de números, mas também de muita legislação!

Quem pretende fazer o curso de Ciências Contábeis precisa ter quais características?

Precisa ter organização, gostar de números, ter hábito de leitura, visão sis-têmica, raciocínio analítico dos fatos, atualização constante e planejamen-to. Também é necessário habilidade com as novas tecnologias, postura crítica, flexibilidade, ética profissional e boa comunicação.

Quais são as principais atividades do contador?

Organizar, planejar e controlar atividades e operações contábeis de bancos, empresas privadas e órgãos públicos; levantar balanços e ba-lancete, averiguando gastos, lucros, perdas e sugerir a melhor utiliza-ção dos recursos financeiros na empresa; realizar trabalhos de auditoria contábil; gerenciar entrada, saída e distribuição de recursos; perícias judiciais e extrajudiciais; e avaliar a situação patrimonial e financeira da instituição.

« PROFIssõEs »

E os desafios da profissão?

Burocracia e lentidão dos órgãos públicos; legislação confusa e com muitas mudanças; desvalorização dos honorários contábeis; e conse-lho regional fraco, principalmente na área de perícia contábil.

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Uma lei de 2010 estabeleceu a realização de exame para obter o registro profissional. Você realizou o Exame de Suficiência?

Aqui na Bahia, o Exame de Suficiência se tornou obrigatório a partir de 2012. Como a minha formação foi anterior, não precisei realizar a prova. Mas sei que o exame é bem rigoroso, parecido com o da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil]. É bem comum os estudantes fazerem cursinhos para serem aprovados.

Por fim, como está o mercado de trabalho?

Atualmente está bem atrativo em função do novo padrão internacional de normas contábeis, as IFRS [sigla em inglês para International Financial Reporting Standards] adotadas pelo Brasil. O aumento de investimentos estrangeiros também está provocando crescimento na demanda por pro-fissionais. E, como consequência, os salários estão ficando mais altos. A dica são as áreas de perícia contábil e auditoria, que se tornaram pontos fortes entre as opções de emprego em alta.

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« PROFIssõEs »

CARREIRA O contador é o profissional responsável pelas contas de uma empresa. Ele organiza, planeja e controla as atividades e operações contábeis, avalia situação patrimonial e sugere a melhor utilização de recursos financeiros, além de realizar auditorias e perícias contábeis, atividades exclusivas de contadores. Há quatro grupos de atuação: Contador Empregado; Contador Empresário ou Independente; Contador no Ensino e Contador nos Órgãos Públicos. Desde 2010, é obrigatório realizar um exame para ter registro profissional.

Duração do curso: 4 anos

Onde atuar: Tem atuação na área administrativa, econômica, jurídica, tributária e política - empresas, escritórios, instituições de ensino, bancos e órgão públicos.

Concursos Públicos: São muitas oportunidades de concursos em todo o país. Em julho, tinham vagas em prefeituras, secretarias e câmaras municipais, institutos federais de ensino, universidades, Marinha, entre outros.

salário médio R$ 2.588,04

Jornada semanal 41,07 horas

Empregabilidade 85,75%

Cobertura previdenciária 89,05%

Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE 2010

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« ABRA O OLHO »

Caros alunos,

No início do mês de julho, o site do jornal O Globo publicou uma matéria sobre a “menina judia usada pelos nazistas para propagandear a beleza da raça ariana”.

Assim que li a matéria, logo me lembrei da nossa tão amada prova do Enem. Mais especificamente, o texto e a foto publicados no G1 foram me remetendo à Competência 1 (Compreender os elementos culturais que constituem as iden-tidades) e à Habilidade 1 (Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura), que compõem a Matriz de Referência usada na concepção das provas de Ciências Humanas.

Será que eu fiz uma elucubração maluca? Acho que não.

Você concorda que a invenção da suposta raça ariana foi um dos pilares do sucesso nazista? Você concorda que os nazistas usaram diferentes mitos a fim de fundamentarem sua doutrina política e social? Você concorda que a força da “identidade ariana” legitimou a invasão de países e até mesmo a tenebrosa “solução final”1?

1 Projeto nazista que consistia em assassinar todos os judeus existentes no planeta.

raças?Márcio Branco*

© Shutterstock

falaremos emAté quando

« ABRA O OLHO »

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« ABRA O OLHO »

Sim? Então eu não voei tanto. Basta que você perceba a tal “raça ariana” como uma construção histórica do Estado na-zista alemão, produzida com o fim de legitimar um projeto específico de poder, que você estará “interpretando histori-camente a construção de identidades”. Exatamente como o Inep exige em suas provas.

Mas, como historiador, eu não posso parar este texto por aqui e deixar de lhes mostrar outro ponto fundamental da reporta-gem. Foi intuito do seu autor, e também foi ponto de destaque dos leitores do texto, enfatizar o fato de que a manequim usa-da pelo Ministério da Propaganda do III Reich era judia.

Você também compactua com a perspectiva de que é incrí-vel o próprio Goebbels2 não perceber que a criança a ser usada em sua campanha publicitária ariana era judia e, por-tanto, possuía certos traços característicos? Você também acha um ridículo absurdo tamanha imprecisão oriunda logo

2 Ministro da propaganda Nazista e um dos principais colaboradores de Hitler. Foi um dos ideólogos do Estado totalitário nazista.

© Reprodução/ Museu do Holocausto

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« ABRA O OLHO »

de um homem que foi capaz de produzir a imagem pública de Hitler?

Sim? Mas você não devia! O ponto que lhe deveria gerar estranheza é outro.

Para quem já entendeu minha mensagem, um pedido: corra à janela e grite aos quatro ven-tos, grite aos quatro cantos: Não há raças hu-manas! Não há uma raça ariana. Também não há uma raça africana ou uma raça caucasiana! Paremos de discutir sobre hipóteses construí-das em premissas falsas. Chega! Meu sonho, infelizmente ainda distante, é que qualquer discussão sobre supostas aptidões raciais das populações “A” ou “B” fossem interrompidas a priori, com o uso do argumento indubitável da inexistência das raças humanas. Temos que pôr no âmbito do ridículo todos os pres-supostos dos que tentam propagar a ideia do “apto” e do “não apto”.

Simples assim.

Desta forma, ao invés de percebermos como é ridículo uma criança judia ser escolhida por Joseph Goebbels para ilustrar a suposta beleza natural ariana, nós precisamos (an-tes de tudo!) perceber como é ridícula toda e qualquer construção de cunho racialista. É necessário, inclusive, que ressaltemos que o cerne de todas essas construções teóricas é um projeto imperialista no qual um grupo

Márcio Branco é professor

de história do QG do Enem.

Este artigo não representa,

necessariamente, a opinião desta

publicação ou de seus editores.

tenta legitimar sua dominação sobre outro. Porque é exatamente este ponto - a legi-timação da dominação - que sempre está por trás das teorias supostamente científi-cas que determinam a inferioridade de um dado povo frente a outro.

Você mesmo pode ir a suas lembranças das aulas de história e corroborar o que afirmo. Como os europeus qualificavam os índios na América? Como a Europa construiu a visão sobre os africanos a serem escravizados e, depois, colonizados? Como as ditas popu-lações centrais liam (e leem) os hábitos e práticas das populações “periféricas”?

Enfim, meus amigos, estão dados os meus recados. Es-pero voltar a encontrá-los por estas páginas. Qual-quer dúvida ou comentá-rio, vá ao canal do aluno. Te espero.

« ABRA O OLHO »

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« É PRA Lá QuE Eu vOu »

Em cinco anos, a UFPB dobrou de tamanho e é a federal que mais possui

alunos no Nordeste

Baião milhares

de

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« É PRA Lá QuE Eu vOu »

Nos últimos cinco anos, a Univer-sidade Federal da Paraíba (UFPB) dobrou de tamanho e, atualmente, é a instituição de ensino superior

que mais oferece vagas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Foram 7.555 vagas na edição de janeiro deste ano, quando a universidade passou a adotar exclusivamente as notas do Enem como processo seletivo. Segundo a ges-tão atual, o resultado é fruto da adesão ao Pla-no de Reestruturação e Expansão das Univer-sidades (Reuni) do governo federal. A parceria também influenciou no foco da UFPB para o futuro: qualificação acadêmica.

Com mais de 20 grupos de pesquisa (todos cadastrados no CNPq), a UFPB já é reconhe-cida como uma das principais instituições da Região Nordeste com credibilidade entre ór-gãos públicos e privados. São mais de 1.300 pesquisadores em seu quadro, dos quais cer-ca de mil são doutores. O objetivo principal da pesquisa é direcionar esforços em favor do

desenvolvimento regional e nacional.

Entre os destaques da produção científica está um estudo que desenvolveu o primeiro medicamento sintético para o combate do herpes labial. A pomada, que já está em fase de teste em pacientes, inibe a infecção, reduz a dor e a coceira, além de ampliar o prazo de reincidência da doença.

Outro setor que se destaca nas atividades de pesquisa é o de energia renováveis. Em 1973, a universidade paraibana foi a primeira a criar um laboratório para estudar a energia solar. Seus estudos contribuíram para o uso dessa energia em diversos campos como secagem in-dustrial, aquecimento de água e armazenagem de energia, por exemplo. Hoje, a UFPB possui o Centro de Energias Alternativas e Renováveis, criado em 2011, a partir da união do Labora-tório de Energia Solar com o curso de Enge-nharia Elétrica. Assim, os estudos foram am-pliados, incluindo pesquisas em outras fontes como energia eólica, da biomassa e química.

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« É PRA Lá QuE Eu vOu »

CursosNas salas de aula da quinta maior federal brasileira em número de matriculados, segundo Censo da Educação Superior de 2012, estão 32.309 alunos. Eles se dividem em quatro campi: Campus I (em João Pessoa), Campus II (em Areia), Campus III (em Bana-neiras) e Campus IV (nas cidades de Rio Tinto e Mamanguape).

Já em relação aos cursos, em nove anos, o número da graduação na UFPB mais que dobrou. Eram 50 em 2005 e, hoje, somam 130 cursos. Desses, 47 vieram com o investimento do Reuni em 2008. Assim, além de cursos tradicionais como direito, medi-cina e enfermagem, a universidade passou a oferecer vagas em agroecologia, biotecnologia, gastronomia, dança, engenharia ambiental, entre outros. O quadro de vagas inclui ainda nove cursos de graduação a distância e 83 cursos de pós-graduação.

O aumento não ficou restrito à ampliação de vagas. Também subiu a qualidade acadêmica. Na última avaliação do Minis-tério da Educação (MEC), a UFPB ficou com conceito quatro no Índice Geral de Cursos (IGC), indicador de qualidade do Inep, no qual a nota máxima é cinco. Na pós-graduação, mais de 60% dos cursos obtiveram conceitos acima da nota média na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

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« É PRA Lá QuE Eu vOu »

IntercâmbioAlém das unidades na Paraíba, os alunos de graduação e pós-graduação podem escolher entre cerca de 60 universidades para estudo no sistema de intercâmbio. Conforme a UFPB, a maioria dos cursos oferecidos está em instituições euro-peias como as universidades de Coimbra e do Porto, em Portugal; de Granada, na Espanha; de Lyon, na França; e de Palermo, na Itália. Mas as instituições dos Estados Unidos, Colômbia, Argentina, Moçambique e México também estão entre as universidades que possuem acordo com a federal da Paraíba.

A cooperação internacional ocorre ainda no sentido contrário. Só em 2013, a UFPB recebeu 53 alunos de instituições estrangeiras, os quais vieram cursar me-dicina, enfermagem, educação física, economia, filosofia, ciências sociais e letras. A maioria desses estudantes é oriunda da Alemanha, Noruega e de Portugal.

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Dados numéricos, total de:*Matrículas - 32.309

Professores - 2.452

Cursos presenciais - 130

Cursos de pós-graduação - 83

Cursos EAD - 9

Campi - quatro - Campus I (João Pessoa); Campus II (Areia), Campus III (Bananeiras), Campus IV (Municípios de Rio Tinto e Mamanguape)

*Fonte: Censo da Educação Superior de 2012 e Universidade Federal da Paraíba

« É PRA Lá QuE Eu vOu »

HistóriaA UFPB foi criada em dezembro de 1955 com o nome de Universidade da Paraíba. Cinco anos depois foi federalizada, recebendo a nomenclatura atual e incorporando estruturas universitárias nas cidades de João Pessoa e Campina Grande. Aliás, essa in-corporação, já na década de 60, é responsável por uma característica marcante na uni-versidade: a estrutura multicampi - na época, um grande diferencial entre as federais, que concentravam suas atividades em um único espaço urbano.

A UFPB chegou a ter sete campi localizados na capital João Pessoa e nas cidades de Campina Grande, Areia, Bananeiras, Patos, Sousa e Cajazeiras. Em 2002, o gover-no desmembrou essa estrutura em duas universidades, surgindo a Universidade de Campina Grande (com os campi de Campina Grande, Patos, Sousa e Cajazeiras). Já o campus das cidades de Tito e Mamanguape foi criado pela UFPB em 2005.

Como vimos anteriormente, ao longo de sua história, a instituição tem promovido o en-sino, contribuindo tanto para o avanço científico e tecnológico regional, quanto para a formação de profissionais de excelência. Nos últimos anos, com investimentos do Reu-ni, houve abertura de novos cursos; ampliação de vagas; recuperação e modernização das atividades de ensino; adequação da estrutura organizacional; e inovações no plano acadêmico institucional. Agora, os planos da Universidade Federal se resumem em me-lhorar a qualidade acadêmica - seja na capacitação do corpo docente, na atualização das metodologias de ensino, no desenvolvimento de habilidades e pensamento crítico dos alunos, ou seja, na construção de novas formas de relacionamento institucional.

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o poEmA dE oswAld dE AndrAdE rEmontA à idEiA dE quE A brA-silidAdE Está rElAcionAdA Ao futEbol. quAnto à quEstão dA idEntidAdE nAcionAl, As AnotAçõEs Em torno dos vErsos constituEm

a) direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de dados histó-rico-culturais.

b) forma clássica da construção poética brasileira.

c) rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol.

d) intervenções de um leitor estrangeiro no exercício de leitura poética.

e) lembretes de palavras tipicamente brasileiras substitutivas das originais.

Resposta correta e explicação aqui:

MUSEU DE LÍNGUA

PORTUGUESA. Oswaldo

de Andrade: o culpado

de tudo. 27 set. 2011 a 29

jan. 2012. São Paulo: Prol

Gráfica, 2012

brAsilidAdE Em construção

a europa curvou-se ante o Brasil

7 a 2

3 a 1

A injustiça de Catte

4 a 0

2 a 1

2 a 0

3 a 1

E meia dúzia na cabeça dos portuguesesMeia dúzia = 6

País do FUTEBOL

Vitórias do clube Paulistano

Cette = 77

Não! Clube francés!Núm

eros

com

o ve

rsos

« QG REsOLvE »

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« QG REsOLvE »

nA figurA, locAlizAm-sE árEAs dE dinAmismo Econômico rEcEntE dA rEgião nordEstE. no quAdro, EssAs árEAs Estão rElAcionAdAs às possívEis Ativi-dAdEs nElAs dEsEnvolvidAs.

A AltErnAtivA quE contém somEntE rElAçõEs corrEtAs é:

a) 1, 2, 3 e 4

b) 2, 3 e 5

c) 1 e 2

d) 1, 3 e 4

e) 1, 4 e 5

Resposta correta e explicação aqui:

árEA AtividAdE

1:Porto de Itaqui

Complexo portuário de escoamento de minérios

2: Juazeiro – Petrolina

Pólo de agricultura irrigada

3: Porto de Suape

Complexo industrial portuário

4: Região Metropolitana de Fortaleza

Pólo têxtil e de confecções

5: Recôncavo Baiano

Pólo agroindustrial cacaueiro

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As frAldAs dEscArtávEis quE contêm o polímEro poliAcrilA-to dE sódio (1) são mAis EficiEntEs nA rEtEnção dE águA quE As frAldAs dE pAno convEncionAis, constituídAs dE fibrAs dE cElulosE (2).

A mAior EficiênciA dEssAs frAldAs dEscArtávEis, Em rElAção às dE pAno, dEvE-sE às

a) interações dipolo-dipolo mais fortes entre o poliacrilato e a água, em re-lação às ligações de hidrogênio entre a celulose e as moléculas de água.

b) interações íon-íon mais fortes entre o poliacrilato e as moléculas de água, em relação às ligações de hidrogênio entre a celulose e as molé-culas de água..

c) ligações de hidrogênio mais fortes entre o poliacrilato e a água, em re-lação às interações íon-dipolo entre a celulose e as moléculas de água.

d) ligações de hidrogênio mais fortes entre o poliacrilato e as moléculas de água, em relação às interações dipolo induzido-dipolo induzido entre a celulose e as moléculas de água.

e) interações íon-dipolo mais fortes entre o poliacrilato e as moléculas de água, em relação às ligações de hidrogênio entre a celulose e as molé-culas de água.

Resposta correta e explicação aqui:

CURI, D. Química

Nova na Escola, São

Paulo, n. 23, maio

2006 (adaptado).

« QG REsOLvE »

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« QG REsOLvE »

o trAbAlho Em EmprEsAs dE fEstAs ExigE dos profissionAis conhEcimEn-tos dE difErEntEs árEAs. nA sEmAnA pAssAdA, todos os funcionários dE umA dEssAs EmprEsAs EstAvAm Envolvidos nA tArEfA dE dEtErminAr A quAntidAdE dE EstrElAs quE sEriAm utilizAdAs nA confEcção dE um pAinEl dE nAtAl. um dos funcionários AprEsEntou um Esboço dAs primEirAs cinco linhAs do pAinEl, quE tErá, no totAl, 150 linhAs.

Após AvAliAr o Esboço, cAdA um dos funcionários Esboçou suA rEspostA:

funcionário i: AproximAdAmEntE 200 EstrElAs.

funcionário ii: AproximAdAmEntE 6 000 EstrElAs.

funcionário iii: AproximAdAmEntE 12 000 EstrElAs.

funcionário iv: AproximAdAmEntE 22 500 EstrElAs.

funcionário v: AproximAdAmEntE 22 800 EstrElAs.

quAl funcionário AprEsEntou um rEsultAdo mAis próximo dA quAntidAdE dE EstrElAs nEcEssáriA?

a) I

b) II

c) III

d) IV

e) V

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª...

150ª

Resposta correta e explicação aqui:

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Percebe-se que o candidato compreendeu o tema quando desenvolve o texto com profundidade, transitando entre a abordagem do assunto e do tema”

As competências 2 e 3

« QG REsOLvE »

Tiro de LetraCarla Carmelita*

Dando continuidade ao assunto da edição passada, sobre as regras cobradas na redação, falaremos sobre as compe-tências 2 e 3. A competência 2 talvez seja o nível mais difí-cil de ser avaliado. É esperado que o candidato demonstre dominar essa competência por meio: a) da organização es-trutural do texto (padrão dissertativo-argumentativo) e b) da compreensão da temática proposta, incluída neste eixo da competência a habilidade de aplicar conceitos diversos. Assim, ela exige do candidato, na verdade, três habilidades – compreensão da temática, aplicação de conceitos e estru-turação da tipologia textual.

Percebe-se que o candidato compreendeu o tema quando desenvolve o texto com profundidade, transitando entre a abordagem do assunto (dimensão geral) e do tema (ponto específico do assunto). Quanto à habilidade de aplicação de conceitos, os candidatos devem apresentar noções concei-tuais de outras áreas; já quanto à habilidade de estruturação textual no padrão dissertativo-argumentativo, o texto deve apresentar uma introdução sobre o assunto de forma geral.

No desenvolvimento, é imprescindível ter constatações e opiniões sobre o assunto, apresentando ideias relevantes e argumentos consistentes. O avaliador precisa perceber que a estrutura do texto dissertativo-argumentativo foi respei-tada. Na produção, é preciso ter proposição de ideias sobre o assunto e o tema, defesa dessas ideias e um fechamento por intermédio de uma proposta de intervenção.

Em relação à competência 3, o candidato deverá ser capaz

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de “selecionar, relacionar, organizar e interpretar infor-mações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista”. Isso significa dizer que qualquer inves-timento do candidato na seleção e na organização das ideias deve estar direcionado para uma opinião central que será defendida. Essa opinião central é a própria tese.

Dessa forma, enquanto parte da Competência 2 envolve a análise do aspecto composicional do texto argumen-tativo, a 3 envolve todas as estratégias usadas pelo can-didato com a finalidade de persuadir o leitor. Persuadir é tentar induzir o interlocutor para um dado posiciona-mento, buscando convencê-lo em determinado ponto de vista sobre o mundo. Só se pode afirmar que “todo texto é argumentativo” dentro desta acepção de argumentação como persuasão, pois, com efeito, toda ação comunica-tiva visa atingir o interlocutor, a fim de persuadi-lo de algum modo.

Assim, dentro do significado de argumentação como es-trutura composicional, o texto é considerado argumen-tativo quando também privilegia a estrutura constitutiva do raciocínio, aquela em que se constroem argumentos com o objetivo de provar para o interlocutor uma certa tese ou opinião central. É justamente este tipo textual que é cobrado na prova de redação do Enem, o qual o candi-dato deve apresentar, obrigatoriamente, tal estrutura, ou seja, deve construir um texto argumentativo-opinativo para receber 200 pontos na competência 3. Até a próxi-ma edição, quando conversaremos sobre as duas últimas competências. Bons estudos!

O avaliador precisa perceber que a estrutura do texto dissertativo-argumentativo foi respeitada.”

* Carla Carmelita é professora de

redação do QG do Enem.

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« tipo assim »

Existem momentos decisivos na nossa vida, os quais dependem de escolhas muito difíceis. E eu não estou falando de “débito ou crédito”, “suco de laranja ou abacaxi” e “praia ou campo” (praia, claro!). Nem de quando a gente escreve aquela mensagem no ce-lular e fica um tempo olhando pra tela pensando se deve ou não enviar. Se essas escolhas são difíceis, imagina as que realmente mudam nossas vidas.

Enquanto eu lia “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, fiquei ima-ginando como seria minha autobiografia póstuma. Será que eu iria me arrepender de não ter feito alguma coisa? De não ter tentado? Será que vou lembrar com orgulho os caminhos que eu segui?

O personagem desse livro, Brás Cubas, mesmo tendo nascido em uma família com boas condições e tendo uma vida privilegiada, não conclui seu projeto de um medicamento que deixaria seu nome na história; se torna deputado, mas é malsucedido; não se casa nem tem filhos.

Um dos melhores aspectos da literatura é permitir que possamos vivenciar experiências (até as que não são tão boas) e aprender com isso, sem precisar passar pela parte ruim do “é errando que se aprende”. É nessas horas que a gente reavalia nossas escolhas e prioridades: qual curso farei na faculdade? Estou preparado pra sair de casa? Como quero estar no futuro?

E o maior problema ainda é conciliar todas essas escolhas decisi-vas na época mais conturbada das nossas vidas: quando saímos da infância - onde tudo era mais fácil - para a vida adulta - cheia de responsabilidades. Eu ainda não sei se as minhas escolhas foram as corretas. A única certeza que tenho é que quero experimentar to-das as oportunidades e desafios para que, quando eu olhe para trás, não pense que pelo menos eu não tentei.

Bruno Miranda*

* Bruno Miranda é vlogueiro do

Minha Estante (www.youtube.com/

minhaestante). Esta coluna não

representa, necessariamente, a opinião

desta publicação ou de seus editores.

Um dos melhores aspectos da literatura é permitir que possamos vivenciar experiências (até as que não são tão boas) e aprender com isso”

« TIPO AssIm »

Escolhas e futuro

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« tipo assim »

* Luisa Clasen é vlogueira do Lully

de Verdade (www.youtube.com/

lullydeverdade). Esta coluna não

representa, necessariamente, a opinião

desta publicação ou de seus editores.

Chega um ponto em que você não sabe se tenta continuar estudando ou se joga tudo pro alto, porque nada mais entra na cabeça.”

« TIPO AssIm »

Pare, respire, contemple

Luisa Clasen*

Não sou uma pessoa religiosa, mas quero focar num tema do budismo que é muito bem-vindo em pleno sé-culo XXI: contemplação.

Eu sempre achei que me desconectar era impossível, es-pecialmente, por trabalhar na internet. Que engano! Dá pra entender, quando você vive em meio a prédios e car-ros, a natureza fica escassa. Eu comecei a me descolar do estresse que é ficar monitorando novas mentions, novas curtidas, novos artigos do Buzzfeed. Tinha dias em que eu nem ligava o computador. Eu li muito, vi um pouco de TV e brinquei muito com a minha gata (a carência dela era visível!).

Eu saía com as pessoas e voltava pra casa com o celular com a bateria cheia porque ele havia ficado no fundo da bolsa, esquecido. Eu via meus amigos mexendo no celu-lar nos intervalos de papo e optava por olhar ao redor. Cheguei num ponto de esperar numa fila de mercado e apenas contemplar.

Lembro que, quando eu estava às vésperas do vestibular, muitos amigos estavam estressados, perdendo o foco (eu era uma delas). Chega um ponto em que você não sabe se tenta continuar estudando ou se joga tudo pro alto, porque  nada mais entra na cabeça. Qualquer problemi-nha (botão arrebentado, acabou o leite, camiseta ainda úmida no varal) pode ser um motivo pra te levar às lágri-mas de estresse. E, quando você acha um pequeno mo-mento de lazer, sempre tem um espertinho te cobrando,

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« tipo assim »

seja seus pais, parentes ou amigo: “você tá aí nessa vida boa, devia estar estudando pra prova!”

O meu desafio não é só pros vestibulandos, é pra qual-quer jovem dos anos 10: Pare. Respire. Contemple. Bus-que um significado maior pro seu tempo nessa dimensão, por mais simples que seja. Abra seus ouvidos pro bater de asas do agora. Enquanto eu escrevia “agora”, o agora já passou. Enquanto você lia “agora”, o agora já passou. Enquanto você pensa demais no seu futuro, ele escorre pelos seus dedos. Aproveite o colo de mãe, o ronrom do gato, o cheiro da comida de casa. Dedique-se completa-mente a cada uma dessas coisas enquanto estiver apre-ciando porque, talvez assim, você consiga chegar perto de entender plenamente o que é viver no agora.

E, quando você acha um pequeno momento de lazer, sempre tem um espertinho te cobrando, seja seus pais, parentes ou amigo”

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