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EXPEDIÇÕES BIOLÓGICAS A BORDO DO
BUSÃO DA CIÊNCIA DO AGRESTE E DO
SERTÃO: ARTICULANDO UNIVERSIDADE,
ESCOLAS E ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE
APRENDIZAGEM
Cleverton da Silva, Andresa Reis Lima, Hugo
Andrade, Juliana Prudente Souza Nascimento,
Mateus Matos Ferreira, Mayara de Lima Mota,
Nadja Kelly Barros, Narla Mota Júnior, Wesla
Marcelina Dantas, Wildio Ikaro da Graça Santos,
e Ricardo Santos do Carmo
Resumo
Neste artigo, apresentamos as oficinas de biologia
realizadas como parte de um projeto de extensão
universitária da Universidade Federal de Sergipe. As
oficinas temáticas, conduzidas por instituições de
ensino superior, são conhecidas pelo potencial que
têm para melhorar a formação dos acadêmicos que
as produzem e, por outro lado, para motivar o
público-alvo a engajar-se de modo ativo na
aprendizagem de conceitos importantes. No projeto
“Busão da Ciência”, abordamos o conceito de função
aplicado ao discurso sobre biodiversidade e serviços
ecossistêmicos. Os debates, promovidos nas oficinas,
tiveram foco central entender as consequências
potenciais da perda de biodiversidade sobre os
serviços ecossistêmicos. Uma dimensão social foi
considerada quando levantamos os aspectos éticos e
morais envolvendo as ações humanas que produzem
degradação social e ambiental.
Palavras-chave: Popularização Científica. Educação
Não Formal. Ensino das Ciências.
Introdução
A educação surge como um dos principais e fundamentais
requisitos para que os indivíduos tenham acesso a uma série de
bens e serviços disponíveis, na sociedade, e, assim, possam
desfrutar de seus direitos como cidadãos (GADOTTI, 2005).
Quando se fala em educação, ensino, aprendizagem, logo
associamos estes termos à escola, porém, é preciso expandir
esse pensamento. Há algumas décadas, o processo de ensino era
de responsabilidade da escola, entretanto, hoje já se sabe que tal
ação não acontece apenas nas instituições de ensino. Então, o
ato de ensinar apresenta-se em diferentes momentos e formas
e, quando ele se dá fora do formalismo próprio das instituições
escolares, estamos diante de ações de ensino das ciências em
espaço não formal (GOHN, 2006).
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Para Gaspar (2005), temos que levar em consideração
outros espaços para o desenvolvimento dos processos de ensino
e aprendizagem. Esse autor afirma que os espaços não
formais de ensino, tais como museus, jardins botânicos, centros
de ciências, feiras e amostras de ciências, aquários, museus
itinerantes, entre outros, podem ter impactos na educação
científica. Ainda nas palavras de Gaspar, tais ambientes se
revelam uma fonte enorme de conhecimento útil à educação
científica, não só para alunos e professores, como também para
a população de maneira geral. Nesses espaços, atividades
teóricas, de demonstração, e de “mãos à obra”, planejadas no
âmbito de projetos de popularização das ciências, é capaz de
impulsionar a criatividade, a reflexão e a capacidade de
resolução de problemas dos visitantes, fazendo bem para a
nossa sociedade.
Os trabalhos de popularização das ciências, portanto, têm
como um dos objetivos auxiliarem às pessoas a compreender os
elementos do pensamento científico (criatividade, lógica,
intuição, flexibilidade, uso do pensamento divergente, criticidade,
etc.), ao tempo em que elas também possam reparar que,
muitas vezes sem notar, mantemos uma relação diária com os
conhecimentos das ciências. Nesse rumo, ninguém mais duvida
dos ganhos educacionais, que podemos alcançar, com relações
mais fortes entre o ensino escolar de ciências e as atividades
planejadas em projetos de educação não formal, na medida em
que as duas modalidades não competem, mas exploram
elementos das ciências sob ângulos diferentes. Essa interação
precisa acontecer, sempre que possível, e um dos motivos é bem
apontado pelo professor Nélio Bizzo, de modo que preferimos as
suas próprias palavras: “não se admite mais que o ensino de
ciências deva limitar-se a transmitir aos alunos notícias sobre os
produtos da ciência [...]. O ensino de ciências deve proporcionar
a todos os estudantes a oportunidade de desenvolver
capacidades que nele despertem a inquietação diante do
desconhecido, buscando explicações lógicas e razoáveis,
amparadas em elementos tangíveis” (BIZZO, 1998, p. 14).
Sendo assim, o projeto “Ciências Sobre Rodas – Busão
da Ciência do Agreste e do Sertão” foi planejado para diminuir a
lacuna existente entre a população e as ciências, e, ao mesmo
tempo, auxiliar o trabalho docente, com a sugestão de recursos
para dinamizar as aulas, pois os materiais podem ser usados
nas abordagens dos conteúdos, favorecendo a criatividade e a
curiosidade para as ciências.
Este artigo está estruturado da seguinte maneira. Na
próxima seção, apresentamos a concepção do projeto “Ciências
sobre Rodas” que realizamos no campus de licenciaturas da
Universidade Federal de Sergipe (UFS) e como o projeto está
estruturado para alcançar os objetivos de divulgação científica.
Nesse particular, destacamos o foco do subprojeto da Biologia.
Em seguida, explicamos, brevemente, que as ações da Biologia
têm como matriz teórica a literatura da filosofia da ecologia que
investiga o conceito de função aplicado ao discurso sobre
biodiversidade e serviços ecossistêmicos. Após essa breve
abordagem, apresentamos as atividades pensadas, como
dissemos, para contemplar a temática “funções e serviços
ecossistêmicos”. Por fim, a partir do que já expusemos, lançamos
nossas considerações à guisa de conclusão na última seção.
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O Projeto Ciências Sobre Rodas: Busão da
Ciência do Agreste e do Sertão
Em termos gerais, o projeto “Ciências sobre Rodas –
Busão da Ciência do Agreste e do Sertão” (ver mais em
https://busaodaciencia.org/) é um projeto em que estudantes
do curso de licenciatura, em Ciências Biológicas da UFS, no
agreste sergipano da cidade de Itabaiana, em colaboração com
outras licenciaturas, desenvolvem atividades para a divulgação
das ciências, por meio de expedições a bordo de um veículo
Mercedes-Benz Sprinter, mas que, durante as expedições pelo
interior de Sergipe, passou a ser conhecido pela equipe e pelo
público, simplesmente, como Busão da Ciência.
O projeto funciona de modo similar às chamadas feiras
de ciências, em que fazemos demonstrações, atividades de
“mãos à obra” e expomos materiais que motivam a população
dos lugares visitados a interagir e a formular questões sobre
aspectos que mais lhes tenham impactado. No dia das
expedições do Busão da Ciência, buscamos incorporar o espírito
do projeto de consideração das ideias dos alunos com vistas a
dar-lhes condições de desenvolvimento de uma cultura científica
e, neste particular, dar condições para que mobilizem os
conhecimentos das ciências em suas vidas em comunidade.
O Busão, propriamente dito, é um meio de transporte,
ajudando-nos no deslocamento dos materiais necessários para a
realização das atividades (ver Figura 1).
Figura 1 - Busão da Ciência, veículo de transporte dos materiais
das atividades de divulgação científica
Nossas expedições a bordo do Busão da Ciência já
chegaram às praças públicas, feiras livres e ginásios de esportes
de um conjunto de municípios, no agreste e no sertão, tendo
inclusive atravessado a fronteira geográfica para chegar ao
estado de Alagoas. Com os recursos liberados até este
momento, alcançamos nove cidades do interior sergipano (na
ordem: São Domingos, Moita Bonita, Nossa Senhora Aparecida,
Nossa Senhora da Glória, Monte Alegre, Neópolis, Santana do
São Francisco, Estância, Itaporanga D´Ajuda) e duas cidades
alagoanas (Pão de Açúcar e Penedo). Fizemos cinco expedições,
atendendo a mais de um colégio em cada expedição, e, assim,
chegamos a doze colégios no período entre fev. de 2014 e jun.
de 2016. Aqui, vamos nos dedicar a trazer à tona as ações na
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área de Biologia realizadas de set. de 2014 a out. de 2015,
quando chegamos com o Busão da Ciência às cidades de São
Domingos e Moita Bonita, bem como ao agreste sergipano
representado pelas cidades de Nossa Senhora Aparecida e
Nossa Senhora da Glória. Nesse período, em jul. de 2015,
também, atravessamos o leito do Rio São Francisco e
alcançamos a cidade de Pão de Açúcar em Alagoas, estado em
que, depois, voltamos com a “Expedição Baixo São Francisco”,
em out. de 2015, para visitar a escola pública da rede estadual
na cidade de Penedo. Em todos esses lugares, confirmamos o
critério que consideramos, nos planejamentos das expedições, a
situação de que são locais que pouco ou nada dispõem de
projetos de ciências como parte da educação não formal.
As temáticas levadas, nas expedições feitas, variam de
acordo com os cursos envolvidos (Biologia, Geografia, Física,
Química, Matemática). No caso da Biologia, preparamos as
oficinas pedagógicas para ensinar sobre como os “itens da
biodiversidade”, isto é, processos ecológicos ou entidades
(organismos, populações, características dos organismos,
interações, etc.) têm efeito no funcionamento dos ecossistemas.
Em outras palavras, buscamos explicar que muitas propriedades
dos ecossistemas (produtividade, retenção de nutrientes,
biomassa, interações) dependem da biodiversidade. Os debates
que envolvem a noção de função para entender os sistemas
ecológicos indicam que entender as consequências potenciais da
perda de biodiversidade, sobre os serviços ecossistêmicos, é
hoje um tema quente na Ecologia, o que torna útil a seção
seguinte, na qual explicaremos, brevemente, os pontos mais
importantes dos debates.
Funções e Serviços Ecossistêmicos
O conceito de serviços ecossistêmicos aparece, hoje, em
muitos documentos políticos, de governos e organizações
internacionais. O Relatório do Milênio (MA, 2005) teve um
impacto forte na divulgação do conceito, definido como
“benefícios que as pessoas obtêm a partir dos ecossistemas”
(MA, 2005, p. 1). Esse documento tornou o conceito mais
conhecido, mas a definição oferecida é simples. Uma definição
melhor é feita por Daly e Dasgupta (2001) que, de modo mais
amplo, concebem os serviços ecossistêmicos como “a ampla
gama de condições e processos, por meio dos quais, os
ecossistemas, e sua biodiversidade, conferem benefícios à
humanidade”. A referência à existência de processos ligados à
biodiversidade chama a atenção para a complexidade dos
ecossistemas, que inclui o que fazem os organismos com o
ambiente, com os recursos do ambiente, e o que eles fazem uns
com os outros em interação. Assim, a definição dos serviços
ecossistêmicos envolve, também, o conceito de função que, no
contexto biológico, atribuímos aos organismos ou a processos.
Na Ecologia, há um debate que trata de entender se são os
organismos que realizam funções ou se é a biodiversidade, ou a
espécie em si, o lócus da atribuição funcionali. Para os
propósitos deste artigo, importa ter em conta que os serviços
estão associados às funções dos ecossistemas (De GROOT et
al., 2002, p. 395). Desta perspectiva, as funções ecossistêmicas
podem ser resumidas em quatro grandes categorias: funções de
(1) regulação, (2) suporte (3) suprimento e (4) informação. As
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funções de regulação incluem as capacidades dos ecossistemas
naturais de suportarem os processos de manutenção da vida;
as funções de suporte incluem a capacidade de oferecer refúgio
e habitat a animais e plantas selvagens; as funções de
suprimento estão relacionadas à captura e ao armazenamento
de energia, em compostos orgânicos, pelos organismos
fotossintetizantes e, por fim, as funções de informação referem-
se ao oferecimento pelos ecossistemas naturais de atividades de
recreação, desenvolvimento cognitivo e experiência estética aos
seres humanos. Em síntese, seguindo esses autores, cada
função está associada a um determinado serviço ecossistêmico.
Atividades desenvolvidas
Diante do tema “Funções e Serviços Ecossistêmicos”,
apresentamos diferentes grupos de seres vivos (aves, árvores,
aranhas, abelhas, anfíbios, répteis, fungos, borboletas) e seus
respectivos serviços ecossistêmicos através de demonstrações,
exposições de banners, exposição de fotos, materiais biológicos,
lupas eletrônicas (estereoscópio), réplicas de materiais
biológicos confeccionadas em resinas, folders, livretos ilustrados
e doação de sementes e mudas de árvores nativas da Mata
Atlântica. O tema evolução, há anos, tem sido defendido pelo
papel central, organizador do pensamento biológico (MEYER;
EL-HANI, 2005) e nós o consideramos, nas oficinas diversas, e
criamos uma oficina específica, explicando a evolução humana e
sobre os dinossauros.
O livreto “Histórias da Natureza: Funções e Serviços
Ecossistêmicos” (Figura 2) foi o primeiro passo das atividades
de Biologia. O bolsista do projeto, primeiro autor deste artigo,
recebeu a tarefa de preparar o livreto com histórias que
explicam como a variedade de formas de vida realizam funções
que contribuem, por exemplo, para a oferta de alimentos ou
produtos necessários à sobrevivência da humanidade. Quando o
livreto ficou pronto, foram os recursos do Prodocência/CAPES
(Programa de Consolidação das Licenciaturas) e do próprio
CNPq, financiador do Projeto Busão da Ciência, que tornaram
possível a publicação desse material didático.
Figura 2- Capa do livreto “Histórias da Natureza: Funções
e Serviços Ecossistêmicos”
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Ao todo, produzimos quinhentos exemplares deste livreto
e distribuímos pelas escolas visitadas, para serem usados como
material auxiliar nas práticas de Educação Ambiental e no
ensino de Ecologia sobre as Funções e os Serviços
Ecossistêmicos. O arquivo digital do livro está disponível no
blog do projeto (https://busaodaciencia.org/).
Aves
De modo geral, as aves são um grupo importante em
várias funções: (1) função de ligantes de informação genética;
(2) função de regulação de presas; (3) função de “agentes
sanitários”; (4) função de transferência de recursos, e (5)
função de facilitação de processos ecológicos. A ligação de
informação genética é uma função das mais conhecidas, como é
o caso das espécies frugívoras (espécies que se alimentam de
frutas) e nectarívoras (espécies que se alimentam de néctar),
que transportam material genético através da dispersão de
sementes e polinização.
A dispersão de sementes costuma ser a função mais
facilmente percebida na investigação das aves na natureza,
porém não a única. A regulação da população de presas por
aves de rapina como, por exemplo, corujas e gaviões, tem
efeito significativo no funcionamento dos ecossistemas. Além
disso, as aves de rapina, como os urubus, também contribuem
para a decomposição da matéria orgânica, funcionando como
“agentes sanitários” nos ecossistemas. Além dessas funções, as
aves aquáticas são vistas com atenção particular, na medida em
que fazem a transferência de minerais dos oceanos para os
continentes, enriquecendo o solo e favorecendo as comunidades
de plantas, com efeito no funcionamento dos ecossistemas. Por
fim, as aves também facilitam processos ecológicos; por
exemplo, aves “engenheiras de ecossistemas”, como os pica-
paus, alteram seus ambientes construindo ninhos, usados por
outras espécies de aves, para guardar alimento ou outras
finalidades.
Materiais utilizados
Utilizamos um banner, crânios de espécies de aves feitos
de resina e guia de aves (GRANTSAU, 2010).
Conceitos envolvidos
Nessa oficina, abordamos os seguintes conceitos:
camuflagem, cadeia alimentar, dieta alimentar (granívoro,
insetívoro, frugívoro, dentre outros), comportamento social,
período de maior atividade (hábitos diurno ou noturno),
população, comunidade, ecossistema, nicho ecológico, serviço
ambiental, nome popular e científico, zoologia (vertebrados,
aves), morfologia, fisiologia, evolução.
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Figura 3 - Oficina relacionada à temática “Aves: Funções
e Serviços Ecossistêmicos”
Borboletas
Borboletas são organismos da ordem Lepidoptera, sendo
esta uma das subdivisões da classe Insecta, que constitui uma
das partes do filo Arthropoda. Uma primeira explicação, que
fizemos na oficina, foi a de que as borboletas são caracterizadas
por apresentarem grandes asas membranosas cobertas por
escamas que proporcionam uma gama diversa de cores,
padrões e formas. Um destaque de maior importância que
fizemos é o de que as borboletas são agentes de grande
importância na manutenção do ecossistema. É que elas
possuem uma íntima relação com seus recursos alimentares e
são muito sensíveis a mudanças ambientais, motivo pelo qual
são utilizadas como bioindicadores em estudos de qualidade
ambiental. Também que elas desempenham papel de
polinizadores (nectívoras) e que participam de diferentes níveis
tróficos, na cadeia alimentar, servindo de alimento para outros
organismos. A respeito desse tópico, dissemos que as
borboletas podem ser detritívoras, contribuindo para a
degradação de matéria orgânica. Por fim, mereceu atenção a
parcela de contribuição das borboletas, na restauração de
ecossistemas, ao atrair predadores, sendo elas próprias as
presas, e através da propagação vegetal, por meio da difusão
de pólen durante a nutrição (polinização).
Materiais utilizados
Utilizamos um banner, uma caixa entomológica e lupas
de mão.
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Conceitos envolvidos
Abordamos os conceitos: entomologia básica, serviço
ambiental, biodiversidade, pragas, importância médica (lagartas
urticantes), mimetismo, aposematismo, evolução.
Figura 4 - Oficina relacionada à temática “Borboletas: Funções
e Serviços Ecossistêmicos”
Abelhas
Ao estudar este grupo funcional, apresentamos as
espécies de abelhas com vistas a explicar de forma lúdica e
didática por que a conservação da biodiversidade de abelhas é
fundamental para o funcionamento dos ecossistemas. Demos
ênfase particular à função de polinização, base de 75% da
produção de alimentos em todo o mundo. O destaque desta
oficina é a discussão que promovemos sobre o valor intrínseco e
o valor econômico da polinização. Os estudantes são chamados
a entender que o serviço de polinização é restrito a um
subconjunto limitado de espécies conhecidas de abelhas, o que
significa que a perda de um grupo pode inviabilizar a
polinização. Os estudantes percebem com realce, em vista
disso, que importa mais o valor intrínseco das espécies, ou seja,
o valor de existência das espécies tem primazia em relação ao
valor econômico.
Materiais utilizados
Utilizamos um banner, material biológico (abelhas), lupa
(estereoscópio).
Conceitos envolvidos
Abordamos os conceitos: polinização, entomologia
básica, comportamento social, agroecologia, evolução.
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Figura 5.- Oficina relacionada à temática “Abelhas: Funções
e Serviços Ecossistêmicos”
Árvores
Para esclarecer como as árvores nos beneficiam com
seus serviços ecossistêmicos, que ocorrem silenciosamente,
preparamos duas oficinas. Uma oficina nós denominamos
“Manejo da cobertura vegetal”. Essa oficina é uma atividade de
demonstração de como ocorre a erosão hídrica no solo,
enfatizando a importância da cobertura vegetal. Na prática,
criamos dois modelos de solo, um coberto por vegetação e
outro completamente desnudo, para ilustrar os efeitos da ação
da água da chuva no desprendimento de partículas e a
consequente erosão do solo. Os modelos, que montamos, foram
úteis para explicar acerca da mata ciliar, dizendo da participação
que ela tem nos ecossistemas, sobretudo na manutenção dos
cursos d’água, deixando os rios correrem para o mar.
A outra oficina foi “Fluxo de energia e Fotossíntese”, em
que buscamos explicitar por que a fotossíntese é um dos
processos que tornam possível a vida na Terra. O nosso
interesse foi o de proporcionar a cada visitante a percepção da
ocorrência do processo de fotossíntese. Colocamos ramos de
Elodea sp. em um aquário com água (cerca de 5L) e
adicionamos bicarbonato de sódio (cerca de 50g). Por óbvio,
precisávamos de luz e resolvemos isso com uma lâmpada
incandescente que pusemos próximo ao aquário. A luz incidindo
sobre a elódea já nos fez imaginar que ali estava acontecendo a
fotossíntese, mas o processo precisava ficar “visível” para todos.
Neste sentido, adicionamos corante azul, comum naculinária, à
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água e foi possível estabelecer um contraste e notar a liberação
de oxigênio molecular na coluna d’água. Concluímos a oficina
levantando um debate que tratava de sublinhar a relação do
processo de fotossíntese ao desenvolvimento econômico e social
dos países, na medida em que, por exemplo, a produtividade
agrícola responde por vultosos recursos financeiros no mundo.
Para que toda a abordagem continue a ser lembrada, doamos e
plantamos, junto com os estudantes, mudas de espécies de
árvores da Mata Atlântica no pátio das escolas que visitamos.
Materiais utilizados
“Manejo da cobertura vegetal”: amostras de solo, duas
garrafas tipo pet (2 litros) ou dois recipientes de vidro
transparentes, gramíneas.
“Fluxo de energia e Fotossíntese”: recipiente de vidro
transparente, corante alimentício artificial (opcional),
bicarbonato de sódio (NaHCO3), lâmpada incandescente e
exemplares de Elodea sp.
Conceitos envolvidos
Abordamos os conceitos: fotossíntese, solo, erosão,
conceitos básicos de botânica, serviço ambiental, evolução.
Figura 6 - Oficina relacionada à temática “Árvores: Funções
e Serviços Ecossistêmicos”
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Fungos
Com o propósito de esclarecer a importância dos fungos,
uma vez que são tratados de forma pejorativa e lembrados por
seus efeitos prejudiciais pela comunidade leiga do assunto,
expomos a temática com foco nas funções e serviços
ecossistêmicos oferecidos pela comunidade fúngica. É bem
verdade que os fungos são organismos onipresentes na natureza
e que ocasionam diversos prejuízos em variados setores das
atividades humanas (OLIVEIRA, 2014), mas, em contrapartida, a
maioria das espécies fúngicas desempenha funções únicas e
cruciais na manutenção de ecossistemas, como componentes
fundamentais de cadeias alimentares e ciclos biogeoquímicos. No
ambiente, os fungos são os principais decompositores de matéria
orgânica, promovendo, assim, a ciclagem de nutrientes. Atuam
na biodegradação, na micorremediação, no tratamento biológico
de efluentes. Estabelecem relações simbióticas com vários
organismos e, ainda, participam do controle biológico. Para a
indústria farmacêutica, apresentam importância relevante na
produção de medicamentos e compostos orgânicos, além de
serem empregados na alimentação humana (ESPOSITO;
AZEVEDO, 2010).
Materiais utilizados
Utilizamos um banner, material biológico (fungos e
liquens), fungo comestível (Champignon), alimentos comestíveis
que possuem fungos em sua composição (vinho, pães,
fermento, cerveja), medicamento (antibiótico) e meio de cultura
(mingau de amido, requeijão, laranja, pão).
Conceitos envolvidos
Abordamos os conceitos: fungos, biodegradação,
decomposição, ciclagem de nutrientes, cadeia alimentar,
ecossistema, fermentação, simbiose, liquens, micorrizas e
parasitas.
Figura 7 - Oficina relacionada à temática “Fungos: Funções
e Serviços Ecossistêmicos”
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Aranhas
Nessa oficina, explicamos que, diante da diversidade
enorme de artrópodes, as aranhas são um dos grupos mais
abundantes e estão envolvidos em processos essenciais como
parte da cadeia trófica. As aranhas são muito sensíveis à perda
da heterogeneidade ambiental, pois isto significa perda de
habitat para reprodução, abrigo, forrageamento, etc. Assim, a
distribuição das aranhas é, fortemente, afetada por fatores
bióticos, como a disponibilidade de presas, abundância de
competidores, predadores, parasitas e, principalmente, pela
vegetação característica de todos os habitats (GONZAGA;
SANTOS; JAPIASSÚ, 2007).
Ensinamos que, evolutivamente, as aranhas originaram-
se no mar, tendo como ancestral mais antigo um animal que se
assemelhava a um caranguejo. Em rochas formadas, há cerca
de 380 milhões de anos, no período Devoniano, são
encontrados os primeiros fósseis de aranhas, que pertenciam ao
grupo trigonotarbídeos, que não possuem um parentesco direto
com as aranhas atuais. No final, pontuamos que as aranhas são
carnívoras, sendo que a maioria é generalista e vive
praticamente em todos os ambientes terrestres. Por serem
carnívoras, a dieta da maioria das aranhas se constitui de
insetos. Entretanto, algumas espécies de maior porte e mais
atuais complementam a dieta capturando pequenos vertebrados
(lagartos, anfíbios, filhotes de roedores, pequenos peixes e
pássaros). Esse hábito alimentar tem a ver com o principal
serviço ecossistêmico das aranhas, que é a manutenção do
equilíbrio ecológico, por meio do controle de pragas, como
insetos e roedores.
Materiais utilizados
Utilizamos: banner, lupa (estereoscópio), lupas de mão,
fotografias de aranhas, material biológico (exemplares de
espécies de aranhas conservadas em álcool a 70%), terrário,
guia de aranhas (MICHAEL, 1999) e teia de aranha feita de
linha de crochê.
Conceitos envolvidos
Abordamos os conceitos: peçonha, ecossistema, zoologia
(artrópodes, aracnídeos), morfologia, fisiologia, cadeia
alimentar, camuflagem, evolução.
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Figura 8 - Oficina relacionada à temática “Aranhas: Funções
e Serviços Ecossistêmicos”
Herpetofauna
Iniciamos essa oficina com a explicação de que a
herpetologia é o ramo da ciência que estuda os répteis e os
anfíbios. Em seguida, reconhecemos que ambos não são bem
vistos pela maioria da sociedade, devido à falta de informação,
o que tem gerado, ao longo do tempo, muitos mitos e lendas.
Entre os répteis, as serpentes talvez sejam as mais mal-
afamadas, tratadas como se tivessem pouca importância
biológica, geralmente consideradas perigosas e, por esse
motivo, mortas por quem as encontra. De outro modo, há
répteis que são utilizados como fonte alimentar como, por
exemplo, o teiú. Os anfíbios, por sua vez, como têm uma vida
associada ao ambiente aquático, estão sujeitos a impactos
desde sua fase larval.
Tanto répteis quanto anfíbios são animais de grande
importância para os diversos ecossistemas, sendo um dos elos,
nas cadeias tróficas, contribuindo como controladores de
pragas. Além disso, os lagartos e os anfíbios são importantes
dispersores de sementes, sendo essa uma característica
fundamental para a fitofisionomia dos ecossistemas.
Materiais utilizados
Utilizamos um banner, material biológico (répteis e
anfíbios de coleção científica) e luvas descartáveis.
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Conceitos envolvidos
Abordamos os conceitos: ecologia, zoologia (anfíbios e
repteis), evolução, cadeia alimentar, período de maior atividade
(hábitos diurno e noturno), peçonha, importância médica,
serviço ambiental, dieta alimentar, comportamento.
Figura 9. Oficina relacionada à temática“Herpetofauna: Funções e
Serviços Ecossistêmicos”
Evolução
Nesta linha temática, buscamos envolver o público de
modo a tornar mais fácil a compreensão de como as espécies
evoluem e entram em extinção ao longo do tempo geológico.
Isso significa aprender que, quando pensamos evolutivamente,
a adaptação dos seres vivos é sempre uma luta pela existência,
e ocorre assim, principalmente, porque os recursos naturais
(alimento, abrigo, etc.) são limitados. Isso está relacionado ao
fato, também, de os indivíduos dentro de uma mesma
população não serem iguais. Há variações (fisiológicas,
bioquímicas, anatômicas) que permitem viver melhor em
determinado ambiente. Aliás, é esse o momento que
aproveitamos para explicar sobre o papel da seleção natural,
destacando que não é o ambiente que seleciona os organismos,
mas que alguns organismos já vêm “de fábrica” mais bem
equipados do que outros – no sentido da fisiologia, por exemplo
– e, por isso, enfrentam com mais sucesso as mudanças no
ambiente.
O tratamento desses conceitos ocorreu, ao longo da
mostra da coleção de réplica de fósseis, expostos por nós no
grupo de pesquisa. Com as réplicas dos fósseis, pudemos
contar, principalmente, a história da evolução humana e a
história da vida dos dinossauros. Os crânios de hominídeos
chamaram bastante a atenção dos visitantes, que puderam
tocar e perceber diferenças, como o tamanho de cada um,
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medida que indica a habilidade de processar informações e
fornece pistas das condições ambientais em que nossos
ancestrais viviam. Na apresentação dos fósseis, usamos um
esquema impresso que mostrava os eventos sucessivos de
ramificação que representam o surgimento das diferentes
espécies de hominídeos a partir de espécies pré-existentes. Isso
esclareceu a teoria darwinista de que os seres vivos partilham
ancestrais comuns e que uma boa representação da evolução
não é uma sequência linear de espécies, como se houvesse um
progresso ou melhoramento a ser alcançado, mas sim a de uma
árvore em que todos os galhos estão conectados entre si
(MEYER; EL-HANI, 2005, p. 35).
Em sentido mais amplo, como a evolução dos seres vivos
está acoplada às mudanças no ambiente físico-químico, isto é,
as próprias atividades dos organismos, também, têm efeito nas
transformações do ambiente, abordamos as mudanças na Terra.
Esse foi o “gancho” para falar sobre quando, há mais ou menos
100 milhões de anos atrás, o mundo era dominado por grandes
répteis, na terra e no mar. Pegadas fósseis em exposições
rochosas, depósitos fossilíferos com dentes e garras evidenciam
essa história. Na oficina, os dentes e as garras do Tiranossauro
rex, um terópode (dinossauro carnívoro), animaram a todos,
revelando surpresa com as enormes proporções, em que apenas
o crânio, por exemplo, pesava mais de 270 quilos e possuía
cerca de 60 dentes serrilhados e pontiagudos. Entretanto, esse
foi um animal que ficou para trás, na história da vida na Terra,
devido a um evento catastrófico há cerca de 66.043.000 de
anos. Esse caso serviu para explicar que um evento imprevisível
(impacto de um asteroide gigante que acertou a Terra) pode pôr
fim às espécies viventes, apesar de todas as adaptações que
lhes favoreçam, o que evidencia a importância do acaso nos
processos evolutivos.
Materiais utilizados
Utilizamos: crânios de Australopithecus afarensis, A.
sediba, Homo Erectus, H. heidelbergensis, H. neanderthalensis,
H. sapiens, réplica de Archaeopteryx lithographica, ovo de
dinossauro (Oviraptor), inseto em âmbar, crânio de Smilodon
fatalis, crânio de Velociraptor, garra de Tiranossauro rex, dente
de T. rex.
Conceitos envolvidos
Abordamos os conceitos: criacionismo, evolucionismo,
tempo geológico, seleção natural, adaptação, especiação,
extinção, grande cadeia dos seres vivos, narrativa lamarckista,
narrativa darwinista, ancestralidade comum e divergência
evolutiva, hierarquia genealógica, metáfora da árvore.
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Figura 9. Oficina relacionada à temática “Evolução Biológica”
com réplicas de fósseis
Nas oficinas, notamos que os alunos, ao entrarem em
contato com os materiais biológicos, puderam desenvolver
algumas habilidades, sumarizadas abaixo:
Incentivo à criatividade e à curiosidade: a
criatividade está atrelada à imaginação. Ao
desenvolver novos pensamentos, ideias, sobre o
tema exposto, os estudantes estão desenvolvendo o
seu processo criativo. Dessa perspectiva, a abertura
para novos conhecimentos estimula a curiosidade
que é fundamental para o aprendizado;
Observação: Observar é reparar com atenção,
analisar, estudar. Assim, ao entrar em contato com
os materiais, foi manifestado maior interesse e
motivação para o aprendizado;
Destreza manual: O contato com a lupa, para
observar a morfologia das aranhas e herpetofauna,
proporcionou o desenvolvimento da coordenação
motora e visual, intimamente ligada à destreza
manual;
Linguagem oral: O ouvir e o falar, na conversa
informal durante a aplicação das oficinas, fogem da
abordagem sistemática da escola, em que, na
maioria das vezes, o aluno apenas escuta.
Entendemos que o desenvolvimento da linguagem
oral prepara o aluno para a linguagem escrita;
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Compreensão da diversidade biológica: A
compreensão da diversidade biológica se deu por
meio da experimentação (observar, manipular,
indagar, etc). Por isso, a prática no estudo de
processos ecológicos é um aspecto relevante na
construção do conhecimento teórico.
Ao visualizar os objetos de estudo, o estudante pode
entender melhor o assunto, pois o que está sendo observado
pode ser tocado e manipulado, o que permite que, a partir da
observação concreta, possa se imaginar explicações. Desta
forma, os estudantes podem deixar de fazer o simples papel de
ouvintes, comum no modelo tradicional de ensino, e engajar-se
em discussões motivantes.
Conclusão
O projeto Busão da Ciência envolveu a população em
geral, mostrando como as ciências explicam os fenômenos
naturais e, além disso, podem ajudar a resolver problemas do
cotidiano. Dessa forma, entendemos que o desenvolvimento de
atividades práticas como parte da educação não formal serve a
objetivos recreativos e de engajamento ativo necessário à
aprendizagem. Através deste projeto de educação não formal,
pudemos perceber que a extensão universitária, como é o caso
do Projeto Busão da Ciência do Agreste e do Sertão, é também
uma importante via de popularização das ciências. As
modalidades formal e não formal de educação devem ser mais
bem articuladas, e as universidades e seus professores,
pesquisadores e estudantes têm uma grande dívida social que
não pode ser esquecida ou desconhecida, a fim de que a
existência das instituições universitárias continue a ter sentido.
Agradecimentos: R.S.C. e N.M.J. dedicam este trabalho a
Letícia Mota do Carmo, quem nos acompanha em todos os
momentos, motivando-nos para o trabalho e para a vida.
Referências
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OLIVEIRA, J. C. Tópicos em Micologia Médica. 4. ed. Rio de
Janeiro: [s.n.], 2014. 230 p. Disponível em:
<http://www.controllab.com.br/pdf/topicos_micologia_4ed.pdf>
Acesso em: 2016.
________________________ 1 Para conhecer este debate, remetemos o leitor a Nunes-Neto et al., 2013.
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Sobre os autores
Cleverton da Silva
Andresa Reis Lima
Hugo Andrade
Juliana Prudente Souza Nascimento
Mateus Matos Ferreira
Mayara de Lima Mota
Nadja Kelly Barros
Narla Mota Júnior
Wesla Marcelina Dantas
Wildio Ikaro da Graça Santos
Graduando(a) em Ciências Biológicas do Departamento de
Biociências, Universidade Federal de Sergipe, Campus Prof.
Alberto Carvalho.
Ricardo Santos do Carmo
Professor do Departamento de Biociências, Universidade Federal
de Sergipe, Campus Prof. Alberto Carvalho. Av. Vereador
Olímpio Grande, s/n, 49500-000. Itabaiana, Sergipe, Brasil.
Pesquisador do Laboratório de Ensino, Filosofia e História da
Biologia (LEFHBIO), Instituto de Biologia, Universidade Federal
da Bahia, Rua Barão de Geremoabo, s/n, Campus Universitário
de Ondina, Salvador, Bahia, Brasil, 40170-115
E-mail: [email protected]
Biological expeditions on board of the bus
of science of wast land and backwoods:
articulating university, school and non-
formal learning spaces.
Abstract
In this paper, we present the thematic workshops biology
carried out as part of a university extension project of the
Federal University of Sergipe. The thematic workshops
conducted by higher education institutions are known by
the potential to improve the training of academics who
produce them, as well as to motivate the audience to
engage in an active way in learning important concepts.
In the project "Bus of Science", we approach the concept of
function applied in the context of the discourse on
biodiversity and ecosystem services. The debates held in
the workshops were the central focus of understanding the
potential consequences of biodiversity loss on ecosystem
services. A social dimension was considered when we
raise the ethical and moral issues involving human actions
that produce social and environmental degradation.
Keywords: Popularization of Science. Non-formal
education. Science teaching.