expansão e ocupação territorial

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EXPANSÃO E OCUPAÇÃO TERRITORIAL “Com este sangue e suor se enche e enriquece a cobiça insaciável dos que lá vão governar.”

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Page 1: Expansão e ocupação territorial

EXPANSÃO E OCUPAÇÃO

TERRITORIAL

“Com este sangue e suor se enche e enriquece a cobiça insaciável dos

que lá vão governar.”

Page 2: Expansão e ocupação territorial

A expansão e a ocupação do território brasileiro foram ocasionadas por diversos fatores, entre os quais destacam-se as atividades econômicas as expedições para a expulsão de estrangeiros, a busca das riquezas minerais e de índios para escravizar. Em 1750, com o tratado de Madrid, praticamente estavam delineados os contornos de nossas fronteiras atuais.

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“No estado do Maranhão, Senhor, Não há outro ouro nem prata mais que o sangue e suor dos índios: o sangue se vende nos que cativam e o suor se transforma em tabaco, no açúcar e nas demais drogas que os ditos índios se lavram e se fabricam. Com este sangue e suor se medeia a necessidade dos moradores; e com este suor se enche e enriquece a cobiça insaciável dos que lá vão governar (...) Desde o princípio do Mundo, entrando o tempo dos Neros e Dioclecianos, se não se executaram em toda a Europa tantas injustiças, crueldades e tiranias como executar a cobiça e a impiedade dos chamados conquistadores do Maranhão, nos bens, no suor, no sangue, na liberdade, nas mulheres, nos filhos, nas vidas e sobretudo nas almas dos miseráveis índios.”

VIEIRA, Padre Antônio. “Obras escolhidas”

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• A ocupação territorial brasileira foi realizada à custa de conflitos com a população nativa da colônia – os indígenas. O resultado foram milhares de índios desalojados, empurrados para o interior e, muitas vezes, escravizados ou mortos.

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Sertão nordestino: O gado abre caminho• Inicialmente o gado era criado nas fazendas de

açúcar, sendo utilizado n alimentação e também na força motriz nas atividades do engenho. Com o tempo, a criação desse “gado de quintal” tornou-se antieconômica, pois, além de os animais se embrenharem em meio ao canavial, estragando a plantação, exigiam uma grande área para pastagem, a qual daria muito mais lucro, se coberta de canaviais.

• Para a Coroa portuguesa interessava o aumento da exportação de cana-de-açúcar, mesmo que com isso o gado fosse levado para o interior. Por isso em 1701, o monarca português proibiu a criação de gado a menos de 10 léguas do litoral.

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• A busca de novas pastagens levou os fazendeiros de gado para o interior da atual região Nordeste, onde surgiram postos avançados de povoação no sertão. Duas regiões podem ser consideradas zonas de irradiação da pecuária. A primeira era Olinda, onde o gado se expandia para o interior de Pernambuco e Paraíba, daí espalhando-se pelos campos do Piauí e Maranhão. A criação de gado atendia a um marcado consumidor específico: os engenhos de açúcar.

• A segunda zona de irradiação era Salvador, na Bahia, em direção ao rio São Francisco e espalhando-se pelo seu vale. Essa região, conhecida como currais de dentro, desenvolveu-se em função do mercado consumidor surgido com a mineração.

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• A pecuária integrava os diversos centros econômicos brasileiros da época, pois era a única atividade voltada para o mercado interno. Serviu também para amenizar as disputas surgidas no seio da própria classe dominante, pois um senhor de engenho falido sempre tinha a possibilidade de se tornar fazendeiro de gado.

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Conquista do litoral norte do Pará

• Os franceses, depois de expulsos do Rio de Janeiro, passaram a ocupar regiões praticamente desabitadas do litoral norte da colônia. Com as ameaças de ocupação, o governo luso-espanhol promoveu expedições para ocupar e defender essas terras que hoje correspondem aos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Maranhão.

• Por vezes, as expedições luso-espanholas entraram em luta com os franceses, que apoiados pelos índios da região, dificultavam a missão das expedições. Data dessa época a fundação de várias fortalezas litorâneas que mais tarde viriam a ser importantes cidades. Em 1584, Frutuoso Barbosa fundava Filipéia de Nossa Senhora das Neves, atual João Pessoa, a capital da Paraíba. Em 1597, erguia-se Forte dos Reis Magos, atual cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte em 1613, mais um forte era inaugurado, o Forte de Nossa Senhora do Amparo, atual Fortaleza, capital do Ceará.

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• Mas coube aos próprios franceses a criação de uma vila, São Luís, a atual capital do Maranhão, onde conseguiram se fixar, residindo até 1615, quando foram definitivamente expulsos.

• A região da foz do rio Amazonas era um paraíso para os contrabandistas europeus. Não foi esse o único motivo, entretanto, que levou os luso-espanhóis a povoá-la. O temor de novas invasões estrangeiras e a intenção de explorar os ricos recursos naturais da região também foram fatores que impulsionaram o povoamento dessa área. Com estes objetivos, Caldeira Castelo Branco fundou, em 1615 no estuário do Amazonas, o Forte do Presépio, que deu origem a Belém, no atual estado do Pará.

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• Como os portugueses haviam perdido o monopólio do comercio com as Índias, a descoberta das especiarias brasileiras vinha preencher, pelo menos, em parte, esse vazio comercial. Entre as especiarias – as chamadas drogas do sertão – estavam: cravo-do-maranhão, canela, castanha-do-pará, cacau, urucum, tabaco silvestre, essências para perfume, resinas, plantas medicinais, etc.

• A obtenção desses produtos, entretanto, não era fácil: para o europeu, entrar na selva era quase impossível; sair dela com vida, então, era uma verdadeira proeza. Assim, para exercer esse tipo de atividade, o elemento mais indicado era sem dúvida o índio, que, além de conhecer as peculiaridades da vida na selva, sabia encontrar as drogas do sertão. Ele seria, conforme disse o historiador Fernando Reis o “nervo e [a] vida” dessa atividade.

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A expansão territorial além de Tordesilhas

• Durante o século XVII, o território brasileiro sofreu uma grande expansão para o interior, graças a dois tipos de expedições desbravadoras: entradas e bandeiras.

• À procura de riquezas minerais e índios para escravizar, os membros dessas expedições se embrenharam no interior da colônia. Costuma-se dizer que as entradas eram organizadas pelo governo, e as bandeiras, por particulares. Essa diferenciação não é totalmente correta, mas é a que mais se aproxima da realidade. As expedições que seguiam acompanhado o curso dos rios eram chamadas monções. As primeiras entradas foram organizadas logo após o descobrimento de nossas terras. Américo Vespúcio em 1504, enviou ao interior da colônia uma entrada, que partiu de Cabo Frio, e outras duas foram organizadas , por Martin Afonso de Sousa. Com a criação dos governos-gerais, muitas outras percorreram o interior brasileiro restringindo-se basicamente aos sertões baianos e ao Norte de Minas Gerais.

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• O centro irradiador das bandeiras, por sua vez, foi São Vicente, por motivos que se relacionam diretamente com a situação da lavoura canavieira dessa região. Apesar de ter sido pioneira na produção de açúcar, a capitania de São Vicente assistiu ao rápido declínio de seus engenhos. Muitos problemas contribuíram para isso, destacando-se o solo impróprio para o cultivo da cana e a maior distancia da metrópole, se comparada com Pernambuco.

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• Período do ouro de lavagem – A primeira fase do bandeirantismo foi motivada pela procura do ouro que se assentava no leito dos rios. Nessa fase, os bandeirantes não se afetavam muito da zona litorânea, descobrindo ouro de aluvião em Curitiba (Paraná) e em São Roque (São Paulo). Vilas e povoados surgiram nessa época, resultantes dessa expansão: Itanhaém, Iguape, Paranaguá, Curitiba e laguna.

• Período da preação ou caça ao índio – A produção agrícola brasileira aumentara no século XVII, crescendo assim a necessidade de mais mão-de-obra. Nessa época, a Holanda conquistara as principais praças fornecedoras de escravos da África, anteriormente dominadas por Portugal. Por essa razão, o tráfico de escravos negros atendia essencialmente o Nordeste, região em poder dos holandeses, embora o preço dos escravos aumentasse continuamente. Às outras regiões, os holandeses sequer ofereciam mão-de-obra escrava, limitando, portanto, a produção agrícola portuguesa na colônia.

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• Com isso, valorizava-se a mão-de-obra indígena, o que impulsionou o início da caça ao índio. A ação das expedições apresadoras centralizava-se nas missões jesuíticas, fazendas e onde os índios, catequizados pela Companhia de Jesus, viviam e trabalhavam. Esses índios “pacificados” eram presa fácil para os bandeirantes. Apesar da rebelião dos indígenas e da resistência organizada pelos jesuítas, muitas missões foram destruídas, entre elas Tape, Itatim e Guairá.

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• Foi nessa época que o bandeirante Raposo Tavares realizou o primeiro périplo interno do Brasil: saindo de São Paulo, dirigiu-se primeiramente para o Sul, depois subiu em direção ao Amazonas e, alcançando esse rio, navegou por ele até seu foz, no Atlântico. De

• Ciclo de sertanismo de contrato – Com a diminuição do ouro de lavagem e não conseguindo encontrar prata, os bandeirantes paulistas dedicaram-se a outra atividade: grandes proprietários pecuaristas, senhores de engenho e autoridade coloniais passaram a contratá-los para reprimir a resistência de tribos indígenas e de negros formadores de quilombos. Nessa atividade, destacou-se o quilombo dos Palmares, localizado no sul do atual estado de Alagoas, no limite com Pernambuco.

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• Período do ouro e dos diamantes – No final do século XVII, com a decadência da lavoura canavieira, os portugueses procuravam desesperadamente uma saída para a péssima situação econômica em que se encontravam. Foi assim que passaram a dar cobertura financeira às bandeiras que procuravam metais preciosos.

• Com a descoberta do ouro, as regiões de Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás efetivaram seu povoamento.

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O avanço ao Sul• Era do interesse português entender seus

domínios até a estratégica foz do rio da Prata, para controlar o mercado de couro e sebo da região.

• A Inglaterra, com grande influência sobre Portugal, incentivou os lusos, mas por outra razão: o contrabando do ouro espanhol, vindo das minas de Potosí (Bolívia).O ouro descia do rio da prata até o atlântico, onde era embarcado para a Europa. Assim, utilizando-se de seus aliados portugueses, os ingleses conseguiram a fundação, na foz do Prata, da Colônia do Sacramento, em 1680.

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• Em Buenos Aires, cidade de colonização espanhola localizada em frente ao Sacramento a noticia da presença dos portugueses causou péssima repercussão. Ocorreram vários conflitos locais e discussões diplomáticas. A mais importante resultou no Tratado de Madrid, em 1750. o brasileiro Alexandre de Gusmão defendeu Portugal, baseando-se no princípio uti possidetis, ita possideatis (“quem nunca possui de fato deve possuir de direito”).

• A resolução afirma no tratado de Madrid, entretanto, entregou a Colônia do Sacramento à Espanha e passou Sete povos das Missões, comunidade jesuítica a noroeste do Rio Grande do Sul para o território português. Os jesuítas, os comerciantes e todos os habitantes da região que se tornava propriedade lusitana revoltaram-se e se insuflaram os índios à luta. Desencadeou-se, então, a chamada Guerra Guaranítica.

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• A Colônia do Sacramento, bem ora não permanecendo com o Brasil, foi responsável foi responsável pelo início do povoamento da região Sul. A cidade de Porto dos Casais, mais tarde denominada Porto Alegre, foi fundada para povoar a região e garantir a posse de Sacramento.

• Com o tratado de Madrid, os contornos do Brasil tornavam-se mais definidos. A configuração geográfica determinada por esse acordo aproximava-se muito da atual. Apenas a anexação do Acre em 1903 e algumas pequenas modificações viriam a ser acrescentadas delineando nossas atuais fronteiras.

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