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EXMO. SR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO E. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO. URGENTE – ESTATUTO DO IDOSO ........, brasileiro, casado, engenheiro, portador da cédula de identidade RG n٥ ........... SSP/SP, inscrito no CPF sob nº ............, Carteira de Trabalho nº ......., série ..., nascido em ...., filho de ............., residente e domiciliado na Av.............., CEP ........., nesta Cidade e Capital do Estado de São Paulo, por seu advogado que esta subscreve (doc. 01), vem, respeitosamente, perante V. Exa., com fundamento nos arts. 485 do Código de Processo Civil e 836 da Consolidação das Leis do Trabalho, propor, AÇÃO RESCISÓRIA, COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA em face de ............., inscrita no CNPJ/MF sob nº ........, com sede na Av. .................., Planalto Paulista, CEP ........., pelos motivos de fato e de direito que passa a expor. I – DOS REQUERIMENTOS PRELIMINARES 1

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EXMO. SR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO E. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO. URGENTE – ESTATUTO DO IDOSO ........, brasileiro, casado, engenheiro, portador da cédula de identidade RG n٥ ........... SSP/SP, inscrito no CPF sob nº ............, Carteira de Trabalho nº ......., série ..., nascido em ...., filho de ............., residente e domiciliado na Av.............., CEP ........., nesta Cidade e Capital do Estado de São Paulo, por seu advogado que esta subscreve (doc. 01), vem, respeitosamente, perante V. Exa., com fundamento nos arts. 485 do Código de Processo Civil e 836 da Consolidação das Leis do Trabalho, propor,

AÇÃO RESCISÓRIA, COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA em face de ............., inscrita no CNPJ/MF sob nº ........, com sede na Av. .................., Planalto Paulista, CEP ........., pelos motivos de fato e de direito que passa a expor. I – DOS REQUERIMENTOS PRELIMINARES

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DOS BENEFÍCIOS DO ESTATUTO DO

IDOSO Conforme prova os documentos em anexo, o Autor tem mais de 60 anos e, portanto, faz jus aos benefícios do Estatuto do Idoso, instituído pela Lei nº 10.741 de 01/10/2003 (doc. 02). Assim, nos termos do art. 1.211-A do Código de Processo Civil, seu processo tem prioridade na tramitação em todas as instâncias. DO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA A assistência judiciária gratuita e integral ao hipossuficiente que comprovar tal fato constitui direito de qualquer pessoa, uma vez que alcançou o nível de garantia constitucional, conforme o artigo 5º, inciso LXXIV da Carta Magna. Segundo o Professor José Afonso da Silva os "direitos fundamentais do homem, além de referir-se a princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia política de cada ordenamento jurídico, é reservado para designar, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e instituições que ele concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas". Diante deste entendimento, a assistência judiciária gratuita e integral é um direito individual expresso, absolutamente explícito no artigo 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal, não podendo ser restringido ou suprimido por lei ordinária. No processo do trabalho, a Lei 1.060/50, que foi recepcionada pela nova ordem constitucional, disciplina a concessão da assistência judiciária é interpretada conjuntamente com a Lei 5.584/70. A restrição à concessão da assistência judiciária gratuita imposta por este dispositivo é inconstitucional sob dois aspectos.

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Por primeiro, por não ter sido recepcionado pela nova ordem constitucional, ao contrário da Lei 1.060/50 que está em perfeita consonância com o artigo 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal. Por segundo, por não ter o referido dispositivo constitucional restringido este benefício às pessoas físicas, excluindo as pessoas jurídicas. E neste sentido, julgado deste E. Tribunal em decisão da lavra do Ilustre Desembargador Sérgio Winnik.

TIPO: RECURSO ORDINÁRIO DATA DE JULGAMENTO: 16/06/2009 RELATOR(A): WILMA NOGUEIRA DE ARAUJO VAZ DA SILVA REVISOR(A): SERGIO WINNIK ACÓRDÃO Nº: 20090481431 PROCESSO Nº: 00017-2009-086-02-00-9 ANO: 2009 TURMA: 4ª DATA DE PUBLICAÇÃO: 03/07/2009 PARTES: RECORRENTE(S): José Carlos dos Santos RECORRIDO(S): Relacom Operação e Manutenção de Sistema EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. 1) OMISSÃO QUANTO AO ACORDO ENTABULADO NA PRIMEIRA AÇÃO. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. RECURSO GENÉRICO QUANTO AO TÓPICO. Recurso sem fundamentação, ou com razões recursais deficientes, é o mesmo que recurso genérico, petição inicial sem causa de pedir ou contestação por negação geral. Assim, não se conhece de recurso voluntário quanto ao tópico em que o recorrente não aponta pormenorizadamente as partes impugnadas da decisão recorrida, de modo a demonstrar a inexatidão, incoerência ou antijuridicidade do julgado impugnado. É o que se verifica no presente caso, em que o reclamante afirma pura e simplesmente que não agiu com intenção de atentar contra a dignidade da Justiça, deixando de apresentar elementos que afastem a penalidade aplicada com base nos arts. 17 e 18 do CPC. 2) JUSTIÇA GRATUITA. ISENÇÃO DE CUSTAS. Impositiva a norma constitucional inserta no art. 5º, inc. LXXIV, ao determinar que "o Estado prestará assistência jurídica e integral aos que comprovarem insuficiência de recursos". De acordo com a jurisprudência iterativa, notória e atual da SDI 1 do C. TST, firmada à luz das Leis nºs 1.060/50 e 7.115/83, essa prova se faz mediante simples declaração de insuficiência econômica, firmada pelo empregado, ou por procurador, ainda que sem poderes especiais (OJ nº 331), podendo ser solicitada em qualquer tempo ou grau de jurisdição, sendo desnecessária a assistência sindical. 3) GRATUIDADE DA JUSTIÇA. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. A litigância de má-fé não exclui a gratuidade da justiça, até porque a concessão do benefício não isenta o litigante de má-fé da multa que lhe é imposta a tal título. Recurso ao qual se dá provimento parcial, apenas para deferir os benefícios da gratuidade da justiça ao reclamante.

Ainda, vale transcrever, parcialmente, elucidativo artigo da lavra da ilustre magistrada - Wilma Nogueira de Araújo Vaz da Silva (Juíza togada do TRT/2ª Região, in site do TRT 2ª Região), merece ser parcialmente transcrito.

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Durante algum tempo, posicionei-me no sentido de que não constituiria prova idônea de insuficiência econômica a declaração de pobreza que não fosse prestada expressamente sob as penas da lei e sem menção à responsabilidade pelo teor declarado. Tratava-se de posicionamento que me parecia defensável à época, mas que vim a reconsiderar por uma compreensão melhor do inciso LXXIV do artigo 5º da Constituição Federal, à luz do qual passei a entender como impositivo o reconhecimento de suficiência perante simples declaração de impossibilidade financeira para arcar com as despesas processuais sem comprometer o próprio sustento e a sobrevivência familiar. Há algum tempo já que me alinho à corrente jurisprudencial defensora de que o citado dispositivo assegura a prestação, pelo Estado, de assistência jurídica aos que comprovarem insuficiência de recursos, bastando, para o cumprimento da única exigência constitucional, seja apresentado requerimento específico e a declaração de miserabilidade, ainda que em formato mecânico e na petição inicial. A Lei 7115/83, aliás, já autorizava o reconhecimento da prova documental de pobreza consistente em simples declaração firmada pelo próprio interessado ou por procurador bastante. O que se observa, na prática, é que as exigências formais restritivas do direito, em geral, limitam-se a invocar como fundamento dispositivos infraconstitucionais, privilegiando-os de modo a subverter a hierarquia das leis e reduzir à ineficácia o inciso LXXIV do art. 5º da Carta Magna.

De sua vez, a Lei 11.495 de 22/06/2007 deu nova redação ao caput do art. 836 da Consolidação das Leis do Trabalho exigindo o depósito prévio de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa para ações rescisórias trabalhistas. Todavia, como faz prova os documentos ora juntados, juntamente com a declaração de insuficiência de recursos, o Autor não tem condições de suportar as despesas e custas do processo, pena de comprometimento do seu próprio sustento e de sua família (doc. 03). Diante disso, nos termos da OS do TST 304, requer a concessão dos benefícios da justiça gratuita, incluindo a dispensa do depósito prévio para propositura da ação rescisória. AUTENTICIDADE DAS CÓPIAS QUE INSTRUEM A PRESENTE AÇÃO Nos termos do art. 365, inciso IV do Código de Processo Civil, o patrono do Autor declara, sob sua responsabilidade profissional que as cópias juntadas à presente ação foram extraídas dos documentos juntados aos autos da ação trabalhista, processo nº ...., em trâmite perante a 16ª Vara do Trabalho de São Paulo, sendo, portanto, cópias autênticas do referido processo.

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II - DOS FATOS A Requerida – ...... necessitava de engenheiro responsável para prestar serviços a empresas e participar de licitações públicas. Para tanto, firmou, em 03/03/2004, Contrato de Locação de Serviços de Responsabilidade Técnica, pelo qual o Autor obrigava-se a prestar serviços profissionais de responsabilidade técnica nas obras executadas pela Requerida, de segunda-feira a sexta-feira, das 12:00 hs às 18:00 hs, percebendo uma remuneração mensal de R$ 2.500,00 (dois e quinhentos reais) (doc. 04. Assim, foram emitidos os documentos necessários para registro junto ao CREA – Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, principalmente da ART – Anotação e Responsabilidade Técnica de nº .........., documento este indispensável a ser apresentado às empresas e órgãos para os quais a Requerida iria prestar serviços, responsabilidade esta mantida até 16/08/2007, conforme certidão do CREA (doc. 05). O documento correspondente à ART acima foi juntada nos autos da Medida Cautelar Inominada interposta pelo Autor, medida esta da qual desistiu posteriormente, aguardando o desentranhamento dos documentos nela juntados. Importante destacar que o Autor emitiu, do computador da Requerida, a ART nº ..., de sorte a constar como responsável técnico da Requerida. Embora a Requerida não tenha feito o registro de empregado na Carteira de Trabalho do Autor, no entanto, este assinou o Livro de Registro de Empregados, para apresentação ao CREA como comprovante de que era empregado da empresa. Na condição de responsável técnico da Requerida, o Autor realizou vistoria nas dependências da Presidência da República no dia 25/03/2004, conforme faz prova os documentos anexos Termo de Vistoria e Roteiro da Viagem (doc. 06).

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Na mesma condição e data, o Autor realizou vistoria nas dependências do Ministério dos Transportes, visando à participação da Requerida em concorrência realizada por aquele órgão (doc. 07). Cumpre destacar que por tais trabalhos o Autor não percebeu nenhuma remuneração da Requerida, apenas reembolso das despesas efetuadas. No entanto, em meados de 2007, o Autor veio a descobrir, ao consultar junto ao CREA, que outras ART´s foram emitidas, sem seu conhecimento, possivelmente utilizadas pela Requerida para outras empresas para as quais prestara serviços e era necessária a apresentação de ART – Anotação de Responsabilidade Técnica. Referidas ART´s, emitidas sem autorização e conhecimento do Autor são (doc. 08): ART Empresa favorecida/destinatária Data O Autor enviou correspondências para a Requerida e para o CREA informando da existência de ART´s, figurando como responsável técnico da empresa, sem que efetivamente o fosse (doc. 09). Incontinente, em 31/08/2007, providenciou a baixa das ART´s junto ao CREA (doc. 10). Em suma, o Autor permaneceu como responsável técnico da Requerida, perante o CREA, até 31/08/2007, conforme certidão do CREA. Questionada a Requerida sobre as ART´s, porquanto emitidas sem autorização do Autor, tentou-se uma composição amigável, conforme minuta de acordo que seria homologado pelo Tribunal Arbitral de São Paulo (doc. 11). Porém, referido acordo não foi concluído e formalizado por aquele Tribunal de Arbitragem, devido à recusa da árbitra em homologá-lo, porquanto a questão envolvia falsidade ideológica (doc. 12).

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Nessas circunstâncias, o Autor contratou advogado que propôs Reclamação Trabalhista, pleiteando, na inicial vínculo empregatício do Reclamante com a Reclamada pelo período de 03/03/2004 a 31/08/2007, tempo este que o Reclamante, ora Autor, figurou no CREA como responsável técnico da Reclamada, ora Requerida, além de outras verbas daí decorrentes (doc. 13). Na audiência de instrução o Autor depôs confirmando que não fora empregado da Requerida e que no Tribunal Arbitral o acordo não fora homologado, dentre outras razões, por envolver falsidade ideológica (doc. 14). A Reclamada contestou ação e alegou que o Reclamante prestara serviços apenas por curto período de tempo, isto é, por poucos dias e que os documentos juntados, eram falsos, principalmente as ART´s (doc. 08) acima referidas, porquanto não foram emitidas por ela (empresa) (doc. 15). Também noticiou que o Contrato de Locação fora rescindido, juntando cópia de AR pelo qual fora entregue ao Autor uma suposta comunicação da rescisão, cuja assinatura o Autor nega ser sua (doc. 16). Cumpre frisar que a assinatura aposta no AR não é de próprio punho do Autor, ou seja, não foi quem assinou. Mas não juntou cópia da notificação, ou seja, referido AR poderia se referir a qualquer outro documento. Juntou cópia de carta enviada ao CREA comunicando o desligamento do Autor do seu Quadro de responsável técnico (doc. 17). Juntou cópias comprovando o pagamento das despesas com a audiência realizado no Tribunal Arbitral (doc. 18) e da notificação ao CREA pedindo o desentranhamento de toda documentação de nomeação do Autor como seu responsável técnico (doc. 19). O que chama a atenção é que tal providência só foi tomada em Setembro de 2008, ou seja, até então o Autor, pelo menos perante o CREA, era o responsável

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técnico da empresa e todas as ART´s emitidas o seriam em seu nome. Convertido o julgamento em diligência, foi expedido ofício ao CREA para prestar esclarecimentos sobre emissão on line das ART´s, tendo aquela autarquia se limitado a informar que a senha utilizada pelos profissionais é pessoal e que a ART para ter validade precisa ter a assinatura do profissional responsável (doc. 20). Apenas o Requerido (Reclamante) se manifestou sobre a informação prestada pelo CREA (doc. 21). Diante do depoimento do Reclamante e da informação recebida do CREA, a d. magistrada de primeira instância julgou a ação improcedente e condenou o Reclamante em litigância de má-fé em 5% (cinco por cento) do valor da causa, além de suportar as custas judiciais (doc. 22). Interpostos recursos, restaram prejudicados por deserção, em razão do Autor não ter pleiteado na inicial os benefícios da justiça gratuita (doc. 23). Atualmente o processo encontra-se em fase de execução da sentença, tendo sido expedido mandado de citação para o Autor pagar a condenação, citação esta ocorrida em 02/03/2010 (doc. 24). Todavia, referida decisão não deve nem pode prosperar, pelas seguintes razões, as quais serão provadas e demonstradas na presente ação rescisória: 1ª) A real e verdadeira pretensão do Reclamante, ora Autor, era perceber a

remuneração pelos serviços prestados, ou, o equivalente a um mês de prestação de serviços, em razão das vistorias técnicas realizadas;

2ª) As ART´s (doc. 08) NÃO FORAM FALSIFICADAS PELO

RECLAMENTE; 3ª) Além das alegações da Reclamada não terem consistência e lógica, HÁ

DOCUMENTO NOVO, DO QUAL O AUTOR TEVE CONHECIMENTO DEPOIS DA SENTENÇA, SENÃO PROVANDO, NO MÍNIMO, INDICIANDO DE QUE AS SOLICITAÇÕES DE ART´s, REQUERIDAS JUNTO AO CREA FORAM FEITAS PELA

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RECLAMADA (REQUERIDA) SEM CONHECIMENTO E AUTORIZAÇÃO DO RECLAMANTE (AUTOR).

E a prova de que não foi o Autor quem emitiu as ART´s, em seu nome, mediante pedido on line junto ao CREA, será apurada no curso da instrução processual. Em suma, o Autor admite e reconhece não ter tido vínculo empregatício com a Requerida, porém não percebeu a remuneração pelo serviço prestado. Entretanto, não se conforma com a condenação em litigância de má-fé, ainda mais sob acusação de ter gerado documentos falsos (ART´s), notadamente porque é um profissional graduado em engenharia, e jamais se arvoraria em tal expediente, isto é, emitir documento não verídico relativo à sua responsabilidade profissional. Em que tudo isso pese, o fato é que o Autor está sendo executado, podendo sofrer com as consequências daí decorrentes. Repetindo, o Autor foi condenado em litigância de má-fé por ter feito pedido de vínculo empregatício e se utilizando de documentos supostamente por ele falsificados. Ocorre que o Autor, em seu depoimento, foi absolutamente honesto e verdadeiro ao afirmar que não foi empregado da Requerida, a não ser pelo período correspondente aos serviços prestados. Porém, em razão do contido na inicial, a d. magistrada entendeu que o Autor agira de má-fé. Noutras palavras, a d. magistrada deu mais crédito ao contido na inicial elaborada por seu advogado, sem seu conhecimento, do que nas próprias palavras no Autor. Aliado a isso, a d. magistrada acreditou que as ART´s juntadas haviam sido falsificadas pelo Autor, em razão de informação recebida do CREA.

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Mas, não considerou que o Autor não tinha absolutamente nenhum motivo para agir de tal modo, sobretudo, pondo em dúvida sua integridade profissional. Embora não requerido, pelo menos para ratificar o que foi dito pelo CREA, bastava oficiar as empresas para as quais as supostas ART´s haviam sido emitidas, determinando a apresentação de tais documentos e confirmação da existência de prestação de serviços entre a Requerida e ditas empresas. Afinal, é do conhecimento geral e comum que milhões de senhas são capturadas e utilizadas, diariamente, pela Internet, com propósitos ilícitos. Além disso, é comum o próprio sistema operacional do computador pelo qual é feita a transação ou operação indagar ao usuário se pretende armazenar a senha utilizada, de modo a facilitar sua guarda. Portanto, não é de todo impossível que a senha do Autor, para acesso ao CREA, tivesse sido capturada e armazenada no computado da Requeria (Reclamada) e utilizada para emissão das ART´s falsas. Deve ser ressaltado que o Autor não tem provas de que as indigitadas ART´s foram emitidas pela Requerida, mas, por outro lado, se foi condenado em litigância de má-fé por tais documentos, sem que tenha sido ele o autor da supostas emissões, legítimo, portando seu direito de averiguar, no curso da presente ação, quem afinal emitiu tais ART´s, presumivelmente utilizadas pela Requerida em serviços prestados para as empresas indicadas nas ART´s. IV – DOS FUNDAMENTOS DE DIREITO A Ação Rescisória prevista no art. 485 do Código de Processo Civil teve sua aplicação estendida para o direito processual do trabalho através do art. 836 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, com nova redação dada pela Lei 11.495/07. Desta feita, com fundamento no art. 836 da CLT, combinado com o art. 485, incisos III, VI, VII e IX, do Código de Processo

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Civil, propõe a presente ação rescisória com o objetivo de anular o julgado proferido pela d. Magistrada de primeira instância, na ação trabalhista, processo nº ........, em trâmite perante a r. ..ª Vara do Trabalho de São Paulo. Assim, destaca o Autor, cada um dos incisos do art. 485 do Código de Processo Civil que embasa o presente pedido. III – resultar de dolo da parte vencedora em

detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;

A Requerida, presumivelmente, utilizando de senha pessoal do Autor, aproveitando-se de quando este emitiu a primeira ART, no computador da Requerida, emitiu mais as ART´s de números ........, .........., ............... e ............., para uso próprio, em razão de prestação de serviços para outras empresas (doc. 08). Segundo consta das próprias ART´s, tais documentos foram emitidos para serem apresentadas às empresas ..........., ..............., .................., possivelmente pela Requerida, para comprovar que possuía responsável técnico, condição esta exigida na execução dos serviços. Portanto, se tais empresas realmente se utilizaram dos serviços da Requerida, com exigência de ART, não restará dúvida de que foi a Requerida quem emitiu as ART´s. Afinal, que interesse teria o Autor em emitir as indigitadas ART´s com descrição de serviços incompatíveis com as responsabilidades técnicas de sua especialidade? Porque razão emitiria tais ART´s, para as empresas acima referidas, como responsável técnico da Requerida, se tal farsa seria facilmente comprovada, mediante declaração das empresas de que não se utilizaram dos serviços da Requerida e nem exigiram tais ART´s?

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Além disso, as alegações da Requerida não têm lógica e coerência. Por primeiro, afirmou ter notificado o Autor sobre a rescisão do contrato de trabalho, porém juntou um AR (Aviso de Recebimento), sem juntar cópia da suposta notificação. Por segundo, o Autor, além de confirmar não ter recebido tal notificação, alegou que a assinatura posta no documento não era de seu próprio punho, ainda assim não juntou aos autos a suposta notificação. Por terceiro, a Requerida alegou que notificara o CREA informando da desvinculação do Autor, como seu responsável técnico, no entanto tal comunicação só foi realizada em Setembro de 2008, ou seja, mais de 4 (quatro) anos depois de quando o Autor fora desligado da empresa como seu responsável técnico. Por quarto, a comunicação feita pela Requerida (doc. 17) e supostamente entregue ao CREA em 08/04/2004 é duvidosa, porquanto o procedimento adotado não é o regular para tal providência, tanto assim que o CREA não a levou em consideração, porque o Autor permaneceu como responsável técnico, perante aquela autarquia até 31/08/2007. E nem se diga que a utilização de senha pessoal do Autor, por agentes da Requerida, seria impossível, de vez que, é do conhecimento geral, senhas são facilmente capturadas e armazenadas em computadores. O próprio sistema operacional utilizado, notadamente o Windows, sempre pergunta ao usuário se pretende que o sistema armazene a senha. E há inúmeros softwares criados e desenvolvidos para capturar senhas utilizadas por incautos, para fins ilícitos. Em suma, a apuração com relação às emissões das ART´s provará que a Requerida agiu com dolo e má-fé, saindo-se vencedora na reclamação trabalhista, a justificar o embasamento desta ação no inciso III do art. 485 do Código de Processo Civil.

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VI – se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal, ou seja, provada na própria ação rescisória;

Repetindo, tudo indica que a Requerida (Reclamada) emitiu as ART´s para uso próprio, utilizando a senha do Autor, senha esta mantida no computador da empresa, quando o Autor emitiu a primeira ART de nº .................... Não é, pois, de todo descabido presumir, que a Requerida emitiu as demais ART´s, para prestar serviços para as outras empresas. E tais fatos serão devidamente apurados e comprovados mediante requisição, para as empresas beneficiárias das ART´s de cópias de tais documentos e contratos de prestação de serviços eventualmente assinados com a Requerida, bem como a requisição ao CREA do número do(s) IP(s) (Internet Protocol) pelos quais foram solicitadas a emissão das ART´s, de acordo com a previsão contida nos artigos 360, 361 e 362 do Código de Processo Civil. Desta feita, requer o Autor, nos termos do art. 492 do Código de Processo Civil, a remessa dos autos desta ação para o juízo da ....ª Vara do Trabalho de São Paulo, para as providências abaixo. a) expedição de ofícios às empresas beneficiárias das ART´s, para

apresentação de tais documentos e posterior verificação, utilização e da sua autenticidade, notadamente quem assinou em nome do Autor, mediante perícia grafotécnica;

b) expedição de ofício ao CREA para que informe o(s) endereços do(s) IP´s

(Internet Protocol) pelos quais foram solicitadas as emissões on line das ART´s;

c) expedição de ofício ao CREA para que apresente cópias das guias

relativas ao pagamento das taxas para emissão de cada uma das ARTS´s;

d) De posse da informação prestada pelo CREA, requer a expedição de

ofícios para a Fapesp, Telefônica (Speedy), Embratel e Globo (Net Vírtua) requisitando informações sobre os computadores, usuários e titulares dos IP´s (Internet Protocol).

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De acordo com os dados constantes das indigitadas ART´s, as requisições deverão dirigidas as seguintes empresas: 1) ; 2) ; 3) ; 4) Requer, o Autor, que os ofícios sejam acompanhados de cópias dos documentos (doc. 08), bem como seja solicitada cópia de eventual contrato de prestação de serviços firmados com a Requerida. De posse de tais informações, será apurada se as ART´s foram emitidas, se alcançaram as finalidades para as quais foram emitidas, por quem e quem assinou tais documentos, mediante perícia grafotécnica nas assinaturas das ART´s. Requer, ainda, o Autor a expedição de ofício ao CREA para que informe a este juízo os números dos IP´s (Internet Protocol) dos quais partiram as solicitações de cada uma das ART´s (doc. 08). Para cada ART emitida deve ser paga uma taxa ao CREA, variável de acordo com o valor do contrato, da obra para a qual será emitida. Se as indigitadas ART´s foram realmente emitidas certamente foram pagas as taxas devidas e exigidas por aquela autarquia. Diante disso, requer o Autor que do ofício a ser expedido ao CREA sejam requeridas cópias das guias referentes aos pagamentos das taxas pela emissão das ART´s. Com base nas informações prestadas pelo CREA, poderá ser averiguado de que (quais) computador(es) partiu(ram) a(s) solicitação(ões) das ART´s e quem, como e onde foram pagas as taxas devidas.

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Refuta-se desde já quaisquer alegações no sentido de que as informações requeridas implicam em violação de privacidade, ou manutenção de sigilo profissional, comercial ou de qualquer natureza. Com efeito, as ART´s foram emitidas constando o nome do Autor e seu número de registro no CREA como o responsável técnico para as finalidades pretendidas. Foi condenado por litigância de má-fé por supostamente ter emitido tais documentos. Ora se tais documentos existem, dizem-lhe respeito, portanto, tem legítimo interesse o Autor em averiguar sua idoneidade. De mais a mais, segundo o art. 341, inciso II, compete ao terceiro exibir documento ou coisa que estiver em seu poder. VII – depois da sentença, o autor obtiver

documento novo, cuja exigência ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;

Em Janeiro de 2009 o Autor foi averiguar se havia outras ART´s emitidas em seu nome, bem como providenciar documentos para atualizar seus dados cadastrais junto ao CREA, tomando conhecimento do documento de dados cadastrais (doc. 25). Frise-se que o Autor tomou conhecimento deste documento após a sentença proferida pela d. Magistrada de primeira instância. Notou, todavia, que no seu cadastro, constava como endereço de e-mail o da Requerida, ou seja, [email protected] (doc. 25). Ora, causa espécie constar tal informação em seu cadastro junto ao CREA. Se o Autor não era o responsável técnico da empresa, porque razão informaria o e-mail da empresa?

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Se o Autor havia prestado serviços para a Requerida, apenas em Março de 2004, e só veio a descobrir a existência de outras ART´s (falsas) em meados de 2007, não se revela razoável tenha ele feito constar em seu cadastro e-mail da empresa. Se o Autor em Julho e Agosto de 2007 providenciou a baixa das ART´s falsas, não tem lógica, bom senso, razões e motivos para que fizesse constar o e-mail da empresa no seu cadastro junto ao CREA. Seria, sem dúvida, senão estultice, burrice pura e simples. Evidente, pois, haver, no mínimo, dúvida razoável de que foi a própria Requerida (Reclamada) quem acessou o cadastro do Autor junto ao CREA para emissão das ART´s falsas e indicado seu próprio e-mail. Sendo assim, a expedição de ofício para o CREA para que informe o número de IP (Internet Protocol) do(s) computador(es) de onde partiram solicitações de cadastro do Autor, abrangendo as solicitações das ART´s e de alterações de cadastros comprovará os fatos alegados pelo Autor. A requisição àquela autarquia de cópias das guias relativas às taxas pagas para emissão das ART´s, também, deverão facilitar a apuração de quem emitiu tais ART´s. Em suma, será constatado que, senão foi a Requerida quem manteve contato on line com o CREA, para obtenção e emissão de ART´s em nome do Autor, na pior das hipóteses, identificará de que equipamento partiram tais requisições. IX – fundada em erro de fato, resultante de atos

ou de documentos da causa. A r. Sentença rescidenda foi fundada em erro de fato, resultante de documentos da causa, porque entendeu a d. Magistrada que o Reclamante (Autor) falsificara as ART´s para pleitear vínculo empregatício.

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Conforme será provado, tais documentos não foram falsificados pelo Autor. E o pedido de vínculo empregatício foi feito por equívoco e sponte própria do advogado do Reclamante na inicial da reclamação trabalhista. Com efeito, o Autor pretendia receber apenas as remunerações pelos serviços prestados, acreditando ter havido entendimento equivocado por parte do seu advogado ao formular pedido de vínculo empregatício. Ora, o Autor prestou serviços para a Requerida apenas por poucos dias, mas prestou, não importa se por um ou dois dias, conforme reconhecido pela própria Requerida (Reclamada). Na verdade, na condição de engenheiro responsável e credenciado junto ao CREA realizou apenas os trabalhos de vistorias noticiadas. E por tais serviços, não recebeu a remuneração avençada no contrato de prestação de serviços. Só pretendia isso. Ou seja, apenas receber a remuneração por tal serviço. E foi o que disse em seu depoimento. Enfim, foi honesto. Ademais, há de se convir que o Autor (Reclamante) não agiu contra a dignidade da justiça ou de modo temerário, pois, as provas sobre as quais foi condenado como litigante de má-fé não são irrefutáveis. O fato de seu advogado ter pleiteado vínculo empregatício, pelo período indicado e demais verbas trabalhistas fugia ao seu alcance, do contrário não deporia em sentido oposto. Demais a mais, “a condenação por litigância de má-fé, quando inexistente prova irrefutável das

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condutas dolosas tipificadas no artigo 17, do Código de Processo Civil, caracteriza desrespeito ao princípio do livre exercício do direito subjetivo de ação, inserto na Constituição Federal de 1988”, assim dito no voto proferido pela I. Relatora Dra. Dora Vaz Trevino, no acórdão 2009018093, deste E. Tribunal. Em suma, a condenação em litigância de má-fé fundou em clarividente erro de fato ao inverso, isto é, PORQUE O RECLAMANTE FOI HONESTO. Não se pode, portanto, condená-lo em litigância de má-fé, só em razão dos pedidos feitos por seu advogado, e sem provas cabais de que tenha agido de má-fé utilizando-se de documentos falsos, tencionando obter vantagem indevida.

CONFUSÃO DE DATAS. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NÃO CARACTERIZADA. O fato de a petição inicial informar data diversa da declarada pelo autor em depoimento pessoal não exsurge como litigância de má-fé, eis que não há como se presumir que tal contradição tenha decorrido de dolo da parte, passível de penalização. A diversidade das datas informadas bem pode ser creditada a um mal entendido, lacuna da memória do autor, ou engano ao redigir-se a petição inicial, não havendo elementos que autorizem a conclusão de que as informações dissonantes tenham decorrido do animus do demandante de induzir o Juízo a erro. Nem mesmo se pode aquilatar se a data informada em depoimento pessoal seja a verídica, uma vez que o engano pode ter ocorrido frente ao Juízo, quando é normal algum nervosismo e confusão do depoente. Nesse contexto, afasta-se a litigância de má-fé (TIPO: RECURSO ORDINÁRIO DATA DE JULGAMENTO: 09/10/2007 RELATOR(A): RICARDO ARTUR COSTA E TRIGUEIROS REVISOR(A): SERGIO WINNIK ACÓRDÃO Nº: 20070881388 )

LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. CARACTERIZAÇÃO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. As partes devem proceder sob o primado da lealdade processual e da boa-fé, expondo os fatos conforme a verdade e abstendo-se de formular alegações infundadas (art. 14, CPC). É dever do Juiz reprimir não apenas os incidentes infundados que protelam o feito, mas também, as alegações enganosas, suscetíveis de produzir danos à parte. Preliminar de carência, argüida contra a evidência documental, com o indisfarçável escopo de enganar o Juízo, obtendo vantagem processual indevida (quitação com eficácia liberatória total), caracteriza a mala fides (art. 17, CPC), não havendo como absolver a reclamada da respectiva indenização (arts 16, 18, CPC) bem aplicada pelo Juízo a quo. (RECURSO ORDINÁRIO DATA DE JULGAMENTO: 27/04/2004 RELATOR: RICARDO ARTUR COSTA E TRIGUEIROS REVISOR(A): SERGIO WINNIK ACÓRDÃO Nº 20040201621)

V - DO PEDIDO DE NOVO JULGAMENTO

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Em sua contestação, a Requerida (Reclamada) reconheceu que o Autor (Reclamante) prestara serviços para ela, pelo menos por poucos dias. E efetivamente o Autor (Reclamante) prestou serviços para a Requerida (Reclamada) realizando as vistorias informadas. Para figurar como responsável técnico, o CREA exige que o profissional tenha contrato formalizado de prestação de serviços com a empresa interessada. Praticamente em todas as licitações e em vários contratos celebrados com empresas do setor privado, exige-se que o responsável técnico seja empregado da concorrente ou da prestadora dos serviços. Embora a Requerida (Reclamada) não tenha impugnado e juntado aos autos, o Autor (Reclamante) assinou o Livro de Registro de Empregados da empresa. A propósito, requer o Autor, nos termos do art. 358, do Código de Processo Civil, seja determinado à Requerida a apresentação do Livro de Registro de Empregados da empresa. Portanto, pelo menos por pouco dias, o Autor (Reclamante) foi empregado da Requerida (Reclamada), conforme reconhecido por ela. Diante disso, com fundamento no art. 488, inciso I, do Código de Processo Civil, requer o Autor a rescisão da sentença proferida, e, concomitantemente, novo julgamento do feito, para o fim de condenar a Requerida em pagar a remuneração devida referente ao período de 03/03/2004 a 03/04/2004. Todavia, se este E. Tribunal assim não entender, espera o Autor a anulação da sentença rescindenda, no que tange a condenação do Autor (Reclamante), como litigante de má-fé, bem como no pagamento das custas processuais e multa de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa, porquanto não agiu de má-fé e tampouco falsificou documentos com propósitos ilícitos. Em suma, não praticou nenhum ato contra a dignidade da justiça.

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VI - DO PEDITO DE TUTELA ANTECIPADA Inicialmente, deve ser informado o Autor propôs Medida Cautelar Inominada para o fim de suspender a execução da sentença, porém, o ilustre Desembargador indeferiu a liminar, com despacho vazado nos seguintes termos:

Vistos etc. 1 - Indefiro a liminar. 2 - Colham-se as informações da autoridade apontada como coatora.

Ora, data maxima venia, referida decisão não guarda coerência com a ação proposta, porquanto não se trata de mandado de segurança. Contudo, tendo em vista que o Autor já está sendo executado, conforme assinalado, desistiu da Medida Cautelar de vez que, até pela demora na sua apreciação, perdeu eficácia; restou inútil. De outra banda, cumpre destacar, o Autor não está pretendendo desconstituir a sentença rescidenda, por meio desse pedido de tutela antecipada. Pretende, por ora, apenas suspender a execução, cuja retomada deverá ser feita caso a presente ação seja julgada improcedente. O Autor já foi citado da execução, conforme faz prova o mandado entregue em 03/03/2010 (doc. 24). Embora não possua recursos financeiros e bens para suportar tal encargo, conforme demonstram os documentos juntados para comprovar o pedido de gratuidade judiciária, contudo, certamente o Autor poderá ter contas bancárias bloqueadas, ainda que com parcos e poucos recursos. Há, portanto, fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação a ser suportado pelo Autor.

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De outra vista, sem dúvida, não há perigo de irreversibilidade do provimento antecipado, de vez que a execução poderá ser retomada, caso a decisão desta ação lhe seja desfavorável. Patente, pois, a verossimilhança das alegações do Autor, bem assim os documentos ora juntados, aliados às provas a serem produzidas, inquestionavelmente, atendem os requisitos insertos no art. 273 do Código de Processo Civil, para concessão da tutela antecipada. Isto posto, requer o Autor, a concessão de tutela antecipada para o fim de suspender a execução do julgado, em andamento perante a r. 16ª Vara do Trabalho, até decisão final a ser proferida nesta ação, com expedição de ofício àquela Vara do Trabalho determinando a suspensão da execução.

TIPO: AÇÃO RESCISÓRIA DATA DE JULGAMENTO: 05/11/1998 RELATOR(A): MARIA APARECIDA PELLEGRINA REVISOR(A): MIGUEL GANTUS JUNIOR ACÓRDÃO Nº: 1998018280 PROCESSO Nº: 00231/1998-7 ANO: 1998 TURMA: SDI DATA DE PUBLICAÇÃO: 04/12/1998 PARTES: AUTOR(S): ARON ALCALAY RÉU(S): MARIA DA SILVA SANTOS EMENTA: I - ANTECIPAÇÃO DE TUTELA NOS AUTOS DE AÇÃO RESCISÓRIA. INTELIGÊNCIA DO ART. 273, DO CPC - PEDIDO DEFERIDO EM CARÁTER EXCEPCIONAL. O Magistrado não pode e não deve permanecer inerte às situações que se lhe revelam, através da análise e dos provimentos jurisdicionais a ele submetidos. Tanto é verdadeira essa assertiva, que o Código de Processo Civil remonta a 1939, sendo reformado em 1973, e, ante à mutabilidade das relações sociais, foi modernizado no decorrer dos anos, de forma a adaptar-se à realidade cotidiana. Tanto mais, o legislador, atendendo às necessidades e complexidades, introduziu alterações no art. 273, do mesmo Diploma Legal. Registre-se que para o deferimento da antecipação de tutela, são necessários certos requisitos, quais sejam: a) a existência de prova inequívoca, que não permite equívoco ou dúvida; b) o convencimento da verossimilhança, ou prova "prima facie", que repousa na equivalência ao Juízo da aparência da verdade; c) receio de dano irreparável, ou de difícil reparação; d) a caracterização de abuso de direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu. O caso dos autos é, precisamente a hipótese ora tratada, registrando-se que o pedido de antecipação de tutela, que restou deferido, cingiu-se especificamente para obstar os efeitos de eventual hasta pública, ou levantamento de valores, sob o fundamento de se combater o vício emergente de insanável nulidade de citação, colimando, assim, inibir o risco de dano irreparável. Sendo, pois, a Ação Rescisória nova ação, de rito próprio, rejeita-se a aventada impossibilidade jurídica do pedido. II - AÇÃO RESCISÓRIA. REVELIA - AFRONTA AO PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. NULIDADE DA CITAÇÃO INICIAL. PROCEDÊNCIA DECRETADA. Demonstrado que à época da citação, o autor não mais residia no endereço fornecido pela ré, em virtude da dissolução do matrimônio, vindo o acionante a ter ciência da ação contra ele intentada e da sentença já transitada em julgado, quando de sua manifestação aos cálculos

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apresentados pela ré, e, na primeira oportunidade, argüiu a nulidade da citação, e "ad cautelam", procedeu à impugnação da conta. A ausência de pressupostos processuais ou a presença daqueles negativos, pode ser argüida a qualquer tempo e grau de jurisdição (CPC, art. 267, parágrafo 3º), desde que antes de publicada a sentença de mérito. No entanto, se o processo corre à revelia - como se deu na hipótese"sub examinis", e chega à execução, a argüição somente será conhecida quando de interposição dos embargos à execução (art. 741, I, do CPC). Privado o autor do direito de defesa, deve ser declarada a nulidade do processo a partir da citação inicial e determinado o regular processamento daquela ação. Ação rescisória julgada procedente.

VII - DOS PEDIDOS FINAIS Ante todo o exposto requer o Autor, primeiramente, o deferimento dos pedidos preliminares, bem assim a concessão da tutela antecipada na forma retro requerida. Outrossim, requer o Autor seja julgada a presente ação totalmente procedente para o fim de rescindir a sentença proferida pela d. Magistrada da ..ª Vara do Trabalho, na ação trabalhista, processo nº ..........., promovida por ............, em face de ............., com o proferimento de outra decisão, para julgar a ação procedente, em parte, para condenar a Requerida ao pagamento da remuneração pelo período de 03/03/2004 a 03/04/2004, prevista no contrato de prestação de serviços e afastar a condenação do Autor (Reclamante) em custas e multa por litigância de má-fé, porquanto as supostas falsificações das ART´s não foram perpetradas por ele. Requer, ainda, a citação da Requerida (Reclamada) para, querendo, contestar, sob pena de revelia. Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, em especial, depoimento de testemunhas e do representante legal da Requerida, juntadas de novos documentos e perícias, se necessária. Dá à causa o valor de R$ 10.308,62 (dez mil, trezentos e oito reais e sessenta e dois centavos), valor este correspondente à condenação e objeto da execução.

N. Termos. P. E. Deferimento.

São Paulo, 10 de março de 2010.

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JOÃO BATISTA CHIACHIO OAB/SP 35.082