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GABARITO.EXERC.MONITORIA.2S.2P.OBJ.GRAMÁTICA 1 CENTRO EDUCACIONAL CHARLES DARWIN 2ª SÉRIE ENS. MÉDIO MONITORIA DE GRAMÁTICA (OBJ. 2º PERÍODO) EXERCÍCIOS 1. Da fala ao grunhido Outro dia, ouvi um professor de português afirmar que, em matéria de idioma, não existe certo nem errado, ou seja, tudo está certo. Tanto faz dizer "nós vamos" como "nós vai". Ouço isso e penso: que sujeito bacana, tão modesto que é capaz de sugerir que seu saber de nada vale. Mas logo me indago: será que ele pensa isso mesmo ou está posando de bacana, de avançadinho? (...) A conclusão inevitável é que o professor deveria mudar de profissão porque, se acredita que as regras não valem, não há o que ensinar. Mas esse vale-tudo é só no campo do idioma, não se adota nos demais campos do conhecimento. Não vejo um professor de medicina afirmando que a tuberculose não é doença, mas um modo diferente de saúde, e que o melhor para o pulmão é fumar charutos. É verdade que ninguém morre por falar errado, mas, certamente, dizendo "nós vai" e desco- nhecendo as normas da língua, nunca entrará para a universidade, como entrou o nosso professor. Ferreira Gullar, Folha de S. Paulo, 25/03/2012. Ao se manifestar quanto ao que seja “correto” ou “incorreto” no uso da língua portuguesa, o autor a) mostra que inexistem critérios para definir graus de superioridade entre linguagens. b) defende que as aulas de Português sejam abolidas nas escolas. c) compara a normatividade das gramáticas à objetividade da ciência. d) julga igualmente válidas todas as variedades da língua portuguesa. e) ironiza pessoas que corrigem formas condenáveis de linguagem. Os argumentos expressos no terceiro parágrafo demonstram que o autor, para referendar a tese de que a língua deve obedecer a um conjunto de regras pré-determinado, compara a normatividade das gramáticas à objetividade da ciência: “Mas esse vale-tudo é só no campo do idioma, não se adota nos demais campos do conhecimento”. 2. Leia os versos de Cecília Meireles, extraídos do poema Epigrama n.º 8. Encostei-me a ti, sabendo bem que eras somente onda. Sabendo bem que eras nuvem, depus a minha vida em ti. Como sabia bem tudo isso, e dei-me ao teu destino frágil, fiquei sem poder chorar, quando caí. O eu lírico reconhece que a pessoa em quem depôs sua vida representava a) uma relação incerta, por isso os desenganos vividos seriam inevitáveis. b) um sentimento intenso, por isso tinha certeza de que não sofreria. c) um caso de amor passageiro, por isso se sentia enganado. d) uma angústia inevitável, por isso seria melhor aquele amor. e) uma opção equivocada, por isso sempre teve medo de amar. É correta a opção [A], pois o eu lírico admite ter tido consciência da fragilidade do relacionamento quando se envolveu com o ser amado, caracterizado através das metáforas “onda” e “nuvem”, que sugerem movimento transitório e efemeridade. Assim, como se tratou de uma opção livre e consciente, sabia desde o princípio que a desilusão seria inevitável.

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GABARITO.EXERC.MONITORIA.2S.2P.OBJ.GRAMÁTICA

1

CENTRO EDUCACIONAL CHARLES DARWIN

2ª SÉRIE

ENS. MÉDIO MONITORIA DE GRAMÁTICA (OBJ. 2º PERÍODO)

EXERCÍCIOS

1. Da fala ao grunhido

Outro dia, ouvi um professor de português afirmar que, em matéria de idioma, não existe certo nem errado, ou seja, tudo está certo. Tanto faz dizer "nós vamos" como "nós vai". Ouço isso e penso:

que sujeito bacana, tão modesto que é capaz de sugerir que seu saber de nada vale. Mas logo me indago: será que ele pensa isso mesmo ou está posando de bacana, de avançadinho?

(...) A conclusão inevitável é que o professor deveria mudar de profissão porque, se acredita que as

regras não valem, não há o que ensinar. Mas esse vale-tudo é só no campo do idioma, não se adota nos demais campos do conhecimento.

Não vejo um professor de medicina afirmando que a tuberculose não é doença, mas um modo diferente de saúde, e que o melhor para o pulmão é fumar charutos.

É verdade que ninguém morre por falar errado, mas, certamente, dizendo "nós vai" e desco-

nhecendo as normas da língua, nunca entrará para a universidade, como entrou o nosso professor. Ferreira Gullar, Folha de S. Paulo, 25/03/2012.

Ao se manifestar quanto ao que seja “correto” ou “incorreto” no uso da língua portuguesa, o autor

a) mostra que inexistem critérios para definir graus de superioridade entre linguagens.

b) defende que as aulas de Português sejam abolidas nas escolas. c) compara a normatividade das gramáticas à objetividade da ciência.

d) julga igualmente válidas todas as variedades da língua portuguesa.

e) ironiza pessoas que corrigem formas condenáveis de linguagem.

Os argumentos expressos no terceiro parágrafo demonstram que o autor, para referendar a tese de que a língua deve obedecer a um conjunto de regras pré-determinado, compara a normatividade das

gramáticas à objetividade da ciência: “Mas esse vale-tudo é só no campo do idioma, não se adota nos

demais campos do conhecimento”.

2. Leia os versos de Cecília Meireles, extraídos do poema Epigrama n.º 8.

Encostei-me a ti, sabendo bem que eras somente onda. Sabendo bem que eras nuvem, depus a minha vida em ti.

Como sabia bem tudo isso, e dei-me ao teu destino frágil,

fiquei sem poder chorar, quando caí.

O eu lírico reconhece que a pessoa em quem depôs sua vida representava

a) uma relação incerta, por isso os desenganos vividos seriam inevitáveis.

b) um sentimento intenso, por isso tinha certeza de que não sofreria. c) um caso de amor passageiro, por isso se sentia enganado.

d) uma angústia inevitável, por isso seria melhor aquele amor. e) uma opção equivocada, por isso sempre teve medo de amar.

É correta a opção [A], pois o eu lírico admite ter tido consciência da fragilidade do relacionamento

quando se envolveu com o ser amado, caracterizado através das metáforas “onda” e “nuvem”, que

sugerem movimento transitório e efemeridade. Assim, como se tratou de uma opção livre e consciente, sabia desde o princípio que a desilusão seria inevitável.

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3. De Binóculo

Abaixando o copázio

empunhando o espadim levantando o corpanzil

indiferente ao poviléu o homenzarrão abriu a bocarra

fitando admirado

a naviarra do capitorra Carlos Saldanha, In: 26 poetas hoje, RJ: Aeroplano, 2001.

A partir da associação de texto e contexto, a alternativa que melhor explica o título do poema é:

a) Todos os verbos presentes nos versos estão no gerúndio para criar a sensação de prolongamento e

dilatação, características do instrumento mencionado no título. b) A presença de aumentativos é um recurso que procura simular o efeito das imagens veiculadas por

meio das lentes de um binóculo. c) A legitimação poética traz um efeito paradoxal, já que o binóculo se opõe à constante presença de

substantivos no diminutivo.

d) Os versos desse poema valorizam um padrão linguístico erudito que amplifica a arte poética, metaforicamente representada pelo instrumento óptico.

e) A flexão dos substantivos sugere um procedimento antitético promovido pelo jogo equilibrado de oposições entre o aumentativo e o diminutivo, como se o poeta buscasse o foco em um binóculo.

O fato de nem todos os verbos do poema se encontrarem no gerúndio (“o homenzarrão abriu a bocarra”) e nem serem usados substantivos no diminutivo exclui as opções [A] e [C]. Também as

afirmações em [D] e [E] são improcedentes, pois a arte poética independe do uso do padrão linguístico erudito e não existe procedimento antitético na flexão dos substantivos. Assim, é correta a opção [B],

pois o poeta usa os aumentativos para simular o efeito das imagens veiculadas por meio das lentes de um binóculo.

4. Para fazer um poema dadaísta

Pegue num jornal. Pegue numa tesoura.

Escolha no jornal um artigo com o comprimento que pretende dar ao seu poema. Recorte o artigo.

Em seguida, recorte cuidadosamente as palavras que compõem o artigo e coloque-as num saco.

Agite suavemente. Depois, retire os recortes uns a seguir aos outros.

Transcreva-os escrupulosamente pela ordem que eles saíram do saco. O poema parecer-se-á consigo.

E você será um escritor infinitamente original, de uma encantadora sensibilidade, ainda que

incompreendido pelas pessoas vulgares. Tristan Tzara

A metalinguagem, presente no poema de Tristan Tzara, também é encontrada de modo mais evidente em:

a) Receita de Herói

Tome-se um homem feito de nada

Como nós em tamanho natural Embeba-se-lhe a carne

Lentamente De uma certeza aguda, irracional

Intensa como o ódio ou como a fome.

Depois perto do fim Agite-se um pendão

E toque-se um clarim Serve-se morto. FERREIRA, Reinaldo. Receita de Herói. In: GERALDI, João Wanderley. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991, p.185.

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b)

c)

d)

e)

Na função metalinguística, o código reflete sobre o próprio código, como o que acontece no poema

“Para fazer um poema dadaísta“, de Tristan Tzara, em que o poeta escreve sobre o próprio ato de

escrever. Na tirinha, cujo código é predominantemente visual, Drim Days, para delimitar as linhas horizontais no desenho do segundo quadro, substitui as linhas retas, que são usadas no primeiro e

último quadros, por uma curva, sugerindo o abaulamento do plano por causa do peso excessivo do gato.

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5. Todo estudante sabe que atualidade também é questão de vestibular. Para garantir um bom

desempenho, fique atento a temas que se repetem durante alguns dias em jornais, sites ou canais de TV. Quando estiver se informando, relacione os acontecimentos aos conteúdos aprendidos em sala de

aula. E cuidado especial com meio ambiente, sempre em alta nas provas. (Veja, 18.05.2011.)

A intenção explícita do texto, considerada a interlocução nele definida, é

a) descrever que o próprio vestibular é um tema de atualidade. b) orientar os vestibulandos sobre como estudar atualidade.

c) mostrar aos professores que a tv é importante para se ensinar atualidade. d) enfatizar as divergências entre informações da mídia e da escola.

e) indicar aos estudantes que meio ambiente é um tema já desgastado.

É correta a opção [B], pois a presença de linguagem com função conativa, expressa sobretudo no

imperativo dos termos verbais “fique” e “relacione”, indica que o texto tem por objetivo orientar os vestibulandos a estudar atualidade.

6. Observe a imagem veiculada na internet.

O texto verbal contém uma passagem em desacordo com a norma-padrão

da língua portuguesa. Corrige-se essa inadequação com a substituição de

a) tem por têm.

b) vitais por vital. c) aprenda por aprende.

d) a por à. e) cuidá-lo por cuidar dele.

O verbo “cuidar”, no sentido de ter cuidados com algo, é transitivo indireto, sendo seu objeto precedido da preposição “de”. Assim, para atender à norma-padrão da língua portuguesa, a frase “aprenda a

cuidá-lo” deveria ser substituída por “aprenda a cuidar dele”, como se indica em [E].

7. Observe o esquema.

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Acompanhando a ideia de que “um livro puxa outro”, quem leu As Cidades Invisíveis deve ter lido

a) A Ilha do Tesouro.

b) Odisseia. c) Os Maias. d) O Homem da Areia.

e) O Decameron.

Segundo o esquema do enunciado e acompanhando a ideia de que “um livro puxa outro”, quem leu “As cidades invisíveis” deve ter lido “Ilha do tesouro”, assim como “O Aleph” de Jorge Luís Borges e a série

“Sherlock Holmes” de Conan Doyle.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

O fim do marketing

A empresa vende ao consumidor — com a web não é mais assim.

Com a internet se tornando onipresente, os Quatro Ps do marketing — produto, praça, preço e promoção — não funcionam mais. O paradigma era simples e unidirecional: as empresas vendem aos

consumidores. Nós criamos produtos; fixamos preços; definimos os locais onde vendê-los; e fazemos anúncios. Nós controlamos a mensagem. A internet transforma todas essas atividades.

(...)

Os produtos agora são customizados em massa, envolvem serviços e são marcados pelo conhecimento e os gostos dos consumidores. Por meio de comunidades online, os consumidores hoje

participam do desenvolvimento do produto. Produtos estão se tornando experiências. Estão mortas as velhas concepções industriais na definição e marketing de produtos.

(...)

Graças às vendas online e à nova dinâmica do mercado, os preços fixados pelo fornecedor estão sendo cada vez mais desafiados. Hoje questionamos até o conceito de “preço”, à medida que os

consumidores ganham acesso a ferramentas que lhes permitem determinar quanto querem pagar. Os consumidores vão oferecer vários preços por um produto, dependendo de condições específicas.

Compradores e vendedores trocam mais informações e o preço se torna fluido. Os mercados, e não as

empresas, decidem sobre os preços de produtos e serviços. (...)

A empresa moderna compete em dois mundos: um físico (a praça, ou marketplace) e um mundo digital de informação (o espaço mercadológico, ou marketspace). As empresas não devem preocupar-se com

a criação de um web site vistoso, mas sim de uma grande comunidade online e com o capital de relacionamento. Corações, e não olhos, são o que conta. Dentro de uma década, a maioria dos produtos

será vendida no espaço mercadológico. Uma nova fronteira de comércio é a marketface — a interface entre

o marketplace e o marketspace. (...)

Publicidade, promoção, relações públicas etc. exploram “mensagens” unidirecionais, de um-para-muitos e de tamanho único, dirigidas a consumidores sem rosto e sem poder. As comunidades online

perturbam drasticamente esse modelo. Os consumidores com frequência têm acesso a informações sobre os

produtos, e o poder passa para o lado deles. São eles que controlam as regras do mercado, não você. Eles escolhem o meio e a mensagem. Em vez de receber mensagens enviadas por profissionais de relações

públicas, eles criam a “opinião pública” online. Os marqueteiros estão perdendo o controle, e isso é muito bom.

(Don Tapscott. O fim do marketing. INFO, São Paulo, Editora Abril, janeiro 2011, p. 22.)

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CENTRO EDUCACIONAL CHARLES DARWIN

8. A leitura atenta deste instigante artigo de Don Tapscott revela que o tema central de sua mensagem é:

a) O advento do comércio via internet subverteu as teorias tradicionais de marketing. b) O comércio via internet confirma todas as teorias de publicidade e marketing vigentes. c) A aplicação dos princípios tradicionais de marketing se tornou vital para o sucesso do comércio

online.

d) O comércio realizado em lojas físicas é ainda preferível ao realizado online. e) A lei da oferta e da procura não influencia de nenhum modo o comércio via internet.

No primeiro parágrafo do texto está explícita a tese do autor: a internet interferiu nas políticas

tradicionais de marketing (“Com a internet se tornando onipresente, os Quatro Ps do marketing —

produto, praça, preço e promoção — não funcionam mais”).