execuÇÃo de alimentos e as reformas do cÓdigo...

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE FACULDADE DE DIREITO, CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E ECONÔMICAS CURSO DE DIREITO Lusmágna Camargo Gomes Santos Cleudenir Gomes Bernardo Alexander Araújo do Carmo EXECUÇÃO DE ALIMENTOS E AS REFORMAS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL . Governador Valadares – M.G. 2008

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE

FACULDADE DE DIREITO, CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E ECONÔMICAS

CURSO DE DIREITO

Lusmágna Camargo Gomes Santos

Cleudenir Gomes Bernardo

Alexander Araújo do Carmo

EXECUÇÃO DE ALIMENTOS E AS REFORMAS DO CÓDIGO DE PROCESSO

CIVIL

.

Governador Valadares – M.G.

2008

2

LUSMÁGNA CAMARGO GOMES SANTOS

CLEUDENIR GOMES BERNARDO

ALEXANDER ARAÚJO DO CARMO

EXECUÇÃO DE ALIMENTOS E AS REFORMAS DO CÓDIGO DE PROCESSO

CIVIL.

Monografia para obtenção do grau de bacharel em direito, apresentada ao curso de Direito da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE.

Orientadora: Rosemeire Pereira da Silva

Governador Valadares – M.G.

2008

3

LUSMÁGNA CAMARGO GOMES SANTOS

CLEUDENIR GOMES BERNARDO

ALEXANDER ARAÚJO DO CARMO

EXECUÇÃO DE ALIMENTOS E AS REFORMAS DO CÓDIGO DE PROCESSO

CIVIL.

Monografia apresentada ao curso de Direito da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE, como requisito indispensável para a graduação em Direito.

Aprovados( )

Aprovados com louvor ( )

Aprovados com restrições( )

Reprovados( )

Professora ________________________________________

Rosemeire Pereira da Silva – Profª Orientadora

Universidade Vale do Rio Doce

Professor ________________________________________

Professor ________________________________________

Governador Valadares – M.G.2008

4

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus, por ter agido de forma efetiva em nossas vidas.

Aos nossos pais e companheiros pela compreensão.

Ao Dr. Sebastião Pereira dos Santos Neto, pela ajuda e orientação

jurídica.

E, por fim, a brilhante Professora orientadora Rosemeire Pereira da

Silva, síntese perfeita de seriedade e sabedoria, obrigado por não ter

medido esforços para que nós confeccionássemos com tanto primor

esta pesquisa.

5

SANTOS, Lusmágna Camargo Gomes; DO CARMO, Alexander Araújo; BERNARDO,

Cleudenir Gomes. A EXECUÇÃO DE ALIMENTOS E AS REFORMAS DO CÓDIGO

DE PROCESSO CIVIL. 2008. Monografia (Graduação em Direito. Faculdade de Direito,

Ciências Administrativas e Econômicas – FADE, da Universidade Vale do Rio Doce –

UNIVALE, Governador Valadares, MG.

RESUMO

As reformas do Código de Processo Civil, implementadas pelas Leis nºs. 11.232, de 22

de dezembro de 2005, e 11.382, de 6 de dezembro de 2006, repercutiram

significativamente no processo de execução de alimentos. Antes das mudanças

editadas pelos citados diplomas normativos, o processo de execução era comum tanto

para os títulos judiciais como para os extrajudiciais. A Lei nº 11.232/2005 aboliu o

processo de execução de sentença e inseriu a sistemática de cumprimento de

sentença, bem como alterou a forma de defesa do devedor, substituindo os embargos à

execução por impugnação. A Lei nº 11.382/2006 inseriu substanciais alterações do

processo de execução dos títulos executivos extrajudiciais e do formato de defesa do

executado. Nesse panorama, o legislador não estabeleceu regramento específico para

a execução de alimentos, ficando a cargo dos operadores do direito a missão de

interpretar os dispositivos legais em comento à luz da natureza da obrigação alimentar

e do procedimento a ser aplicado para sua satisfação.

PALAVRAS-CHAVE:

Execução; alimentos; reformas.

6

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................07

2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS ....................................10

3 CONCEITO DE ALIMENTOS .....................................................................................13

4 ALIMENTOS E A LEI 5.478/68 ...................................................................................15

5 MODALIDADES DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS ..................................................18

5.1 EXECUÇÃO .............................................................................................................18

5.2 DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO ............................................................20

5.3 COBRANÇA EM ALUGUÉIS E OUTROS RENDIMENTOS DO DEVEDOR ...........22

5.4 EXPROPRIAÇÃO DE BENS DO DEVEDOR ...........................................................24

5.5 PRISÃO CIVIL DO DEVEDOR .................................................................................26

6 A PRISÃO CIVIL DO DEVEDOR DE ALIMENTOS ....................................................28

7 AS ALTERAÇÕES EDITADAS PELAS LEIS Nºs 11.232/05 E 11.382/06 NO CPC 35

7.1 AS MODIFICAÇÕES DA LEI Nº 11.232/05 ..............................................................35

7.2 AS MODIFICAÇÕES DA LEI Nº 11.382/06 ..............................................................38

8 A PENHORA NA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS .......................................................42

9 A NOVA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS .....................................................................44

10 CONCLUSÃO ...........................................................................................................52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................55

7

1 INTRODUÇÃO

Ao longo de sua existência, o homem sempre dependeu de seus pares,

sobremaneira de sua família, cujo vínculo é cotejo da própria sobrevivência da espécie.

Sem essa ligação, o ser humano, biologicamente frágil sob o ponto de vista da cadeia

de evolução da vida prematura até a fase adulta, não se perpetuaria à frente das

demais espécies.

Ainda na era pré-histórica, vivendo em grupos e clãs tribais, o homem se prezava

pela interação de seus membros, para compensar sua fragilidade diante do mundo sem

fronteiras e das adversidades enfrentadas. Para isso, o espírito de colaboração, embora

mais intenso no âmbito do seio nuclear de cada família, era imprescindível. Essa

colaboração se dava naturalmente, sem a cominação de qualquer força compulsória,

tudo por questão de sobrevivência.

Conquanto o homem foi se desenvolvendo, os agrupamentos ou clãs de

diferentes povos formaram as primeiras civilizações, tornando-se depois nações

organizadas. A partir daí, a família central deixou de ser uma corporação isolada e

passou a fazer parte de uma sociedade maior e mais complexa. Com isso, os membros

da família não se sujeitavam apenas aos ditames do seio familiar, mas também às

regras da coletividade.

Essas regras da coletividade foram e ainda são fundamentais para estabelecer

padrões de conduta e obrigar que cada indivíduo, isoladamente, cumpra e obedeça à

vontade da maioria ou de quem faz às vezes da maioria.

Feitas essas considerações iniciais, o presente trabalho se destina a dar uma

idéia inicial de que o homem, desde sua história conhecida, sempre se pautou pelos

préstimos a seus entes próximos, ou seja, no âmbito da família, para suprir as

necessidades individuais. Seja espontaneamente ou de forma compulsória, através de

mecanismos criados pelo próprio homem, a colaboração entre os integrantes da família

é questão não só de laços de sangue ou de afinidade como também de dignidade e

preservação da vida.

8

Os alimentos, quais sejam: os víveres substanciais e necessários à

sobrevivência do homem, estão, portanto, inseridos na colaboração que cada ser

humano faz ao outro na alçada de sua família, isto é, no âmbito de seus parentes

próximos. A máxima é de quem pode deve ajudar a quem precisa.

Contudo, essa obrigação, antes apenas moral, senão por questão de

sobrevivência natural, tornou-se imperativa, obrigatória, agora vista sob a ótica do

direito à dignidade humana e do status familie. O integrante da família que tiver

relegado ao desamparo tem direito de pedir socorro ao parente para que supra suas

necessidades, compulsoriamente.

No passado remoto, a obrigação, como visto, era fruto da interação familiar, até

porque cada entidade de família era praticamente uma ‘nação’ própria e, por

conseguinte, o integrante desagregado da família estava fadado a padecer à sua sorte.

Porém, com o surgimento das sociedades organizadas, a obrigação de sustento do

parente deixou de ser um dever natural para se transformar numa imposição

normatizada, porquanto instituída sob o manto do direito.

O presente trabalho começa por investigar a origem do direito aos alimentos,

onde se principiou como noção de instituição jurídica, inclusive no que tange ao

chamado poder familiar, à luz da legislação mais remota até os tempos da nossa era

contemporânea, abordando, com ênfase, as leis vigentes no Brasil.

A idéia é demonstrar a evolução das civilizações da antiguidade para as épocas

modernas e contemporâneas, para se aferir quanto a legislação foi se aprimorando no

sentido de consolidar a obrigação de os entes familiares prestarem alimentos uns aos

outros, e quais são os mecanismos de exigibilidade dessa obrigação, através das

medidas próprias cabíveis para se reconhecer esse direito e ainda para se executar a

tutela reconhecida.

A conceituação de alimentos, sob a ótica jurídica, é objeto de estudo, com

titulação própria, porquanto importante destacar as diferentes maneiras de se definir o

que o próprio termo significa, a finalidade e o contexto da obrigação alimentar.

A Lei nº 5.478/68, que atualmente disciplina a ação de alimentos, também terá

abordagem sob o enfoque dos limites traçados para se pedir e exigir a prestação

alimentícia, assim como o processamento do pedido, os recursos cabíveis e que outros

9

caminhos existentes poderão ser percorridos por quem não detém a qualidade

reconhecida de parente do devedor da obrigação.

Num capítulo específico, serão tratadas as modalidades de execução de

alimentos. Cada modalidade terá um título próprio. Assim, cuidaremos de examinar a

execução dos alimentos em suas variadas formas de se buscar a satisfação do credor,

quais sejam: expropriação de bens do devedor, cobrança em forma de aluguéis e

outros rendimentos, descontos em folha de pagamento e prisão civil do alimentante.

Já no capítulo seguinte, a prisão civil do devedor de alimentos ganhará especial

tratamento, onde serão analisadas todas as nuances da coerção do alimentante como

meio de execução da verba alimentar. Nesse aspecto, buscar-se-á uma profundidade

do tema, com o exame de diversas questões, tais como legislação vigente aplicável,

natureza jurídica, elementos constitutivos, processamento da execução, duração da

medida restritiva de liberdade, reiteração da constrição e outros aspectos correlatos.

As modificações do Código de Processo Civil, implementadas pelas Leis nº

11.232/2005 e 11.382/2006, que tratam, respectivamente, da liquidação e cumprimento

de sentença, execução de títulos extrajudiciais e das diversas outras espécies de

execução, terão sua análise em confronto com a legislação antes vigente.

A abordagem das alterações promovidas pelas leis supra mencionadas se faz

importante neste trabalho porque, no estudo do tema alimentos, os diplomas legais em

apreço implementaram significativas mudanças no Código de Processo Civil. Por isso,

serão examinados os alcances e as repercussões que essas modificações

representaram sobremaneira na fase de execução de alimentos.

Também será abordada a penhora de bens no processo de execução de

alimentos, assim como as suas particularidades próprias da obrigação alimentar.

E, por fim, à luz das modificações introduzidas pelas Leis nºs. 11.232/2005 e

11.382/2006, no capítulo intitulado de ‘a nova execução de alimentos’, serão estudadas

as correntes favoráveis e contrárias às regras aplicáveis com relação à execução de

alimentos, ou seja, pelo rito do art. 732, do CPC, ou pelo procedimento de cumprimento

de sentença.

Tem-se, portanto, o propósito do presente trabalho.

10

2 EVOLUÇÃO HISTÓRIA DA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS

Preleciona Sílvio de Salvo Venosa que:

No Direito Romano clássico, a concepção de alimentos não era conhecida. A própria estrutura da família romana, sob a direção do pater familias, que tinha sob seu manto e condução todos os demais membros, os alieni juris, não permitia o reconhecimento dessa obrigação. Não há precisão histórica para definir quando a noção alimentícia passou a ser conhecida. Na época de Justiniano, já era conhecida uma obrigação recíproca entre ascendentes e descendentes em linha reta, que pode ser vista como ponto de partida (Cahali, 1989:47). O Direito Canônico alargou o conceito de obrigação alimentar. A legislação comparada regula a obrigação de prestar alimentos com extensão variada, segundo suas respectivas tradições e costumes.1

Em seu escol, Washington de Barros Monteiro diz:

A obrigação alimentar constitui estudo que interessa ao Estado, à sociedade e à família. Dessa relação jurídica ocuparam-se os romanos, que a consideravam antes como officium pietatis que propriamente uma obrigação. Aliás, a linguagem dos romanos exprime o fundamento moral do instituto, que repousa no dever que toca aos parentes, sobretudo aos mais próximos, de se ajudarem mutuamente, nos casos de necessidade.2

Prossegue o insigne professor, enfatizando:

De fato, sobre a terra, o indivíduo tem inauferível direito de conservar a própria existência, a fim de realizar seu aperfeiçoamento moral e espiritual. O direito à existência é o primeiro dentre todos os direitos congênitos. Em regra, o indivíduo deve procurar atingir tal objetivo com os recursos materiais obtidos com o próprio esforço, com o próprio trabalho.3

Contudo, segundo o aludido civilista, nem sempre o indivíduo consegue angariar

meios próprios de subsistência, e, por isso, necessita de auxílio.

No Brasil, a instituição do direito alimentar praticamente se deu com a edição do

Código Civil de 1916, que disciplinou a matéria nos artigos 296 a 405.

1 VENOSA, Sílvio de Salvo.Direito Civil, vol 6, Direito de Família, 3ª ed., São Paulo: Atlas, 2003, p. 372 2 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito de Civil, vol. 2, Direito de Família, 28ª ed., São Paulo: Saraiva, 1990, p. 289. 3 Op. cit., p. 289.

11

Dispunha o art. 399, do Código Civil de 1.916, que: “São devidos os alimentos

quando o parente, que os pretende, não tem bens, nem pode prover, pelo seu trabalho,

à própria mantença, e o de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do

necessário ao seu sustento”.

Outros diplomas legais, editados após o Código Civil de 1916, também

estabeleceram disposições a respeito de alimentos.

Em 1941, o Decreto-lei nº 3.200, que dispôs sobre a organização e proteção da

família, reza sobre o desconto da pensão alimentícia em folha de pagamento salarial,

assim como sua cobrança dos aluguéis e quaisquer outros rendimentos do devedor

(art. 7º).

A Lei nº 883, de 1949, que tratou do reconhecimento dos filhos ilegítimos, prevê

a ação de alimentos em desfavor do pai, conforme estatuído nos seus artigos 4º e 5º.

De regra geral, a Lei nº 5.478, de 25 de julho de 1968, regulamenta em todos os

termos, até os dias de hoje, a ação de alimentos, quando fundada em razão do

parentesco ou de outra origem interfamiliar entre o credor e o devedor.

Há outros diplomas subseqüentes à lei de alimentos, que igualmente tratam do

tema, como a Lei nº 6.515/1977 – Lei do Divórcio e as Leis nºs. 8.971/1994 e

9.278/1996, que dispõem, respectivamente, sobre os direitos dos companheiros aos

alimentos e a respeito da união estável entre os conviventes.

O Código Civil em vigor – Lei nº 10.406/2002 trata dos alimentos em seus artigos

1.694 a 1.710.

Ao que se vê, os alimentos, como forma de suprir as necessidades imediatas dos

indivíduos desprovidos de recursos ou de meios próprios para sobreviverem, na

concepção da seara de sua entidade familiar, têm sua instituição tão antiga quanto

outros institutos de direito de proteção do homem.

Daí que, ao lado do direito material aos alimentos amparado pelo Estado, a

atividade jurisdicional é a forma pela qual se assegura e se impõe o seu cumprimento.

Preleciona Ernane Fidélis dos Santos, no tocante à efetivação do direito material

instituído, que:

12

Toda a atividade do Estado é jurisdicional. Em conseqüência, a atuação da jurisdição se faz através do processo, soma de atos que visam alcançar determinado fim. Agora, na primeira fase do processo de conhecimento, quando se procura aplicar o direito ao caso concreto, o fim da atividade jurisdicional é a composição da lide, do litígio, com solução de há de se tornar definitiva e imutável pela coisa julgada, de forma tal que a relação entre as partes fique regulada pela sentença, como se fora por específica lei (art. 468). Na segunda fase, não há propriamente lide, litígio a ser solucionado, mas apenas direito a ser efetivado na sua realidade prática. Servindo-se ainda determinada importância, em razão de certa causa, tomou conhecimento dos fatos e aplicou o direito, como lhe parecera justo, regulando, posteriormente, com fundamento naquele reconhecimento, determinou o cumprimento da obrigação já reconhecida, mas sim aplicou direito a nenhum caso controvertido, não solucionou litígio, mas sim fez efetivar, na prática, aquilo que recebera definitivo acertamento. No primeiro momento, pois, tem-se o processo de conhecimento, como forma de solução do litígio; no segundo, já não há mais propriamente lide, litígio, mas simples cumprimento de já reconhecido.4

Corolário, o procedimento de execução de alimentos é consecutivo do próprio

reconhecimento do direito material de percepção do crédito alimentar, consubstanciado

através de uma sentença ou de título extrajudicial.

Isso porque, uma vez acertada a obrigação alimentar, o processo de execução é

o instrumento legal pelo qual o credor busca a satisfação do seu direito, seja através da

coerção pessoal do devedor, com sua prisão civil, ou por meio da expropriação de

bens.

4 SANTOS, Ernane Fidélis dos. Manual de Direito Processual Civil, 11ª ed., São Paulo: Saraiva, 2007, pp. 2-3.

13

3 CONCEITO DE ALIMENTOS

Alimentos, no sentido usual da palavra, é tudo aquilo necessário à conservação

da vida do ser humano. No direito, a palavra toma um significado diferente, trata-se do

dever de subsistência que um parente ou cônjuge tem com seu semelhante, isto é, a

denominação usada quando um deve ajudar ao outro em sua mantença, não somente

em gêneros alimentícios, mas também em vestuário, saúde, educação e outras

despesas que necessite de auxílio financeiro.

Ao dimensionar o alcance da expressão alimentos, Bertoldo Mateus de Oliveira

Filho diz que:

Claro está, conforme preleciona Lopes da Costa, citado por Yussef Said Cahali, que o conceito de alimentos não se restringe apenas aos gêneros alimentícios capazes de garantir a subsistência orgânica do indivíduo. Esclarece Sérgio Gilberto Porto que ‘a doutrina de muito firmou o entendimento de que em tal acepção devemos considerar não só alimentos necessários para o sustento, mas também os demais meios indispensáveis para as necessidades da vida, no contexto social de cada um’.5

Para Sílvio de Salvo Venosa, os alimentos:

[...] traduzem-se em prestações periódicas fornecidas a alguém para suprir essas necessidades e assegurar sua subsistência. Nesse quadro, a doutrina costuma distinguir os alimentos naturais ou necessários, aqueles que possuem alcance limitado, compreendendo estritamente o necessário para a subsistência; e os alimentos civis ou côngruos, isto é, convenientes, que incluem os meios suficientes para a satisfação de todas as outras necessidades básicas do alimentando, segundo as possibilidades do obrigado”.6

Maria Helena Diniz, citando conceito de Orlando Gomes, diz:

Alimentos são prestações para satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las por si. Compreende o que é imprescindível à vida da pessoa como alimentação, vestuário, habitação, tratamento médico, transporte, diversões, e, se a pessoa alimentada for menor de idade, ainda verbas para sua instrução e educação (CC, art. 1.701, in fine), incluindo parcelas

5 FILHO, Bertoldo Mateus de Oliveira. Alimentos e Investigação de Paternidade, 3ª ed., Belo Horizonte: Del Rey, 1999, p. 27 6 VENOSA, Sílvio de Salvo.Direito Civil, vol 6, Direito de Família, 3ª ed., São Paulo: Atlas, 2003, p. 372.

14

despendidas com sepultamento, por parentes legalmente responsáveis pelos alimentos.7

O Código Civil Brasileiro vigente, em seu art. 1.694, estabelece a idéia do

conceito de alimentos, sob a ótica literal da lei, como aqueles de que necessitem os

parentes, os cônjuges ou companheiros uns dos outros para viver de modo compatível

com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.

Como acima visto, os alimentos, na concepção de meio para suprir as

necessidades primordiais de alguém, são destinados a emprestar condição mínima de

subsistência do alimentando.

É importante a observação de Maria Helena Diniz, ou seja:

Não se deve confundir a obrigação de prestar alimentos com os deveres familiares de sustento, assistência e socorro que tem o marido em relação à mulher e vice-versa e os pais com os filhos menores, devido ao poder familiar, pois seus pressupostos são diferentes. A obrigação alimentar é recíproca, dependendo das possibilidades do devedor, e só é exigível se o credor potencial estiver necessitado, ao passo que os deveres familiares não têm o caráter de reciprocidade por serem unilaterais e dever ser cumpridos incondicionalmente.8

Também é oportuna a lição de Carlos Roberto Gonçalves, a respeito dos

pressupostos da obrigação alimentar:

Só pode reclamar alimentos, assim, o parente que não tem recursos próprios e está impossibilitado de obtê-los, por doença, idade avançada ou outro motivo relevante. Não importa a causa pela qual o reclamante foi reduzido à condição de necessitado, tendo direito a pensão ainda que culpado por essa situação. Nesse caso, entretanto, os alimentos serão apenas os indispensáveis à sua subsistência, como proclama o § 2º do art. 1.694 do Código Civil de 2002, que nesse ponto inova, trazendo para o texto legal a distinção feita pela doutrina entre alimentos naturais ou necessários (nessarium vitae), indispensáveis à subsistência e destinados à alimentação, vestuário, saúde, habitação etc., e alimentos civis ou côngruos (necessários personae), destinados a manter a condição social, o status da família.9

7 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, 22ª ed., São Paulo: Saraiva, 2007, p. 535. 8 Op. cit., p. 538. 9 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, 3º ed., São Paulo: Saraiva, 2007, p. 469.

15

4 ALIMENTOS E A LEI Nº 5.478/68

A Lei nº 5.478, de 25 de julho de 1968, instituiu a ação de alimentos e outras

providências concernentes ao seu cumprimento.

O diploma legal em comento estabeleceu rito próprio para o processamento das

ações de alimentos, de forma sumária, atendendo ao caráter célebre da prestação

alimentícia.

É importante observar que a ação de alimentos, regulamentada pela Lei nº

5.478/68, sob a ótica de processo autônomo, pressupõe a existência da condição de

parentesco do credor e da obrigação do devedor, ou seja, exige-se a prova pré-

constituída do vínculo de consangüinidade ou de afinidade entre o alimentando e o

alimentante.

Anota Theotônio Negrão, em comento ao art. 2º, da Lei 5.478/68, a respeito da

prova do parentesco para efeito da demonstração da obrigação alimentar, que:

Do modo como está redigida a lei, a prova deve ser feita ‘initio litis’, o que justifica a conclusão de que o rito da Lei 5.478/68 não é adequado para as ações em que a prova da obrigação alimentar não for feita liminarmente.10

O parentesco, natural ou civil, resultante de consangüinidade ou de outra origem,

para fins de pleitear alimentos, é regido pelo Código Civil (arts. 1.694 e 1.696 a 1.698).

Quanto aos parentes por consangüinidade, existem apenas quatro classes,

conforme ensina Carlos Roberto Gonçalves:

Somente quatro classes de parentes são, pois, obrigadas à prestação de alimentos, em ordem preferencial, formando uma verdadeira hierarquia no parentesco: a) pais e filhos, reciprocamente; b) na falta destes, os ascendentes, na ordem de sua proximidade; c) os descendentes, na ordem da sucessão; d) os irmãos, unilaterais ou bilaterais, sem distinção ou preferência.11

10 NEGRÃO,Theotônio. Código de Processo Civil e legislação processual em vigor, 38ª ed., São Paulo: Saraiva, 2006, p. 1.199. 11 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, 3º ed., São Paulo: Saraiva, 2007, p. 481.

16

A relação de parentesco entre descendentes e ascendentes, para efeito da

obrigação alimentar, não tem grau de limitação, nem a afinidade dessa relação se

extingue com a dissolução do casamento ou da união estável (art. 1.595, do CC).

O parentesco na linha colateral, para alcance da obrigação alimentar, é extensivo

somente até o segundo grau, ou seja, entre irmãos, diferentemente da regra

estabelecida para o direito sucessório ou ainda do parentesco colateral ou transversal

de caráter civil propriamente dito, que vai até o quarto grau (art. 1.592, do CC).

Com relação aos cônjuges ou companheiros, cada um poderá exigir do outro a

prestação de alimentos.

É de observar, porém, que o Código Civil, embora estabeleça que cada cônjuge

ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade, parentesco

este que é limitado aos descendentes, aos ascendentes e aos irmãos do cônjuge ou

companheiro (art. 1.595, caput, e seu parágrafo primeiro, do CC), não pode nenhum

deles (cônjuge ou companheiro) exigir alimentos dos parentes do outro.

A rigor, não existe limitação entre descendentes e ascendentes, e a obrigação

entre os parentes na linha colateral ou transversal estende apenas até o segundo grau.

Já quanto ao parentesco por afinidade, a obrigação alimentar é limitada ao cônjuge ou

companheiro entre si, porquanto incabível em face dos sogros e genros e vice-versa,

cunhados, padrastos, enteados, etc.

Atento ao grau de parentesco por consangüinidade ou por outra origem, a ação

de alimentos deverá ser dirigida contra o devedor que estiver situado dentro dessa

limitação. Não é cabível, pois, ação alimentícia contra pessoas do grupo familiar que,

perante o Código Civil, não têm essa obrigação.

Na ausência de prova pré-estabelecida da existência de relação de parentesco, o

credor deverá, através de ação de procedimento ordinário, comprovar seu vínculo com

o devedor, suscetível de obter a prestação de alimentos. São casos de que surgem a

necessidade da propositura de ação ordinária, como sucedâneo do direito de haver

alimentos do devedor, a investigação de paternidade, o reconhecimento de união

estável, etc. Nada impede, porém, que concomitantemente ao pedido, como por

exemplo na declaração de paternidade, seja desde já formulado pedido de alimentos.

17

Demonstrado o parentesco e a obrigação do devedor, basta ao credor expor sua

necessidade e a possibilidade do alimentante para requerer a prestação de alimentos.

E, ao despachar a inicial, o juiz fixará desde logo os alimentos provisórios, salvo se o

alimentando dispensar expressamente. O devedor será citado para comparecer à

audiência de instrução e julgamento, quando poderá, se não houver acordo, oferecer

defesa, e na mesma ocasião serão tomados os depoimentos das partes e das

testemunhas, e, após as alegações, o juiz proferirá sentença imediatamente ou no

prazo de 10 (dez) dias.

Cabe apelação da sentença que fixar ou indeferir os alimentos, contudo, tão

somente no efeito devolutivo.

As ações de revisão ou de exoneração de alimentos têm igual procedimento ao

do pedido inicial de sua fixação. Há, entretanto, divergência, nesses casos, a respeito

dos efeitos do recurso de apelação, ou seja, apenas devolutivo ou em ambos os efeitos,

isto é, devolutivo e suspensivo. Tal interpretação deriva do fato de que o art. 520,

segunda parte, do CPC, só prevê o recebimento do recurso no efeito meramente

devolutivo para a hipótese de condenação à prestação de alimentos, assim

compreendida como a que fixa a obrigação inicialmente ou majora o seu valor.

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. ALIMENTOS. AÇÃO REVISIONAL. EXONERAÇÃO E DIMINUIÇÃO. RECURSO APELAÇÃO. EFEITO SOMENTE DEVOLUTIVO. PRECEDENTES STJ. O RECURSO de apelação interposto contra sentença que decida sobre ação revisional de ALIMENTOS deve ser recebido somente em seu EFEITO devolutivo, ainda que a decisão seja na direção da EXONERAÇÃO ou diminuição da obrigação imposta ao alimentante. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça.12 Processo Civil. REVISÃO de ALIMENTOS. Redução. Sentença. RECURSO de apelação. EFEITO devolutivo e suspensivo. A apelação contra sentença que julga procedente ação de redução de ALIMENTOS deve ser recebida em ambos os efeitos. Dá-se provimento ao RECURSO.13

12 MINAS GERAIS. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Agravo de Instrumento nº 1.0349.05.009163-7/003. 5ª Câmara Civil. Relatora: Exmª. Srª Desª. Maria Elza, j. 12.06.08. Disponível em: http//www.tjmg.gov.br. Acesso em: 10 nov. 2008. 13 MINAS GERAIS.Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Agravo de Instrumento Nº 000.317.252-5/00. 4ªCâmara Cível. Relator: Exmo. Sr. Des. Almeida Melo, j. 22.05.03. Disponível em: http//www.tjmg.gov.br. Acesso em: 10 nov. 2008.

18

5 MODALIDADES DE EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA.

5.1 EXECUÇÃO

Após analisar o conjunto de dispositivos legais, verifica-se que, por ser o

processo o meio de que se vale o Estado para compor litígio, conflito de interesses

qualificados por pretensões resistidas, de maneira geral, pode-se dizer que o objeto do

processo é a composição da lide, por meio da aplicação da norma jurídica abstrata ao

fato concreto deduzido em juízo.

Sendo a execução da prestação alimentícia o meio judicial pelo qual o credor de

alimentos compele o devedor a pagá-lo sob pena de fazê-lo forçadamente, quer seja

por meio de cobrança incidente sobre aluguéis ou outros rendimentos do devedor, quer

seja expropriando os bens de quem deve ou mesmo utilizando a maneira mais radical

que é a prisão civil.

Observando-se, de inicio, que a execução alimentar pode ser efetuada conforme

os ditames da legislação especial, ou seja, da Lei 5.478/68 (Lei de Alimentos), bem

como de acordo com os artigos 732 a 735, do Código de Processo Civil, que tratam da

execução de prestação alimentícia, tem-se que a obrigação do alimentante em prover

as necessidades vitais do alimentando decorre não só da lei, mas da própria moral.

Ficando o devedor inadimplente está ele sujeito a duas espécies de ação para

forçá-lo a pagar alimentos: A primeira, prevista no art. 732 do Código de Processo Civil,

atinge os bens patrimoniais do devedor (CPC, art. 591) e tramitará nos moldes dos arts.

646 a 724 do citado diploma legal. O procedimento será na forma de uma execução

comum, a qual estará sujeita à citação, penhora, avaliação e à adjudicação, ou

alienação por iniciativa particular ou em hasta pública dos bens patrimoniais do devedor

para a satisfação dos alimentos reclamados, em que se admitirá o oferecimento de

embargos independentemente de seguro o juízo (CPC, art. 736). A segunda ação,

prevista no art. 733 e parágrafos do Código de Processo Civil, é utilizada para requerer

19

a prisão do devedor de alimentos, assegurada em sede Constitucional (art. 5°, LXVII),

desde que ocorra o inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentar.

Não há dispositivo legal que determine que o credor de alimentos tenha de

propor ação fundada no art. 732 do Código de Processo Civil, antes de propor ação

fundada no art. 733, também do Código de Processo Civil. Parte da jurisprudência

entende que a escolha do procedimento não é feita de forma arbitraria e deve também

ser observada a existência do meio mais adequado ao executado. Por conseguinte,

possuindo o devedor bens que possam ser executados, deve a execução seguir o rito

comum que será o menos gravoso ao executado e atenderá de forma eficaz o interesse

do alimentando. Ressalvada esta opinião, entende-se que a escolha pertencerá

exclusivamente ao autor da ação, visto que a lei não impõe ônus de efetivar, primeiro,

um tipo de execução para depois outro.

Sobre o assunto, ensina LUIZ RODRIGUES WAMBIER:

A ordem de escolha de execução a ser adotado não aparece nitidamente no Código, mas resta clara com analise da seqüência dos arts. 16 a 18 da Lei de Alimentos. Há, portanto, certa gradação a preferência do legislador pelos modos, de executar a prestação alimentícia, devendo os meios mais drásticos (prisão ou expropriação) serem reservados apenas para a hipótese de frustração dos modos anteriores, segundo opinião que em prevalecido. 14

A execução de prestação alimentícia será proposta no domicilio do alimentado,

art. 100, II, do Código de Processo Civil.

Assim sendo, deve o magistrado analisar qual o procedimento adequado é mais

eficaz para a satisfação do credito alimentar, sempre objetivando atingir o rito da

execução que é justamente suprir as necessidades do alimentado, demonstrando ainda

que a prisão do executado nem sempre é a melhor opção; ao contrario, pode agravar

ainda mais a situação do credor.

Feitas estas ponderações, analisemos então os meios executórios da pensão

alimentícia que podem ocorrer em quatro modalidades distintas: desconto em folha de

pagamento, cobrança em aluguéis ou outros rendimentos do devedor; expropriação de

14 WAMBIER, Luis Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. V2. 3ed. rer. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2000, p. 384.

20

bens do devedor e coerção (prisão civil). A ordem de escolha do meio de execução não

aparece nitidamente no Código, mas resta clara com a análise da seqüência dos arts.

16 a 18 da Lei de Alimentos.

5.2 DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO

A execução da obrigação alimentar por desconto em folha de pagamento mostra-

se de notável eficiência, na medida em que evita o formalismo do procedimento de

expropriação de bens.

Constitui-se uma das formas mais dinâmicas, disposta em lei, pois se trata, em

verdade, de uma espécie de penhora sobre dinheiro, que excepciona a regra de

impenhorabilidade de salários. É penhora diferenciada, porquanto sucessiva,

assemelhando-se, nesse ponto, ao usufruto executivo, e porque, embora por ordem do

juiz, realizada por um estranho à jurisdição, o empregador, que separa o montante e o

entrega ao credor.

Para o cumprimento da obrigação alimentar pelo devedor, outra considerável

vantagem no desconto em folha de pagamento é a imposição de severa punição

àquele, seja empregador, funcionário publico ou qualquer outro que auxilia o devedor a

eximir-se do adimplemento, seja omitindo informações ou não cumprindo a ordem de

descontar a pensão. Dispõe o art. 22 e seu parágrafo único, da Lei de Alimentos, que

pratica crime, punível com detenção de seis meses a um ano, quem assim age. Esse

expediente evita a possibilidade de fraude.

Uma outra vantagem que está contida no art. 16 da Lei 5.478/68 Lei de

Alimentos, que nos remete ao artigo 734, caput, do Código de Processo Civil, enumera

as seguintes situações em que se pode aplicar esta forma de execução: “Quando o

devedor for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa, bem como

empregado sujeito à legislação do trabalho, o juiz mandará descontar em folha de

pagamento a importância da prestação alimentícia”.

21

Nestes casos, o parágrafo único do art. 734 do Código de Processo Civil explana

que: “a comunicação será feita à autoridade, à empresa ou ao empregador, por ofício,

de que constarão as normas do credor, do devedor, a importância da prestação e o

tempo de sua duração”.

Esse entendimento é ratificado por LUIZ RODRIGUES WAMBIER: “pode o

desconto ocorrer em qualquer situação em que o devedor aufira ganho periódico, fixo

ou não, com ou sem vinculo empregatício. Basta que o ganho seja fruto do trabalho do

devedor”.15

Referindo-se a esse modo executório, declara HUMBERTO THEODORO

JÚNIOR que: “Uma vez averbada a prestação em folha, considera-se seguro o juízo,

como se penhorado houvesse, podendo o credor oferecer embargos à execução, se for

o caso.”16

Aquele que presta serviços a alguém, mesmo sem subordinação à legislação

trabalhista, pode ser executado mediante desconto.

O desconto é ordenado através de ofício àquele que tem acesso aos

pagamentos do devedor, devendo conter os nomes do credor e do devedor, a

importância a ser descontada e o tempo de sua duração (art. 734, parágrafo único, do

Código de Processo Civil), este ultimo requisito na hipótese de ter sido fixado tempo

certo, o que, ordinariamente, não ocorre, sendo mais comum a determinação do

desconto por prazo indeterminado.

Qualquer alteração na obrigação alimentar, novo ofício será emitido, com as

alterações havidas.

Sendo necessária a assinatura do juiz, sem esta não é possível a caracterização

do crime previsto no artigo 22 da Lei de Alimentos. Aliás, o parágrafo único do art. 22

da mencionada Lei faz clara alusão à ordem “expedida pelo juiz competente”.

Essa forma de execução torna-se difícil quando são devedores quem está

desempregado ou é trabalhador autônomo, precisando para a execução que se

15 WAMBIER, Luis Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. V2. 3ed. rer. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2000, p. 399. 16 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Processo Cautelar. Rio de Janeiro: ed. Forense, 2005, p. 308.

22

identifique a origem, a causa e a periodicidade dos pagamentos, pois, de qualquer

maneira, a fonte pagadora deste indivíduo também procederá ao desconto.

A lei não faz nenhuma alusão ao modo pelo qual o valor deve ser entregue ao

alimentando, por isso, deve ocorrer de forma que lhe seja mais cômoda.

O egrégio Superior Tribunal de Justiça tem assim entendido:

CIVIL. ALIMENTOS. PENSÃO DEDUZIDA EM FOLHA DE PAGAMENTO DE FORMA INCORRETA, A MENOR. SALDO. ULTERIOR DECISÃO DEFINITIVA REDUTORA DO QUANTUM. EFEITO. LEI N. 5.478/68, ART. 13. Os alimentos provisionais, inobstante fixados de forma precária, com base exclusivamente nos elementos iniciais do processo oferecidos pela parte autora, representam o justo e o certo, em face da força emprestada pela lei à decisão liminar que objetiva a proteção vital do alimentado. O quantum provisional, por isso, integra-se ao seu patrimônio como um direito desde logo e não pode ser suprimido, com efeito retroativo, por decisão ulterior que reduziu o percentual originariamente fixado, e que, por erro burocrático do empregador ao proceder ao desconto em folha, ensejara pagamento a menor, em prejuízo da filha do alimentante. Remanesce a obrigação de liquidar o saldo devedor resultante das prestações vencidas dos alimentos provisórios deduzidas por valor inferior ao determinado na liminar. Recurso especial conhecido e provido.17

5.3 COBRANÇA EM ALUGUÉIS OU OUTROS RENDIMENTOS DO DEVEDOR

Prima facie, este procedimento é previsto na Lei 5.478/68, art. 17, in fine, onde,

na eventualidade o devedor não tendo recebimento de salário ou outra contraprestação

por trabalho, pode o credor buscar outros valores pecuniários, pertencentes ao

devedor. Essa modalidade não vem sendo muito utilizada.

É uma outra espécie de penhora sobre o dinheiro, prevista no art. 17 da Lei de

Alimentos, recaindo a cobrança de quaisquer outros rendimentos ou de aluguéis de

prédios do devedor.

O Art. 17 da Lei de Alimentos menciona, in verbis, “alugueis de prédios ou

quaisquer outros rendimentos do devedor”.

17

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial – 139770 - Processo: 199700479080 UF: RS Órgão Julgador: 4ªTurma. Relator: Aldir Passarinho Junior, j. 11/06/2001. Disponível em: http//www.stj.gov.br. Acesso em: 06 nov. 2008.

23

Esta espécie de execução tem o seguinte procedimento, conforme nos relata

LUIZ RODRIGUES WAMBIER:

A cobrança será ordenada pelo juiz, através de oficio endereçado àquele que tem a obrigação de pagar o rendimento ao alimentante (locatário, estabelecimento bancário, empresa etc.), devendo conter os mesmos requisitos previstos no art. 734, parágrafo único, ou seja, os nomes do credor e do devedor, a importância a ser descontada e o tempo de as duração.18

Assim, vem entendendo o Tribunal de Justiça de Minhas Gerais:

EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA. ART. 733 DO CPC. INADIMPLÊNCIA DE PAGAMENTO DE PENSÃO VINCULADA A ALUGUEL DE IMÓVEL. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO DE PRISÃO. RECURSO. É de ser mantida a sentença que, em execução de pensão alimentícia, indefere o pedido de prisão do devedor, ao fundamento de que sua inadimplência está vinculada à falta de pagamento de aluguel de loja pelo inquilino, que não efetua o pagamento dos aluguéis e, por isso mesmo, corre contra ele a ação de despejo e cobrança. Sentença reformada em parte.19

O art. 17, da Lei de Alimentos, estabelece que a prestação assim cobrada

poderá ser recebida diretamente pelo credor ou por depositário nomeado pelo juiz. O

recebimento deve ser feito através do modo mais cômodo ao alimentando, e não se

admite a retenção dos valores.

Esta espécie de execução deve ser requerida pelo credor, que indicará a prova

de existência dos rendimentos do devedor que possa recair a execução, como por

exemplo, o recebimento de benefícios previdenciários.

ARNALDO MARMITT destaca a doação de patrimônio mobiliário ao credor,

assegurando-se, com as devidas precauções, para que o bem permaneça com o

mesmo, assegurando-lhe, desta forma, rendimentos mensais necessários à sua

sobrevivência.20

Finalmente, caso não seja possível à efetivação do débito pelos arts. 16 e 17, a

Lei Alimentar, no seu art. 18, estabelece que “se, ainda não for possível à satisfação do

18 WAMBIER, Luis Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. V2. 3ed. rer. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2000, p. 387. 19

MINAS GERAIS.Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Apelação Nº 1.0000.00.260505-3/000(1). 1ªCâmara Cível. Relator: Exmo. Sr. Des. Cláudio Costa, j. 24.10.02. Disponível em: http//www.tjmg.gov.br. Acesso em: 03 nov. 2008. 20 MARMITT, Arnaldo. Pensão Alimentícia. 2ed . rev. e atual. Rio de Janeiro: Aide Editora, 1999, p.167.

24

débito, poderá o credor requerer a execução da sentença, na forma dos arts. 732, 733 e

735 do Código Processo Civil”.

5.4 EXPROPRIAÇÃO DE BENS DO DEVEDOR

A execução da prestação alimentícia por expropriação é aquela efetuada contra

os bens do devedor, tornando-se eficaz quando este dispõe de bens garantidores da

execução, pois, caso contrário, a demanda torna-se inócua.

LUIZ RODRIGUES WAMBIER defende que a utilização deste meio executório

deve ocorrer após o uso dos modos de desconto em folha de pagamento e da cobrança

em alugueis ou outras rendas. Apesar de advertir que o Código de Processo Civil não

estabelece gradação dos meios de execução, ele afirma que é a Lei de Alimentos que

traça a ordem de preferência, como veremos abaixo:

A gradação está na Lei de Alimentos, traçando ordem de preferência na seqüência dos arts. 16, 17 e 18. Por isso a expropriação forçada não deve ocorrer sem antes a tentativa do desconto em folha de pagamento e a cobrança em aluguéis ou outras rendas. Isso porque é mais interessante, sob a ótica do credor. No entanto, dado o principio de que a execução deve-se dar pelo meio menos gravoso ao devedor, não há óbice que o alimentando opte, desde logo, pela expropriação. 21

Esta espécie de execução esta prevista no art. 732 do Código de Processo Civil

c/c o art. 646 e os seguintes também do CPC, através da qual o credor de alimentos irá

propor a ação de execução, requerendo a citação do devedor para efetuar o pagamento

do debito no prazo de 3 (três) dias ou nomear bens à penhora, sob pena de não

fazendo, recair a penhora em tantos bens quanto bastem para a garantia da execução.

Importante lembrar que todos os bens do devedor, sem exceção, poderão ser

penhorados, inclusive salário e bem de família.

21 WAMBIER, Luis Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. V2. 3ed. rer. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2000, p. 388.

25

Muito embora a Lei 11.232/05 não tenha revogado o art. 732 do Código de

Processo Civil, a doutrina tem se posicionado no sentido de que a execução de

alimentos através da expropriação de bens do devedor foi substituída pelo cumprimento

de sentença previsto nos artigos 475-I a 475-R do CPC.

Desta forma, ao invés da propositura de ação de execução, o credor de

alimentos irá requerer o cumprimento da sentença nos mesmos autos em que se

originou o título executivo, conforme adiante o assunto será melhor explorado.

O devedor poderá a qualquer momento, antes da arrematação ou adjudicação,

requerer a substituição do bem penhorado por dinheiro, continuando a execução sobre

a quantia depositada (CPC, art. 668).

Uma das deficiências desta forma de execução refere-se à demora na satisfação

do crédito alimentar em oposição ao caráter imedialista do mesmo, já que, quando

penhorados os bens, ficam estes à disposição do credor para uma futura alienação e,

enquanto isso, o credor passa por várias necessidades. Essa é a razão que faz com

que muitos credores não escolham esse procedimento, eis que em muitos casos o

lapso temporal para a satisfação do credito é longo, e, ainda assim, há situações que,

quando chega ao tão esperado final da demanda, não se aperfeiçoa a satisfação

desejada.

Um diferencial entre os procedimentos da expropriação de bens do devedor é

que, recaindo a penhora em dinheiro, o credor está autorizado a levantar mensalmente

a importância da prestação continuada, independentemente da oposição de embargos

pelo devedor. E mesmo eventualmente embargada a execução, o credor pode, desde

logo, receber a prestação alimentícia, da mesma forma que receberia com o desconto

em folha de pagamento, não dependendo este levantamento de qualquer caução ou

outra garantia.

26

5.5 PRISÃO CIVIL DO DEVEDOR

A modalidade de execução de alimentos, através do procedimento que sujeita o

devedor à prisão civil, é, na verdade, o caminho mais eficaz e utilizado pelo credor.

Embora de efeito extremo, a execução de alimentos pelo rito previsto no

parágrafo 1º, do art. 733, do CPC, c/c os arts. 18 e 19, da Lei de Alimentos – nº

5.478/1968, visa a coerção do devedor ao cumprimento da obrigação, imediatamente,

sob pena de restrição de sua liberdade.

A rigor, a prisão civil do devedor não tem caráter punitivo, sendo apenas meio

coercitivo para obrigá-lo a cumprir sua obrigação, diante da ameaça de ser levado ao

cárcere.

Caso o devedor não cumpra a obrigação, após regularmente citado para fazê-lo,

ou então comprovar que já o fez, bem como justificar sua inadimplência, a

conseqüência natural será sua prisão pelo prazo que o juiz fixar.

A prisão do devedor não lhe desonera da obrigação pela qual foi preso, de modo

que a dívida objeto da execução permanecerá em aberto, facultando ao credor a opção

de promover sua cobrança através das outras modalidades colocadas à sua disposição,

conforme anteriormente examinadas.

Por isso, tem-se entendido que a execução de alimentos prevista no art. 733, §

1º, do CPC, na verdade não se trata propriamente de procedimento executivo, mas tão

somente de meio para forçar o devedor ao adimplemento da obrigação.

Assim, a prisão por débito alimentar é apenas um meio coercitivo de execução,

para compelir o devedor ao pagamento da prestação de alimentos.

HUMBERTO THEODORO JÚNIOR entende que a prisão civil do devedor de

alimentos não é meio de execução, e sim coação, e da seguinte forma relata: “Essa

prisão civil não é meio de execução, mas apenas de coação, de maneira que não

impede a penhora de bens do devedor e o prosseguimento dos atos executivos

propriamente ditos.” 22

22 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Processo de Execução e Processo Cautelar. Rio de Janeiro: ed. Forense, 2005, p. 308.

27

Conquanto seja ou não a sujeição do devedor de alimentos à prisão civil uma

modalidade de execução, é a que, na prática, produz efeitos imediatos, uma vez que,

frente à ameaça de privação da liberdade, o alimentante, normalmente, cumpre sua

obrigação.

Apesar da aparente eficácia, a execução de alimentos por meio da intimidação

do devedor também poderá tornar-se rigorosa para o devedor e, ao mesmo tempo,

prejudicial ao próprio credor.

Isso porque, nem sempre, a inadimplência do devedor é fruto de descaso para

com o alimentando, mas resultado do desemprego ou então das mazelas sociais.

O devedor humilde, às vezes, sequer preocupa em comparecer ao processo

para justificar sua situação de inadimplência e, por conseguinte, acaba normalmente

tendo sua prisão decretada.

Outrora, a prisão do devedor, ao invés de estimular o cumprimento de sua

obrigação, piora a situação do alimentante, que, uma vez sob custódia, deixa de obter

recursos para pagamento da pensão alimentícia, quando não redunda até na perda do

emprego.

Entretanto, a execução de alimentos através do procedimento do art. 733, § 1º,

do CPC, apesar de seus efeitos extremos, torna-se imperativa, diante da necessidade

iminente do credor.

28

6 A PRISÃO CIVIL DO DEVEDOR DE ALIMENTOS

Consoante exposto no capítulo anterior, diversas são as modalidades de

satisfação da obrigação alimentícia.

Neste capítulo, o assunto dedicado será a prisão civil do devedor dos alimentos.

A previsão legal de prisão civil do devedor de obrigação alimentar tem seu

amparo na Constituição da República e na legislação infraconstitucional.

Dispõe a Constituição da República de 1988, em seu art. 5º, inciso LXVII, que:

“não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento

voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel”.

A Lei nº 5.478, de 25 de julho de 1968, assim reza, em seu art. 19: “O juiz, para

instrução da causa, na execução da sentença ou do acordo, poderá tomar todas as

providências necessárias para seu esclarecimento para o cumprimento do julgado ou

do acordo, inclusive a decretação de prisão do devedor até 60 (sessenta) dias”.

O Código de Processo Civil, em seu art. 733, e § 1º, preceitua:

Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.

§ 1º Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.

O Direito Internacional igualmente contempla a possibilidade de segregação da

liberdade pessoal em razão de dívida alimentar, nos termos da Convenção Americana

sobre Direitos Humanos – Pacto de São José da Costa Rica, com adesão pelo Brasil e

promulgada através do Decreto nº 678, de 6 de Novembro de 1992, que, em seu artigo

7, item 7, assim estabelece: “Ninguém deve ser detido por dívida. Este princípio não

limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de

inadimplemento de obrigação alimentar”.

29

Para Venosa: “A prisão civil é meio coercitivo para o pagamento, mas não o

substitui. A possibilidade de prisão do devedor de prestação alimentícia insere-se entre

os atos concretos que o estado pode praticar para satisfação do credor”.23

A satisfação da obrigação alimentar por meio de coerção do devedor, ou seja,

através de prisão civil, requer, para isso, a exemplo das demais obrigações passíveis

de executividade, título formalmente perfeito.

O título, no caso, deverá ser constituído por decisão judicial, revestido dos

seguintes requisitos: liquidez, certeza e exigibilidade.

Sem a presença desses elementos, a obrigação alimentar não comporta a

coerção do devedor, tão quanto, da mesma maneira, não autoriza a expropriação de

bens para a satisfação do crédito.

Os alimentos, constituídos por meio de provimento judicial, poderão ser

provisórios ou definitivos.

São definitivos quando decorrentes de sentença transitada em julgado, imutável

senão por nova decisão judicial revisional.

Os alimentos provisórios, também fixados por decisão judicial, são transitórios e

vigoram até o provimento definitivo da tutela jurisdicional.

No caso dos alimentos provisórios, a decisão concessiva tem caráter de

antecipação da tutela, e não mera providência cautelar, já que o pronunciamento

judicial, ainda que transitório, antecipa o direito do credor.

O crédito alimentar poderá ter cunho provisional, como medida deferida em

procedimento cautelar, de natureza satisfativa, a vigorar enquanto a obrigação não for

decidida em definitivo no processo principal.

Conquanto sejam pela mesma finalidade, os alimentos provisórios e provisionais

se diferem, segundo lição de Araken de Assis, a saber:

23 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil. Direito de Família, , 3ª ed., São Paulo: Atlas, 2003, p. 397.

30

Embora os alimentos provisionais e provisórios tenham a mesma função antecipatória, em nome do princípio venter non patitur dilationem, eles divergem na estrutura, exigindo os últimos prova pré-constituída da obrigação. [...]. Nenhum exibe natureza propriamente cautelar. Os alimentos satisfazem, e não apenas asseguram, como acontece na providência cautelar.24

A obrigação alimentar também pode ser instituída por instrumento extrajudicial,

seja por termo particular ou público, ou por transação referendada pelo Ministério

Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores (art. 585, inciso II,

do CPC).

Contudo, a obrigação alimentar constituída por título extrajudicial tem suscitado

divergência quanto ao cabimento de prisão civil do devedor.

A respeito dessa questão, preleciona Araken de Assis:

No sentido de que não cabe a execução baseada em título exatrajudicial, há julgado da 3.ª Turma do STJ: “O descumprimento de escritura pública celebrada entre os interessados, sem a intervenção do Poder Judiciário, fixando os alimentos, não pode ensejar a prisão do devedor com base no art. 733 do CPC, restrito à execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais”.

Acontece que o disposto no art. 13 da Lei 10.741/2003 (Estatuto do idoso), bem como outras considerações, deixam clarão que, dispondo de título extrajudicial, dotado do predicado de prova pré-constituída da existência do crédito, o credor não precisa deduzir sua pretensão através de ação condenatória, cujo efeito executivo, se julgado procedente ou emitido provimento antecipatório, também dá origem à execução executiva. É certo que, admitido o título extrajudicial, o obrigado sujeitar-se-á, eventualmente, à privação da liberdade a partir de documento obtido sem a elementar garantia de crivo judicial quanto ao crédito25.

Tem a mesma opinião Alexandre de Freitas Câmara, conforme segue transcrita:

Em primeiro lugar, é de afirmar que a execução de prestação alimentícia só pode ser fundada em título executivo judicial. Realmente, não se poderia admitir a utilização de um procedimento em que se prevê um meio de coerção tão poderoso como é a prisão do devedor, sem que tenha havido um prévio controle judicial da existência do dever de alimentar. Os alimentos

24 Assis, Araken de. Manual da Execução, 11ª ed. Revista, São Paulo: RT, 2006/2007, p. 910. 25 Op. cit. p. 922.

31

estabelecidos em título extrajudicial (como, por exemplo, uma transação celebrada entre as partes, e referendada pelo Defensor Público, art. 585, II, do CPC) poderão ser executados, mas não através do procedimento de que aqui se trata. Neste caso, adequada será a utilização do procedimento padrão da execução por quantia certa contra devedor solvente”26

A jurisprudência, por sua vez, inclina pelo entendimento de que não é cabível a

prisão do devedor de alimentos decorrentes de título executivo extrajudicial.

AÇÃO DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS - ACORDO EXTRAJUDICIAL REFERENDADO PELA DEFENSORIA PÚBLICA - TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL - INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL - IMPOSSIBILIDADE. - Se é verdade que a verba alimentícia devida pelo executado decorre de um título executivo EXTRAJUDICIAL, conforme acordo celebrado entre as partes e referendado pela Defensoria Pública, impedindo que o feito siga o rito previsto no art. 733 do CPC, inclusive em relação à possibilidade de decretação da PRISÃO da executado, também é verdade que o juiz pode intimar o autor para adequar o seu pedido aos limites legalmente previstos para a execução de título EXTRAJUDICIAL, tornando possível o prosseguimento do feito. 27

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - EXECUÇÃO DE ALIMENTOS - PRISÃO DO DEVEDOR - TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL - IMPOSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 732, 733 E 586, TODOS DO CPC. Se a Execução de verba alimentícia tem como sustentáculo acordo EXTRAJUDICIAL, incabível é a PRISÃO do devedor, por não se afigurar ele sentença proferida em Ação Alimentícia ou de decisão que estabelece os provisórios, inclusive, de natureza acautelatória.28

Habeas corpus. Título executivo extrajudicial. Escritura pública. Alimentos. Art.

733 do Código de Processo Civil. Prisão civil. 1. O descumprimento de escritura pública celebrada entre os interessados, sem

a intervenção do Poder Judiciário, fixando alimentos, não pode ensejar a prisão civil do devedor com base no art. 733 do Código de Processo Civil, restrito à "execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais". 2. Habeas corpus concedido.29

26 CÂMARA, Alexandre de Freitas. Lições de Direito Processual Civil, vol. II, 12ª ed., Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, p. 346. 27 MINAS GERAIS.Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Apelação Cível Nº 1.0702.05.217911-7/001. 1ªCâmara Cível. Relator: Exmo. Sr. Des. Eduardo Andrade, j. 10.01.06. Disponível em: http//www.tjmg.gov.br. Acesso em: 10 nov. 2008. 28 MINAS GERAIS.Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Agravo de Instrumento Nº 000.256.334-4/00. 6ª Câmara Cível. Relator: Exmo. Sr. Des. Dorival Guimarães Pereira, j. 22.04.02. Disponível em: http//www.tjmg.gov.br. Acesso em: 10 nov. 2008. 29 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas Corpus. 22401/ SP Processo: 2002/0058211-9. Órgão Julgador: 3ªTurma. Relator: Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, j. 20/08/2002. Disponível em: http//www.stj.gov.br. Acesso em: 06 nov. 2008.

32

O procedimento coercitivo para satisfação da obrigação alimentar, cuja opção

fica a critério do credor, pressupõe a necessidade imediata do alimentado, daí porque

deve ter por objeto prestações recentes, assim entendidas, por consolidação da

jurisprudência e da doutrina, as três últimas prestações mensais vencidas.

Instaurado o procedimento, o devedor será citado para, no prazo de 3 (três) dias,

pagar a dívida, provar que já pagou ou justificar a impossibilidade de efetuar o

pagamento.

Não havendo o pagamento ou prova da quitação da dívida, ou ainda rejeitada

eventual justificativa apresentada pelo devedor, a conseqüência imediata será sua

prisão.

Vale lembrar que a prisão do devedor não deve ser decretada pelo juiz sem

pedido expresso do credor, segundo ensinamento do prof. Humberto Theodoro Júnior:

“A prisão civil, é importante lembrar, não deve ser decretada ex officio. É o credor que

‘sempre estará em melhores condições que o juiz para avaliar sua eficácia e

oportunidade”.30

A dívida que sujeita à prisão deve compreender prestações vencidas

recentemente – três últimas parcelas mensais, assim como todas aquelas que se

vencerem no curso do processo, não se liberando o devedor do risco da custódia

enquanto não quitar a dívida até a última prestação vencida.

A questão encontra-se sumulada pelo STJ – Súmula nº 309, que assim dispõe:

“O débito alimentar que autoriza prisão civil do alimentante é o que compreende as três

prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que vencerem no curso do

processo”.

É importante registrar, porém, que, a exemplo das prestações pretéritas

(antigas), as quais não comportam a prisão do devedor, também não é plausível a

custódia do alimentante no que tange às prestações que se vencerem no curso da ação

de execução, a partir do momento que o processo permaneça paralisado por muito

30 THEODORO JÚRIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, vol. II, 41ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 417

33

tempo por desídia do credor, deixando de praticar atos para o andamento regular do

feito. Nesse caso, torna-se prudente que o juiz, ao invés de ordenar apenas o

arquivamento provisório do processo, decrete desde logo sua extinção.

Em relação ao prazo de duração da prisão do devedor, há na legislação vigente

previsão de lapsos distintos.

O art. 733, § 1º, do CPC, estabelece que o prazo da prisão será de 1 (um) a 3

(três) meses.

Já o art. 19, da Lei nº 5.478/65, reza que o prazo da reprimenda é de até 60

(sessenta) dias.

Uma corrente doutrinária e jurisprudencial entende que deve prevalecer a regra

contida no § 1º, do art. 733, do CPC, porquanto não teria sido derrogada pela Lei nº

6.014/73, que alterou o art. 19, da Lei nº 5.478/65.

Outra corrente defende que, embora o Código de Processo Civil tenha entrado

em vigor por último, a lei modificadora do estatuto dos alimentos foi editada

posteriormente, conquanto entrasse em vigor primeiro.

Cássio Scarpinella Bueno preleciona que:

O entendimento vencedor em doutrina, contudo, busca a compatibilização das regras, forte no princípio do art. 620, sustentando que a prisão não poderia, em qualquer caso, ultrapassar os sessenta dias e, conseqüentemente, poderia ser inferior ao prazo de um mês.31

Também é palco de divergências a possibilidade de reiteradas prisões do

devedor, seja no mesmo processo ou noutros procedimentos que se sucederem.

Importante a observação do prof. Araken de Assis, a saber:

Vale recordar que a prisão é reiterável tantas vezes quantas forem necessárias, no curso do mesmo processo ou em outro, sem embargo de o obrigado obter a

31 BUENO, Cássio ScarpInella. Curso Sistematizado de Direito Processual Civil, São Paulo: Saraiva, 2008, p. 371.

34

liberdade através do cumprimento da obrigação (art. 733, § 3º). Exige-se dívida diversa para renovar o aprisionamento, porém, seja quanto à natureza da prestação alimentar, seja quanto ao lapso temporal nela compreendido.32

Efetuada a prisão do devedor, pelo prazo determinado na decisão que a

decretou, o alimentante deverá ser imediatamente solto após a expiração do período de

custódia, ou a qualquer momento se houver o cumprimento da obrigação. Nada

impede, porém, que, enquanto não houver a extinção do processo, seja novamente

decretada a prisão do devedor, mas, no caso, pela dívida compreendida por período

diverso.

Por conseguinte, com maior razão é cabível a reiteração da prisão do devedor

em processos subseqüentes, desde que não seja pela mesma dívida cobrada

anteriormente e que o sujeitou à custódia.

A extinção do procedimento coercitivo só ocorrerá mediante a quitação total do

débito, referente às três últimas prestações vencidas antes do ajuizamento da ação e

todas as demais que se vencerem até o momento do pagamento.

Extinto o processo, por sentença, não será mais possível inovar nos autos, salvo

para correção de erro material ou em caso de embargos de declaração. Qualquer outra

pretensão acerca da inadimplência do devedor exigir-se-á novo processo.

32 ASSIS, Araken de. Manual da Execução, 11ª ed. Revista, São Paulo: RT, 2006/2007, p. 910.. p. 940.

35

7 AS ALTERAÇÕES EDITADAS PELAS LEIS NºS. 11.232/2005 E 11.382/2006 NO

CPC

As Leis nº 11.232, de 2005, e 11.382, de 2006, introduziram significativas

modificações no Código de Processo Civil.

Com essas alterações, houve uma completa reformulação dos procedimentos de

executividade dos títulos executivos judiciais e extrajudiciais e da sistemática de defesa

do devedor, assim pontuadas: a) fim do processo de execução de sentença; b)

instituição da fase de cumprimento da sentença; c) alteração do rito de execução de

todos os títulos executivos extrajudiciais; d) introdução do procedimento de impugnação

de cumprimento de sentença; e) modificação do processamento dos embargos do

devedor, e f) inovações das regras de execução contra a fazenda pública e dos

embargos de arrematação.

Atendendo-se ao propósito de estudar cada ponto dessas alterações, é

importante fazer uma análise separada das inovações trazidas pelas Leis nºs.

11.232/05 e 11.382/06.

7.1 AS MODIFICAÇÕES DA LEI Nº 11.232/05

A Lei nº 11.232/05, em vigor 6 (seis) meses depois de sua publicação (23.12.05),

deu novos rumos às fases de liquidação de sentença e de cumprimento de sentença,

colocando fim ao processo específico de execução de sentença.

O objeto de análise da Lei nº 11.232/05, cujo contexto merece enfoque nesta

monografia, refere-se ao cumprimento da sentença.

O art. 475-I, introduzido pela Lei nº 11.232, de 22 de dezembro de 2005, dispõe

que: “O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei ou,

36

tratando de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos

deste Capítulo”.

Os dispositivos dos arts. 461 e 461-A cuidam das ações que têm por objeto o

cumprimento de obrigação de fazer e não fazer ou da entrega de coisa.

Já no que diz respeito à sentença condenatória em quantia certa, o cumprimento

da decisão encontra disciplinado pelos arts. 475-J e seguintes do CPC.

Antes da reforma do CPC pela Lei nº. 11.232, de 22 de dezembro de 2005, a

execução por quantia certa contra devedor solvente era processada sob um único rito,

ou seja, para títulos executivos judiciais e extrajudiciais.

O devedor era citado para, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, pagar ou

nomear bens à penhora. Não satisfeita a obrigação, nem nomeados bens à penhora,

precedia-se a expropriação forçada.

Agora, com a introdução do capítulo relativo ao cumprimento de sentença no

Código de Processo Civil, o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou

fixada em liquidação, caso não efetue a quitação do débito no prazo de 15 (quinze)

dias, sujeitar-se-á à multa de 10% (dez por cento) do montante da condenação e, a

requerimento do credor, terá contra si expedido mandado de penhora de bens (arts.

475-J).

O prazo estabelecido para cumprimento voluntário da obrigação é contado a

partir da decisão transitada em julgado.

Tem sido palco de discussão, a necessidade ou não de intimação prévia do

devedor para efeito de incidência da multa moratória de 10% (dez por cento).

Os tribunais vêm firmando o entendimento de que a incidência da multa é

automática, a partir do transcurso do prazo de 15 (quinze) dias para cumprimento

voluntário da obrigação.

LEI 11.232/2005. ARTIGO 475-J, CPC. CUMPRIMENTO DA SENTENÇA. MULTA. TERMO INICIAL. INTIMAÇÃO DA PARTE VENCIDA. DESNECESSIDADE.

37

1. A intimação da sentença que condena ao pagamento de quantia certa consuma-se mediante publicação, pelos meios ordinários, a fim de que tenha início o prazo recursal. Desnecessária a intimação pessoal do devedor. 2. Transitada em julgado a sentença condenatória, não é necessário que a parte vencida, pessoalmente ou por seu advogado, seja intimada para cumpri-la. 3. Cabe ao vencido cumprir espontaneamente a obrigação, em quinze dias, sob pena de ver sua dívida automaticamente acrescida de 10%.33 AGRAVO DE INSTRUMENTO - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - DESNECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PARA PAGAMENTO - INCIDÊNCIA DA MULTA DO ARTIGO 475-J, DO CPC - IMPUGNAÇÃO - GARANTIA DO JUÍZO - PENHORA ON LINE - CONVÊNIO BACEN-JUD - EXPRESSA PREVISÃO LEGAL - POSSIBILIDADE.A MULTA constitui um meio coercitivo para compelir o adimplemento voluntário do devedor, condenado ao pagamento de quantia certa, em SENTENÇA transitada em julgado, independente de sua INTIMAÇÃO prévia. Não realizado o pagamento, e havendo requerimento do credor, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.Para que se receba e se conheça da impugnação oposta pelo devedor, nos termos do art. 475-L do CPC, necessário se impõe a segurança do juízo, mediante o depósito em penhora por todo o valor da liquidação.Após o advento da Lei nº. 11.382/06, a constrição on line, incidente sobre depósitos em dinheiro ou investimentos, pode ser deferida pelo julgador, independente da demonstração do esgotamento de outros meios para a satisfação do crédito exeqüendo, posto que, nesta nova sistemática, foi atribuída ao próprio credor a indicação dos bens a serem penhorados.34

Efetuada a penhora, mediante a lavratura do respectivo auto, o devedor será

intimado na pessoa de seu advogado, se tiver, ou pessoalmente, para, querendo

oferecer impugnação, no prazo de 15 (quinze) dias (art. 475-J, § 1º), cujo objeto deverá

reportar às matérias mencionadas no art. 475-L. A impugnação não terá, por regra,

efeito suspensivo, podendo, contudo, o juiz atribuir esse efeito, quando relevantes os

fundamentos e o prosseguimento da expropriação for passível de causar grave dano ou

difícil reparação ao devedor, caso em que o processamento do incidente será efetuado

nos próprios autos principais (art. 475-M). Não sendo atribuído efeito suspensivo ao

procedimento de cumprimento de sentença, a impugnação será processada em autos

apartados (§ 2º, do art. 475-M).

33

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial. 954859/RS Processo: 2007/0119225-2 UF: RS. Órgão Julgador: 3ªTurma. Ministro Relator: Humberto Gomes de Barros, j. 16.08.07. Disponível em: http//www.stj.gov.br. Acesso em: 10 nov. 2008. 34 MINAS GERAIS. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Agravo nº 1.0024.05.649347-1/003. 17ª Câmara Cível. Relagar: Exmo. Sr. Des. Lucas Pereira, j. 28.02.08. Disponível em: http//www.tjmg.Br. acesso em: 11 nov. 2008.

38

O CPC não disciplinou o prazo de resposta do credor/impugnado, nem a forma

de processamento da impugnação, porém, como questão de lógica e aplicação das

regras do processo de execução de título extrajudicial (art. 475-R), ou seja, recebida a

impugnação, o impugnado será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias, e, a seguir, o juiz

julgará imediatamente o incidente, ou designará audiência de conciliação, instrução e

julgamento, proferindo sentença no prazo de 10 (dez) dias (art. 740).

Contra a decisão que resolver o incidente de impugnação caberá agravo de

instrumento, mas, havendo extinção da execução, o recurso cabível é apelação (§ 3º,

do art. 475-M).

Havendo prosseguimento regular da execução, para expropriação de bens do

devedor, com o escopo de satisfazer a condenação, aplica-se, daí por diante, no que

couber, os dispositivos que regem o processo de execução de título extrajudicial (art.

475-R, do CPC).

7.2 AS MODIFICAÇÕES DA LEI 11.382/06

A Lei Nº 11.382, de 6 de dezembro de 2006, por sua vez, promoveu diversas

alterações no processo de execução – Livro II, do CPC, que, em razão das reformas

introduzidas pela nº 11.232/05, ficou praticamente restrito à execução de títulos

executivos extrajudiciais.

A execução por quantia certa contra devedor solvente teve significativa

modificação pela Lei nº 11.382/06, em destaque a alteração do prazo de citação do

devedor para pagamento da dívida; ampliação das formas de satisfação do credor;

introdução de novos mecanismos de garantia da execução e modificação do

procedimento de defesa do devedor.

Antes da reforma do CPC pelas nºs. 11.232, de 22 de dezembro de 2005, e

11.382, de 6 de dezembro de 2006, a execução por quantia certa contra devedor

39

solvente era processada sob um único rito, ou seja, para títulos executivos judiciais e

extrajudiciais, na forma dos arts. 646 e seguintes do estatuto processual civil.

O devedor era citado para, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, pagar ou

nomear bens à penhora. Não satisfeita a obrigação, nem nomeados bens à penhora,

precedia-se a expropriação forçada.

Agora, de acordo com a sistemática vigente, o devedor será citado para, no

prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida (art. 652, do CPC). Caso o

devedor faça o pagamento da dívida no prazo legal, o valor dos honorários

advocatícios, que deverão ser arbitrados no despacho inicial, será reduzido pela

metade (art. 652-A, § único). Também é assegurado ao devedor, dentro do prazo para

oferecer embargos, reconhecendo o crédito do exeqüente, efetuar o depósito de 30%

(trinta por cento) do valor em execução, inclusive das custas e honorários advocatícios,

e pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais (art. 745-A, do CPC).

É possível a realização de penhora do crédito bancário do devedor, por meio de

bloqueio eletrônico (art. 655-A, do CPC), para garantia da execução.

O credor poderá, por iniciativa própria, requerer a averbação da penhora para

conhecimento de terceiros (art. 659, § 4º, do CPC). Ao credor também é facultado,

desde logo, pedir a adjudicação dos bens penhorados, oferecendo preço não inferior ao

da avaliação, independentemente de prévio praceamento judicial (art. 685-A).

Tem ainda o credor a faculdade de alienar os bens penhorados por iniciativa

própria ou por corretor (art. 685-C).

A Lei nº 11.382/06 colocou à disposição do credor a possibilidade de usufruto de

bem móvel para recebimento do seu crédito, que terá duração até que seja pago o valor

principal, juros, custos e honorários advocatícios (arts. 716 e seguintes). Anteriormente,

o usufruto, como forma de pagamento do crédito executado, somente era cabível sobre

bem imóvel ou de empresa.

Com advento da Lei nº 11.382/06, os embargos do devedor tiveram significativas

alterações.

40

O prazo para interposição dos embargos do devedor antes era de 10 (dez) dias,

contados da juntada aos autos do mandado de penhora, do termo de depósito, da

juntada aos autos do mandado de imissão na posse, ou da busca e apreensão, na

execução para a entrega da coisa, ou da juntada aos autos do mandato de citação, na

execução da obrigação de fazer ou de não fazer.

Atualmente, o devedor, independentemente da garantia da execução, através da

penhora, caução ou depósito, poderá oferecer embargos, no prazo de 15 (quinze) dias,

contados da data da juntada aos autos do mandado de intimação (art. 736, do CPC).

Face à essa nova sistemática, os embargos do executado, via de regra, não têm

efeito suspensivo, salvo se relevantes os fundamentos, e o prosseguimento da

execução possa causar ao devedor grave dano de difícil ou incerta reparação, desde

que haja garantia por meio de penhora, depósito ou caução (art. 739-A, § 1º, do CPC).

O processamento dos embargos à execução, como antes da reforma, é feito em

autos próprios e distribuído por dependência.

A matéria objeto dos embargos, antes das reformas do CPC, introduzidas pelas

Leis nº 11.232/05 e 11.382/06, variava de acordo com a natureza do título, ou seja,

judicial ou extrajudicial.

Não há mais embargos do devedor fundados em sentença, exceto no caso de

execução contra a fazenda pública ou execução de alimentos por quantia certa oriunda

de decisão judicial – nesse último caso, o assunto é polêmico, dado ao entendimento

de que a sentença de alimentos também deverá ser satisfeita por meio do

procedimento de cumprimento sentença.

O conteúdo da matéria de defesa por meio de embargos à execução de título

executivo extrajudicial ou de título judicial contra a fazenda pública sofreu algumas

alterações, cujo teor se encontra previsto nos arts. 741 e 745, do CPC.

Como anteriormente previsto no art. 739, o juiz rejeitará os embargos

liminarmente, quando intempestivos ou se a petição for inepta.

41

A reforma da Lei nº 11.382/06 alterou em parte o conteúdo do art. 739, do CPC,

introduzido no inciso III à hipótese de embargos manifestamente protelatórios, e

excluindo a referência às matérias de abrangência dos embargos.

Na verdade, o legislador não foi muito técnico na exclusão do inciso II, do art.

739, do CPC, que reportava como causa de rejeição liminar dos embargos a alegação

de matérias estranhas ao seu objeto.

Em se tratando de embargos à execução fundada em título extrajudicial, não há

realmente nenhuma restrição ao conteúdo dos embargos, porque ao embargante é

permitido alegar qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo

de conhecimento (art. 745, inciso V, do CPC).

Contudo, quando se tratar de embargos à execução contra a fazenda pública, o

seu conteúdo é limitado aos casos expressamente mencionados no art. 741, do CPC.

Caso o embargante venha alegar matéria estranha àquela prevista no art. 741,

do CPC, o juiz rejeitará liminarmente os embargos à execução contra a fazenda

pública? Sob qual fundamento? Inépcia da inicial ou embargos manifestamente

protelatórios?

O prazo para interposição de embargos à arrematação ou à adjudicação foi

alterado pela lei nº 11.382/06, passando de 10 (dez) dias, que era igual ao prazo para

embargos à execução, para 5 (cinco) dias (art. 746, do CPC).

Também foi prevista pela lei em comento outra possibilidade de embargos após

o prazo para propositura de embargos à execução, ou seja, contra a alienação do bem

penhorado (art. 746, do CPC). Essa previsão tem seu sentido em razão da

possibilidade de alienação do bem por iniciativa privada (art. 685-C, do CPC).

42

8 A PENHORA NA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS

A penhora de bens do devedor para satisfação do crédito alimentar somente é

cabível na execução por quantia certa.

A constrição, no caso, poderá ocorrer tanto no procedimento de cumprimento de

sentença como no rito próprio para execução de títulos executivos extrajudiciais. Isso se

deve ao fato de que, após a penhora de bens, a fase de expropriação é comum em

ambos os procedimentos (art. 475-R, do CPC).

Com efeito, não cabe penhora de bens do devedor quando a via eleita pelo

credor para satisfação dos alimentos for por meio coercitivo – prisão civil, constituição

de renda, ou mediante desconto em folha de pagamento ou renda.

À exceção de outros créditos, a pensão alimentícia autoriza a penhora de

salários ou ganhos com natureza salarial, conforme expressamente previsto no

parágrafo segundo do artigo 649, do CPC, com redação dada pela lei nº 11.382/06, in

verbis: “O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de penhora

para pagamento de prestação alimentícia”.

O bem considerado de família, assim definido pela Lei nº 8.009/1990, não é

suscetível de impenhorabilidade para efeito de garantia de crédito alimentar. O diploma

legal retro citado, em seu art. 3º, inciso III, expressamente excluí da impenhorabilidade

a constrição efetuada por força de pensão alimentícia.

PROCESSO CIVIL - EXECUÇÃO DE ALIMENTOS - IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA NÃO OPONÍVEL AO CREDOR ALIMENTÍCIO - INTELIGÊNCIA DO ART. 3º, III, DA LEI Nº 8.009/90 - ART. 732 DO CPC - EXECUÇÃO DE CRÉDITO RELATIVO A ALIMENTOS. - A impenhorabilidade do bem de família não é oponível ao credor de ALIMENTOS, conforme se infere do art. 3º, III, da Lei nº 8.009/90. - O fato de a EXECUÇÃO prevista no art. 732 do CPC seguir o rito determinado no Capítulo IV (''Da EXECUÇÃO por QUANTIA Certa contra Devedor Solvente'') não modifica a natureza alimentícia

43

do crédito executado. Em suma: uma disposição processual não é apta a alterar a essência do direito material. 35

Em contrapartida, não são objeto de penhora os frutos e rendimentos dos bens

inalienáveis quando destinados à satisfação de prestação alimentícia (art. 650, do CPC,

com redação dada pela Lei nº 11.382/2006).

35 MINAS GERAIS. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Apelação Cível N° 1.0479.05.087295-7/00. 7ª Câmara Cível. Relator: Exmo. Sr. Des. Wander Marotta, j. 17.07.07. Disponível em: http//www.tjmg.gov.br. Acesso em: 10 nov. 2008.

44

9 A NOVA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS

Consoante já frisado, o crédito alimentar poderá ser constituído por título judicial

ou por título extrajudicial. E, dependendo da forma de constituição da obrigação e da

natureza da prestação, a sistemática de execução dos alimentos por quantia poderá

seguir diferentes procedimentos.

No caso do título extrajudicial, a forma de satisfação do crédito alimentar por

quantia certa se dá através da execução disciplinada pelos arts. 646 e seguintes do

CPC. Não há discussão doutrinária ou jurisprudencial nesse sentido, diante das regras

estabelecidas pelas Leis nºs. 11.232/2005 e 11.382/2006.

Já em relação ao procedimento de execução de alimentos por quantia certa,

fundada em título judicial, há divergência tanto do ponto de vista da doutrina como da

jurisprudência, após as alterações introduzidas pelas leis 11.232/05 e 11.382/06.

A dualidade de interpretação oriunda principalmente das alterações da Lei nº

11.232/05 e da redação do artigo 732, do CPC, que se manteve inalterada, tem

semeado discórdia ante a indagação se a simplificação dos atos de cumprimento da

sentença alcança a obrigação de natureza alimentícia constituída por decisão judicial,

ou se permanece sem nenhuma modificação a sistemática de satisfação do julgado.

Com isso, a satisfação da obrigação alimentar será processada como mero

cumprimento de sentença, ou nos moldes da execução de título extrajudicial?

A polêmica decorre do fato de que, para alguns doutrinários e de acordo com

uma corrente jurisprudencial, a regra do art. 475-I, do CPC, prevalece sobre a do art.

732, do mesmo estatuto processual civil, porque a sentença que fixa alimentos é título

judicial, não se justificando o processo de execução, reservado aos títulos executivos

extrajudiciais.

Para os que professam a aplicação das regras de cumprimento de sentença no

tocante à execução de alimentos, a justificativa se baseia sobremaneira no argumento

de que o descuido do legislador, ao deixar alterar o texto do art. 732, do CPC, por

45

ocasião da edição da Lei nº 11.232/05, não pode ser interpretado como se,

intencionalmente, seu propósito fosse de manter a regra do referido dispositivo legal.

Os defensores dessa corrente alegam ainda que, em se tratando da satisfação

de crédito alimentar, cuja urgência é até mais do que outra obrigação qualquer, maior

razão há para que o procedimento de cumprimento seja aplicado na execução de

alimentos, tanto pela simplicidade e celeridade do rito processual, assim pelo fato de

imputar multa moratória ao devedor.

Marcus Vinicius Rios Gonçalves professa que:

[...]. Em primeiro momento, seria de supor que a execução condenatória em pensão alimentícia seguiria o processo da execução por título extrajudicial, formando um processo autônomo. A essa conclusão levaria a interpretação literal do art. 732, não atingido pela reforma da Lei n. 11.232/2005, que remete ao Capítulo IV do Título II do Livro II do CPC, isto é, ao processo de execução por quantia certa contra devedor solvente tratado nos arts. 646 e s., mas uma interpretação teleológica leva a outra conclusão. A sentença de alimentos é título executivo judicial. Não há nenhuma peculiaridade na sua execução que justifique a adoção do procedimento da execução de títulos extrajudiciais, se a sentença é título judicial.36

No mesmo sentido, Misael Montenegro Filho, diz que:

O devedor será intimado para satisfazer a obrigação no prazo de quinze dias (segundo pensamos, embora grande parte da doutrina dispense a realização da intimação de que cuidamos), seguindo a execução nos seus termos seguintes, com penhora e a avaliação de bens do devedor (na hipótese de o pagamento não ser realizado), a oposição da impugnação etc., segundo as previsões dos arts. 475-J ss do CPC.37

Também merece destaque a opinião da Desª. Maria Berenice Dias, a saber:

Os alimentos podem e devem ser cobrados pelo meio mais ágil introduzido no sistema jurídico. O crédito alimentar está sob a égide da Lei 11.232/05, podendo ser buscado o cumprimento da sentença nos mesmos autos da ação

36 GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de Direito Processual Civil, v. 3, 2ª tir., São Paulo: Saraiva, 2008, pp. 229-230. 37 FILHO, Misael Montenegro. Curso de Direito Processual Civil, v. 2, 4ª ed;, São Paulo: Atlas, 2007, p. 440.

46

em que os alimentos foram fixados (CPC, art. 475-J). Houve mero descuido do legislador ao não retificar a parte final dos arts. 732 e 735 do CPC e fazer remissão ao Capítulo X, do Título VII: “Do Processo de Conhecimento”. A falta de modificação do texto legal não encontra explicação plausível e não deve ser interpretada como intenção de afastar o procedimento mais célere e eficaz logo da obrigação alimentar, cujo bem tutelado é exatamente a vida. A omissão, mero cochilo ou puro esquecimento não pode levar a nefastos resultados.38

Ainda nessa linha de argumentação, registra Mariana Helena Cassol:

E o fato de a lei ter silenciado sobre a execução de alimentos, não pode conduzir à idéia de que a falta de modificação dos arts. 732 e 735 do Código de Processo Civil impõe a manutenção do demorado processo de execução, porquanto viria a contrariar o próprio objetivo da lei, que é dar maior celeridade ao feito executivo. A interpretação do ordenamento jurídico no presente caso deve ser a teleológica, haja vista que a execução de alimentos, como referido, exige maior presteza do judiciário, dada a importância e premência da verba alimentar.

Assim, em processo lógico e conciliando a Lei nº 11.232/2005 com o ordenamento vigente, que exige do direito de família uma atenção especial à prestação alimentícia, tanto que existe procedimento especial para fixação de alimentos, com maior razão deve ser aplicado o art. 475-J e seguintes do Código de Processo Civil, inclusive com a aplicação da multa, que possui caráter coercitivo, para que o devedor cumpra, voluntariamente, a obrigação que lhe foi imposta.39

A jurisprudência, favorável à tese de que a satisfação do crédito alimentar

decorrente de título judicial se busca por meio do cumprimento de sentença, aponta os

seguintes arestos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE ALIMENTOS - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - POSSIBILIDADE. ''A lei nº 11.232/05 que acrescentou o artº 475-J ao Código de Processo Civil aplica-se à EXECUÇÃO de ALIMENTOS'' (AI-70019020379 - 8ª Câmara Civil - RGS).40 APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS. INCIDÊNCIA DA MULTA DE 10%. ARTIGO 475-J DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. APLICABILIDADE. REDUÇÃO DOS ALIMENTOS

38 DIAS, Maria Berenice. Execução dos Alimentos e as Reformas do CPC. Revista IOB de Direito Civil e Processual Civil, Ano VIII, pág. 67, nº 46, 2007. 39 CASSOL, Mariana Helena. A Execução de Alimentos em Face da Reforma Processual Civil na Execução, Revista IOB de Direito de Família, nº 46, fev-mar/2008, p. 125. 40 MINAS GERAIS. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Agravo nº 1.0024.02.828072-5/003. 7ª Câmara Cível. Relator: Exmo. Sr. Des. Alvim Soares, j. 06.05.08. Disponível em: http//www.tjmg.gov.br. Acesso em: 11 nov. 2008.

47

PROVISÓRIOS. EFEITOS EX NUNC. Aplica-se o regramento do cumprimento de sentença às execuções de alimentos, inclusive provisórios, não havendo qualquer razão para se afastar a incidência da multa de 10% prevista no caput, do artigo 475-J, do Código de Processo Civil. Precedentes Jurisprudenciais e doutrinários. O fato de os alimentos provisórios terem sido reduzidos não afasta a exigibilidade do quantum devido até o momento da redução, pois a decisão que fixa os alimentos definitivos em valor inferior aos provisórios possui efeito ex nunc. Entendimento em sentido diverso estimularia a inadimplência do devedor de alimentos, que deixaria de adimplir com a verba alimentar durante a tramitação do processo. RECURSO DO ALIMENTANTE IMPROVIDO, POR MAIORIA. RECURSO DAS ALIMENTADAS PROVIDO À UNANIMIDADE.41

Em contrapartida, para os defensores da tese de que a execução de alimentos

por quantia certa decorrente de título judicial se processa nos moldes dos títulos

executivos extrajudiciais, o art. 732, do CPC, permaneceu inalterado, o qual estabelece

o seguinte: “A execução de sentença, que condena ao pagamento de prestação

alimentícia, far-se-á conforme o disposto no Capítulo IV deste Título”.

São vários os argumentos que sustentam a inaplicabilidade do procedimento de

cumprimento à execução de alimentos.

A primeira assertiva reside na premissa de que o art. 732, do CPC, permaneceu

inalterado propositalmente, uma vez que a intenção do legislador seria manter uma

sistemática própria de execução dos alimentos, tal como ocorre em relação aos

procedimentos previstos nos arts. 733 e 734 do estatuto processual civil, que também

não foram tacitamente derrogados pela Lei nº 11.232/2005.

No caso, a execução de alimentos, por já comportar diferentes procedimentos de

satisfação do crédito, quais sejam, prisão do devedor e desconto em folha de

pagamento, não se enquadraria na hipótese da regra comum de cumprimento de

sentença.

Nessa linha, o ensinamento de Humberto Theodoro Júnior:

O Código de Processo Civil abre ao credor de alimentos duas vias executivas: a) a de execução comum de obrigação de quantia certa (art. 732; e b) a da

41 RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do sul. Apelação Cível Nº 70024742447. Oitava Câmara Cível. Relator: Claudir Fidelis Faccenda, j.28.08./2008. Disponível em: http//www.tj.rs.gov.br. Acesso em 11 nov. 2008.

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execução especial, sem penhora e com sujeição do executado inadimplente a prisão civil (art. 733).

Na hipótese do art. 732 a execução de sentença deve processar-se nos moldes do disposto no Capítulo IV do Título II do Livro II do Código de Processo Civil, onde se acha disciplinada a “execução por quantia certa contra devedor solvente” (arts. 646 a 724), cuja instauração se dá por meio de citação do devedor para pagar em 3 dias (art. 652, caput), sob pena de sofrer penhora (item, § 1º). Como a Lei nº 11.232/2005 não alterou o art. 732 do CPC, continua prevalecendo nas ações de alimentos o primitivo sistema dual, em que acertamento e execução forçada reclamam o sucessivo manejo de duas ações separadas a autônomas: uma para condenar o devedor a prestar alimentos e outra para forçá-lo a cumprir a condenação”.42

Um outro argumento diz respeito ao fato de que, ao tratar o Capítulo X, do Livro

I, do CPC, sobre cumprimento de sentença, sua aplicação somente teria lugar em caso

de “sentença” propriamente dita, e não no caso dos alimentos provisórios, que são

fixados por decisão interlocutória. Isso porque o § 1º, do art. 475-J, do CPC, reza o

seguinte: “É definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória

quando se tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído

efeito suspensivo”.

A partir desse raciocínio, a execução de alimentos provisórios, fixados por

decisão interlocutória, típica das ações alimentares, não seria suscetível de

processamento através do rito de cumprimento de sentença.

Também se cogita a incompatibilidade da execução de alimentos pelo

procedimento de cumprimento de sentença dada à natureza da condenação, ou seja,

por se referir à obrigação de trato sucessivo.

Assim, a iniciativa do credor, para obter a satisfação de seu direito, não se limita

a um determinado montante certo e definitivo, e sim ao adimplemento das parcelas

vencidas e vincendas, enquanto durar a obrigação.

Com essas argumentações, entendem seus defensores que não cabe a

aplicação do rito de cumprimento de sentença (art. 475-J, do CPC) na execução de

alimentos quando se tratar de quantia certa.

42 THEODORO JÚRIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, vol. II, 41ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2007, 416

49

Nesse sentido, é o seguinte aresto jurisprudencial:

APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA. COMPETÊNCIA.1. O advento da Lei 11.232/2005 não culminou na alteração dos artigos 732 a 735 do Código de Processo Civil, razão pela qual permanece em vigor a execução do crédito alimentar através de ação própria, em autos apartados, e não o modelo de cumprimento de sentença, disposto nos artigos 475-J e seguintes. 2. Há entendimento jurisprudencial consolidado no sentido da possibilidade de ajuizamento da execução da pensão alimentar em foro diverso daquele onde tramitou a ação de conhecimento e fixação dos alimentos, quando o alimentado tiver mudado de domicílio, como no presente caso, prevalecendo a regra do inciso II do artigo 100 do Código de Processo Civil. 3. Provimento ao recurso para reformar a sentença e determinar o regular prosseguimento do feito.43

É certo que, enquanto não se pacificar o entendimento acerca da modalidade de

execução dos alimentos por quantia certa, ou haja alteração da legislação em vigor,

permanecerá a dualidade de interpretação do procedimento a ser aplicado na espécie.

Destarte, observada a regra contida nos arts. 475-I e seguintes, do CPC, o

cumprimento de sentença de alimentos será processado nos autos da ação principal,

independentemente de citação do devedor para satisfação do julgado. Vale dizer: não

cumprida a obrigação, no prazo de 15 (quinze) dias, expedir-se-á mandado de penhora

de bens. E, uma vez feita a constrição de bens do devedor, a este é assegurado

oferecer impugnação, que poderá imprimir efeito suspensivo à fase seguinte de

expropriação do patrimônio do alimentante para satisfação da dívida alimentícia.

Impõe-se observar, contudo, que a obrigação de alimentos, por se tratar de

prestação continuada, não raro comporta sucessivos procedimentos para satisfação do

credor, sempre que o devedor deixar de pagar regularmente os alimentos. Nesse caso,

a sucessão de atos de cumprimento da sentença poderá tumultuar o processo.

Em sendo observada a expressa determinação do art. 732, do CPC, a execução

de sentença que condena ao pagamento de prestação alimentícia não será processada

como mero cumprimento de sentença (arts. 475-A e seguintes do CPC), e sim na forma

43 RIO DE JANEIRO. Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Apelação Cível nº 2008.001.05765. Décima Quarta Câmara Cível. Relator: Des. José Carlos Paes, j. 13.05.08. Disponível em: http//www.tj.rj.gov.br. Acesso em: 12 nov. 2008.

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estabelecida pelos arts. 646 e seguintes do estatuto processual civil. O procedimento

será instaurado em autos próprios, e, havendo novo pedido de execução, referente a

outros períodos de inadimplência, o pleito será processado através de ação autônoma.

Aliás, já tem projeto de lei, de autoria do Senador Valter Pereira, do Mato Grosso

do Sul, visando novas alterações do CPC, para disciplinar rito único na execução de

alimentos por quantia certa, cujo texto é o seguinte:

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº , DE 2008 Altera a Lei n.º 5.859, de 11 de janeiro de 1973, -Código de Processo Civil - para adequar a execução de prestação alimentícia às modificações implementadas pelas Leis 11.232/05 e 11.382/06. O CONGRESSO NACIONAL decreta: Art. 1º - Os arts. 732, 733 e 735 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, passam a vigorar com a seguinte redação: Art. 732. A execução de sentença que condena ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixa alimentos far-se-á conforme o disposto no Capítulo X, do Título VIII do Livro I. Parágrafo único. Recaindo a penhora em dinheiro, o oferecimento de impugnação ao pedido de cumprimento da sentença não obsta a que o exeqüente levante mensalmente a importância da prestação. ........................................................................................ (NR)" Art. 733. Na execução de sentença que condena ao pagamento de prestação alimentícia, de decisão interlocutória que fixa alimentos ou de título executivo extrajudicial que contém obrigação alimentar, o juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento das 3 (três) parcelas anteriores ao início da execução e das que se vencerem no seu curso, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. ........................................................................................ (NR)" Art. 735. O disposto neste capítulo aplica-se aos alimentos definitivos, provisórios e provisionais. ........................................................................................ (NR)" Art. 2º - O Capítulo V, do Título II, do Livro II da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 732-A: Art. 732-A. A execução fundada em título executivo extrajudicial, que contém obrigação alimentar, far-se-á conforme o disposto no Capítulo IV deste Título. Parágrafo único. Recaindo a penhora em dinheiro, o oferecimento de embargos à execução não obsta a que o exeqüente levante mensalmente a importância da prestação. ........................................................................................ (NR)" Art. 3º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação44.

44 PEREIRA, Senador, Valter, Mato Grosso do sul. PROJETO DE LEI DO SENADO Nº , DE 2008 - Altera a Lei n.º 5.859, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil - para adequar a execução de prestação alimentícia às modificações implementadas pelas Leis 11.232/05 e 11.382/06. Disponível em: http://www.senado.gov.br/. Acesso em: 10 nov. 2008.

51

Vale lembrar que a mera consolidação do entendimento doutrinário ou

jurisprudencial, ou ainda eventual mudança do texto legal, no sentido de que a

execução de alimentos por quantia certa deva ser processada nos termos do art. 475-J,

do CPC, não evitará, por si só, outras questões em torno da matéria, pois a prestação

alimentícia é constituída de obrigação de trato sucessivo e, portanto, sua execução

requer algumas particularidades no tocante à forma de processamento simultâneo de

subseqüentes pedidos de cumprimento de sentença, mormente quando impugnadas.

O foco da discussão é a celeridade da satisfação do credor, pouco importando a

forma de alcance desse objetivo, daí porque o legislador e os operadores do direito

deverão encontrar a solução mais viável para a execução de alimentos na modalidade

de quantia certa.

52

10 CONCLUSÃO

Ao desfecho do presente trabalho, restou concretizado o objetivo de se

desenvolver um estudo direcionado para o tema central, que é a execução de

alimentos, com deferência às Leis nºs. 11.232/2005 e 11.382/2006, que alteraram

dispositivos do CPC.

A obrigação alimentar, reconhecida em decisão judicial, autoriza ao credor a

faculdade de utilizar variadas maneiras para alcançar a satisfação de seu crédito,

sendo-lhe permitido expropriar bens do devedor, para garantir o pagamento do débito;

cobrar a dívida sob a forma de ganhos de aluguéis e outros rendimentos; descontar

diretamente em folha de pagamento a verba alimentar, ou coagir o devedor à prisão

civil.

Conclui-se, portanto, que a variedade de procedimentos para se obter o

cumprimento da obrigação alimentar tem como finalidade facilitar a ação do credor e

permitir maior celeridade na satisfação do seu direito.

Entre os vários procedimentos de execução dos alimentos, vê-se que ganhou

maior enfoque nesta monografia o estudo da execução por quantia certa.

Isso porque, à luz das reformas introduzidas pelas Leis nºs. 11.232/2005 e

11.382/2006, a execução por quantia certa foi o único procedimento, dentre as

modalidades de execução de alimentos, que sofreu repercussão das mudanças

editadas pelos referidos diplomas legais.

Assim, as alterações do CPC pelas Leis nº 11.232/2005 e nº 11.382/2006

resultaram em implicações jurídicas na execução de alimentos por quantia certa, seja

pelo entendimento de que a este procedimento se aplicam as regras do cumprimento

de sentença, nos termos dos arts. 475-J e seguintes do estatuto processual civil, ou

porque, neste particular – execução de alimentos por quantia certa – não houve

alteração da sistemática vigente antes da Lei nº 11.232/2005, permanecendo inalterado

e em vigor o disposto no art. 732, do CPC, ressalvadas as mudanças subseqüentes,

introduzidas pela Lei nº 11.382/2006.

53

Vale anotar, portanto, que a execução de alimentos por quantia certa, conforme

as regras então vigentes, comporta dualidade de interpretação quanto ao procedimento

a ser aplicado: cumprimento de sentença, nos termos dos artigos 475-J e seguintes, do

CPC, ou execução nos moldes do art. 732, c/c os artigos 652 e subseqüentes do citado

diploma processual.

A princípio, não obstante o silêncio do legislador, ao editar a Lei nº 11.232/2005,

sem fazer qualquer referência à execução de alimentos oriunda de decisão judicial,

nada impede que neste caso sejam aplicadas as regras de cumprimento de sentença,

disciplinadas nos arts. 475-J e seguintes, do CPC.

De fato, é indissociável que as regras de cumprimento de sentença, cujo objetivo

foi simplificar e dar celeridade ao implemento do comando judicial, não sejam aplicadas

às execuções de alimentos – por quantia – emanadas de título judicial.

É de observar, ainda, que o procedimento de cumprimento de sentença impõe ao

devedor inadimplente sanção pecuniária, consistente em multa de 10% (dez por cento)

do montante da condenação, em prol do credor.

Contudo, é inegável que, na prática, a utilização do procedimento de

cumprimento de sentença para as execuções de alimentos por quantia certa poderá

gerar embaraços no desenvolvimento do processo, salvo se o legislador editar regras

específicas para o caso, ou senão a própria doutrina ou a jurisprudência venham

encontrar uma solução satisfatória.

Verdade seja dita, a obrigação alimentar é de natureza sucessiva, podendo,

enquanto perdurar essa obrigação, comportar diversas iniciativas do credor para

satisfazer seu crédito, isto é, instaurar subseqüentes execuções. E, com isso, antes

mesmo de se concluir os procedimentos anteriores, outros se iniciam, não se olvidando

que a cada nova execução o devedor poderá opor embargos, inclusive passível de

efeito suspensivo.

Então, a execução de alimentos, por sua natureza, caso processada pelo rito de

cumprimento de sentença, deverá, a cada novo procedimento, ser autuada em autos

próprios, sob pena de tumultuar o andamento do processo, mormente quando vários

pedidos tramitarem simultaneamente.

54

Outrossim, a multa pecuniária de 10% (dez por cento) sobre o montante da

dívida não incidirá a partir do prazo de 15 (quinze) dias do trânsito em julgado da

decisão que fixou os alimentos, e sim da data de cada vencimento.

No cumprimento de sentença, a expedição do mandado de penhora de bens do

devedor, segundo a corrente preponderante, independe de prévia intimação do

executado para pagamento do débito, inclusive para efeito de incidência da multa

pecuniária. Porém, diante do fato que, em execução de alimentos, não se tem como

aferir, nos autos do processo que fixou a obrigação, o termo da inadimplência do

devedor, é curial que, no caso, seja o executado intimado previamente para pagar a

dívida.

Não é por demais lembrar que, muitas vezes, o pagamento da pensão

alimentícia é feito mediante desconto em folha de salário ou de benefício, ocorrendo,

não raramente, falta de repasse ao credor, de modo que o devedor pode ficar em mora

sem ao menos ter conhecimento desse fato, sujeitando-se, portanto, a uma execução

por quantia certa.

Por essas razões, tem-se que o procedimento estabelecido pelo art. 732, do

CPC, com ou sem a intenção do legislador mantê-lo inalterado após a edição da Lei nº

11.232/2005, parece ser mais adequado, senão menos complicado para a execução de

alimentos por quantia certa.

No que tange à celeridade do processo de execução de alimentos pelo rito do

art. 732, do CPC, em confronto com o procedimento do cumprimento de sentença,

pouco um difere do outro. É que, no caso do art. 732, c/c os arts. 652, do CPC, o

devedor será citado pagar o débito no prazo de 3 (três) dias, e, não fazendo, sujeitar-

se-á à penhora de bens. Já no cumprimento de sentença, poderá, desde já, o juiz

determinar a penhora de bens do alimentante. Mas, a partir da penhora, a fase de

expropriação de bens do devedor para satisfação do credor é comum tanto pelo rito do

art. 732, do CPC, como pelo cumprimento de sentença disciplinado nos arts. 475-J e

seguintes do estatuto processual civil.

Em suma e derradeira conclusão, o conteúdo desta monografia se pautou na

análise da execução de alimentos, tudo à luz das reformas introduzidas no CPC pelas

Leis nºs. 11.232/2005 e 11.382/2006.

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