excelentÍssimo senhor juiz de direito …...2019/04/12 · av. cristiano aires, esq. c/ avenida...

3ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE CATALÃOPromotoria de Defesa do Meio Ambiente

Av. Cristiano Aires, esq. c/ Avenida Nicolau Abraão, n.º 125, Centro,Catalão - Goiás - CEP 75701-380

Fone: (64) 3441-4434

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO TITULAR DA 2ª VARA DA

COMARCA DE CATALÃO – GOIÁS – COMPETÊNCIA EM MATÉRIA

AMBIENTAL E FAZENDA PÚBLICA

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por seu Promotor de

Justiça titular da Terceira Promotoria de Justiça de Catalão - Promotoria de

Defesa do Meio Ambiente e Urbanismo -, in fine assinado, no uso de suas

atribuições constitucionais e legais, vem, respeitosamente, diante de Vossa

Excelência, com espeque na inclusa documentação - Inquérito Civil Público nº

025/2015 – Atena nº 201500470185 (09 volumes principais com 2260 laudas e

02 volumes em apenso com 257 laudas) –, e, com fulcro nos dispositivos

previstos na Constituição Federal da República Federativa do Brasil, e, nas

Leis Federais nºs 6.938/1981, 7.347/85, e 8.625/93, propor a presente AÇÃO

CIVIL PÚBLICA com pedido de liminar em face de:

1) ESTADO DE GOIÁS, pessoa jurídica de direito público interno inscrita no

CNPJ/MF sob o nº 01.409.580/001-38, representado pelo Procurador Geral do

Estado, com endereço na sede da Procuradoria-Geral do Estado de Goiás,

Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira, nº 03, Setor Central, Goiânia-GO, CEP

74.003-010; e,

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2) COPEBRÁS INDÚSTRIA LTDA., pessoa jurídica de direito privado sob a

forma de sociedade limitada, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

do Ministério da Fazenda sob o nº 46.567.202/0009-78, com sede na Rua

Maria Luíza Santiago, nº 200, Sala 1001, Bairro Santa Lúcia, Belo Horizonte

(MG), e, filial na cidade de Catalão (GO), situada na Fazenda Ouvidor dos

Cláudios, s/nº, zona rural, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica do

Ministério da Fazenda sob o nº 46.567.202/0006-25; e,

Pelos fatos e fundamentos jurídicos, a seguir alinhavados:

Primeiramente, quanto ao dado da qualificação faltante dos requeridos

consistente no endereço eletrônico (e-mail), o Ministério Público requer a Vossa Excelência

com fulcro no artigo 319, § 1º, do CPC, que posteriormente à citação, determine aos

requeridos que forneçam o dado faltante.

I - DOS FATOS -

01. Após a maior tragédia ambiental ocorrida no território brasileiro em

05/11/2015, causada pelo rompimento da barragem de rejeitos da mineradora SAMARCO, no

município mineiro de Mariana, o Ministério Público do Estado de Goiás, por meio da 3ª

Promotoria de Justiça de Catalão, editou a Portaria nº 83/2015 de fls. 02-C/03, instaurando

em 1º/12/2015, o ICP - Inquérito Civil Público nº 025/2015, contendo como objeto, a

apuração das condições de segurança e estabilidade das barragens de rejeitos das empresas

mineradoras Vale Fertilizantes S/A e Anglo American Fosfatos Brasil Ltda., instaladas nos

municípios de Catalão e Ouvidor, e, eventual irregularidade ambiental quanto ao seu

funcionamento, como medida preventiva a acidentes e danos ambientais. Posteriormente, no

decorrer da presente investigação, constatou-se a existência de barragens na mineradora

Niobrás Mineração Ltda. (antiga Anglo American Nióbio do Brasil Ltda.), Unidade I – 1A e

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1B e Unidade II – 1A e 2A, havendo necessidade de aditamento à portaria inaugural. Assim,

aos 18 de maio de 2017, editou-se a Portaria nº 008/2017 de fls. 02-A/02-B para ADITAR a

Portaria nº 83/2015 que instaurou o presente Inquérito Civil Público, ampliando o objeto e o

investigado, mediante retificação conforme abaixo:

Objeto da investigação: apuração das condições de segurança e estabilidade dasbarragens de rejeitos das empresas mineradoras Vale Fertilizantes S/A,Copebrás Indústria Ltda. (antiga Anglo American Fosfatos Brasil Ltda.) eNiobrás Mineração Ltda. (antiga Anglo American Nióbio Brasil Ltda.),instaladas nos municípios de Catalão e Ouvidor, e, eventual irregularidadeambiental quanto ao seu funcionamento, como medida preventiva a acidentes edanos ambientais;Investigado(s): Vale Fertilizantes S/A, Copebrás Indústria Ltda. (antigaAnglo American Fosfatos Brasil Ltda.) e Niobrás Mineração Ltda. (antigaAnglo American Nióbio Brasil Ltda.);Origem: Ministério Público agindo de ofício, com base no desastreambiental ocorrido em Mariana (MG), decorrente do rompimento da barragemde rejeitos da mineradora SAMARCO, e, reportagem publicada no jornal OPopular sobre as barragens de rejeitos das mineradoras instaladas em Catalão eOuvidor.

02. É cediço que no final da década de 1970, iniciou-se nos municípios de Catalão

e Ouvidor, o processo de exploração de rocha fosfática para fabricação de fertilizantes

fosfatados. Após sucessivas aquisições empresariais ao longo de décadas, no ano de 2016, a

empresa chinesa CMOC International (China Molybdenum Company) adquiriu as operações

de fosfatos da Anglo American no Brasil, passando a operar como CMOC Brasil. Assim, a

empresa Anglo American Fosfatos Brasil Ltda. teve sua razão social alterada para Copebrás

Indústria Ltda.1

03. Para implantação do projeto econômico de grande envergadura – extração de

mineral (rocha fosfática), beneficiamento, e, fabricação de fertilizantes e outros produtos

1 http://cmocbrasil.com/br/nossa-historia3



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industriais – fez-se necessária a execução/implantação de várias ações e medidas

impactantes ao meio ambiente, não apenas relacionadas à lavra do minério, mas, também,

ao seu processo de beneficiamento/industrialização. Dentre as obras impactantes deste

processo, merece especial atenção a BARRAGEM DE REJEITOS da requerida conhecida

como Barragem do Buraco, cuja construção teve início no ano de 1978.

04. Conforme trecho do laudo pericial gravado no CD-ROM juntado às fls. 1582

(ora impresso em anexo), resultado da perícia realizada sobre a barragem de rejeitos da

empresa Copebrás Indústria Ltda., denominada Barragem do Buraco, extraído do processo

judicial nº 00059821.94.2015.8.09.0029 em trâmite na 2ª Vara da Comarca de Catalão, n o

processo de beneficiamento da rocha fosfática da requerida COPEBRÁS são gerados

três tipos de rejeitos: lama, rejeitos de flotação e rejeitos magnéticos. Esses rejeitos são

transportados, via tubulação, desde o ano de 1979, até a ombreira direita da Barragem do

Buraco, cuja função consiste na contenção de rejeito e lama do processo de beneficiamento e

captação de água para a usina. Cumpre ressaltar que esses “rejeitos” são classificados como

Classe I – Perigosos, segundo a NBR 10004 da ABNT, de acordo com a vistoria da ANM –

Agência Nacional de Mineração – fls. 787/803.

05. A Barragem de rejeitos da requerida COPEBRÁS conhecida como

Barragem do Buraco, está localizada nas coordenadas geográficas 18° 09' 59" S ; 47°

50' 57" W, na divisa dos municípios de Catalão e Ouvidor, na sub-bacia do Córrego Taquara

que pertence à Bacia do Ribeirão Ouvidor, conforme imagem abaixo:

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06. Observa-se na figura acima que, próxima à Barragem do Buraco, está

localizada a Barragem Macaúbas, também de propriedade da requerida COPEBRÁS,

porém, sem a natureza de barragem de rejeitos, funcionando como barragem de

armazenamento de água para uso no processo industrial. A Barragem Macaúbas

possui capacidade total de armazenamento de 2.000.000 de m³,

estando, atualmente, com cerca de 700.000 m³ de água, conforme

informado às fls. 1795/1801. Apesar de classificada erroneamente como C pela

empresa Geoestável Consultoria e Projetos, responsável pela Declaração da Condição de

Estabilidade (fls. 1919), se a Barragem Macaúbas apresenta MÉDIO DANO

POTENCIAL ASSOCIADO e BAIXO RISCO, forçoso é reconhecer como correta a

classificação D, conforme Relatório de Vistoria do ANM de fls. 773/786. Independentemente

da letra atribuída, se C ou D, ninguém em sã consciência pode

desconsiderar os possíveis danos causados pela força da água em

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caso de ruptura da Barragem Macaúbas, motivo pelo qual necessita

de especial atenção e acompanhamento por parte da requerida.

07. Atualmente, conforme informação prestada pela própria requerida

COPEBRÁS, em fevereiro de 2019, a Barragem do Buraco possui

capacidade total de armazenamento de 45.500.000 de m³ de

rejeitos, e, armazena 40.000.000 de m³ de rejeitos (fls. 1795/1801). A

barragem possui aproximadamente 60 metros de altura2 e uma área

superior a 75 hectares.

08. Conforme informações contidas no PAE – Plano de Ações

Emergenciais da Barragem do Buraco em anexo (Volumes I e II dos Autos

em Apenso), em caso de rompimento da Barragem do Buraco, A ONDA

DE LAMA ATINGIRÁ O CÓRREGO TAQUARA, O RIBEIRÃO OUVIDOR,

E, APÓS PERCORRER CERCA DE 40 KM, EM 04 HORAS, ATINGIRÁ O

RIO PARANAÍBA NUM PONTO ENTRE A PONTE VAGNER ESTELITA

CAMPOS (RODOVIA BR 050) E A UHE – USINA HIDRELÉTRICA DE

EMBORCAÇÃO. Embora o estudo do PAE aponte o Rio Paranaíba

como “estação final dessa viagem tenebrosa”, é cediço que a lama

continuará descendo pelo citado curso hídrico federal, causando um

rastro de desastre ambiental por centenas de quilômetros a serem

percorridos. APENAS A TÍTULO COMPARATIVO E PARA REFLEXÃO DO

POTENCIAL DANO AMBIENTAL, EM CASO DE ROMPIMENTO DA BARRAGEM DO

BURACO DA COPEBRÁS, AS BARRAGENS DE REJEITOS ROMPIDAS EM MARIANA

2 Informação contida no Laudo Pericial gravado no CD-ROM juntado às fls. 1582 (ora impresso em anexo).6



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E BRUMADINHO CONTINHAM, APROXIMADAMENTE, CONFORME INFORMADO

PELAS EMPRESAS, 45 MILHÕES DE M³ E 12 MILHÕES DE M³ DE REJEITOS.

09. Ainda, de acordo com as informações prestadas pela requerida COPEBRÁS

em 11/01/2015, (fls. 51/74), conclui-se que a BARRAGEM DO BURACO

possui 11 alteamentos (cota 810 m até 855) realizados com os

próprios rejeitos ciclonados, sendo que o último alteamento de 05

metros de altura (cota 850 m até 855 m) foi construído pelo inseguro

método a montante, conforme histórico da barragem a seguir descrito:

A Barragem do Buraco caracteriza-se por ser uma estrutura de terra

homogênea com dique de partida na El. 810 m.

Os 7 alteamentos até a Elevação 837,50 metros foram executados pelo

método de jusante, utilizando-se rejeitos de flotação compactados, a jusante

da barragem inicial. Em cada etapa, o maciço de coroamento acima da crista da

etapa anterior foi executado com solo do tipo impermeável, formando um

núcleo, criando assim uma barragem zoneada, com solo impermeável a

montante e rejeitos de flotação a jusante.

A partir da El. 837,50 metros foram realizados mais 3 alteamentos

modificando o método construtivo para alteamento por linha de centro, até a

El. 850 metros e a partir daí mais um alteamento a montante até a El. 855

metros, cota esta que se encontra atualmente a crista deste barramento.

O terreno de fundação desta estrutura é composto por solo coluvionar argilo-

siltoso, com pedregulhos dispersos, com espessura média de 2 metros,

sobreposto ao solo residual que se mostra siltoso nos níveis superiores,

passando a areia fina siltosa em profundidade, micáceo, normalmente

medianamente compacto nos níveis siltosos, e compacto a muito compacto nos

níveis mais arenosos, em profundidade. O solo residual apresenta espessura

relativamente pequena sob o maciço (entre 6 e 10 m), passando de um solo

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friável com intercalações de rocha alterada para rocha alterada e rocha sã em

profundidade.

10. Ainda, conforme informado pela requerida COPEBRÁS no citado documento

de fls. 51/74, “a empresa possui projeto aprovado na SECIMA para

alteamento até a elevação 860 metros, conferindo uma capacidade

total de armazenamento de 57 milhões de metros cúbicos e previsão

de serem utilizados até final de 2021”. Conforme informado em sua

petição de fls. 2146/2152, a requerida optou por adequar o

alteamento até a cota 860 m pelo método de linha de centro.

11. Apesar da “aparente normalidade” da Barragem do Buraco da COPEBRÁS,

operando com dezenas de equipamentos e instrumentos de controle, como por exemplos,

Piezômetros e INA (Indicadores do Nível de Água), e, com declaração de estabilidade

apresentada pela empresa Geoestável Consultoria e Projetos às fls. 1909/1917, cumpre

registrar as seguintes observações apontadas nas fiscalizações abaixo:

I - De acordo com a vistoria realizada pela ANM – AGÊNCIA

NACIONAL DE MINERAÇÃO (novo nome do antigo DNPM – Departamento Nacional de

Produção Mineral), no dia 27 de abril de 2016, às fls. 787/803, registrou-se:

- a BR – Barragem de Rejeitos da COPEBRÁS possui classificação C,pois, apresenta ALTO DANO POTENCIAL ASSOCIADO e BAIXORISCO;- Sobre o ALTO DANO POTENCIAL ASSOCIADO, vale registrar:que pelo volume total do reservatório é considerado MUITO GRANDE; queexistem pessoas ocupando permanentemente a área afetada a jusante dabarragem, portanto, vidas humanas poderão ser atingidas; que o impactoambiental é MUITO SIGNIFICATIVO, porque a barragem armazenarejeitos classificados como Classe I – Perigosos, segundo a NBR 10004 da

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ABNT; que o impacto socioeconômico é ALTO, pois, existe alta concentraçãode instalações residenciais, agrícolas, industriais ou de infraestrutura na áreaafetada a jusante da barragem.II - De acordo com fiscalização realizada pelo CTA – Centro Técnico

Ambiental da PMGO – Polícia Militar do Estado de Goiás, nos dias 07 a 09/02/2019, nas

empresas Niobrás Mineração Ltda. e Copebrás Indústria Ltda., conforme Relatório

Técnico Ambiental nº 002/2019 de fls. 2155/2183, destacamos:

8. CONCLUSÃOPor tudo que foi exposto, concluímos que as empresas necessitam

realizar alguns procedimentos e implementar equipamentos, como maneira demelhorar a qualidade do meio ambiente e a segurança das barragens de rejeitos,evitando danos a fauna, flora, aos recursos hídricos, à saúde humana e à sociedadecomo um todo, sugerimos que tanto na Niobrás, quanto na Copebrásadote medidas preventivas ou reparadoras, a seguir relacionadas:

1) Instalação de equipamentos automatizados para mediçõesdo nível de água nos diques de contenção da barragem de rejeitos,mantendo os manuais como método de contraprova;

2) Instalação de inclinômetros, como forma de monitorar ainclinação do talude;

3) Instalação de câmeras térmicas para realizar omonitoramento dos taludes, como forma de identificar com maiorprecisão a existência de alguma infiltração ou alteração no solocompactado;

4) Realizar o tratamento do efluente antes de ser depositado nabarragem de rejeito, com adoção de filtros ou estação de tratamento desseresidual, haja vista que a barragem "do Buraco" (Copebrás) não possui sistema deimpermeabilização;

5) Realizar o tratamento da água oriunda de todo dreno existente nabarragem "do Buraco", inclusive do seu dreno de fundo, antes lançá-la no cursod'água;

6) Realizar análise do lençol freático e sistemática do CórregoTaquara, Macaúba e Córrego Fundo, além de outros mananciais existentes na

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região, como forma de identificar irregularidades e manter o padrão de qualidadeda água;

7) Promover análise do solo, bem como da fauna presente naregião. Além disso, é importante a análise da flora aquática (macrófitas)presente na barragem "do Buraco", bem como a sua remoção. Com isso,é possível controlar possíveis alterações no ecossistema local;

8) Utilizar, exclusivamente, o reservatório existente em frente àbarragem "do Buracão", na Niobrás, para a coleta da água pluvial. Dessa forma,sugere-se que todo o resíduo oriundo da lavagem de veículos ou deequipamentos, bem como as demais substâncias contaminantes existentes, sejamdescartados em locais adequados;

9) Desenvolver e aplicar ações corretivas englobando todas asinconformidades detectadas no Laudo de Estabilidade das barragens,apresentado pela empresa Geoestável Consultoria e Projetos, conformefoi apontado anteriormente;

10) Inspecionar frequentemente a operacionalidade de todosos instrumentos de segurança e, aumentar o número de piezômetros eIndicadores de Níveis de Água em todas barragens existentes;

11) Desenvolver um plano de ação na Zona de Auto Salvamento -ZAS, com a simulação de resgate da população que poderia ser afetada no casode um possível rompimento da barragem;

12) Retirar as macrófitas aquáticas que cobrem todo o rejeitoda Barragem do Buraco (Copebrás), assim como limpar as saídas dedrenagem interna, dos medidores de vazão, e do sistema extravasor;

13) Monitorar constantemente a Geomembrana das barragenspertencente à mineradora Niobrás, como forma de identificar possíveisvazamentos e reparar a irregularidade apresentada;

14) Observar o que prescreve o art. 29 da Resolução 4/2019, editadapela Agência Nacional de Mineração, para que não seja realizado qualquer tipode construção ou alteamento de barragem denominado "a montante".(negrito nosso).

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12. Especialistas esclarecem que uma barragem de rejeito pode ser alteada de

03 formas: a montante, a jusante e pela linha de centro. Segundo os técnicos, o

alteamento a montante é o método “mais barato e menos seguro”

para construção de barragem de rejeitos. Vale registrar que a

Barragem do Buraco foi alteada a montante da cota 850 m para 855

m. Independentemente dos métodos de alteamento da Barragem do

Buraco, devidamente descritos no item 09, cumpre notar que

existem tecnologias alternativas à barragem de rejeitos, substituída

por medidas e processos que tornam o rejeito seco (conforme item 18

adiante). Porém, devido o custo mais alto para produção nesse sistema, as mineradoras

resistem à sua implantação. Nesse sentido vale citar:

BARRAGEM COMO A DE BRUMADINHO É MAIS BARATA EMAIS INSEGURAA tragédia de Brumadinho abriu no governo uma discussão sobre os tipos debarragens usadas no Brasil para acumular os rejeitos da mineração. ...Além disso, é uma técnica barata porque é possível aumentar acapacidade de armazenamento ao fazer o alteamento das barragens (naprática, aumentando a face de contenção). "Há uma vantagemeconômica, mas um impacto ambiental maior, porque você vai estocarágua. Vai estocando grandes volumes de água."Há tecnologias mais sofisticadas para depósito do rejeito, porém sãomais caras. Consistem em tornar o rejeito mais seco, usando umaespécie de filtro que o separa da água. Esse sistema demanda o uso deoutra tecnologia e encarece a produção, daí a resistência dasmineradoras. "As mineradoras discutem como podem fazer a produçãode uma maneira mais barata, tentam baixar ao máximo o custo deprodução, o que é normal. E a deposição é um custo de produção. Émais barato simplesmente estocar do jeito que está."...

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https://g1.globo.com/politica/blog/julia-duailibi/post/2019/01/27/barragem-como-a-de-brumadinho-e-mais-barata-e-mais-insegura.ghtml

13. Oportuno lembrar, Excelência, que as 02 maiores tragédias ambientais

ocorridas no Brasil, referem-se a rompimento de barragens de rejeitos das mineradoras

SAMARCO (Barragem do Fundão) e VALE (Barragem B1 da Mina Córrego do Feijão),

respectivamente, nos municípios mineiros de Mariana e Brumadinho, nos dias 05/11/2015 e

25/01/2019, conforme amplamente divulgado pelos veículos de comunicação social do país,

conforme abaixo:

ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO: DOCUMENTOSRELACIONADOS AO DESASTRE DA SAMARCO EMMARIANA/MGPublicado: Quarta, 16 de Março de 2016, 13h42 | Última atualização em Terça,23 de Outubro de 2018, 10h55Em 5 de novembro de 2015 ocorreu o rompimento da barragem deFundão, da mineradora Samarco, em Mariana (MG), o maior desastresocioambiental do país no setor de mineração, com o lançamento decerca de 45 milhões de metros cúbicos de rejeitos no meio ambiente. Ospoluentes ultrapassaram a barragem de Santarém, percorrendo 55 kmno rio Gualaxo do Norte até o rio do Carmo, e outros 22 km até o rioDoce. A onda de rejeitos, composta principalmente por óxido de ferro esílica, soterrou o subdistrito de Bento Rodrigues e deixou um rastro dedestruição até o litoral do Espírito Santo, percorrendo 663,2 km decursos d'água.Laudo Técnico Preliminar, concluído em 26 de novembro de 2015, aponta que“o nível de impacto foi tão profundo e perverso ao longo de diversos estratosecológicos que é impossível estimar um prazo de retorno da fauna ao local”. Odesastre causou a destruição de 1.469 hectares, incluindo Áreas de PreservaçãoPermanente (APPs).Dezenove pessoas morreram na tragédia. Foram identificados ao longo dotrecho atingido diversos danos socioambientais: isolamento de áreas habitadas;desalojamento de comunidades pela destruição de moradias e estruturas urbanas;

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fragmentação de habitats; destruição de áreas de preservação permanente evegetação nativa; mortandade de animais domésticos, silvestres e de produção;restrições à pesca; dizimação de fauna aquática silvestre em período de defeso;dificuldade de geração de energia elétrica pelas usinas atingidas; alteração naqualidade e quantidade de água; e sensação de perigo e desamparo da populaçãoem diversos níveis.A força do volume de rejeitos lançado com o rompimento da barragem tambémpode ter revolvido e colocado novamente em suspensão os sedimentos de fundodos cursos d'água afetados, que pelo histórico de uso e relatos na literatura jácontinham metais pesados.Controlada pela Vale e pela BHP Billiton, a Samarco foi notificada 73 vezes erecebeu 25 autos de infração do Ibama até o momento, que totalizam R$350,7milhões. O Ibama acompanha a evolução do desastre em campo desde o dia06/11/2015 e reúne nesta página todos os documentos relacionados à tragédia.Fonte: Site do IBAMA http://www.ibama.gov.br/recuperacao-ambiental/rompimento-da-barragem-de-fundao-desastre-da-samarco/documentos-relacionados-ao-desastre-da-samarco-em-mariana-mg

HÁ 3 ANOS, ROMPIMENTO DE BARRAGEM DE MARIANACAUSOU MAIOR DESASTRE AMBIENTAL DO PAÍS E MATOU 19PESSOASTragédia de Mariana aconteceu no dia 5 de novembro de 2015.Por G1, em São Paulo - 25/01/2019 14h28 Atualizado há um mêsHá mais de três anos, no dia 5 de novembro de 2015, o rompimento dabarragem de Fundão, da mineradora Samarco, deixou 19 mortos ecausou uma enxurrada de lama que inundou várias casas no distrito deBento Rodrigues, em Minas Gerais.Nesta sexta-feira (25), uma barragem da mineradora Vale se rompeu emBrumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O Corpo deBombeiros e a Defesa Civil estão indo para a região do Córrego do Feijão. Aindanão há confirmação se há feridos no local.A vida após a lama: G1 percorreu caminho do Rio Doce ouvindo relatos depessoas afetadas pela tragédia de Mariana

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http://www.ibama.gov.br/recuperacao-ambiental/rompimento-da-barragem-de-fundao-desastre-da-samarco/documentos-relacionados-ao-desastre-da-samarco-em-mariana-mg





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A barragem de Fundão abrigava cerca de 56,6 milhões de m³de lama de rejeito.Desse total, 43,7 milhões de m³ vazaram. Os rejeitos atingiram os afluentes e opróprio Rio Doce, destruíram distritos e deixaram milhares de moradores daregião sem água e sem trabalho.Esse foi o maior desastre ambiental do Brasil. Apenas um mês depois, foramretiradas 11 toneladas de peixes mortos, oito em Minas e três no Espírito Santo.Três anos depois, estes estados ainda sentem os impactos ambientais.Além disso, há moradores que perderam suas casas e a construção do lugar ondeserão reassentados sequer começou.Site de notícias G1 MINAS GERAIShttps://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2019/01/25/ha-3-anos-rompimento-de-barragem-de-mariana-causou-maior-desastre-ambiental-do-pais-e-matou-19-pessoas.ghtml

BRUMADINHO: SOBE PARA 210 O NÚMERO DE MORTOSIDENTIFICADOS EM TRAGÉDIAOPERAÇÃO DE RESGATE COMPLETA 56 DIAS E JÁ ÉCONSIDERADA A MAIOR DE MG.Por G1 Minas — Belo Horizonte21/03/2019 10h55 Atualizado há 6 horasSubiu para 210 o número de mortes confirmadas em Brumadinho, naRegião Metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com a Defesa Civilde Minas Gerais, outras 96 pessoas continuam desaparecidas.No dia 25 de janeiro deste ano, a barragem da Mina Córrego do Feijão serompeu, matando centenas de pessoas e contaminando o Rio Paraopeba, um dosafluentes do Rio São Francisco. Os rejeitos devastaram a área administrativa damineradora, incluindo o refeitório, onde muitos trabalhadores almoçavam nahora do rompimento.Depois de arrasar a área da Vale, a lama da mineradora atingiu comunidades deBrumadinho, destruindo casas, uma pousada e propriedades rurais.As buscas pelos desaparecidos já duram 56 dias. A operação já é considerada amaior busca realizada no estado. Nesta quinta-feira (21), 150 militares trabalhamno local com 103 máquinas e 5 cães. Um helicóptero e dois drones tambémparticipam das buscas.

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https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2019/01/25/ha-3-anos-rompimento-de-barragem-de-mariana-causou-maior-desastre-ambiental-do-pais-e-matou-19-pessoas.ghtml





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Segundo o porta-voz dos bombeiros, tenente Pedro Aihara, algumas equipestêm trabalhado até as 23h porque em algumas áreas há iluminação, o que permiteque as buscas sejam feitas à noite. Atualmente, os militares atuam em 20 pontosdurante todo o expediente.O tenente disse também que as buscas nunca foram suspensas e, sim, realocadaspara lugares diferentes. Os trabalhos não têm previsão para ser encerrados.Números da tragédia:210 mortos identificados (veja a lista)96 desaparecidos (veja a lista)395 localizadosSite de notícias G1 MINAS GERAIShttps://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2019/03/21/brumadinho-sobe-para-210-o-numero-de-mortos-identificados-em-tragedia.ghtml

OPERAÇÃO DE BUSCAS EM BRUMADINHO JÁ É MAIOR DOQUE A DE MARIANA (MG)Bombeiros trabalham na área da lama há 56 dias; até o momento, foramidentificadas 210 vítimas da tragédia e outras 96 seguem desaparecidasA operação de buscas por vítimas do rompimento da barragem da Vale emBrumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, já pode ser consideramaior do que a ação realizada em Mariana, a 110 km de BH, quando umaestrutura da Samarco estourou, em novembro de 2015.Nesta quinta-feira (21), o trabalho do Corpo de Bombeiros em Brumadinhochegou ao 56° dia. Na cidade histórica, as tropas foram recolhidas com 55 dias.Sobrevivente de Mariana (MG) é encontrado entre as vítimas da ValeLitza Alves, assessora da corporação, destaca que embora a quantidade de rejeitosda barragem da Vale (12 milhões de metros cúbicos) seja menor do que a daSamarco (50 milhões de metros cúbicos), o número de vidas afetadas foi muitomaior.— Em Mariana, nós tivemos 19 mortos, sendo que um corpo ainda não foiencontrado.Nesta terça-feira, as equipes de resgate confirmaram que 210 vítimas deBrumadinho já foram identificadas. Outras 96 pessoas seguem desaparecidas.

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https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2019/03/21/brumadinho-sobe-para-210-o-numero-de-mortos-identificados-em-tragedia.ghtml

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Um balanço dos bombeiros mostra que a ação de Brumadinho pode serconsiderada a maior operação conjunta de salvamento do país. O resgate jácontou com a atuação de 1.800 bombeiros militares, sem falar no apoio de outrasforças de segurança e da tropa israelense que ficou no Brasil durante uma semana.De acordo com a corporação, não há previsão para o fim das buscas pelosdesaparecidos em Brumadinho.Site R7https://noticias.r7.com/minas-gerais/operacao-de-buscas-em-brumadinho-ja-e-maior-do-que-a-de-mariana-mg-21032019

14. Impende notar que as barragens da SAMARCO e da VALE rompidas nos anos

de 2015 e 2019, conforme divulgado na imprensa, possuíam documentação que atestava sua

condição de segurança e estabilidade, e, mesmo assim, romperam-se causando

extraordinária devastação ambiental e humana. Desde 22 de março de 2019, mais uma

barragem de rejeitos da empresa VALE entrou em sistema de alerta máximo (nível 03) devido

o risco de rompimento no município mineiro de Barão de Cocais3. A cada dia surge uma

nova ameaça para o meio ambiente e para a população.

15. Situação que agrava a barragem de rejeitos da requerida

COPEBRÁS, além do método do último alteamento ter sido executado a montante

(cota 850 m a cota 855 m), diz respeito à função de armazenar água para

utilização no processo industrial, conforme informado no PAE – Plano de

Ações Emergenciais às fls. 417 – Finalidade: Contenção de rejeitos e

recirculação de água -. Esta condição potencializa o risco de dano a

partir do momento que mantém alta umidade dos rejeitos, criando

3Sob risco romper, barragem em MG entra em estado de vigíliaAlerta máximo do reservatório Sul Superior da Vale traz tensão e medo a cerca de 6 mil moradores de cidademineira - Leonardo Augusto 25 MAR2019 03h11 atualizado às 07h38 https://www.terra.com.br/noticias/brasil/cidades/sob-risco-de-barragem-romper-barao-de-cocais-entra-em-

estado-de-vigilia,db19a99ec9d7cb4cf67bf76f8ec00883agzpaqlw.html16

https://noticias.r7.com/minas-gerais/operacao-de-buscas-em-brumadinho-ja-e-maior-do-que-a-de-mariana-mg-21032019

https://noticias.r7.com/minas-gerais/operacao-de-buscas-em-brumadinho-ja-e-maior-do-que-a-de-mariana-mg-21032019



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um misto de barragem de rejeitos com barragem de água . As tragédias

de Mariana e Brumadinho nos ensinam que “estocar lama e água” não tem sido uma boa

ideia, pois, o maior perigo para a ruptura de uma barragem de rejeitos é a liquefação,

conforme textos abaixo transcritos:

LIQUEFAÇÃO: FATOR EM OUTROS DESASTRESDe acordo com o professor Carlos Barreira Martinez, coordenador do

Centro de Pesquisas Hidráulicas e Recursos Hídricos (CPH) da UFMG, todaobra de barragem implica uma série de riscos. "Um acidente desse tipo pode sercausado por uma somatória de eventos ocorridos ao longo do tempo", diz oespecialista à DW Brasil.

Segundo ele, um exemplo do que já aconteceu em desastres anteriores éum processo chamado de liquefação, algo como a transição dos rejeitos para oestado líquido. Tal fenômeno poderia explicar a enxurrada de lama finaprovocada pelo rompimento. "Existe a possibilidade de liquefação de material,que é um processo natural."

De acordo com Martinez, a liquefação pode ser causada por um abalosísmico, mas depende muito da intensidade. "Não existem elementos suficientespara afirmar que foi isso que aconteceu. Temos que esperar resultados de váriasanálises", alerta o professor.

Ferreira Pinto, que acompanha localmente as investigações, acredita queaté a próxima segunda-feira a equipe técnica do Ministério Público terá umaideia mais concreta do que aconteceu nas barragens. "Não teremos aindarespostas finais, mas com certeza teremos sentidos mais palpáveis deinvestigação." (fonte: https://www.dw.com/pt-br/as-poss%C3%ADveis-causas-do-desastre-em-minas-gerais/a-18833489)

TRAGÉDIA EM MARIANA: AS CAUSAS DO ROMPIMENTO DABARRAGEM DO FUNDÃO

Documentos obtidos pela polícia e pelo Ministério Público indicam que jáhavia sinais de pré-ruptura da barragem do Fundão, em Mariana, em 2014, umano antes do desastre que comprometeu quase 700 quilômetros do rio Doce,entre Minas Gerais e Espírito Santo, e matou 19 pessoas.

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https://www.dw.com/pt-br/as-poss%C3%ADveis-causas-do-desastre-em-minas-gerais/a-18833489

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Em agosto de 2014, uma equipe de inspeção da Samarco verificou osurgimento de trincas no alto de um dos paredões da barragem, o que poderiaindicar o início de um movimento de todo o maciço.

A reação da Samarco foi providenciar um aterro na base do paredão, o quefez com que sua equipe de engenheiros concluísse que a barragem estava estável.

Mas o engenheiro Joaquim Pimenta de Ávila, que projetou a barragem em2007 e depois foi contratado pela Samarco como consultor, advertiu que aanálise de estabilidade não estava considerando uma outra hipótese para astrincas: a de estar ocorrendo o que os especialistas chamam de liquefação estática,que é quando um material sólido passa a se comportar como um fluido.

Isso acontece quando tem água demais nas fundações da represa, quetambém é feita de resíduos de mineração.

Para o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, coordenador de MeioAmbiente do Ministério Público de Minas Gerais, essa foi a causa dorompimento da barragem. E a empresa não fez nada para impedir o que já estavaapontado em seus próprios relatórios internos.

Carlos Eduardo Ferreira Pinto: "Não combinam com água barragens. Elase rompeu porque havia excesso de água dentro dela. Por que que houve excessode água e por que isso não foi monitorado e por que que a Samarco não tomouas medidas necessárias para conter esse acúmulo de água indevido?"

A liquefação, de acordo com o Ministério Público, poderia ter sidocausada pelas sucessivas elevações da altura da barragem, feitas pelaSamarco em função do crescente aumento da produção de pelotas deminério de ferro naquela unidade.

Pimenta de Ávila recomendou a instalação de uma série de equipamentosque medem a pressão do solo, chamados piezômetros, para verificar se haviaalgum movimento.

Ele pediu nova análise de estabilidade, assim como a correção do eixo dabarragem.

Naquele ponto, o eixo havia sido recuado para evitar uma pilha de rochassem minério de ferro da Vale do Rio Doce, uma espécie de sobra sem valor damineração.

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O recuo não estava previsto no projeto original nem no Manual deOperações da barragem, que estava desatualizado. E, pior: a altura da paredehavia sido elevada em 25 metros nos doze meses anteriores.

O promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto não tem dúvida de que omanual desatualizado impediu o monitoramento da possibilidade de liquefação,que acabou provocando o rompimento.

Carlos Eduardo Ferreira Pinto: "Desde 2014 os próprios relatórios deestabilidade da Samarco traziam a informação de necessidade urgente deatualização da Carta de Risco e do Manual de Operação. Isso levou fatalmenteao material sujeito a liquefação, como monitoramento omisso e desatualizadoquanto à análise de estabilidade. Os relatórios de estabilidade da Samarco nãofaziam análise da possibilidade de liquefação e é o que houve no rompimento."

Documentos obtidos pelo Ministério Público indicam que a Samarco sabiado problema e que havia até uma estimativa de que seriam necessários 2 milhõesde metros cúbicos de material, e um ano de serviço, para corrigir o eixo dabarragem.

Em depoimento à polícia, Pimenta de Ávila disse que as informaçõesindicavam claramente que a barragem apresentava graves sinais de pré-ruptura.

Ele recomendou reforço nas paredes e a volta do eixo da barragem aoprojeto original. Nada disso foi feito e a Samarco se limitou a monitorar o solo ea fazer drenos para evitar o acúmulo de água na barragem.

Um ano antes do alerta feito por Pimenta de Ávila, um relatório assinadopor cinco engenheiros contratados pela Samarco já apontava que a barragemapresentava claros sinais de que a drenagem interna já se mostrava insuficiente.

Para Marcelo Belisário, superintendente do Ibama em Minas Gerais, osdiques feitos para escoar a água da barragem não eram suficientes.

Marcelo Belisário: "Essas estruturas eram de diversas ordens, né. Asprincipais eram diques. Em um único evento ele foi totalmente assoreado, emmeio dia de chuva, tá. Então, a gente estava lidando com uma escala muitomaior de evento que as ações tomadas não eram nem próximas das necessárias,né."

Segundo o Ministério Público, em vez de resolver o problema, diante dasevidências de risco, a empresa se limitou a adotar paliativos e nem as obras dedrenagem estavam concluídas quando a barragem se rompeu.

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Durante as investigações, a Samarco negou ter sido alertada sobre os riscosde liquefação da barragem e informou que a ameaça não foi apontada emnenhum relatório de seus engenheiros.

Em depoimento à comissão externa da Câmara que acompanhou o caso, odiretor de Projetos da Samarco, Maury de Souza Júnior, disse que a empresasempre agiu de forma responsável.

Maury de Souza Júnior: “A Samarco sempre teve o compromisso de seruma empresa sustentável, de ser uma empresa responsável. Nós não fugiremos.Essa é uma forma de demonstrar para a sociedade o nosso compromisso e a nossaresponsabilidade."

O rompimento da barragem, em novembro de 2015, despejou 40 milhõesde metros cúbicos de rejeitos de minério no rio Doce, entre Minas Gerais eEspírito Santo, afetou 39 municípios, destruiu a fauna e a flora num percurso dequase 700 quilômetros e matou 19 pessoas.

(fonte:https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/REPORTAGEM-ESPECIAL/520756-TRAGEDIA-EM-MARIANA-AS-CAUSAS-DO-ROMPIMENTO-DA-BARRAGEM-DO-FUNDAO-BLOCO-2.html)

CAUSA DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE BRUMADINHOPODE SER A MESMA DE MARIANA

SÃO PAULO, BRASÍLIA E BRUMADINHO - Imagens divulgadasnesta sexta-feira, 1, revelam o exato momento em que se rompeu a barragem 1da Mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho. A gravação mostra odique principal se destruindo no início da tarde da sexta-feira da semana passadae uma onda de lama avançando sobre o terreno com grande velocidade e força.A Secretaria do Meio Ambiente de Minas Gerais e especialistas ouvidospelo Estado acreditam que a principal hipótese para o rompimento sejaum fenômeno chamado de liquefação. Nesta sexta, o número de mortoschegou a 115. Continuam desaparecidas 248 pessoas.

saiba mais ENTREVISTA - Tudo indica que barragem se rompeu por liquefação,

diz autoridade de MG Monitoramento evitou três rompimentos de barragensem 2018 'Se Estado continuar fazendo vista grossa, muitas outras tragédias virão',

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https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/REPORTAGEM-ESPECIAL/520756-TRAGEDIA-EM-MARIANA-AS-CAUSAS-DO-ROMPIMENTO-DA-BARRAGEM-DO-FUNDAO-BLOCO-2.html





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diz procurador do MPF Governo manda fiscalização a barragem de alto risco daVale em MS Tragédia de Brumadinho tem dezenas de mortos e centenas dedesaparecidos

"Os dois desastres que ocorreram (Mariana e Brumadinho) foram combarragens a montante e, nos dois, pelo menos tudo indica, que é a informaçãoque a gente está recebendo aqui, é que foi por liquefação", disse à agênciaReuters o subsecretário estadual de Regularização Ambiental da Secretaria doMeio Ambiente, Hidelbrando Neto. O fenômeno é caracterizado pela reduçãoda rigidez do solo. A Vale informou que "as causas do rompimento estão sendoinvestigadas e serão comunicadas com transparência e a maior agilidade possível".

Para geólogos, a gravação pode, associada aos dados de monitoramento daestrutura, afunilar as hipóteses. Ainda sem acesso às informações domonitoramento, e de forma hipotética, o presidente da Federação Brasileira deGeólogos, Fábio Reis, disse que pode ter ocorrido um processo de liquefação."Seria quando um material, por sobrecarga, passa de característica mais sólida parauma líquida, mais fluida", explicou.

Reis reforça que as razões dessa transformação devem ser investigadas. "Asimagens contribuem muito para a investigação, mas é fundamental analisar osdados do monitoramento da estrutura, como o histórico de intervenções no locale o relatório de não conformidade", afirmou, explicando que esse últimodocumento se refere ao histórico do que foi constatado pelas ferramentas, emrelação ao nível do material e se houve algum afundamento prévio.

As equipes de resgate informaram nesta sexta que vão usar as imagens pararemodelar as estratégias de buscas, de acordo com o porta-voz do Corpo deBombeiros, tenente Pedro Aihara. Ele avaliou que a velocidade da lama, pelasimagens, teria chegado a quase 80 km/h. Segundo Aihara, nada deixará de servistoriado, mas as dificuldades, sobretudo de acesso, são cada vez maiores notrabalho.

O geólogo e consultor Márcio Costa Alberto reforça a importância de ainvestigação constatar o que vinha acontecendo antes do momento de ruptura.Segundo ele, falando em hipótese, o fenômeno da liquefação torna o solo fluidoe, portanto, mais propenso à movimentação. "E aí a estrutura pode não tersuportado." Estudos apontam que depósitos de rejeitos como de Brumadinho sãoaltamente suscetíveis à liquefação.

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Para monitorar essas estruturas, explicou Alberto, é comum o uso depiezômetro, aparelho que auxilia a avaliação do nível de líquido no corpo dabarragem, e do inclinômetro, que por sensores mede o movimento interno dessecorpo, além de levantamentos topográficos.

Segundo o subsecretário Hildebrando Neto, dados entregues pela Valemostram que os piezômetros não detectaram movimentação na estrutura. "Nãoteve tremor e não teve chuva, que são gatilhos que normalmente há. Então apergunta que todo mundo faz é: o que aconteceu? O que causou? E paradescobrir isso tem de ter os estudos", afirmou.

RecomendaçãoO Ministério Público Federal (MPF) recomendou que o Ibama, a

Secretaria do Meio Ambiente de Minas Gerais e a Agência Nacional deMineração (ANM) não concedam novas licenças ambientais para barragens queutilizem a técnica de alteamento a montante. O método, considerado maiseconômico, foi utilizado na construção das duas barragens que se romperam emMariana e Brumadinho.

O documento alerta para a necessidade de exigência de que os mineradoresapresentem um plano de gerenciamento de resíduos sólidos, ajudem nofinanciamento de pesquisas na área e contratem seguros para cobrir danos aterceiros e ao meio ambiente. Para a ANM, a recomendação é que osmineradores apontem "imediatamente" um cronograma para a retirada de pessoasque moram perto de suas barragens.

Nesta sexta, o porta-voz do Planalto, general Otávio Rêgo Barros,informou também que o Ministério de Desenvolvimento Regional deveráconcluir as vistorias em barragens de mineração neste semestre. (fonte:https://www.terra.com.br/noticias/brasil/cidades/causa-do-rompimento-da-barragem-de-brumadinho-pode-ser-a-mesma-de-mariana,0233aa9d5f0cf03c1db61b39b212ca05bx3n8378.html)

TRAGÉDIA EM BRUMADINHO: O QUE SÃO LIQUEFAÇÃO E'PIPING', OS DOIS PRINCIPAIS PROBLEMAS EM BARRAGENSNO BRASIL

Em agosto de 2016, cerca de 9 meses depois do rompimento da barragemde Fundão, em Mariana, as mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton tornaram

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https://www.terra.com.br/noticias/brasil/cidades/causa-do-rompimento-da-barragem-de-brumadinho-pode-ser-a-mesma-de-mariana,0233aa9d5f0cf03c1db61b39b212ca05bx3n8378.html





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públicos os resultados de uma investigação independente contratada paraentender as causas do que se tornou o maior desastre ambiental do país.

A perda de estabilidade da barragem por uma mudança na característicafísica do rejeito em novembro de 2015, que teria se tornado menos sólido e maislíquido - um processo conhecido como liquefação - era, segundo o parecer, umadas principais razões da tragédia que deixou 19 mortos, milhares desabrigados eque destruiu completamente três distritos.

Ao lado de outro fenômeno chamado "piping" (ou entubamento), aliquefação está entre "os grandes motivadores de rompimento de barragens", dizEvandro Moraes da Gama, que há 36 anos é professor do departamento deEngenharia de Minas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Apesar da maior recorrência, contudo, ainda não se pode afirmar que essesfatores eventualmente estejam ligados ao rompimento da barragem Córrego doFeijão em Brumadinho, que fez centenas de vítimas neste mês de janeiro.

As causas da tragédia na região metropolitana de Belo Horizonte ondeatuava a mineradora Vale, de acordo com a própria empresa, ainda estão sendoapuradas.

'O que era pastoso vira líquido'Segundo Gama, a mudança de fase do rejeito que caracteriza a liquefação

se dá em decorrência de vibrações no terreno - sismos induzidos que podem serresultado, por sua vez, de alguma instabilidade no alicerce sobre o qual abarragem está construída.

O professor destaca, nesse sentido, a presença das cangas que recobremparte do solo do quadrilátero ferrífero de Minas.

Esses afloramentos de rochas ferruginosas muitas vezes abrigam, além deuma biodiversidade única, grutas e cavernas que poderiam favorecer as situaçõesde instabilidade às quais o especialista em geotecnia se refere.

Em um artigo que defende a preservação do ecossistema das cangas, osbiólogos Cláudia Maria Jacobi, Flávio Fonseca do Carmo, Felipe Fonseca doCarmo e Iara Christina de Campos afirmam que cerca de 20% das cavernascatalogadas no Brasil ocorrem nos geossistemas ferruginosos.

Tragédia em Mariana matou 19 pessoas, destruiu completamente trêsdistritos e deixou milhares desabrigados

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As lamas das barragens de rejeito construídas no Brasil são densas, úmidas ebastante heterogêneas - suas características em determinado ponto da estrutura decontenção podem ser bem diferentes das verificadas em outro.

Assim, diante de uma perturbação física, "o que era pastoso vira líquido",diz Gama, que já se aposentou e segue dando aulas na UFMG como professorvoluntário.

Por essa razão, ele ressalta, as barragens de contenção precisam sermonitoradas constantemente e "muito instrumentadas", com a melhor tecnologiapossível para avaliar em tempo real sua situação, como "um paciente no CTI",ilustra.

'Piping': infiltração no terrenoOutro problema recorrente nas barragens de rejeito, que danifica sua

estrutura e favorece rompimentos, é o aparecimento de canais dentro daestrutura de contenção - mais uma vez, um reflexo da característica heterogêneada lama.

"São formados pequenos funis, por onde a água acaba circulando", explicaGama.

Esse processo de erosão interna é muitas vezes agravado por falhas nossistemas de drenagem. Por conta do peso e da pressão da lama de rejeitos sobre ofundo da estrutura, "os filtros são amassados e ficam muitas vezes entupidos".

Quanto maior o acúmulo de água, mais instável fica a estrutura e maior é aprobabilidade de ruptura da contenção.

O professor pondera que, no caso das barragens construídas no Brasil,muitas da década de 1950, o rejeito que entrava no início da operação era maisgranular, mais resistente ao chamado cisalhamento - que grosso modo, significa adeformação da estrutura.

A argila, que apresenta maior dificuldade de sedimentação, foi sendoincluída com o tempo - o que poderia indicar, por exemplo, que a estruturainicial das barragens não estava totalmente preparada para receber esse tipo dematerial.

"Eu tenho 66 anos de idade, mestrado e doutorado, e acho que entendoum pouco de geotecnia (ramo que une a geologia e a engenharia e que estuda ocomportamento do solo e das rochas). Qualquer pessoa que trabalhe fazendosegurança de barragem de rejeito deveria ter no mínimo mestrado - mas, hoje

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em dia, um curso técnico de 40 horas já habilita (legalmente) alguém pra fazerisso", critica o professor.

Rupturas por percolação e erosão (piping) também são possíveis quando adistância entre o lago de decantação e o talude de jusante da barragem não forsuficientemente grande, propiciando a ocorrência de gradientes hidráulicoselevados. Rupturas por percolação e erosão (piping) também são possíveisquando a distância entre o lago de decantação e o talude de jusante da barragemnão for suficientemente grande, propiciando a ocorrência de gradienteshidráulicos elevados.

As barreiras a montante - e seu 'descomissionamento'Um ponto comum a praticamente todos os casos mais recentes de

rompimentos de barragem no Brasil é o fato de que elas eramconstruídas a montante.

Nessas estruturas, a barragem vai crescendo "para dentro": após aedificação de um primeiro dique para represar o material, o segundo éerguido em parte sobre a estrutura do primeiro e em parte sobre o quejá está depositado na barragem, e assim por diante.

No método a jusante, considerado mais seguro, os diques sãoempilhados no sentido contrário - eles vão avançando sobre o terreno, enão sobre os rejeitos que já estão depositados.

Já há muito tempo se sabe que o método a montante é o maiscrítico em relação à segurança. Ele é, contudo, mais barato e maisrápido.

No dia 29 de janeiro, a Vale anunciou que irá "descomissionar" todas assuas barragens a montante - que hoje são 10, todas localizadas em Minas Gerais -nos próximos três anos. Segundo o presidente da mineradora, FábioSchvartsman, isso significa esvaziá-las ou reintegrá-las ao meio ambiente.

O professor Evandro Gama alerta, contudo, que esse processo não ésimples. Para tirar a lama do sistema de contenção de rejeito, por exemplo, podeser necessário dragar e escavar ao mesmo tempo, por causa da consistência domaterial.

Não se sabe também, ele acrescenta, se as bombas de dragagem queoperam no país teriam força suficiente pra puxar a massa densa encontrada nasbarragens.

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Nos últimos 14 anos, o professor tem se dedicado a pesquisar métodos derecuperação de rejeitos de mineração - como a fabricação de cimento a partir daargila encontrada nesses materiais - justamente por acreditar que as barragensdevem ser "depósitos temporários", e não permanentes. Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47107500(negrito e grifo nosso).

16. No Brasil existem dezenas de BARRAGENS DE REJEITOS construídas há

décadas, obras que devem ser consideradas críticas devido o seu tempo de vida e a

incapacidade de evitar/prevenir danos por parte de seus responsáveis. Logo, as

barragens de rejeitos devem receber enfrentamento imediato dos órgãos responsáveis

para fazer cessar o risco de mais uma tragédia ambiental que se anuncia. Conhecidos

os riscos ambientais e humanos de um colapso e rompimento de

uma barragem de rejeitos, não deve ser tolerada nenhuma

possibilidade de sua ocorrência, cabendo aos órgãos responsáveis

ambientais e minerário (IBAMA, Secretaria Estadual do Meio

Ambiente, ANM – Agência Nacional de Mineração) agir para eliminar

o risco.

17. Constata-se nos documentos de fls. 1239/1245 e 1802/1807, apresentados pela

requerida COPEBRÁS em resposta ao Ofício nº 004/2019 desta Promotoria de Justiça, QUE

32 PROPRIEDADES ESTÃO LOCALIZADAS NA ÁREA A SER

IMPACTADA EM CASO DE ROMPIMENTO DA BARRAGEM DO BURACO,

CONTENDO 55 PESSOAS, SENDO 46 PESSOAS RESIDENTES NAS

PROPRIEDADES, DE ACORDO COM O INFORMADO. Frise-se, Excelência, que

após a tragédia de Brumadinho com mais de 300 pessoas mortas/desaparecidas, o efeito

devastador e chocante foi tão grande que a devastação ambiental ocorrida ficou relegada a um

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https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47107500



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efeito secundário da tragédia, quando na verdade, também merece especial atenção dada a

natureza fundamental do equilíbrio ecológico.

18. Confirmando a possibilidade de substituição da barragem de rejeitos da

requerida COPEBRÁS por outra tecnologia, mais segura por eliminar/reduzir a

umidade dos rejeitos, citamos trecho do laudo pericial gravado no CD-ROM juntado às

fls. 1582 (impresso em anexo), resultado da perícia realizada sobre a Barragem do Buraco,

extraído do processo judicial nº 00059821.94.2015.8.09.0029 em trâmite na 2ª Vara da

Comarca de Catalão, consistente na resposta do perito a quesito apresentado pela empresa

COPEBRÁS:

2) A barragem pode ser considerada estrutura necessária à mineração ouao beneficiamento da lavra, nos termos dos artigos 6º. Parágrafo único,alínea “d” e “b” e 59, parágrafo único, alínea “d” “c” e “e” do Código deMineração? A saber:“Art 6º. Parágrafo único. Consideram-se partes integrantes da mina: a)edifícios, construções, máquinas, aparelhos e instrumentos destinados àmineração e ao beneficiamento do produto da lavra e instrumentosdestinados à mineração e ao beneficiamento do produto da lavra desdeque este seja realizado na área de concessão da mina: b) servidõesindispensáveis ao exercício da lavra; Art.59. Ficam sujeitas de solo esubsolo, para fins de pesquisa ou lavra, não só a propriedade onde selocaliza a jazida, como as limítrofes. Parágrafo único. Instituem-seservidões para: a) construção de oficinas, instalações, obras acessórias emoradias; [...] c) captação e adução de água necessário aos serviços demineração e ao pessoal; [...] e) escoamento das águas da mina e doengenho de beneficiamento.RESPOSTA: A barragem de rejeitos existente no empreendimento em questãopode ser considerada estrutura necessária conforme preconiza o Código deMineração citado neste quesito, mas não é exclusiva. Outras práticas estruturaisneste tipo de empreendimento podem ser consideradas conforme estudos doInstituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) sobre Gestão e Manejo de Rejeitos

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da Mineração (2016). A seguir reproduzimos trechos das tecnologias que podemser empregadas:A) Tecnologias de Disposição de Rejeitos Empregadas (em mineração)Em função do tipo de minério processado e dos tratamentos adotados podem serencontrados rejeitos com variadas características geotécnicas, físico-químicas emineralógicas. Os rejeitos, quando de granulometria fina, são denominados lama,e quando de granulometria grossa (acima de 0,074 mm), são denominadosrejeitos granulares. (DUARTE, 2008) O descarte pode ser na forma a granel(transportados por meio de caminhões ou correias transportadoras), ou na formade polpa (mistura de água e sólidos), transportada por meio de tubulações com autilização de sistemas de bombeamento ou por gravidade.De forma geral, é possível se dizer que os rejeitos podem ser dispostos em:i) minas subterrâneas,ii) em cavas exauridas de minas,iii) em pilhas,iv) por empilhamento a seco (método “dry stacking”),v) por disposição em pasta, evi) em barragens de contenção de rejeitos (do tipo a montante, a jusante e “emlinha de centro”).A seleção de um método ou outro para a disposição dos rejeitos depende:i) da natureza do processo de mineração; ii) das condições geológicas e topográficas da região;iii) das propriedades mecânicas dos materiais;iv) do poder de impacto ambiental de contaminantes dos rejeitos; ev) das condições climáticas da região.A.1) Barragens de RejeitosEntre os métodos de disposição, as barragens de contenção de rejeitos ainda sãoas mais usadas. Essas barragens, como dito anteriormente, podem ser construídasutilizando-se solos, estéreis ou mesmo o próprio rejeito.De acordo com Davies & Martin (2000), o grande volume de rejeitos gerados,condicionados aos custos da disposição, faz com que seja atrativa a utilizaçãodestes materiais na construção das próprias barragens de contenção, desde quesejam obedecidas algumas premissas, tais como:

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i) Separação da fração grossa e fina (as propriedades geotécnicas são diferentesentre as frações),ii) Controle dos processos de separação (granulometria),iii) Utilização de sistemas de drenagens eficientes, compactação dos rejeitos(aumento da densidade e da resistência), eiv) Proteção superficial da barragem, dentre outras.A.2) Empilhamento DrenadoNeste método, em vez de utilizar uma estrutura impermeável de barramento,adota-se uma estrutura drenante, que não retém a água livre que sai dos porosdos rejeitos. O empilhamento drenado libera esta água por meio de um sistemade drenagem interna, de grande capacidade de vazão, ligada aos rejeitos doreservatório. Este método tem sido utilizado no Brasil desde a década de 80,embora em poucos casos. É interessante notar que na Europa, surgiurecentemente a expressão “pervious dam” para designar um “novo método” queestá sendo proposto para reduzir o potencial de dano. A.3) Disposição de Rejeitos Finos com SecagemO método de disposição chamado de “dry stacking”, empilhamento a seco, éantigo e muito utilizado pelas empresas de alumínio para disposição econômicade rejeitos de resíduo de produção de alumina (red mud). Neste método orejeito fino (em geral de granulometria passando na peneira 400) é adensado emespessadores até teores de sólidos elevados, acima de 50% e bombeado para umreservatório onde sua superfície é exposta à evaporação com o teor de sólidoscrescendo até valores da ordem de 80%.A.3.1) TECNOLOGIA DE FILTRAGEM MINERAL PARACONCENTRADOS E REJEITOSA tecnologia consiste na utilização de filtros de disco a vácuo, que permitem afiltragem de rejeitos resultando na drenagem desses. Os rejeitos sãoposteriormente dispostos na forma de “dry stacking”, o que dispensa o uso debarragens.A.3.2) PROCESSAMENTO E CONCENTRAÇÃO MAGNÉTICA DOSREJEITOS SEM A UTILIZAÇÃO DE ÁGUA EM SEUBENEFICIAMENTOA tecnologia consiste no processamento e concentração magnética dos rejeitos apartir do beneficiamento de rejeitos em forma de pilhas e barragens de minério

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de ferro de baixo teor introduzindo o tratamento a seco, sem a utilização de águaem seu beneficiamento.Trata-se de uma tecnologia de baixo custo operacional e baixo investimento,com total controle de particulados quando da substituição do combustível fóssilpor biocombustível utilizado no processo de secagem, agregando valorsustentável à cadeia produtiva. Com este processamento a seco é possíveldescomissionar pilhas e barragens existentes, reduzindo consideravelmente seusvolumes, o que evita a construção de novas barragens, e consequentemente, ageração de seus riscos.Ainda, de acordo com o MANUAL DE NORMAS E PROCEDIMENTOSPARA LICENCIAMENTO AMBIENTAL NO SETOR DE EXTRAÇÃOMINERAL do Ministério do Meio Ambiente, elaborado em agosto de 2001, osistema tradicional de disposição de rejeitos é a barragem de rejeito, mas comvista em novas tecnologias tecem as seguintes considerações:“...a evolução tecnológica deste sistema vem se direcionando no sentido de: -redução da área afetada pela barragem, através de aumento da eficiência dadecantação (com o uso de produtos para acelerar a sedimentação, como porexemplo a cal), ou pela implantação de sistemas de drenagem interna (redes dedrenos no fundo da bacia, com sistemas de filtragem à base de manta geotêxtil);- modificação do sistema construtivo, de forma a possibilitar a implantação de“diques secos”, em áreas planas ou encostas suaves, fora de vales e APPs. -Sistemas de impermeabilização do solo à base de mantas de PVC, para baciasonde serão depositados rejeitos perigosos, potencialmente poluidores. Aengenharia nacional já detém capacidade para projetar e implementar os sistemasdescritos neste item, sendo portanto tecnologia acessível à maioria dosempreendimentos de mineração.”

19. Em audiência realizada no dia 07/02/2019, após colher o depoimento do Sr.

senhor José André de Castro Alves, Diretor Técnico de Projetos das empresas Copebrás

Indústria Ltda. e Niobrás Mineração Ltda., unidades de Catalão e Ouvidor, o Ministério

Público assinalou o prazo de 30 dias para a empresa se manifestar sobre a proposta de

descomissionamento de sua barragem de rejeitos, conforme termo abaixo transcrito:

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TERMO DE AUDIÊNCIA

Aos 07 (sete) dias do mês de fevereiro (02) do ano 2019, às 15:00horas, atendendo à notificação expedida pelo Promotor de Justiça titular da 3ªPromotoria de Justiça de Catalão, compareceu o senhor José André de CastroAlves, Diretor Técnico de Projetos das empresas Copebrás Indústria Ltda. eNiobrás Mineração Ltda., unidades de Catalão e Ouvidor, acompanhado peloadvogado da empresa Dr. André Ricardo Lima Ferreira, OAB/SP nº 212701.Após a oitiva do Senhor José André de Castro Alves, gravado no cd-rom emanexo, o Promotor de Justiça esclareceu que as rupturas das barragens de rejeitosda Samarco, em 05 de novembro de 2015, no município de Mariana (MG), e, daVale S/A, em 25 de janeiro de 2019, no município de Brumadinho (MG),exigem uma revisão sobre a essencialidade da barragem de rejeitos da Copebrás,conhecida como Barragem do Buraco, (barragem com alteamento a montante),no processo industrial local. Nesse sentido, diante da existência de conhecidasalternativas tecnológicas, o Ministério Público assinala o prazo de 30 dias,contado da presente data, para a empresa se manifestar sobre a propostade descomissionamento (eliminação) da referida barragem de rejeitos,devendo em caso de anuência, apresentar cronograma físico para suaeliminação. Ressalta-se que o decurso do prazo sem manifestação, seráinterpretado como recusa e desinteresse por parte da empresa na proposta dedescomissionamento do Ministério Público. Saem as partes devidamentecientificadas do teor do presente termo. Por fim, determinou-se o encerramentoda audiência e lavratura do presente termo que vai devidamente assinado peloPromotor de Justiça e pelo Senhor.

20. No dia 07/03/2019, a requerida COPEBRÁS protocolou nos autos do incluso

ICP nº 025/2015, a petição de fls. 2146/2152, limitando-se a reafirmar que SEGURANÇA

é um valor inegociável e que de acordo com a Resolução nº 04, de 15/02/2019, editada

pela ANM – Agência Nacional de Mineração, não está obrigada a implementar o

descomissionamento de sua barragem de rejeitos.

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21. Impende notar que após as tragédias de Mariana e Brumadinho, a ANM –

Agência Nacional de Mineração baixou ato normativo (Resolução nº 04/2019) disciplinando

os processos de descomissionamento das barragens de rejeitos alteadas pelo método a

montante. O fato da ANM não ter disciplinado outros tipos de barragens de rejeitos, por

si só, não significa que a requerida deve continuar operando da mesma forma. Não se

deve aguardar o rompimento de barragens de rejeitos a jusante ou

por linha de centro para agir. Pelo contrário, conhecidos os nefastos danos ao

ambiente e às vidas humanas com os exemplos de Mariana e Brumadinho, deve o Estado

de Goiás agir, antecipadamente, exigindo da requerida COPEBRÁS, a

adequação de sua atividade mediante eliminação do

armazenamento de rejeitos em barragens.

22. Impende notar, Excelência, que a capacidade atual da

Barragem do Buraco é de 45.500.000 m³ de rejeitos, estando

armazenados 40.000.000 de m³. A requerida COPEBRÁS está

autorizada a executar um novo alteamento até a cota de 860 m, o

que aumentará sua capacidade de armazenamento para 57.000.000

de m³ de rejeitos. Ora, se nada for feito, a continuidade das

operações da requerida COPEBRÁS pelos próximos anos, inclusive

com notícia de investimento bilionário de recursos , demandará

novos e sucessivos alteamentos de sua Barragem do Buraco,

potencializando a níveis estratosféricos, os riscos de danos

ambientais em caso de colapso e ruptura da barragem. Apenas a

título comparativo, a barragem de rejeitos da empresa MOSAIC,

situada em Catalão/Ouvidor, com atividade minerária similar da32



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requerida COPEBRÁS, possui capacidade de armazenamento de 82

milhões de m³ de rejeitos. ONDE ISSO VAI PARAR?

23. Diante dos fatos apurados no incluso ICP nº 025/2015, e, diante da recusa da

requerida COPEBRÁS em efetuar o descomissionamento de sua barragem de rejeitos

denominada BARRAGEM DO BURACO, com ALTO DANO POTENCIAL ASSOCIADO,

não resta alternativa senão invocar o Estado-Juiz na busca da tutela jurisdicional em defesa

do meio ambiente, mediante o ajuizamento da competente ação civil pública.

II – DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO –

24. A legitimidade do Ministério Público para instaurar inquérito civil público e

promover ação civil pública em defesa do meio ambiente é pacífica e cristalina, não

merecendo maiores delongas, bastando a simples interpretação literal da legislação vigente a

seguir transcrita:

- CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL:Art. 129 - São funções institucionais do Ministério Público:III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção dopatrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos ecoletivos;

- LEI FEDERAL Nº 7.347/85:Art. 1º - Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da açãopopular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniaiscausados:I - ao meio ambiente;II - ao consumidor;III - a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.

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V - por infração da ordem econômica e da economia popular.Art. 5º - A ação principal e a cautelar poderão ser propostas peloMinistério Público, pela União, pelos Estados e Municípios. Poderão tambémser propostas por autarquia, empresa pública, fundação, sociedade de economiamista ou por associação que:

-LEI FEDERAL Nº 8.625/93:Art. 25 - Além das funções previstas nas Constituições Federal e Estadual, na LeiOrgânica e em outras leis, incumbe, ainda, ao Ministério Público:IV - promover o inquérito civil e a ação civil pública, na forma da lei:a) para a proteção, prevenção e reparação dos danos causados ao meioambiente, ao consumidor, aos bens e direitos de valor artístico, estético,histórico, turístico e paisagístico, e a outros interesses difusos, coletivos eindividuais indisponíveis e homogêneos;

III - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS -

25. A pretensão deduzida pelo Ministério Público na presente ação civil pública

possui amparo no arcabouço legal e doutrinário, a seguir transcritos:

- A CARTA MAGNA DE 1988 erigiu como direito fundamental da pessoa

humana, o meio ambiente ecologicamente equilibrado, conforme dispositivo a seguir

transcrito:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamenteequilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidadede vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever dedefendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao PoderPúblico:...IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividadepotencialmente causadora de significativa degradação do meio

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ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se darápublicidade; (Regulamento)V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade devida e o meio ambiente; (Regulamento)...§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar omeio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida peloórgão público competente, na forma da lei.§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão osinfratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,independentemente da obrigação de reparar os danos causados.…

- A LEI DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – LEI Nº

6.938/1981 expressamente prevê em seus dispositivos:

Art. 2º. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo apreservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia àvida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimentosocioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção dadignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,considerando o meio ambiente como um patrimônio público a sernecessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreasrepresentativas;V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamentepoluidoras;...Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11105.htm

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11105.htm



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I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações deordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas assuas formas;II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características domeio ambiente;III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante deatividades que direta ou indiretamente:a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;c) afetem desfavoravelmente a biota;d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientaisestabelecidos;IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora dedegradação ambiental;V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais esubterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, oselementos da biosfera, a fauna e a flora. Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com apreservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;...VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas àsua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para amanutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;Art. 9º - São Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;II - o zoneamento ambiental; (Regulamento)III - a avaliação de impactos ambientais;IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmentepoluidoras;

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4297.htm



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V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criaçãoou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidadeambiental;...Art. 13. O Poder Executivo incentivará as atividades voltadas ao meioambiente, visando:I - ao desenvolvimento, no País, de pesquisas e processos tecnológicosdestinados a reduzir a degradação da qualidade ambiental;II - à fabricação de equipamentos antipoluidores;III - a outras iniciativas que propiciem a racionalização do uso derecursos ambientais.…

- A LEI DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA (LEI Nº 7.347/1985), expressamente

prevê:

Art. 4º Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei,objetivando, inclusive, evitar dano ao patrimônio público e social, ao meioambiente, ao consumidor, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos oureligiosos, à ordem urbanística ou aos bens e direitos de valor artístico, estético,histórico, turístico e paisagístico. (Redação dada pela Lei nº 13.004, de2014)Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação defazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação daatividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena deexecução específica, ou de cominação de multa diária, se esta forsuficiente ou compatível, independentemente de requerimento doautor.Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou semjustificação prévia, em decisão sujeita a agravo.

- A LEI DA POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE

BARRAGENS – LEI Nº 12.334/2010 prevê em seu artigo 18 a obrigação do empreendedor

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13004.htm#art1

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13004.htm#art1



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(no caso da requerida MOSAIC), em desativar a barragem quando não atendidos os critérios

de segurança, conforme abaixo transcrito:

Art. 18. A barragem que não atender aos requisitos de segurança nostermos da legislação pertinente deverá ser recuperada ou desativadapelo seu empreendedor, que deverá comunicar ao órgão fiscalizador asprovidências adotadas. § 1º A recuperação ou a desativação da barragem deverá ser objeto deprojeto específico. § 2º Na eventualidade de omissão ou inação do empreendedor, o órgãofiscalizador poderá tomar medidas com vistas à minimização de riscos ede danos potenciais associados à segurança da barragem, devendo oscustos dessa ação ser ressarcidos pelo empreendedor.

- A RESOLUÇÃO CONAMA Nº 237/1997 ao disciplinar o licenciamento

ambiental, expressamente prevê:

Art. 1º - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintesdefinições:I - Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual oórgão ambiental competente licencia a localização, instalação,ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadorasde recursos ambientais , consideradas efetiva ou potencialmentepoluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causardegradação ambiental, considerando as disposições legais eregulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambientalcompetente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambientalque deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, paralocalizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadorasdos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ouaquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectosambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma

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atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise dalicença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controleambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano demanejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.IV – Impacto Ambiental Regional: é todo e qualquer impacto ambiental queafete diretamente (área de influência direta do projeto), no todo ou em parte, oterritório de dois ou mais Estados....Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle,expedirá as seguintes licenças:I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamentodo empreendimento ou atividade aprovando sua localização econcepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo osrequisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fasesde sua implementação;II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação doempreendimento ou atividade de acordo com as especificaçõesconstantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo asmedidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qualconstituem motivo determinante;III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ouempreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do queconsta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental econdicionantes determinados para a operação.Parágrafo único - As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ousucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase doempreendimento ou atividade....Art. 10 - O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá àsseguintes etapas:I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação doempreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários aoinício do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida;

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II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dosdocumentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devidapublicidade;III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA , dosdocumentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização devistorias técnicas, quando necessárias;IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambientalcompetente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análisedos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber,podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos ecomplementações não tenham sido satisfatórios;V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentaçãopertinente;VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambientalcompetente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haverreiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações nãotenham sido satisfatórios;VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico;VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se adevida publicidade....Art. 19 – O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada,poderá modificar os condicionantes e as medidas de controlee adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quandoocorrer:I - Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normaslegais.II - Omissão ou falsa descrição de informações relevantes quesubsidiaram a expedição da licença.III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.

26. Quanto ao Direito do Ambiente e seus princípios pertinentes à causa de pedir e

pedido da presente ação coletiva, interessa-nos citar a doutrina do festejado autor Édis Milaré

em sua consagrada obra Direito do Ambiente, Editora RT, 4ª Edição, 2005, São Paulo:

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- páginas 155 e seguintes :

Conceito de Direito do Ambiente“...complexo de princípios e normas coercitivas reguladoras das atividadeshumanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente emsua dimensão global, visando à sua sustentabilidade para as presentes e futurasgerações”. (página 155)…Por derradeiro, a missão do Direito Ambiental é conservar a vitalidade, adiversidade e a capacidade de suporto do planeta Terra, para usufruto daspresentes e futuras gerações. (pág. 157).Princípios fundamentais do Direito do AmbienteConvém lembrar que, entre ciências afins, um princípio pode não ser exclusivode uma única ciência, cabendo na fundamentação de mais de uma ciência; istoocorre, sabidamente, quando os princípios são mais gerais e menos específicos.Com esta advertência, interessa destacar, aqui, não apenas os princípiosfundamentais expressamente formulados nos textos do sistema normativoambiental, como também os decorrentes do sistema de direito positivo em vigor,a que a doutrina apropriadamente chama de princípios jurídicos positivados.Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direitofundamental da pessoa humanaA par dos direitos e deveres individuais e coletivos elencados no art. 5º,acrescentou o legislador constituinte, no caput do art. 225, um novo direitofundamental da pessoa humana, direcionado ao desfrute de adequadas condiçõesde vida em um ambiente saudável ou, na dicção da lei, “ecologicamenteequilibrado”.…Por tais razões, a adoção do princípio pela nossa Carta Maior passou, no dizer deIvette Senise Ferreira, “a nortear toda a legislação subjacente, e a dar uma novaconotação a todas as leis em vigor, no sentido de favorecer uma interpretaçãocoerente com a orientação político-institucional inaugurada”....Princípio da prevençãoO princípio da prevenção é basilar em Direito Ambiental, concernindoà prioridade que deve ser dada às medidas que evitem o nascimento de

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atentados ao ambiente, de modo a reduzir ou eliminar as causas deações suscetíveis de alterar a sua qualidade.… Sua atenção está voltada para momento anterior à da consumação dodano – o de mero risco. Ou seja, diante da pouca valia da simplesreparação, sempre incerta e, quando possível, excessivamente onerosa, aprevenção é a melhor, quando não a única, solução. De fato, “nãopodem a humanidade e o próprio Direito contentar-se em reparar ereprimir o dano ambiental. A degradação ambiental, como regra, éirreparável. Como reparar o desaparecimento de uma espécie? Comotrazer de volta uma floresta de séculos que sucumbiu sob a violência docorte raso? Como purificar um lençol freático contaminado poragrotóxicos? Com efeito, muitos danos ambientais são compensáveis,mas, sob a ótica da ciência e da técnica, irreparáveis. (grifo e negritonosso).- páginas 552/553:8.3 Cancelamento da licença

Cancelar, do latim cancellare (cobrir com grade, riscar, borrar, inutilizar),em sentido amplo “quer significar o ato pelo qual se desfaz, se anula ou se tornaineficaz ato anteriormente praticado, ou porque tenha ele cumprido já suafinalidade, ou porque se tenha motivo para essa anulação. Tem pertinência noscasos em que a licença (i) é expedida em flagrante dissonância com aordem jurídica, (ii) quando subsidiada por falsa descrição deinformações relevantes, ou ainda, (iii) pela superveniência de gravesriscos para o ambiente e a saúde, insusceptíveis de superação mediante adoação de medidas de controle e adequação.…8.4 O controle da validade das licenças

O controle da validade das licenças cabe tanto à AdministraçãoPública quanto ao Poder Judiciário.

Como bem anota Marcelo Dawalibi, “ato administrativo éessencialmente revogável, e se, posteriormente à sua prática, houverinteresse público que justifique a sua revisão, nada impede que aAdministração Pública o faça, seja ele vinculado ou discricionário. Se o

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fundamento máximo do Poder de Polícia, e, de resto, de toda aatividade administrativa, é a supremacia do interesse público sobre oindividual, é óbvio que a Administração Pública poderá, sempre, reverqualquer ato que, supervenientemente à sua edição, se mostre contrárioao interesse coletivo, revogando-o em benefício da sociedade”.

Destarte, a licença viciada, manchada de ilegalidade ou afrontosaao interesse público não pode passar ao largo do poder de políciainterventivo da Administração, por evidente choque com direitosconstitucionalmente assegurados.

Omitindo-se a Administração desse poder-dever que lheconferiu o legislador, abre-se ensejo para que o Poder Judiciário, apedido de um dos colegitimados para a ação civil pública ou dequalquer cidadão, em ação popular, determine a revisão ou até ainvalidação da licença”.

27. No mesmo sentido, cumpre citar o autor Paulo Affonso Leme Machado em

sua consagrada obra Direito Ambiental Brasileiro, Editora Malheiros, 25 Edição, 2017, São

Paulo, páginas 119 a 121:

7. Principio da prevençãoO dever jurídico de evitar a consumação de danos ao ameio ambientevem sendo salientado em convenções, declarações e sentença detribunais internacionais, como na maioria das legislações internacionais.Prevenir é agir antecipadamente, evitando o dano ambiental. Deixa-sede prevenir por comodismo, por ignorância, por hábito da imprevisão,por pressa e pela vontade de lucrar indevidamente.…A Convenção da Diversidade Biológica diz em seu “Preâmbulo” que “é vitalprever, prevenir e combater na origem as causas da sensível redução ou perda dadiversidade biológica”. Para que haja ação é preciso que se forme oconhecimento do quê prevenir. Com razão, o biologista francês Jean Dausset –prêmio Nobel de Medicina de 1980 -, no mesmo sentido que a Convenção daDiversidade Biológica citada, afirma que “para prevenir é preciso predizer”. O

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princípio da prevenção comporta duas fases: a previsão e a prevenção. A previsãoé fase de colheita de dados e sua análise, compreendendo: 1) identificação einventário das espécies animais e vegetais de um território, quanto à conservaçãoda natureza; 2) identificação das fontes contaminantes das águas e do ar, quantoao controle da poluição; 3) identificação e inventário dos ecossistemas, com aelaboração de um mapa ecológico; 4) planejamento ambiental e econômicointegrados; 5) estudo de impacto ambiental.…“Prevenir” em Português, prévenir em Francês, prevenir em Espanhol,prevenire em Italiano e to prevent em Inglês – todos têm a mesma raiz latina,praevenire, e têm a mesma significação: agir antecipadamente.A previsão abrange a informação organizada e a pesquisa, através de diversosprocedimento: 1) ordenamento territorial ambiental para a valorização das áreasde acordo com a sua aptidão; 2) prestação de informações contínuas e completas;3) empregos de novas tecnologias; e 4) o EPIA – Estudo Prévio de ImpactoAmbiental.A autorização ou licenciamento ambiental deve levar em conta todos oselementos produzidos e levantados no procedimento de previsão. Olicenciamento ambiental é o momento adequado para exigirem-semedidas de prevenção ou indeferir-se o pedido de licenciamento diantede sua ilegalidade ou de sua inconveniência e de sua não oportunidade,tudo amplamente motivado ou fundamentado (art. 37, caput, CF).Constituem procedimentos assecuratórios da prevenção: 1)monitoramento; 2) inspeções e auditorias ambientais; e 3) sançõesadministrativas ou judiciais.… A legislação brasileira prevê a realização de planos em diversos setoresambientais, tais como: hídrico (Lei 9.433/1997), saneamento básico (Lei11.445/2007), resíduos sólidos (Lei 12.305/2010), segurança de barragem (Lei12.334/2010).No Brasil, quando a Lei 6.938/1981 diz, em seu art. 2º, que em sua PolíticaNacional do Meio Ambiente observará como princípios a “proteção dosecossistemas, com a preservação das áreas representativas”, e “a proteção de áreasameaçadas de degradação”, está indicando especificamente onde aplicar-se o

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princípio da prevenção. Não seria possível proteger sem aplicar medidasde prevenção.Os meios a serem utilizados na prevenção podem variar conforme odesenvolvimento de um Pais ou das opções tecnológicas. O Princípio 8 daDeclaração do Rio de Janeiro/1992 diz: “A fim de conseguir-se umdesenvolvimento sustentado e uma qualidade de vida mais elevadas paratodos os povos, os Estados devem reduzir e eliminar os modos deprodução e de consumo não viáveis e promover políticas demográficasapropriadas”. A prevenção empregada no sentido de previdência é “umachance para a sobrevivência”.A prevenção não é estática; e, assim, tem-se que atualizar e fazerreavaliações, para poder influenciar a formulação das novas políticasambientais, das ações dos empreendedores e das atividades daAdministração Pública, dos legisladores e do judiciário.

28. Ainda, cumpre citar os seguintes princípios ambientais relacionados à presente

pretensão deduzida em Juízo, extraídos do artigo de autoria dos professores Fábio Michelin,

Airton Guilherme Berger Filho e Edson Dinon Marques, sob o título “Os princípios do

Direito Ambiental e sua positivação no ordenamento jurídico brasileiro”, publicado no site

Jus Navigandi4:

...

11. Princípio da Supremacia do Interesse Público na Proteção do MeioAmbiente

Este princípio decorre do princípio geral norteador do Direito Público, oprincípio da primazia do interesse público e que deve ser observado nas políticase demais decisões do poder público, na medida em que a existência do Estadoestá baseada na busca do interesse geral da sociedade, o bem comum. 18

4MICHELIN, Fábio; BERGER FILHO, Airton Guilherme et al. Os princípios do Direito Ambiental e suapositivação no ordenamento jurídico brasileiro . Jus Navigandi, Teresina, a. 9, n. 763, 6 ago. 2005. Disponívelem: <http://jus2.uuol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7117>. Acesso em:09 set. 2005.

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Em matéria ambiental há uma vinculação do princípio da supremaciado interesse público com a previsão constitucional que considera omeio ambiente como um valor a ser necessariamente preservado eprotegido para uso comum de todos, para a fruição humana coletiva....Trata-se, este, de um princípio do Direito Público do qual se extrai asuperioridade dos interesses da coletividade, em relação aos interessesdos particulares, privados, de forma que, na dúvida sobre a norma a seraplicada a um caso concreto, na dúvida sobre a periculosidade de umaatividade deve prevalecer aquela que privilegie os interesses dasociedade – a dizer, in dubio pro ambiente, ou pode-se utilizar outraexpressão latina in dubio pro sanitas et natura.Nesse sentido, entende Mirra que o interesse na proteção do meioambiente, por ser de natureza pública, deve prevalecer sobre osinteresses individuais privados, ainda que legítimos.“Até porque já se reconhece hoje em dia que a preservação do meio ambiente setornou condição essencial para a própria existência da vida em sociedade e,consequentemente, para a manutenção e o exercício pleno dos direitosindividuais dos particulares”. A própria formação normativa constitucional e ambiental brasileirarepercute importância da primazia dos “objetivos permeados por todasociedade”, através da positivação e valorização dos direitos coletivos edifusos, que devem preponderar, via de regra sobre os interessesindividuais.Vale aqui ressaltar, como entende Costa Neto, que este aspecto público doDireito Ambiental não se trata de uma mera “publicização do direito privado”,mas sim de um “redimensionamento” de conteúdos de instrumentos privatistascomo a propriedade para conformá-los com valores solidaristas do textoConstitucional. Isso significa dizer que o direito ao meio ambienteecologicamente equilibrado não resulta em nenhuma prerrogativa privada, masna fruição comum e solidária do mesmo ambiente, com todos os seus bens portoda sociedade simultaneamente, o que repercute no bem-estar individual. [86]Resumindo, numa “macrovisão” o meio ambiente, visto como algointangível e inapropriável (qualidade ambiental), é um bem público de

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uso comum, que deve ser protegido pelo Estado e pela sociedade parasua fruição de todos. Este macrobem é composto por elementos(microbens ambientais- florestas, rios, campos, fauna e flora, etc.) quepodem estar submetidos, tanto a regimes de titularidade pública,quanto privada, podendo ser administrado e explorado com vistas aosinteresses privados, mas que pertencem ao bem maior e por isso estãosubmetidos ao interesse público no que diz respeito a proteçãoambiental para a promoção da sadia qualidade de vida da sociedade.

Princípio da indisponibilidade do Interesse Público

A indisponibilidade do bem ambiental é decorrência do interessepúblico pela preservação do meio ambiente, da atribuição da qualidadepública a esse bem de uso comum do povo.Ou seja, é da natureza pública do meio ambiente que se extrai a suaindisponibilidade. Além disso, a ideia de indisponibilidade do meio ambiente vemreforçada pela necessidade de sua preservação em atenção às geraçõesfuturas. Uma obrigação imposta pela própria Carta Magna como umdever das gerações atuais transferirem esse “patrimônio” ambiental àsgerações vindouras.Isso significa dizer que sendo o meio ambiente globalmente considerado (bempúblico incorpóreo e imaterial), pertencente à coletividade consideradas aspresentes e futuras gerações, este é insusceptível de apropriação, ou seja, nãointegra o patrimônio disponível do Estado ou de qualquer sujeito privado.“O que pode ser eventualmente apropriado, o que pode sereventualmente utilizado, sobretudo para fins econômicos, são oselementos corpóreos que compõem o meio ambiente (como asflorestas, os solos, as águas, em certos casos a fauna) e mesmo assim, deacordo com as limitações e critérios previstos em lei e desde que essautilização não leve à apropriação individual (exclusiva) do meioambiente, como bem imaterial.

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Diferentemente da iniciativa privada, o Estado deve atuar como gestordo meio ambiente e não como proprietário dos bens ambientaiscorpóreos.Segundo Machado, o Estado deve atuar como um gerente queadministra bens, que não são seus, por isso, deve explicarconvincentemente sua gestão, prestar contas sobre a utilização dos bensde uso comum do povo e atuar de forma eficiente e democrática.Os Estados passam a ter responsabilidade em exercer um controle quedê bons resultados, e devem ser responsáveis pela ineficiência naimplementação de sua legislação. A corresponsabilidade dos Estadosdeverá atingir seus agentes políticos e funcionários, para evitar que oscustos da ineficiência ou das infrações recaiam sobre a populaçãocontribuinte, e não sobre os verdadeiros autores dos danos ambientais.

12. Princípio da intervenção estatal obrigatória na proteção do meioambiente

Esse princípio decorrente da natureza indisponível do meio ambiente,acima referido, e está positivado no item 17 da Declaração deEstocolmo de 1972 [89] e no art. 225, caput, da Constituição Federal.Em ambos está expresso ao Poder Público o dever de atuar na defesa domeio ambiente, tanto no âmbito administrativo, quanto no âmbitolegislativo quanto no âmbito jurisdicional, cabendo ao Estado adotarpolíticas públicas e os programas de ação necessários para cumprir essedever imposto....O dever de defesa do meio ambiente atribuído ao Estado tornacompulsória, obrigatória, a preservação da qualidade ambiental pelosagentes dos órgãos por ela responsáveis, de forma que é possível asociedade exigir do Poder Público, inclusive pela via judicial, ocumprimento pelos entes federados União, Estado e Municípios, emsuas competências material e legislativa, o cumprimento efetivo de suastarefas na proteção ambiental.

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Todavia, a obrigatoriedade da intervenção estatal em matéria ambiental nãotorna exclusiva a tarefa da proteção do meio ambiente, pois não existemonopólio do Estado na gestão da qualidade ambiental. Ao contrário, essaadministração do patrimônio ambiental deve se dar sempre com a participaçãodireta da sociedade.

29. Do direito positivo e doutrina citados nos itens 25 a 28, podemos concluir que:

1º) O princípio da prevenção exige do Estado de Goiás, por meio de

seu órgão licenciador (no caso a Secretaria Estadual de Meio Ambiente) a revisão da

atividade econômica da requerida COPEBRÁS quanto ao armazenamento de rejeitos

em sua barragem, diante dos conhecidos danos e efeitos nefastos ao ambiente e à vida

humana, provocados em caso de rompimento.

Logo, cabe ao órgão licenciador agir de forma antecipada, exigindo do

empreendedor o emprego de tecnologia que elimine a necessidade de barragem para

armazenamento dos rejeitos compostos por lama e água, diante da supremacia do

interesse público de proteção do meio ambiente sobre o interesse privado

da requerida em auferir lucro com sua atividade;

2º) Ao longo de décadas (desde 1978) de operação de sua

Barragem do Buraco, a requerida COPEBRÁS elevou sua crista em

45 metros, mediante sucessivos alteamentos executados com os

próprios rejeitos (ciclonados), sendo os últimos 05 metros até a cota 855 m

alteados pelo método a montante. Portanto, existe risco permanente de

dano ao meio ambiente e a vida humana em caso de rompimento,

pois, atualmente, armazena 40 milhões de m³ de rejeitos com

previsão de capacidade total de 57 milhões de m³ se alteada até a

cota de 860 m, exigindo intervenção obrigatória/compulsória do

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Estado para prevenir novo desastre. O risco existe e não pode ser ignorado

pelo Estado de Goiás, tanto que no PAE – Plano de Ações Emergenciais da Barragem do

Buraco, no item da apresentação da Seção I – Informações Gerais da Barragem de

Rejeitos do Buraco (Apenso – Volume I, fls. 11, a empresa contratada Pimenta de Avila

Consultoria Ltda. expressamente ressalva:

“Embora a barragem de contenção de rejeitos do Buraco (Barragem do

Buraco) tenha sido projetada e construída como estrutura segura, e suas

condições e desempenho sejam verificados periodicamente pela equipe técnica

da Anglo American Fosfato que atua na Barragem do Buraco e consultores

contratados, sempre continuará existindo riscos residuais

decorrentes da eventual ocorrência de situações de

emergência. Por essa razão, a equipe técnica da Anglo American Fosfato

deve estar permanentemente preparada para enfrentar as eventuais situações de

emergência que possam ocorrer, por meio do estabelecimento e implantação de

procedimentos especiais de gestão de segurança da barragem”.

3º) Por estar a Barragem de Rejeitos em operação há 4 décadas, com os

últimos 05 metros alteados pelo método a montante, e, segundo informado nos autos, com

alteamento por linha de centro até a cota de 860 m, aprovado pela “SECIMA”, há

possibilidade de ocorrência dos fenômenos de liquefação ou piping, e, consequentemente

sua ruptura, cujos danos irreparáveis ao meio ambiente e ao homem são conhecidos e devem

ser evitados, não sendo razoável esperar que algo de pior não aconteça, quando é obrigação do

Poder Público prevenir!

SE NO FINAL DA DÉCADA DE 1970, ERA

ACEITÁVEL O RISCO DE INSTALAÇÃO DE GIGANTESCAS

BARRAGENS DE REJEITOS PARA OPERAÇÃO DA

ATIVIDADE MINERÁRIA DA REQUERIDA, PASSADOS 40

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ANOS, O AVANÇO TECNOLÓGICO E A MAIOR

CONSCIENTIZAÇÃO DA NECESSIDADE DE PROTEÇÃO DO

MEIO AMBIENTE NÃO MAIS AUTORIZAM O SEU

FUNCIONAMENTO!

4º) Se outrora desconhecidos os riscos ao meio ambiente

e à vida humana, ou, conferida credibilidade exagerada aos estudos

e documentos técnicos apresentados pelo empreendedor como

garantia da segurança e estabilidade de sua barragem de rejeitos,

os trágicos episódios de Mariana e Brumadinho revelaram uma face

negra da atividade minerária composta por negligência, impudência

e até mesmo dolo quanto à segurança e proteção do meio ambiente

em detrimento da incessante busca de lucros maiores. Mariana e

Brumadinho provaram que estocar água e lama não é a melhor opção para exploração da

atividade minerária em comento;

5º) No licenciamento ambiental de empreendimento cuja atividade é

potencialmente poluidora, o dever do órgão licenciador é proteger o meio ambiente e a

vida humana, não podendo em hipótese alguma, priorizar a viabilidade econômica do

projeto em detrimento da qualidade do meio ambiente. Assim sendo, não se concebe que

o órgão licenciador autorize a construção de equipamentos menos seguros por serem

mais baratos, como é o caso das barragens de rejeitos com uso do próprio material

(rejeitos ciclonados) para elevação do maciço. O risco de rompimento de uma barragem de

rejeitos e a extensão dos danos ambientais e às vidas humanas provocados por milhões de m³

de rejeitos eliminam qualquer possibilidade de tergiversação por parte do órgão licenciador;

6º) Agir antecipadamente no presente caso é o segredo

para a salvaguarda do equilíbrio ecológico, pois, a magnitude e extensão das

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barragens de rejeitos de atividade minerária, em caso de risco de rompimento, não

propicia tempo suficiente para implantação de medidas que façam cessar o risco,

limitando-se o empreendedor a executar medidas emergenciais visando poupar vidas

humanas. Os sistemas de alarme conferem chance de sobrevivência somente aos seres

humanos, resultando indefesos os demais valores ambientais que merecem proteção.

DE QUE VALE ACIONAR SIRENES PARA A FLORA, A

FAUNA, O CURSO HÍDRICO QUE SERÁ DEVASTADO?

7º) Ao editar a Resolução nº 004/2019, a ANM – Agência

Nacional de Mineração, expressamente, reconheceu: o histórico recente de

rompimentos de barragens de mineração, notadamente da Barragem B1 da Mina Retiro

do Sapecado, em 10 de setembro de 2014, localizada no Município de Itabirito, Estado de

Minas Gerais; da Barragem de Fundão da Mina Germano, em 5 de novembro de 2015,

localizada no município de Mariana, Estado de Minas Gerais; e da Barragem B1, da mina

Córrego do Feijão, em 25 de janeiro de 2019, no município de Brumadinho, Estado de

Minas Gerais; a existência de 218 barragens de mineração

classificadas como de alto dano potencial associado, ou seja, dano que

pode ocorrer devido ao rompimento ou mau funcionamento de uma barragem,

independentemente da sua probabilidade de ocorrência, com

possibilidade de perda de vidas humanas e sérios danos sociais,

econômicos e ambientais; que os desafios ligados simultaneamente

à proteção dos recursos naturais e à manutenção da incolumidade

física, psicológica e da qualidade de vida das populações estão

associados à implementação de normas que assegurem a adoção de

um modelo de desenvolvimento em bases sustentáveis.

IV - DA NECESSIDADE DA MEDIDA LIMINAR -

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30. A postura complacente do Estado de Goiás por meio de seu órgão

licenciador (SEMAD), contribui para a potencialização do problema, necessitando de

enfrentamento imediato, face à exigência de preservação de valor fundamental para o homem,

qual seja, o meio ambiente ecologicamente equilibrado e a própria vida humana. Logo, faz-se

necessária a concessão do mandado liminar, espécie do gênero tutela de urgência. A doutrina

pátria expressamente admite a possibilidade de concessão de liminar inaudita altera pars ,

mesmo diante da Fazenda Pública. Nesse sentido citamos as lições abaixo:

- Rodolfo Camargo Mancuso em comentários aos dispositivos da Lei7.347/85 que se referem à tutela de urgência, em sua obra Ação Civil Pública, EditoraRevista dos Tribunais:

- página 109:Conjugando-se os arts. 4º e 12 da Lei n.º 7.347/85, tem-se queessa tutela de urgência há de ser obtida através de liminarque, tanto pode ser pleiteada na ação cautelar (factível antes ou nocurso da ação civil pública) ou no bojo da própria ação civilpública, normalmente em tópico destacado da petição inicial.Muitas vezes, mais prática será esta segunda alternativa, já que seobtém a segurança exigida pela situação de emergência. (negritonosso).- Hugo Nigro Mazzilli em sua obra A defesa dos interesses

difusos em juízo, Editora Saraiva, 24ª Edição, 2011:- página 530:Vamos às diferenças específicas entre esses institutos:a) A liminar é uma decisão dada no início da lide (in liminis, ouseja, no limiar), que tanto pode ter como finalidade asseguraruma providência acautelatória, como antecipar provisoriamentealguns dos efeitos práticos da sentença. É cabível em diversostipos de ação (como mandados de segurança, ações civis públicas,ações possessórias, ações cautelares). Assim, tanto pode ter naturezacautelar (v.g., se o juiz determina o afastamento temporário de umconjunge da morada do casal, antes ou na pendência da ação de

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separação), como natureza satisfativa (v.g., se o juiz assegurar initio litis areintegração de posse do autor, em ação possessória). A liminar podeser dada inaudita altera parte; (negrito nosso).... - páginas 532/533:2. O mandado liminar...Não apenas nos processos de natureza cautelar, mas em qualquer açãocivil pública ou coletiva, ou mandado de segurança coletivo, em teseserá possível a concessão de mandado liminar. Assim, graças aosistema peculiar do processo coletivo, não é mister ajuizamento de açãocautelar para pedir-se uma liminar; em qualquer ação de índole coletiva,pode o juiz conceder liminar, se lhe for requerida. Desde que presentes ospressupostos gerais de cautela, o juiz poderá conceder mandado liminar,com ou sem justificação précia nas ações civis públicas. Tanto a decisãoque defira como a que negue a liminar estará sujeita a agravo.(negritonosso).E quais são os pressupostos gerais de cautela? São o fumus boniiuris e o periculum in mora. O primeiro pressuposto consiste naplausibilidade do direito invocado como fundamento do pedido;o segundo, na dificuldade ou até impossibilidade de reparação dodano, diante da demora normal para obter a solução definitiva doprocesso.…Nas ações civis públicas ou coletivas, admite-se a concessão demedida liminar initio litis tanto nas ações principais, como nascautelares (nas ações propriamente cautelares, que são aspreparatórias ou incidentes, ou nas chamadas cautelaressatisfativas).(negrito nosso).

Em ação civil pública ou coletiva, a liminar pode consistir na autorizaçãoou vedação da prática de ato, ou na concessão de qualquer providência decautela, com ou sem imposição de multa liminar diária.…

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- páginas 534 e 537:

3. A proibição de concessão de liminar…Como muito bem anotaram Nelson e Rosa Nery, “pelo princípioconstitucional do direito de ação (CF 5º XXXV), o jurisdicionado terádireito de obter do Poder Judiciário tutela jurisdicional adequada. Casoseja necessária a concessão de liminar, como a tutela adequada, o juizdeverá concedê-la, haja ou não previsão da lei para a concessão deliminares. A vedação da lei para a concessão de liminares somente poderáser aplicada pelo juiz se não ofender o princípio constitucional do direitode ação. (grifo nosso).Todas as restrições impostas à concessão de liminares em mandados desegurança, ações civis públicas ou ações cautelares devem ser entendidas,pois, cum granus salis, isto é, desde que não levem ao perecimento dodireito. “Nesses casos excepcionais, e apenas eles, o direito constitucionala uma jurisdição eficaz suplantará as limitações estabelecidas em leiordinária”, é o que aduziu a propósito, com sabedoria, Athos GusmãoCarneiro.- Marcelo Abelha Rodrigues, em sua obra Processo Civil

Ambiental, 3ª edição, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, ano 2011:-página 126/127:Se, por um lado, todo o tempo do mundo não seria idôneo ou capaz deproporcionar a certeza absoluta, por outro, basta um mínimo detempo para que uma crise jurídica ainda maior do que a jáexistente se estabeleça. É que a vida das pessoas não é paralisadaquando levam uma crise jurídica para ser debelada pelo PoderJudiciário. E é justamento porque a atividade jurisdicional seexerce e se desenvolve durante um dado lapso temporal que, acada minuto que passa, mais longe e fora da realidade quemotivou a busca da solução jurisdicional fica a tutela debeladorada crise. (negrito e grifo nosso).…

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Diante disso tudo, pode-se dizer que o sistema jurídico não poderiaficar infenso à avassaladora realidade temporal que, se em sede detutela individual causa um mal terrível aos litigantes, gera romboainda maior quando se está diante de uma tutela do meioambiente, por razões de ordem qualitativa e quantitativa: aprimeira por causa da natureza pública da situação tutelanda,bem como pelas peculiaridades que personificam o equilíbrioecológico (essencialidade, instabilidade, ubiquidade etc.); e asegunda em função do número de lesões perpetradas, dada atitularidade difusa do bem ambiental. De fato, o sistema jurídiconão ficou infenso a tal situação, e para isso criou (pondo-a àdisposição dos litigantes) a tutela jurisdicional de urgência, cujafunção básica é neutralizar os efeitos deletérios do tempo noprocesso, enfim, corrigindo ou prevenindo determinadassituações nas quais o próprio processo ou o direito por eletutelado estejam, ameaçados de ser engolidos pela ferrugemtemporal. (negrito e grifo nosso).Portanto, a tutela de urgência, visivelmente imunizadora dosefeitos deletérios que o tempo causa ao processo (instrumento) ouao seu conteúdo (direito material), constitui um arcabouço detécnicas processuais que devem ser prontas e rápidas, sob pena dese tornarem inúteis. Essas formas de tutela são realizadas por intermédiodas medidas cautelares e das antecipações de tutela de mérito. O signocomum a ambas é, sempre, a urgência, e o seu traço diferenciador é oobjeto que será precipuamente protegido dos desgastes provocados pelofenômeno temporal. (negrito nosso).

31. Desta maneira, não havendo dúvida quanto à possibilidade legal da

expedição de mandado initio litis, cumpre, num segundo passo, mostrar a ocorrência dos seus

pressupostos específicos: a aparência do bom direito e o perigo na demora do provimento

final.

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32. No desenrolar desta vestibular, mostrou-se a possibilidade jurídica de

um provimento final de procedência do pedido sob o aspecto da defesa do meio ambiente

ecologicamente equilibrado, principalmente, considerando o disposto na Constituição da

República Federativa do Brasil e legislação infraconstitucional citada. Logo, não há

necessidade de maiores digressões diante da manifesta evidência do fumus boni iuris.

33. Igualmente, no campo da probabilidade, não mais da possibilidade

jurídica, mas, da incidência de dano sobre o bem juridicamente protegido, de se dizer

manifesto o periculum in mora. Conforme amplamente veiculado pelos meios de

comunicação social, nota-se recorrência do evento danoso consistente em

ruptura de barragem de rejeitos. O perigo na demora do provimento final poderá

demonstrar-se incapaz de fazer cessar a permanente situação de risco e dano, diga-se, de

impossível reparação quando atingir vidas humanas, e, dificílima e onerosa reparação quando

se tratar de ofensa ao meio ambiente natural composto pela flora e fauna.

34. Portanto, indispensável o mandado liminar (medida de caráter

protetivo, cautelar ou antecipatória, com comando de obrigação de fazer ou não fazer

executáveis lato sensu), a cominação de multa (medida de pressão psicológica para o

cumprimento daquele, forma de execução indireta ou imprópria), independentemente de

justificação prévia, ante os contundentes elementos de convicção de plano apresentados,

sabendo-se, no mais, que “evidenciados o fumus boni iuris e o periculum in mora deve o juiz

conceder liminar na ação civil pública.”. Nesse sentido citamos recentes decisões do STJ e

do TJGO, conforme abaixo:

EMENTA: ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃOCIVIL PÚBLICA. RECUPERAÇÃO AMBIENTAL.OBRIGAÇÃO DE FAZER. LIMINAR CONCEDIDA,EXCEPCIONALMENTE, SEM OITIVA PRÉVIA DA PESSOAJURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. REQUISITOS LEGAIS.

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INEXISTÊNCIA DE OFENSA À LEI N. 8.437/1992. 1. Arevogação da liminar é inviável em Recurso Especial, uma vez que averificação do risco de dano ambiental que justificou a tutela de urgência,ou mesmo de dúvida que a impõe pelo princípio da precaução, demandareexame dos elementos fático-probatórios. Assim, impossível analisar apresença dos requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora, anteo óbice da Súmula 7/STJ. 2. Quanto à vedação de concessão demedidas liminares de caráter satisfativo, esta Corte jámanifestou-se no sentido de que a Lei n. 8.437/1992 deve serinterpretada restritivamente, sendo tais medidas cabíveis quandohá o fumus boni iuris e o periculum in mora, com o intuito deresguardar bem maior, tal como se dá no presente caso.Precedentes: AgRg no REsp 661.677/MG, Rel. Ministro GILSONDIPP, QUINTA TURMA, DJ 13/12/2004; REsp 831.015/MT, Rel.Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, DJ01/06/2006; REsp 664.224/RJ, Rel. Ministro TEORI ALBINOZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, DJ 01/03/2007; AgRg no Ag427.600/PA, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, DJ07/10/2002; REsp 1.053.299/RS, Rel. Ministra DENISE ARRUDA,PRIMEIRA TURMA, DJe 27/11/2009. 3. Ademais, a jurisprudênciado STJ tem mitigado, em hipóteses excepcionais, a regra queexige a oitiva prévia da pessoa jurídica de direito público noscasos em que presentes os requisitos legais para a concessão demedida liminar em ação civil pública (art. 2º da Lei 8.437/92).Precedentes: REsp 1.018.614/PR, Rel. Ministra ELIANA CALMON,SEGUNDA TURMA, DJe 06/08/2008; AgRg no REsp 1.372.950/PB,Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe19/06/2013; AgRg no Ag 1.314.453/RS, Rel. Ministro HERMANBENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe 13/10/2010. Agravoregimental improvido. (STJ, 2ª Turma, Rel. Ministro HumbertoMartins, AgRg no AREsp 431420/MG, AGRAVO REGIMENTALNO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2013/0378235-3, Datado Julgamento 06/02/2014, Data da Publicação/Fonte DJe17/02/2014) (negrito nosso);

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EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVILPÚBLICA. DANO AMBIENTAL. PEDIDO LIMINAR.PRESENÇA DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS. DECISÃOSINGULAR REFORMADA. 1 - Não obstante o deferimento dopleito liminar estar adstrito ao prudente arbítrio do julgador, a decisãopode e deve ser reformada quando as provas jungidas aos autosdemonstrarem a presença do fumus boni iuris e do periculum in mora. 2- Na hipótese, restam evidentes os requisitos à concessão daliminar pretendida pelo agravante, uma vez configurada apossibilidade de dano irreparável ao meio ambiente e àcomunidade em geral. 3 - Liminar concedida, suspendendo-se asatividades da empresa agravada, até que sejam corrigidas as irregularidadesconstatadas, de acordo com as normas ambientais pertinentes, sob pena defixação de multa diária para o caso de descumprimento da ordem. 4 -AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E PROVIDO.((TJGO, AGRAVO DE INSTRUMENTO 292731-30.2008.8.09.0000, Rel. DES. WALTER CARLOS LEMES, 3ªCÂMARA CÍVEL, julgado em 28/04/2015, DJe 1778 de06/05/2015) (negrito e grifo nosso).

VI – DOS PEDIDOS -

35. Diante do exposto e da inclusa documentação, o MINISTÉRIO PÚBLICO

DO ESTADO DE GOIÁS requer:

1) nos termos do artigo 334, § 5º, do CPC, NÃO SEJA DESIGNADA AUDIÊNCIA DE

CONCILIAÇÃO vez que o principal pedido da presente ação consiste no

descomissionamento da barragem de rejeitos da requerida conhecida como BARRAGEM DO

BURACO, proposta recusada pela mesma em sede extrajudicial;

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2) com fundamento no artigo 12 da Lei 7347/85, em sede de liminar, SEJA

DETERMINADO:

2.1) ao ESTADO DE GOIÁS, por meio de seu órgão ambiental licenciador, a

suspensão da licença de instalação da OBRA DE ALTEAMENTO DA

BARRAGEM DE REJEITOS (BARRAGEM DO BURACO) DA COPEBRÁS, até a

cota de 860 m, caso tenha sido concedida, ou, a proibição de sua concessão

(licença de instalação da obra de alteamento), caso esteja em análise e não

tenha sido concedida;

2.2) à requerida COPEBRÁS, a implantação, no prazo de 60 dias:

2.2.1) de medidas técnicas que reduzam o armazenamento/aporte de água na Barragem do

Buraco, devendo comprovar sua execução e eficácia nos autos;

2.2.2) de medidas preventivas de alerta e orientação à população residente na ZAS – Zona de

Auto Salvamento e na ZSS - Zona de Salvamento Secundário, descritas no PAE – Plano de

Ações Emergências da Barragem do Buraco (Volumes I e II do Apenso – fls. 03/257);

3) a CITAÇÃO DOS REQUERIDOS na pessoa de seus representantes legais, conforme

preconizado na legislação vigente (sendo cumprida a citação da segunda requerida no local de

sua filial) observando-se o disposto no artigo 212, § 2º do CPC, para, querendo, contestar, no

prazo legal, a presente ação civil pública, sob pena de revelia e confissão;

4) Ao final da presente ação, SEJAM OS PEDIDOS JULGADOS

PROCEDENTES para:

4.1) CONDENAR o requerido ESTADO DE GOIÁS:

4.1.1) à OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER consistente em não autorizar/licenciar por

meio de seu órgão ambiental, obra de construção de barragem de rejeitos, nem novos

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alteamentos da barragem de rejeitos da segunda requerida (Barragem do Buraco), em

sua unidade situada nos municípios de Catalão/ Ouvidor;

4.1.2) à OBRIGAÇÃO DE FAZER consistente em rever por meio de seu órgão

ambiental, no prazo de 06 meses, o processo de beneficiamento da rocha fosfática da

requerida, exigindo o emprego de tecnologia que dispense o armazenamento de rejeitos

em barragem de rejeitos;

4.1.3) considerando que o objeto da presente ação em relação ao ESTADO DE GOIÁS

contém um non facere e um facere, portanto, obrigação de não fazer e de fazer de natureza

infungível (tutela específica), nos termos dos artigos 497 c/c 536 do CPC, seja na sentença de

mérito fixada multa diária de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), a favor do FUNDO

ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, até o cumprimento total da obrigação, sem prejuízo das

demais medidas legais a serem tomadas em caso de descumprimento da ordem judicial,

inclusive, no âmbito penal e civil à luz da Lei 8.429/1992 – Lei que dispõe sobre os casos de

improbidade administrativa e suas sanções;

4.2) CONDENAR a requerida COPEBRÁS INDÚSTRIA LTDA. às

OBRIGAÇÕES DE FAZER e NÃO FAZER consistentes em:

4.2.1) DESCOMISSIONAR, no prazo de 24 meses, contado do término do prazo previsto

no item 4.2.2, de forma segura e tecnicamente correta, sua barragem de rejeitos denominada

Barragem do Buraco, descrita no item 05 da exordial, adotando todas as medidas preventivas

de forma a não causar danos ao meio ambiente e à vida humana;

4.2.2) REMOVER, no prazo de 30 dias, todos os residentes na Zona de Auto Salvamento

descrita no PAE – Plano de Ações Emergências, relacionados às fls. 1802/1807, para

moradias urbanas dignas, com todas as despesas custeadas pela requerida (aluguel,

transporte/mudança), até a conclusão da obra de descomissionamento da barragem, o

que possibilitará o retorno dos moradores às suas moradias;

4.2.3) PROMOVER, no prazo de 05 anos, a recuperação ambiental da área da barragem

descomissionada, mediante execução de PRAD – Plano de Recuperação de Área Degradada

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aprovado pelo órgão ambiental competente, observadas as diretrizes fixadas pelos órgãos

competentes;

4.2.4) NÃO UTILIZAR, em hipótese alguma, a Barragem Macaúbas como barragem de

rejeitos;

4.2.5) PROMOVER, de forma sistemática e permanente, rigoroso monitoramento da

Barragem Macaúbas, utilizada como reservatório de água de seu processo industrial,

visando a manutenção de sua segurança e estabilidade;

4.2.6) considerando que o objeto da presente ação em relação à COPEBRÁS contém um

facere e non facere, portanto, obrigações de fazer de natureza infungível (tutela específica),

nos termos dos artigos 497 c/c 536 do CPC, seja na sentença de mérito fixada multa diária

de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), a favor do FUNDO ESTADUAL DO MEIO

AMBIENTE, até o cumprimento total da obrigação, sem prejuízo das demais medidas legais

a serem tomadas em caso de descumprimento da ordem judicial, inclusive, no âmbito penal;

VII – DAS PROVAS

36. Protesta provar o alegado por todos os meios probantes em direito admitidos,

em especial, através de perícias, vistorias, inspeções judiciais, juntada de documentos,

depoimento pessoal dos representantes legais das requeridas, e, oitiva de testemunhas, cujo rol

será oportunamente ofertado.

37. Apenas para efeito fiscal, dá-se à causa o valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão

de reais), ressaltado o valor imensurável do dano ao meio ambiente e à vida humana em caso

de ruptura da Barragem do Buraco.

38. Termos em que, D. R. A. esta, somente com as peças pertinentes à requerida

COPEBRÁS que integram o incluso Inquérito Civil Público nº 025/2015 (09 volumes

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principais com 2260 laudas e 02 volumes em apenso com 257 laudas) que a instruem e

integram,

Pede Deferimento.

Catalão (GO), 11 de abril de 2019.

Roni Alvacir Vargas Promotor de Justiça

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excelentÍssimo senhor juiz de direito …...2019/04/12 · av. cristiano aires, esq. c/ avenida...

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