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OF PRES 017/2020 São Paulo, 31 de março de 2020. Excelentíssimo Senhor JOÃO DORIA Governador do Estado de São Paulo e Excelentíssimo Senhor HENRIQUE MEIRELLES Secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo Assunto: RENOVAÇÃO DO CONVÊNIO CONFAZ 100/97 Prezados Senhores, Em razão do Convênio ICMS nº 100/97, do Conselho Nacional de Política Fazendária - CONFAZ, ter como expiração a data próxima de 30/04/2020, quando deixará de produzir seus efeitos, a Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (OCESP) vem registrar suas considerações, a fim de buscar que os interesses das sociedades cooperativas e suas especificidades sejam observados. O Convênio ICMS nº 100/97 outorga reduções na base de cálculo de ICMS nos percentuais de 30% e 60% para os insumos destinados ao uso na agricultura e na pecuária, como por exemplo: inseticidas, ração para animais, sementes, embriões, farelo de soja, farelo de aveia e milho, amônia, ureia, sulfato de amônio, dentre outros, o que equivale a uma alíquota incidente de ICMS de 2,8% nas vendas destinadas ao Norte, Nordeste e ao Centro-Oeste e 4,8% nas vendas destinadas aos estados do Sul e Sudeste. 1 O mesmo configura relevante desoneração fiscal para o setor produtivo agropecuário nacional e, conforme estudos estimaram, sua supressão trará graves impactos financeiros e econômicos ao ramo. Segundo trabalho realizado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal SINDIVEG, verificou-se que com o fim do Convênio ICMS 100/1997, as operações com destino aos estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste terão uma alíquota de 7%, enquanto as operações interestaduais com destino aos estados do Sul e Sudeste terão uma alíquota de 12% e as operações internas serão tributadas em 18%. 2 Nesse cenário, os dispêndios da indústria de defensivos agrícolas com o ICMS, que para o período somavam R$ 1,05 bilhão, serão majorados a R$ 3,46 bilhões. 3 1 Impactos do aumento de impostos de defensivos agrícolas Barral MJorge Consultores Associados. 2 Impactos do aumento de impostos de defensivos agrícolas Barral MJorge Consultores Associados. 3 Impactos do aumento de impostos de defensivos agrícolas Barral MJorge Consultores Associados Dados referentes ao período de 2016.

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Page 1: Excelentíssimo Senhor JOÃO DORIA Governador do Estado de ... · Proposta de alteração das alíquotas no Convênio ICMS nº100/1997 O Conselho Nacional de Política Fazendária

OF PRES 017/2020 São Paulo, 31 de março de 2020.

Excelentíssimo Senhor JOÃO DORIA Governador do Estado de São Paulo e Excelentíssimo Senhor HENRIQUE MEIRELLES Secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo Assunto: RENOVAÇÃO DO CONVÊNIO CONFAZ 100/97

Prezados Senhores,

Em razão do Convênio ICMS nº 100/97, do Conselho Nacional de Política

Fazendária - CONFAZ, ter como expiração a data próxima de 30/04/2020, quando deixará de

produzir seus efeitos, a Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (OCESP)

vem registrar suas considerações, a fim de buscar que os interesses das sociedades

cooperativas e suas especificidades sejam observados.

O Convênio ICMS nº 100/97 outorga reduções na base de cálculo de ICMS

nos percentuais de 30% e 60% para os insumos destinados ao uso na agricultura e na

pecuária, como por exemplo: inseticidas, ração para animais, sementes, embriões, farelo de

soja, farelo de aveia e milho, amônia, ureia, sulfato de amônio, dentre outros, o que equivale

a uma alíquota incidente de ICMS de 2,8% nas vendas destinadas ao Norte, Nordeste e ao

Centro-Oeste e 4,8% nas vendas destinadas aos estados do Sul e Sudeste. 1

O mesmo configura relevante desoneração fiscal para o setor produtivo

agropecuário nacional e, conforme estudos estimaram, sua supressão trará graves

impactos financeiros e econômicos ao ramo.

Segundo trabalho realizado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos

para Defesa Vegetal – SINDIVEG, verificou-se que com o fim do Convênio ICMS 100/1997,

as operações com destino aos estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste terão uma alíquota

de 7%, enquanto as operações interestaduais com destino aos estados do Sul e Sudeste

terão uma alíquota de 12% e as operações internas serão tributadas em 18%.2

Nesse cenário, os dispêndios da indústria de defensivos agrícolas com o ICMS,

que para o período somavam R$ 1,05 bilhão, serão majorados a R$ 3,46 bilhões. 3

1 Impactos do aumento de impostos de defensivos agrícolas – Barral MJorge Consultores Associados. 2 Impactos do aumento de impostos de defensivos agrícolas – Barral MJorge Consultores Associados. 3 Impactos do aumento de impostos de defensivos agrícolas – Barral MJorge Consultores Associados – Dados referentes ao período de 2016.

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Conforme estimativa do impacto na margem de lucro do produtor rural

brasileiro, realizada pela CNA, verificou-se que, caso o cenário de não renovação do convênio

se consolide, algumas atividades agropecuárias que hoje estão com margens de lucro

passarão a ter resultados negativos, o que poderá comprometer a manutenção dos

produtores na atividade no médio prazo. 4

De acordo com esse estudo, o aumento no Custo Operacional Efetivo (COE)

poderá chegar a 11,92% (soja no MT), enquanto o COE da Bovinocultura de leite poderá ter

um acréscimo de até 14,29%.

O estudo também analisou possíveis impactos na inflação com a não

renovação do convênio em questão. Ao utilizar a inflação oficial (IPCA) do ano 2017 como

base, que encerrou com alta de 2,95%, verificou-se como resultado da não renovação do

convênio o aumento do IPCA de 9,5%, o que – mantidos os demais preços constantes –

elevaria a inflação de 2017 para 3,23%. Portanto, pode-se perfeitamente inferir que, para

o ano de 2020 e para os anos seguintes, os reflexos de ampliação do IPCA também

serão negativos à economia brasileira.

Em recente estudo elaborado pela OCB (anexo) a pedido do Grupo de Trabalho

GT65 do CONFAZ – o qual foi instituído com o objetivo de revisar os termos contidos no

Convênio ICMS 100/97 –, evidenciamos que o fim do convênio poderá resultar no aumento

significativo das alíquotas finais do ICMS, em patamares superiores a duas vezes o

valor atual, o que resultaria em aumento de custos de produção, redução da capacidade

de investimentos no agronegócio, reflexos nos preços da cadeia e consequentemente

no aumento do custo para o consumidor, como a elevação do custo da cesta básica de

alimentos e da inflação.

No intuito de mitigar os impactos, o estudo identificou que as alterações no

convênio poderão ser atenuadas somente se a alíquota instituída for menor que as médias

verificadas ou menor que a alíquota de 4% proposta pelo Sinprifert 5. Essa consideração

refere-se apenas e exclusivamente às operações interestaduais. Caso haja também qualquer

alteração na regra atual de ICMS (isenção ou diferimento) nas operações internas (dentro do

estado), esta resultará em impacto fortemente danoso às sociedades cooperativas

agropecuárias, ou seja, acarretará o aumento do custo na atividade do produtor rural.

Assim sendo, constata-se que a majoração da carga tributária do ICMS

repercutirá negativamente para o setor produtivo agropecuário, desestimulando o ramo

responsável por ¼ do PIB e dos empregos do país.

Cumpre, por fim, esclarecer que os defensivos agrícolas são insumos

fundamentais para agricultura brasileira pelo seu papel na prevenção e combate a pragas que

podem afetar a produção agrícola e, consequentemente, a produção nacional de alimentos e

a renda da população ligada, direta ou indiretamente, às atividades agrícolas.

4 Nota Técnica CNA nº10/2019 - Assunto: Impactos da não prorrogação do Convênio ICMS nº 100/1997 – CONFAZ aos produtores rurais 5 Proposta Sinprifert: instituição de alíquota única de 4% de ICMS sobre a comercialização de todos os insumos agropecuários relacionados

no convênio em substituição da redução na base de cálculo de ICMS nos percentuais de 30% e 60% .

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Neste sentido, a Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo

(OCESP), preocupada com as implicações econômicas e financeiras decorrentes da

cessação de seus efeitos e com o interesse na retomada do crescimento do setor e, por

conseguinte, da economia do país, postula pela prorrogação da vigência do Convênio

CONFAZ ICMS 100/97.

Registramos, por fim, nosso agradecimento, em nome do Sistema

Cooperativista, pela receptividade e pelas oportunidades de manifestação.

Atenciosamente,

Edivaldo Del Grande

Presidente

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ANEXO Cooperativismo no mundo Presente em 150 países, o movimento cooperativista representa 1,2 bilhão de cooperados, 280

milhões postos de trabalho e 3 milhões de cooperativas (sendo 1,2 milhão de cooperativas do ramo agropecuário)6. Juntas, as 300 maiores cooperativas do mundo têm um faturamento de US$ 2,1 trilhões, equivalente ao PIB da Itália, 8ª economia do mundo (FMI, 2019). As sociedades cooperativas atuam para dar novas oportunidades a seus cooperados e apoiar o desenvolvimento de suas comunidades, unindo desenvolvimento econômico e social, produtividade e sustentabilidade, individual e o coletivo.

Cooperativismo no Brasil No Brasil, o modelo de negócios cooperativista transforma a realidade de milhares de pessoas,

todos os dias, gerando trabalho, emprego e renda. Em 2018, 6828 cooperativas estavam registradas no Sistema OCB, um incremento de 3,7% em relação a 2014. Juntas foram responsáveis por aproximadamente 4% do PIB brasileiro em 2018.

Entre 2014 e 2018, o número de cooperados cresceu 15%. São quase 15 milhões de

cooperados, ou 1 em cada 13 brasileiros, nos mais diversos ramos do cooperativismo. Outro indicador relevante é a quantidade de empregos gerados que, no mesmo período, aumentou 17,8%. Um total de 425,3 mil pessoas empregadas no modelo cooperativista de firma, ou uma expansão de 64,3 mil novas vagas entre 2014 e 2018. E é assim, envolvendo cada vez mais brasileiros, que fortalecemos as cooperativas e o país.

6 Dados do cooperativismo extraídos do World Cooperative Monitor 2018, publicação anual da

Organização Internacional de Cooperativas de Indústria e Serviços/ACI.

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Cooperativismo no Brasil e Comércio Exterior Sabendo das oportunidades que o mundo guarda, cada vez mais cooperativas brasileiras

internacionalizam-se, seja para fornecer seus produtos a consumidores estrangeiros, seja para comprar mercadorias necessárias para seus negócios. Em 2018, 125 cooperativas brasileiras de vários ramos exportaram ou importaram de forma direta. Podemos destacar os seguintes Estados:

Ramo Agropecuário Cooperativas de produção agropecuária destinam-se, essencialmente, a prover, por meio da

mutualidade, o fomento relacionado às atividades agropecuária, extrativista, agroindustrial, aquícola e pesqueira. São formadas por produtores agrícolas, pecuários, pescadores e/ou extrativistas.

Com modelos de negócios presentes em diversas cadeias produtivas de grãos, oleaginosas, fibras, carnes, lácteos e outras, são responsáveis pelas operações de fornecimento de insumos, classificação, armazenagem, processamento e comercialização dos produtos de seus associados, gerando economia de escala nos processos de compra e venda, promovendo a agregação de valor à produção. Destacam-se também pela prestação de serviços de assistência técnica, transferência e fomento de tecnologias aos cooperados.

O Ramo Agropecuário representa 23,6% do total de cooperativas no Brasil, totalizando 1613 cooperativas agropecuárias, ou seja, aproximadamente 1 em cada 4 cooperativas é agro. Com mais de 1 milhão de cooperados, ocupa o 3º lugar entre os Ramos com maior número de associados. De todos os trabalhadores empregados por cooperativas no Brasil o Ramo Agropecuário é responsável por 49,3% do total com seus 209,8 mil colaboradores.

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O número de cooperativas e associados apresentou uma modesta alteração ao longo dos últimos

anos, 4% e 8% respectivamente. Quanto ao número de empregados houve um incremento significativo de 43,67% nos últimos 8 anos, resultado dos fortes investimentos e da ampliação da capacidade agroindustrial das cooperativas.

O esforço contínuo e o foco constante na profissionalização da gestão e da governança garantiram às cooperativas agropecuárias o papel de líderes no mercado brasileiro. Cada vez mais, o setor percebe este desenvolvimento como diferencial, reconhecendo as cooperativas como referência no agronegócio nacional. Abaixo segue a participação no volume de produção/comercialização das cooperativas líderes em seu segmento de atuação:

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Panorama do Cooperativismo Agropecuário por Estado:

O Convênio ICMS nº 100/1997 O Convênio ICMS nº 100/97, vigente até 30.04.2020, por força do Convênio ICMS 28/2019, além

de conceder isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS nas operações internas de saídas de produtos agropecuários, outorga reduções na base de cálculo do imposto nos percentuais de 30% e 60% para os insumos destinados ao uso na agricultura e na pecuária, como por exemplo: inseticidas, ração para animais, sementes, embriões, farelo de soja, farelo de aveia e milho, amônia, ureia, sulfato de amônio, dentre outros. A medida reduz a carga de impostos incidentes sobre o fornecimento de insumos aos produtores rurais, contribuindo para o aumento da competitividade dos produtos nacionais frente os internacionais, e internamente, para com a redução da inflação e dos preços dos alimentos, e por conseguinte da cesta básica, que beneficia diretamente a população de menor renda. A medida configura relevante desoneração fiscal para o setor produtivo agropecuário nacional, responsável por quase 25% do PIB, 38% dos empregos e metade das exportações nacionais, motivando inúmeras prorrogações ao longo de 20 anos com o propósito de fomentar o desenvolvimento do setor.

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Proposta de alteração das alíquotas no Convênio ICMS nº100/1997 O Conselho Nacional de Política Fazendária - CONFAZ instituiu o Grupo Técnico nº 65, com o

objetivo de revisar o Convênio ICMS nº 100/1997, convidando as entidades representativas do agronegócio para apresentar as considerações acerca dos impactos de uma eventual alteração, e até mesmo extinção, do referido convênio.

No primeiro encontro, em 27/05/2019, o Sindicato Nacional da Indústria de Matérias Primas para Fertilizantes – Sinprifert, apresentou estudo contratado com a empresa de consultoria econômica MBAgro, que indica uma perda na participação da produção nacional de fertilizantes na oferta de nutrientes no mercado brasileiro em relação ao produto importado, especialmente em razão dos mecanismos que acabam por gerar um acúmulo de créditos de ICMS na cadeia do produto nacional, resultando na redução de competitividade da indústria brasileira.

Para equalizar uma fórmula que traga isonomia tributária no setor de fertilizantes, o Sinprifert utilizou os dados relativos aos preços de insumos e de venda dos produtos nacional e importado acabados, aplicando sobre estes uma simulação de alíquota de ICMS fixa de até 4%, tanto para as operações internas quanto interestaduais.

Estudo dos impactos para o cooperativismo em caso de alterações no Convênio ICMS

nº100/1997 Considerando os debates iniciados pelo CONFAZ para revisão do Convênio ICMS nº100/1997,

bem como a proposta apresentada pelo Sinprifert, o Sistema OCB elaborou estudo acerca dos impactos das possíveis alterações do convênio nas operações realizadas por cooperativas agropecuários de quatro Estados (Estados de Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), que representam 87% do faturamento do ramo no Brasil.

Para apresentar os cenários dos impactos no recolhimento de ICMS, foram utilizados os dados relativos ao total de operações de saídas e entradas, tanto interestadual quanto internas (dentro do Estado), bem como dos valores efetivamente recolhidos e os créditos apurados do imposto.

Nas Tabelas 1 e 2 apresentamos os valores do ICMS recolhido pelas cooperativas nas saídas dos insumos beneficiados pelo Convênio 100/1997, bem como dos créditos gerados nas entradas dos mesmos produtos, demonstrando, ao final, um resumo do impacto líquido na arrecadação do imposto.

Considerando as mesmas operações e a manutenção da política de créditos, realizamos uma projeção dos impactos tributários nas hipóteses de tributação do ICMS à alíquota fixa de 2%, 3% e 4%.

O resultado apresentado, que considera a hipótese de tributação e creditamento nas operações internas, demonstra um aumento entre 287% e 473% dos valores recolhidos pelas cooperativas, alterando o cenário de acúmulo de crédito a ser restituído pelo Estado, que passaria a ter um saldo positivo na arrecadação do ICMS.

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TABELA 1

Proposta Sistema OCB A partir dos resultados do estudo sobre a hipótese de tributação à alíquota fixa entre 2% e 4%,

o Sistema OCB elaborou alguns cenários de tributação que considera um aumento escalonado da alíquota nas operações internas, de acordo com o valor atribuído para a alíquota nas operações interestaduais, reduzindo o impacto no recolhimento de ICMS pelas cooperativas.

Deste modo, conforme demonstrado nas Tabelas 3 e 4, apresentamos um comparativo dos valores do ICMS recolhido pelas cooperativas nas saídas dos insumos beneficiados pelo Convênio 100/1997, bem como dos créditos gerados nas entradas dos mesmos produtos, demonstrando, ao final, um resumo do impacto na arrecadação do imposto. Considerando as mesmas operações e a manutenção da política de créditos, realizamos uma simulação na escala de 4 para 1, dos impactos tributários nas hipóteses de tributação do ICMS nas operações interestaduais nas alíquotas de 2%, 3% e 4%, e para as operações internas à alíquota de 0,5%, 0,75% e 1%.

O resultado apresentado, que considera a hipótese de tributação e creditamento nas operações internas, demonstra um aumento entre 119% e 137% dos valores recolhidos pelas cooperativas, reduzindo o impacto para estas sociedades, mas mantendo o cenário de acúmulo de crédito a ser restituído pelo Estado, que passaria a ter um saldo positivo na arrecadação do ICMS.

TABELA 2

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Conclusão Com base nas análises e estudos demonstrados, percebemos que qualquer alteração com o fim

de reduzir os benefícios constantes na regra atual do Convênio ICMS 100/1997 impactará no aumento do custo da produção agropecuária de todo o setor em âmbito nacional.

Ressaltamos que o aumento do custo de produção contribuirá para a perda de competitividade dos produtos nacionais frente aos internacionais, agravará a inflação e alcançará principalmente as pessoas de baixa renda com o aumento dos preços dos alimentos, dentre eles os presentes na cesta básica. O investimento no setor e, consequentemente, o seu desenvolvimento serão afetados, podendo impactar nos resultados de comercialização e exportação.

No intuito de mitigar os impactos, verificamos que as alterações no convênio poderão ser atenuadas somente se a alíquota instituída for menor que as médias verificadas ou menor que a alíquota de 4% proposta pelo Sinprifert. Essa consideração refere-se apenas e exclusivamente às operações interestaduais.

Caso haja também qualquer alteração na regra atual de ICMS (isenção ou diferimento) nas operações internas (dentro do estado), esta resultará em impacto fortemente danoso às sociedades cooperativas agropecuárias, ou seja, acarretará o aumento do custo na atividade do produtor rural.

Neste sentido, caso seja inviável a manutenção da regra atual para as operações internas, acreditamos que a aplicação nas operações interestaduais nas alíquotas de 2%, 3% e 4% e para as operações internas à alíquota de 0,5%, 0,75% e 1%, respectivamente, aliviará a repercussão negativa da redução dos benefícios e o consequente aumento da carga tributária aos produtores rurais.

Permanecemos à disposição para eventuais esclarecimentos que se façam necessários através

dos seguintes contatos: [email protected] ou (61) 3217-2104.