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Excelentíssimo Senhor

DOUTOR JOSÉ GREGORI

WSTITUTOSO:KW.etENTlt. Dali I 1.__ Coo. atJf) 4) (1) c291-" -

DD. MINISTRO DA JUSTIÇA DA PRESIDiNCIA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL BRASÍLIA - DF.

MEMORIAL A RESPEITO DA PRETENDIDA CRIAÇÃO DA TERRA INDiGENA RIO OMEÚ, DA BACIA DO RIO CORUMBIARA, NO ESTADO DE RONDÔNIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO:

I - INTRODUÇÃO

1. O presente memorial tem por objetivo esclarecer os

fatos que envolvem o antigo projeto do Governo Federal, chamado

"Projeto Corumbiara", área de colonização no Estado de Rondônia,

em parte ameaçada de desapropriação, por iniciativa da FUNAI,

com vista à implantação de reserva indígena, que se quer

denominar "Terra Indígena Rio Omerê".

2. Pedimos vênia a Vossa Excelência para apresentar

aspectos que indicam claramente a inoportunidade de tal

desapropriação, seja pela inexistência de fatos técnicos que

indiquem a área como passível de ser preservada como terra

indígena. seja pelos custos absurdos que tal medida acarretaria

aos cofres públicos federais.

1 AVENIDA PAULISTA. 14<.><> • ~-• ANO. - FONE: <0111 28Q•411112 - FAX• !Hlll•l3S6 - CEP 01311·928 • S. PAULO

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II - O PROJETO CORUMBIARA E SEU CONTEXO

HISTÓRICO

3. Na década de 70, o Governo Federal, visando à

colonização de vastas áreas do então Território Federal de

Rondônia, depois de arrecadar através de processo discriminatório

e registrar como de seu domínio originário as terras da região do

Rio Corumbiara, implantou o "Projeto de Colonização

Corumbiara", sob a responsabilidade do INSTITUTO NACIONAL

DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÂRIA - INCRA e procedeu à

alienação de lotes, através do regime de licitação pública, mediante

prévia aprovação do SENADO FEDERAL e até mesmo do

CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL, por se tratar a região de

área de fronteira internacional.

4. Um extenso rol de agricultores e de pecuaristas

celebrou com o INCRA contratos de aquisição de terras públicas,

para a implantação de empresas rurais, com observância de

cronograma de antemão fixado, sob pena de resilição contratual.

E o projeto deu certo, não apenas quanto à colonização rural, como

também em relação ao desenvolvimento urbano.

5. O então Território, que nos anos setenta possuía

apenas dois municípios e duas comarcas (Porto Velho e Guajará­

Mirirn}, passou por intenso desmembramento territorial, com a

criação e implantação de centros de povoamento que, de simples

vilarejos, rapidamente transformaram-se em cidades de médio

2 AVENIOA PAULISTA. 1499 - .2.0 AND. - FONE, lOlll .289·422.2

- FAX: .288·13S6 - CEP 01311·9.28 - S. PAULO

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porte, erigidas à categoria de municípios e comarcas, sendo

suficiente a referência às de Vilhena, Colorado D'Oeste, Cerejeiras,

Cabixi, Chupinguaia, Pimenteiras, Cidade de Corurnbiara, não

obstante a existência de inúmeras outras, todas fruto do trabalho

da iniciativa particular que foi convocada pela UNIÃO FEDERAL

para desenvolver aquela rica região de sertões desabitados.

6. Um dos fatores de motivação dos adquirentes dos

lotes na zona rural, além dos referentes à qualidade das terras e às

condições de pagamento, foi o fato de a FUNAI assegurar que as

áreas alienadas pela UNIÃO FEDERAL, por intermédio do INCRA,

não eram habitadas por índios, aculturados ou não. Saliente-se

aqui, que esta certeza alicerçava-se-sem dúvida não só pelo parecer

da FUNAI, como também e principalmente pela aprovação do

SENADO FEDERAL, e do CONSELHO DE SEGURANÇA

NACIONAL ao projeto de colonização.

7. É sabido que, sob a ótica do empresário rural, a

aquisição de qualquer trato de chão passível de exploração

econômica, está ligada, necessariamente, à situação legal do

imóvel, que deve estar livre e desembaraçado, como condição para

alcancar os objetivos econômicos colimados pelo empreendedor.

8. Ainda mais tratando-se de área distante de qualquer

centro desenvolvido, onde aquele que a adquire, e foi o caso de

Corumbiara, sabia atê por disposição legal e contratual, que

deveria realizar investimentos altos para a viabilidade do projeto.

3 AVENIDA PAULISTA, 1499 - 2.• AND. - FONE, (011> 289•4222 - FAX1 268•1356 - CEP 01311•928 - S. PAULO

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9. Não é difícil imaginarmos os investimentos pessoais

e financeiros empregados pelos desbravadores de Rondônia ha

duas décadas atrás. Gente de espírito bandeirante, levando todos

os meios necessários, de avião, barco, e a pé, para que fosse

rompida a mata, transformada em lavouras, em pastagens,

construção de infra-estrutura como pistas de avião, estradas, vilas

de colonos, escolas, posto médico etc.

10. Fundamental para isto, portanto, que as referidas

áreas objeto de aquisição estampassem nitidamente seu

desimpedimento quanto à questão indígena, o que foi declarado

pelo órgão competente para dizê-lo, a FUNAI, como também que

fosse possível aos colonizadores abrir a mata e tornar a terra nua

produtiva dentro das normas previstas, de conformidade com o

cronograma previsto no procedimento de licitação dos lotes levado

a efeito pelo INCRA.

11. Ademais, o projeto de colonização da "Gleba

Corumbiara", com base no disposto nas disposições do "Estatuto

do Índio", criou uma "área reservada" de grande extensão para a

eventual futura implantação de uma "colônia" ou "parque"

indígena, distante nãoa mais que vinte quilômetros (20 km.) das

terras alienadas, com o nome de "Área Indígena Tubarão-Latundê".

Esclareça-se que a referida área, não seria para designação de

índios existentes na região, pois que estes lá não haviam, mas tão

somente seriam transferidos pela União , ou pela FUNAI, de suas

4 AVENIDA PAULISTA. 1499 • 2.• AND. - FONE: «nu 289·4222 - FAX: 266•1350 - CEP 01311•928 - S. PAULO

e-mail: fáblo@ usway. com. br

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regiões de origem para estas terras assim "reservadas' para este

específico fim.

12. Em suma o projeto Corumbiara deu certo, pelos

ingredientes que possuía, ou seja, a qualidade das terras, o aval de

sua ocupação e exploração pelas autoridades governamentais e o

espírito empreendedor do brasileiro.

III - O FIM DA TRANQUILIDADE OU A SUPOSTA QUESTÃO

ÍNDIGENA

13. Mas, enquanto a iniciativa privada trabalhava,

representada pelos desbravadores da "Gleba Corumbiara", há

quase 20 anos, tendo modificado brutalmente o cenário da região,

já então desbravada, modernizada, colonizada, inclusive como já o

referimos, com a fundação de novas cidades, aparece na região um

certo MARCELO DOS SANTOS, segundo ele técnico indigenista e

funcionário da FUNAI, que a partir do ano de 1984, passou a

realizar "pesquisas" de vestígios de silvícolas ao longo dos rios

Pimenta Bueno, Corumbiara e Omerê,

14. Após incursões realizadas em 1984 e em 1985, que

o referido MARCELO DOS SANTOS chama de "expeâiçõo" e

mesmo sem a prova concreta da presença indígena na região do

Igarapé Ornerê, a FUNAI interditou uma área aproximada de

63.000,00 ha. (sessenta e três mil hectares), por meio da Portaria

5 AVENIDA PAULISTA. 1499 • '.2.º AND, - FONE: 1011> 289·4222 - FAX: 288•13S6 - CEi' 01311•928 - S. PAULO

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n.º 2.030-E, de 11 de abril de 1986 e publicada no dia 22 do

referido mês no Diário Oficial da União, com vista à futura

demarcação de tal extensão territorial como "área indígena", que

abrangia terras pertencentes aos municípios de Vilhena, Cerejeiras

e Colorado D'Oeste.

15. Desnecessário dizer que tal fato, trouxe não só aos

fazendeiros da região, notadamente aqueles que originalmente

adquiriram glebas do Projeto Corumbiara, como também a

população da área, que desde logo passou a viver o absurdo de

uma possível desapropriação de terras, com vistas ao

estabelecimento de uma reserva indígena, numa região que

sabidamente e até atestado pela própria FUNAI, não possuía

índios, além do que na quase totalidade já aberta e formada, quase

toda em pastagens, sobrando apenas a mata destinada às reservas

florestais legais, como exige a legislação que lhe é própria.

16. Tendo em vista o desassossego gerado pela

"descoberta' do Senhor Marcelo Santos, houve por bem a FUNAI

designar o sertanista SIDNEY POSSUELO para comandar uma

real e verdadeira expedição na área interditada, para apurar,

verdadeiramente, se nela habitavam índios arredios e atraí-los. A

expedição chefiada por POSSUELO, que contou com a presença de

outros técnicos da FUNAI e de dois índios aculturados, da nação

nambiquara, teve início no dia 26 de junho de 1986 e terminou em

22 de julho do mesmo ano.

6 AVENIDA PAULISTA. 1409 • 2.0 ANO. - FONE, <011> 289•4222 - FAX, 2118·1356 - CEP 01311·9211 - 5. PAULO

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17. Para efeito de vistoria, a área interditada foi

subdividida em três partes, cada uma e todas palmilhadas pel~s

membros da expedição. Ao cabo de vinte e sete (27) dias de

intenso trabalho, tendo o chefe e quatro auxiliares contraído

malária, nenhum vestígio de índios foi encontrado. POSSUELO

elaborou o relatório dos trabalhos, em Brasília, no dia 31 de julho

de 1986, para conhecimento da presidência da FUNAI.

18. Diz POSSUELO em seu relatório, estar

impressionado com a situação da área visitada, que, à época,

encontrava-se "intensamente trabalhada", em razão das

derrubadas das matas nativas em grandes extensões, o que exigia

a presença de centenas de trabalhadores alojados em dezenas de

acampamentos, a construção de estradas, o intenso tráfego de

caminhões e tratores, os pousos e decolagens constantes de aviões,

de sorte que "A soma de toda essa parafernália confere a

região o aspecto de um grande canteiro de obras com grande

tráfego e intensa movimentação".

19. Mais adiante o mesmo relatório esclarece que a

área tornou-se "imprópria para ser habitada" por silvícolas e

que nela, seja em qualquer das partes em que foi subdividida para

fins de inspeção, "não foram observados vestígios atuais ou

antigos da presença de índios".

20. No encerramento do relatório, POSSUELO refere-se

ao sobrevôo da área por ele realizado no mês de fevereiro do mesmo

7 AVENIDA PAULISTA. 1499 • 2.0 ANO. - FONE, (011) 21!19•4222 - FAX, 21!18•1356 - CEP 0(311·925 - S. PAULO

e-mail: fá[email protected]

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ano de 1986, quando avistou duas roças próximas a uma pequena

clareira com dois tapiris tipicamente indígenas nela erguidos, e p~r

isso admitiu que a área vistoriada fora habitada por "um reduzido

grupo indígena» que a abandonou e que não teria condições de

sobreviver na área, incapaz de opor resistência ao processo de

ocupação. E assim concluiu o relatório:

" De sorte, que, hoje, no interior da área interditada não mais existem índios ou seus vestígios. Recebi, informações sobre o aparecimento de índios em dois locais distintos bem ao Norte da área interditada, teria sido um índio nu que esteve na sede de uma fazenda (Lote 47 do CeL Ramos), e, dois índios que teriam sido avistados por caminhoneiros, próximos a ponte sobre um igarapé, e hoje se este grupo fosse contatado, não teria possibilidade de sobrevivência no interior da área interditada Já que está praticamente inutilizada, para servir de habitat a grupos arredios".

21. Diante de tão expressiva manifestação de seu

graduado servidor, quanto à ausência de índios arredios ou de

vestígios deles no "Projeto Coru.mbiara", a FUNAI houve por bem

em desinterditar a área, tendo o respectivo ato administrativo se

instrumentalizado pela Portaria n.º 2.813/86, de12 de dezembro

de 1986. Para baixar a portaria de desinterdição, a Presidência da

Fundação baseou-se no parecer de sua Assessoria Jurídica, para a

qual era importante frisar:

8 AVENIDA PAULISTA. 1499 • 2.' ANO. - FONE: 10111 !289·4222 - FAX, 288·1356 - CEP 01311·928 - S. PAU~O

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"l · Que a FUNAI tomou as medidas cabíveis no processo.

2 · Que não existem índios na área e que a área inclusive é caracterizada como habitat impróprio a índios na sua situação atuaL

3 · Que a FUNAI manter pura e simplesmente a área interditada conhecendo hoje os pressupostos 1 e 2 mencionados acima, não se coaduna, com a proposta séria da atual administração.

4 · Que interditar uma área em defesa dos índios é dever da FUNAI, bem como é dever e obrigação moral da FUNAI desinterditá•la se conftgurar•se a não existência de índios.»

22. Portanto, i certo, incontestável s irreprochável que no -ª!12 de 1986, quando da realização da expedição

chefiada por POSSUELO as terras que englobam o Projeto

Corumbiara NÃO eram habitadas por silvícolas.

23. E tal conclusão deveria pôr os proprietários em

sossego. Ledo engano. Oito anos passados e a FUNAI, pela

equipe chefiada pelo técnico indigenista SAMUEL VIEIRA CRUZ

realiza outra incursão pelo Vale do Corurnbiara, nos meses de maio

e junho de 1994. De novo, nenhum índio foi encontrado.

24. No ano de 1995, nova incursão de MARCELO DOS

SANTOS na área, no mês de Junho, sem qualquer resultado

prático. Tão somente a informação de que nas terras de

9 AVENIDA PAUUSTA, 1499 • 2.' ANO. - FONE, 10111 289·4llllll - FAX, ll88·1356 - CEP 01311·920 - 5. PAULO

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propriedade de um dos pioneiros de Corumbiara, o Sr. ANTENOR

DUARTE DO V ALE ocorreu o saque de víveres e ferramentas que

estavam na sede da "Fazenda São Judas", ato atribuído a

indígenas, os quais, vale salientar, ninguém viu.

25. Outra incursão realizou o mesmo MARCELO DOS

SANTOS no mês de agosto, quando teria encontrado na área da

"Fazenda São Sebastião", segundo ele pertencente também a

ANTENOR DUARTE DO V ALE, uma roça e uma palhoça de índios,

em uma clareira situada a 1.500,00 m. (hm mil e quinhentos

metros) de uma das pastagens do imóvel.

26. Posteriormente, no dia 3 de setembro, deu-se o

"fantástico" encontro de MARCELO DOS SANTOS e

acompanhantes, dentre os quais jornalistas de "O Estado de S.

Paulo" e um cinegrafista, com um casal de índios que seriam

"isolados" . O "encontro" rendeu matérias em jornais e revistas,

além da exibição da sua filmagem no programa "Fantástico",

transmitido pela Rede Globo de Televisão para todo o país.

27. Sabedores do "contato" feito por MARCELO DOS

SANTOS, índios aculturados, membros da ASSOCIAÇÃO POMARÉ

DO POVO INDÍGENA CINTA-LARGA, sediada em Cacoal,

solicitaram ao indigenista OSNI FERREIRA, então servidor da

FUNAI, que os acompanhassem ao local dos fatos. Ali presentes,

segundo narrado pelo Presidente da entidade, em escritura pública

de -declaração lavrada no Cartório de Natas de Vilhena, foram

10 AVENIDA PAULISTA. 1499 • 2.' AND. - FONE, 10111 289• •• 222 - FAX, 288·1356 - CEP 01311·928 - S. PAULO

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ADVOCACIA

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encontradas duas índias, parecendo mãe e filha, cuja linguagem

não era inteligível. Não estava presente o adulto exibido nas

fotografias e na filmagem do primeiro "contato', havido. As índias

vestiam-se de "shorts", à moda branca. Comeram com colheres,

como os brancos comem. Pediram cigarros e balas. Receberam

cobertas e redes, tendo demonstrado saber usá-las; possuíam

panelas de alumínio, facas, facões, lamparinas alimentadas por

óleo diesel, agulhas e linhas de costuras que sabiam utilizar.

Enfim, tudo ligado ao homem branco, dito civilizado, nada a ver

com o índio em estado natural.

28. Ademais, a "roça" não apresentava plantação de

alimentos conhecidos pelo primitivo (mandioca, macaxeira, cará,

inhame ou milho). Ao contrário, no local foram encontrados

alimentos ignorados pelo silvícola, o índio isolado, como, por

exemplo, mamão e pimenta malagueta. Também havia árvores de

grande porte derrubadas por instrumentos de ferro, insuscetíveis

de serem abatidas pelo machado de pedra que o primitivo utiliza.

Posteriormente, os mesmos cintas-largas retomaram ao local e

ninguém ali encontraram, nem as índias e nem o índio adulto

filmado pelo acompanhante de MARCELO DOS SANTOS. De

verdade, encontraram documentos pessoais de homens brancos,

todos deteriorados pelo correr do tempo, jogados nos tapiris

situados nas proximidades da pequena área desmatada.

29. Ao que tudo indica, a "atração', recorde realizada

por MARCELO DOS SANTOS, na presença de pessoas estranhas à

11 AVENIDA PAULISTA. 14QQ - 2.' ANO. - FONE, COIU 289•4222 - FAX, 288•1356 - CEP 01311·928 - S. P.O..ULO

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FUNAI, em poucas horas assim que visto pelos índios, os quais,

candidamente atenderam aos chamados de "amigos, amigos",

não passa de uma farsa. Toda atração de índios arredios é

demorada, em alguns casos chega a demorar meses e até mais de

ano. A respeito do "encontro" vale ainda salientar as criticas do

ex-técnico da FUNAI, ADILSON JOSÉ JACOBOWSKI, para quem o

referido MARCELO DOS SANTOS pretende forjar a presença de

índios isolados no Estado de Rondônia, com a finalidade de criar

novas reservas e mesmo achacar os proprietários das terras.

30. Nesta oportunidade, vale salientar, que o tráfego de

índios não é novidade na conduta funcional de Marcelo. Através

da Portaria n.º 1.525-E, de 27 de outubro de 1981, publicada no

Diário Oficial da União de 2 de dezembro de 1981, a FUNAI

interditou uma extensa área de terras situada na região conhecida

por "Vale do Guaporé", no Estado do Mato Grosso, com vista à

criação e demarcação de área indígena. Após a publicação da

portaria, o mesmo MARCELO DOS SANTOS, então chefe dos

postos indígenas Mamaindê e Negarotê, transportou índios do

primeiro grupo referido até uma fazenda situada no perímetro

referido no ato administrativo, para forçar a constatação da

presença de silvícolas nas terras particulares. O fato provocou uma

investigação preliminar por parte da POLÍCIA FEDERAL, que

concluiu por sua ocorrência, ou seja, o servidor da FUNAI,

indevidamente, transportou índios para a área interditada após a

interdição.

12 AVENIDA PAULISTA, 1499 • '2.' AND. - FONE, (0111 21S9•4222 - FAX, 288•1356 - CEP 01311·928 - S. PAULO

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31.liás, merece referir que embora fossem apenas

quatro (4) os índios encontrados por MARCELO DOS SANTOS

inicialmente, todos da etnia "Canoê", posteriormente o. mesmo

"encontrou'' mais sete (7) índios isolados nas mesmas terras,

porém . . . da etnia "Akunt'su" .

32. Indiscutível ter ficado provado pelo relatório de

POSSUELO que na região do Rio Corumbiara e do Igarapé Ornerê

não havia índios isolados no ano de 1986 sass era impossível

!. eles viver na área em intenso processo de desmatamento ~

ocupação. Se assim era há treze anos, muito pior agora, quando

a região está ainda mais desmatada. Dessa forma, a "atração"

ocorrida em 3 de setembro de 1995, se não representar uma farsa,

pode, quando muito, configurar a vinda recente de índios que

habitavam outras regiões do Estado, a procura de um local

adequado para sua sobrevivência.

33. Ao que se vê, não existem razões para que sejam

consideradas as terras aludidas corno tradicionalmente ocupadas

pelos índios, de modo a serem havidas como bens da UNIÃO

FEDERAL e a provocar a nulidade dos títulos aquisitivos em favor

dos seus titulares.

34. Sendo assim, mesmo que isolados, os índios que

teriam sido contatados pela FUNAI, não ocupam tradicionalmente

as terras dos fazendeiros oriundos do Projeto Corumbiara, no

sentido de posse para fins de habitação permanente, nos expressos

13 AVENIDA PAULISTA. 1499 • 2.º ANO. - FONE· Wlll 289·4222 - FAX, 288-1356 - CEP 01311·928 - S. PAULO

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termos da Constituição Federal, de geração em geração, imemorial,

como está no "Estatuto do Índio" e também para as demais

finalidades decorrentes de tal ocupação.

35. Em decorrência do aqui exposto, torna-se

incompreensível qualquer determinação da FUNAI como órgão

integrado à Administração Federal, e de seu servidor MARCELO

DOS SANTOS, de querer fazer letra morta dos títulos originários do

INCRA, outro órgão federal, que foram alienados através de

licitação pública, em processo como já o dissemos aprovado pelo

SENADO FEDERAL, e o CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL,

sempre com a certidão da mesma FUNAI, de que naquele local não

existiriam índios.

36. Não há hipótese de se negar o direito de o índio

possuir suas terras e de legitimamente ocupá-las. O que não se

deve permitir é a imoralidade que se pretende cometer contra os

fazendeiros da região de Corumbiara, legítimos proprietários das

terras que ocupam e nas quais trabalham, produzindo as riquezas

necessárias ao desenvolvimento do Estado e do País.

IV- A QUESTÃO JURÍDICA

37. Tendo em vista os fatos ocorridos, o MINISTÉRIO

PÚBLICO FEDERAL, e em virtude de comunicação à Procuradoria

da República no Estado de Rondônia, feita pelo funcionário da

referida FUNAI, MARCELO DOS SANTOS, da presença de índios

isolados na referida região, e que tal fato poderia pôr em risco a

14 AVENIDA PAULISTA. 14QQ • 2.• ANO, - FONE: (0111 289•4222 - FAX: 288•!356 - CEP 0(311·928 - S. PAULO

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sobrevivência do grupo indígena, decidiu por promover AÇÃO

CIVIL PÚBLICA, com pedido de concessão de medida liminar, com

vista à condenação dos Réus na obrigação de fazer consistente na

permissão para que servidores da FUNDAÇÃO NACIONAL DO

ÍNDIO · FUNAI, pelo prazo de dois anos, adentrassem. nas

fazendas da região dos vales dos rios Corumbiara e Omerê, nos

municipios de Vilhena e Corumbiara, com livre acesso às matas

nelas existentes, para a coleta e pesquisa de vestígios da presença

de índios isolados nas mesmas florestas.

38. O objeto final da atuação da FUNAI, consoante

afirmado na Ação, caso encontradas provas robustas da presença

indígena na região, viria a ser a criação de uma "área indígena",

... "se é que há viabilidade técnica, pois segundo consta do

relatório, (oriundo da FUNAI), o que resta de floresta nativa

naquela região, é praticamente reserva legal, que sequer vem

sendo respeitada".

39. A liminar foi deferida, e foi ampliado o seu campo

de incidência, autorizando os servidores da FUNAI a removerem

"... todos os obstáculos que encontrarem nas Fazendas dos

Réus, adentrando, assim, às dependências das mesmas". Ao

depois, nova decisão foi prolatada proibindo a presença de pessoas

não autorizadas pela FUNAI num raio de 3.000,00 metros em redor

das malocas e de sobrevôos de aviões particulares sobre elas.

15 AVENIOA PAULISTA. 1499 • 2.• ANO. - FONE, lOlll 2S9•,222 - FAX, 266•1356 - CEP 01311·926 - S. PAULO

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40. Sobreveio outra decisão, que num claro

extrapolamento, determinou a interdição de uma extensa área com

a superficie de 51.100.00 ha. (cinqüenta e um mil e cem hectares),

a abranger terras de pessoas fisicas e jurídicas estranhas ao

Projeto Corumbiara, como se já definitivamente delimitada

estivesse a almejada "Terra Indígena Rio Omer€', assim

denominada pela FUNAI, de conformidade com o memorial

descritivo feito por esta e levado a juízo. A mesma decisão proibiu

na área "qualquer ação consistente em roçada, derrubada,

extração de madeira ou queimadas, até que a presente ação

seja julgada".

41. O pedido formulado na ação, como já dito, visa

suprir a autorização dos proprietários de terra na área para que a

FUNAI, por seus servidores e prepostos, durante dois anos, realize

trabalhos de pesquisa da existência de índios isolados no vale dos

rios Corumbiara e Omerê e, demonstrada a existência de ditos

silvícolas, seria caso de interdição das terras para futura criação de

uma "área indígena".

42. Induvidoso, como demonstrado, que a pretensão

última da presente Ação Civil Pública, é o reconhecimento, por

sentença, de que as terras da região do Corumbiara se constituem

em bens fora do comércio, por constituírem "habitat" tradicional

de indígenas, em razão do que, nulos e de nenhum efeito os seus

respectivos títulos aquisitivos, fato que importa, se procedente a

ação, na responsabilidade do alienante, INSTITUTO NACIONAL

16 AVENIDA PAULISTA. 1409 • 2.• ANO, - FONE: 10111 269•4222 - FAX, 288•1356 - CEP 01311•9:28 - S. PAULO

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DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA - INCRA e da UNIÃO

FEDERAL, por cuidar a espécie de alienação de terras devolutas do

domínio originário desta, pela eventual evicção de seus direitos,

sem dizer da própria FUNAI, que a época atestou a não existência

de índios na área.

43. Enfatize-se aqui, a impossibilidade de fazer-se

valer, para o caso, nos termos do §6º ao artigo 231 da Constituição

Federal, a declaração da nulidade dos títulos de domínio pois, essa

norma somente tem aplicação nos casos em que esse domínio não

seja, direta ou indiretamente, oriundo de contrato celebrado com a

própria UNIÃO FEDERAL, como se dá no caso presente.

44. Esclareça-se, que ninguém, fazendeiros ou não,

que acabaram por contestar a medida judicial, não o fizeram

contra o fato próprio da medida, já que não têm razões para temer

a realização das pesquisas a cargo da FUNAI em suas terras. A

resistência tem em mira a finalidade última daquela ação, que vem

a ser a criação de uma área indígena pela FUNAI, se constatada a

ocupação tradicional das terras por índios arredios, pretensão esta

que se mostra inviável, de fato e de direito. A uma, porque, como

reconhecido por POSSUELO, sertanista do próprio órgão tutelar do

índio, fato já comentado, a área não se presta ao "habitat» natural

do selvagem. A duas, porque a alienação das terras foi realizada

regularmente pela UNIÃO FEDERAL, através do órgão de sua

administração descentralizada, o INSTITUTO NACIONAL DE

COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA - INCRA, mediante

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licitação e após regular processo de discriminação de terras

devolutas que culminou com a respectiva arrecadação e matrícula

de toda o perímetro discriminado no sistema de registro

imobiliário, não se podendo, tantos anos passados, rasgar-se, pura

e simplesmente, os títulos de domínio por ela expedidos.

45. Os fazendeiros da região, vale repetir, são legítimos

senhores e possuidores das terras que formam suas fazendas, por

eles desbravadas e colonizadas, sem qualquer sinal da presença

indígena. Os títulos dominiais expedidos em favor dos

Contestantes estão devidamente registrados nas circunscrições

imobiliárias competentes, começando pela transcrição dos

primitivamente outorgados pelo INCRA em favor dos primeiros

colonizadores na comarca de Guajará-Mirim, à cuja jurísdição

pertencia a "Gleba Corumbiara", no início do processo de sua

colonização.

V - A SITUAÇÃO ATUAL

46. Assim, decorridos mais de três anos da última

interdição, encontram-se os moradores da região, e principalmente

os fazendeiros possuidores de áreas interditadas, com uma

verdadeira espada de DÂMOCLES sobre suas cabeças.

4 7. De um lado sem poder usufruir o que é

legitimamente deles, comprado e construído com o esforço pessoal,

de outro, sob a ameaça de uma eventual desapropriação, que

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sabem de solução financeira longínqua, pois que não ignoram a

situação de penúria dos cofres públicos nacionais.

48. A condição em que se encontram torna-se mais

esdrúxula ainda, quando sabem, no dizer da própria FUNAI, de

forma reiterada e, inclusive, em Juízo, que aquela área, onde não

existiam índios, mesmo que decidissem transformá-la em reserva,

não se prestaria para tanto, visto a realidade das pastagens nela

introduzidas e das matas existentes, estas apenas como reserva

legal das fazendas.

49. Portanto, entendem os proprietários, que para

evitar-se mal maior, com prejuízos pessoais irreparáveis, e

principalmente prevenir ônus incomensurável e injusto aos cofres

públicos, seria necessário, racional, além de justo, que o Ministério

da Justiça, através da FUNAI, de uma vez por todas

desinterditasse a área, comunicando ao Ministério Público Federal

e ao Juízo pertinente, onde corre a dita Ação Civil Pública, tal fato,

que como já explicitado exaustivamente, é respaldado nos próprios

estudos e diligências feitas pelo próprio órgão tutelar.

50. É o que se espera, por ser de inteira JUSTIÇA.

Brasília, 26 de abril do ano 2000.

~J.-- - Ck·--- C--- t i> /

FÁBIO DE OLIVEIRA LUCHÉSI ADVOGADO- OAB. 25.662-SP.

19 AVENIDA PAULISTA. 1499 • 2.• ;>.ND. - FONt, <OIIJ 289•4:i22 - FAX: 288•1350 - CfP 01311·928 - S. PAULO

e-mail: fábio@ usway. com. br

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