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1 EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) FEDERAL DA VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL/DF. O homem deve estar imune de qualquer lesão aos seus direitos (...) A cada atentado sofrido pelo homem corresponde uma quebra do equilíbrio, cuja inalterabilidade a ordem jurídica tem o dever de manter.”. (Serpa Lopes) “A criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, SENDO VEDADA A INTERFERÊNCIA ESTATAL EM SEU FUNCIONAMENTO (art. 5º, XVIII, da Constituição Federal) A SOCIEDADE BRASILEIRA DE UROLOGIA – SBU, entidade científica sem fins lucrativos, declarada de Utilidade Pública Federal, representativa dos médicos urologistas brasileiros, regularmente inscrita no CNPJ nº 33.549.874/0001-51, com representação nesta Cidade de Brasília na SCES, Trecho 03, Cjto. 06, S/ 215, Asa Sul, CEP. 70200-003, por seu advogado infrafirmado, regularmente constituído pelo instrumento de mandato anexo, com escritório na Rua Bambina, nº 153, Botafogo, CEP 22.251-050, Rio de Janeiro, RJ, vem perante Vossa Excelência, com fulcro, dentre outros, nos arts. 5º, LXX da CF e 21 da Lei 12.016/09, respeitosamente, impetrar o presente MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO, DE NATUREZA PREVENTIVA E COM PEDIDO DE LIMINAR, contra ato do Ilmo. Secretário de Direito Econômico, Sr. VINÍCIUS MARQUES DE CARVALHO, podendo ser encontrado

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) FEDERAL DA VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL/DF.

“O homem deve estar imune de

qualquer lesão aos seus direitos (...) A cada atentado sofrido pelo homem corresponde uma quebra do equilíbrio, cuja inalterabilidade a ordem jurídica tem o dever de manter.”. (Serpa Lopes)

“A criação de associações e, na

forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, SENDO VEDADA A INTERFERÊNCIA ESTATAL EM SEU FUNCIONAMENTO” (art. 5º, XVIII, da Constituição Federal)

A SOCIEDADE BRASILEIRA DE UROLOGIA – SBU,

entidade científica sem fins lucrativos, declarada de

Utilidade Pública Federal, representativa dos médicos

urologistas brasileiros, regularmente inscrita no CNPJ

nº 33.549.874/0001-51, com representação nesta Cidade

de Brasília na SCES, Trecho 03, Cjto. 06, S/ 215, Asa

Sul, CEP. 70200-003, por seu advogado infrafirmado,

regularmente constituído pelo instrumento de mandato

anexo, com escritório na Rua Bambina, nº 153,

Botafogo, CEP 22.251-050, Rio de Janeiro, RJ, vem

perante Vossa Excelência, com fulcro, dentre outros,

nos arts. 5º, LXX da CF e 21 da Lei 12.016/09,

respeitosamente, impetrar o presente MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO, DE NATUREZA PREVENTIVA E COM PEDIDO DE LIMINAR, contra ato do Ilmo. Secretário de Direito Econômico, Sr.

VINÍCIUS MARQUES DE CARVALHO, podendo ser encontrado

Page 2: EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) …portal.cfm.org.br/images/stories/Noticias/mandadosbu.pdf · urologistas brasileiros, regularmente inscrita no CNPJ nº 33.549.874/0001-51,

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na Esplanada dos Ministérios, Bloco T, 5º andar, CEP

70064-900, Brasília-DF, autoridade federal vinculada à

UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público

interno, com sede na Ed. Sede I, Setor de Autarquias

Sul, Quadra 3, Lote 5/6, Ed. Multi Brasil Corporate -

Brasília-DF, CEP 70.070-030, ora Impetrados, ante os

fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor:

Inicialmente, a Impetrante requer a concessão dos

benefícios da assistência judiciária gratuita, tendo

em vista tratar-se de entidade associativa, sem fins

lucrativos, reconhecida como entidade de caráter

público federal (Certificado do Ministério da Justiça,

em anexo), atuando no presente feito na defesa dos

interesses dos seus associados e sem qualquer

benefício econômico em seu favor em razão da presente

demanda.

DA LEGITIMIDADE DA IMPETRANTE E DA CONDIÇÃO DE

SUBSTITUTA PROCESSUAL

Cumpre, ainda ab initio, demonstrar o interesse

jurídico e a legitimidade da Impetrante para a

impetração do presente remédio heróico.

A Impetrante é Associação Representativa de âmbito nacional, constituída há 85 anos, agregando

quase 5.000 (cinco mil) médicos Urologistas em todo o

País.

Dentre as inúmeras atribuições da Peticionante,

cabe-lhe “expandir, zelar, divulgar, discutir e

incentivar em todos os níveis a urologia brasileira,

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promovendo a união, intercâmbio e evolução técnico

científica de todos os seus associados com entidades e

pessoas, tanto no âmbito nacional quanto

internacional” (art. 2º, I, do Estado Social), com evidente benefício ao aprimoramento do exercício da profissão, traduzindo-se, destarte, em proveito a toda a população.

Cabe-lhe também, estatutariamente (art. 2º, II)

“Promover, estruturar e desempenhar ações em defesa dos interesses sócio-econômico-profissionais dos associados”.

A associação está regularmente representada pelo

seu Presidente, conforme atas de eleição e posse da

Diretoria em anexo, afigurando-se, destarte, como

legitimada para figurar no pólo ativo da presente

ação, em nome próprio, na defesa dos interesses de seus associados, na condição, portanto, de substituta processual, conforme disposto, dentre outros, no arts.

5º, LXX, da CF e 21 da Lei nº 12.016/09, in verbis:

“Art. 5º omissis

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

...

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por

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organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.”

Resta patente, assim, data maxima venia, a

legitimação da Impetrante para residir em juízo em

nome próprio, na defesa dos interesses de seus

associados, valendo ressaltar, ainda, que conforme a

narrativa a seguir exposta, em verdade, o interesse

tutelado na presente ação transcende, em muito, o

universo coletivo dos associados da Impetrante,

alcançando, indubitavelmente, o status de interesse

difuso, ante as conseqüências nitidamente maléficas

observadas na conduta da autoridade coatora, abaixo

denunciada.

DOS FATOS E DO DIREITO

Conforme noticiado pela mídia (falada, escrita e

televisionada), os médicos de todo o país aproveitaram

as comemorações relativas ao Dia Mundial da Saúde (7

de abril, próximo, passado) para suspender, naquela

única data, o atendimento prestado aos planos de saúde

privados (comercializados pelas empresas explorados do

setor, denominadas “OPERADORAS DE PLANOS DE SAÚDE -

OPS”).

O movimento, que contou com o apoio de todas as

sociedades de especialidades (dentre as quais a ora

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Impetrante); dos Órgãos de Defesa do Consumidor e das

demais Entidades representativas de âmbito nacional

(Conselho Federal de Medicina – CFM; Associação Médica

Brasileira - AMB e a Federação Nacional dos Médicos –

Fenam), dentre outros, foi uma tentativa de resposta a

anos de exploração maciça dos profissionais de saúde

por parte das operadoras de planos de saúde (OPS –

muitas delas multinacionais que viram, no setor de

saúde suplementar no Brasil, um negócio EXTREMAMENTE

LUCRATIVO).

Com efeito, os médicos, para o exercício de sua

profissão, dedicam anos de suas vidas aos estudos,

residência, especialização, participação em

congressos, mestrado, doutorado, dentre outros.

Ultrapassada a (longa) fase de formação – em que

o profissional prepara-se para exercer suas atividades

de especialista na área –, esses profissionais têm que

continuar arcando com altos custos de manutenção de

clínicas e consultórios, a exemplo de aluguel,

condomínio, material de consumo, água, luz, telefone,

aquisição e manutenção de equipamentos, salários,

investimento em publicidade, recursos humanos e

encargos sociais, dentre outras despesas fixas e

variáveis inerentes à atividade.

Para fazer frente a todas essas despesas, esses

trabalhadores contam, apenas e tão-somente, com o

pagamento de consultas e de procedimentos realizados,

o que, tradicionalmente, era arcado diretamente pelos

pacientes, usuários diretos dos serviços por eles

prestados.

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Essa situação de harmonia, de integração e de

equilíbrio alterou-se significativamente quando

grandes grupos de empresas (Bradesco Saúde, SulAmérica

Saúde, AMIL – ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL, dentre

outras) acharam na atividade médica uma forma de

auferir alta lucratividade, passando a explorar,

destarte, a intermediação dos serviços de saúde

suplementar, através da comercialização dos “planos de

saúde”.

Aproveitando-se do histórico descaso da

Administração com o sistema de saúde pública, as

referidas empresas privadas colocam à venda contratos

de prestação de serviços médicos, mediante o pagamento

de prestações mensais e prometendo arcar, quando

necessário, com despesas realizadas junto aos médicos

(consultas e procedimentos por eles realizados),

atuando, destarteS!, data venia da expressão, como

verdadeiras “atravessadoras”.

Do exame do relacionamento existente entre os

referidos trabalhadores (dentre os quais os médicos

urologistas - associados da Impetrante); as Operadoras

de planos de saúde e seus segurados (pacientes),

constata-se que os dois últimos utilizam os serviços

prestados pelos primeiros (um para obter lucro e o

outro para obter saúde), de maneira que, em verdade, a unidade produtora dessa cadeia e que atua no

centro da relação jurídica sub examine é formada

exatamente pelos profissionais desse relevante setor

da saúde.

Ocorre que não obstante funcionem, os médicos,

como propulsores da atividade – para a qual, como se

disse, tiveram que dedicar anos de suas vidas, além

dos custos necessários ao desenvolvimento e exercício

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da profissão, acima indicados – as operadoras de planos de saúde sempre atuaram de forma arbitrária e ilegal no trato com os referidos profissionais, notadamente impondo, ao seu talante, os limites de valores a serem pagos por cada consulta e procedimentos médicos.

Ou seja, não obstante as exploradoras de planos

de saúde vendam seus produtos (Planos de saúde) em

decorrência da atividade dos médicos (que funcionam,

nesse particular, sem qualquer contrapartida, como

garotos-propaganda), inclusive determinando o preço e

a abrangência de cada contrato (de acordo com a classe social e capacidade econômica do consumidor), essas

empresas jamais repassaram aos ditos profissionais os

valores correspondentes aos custos dos referidos

procedimentos, causando-lhes, destarte, prejuízos dos mais diversos, resultado do pagamento a menor dos

serviços por eles prestados, conforme prova estudo da

Fundação Getúlio Vargas, adiante mencionado.

A conduta ilegal e reprovável das operadoras de

planos de saúde inicia quando os profissionais de

saúde são levados a aderir aos contratos

unilateralmente elaborados por suas competentes

assessorias jurídicas, e passam, a partir de então, a

explorar a mão-de-obra e as instalações daqueles, sem

o pagamento da devida contraprestação.

Também faz parte da “cultura” dessas operadoras

de planos de saúde a limitação de consultas e de

atendimentos médicos, assim como a limitação a pedidos

de exames, internações, etc., além da reiterada

prática de “glosas”, que consiste, pasme Vossa

Excelência, na falta de pagamento dos procedimentos

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realizados, o que é feito pelas OPS de forma

unilateral e arbitrária, fato público e notório. Sem

se olvidar da negativa reiterada (e irresponsável) de

atendimentos de emergência e cirurgias ante a alegação

de “falta de cobertura”, inclusive em situações de

risco de morte...

Por tudo isso é que essas operadoras de planos de

saúde figuram como campeãs em queixas em juizados e na

Justiça comum de todo o País, emperrando,

inadvertidamente, a máquina judiciária, notadamente

com a sucessão de recursos e medidas protelatórias das

mais diversas, em efetivo prejuízo aos consumidores e

ao próprio Estado.

Em resumo, as operadoras vendem os serviços

prestados pelos mencionados profissionais de saúde;

exigem dos usuários (consumidores) as prestações

mensais do contrato de seguro-saúde; elabora,

unilateral e subjetivamente, rol (incompleto) de

procedimentos médicos e os valores que entendem ser

devidos; e pagam o que bem entendem pelos serviços

prestados por aqueles, sem repassar sequer os

acréscimos decorrentes dos reajustes que

periodicamente aplicam às prestações que cobram dos

consumidores (acumuladas em quase 500% ao longo dos

últimos anos - conforme noticiado pela imprensa e

dados constantes do relatório da Fundação Getúlio

Vargas, em anexo), fato este igualmente público e

notório!

Seria o caso de se indagar: por que o negócio comercializado pelas operadoras de planos de saúde só

é viável através dos trabalhos dos médicos? Será que

tal atividade empresarial, isto é, a venda de “planos

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de saúde”, existiria sem que tivessem os serviços

prestados pelos referidos trabalhadores?

É evidente que não! Funciona exatamente porque

esses profissionais de saúde são os propulsores do

negócio; o “leit motiv” que é propiciado aos

clientes das empresas operadoras de planos de saúde,

que, contudo, vêm desembolsando valores aviltantes com aqueles que efetivamente trabalham, insuficientes

sequer para arcar com os custos necessários ao

exercício da profissão.

Em suma, todo o lucro da atividade comercial

explorada pelas operadoras de planos de saúde,

portanto, decorre das custas do trabalho e da

atividade desses abnegados profissionais, que,

contudo, têm sua contrapartida estipulada ao alvedrio

dessas empresas, muitas delas integrantes de grandes

grupos (inclusive internacionais!), que obtêm

fabulosos lucros com o “negócio”.

E tudo isso sem embargo de que nem mesmo a TUSS

(lista que alberga diversos procedimentos descobertos

nos últimos anos pela ciência médica!) é respeitada

por essas operadoras, que preferem proibir aos

profissionais a realização de diversos procedimentos.

Daí porque as Operadoras de planos de saúde vêm

se intrometendo diretamente na atividade dos médicos,

na medida em que se valem de listas próprias de

serviços para efeito de autorização e pagamento, ao

seu alvedrio, de procedimentos médicos que reconhece

como devidos e nos valores que entendem pertinentes, o

que caracteriza, portanto, na ilícita interferência dessas empresas privadas no exercício da medicina, em detrimento dos Órgãos responsáveis pela saúde pública.

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Vê-se, assim, que até mesmo os pacientes, na

condição de consumidores, são prejudicados pela

atuação abusiva e gananciosa das operadoras de planos

de saúde, caracterizada pela negativa da prestação dos próprios serviços contratados, INCLUSIVE, NO ALTO DE SUA GANÂNCIA CAPITALISTA, OS ATENDIMENTOS DE EMERGÊNCIA E EM SITUAÇÕES DE RISCO DE MORTE.

Por isso mesmo é que o mencionado movimento da

classe médica obteve o aval das entidades de proteção

do consumidor, mesmo porque o equilíbrio do setor é

favorável exatamente à parte mais fraca dessa relação

jurídica (trabalhadores e pacientes), que, cada uma a

seu modo, vem sendo maltratadas pelas gigantes

exploradoras do lucrativo setor de saúde suplementar.

E não é só!

As operadoras de planos de saúde ainda vêm

contando, pelo menos na prática, com outra grande

“aliada”, qual seja, a Agência Nacional de Saúde

Suplementar que, não obstante tenha como papel legal e

institucional a regulamentação do setor de saúde

suplementar, tem se limitado apenas a normatizar os

deveres dos médicos, omitindo-se, contudo, em

regulamentar os percentuais de pagamento e reajuste

devidos aos prestadores de saúde pelas operadoras,

assim como as listas de procedimentos que devem (ou

deveriam!) ser cumpridas por essas empresas em favor

dos seus segurados (consumidores).

Aliás, esse desrespeito, por parte da mencionada

Agência Reguladora, quanto ao não cumprimento de sua

própria finalidade institucional (art. 3º, da Lei nº

9.961/2000) já foi objeto de denúncia por parte da ora

Impetrante, consoante se vê dos documentos em anexo.

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Com efeito, consta da página principal do site

oficial da multicitada Agência (www.ans.gov.br), a

afirmação de que:

“A atuação da ANS visa promover o equilíbrio nas relações entre todas as partes interessadas na saúde suplementar, e construir, em

parceria com a sociedade, um mercado sólido, equilibrado e socialmente justo.”.

Verdade esta que, com a realidade acima

retratada, esta longe, muito longe – infelizmente! –

de ser alcançada...

Pois bem, Excelência!

Como meio para contraporem-se a toda essa gama de

ilegalidade, omissão e exploração, os profissionais de

saúde contam apenas com suas Entidades representativas

(sociedades de especialidade, associações e Conselho)

a fim de liderarem os legítimos movimentos de

reivindicação (como acontece com qualquer outra classe de trabalhadores), mesmo porque imaginar que

individualmente seria possível algum tipo de vitória

dos médicos frente às mencionadas exploradoras de

planos de saúde é um pensamento, data venia, ou

romântico, ou irresponsável.

Isto porque a hipossuficiência dos médicos é

patente (como sempre o foi a luta entre os

trabalhadores e o Capital), valendo ressaltar que o

desequilíbrio de há muito verificado, como se vê das

notícias jornalísticas, tem levado a um verdadeiro

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caos; uma bomba relógio prestes a explodir, com evidente prejuízo aos mais fracos: prestadores e pacientes!

Por isso a necessidade de mobilização de toda a

sociedade, como vêm tentando fazer as Entidades

Representativas, a exemplo da ora Impetrante.

DA REALIDADE FINANCEIRA DOS MÉDICOS E DO DESEQUILÍBRIO DO SETOR DE SAÚDE SUPLEMENTAR NO PAÍS

Antes, ainda, de adentrar especificamente no ato

ilegal e abusivo que se pretende evitar frente à

autoridade coatora, cumpre demonstrar a real (e

comprovada) situação de arrocho remuneratório por que

vem passando os ora substituídos, no contexto do

triste cenário acima denunciado.

O estudo ora colacionado, elaborado pela

respeitável e tradicional Fundação Getúlio Vargas, intitulado “Evolução dos Indicadores Inflacionários no

período de 2000 a 2009 e reajustes dos honorários

médicos da especialidade pelas Operadoras de Planos de

Saúde” dá conta de uma defasagem de quase 70% nos

honorários médicos relativos à consulta, chegando essa

defasagem a 400% em relação a determinados

procedimentos, índices esses acumulados ao longo dos

últimos 10 anos.

Também demonstra o referido estudo de auditoria

técnica da FGV que, conquanto a ANS tenha autorizado

em favor das operadoras de planos de saúde (OPS),

apenas entre os anos de 2000 a 2009, reajustes na

ordem de 81,42%, acima do IPCA (que foi de 69,02% no

mesmo período!), os reajustes concedidos por essas operadoras às consultas médicas não passaram de 18%!

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O multicitado estudo dá conta, ainda, de outros

graves fatos, a saber:

a) Nos anos de 2005, 2006 e 2009, tanto o

IPCA – serviços de saúde, como os reajustes das operadoras de planos de saúde tiveram variações acima dos preços medidos pelo IGP-M e IPCA (pg. 8);

b) As OPS obtiveram reajustes para os planos

individuais e adaptados e regulamentados, acima do IPCA no período analisado (2000 a 2009) e comparando-o com o IGPM foi superior em quatro dos últimos dez anos analisados (pg. 10);

c) A grande maioria das OPS não adotou a

CBHPM (classificação brasileira hierarquizada de procedimentos médicos), e, as poucas que o fizeram, aplicam redutores da ordem de 20 a 40% para procedimentos e serviços de diagnose e terapia – SADT (pg. 15);

Cumpre registrar que no âmbito da composição do

peso das despesas na variação do custo médico hospitalar (VCMH) das OPS – o qual é utilizado pela ANS para a apuração dos índices de reajustes anuais

concedidos a todas as modalidades de operadoras –, as consultas e procedimentos médicos representam menos de 14% dos custos dessas entidades.

A realidade acima retratada é comum, registre-se,

a todas as especialidades médicas!

Ou seja, conforme se depreende pelos índices

acima mencionados, o médico (e igualmente o médico

urologista), isto é, a PRINCIPAL FONTE PRODUTORA de

toda essa cadeia, tem sido vilipendiado quanto ao

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pagamento de sua contraprestação, contando, as OPS, ao

menos por enquanto, com a omissão da ANS, que, não

obstante tenha o dever de REGULAMENTAR completamente o

setor, normatiza apenas as obrigações dos prestadores,

ao passo em que regulamenta amplamente as operadoras,

inclusive conferindo-lhes reajustes acima dos índices de inflação.

Patente, portanto, a situação de desequilibro por

que vem passando (há anos) o setor de saúde

suplementar no País, consagrando-se, em contrapartida,

o enriquecimento sem causa das operadoras de planos de saúde, que vêm intermediando (atravessando, mesmo!) a

prestação dos serviços médicos, sem sequer repassar os

mesmos percentuais de reajustes que lhe são concedidos

pela ANS aos procedimentos realizados pelos ditos

trabalhadores.

Com efeito, as Operadoras de planos de saúde,

atuando na intermediação dos serviços prestados pelos

médicos aos pacientes (seus clientes), obtêm, através

de contratos de adesão, altos lucros valendo-se do

patrimônio intelectual e profissional daqueles (fruto

de esforços e investimentos acumulados durantes longos

anos de formação e especialização), além de utilizar,

igualmente, de suas instalações, equipamentos,

funcionários, telefone, água, condomínio, energia

elétrica, dentre outros, para obter lucro, sem repassar-lhes o valor equivalente; ditando o que pode ou não ser feito e quanto pagará por cada serviço

prestado.

O fato merece destaque!

As Operadoras de planos de saúde impõem, mediante

contrato de adesão, os valores que querem receber dos

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seus clientes para que utilizem os serviços prestados

pelos médicos. Para tanto, estabelecem diferentes

tipos de planos de assistência médica; os

profissionais e estabelecimentos que podem ser

utilizados; os procedimentos reconhecidos etc..

Aos médicos, por sua vez, as Operadoras de planos

de saúde impõem, também através de contratos de

adesão, os procedimentos que estes podem executar; os

valores que devem receber; as datas, as condições para

pagamento (e as glosas!), etc.

Ou seja, intermediam a venda dos serviços sem

arcar com quaisquer custos do negócio (todos eles,

como se viu, a cargo dos médicos); lucra com o

recebimento das mensalidades dos segurados e paga o

valor que bem entende pelos serviços por eles

prestados, VALENDO-SE DA ENORME DISCREPÂNCIA DE PODER para com os médicos, ou seja, com a

principal fonte produtora de toda essa cadeia, tudo

isso em flagrante enriquecimento sem causa e violando

os direitos dos médicos (albergado, dentre outros, nos

arts. 884; 927 do Código Civil e 5º, §2º, da CF).

Em suma: uma esperteza de fazer inveja aos

mais astutos pensadores do liberalismo econômico!

Ainda mais quando se tem ao seu lado uma Entidade

pública que não cumpre, a contento, o seu papel

institucional, deixando, conforme amplamente

demonstrado, de regulamentar a relação entre médico e

OPS...

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Patente, portanto, não apenas o desequilíbrio,

mas o flagrante enriquecimento que essas operadoras

vêm obtendo às custas da classe médica.

Com efeito, não se pretende fatigar esse Douto

Juízo Federal, face à cultura e experiência jurídica

que lhe são inerentes, com vastas considerações

teóricas sobre a teoria do enriquecimento sem causa;

sobre as suas origens no direito romano e seu

desenvolvimento na Idade Média; sobre a sua

consagração nos Códigos Civis alemão (arts. 812 a

822), suíço-federal das obrigações (arts. 62 a 67),

japonês (arts. 703 a 708), italiano de 1942 (arts.

2041 e 2042), soviético (arts. 399 a 402), antigo

Código das Obrigações da Polônia (art. 123),

marroquino (art. 66), tunisino (art. 71), mexicano

para o distrito e territórios federais (art. 1882),

lei 200 Colombiana, de 1936 (art. 21), Código Civil

Português de 1966 (arts. 473 a 482), a sua acolhida na

jurisprudência de quase todos os países do mundo e

afinal a sua inclusão no atual Código Civil Brasileiro

(arts. 884 a 886).

O princípio é universalmente aceito e a sua

instrumentação processual está na chamada ação IN REM VERSO. O Supremo Tribunal Federal admite-o como

princípio constitucional implícito (art. 5, § 2º da

CF).

Contra tudo isso é que se opõe a classe médica de

todo o País, o que se expressa, por óbvio e como de direito, através de suas Entidades Representativas,

dentre as quais a ora Impetrante, Sociedade Brasileira

de Urologia.

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DO ATO COATOR E DA NATUREZA PREVENTIVA DO PRESENTE MANDAMUS

Toda situação de desequilíbrio acima denunciada

tem levado a diversos movimentos de protesto por parte

dos médicos; propositura de ações judiciais; queixas e

denúncias junto ao ministério público, buscando-se,

destarte, uma saída para a grave discrepância

verificada no setor.

Conforme supramencionado, no contexto desse

movimento pela defesa do setor de saúde suplementar no

País (em favor dos médicos e pacientes – consumidores

dos planos de saúde negociados pelas OPS), reservou-se

o dia 7 de Abril, passado, para realização de

manifestações de protesto, suspendendo-se,

legitimamente, o atendimento em favor dessas

operadoras, no intuito de chamar a atenção do Governo,

da ANS e da sociedade em geral para a triste (e

perigosa) situação acima retratada.

Ocorre que, ao invés de contar com o apoio

esperado, o movimento foi surpreendido por um duro e

injusto golpe por parte da Secretaria de Direito

Econômico (SDE – órgão vinculado ao Ministério da

Justiça), rechaçado por toda a comunidade médica e

sociedade em geral.

Isto porque a Autoridade Coatora, na condição de

atual Secretário de Direito Econômico, fazendo

iniciar, de ofício, procedimento administrativo em

face das Entidades representativas (CFM, AMB e FENAM)

por força do multicitado protesto realizado no dia 7

de Abril, exarou a malsinada decisão ora vergastada

(em anexo), cujo conteúdo segue abaixo transcrito:

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“No- 336 - Ref.: Procedimento Administrativo nº 08012.002866/2011- 99. Representante: SDE "Ex Officio". Representada: Associação Paulista de Medicina - Regional de Indaiatuba Acolho a Nota Técnica de fls., aprovada pelo Diretor do Departamento de Proteção e Defesa Econômica, Dr. Diogo Thomson de Andrade, e, com fulcro no §1º do art. 50, da Lei nº 9.784/99, integro as suas razões à presente decisão, inclusive como sua motivação. Determino a instauração de Processo Administrativo em face do Conselho Federal de Medicina, da Associação Médica Brasileira e da Federação Nacional dos Médicos, com fundamento no disposto no artigo 20, incisos I, II e IV c/c artigo 21, incisos II, IV, V e X, ambos da Lei nº 8.884/94. Tendo em vista a presença dos requisitos apregoados no art. 52 da Lei nº 8.884/94, determino a adoção de Medida Preventiva estabelecendo aos Representados: (i) Que se abstenham de utilizar os artigos 18, 48, 49 e o inciso XV dos Princípios Fundamentais do Código de Ética Médica para fundamentar a instauração de Sindicâncias ou Processos Administrativos Disciplinares contra médicos que não acompanharem as decisões das entidades médicas quanto a honorários e rescisões contratuais; (ii) Que se abstenham de utilizar os artigos 18, 48, 49 e o inciso XV dos Princípios Fundamentais do Código de Ética Médica para coagir ou obrigar a participação de médicos em movimentos de negociação coletiva ou sua adesão às decisões das entidades médicas; (iii) Que se abstenham de promover, fomentar ou coordenar qualquer movimento de paralisação coletiva de atendimentos aos beneficiários de planos de saúde por tempo indeterminado ou descredenciamento em massa; (iv) Que se abstenham de fixar ou divulgar valores de consultas, portes e Unidades de Custo Operacionais, ou quaisquer indexações que reflitam nos valores pagos pelas operadoras aos médicos; (v) Que se abstenham de impedir a negociação direta e individual de honorários entre médicos e operadoras de planos de saúde ou hospitais. (vi) Que determinem a suspensão da vigência de qualquer ato normativo ou orientação que respaldem a cobrança direta pelos médicos de valores adicionais por consultas ou procedimentos dos beneficiários de planos de saúde credenciados; (vii) Que determinem a suspensão da vigência de qualquer ato normativo ou orientação que fixe valores de consultas e procedimentos médicos; (viii) Que façam publicar, em pelo menos um dos dois jornais de maior circulação Nacional, o teor do Comunicado a seguir descrito...; (ix) Que divulguem em suas páginas eletrônicas e façam publicar nas páginas eletrônicas de todos os Conselhos Regionais de

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Medicina e filiadas da AMB e da FENAM o seguinte comunicado...; Para a hipótese de descumprimento da Medida Preventiva, com fundamento no artigo 25 da Lei nº. 8884/94, fixo multa diária de 50.000 (cinqüenta mil UFIRs). Intime-se os Representados, nos termos do art. 33 da Lei n° 8.884/94, para que apresentem defesa no prazo de 15 (quinze) dias, observando o disposto no artigo 37 do mesmo diploma legal. VINÍCIUS MARQUES DE CARVALHO” (os destaques são nossos).

Com efeito, a mencionada decisão, publicada no

Diário da União de 9 de Maio de 2011, proferida em

face do Conselho Federal de Medicina – CFM; Associação

Médica Brasileira - AMB e a Federação Nacional dos

Médicos – FENAM, fere de morte postulados

constitucionalmente assegurados às referidas entidades

representativas (a exemplo da Impetrante) e aos

trabalhadores, seus associados.

Não obstante as diversas máculas inerentes à

decisão acima transcrita e a inexplicável tentativa de humilhar Entidades representativas de âmbito Nacional assim como o próprio Conselho Federal de Medicina com a determinação de publicação do agressivo decisum em

meios de comunicação e em suas respectivas páginas na

internet (!), a decisão administrativa, ainda que

pretensamente (já que flagrante e ilegalidade inerente

ao malsinado ato), ao vedar a coordenação dos

movimentos de protesto por parte das Entidades Médicas

em favor dos seus associados, estabelecendo pesada

multa diária para o descumprimento do preceito, impede os direitos à livre associação e do exercício da profissão, garantias tradicionais e de há muito asseguradas aos trabalhadores em geral.

É sabido que o direito de associação é resultado

de um longo e gradativo processo evolutivo.

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Resultado da constante exploração do Capital no

contexto da revolução industrial, em 1824, foram

criados na Inglaterra os primeiros centros de ajuda

mútua e de formação profissional. Em 1833 os

trabalhadores ingleses organizam os sindicatos (trade

unions) como associações locais ou por ofício, para obter melhores condições de trabalho e de vida. Essas entidades representativas conquistaram o direito de

funcionamento em 1864 na França; em 1866 nos Estados

Unidos; e em 1869 na Alemanha.

O direito de constituir grupos, organizá-los e

reuni-los com o escopo de tratar assuntos de interesse

comum é, portanto, um direito humano.

Daí porque o direito à liberdade de associação e

reunião é protegido em tratados regionais e

internacionais, de modo que o protesto em massa é um

símbolo potente do exercício deste direito.

A liberdade de associação, assim, é uma das

provisões centrais subjacentes ao trabalho da

Organização Internacional do Trabalho (OIT). Os

standards da OIT defendem os direitos dos

trabalhadores e empregados de constituírem

organizações e de negociarem colectivamente.

O assunto goza do mesmo status no âmbito do

Ordenamento Jurídico Pátrio.

Com efeito, é Princípio Republicano a valorização

social do trabalho e a livre iniciativa, conforme se

vê do art. 1º, IV, da Carta Magna:

“Art. 1º A República Federativa

do Brasil, formada pela união

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indissolúvel dos Estados, Município e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

... IV – os valores sociais do

trabalho e da livre iniciativa;”

Nesse diapasão, na seara das garantias

constitucionais e dos direitos sociais, a Carta

Política assegura ainda os seguintes direitos:

“Art. 5º. Omissis. XVII – é plena a liberdade de

associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

XVIII – a criação de associações e,

na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

XXI – as entidades associativas,

quando expressamente autorizadoras, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

Art. 8º É livre a associação

profissional ou sindical. Art. 9º É assegurado o direito de

greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dela defender.”

Como se não bastasse, a decisão administrativa

viola garantias constitucionais quando proíbe o

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descredenciamento por parte dos médicos, uma vez que

ninguém é obrigado a fazer algo senão em virtude de lei (art. 5º, II, da CF), ainda mais em situações como a acima retratada em que a contratação de seus

serviços vem sendo feita sem a observância das mínimas

condições de contraprestação e sem o respeito ao

exercício da profissão.

Daí porque as medidas propostas pelo movimento

médico afiguram-se legítimas, d.v., encontrando

respaldo nas previsões constitucionais acima

invocadas.

Ou seja, Excelência, ao invés de assumir o seu papel institucional e legal – inclusive de acompanhar mais de perto a exploração que as Operadoras de Planos de Saúde realizam sobre o trabalho dos médicos –, a ilustre autoridade apontada como coatora preferiu (tentar) castrar qualquer movimento que possa ser engendrado pela classe médica em geral, ratificando, aplaudindo e incentivando, por conseguinte, a perpetuação do desequilíbrio observado no setor de saúde suplementar no País!

A autoridade coatora fez vista grossa ao

mencionado desequilíbrio, impedindo os movimentos de

protesto dos trabalhadores, deixando que o “mercado”

se auto-regule, num posicionamento liberal, inidôneo e

de há muito falido, notadamente em situações como a acima descrita, em que uma das partes da relação (as OPS) detém o capital e o poder de barganha e de pressão sobre os trabalhadores!

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Viola, portanto, o decisum, frontalmente, o

direito líquido e certo dos Impetrantes de poderem

contar com suas entidades representativas para

ordenar, coordenar e incentivar os legítimos

movimentos de reivindicação da categoria, forçando-os

a manterem junto às OPS contratos flagrantemente

ilegais, abusivos e leoninos e impedindo-lhes de

realizar a paralisação de suas atividades, direitos

esses consagrados, por força constitucional, a todos

os trabalhadores, não havendo razão para que se

pretenda dispensar tratamento distinto aos médicos. * * *

O objeto da presente ação, portanto, é assegurar,

em favor os médicos urologistas, associados e

substituídos pela ora Impetrante, o desempenho do

poder de representação de sua Sociedade (SBU), para a

coordenação das reivindicações, pelos meios legítimos

que entender pertinentes, através do movimento em

favor da defesa profissional.

Tudo isso, inclusive, para que possa a Impetrante

dar cumprimento à sua função estatutária (art. 2º, II)

no sentido de “Promover, estruturar e desempenhar ações em defesa dos interesses sócio-econômico-profissionais dos associados”.

Ou seja, considerando seus direitos

constitucionais e para o cumprimento do seu dever

estatutário, a Impetrante pretende continuar lançando

mão de movimentos de protesto, inclusive recomendar a

paralisação das atividades quando se fizer necessário

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– respeitados os limites legais e razóaveis de atendimento –, porém teme que decisão do mesmo escol da acima transcrita possa ser proferida contra si por

parte da mesma Autoridade Coatora, já que se trata de

uma entidade representativa da classe médica, a

exemplo da AMB, CFM e FENAM.

Registre-se que as atividades objeto de possível paralisação por parte dos médicos jamais envolveu urgência ou emergência médica, mas apenas e tão-somente as denominadas “consultas eletivas”, sem qualquer risco de dano aos pacientes, visando, como se disse, um melhor atendimento que resultará no re-equilíbrio do setor quando as operadoras de planos de saúde passarem a dar cumprimento aos seus deveres perante os prestadores de serviços médicos e deixaram de intervir no exercício da profissão.

A natureza preventiva do presente mandamus

exsurge, portanto, da auto-executoriedade e da

potencialidade de dano inerente à conduta a ser

praticada contra si pela autoridade coatora no sentido

de proibir e, mais do que isso, impor multa em razão da deflagração de movimentos por parte da ora

Impetrante em favor de seus associados, ora

substituídos.

Patente, destarte, a potencialidade objetiva e a

atualidade da prática de ato administrativo lesivo ao

direito líquido e certo dos associados da Impetrante,

exsurgindo o justo receio de dano, a justificar o

pedido de socorro à essa respeitável Justiça Federal,

através do presente remédio heróico.

Mais do que isso, confiam que esse Douto Juízo

vai “fazer história”, impedindo a exploração da

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atividade e assegurando o pleno exercício dos direitos

de associação e do exercício da profissão.

É o que esperam os associados da Impetrante; é o

que esperam todos os profissionais de saúde; é o que

espera a população desse País!

Acerca do cabimento do mandado de segurança em

situações como a ora denunciada a esse MM. Juízo, J.

Cretela Júnior, in “Comentários à Lei do Mandado de

Segurança”, 8ª edição, Forense, Rio de Janeiro, 1997,

pg. 96, doutrina:

“Assim como a ameaça à violação da

liberdade de ir e vir produz patente vis inquietativa no cidadão, a tal ponto que se vê impelido a proteger-se com o writ preventivo, o mesmo ocorre em relação aos que procuram amparo no irmão gêmeo daquele instituto, sempre que há o prenúncio de edição de ato lesivo ao direito subjetivo público.” (destacou-se)

O mesmo autor, citando Caio Tácito, acerca do

mandado de segurança preventivo, leciona:

“O mandado de segurança preventivo tem,

como pressuposto necessário, a existência de ameaça a direito líquido e certo, que importe justo receio de que este venha ter intensidade bastante para gerar o elemento subjetivo (justo receio), um e outro sintomáticos da ilegalidade ou abuso do poder virtual ou potencial...” (ob. cit., pg. 97) (os grifos são nossos).

O saudoso Hely Lopes Meirelles, por sua vez,

ensina:

“O mandado de segurança admite decisão

repressiva e preventiva (art. 1º) é repressiva quando visa a corrigir ilegalidade já consumada; é preventiva quando se destina a impedir o cometimento de ilegalidade iminente... Segurança preventiva é a que se concede para impedir a consumação de uma ameaça a direito individual em

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determinado caso.” (Mandado de Segurança, editora Revista dos Tribunais, 12ª Edição, 1989).

O entendimento ora defendido, no sentido de ser

cabível a impetração do mandamus preventivo em

situações de ameaça de lesão a direito encontra

guarida na jurisprudência pacificada, de há muito, nos

Tribunais pátrios, inclusive nesse Eg. TRF da 1ª

Região, conforme se vê das ementas abaixo transcritas:

MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO – AMEAÇA A

DIREITO LÍQUIDO E CERTO – COMPROVAÇÃO – ORDEM CONCEDIDA – Comprovada objetivamente a ameaça a direito líquido e certo das impetrantes, o mandado de segurança preventivo deve ser concedido. Sentença confirmada. (TJMG – AC 000.248.551-4/00 – 1ª C.Cív. – Rel. Des. Eduardo Andrade – J. 25.06.2002);

PROCESSUAL CIVIL – ADMINISTRATIVO –

MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO – EXISTÊNCIA DO JUSTO RECEIO DE SOFRER VIOLAÇÃO A DIREITO LÍQUIDO E CERTO – 1. Havendo fundado receio do impetrante de ser autuado a partir da data limite para pagamento dos salários de agosto de 1990, pois caso o abono instituído pela MP nº 211/90 não fosse pago, a DRT procederia à autuação com base no art. 4º da Lei nº 7.855/89, caracterizado está o temor fundado do Impetrante. 2. Quando das informações o impetrado revela resistir à pretensão deduzida, tal fato constitui evidência de que tal ato seria praticado em relação ao Impetrante. 3. Remessa improvida. (TRF 1ª R. – REO 01131095 – GO – 3ª T.Supl. – Rel. Juiz Conv. Wilson Alves de Souza – DJU 28.11.2002 – p. 178);

PROCESSUAL CIVIL – MANDADO DE SEGURANÇA

PREVENTIVO – ADMINISTRATIVO – 1. O mandado de segurança não requer, para sua admissibilidade, a efetiva lesão do direito que o impetrante almeja resguardar, bastando a existência de justo receio de lesão... Apelação improvida 10. Remessa Oficial improvida. (TRF 1ª R. – AMS 38030059272 – MG – 2ª T. – Rel. Juiz Conv. Velasco Nascimento – DJU 10.12.2002, p. 23).

É o caso dos autos!

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Por todas essas razões, outra alternativa não

resta à Impetrante senão valer-se do presente remédio

heróico, a fim de afastar a ilegalidade potencial

imanente à conduta da autoridade coatora – acima

denunciada a V. Exa. – garantindo o exercício dos

direitos e as garantias constitucionais em favor dos

seus substituídos.

DO PEDIDO LIMINAR: DA RELEVÂNCIA DO FUNDAMENTO INVOCADO E DO PERICULUM IN MORA

Na lição do Eminente Professor Celso Antônio

Bandeira de Melo:

“considera-se líquido e certo o direito,

independentemente de sua complexidade, quando os fatos a que se deva aplicá-lo sejam demonstráveis de plano; é dizer, quando independem de instrução probatória, sendo comprováveis por documentação acostada quando da impetração da segurança [...]” (Direito Administrativo, 2008, p. 928).

Nessa esteira, a relevância do fundamento

invocado (fumus boni juris) reside nos argumentos

fáticos e jurídicos acima expostos, a exemplo, dentre

outros, da violação, por parte da Autoridade Coatora

das garantias constitucionais acerca da liberdade de

profissão, do direito de greve e de representação,

pelos quais fica patente a ilegalidade aqui relatada,

além da violação aos postulados da segurança jurídica

e da razoabilidade, os quais dão conta de que existe o

bom direito ora vindicado.

Demais, o que se busca com os movimentos de

protesto é evitar que se perpetue a exploração, por

parte das operadoras de planos de saúde, dos serviços

prestados pelos médicos, sem repassar-lhes os valores

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a que fazem jus (sequer os percentuais decorrentes dos reajustes periódicos que a ANS autoriza que sejam aplicados aos planos de saúde), tudo isso em flagrante enriquecimento sem causa e violando os direitos dos

associados da Impetrante (albergado, dentre outros,

nos arts. 884; 927 do Código Civil e 5º, §2º, da CF),

afigurando-se, portanto, legais e legítimas as medidas

de protesto realizadas pelos médicos que inclusive não

têm o dever de se manterem credenciados junto às OPS

que exploram seu trabalho, como pretende impor a

Autoridade Coatora.

Por sua vez, o risco de dano irreparável consiste

no fato de que a potencial proibição, por parte da

Autoridade Coatora, da Impetrante realizar qualquer

movimento de ordenação de defesa profissional em favor

de seus associados implica no engessamento do

movimento médico, fortalecendo ainda mais as

Operadores de Planos de Saúde que, sem protestos, não

se intimidarão a continuar mantendo o arrocho

remuneratório imposto, há anos, pelas operadoras de

planos de saúde aos médicos, coroando a exploração dos

seus serviços, com as graves consequências dela

decorrentes, o que põe em risco a própria regularidade

da prestação dos serviços.

Presentes, portanto, os requisitos autorizadores

da medida, a Impetrante REQUER a V. Exa. que conceda

liminar determinando à Autoridade coatora que se

abstenha de impedir a Impetrante, notadamente com a

imposição de multa, de realizar seus deveres

estatutários no sentido de ordenar, coordenar e

fomentar atividades de representação em favor da

defesa profissional de seus associados, inclusive de

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recomendar, se necessário for, a suspensão do

atendimento às operadoras de planos de saúde em

relação às consultas eletivas, respeitado o percentual

mínimo de 30%, cominando multa diária para o caso de

não atendimento da ordem judicial, até final decisão

do writ.

Vale ratificar que as atividades objeto de

possível paralisação não envolvem urgência ou

emergência médica, mas apenas e tão-somente as

denominadas consultas eletivas, sem qualquer risco de dano aos pacientes, visando, como se disse, um melhor

atendimento que resultará no re-equilíbrio do setor

quando as operadoras de planos de saúde passarem a dar

cumprimento aos seus deveres perante os prestadores de

serviços médicos e deixarem de intervir na profissão,

notadamente respeitando e autorizando a realização dos

procedimentos indicados para cada paciente.

DOS PEDIDOS DEFINITIVOS

Em face do exposto, requer a Vossa Excelência que

se digne de determinar a notificação da autoridade

coatora acerca do conteúdo da presente ação, a fim de

que preste as informações no prazo de 10 (dez) dias,

tudo para que, ao final, seja confirmado o pedido

liminar, concedendo-se a segurança para, declarando o

direito dos substituídos da Impetrante a contarem com

a representação de sua Entidade (SBU) e de realizar

paralisações em protesto às ilegalidades contra si

praticadas, determinar à Autoridade Coatora que se

abstenha, em definitivo, de impedir a Impetrante,

notadamente com a imposição de multa, de realizar seus

deveres estatutários no sentido de ordenar, coordenar

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e fomentar atividades de representação em favor da

defesa profissional de seus associados, inclusive de

recomendar, se necessário for, a suspensão do

atendimento às operadoras de planos de saúde em

relação às consultas eletivas, respeitado o percentual mínimo de 30%, por ser de Direito e Justiça.

Pede que seja cientificada a UNIÃO, consoante

norma do art. 7º, II, da Lei nº 12.016/2009.

Requer, ainda, que se dê ciência do presente

feito ao ilustre representante do Ministério Público

Federal, para acompanhamento e para a adoção de outras

medidas que entender pertinentes, em face dos graves

fatos acima apontados.

Finalmente, pede a juntada da prova pré-

constituída em anexo, composta por documentos

declarados como autênticos pelo subscritor da

presente.

Embora inestimável, dá à causa do valor de R$

1.000,00 (hum mil reais). P. deferimento. Brasília, 13 de MaioNSdF! de 2011.

Bel. José Aras DCDMJ“!!!”

OAB/BA 15.665