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EXCELENTSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ
DE DIREITO DA MM. ...VARA DA FAZENDA PBLICA
DO FORO CENTRAL DO RIO DE JANEIRO-RJ
Ao Popular Edital de Prego n. 003/2017 Prestao de servio de taxi areo Violao aos princpios constitucionais da administrao pblica Moralidade, razoabilidade. Violao Lei n 10.520/2002
CARLOS ALEXANDRE KLOMFAHS, brasileiro,
casado, advogado, registrado na OAB/SP sob o nmero
346.140, residente Rua Barata Ribeiro, 105. Ap. 405.
Copacabana-Rio de Janeiro CEP 22011-001.Com e-mail
carlosklomfahs@adv.oabsp.org.br vem apresentar, com
fundamento no artigo 5 inciso LXXIII da Constituio
Federal e artigo 1 da Lei n 4717 de 1965 propor
AO POPULAR com pedido de suspenso liminar
(artigo 5, 4) do ato impugnado
em face de ATO DO GOVERNADOR DO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO, na pessoa de seu representante
judicial PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO, pelas
seguintes razes de fato e de direito a seguir aduzidas.
PRELIMINARMENTE
Requer os benefcios da gratuidade previsto na
constituio para o exerccio da cidadania, previsto no art. 5,
inciso LXXVII, da Constituio Federal de 1988.
I - DA COMPETNCIA DA JUSTIA ESTADUAL
Nos termos do art. 5, 1, da Lei n 4.717/65, a
competncia rege-se o juiz da organizao judiciria das
causa que interessem ao Estado, verbis:
DA COMPETNCIA
Art. 5 Conforme a origem do ato impugnado, competente para conhecer da ao, process-la e julg-la o juiz que, de acordo com a organizao judiciria de cada Estado, o for para as causas que interessem Unio, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Municpio.
1 Para fins de competncia, equiparam-se atos da Unio, do Distrito Federal, do Estado ou dos Municpios os atos das pessoas criadas ou mantidas por essas pessoas jurdicas de direito pblico, bem como os atos das sociedades de que elas sejam acionistas e os das pessoas ou entidades por elas subvencionadas ou em relao s quais tenham interesse patrimonial.
Razo pela qual a competncia apontada revela-se a
acertada para o presente processo popular.
II - DOS FATOS
O Governo Estadual do Rio de Janeiro publicou o
Prego n 003, de 11 de agosto de 2017, pela Subsecretaria
Militar da Casa Civil e Desenvolvimento Econmico, que
prev um contrato com vigncia de 12 meses para a
contratao de servios de jato (txi areo) estimado em R$
2,518 milhes, para acomodar o governador Luiz Fernando
de Souza em suas viagens pelo pas.
O objetivo declarado do Governo do Estado foi de que
imprescindvel garantir que os integrantes do Poder
Executivo tenham flexibilidade de horrios de voos e
disponibilidade de aeronaves para deslocamentos de
trabalho e emergncias.
O Governo informou ainda que se no houver
necessidade de usar todos os voos previstos no contrato, o
estado vai pagar menos pelo servio, e que a contratao
necessria porque terminou o contrato anterior, no valor R$
3,4 milhes.
Todavia esse edital viola princpios constitucionais da
administrao pblica como da moralidade, razoabilidade e
da Lei de ao popular quanto ao aspecto inexistncia de
motivos.
Assim o Governo do Estado do Rio de Janeiro pretende
despender mais de 2,5 milhes de reais em uma situao
financeira de salrios atrasados que se aproxima de R$ 32,6
milhes de reais.
Muito embora o Bradesco tenha sido o vencedor do
leilo para escolha do banco responsvel pela
administrao dos servios financeiros do governo do Rio
de Janeiro, incluindo a folha de pagamento dos servidores.
Porm, o governador Luiz Fernando de Souza conta
apenas com esse aporte para o pagamento de parte dos
salrios atrasados dos servidores pblicos (126.394
servidores ativos, inativos e pensionistas) que no receberam
todo o vencimento de maio, no valor total de R$ 418 milhes
lquidos, segundo a Fazenda estadual.
Portanto deveria o Governo do Estado do Rio de
Janeiro, aguardar o reestabelecimento e a normalizao
previsveis das receitas e despesas, a ocorrer aps a
vigncia do contrato de prestao de servios do Bradesco
(vencedor do leilo) na gesto da folha de pagamento at
2022, para o uso de jato fretado somente nos casos de
emergncia, segurana, servio oficial imprescindvel e
deslocamentos para o local de domiclio do Governador,
quando essa for a nica forma de deslocamento.
Alm do que no h previso na Lei Oramentria
Anual (LOA) do Estado do Rio de Janeiro (lei n 7.541 de 17
de janeiro de 2017 - publicada em 18 de janeiro de 2017),
muito menos Lei especfica aprovada pela Assembleia do
Estado do Rio de Janeiro prevendo as especificidades e
dispondo sobre o transporte areo de autoridades em
aeronaves fretadas ou o uso de passagens areas comuns.
Muito embora informado a fonte dos recursos
oramentrios na dotao oramentria (autorizao) em
fonte, programa e natureza da despesa, no se encontra a
respectiva rubrica na LOA de 2017.
No tudo.
H no edital violao ao art. 4, III, da Lei n.
10.520/2002, que exige na fase externa do prego a
justificao da necessidade da contratao.
teor do que fez a Cmara dos Deputados em
proposta de autoria do deputado Chico Alencar (Psol-RJ)
que prev mais rigor no uso de avies da Fora Area
Brasileira (FAB) por autoridades, de acordo com o projeto
(PL 5896/13), o servio de transporte da FAB poder ser
usado pelo vice-presidente da Repblica; presidentes do
Senado, da Cmara e do Supremo Tribunal Federal;
ministros de Estado; comandantes das Foras Armadas; e
outras autoridades que receberem autorizao expressa do
ministro da Defesa ou do comandante da Aeronutica.
Tais viagens s podero ocorrer por motivos de
segurana e emergncia mdica, servio oficial e
deslocamentos para o local de domiclio da autoridade. O
projeto tambm prev que, sempre que possvel, a aeronave
dever ser compartilhada por mais de uma das autoridades.
Da mesma forma deveria se portar o Governo do
Estado do Rio de Janeiro, elaborando projeto de Lei a ser
enviado a assembleia legislativa, cumprindo o princpio da
legalidade dos atos da administrao pblica, consoante
comando do art. 37, caput, da Constituio Federal de 1988.
Violando, portanto, os princpios constitucionais da
administrao pblica que so verdadeiros direitos
fundamentais que servem de anteparo dos administrados
contra os abusos do Estado.
Como ficou claro na justificativa do Deputado Chico
Alencar do Projeto de Lei supra, Estas so as superiores razes
inspiradas nos princpios constitucionais da Administrao
Pblica (legalidade, imparcialidade, moralidade, publicidade e
eficincia).
Se verdade que ao Poder Executivo cabe o poder-
dever derivado e discricionrio do seu juzo de convenincia
e oportunidade, no menos verdade que esse Poder
encontra limites constitucionais podendo ser submetido ao
exame do Poder Judicirio, como decidido pelo STF:
discricionrio do Presidente da Repblica, que lhe avalia a
convenincia e oportunidade, o ato de expulso, o qual, devendo ter
causa legal, s est sujeito a controle jurisdicional da legalidade e
constitucionalidade (STF, HC 82.893/SP, rel. Min. Cezar
Peluso, j. 17.12.2004.
E tambm: Cabe ao Poder Judicirio verificar a
regularidade dos atos normativos e de administrao do Poder
Pblico em relao s causas, aos motivos e finalidade que os
ensejam. (...) 3. Agravo improvido (STF, Ag no RE 365.368/SC,
rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 22.05.2007.
Portanto, esta ao popular objetiva o controle pelos
cidados sobre os atos da administrao pblica, que fogem
a razoabilidade, moralidade, e aos valores de justia, insertos
no prembulo da Constituio.
III - DA AAO POPULAR
NAGIB SLAIBI FILHO em artigo1 sobre Ao
Popular, escrito para a Revista da Escola da Magistratura
do Estado do Rio de Janeiro, citando clssica definio dada
por JOS AFONSO DA SILVA escreveu:
A ao popular instituto processual civil, outorgado a qualquer cidado como garantia poltico-constitucional, para a defesa do interesse da coletividade, mediante a provocao do controle jurisdicional corretivo da ilegalidade de atos lesivos ao patrimnio pblico, moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimnio histrico e cultural.
Laborando sobre ao popular DIOGO CALDAS
LEONARDO DANTAS2, na introduo ao seu artigo na
Revista Jurdica da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, preambula:
A ao popular se mostra como antigo mecanismo jurdico brasileiro, estando presente, ainda que de forma embrionria, at mesmo no antigo regime das Ordenaes, apresentando-se, mesmo naquela poca, como meio de defesa ou conservao da coisa pblica (...)
RODRIGO MAZZEI em obra de Coordenadoria de
FREDIE DIDIER JUNIOR3 e JOS HENRIQUE MOUTA
1 Revista da EMERJ. v.6, n.22, 2003. 2 2011:12. Revista Juridica In Verbis. ISSN n 1413-2605. Ano XVI Jan/Jun
2011. 3 2009:373.
sobre Tutela jurisdicional coletiva, explica a importncia
da ao popular enquanto integrante do sistema da tutela
coletiva:
Apesar de ser lembrada como marco histrico na tutela coletiva nacional, normalmente a ao popular estudada do espectro da lei n 4717/65