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Page 1: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR … · excelentÍssimo senhor doutor desembargador federal presidente do tribunal regional federal da 4ª regiÃo embargos de declaraÇÃo

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL

PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO

Nº 0000000000000000/RS

xxxxxxxª TURMA DO TRF4

Objeto: Recurso Extraordinário

aaaaaaaaaaaaa, xxxxx, inscrita no CNPJ sob o nº

1111111111111, com sede à Av. xxxxxxxxxxxx, nº 111111111, xxxxxxxxxx, RS,

inconformada com a com o acórdão proferido pela r. xxxxª Turma deste Tribunal

que fixou honorários advocatícios sucumbenciais em R$2.000,00, valor muito

abaixo do mínimo legal, no processo em que litiga contra a UNIÃO - FAZENDA

NACIONAL, neste ato interpõe, com fulcro na alínea “a”, do inciso III, do artigo

102, da Constituição da República Federativa do Brasil, RECURSO

EXTRAORDINÁRIO, requerendo sejam os autos, juntamente com as razões

anexas, remetidos para o E. Supremo Tribunal Federal para reapreciação da

matéria.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Porto Alegre, 23 de novembro de 2010.

xxxxxxxxx,

OAB/RS xxxxxxxxxxxx.

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EXCELENTÍSSIMOS MINISTROS

EXCELENTÍSSIMOS MINISTROS

No acórdão do qual se recorre, a r. 2ª Turma do Tribunal

Regional Federal da 4ª Região, ao apreciar o recurso de xxxxxxxx que versava

sobre a fixação de honorários advocatícios sucumbenciais, especialmente

sobre a inconstitucionalidade do parágrafo 4º, do artigo 20, do Código de

Processo Civil, fixou os honorários abaixo do limite legal e julgou contrariamente

ao artigo 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, bem como ao

princípio da Igualdade das Partes, que rege o processo Civil.

I – Fatos

Em xxxxxxxxxxx a Recorrente tive ajuizada contra si

uma execução fiscal, no valor de R$ 44.403,27 (quarenta e quatro mil,

quatrocentos e três reais e vinte e sete centavos).

Em razão da iminente penhora de bens e dos prejuízos

que já estavam sofrendo com suas inscrições no CADIN, a Peticionária constituiu

Advogado e apresentou exceção de pré-executividade na qual postularam a

extinção da execução, em razão de xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

O Tribunal a quo decidiu favoravelmente, porém,

fixou honorários advocatícios em R$2.000,00 (dois mil reais).

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Em razão disso, a Recorrente embargou o acórdão

requerendo expressa manifestação sobre a inconstitucionalidade do parágrafo 4º,

do art. 20, do CPC.

A Turma julgadora do acórdão expressamente deu por

pré-questionados os dispositivos, mas julgou que a decisão não afrontou o artigo 5º

da Constituição Federal, mesmo não fixando honorários em 10% do valor da causa.

Tal fixação, todavia, fundamentou-se em norma

inconstitucional, pois arbitrou honorários abaixo do critério previsto no

parágrafo 3º do artigo 20 do CPC, isto com base no parágrafo 4º do referido

artigo 20.

Eis o acórdão:

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0018271-59.2010.404.0000/RS RELATOR : Des. Federal JOEL ILAN PACIORNIK

AGRAVANTE : SOC/ BENEFICENTE HOSPITAL CANDELÁRIA

ADVOGADO : Fabio Adriano Sturmer Kinsel e outro

AGRAVADO : UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL)

PROCURADOR : Procuradoria-Regional da Fazenda Nacional

Assim, considerando a suspensão da exigibilidade do crédito no momento do ajuizamento da execução fiscal, necessária a extinção do processo de execução, nos termos do artigo 267, VI, do CPC. Perfeitamente cabível, ainda, a condenação da exequente ao pagamento de honorários advocatícios ao patrono da executada, à medida em que esta, tendo sido demandada em juízo indevidamente, viu-se compelida a constituir Procurador nos autos, para promover a sua defesa. Corroborando o entendimento, transcrevo os seguintes julgados: AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. DESISTÊNCIA. NÃO INTERPOSIÇÃO DE EMBARGOS À EXECUÇÃO. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. HONORÁRIOS. CABIMENTO. 1. A verba honorária é devida pela Fazenda exeqüente tendo em vista o caráter contencioso da exceção de pré-executividade e da circunstância em que dando causa ao incidente processual, pelo princípio da causalidade e da sucumbência, deve suportar o ônus. 2. Se a Fazenda Pública

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deu causa à contratação de patrono, por ajuizar a demanda de maneira açodada, não se aplica a regra insculpida no art. 26 da lei de execução fiscal. 3. A novel legislação processual, reconhecendo as naturezas distintas da execução e dos embargos, estes como processo de cognição introduzido no organismo do processo executivo, estabelece que são devidos honorários em execução embargada ou não. 4. Deveras, reflete nítido, do conteúdo do artigo 26 da LEF, que a norma se dirige à hipótese de extinção administrativa do crédito com reflexos no processo, o que não se equipara ao caso em que a Fazenda, reconhecendo a ilegalidade da dívida, desiste da execução. 5. Ausência de argumentos suficientes para a alteração da decisão agravada. 6. Agravo regimental desprovido. (AGRESP - 655403, Data da decisão: 08/03/2005 Fonte DJ DATA:28/03/2005 PÁGINA:213 Relator(a) LUIZ FUX ) PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. EXTINÇÃO. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. PEDIDO DE DESISTÊNCIA DA EXECUÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO. MAJORAÇÃO DO QUANTUM FIXADO. 1. É pacífica a jurisprudência deste Tribunal no sentido de que, havendo extinção da execução fiscal em virtude de pedido de desistência do exeqüente , efetivado após a citação do executado, são devidos os honorários advocatícios. 2. Com mais razão, portanto, afirma a jurisprudência da Corte ser devida a condenação da Fazenda ao pagamento da verba honorária, na hipótese de acolhimento de exceção de pré-executividade. (...) (AGRESP - 625345, Data da decisão: 03/03/2005 Fonte DJ DATA:21/03/2005 PÁGINA:251 Relator(a) TEORI ALBINO ZAVASCKI) "EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. ALIENAÇÃO DE QUOTAS. REDIRECIONAMENTO CONTRA O SÓCIO-GERENTE. NECESSIDADE DE INÍCIO DE PROVA DA RESPONSABILIDADE. (...) 3. O acolhimento de exceção de pré-executividade, com o reconhecimento da ilegitimidade passiva do sócio-gerente em execução fiscal, importa extinção do feito em relação àquele, de modo que devida a fixação de honorários advocatícios na forma do art. 20, § 4º, do CPC. (...)" (TRF4, AG 2004.04.01.056459-1 Fonte DJU DATA:13/04/2005 PÁGINA: 531 Relator JUIZ DIRCEU DE ALMEIDA SOARES) Assim, assiste razão à recorrente, devendo ser reformada a decisão a quo, para determinar a extinção da execução, com a fixação de honorários advocatícios em R$ 2.000,00 (dois mil reais), na forma do artigo 20, §4º, do CPC, considerando o valor conferido à causa (R$ 44.403,27 em outubro de 2008) e a complexidade mínima da questão a que cinge-se a demanda. Isto posto, voto no sentido de dar provimento ao agravo de instrumento.

JOEL ILAN PACIORNIK Relator

Contra esta decisão foram opostos embargos

declaratórios, que restaram assim ementados:

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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0018271-59.2010.404.0000/RS

RELATOR : JUIZ FEDERAL EDUARDO VANDRÉ OLIVEIRA LEMA GARCIA

EMBARGANTE : UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL)

PROCURADOR : Procuradoria-Regional da Fazenda Nacional

EMBARGADO : ACÓRDÃO DE FLS.

INTERESSADO : SOC/ BENEFICENTE HOSPITAL CANDELÁRIA

ADVOGADO : Fabio Adriano Sturmer Kinsel e outro EMENTA EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. INCONSTITUCIONALIDADE DO §4º, DO ART. 20, DO CPC, NA PARTE EM QUE REFERE A FAZENDA NACIONAL. INCABIMENTO. 1. Não vislumbro em que consiste a inconstitucionalidade do §4º, do art. 20, do CPC na parte em que refere a Fazenda Nacional. Com efeito, não há de se falar em afronta ao Princípio da Igualdade, porquanto a fixação dos honorários advocatícios em montante menor de 10% sobre o valor da causa está necessariamente vinculada à apreciação do Juízo às disposições das alíneas a, b e c, do §3º, do art. 20, do CPC, de modo a condenar-se a parte vencida, com lisura, em montante que se harmonize à complexidade da demanda. 2. Considerando o rigorismo das Cortes superiores quanto aos requisitos de admissibilidade dos recursos, nos termos das Súmulas n.º 282 e 356 do STF e 98 e 211 do STJ, é oportuno que sejam acolhidos os presentes embargos declaratórios para fins de prequestionamento do art. 20 do CPC. 3. Embargos declaratórios parcialmente acolhidos.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 1ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, acolher em parte os embargos de declaração, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Porto Alegre, 03 de novembro de 2010.

JUIZ FEDERAL EDUARDO VANDRÉ OLIVEIRA LEMA GARCIA Relator

Documento eletrônico assinado digitalmente por JUIZ FEDERAL EDUARDO VANDRÉ OLIVEIRA LEMA GARCIA, Relator, conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, e a Resolução nº 61/2007, publicada no Diário Eletrônico da 4a Região nº 295 de 24/12/2007. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico https://www.trf4.gov.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 3811495v4 e, se solicitado, do código CRC 51E2ED74.

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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0018271-59.2010.404.0000/RS

RELATOR : JUIZ FEDERAL EDUARDO VANDRÉ OLIVEIRA LEMA GARCIA

EMBARGANTE : UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL)

PROCURADOR : Procuradoria-Regional da Fazenda Nacional

EMBARGADO : ACÓRDÃO DE FLS.

INTERESSADO : SOC/ BENEFICENTE HOSPITAL CANDELÁRIA

ADVOGADO : Fabio Adriano Sturmer Kinsel e outro

RELATÓRIO

Trata-se de embargos de declaração opostos com o fim de prequestionamento da matéria. Sustenta a embargante, em suma, que o valor fixado a título de honorários de advogado ficou abaixo do percentual mínimo previsto no §3º, do art. 20, do CPC. Aponta, nesse sentido, que a fundamentação exarada pelo acórdão embargado para a condenação em honorários advocatícios no montante em que fixados, qual seja o §4º, do art. 20, do CPC, é inconstitucional na parte em que refere a Fazenda Pública, por ofensa aos princípios constitucionais da igualdade e da isonomia, pelo que se faz necessário o prequestionamento da matéria para fins de interposição de Recurso Extraordinário. Postula sejam acolhidos os presentes embargos de declaração, para fins de prequestionamento da matéria suscitada no recurso, manifestando-se a Turma sobre a inconstitucionalidade do §4º, do art. 20, do CPC, suprindo, assim, os requisitos de admissibilidade dos Recursos Especial e Extraordinário, nos termos das Súmulas 98 e 211 do STJ e 282 e 356 do STF. É o relatório. Levo o feito em mesa.

JUIZ FEDERAL EDUARDO VANDRÉ OLIVEIRA LEMA GARCIA Relator

Documento eletrônico assinado digitalmente por JUIZ FEDERAL EDUARDO VANDRÉ

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OLIVEIRA LEMA GARCIA, Relator, conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, e a Resolução nº 61/2007, publicada no Diário Eletrônico da 4a Região nº 295 de 24/12/2007. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico https://www.trf4.gov.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 3811492v4 e, se solicitado, do código CRC C953D0EB.

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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0018271-59.2010.404.0000/RS

RELATOR : JUIZ FEDERAL EDUARDO VANDRÉ OLIVEIRA LEMA GARCIA

EMBARGANTE : UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL)

PROCURADOR : Procuradoria-Regional da Fazenda Nacional

EMBARGADO : ACÓRDÃO DE FLS.

INTERESSADO : SOC/ BENEFICENTE HOSPITAL CANDELÁRIA

ADVOGADO : Fabio Adriano Sturmer Kinsel e outro

VOTO

Não vislumbro em que consiste a inconstitucionalidade do §4º, do art. 20, do CPC na parte em que refere a Fazenda Nacional. Com efeito, não há de se falar em afronta ao Princípio da Igualdade, porquanto a fixação dos honorários advocatícios em montante menor de 10% sobre o valor da causa está necessariamente vinculada à apreciação do Juízo às disposições das alíneas a, b e c, do §3º, do art. 20, do CPC, de modo a condenar-se a parte vencida, com lisura, em montante que se harmonize à complexidade da demanda. Segue, na íntegra, o referido artigo: Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Esta verba honorária será devida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria. (Redação dada pela Lei nº 6.355, de 1976) § 1º O juiz, ao decidir qualquer incidente ou recurso, condenará nas despesas o vencido. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973) § 2º As despesas abrangem não só as custas dos atos do processo, como também a indenização de viagem, diária de testemunha e remuneração do assistente técnico. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973) § 3º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez por cento (10%) e o máximo de vinte por cento (20%) sobre o valor da condenação, atendidos: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973)

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a) o grau de zelo do profissional; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973) b) o lugar de prestação do serviço; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973) c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973) § 4o Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os

honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) § 5o Nas ações de indenização por ato ilícito contra pessoa, o valor da condenação será a soma das prestações vencidas com o capital necessário a produzir a renda correspondente às prestações vincendas (art. 602), podendo estas ser pagas, também mensalmente, na forma do § 2o do referido art. 602, inclusive em consignação na folha de pagamentos do devedor. (Incluído pela Lei nº 6.745, de 5.12.1979) (Vide §2º do art 475-Q) Grifos nossos. Outrossim, da leitura atenta do artigo supracolacionado, em especial de seu §4º, resta evidente que a hipótese de fixação dos honorários advocatícios a menor do que o mínimo de 10 % do valor da condenação não se dá em benefício exclusivo da Fazenda, mas em anteparo a algumas situações específicas que pugnam por uma apreciação mais aprofundada acerca da congruência entre o montante dos honorários de advogado e as particularidades da ação, isto é, com a devida observação das normas das alíneas a, b e c do §3º do artigo. Entretanto, considerando o rigorismo das Cortes superiores quanto aos requisitos de admissibilidade dos recursos, consubstanciados nas Súmulas n.º 282 e 356 do STF e 98 e 211 do STJ, é oportuno que sejam acolhidos os presentes embargos declaratórios para fins de prequestionamento do art. 20 do CPC. Isto posto, voto no sentido de acolher em parte os embargos de declaração, apenas para efeito de prequestionamento.

JUIZ FEDERAL EDUARDO VANDRÉ OLIVEIRA LEMA GARCIA Relator

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EXTRATO DE ATA DA SESSÃO DE 03/11/2010 AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0018271-59.2010.404.0000/RS ORIGEM: RS 8910800016155

INCIDENTE : EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

RELATOR : Juiz Federal EDUARDO VANDRÉ O L GARCIA

PRESIDENTE : ÁLVARO EDUARDO JUNQUEIRA

PROCURADOR : Dr. FRANCISCO LUIZ PITTA MARINHO

AGRAVANTE : SOC/ BENEFICENTE HOSPITAL CANDELÁRIA

ADVOGADO : Fabio Adriano Sturmer Kinsel e outro

AGRAVADO : UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL)

PROCURADOR : Procuradoria-Regional da Fazenda Nacional

Certifico que o(a) 1ª TURMA, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A TURMA, POR UNANIMIDADE, DECIDIU ACOLHER EM PARTE OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, APENAS PARA EFEITO DE PREQUESTIONAMENTO.

RELATOR ACÓRDÃO

: Juiz Federal EDUARDO VANDRÉ O L GARCIA

VOTANTE(S) : Juiz Federal EDUARDO VANDRÉ O L GARCIA

: Des. Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE

: Des. Federal ALVARO EDUARDO JUNQUEIRA

ROSANE PEIXOTO DOS SANTOS BRUM Diretora Substituta de Secretaria

Documento eletrônico assinado digitalmente por ROSANE PEIXOTO DOS SANTOS BRUM, Diretora Substituta de Secretaria, conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, e a Resolução nº 61/2007, publicada no Diário Eletrônico da 4a Região nº 295 de 24/12/2007. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico https://www.trf4.gov.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 3831955v1 e, se solicitado, do código CRC B4BAE1D9.

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Diante desta decisão, recorre a Peticionária, pois

entende que o acórdão afronta o artigo 5º da Constituição da República Federativa

do Brasil, bem como ao princípio da Igualdade das Partes no Processo Civil.

II – Do Direito

Inconstitucionalidade do §4°, do artigo 20, da Lei 5.869

O artigo citado assim prevê:

Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor

as despesas que antecipou e os honorários advocatícios.

Essa verba honorária será devida, também, nos casos em que

o advogado funcionar em causa própria.

§ 3º Os honorários serão fixados entre o mínimo de 10% (dez

por cento) e o máximo de 20% (vinte por cento) sobre o valor

da condenação, atendidos:

a) o grau de zelo do profissional;

b) o lugar de prestação do serviço;

c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado

pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

§ 4º. Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável,

naquelas em que não houver condenação ou for vencida a

Fazenda Pública, e nas execuções embargadas ou não, os

honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa

do juiz, atendidas as normas das alíneas "a", "b" e "c" do

parágrafo anterior.

A regra para fixação dos honorários advocatícios é sua

aplicação sobre o valor da condenação, no caso, o valor da execução, pois

com a exceção de pré-executividade houve a extinção do processo.

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Esta regra que prevê que cabe ao Juiz a fixação dos

honorários fora do patamar previsto para os particulares, parágrafo 3º do artigo 20,

é absolutamente inconstitucional.

A regra ora em questão (§4°, do artigo 20, da Lei 5.869

– de 11-01-1973 na parte em que privilegia condenações contra a Fazenda

Pública) afronta o princípio constitucional da igualdade, foi editada sob os

auspícios do ato institucional de 1969, uma Constituição Imposta, criada sob a

égide do pensamento antidemocrático, quando não se imaginava igualdade entre o

Estado (todo poderoso) e os particulares.

Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988,

instituída por um Poder Constituinte Originário (não à toa chamada de cidadã, por

sua índole democrática), todos são iguais perante a Lei, portanto, a

condenação sucumbencial no processo civil tem de ser igual para o particular

e para o Estado.

O artigo 5º da Constituição Federal dispõe que “Todos

são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,

à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:”. Esta

garantia consta de todas as Constituições Brasileiras e é pilar do Sistema

Constitucional Brasileiro.

Muito embora se entenda que esta garantia de isonomia

não seja absoluta, pois há na própria Constituição Federal normas anti-

isonômicas, não se admite que possa a legislador infraconstitucional criar

normas discriminatórias.

No processo civil, a busca pela isonomia entre as partes

é fundamental, tanto que se admitem regras que, em princípio desigualam as

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partes, como é o caso da inversão do ônus da prova para o consumidor, entre

outros.

Em suma, uma norma que em tese desiguala as

partes pode ser isonômica, desde que o objetivo seja igualar partes

desiguais.

CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO1, sobre este

tema, entende que se deve indagar “se há justificativa racional para, à vista o traço

desigualador adorado, atribuir o específico tratamento jurídico construído em

função da desigualdade afirmada”.

Para CRISTIANE FLORES SOARES ROLLIN2, “estará

violada a garantia do tratamento isonômico sempre que não houver correlação

lógica entre a norma que estabeleceu a desigualdade e o fator que a tenha

ensejado”.

No caso em tela, quanto aos honorários advocatícios há

extrema desigualdade entre as partes, pois a Apelante – Contribuinte – É

MUITO MAIS FRÁGIL QUE A FAZENDA NACIONAL. Somente a título de

exemplo, tem-se que os Advogados da Apelante estão advogando para uma

pessoa jurídica em liquidação judicial (falida), em contrato de risco cuja

remuneração é a sucumbência, todo o processo é custeado pelos Advogados da

Apelante, ao passo que os Procuradores da Fazenda3 (que tiveram ixados

honorários de 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa), para atuar

1 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. O Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade. 3.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, p.41. 2 DONADEL, Adriane... [et. al].As garantias do cidadão no processo civil: relações entre constituição e processo. Org. Sérgio Porto. Porto Alegre: Licraria do Advogado, 2003, p. 63. 3

Julgador:

Gérson Martins da Silva

Despacho:

Vistos. Recebo a inicial. Cite-se executivamente na forma da LEF. Para o caso de pronto pagamento ou

não-oposição de embargos, fixo honorários advocatícios em 10%.

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no feito usam papel pelo qual não pagam, computador que não pagam, energia que

não custeiam, a petição é levada ao Fórum por um preposto que não remuneram,

etc: em outras palavras, os Procuradores da Fazenda não têm custo algum

com o processo, sem contar a estrutura Jurídica ao seu dispor. Portanto, se há

alguma iniqüidade que merece ser revista é em favor da Apelante.

O fator que paulatinamente tem sido invocado para

ensejar esta desigualdade na fixação de honorários sucumbenciais é “O

INTERESSE PÚBLICO”.

Em nome do “interesse público” a lei processual

concede este PRIVILÉGIO à Fazenda, que, na prática, determina a

INEXISTÊNCIA DE SUCUMBÊNCIA PARA A FAZENDA.

Entende a Recorrente que efetivamente trata-se de um

PRIVILÉGIO e não de prerrogativa.

ADA PELLEGRINI GRINOVER4 distingue prerrogativas

de privilégios nos seguintes termos: “As prerrogativas são instituídas em razão do

interesse público e, por isso, são irrenunciáveis. Os privilégios, em contrapartida,

são instituídos para proteção de interesses pessoais”.

O interesse público é algo vago, seu conceito está

embasado com o bem comum, outro instituto vago, onde cabe tudo e ao mesmo

tempo, nada.

Em tese, se se pensar no conceito abrangente, sempre

a Fazenda Pública tratará do interesse público, porém, isto não é verdade;

pelo menos para justificar o privilégio de litigar com absurda e desigualitária

vantagem de não pagar honorários nos mesmos patamares que o particular.

4 GRINOVER, Ada Pellegrini. Os Princípios Constitucionais e o Código de Processo Civil. São Paulo: Bushatsky, 1975, p. 25.

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Para o particular, a condenação honorária – se vencido

– será de 10% a 20% sobre o valor da condenação. Para a Fazenda, na mesma

ação, a condenação poderá ser inferior a 10% do valor da condenação, e neste

caso foi exatamente isso que ocorreu.

A Fazenda ajuizou uma execução cujo crédito tributário

estava com a exigibilidade suspensa e seus Patronos tiveram honorários

arbitrados em 10%.

A Apelante teve de buscar no mercado Advogados com

experiência que aceitassem trabalhar tendo por remuneração a verba

sucumbencial. Os Advogados atuaram e conseguiram que a execução fosse

extinta. Porém, para os Advogados que não tem todo o aparato público ao seu

dispor, os honorários foram fixados em R$2.000,00.

Esclarecem os Recorrentes que no caso em tela faltou à

Fazenda bom senso e razoabilidade, sendo o ajuizamento da ação uma completa

temeridade.

Esta diferenciação de tratamento afronta a garantia da

isonomia processual e não se justifica, visto que neste processo a Fazenda atuou

como parte tal qual a Recorrente e deve correr os mesmos riscos de sucesso

ou insucesso na demanda.

Neste sentido lecionam ROGÉRIO DE LAURIA TUCCI E

JOSÉ ROGÉRIO CRUZ E TUCCI5: “não há como vislumbrar diferença, de que

natureza seja, entre a sucumbência de um particular e a de uma pessoa

jurídica de direito público, no processo civil. E isso, sobretudo, à vista do motivo

determinante da adoção da regra da sucumbência, qual seja, a de que ao vencedor

5 TUCCI, Rogério de Lauria; TUCCI, José Rogério Cruz e. Constituição de 1988 e Processo. São Paulo: Saraiva, 1989, p. 40.

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deve ser assegurada total reparação patrimonial dos encargos resultantes da

demanda”.

ADA PELLEGRINI GRINOVER6 sobre este tema assim

afirma: “não se trata de levar em consideração o aparelhamento completo dos

órgão estatais; não se trata, tampouco, de atentar para o interesse social ou bem

comum. O que se pretende, simplesmente, é privar a parte contrária da parcela

de honorários que receberia, se seu adversário, sucumbente, não fosse órgão

estatal”.

Estas opiniões vão ao encontro da tese aqui exposta.

O argumento contrário à condenação da Fazenda ao

pagamento de honorários no mesmo patamar que o particular é o interesse

público, porque, em última análise os honorários seriam pagos pela população...

Ocorre que o privilégio aqui combatido não atinge somente a Recorrente ou alguns

particulares, mas uma coletividade, uma infinidade de pessoas que buscam a

tutela Jurisdicional contra o estado. A Recorrente obteve êxito porque o ato da

Fazenda foi ilegal, a dívida estava PARCELADA, onde fica o tão propalado

princípio da eficiência dos serviços públicos? Ajuizar execução de crédito

tributário com exigibilidade suspensa é a prova cabal que o serviço público

não é eficiente e que o que quer a Fazenda é tão só arrecadar valores, sem

qualquer respeito ao contribuinte.

A regra ora em questão (§4°, do artigo 20, da Lei 5.869

– de 11-01-1973 na parte em que privilegia condenações contra a Fazenda

Pública) desestimula o exercício da cidadania e a própria melhoria do serviço

de arrecadação pública, pois a Fazenda pensaria duas vezes antes de

ingressar com ação temerária.

6 GRINOVER, ob. cit., p. 40/41.

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Além disso, afronta o princípio constitucional da

igualdade, foi editada sob os auspícios do ato institucional de 1969, uma

Constituição antidemocrática.

Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988,

todos são iguais perante a Lei, portanto, a condenação sucumbencial no

processo civil tem de ser igual para o particular e para o Estado.

Não se pode aqui invocar princípio de Direito

Administrativo da prevalência do interesse público sobre o privado.

Em termos de processo civil todos são iguais, até

mesmo porque a abertura absurda e discriminatória de possibilidade de

fixação de honorários abaixo dos 10% sobre o valor da condenação, com base

no parágrafo 4º, do artigo 20, do Código de Processo Civil quando a parte vencida

for a Fazenda ACABA COM A REGRA DA SUCUMBÊNCIA.

Isso é desigual, irrazoável, desproporcional e

injustificável frente ao princípio da isonomia.

Para ser coerente, ou se declara inconstitucional o

parágrafo 4º, do artigo 20, do Código de Processo Civil na parte que diz respeito à

Fazenda, OU SE DECLARA QUE O ARTIGO 5º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

NÃO SERVE PARA NADA.

Demais disso, há uma questão de ordem prática

muito importante que está em jogo e a aplicação da benesse de não arcar com

os ônus sucumbenciais afronta o sistema jurídico, na medida em que estimula

lides e atos temerários dos agentes públicos, que – na pior das hipóteses, terão

somente os atos anulados, sem enfrentar os riscos que os particulares têm ao

litigar em Juízo.

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É óbvio que se a Fazenda Pública não fosse

privilegiada por aqueles que aplicam a regra citada, fixando honorários

advocatícios no mais das vezes irrisórios e desproporcionais aos honorários que

são fixados - em percentual - aos advogados da Fazenda, o Judiciário não

estaria tão abarrotado de processos e recursos estatais, os quais no mais das

vezes são meramente procrastinatórios.

Já está na hora de se desestimular atos como os que

estão sendo objeto da presente lide através da condenação firme e proporcional

aos danos, da Fazenda Pública.

Portanto, a decisão recorrida contraria o artigo 5º da CF,

merecendo reforma, para o fim de, com base na inconstitucionalidade do parágrafo

4º do artigo 20 do CPC, serem arbitrados honorários advocatícios entre 10% e 20%

sobre o valor da condenação, caso entenda este Supremo Tribunal Federal,

determinar a remessa dos autos para o Tribunal de origem para que valore os

honorários, atendendo ao limite mínimo de 10% sobre o valor da causa.

III – Do cabimento do Recurso Extraordinário

Dispõe o artigo 102, III, “a”, da Constituição da

República Federativa do Brasil, que compete ao Supremo Tribunal Federal,

precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe julgar, mediante recurso

extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão

recorrida contrariar dispositivo da Constituição Federal.

A decisão recorrida contrariou o disposto no artigo 5º,

XXXVI da Constituição da República Federativa do Brasil, nos termos da

fundamentação supra.

Ressalta a Recorrente que não se trata de

questionamento sobre fatos.

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IV – Repercussão Geral

Muito embora a discussão em tela tenha efeitos

patrimoniais e subjetivos das partes, esta questão tem repercussão geral.

A decisão deste processo terá repercussão em todas as

demandas entre Contribuintes e as Fazendas Públicas no Brasil, sejam elas

municipais, estaduais, distrital e federal, alterando o entendimento que tem

aviltado honorários de todos os Advogados do Brasil.

Este aviltamento dos honorários importa em fragilização

do princípio do ônus sucumbencial.

A aplicação do parágrafo 4º, do artigo 20, do Código de

Processo Civil em benefício da Fazenda Pública para fixar honorários abaixo de

10% afronta o sistema jurídico na medida que estimula lides, atitudes e atos

temerárias dos agentes públicos, que – na pior das hipóteses, terão somente os

atos anulados, SEM ENFRENTAR OS RISCOS QUE OS PARTICULARES TÊM

AO LITIGAR EM JUÍZO.

É óbvio que se a Fazenda Pública não fosse privilegiada

por aqueles que aplicam a regra citada fixando honorários advocatícios no mais das

vezes irrisórios e desproporcionais aos honorários que são fixados - em percentual

- aos advogados da Fazenda, o Judiciário não estaria tão abarrotado de

processos e recursos estatais, os quais no mais das vezes são meramente

procrastinatórios.

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Já está na hora de se desestimular atos como os que

estão sendo objeto da presente lide através da condenação firme e proporcional

aos danos, da Fazenda Pública.

O julgamento deste recurso extraordinário trará

equidade ao mundo jurídico, pois primeiramente a Recorrente crê que este

Supremo Tribunal Federal, guardião da Constituição concederá o direito pleiteado

com base na inconstitucionalidade das normas referidas.

A decisão deste processo será balizadora do

posicionamento deste Supremo Tribunal Federal para todos os contribuintes do

Brasil, tendo repercussão jurídica (pois a decisão recorrida atenta contra princípios

da Carta da República) e social (pois as Fazendas Públicas passarão a respeitar

os contribuintes, evitando-se inúmeros processos).

Portanto, além de repercussão jurídica, este caso tem

repercussão prática, pois a União certamente passará a respeitar os direitos dos

contribuintes, fazendo com que menos demandas sejam ajuizadas.

V – Requerimentos

Ante ao exposto, Requer:

Seja recebido, conhecido e provido provimento o

presente recurso extraordinário para o fim de reformar o acórdão e fixar honorários

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advocatícios sucumbenciais aos patronos da Recorrente, entre 10% e 20% sobre o

valor da condenação, ou determinar que o órgão a quo fixe honorários com base no

artigo 20, parágrafo 3º, do Código de Processo Civil, respeitando o limite mínimo

de 10%, com base na inconstitucionalidade do parágrafo 4º do artigo 20 do

Código de Processo Civil.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Porto Alegre, 23 de novembro de 2010.

xxxxxxxxxx,

OAB/RS xxxxxxxxxxxx.