excelentÍssimo relator ministro herman benjamin...
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COLIGAÇÃO COM A FORÇA DO POVO (PT -PMDB-PSD-PP-PR-PROS-PDT-PCdoB -PRB)
DILMA - PRESIDENTA / MICHEL TEMER – VICE
EXCELENTÍSSIMO RELATOR MINISTRO HERMAN BENJAMIN DO
COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL
“A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar”
Martin Luther King Jr
Ação de Investigação Judicial Eleitoral nº 1943-58
Representantes: Coligação Muda Brasil e outro
Representados: Dilma Vana Rousseff e outros
DILMA VANA ROUSSEFF e a COLIGAÇÃO COM A FORÇA
DO POVO, ambas devidamente registradas e identificadas perante esse Egrégio
Tribunal Superior Eleitoral, vêm perante V. Exa., por seus procuradores,
tempestivamente, apresentar
A L E G A Ç Õ E S F I N A I S
à ação em epígrafe ajuizada pela Coligação Muda Brasil e outro, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos.
COLIGAÇÃO COM A FORÇA DO POVO (PT -PMDB-PSD-PP-PR-PROS-PDT-PCdoB -PRB)
DILMA - PRESIDENTA / MICHEL TEMER – VICE
I. A AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL
Alegam os Autores que a “eleição para Presidente e Vice-Presidente ocorrida
no ano de 2014 se mostrou viciada pelo abuso do poder econômico, político e fraude, revelando-se
ilegítimo o mandato outorgado aos dois primeiros representados”.
Sustentam a alegada existência de ilícitos no curso da campanha, de
modo que, segundo afirmam, tornou-se possível compreender que se cuidava de uma
ação coordenada visando a garantir o êxito do projeto reeleitoral dos requeridos.
A existência dos supostos “ilícitos” arrolados na inicial, porém, não se
sustenta. Realmente, i)ou já foram analisados previamente por esse Eg. Tribunal; ou ii)
estão pendentes de apreciação em autos de outras representações; iii) ou, ainda, não
traduzem nenhuma ilicitude, e nenhum deles possui, isolada ou conjuntamente,
relevância ou gravidade suficiente para caracterizar abuso do poder econômico ou
fraude, como se verá mais adiante.
Com efeito, são os seguintes os supostos “ilícitos”elencados pelos
Autores:
1. Desvio de finalidade na convocação de rede nacional de emissoras de
radiodifusão;
2. Manipulação na divulgação de indicadores socioeconômicos;
3. Uso indevido de prédios e equipamentos públicos para a realização de
atos próprios de campanha;
4. Veiculação de publicidade institucional em período vedado;
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5. Realização de gastos de campanha em valor que extrapola o limite
informado;
6. Financiamento de campanha mediante doações oficiais de
empreiteiras contratadas pela Petrobrás como parte da distribuição de
propinas;
7. Massiva propaganda eleitoral levada a efeito por meio de geridos por
entidades sindicais;
8. Transporte de eleitores por meio de organização supostamente não
governamental que recebe verba pública para participação em comício
na cidade de Petrolina/PE; e
9. Uso indevido de meios de comunicação social consistente na
utilização do horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão para
veicular deslavadas mentiras.
Ocorre, todavia, que a instrução processual não se encerrou apenas
com os requerimentos formulados à inicial, tendo sido unificada a instrução da ação
epigrafada com a AIME 761 e a RP 846, acrescendo-se, então os seguintes supostos
ilícitos:
10. Despesas irregulares – falta de comprovantes idôneos de significativa
parcela das despesas efetuadas na campanha dos requeridos; e
11. Fraude – disseminação de falsas informações a respeito da extinção
de programas sociais.
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À exceção do 11º suposto “ilícito”, todos os demais – do 1º ao 10º –
foram inseridos como causa de pedir das mencionadas ação de investigação judicial
eleitoral e representação, não passando aqui, portanto, repita-se, de mera reprodução.
Dessa forma, passou-se à instrução do processo, sendo que, conforme
DIVERSAS manifestações da Representada, a causa de pedir foi extremamente
alargada, tendo sido acatada a produção de provas de fatos que sequer foram
mencionados pelos Representantes.
Transcorridos mais de dois anos do início do processo, foram ouvidas
mais de 51 testemunhas, algumas mais de uma vez, sendo 43 delas a pedido dos autores
e testemunhas do juízo, bem como apenas 8 testemunhas requeridas pela defesa. Como
restará demonstrado, a forma de condução do rito instrutório está eivado de vício
decorrente de cerceamento de defesa, o que se verifica também a partir do número de
testemunhas ouvidas por cada parte. Eis a lista de testemunhas ouvidas:
a) Testemunhas de defesa
1. Edson Antônio Edinho Silva
2. Clélia Mara dos Santos
3. GilesCarriconde Azevedo
4. Rogério Theodoro
5. José Alencar da Cunha Neto
6. Vicente Jordão Jardim Mentone
7. Paulo Fernando Paes Landim
8. Edielson José Rocha
b) Testemunhas arroladas pelos Representantes:
9. Otávio Marques de Azevedo
10. Flávio David Barra
11. Hamylton Pinheiro Padilha Júnior
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12. Júlio Gerin de Almeida Camargo
13. Pedro José Barusco Filho
14. ZwiSkornicki
15. Augusto Ribeiro de Mendonça Neto
16. Ricardo Ribeiro Pessoa
17. Cláudio Augusto Mente
18. Ildefonso Colares Filho
19. Dalton dos Santos Avancini
20. Marcelo SturliniBisordi
21. Elton Negrão de Azevedo Júnior
22. Fernando Antônio Falcão Soares
23. Eike Batista
24. Mário Frederico de Mendonça Goés
25. Rogério Nora de Sá
26. Vitor SarquisHallack
27. Elias Silva de Matos
28. Carlos Cortegoso
29. Beckembauer Rivelino de Alencar Braga
30. HertonEllery Araújo
31. Paulo Roberto Costa
32. Eduardo Hermelino Leite
33. Rodrigo Zanardo
34. Rogerio Zanardo
35. Luiz Carlos Martins
36. José Sérgio de Oliveira Machado
c) Testemunhas do juízo:
37. Alberto Youssef
38. Thiago Martins da Silva
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39. Isac Gomes da Silva
40. Vivaldo Dias da Silva
41. Jonathan Gomes Bastos
42. Delcídio do Amaral Gomez
43. Nestor Cerveró
Destacam-se, ainda, as testemunhas que foram ouvidas na chamada
“Fase Odebrecht”:
44. Marcelo Bahia Odebrecht (testemunha do juízo)
45. Maria Lucia Tavares (testemunha do juízo)
46. Claudio Mello Filho (testemunha do juízo)
47. Hilberto Mascarenhas (testemunha do juízo)
48. Fernando Migliaccio (testemunha do juízo)
49. Benedito Junior (testemunha do juízo)
50. Luiz Eduardo da Rocha Soares (testemunha do juízo)
51. Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis (testemunha do
juízo)
52. Alexandrino de Salles Ramos Alencar (testemunha do juízo)
E vamos além, após a sessão de julgamento em 04 de abril último, ao
decidir sobre Questão de Ordem sustentada pelo Relator, a Corte decidiu fossem
colhidos os depoimentos de:
53. Guido Mantega – testemunha de defesa
54. Monica Moura – testemunha do juízo a pedido do MPE
55. João Santana - testemunha do juízo a pedido do MPE
56. André Santana - testemunha do juízo a pedido do MPE
Também foram levadas a efeito outras medidas probatórias, tais como
perícia técnica; quebra de sigilo bancário e fiscal; buscas e apreensões em prestadores de
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serviços de campanha, terceirizadas e seus sócios; além de envio de ofícios a operadoras
de telefonia, companhias aéreas, 13ª Vara Federal de Curitiba, Supremo Tribunal
Federal e Procuradoria Geral da República, para que compartilhassem documentos.
Como se demonstrará, não obstante tamanho esforço investigativo, a
instrução mostrou-se absolutamente inócua, uma vez que, mesmo decorridos quase
dois anos de intensas diligências, não restaram provados quaisquer fatos que
possam ser imputados como ilícitos eleitorais.
II – PRELIMINARES
II.i) PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO EM VIRTUDE DA
CASSAÇÃO DE MANDATO EM PROCESSO DE IMPEACHMENT
À época do ajuizamento das presentes ações eleitorais, a Representada
Dilma Rousseff encontrava-se no exercício do mandato de Presidenta da República,
para o qual havia sido reeleita, com mais de 54 milhões e 500 mil votos.
Todavia, como é de conhecimento público e notório, em 31 de agosto
último, a Requerida teve decretada a perda do cargo de Presidente da República,
conforme registra a Resolução n. 35/2016 ora reproduzida:
RESOLUÇÃO Nº 35, DE 2016
Dispõe sobre sanções no Processo de Impeachment contra a
Presidente da República, Dilma Vana Rousseff, e dá outras
providências. O Senado Federal resolve:
Art. 1º É julgada procedente a denúncia por crimes de
responsabilidade, previstos nos art. 85, inciso VI, e art. 167, inciso V,
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da constituição Federal, art. 10, itens 4, 6 e 7, e art. 11, itens 2 e 3,
daLei nº 1.079, de 10 de abril de 1950.
Art. 2º Em consequência do disposto no artigo anterior, é imposta à
Senhora Dilma Vana Rousseff, nos termos do art. 52, parágrafo
único, da Constituição Federal, a sanção de perda do cargo de
Presidente da República, sem prejuízo das demais sanções
judiciais cabíveis, nos termos da sentença lavrada nos autos da
Denúncia nº 1, de 2016, que passa a fazer parte desta Resolução.
Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Senado Federal, em 31 de agosto de 2016.
Senador Renan Calheiros
Presidente do Senado Federal
Embora tenha a Representada impetrado Mandado de Segurança ao
Supremo Tribunal Federal contra este ato, não houve a concessão de medida liminar
pelo então relator Ministro Teori Zavascki.
Assim sendo, decretada a perda do cargo de Presidente da República,
não podem subsistir as presentes ações eleitorais que têm por objeto a cassação do seu
diploma eletivo.
Sem sombra de dúvidas, tanto a AIME (art.14, parágrafos 10 e 11,
CRFB), como a Representação (art. 30-A, Lei n.9504/97), têm por objeto a cassação de
diploma eletivo, ao passo que a AIJE (art. 22 e ss. da LC 64/90) objetiva a cassação do
diploma eletivo, assim como a inelegibilidade por 8 anos.
O tema não é novo para o Tribunal Superior Eleitoral, em outros
casos de perda de mandato, como demonstram os julgados a seguir:
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ELEIÇÕES 2008. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO
ESPECIAL. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL
ELEITORAL JULGADA IMPROCEDENTE PELO TRE.
DECADÊNCIA. PERDA DO OBJETO. ENCERRAMENTO DO
MANDATO. MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA.
Recurso especial eleitoral que objetiva a reforma do acórdão regional
para cassar diploma e declarar inelegibilidade. Término do mandato.
Perda superveniente de objeto, pois exaurido o mandato. Precedentes.
Não há previsão legal para a pretendida aplicação de multa em ação
de investigação judicial eleitoral.
4. Agravo regimental desprovido.1
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ELEIÇÕES
2008. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL.
AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO. PERDA DE OBJETO.
SÚMULA 182 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
FUNDAMENTAÇÃO. DEFICIÊNCIA. AGRAVO
REGIMENTAL DESPROVIDO.
Não foram infirmados os fundamentos da decisão agravada relativos à
alegada afronta aos artigos 157, § 11, 206, 207, 252, II, e 258 do
Código de Processo Civil. A ausência de impugnação de fundamento
autônomo, apto, por si só, a manter a decisão recorrida, atrai a
incidência do disposto ria Súmula 283 do STF.
Às supostas condutas ilícitas praticadas pelo recorrido incidem as
penas de cassação de mandato e inelegibilidade de três anos, tendo em
vista que os fatos narrados ocorreram durante as eleições de 2008,
anteriormente à vigência da LC n° 135/2010. Tendo sido julgada
1 AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL N° 550-39. Relator Ministro Gilmar Mendes.
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Improcedente a AIJE pela Corte Regional, está prejudicado o
presente recurso, por perda de objeto. Precedentes.
Agravo regimental desprovido.2
ELEIÇÕES 2008. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO
ESPECIAL. PERDA DE OBJETO. PREFEITO. CAPTAÇÃO
ILÍCITA DE SUFRÁGIO E ABUSO DE PODER ECONÔMICO.
DESPROVIMENTO.
1. Os recursos especiais interpostos do decisum regional estão
prejudicados pela perda de objeto, diante do término do mandato
eletivo relativo à legislatura 2009-2012.
[ ... ] 4. Agravo regimental desprovido.3
Pelo exposto, resta bastante evidente que a perda de mandato da
Representada constitui situação fática que resulta em perda superveniente do interesse
de agir naquelas ações que têm como objeto a cassação do mandato eletivo, de modo
que deve ser prolatada decisão de extinção da ação sem apreciação do mérito quanto à
cassação do mandato com fulcro no artigo 485, inciso VI do novo Código de Processo
Civil.
II.ii) LITISPENDÊNCIA E EXTINÇÃO
Dispõe o § 1º do art. 337 do CPC que se verifica “a litispendência ou a
coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.”.O § 2º do mesmo art. 337
esclarece, por sua vez, que uma “ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma
causa de pedir e o mesmo pedido”.
É o que se dá na hipótese dos autos.
2AgR-REspe n° 36.702 (43140-66)/MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 27.11.2014. 3AgR-REspe n° 9586970-09/CE, Rel a. Ministra LAURITA VAZ, DJE 21.8.2013.
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Realmente, basta a leitura das três iniciais – da presente Ação de
Investigação Judicial Eleitoral, da Ação de Impugnação de Mandato Eletivo 761 e da
Representação nº 8-46 – para se verificar a absoluta tríplice identidade das partes,
da causa de pedir e do pedido.
Os Autores – a Coligação Muda Brasil e o Partido Social da
Democracia Brasileira – e os Réus – Dilma Vana Rousseff e Michel Miguel Elias Temer
Lulia – são os mesmos.
As causas de pedir – do 1º ao 9º supostos “ilícitos” – são também as
mesmas.
Da mesma forma, os pedidos numa e noutra ação são iguais, isto é,
“que após regular processamento seja julgada procedente a presente ação, para declarar inelegíveis os
representados, cassando-se o registro do candidatos beneficiados com os atos de abuso de poder” (itens j
dos respectivos pedidos).
Tanto são absolutamente idênticas as iniciais naqueles pontos que os
“Representantes” aqui – na AIJE – e que eram “Autores” ou “Representantes” lá – na AIME
761 – não tiveram sequer a preocupação de alterar a nomenclatura dos Réus na inicial
da presente ação, tratando-os também lá como “investigados” ou “primeira investigada”,
certamente por conta da reprodução fiel da inicial.
Essa reprodução, no entanto, é vedada e deve conduzir à
extinção dos processos posteriormente ajuizados veiculando idêntico objeto e
partes, nos termos do art. 485, V, do CPC.4
4 Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência
ou de coisa julgada.
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Requer, portanto, seja reconhecida a litispendência, para
decretar a extinção sem julgamento de mérito da AIME -761 e da RP 8-46.
II.iii)IMPOSSIBILIDADE DE O TSE CASSAR DIPLOMA DE PRESIDENTE
DA REPÚBLICA
Cuida o presente processo de 3 ações conexas, sendo duas delas
decorrentes de lei e uma de índole constitucional: a ação de impugnação de mandato
eletivo (AIME). Trata-se de ação absolutamente excepcional no âmbito eleitoral, que
tem como finalidade, como é sabido, a gravíssima consequência de cassação dos
mandatos de Presidente e Vice-Presidente, legitimamente reeleitos pelo voto popular.
Sendo assim, há que se permear o julgamento desta ação com
princípios e normas constitucionais, sobretudo aquelas previstas no artigo 86, caput e
parágrafo 4º. da Constituição da República.
Com efeito, a Carta Magna, em seu artigo 86, caput estabelece o
regime constitucional de responsabilização do Presidente da República. E o faz de
forma taxativa e categórica em duas hipóteses: responsabilização por prática de crime
de responsabilidade (art.85, art.86, caput) ou por infração penal comum (art.86, caput e
parágrafo 1º, inciso I).
Ou seja: não prevê a Constituição Federal, de forma expressa, que
Presidente e Vice-Presidente da República possam ter seus diplomas (e mandatos)
cassados durante o seu exercício.
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Situação similar à presente foi apreciada pelo TSE nos autos da
Representação 10.887/91 (Resolução 17.745), com declínio de competência para o
STF:
De outro turno, o parágrafo 4º do mesmo artigo 86 estabelece que o
“Presidente da República, na vigência de seu mandato, não poderá ser responsabilizado por atos
estranhos ao exercício de suas funções.”
Por derradeiro, cumpre realçar que eventuais decisões anteriores desta
Corte Superior Eleitoral em AIMEs referentes a mandatos de Governadores, Prefeitos,
Senadores e Deputados, merecem ser consideradas com cautela, uma vez que a
Constituição Federal estabelece regime jurídico específico e diferenciado de
responsabilização de Presidente e Vice-Presidente da Republica.
II.iv) EXTRAPOLAÇÃO ILEGAL DO OBJETO
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Contextualização necessária
Com a devida vênia, o presente processo divide-se em duas fases
bastantes distintas que assim denominaremos:
a) FASE PRÉ-ODEBRECHT –com início em dezembro de 2014 e
término em 28 de fevereiro de 2017.
Duração – 2 anos e 3 meses
Fatos – 11 supostos ilícitos
Testemunhas –41
Realização de perícia contábil e força-tarefa com PF, SRF e
COAF.
22 volumes
b) FASE ODEBRECHT – com início em 23 de fevereiro de 2017 e
término em 28 de abril último (encerramento da instrução)
Duração – 61 dias
Fatos – sem identificação pelo Juízo nem pelos advogados dos
Representantes, uma vez que não constaram das exordiais de
nenhuma das 3 ações eleitorais
Testemunhas – 14
6 volumes
Por óbvio, após 2 anos e 3 meses de intensa tramitação processual, a
lide e o objeto processual encontravam-se plenamente estabilizados, superada a fase de
oitiva de testemunhas, e em fase final de conclusão dos trabalhos periciais.
No entanto, houve um verdadeiro atropelo procedimental, com a
decisão de oficio, do eminente Ministro Relator, fundada em “vazamentos” colhidos na
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mídia escrita, de ouvir novas testemunhas, todos colaboradores premiados do Grupo
Odebrecht. A partir daí, foram 10 testemunhas em e 2 acareações em apenas 10 dias.
E mais:
- sem que o eminente Ministro Relator tivesse delimitado o novo
objeto da lide e o “novo libelo acusatório” oriundo apenas das testemunhas de juízo, e
não dos Representantes, nem do Ministério Público
- sem que tivesse concedido oportunidade à defesa para exercer o
indispensável contraditório e ampla defesa, uma vez que somente deferiu a reinquirição
de Edinho Silva, e indeferiu todos os requerimentos formulados que envolviam a oitiva
de novas testemunhas, a maioria delas referidas nos depoimentos do Grupo Odebrecht,
e também indeferiu todos os requerimentos para a colheita de documentos e
informações.
Somente após o acolhimento de Questão de Ordem perante o
Plenário do TSE, é que se admitiu a oitiva de uma segunda testemunha de defesa, o Ex-
Ministro Guido Mantega.
Todavia, foram admitidas também novas três testemunhas do juízo,
Monica Moura, Joao Santana e André Santana a partir de requerimento feito em sessão
pelo MPF.
A ilegal e inadmissível extrapolação do objeto após a consolidação da
lide será tratada neste tópico, ao passo que o inaceitável atropelo procedimental e brutal
ofensa ao principio constitucional do contraditório e ampla defesa serão tratados em
tópico posterior.
Extrapolação Ilegal do Objeto
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O instrumento de instauração e formalização da ação é a petição
inicial que, guardando a argumentação deduzida e externando a pretensão agitada,
delimita as balizas do litígio a ser solvido, fixa o seu objeto e possibilita ao réu defender-
se contra os argumentos e o pedido deduzidos em seu desfavor.
Em Ação de Investigação Judicial Eleitoral, que encontra seu
cabimento e procedimento no art. 22 da Lei complementar 64/90, não é diferente, in
verbis:
Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público
Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral
ou Regional, relatando fatos eindicando provas, indícios e circunstâncias
e pedir abertura de investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso
do poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos
ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político,
obedecido o seguinte rito: (Vide Lei nº 9.504, de 1997).
I - o Corregedor, que terá as mesmas atribuições do Relator em processos judiciais,
ao despachar a inicial, adotará as seguintes providências:
a) ordenará que se notifique o representado do conteúdo da
petição, entregando-se-lhe a segunda via apresentada pelo
representante com as cópias dos documentos, a fim de que, no
prazo de 5 (cinco) dias, ofereça ampla defesa, juntada de
documentos e rol de testemunhas, se cabível; (...)
V - findo o prazo da notificação, com ou sem defesa, abrir-se-á
prazo de 5 (cinco) dias para inquirição, em uma só assentada,
de testemunhas arroladas pelo representante e pelo
representado, até o máximo de 6 (seis) para cada um, as quais
comparecerão independentemente de intimação;
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VI - nos 3 (três) dias subseqüentes, o Corregedor procederá a todas as diligências
que determinar, exofficio ou a requerimento das partes;
VII - no prazo da alínea anterior, o Corregedor poderá ouvir
terceiros, referidos pelas partes, ou testemunhas, como
conhecedores dos fatos e circunstâncias que possam influir na
decisão do feito;
Pela mera leitura do artigo acima transcrito fica claro que a parte
autora deverá descrever os fatos, indicar provas e arrolar testemunhas juntamente com
a inicial, ficando impossibilitada de inovar em tais itens indefinidamente em momento
posterior.
Com efeito, a indicação de provas e testemunhas foi realizada pelos
Representantes às fls. 27 verso e 28. A partir daí, abriu-se prazo para apresentação da
resposta e passou-se à fase de dilação probatória
As provas testemunhais requeridas pelos Representantes foram
produzidas, bem como novos requerimentos para oitiva de pessoas referidas pela
testemunha Herton Araújo.
Assim, decorrido o prazo legal para apresentação de resposta, a
teor do disposto nos incisos V a IX do Art. 22 da Lei Complementar n° 64,
entende-se como transpassada a fase de requerimentos probatórios, não
cabendo mais qualquer requerimento nesse sentido!
A oportunidade para requerimentos de provas adicionais se tornou
preclusa, como leciona Fredie Didier:5
5 DIDIER, Fredie Jr. Curso de Processo Civil v. III, 2009, pg. 50.
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“A preclusão é definida como a perda de uma situação jurídica ativa processual:
seja perda de poder processual das partes, seja perda de um poder do juiz”
Verdadeiramente, o instituto da preclusão se apresenta como um
limitar ao exercício abusivo dos poderes processuais das partes, bem como impede que
questões já decididas pelo magistrado possam ser reexaminadas, evitando-se com isso o
retrocesso e insegurança jurídica. Opera-se, nesse sentido, a preclusão temporal
consistente na perda do poder processual em razão de seu exercício em momento
oportuno.
No mesmo sentido ora defendido, o Tribunal Superior Eleitoral já
decidiu que a AIJE deve vir instruída com os documentos e rol de testemunhas
necessários à valoração probatória pleiteada, sendo que qualquer extrapolação do objeto
não pode ser valorada:
RECURSO ORDINÁRIO. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO
JUDICIAL ELEITORAL (AIJE) COM BASE NO ART. 22 DA
LEI COMPLEMENTAR Nº 64/90 (ABUSO DE PODER
ECONÔMICO) E ART. 30-A DA LEI Nº 9.504/97
(IRREGULARIDADES NA ARRECADAÇÃO E GASTOS DE
RECURSOS DE CAMPANHA). CERCEAMENTO DE DEFESA.
NÃO OCORRÊNCIA. PRECLUSÃO. PRAZO PARA O
AJUIZAMENTO. PRAZO DECADENCIAL. INEXISTÊNCIA.
FIM DO MANDATO. PERDA DO INTERESSE DE AGIR.
MÉRITO. DOAÇÃO ESTIMÁVEL EM DINHEIRO. AUSÊNCIA
DE DECLARAÇÃO E RECIBO ELEITORAL. SANÇÃO
APLICÁVEL. NEGATIVA DE OUTORGA DO DIPLOMA OU
A CASSAÇÃO. ART. 30-A, § 2º. ABUSO DE PODER
ECONÔMICO. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
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1. Não prospera a alegação de cerceamento de defesa, já que a
peça defensiva na ação de investigação judicial deve vir
instruída com os documentos e o rol de testemunhas
indispensáveis para a demonstração do alegado em suas
razões.No caso, a tese de que seria necessária a oitiva de
testemunhas está preclusa, pois o investigado não indicou, de
pronto, o respectivo rol, conforme determina o art. 22, I, a, da
Lei Complementar nº 64/90. Além disso, não juntou nenhum documento
que pudesse demonstrar o alegado em suas razões. 2. Sendo a prova pericial
prescindível para o deslinde do caso, não há ofensa ao art. 5º, LV, da
Constituição. Precedente: REspe nº 21.421/SP, Rel. Min. Fernando Neves, DJ
de 21.5.2004. No caso, o investigado não demonstrou a necessidade da prova.
Intimado a apresentar alegações finais, protocolou-as oportunamente, sem, contudo,
suscitar a ausência de manifestação do e. Tribunal a quo a respeito das provas
requeridas. (...)6
Em caso que muito se assemelha à questão ora debatida, em
julgamentodo AgR-Respe 1593-89/AL que tratava de cassação de candidato por fatos
diferentes daqueles inseridos na petição inicial de AIME, decidiu que a imputação
inicial não pode ser modificada no decorrer do processo:
“Ainda que a base probatória possa ser mínima para o ajuizamento da ação,
mesmo assim essa base probatória tem de estar relacionada com o
fato objeto da inicial, não lhe podendo ser estranho.
E, no caso dos autos, a mudança da causa de pedir é mais evidente, porque a
corrupção, que antes dizia respeito única e exclusivamente ao transporte de
eleitores, passou a ser representada pela compra direta do voto por determinada
6 Recurso Ordinário nº 1453, Acórdão de 25/02/2010, Relator(a) Min. FELIX FISCHER, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 5/4/2010, Página 207-209 RJTSE - Revista de jurisprudência do TSE, Volume 21, Tomo 2, Data 25/2/2010, Página 158 ) (corte e grifo nosso)
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quantia em dinheiro, o que não foi nem minimamente alegado na
inicial.”
Não é em vão que a eminente Ministra Maria Thereza de Moura
Assis,7 quando funcionava como Relatora nestes autos, aduziu que a presente causa
seria julgada nos limites estritos do pedido, ao responder questionamento da defesa de
Dilma Rousseff ainda na Fase Pré-Odebrecht:
A questão de sua imprestabilidade ou não, e da suposta falta de
correlação com os fatos narrados na inicial, será aferida quando
da decisão final, momento em que será a prova analisada com
profundidade sob os aspectos formal e material, certamente
aproveitando-se apenas o que servir a um julgamento a se
realizar nos estritos limites do pedido.
Logo após o início da Fase Odebrecht, em petição, a defesa de Dilma
Rousseff alertou o eminente Ministro Relator sobre a evidente extrapolação do objeto,
nestes termos:
“Com a máxima vênia, os fatos novos trazidos pelos depoimentos dos empresários
da Odebrecht não guardam qualquer correlação com aqueles narrados nas 3 peças
exordiais das ações eleitorais ora conexas, sendo evidente a extrapolação do objeto,
razão pela qual pugna desde ja a defesa da Representada Dilma
Rousseff para que o futuro julgamento a ser proferido pelo
Tribunal Superior Eleitoral se limite aos estritos termos dos
fatos narrados há mais de 2 anos nas petições iniciais,
excluindo-se as falsas acusações perpetradas pelos depoentes do
grupo Odebrecht.(Requerimento n.2)”
7 Decisão de 19.04.2016
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E assim se pronunciou o eminente Ministro Relator Herman
Benjamin, em despacho de 14 de março último:
“e) Extrapolação do objeto
A representada requer que o julgamento a ser proferido pelo Tribunal Superior
Eleitoral se limite aos "estritos termos dos fatos narrados há mais de 2 anos nas
petições iniciais, excluindo-se as falsas acusações perpetradas pelos depoentes do
grupo Odebrecht" .
Obviamente, tal pedido envolve matéria de mérito, a ser conhecida pelos Ministros
do Tribunal Superior Eleitoral por ocasião do julgamento da presente Ação de
Investigação Judicial Eleitoral, razão pela qual deixo de apreciá-lo neste
momento.”
Resta claro, portanto, que todas as provas produzidas que não
detêm qualquer correlação com os fatos elencados na exordial não respeitam o
princípio da estabilização da demanda e não podem ser utilizados para embasar
eventual julgamento, sob pena de violação dos princípios do contraditório e
ampla defesa, do devido processo legal e também ao procedimento
estabelecido pelo art. 22, I da LC 64/90.
Com a máxima vênia, todos os fatos novos não guardam qualquer
correlação com aqueles narrados na exordial da ação eleitoral, sendo evidente a
extrapolação do objeto, razão pela qual pugna para que o julgamento a ser
proferido por este Tribunal Superior Eleitoral se limite aos estritos termos dos
fatos narrados há mais de 2 anos e 3 meses nas petições iniciais, excluindo-se as
falsas acusações perpetradas pelos depoentes do grupo Odebrecht e dos
publicitários.
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III.DO CERCEAMENTO DE DEFESA
Do Inaceitável Atropelo Procedimental e da Brutal Ofensa ao Princípio
Constitucional do Contraditório e Ampla Defesa
O processo em epígrafe conta com mais de dois anos e cinco meses
de intensa tramitação perante este Tribunal Superior Eleitoral, tendo sido ouvidas mais
de 55 testemunhas nesse prazo.
Sua condução passou pelas mãos dos Exmos. Ministros João Otávio
Noronha, Maria Thereza de Moura Assis e atualmente é relatado pelo Exmo. Ministro
Herman Benjamin.
Salta aos olhos, entretanto, a forma como passou a ser conduzido a
partir do dia 23 de fevereiro de 2017, ou seja, há pouco mais de 2 (dois) meses, com
inaceitável atropelo procedimental, no que se denominou nesta peça como Fase
Odebrecht.
Com efeito, ao tomar conhecimento através de “vazamentos
seletivos” publicados pela imprensa escrita sobre o pretenso conteúdo de depoimentos
de colaboradores premiados que integravam a Odebrecht e que relação com a
campanha presidencial de 2014, o eminente Ministro Relator, agindo de ofício, após
prévia consulta ao Min. Fachin do STF e ao PGR, Rodrigo Janot, decidiu por inaugurar
a aqui denominada FASE ODEBRECHT e colher os depoimentos sob sigilo :
“diante de indicativos extraídos da mídia escrita sobre a recente homologação da
colaboração premiada de 77 (setenta e sete) executivos da empresa Odebrecht, no
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âmbito da denominada Operação Lava Jato, e de que houve depoimentos
relacionados ‘a campanha eleitoral da chapa Dilma-Temer em 2014.”
Ora, como já se mencionou, houve um inaceitável atropelo
procedimental a partir do dia 23 de fevereiro de 2017.
Depois de transcorridos mais de 2 (anos) e 3 (três) meses de
tramitação das ações, ouvidas 42 testemunhas (apenas 8 de defesa) e 22 volumes de
documentos, com o objeto da lide claramente definido e consolidado, o eminente
Ministro Relator decidiu por colher novos depoimentos como testemunhas de juízo,
tendo como fundamento decisório os “vazamentos seletivos” publicados pela mídia
escrita.
A partir daí, como testemunhas de juízo, foram tomados depoimentos
de Marcelo Odebrecht, Benedito Jr, Fernando Reis, Hilberto Silva, Alexandrino
Alencar, Claudio Melo Filho, Luis Eduardo Soares, Fernando Migliaccio, Jose Carvalho
Filho, Maria Lucia Tavares, João Santana, Monica Moura, André Santana (13
testemunhas), além de 2 acareações envolvendo Marcelo Odebrecht, Benedito Jr,
Hilberto Silva, Claudio Melo, contando ainda com alguns novos esclarecimentos de
Fernando Migliaccio ao longo das acareações. Tais depoimentos foram autorizados
pelo STF, que determinou a observância ao sigilo imposto aos respectivos acordos de
colaboração premiada.
Oportuno lembrar que os acordos celebrados no âmbito da Operação
Lava Jato decorreram de mais de 10 (dez) meses de negociação e 48 (quarenta e oito)
reuniões, envolvendo 77 empresários e funcionários da Odebrecht, com o Diretor
Presidente Marcelo Odebrecht preso desde junho de 2015.
Somente aceitaram colaborar com a justiça após a Operação Xepa
desbaratar o famigerado Departamento de Operações Estruturadas, ou seja, mais de um
ano após a prisão de Marcelo Odebrecht.
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No presente processo, em 10 dias (até o ultimo dia 10 de março),
foram colhidos os depoimentos de 10 (dez) colaboradores premiados.
Os depoimentos foram tão complexos e contraditórios entre si, que
diante das dúvidas contundentes, também de ofício, o Eminente Ministro Relator
decidiu realizar 2 (duas) acareações, cujos atos envolveram 4 (quatro) das testemunhas e
contaram ainda com o auxilio de um 5º. depoente, em uma das acareações.
Findos estes depoimentos de testemunhas do juízo, sem sombra de
dúvidas, inaugurou-se um novo libelo acusatório, contendo fatos absolutamente
inéditos e novos às presentes ações, que não haviam sido mencionados nas peças
exordiais apresentadas pelo PSDB em dezembro de 2014 e janeiro de 2015, há mais de
2 (dois) anos e cinco meses.
Por óbvio, além da extrapolação do objeto, já afirmada em tópico
anterior, houve inaceitável atropelo procedimental ao não definir o eminente Ministro
Relator quais seriam os fatos novos imputados.
Não definiu o que configuraria o abuso de poder político e
econômico exigido em sede de AIJE.
Nem tampouco o fez o Ministério Público Eleitoral.
Muito menos o fizeram os Representantes, que permaneceram
silentes e inertes a partir de então.
Instalou-se, com o máximo respeito, uma verdadeira inversão de
papéis: a acusação deixou de ser feita pelos Representantes.
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Os fatos acusatórios passaram a ser afirmados exclusivamente por
criminosos confessos e colaboradores premiados, ouvidos como testemunhas de juízo,
sem que houvesse clara e precisa delimitação, pelo eminente Ministro Relator,
sobrequais fatos seriam investigados e em que tais fatos poderiam configurar abuso de
poder político ou econômico, legalmente exigíveis em sede de AIJE.
Chegou-se ao absurdo de a própria Representada ter que inferir quais
seriam as falsas acusações, para a partir daí, poder formular seus requerimentos
indispensáveis ao exercício do contraditório e da ampla defesa, que acreditava seria
inaugurado.
Doce ilusão: o atropelo procedimental consolidou-se no
indeferimento da quase a totalidade dos requerimentos feitos pela defesa de Dilma
Rousseff e na negativa de produção de provas que estariam aptas a fulminar as falsas
acusações lançadas pelos criminosos confessos e colaboradores premiados do Grupo
Odebrecht!
Pois bem. Adentremos o flagrante cerceamento de defesa e a brutal
ofensa ao principio constitucional do contraditório e ampla defesa.
Em síntese, o novo libelo acusatório inaugurado unicamente pelos
colaboradores premiados da Odebrecht e não delimitado pelo eminente Ministro
Relator, compõe-se, em tese, das seguintes infundadas acusações:
(i) Suposto pedido de doação eleitoral de 50 milhões de Reais para a
campanha de 2010 como “contrapartida” a atuação estatal benéfica a
Odebrecht;
(ii) Suposto pagamento de despesas eleitorais não contabilizadas aos
publicitários Monica Moura e João Santana, por serviços prestados na
campanha de 2014;
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(iii) Suposto pagamento de doação eleitoral, via Caixa 2, a 4 (quatro)
Partidos da Coligação com a Força do Povo, sob a alegação de
“compra de tempo de TV”;
(iv) Suposto pagamento de doação eleitoral por “terceiros” ou
“barriga de aluguel”, através da Cervejaria Petrópolis; e
(v) Suposto pagamento de doação eleitoral, via caixa 2, de 10 milhões
de reais a campanhas do PMDB.
Tais falsas acusações foram carreadas aos autos como prova
irrefutável, não obstante serem baseadas em afirmações unilaterais ou em
corroborações recíprocas com outros colaboradores.
Além disso, os delatores mencionam como pretensas provas
documentos produzidos por eles mesmos, de forma unilateral, sem a participação
daqueles que acusam de envolvimento ilícito.
Pois bem. Esgotados os depoimentos das testemunhas de juízo na
sexta-feira, dia 10 de março de 2017, perto das 21h, e sem que as partes tivessem
naquele momento acesso ao inteiro teor das transcrições (apenas as transcrições de 5
depoimentos estavam disponíveis), o Eminente Ministro Relator determinou, como
prazo ad quem para a apresentação de requerimentos das partes sobre os depoimentos
prestados, o dia 13 de março de 2017 (segunda-feira).
Em primeiro lugar, importa registrar que a inauguração dessa nova
fase implica clara EXTRAPOLAÇÃO DO OBJETO, como já sustentado alhures.
Por outro lado, em atenção ao principio da eventualidade,
considerando a improvável hipótese de tais depoimentos serem considerados como
provas irrefutáveis, a Representada apresentou uma série de requerimentos no exíguo
prazo assinalado pelo Eminente Ministro Relator, sobre os depoimentos e falsas
acusações apresentadas pelos antigos integrantes do grupo Odebrecht e sobre as provas
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que deveriam ser produzidas para o fim de a Representada pudesse exercer
plenamente o seu direito ao contraditório e à ampla defesa.
Repise-se: com a determinação de prazo tão exíguo para a
apresentação de requerimentos quanto aos depoimentos da ODEBRECHT
(menos de 24 horas úteis) já estava claramente configurada a violação ao
direitos processuais-constitucionais ora examinados.
Tal situação mostra-se ainda mais gravosa quando se leva em conta
que tais depoentes são, em essência, delatores, em colaboração premiada, portanto
criminosos confessos e altamente especializados, cujas afirmações são
contraditórias entre si e desprovidas de qualquer suporte documental em que se
demonstrasse o teor das alegações, nem muito menos a participação dos
supostos envolvidos.
Portanto, em hipótese alguma, a mera palavra dos delatores poderia
ser tida como verdade absoluta ou poderá ser utilizada como prova inconteste nestes
autos.8
Além disso, precisamente por essa razão, havia que se assegurar à
exaustão o pleno exercício do contraditório relativamente a tais depoimentos, a uma
porque trata-se de direito constitucional e internacional da Representada que se
encontra na iminência de ver utilizada em seu desfavor uma prova de validade
8 Nesse sentido a orientação definida pelo Supremo Tribunal Federal, na lição do decano Ministro Celso de Mello (PET 5700/DF), sobre a colaboração premiada como mero instrumento de obtenção da prova, e não como meio de prova: “Como se sabe, o Supremo Tribunal Federal tem admitido a utilizaçãodo instituto da colaboração premiada (cujo “nomen juris” anterior era o dedelação premiada), ressalvando, no entanto, bem antes do advento daLei no 12.850/2013 (art. 4o, § 16), que nenhuma condenação penal poderáterpor único fundamento as declarações do agente colaborador (HC 94.034/SP,Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA – RE 213.937/PA, Rel. Min. ILMAR GALVÃO,v.g.): (...) O aspecto que venho de ressaltar – impossibilidade de condenaçãopenal com suporte unicamente em depoimento prestado pelo agentecolaborador, tal como acentua a doutrina (EDUARDO ARAÚJO DASILVA, “Organizações Criminosas: aspectos penais e processuaisdaLei no 12.850/13”, p. 71/74, item n. 3.6, 2014, Atlas, v.g.) – constituiimportante limitação de ordem jurídica que, incidindo sobre os poderes doEstado, objetiva impedir que falsas imputações dirigidas a terceiros “sobpretexto de colaboração com a Justiça” possam provocar inaceitáveis errosjudiciários, com injustas condenações de pessoas inocentes.” (corte nosso)
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altamente questionável; a duas porque interessa ao órgão julgador que suas
decisões se fulcrem em provas robustas de forma a assegurar a legitimidade e
higidez de suas decisões e prevenir gravíssimos e indesejáveis erros judiciários.
Assegurar o contraditório e a ampla defesa em um caso como este,
em que se inaugurou uma fase extraordinária de instrução probatória com
predominância de fragilíssimas provas, implica, precisamente, assegurar à Representada
o exercício de todo o conteúdo do direito ao contraditório e à ampla defesa.
Isto, por sua vez, significaria, no mínimo, assegurar-lhe o conteúdo
dos direitos elencados no Artigo 8.2 da Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, em plena igualdade. Vale a transcrição:
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência
enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa
tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: (...)
c. concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para a preparação de sua
defesa; (...)
f. direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de obter o
comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar
luz sobre os fatos; (...)
(grifamos).”9
Retomando a cronologia daquela que se pode chamar de fase
ODEBRECHT de instrução probatória, repita-se: uma vez esgotados os depoimentos das
testemunhos de juízo na sexta-feira, dia 10 de março de 2017, perto das 21h, e sem
que as partes tivessem naquele momentoacesso ao inteiro teor das transcrições
(apenas as transcrições de 5 depoimentos estavam disponíveis), o Eminente Ministro
9 Convenção Americana sobre Direitos Humanos, promulgada pelo Decreto no 678, de 6 de novembro de 1992 (Pacto de São José da Costa Rica, de 22 de novembro de 1969).
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Relator determinou, como prazo ad quem para a apresentação de requerimentos das
partes sobre os depoimentos prestados, o dia 13 de março de 2017 (segunda-feira).
Ora, não obstante a característica de sumariedade da AIJE, em um
caso tão complexo como o presente – talvez o mais complexo da história desse Egrégio
Tribunal Superior – estava clara a irrazoabilidade da concessão de menos de 24 horas
úteis para a análise de todos os depoimentos, complexos e numerosos, ainda mais sem
suas transcrições!
Resta clara, ainda, a violação do Artigo 8.2.c da Convenção
Americana sobre Direitos Humanos (que assegura, como garantia, o tempo e meios
adequados à preparação da defesa) e do Artigo 5o da Constituição da República
Federativa do Brasil.
Como se isto somente não bastasse, se seguiram outras tantas
violações destes dispositivos, garantidores dos direitos ao contraditório e à ampla
defesa. Vejamos.
Não obstante o prazo exíguo, a Defesa da Representada logrou
apresentar requerimentos, no dia 13 de março de 2017, que objetivavam elidir as
levianas e irreais declarações dos delatores do grupo Odebrecht. Foram eles:
1. Expedição de oficio ao Eminente Min. Edson Fachin e ao
Procurador Geral da República, Dr. Rodrigo Janot, para que
fossem compartilhados com o TSE os acordos de delação
premiada dos depoentes empresários da Odebrecht (Marcelo
Odebrecht, Benedito Jr, Fernando Reis, Hilberto Silva,
Alexandrino Alencar, Claudio Melo Filho, Luis Eduardo Soares,
Fernando Migliaccio, Jose Carvalho Filho e Maria Lucia
Tavares), assim como os anexos cujos conteúdos fossem
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pertinentes a estas ações eleitorais, preservando-se o sigilo
imposto.
Fundamento – A defesa da Representada precisava analisar se o teor dos
depoimentos prestados perante o TSE coincidia com aqueles prestados na
colaboração premiada pelos depoentes do grupo Odebrecht.
O requerimento ainda se justificava porque já houve precedente de caso semelhante
nestes autos e o cotejo de depoimento com a documentação pertinente foi
fundamental para que a ampla defesa fosse exercitada em sua plenitude e
reestabelecida a verdade em juízo.
Com efeito, ao ler o depoimento prestado pelo delator Otavio Azevedo
(Andrade Gutierrez) ao TSE e examiná-lo em conjunto com a colaboração
premiada, a defesa de Dilma Rousseff pode buscar os documentos que
comprovaram que informações erradas haviam sido prestadas ao TSE,
culminando com reinquirição de Otavio Azevedo e a retificação
das informações errôneas prestadas à Justiça Eleitoral.
Portanto, o requerimento de acesso à documentação requerida era medida
indispensável para o exercício da ampla defesa e do contraditório por parte da
Representada Dilma Rousseff e que, ainda, resguardaria a previsibilidade e a
coerência na condução do procedimento corretamente adotado em relação a todos os
outros depoentes também colaboradores premiados que prestaram depoimento
nestas ações.
Por óbvio, assim como o STF autorizou que tais depoimentos fossem prestados ao
TSE sem que fosse descumprido o dever de sigilo, também restaria assegurado o
sigilo aos mencionados termos de colaboração premiada, que deveriam ser mantidos
em autos apartados e indevassáveis.
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Finalmente, o acesso à documentação em questão asseguraria o respeito a direito
consolidado no verbete 14 da Súmula Vinculante do STF:
Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados
em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
2. Oitiva de Ubiraci Soares (funcionário do Departamento de
Operações Estruturadas) e dos operadores AlvaroNovis e
Vinicius Claret (vulgo Tuta e Juca Bala).
- Fundamento – Tais pessoas foram referidas pelos depoentes Hilberto
Silva, Fernando Migliaccio, Luis Eduardo Soares e Maria Lucia Tavares, tendo
sido Ubiraci Soares (vulgo Bira) referido como o responsável por inserir no sistema
MyWebday todas as requisições de pagamento (caixa 2) e os operadores
AlvaroNovis e Vinicius Claret como os responsáveis pelas operações Paulistinha,
Carioquinha e em Salvador.
3. Determinação a Hilberto Silva e Fernando Migliaccio, do
Departamento de Operações Estruturadas da ODEBRECHT,
para que, em 48 horas, trouxessem aos autos informações
contendo pagamentos supostamente efetuados a Monica Moura
e Joao Santana, no Brasil e no Exterior, com identificação dos
eventos (El salvador, Angola, Venezuela, Republica
Dominicana, Panamá, Argentina e Brasil), com discriminação
de data, valor, moeda, praça de pagamento (se for em dinheiro),
conta no exterior, nome do operador envolvido, nome da pessoa
que recebeu, codinome e senhas utilizados.
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Fundamento-Providência indispensável diante da pretensa acusação feita,
sobretudo pelos delatores Hilberto Silva e Fernando Migliaccio, de que o engenhoso
Departamento de Operações Estruturadas (por eles chefiado) teria pago caixa 2 a
Monica Moura e Joao Santana pela campanha da chapa Dilma-Temer (2014) e
também de outras campanhas no exterior no mesmo período.
Em razão da absoluta falta de qualquer corroboração documental pelos depoentes,
tal providência era essencial para propiciar à defesa da Representada a necessária
análise contábil e demonstrar a inconsistência e a inveracidade da falsa acusação de
caixa 2 na campanha eleitoral da chapa Dilma-Temer.
4. Reinquirição de Edinho Silva, Coordenador Financeiro da
Chapa Dilma-Temer.
Fundamento - Os delatores Marcelo Odebrecht e Alexandrino Alencar
fizeram falsas afirmações envolvendo Edinho Silva em relação a doações a partidos
coligados para suposta “compra” de tempo de TV, bem como em referencia a
doação por outra empresa (cervejaria Petrópolis), supostamente a pedido do grupo
Odebrecht.
A reinquirição de Edinho Silva mostrava-se fundamental para que a defesa da
Representada pudesse esclarecer como foi feita a doação pela Cervejaria Petrópolis,
assim como eventual pedido de doações a partidos coligados. Poderia esclarecer
também como foi feita a contratação de Joao Santana e Monica Moura.
5. Oitiva dos Presidentes dos 9 Partidos Políticos à época da
constituição da Coligação com a Força do Povo:
PT – Rui Falcão;
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PMDB – Valdir Raupp;
PSD – Gilberto Kassab;
PP – Ciro Nogueira;
PR – Alfredo Nascimento;
PROS – Eurípedes Júnior;
PDT – Carlos Lupi;
PRB – Marcos Pereira; e
PC do B - Renato Rabelo.
Fundamento - Os depoentes Marcelo Odebrecht, Alexandrino Alencar e
Fernando Reis afirmaram terem feito pagamentos, via caixa 2, para que a
Coligação fosse constituída com pretensa “compra” de espaço de TV.
Para que pudesse demonstrar a inveracidade das falsas acusações feitas pelos
delatores, era fundamental para a defesa da Representada que fossem ouvidos os
Presidentes, à época, dos Partidos Políticos coligados, para que esclarecessem as
razões e os motivos que os levaram a se coligarem, bem como se receberam recursos
via Caixa 2 pagos pela Odebrecht.
Importante lembrar, a esse respeito, que tais depoimentos faziam-se ainda mais
necessários quando se constata que a Coligação para as eleições de 2010 foi quase
a mesma do que a das eleições de 2014, o que demonstra, uma vez mais, a
inveracidade das alegações dos depoentes-delatores.10
Acresça-se a isso o fato de que os Srs. Carlos Lupi, Marcos Pereira, Euripedes Jr
e Gilberto Kassab foram mencionados pelos delatores, assim como o PC do B, o
que justificava também os seus esclarecimentos.
10Veja-se a composição das coligações: Em 2010: Coligação Para o Brasil seguir mudando (PT,PMDB, PCdoB, PDT, PRB, PR, PSB, PSC, PTC e PTN) – 10 partidos políticos. Em 2014: Coligação Com a Força do Povo (PT/PMDB/PSD/PP/PR/ PROS/PDT/PC do B/PRB) – 9 partidos políticos.
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6. Oitiva de Eliseu Padilha e Jose Yunes
Fundamento - Os delatores Marcelo Odebrecht, Claudio Melo Filho e Jose
Carvalho Filho, em depoimentos em parte contraditórios entre si, fizeram a
acusação de que teriam contribuído com 10 milhões de Reais para campanhas do
PMDB em 2014, tendo 6 milhões de Reais sido entregues a Paulo Skaf e 4 (ou
5) milhões a Eliseu Padilha.
Como em 2014 Eliseu Padilha não era candidato a cargo eletivo e desempenhou
função de Coordenação da Campanha do Vice Michel Temer dentro da chapa
Dilma-Temer, ocupando inclusive uma sala dentro do Comitê Central, fazia-se
fundamental o seu depoimento para esclarecer : (1) se recebeu os recursos via caixa
2 ; (2) se destinou estes recursos à chapa Dilma Temer.
Igualmente fundamental se mostrava o depoimento de José Yunes, acusado de
receber caixa 2 em seu escritório, que também não era candidato a cargo eletivo, e
diante de sua notória amizade com o então Vice-Presidente Michel Temer, fazia-
se necessário que esclarecesse: (1) se recebeu os recursos via caixa 2 e (2) se
destinou tais recursos à chapa Dilma-Temer.
7. Oitiva de Guido Mantega
Fundamento - O delator Marcelo Odebrecht fez falsas acusações de que Guido
Mantega, como representante da chapa Dilma-Temer, teria pedido 50 milhões de
Reais como contrapartida pecuniária para a campanha de 2010 e que também
pedira pagamentos, via caixa 2, para João Santana para a campanha
presidencial de 2014.
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Como foi nominalmente referido pelo delator Marcelo Odebrecht, fazia-se
fundamental a oitiva de Guido Mantega para apresentar os necessários
esclarecimentos.
8. Oitiva de Sergio Neves, André Vital e Oswaldo Borges;
juntada da matéria jornalística do blog do Fausto Macedo que
reproduz material relacionado aos depoimentos prestados pelos
delatores Marcelo Odebrecht e Benedito Jr; reconsideração da
decisão de tarjar os trechos que mencionam Aécio Neves nos
depoimentos de Marcelo Odebrecht e Benedito Jr
Fundamento - Desde o início deste processo, a defesa de Dilma Rousseff, como
uma de suas teses de defesa, tem argumentado como uma das razões da
inexistência dos alegados abusos de poder político e econômico, que a chapa
liderada por Aécio Neves teria recebido doações das mesmas empresas, às vezes até
em valores superiores, o que desfiguraria a fantasiosa afirmação de "desequilíbrio
do pleito".
Portanto, a defesa de Dilma Rousseff requereu a reconsideração da decisão de
tarjar os trechos dos depoimentos de Marcelo Odebrecht e Benedito Jr que
mencionam as doações oficias e via caixa 2 à chapa adversária liderada por Aécio
Neves, por se tratar de matéria evidentemente pertinente à tese de defesa pela
inocorrência de abuso de poder político e econômico que acarretasse o desequilíbrio
do pleito.
Em segundo lugar, requereu ainda, a juntada de matéria publicada em 10 de
dezembro de 2016 pelo Blog do Fausto Macedo (portal do Estadão Política),
onde consta a reprodução de conversa encontrada no telefone celular de Marcelo
Odebrecht com Benedito Jr, assim como email de Fernando Migliaccio a Maria
Lucia Tavares, que corroboram as afirmações feitas em juízo pelos delatores
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Marcelo Odebrecht e Benedito Jr, o que também fundamentou o requerimento
formulado para que fossem ouvidos Sergio Neves, André Vital e Oswaldo Borges.
Qual não foi a surpresa da defesa da Representada quando, em
decisão de 14 de março às 19h04min, o Eminente Ministro Relator indeferiu a quase
totalidade dos requerimentos da defesa, o que configura, uma vez mais, ofensa clara
aos direitos constitucionais ao contraditório e à ampla defesa.
Permitiu apenas a reinquirição de Edinho Silva!
E, decidiu indeferir algumas oitivas presenciais, admitindo apenas
meras declarações por escrito!!
Desta forma, e considerando a irrecorribilidade das decisões
interlocutórias em âmbito processual eleitoral, a defesa da Representada apresentou,
às 12h27min do dia 16 de março de 2017, pedido de reconsideração quanto a cada uma
das decisões de indeferimento. Veja-se, especificamente:
1. Indeferimento da oitiva de Guido Mantega e a determinação
de sua substituição por declaração escrita.
A decisão de indeferimento se baseou, primordialmente, na suposição de que o Sr.
Guido Mantega se utilizaria do “privilégio da não auto-incriminação” e, portanto,
deixaria de responder às questões a ele colocadas.
Em seu pedido de reconsideração a defesa da Representada argumentou que isto
não se sustenta, notadamente porque não se trata de processo que implica acusações
à testemunha. Ademais, se assim fosse, não teria sido possível a oitiva de quase
nenhuma testemunha neste processo, já que muitos teriam interesse em não se auto-
incriminar. Não obstante, foram todas ouvidas.
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Além disso, diante do SIGILO imposto às transcrições dos depoimentos, era
juridicamente impossível que se elaborasse uma “declaração escrita” sem prévia
indagação ou apresentação dos fatos. Não se podia exigir à testemunha que
escrevesse uma declaração contestando fatos acusatórios que não lhe haviam sido
apresentados, vez que estão submetidos a regime de sigilo, e só poderiam ser
apresentados a terceiros por ato exclusivo do Juízo, como detentor do dever de
resguardar o sigilo.
Ou seja, para que fosse efetivamente respeitado o contraditório e ampla defesa da
Requerida em sua inteireza, o Sr. Guido Mantega teria que ter sido ouvido em
juízo, para que lhe pudessem ser apresentados os fatos acobertados por sigilo
judicial e a partir daí prestar seus esclarecimentos, utilizando-se do direito de não
auto-incriminação se assim desejasse no momento do ato processual.
Ao assim não proceder, o Eminente Relator violou, mais uma vez, o contraditório
e ampla defesa.
Vale lembrar que em outra decisão de indeferimento a pleito formulado por
Marcelo Odebrecht, o Eminente Relator reafirmou a ordem de sigilo às
transcrições de todos os depoimentos, in verbis:
“No que diz ao segundo requerimento formulado pelo Sr. Marcelo, qual
seja o prévio acesso às transcrições, deve ser indeferido. Ainda que se
compreendam as razões do diligente e colaborativo patrono, a verdade é
que, por um lado, o sigilo processual estabelecido em
relação a cada transcrição é mantido perante os demais
testemunhas e seus advogados. Por outro lado, o depoimento
sempre se refere a fatos, dentro do compromisso de dizer a verdade,
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inexistindo razão jurídica a sustentar o prévio acesso à transcrição como
condicionante ao ato de acareação.”(grifamos)
2. Indeferimento de oitiva pessoal dos Presidentes dos Partidos
e determinação de apresentação de declarações escritas
Pelas mesmas razões anteriormente expostas, a defesa da Representada requereu a
reconsideração da r. Decisão para deferir a oitiva pessoal dos Presidentes do PDT,
PC do B, PRB e PROS, uma vez ser impossível que eles fizessem qualquer
declaração sem tomar conhecimento dos fatos acusatórios mantidos sob sigilo
judicial.
3. Indeferimento de pleito de determinação aos delatores
Hilberto Silva e Fernando Migliaccio, do Departamento de
Operações Estruturadas, para que, em 48 horas, trouxessem aos
autos informações contendo pagamentos supostamente
efetuados a Monica Moura e João Santana, no Brasil e Exterior,
com identificação dos eventos (El salvador, Angola, Venezuela,
Republica Dominicana, Panamá, Argentina e Brasil), com
discriminação de data, valor, moeda, praça de pagamento(se for
em dinheiro), conta no exterior, nome do operador envolvido,
nome da pessoa que recebeu, codinome e senhas utilizados.
Este indeferimento se baseou no argumento de que as testemunhas não teriam mais
acesso ao sistema informatizado e de que os dados de corroboração haviam sido
juntados em Juízo.
Nessa ocasião, a defesa requereu a reconsideração considerando que a questão
central se revela nas seguintes perguntas: Monica Moura e João Santana receberam
ou não despesas eleitorais não contabilizadas pagas pela Odebrecht? Em caso
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positivo, quem teria ordenado o pagamento? Quem teria recebido? Quando?
Quanto? Aonde? Teria havido alguma participação dos candidatos Dilma e
Temer?
Além de não haver as respostas a tais perguntas, os dados de corroboração
apresentados nada comprovam!
O delator Fernando Migliaccio, que chegou a afirmar em juízo, ter encontrado
algumas vezes com Monica Moura e ter pago R$ 16 milhões por serviços eleitorais
não contabilizados, apresentou singela petição com único parágrafo:
“(..) informar que todos os documentos e demais dados de corroboração
concernentes ao depoimento que prestou perante Vossa Excelência estão em
posse de autoridades que capitaneiam as investigações da denominada
“Operação Lava-jato” – eis que oportunamente apreendidas – e, desta
feita, não estão disponíveis ao peticionário para que os apresente em juízo.”
Desta forma, o delator Fernando Migliaccio não apresentou nenhum documento
que corroborasse as alegações feitas em relação a Monica Moura e João Santana.
Além disso, afirmou que tais documentos e dados de corroboração
estão em posse da Operação Lava-jato.
Sendo assim, diante do notório e exitoso compartilhamento já instaurado nestes
autos, de documentos com a Operação Lava Jato, seja em sede de STF, seja em
sede da 13ª Vara federal de Curitiba, a defesa da Representada requereu a
expedição de ofício aos representantes da Operação Lava Jato para que
compartilhassem com este e. Juízo, todos os dados de corroboração e documentos
concernentes ao colaborador premiado Fernando Migliaccio da Silva, em caráter de
urgência, em respeito ao principio da celeridade processual.
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Por outro lado, os parcos documentos anexados pelo delator Hilberto Silva como
dados de corroboração, chocam-se frontalmente e contradizem o depoimento
prestado por Fernando Migliaccio.
Enquanto Migliaccio afirma ter supostamente pago R$ 16 milhões ao longo da
campanha de 2014 a Monica Moura e João Santana, o delator Hilberto Silva
anexa uma Planilha intitulada Conta 2 – Posição Pós Itália – datada de 31 de
março de 2014 ---- portanto em período pré-eleitoral !!! --- onde se lê “2014 Feira
16.000”.
A se admitir, em tese, que Feira fossem Monica e João Santana, o aludido
pagamento de 16 milhões, se realmente existiu, teria ocorrido até 31 de março de
2014, em data anterior ao período eleitoral, e portanto, perfeitamente admissível
que não se relacionasse a serviços para a chapa Dilma-Temer (que nem existia!!),
mas poderia estar relacionado com alguma campanha estrangeira alegadamente
financiada pela Odebrecht, como por exemplo, no Panamá.
Assim, diante de evidentes contradições e da ausência de dados de corroboração dos
depoimentos prestados por Fernando Migliaccio e Hilberto Silva perante o TSE,
em relação à gravíssima acusação de que teriam pago despesas eleitorais não
contabilizadas a Monica Moura e João Santana em favor da chapa Dilma-
Temer, a Representada renovou o requerimento de expedição de ofício aos
representantes da Operação Lava Jato para que compartilhassem todos os dados
de corroboração e documentos concernentes ao colaborador premiado Fernando
Migliaccio da Silva, em caráter de urgência.
4. Indeferimento do pleito de expedição de ofício ao Eminente
Min. Edson Fachin e ao PGR, Dr. Rodrigo Janot, para que
fossem compartilhados com o TSE os acordos de delação
premiada dos depoentes empresários da Odebrecht (Marcelo
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Odebrecht, Benedito Jr, Fernando Reis, Hilberto Silva,
Alexandrino Alencar, Claudio Melo Filho, Luis Eduardo Soares,
Fernando Migliaccio, Jose Carvalho Filho e Maria Lucia
Tavares), assim como os anexos cujos conteúdos fossem
pertinentes a estas ações eleitorais, preservando-se o sigilo
imposto.
O pleito foi indeferido por considerar o Eminente Relator que os depoimentos
foram prestados sob o crivo do contraditório, com perguntas e reperguntas, e sob o
argumento de que o processo não poderia ficar submetido a condição suspensiva de
eventual levantamento de sigilo das colaborações.
A defesa da Representada argumentou que, embora os
depoimentos tenham sido prestados sob o crivo do
contraditório, isto não era suficiente. Para que o contraditório e
ampla defesa fossem efetivamente respeitados em juízo, era
fundamental que se garantisse à Representada o pleno acesso
ao teor integral das imputações feitas para que pudessem ser
confrontadas entre si, a fim de examinar com profundidade
eventuais contradições e até informações falsas ou errôneas.
O que constava dos autos naquele momento era apenas a palavra dos delatores e
eventuais documentos produzidos por eles próprios. Não obstante, à Representada
é legitimo examinar todos os elementos que compõem as acusações levantadas, para
que possa demonstrar a sua cabal inveracidade e improcedência.
Negar-lhe o acesso aos documentos significa negar-lhe a possibilidade de se defender
e demonstrar a injustiça e a ilegitimidade das acusações. Significa menosprezar o
direito ao contraditório e ampla defesa.
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Insista-se: pretendia a Representada que lhe fosse assegurado exatamente o mesmo
procedimento utilizado neste processo em relação aos outros delatores, como Ricardo
Pessoa, Otavio Azevedo, Paulo Roberto Costa, entre tantos outros.
O melhor exemplo de respeito ao contraditório e ampla defesa deu-se em relação ao
depoimento do delator Otavio Azevedo: a defesa de Dilma Rousseff ao ter acesso a
todos os documentos, conseguir confrontar as informações prestadas ao TSE com
aquelas constantes da colaboração premiada. E, por constatar incongruências,
diligenciou e conseguiu localizar documentação que demonstrava de forma cabal
que informações erradas haviam sido prestadas ao TSE pelo delator. Foi
exatamente a partir de tal constatação que o Eminente Relator
reinquirir o delator, que retificou o depoimento anterior e
reconheceu que tinha prestado informações erradas ao TSE.
A Representada não pede nada além e nada aquém do que já lhe fora concedido
nestes autos, como essencial ao exercício do contraditório e da ampla defesa: a
manutenção da previsibilidade e do correto procedimento até então adotados,
inexistindo razão jurídica para adoção de postura diversa. Data máxima vênia, a
defesa jamais pleiteou o implemento de condição suspensiva a este processo.
O requerimento cingia-se a solicitar ao STF e ao PGR o compartilhamento das
informações constantes dos acordos de colaboração premiada e respectivos anexos
dos 10 (dez) colaboradores que testemunharam ao TSE. Por óbvio, apenas em
relação ao objeto da demanda no TSE. Não seria a primeira, nem a última vez,
que autoridade judiciais compartilhariam informações de natureza sigilosa.
Eventual negativa de acesso à Representada da integralidade dos acordos de
colaboração premiada e demais documentos que se referem aos depoimentos das 10
testemunhas de juízo perante o TSE, ensejaria inquestionável negação ao exercício
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do contraditório e da ampla defesa, incorrendo a presente instrução probatória em
indesejável vício de nulidade absoluta.
Desafortunadamente, foi exatamente isso que aconteceu: os
requerimentos foram indeferidos, uma vez mais!
A oitiva da testemunha Edinho Silva foi deferida, e seu
depoimento marcado para a mesma semana, dia 17 de março às 18h, em São
Paulo.
Entretanto, antes ainda de apreciar referido pedido de reconsideração,
o Eminente Ministro Relator determinou, em 16 de março, ao final da tarde, o acesso a
documentos que, supostamente, corroborariam os depoimentos das testemunhas-
delatores.
Como se vê, trata-se de tramitação açodada que, à evidência, dificulta,
prejudica e cria obstáculosao exercício do contraditório e da ampla defesa.
Ao final do depoimento de Edinho Silva, as 19:34h do dia 17 de
março (sexta-feira), novamente o Eminente Ministro Relator concedeu o exíguo prazo
de 24 hs, para que as partes de manifestassem sobre os documentos de corroboração
anexados pelos colaboradores premiados do Grupo Odebrecht.
Em 20 de março de 2017, a defesa da Representada, valendo-se do
prazo exíguo de 24 horas, apresentou considerações acerca dos supostos documentos
de corroboração, conforme se transcreve abaixo:
“Valendo-se do exíguo prazo de 24 horas para se manifestar sobre dados de
corroboração juntados pelos delatores da Odebrecht, passa a defesa de Dilma
Rousseff a demonstrar que ABSOLUTAMENTE NADA FORA
JUNTADO COMO DOCUMENTOS DE CORROBORAÇÃO,
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requerendo seja determinado às testemunhas que acrescentem os necessários
documentos, sob pena de tornar sem efeito os depoimentos prestados perante o
TSE.
Passemos a identificar um a um.
04. Alexandrino Alencar
Depoimento – afirma que teria tido reunião com Marcelo Odebrecht e Edinho
Silva, em 11 de junho de 2014, na sede de Odebrecht, onde teria ficado acertada a
doação via “Caixa 2” a partidos coligados. Disse no depoimento ter uma
“colinha” (pag.29) em que mencionava a data 11 de junho.
Dados de corroboração sobre a reunião com Edinho Silva e Marcelo Odebrecht –
NENHUM.
Juntou aos autos apenas a Agenda de Outubro de 2014 (NÃO DE JUNHO),
contendo, por exemplo, ida a Dermatologista, Pé e Aniv. MO, dentre outros
compromissos e/ou anotações sem qualquer relevância para o depoimento.
Depoimento – afirma que os tais doações via Caixa 2, no valor de 7 milhões
cada, a PCdoB, Pros e PRB, teriam ocorrido de julho a outubro de 2014, pelo
Depto de Operações Estruturadas, pelos funcionários Fernando Migliaccio e
Lucia Tavares.
Dados de corroboração sobre pagamentos – NENHUM.
Os poucos dados anexados foram elaborados UNILATERALMENTE pelo
Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht.
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Não há nenhum dado de corroboração sobre eventuais
pagamentos, nem requisições, nos meses de julho, agosto e
outubro.
Juntou apenas alguns e-mails trocados entre Tulia, Toshio e Waterloo (SEM
IDENTIFICA-LOS) sobre requisições de pagamentos, que não chegam a 25%
do valor afirmado no Depoimento. A soma dos e-mails é de 5 milhões e refere-se a
requisições apenas em relação a setembro de 2014.
Ou seja, dos R$ 21 milhões afirmados em depoimento, os dados
de corroboração anexados somam apenas 5 milhões e tratam
apenas de meras requisições internas do próprio Depto da
Odebrecht.
Não apresentou nenhuma planilha que identificasse data, hora, local de
pagamento, identificação de quem pagou e de quem recebeu.
Além disso, o email datado de 3 de outubro, de Tulia a Tushio, refere-se a
requisições para pagamento futuro, porem com datas do passado ( 22 a 26.09.14)
– o que coloca em dúvida a própria autenticidade de documento elaborado
unilateralmente.
DADOS DE CORROBORAÇÃO SOBRE REUNIOES E/OU
CONVERSAS COM EDINHO SILVA, EURIPEDES JR, FABIO
TOKARSKI E MARCOS PEREIRA: NENHUM.
Não há nenhum dado de corroboração que envolva qualquer reunião ou conversa
ou email com as pessoas mencionadas no depoimento: Edinho Silva, Eurípedes Jr
e Fabio Tokarski.
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A mera menção a um apontamento na agenda de 13 de outubro de 2014:
“10:30 Marcos Pereira”, não traz nenhum elemento a esta investigação.
Não afirma se houve reunião ou apenas um telefonema ou se nada ocorreu, sendo
apenas um lembrete.
Até porque se tais fatos teriam ocorrido de julho a outubro de 2014, não haveria
nenhuma razão para que o único contato fosse feito apenas em 13 de outubro.
Requerimento n.01 – que a testemunha Alexandrino Alencar seja intimada
a anexar documentos que comprovem os pretensos pagamentos feitos aos partidos
PCdoB, PRB e PROS, com identificação de data, hora, local de pagamento,
identificação de quem pagou e de quem recebeu, assim como as agendas das
reuniões que teria feito com Edinho Silva, Eurípedes Jr, Fabio Tokarski e
Marcos Pereira.
5. FERNANDO REIS
Depoimento – afirmou ter recebido mensagem de Marcelo Odebrecht provavelmente
junho de 2014 para procurar Alexandrino Alencar.
Dados de corroboração – NENHUM.
Não juntou aos autos a cópia de referida mensagem de Marcelo Odebrecht.
Depoimento – afirmou que esteve com Marcelo Panella, tesoureiro do PDT, ainda
em junho de 2014, na cafeteria Starbucks em São Conrado, encontro este
agendado pela secretaria de ambos.
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Dados de corroboração – NENHUM.
Não juntou aos autos copia de agenda ou de email ou mensagem sobre mencionada
reunião.
Depoimento – afirmou que o Depto de Operações Estruturadas fez 4 pagamentos
de 1 milhão a Marcelo Panella, nos dias 4 e 11 de agosto e 1º e 9 de setembro de
2014, na Av. Nilo, Peçanha, 50, sala 2708, RJ.
Dados de corroboração – NENHUM.
Junta apenas planilhas unilaterais feitas pelo Depto de Operações Estruturadas,
intitulada Programação Semanal, com os valores constantes dos depoimentos, mas
sem identificar: se houve efetivo pagamento, data, horário, local, identificação de
quem pagou e identificação de quem recebeu.
E, como se isso não bastasse, o mencionado endereço Avenida Nilo Peçanha, 50 -
Sala 2708 aparece uma única vez em referida planilha em pretenso pagamento
SEM QUALQUER VINCULAÇÃO COM O DEPOIMENTO
PRESTADO, o que coloca em DÚVIDA tanto o depoimento, quanto o
material anexado.
Tal endereço consta da Programação Semanal por cidade (28.07 a 01.08.2014),
como sendo:
“DS FOZ - OBRA FRE MERCADO –CODINOME ROSA-
OPERAÇÃO C.14.1222-402301 – DATA 31/7/2014 VALOR R$
400.000,00 – SENHA GORDINHO – CIDADE RIO – OBS
ENTREGAR NA AV. NILO PEÇANHA, 50-SALA 2708,
PROCURAR MARCELO OU PAULO”
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Ou seja – NÃO HÁ CODINOME CANAL, NEM SENHA
JOGADOR FLUMINENSE COMO AFIRMADO NO
DEPOIMENTO. HÁ CODINOME ROSA, SENHA GORDINHO
E VALOR DE 400 MIL REAIS.
É A ÚNICA MENÇÃO AO ENDEREÇO NAS PLANILHAS
ANEXADAS.
O CODINOME CANAL E SENHA JOGADOR FLUMINENSE,
QUANDO MENCIONADAS, NÃO TRAZEM O ENDEREÇO.
PORTANTO, EVIDENTE A CONTRADIÇÃO A SER
ESCLARECIDA PELO DEPOENTE.
Requerimento n.2 – que a testemunha Fernando Reis seja intimada a
anexar documentos que comprovem a reunião com Marcelo Panella em São
Conrado, identificar se houve efetivo pagamento, data, horário, local, identificação
de quem pagou e identificação de quem recebeu e esclarecer quem era o codinome
ROSA, a senha GORDINHO e o motivo do pretenso pagamento de 400 mil.
6. FERNANDO MIGLIACCIO
Dados de corroboração – NENHUM.
Informou que todas as informações e planilhas foram apreendidas e se encontram
em poder das “autoridades que capitaneiam as investigações da denominada
Operação Lava Jato”.
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Requerimento n. 3 -Por óbvio, impõe-se a expedição de oficio aos
representantes do Ministério Público Federal que coordenam a Operação Lava
Jato para que forneçam a este juízo toda a documentação e planilhas apreendidas
com o Sr. Fernando Migliaccio.
7. MARIA LÚCIA TAVARES
Dados de corroboração – NENHUM.
Informou que os documentos nos autos da Ação Penal em que figura como Ré e
sugeriu a expedição de oficio ao Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba para que
compartilhe documentos e informações.
A sugestão da testemunha colaboradora deve ser acolhida.
Requerimento n.4 - Requer, assim, a expedição de ofício ao Juízo da 13ª.
Vara Federal de Curitiba, para quem em 48 horas, compartilhe com esse e. Juízo
as informações e documentos da Ação Penal em que Maria Lúcia Tavares figura
como Ré.
8. HILBERTO SILVA
Dados de corroboração – NENHUM.
A uma testemunha que afirma ter realizado pagamentos a Monica Moura, no
Brasil e Exterior, em cifras de 50 a 60 milhões de dólares, surpreende não dispor
de um único comprovante de pagamento, ainda mais, se como ele mesmo afirma,
cerca de 40% seriam pagos no exterior (pag.57).
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Requerimento n.5 -Requer-se seja determinado a testemunha Hilberto Silva
que junte aos autos, em 48 horas, os documentos, planilhas e comprovantes de
pagamento feitos a Monica Moura e João Santana, no Brasil e no Exterior, no
período de junho a dezembro de 2014.
9.MARCELO ODEBRECHT
Dados de corroboração – Chama a atenção o enorme número de documentos
repetidos anexados pela testemunha Marcelo Odebrecht aos autos. Alguns deles
chegam a ter 4 cópias idênticas.
Os documentos por ele anexados são UNILATERAIS E não servem a
colaborar NADA do que afirmou sem seu depoimento ao TSE.
Em suma:
Não comprova que teve reunião privada com a Presidenta Dilma Rousseff no
México – anexa apenas seu comprovante de viagem e a agenda da Presidenta
acessível a qualquer pessoa, diante de sua publicidade.
Não traz qualquer menção a eventuais pagamentos feitos a cervejaria Petrópolis.
Em relação ao tema de doações a Partidos Coligados, não há comprovação da data
em que foram feitas suas anotações, nem qual o desfecho.
No que se refere a eventuais ordens de pagamentos a Monica Moura e João
Santana, de igual modo não há qualquer menção à campanha presidencial da
chapa Dilma Temer em 2014.
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Sobre a temática envolvendo Guido Mantega, são anexados inúmeras datas de
agenda com encontros coletivos com o então Ministro, assim como anexa série de
comentários sobre tramitação legislativa com manifestação de inúmeras entidades
de classe – não demonstrando, nem sequer trazendo qualquer indicio de
favorecimento a Odebrecht.
Requerimento n. 6 -Dois itens merecem ser esclarecidos pela testemunha
Marcelo Odebrecht por serem incompreensíveis, razão, pela qual deve ser
intimidado a informar:
Item 2- nota de Marcelo Odebrecht como seguinte teor: “MRF: dizer do risco cta
suíça chegar campanha dela?”
Esclarecer:
1. Que significa a sigla MRF;
2. O que significa risco cta suíça;
3. O que significa chegar campanha dela; e
4. Qual a data de elaboração da nota.
Item 11 – notas de Marcelo Odebrecht que tratam da agenda com Guido
Mantega (GM), incluindo o seguinte conteúdo “(...).CANCELADO:
PR/Antonio Rodrigues (17/7), PP/Ciro (10/7) e PSD/GK (10/7) + MT”.
Esclarecer :
1. Quando foi elaborada a nota;
2. O que significa Cancelado; e
3. O que significa + MT.
4.
10. ZWI SKORNICKI
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Dados de corroboração – Anexou parte de documentos, sendo fundamental que os
demais depoimentos prestados ao Juízo da 13ª. Vara de Curitiba venham aos
autos.
Requerimento 7 -Requer a expedição de ofício ao Juízo da 13ª. Vara
Federal de Curitiba para que, em 48 horas, forneça as seguintes cópias dos autos
da ação penal n.° 5013405-59.2016.4.04.7000:
1. Termos de interrogatório de ZwiSkornicki, Monica Moura, João Santana e
João Vaccari.
2. Sentença condenatória proferida nos autos da acão penal n.° 5013405-
59.2016.4.04.7000, em curso perante a 13° Vara Federal em Curitiba/PR.”
Mais uma vez, como se vê, a Representada teve seus direitos ao
contraditório e à ampla defesa brutalmente violados, eis que evidentemente foram
indeferidos todos os seus requerimentos sobre os colaboradores premiados do Grupo
Odebrecht e, na mesma decisão, o eminente Ministro Relator decidiu por encerrar a
instrução processual e concedeu o prazo comum de 2 dias para a apresentação das
presentes alegações finais (decisão publicada em 22 de março de 2017 último).
E, como se isso não bastasse, a ofensa ao contraditório e ampla defesa
permaneceram, mesmo após as novas oitivas determinadas pelo Plenário da Corte, em
acolhimento à Questão de Ordem.
De fato, embora permitido à testemunha de defesa Guido Mantega
que juntasse documentos que confirmassem suas afirmações, o mesmo não ocorreu em
relação aos depoimentos dos colaboradores premiados Monica Moura, João Santana e
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André Santana, cujas oitivas ocorreram em 24 de abril último, em razão de novo
indeferimento do eminente Ministro Relator aos pleitos formalmente requeridos pela
defesa de Dilma Rousseff.
Com efeito, após as oitivas de Monica Moura, Joao Santana e André
Santana, a defesa de Dilma Rousseff apresentou 3 petições com os seguintes
requerimentos ora reproduzidos:
Peticao n.01
“requerimento a) seja determinado aos depoentes Monica Moura, João
Santana e Andre Santana sejam juntados os documentos de corroboração sobre aquilo que afirmaram
em seus depoimentos,
requerimento b)seja expedido oficio ao Exmo. Juiz Federal Sergio Moro
para que forneça a este juízo copia dos depoimentos prestados por Monica Moura e Joao Santana, no
ultimo dia 18 de abril perante aquele juízo, nos autos n.505493-88.2016.4.04.7000,
requerimento c)seja expedido oficio ao Exmo. Ministro Edson Fachin do
Supremo Tribunal Federal e ao Exmo. Procurador Geral da Republica, Rodrigo Janot, para solicitar
o compartilhamento dos termos de colaboração premiada e respectivos documentos, homologados a favor
de Monica Moura, João Santana e Andre Santana.
Acresca-se ainda, que em depoimentos anteriores prestados nestes autos, os outros
colaboradores AFIRMARAM terem financiado campanhas no exterior, cujos pagamentos a Joao
Santana e Monica Moura coincidiam com as campanhas realizadas no Brasil, sendo fundamental, em
busca da verdade, que sejam individualizados cada um dos pagamentos.(...)
requerimento d)- aos depoentes Monica Moura e Joao Santana juntem aos
autos, os documentos e extratos que demonstrem os pagamentos recebidos no Brasil e no Exterior, em
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espécie e mediante transferência bancaria, referentes as campanhas no Brasil e no Exterior, realizadas
entre 2010 e 2016.
Petição n. 2
“- expedir oficio ao Exmo. Ministro Edson Fachindo Supremo Tribunal Federal
e ao Exmo. Procurador Geral da Republica, Rodrigo Janot, para solicitar o compartilhamento dos
termos de colaboração premiada e respectivos documentos, homologados a favor de Marcelo Odebrecht,
Hilberto Silva, Benedito Jr, Fernando Reis, Luis Eduardo Soares, Alexandrino Alencar, Claudio
Melo Filho, Jose de Carvalho Filho, Fernando Migliaccio e Maria Lucia Tavares, concedendo-se, logo
a seguir da juntada aos autos, vista as partes para se manifestarem no prazo legal.”
Petição n. 3
Sendo assim, para que sejam franqueados as partes todos os documentos
autorizados em 19 de abril ultimo por Guillaume Rousseau, do Departement Federal de Justice e
Police da ConfederationSuisse, em relação a conta bancaria n. 881150, junto ao Banco Heritage,
tendo como titular ShellBillFinance S.A, requer se digne Vossa Excelência a –
a) expedir oficio ao Ministério Publico Federal, PGR-Gabinete, Secretaria de
Pesquisa e Analise – SPEA, endereçado ao Analista Laio Rosendo e ao Perito Criminal Gilberto
Mendes, para solicitar que forneçam, na integra, os Anexos 1 e 2 constantes do
Relatório de Analise n. 077-2016, anexado a estes autos em 20 de abril ultimo,
b) expedir oficio ao Juiz Federal da 13a Vara Federal de Curitiba, para
solicitar que forneça a este juízo os documentos referentes a aludida cooperação
jurídica internacional Brasil-Suiça, apenas em relação a conta bancaria n.
881150, junto ao Banco Heritage, tendo como titular ShellBillFinance S.A, (
autos n. 5003682-16.2016.4.04.7000, Inquérito n. 5046271-57.2015.404.7000 e
Quebra de Sigilo Bancário e Fiscal n. 5048739-91.2015.404.7000)
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c) expedir oficio a Sra. Luiza Rocha Jacobsen, Coordenadora da Coordenação
Geral de Recuperação de Ativos do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperacao jurídica
Internacional da Secretaria Nacional de Justiça e Cidadania do Ministério da Justiça e Cidadania,
para solicitar que forneça copia dos documentos eventualmente obtidos em
cooperação jurídica internacional e que tenham relação com a conta bancaria n.
881150, junto ao Banco Heritage, tendo como titular ShellBillFinance S.A,
d) expedir oficio ao Dr. Vladimir Aras, Procurador Regional da Republica e
Secretario de Cooperação Internacional do MPF, para solicitar que forneça copia do oficio
n. 790-2017-ACRIM-SCI-PGR, de 17 de marco de 2017, cuja copia não consta
dos presentes autos, sendo de extrema e inegável relevância para o
compartilhamento obtido junto a autoridade suíça, pois se trata do documento
que deu origem a mencionada autorização.
Como já havia ocorrido outrora, mais uma vez, o Min. Relator
indeferiu TODOS os requerimentos formulados por Dilma Rousseff, em evidente
ofensa ao direito ao contraditório e ampla defesa. E decidiu por encerrar a instrução
probatória, concedendo-se os 5 dias para alegações finais.
Ainda em momento brevemente anterior a esta r. decisão, a defesa de
Dilma Rousseff apresentou petição com requerimento ao eminente Ministro Relator
fosse concedido o mesmo direito assegurado pelo STF ( Rel. Min. Gilmar Mendes) ao
Senador Aécio Neves, qual seja: o prévio acesso à íntegra de depoimentos e
documentos que embasam a investigação ( INQ 4244 STF).
Eis a reprodução do requerimento constante da petição:
“
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a) a expedir ofício ao Ministro Edson Fachin e ao Procurador Geral da
República, Rodrigo Janot, para solicitar o compartilhamento da íntegra
do teor dos depoimentos e dos documentos de corroboração dos
colaboradores do Grupo Odebrecht, uma vez que já foi decidido o
levantamento do sigilo judicial;
b) a expedir ofício ao Ministro Edson Fachin e ao Procurador Geral da
República, Rodrigo Janot, para solicitar o compartilhamento da íntegra
do teor dos depoimentos e dos documentos de corroboração dos
colaboradores Joao Santana, Monica Moura e André Santana,
preservando-se a ordem de sigilo judicial
c) somente após a vinda do material solicitado, seja concedido prazo de 48h
para análise e manifestação das partes, em momento anterior à prolação
de decisão de fim de instrução probatória e abertura de prazo para
alegações finais.”
De novo, em 3 de maio último, o eminente Ministro Relator, Herman
Benjamin INDEFERIU os pleitos formulados pela defesa de Dilma Rousseff, em
inegável prejuízo ao exercício da ampla defesa e contraditório.
Por todo o exposto neste capítulo, resta cristalina a violação das
garantias processuais derivadas do devido processo legal.
Diversos documentos normativos foram frontalmente
desobedecidos, notadamente a Constituição Pátria e os tratados internacionais de
direitos humanos de que a República Federativa do Brasil é parte.
Também o Código de Processo Civil restou violado especificamente
no que diz respeito a essa matéria. Especificamente, foi negado o exercício do direito e
garantia da Representada de ter a seu dispor os meios e o tempo necessário para a
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preparação de sua defesa e a garantia de produzir as provas necessárias à sua defesa,
inclusive por meio da inquirição de testemunhas consideradas indispensáveis.
Mais ainda, o direito à igualdade, ou paridade de armas, foi
amesquinhado, o que se verifica da simples leitura do narrado acima e, ainda, de um
ilustrativo cotejo entre o número de horas de que dispôs a acusação e o número de
horas franqueado à defesa para a produção de prova oral. Vejamos:
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De fato, salta aos olhos – literalmente – a gritante desigualdade
de armas entre a acusação e a defesa, o que fere de morte, definitivamente, as
garantias constitucionais, e direitos humanos, ao contraditório e à ampla defesa.
Como decorrência do disposto no Artigo 1.1 da mesma Convenção
Americana, à República Federativa do Brasil cabe estabelecer a legislação, os
procedimentos, e todos os meios efetivamente necessários para que todas as pessoas
submetidas a processos judiciais que atinjam seus bens ou direitos tenham a
possibilidade de exercer a ampla defesa em sua plenitude e em condições de plena
igualdade.11
A jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos teve
oportunidade de apreciar hipóteses de cerceamento do direito de defesa em inúmeras
ocasiões. Vejam-se os seguintes julgados nesse sentido:
127. Está probadoenla presente causa que eneldesarrollo de lasactuaciones
realizadas por losjuecesdelfuerocomún se presentaronlassiguientessituaciones: a) se
pusieron obstáculos alacomunicación libre y privada entre elseñorCantoral
Benavides y su defensor; b) elabogado de lavíctima no pudo lograr que se
practicaranciertas diligencias probatoriascruciales para los fines de la defensa, como
larecepción de lostestimonios de losmiembros de la DINCOTE que
participaronenla captura de Cantoral Benavides y enlaelaboracióndel atestado
incriminatorio; tampoco pudo conseguir que se celebrara laconfrontación pericial
tendiente a esclarecer lasdivergencias que arrojaronlos dos peritajes grafológicos
practicadosenelproceso; y c) losjueces encargados de llevarlosprocesos por terrorismo
teníanlacondición de funcionarios de identidad reservada, o “sinrostro” por lo que
fueimposible para Cantoral Benavides y suabogadoconocer si se
11Art. 1.1. Os Estados Partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição social
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configurabanenrelaciónconelloscausales de recusación y ejercer al respecto una
adecuada defensa.12
E mais:
54. Uno de esosderechosfundamentales es elderecho a contar coneltiempo y
losmediosadecuados para preparar la defensa, previsto enel artículo 8.2.c de
laConvención, que obliga al Estado a permitir elaccesodel inculpado al
conocimientodel expediente llevadoensu contra (Cfr. Caso PalamaraIribarne Vs.
Chile, supra nota 22, párr.170). Asimismo, se
deberespetarel principiodelcontradictorio, que garantizalaintervención de
aquélenelanálisis de laprueba.13
O posicionamento da Corte Interamericana de Direitos Humanos não
se distancia daquele da Corte Europeia de Direitos Humanos, como se vê a partir do
seguinte julgado:
La Corte Interamericana ha señalado, como lo ha hechola Corte Europea, que el
inculpado tienederecho a examinar a lostestigos que declaranensu contra y a
su favor, enlasmismas condiciones, conel objeto de ejercersu defensa.14
Registre-se que, também no sistema universal de direitos humanos da
Organização das Nações Unidas, o direito ao devido processo legal é minuciosamente
protegido. O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos15 prevê, em seu Artigo
14, o seguinte:
12CORTE INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS, Caso Cantoral Benavides Vs. Peru. Fondo. Sentencia de 18 de agosto de 2000, parrafo 127. Grifamos. 13CORTE INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS, Caso Barreto Leiva vs. Venezuela, sentencia de 17 de noviembre de 2009, Fondo, Reparaciones y Costas. 14CORTE INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS, Caso CastilloPetruzzi y otros, parr. 154; Eur. Court H. R., case of Barbera, Messegué andJabardo, parr. 78; y Eur. Court H. R., case ofBonishcjudgment, parr. 32. 15Promulgado no Brasil pelo Decreto no 592, de 6 de julho de 1992.
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ARTIGO 14
1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as cortes de justiça. Toda
pessoa terá o direito de ser ouvida publicamente e com devidas garantias por um
tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido por lei, na apuração de
qualquer acusação de caráter penal formulada contra ela ou na determinação de
seus direitos e obrigações de caráter civil. (...)
2. Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se presuma sua inocência
enquanto não for legalmente comprovada sua culpa.
3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualmente, a, pelo
menos, as seguintes garantias:
a) De ser informado, sem demora, numa língua que compreenda e de forma
minuciosa, da natureza e dos motivos da acusão contra ela formulada;
b) De dispor do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa e a
comunicar-se com defensor de sua escolha;
c) De ser julgado sem dilações indevidas;
d) De estar presente no julgamento e de defender-se pessoalmente ou por intermédio
de defensor de sua escolha; de ser informado, caso não tenha defensor, do direito
que lhe assiste de tê-lo e, sempre que o interesse da justiça assim exija, de ter um
defensor designado ex-offício gratuitamente, se não tiver meios para remunerá-lo;
e) De interrogar ou fazer interrogar as testemunhas de acusação e de obter o
comparecimento e o interrogatório das testemunhas de defesa nas mesmas condições
de que dispõem as de acusação; (...).
A jurisprudência pátria também vem assegurando o direito de defesa
dos litigantes, notadamente em casos de denegação de oitiva de testemunhas
consideradas indispensáveis pela Defesa, sem a necessária robusta fundamentação para
a negativa, o que constitui hipótese de valoração inadequada e antecipada da
prova:
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MANDADO DE SEGURANC A. SERVIDOR PUBLICO.
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. PRODUCAO
DE PROVA ORAL REQUERIDA EM DEFESA ESCRITA PELO
INVESTIGADO. RECUSA PELA COMISSAO PROCESSANTE.
FUNDAMENTAC AO INSUFICIENTE. CERCEAMENTO DE
DEFESA CONFIGURADO. Conforme entendimento firmado pela Terceira
Seção do Superior Tribunal de Justiça, no processo administrativo disciplinar, o
presidente da comissão deve fundamentar adequadamente a rejeição de pedido de
oitiva de testemunhas formulado pelo servidor (art. 156, § 1o, da Lei 8.112/90),
em obediência aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa
(CF, art. 5o, LV).
No caso, a autoridade administrativa indeferiu os depoimentos requeridos na
defesa escrita, pois não trariam maiores esclarecimentos para o desfecho da
investigação. Deveria, contudo, ter explicitado o motivo porque tais testemunhos
seriam desnecessários, e não fazer mera repetição da regra do citado art. 156, §
1o, da Lei no 8.112/90.
A insuficiente fundamentação da recusa ao pleito do impetrante configura
cerceamento de defesa, o que importa na declaração de nulidade do processo
administrativo disciplinar desde tal ato.
Segurança concedida.
(...)
Com efeito, a fim de demonstrar que não acessou de forma indevida a base de
dados da Secretaria da Receita Federal e que tampouco forneceu sua senha para
terceiros, o impetrante, ao ofertar defesa escrita perante a comissão disciplinar,
pugnou pela oitiva de quatro servidores lotados juntamente com ele, além de todos
os funcionários que operavam os terminais de computador investigados durante a
sindicância. A comissão processante, todavia, não acolheu a postulação, ao
argumento de que tais depoimentos "não trariam maiores esclarecimentos para o
deslinde dos fatos ora sob investigação."
(...)
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Considerada a orientação deste colegiado sobre o tema, tenho que, no caso em
exame, a comissão processante não fundamentou apropriadamente a rejeição ao
pedido de produção de prova testemunhal feito pelo impetrante. De fato, era dever
da autoridade administrativa, em obediência aos postulados constitucionais da
ampla defesa e do contraditório, explicitar o motivo porque os depoimentos
requeridos pelo servidor eram prescindíveis à conclusão da investigação.
Ora, afirmar de forma simplória que os depoimentos não trariam
maiores esclarecimentos ao desfecho do caso constitui mera
repetição do texto legal (art. 156, § 1o, da Lei no 8.112/90) e não
basta à observância ao requisito da adequada justificação da
recusa à postulação do servidor, que, na hipótese, teve seu
direito de defesa cerceado.16 (grifamos)
De forma similar:
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINARIO EM HABEAS
CORPUS. INSTRUC AO CRIMINAL. INDEFERIMENTO DE
OITIVA DE TESTEMUNHA RESIDENTE EM OUTRO PAIS.
CERCEAMENTO DE DEFESA. OCORRE NCIA.
DEMONSTRACAO DE PREJUIZO. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL CARACTERIZADO. RECURSO PROVIDO.
A busca pela verdade real constitui princípio que rege o Direito Processual Penal.
A produção de provas, porque constitui garantia constitucional, pode ser
determinada, inclusive pelo Juiz, de ofício, quando julgar necessário (arts. 155 e
209 do CPP).
O Juiz apreciará livremente a prova. Não obstante, constitui cerceamento
de defesa o indeferimento de pedido de oitiva de testemunha,
16 STJ, MS 10.468 - DF (2005/0030834-5), REL. MIN. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, julgado em 27.09.2006.
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máxime sob o convencimento antecipado quanto a sua
"imprestabilidade".
A circunstância de uma das testemunhas arroladas pela defesa residir em outro
país, devendo ser ouvida por carta rogatória, deve ser interpretada em consonância
com a norma constitucional que garante a ampla defesa no processo penal (art. 5o,
LV, da CF/88).
E direito absoluto da defesa produzir a prova que entende
necessária para demonstrar a inocência do acusado, em relação
à imputação que lhe foi feita, mesmo quando o magistrado
entende ser desnecessário.
(...)
Ademais, verifico que a prova testemunhal foi desvalorada antes mesmo de ser
produzida, a traduzir juízo antecipado que, sem dúvida, teve o condão de obstar a
defesa.
Portanto, deve prevalecer o entendimento de que é direito da defesa produzir a
prova que entenda necessária para demonstrar a inocência do acusado, em relação
à imputação que lhe foi feita, mesmo quando o magistrado se posicione em sentido
contrário. Em verdade, o direito à prova não se distingue do devido processo legal.
Neste sentido, recolho o seguinte escólio doutrinário:
"... é preciso ter em mente a base constitucional do direito à prova, que não
pode ser suprimido ou restringido por norma ordinária; não se pode ir ao
ponto de negar á acusação ou à defesa o exercício legítimo do poder de
influenciar, através das provas, o convencimento do juiz.
Também é evidente que não se permite ao juiz, em nome do livre
convencimento, excluir qualquer prova pela consideração antecipada de que
seus resultados não irão alterar a sua convicção; isso não somente
importaria em prejulgamento, como também levaria à exclusão de eventuais
elementos que poderiam servir a um reexame da causa, em grau de recurso
ou revisão, com inequívoca afronta ao direito à prova (ANTONIO
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MAGALHAES GOMES FILHO , Direito à prova no processo
penal, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 1997, p. 132/133).
(...)
O Supremo Tribunal Federal igualmente consagra esta orientação, destacando-se:
"PROVA - REALIZAC AO - DEFESA - EXERCICIO.
O direito de defesa confunde-se com a noção de devido processo legal, além
de, preservado, atender aos reclamos decorrentes do fundamento da
República Federativa do Brasil que é a dignidade da pessoa humana -
artigos 1o e 5o, inciso LV, da Constituição Federal. Ambígua a situação,
tal direito há de ser viabilizado à exaustão (Coqueijo Costa), ótica
robustecida quando em jogo o exercício da liberdade de ir e vir (HC
80.031/RS, Relator o Min. Mauricio Corrêa, DJ de 14.12.2001, pág.
25).
Assim, em que pesem os argumentos expendidos pela Corte ordinária e pelo
Magistrado primevo, entendo que a decisão cerceia o direito de defesa do
recorrente.17
Em verdade, para o efetivo cumprimento do direito de defesa e
exercício do contraditório, é essencial que as partes tenham ciência PLENA do
que foi encaminhado, o que já se encontra disponível em secretaria, bem como
a concessão de prazo hábil não somente para acesso, mas para analisá-los e
verificar sua pertinência quanto ao objeto das demais oitivas a serem realizadas.
Foi pela necessidade de tempo hábil para preparação das partes que a
Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, em acórdão de tema assemelhado ao
pleito, decidiu pela nulidade de ato:
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL. PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.INDICIAMENTO. 17 STJ, REL. MIN. PAULO MEDINA, RECURSO EM HABEAS CORPUS No 18.106 - RJ (2005/0120878-5), julgado em 28.03.06.
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FUNDAMENTAÇÃO SUFICIENTE. AUDIÊNCIA DE OITIVA
DE TESTEMUNHAS. VÍCIO NA INTIMAÇÃO.
REFAZIMENTO DO ATO. 1. Trata-se, originariamente, de Processo
Administrativo Disciplinar contra Oficial de Justiça pelo cumprimento de decisão
judicial e alvará de soltura falsificados. O servidor foi demitido em sessão
administrativa do Tribunal Pleno, ensejando a interposição de Mandado de
Segurança, refutado na origem. 2. O indiciamento descreve a conduta e a
tipificação e foi precedido de sindicância da qual é possível extrair elementos para o
oferecimento de defesa. Vício de fundamentação afastado. 3. No mais, com razão
o recorrente. É inadmissível que em processo de tamanha
relevância, envolvendo falsificação de documento para liberação de traficante de
entorpecentes capturado após ação de inteligência dos órgãos responsáveis, haja
particular e injustificável desleixo na condução de atos relevantes para o deslinde do
feito.4. O recorrente recebeu ofício intimando-o para
comparecimento em audiência para oitiva de "testemunhas
arroladas na sindicância" com apenas um dia de antecedência,
afrontando regra geral disposta nos arts. 26, §2º, e 41, da Lei
9784/1999 ("os interessados serão intimados de prova ou
diligência ordenada, com antecedência mínima de três dias
úteis, mencionando-se data, hora e local de realização"). 5.
Eventual afronta ao dispositivo poderia ser flexibilizada à luz do brocardo pas de
nullitésansgrief, de larga aplicação em processos administrativos. Contudo, a)
foram ouvidas três testemunhas ditas interessadas no deslinde da controvérsia,
sobre as quais havia pretensão plausível de contradita/formalização de perguntas;
b) as oitivas foram determinantes para o resultado do processo administrativo,
tendo sido objeto de referência explícita em decisões que resultaram na sanção
aplicada (relatório da Comissão Processante e julgamento administrativo pela
Corte Especial). 6. Recurso Ordinário provido para anular a decisão recorrida e
determinar o refazimento do ato impugnado - a oitiva de Rogério Oliveira de
Aquino,Kleber Oliveira Ramos e Mauro Henrique Lopes Veras -, aproveitando-
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se os demais atos instrutórios. (RMS 35.113/MA, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 14/05/2013, DJe
22/05/2013) (grifo nosso)
A ampla defesa, na lição de FERRAJOLI18, pressupõe que a parte
tenha real poder de refutação das alegações contra ela formuladas. Confira-se:
A garantia da defesa consiste precisamente na institucionalização do poder de
refutação da acusação por parte do acusado. De conformidade com ele, para que
uma hipótese acusatória seja aceita como verdadeira, não basta que seja compatível
com vários dados probatórios, mas que também é necessário que não seja
contraditada por nenhum dos dados virtualmente disponíveis. A tal fim, todas
as implicações da hipótese devem ser examinadas e ensaiadas,
de modo que sejam possíveis não apenas as provas, senão também
as contraprovas. A busca destas deve ser tutelada e favorecida não menos do que a
busca daquelas.
A ampla defesa e o contraditório, corolários da cláusula e garantia do
devido processo legal, como se sabe, são garantias constitucionais, insculpidas no
Artigo 5o da Constituição da República Federativa do Brasil. Embora de notória
redação, importante a transcrição dos mencionados dispositivos constitucionais, para
fins de argumentação sobre seu conteúdo:
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;
18 Direito e razão. Teoria do Garantismo Penal. 3. ed. São Paulo: RT, 2010, p. 144.
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Trata-se de norma definidora de uma garantia fundamental, a qual,
segundo a redação do parágrafo 1º do Artigo 5º da Constituição da República, tem
aplicação imediata e eficácia irradiadora por todo o ordenamento jurídico pátrio. Tal
norma é concretizada por meio do Art. 7º do Código de Processo Civil, elencada como
uma das normas fundamentais do processo civil que expressamente inauguram o novel
diploma legal:
Art. 7º. É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de
direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à
aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
Ademais, como anteriormente ressaltado por esta Defesa nestes autos
de processo, é relevante lembrar que direitos fundamentais não se restringem tão-só
àqueles expressamente elencados no extenso rol de direitos do mesmo Artigo 5º,
notadamente por força do que dispõe o seu paragrafo 2º: “Os direitos e garantias expressos
nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.”
Em que pese a existência de alguma controvérsia doutrinária e
jurisprudencial em torno da matéria relativa à relação entre o direito constitucional e
infraconstitucional e os tratados internacionais, a doutrina mais consentânea com o
princípio da dignidade da pessoa humana (fundamento da República Federativa do
Brasil, segundo previsão expressa no inciso III do Artigo 1º da Constituição) e com o
princípio da prevalência dos direitos humanos (cf. inciso II do Artigo 4º da Carta
Magna) aponta para o reconhecimento de que os direitos reconhecidos em tratados
internacionais em que o Brasil é parte são materialmente constitucionais e integram o
rol do artigo 5º da Constituição justamente por força do que dispõe o parágrafo 2º do
mesmo artigo.
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Tamanha a importância assegurada aos direitos humanos pelo
legislador constituinte que a Emenda Constitucional 45, que implementou a chamada
Reforma do Poder Judiciário, acrescentou ao Artigo 5º o parágrafo 3º, determinando
que “Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais”19.
Apenas a título de ilustração, é mister demonstrar que a tese de
aplicação imediata de tratados de direitos humanos encontra respaldo doutrinário farto,
como se verifica a partir da leitura do seguinte trecho, por todos:
Atribuindo-lhes a Constituição a natureza de normas constitucionais, passam os
tratados, pelo mandamento do citado art. 5o, parágrafo 1o, da CF, a ter
aplicabilidade imediata, dispensando-se, assim, a edição de decreto de execução
para que irradiem seus efeitos tanto no plano interno como no plano internacional.
Já nos casos de tratados internacionais que não versam sobre direitos humanos, este
decreto, materializando-os internamente, faz-se necessário20.
Como se vê, segundo os autores, os direitos ora relevantes, para terem
aplicação imediata prescindiam até da edição de decretos presidenciais (que
efetivamente existem, embora se possa argumentar serem desnecessários). Veja-se,
também:
19 Até o momento, o único tratado internacional internalizado com base no quórum qualificado previsto neste dispositivo foi a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, aprovada pelo Congresso Nacional, por meio do Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008 e promulgada pelo Presidente da República por meio do Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009. Esta convenção, evidentemente, goza de status de norma material e formalmente constitucional. A controvérsia, como se sabe, gira em torno do status constitucional dos tratados de direitos humanos aprovados anteriormente à Emenda Constitucional no. 45. 20 Claudia Lima Marques e Valerio de Oliveira Mazzuoli, O Consumidor-Depositário Infiel, os Tratados de Direitos Humanos e o Necessário Diálogo das Fontes Nacionais e Internacionais, in Doutrinas Essenciais: Direitos Humanos, Flavia Piovesan e Maria Garcia (org.), Editora Revista dos Tribunais, vol. VI, p. 64.
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“Assim, diante da novidade trazida pela disposição em foco, e levando em
consideração o princípio da prevalência da regra de direito mais favorável à pessoa
humana, cuja proteção à sua dignidade é a finalidade última e a razão de ser de
todo o ordenamento jurídico, bem como em atenção ao espírito que animou o
constituinte reformador, o qual tinha por escopo atribuir tratamento especial aos
tratados de direitos humanos, enfatizando sua gradação constitucional, entendemos
que a única interpretação razoável que se pode emprestar ao preceptivo em tela é
aquela que afasta, de plano, a concepção de que, em face do parágrafo 3o acrescido
ao art. 5o, os tratados ratificados anteriormente pelo Estado brasileiro seriam
recepcionados como lei ordinária, haja vista que esses diplomas internacionais, por
força do disposto no art. 5o, parágrafo 2o, já são materialmente constitucionais,
pois é a própria Carta Magna que os inclui em seu catálogo de direitos
fundamentais, concedendo-lhes hierarquia de norma constitucional, independente do
quórum de sua aprovação. Esse quórum qualificado serve tão-somente para
atribuir-lhes eficácia formal.”21
Desta forma, há fundamento para compreender os direitos humanos
reconhecidos em tratados internacionais em que o Brasil é parte como direitos
materialmente constitucionais, de aplicabilidade imediata, tanto quanto o são aqueles
previstos expressamente no Artigo 5º da Carta Magna.
A consequência de tal entendimento, como se sabe, é a compreensão
de que tais “são normas jurídicas dotadas de força normativa e aptas, em muitos casos, a produzir
efeitos concretos independentemente de regramento ulterior22.” Ainda que se classifique os direitos
internacionalmente reconhecidos entre “normas definidoras de direitos” e “normas
programaticas” (as primeiras com potencial para assegurar ao titular todas as faculdades
decorrentes do reconhecimento de um direito subjetivo), o fato é que os efeitos
21 Fernando Luiz Ximenes Rocha, A Reforma do Judiciário e os Tratados Internacionais, in Doutrinas Essenciais: Direitos Humanos, Flavia Piovesan e Maria Garcia (org.), Editora Revista dos Tribunais, vol. VI, p. 193. 22 Veja-se, por todos, Luís Roberto Barroso, O Direito Constitucional e a Efetividade de suas Normas: limites e possibilidades da Constituição Brasileira, 9a Ed., Editora Renovar, p. 139.
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práticos de serem normas constitucionais de aplicação imediata são muito bem
definidos. Um de tais efeitos muito claros é o de imediatamente condicionar a atuação
da administração pública, como salientado pelo Ministro Luís Roberto Barroso, na obra
já citada23.
Pois bem, sendo assim, relevante trazer à baila a normativa e
jurisprudência internacionais de proteção à garantia do devido processo legal e do
direito à ampla defesa e ao contraditório, perfeitamente aplicáveis ao caso concreto.
Além disso, como se verifica, o direito ao devido processo legal, e
seus corolários os direitos à ampla defesa e ao contraditório, são previstos de forma
bastante genérica no texto constitucional pátrio, como em inúmeros outros
ordenamentos jurídicos nacionais. O seu conteúdo vem sendo desenvolvido doutrinaria
e jurisprudencialmente, algumas vezes de forma casuística, outras de forma mais
sistematizada.
Embora os tratados internacionais também se valham de dispositivos
de cunho abstrato, no caso das garantias processuais (como em outros), buscou-se
estabelecer um conteúdo mais detalhado do devido processo legal. Estes funcionam
como garantias mínimas de todos os litigantes que, potencialmente, podem ter seus
bens ou direitos atingidos em procedimentos judiciais.
Referida normativa inclui, no mínimo, o Pacto Internacional de
Direitos Civis e Políticos, aprovado pelo Congresso Nacional por meio do Decreto
Legislativo no. 226, de 12 de dezembro de 1991 e promulgado pelo Presidente da
República por meio do Decreto no. 592, de 6 de julho de 1992. Este tratado reconhece,
em seu Artigo 14.1, que:
23Ibid, p. 151.
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Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as cortes de justiça. Toda pessoa
terá o direito de ser ouvida publicamente e com devidas garantias por um tribunal
competente, independente e imparcial, estabelecido por lei, na apuração de qualquer
acusação de caráter penal formulada contra ela ou na determinação de seus direitos
e obrigações de caráter civil. A imprensa e o público poderão ser excluídos de parte
da totalidade de um julgamento, quer por motivo de moral pública, de ordem
pública ou de segurança nacional em uma sociedade democrática, quer quando o
interesse da vida privada das Partes o exija, que na medida em que isso seja
estritamente necessário na opinião da justiça, em circunstâncias específicas, nas
quais a publicidade venha a prejudicar os interesses da justiça; (...).
De forma similar, o Art. 8.1 da Convenção Interamericana de Direitos
Humanos prevê:
Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um
prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal
formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de
natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.
Estas e outras normas internacionais de direitos humanos protetivas
do devido processo legal vêm sendo desenvolvidas e aplicadas por diversos organismos
internacionais. Segundo abalizada doutrina:
“Foram a constitucionalização e a internacionalização dos direitos fundamentais,
particularmente desenvolvidas na jurisprudência dos tribunais constitucionais e das
instâncias supranacionais de Direitos Humanos, como a Corte Europeia de
Direitos Humanos, que revelaram o conteúdo da tutela jurisdicional efetiva como
direito fundamental, minudenciado em uma série de regras mínimas a que se
convencionou chamar de garantias fundamentais do processo, universalmente
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acolhidas em todos os países que instituem a dignidade da pessoa humana como
um dos pilares do Estado Democrático de Direito”.24
Realmente, no Caso Apitz Barbera y otros (“Corte Primera de lo Contencioso
Administrativo”) vs. Venezuela,25 a Corte Interamericana de Direitos Humanos salientou a
importância de existirem instrumentos para impugnar magistrados considerados
potencialmente imparciais, além de tratar de outras matérias relacionadas à proteção do
direito de defesa.
No específico caso destes autos, mostram-se especialmente
importante as garantias mínimas previstas nos incisos "c" e "f" do artigo 8.2 da
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, verbis:
“Artigo 8. Garantias judiciais
1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um
prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal
formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de
natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência
enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa
tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: (...)
c. concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para a preparação de sua
defesa; (...)
f. direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de obter o
comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar
luz sobre os fatos; (...)
24 Leonardo Greco, Garantias Fundamentais do Processo: o Processo Justo. Disponível em http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/15708-15709-1-PB.pdf. Acesso em 28 de abril de 2016. 25 Sentença de 5 de agosto de 2008.
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(grifamos).”26
A garantia processual de dispor do tempo e dos meios adequados para
a preparação da defesa há que ser valorada com base em uma série de fatores, como a
complexidade da causa, o volume de documentos, as partes envolvidas.
Assim, para que a garantia constitucional brasileira do devido
processo legal seja dotada de conteúdo, a todos aqueles que possam ter seus direitos
afetados em processos judiciais ou de outras naturezas devem-se assegurar todas as
condições para que se possa demonstrar os fatos relevantes, para questionar fatos
apresentados, para pedir acareações, para indicar, requerer e juntar documentos, para
pedir a inquirição de testemunhas.27
Corolário dessa garantia, o direito da defesa de inquirir testemunhas e
de obter o comparecimento de pessoas que possam lançar luz sobre os fatos (Artigo
8.2.f.) implica "a faculdade do imputado de participar de forma ativa da produção da prova,
particularmente interrogando, reperguntando e recusando peritos e testemunhas. Também implica o
direito do acusado de fiscalizar a legalidade da prova, para determinar sua veracidade e imparcialidade,
fazer as observações pertinentes e eventualmente impugna-las."28
Também a mais abalizada doutrina pátria assim se posiciona, quanto
ao conteúdo do devido processo legal:
E é nesse sentido unicamente processual, que a doutrina brasileira tem empregado,
ao longo dos anos, a locução devido processo legal, como se pode verificar, v.g., da
enumeração que se fez das garantias dela oriundas, verbis: a) o direito à citação e
ao conhecimento do teor da acusação; b) direito a um rápido e público julgamento; 26 Convenção Americana sobre Direitos Humanos, promulgada pelo Decreto no 678, de 6 de novembro de 1992 (Pacto de São José da Costa Rica, de 22 de novembro de 1969). 27 Victor Manuel Rodríguez, El DebidoProceso Legal y laConvención Americana sobre Derechos Humanos, p. 1312, disponível em www.corteidh.or.cr/tablas/a17762.pdf. Tradução livre). 28 Victor Manuel Rodríguez, El DebidoProceso Legal y laConvención Americana sobre Derechos Humanos, p. 1314.
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c) direito ao arrolamento de testemunhas e à notificação das mesmas para
comparecimento perante os tribunais; d) direito ao procedimento contraditório; e)
direito de não ser processado, julgado ou condenado por alegada infração às leis ex
post facto; f) direito à plena igualdade entre acusação e defesa; g) direito contra
medidas ilegais de busca e apreensão; h) direito de não ser acusado nem condenado
com base em provas ilegalmente obtidas; i) direito à assistência judiciária, inclusive
gratuita; j) privilégio contra a auto-incriminação.29
Todas as elencadas garantias, que conferem conteúdo e robustez à
clausula protetiva do devido processo legal, deveriam ter sido asseguradas à
Representada, sob pena de nulidade absoluta dos atos violadores de tais direitos ou de
considerar-se imprestável a prova produzida à margem de tais garantias processuais
fundamentais.
Como se vem demonstrando, entretanto, tais garantias foram
repetidamente vulneradas.
Por todo o exposto, espera a defesa da Representada Dilma Roussef
que esse Egrégio Tribunal reconheça a imprestabilidade das provas produzidas a
partir do dia 1o de março de 2017, notadamente aquelas concernentes à atuação dos ex-
funcionários da Odebrecht, réus e colaboradores premiados na Operação Lava Jato,
considerando que i) o seu conteúdo extrapola o objeto das presentes ações; ii) a sua
produção está eivada de vício de nulidade absoluta,considerando que não foi
assegurado à defesa o amplo, pleno e efetivo exercício dos seus direitos ao
contraditório e à ampla defesa, negando-se também conteúdo à garantia do
devido processo legal.
29 Nelson Nery Junior, Princípios do Processo Civil na Constituição Federal, Editora RT, pp. 36-37, citando José Celso de Mello Filho, "A tutela judicial da liberdade", in RT 526, PP. 298, 299.
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Em consequência, desde já requer a defesa da Representada que tais
provas sejam excluídas do conjunto processual ou ao menos inteiramente
desconsideradas pelos Eminentes Ministros na apreciação do conteúdo probatório.
Caso assim V. Exas. não entendam, o que se admite apenas por amor
ao debate, requer seja reconhecido o vício de nulidade absoluta das referidas provas,
determinando-se a retomada da marcha processual de modo a se permitir o pleno
exercício dos direitos ao contraditório e à ampla defesa, com o deferimento de todas as
provas requeridas pela defesa da Representada (anteriormente especificadas).
Espera, ainda, que essa Colenda Corte reconheça expressamente a
ofensa i) ao Artigo 7o do novo Código de Processo Civil; ii) aos incisos LIV e LV do
Artigo 5o da Constituição da República Federativa do Brasil; iii) ao Artigo 14.1 do
Anexo ao Decreto no. 592, de 6 de julho de 1992, que promulgou o Pacto
Internacional de Direitos Civis e Políticos; iv) aos Artigos 8.2.c e 8.2.f da Convenção
Americana sobre Direitos Humanos, promulgada pelo Decreto no 678, de 6 de
novembro de 1992 (Pacto de São José da Costa Rica, de 22 de novembro de 1969).
IV. DO MÉRITO
Como anteriormente exposto, o presente processo encontra-se dividido em 2 fases:
a) Fatos originários constantes das peças exordiais como supostos
ilícitos – FASE PRÉ-ODEBRECHT
b) Fatos novos não constantes das peças exordiais e trazidos aos
autos a partir do último dia 1º de março como supostos ilícitos tendo
como origem exclusivamente os depoimentos de colaboradores
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premiados do Grupo Odebrecht como testemunhas do juízo – FASE
ODEBRECHT.
Ainda em decorrência da FASE ODEBRECHT, o Plenário do TSE
ao acolher QUESTÃO DE ORDEM formulada pelo eminente Ministro Relator em
sessão de julgamento no último dia 4 de abril, decidiu por colher os depoimentos de
Guido Mantega, como testemunha de defesa, e de outros três colaboradores premiados,
Monica Moura, João Santana e André Santana, na condição de testemunhas do juízo.
Os depoimentos dos três colaboradores premiados merecerão análise
em tópico separado, diante das inúmeras afirmações inverídicas e fantasiosas que foram
por eles lançadas, receberão o título de FASE PÓS-ODEBRECHT.
Passemos à análise de mérito e à comprovação da improcedência de
cada um deles, dividindo-os em FASE PRE-ODEBRECHT E FASE ODEBRECHT.
IV.i - OS SUPOSTOS “ILÍCITOS” – FASE PRÉ-ODEBRECHT
1º suposto “ilícito”: “DESVIO DE FINALIDADE NA CONVOCAÇÃO DE
REDE NACIONAL DE EMISSORAS DE RADIODIFUSÃO”
Narram os Autores que no “dia 8 de março de 2014, a pretexto de prestar
homenagem ao Dia Internacional da Mulher, a primeira investigada convocou, à custa do erário, cadeia
nacional de rádio e televisão para fazer pronunciamento ...”
Como bem esclarecem os Autores, esse “fato, sob a ótica da propaganda
eleitoral antecipada, foi submetido a esse egrégio Tribunal por meio da RP nº 16383, julgada
improcedente por se entender inexistente ‘qualquer referência ao pleito futuro’ ...”.
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Ora, sendo assim, não se atina como um fato, que sequer foi
considerado propaganda eleitoral antecipada, possa ser novamente apreciado,
como sustentam os Autores, “agora sob o ponto de vista do abuso do poder político e econômico”.
Se a convocação de cadeia de rádio e televisão para pronunciamento
no Dia Internacional da Mulher não constitui sequer propaganda irregular, repita-se,
nas palavras dos próprios Autores, por não haver “qualquer referência ao pleito futuro”,
evidentemente é descabido tê-la como ato de abuso do poder de autoridade.
Mas prosseguem os Autores para dizer que, talvez “estimulada pela r.
decisão que julgara improcedente a RP nº 16383, a primeira investigada voltou à carga de forma ainda
mais ousada no dia 1º de maio seguinte, fazendo este pronunciamento a propósito do Dia do
Trabalhador ...”.
Em primeiro lugar, não se imagina como a Ré Dilma Rousseff
pudesse sentir-se “estimulada pela r. decisão que julgara improcedente a RP nº 16383” para fazer
pronunciamento no dia 1º de maio de 2014, quando aquela decisão só foi proferida por
esse Eg. Tribunal no dia 1º de agosto de 2014.
Seria, pois, dar poderes premonitórios à Ré Dilma Rousseff para
concedê-la estímulos só confirmados muito tempo depois.
Abstraída, contudo, a inexistência dos estímulos, certo é que a outra
representação a que se referem os Autores foi julgada procedente por esse Eg. Tribunal
para condenar ao pagamento de multa pela configuração de propaganda antecipada (Rp
nº 32663).
Ocorre que, além de o respectivo acórdão desse Eg. Tribunal ainda
ser objeto de recurso, não sendo definitivo, dele não se pode extrair nada que
caracterize abuso de poder, sobretudo abuso do poder econômico.
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Se qualquer condenação por propaganda antecipada pudesse revelar,
só por si, abuso de poder, não haveria nenhuma eleição que subsistisse.
Ademais, como se falar em “abuso” do poder político ou econômico,
se houve a glosa apenas de uma conduta, ou seja, a manifestação no Dia do
Trabalhador?
O abuso inserido no art. 14, § 10, da Constituição Federal – e que é
apenas o “abuso do poder econômico”, e não o abuso do poder político – significa a
reiteração de condutas, mesmo regulares, que comprometam a lisura e a normalidade
das eleições.
E, no caso, por mais parcial que seja a visão dos Autores, não se pode
realmente dizer que a Eleição Presidencial de 2014 foi comprometida pelo
pronunciamento do dia 1º de maio, antes mesmo do período de campanha eleitoral.
2º suposto “ilícito”: “MANIPULAÇÃO NA DIVULGAÇÃO DE
INDICADORES SOCIOECONÔMICOS”
Trata-se de fato que foi objeto da Representação nº 177471, a que a
Sra. Ministra LUCIANA LÓSSIO negou seguimento em decisão de 02.02.2015, que
transitou em julgado.
Por outro lado, quando o Sr. Ministro ADMAR GONZAGA
indeferiu a respectiva liminar, bem ponderou que não estava comprovada nenhuma
ilicitude, nestes termos:
“Não verifico o fumus boni iurs, porquanto as afirmações
declinadas na inicial lastreiam-se, exclusivamente, em matéria jornalística,
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ainda que produzida e veiculada por periódico de tradição e
respeitabilidade.
Com efeito, a reportagem tem contorno especulativo e, assim, não
apresenta a segurança necessária para determinar a subsunção do quanto
descrito à norma apontada.
Por outro lado, não visualizo o periculum in mora, haja vista
que, muito embora a matéria considere haver ocultamento de dados por
parte do Governo Federal, não impediu a especulação sobre a deterioração
dos índices relacionados aos setores por ela abordados.
Ante o exposto, INDEFIRO A LIMINAR.”
E o mesmo acontece agora, em que a pretensa “prova” também se
baseia apenas em notícia de jornalista.
Além da absoluta falta de prova, cumpre ainda observar que a
eventual prática de abuso há de ser comissiva, ou seja, deve ser resultado de ação
concreta e determinada, e não de mera omissão.
De qualquer sorte, para efeito de argumentação, também não se
consegue imaginar a relevância, sobretudo em se cuidando de eleição presidencial, de
liberação de resultado de pesquisa em que “a quantidade de pessoas em estado de miséria no
país teria passado de 10,08 milhões para 10,45 milhos, registrando aumento de 3,68% ...”.
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3º suposto “ilícito”: “USO INDEVIDO DE PREDIOS E EQUIPAMENTOS
PÚBLICOS PARA A REALIZAÇÃO DE ATOS PRÓPRIOS DE CAMPANHA”
Como indica a própria inicial, os fatos ali descritos foram apreciados
por esse Eg. Tribunal nas Representações nºs 84890 e 66522.
Admitem os Autores que tais fatos “não foram considerados suficientes para
ensejar a procedência das respectivas representações por conduta vedada, ...”.
Também aqui a perplexidade é gritante, na medida em que, se os
fatos, especificamente, não configuraram conduta vedada, como podem eles agora “ser
sopesados na aferição do abuso do poder político como um todo”, na versão da inicial?
Ao contrário, se os fatos não eram sequer vedados como condutas
dos agentes públicos, não podem jamais comprometer a lisura do pleito sob o prisma
de abuso de poder.
4º suposto “ilícito”: “VEICULAÇÃO DE PUBLICIDADE INSTITUCIONAL
EM PERÍODO VEDADO”
Ainda de acordo com a inicial, “cumpre trazer também à baila, para efeito de
análise do abuso de poder político em proveito da candidatura dos investigados, as várias decisões desse
egrégio Tribunal que, em sede de representações por conduta vedada, reconheceram a ilicitude de
propagandas institucionais veiculadas pela Petrobrás”.
Acontece que as representações julgadas por esse Eg. Tribunal, e
citadas na inicial, resultaram ou na exclusão dos então Representados Dilma Rousseff e
Michel Temer ou na respectiva improcedência, motivo pelo qual não há como se
cogitar de benefício eleitoral.
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Afinal, se os então Representados Dilma Rousseff e Michel Temer
não foram sequer considerados beneficiários de conduta vedada, não se compreende
como possam ser beneficiários de inexistente abuso de poder.
Acresce mais que essa mesma questão é objeto de anterior ação de
investigação judicial eleitoral (Processo nº 154781).
Se antes já se estava diante de litispendência – pois esse mesmo
fundamento já era objeto da anterior ação de investigação judicial eleitoral –, quanto
mais se ele também foi incluído como causa de pedir em ação de investigação judicial
eleitoral ainda mais anterior.
Quanto à outra representação indicada na inicial (Processo nº 81770),
os então Representados Dilma Rousseff e Michel Temer também foram dela excluídos.
Já outra representação referida pelos Autores a fls. 20 ainda não foi
julgada (Processo nº 177034). De toda forma, e a propósito, quando indeferiu a liminar
pleiteada naqueles autos, o Sr. Ministro ADMAR GONZAGA acentuou que não estava
configurada nenhuma conduta vedada, a saber:
“Pelo teor das notícias veiculadas nos endereços eletrônicos apontados,
fielmente transcritas pela Representante, avisto, tão somente, divulgação
informativa das atividades governamentais.
Não vislumbro - ao menos neste juízo de cognição sumária -
propagação de mensagem desbordante do caráter informativo, que é próprio
das notícias e releases divulgados pelos órgãos da administração direta e
indireta, sobretudo quando não se assemelham à publicidade institucional
vedada pela norma, que é aquela nitidamente facciosa, ou seja, destinada a
destacar agentes públicos ou, quando pior, com contornos de promoção
eleitoral.
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Demais disso, o objeto da presente ação não se ajusta ao precedente
indicado pela Representante (Rp nº 1722-75), porquanto nele se discutiu a
divulgação de mensagem pelo Governo de Minas Gerais, em resposta às
críticas veiculadas na propaganda eleitoral da corrente adversária.
Registro que os argumentos aqui lançados foram integralmente
endossados pelo Plenário desta Casa, ao apreciar caso muito semelhante,
por ocasião do julgamento da Rp nº 1156-29, de minha relatoria, decidida,
por unanimidade, na sessão de 14.10.2014, cuja ementa transcrevo:
ELEIÇÕES 2014. REPRESENTAÇÃO. CONDUTA
VEDADA. ART. 73 DA LEI Nº 9.504/97.
MINISTRO DE ESTADO. PALESTRA.
DESBORDAMENTO DE SUAS FUNÇÕES
INSTITUCIONAIS. PROSELITISMO ELEITORAL.
SUPOSTA PROPAGANDA ELEITORAL E USO
DA MÁQUINA ADMNISTRATIVA EM FAVOR
DOS CANDIDATOS REPRESENTADOS.
PUBLICIDADE INSTITUCIONAL DE ATOS DE
GOVERNO EM PERÍODO VEDADO. NÃO
CONFIGURAÇÃO. NOTÍCIA PUBLICADA NO
SITE DO MINISTÉRIO. CARÁTER
INFORMATIVO. IMPROCEDÊNCIA DA
REPRESENTAÇÃO.
1. Ministro de Estado que profere palestra, a convite, sobre tema
pertinente à sua área de atuação está no exercício regular de suas
funções institucionais.
2. In casu, a veiculação do fato no portal do Ministério teve
apenas caráter informativo, não configurando divulgação de atos
de governo.
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3. Inexistente qualquer prática, na conduta ora impugnada, a
enquadrar-se nas vedações contidas nos incisos I, II, III e VI, b,
do art. 73 da Lei nº 9.504/97.
4. Representação julgada improcedente.
Ante o exposto, INDEFIRO o pedido de liminar.”
Em se tratando de fatos públicos, a notícia de sua ocorrência em sítio
da internet não importa em publicidade institucional de atos de órgãos públicos federais
(inciso VI, letra b, do art. 73 da Lei nº 9.504/97).
Se a imprensa pode divulgar, por exemplo, que “Desemprego cai a 4,9%
em setembro e atinge menor taxa da história para o mês, diz IBGE”, por que o sítio
governamental não pode fazê-lo? E mais, por que os candidatos também não podem
fazê-lo em sua propaganda eleitoral?
A conduta que a lei veda a título de publicidade institucional, como
está dito na letra b do inciso VI do citado art. 73 da Lei nº 9.504/97, é a divulgação de
“atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos federais, ...”, com tendência “a
afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais”, e não meras notícias
informativas sem nenhuma conotação eleitoral.
Ou será que, ainda por exemplo, a notícia de que “Eleitores que não
votaram no 1º turno poderão fazê-lo no 2º” constitui publicidade institucional vedada?
Destarte, não havendo conduta vedada, sobretudo em relação aos
Réus Dilma Rousseff e Michel Temer, também não está presente sequer fumaça de
abuso de poder.
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5º suposto “ilícito”: “REALIZAÇÃO DE GASTOS DE CAMPANHA EM
VALOR QUE EXTRAPOLA O LIMITE INFORMADO”
Nesse tópico específico e nos demais referentes ao pretenso “abuso de
poder econômico”, a temeridade da ação sobe de tomo, com a devida vênia.
Pretendem os Autores, sem mais nem menos, rever a decisão desse
Eg. Tribunal que aprovou as contas dos Réus Dilma Rousseff e Michel Temer,
para tentar (re)discutir se foram feitos gastos acima do limite declarado.
Ora, se houvesse alguma irregularidade quanto aos gastos de
campanha – e não houve –, esse Eg. Tribunal não teria aprovado a prestação de contas.
E a consequência de eventual extrapolação de limite de gastos está
claramente prevista no art. 18, § 2º, da Lei nº 9.504/97, ou seja, gastar recursos “além dos
valores declarados nos termos deste artigo sujeita o responsável ao pagamento de multa no valor de cinco
a dez vezes a quantia em excesso”.
Daí se segue que, tendo sido aprovada a prestação de contas e não
tendo sido aplicada a multa estipulada no citado § 2º do art. 18 da Lei nº 9.504/97, os
Réus Dilma Rousseff e Michel Temer não gastaram recursos além dos valores
declarados.
Vale ressaltar que o processo de prestação de contas, desde a vigência
da Lei nº 12.034/09, possui natureza jurisdicional, tanto que contra a respectiva decisão
cabe a interposição de recursos, inclusive especial (§§ 5º e 6º do art. 30 da Lei nº
9.504/97).
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Logo, trata-se de questão já coberta pela coisa julgada e que não
pode mais ser revista a pretexto de abuso de poder econômico, pois, insista-se, esse
Eg. Tribunal decidiu que o limite de gastos não foi extrapolado.
De mais a mais, conforme já demonstraram exaustivamente os Réus
Dilma Rousseff e Michel Temer nos autos da prestação de contas, os gastos de
campanha ainda foram apurados de maneira equivocada pelo órgão de exame, razão
pela qual não ocorreu em nenhum momento extrapolação dos gastos, mesmo se esses
gastos pudessem ser registrados dia a dia, e não após o aumento do limite.
Com efeito, da página de internet de divulgação do financiamento
eleitoral no sítio do Tribunal Superior Eleitoral, às 22h40 do dia 03.12.2014, constava
que a prestação de contas com número de controle 000130100000BR1280386, entregue
em 25.11.2014, indicava que, em 23.10.2014, as despesas totais somavam R$
308.500.339,66, acima, portanto, do primeiro limite de gastos estabelecido para a
campanha de R$ 295.000.000.
Sobre esse dado apresentaram-se justificativas no sentido de que, em
23.10.2014, as despesas de campanha, na verdade, somavam R$ 292.094.999,79 porque
não tinha havido exclusão dos valores computados a título de doação estimável em
dinheiro naquele momento, havia valores em duplicidade no sistema.
Isso porque a forma como o Sistema de Prestação de Contas
Eleitorais (SPCE) evidencia os lançamentos acaba por distorcer valores em duplicidade
quando a campanha descentraliza os gastos, transferindo recursos financeiros aos
diretórios estaduais, e estes, por sua vez, realizam gastos estimáveis em dinheiro em
benefício da candidatura. E esse dado não pode ser ignorado, eis que faz com que os
valores efetivamente gastos não sejam refletidos de forma adequada e real.
COLIGAÇÃO COM A FORÇA DO POVO (PT -PMDB-PSD-PP-PR-PROS-PDT-PCdoB -PRB)
DILMA - PRESIDENTA / MICHEL TEMER – VICE
Esse assunto foi objeto de análise em impugnação oferecida pelos
próprios Autores por ocasião da apresentação do relatório final das contas e, naquela
oportunidade, sequer o órgão técnico apontou alguma irregularidade.
Importa, todavia, repisar que, de fato, em nenhum momento a
extrapolação ocorreu, haja vista que no cálculo estavam computadas as doações
estimadas decorrentes de mera descentralização financeira das despesas da campanha
aos Diretórios Estaduais da campanha, ou seja, os valores descentralizados para os
Estados eram computados financeiramente no momento da transferência bancária feita
pela campanha da candidata aos Estados e novamente pelo cômputo dos mesmos
valores que voltavam como doação estimada.
Por conseguinte, não houve extrapolação de limite de gastos,
conforme já decidiu esse Eg. Tribunal na respectiva prestação de contas, gastos, por
sinal, que se situaram dentro do razoável, considerando que as campanhas eleitorais
tanto dos Autores, quanto dos Réus, gastaram valores bastante aproximados.
Como se extrai dos demonstrativos a seguir transcritos, os gastos da
campanha dos Autores declarados originalmente, antes das retificações, foram de R$
218.687.542,25, enquanto os da campanha dos Réus de R$ 241.080.154,48:
AÉCIO NEVES
COMITÊ
FINANCEIRO
NACIONAL
CANDIDATO AÉCIO
NEVES TOTAIS
RECEITAS TOTAIS
REGISTRADAS 201.253.073,14 222.925.853,17 424.178.926,31
(-) RECEITAS
ESTIMADAS -384.185,35
-194.396.923,71
-194.781.109,06
RECEITAS TOTAIS 200.868.887,79 28.528.929,46 229.397.817,25
COLIGAÇÃO COM A FORÇA DO POVO (PT -PMDB-PSD-PP-PR-PROS-PDT-PCdoB -PRB)
DILMA - PRESIDENTA / MICHEL TEMER – VICE
DESPESAS TOTAIS
REGISTRADAS 216.795.244,10 223.475.907,21 440.271.151,31
(-) DESPESAS
ESTIMADAS -384.185,35 -194.396.923,71 -194.781.109,06
DESPESAS TOTAIS
EFETIVADAS 216.411.058,75 29.078.983,50 245.490.042,25
RESULTADO
LÍQUIDO -15.542.170,96 -550.054,04 -16.092.225,00
Doações Financeiras
transferidas a outros
candidatos, comitês e
partidos 23.802.500,00 3.000.000,00
26.802.500,00
DESPESAS TOTAIS
DIRETAS DO
CANDIDATO 192.608.558,75 26.078.983,50 218.687.542,25
Doações de outros
bens e serviços a
candidatos, Com. Fin. e
Partidos -182.684.659,56 194.396.923,71
DILMA ROUSSEFF
COMITÊ
FINANCEIRO
NACIONAL
CANDIDATA DILMA
VANA ROUSSEFF TOTAIS
RECEITAS TOTAIS
REGISTRADAS 776.738,56 350.836.301,70 351.613.040,26
(-) RECEITAS
ESTIMADAS -12.940,75
-32.211.649,70
-32.224.590,45
RECEITAS TOTAIS
EFETIVAS 763.797,81 318.624.652,00 319.388.449,81
ANEXO 1/1.1
COLIGAÇÃO COM A FORÇA DO POVO (PT -PMDB-PSD-PP-PR-PROS-PDT-PCdoB -PRB)
DILMA - PRESIDENTA / MICHEL TEMER – VICE
DESPESAS TOTAIS
REGISTRADAS 776.693,59 350.575.063,64 351.351.757,23
(-) DESPESAS
ESTIMADAS -12.940,75 -32.211.649,70 -32.224.590,45
DESPESAS TOTAIS
EFETIVAS 763.752,84 318.363.413,94 319.127.166,78
RESULTADO
LÍQUIDO 44,97 261.238,06 261.283,03
Doações Financeiras
transferidas a outros
candidatos, comitês e
partidos 0,00 78.047.012,30
78.047.012,30
DESPESAS TOTAIS
DIRETAS DO
CANDIDATO 763.752,84 240.316.401,64 241.080.154,48
Doações de outros
bens e serviços a
candidatos, Com. Fin.
e Partidos 0,00
32.211.649,70
Sendo a diferença de pouco mais de 10% (dez por cento) entre os
gastos de uma campanha e outra, salta aos olhos a inexistência de abuso do poder
econômico em favor de uma delas.
6º suposto “ilícito”: “FINANCIAMENTO DE CAMPANHA MEDIANTE
DOAÇÕES OFICIAIS DE EMPREITEIRAS CONTRATADAS PELA
PETROBRÁS COMO PARTE DA DISTRIBUIÇÃO DE PROPINAS”
Alegam os Autores que “a campanha eleitoral de 2010 da requerida Dilma
Rousseff foi financiada, em parte, por dinheiro oriundo da corrupção da Petrobrás”.
ANEXO 1/1.2
COLIGAÇÃO COM A FORÇA DO POVO (PT -PMDB-PSD-PP-PR-PROS-PDT-PCdoB -PRB)
DILMA - PRESIDENTA / MICHEL TEMER – VICE
Continua a inicial para dizer que o “recebimento desses valores é fato
incontroverso, pois consta da prestação de contas dos três partidos políticos destinatários das propinas,
...”, que seriam o Partido dos Trabalhadores - PT, o Partido Progressista - PP e o
Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB.
Em primeiro lugar, negam os Réus, de forma categórica, que tenha
havido qualquer financiamento da campanha de 2010, com recursos oriundos de
eventual corrupção na Petrobrás, inexistindo fato incontroverso como afirmado pelos
Autores.
Em segundo lugar, sendo o objeto da presente ação circunscrito ao
pleito eleitoral de 2014 (frise-se: 2014!), era de se supor, então, que os Autores
cuidassem de demonstrar que os valores recebidos pela campanha dos Réus Dilma
Rousseff e Michel Temer para as Eleições Presidenciais de 2014 seriam provenientes
daquelas “empreiteiras contratadas pela Petrobrás como parte da distribuição de propinas”.
Curiosamente, porém, os Autores transcrevem na inicial os valores
que teriam sido recebidos das “empresas investigadas na operação Lava Jato da Polícia Federal”
por aqueles três partidos políticos, mas “apenas nos anos de 2012 e 2013”.
Por que os Autores não apontaram os valores recebidos
daquelas empreiteiras para o financiamento da campanha de 2014?
A razão é simples e conhecida por todos: as empreiteiras doaram
recursos para todas as campanhas eleitorais ou pelo menos para as mais importantes,
seja para as campanhas presidenciais, seja para os cargos estaduais. E doaram de
forma muito significativa e substancial para as campanhas de Aécio Neves e do
PSDB.
COLIGAÇÃO COM A FORÇA DO POVO (PT -PMDB-PSD-PP-PR-PROS-PDT-PCdoB -PRB)
DILMA - PRESIDENTA / MICHEL TEMER – VICE
Os números são claros:as empreiteiras doaram recursos para a
campanha do adversário Aécio Neves em 2014, no valor de R$ 78.850.000,00
(setenta e oito milhões oitocentos e cinquenta mil reais), como se colhe de quadro
em anexo, abaixo sintetizado:
DOAÇÃO
EMPRESAS TOTAIS
2010 2014
CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ S/A
R$
30.600.000,00
R$
33.200.000,00
CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO CAMARGO
CORRÊA S/A R$ 9.000.000,00
R$
5.500.000,00
CONSTRAN R$ 750.000,00
-
ENGEVIX
-
-
GALVÃO ENGENHARIA S/A R$ 1.990.000,00 R$ 500.000,00
MENDES JR
R$
1.800.000,00
-
CONSTRUTORA OAS LTDA. R$ 3.100.000,00
R$
14.150.000,00
CONSTRUTORA QUEIROZ GALVÃO S/A R$ 5.030.000,00
R$
7.630.000,00
UTC ENGENHARIA S.A. R$ 1.275.000,00
R$
4.500.000,00
OAS ENGENHARIA E PARTICIPAÇÕES S/A R$ 1.000.000,00
-
QUEIROZ GALVÃO SERVIÇOS ESPECIAIS DE
ENG R$ 400.000,00 R$ 600.000,00
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CARIOCA CHRISTIANI-NIELSEN
ENGENHARIA R$ 840.000,00
R$
1.040.000,00
CONSTRUTORA NORBERTO ODEBRECHT
S/A R$ 1.000.000,00
R$
7.600.000,00
ODEBRECHT OLEO E GAS S/A -----
R$
4.000.000,00
QUEIROZ GALVÃO TOWER DESENV.
IMOBIL. LTDA
R$ 130.000,00
R$
56.785.000,00
R$
78.850.000,00
Importante destacar que, conforme planilha anexa à defesa, fica
evidenciado que do total das receitas recebidas pelo PSDB em 2014 (R$
251.469.992,00), 31,38% (R$ 78.850.000,00) delas têm origem nas doações de
empreiteiras mencionadas na "operação lava-jato"30.
Sendo assim, como falar em abuso do poder econômico? E mais,
como cogitar de benefício eleitoral apenas para os Réus Dilma Rousseff e Michel
Temer? E para os demais candidatos? Também eles não receberam recursos das
mesmas empreiteiras?
30 ANDRADE GUTIERREZ ENGENHARIA S/A - CNPJ 17.262.213/0001-94, CARIOCA CHRISTIAN
NIELSEN ENGENHARIA S/A - CNPJ 40.450.769/0001-26, CONSTRUCAP CCPS ENGENHARIA E
COMERCIO S.A. - CNPJ 61.584.223/0001-38, CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO CAMARGO CORREA
S/A - CNPJ 61.522.512/0001-02, CONSTRUTORA NORBERTO ODEBRECHT S/A - CNPJ
15.102.288/0001-82, ODEBRECHT AGRONDÚSTRIA S/A - CNPJ 08.636.745/0001-53, ODEBRECHT
ÓLEO E GÁS S/A - CNPJ 08.091.102/0001-71, ODEBRECHT SERVIÇOS E PARTICIPAÇÕES S/A,
CONSTRUTORA OAS S/A - CNPJ 14.310.577/0030-49, OAS S.A. - CNPJ 14.811.848/0001-05,
CONSTRUTORA QUEIROZ GALVÃO LTDA - CNPJ 33.412.792/0001-60, GALVÃO ENGENHARIA
S/A - CNPJ 01.340.937/0001-79, QUEIROZ GALVÃO ALIMENTOS S/A - CNPJ 04.899.037/0001-54,
QUEIROZ GALVÃO SERVIÇOS ESPECIAIS DE ENGENHARIA LTDA - CNPJ 40.843.021/0001-93,
QUEIROZ GALVÃO TOWER DESENV. IMOBIL. LTDA - CNPJ 11.862.944/0001-94, ENGEVIX
ENGENHARIA S/A - CNPJ 00.103.582/0001-31, UTC ENGENHARIA S/A - CNPJ 44.023.661/0001-08.
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DILMA - PRESIDENTA / MICHEL TEMER – VICE
Como cogitar de abuso de poder político dos Réus se Aécio Neves e
PSDB receberam 31,38% das empreiteiras em relação ao total arrecadado?
Mas os Réus pouparão o tempo desse Eg. Tribunal para não
enveredar a discussão para saber, por exemplo, quanto o Partido Social da Democracia
Brasileira - PSDB recebeu daquelas mesmas empreiteiras também nos anos de 2012 e
2013.
O que interessa é deixar absolutamente claro que não há, e
jamais haverá, qualquer afirmação ou informação, nem em depoimentos, nem
em termos de colaboração premiada, de que Dilma Rousseff tenha qualquer
participação direta ou indireta em atos de corrupção para obtenção de doações
eleitorais, seja no âmbito da Operação Lava Jato ou de qualquer outra
investigação.
O mesmo não pode ser afirmado em relação ao adversário Aécio
Neves, cujo nome já fora mencionado, no âmbito da Operação Lava Jato em
depoimentos de Alberto Youssef, Carlos Alexandre de Souza Rocha (vulgo “Ceara”) e
Fernando Moura.
Cumpre ainda destacar que a campanha da então candidata adotou
todos os procedimentos cabíveis e indispensáveis relacionados à verificação prévia da
legalidade, conforme preconizado na lei, para o recebimento de recursos para a
campanha.
O procedimento prévio ao recebimento das doações nas contas do
Comitê Financeiro e da campanha da então candidata Dilma Rousseff foram
extremamente rigorosos, sendo certo que foram verificados com rigor e cautela a
presença dos requisitos legais para a efetivação das doações nos exatos termos da Lei
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DILMA - PRESIDENTA / MICHEL TEMER – VICE
9.504/97 e da Resolução 23.406 que dispôs sobre a arrecadação e gastos para a
prestação de contas da campanha de 2014.
A campanha adotou todos os cuidados necessários e possíveis para
garantir a que os recursos doados se dessem nos exatos termos da lei e dos artigos 19 a
30 da mencionada resolução, especialmente em relação aos incisos do artigo 28 que
trata das fontes vedadas, sendo sempre, previamente às doações, analisada a
regularidade do CNPJ do doador, se não estava o mesmo elencado dentre as
denominadas fontes vedadas ou se existia alguma outra espécie de vedação legal para o
recebimento da doação. Nenhum recurso ilegal foi doado para a campanha da
candidata Dilma Rousseff.
Tanto é verdade que por ocasião da análise das contas, com a adoção
de procedimento igualmente rigoroso levado à cabo pela equipe técnica deste Tribunal,
com o auxílio de vários órgãos e entidades de controle externo convocados pela
Relatoria, não restou nenhuma pendência significativa em relação à arrecadação e as
contas foram aprovadas por unanimidade.
Por isso, se o doador obteve recursos de forma ilícita, como alegam
os Autores, essa ilicitude não se projeta sobre o donatário, tornando-o partícipe
confesso, até porque, repita-se, na hipótese, as empreiteiras doaram recursos para quase
todas as campanhas mais importantes e de forma substancial para a campanha dos
Autores.
E se o financiamento de campanha por parte de empreiteiras era
prática legal no Brasil, não há que se pensar em abuso do poder econômico, ainda mais
quando, como aqui, o financiamento em 2014 não foi exclusivo de apenas uma
campanha.
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7º suposto “ilícito”: “MASSIVA PROPAGANDA ELEITORAL LEVADA A
EFEITO POR MEIO DE RECURSOS GERIDOS POR ENTIDADES
SINDICAIS”
Argumentam os Autores que entidades sindicais teriam promovido
propaganda eleitoral.
Caberá, portanto, a eles comprovar tal alegação, o que não foi feito
com nenhum dos documentos anexados à inicial, que não possuem a mais mínima
autenticidade ou certeza de procedência.
Mas, de qualquer forma, é no mínimo surpreendente que os Autores
queiram questionar eleição presidencial, em país de dimensões continentais como o
Brasil, através da pretensa utilização de:
a) panfleto de uma folha no dia 15.10.2014;
b) tablóide de 24 páginas circulado em 14.10.2014;
c) outdoors espalhados em Minas Gerais ;
d) informativos Primeira Mão e Jornal do Sindipetro.
A própria enunciação desses fatos revela a sua manifesta irrelevância
no contexto da eleição presidencial, tanto mais quanto, se tivesse alguma, certamente os
Autores procurariam coibir aquela utilização a tempo e modo.
Cabe acrescentar, ainda, que os próprios trechos transcritos na inicial,
bem como os supostos documentos a que ela se refere, não revelam a existência de
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propaganda, mas apenas de informativos que versam sobre fatos determinados a
respeito de algumas categorias de trabalhadores.
8º suposto “ilícito”: “TRANSPORTE DE ELEITORES POR MEIO DE
ORGANIZAÇÃO SUPOSTAMENTE NÃO GOVERNAMENTAL QUE
RECEBE VERBA PÚBLICA PARA PARTICIPAÇÃO EM COMÍCIO NA
CIDADE DE PETROLINA/PE”
Também aqui se mostra patente a mesma irrelevância evidenciada no
tópico anterior.
De fato, qual relevância poderá ter para a eleição presidencial a
realização de um comício no interior do Estado de Pernambuco no dia 21.10.2014?
E se houve financiamento irregular do transporte de eleitores,
incumbirá aos Autores prová-lo, sem prejuízo de que em nada comprometeu a eleição
presidencial.
9º suposto “ilícito”: “USO INDEVIDO DE MEIOS DE COMUNICAÇÃO
SOCIAL CONSISTENTE NA UTILIZAÇÃO DO HORÁRIO ELEITORAL
GRATUITO NO RÁDIO E NA TELEVISÃO PARA VEICULAR
DESLAVADAS MENTIRAS”
Nesse particular, buscam os Autores transfigurar o conceito de
“veículos ou meios de comunicação social” estampado no art. 22, caput, da Lei Complementar
nº 64/90, embora se esqueçam de que agora estão propondo ação de impugnação de
mandato eletivo, e não mais ação de investigação judicial eleitoral.
Parece claro, no entanto, que o horário eleitoral gratuito não se
encaixa naquele conceito de “veículos ou meios de comunicação social”.
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DILMA - PRESIDENTA / MICHEL TEMER – VICE
Por isso, se os Autores achavam que estavam sendo ditas “deslavadas
mentiras” sobre o seu candidato, durante a execução do programa eleitoral gratuito,
cumpria-lhes adotar as providências contidas no art. 58 da Lei nº 9.504/97, ou seja,
requerer direito de resposta, caso ficasse caracterizada eventual “afirmação sabidamente
inverídica”.
Já a utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, a
que alude o referido art. 22, é, evidentemente, de outra espécie, por se dirigir às
emissoras de rádio e televisão ou à imprensa de modo geral.
E a invocação do disposto no art. 242 do Código Eleitoral também
não socorre os Autores, já que não autoriza a conclusão de ter havido qualquer ato de
abuso de poder ou de utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social.
Ademais, o que se via na respectiva propaganda nada mais era do que
o debate político de ideias de cada um dos candidatos em contraposição ao que pregava
o adversário.
Ainda sobre os supostos ilícitos originariamente expostos nas peças
exordiais, fazem-se necessárias algumas considerações mais específicas.
10º suposto “ilícito”: “DESPESAS IRREGULARES – FALTA DE
COMPROVANTES IDÔNEOS DE SIGNIFICATIVA PARCELA DAS
DESPESAS EFETUADAS NA CAMPANHA DOS REQUERIDOS”
Alegam os Autores que, conforme “noticiado amplamente pela Imprensa,
esse colendo Tribunal Superior Eleitoral, no exame das contas dos requeridos, identificou como o
segundo maior fornecedor de sua campanha a empresa FOCAL CONFECCAO E
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DILMA - PRESIDENTA / MICHEL TEMER – VICE
COMUNICAÇÃO VISUAL LTDA., empresa sobre a qual recaem gravíssimas suspeitas de
irregularidades, ...”.
Tal questão já é objeto de outra representação ajuizada pelos Autores,
distribuída a esse Eg. Tribunal sob o nº 8-46.2015.6.00.0000 ao Sr. Ministro LUIZ
FUX, juntamente com os 5º e 6º supostos “ilícitos”.
Sendo assim, o mesmo entendimento já incidiria sobre a espécie, ou
seja, a caracterização de litispendência.
De qualquer sorte, discutem-se nesse ponto suspeitas relacionadas a
um dos fornecedores da campanha presidencial da Ré Dilma Rousseff, qual seja, Focal
Confecção e Comunicação Visual Ltda.
A empresa FOCAL foi regularmente contratada pela campanha, com
a adoção de todos os cuidados necessários para a garantia do cumprimento das
exigências legais para a contratação. Nenhum fator impeditivo de contratação existia em
relação à empresa. Foram feitas as consultas necessárias e constatada a regularidade do
CNPJ da empresa. O que se dizer da participação de Elias Silva de Mattos na
sociedade? Qual irregularidade há nesse fato, ou de a filha do empresário também fazer
parte da sociedade ou de a empresa ter prestado serviços para outros candidatos
petistas? Nenhuma irregularidade há também em relação à sede da empresa. Tanto é
que este assunto foi tema levantado e alardeado pela imprensa por ocasião da prestação
de contas e nada foi apontado pela área técnica que pudesse eivar a contratação e a
prestação de serviço de qualquer vício.
Também como empresa já contratada em eleições anteriores, a
empresa contratante conhecia a capacidade operacional, que se confirmou no curso da
eleição, com a realização de todos os eventos solicitados, nos prazos e condições
contratados. Os comprovantes juntados na prestação de contas são absolutamente
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DILMA - PRESIDENTA / MICHEL TEMER – VICE
idôneos, foram atestados antes da efetivação dos pagamentos pelo financeiro da
campanha. Os eventos foram amplamente divulgados durante a campanha.
A contratação da empresa Focal foi realizada pela campanha com
toda lisura e os serviços foram devidamente e corretamente prestados. A prestação dos
serviços pela empresa abarcava diversas partes da montagem de eventos e comícios
com a montagem de palanques com carpete, mobiliário, água, estrutura, forração em
lycra, instalação de banheiros químicos, serviço de ambulância, brigadistas, sonorização,
iluminação, serviço de vídeo em telão e materiais de comunicação áudio visual, ou seja,
a prestação dos serviços era para montagem do evento e não somente a montagem de
palanque, como querem fazer entender os Autores.
Novamente invocam os Autores denúncias genéricas veiculadas na
imprensa, sem qualquer comprovação mínima das alegações. São tão vagas e imprecisas
que dificultam até a adequada defesa, por absoluta ausência de indicação clara e
consistente das irregularidades. Afinal, quais são as tipificações legais? A quais normas
tais irregularidades se subsumem e, em consequência, que penalidades incidiriam?
Também nesse tópico, há que se constatar que simplesmente não
existem fatos determinantes de abuso do poder econômico comprovados nestes autos
ou quando do julgamento da prestação de contas.
Logo, reitera-se uma vez mais a improcedência das razões aduzidas na
inicial, visto que não traz elementos novos àqueles já analisados e decididos no âmbito
do julgamento da prestação de contas, além de não refletirem gravidade tal que
justificasse eventual cassação de mandato.
11º suposto “ilícito”: “FRAUDE – DISSEMINAÇÃO DE FALSAS
INFORMAÇÕES A RESPEITO DA EXTINÇÃO DE PROGRAMAS
SOCIAIS”
COLIGAÇÃO COM A FORÇA DO POVO (PT -PMDB-PSD-PP-PR-PROS-PDT-PCdoB -PRB)
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Esse talvez seja o único ponto a ser considerado inédito, se
confrontado com os demais nas diversas ações anteriores ajuizadas pelos Autores.
O ineditismo, entretanto, não o salva da igual improcedência.
Segundo os Autores, durante “o período de campanha, surgiu a
denúncia de que recebeu-se da linha telefônica (21) 98501.4413 SMS contendo a
seguinte mensagem: ... GOVERNO FEDERAL Caro usuário, informamos que, caso você seja
participante do programa BOLSA FAMÍLIA, seu título de eleitor é monitorado através de nossos
sistemas, se seu voto for computado contra a presidente Dilma Rousseff, seu benefício será
automaticamente cancelado. Vote 13”.
Os próprios Autores assinalam que “a Coligação requerente propôs
representação contra a propaganda irregular, autuada como Processo nº 1795-47, mas o eminente
Ministro ADMAR GONZAGA, relator, em face da superveniente realização do pleito, extinguiu o
feito por falta de objeto”, e que, antes, “S. Exa. havia indeferido a medida liminar para determinar
fosse a referida linha cortada, ...” .
Cumprirá, portanto, aos Autores não só comprovar a realização da
citada propaganda irregular, como também que ela foi feita pelos Réus ou com o seu
conhecimento.
Mas deixa-se claro desde já que os Réus Dilma Rousseff e a Coligação
Com a Força do Povo não têm conhecimento nem informação de que a alegada
propaganda irregular tenha sido efetivamente realizada, nem mesmo existe qualquer
indício de que isso teria sido feito por estes, haja vista que toda a coordenação da
campanha dos Réus foi feita em Comitê localizado em Brasília-DF e não no Rio de
Janeiro.
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DILMA - PRESIDENTA / MICHEL TEMER – VICE
De qualquer modo, não se consegue vislumbrar a relevância jurídica
desse fato ou a sua potencialidade para gerar o desequilíbrio do pleito, ainda mais
porque a mensagem, se verdadeira, não teria o condão de enganar ou de iludir quem
quer que seja, pois é mais do que sabido por todos o segredo do voto, o que
conspiraria, evidentemente, contra a eficacia da pretendida “fraude” de disseminação de
falsas informações a respeito da extinção de programas sociais.
Demonstrada a improcedência dos supostos ilícitos referentes à
FASE PRÉ-ODEBRECHT, a Representada também demonstrará a improcedência dos
supostos ilícitos da FASE ODEBRECHT, porém, antes de adentrá-los, fará uma breve
explanação sobre a impossibilidade jurídica do uso exclusivo de colaboração premiada
como meio de prova.
IV.ii – DA AUSÊNCIA DE PROVAS E DA IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA
DE UTILIZAÇÃO DO INSTITUTO DA COLABORAÇÃO PREMIADA
COMO ÚNICO MEIO DE PROVA
Nenhum dos colaboradores premiados ouvidos, à exceção daqueles
integrantes da Odebrecht, trouxeram aos autos qualquer afirmação atinente aos
supostos ilícitos afirmados pelos Representantes.
Todavia, quando tomamos como foco aquilo que foi afirmado pelos
integrantes da Odebrecht devemos ter em mente que os referidos colaboradores são
criminosos confessos, cujas afirmações são contraditórias entre si e desprovidas de
qualquer suporte documental em que se demonstre o teor das alegações, nem
muito menos a participação dos supostos envolvidos (aqueles terceiros
mencionados pelos depoentes).
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Francisco Muñoz Conde31 certamente um dos maiores criminalistas
do mundo adverte, na mesma linha de intelecção, que:
“dar valor probatorio a la declaración del coimputado en sí mesma supone abrir la
puerta a la violación del derecho fundamental a la presunción de inocencia, y a
prácticas que pueden convertir el proceso penal em una auténtica fuente de
chantajes, acuerdos interesados entre algunos acusados y la Policia y el Ministerio
Público con consiguientes retiradas de la acusación contra unos para conseguir la
incriminación (y condena) de otros. Nada bueno para el Estado de Derecho”.
Destaca-se que a Odebrecht chegou até mesmo ao cúmulo de criar
um Departamento de Operações Estruturadas exclusivamente destinado a
pagar propinas e caixa dois, de dimensões transnacionais, com pagamentos por
offshores ou em espécie, utilizando-se para isso de enorme rede de operadores e
doleiros no País e no exterior.
Portanto, em hipótese alguma, a mera palavra destes delatores
poderá ser utilizada como prova inconteste nestes autos.
Abrindo-se um parêntese sobre o tema, é imperioso sobressaltar que
o sistema acusatório tem nítida feição dialética e recorte democrático, onde acusador e
réu figuram como partes com direitos e ônus processuais e no qual não se admite a
existência de qualquer prova sem que esta seja submetida ao efetivo contraditório. De
fato, dentro da organização da justiça, o processo acusatório supõe uma completa
igualdade entre acusação e defesa, haja vista que o processo acusatório repousa sobre
uma concepção democrática de jurisdição.32
31 La búsqueda de la verdad en el proceso penal. Ed. Hammurabi. 2ª edição, 2003, página 88. 32Heráclito Antônio Mossin in Compêndio de Processo Penal – Curso Completo, Ed. Manole, 1ª edição, 2010, página 3.
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Desse modo, a colaboração premiada não pode implicar desequilíbrio
entre as partes, especialmente no que concerne à garantia de igualdade que deve existir
em relação à efetiva participação no convencimento do magistrado.
É inegável que o Brasil ainda vivencia um experimentalismo
institucional na realização dessas delações, tal como registrado por Fernanda
Tórtima e Ademar Borges,33 merecendo, portanto, todo cuidado e atenção por parte
dos magistrados na sua sedutora, tentadora, atraente e, porque não dizer, cômoda
utilização como elemento de prova.
De qualquer sorte, somente a colaboração premiada não pode ser tida
por suficiente, haja vista que, ainda que não se trate de mera e pura confissão de um
dos envolvidos, o contido no art. 197 do Código de Processo Penal, que dispõe que o
valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova,
e, para a sua apreciação, o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo,
verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância, deve ter igual
incidência no caso de colaboração premiada.
Afinal, se o próprio Código de Processo Penal não admite a confissão
do acusado como prova absoluta, frise-se, mesmo tendo em conta que ela produz
efeitos jurídicos apenas para aquele que confessa a prática em determinada infração,
reclamando o seu confronto com as demais provas existentes nos autos, com maior
razão deve ocorrer com a colaboração premiada, na qual a esfera jurídica de outros é
consideravelmente afetada.
E não é somente isso.
33“O papel do Juiz naDelação Premiada”, Valor econômico, v. 15, n. 3677, 17/01/ 2015. Legislação etributos, p. E2
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Nenhuma das delações cuja utilização se busca foi objeto de inquérito
perante o Supremo Tribunal Federal e, dessa forma, nenhuma delas detém o
contraditório e ampla defesa necessários para legitimar o instituto.
Nesse sentido, é importante a orientação definida pelo Supremo
Tribunal Federal, na lição do decano Ministro Celso de Mello (PET 5700/DF), sobre a
colaboração premiada como mero instrumento de obtenção da prova, e não como meio
de prova:
3. A colaboração premiada, que não é meio de prova, acha-se legalmente
disciplinada como instrumento de obtenção de dados e subsídios informativos.
Valor e restrição concernentes ao depoimento do agente colaborador. O “Caso
Enzo Tortora” na Itália: um clamoroso erro judiciário.
Registro, inicialmente, que o instituto da colaboração premiada,
especialmente nos termos em que disciplinado pela Lei nº 12.850/2013 (arts. 4º
a 7º), vem sendo reconhecido, por esta Suprema Corte, com apoio no
magistério doutrinário (VALDOIR BERNARDI DE FARIAS, “Delação
Premiada: constitucionalidade, aplicabilidade e valoração”, p. 135/158, 153,
“in” “Temas Contemporâneos de Direito”, org. por José Carlos Kraemer Bortoloti
e Luciane Drago Amaro, 2009, Méritos Editora, v.g.), como relevante
instrumento de obtenção de prova, e não como meio de prova (HC
127.483/PR, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Pleno), refletindo, em seu
tratamento normativo, o que se delineou, no plano das relações internacionais, na
Convenção de Palermo (Artigo 26) e na Convenção de Mérida (Artigo 37),
ambas subscritas pelo Brasil e formalmente já incorporadas ao sistema de direito
positivo interno de nosso País em virtude da promulgação, respectivamente, do
Decreto nº 5.015/2004 e do Decreto nº 5.687/2006.
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Embora sofrendo críticas por parte de eminentes autores (CEZAR
ROBERTO BITENCOURT e PAULO CÉSAR BUSATO,
“Comentários à Lei de Organização Criminosa”, p. 115/117, item n. 1,
2014, Saraiva; RÔMULO DE ANDRADE MOREIRA, ”A Delação no
Direito Brasileiro”, v.g.), o fato é que a Lei nº 12.850/2013 “(...) traz aspectos
positivos ao garantir ao delatado maior possibilidade de questionar o depoimento
do delator, ao buscar diminuir a possibilidade de erro judiciário vedando-se
condenação com fundamento exclusivo em delação, ao procurar garantir a
integridade física do colaborador e ao regulamentar o acordo de colaboração, o
queantes inexistia”, tal como assinalam ROBERTO DELMANTO,
ROBERTO DELMANTO JUNIOR e FABIO M. DE ALMEIDA
DELMANTO (“Leis Penais Especiais Comentadas”, p. 1.003/1.051,
1.031, 2ª ed., 2014, Saraiva – grifei), cuja lição, no entanto, ainda que
reconhecendo a eficácia desse instituto “na apuração de gravíssimos crimes”, não
deixa de questionar-lhe os aspectos no plano ético.
(...)
Como se sabe, o Supremo Tribunal Federal tem admitido a utilização do
instituto da colaboração premiada (cujo “nomen juris” anterior era o de delação
premiada), ressalvando, no entanto, bem antes do advento da Lei nº
12.850/2013 (art. 4º, § 16), que nenhuma condenação penal poderá ter por
único fundamento as declarações do agente colaborador (HC 94.034/SP, Rel.
Min. CÁRMEN LÚCIA – RE 213.937/PA, Rel. Min. ILMAR
GALVÃO, v.g.):
“PROVA – DELAÇÃO – VALIDADE. Mostra-se
fundamentado o provimento judicial quando há referência
a depoimentos que respaldam delação de co-réus. Se, de
um lado, a delação, de forma isolada, não respalda
condenação, de outro, serve ao convencimento quando
consentânea com as demais provas coligidas.” (HC
75.226/MS, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – grifei)
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O aspecto que venho de ressaltar – impossibilidade de condenação
penal com suporte unicamente em depoimento prestado pelo agente colaborador,
tal como acentua a doutrina (EDUARDO ARAÚJO DA SILVA,
“Organizações Criminosas: aspectos penais e processuais da
Lei nº 12.850/13”, p. 71/74, item n. 3.6, 2014, Atlas, v.g.) – constitui
importante limitação de ordem jurídica que, incidindo sobre os
poderes do Estado, objetiva impedir que falsas imputações
dirigidas a terceiros “sob pretexto de colaboração com a
Justiça”possam provocar inaceitáveis erros judiciários, com
injustas condenações de pessoas inocentes.
Na realidade, o regime de colaboração premiada, definido pela Lei nº
12.850/2013, estabelece mecanismos destinados a obstar abusos que
possam ser cometidos por intermédio da ilícita utilização desse instituto, tanto que,
além da expressa vedação já referida (“lex. cit.”, art. 4º, § 16), o diploma
legislativo em questão também pune como crime, com pena de 1 a 4 anos de prisão
e multa, a conduta de quem imputa “falsamente, sob pretexto de colaboração com
a Justiça, a prática de infração penal a pessoa que sabe ser inocente” ou daquele
que revela“informações sobre a estrutura de organização criminosa que sabe
inverídicas” (art. 19).
Com tais providências, o legislador brasileiro procurou neutralizar, em favor
de quem sofre a imputação emanada de agente colaborador, os mesmos
efeitosperversos da denunciação caluniosa revelados, na experiência
italiana, pelo “Caso Enzo Tortora” (na década de 80), de que resultou clamoroso
erro judiciário, porque se tratava de pessoa inocente, injustamente
delatada por membros de uma organização criminosa napolitana (“Nuova
Camorra Organizzata”) que, a pretexto de cooperarem com a Justiça
(e de, assim, obterem os benefícios legais correspondentes), falsamente incriminaram
Enzo Tortora, então conhecido apresentador de programa de sucesso na RAI
(“Portobello”).
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(...)
Registre-se, de outro lado, por necessário, que o Estado não poderá
utilizar-se da denominada “corroboração recíproca ou cruzada”, ou seja, não
poderá impor condenação ao réu pelo fato de contra este existir,
unicamente, depoimento de agente colaborador que tenha sido
confirmado, tão somente, por outros delatores, valendo destacar,
quanto a esse aspecto, a advertência do eminente Professor GUSTAVO
BADARÓ (“O Valor Probatório da Delação Premiada: sobre o § 16 do art.
4º da Lei nº 12.850/2013”):
“A título de conclusão, podem ser formulados os seguintes
enunciados:
A regra do § 16 do art. 4º da Lei 12.850/13 aplica-se a todo e
qualquer regime jurídico que preveja a delação premiada. O § 16 do art.
4º da Lei 12.850/13, ao não admitir a condenação baseada
exclusivamente nas declarações do delator, implica uma limitação ao livre
convencimento, como técnica de prova legal negativa. É insuficiente para o
fim de corroboração exigido pelo § 16 do art. 4º da Lei 12.850/13 que o
elemento de confirmação de uma delação premiada seja outra delação
premiada, de um diverso delator, ainda que ambas tenham conteúdo
concordante. Caso o juiz fundamente uma condenação apenas com base em
declarações do delator, terá sido contrariado o § 16 do art. 4º da Lei
12.850/13 (...).” (grifei)
(...)
Na realidade, os princípios democráticos que informam o modelo
constitucional consagrado na Carta Política de 1988 repelem qualquer
comportamento estatal que transgrida o dogma de que não haverá culpa penal
por presunção nem responsabilidade criminal por mera suspeita (RT 690/390 –
RT 698/452-454)(...).
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Em julgamento de Habeas Corpus perante o STF, a Ministra
CARMEN LUCIA também decidiu pela impossibilidade de condenação fundada
exclusivamente na colaboração recíproca, in verbis:
EMENTA: HABEAS CORPUS. INTERROGATÓRIOS DOS CO-
RÉUS, NOS QUAIS O PACIENTE TERIA SIDO DELATADO.
ATOS REALIZADOS SEM PRESENÇA DO DEFENSOR DO
PACIENTE. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI N. 10.792/03:
IMPOSSIBILIDADE. VÍCIOS NÃO RECONHECIDOS.
CONDENAÇÃO AMPARADA EXCLUSIVAMENTE NA
DELAÇÃO DOS CO-RÉUS: IMPOSSIBILIDADE. ORDEM
CONCEDIDA. (HC 94034, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA,
Primeira Turma, julgado em 10/06/2008, DJe-167 DIVULG 04-09-2008
PUBLIC 05-09-2008 EMENT VOL-02331-01 PP-00208)
Além do entendimento consolidado do STF, oportuno registrar que a
Lei n. 12850/13 estabelece em seu artigo 4º., parágrafo 16:
§ 16. Nenhuma sentença condenatória será proferida com
fundamento apenas nas declarações de agente colaborador.
Dessa forma, como se demonstrará no tópico seguinte, os supostos
ilícitos apontados exclusivamente pelos colaboradores premiados do Grupo Odebrecht
são absolutamente inconsistentes e devem levar à total improcedência do pedido, posto
que foram apresentados em versões flagrantemente contraditórias entre si e
desprovidas de qualquer lastro probatório ou documental, sendo meras palavras
lançadas por pessoas caraterizadas pela longa expertise em praticar atos de corrupção,
como afirmou o próprio patriarca Emilio Odebrecht – pai de Marcelo Odebrecht, ao
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afirmar ao Juiz Sergio Moro (conforme amplamente noticiado) que tal prática criminosa
teria sido herdada de seu pai Norberto Odebrecht.
V. FASE ODEBRECHT
Considerações Prévias sobre Inconsistências Contidas no Depoimento de
Marcelo Odebrecht
Em primeiro lugar, é preciso deixar absolutamente cristalino que a
Representada Dilma Rousseff jamais teve qualquer relação de proximidade com
Marcelo Odebrecht e nunca fez qualquer reunião em particular com ele, nem tratou de
qualquer assunto que tivesse relação direta ou indireta com suas campanhas eleitorais.
A título de preâmbulo da Fase Odebrecht, faz-se necessário expor as
inconsistências do que foi declarado pelo Sr. Marcelo Bahia Odebrecht, Ex-Presidente
da Holding Odebrecht e “Chefe do Esquema de Caixa 2 (dois) da empresa”
(conhecido na mídia como Departamento de Operações Estruturadas), as quais são
totalmente infundadas, carentes de provas e, se não esclarecidas mesmo que
minimamente, poderão acarretar em sérios prejuízos ao julgamento da causa e à
Representada. Vejamos:
Já no início de seu depoimento de 01 de março de 2017, o Sr. Marcelo
Odebrecht revela a sua conduta quando da atuação como executivo do Grupo
Odebrecht, onde, sem nenhum pudor, detalha que existe um sistema de CAIXA 2 no
Grupo há mais de vinte anos, o qual, no período de 2014 já estava sob o seu comando,
pois ele cuidava pessoalmente desse departamento (Fl. 8 do depoimento):
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“(...) Mas esse setor, ele foi estruturado há mais de vinte anos, ele não era para
pagamento de propina, acabou se pagando propina, como nós vimos, até depois,
nas colaborações, através dele. Mas ele nunca foi exclusivo para pagamento de
propina. Aliás, ele nem nasceu por conta disso – nem poderia”
(...) O SENHOR BRUNO CÉSAR LORENCINI (depoente): Cuidei
pessoalmente lá.”
Ainda, na tentativa de justificar o injustificável CAIXA 2 do Grupo,
o Sr. Marcelo Odebrecht, ainda a folhas 8 do depoimento, revela que:
“(...) Nós criamos um processo onde, por planejamento fiscal, a maior parte
feito fora do Brasil, em países que você podia fazer esse tipo de planejamento
porque não era crime, nós fazíamos a geração de recursos. Esses recursos
eram colocados, então, em empresas de terceiros. E alguns empresários da
organização podiam se utilizar desses recursos para fazer pagamentos não
contabilizados, incluindo caixa dois de campanha, e tudo. E alguns deles se
usavam disso – acabavam se usando disso – para fazer propina (grifamos).”
Observa-se que o Sr. Marcelo Odebrecht inicia sua explicação
construindo uma versão de que a movimentação no exterior teria por objetivo
vantagens tributárias, “planejamento fiscal”, mas em poucas palavras seguintes,
admite que a real necessidade da movimentação no exterior, era para ocultar a prática
criminosa da empresa das autoridades brasileiras e evitar as condenações a que
está se submetendo agora, depois de descoberto pela Operação Lava Jato.
Não pode passar desapercebido o que o Sr. Marcelo Odebrecht diz a
folhas 6 de seu depoimento, em resposta ao questionamento do juiz auxiliar, a folhas 5:
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Resposta do Sr. Marcelo Odebrecht:
Observa-se que no terceiro parágrafo da resposta do Sr. Marcelo
Odebrecht, onde ele se refere ao “terceiro tripé”, o mesmo é enfático em dizer que, “se
você tem uma relação com aquele político, forte,você não apenas quer contribuir com o projeto político
dele, como também cria-se uma expectativa de você contribuir para o projeto político dele. Então, se a
gente tinha uma atuação muito forte em um determinado estado, é natural que naquele estado a gente
contribuísse muito”.
Onde, em todo o depoimento do Sr. Marcelo Odebrecht, ele declara
ter um relacionamento forte com a então Candidata Dilma Vanna Rousseff, que possa
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corroborar o terceiro tripé estabelecido por sua “organização” para as doações
efetuadas?
Sequer, cita relações superficiais, pois não as tinha!!!!! É infundada e
comprovada através do próprio depoimento do Sr. Marcelo Odebrecht, a afirmação
dela de que a Candidata Dilma tinha conhecimento desse engenhoso e criminoso
mecanismo de Caixa Dois existente no Grupo Odebrecht.
Relevante destacar também, que o próprio Sr. Marcelo Odebrecht
declarou em seu depoimento (folhas 8 e 9), que as doações de Campanha eram
definidas dentro do Grupo Odebrecht e pelos executivos do Grupo, sem citar
qualquer participação direta ou indireta de políticos nessas definições, e, muito
menos da Candidata Dilma.
Deixou claro o Sr. Marcelo Odebrecht que as contribuições que
seriam dadas ao governo na campanha presidencial, eram definidas
EXCLUSIVAMENTE pelos executivos do Grupo Odebrecht e aprovadas e
controladas por ele, que exercia o papel de chefe da “organização”. Vejamos:
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Note-se que embora declarado pelo Sr. Marcelo que as doações eram
definidas internamente pelo Grupo Odebrecht, pré-definidas com os executivos das
empresas operacionais, constrói o Sr. Marcelo Odebrecht no depoimento, a ficção de
que esses valores por ele declarados que são definidos internamente no Grupo
Odebrecht, no caso do PT (e não da Campanha Eleitoral 2014), ele tratava
inicialmente “com o Palocci e depois com o Guido”.
Não há nenhuma conexão que indique verdade nas afirmações, até
porquê as mesmas são absolutamente desconexas!
Ainda, em relação ao exposto, reafirma o Sr. Marcelo Odebrecht a
sua eficiência no controle e necessidade de gerar recursos para a sua conta
corrente, sem nenhum pedido por parte de políticos ou integrantes do Governo,
quando a folhas 11 do depoimento destaca:
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“(...) Então, eu, para não ser pego de calças curtas, eu sempre tentava negociar
com meus empresáriosum valor que, na hora que viesse essa demanda do
governo, eu tivesse, da parte deles (empresários), uma segurança de que esse recurso
haveria, tá?
Note que a conta corrente do Sr. Marcelo Odebrecht era por ele
alimentada, com base apenas em expectativas que ele imaginava, e não em pedidos
concretos e comprovados de agentes do Governo ou políticos.
Para melhor entendimento, reproduzimos a pergunta do Sr.
Corregedor e a resposta do Sr. Marcelo:
Cumpre ressaltar ainda que, em momento algum, existe
comunicação entre integrantes do governo (partindo do governo), onde são
utilizados codinomes para referenciar pessoas. Tal procedimento é utilizado
somente pela “organização” chefiada pelo Sr. Marcelo Odebrecht, que sequer,
apresentou para corroborar suas declarações, a lista com os nomes referenciados
aos codinomes, podendo ele agora, atribuir a qualquer pessoa de sua
preferência ou a alguém que pretende prejudicar, pois não há nenhum
mecanismo fidedigno que possibilite ao Juízo ou a qualquer órgão
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especializado, comprovar a veracidade da informação, quando a mesma for
apresentada.
Há ainda, total desencontro entre os valores, datas, origens dos
recursos e beneficiários declarados pelo Sr. Marcelo Odebrecht que, segundo ele,
controlava pessoalmente em planilha denominada “conta corrente com o governo federal”,
principalmente em relação a Campanha Presidencial da Chapa Dilma Temer 2014.
Vejamos alguns exemplos (Exemplos!):
De folhas 10 do depoimento consta que a última versão que ele tinha
da planilha é de março de 2014, e que nesta versão apresentava um
saldo,”ja acordado com ele, para doar para a Campanha de 2014, que eu
não sei se foi utilizado plenamente, de pouco mais de cento e cinquenta milhões, tá?
Não necessariamente, ia ser usado....foi usado todo para a campanha de dois mil e
quatorze.”
Sobre o exposto, ressaltamos:
Quando ele faz referência à “já acordado com ele” está referindo-se
a Guido Mantega. Note que, tudo isso é baseado em uma expectativa imaginada e
lançada pelo Sr. Marcelo Odebrecht, sem nenhuma prova de participação ou
conhecimento de referidos valores pelo Sr. Guido Mantega (Imagine então se era
possível o conhecimento dessa expectativa pela Candidata Dilma!).
Já ficou claro que os lançamentos em tal planilha eram definidos
internamente pelo Grupo Odebrecht, com a elaboração e aprovação do Sr. Marcelo, e a
participação dos executivos das empresas operacionais, tudo de forma codificada e
impossível decifrar fidedignamente:
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• Em várias passagens do depoimento, mas inicialmente a folhas
11, o Sr. Marcelo Odebrecht faz referência que dentre o valor
disponível de R$ 150 milhões para 2014 (constante de sua planilha de
expectativas), é parte integrante o montante de R$ 50 milhões,
referente a créditos de “expectativas” para a Campanha de 2010, que,
também segundo o Sr. Marcelo, não foram utilizados naquela ocasião
e reservados para campanhas futuras.
Nesse caso, a tese construída pelo Sr. Marcelo em relação a existência
desse suposto caixa dois disponível em 2010 e não utilizado, não tem sequer a
sustentação primária, que é a matemática!
Ora, a Campanha de 2010 foi deficitária, sendo o déficit assumido
pelo Partido dos trabalhadores. Se fosse verdadeira a afirmação do Sr. Marcelo, porque
não seria utilizado o valor supostamente disponível?
Surpreende um executivo que tem se mostrado tão criativo, não
observar em suas “construções”, no mínimo, o raciocínio matemático, que é
incontestável.
• Embora o Sr. Marcelo Odebrecht cita como denominação da sua
planilha de controle das “expectativas” – “conta corrente com o
governo federal”, e ainda diz que a última versão que possui é de
março de 2014, apresentou nos documentos de corroboração planilha
de controle denominada “Conta 2 – Posição Pós Itália”, cuja
versão coincide com o mês de Março de 2014. Portanto,
considerando que trata-se da mesma planilha, destacamos:
(i) O saldo de referida planilha, supostamente disponível conforme
controles do Sr. Marcelo Odebrecht, é de R$ 101,4 milhões, e não os
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R$ 150 milhões afirmado por ele no depoimento de 01 de Março de
2017;
(ii) Embora o Sr. Marcelo Odebrecht cita que referida planilha
refere-se a Campanha de 2014, em contradição, constam abatimentos
na composição do saldo (R$ 101,4 milhões), denominados “usos”, de
valores que fazem referencia a 2013, ou seja, sem nenhuma relação
com a Campanha de 2014;
(iii) Não há crédito específico, discriminando os R$ 50 milhões
referenciados pelo Sr. Marcelo Odebrecht como sendo de 2010.
Inexiste lançamento desse suposto crédito na planilha,
exaustivamente citado pelo Sr. Marcelo Odebrecht em seu
depoimento;
(iv) Todos os lançamentos são referenciados através de códigos,
desconhecidos até a presente data nos autos do processo, o que
impossibilita a identificação, conferencia e credibilidade do que está
sendo declarado.
• Cumpre ressaltar que, além da planilha apresentada pelo Sr.
Marcelo Odebrecht com documentos de corroboração acima
referenciada, consta outra, denominada “Posição Programa
Especial Italiano”, cuja versão é de Outubro de 2013, portanto,
relação nenhuma deve ter com a planilha controlada pelo Sr. Marcelo
Odebrecht, cuja versão que ele declarou ter é a de Março de 2014.
No entanto, referida planilha merece algumas considerações:
(i) Possui um saldo de R$ 71 milhões, que não tem nenhuma relação
com os R$ 150 milhões citados pelo Sr. Marcelo Odebrecht, bem
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como com os R$ 101,4 apresentados pela planilha referenciada no
item precedente;
(ii) Existem várias baixas nesta planilha, sob a rubrica denominada de
“usos” que citam pagamentos com o seguinte histórico codificado:
“Evento 2008 (Eleições Municipais) via Feira”; em 2008“Evento
El Salvador via Feira”; em 2011 “Feira (atendido 3,5 MM de Fev
a Maio de 2011) Saldo Evento”; “Feira (Pagto fora = US$ 10
MM).
Acreditando-se que o código “FEIRA” utilizado pela “organização”
do Sr. Marcelo Odebrecht faz referência a João Santana e Monica Moura, temos a
considerar:
• É totalmente infundada qualquer afirmação de que os
pagamentos efetuados pela “organização” do Sr. Marcelo Odebrecht,
sob a denominação FEIRA, sejam referentes a Campanha Eleitoral de
2014.
Pelo contrário, segundo os depoimentos e acareações, é certo
afirmar que tais pagamentos sob a denominação FEIRA, não fazem qualquer referência
a Campanha de 2014, pois os supostos pagamentos efetuados pela organização tinham
defasagem de até 3 anos.
Sequer o Sr. Marcelo Odebrecht, o executivo “controlador da
planilha”, soube explicar com precisão. Vejamos a reprodução de seu depoimento
que, para quem ocupava os cargos que ocupava, são inadmissíveis:
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• Tendo em vista que os registros nas planilhas apresentadas pelo
Sr. Marcelo Odebrecht não estão corroborados em qualquer
documento hábil, assim como está toda a planilha codificada,
impossível de serem decifrados com fidedignidade referidos códigos,
é importante ressaltar que nas saídas registradas no código “FEIRA”,
em determinadas ocasiões, é utilizada a preposição “VIA” e, em
outras, “PARA”.
O destaque é necessário tendo em vista que estamos lidando com
registros de uma Caixa 2 e, portanto, a variação nas preposições, pode indicar que o
código “FEIRA” pode ter sido utilizado como conta de passagem para uso da própria
“organização” do Sr. Marcelo Odebrecht, o que impossibilita qualquer afirmação sem a
necessária documentação de corroboração adequada.
• Necessário se faz reproduzir que o Sr. Marcelo Odebrecht
afirmou em seu depoimento que “(...) eu nunca sentei com Guido, nem ele
nunca me pediu nada específico em troca. Era simplesmente a expectativa que
tinha – que é natural na relação empresário político; pelo menos era natural
assim.
A afirmação derruba toda e qualquer declaração do Sr. Marcelo
Odebrecht, de que as tratativas referentes a Campanha da Chapa Dilma Temer eram
tratadas com “Guido”. Vejamos:
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Note que, o assunto referenciado ao Refis da Crise é de 2010, sem
qualquer vínculo com a Campanha de 2014, conforme já demonstrado.
• O senhor Marcelo Odebrecht cita em seu depoimento, sem
qualquer prova documental, que efetuou pagamentos à Campanha
Eleitoral utilizando-se de outras empresas “parceiras”, dentre elas, a
Cervejaria Petrópolis.
Além de não comprovar o acerto de contas desses supostos valores
negociados com a Cervejaria Petrópolis, ou seja, como reembolsou a Cervejaria
posteriormente, não constam lançamentos desses valores na planilha controlada
pelo Sr. Marcelo Odebrecht, o que demonstra a fragilidade da afirmação, ou o
descontrole de milhões de reais por parte do Presidente da Holding do Grupo
Odebrecht;
• Da mesma forma que o supra destacado, o Sr. Marcelo
Odebrecht cita que em sua planilha ele controlava todas as doações,
inclusive as efetuadas oficialmente.
No entanto, tal declaração não encontra respaldo na planilha
apresentada, pois nem em forma de códigos, constam doações efetuadas a Campanha
Presidencial.
• Para finalizar os “exemplos” das inconsistências existentes no
depoimento do Sr. Marcelo Odebrecht, relacionados ao controle das
doações e valores disponíveis, durante as perguntas dos advogados
das partes, o valor que inicialmente ele declarou ser de R$ 150
milhões, (demonstrados na planilha como R$ 104,1 milhões), passou
para R$ 174 milhões, e, depois, alcançou a cifra de R$ 300 milhões.
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• E ainda, embora tenha afirmado que “eu nunca sentei com
o Guido” conforme já destacado anteriormente, ao final do
depoimento se contradiz e declara, sob juízo, que “Cento e setenta, cento
e setenta e pouco, acertado com Guido.”, conforme pode ser verificado
a seguir:
Com efeito, constata-se às escâncaras que o depoimento de Marcelo
Odebrecht, reconhecido como o principal da FASE ODEBRECHT, é de absoluta
inconsistência, sendo vergonhosamente contraditório em si mesmo, contendo uma
série ilimitada de inverdades e incorreções, tornando-o imprestável como elemento de
prova na esfera eleitoral.
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Feito este necessário preâmbulo, passemos à apreciação dos supostos
ilícitos lançados pelos colaboradores premiados do Grupo Odebrecht.
Dos Fatos Novos Decorrentes Exclusivamente de Depoimentos de
Colaboradores Premiados do Grupo Odebrecht Ouvidos como Testemunhas do
Juízo
Como amplamente exposto em tópico anterior, após 2 anos de longa
tramitação processual e mais de 42 testemunhas ouvidas e 22 volumes de documentos,
o Eminente Ministro Relator, fundamentado unicamente em vazamentos à mídia
escrita, decidiu por colher depoimentos de colaboradores premiados do Grupo
Odebrecht. Para tanto, foi previamente autorizado pelo Min. Edson Fachin e pelo
PGR, Rodrigo Janot, desde que mantido o sigilo do teor dos depoimentos.
Referida decisão é bastante recente e data de 23 de fevereiro último,
com a 1ª audiência realizada em 1º de março de 2017 (quarta-feira de cinzas).
Em ritmo de incomum aceleração processual, colheram-se em apenas
10 (dez) dias os depoimentos de 10 (dez) colaboradores premiados, em cidades distintas
como Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador.
Diante das evidentes contradições entre os depoimentos, o eminente
Ministro Relator realizou ainda, no mesmo período, 2 (duas) acareações envolvendo 5
(cinco) dos depoentes.
Jamais houve um despacho do eminente Ministro Relator para
delimitar o novo suporte fático acusatório e o pretenso abuso de poder político ou
econômico envolvido, providência necessária para a racionalidade do processo e fixação
dos pontos controvertidos a fim de assegurar o contraditório e ampla defesa.
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Estes fatos que serão a partir de agora contraditados pela
Representada, representam inegável inovação no suporte fático do libelo acusatório
original, a ensejar odiosa e ilegal extrapolação do objeto, já sustentada em momento
anterior destas alegações finais.
Antes, porém, vale mencionar que em tópico posterior a
Representada demonstrará documentalmente que Marcelo Odebrecht fez
afirmações falsas e mentirosas perante o TSE, o que deverá ensejar não apenas a
desconsideração de seu depoimento, como as medidas cabíveis em relação a
pratica de crime de falso testemunho, como de descumprimento da obrigação
de dizer a verdade em violação ao regime de colaboração premiada.
Por respeito ao princípio da eventualidade, passa a Representada a
contraditar cada um deles, caracterizados como supostos ilícitos – origem testemunha
do juízo.
1º Suposto ilícito tendo como exclusiva origem testemunha do juízo-
colaborador premiado: “DOAÇÃO DO GRUPO ODEBRECHT AO PMDB EM
NEGOCIAÇÃO HAVIDA NO PALÁCIO DO JABURU COM MICHEL
TEMER E ELISEU PADILHA”
Os colaboradores premiados Marcelo Odebrecht e Claudio Melo
Filho afirmaram a oferta de doação eleitoral de 10 milhões de reais ao PMDB, em
conversa mantida com Michel Temer e Eliseu Padilha, no Palácio do Jaburu, em jantar
no dia 28 de maio de 2014.
Porém, após questionamentos feitos durante as oitivas, restou
induvidoso que tal destinação não seria à campanha presidencial da chapa Dilma-
Temer,mas sim ao candidato Paulo Skaf (6 milhões) e a outras candidaturas do PMDB,
que seriam escolhidas por Eliseu Padilha (4 milhões).
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Embora flagrantes as contradições apontadas na acareação entre as
testemunhas Marcelo Odebrecht e Claudio Melo Filho, o eminente Ministro Relator
sentiu-se satisfeito com as informações e indeferiu a oitivas de Eliseu Padilha e José
Yunes solicitadas pela defesa de Dilma Rousseff.
Por esta razão, tal suposto ilícito não guarda qualquer pertinência
com as presentes ações eleitorais, por não se referir a campanha presidencial de
2014 e tal fato deve ser desconsiderado.
2º. Suposto ilícito tendo como exclusiva origem testemunha do juízo-
colaborador premiado:“PRETENSO PEDIDO DO ENTÃO MINISTRO
GUIDO MANTEGA DE 50 MILHÕES DE REAIS PARA A CAMPANHA
PRESIDENCIAL DE 2010, COMO “CONTRAPARTIDA ESPECÍFICA” POR
EVENTUAL BENEFÍCIO CONCEDIDO AO GRUPO ODEBRECHT NA
EDIÇÃO DA MP SOBRE “REFIS DA CRISE” EM 2009.”
Tal infundada acusação foi formulada exclusivamente pelo
colaborador premiado, Marcelo Odebrecht, que ainda afirmou que o valor de 50
milhões não foi utilizado em 2010 e teria ficado como crédito a ser usado durante a
campanha presidencial de 2014, também não afirmando categoricamente sua utilização
em 2014.
Em primeiro lugar, insista-se em repisar se tratar de acusação
formulada por testemunha do juízo, com absoluta inércia dos Representantes.
Pois bem.
Tem-se de um lado a versão do colaborador premiado e criminoso
confesso, Marcelo Odebrecht, e de outro lado, finalmente a palavra de Guido Mantega,
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com a credibilidade do mais longevo Ministro da Fazenda do periodo democrático da
história do Brasil.
Ainda assim, a versão de Marcelo Odebrecht é tão fantasiosa, que
pode facilmente ser contraditada.
De início, porque os documentos de corroboração por ele anexados
em nada aproveitam suas declarações: tratam-se apenas de documentos unilaterais,
sobre pretensas agendas bilaterais e coletivas que teriam sido realizadas com Guido
Mantega, além de uma planilha elaborada pelo famigerado Departamento de Operações
Estruturadas, onde está expressa a quantia 50 M, com identificação Pós-Itália, em 31 de
março de 2014, ou seja, anterior ao período eleitoral de 2014.
Vamos à análise da fantasia dos fatos narrados pelo criminoso
confesso Marcelo Odebrecht.
1ª razão
Em 2009, era impossível que Guido Mantega pedisse qualquer doação
a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010, por 2 razões de flagrante
notoriedade:
a) Porque em 2009, Dilma Rousseff foi acometida por um câncer, e
ficou afastada do Governo Federal por quase todo o ano em
tratamento;
b) Porque em 2009, ninguém sabia que Dilma Rousseff seria
candidata em 2010, nem ela própria, porque naquela época se
dedicava a lutar pela sua vida.
2ª.razão
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Além disso, se verdadeira tal afirmação e realmente fossem
prometidos os tais 50 milhões para a campanha de 2010, indaga-se:
Por que tais valores não teriam sido utilizados em 2010?
Segundo Marcelo Odebrecht, porque não teria sido necessário.
Versão absolutamente fantasiosa e mentirosa, pois em 2010 a
campanha presidencial da chapa Dilma-Temer foi encerrada com elevado
déficit e a dívida foi assumida pelo Partido dos Trabalhadores.
Ora, se a Odebrecht tivesse disponibilizado o valor de 50 milhões
para a campanha de 2010, por óbvio, estes recursos seriam utilizados para evitar o
déficit nas contas eleitorais.
3ª razão
E mais. Por que razão tal valor aguardaria durante 4 (quatro) longos
anos em conta-corrente para somente ser disponibilizado pela Odebrecht em 2014,
exatamente na campanha presidencial? Por que não utilizá-los nas campanhas
municipais de 2012?
Portanto, a infundada e descabida afirmação de Marcelo Odebrecht é
completamente isolada, não possuindo nenhum documento apto de corroboração, e
também não foi confirmada por nenhuma outra testemunha.
Trata-se de versão fantasiosa de inaceitável falsa acusação feita
a Guido Mantega que, repita-se, negou veemente a ficção odebrechtiana.
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Portanto, expostas as razões que impõem a improcedência da
presente acusação infundada e falaciosa.
3º. Suposto ilícito tendo como exclusiva origem testemunha do juízo-
colaborador premiado: “DA DOAÇÃO ELEITORAL FEITA PELA
CERVEJARIA PETRÓPOLIS E SUPOSTAMENTE FINANCIADA PELA
ODEBRECHT”
Os colaboradores premiados Marcelo Odebrecht e Benedito Jr
afirmaram que teriam pedido a Cervejaria Petrópolis para fazer doações a campanhas
eleitorais, dentre elas a chapa Dilma-Temer em 2014, e que fariam o ressarcimento a
empresa em projetos futuros.
Trata-se de mais uma afirmação fantasiosa e desprovida de qualquer
fundamento probatório.
1ª.razão
Em primeiro lugar, se verdadeira tal afirmação, eventual ilícito seria de
exclusiva responsabilidade das testemunhas do Grupo Odebrecht e da Cervejaria
Petrópolis, que, em tese, teriam burlado a legislação.
2ª.razão
Nenhuma responsabilidade pode ser atribuída à chapa Dilma-Temer,
que agindo de boa fé, recebeu doações oficiais da Cervejaria Petrópolis, com a emissão
dos respectivos recibos eleitorais.
3ª.razão
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Única testemunha de defesa cuja inquirição foi deferida pelo eminente
Ministro Relator, o Sr. Edinho Silva, administrador financeiro da chapa Dilma-Temer
afirmou que procurou espontaneamente o Sr. Walter Faria, proprietário da Cervejaria
Petrópolis, sem que tivesse havido qualquer contato prévio de alguém da Odebrecht.
Afirmou que procurou a Cervejaria, assim como as demais grandes
empresas do ramo de bebidas, como AMBEV e Coca-Cola, que também fizeram
doações.
4ª. razão
Os colaboradores premiados Marcelo Odebrecht e Benedito Jr,
embora intimados a apresentarem documentos de corroboração, não juntaram aos
autos qualquer data de agenda de reunião, nem qualquer mensagem ou email trocado
com o Sr. Walter Faria, como também não anexaram nenhum comprovante de
pagamentos que a Odebrecht teria feito a Cervejaria Petrópolis.
5ª.razão
De igual modo, não houve interesse do eminente Ministro Relator em
ouvir o depoimento de Walter Faria como testemunha de juízo, uma vez que as partes
não requereram sua oitiva.
Assim sendo, pelas razões expostas, resta induvidoso que não houve
qualquer ilegalidade cometida pela chapa Dilma-Temer, ao receber doações oficiais da
Cervejaria Petrópolis.
A própria Cervejaria também assim se manifestou, conforme notícia
jornalística amplamente veiculada:
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COM A PALAVRA, A ITAIPAVA:
Em nota, a Itaipava afirmou que “Todas as doações feitas pelo Grupo
Petrópolis seguiram estritamente a legislação eleitoral e estão
devidamente registradas.”34
4º Suposto ilícito tendo como exclusiva origem testemunha do juízo-
colaborador premiado: “PRETENSA COLABORAÇÃO DA ODEBRECHT A
PARTIDOS POLÍTICOS COLIGADOS PARA “COMPRA” DE TEMPO DE
TV”
De acordo com o depoimento falacioso do colaborador premiado
Marcelo Odebrecht, o Grupo Odebrecht teria feito contribuição aos partidos coligados
da chapa Dilma-Temer a partir de um pedido que lhe teria sido feito por Guido
Mantega.
Sempre segundo Marcelo Odebrecht, tal contribuição teria sido
“operacionalizada” por Alexandrino Alencar (pela Odebrecht) e Edinho Silva (pela
chapa Dilma Temer) em relação a PRB, PROS e PCdoB e por Fernando Reis (pela
Odebrecht) em relação a PDT.
Em audiência realizada após 4 dias, foi colhido o depoimento do
colaborador premiado Alexandrino Alencar, que fez as seguintes falsas afirmações:
-que esteve reunião em 11 de junho de 2014, na sede de Odebrecht
em São Paulo, com Marcelo Odebrecht e Edinho Silva, onde teria se
discutida a colaboração aos partidos políticos coligados
34 Blog Fausto Macedo, “Odebrecht diz que usava Itaipava como “laranja” para disfarçar doações”, disponível em http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/odebrecht-diz-que-usava-itaipava-como-laranja-para-disfarcar-doacoes/.
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- que Edinho Silva teria afirmado que tal colaboração seria para
“compra de tempo de TV” e que deveria ser feita em “Caixa 2” e
- que após o combinado em reunião, fez pagamentos de 7 (sete)
milhões de reais, em dinheiro e de forma parcelada, a representantes
do PRB, PROS e PcdoB, definidos pelos interlocutores Marcos
Pereira (PRB – atual Ministro), Eurípedes Jr (PROS) e Fabio Tokarski
(PCdoB), totalizando 21 milhões de reais. Diz ainda que definiu
codinomes “Onça” (PROS), “Doutor” (PRB) e “Vermelho” (PCdoB)
para os pagamentos.
Sobre o mesmo tema foi colhido o depoimento do colaborador
premiado Fernando Reis, que afirmou falsamente que por determinação de Marcelo
Odebrecht, teria procurado o representante do PDT, Marcelo Panella, e feito
contribuição via “caixa 2”, em 4 pagamentos de 1 milhão em dinheiro, nos meses de
agosto e setembro de 2014.
Pois bem.
Mais uma vez, está-se diante de colaboradores premiados que buscam
validar suas afirmações em outras colaboradores premiados, praticando exatamente a
colaboração cruzada ou recíproca, amplamente rechaçada pelo STF, como elemento
para condenação.
Mesmo assim, as versões fantasiosas não se sustentam, como passa a
defesa de Dilma Rousseff a demonstrar.
De início, cumpre registrar, novamente, a ofensa ao princípio
constitucional do contraditório e a ampla defesa, uma vez que o eminente Ministro
Relator, indeferiu o pedido incial e também o de reconsideração, a saber :
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-o requerimento inicialda Representada para que fossem realizadas a
oitiva de todos os 9 (nove) Presidentes de Partidos Coligados
- o pedido de reconsideração para que fossem ouvidos ao menos os
Presidentes dos partidos mencionados nos depoimentos: dos
Presidentes do PDT- Carlos Lupi, do PROS- Eurípedes Jr, do PCdoB
- Renato Rabello e do PRB- Marcos Pereira, atual Ministro do
Governo Federal.
Para o eminente Ministro Relator, como as eventuais testemunhas
poderiam se utilizar do “direito a não auto-incriminação”, seriam desnecessarias suas
oitivas, facultando a apresentação de declaração escrita em 3 dias, concedendo-se o
acesso às transcrições apenas nas ultimas 24 h do prazo, sem prorrogação.
Mesmo sendo impedida a Requerida de exercitar o contraditório e
ampla defesa em sua plenitude, as falsas acusações podem ser contraditadas pela sua
flagrante inconsistência, pelas seguintes razões:
1ª razão
Pelas declarações anexadas pelos Presidentes do PCdo B e do PRB ,
que não puderam ser ouvidos pessoalmente em juízo, esclarecem que:
a) Não aderiram a coligação como fruto de “compra de tempo de
TV”, mas sim por razões ideológicas e políticas;
b) Jamais receberam qualquer contribuição do Grupo Odebrecht
mediante recursos de “ Caixa 2”
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2ª. Razão – depoimento prestado em reinquirição de Edinho Silva,
Administrador Financeiro da Chapa Dilma-Temer.
Mesmo podendo se utilizar do “direito a não auto-incriminação”, Edinho
Silva assumiu o compromisso de dizer a verdade e esclareceu que:
-jamais negociou com qualquer partido político a “compra de espaço
de TV” para ingressar na Coligação com a Força do Povo
- jamais solicitou a Marcelo Odebrecht ou Alexandrino Alencar
qualquer contribuição a partidos coligados via Caixa 2.
Veja-se:
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3ª. Razão – a composição da Coligação Com a Força do Povo já era
publica e notória em data anterior a pretensa acusação.
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A prova é absolutamente simples: desde a eleição de Lula em 2006,
passando pela eleição de 2010, a Coligação Eleitoral tem sido formada
basicamente pelos mesmos partidos políticos , que, inclusive, também
integravam a base de apoio do Governo Dilma, no período de 2010-2014.
Sendo assim, indaga-se:
- qual seria a razão para que tais partidos políticos “vendessem” seu
apoio, em troca de tempo de TV ?
- e, ainda, por que tais agremiações partidárias se submeteriam a
receber doações via “Caixa 2”, se era notório que o Grupo Odebrecht
sempre se conduziu como um dos grandes doadores oficiais de
campanhas eleitorais?
A testemunha Edinho Silva anexou aos autos inúmeras matérias
jornalísticas, comprovando que desde abril de 2014, a Coligação Eleitoral já se
encontrava em fase final de consolidação.
4ª.razão
Como se isso não bastasse, os supostos “documentos de
corroboração” anexados pelos colaboradores premiados são pífios e nada
acrescentam!!! Vejamos:
(i) Alexandrino Alencar
Depoimento – afirma que teria tido reunião com Marcelo Odebrecht
e Edinho Silva, em 11 de junho de 2014, na sede de Odebrecht, onde teria ficado
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acertada a doação via “Caixa 2” a partidos coligados. Disse no depoimento ter uma
“colinha” (pag.29) em que mencionava a data 11 de junho.
Dados de corroboração sobre a reunião com Edinho Silva e Marcelo
Odebrecht – NENHUM.
Juntou aos autos apenas a Agenda de Outubro de 2014 (NÃO DE
JUNHO), contendo, por exemplo, ida a Dermatologista, Pé e Aniv. MO, dentre outros
compromissos e/ou anotações sem qualquer relevância para o depoimento.
Depoimento – afirma que os tais doações via Caixa 2, no valor de 7
milhões cada, a PCdoB, Pros e PRB, teriam ocorrido de julho a outubro de 2014, pelo
Depto de Operações Estruturadas, pelos funcionários Fernando Migliaccio e Lucia
Tavares.
Dados de corroboração sobre pagamentos – NENHUM.
Os poucos dados anexados foram elaborados
UNILATERALMENTE pelo Departamento de Operações Estruturadas da
Odebrecht.
Não há nenhum dado de corroboração sobre eventuais
pagamentos, nem requisições, nos meses de julho, agosto e outubro.
Juntou apenas alguns e-mails trocados entre Tulia, Toshio e
Waterloo(SEM IDENTIFICA-LOS) sobre requisições de pagamentos, que não chegam
a 25% do valor afirmado no Depoimento. A soma dos e-mails é de 5milhões e refere-se
a requisições apenas em relação a setembro de 2014.
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Ou seja, dos R$ 21 milhões afirmados em depoimento, os dados
de corroboração anexados somam apenas 5 milhões e tratam apenas de meras
requisições internas do próprio Departamento da Odebrecht, comprovando a
fragilidade flagrante de todo o depoimento.
Não apresentou nenhuma planilha que identificasse data, hora, local
de pagamento, identificação de quem pagou e de quem recebeu.
Além disso, o email datado de 3 de outubro, de Tulia a Tushio, refere-
se a requisições para pagamento futuro, porem com datas do passado ( 22 a 26.09.14) –
o que coloca em dúvida a própria autenticidade de documento elaborado
unilateralmente.
DADOS DE CORROBORAÇÃO SOBRE REUNIOES E/OU
CONVERSAS COM EDINHO SILVA, EURIPEDES JR, FABIO TOKARSKI E
MARCOS PEREIRA: NENHUM.
Não há nenhum dado de corroboração que envolva qualquer reunião
ou conversa ou email com as pessoas mencionadas no depoimento: Edinho Silva,
Eurípedes Jr e Fabio Tokarski.
A mera menção a um apontamento na agenda de 13 de outubro de
2014:
“10:30 Marcos Pereira”, não traz nenhum elemento a esta investigação.
Não afirma se houve reunião ou apenas um telefonema ou se nada
ocorreu, sendo apenas um lembrete.
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Até porque se tais fatos teriam ocorrido de julho a outubro de 2014,
não haveria nenhuma razão para que o único contato fosse feito apenas em 13 de
outubro.
(ii) Fernando Reis
Depoimento – afirmou ter recebido mensagem de Marcelo
Odebrecht provavelmente junho de 2014 para procurar Alexandrino Alencar.
Dados de corroboração – NENHUM.
Não juntou aos autos a cópia de referida mensagem de Marcelo
Odebrecht.
Depoimento – afirmou que esteve com Marcelo Panella, tesoureiro
do PDT, ainda em junho de 2014, na cafeteria Starbucks em São Conrado, encontro
este agendado pela secretaria de ambos.
Dados de corroboração – NENHUM.
Não juntou aos autos copia de agenda ou de email ou mensagem
sobre mencionada reunião.
Depoimento – afirmou que o Depto de Operações Estruturadas fez 4
pagamentos de 1 milhão a Marcelo Panella, nos dias 4 e 11 de agosto e 1º e 9 de
setembro de 2014, na Av. Nilo, Peçanha, 50, sala 2708, RJ.
Dados de corroboração – NENHUM.
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Junta apenas planilhas unilaterais feitas pelo Depto de Operações
Estruturadas, intitulada Programação Semanal, com os valores constantes dos
depoimentos, mas sem identificar: se houve efetivo pagamento, data, horário, local,
identificação de quem pagou e identificação de quem recebeu.
E, como se isso não bastasse, o mencionado endereço Avenida Nilo
Peçanha, 50 - Sala 2708 aparece uma única vez em referida planilha em pretenso
pagamento SEM QUALQUER VINCULAÇÃO COM O DEPOIMENTO
PRESTADO, o que coloca em DÚVIDA tanto o depoimento, quanto o material
anexado.
Tal endereço consta da Programação Semanal por cidade (28.07 a
01.08.2014), como sendo:
“DS FOZ - OBRA FRE MERCADO –CODINOME ROSA-
OPERAÇÃO C.14.1222-402301 – DATA 31/7/2014 VALOR R$
400.000,00 – SENHA GORDINHO – CIDADE RIO – OBS
ENTREGAR NA AV. NILO PEÇANHA, 50-SALA 2708,
PROCURAR MARCELO OU PAULO”
Ou seja – NÃO HÁ CODINOME CANAL, NEM SENHA
JOGADOR FLUMINENSE COMO AFIRMADO NO DEPOIMENTO. HÁ
CODINOME ROSA, SENHA GORDINHO E VALOR DE 400 MIL REAIS.
É A ÚNICA MENÇÃO AO ENDEREÇO NAS PLANILHAS
ANEXADAS.
O CODINOME CANAL E SENHA JOGADOR FLUMINENSE,
QUANDO MENCIONADAS, NÃO TRAZEM O ENDEREÇO.
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PORTANTO, EVIDENTE A CONTRADIÇÃO A INQUINAR
TAL DEPOIMENTO DE ABSOLUTA FALTA DE CREDIBILIDADE.
Ou seja, os documentos anexados não confirmam absolutamente
NADA do afirmado em juízo. Ao revés, tornam tais depoimentos como imprestáveis,
diante de imensas contradições.
Vale registrar, mais uma vez, que diante de tal fragilidade documental,
a defesa de Dilma Rousseff requereu ao eminente Ministro Relator que:
Requerimento n.01 – que a testemunha Alexandrino Alencar fosse
intimada a anexar documentos que comprovassem os pretensos
pagamentos feitos aos partidos PCdoB, PRB e PROS, com
identificação de data, hora, local de pagamento, identificação de quem
pagou e de quem recebeu, assim como as agendas das reuniões que
teria feito com Edinho Silva, Eurípedes Jr, Fabio Tokarski e Marcos
Pereira.
Requerimento n.2 – que a testemunha Fernando Reis fosse intimada
a anexar documentos que comprovem a reunião com Marcelo Panella
em São Conrado, identificar se houve efetivo pagamento, data,
horário, local, identificação de quem pagou e identificação de quem
recebeu e esclarecer quem era o codinome ROSA, a senha
GORDINHO e o motivo do pretenso pagamento de 400 mil.
Ou seja, os documentos anexados não confirmam absolutamente
NADA do afirmado em juízo. Ao revés, tornam tais depoimentos como imprestáveis,
diante de imensas contradições.
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Porém, como se tornou costume da FASE ODEBRECHT, tais
requerimentos foram solenemente indeferidos pelo eminente Ministro Relator,
em frontal ofensa ao principio constitucional do contraditório e ampla defesa.
Portanto, mesmo vilipendiado o seu direito ao contraditório e ampla
defesa, a Representada demonstrou a falsidade das acusações formuladas, apontando
tanto contradições, como inverdades, e anexando documentos que esclarecem a
verdade dos fatos sobre a inexistência da alegada “compra de tempo de TV” para que
fosse constituída a Coligação com a Força do Povo.
5º Suposto ilícito tendo como origem testemunha do juízo - colaborador
premiado: “PRETENSOS PAGAMENTOS NÃO-CONTABILIZADOS
FEITOS A MONICA MOURA E JOÃO SANTANA DURANTE A
CAMPANHA PRESIDENCIAL DA CHAPA DILMA-TEMER”
Novamente um suposto ilícito é trazido autos exclusivamente pelas
palavras de colaboradores premiados, que se fundamentam reciprocamente, sem
qualquer prova documental como corroboração.
Também aqui os requerimentos formulados pela defesa de Dilma
Rousseff foram totalmente indeferidos pelo eminente Ministro Relator, em prejuízo
indiscutível ao pleno exercício do contraditório e ampla defesa.
Dividiremos as falsas acusações em 2 blocos: (i)colaboradores
Odebrecht e (ii) colaborador Zwi Skorniscki.
(i) Colaboradores premiados Grupo Odebrecht
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Segundo Marcelo Odebrecht, em falacioso depoimento, atendendo a
pedido de Guido Mantega teriam sido pagos a Monica Moura e João Santana, de forma
não-contabilizada, parte dos serviços publicitários referentes a campanha presidencial
de 2014 da chapa Dilma-Temer. Diz não saber o valor, mas, lembra-se em termos
vagos de algo em torno 10, 20 ou 30 milhões.
Afirmou ainda que, além de pagar parte das campanhas realizadas no
Brasil, a Odebrecht teria pago os serviços publicitários por campanhas realizadas no
exterior, em localidades de interesse comercial do Grupo Odebrecht, como Angola, El
Salvador, Republica Dominicana, Venezuela, Panamá, Peru e Argentina.
Como colaboração cruzada ou recíproca, os colaboradores premiados
Hilberto Silva, Fernando Migliaccio e Lucia Tavares, do Departamento de Operações
Estruturadas, afirmaram terem feitos pagamentos ao codinome Feira, atribuído a
Monica Moura, tanto em espécie no Brasil, como por transferência para conta de offshore
no exterior, em torno de R$ 16 milhões, referentes, em tese, ao período da campanha
presidencial.
Instados a apresentarem a documentos de corroboração, alguns
dos depoentes juntaram parcos documentos elaborados unilateralmente,
enquanto outros afirmaram que as provas estariam em posse das autoridades
coordenadoras da Operação Lava Jato.
Pois bem.
Passemos a contraditar as falsas acusações apresentadas,com inegável
prejuízo em seus argumentos, em razão da ausência de elementos fundamentais para a
defesa, decorrente do indeferimento integral do eminente Ministro Relator aos
requerimentos formulados pela Representada, em flagrante ofensa ao princípio
constitucional do contraditório e ampla defesa.
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Mais uma vez, falecem de credibilidade as versões apresentadas pelos
mencionados colaboradores.
1ª.razão
Em primeiro lugar, porque Guido Mantega não desempenhou
nenhuma função na campanha presidencial da chapa Dilma-Temer, nem nas eleições de
2014, nem de 2010.
Não tinha qualquer atribuição para solicitar doações eleitorais, nem
tampouco determinar pagamentos a serviços prestados. Desempenhava à época a
função de Ministro da Fazenda.
Em seu depoimento, o único Administrador Financeiro da chapa
Dilma Temer esclareceu que:
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Por óbvio, Guido Mantega também esclareceu, presencialmente e de
viva-voz , as falsas acusações a ele lançadas, como relatado em tópico posterior.
2ªrazão
Em segundo lugar, porque não haveria qualquer razão para que
Monica Moura e João Santana recebessem qualquer valor adicional ao contrato
celebrado com a chapa Dilma-Temer.
Como enfatizou Edinho Silva, a quem coube negociar a contratação,
os serviços publicitários foram pagos em valores elevadíssimos, sendo R$ 50 milhões
no 1º turno e R$ 20 milhões no 2º. turno, totalizando R$ 70 milhões.
Com estes valores, Monica Moura e João Santana foram os maiores
fornecedores da campanha presidencial da chapa Dilma-Temer.
3ª razão
Ao ser indagado sobre este tema e ser contrastado com a fragilidade
de sua versão, Marcelo Odebrecht não soube responder:
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4ª razão
Além de terem sido os maiores fornecedores da chapa Dilma-Temer,
mediante contrato de 70 milhões de reais, os serviços publicitários foram pagos em
valores muito superiores aos da chapa adversária, de inegável qualidade.
Como se nota, a campanha de Aécio Neves gastou R$ 58.929.000,00
em serviços publicitários, com as empresas do marqueteiro Paulo Vasconcelos (PVR
Propaganda e Marketing e 2014 Propaganda Ltda), sendo:
1º turno – R$ 27.026.000,00
2º turno – R$ 31.903.000,00
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Ora, se os serviços de João Santana e Monica Moura superaram em
quase 12 milhões de reais o valor pago ao marqueteiro de Aécio Neves, por qual razão
receberia valores adicionais não-contabilizados?
5ª.razão
Não foram anexados documentos que mostrassem tais pagamentos.
Tanto Fernando Migliaccio, como Maria Lucia Tavares afirmaram que
tais documentos existem e não estariam com eles,mas sim em posse dos
representantes da Operação Lava Jato, junto ao Ministério Público e ao Juízo da
13ª. Vara Federal de Curitiba. Portanto, são documentos de possível acesso e
fácil obtenção.
Maria Lucia Tavares sugeriu em petição ao TSE fosse expedido ofício
ao Juízo Federal de Curitiba, para que os pretensos documentos fossem
compartilhados.
Tais requerimentos também foram feitos pela defesa de Dilma
Rousseff, para que fossem compartilhados tais documentos pela Operação Lava Jato e
pelo Juízo da 13ª. Vara de Curitiba e foram indeferidos pelo eminente Ministro Relator.
6ª.razão
Salta aos olhos a vulgaridade das afirmações do colaborador Hilberto
Silva, Chefe do Departamento de Operações Estruturadas que chega a afirmar que do
montante pago a Monica Moura, 60% seria no Brasil em dinheiro e 40% seria através
de offshore no exterior,e não traz aos autos um mísero comprovante de depósito ou de
transferência para atestar o que levianamente afirmara.
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Novamente, a defesa de Dilma Rousseff formulou requerimento de
produção de provas que envolvessem o colaborador Hilberto Silva, mas o pedido foi
negado pelo eminente Ministro Relator, em outra conduta de cerceamento de defesa e
afronta ao contraditório.
Sem sombra de dúvidas, diante das falaciosas inverdades afirmadas
pelos colaboradores do Grupo Odebrecht, era essencial para elucidação da verdade dos
fatos, que fossem trazidos aos autos, o maior número possível de documentos e
informações, como planilhas, agendas, contratos, depósitos, transferências bancarias,
anotações a comprovar a contabilidade dos supostos pagamentos.
Fundamental também que viessem aos autos todas as informações
sobre os eventuais pagamentos feitos pela Odebrecht a Monica Moura e João Santana
por campanhas no exterior, nos países de Angola, Republica Dominicana, Venezuela,
Panamá, El salvador, Peru e Argentina, uma vez que o próprio Marcelo Odebrecht
reconhece que:
(página 22 da transcrição do depoimento de Marcelo Odebrecht).
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Isto porque os próprios colaboradores da Odebrecht reconheceram
que várias campanhas foram feitas ao mesmo tempo em que se realizavam campanhas
no Brasil e que tais pagamentos que alguns disseram ser da campanha presidencial de
2014, poderiam perfeitamente decorrer de campanhas internacionais.
Além disso, reconhece também Marcelo Odebrecht que era
perfeitamente possível que pagamentos a João Santana fossem feitos com enorme
atraso, podendo chegar a dois ou três anos de atraso:
(páginas 21 e 22 da transcrição do depoimento de Marcelo
Odebrecht)
Ademais,igualmente deveriam ser colhidos os depoimentos de todos
os envolvidos na cadeia dos acontecimentos narrados: empresários e funcionários da
Odebrecht, operadores, doleiros, as supostas pessoas que entregavam e as supostas
pessoas que recebiam dinheiro, eventuais funcionários dos locais onde os pagamentos
seriam feitos, eventuais motoristas que transportavam as quantias.
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Mas, aos olhos e ouvidos do eminente Ministro Relator,
bastaram as palavras dos colaboradores, quando muito, corroboradas por outros
colaboradores do mesmo Grupo Odebrecht, sem qualquer documento
comprobatório.
(ii) Colaborador Zwi Skorniscki
Em depoimento anterior ao depoimento dos colaboradores
premiados Odebrecht, o colaborador Zwi Skorniscki, que havia sido preso durante a
Fase Acarajé da Operação Lava Jato, afirmou ter feito pagamentos a Monica Moura e
João Santana, no valor total de 4,5 milhões de dólares, mediante transferências no
exterior a offshore Shellbill, no período de meados de 2013 a meados de 2014.
Afirmou que fez tais pagamentos a pedido de João Vaccari, então
tesoureiro do PT.
Ao prestarem depoimento pessoal ao Juiz Sergio Moro, tanto Monica
Moura como João Santana afirmaram que tais depósitos referiam-se a dívida do PT
com a campanha presidencial de 2010.
Ao assim se conduzirem, Monica Moura e João Santana alteraram a
versão prestada no inquérito policial de que tais pagamentos estariam relacionados a
campanhas politicas realizadas no exterior.
Foi proferida sentença condenatória pelo Juiz Sérgio Moro,
reconhecendo que tais pagamentos não teriam vinculação com a campanha presidencial
de 2014, mas com a de 2010, o que torna este fato absolutamente estranho ao
presente processo e portanto não deve ser considerado para fins de
convencimento do juízo.
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Todavia, vale registrar que causa surpresa tal versão apresentada em
relação a campanha de 2010 por Monica Moura e Joao Santana, pois, embora seja
verdadeira a afirmação de que havia uma dívida daquela campanha presidencial, os
documentos ora anexados demonstram que o PT pagou a dívida durante o ano de
2011, de forma integral:
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VI) FASE PÓS-ODEBRECHT
VI. i) DO FALSO TESTEMUNHO PRESTADO POR MARCELO
ODEBRECHT PERANTE O TSE E DO DESCUMPRIMENTO DO DEVER
LEGAL DE DIZER A VERDADE NA QUALIDADE DE COLABORADOR
PREMIADO
Como se não bastassem as afirmações falaciosas e mentirosas
lançadas perante o TSE, com o levantamento do sigilo judicial decretado pelo Min.
Edson Fachin do STF vieram à tona os depoimentos originais de Marcelo Odebrecht,
que redundaram em seu acordo de colaboração premiada, recentemente homologado
pelo STF.
Pois bem.
A defesa de Dilma Rousseff requereu ao Ministro Relator
Herman Benjamin fosse solicitado o compartilhamento deste material com o
STF, o que lhe foi indeferido.
Entretanto, a partir de vídeos veiculados pela imprensa,
contendo os depoimentos de Marcelo Odebrecht, pode-se fazer uma análise de
seu conteúdo em relação ao depoimento prestado perante o TSE e a conclusão é
óbvia e evidente: Marcelo Odebrecht prestou falso testemunho à justiça
eleitoral e descumpriu a obrigação legal de dizer a verdade a que está submetido
em razão do regime jurídico da colaboração premiada!
A prova é flagrante e inconteste.
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Passemos à análise e ao cotejo entre o afirmado no depoimento
original ao MPF e homologado pelo STF e as afirmações falsas prestadas ao
TSE, que a um só tempo, ensejam a prática de crime de falso testemunho
(art.342 do CP) e de falsa imputação por colaborador premiado (art.19 da Lei n.
12.850/2013).
Para facilitar a compreensão, serão apresentados em tópicos
separados para cada uma das afirmações falsas e mentirosas perpetradas, de
forma sorrateira, por Marcelo Odebrecht.
1ª. afirmação falsa ao TSE – sobre o PRETENSO PEDIDO DO
ENTÃO MINISTRO GUIDO MANTEGA DE 50 MILHÕES DE REAIS
PARA A CAMPANHA PRESIDENCIAL DE 2010, COMO
“CONTRAPARTIDA ESPECÍFICA” POR EVENTUAL BENEFÍCIO
CONCEDIDO AO GRUPO ODEBRECHT NA EDIÇÃO DA MP SOBRE
“REFIS DA CRISE” EM 2009.”
Apesar de inexistir tal pedido de contrapartida especifica, como
se já demonstrou nestas alegações finais e conforme comprovado pelo
depoimento de Guido Mantega, o Sr. Marcelo Odebrecht tinha a obrigação de
manter a coerência e a sua versão sobre os fatos perante o TSE, em estrita
conformidade como que havia dito previamente ao MPF e homologado pelo
STF.
Mas, perante o TSE, o Sr. Marcelo Odebrecht conseguiu se
superar: fez afirmação falsa sobre a própria afirmação falsa feita perante o
MPF!!!!
Eis os trechos:
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1º trecho – Inquerito STF n. 4437 - DEPOIMENTO
ORIGINAL AO MPF HOMOLOGADO PELO STF (degravação nossa a partir
de vídeo veiculado pela imprensa - anexo)
“(2:33) No meio dessa negociação, numa conversa que eu tive com o Guido, ele
me disse que tinha uma expectativa de uma contribuição pra campanha de 2010
da Dilma e aí ele botou, escreveu num papel cinqüenta milhões de reais.
Isso foi em 2008 ou 2009, que ele me informou os 50, só que na pratica o Guido
acabou não se envolvendo na campanha de 2010, e este valor, os valores referentes
esse crédito que o Guido tinha comigo, que era o que eu chamava de conta Pós-
Itália, na planilha Italiano, ele acabou sendo utilizado só a partir de 2011, depois
que Palocci saiu da casa civil e Guido passou a ser meu principal interlocutor.
Então todos os pagamentos feitos, a pedido do Guido, entre
2011 até 2014, aproximadamente, até eu começar, até acabar
com esses cinqüenta e entrar em outros créditos, foram feitos...
quando Guido me pedia ele sabia que estava saindo desse
credito do refis da crise. Ainda que internamente a dinâmica não
funcionasse bem assim, porque na época que eu fechei esses cinqüenta eu avisei ao
Beto que controlava a planilha italiano “olha Berto, tem um credito da Braskem
de cinqüenta milhões “.
Então pode ter havido pagamentos a pedido do Palocci antes de 2011, que por
uma questão dinâmica interna, o Hilberto pegou desse credito que a Braskem
tinha, agora, isso é uma coisa interna nossa, eu não estava muito preocupado,
porque no final das contas, eu sabia que se faltasse dinheiro na conta do Italiano
eu ia reivindicar que se usasse esses cinqüenta do Guido. Se eu pudesse não mexer
nesse cinqüenta do Guido era melhor.
Foi assim mais ou menos que funcionou, então esse foi realmente de fato a
contrapartida específica que no fundo foi o primeiro credito que teve na planilha
italiano. (4:51)
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(...)
(6:19) Procurador: E como se deu o pagamento desses valores?
MO:O Guido ele solicitou, a partir de 2011 quando ele passou a
ser o interlocutor comigo, ele começou a solicitar dinheiro para
João Santana, Vaccari, principalmente João Santana e Vaccari, e
até 2014 até consumir os cinqüenta, esse dinheiro veio desse
credito, internamente, pode ter sido que o Hilberto tenha
recorrido a esse credito antes de 2011 e depois compensado com
outra fonte, então, mas do ponto de vista do meu interlocutor,
os credito eram aqueles que foram os pagamentos. É que
acontece que a fonte pagadora, quem pagava o que Guido me
pedia, podia ser outra pessoa, mas entre 2011 e 2013, o que
Guido me pedia vinha dessa fonte. (7:25)”
Portanto, ao MPF e ao STF, Marcelo Odebrecht que a suposta
“contrapartida especifica” de 50 milhoes de reais, teria sido pedida por Guido Mantega
para a campanha de 2010, mas teria sido gasto de 2011 a 2014, sem qualquer relação
com a campanha presidencial de 2014 da chapa Dilma-Temer!
Contudo, ao TSE ele inovou em seu depoimento e afirmou que nada
havia sido gasto e que referido valor “contaminava” a campanha de 2014!!!
2º trecho –DEPOIMENTO COM AFIRMAÇÃO FALSA AO TSE:
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Figura 1Fls. 11
Figura 2Fls. 12
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Figura 3Fls. 15
Figura 4Fls. 16
Figura 5Fls. 17
Figura 6Fls. 29
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Figura 7Fls. 50
Figura 8Fls. 51
Com a máxima vênia, Excelência, a falsidade do depoimento de
Marcelo Odebrecht ao TSE é escancarada e deslavada.
Enquanto Marcelo Odebrecht disse ao MPF/STF que os supostos 50
milhoes foram gastos entre 2011 e 2014, sem qualquer relação com a campanha
presidencial, ao TSE, ele mente, intencional e sorrateiramente, e afirma que os tais 50
milhoes teriam sido destinados integralmente e contaminaram a campanha presidencial
da chapa Dilma-Temer de 2014!!!!!
E as afirmações falsas não param por aí!
Também em relação à suposta doação a partidos coligados para a
“compra” de tempo de TV, Marcelo Odebrecht igualmente fez afirmação falsa a Justiça
Eleitoral em relação ao depoimento anteriormente prestado ao MPF/STF. Vejamos.
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2ª. afirmação falsa ao TSE - “PRETENSA COLABORAÇÃO DA
ODEBRECHT A PARTIDOS POLÍTICOS COLIGADOS PARA “COMPRA”
DE TEMPO DE TV”
De igual modo, Marcelo Odebrecht alterou perante o TSE o teor do
depoimento prestado anteriormente ao MPF e homologado pelo STF, fazendo mais
uma falsa afirmação em relação ao seu próprio falso depoimento anterior.
Enquanto que ao TSE afirmou Marcelo Odebrecht, que a doação a
partidos coligados teria por fundamento a “compra” de tempo de TV, conforme teria
“ouvido” de Edinho Silva ou Alexandrino Alencar, em seu depoimento perante o
MPF/STF não faz qualquer afirmação nesse sentido, ou seja, teria realizado tais
doações sem qualquer justificativa para “compra” de tempo de TV!!!!!
Vejamos.
1º trecho – Petição STF n. 6664 - DEPOIMENTO ORIGINAL
PERANTE MPF E HOMOLOGADO PELO STF (degravação nossa a partir
de vídeo veiculado pela imprensa- anexo):
´
“Procurador: Marcelo, eu preciso q tu me fales agora em relação ao anexo,
quanto ao conteúdo do anexo 8.1 – Compra de legendas para compor a coligação
de Dilma Rousseff na eleição 2014, por favor.
Marcelo Odebrecht: Entre maio e junho, não sei precisar exatamente qual
foi a data, mas o Guido veio com um pedido adicional da campanha, quando eu
digo adicional, ele tinha um crédito comigo ainda, dentro daqueles 100 milhões que
ele tinha sinalizado, eu tinha concordado. Até então pra campanha eu já tinha
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feito a doação, a pedido dele, feito a doação oficial, já tinha feito a doação oficial
para o PT que veio pra ela, e já tinha acertado pagamentos para João Santana.
Ai, ele veio com um pedido adicional, e eu não tinha... eu falei pra ele, não dá, eu
não posso mais fazer oficial porque tinha um relativismo com os outros candidatos,
é.... eu posso dar para João Santana. Aí ele falou, João já está adequado. Eu
falo, e eu estou com dificuldade de fazer via Caixa Dois, por causa da questão da
Operação Lava-Jato está difícil levantar dinheiro. Aí ele falou, então vamos ver se
você consegue doar para os partidos, que a gente fechou coligação... tens os
compromissos, pq... segundo ele, quando fechava o apoio dos partidos você de certo
modo se comprometia apoiar esses partidos no fechamento da coligação.
Escutei valores de tudo quanto é natureza... Que o total desse pagamento era 100,
200, mas isso não posso precisar, eu escutava esses valores. Mas de certo modo,
pra gente, ele me fez um pedido original e ai é q as minhas notas geram uma
confusão, mas o pedido original envolvia 20 milhões, que acabou sendo realizado.
Mais essas notas q tem aqui.... Nesse pedido, ele fez um pedido ainda pra
“Feira”, ai me pediu para Euripedes Jr. do PROS, pra Lupi, pra Marcus
Pereira, pra Fabio Tokarski, para que a gente procurasse essas pessoas e fechasse
essa contribuição.
Isso totalizava 20.
Além disso, ele fez um pedido, também nessa primeira reunião q eu tive, para o
PR, q era para procurar o Antonio Rodrigues, o PP q era pra procurar o Ciro, e
o PSD q era pra procurar o Kassab.
Esses totalizavam mais 37.
O primeiro pedido dele pra mim foi de 57 milhões, porque você não vê vários
papeis aqui. O primeiro pedido dele pra mim, nessa primeira reunião, foi 57
milhões para atender essas pessoas, pronto.
Ai eu saio da reunião, como sempre faço... se fazia reunião com ele. Eu não sei
precisar se logo depois, se foi uma daquela no Renaissance ou eu chamei o Edinho.
Ai sentou eu, Edinho e Alexandrino e pedi... Olha Edinho, veio esse pedido....
Edinho sabia desses compromissos, agora Alexandrino tinha que operacionalizar.
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Algum desses contatos, a gente tinha uma pessoa dentro de casa que tinha uma
relação mais próxima, exemplo: O Kassab, o Ciro... então, para alguns desses q a
gente tinha outro contato, com contato estabelecido, eu até liguei pra pessoa, olha é
importante vc saber que veio um pedido pra gente apoiar eles... cifrado o pessoal
entendia como é q eu falava. Ai o que é q aconteceu, esse era um pedido de 57...
A gente demoro para operacionalizar, porque tinha q procurar a pessoa, tinha q
fazer isso, tinha q viabilizar como.
Ai eu me lembro bem q nesse momento foi que, acho que 2 ou 3 dias depois. As
vezes é uma das coisas q você se lembra bem, eu estava indo já pra casa passando
pela avenida Morumbi, ai recebi uma ligação nessa época do Guido, falando...
Marcelo, você já fez aqueles.... Eu falei, não da ainda, porque você acabou de,
tinha pedido 2 ou 3 dias antes, você acabou de me pedir e não deu ta. Vamos
fazer o seguinte, é mais prático daqui pra frente quando você precisar isso, ai foi
quando a gente mudou um pouco a esquemática da campanha. Vamos fazer o
seguinte, se vc.... Faça com Edinho e depois eu busco sua autorização. Então a
gente mudou um pouco a esquemática. A partir de então, o Edinho fazia o
pedido, operacionalizava o Alexandrino e depois eu aprovava com o Guido. A
gente mudou umas coisas.
Procurador: Mas o Edinho fazia a operacionalização para os outros partidos
também ou só para o PT?
Marcelo Odebrecht: Não era necessariamente a operacionalização, ele sabia,
ele tinha consciência, até porque ele capitalizava em cima. No fundo eu entendia o
seguinte, foi uma obrigação da candidatura Dilma de bancar em certo montante os
partidos. E pra gente coube 57. No final das contas a gente não conseguiu o
tempo, ai eu fui na segunda-feira encontrar com o Guido e falei, Guido... Não
deu. Ai ele fez o seguinte, eu já resolvi 37. Por isso que está nas minhas notas,
cancelado.
Então na verdade o PR, o PP e o PSD que era 37 milhões originais, ele resolveu
com outra empresa ou alguém mais, ele não falou quem, então alguém pagou esses
37. E ele falou, mas os 20 outros, que são os que estão em cima da minha nota –
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que eu boto assim, compromissos de reuniões.... Ai eu boto o valor “barra 7”.
Quem olhasse parecia q estava falando de uma data – Então esses compromissos
daqui em cima, esses compromisso sim, a gente acabou pagando. E nessa reunião,
além dos 20 originais, ele me pediu mais 5 para o “Feira”, e mais 4 para esse
Fabio, então ele cancelou os 37 – que é o de baixo – manteve os 20 originais e me
deu mais 9, pronto. E aí que foi isso que acabou acontecendo entendeu.
É.... cadê aquela minha nota?.... tudo bem... tudo bem...
Então é assim que funcionava mais ou menos...
Procurador: Esses dados estão no anexo 32, né?
Marcelo Odebrecht: É... Quem operacionalizou como se pagou essas pessoas,
de que forma foi.... Eu na época, como é que eu posso saber se foi oficial, como
foi.... Depois ele ficou sabendo que praticamente tudo foi Caixa Dois. Quem
operacionalizou isso sabe pelos contatos de cada um, mas tudo está registrado ai
nas provas de quem fez o processo. Quer dizer, na época eu não procurei saber
quem, como foi isso. Só pedi para fazer.
Procurador: Ta, me esclarece um aspecto aqui Marcelo. Quando você foi falar
com cada um desses representantes partidários, eles já estavam sabendo pelo Guido
Mantega ou Edinho que você ia procurar...
Marcelo Odebrecht: É.… eu pessoalmente não falei com nenhum. Mas eu
pedi para aqueles que eu sabia quem era o contato e não era Alexandrino, eu
liguei pra pessoa e disse, procure tal pessoa. Então por exemplo, Ciro eu pedi pra
Claudia procurar. O Kassab, eu pedi ou Luiz Bueno ou Junior pra procurar. E
os outros eu pedi pra Alexandrino procurar... o Lupi, por exemplo, deve ter sido
Fernando Cunha que eu pedi pra procurar. E os outros eu pedi basicamente pra
Alexandrino combinar com Edinho. Muito a gente nem conhecia. Mas ai sim, a
pessoa ia e dizia, a gente não dizia que o dinheiro era nosso, ou seja, a gente dizia
o seguinte, a pedido do Edinho, aquele compromisso que vocês tinham esta sendo
cumprido aqui através da gente.
Procurador: Ta, então fechava o ciclo da...
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Marcelo Odebrecht: É, teve até um que eu me lembro que era o Kassab,
porque na hora que eu sai da reunião, eu avisei pra pessoa, que eu não me lembro
se foi Luiz Bueno ou Junior, mas eu avisei pra um dos dois que era o Kassab.
Ah, o Ciro também eu avisei pra Claudia. Ai depois eu tive que ligar pra ele,
olha... diga que não é mais a gente. Porque eu fiquei com medo que de repente o
compromisso ter sido passado pra outra empresa, ele não receber e ficar pensando
que (inteligível) nossa.
E é como eu disse. A gente não tinha reuniões pra tratar só desse tema, por
exemplo, essa é uma reunião que eu tive com o Guido, uma agenda que eu tive
com ele. A agenda que eu pedi a ele era só pra falar dos financiamentos pendentes,
ta. E ai, na própria reunião, quer dizer, não tem nada a ver, o tema não tem
nada a ver, mas na própria reunião veio as demandas que eu vou anotando de
pagamentos, quer dizer.... Não um pedido assim... Agora, a gente tinha uma
reunião... Os temas eram tratados de maneira simultânea. Então ou ele pedia a
reunião pra falar comigo e eu levei meus temas, ou eu levei meus temas e ele pediu.
Então era assim que funcionava, entendeu?
Procurador: Era uma relação em que era normal que os assuntos dois lados
eram tratados...
Marcelo Odebrecht: É, exatamente. Os dois lados eram tratados. É aquela
história, será que se eu não fosse um grande doador, se eu não tivesse compromisso,
será que eu teria tanto acesso... Não sabe, isso ai você não consegue identificar e
precisar, entendeu?
Procurador: Certo, e essa questão envolvendo um conflito entre a Odebrecht e a
Petrobras quanto ao contrato do parque...
Marcelo Odebrecht: É, isso na verdade eu botei, porque tinha um email
meu, que é aquele email que acabou dizendo nada. Foi um email que eu... eu já
tinha autorizado a fazer os pagamentos, e ai eu estava chateado com o negócio do
parque que eu vou falar mais a frente... e ai eu mandei um daqueles e-mails, ó
cancela!
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Ai eu me lembro que na época, que se eu não me engano foi Júlio, que era líder de
Alexandrino, ligou pra mim e ele sensatamente falou, Marcelo, você diz q vai
pagar... A gente avisa pro pessoal que o pessoal vai receber, agora você vai cancelar
um coisa que não tem nada a ver. Ai eu meio que tirei minha ordem e autorizei,
entendeu?
Mas fazia parte, realmente me gerou muito incomodo essa eleição de 2014, o fato
de que a gente estava doando e já tinha me comprometido com esse 100 milhões
com o Guido lá atrás e teve uma série de problemas em 2014, série, e o governo
não resolvia os problemas... Eu dizia... eu não achava isso... Eu dizia, pô, não é
justo. Até eu fiz uma nota enorme, uma vez, que eu botei no meu anexo, com
todos os pontos. É uma nota de quase 5, 6, 7 páginas. Todos os pontos de que, os
problemas que a gente tinha com o governo. E pô, essa é a maneira de tratar os
parceiros, quer dizer, a gente faz isso e vocês deixam todas essas pendencias, é uma
nota que eu botava. Eu mostrei ela pra Dilma, mostrei pra Guido, mostrei pra
Edinho, mostrei pra todo mundo, realmente.... Mas, em suma... Quer dizer, eu
procurava misturar as bolas. Eu tinha me comprometido com Guido em 100
milhões, eu tinha problemas em outras áreas que não eram relativo a ele, eu não
podia também.... é cancelar.
Procurador: Os partidos então que receberam então, que você me listou, foram
PROS, PRB, PCdoB, PDT, é isso?
Marcelo Odebrecht: É... PROS, PDT, PRB e PCdoB, foi.
Procurador: Ta, e o valor 24 milhões.
Marcelo Odebrecht: O total deu 24 milhões.
Procurador (outro): Sabe me informar qual a forma de divisão desse....
Marcelo Odebrecht: Aqui, está aqui. Aqui ó. A nota diz claramente qual é
o valor de cada um. Para o Euripedes Jr., PROS, foi 5, quer dizer, não sei se foi
pra Euripedes, foi pro PROS, 5, foi conduzido através dele. Pro PDT foi 5. Pro
PRB foi 5. E pro PCdoB, 7.
Procurador: Tudo Caixa Dois, né?
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Marcelo Odebrecht: Na época eu não procurei saber, mas depois na
colaboração a gente confirmou, foi tudo Caixa Dois, e as informações foram dadas
do local e tudo.
Procurador: E cada um operacionalizou do seu grupo né?
Marcelo Odebrecht: E cada um operacionalizou do seu grupo.
Procurador: É geral, não se você já ouviu falar de como era gerado o Caixa
Dois.
Marcelo Odebrecht: É aquele anexo que eu te dei especifico, sobre a... Acho
que tem um anexo especifico sobre isso.
Procurador: Alguma consideração...
Marcelo Odebrecht: Quem deve ter maior detalhe sobre isso aqui, a maior
parte disso aqui, é o Alexandrino, mas deve estar no depoimento dele.”
Constata-se, portanto, inexistir qualquer afirmação de Marcelo
Odebrecht que a doação a partidos coligados teria qualquer relação com a “compra” de
tempo de TV.
Porém, quando foi prestar depoimento ao TSE, com a obrigação de
manter a coerência com a sua versão apresentada em âmbito de colaboração premiada,
Marcelo Odebrecht falseou a verdade e afirmou falsamente que tal doação estaria
relacionada com a “compra” de tempo de TV. É o que se verifica:
2º trecho – DEPOIMENTO PRESTADO PERANTE O TSE
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Figura 9Fls. 68
Figura 10Fls. 70
Sem sombra de dúvidas, a postura mentirosa de Marcelo Odebrecht é
contumaz. Além de faltar com a verdade em seu depoimento original ao MPF/STF,
consegue falsear a própria versão inverídica, subtraindo a sua obrigação de manter a
coerência com o depoimento prestado em sede de colaboração premiada.
Evidente que ao depor perante o TSE utilizou sua criatividade ilícita
para manejar o fundamento de “compra” de tempo de TV, até então jamais
mencionado por ele.
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A isto não se dá o nome de memória seletiva ou de
esquecimento momentâneo, mas sim de prática de crime de falso testemunho e
de descumprimento à obrigação legal de dizer a verdade, na condição de
colaborador premiado.
Exatamente assim dispõe a Lei n. 12850/2013:
Da Colaboração Premiada
Art. 4o O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão
judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou
substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e
voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa
colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:
(...)
§ 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença
de seu defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer
a verdade.
Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a Justiça, a
prática de infração penal a pessoa que sabe ser inocente, ou revelar informações
sobre a estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
E o Código Penal ao tipificar o crime de falso testemunho:
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como
testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo
judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
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Portanto, evidenciadas as afirmações falsas prestadas por
Marcelo Odebrecht perante o Tribunal Superior Eleitoral, requer a defesa de
Dilma Rousseff não apenas seja desconsiderado tal depoimento como meio de
prova no presente processo, mas também sejam expedidos ofícios tanto ao
Ministério Publico Federal, como ao eminente Ministro Edson Fachin (STF)
para adoção de medidas atinentes à prática de crime de falso testemunho
(art.342 CP), bem como para perda dos benefícios do regime de colaboração
premiada, à luz dos artigos, 4º, parágrafo 14 e artigo 19 da Lei n. 12.850/13.
VI.ii) DOS DEPOIMENTOS PRESTADOS EM ACOLHIMENTO À
QUESTÃO DE ORDEM PELO PLENÁRIO DO TRIBUNAL SUPERIOR
ELEITORAL
A) TESTEMUNHA DE DEFESA DE DILMA ROUSSEFF– GUIDO
MANTEGA
Guido Mantega, Ex- Ministro da Fazenda, refutou em seu
depoimento todas as afirmações mentirosas e falaciosas lançadas por Marcelo
Odebrecht e provou com documentos
Como decorrência de decisão do Plenário do TSE, em acolhimento
de Questão de Ordem, foi colhido o depoimento de Guido Mantega, detentor de
indiscutível credibilidade, renomado professor universitário que também exerceu
relevantes funções públicas, como Presidente do BNDES, Ministro do Planejamento,
além de ter sido o mais longevo Ministro da Fazenda do período democrático do Brasil.
Guido Mantega refutou, uma a uma, todas as afirmações mentirosas
e fantasiosas lançadas exclusivamente por Marcelo Odebrecht.
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1ª refutação - sobre a afirmação mentirosa e falaciosa de que teria pedido 50
milhões de reais como doação em virtude de “contrapartida específica” por
suposto benefício concedido ao Grupo Odebrecht em razão da edição da MP do
“Refis da Crise”
Em primeiro lugar, é imperioso sobressaltar que Guido Mantega, na
qualidade de Ministro da Fazenda, participava de reuniões institucionais com diversos
empresários, não somente da construção civil, mas também energia, agropecuária,
Confederação Nacional da Indústria, entre outros.
A relação institucional com o Grupo Odebrecht realmente existia,
isso porque se tratava de uma das maiores empresas brasileiras e havia a necessidade de
estimulação do setor produtivo para que investimentos fossem feitos no País.
Todavia, Guido Mantega refuta qualquer beneficio que tenha sido
concedido ao Grupo Odebrecht em sua gestão.
Com efeito, o denominado REFIS da Crise não foi aprovado para que
empresas pudessem ser beneficiadas, mas, na verdade, foi criado em função da grave
crise mundial que acabou gerando dificuldade para as empresas exportarem seus
produtos.
Nesse ponto as empresas iam mal e não possuíam crédito, então foi
preciso que o Governo as auxiliasse dando credito, organizando os tributos
(parcelamento) – criando condições para que as empresas pudessem se reestruturar,
conforme bem detalhado por Guido Mantega em seu depoimento:
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A gênese da criação do REFIS da Crise foi assim explicada em
detalhes pelo Ex-Ministro da Fazenda:
Acontece que esse Refis, acho que todo mundo sabe o que é um
Refis, e o Refis da Crise foi feito justamente porque o País
se encontrava enfrentando a grande recessão mundial que
afetou todos os países, e o Brasil menos, porque reagimos, mas
afetou também e os exportadores tiveram dificuldade de exportar
por alguns meses;afetou todas as empresas brasileiras. Em 2009, nós
interrompemos um ciclo de crescimento e tivemos um crescimento
negativo, foi 0,2 ou 0,3 negativo. Então, quando isso acontece, as
empresas vão mal e faltava crédito. Aí,se você que recuperar o
país,você tem que fazer uma série de programas, aumentar o
crédito, e aí colocamos os bancos públicos para aumentar o
crédito, porque os bancos privados se retraem, e assim por
diante. Entre outras coisas, você tem que regularizar a situação
tributária das empresas. As empresas, a primeira coisa que
fazem, é não pagar tributos. Isso faz parte e é correto por parte
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(...), eu estimulo isso, mas quando eu dava aula na (...)eu
explicava para os alunos: se você está dirigindouma empresa e
faltou dinheiro, o que você vai pagar? Vocêvaipagar os
funcionários, a folha de pagamento, fornecedores e vai pagar o
banco e depois você parcela o pagamento de tributos que é o mais
barato que sai. Então,eles param de pagar e se você quer recuperar a
economia você tem que reduzir essasmilhares deempresasdo setor
coletivo(...)e aí fizemos esse Refis justamente para reestruturar
uma dívida, permitir que ela seja paga e habilitar a empresa a
poder contrair novamente os créditos dela.
Guido Mantega foi específico ao informar que o pedido de Marcelo
Odebrecht era de perdão da dívida (anistia), o que foi vetado pelo Governo Lula, a
partir de formulação elaborada pelo mesmo Guido Mantega:
Acontece que o que a empresa, o Sr. Marcelo, a sua empresa e
todas as empresas exportadoras queriam era uma outra
coisa. Eles tinham um passivo tributário que se originava do
crédito-prêmio de IPI –aliás, o Ministro Herman conhece bem
esse fato. As empresas exportadoras, portanto todas elas,
vinham se apropriando de um crédito tributário que, no
nosso entender, não era devido. Aí, a Receita Federal ia lá e,
digamos, multava as empresas e elas entravam na Justiça. E
como a lei era um pouco dúbia, tinha, digamos, flancos que
permitiam isso, elas, muitas vezes, acabavamganhando nos
tribunais. Então, todas elas estavam com ações na Justiça e eram
autuadas pela Receita, mas não pagavam isso. Mas o
entendimento do Judiciário, dos altos Tribunais começou a
mudar, em 2002, 2003, os ventos mudaram e o entendimento
começou a condenar algumas empresas com isso. Então, as
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empresas se apressaram em tentar achar uma solução. E aí
posso lhe dizer que abriu-se uma discussão, não com a Odebrecht,
mas com todo o setor exportador porque eles tinham acumulado
um passivo, caso prevalecessem as decisões da Justiça, que era
grande. Eram 50(cinquenta), 60 (sessenta) bilhões. Acontece que
em 2007, o STJ, por 9 X 0 votos, deu parecer favorável à
Fazenda. O STJ, por 9votos a 0, determinou que a validade do
crédito-prêmio era só até 1990. Significa que de 90 em diante,
eles teriam que pagar tudo aquilo que deixaram de pagar. Esse é
o grande objetivo. E houve uma grande discussão, aberta,
nacional, porque as empresas diziam: bom, nós temos um
problema. E quando foi chegando 2009, o setor exportador teve
uma crise também porque parou de exportar. Mas quando o STJ
deu esse... tomou essa posição, aí que eles ficaram nervosos, estavam
prestes a... Então... E depois, em seguida, em 2009, o Supremo
Tribunal Federal também deu ganho de causa para a União,
para a Fazenda, e ele... ele teve o mesmo parecer que o STJ. Então,
valia de 90 para diante. Então, o que aconteceu? Por um lado,
esses empresários tentavam negociar com o Governo uma saída.
Eles queriam uma saída... eles queriam que a gente, digamos,
abonasse esse... fizesse alguma medida que pudesse eliminar esses
50 (cinquenta), 60 (sessenta) bilhões, eles diziam que iam quebrar, que
não-sei-o-que e tudo mais. Aí começou a discussão da Medida
Provisória n. 460. Eu vou encurtarpara não ficar muito longo.
Então, essa medida provisória criava o Minha Casa Minha Vida,
que era uma medida anticíclica, que era para combater a crise,
o setor habitacional criava muitos empregos, ajudava a retomar,
e eles discutiram uma emenda no Congresso, na Câmara e no
Senado, e a Câmara e o Senado propõem a emenda, não sei
exatamente quem, mas enfim, colocaram lá um jabuti que não
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tinha nada a ver com o objeto principal dessa medida, e
mobilizaram asociedade. Por exemplo, quando a medida foi para a
sanção do Presidente Lula, ele recebeu um monte de cartas,
cartas do Presidente da Federação de Santa Catarina... tinha umas
doze cartas dizendo: olha, a Medida n. 460 foi aprovada. Não
vete esse capítuloque dá a isenção de pagamentos para essas
empresas. Então, eu queria deixar claro que esse era o interesse das
empresas. De fato, a gente vinha conversando, eles conseguiam
parecer de renomados economistas, fazendo cálculos, dizendo
quanto eles iam pagar e tudo mais, só que o nosso
entendimento é que era devido aquele pagamento. E aí eu
encaminhei para o veto do Presidente. Recomendei o veto ao
Presidente e o Presidente Lula vetou. Vetou e, portanto,
frustrou essa expectativa que eles tinham. Então, esse era o
objetivo da empresa e foi frustrado.
Guido Mantega explicou também que posteriormente ao veto àquela
anistia, foi projetado e aprovado o REFIS da Crise, que nada mais é que um
parcelamento para inúmeros setores da indústria e do mercado dos débitos existentes,
sem nenhum perdão, nem anistia, como pretendia Marcelo Odebrecht:
Agora, em seguida veio o Refis... é claro que todos
que tinham passivo perguntaram e puderam entrar no Refis e
puderam, digamos, parcelar. Mas houve uma dívida, a dívida foi
consagrada. E eles tiveram que pagar essa dívida. Quando você
faz um Refis, o senhor deve conhecer bem, você dá desconto de
multa... Mas isso todo Refis é assim. Então, tiveram desconto de
multa e tal. Só que pagaram aquilo que... eu me lembro que a
Odebrecht mandava os cálculos. Ela dizia: não,se aprovar essa
emenda, eu não pagar nada, vou pagar 500 (quinhentos) milhões.
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Mas, se vetar, vou pagar 3(três)bilhões. E, de fato, teve que
pagar 3(três)bilhões. Então, eu não consigo entender como que
aprovaram o Refis, que era uma medida para todo empresariado,
uma medida sistêmica que a economia precisava, pode ser
considerado benefício. Não, o benefício que eles queriam não foi
concedido. E eu posso lhe dizer o seguinte: está tudo
documentado, toda essa batalha, essa mobilização que eles
fizeram, a posição da Câmara e do Senado. Hoje em dia é fácil,
a gente consegue pegar as medidas provisórias, pegar o histórico
e eu até, se for interesse do Tribunal, posso até juntar tudo isso
porque isso é prova de que o interesse deles era outro, e não
conseguiram. Então, não entendo como você diz que aprovar o
Refis da Crise (chama o Refis da Crise) possa ter sido um
benefício. Então, também não posso entender como teve uma
suposta retribuição, que na verdade não teve, e essa retribuição,
se me permite observar, é muito estranha.
Dessa forma, fica claríssimo que oEx-Ministro da Fazenda foi
enfático ao defender que não houve qualquer favorecimento com a aprovação do
REFIS, isso porque foi de sua iniciativa o veto presidencial ao item da MP 460
que concedia a anistia desejada pelo Grupo Odebrecht, que lhe beneficiaria.
Guido Mantega chegou a afirmar que as ilações de Marcelo
Odebrecht são uma peça de ficção grosseira:
“Então, isso é uma peça de ficção. Uma ficção, aliás, se me permite, um pouco
grosseira. Uma peça de ficção.”
2ª refutação - sobre a afirmação mentirosa e falaciosa feita por Marcelo
Odebrecht de que teria pedido pagamentos a João Santana e Monica Moura, via
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caixa 2, para serviços publicitários relativos a campanha eleitoral e que geria
ingerência sobre doações eleitorais
Transpassando a questão fantasiosa da existência de qualquer
contrapartida, é necessário sobressaltar que o Ex-Ministro da Fazenda, Guido Mantega,
efetivamente participou da campanha eleitoral de 2014,todavia, somente na preparação
do programa de governo sobre política econômica, seja para elaboração de diretrizes
programáticas, seja na preparação da candidata e o acompanhamento em debates e
comícios, como destaca em seu depoimento:
Em relação a supostos pedidos de pagamento a Monica Moura e João
Santana, informou Guido Mantega que realmente teve muito contato com os
profissionais de Marketing, todavia NUNCA tratou de qualquer pagamento não
contabilizado, destaca-se:
“Juiz Auxiliar Eleitoral — Mas o senhor nunca participou
de nenhuma conversa com eles em relação a quanto eles
seriam pagos pelo serviço deles, contratação deles mesmos?
Depoente—Não. Não participei. (...)”
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****
Advogado (Flávio Caetano)—Aí, num segundo momento, o Sr.
Marcelo também afirma que ele seria oresponsável por pagar
serviços publicitários a João Santana a partir de um acordo feito
em 2008 com Antônio Palocci. O senhor sabe de alguma coisa
sobre isso?
Depoente—Não tenho o menor conhecimento disso.35
E enfatiza Guido Mantega:
35 Fl. 27 do depoimento de Guido Mantega
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(...)
Ademais, afirma também Guido Mantega que a Representada Dilma
Rousseff NUNCA lhe fez nenhum comentário sobre pagamentos devidos ao casal de
Marqueteiros:
Juiz Auxiliar Eleitoral — Entendi. Em relação à PresidenteDilma, o
senhor sabe seem algum momento a Mônica Moura cobrava diretamente à
Presidente, ou isso chegou ao conhecimento do senhor, a própria
Presidente falando em relação aos marqueteiros não estarem sendo pagos, ou
alguma coisa nesse sentido?
Depoente—Não. A Presidente não comentou sobre isso.
Sobre este ponto, vale lembrar que até mesmo Marcelo Odebrecht
confirma a informação de que a Presidenta Dilma Rousseff não tratava de qualquer
questão de pagamentos, conforme fls. 38/39 do depoimento de Marcelo Odebrecht:
O SENHOR MARCELO BAHIA ODEBRECHT (depoente): Não,
sobre ... isso aí eu posso assegurar, veja bem ... O que é que posso assegurar? De
minha parte - de minha parte -, eu nunca .. . eu nunca sinalizei
para ela, nem ela sinalizou pra mim que conhecia da onde
vinham ou por que dessa dimensão de recursos. Então ... até porque
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esse assunto do Refis da Crise e outro acervo de contrapartida específica veio de
2009. Então, a partir do momento em que ela tomou .. . ela começou a cuidar,
digamos assim, da relação - porque 2010 ela praticamente nem olhou
as finanças, acho que todos os pedidos de doação foram feitos
por Lula, Palocci, ela nem se envolvia em 2010.Então, a partir de
2011, eu nunca tive um pedido dela de contrapartida específica.
Então, do ponto de vista de ilegalidade, por uma questão de uma contrapartida
específica - isso eu posso assegurar que não teve, OU SEJA, A
PRESIDENTA NUNCA ME PEDIU NEM NUNCA
SINALIZOU QUE CONHECIA NADA DE COMO ERAM
ESSES RECURSOS. (...)(grifo nosso)
Mais a frente Marcelo Odebrecht reafirma que Dilma Rousseff não
tratava de questões de captação ou mesmo de pagamento de recursos para sua
campanha, conforme fls. 40/41 de seu depoimento:
O SENHOR MARCELO BAHIA ODEBRECHT (depoente): Bom, eu
vou ... obviamente que em meus relatos eu tive o cuidado de ser mais factual. Essa
questão da impressão é o seguinte: eu acho que ela, em 2014, pelo estilo
dela, continuou distante. Eu digo isso, porque eu me lembro que eu tive
uma conversa com ela, no início de 2014, em que eu disse para ela que ela deveria
se envolver mais, e o Edinho já tinha conversado comigo, já tinha dito a
dificuldade que tinha de arrecadar recursos, e eu tinha até mencionado para ela:
"Presidente, eu acho que a senhora deveria se envolver e deveria pedir para os
empresários doação. Porque eu acho que, se a senhora chegar .. . " Eu até falei
para ela: "Se a senhora chegar e pedir cinco milhões, dez milhões para um
empresário, ele vai dar. Ele não vai conseguir negar um pedido para uma
Presidente da República, está certo? Agora, se a senhora não fizer isso e outra
pessoa a seu mando for fazer esse pedido, é capaz de ele escutar do empresário um
pedido de contrapartida que a senhora não vai gostar e que a senhora não vai
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aceitar. Então, eu acho o seguinte, a senhora tem a legitimidade para pedir coisas
que talvez outros não tenham". Eu acho que, pelo estilo dela, ela continuou sem se
envolver nisso.
Tampouco teria Guido Mantega solicitado pagamentos não
contabilizados a partidos coligados ou qualquer ingerência para pedidos de doações de
campanha.
Guido Mantega, assegurou a este I. juízo que não teve nenhum
envolvimento com arrecadação de recursos para campanha, pois a captação se dava
apenas pelo tesoureiro da campanha Sr. Edinho Silva:
Afirmou Guido Mantega que jamais teria conversado com Marcelo
Odebrecht sobre doação de 100 milhões de reais à campanha de Dilma-Temer:
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Dessa maneira, com subsídio no depoimento prestado por Guido
Mantega, bem como pela juntada de documentos pelo depoente, é possível inferir com
total certeza que as ilações feitas por Marcelo Odebrecht são arvoradas apenas em
suposições sem qualquer embasamento, são criações dignas de um ficcionista que,
segundo as próprias palavras do Ex-Ministro da Fazenda36:
“Eu tenho a impressão de que o Sr. Marcelo é um
ficcionista frustrado. Ele deveria ter entrado para essa
profissão, porque ele cria fatos e a maioria deles
inverossímeis. Então o que posso dizer é isso.”
36 Fl. 26 do depoimento de Guido Mantega.
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B) CONSIDERAÇÕES SOBRE OS DEPOIMENTOS MENTIROSOS
PRESTADOS AO TSE PELOS COLABORADORES PREMIADOS MÔNICA
MOURA, JOÃO SANTANA E ANDRÉ SANTANA
João Santana e Mônica Moura prestaram depoimento como
testemunhas de juízo, e, como colaboradores premiados tinham a obrigação legal de
dizer a verdade em relação a depoimento já prestado ao MPF e homologado pelo STF,
e em relação aos ditos documentos de corroboração. Não cumpriram com sua
obrigação legal.
De início, cumpre destacar que João Santana e Monica Moura:
a) Fizeram afirmações falsas ao TSE sobre suposto pagamento em
caixa 2 de serviços publicitários prestados em 2014 e que a candidata
Dilma Rousseff teria prévio conhecimento;
b) Monica Moura e João Santana, como colaboradores premiados,
deveriam ter anexado aos autos os documentos de corroboração,
todavia, NÃO TROUXERAM NENHUM DOCUMENTO AO
PROCESSO, o que comprova a leviandade de suas afirmações;
c) João Santana e Monica Moura são contumazes sonegadores de
impostos, tendo criado offshore Shellbill Finance, com conta no
exterior no Banco Heritage na Suíça, desde 1998 ( ou seja exatos 19
anos), sem conhecimento da Receita Federal brasileira e sem
recolhimento de impostos no Brasil
d) João Santana e Monica Moura, ao contrário do que afirmam em
juízo, tiveram LUCROS ELEVADÍSSIMOS EM 2014, como
comprova o Relatório de Informação de Pesquisa e Investigação
elaborado pela Receita Federal em 11 de dezembro de 2015 e juntado
à 13ª. Vara Federal Criminal de Curitiba, bem como aos presentes
autos;
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DILMA - PRESIDENTA / MICHEL TEMER – VICE
e) João Santana e Monica Moura não receberam qualquer
pagamento da Odebrecht em 2014 referente à campanha da chapa
Dilma-Temer, mas sim para a campanha eleitoral realizada no Panamá
e financiada pela Odebrecht, conforme previamente declarado ao Juiz
Sérgio Moro. Receberam em dinheiro no Brasil, pois não há qualquer
comprovante de pagamento no exterior na conta Shellbill pela
Odebrecht;
f) João Santana, Monica Moura e Odebrecht desenvolveram uma
espécie de “joint venture” para a realização de campanhas no exterior,
em países de interesse comercial da Odebrecht, que financiou
campanhas politicas, com pagamentos em dinheiro e em conta
bancária, para campanhas em El Salvador, Angola, Venezuela e
Panamá, onde também se caracterizou sonegação fiscal. Segundo o
advogado tributarista, Igor Nascimento, que representa os
publicitários, as empresas deles teriam recebido entre 2004 e 2014,
aproximadamente 170 milhões de reais no Brasil e 340 milhões no
exterior.
Inicialmente, antes de qualquer consideração aos depoimentos
mentirosos dos milionários Sócios Proprietários das empresas Polis Propaganda e
Marketing e Santana & Associados, é importante e necessário ressaltar que a análise
recairá sobre depoimentos de pessoas que estão entre os melhores profissionais
de propaganda e marketing do País, senão os melhores.
Portanto, é preciso muita cautela, pois referidos depoimentos mais se
parecem com o roteiro de uma minissérie de pura ficção, daquelas onde os “autores”
são também os “atores”, principal e coadjuvante, e, ainda, foi “criado” em clima pós-
trauma (entenda-se pós trauma como “prisão e acordo de delação na operação lavajato”).
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A metáfora “pós trauma” fica consumada através da transformação
gradual do conteúdo das notas divulgadas à imprensa e dos depoimentos prestados
desde a prisão dos mesmos. Basta assistir os vídeos e/ou ler as notas divulgadas à
imprensa pelo Sr. João Santana, na qualidade de Presidente da Polis Propaganda37,
assim como os depoimentos prestados a Policia Federal38; aqueles antes da
condenação39 pelo Juiz Sergio Moro, e aquele prestado ao mesmo Juiz, após decidirem-
se pelo acordo de delação premiada40.
Ainda, se referido roteiro – depoimentos –, fosse filmado e gravado
sob a “direção” de seu “autor” e também “ator”, com todo o grau de perfeccionismo
e exigência costumeira que o “diretor” sempre dispensa para atingir o sucesso,
certamente seria a minissérie com maior número de pontos medidos pelo IBOPE,
mesmo que veiculada fora do horário nobre.
Todavia, infelizmente o Senhor João Santana e sua esposa, Sra.
Mônica Moura, não se descontaminaram das excelentes habilidades que possuem na
área da propaganda e marketing quando prestaram os depoimentos ao TSE e, por isso,
confundiram a ficção com a realidade, cuja verdade será aqui detalhadamente
demonstrada, através do apontamento das contradições e mentiras existentes
nos próprios depoimentos prestados, assim como as discrepâncias existentes quando
37https://www.youtube.com/watch?v=bwlllPiQWcc http://www.jornalgrandebahia.com.br/2016/03/nota-da-polis-propaganda-nega-caixa-2-e-critica-reportagem-da-revista-veja/ 38http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/leia-o-depoimento-de-joao-santana-a-policia-federal/ 39http://www.novonoticias.com/politica/juiz-sergio-moro-condena-joao-santana-marqueteiro-do-pt 40https://www.youtube.com/watch?v=RVbYr3JwI2M https://www.youtube.com/watch?v=8R_CKA5chmQ https://www.youtube.com/watch?v=SRECdah6-bg
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comparados com depoimentos de delatores da operação lavajato, alguns dos quais, que
também prestaram depoimento neste processo.
Evidente que se trata do esclarecimento da verdade dos fatos
relacionados aos depoimentos nos quais os declarantes faltaram com a verdade,
o que pode ser visto claramente até nas entrelinhas dos próprios depoimentos.
Vejamos:
De forma aparentemente combinada, a Sra. Monica Moura ressalta
que41: “(...) Eu sabia porquê era muito organizada, sempre fui muito.....” (grifamos).
Embora se julgue “muito organizada”, e assim também fosse
considerada pelo Sr. João Santana em várias passagens, e até mesmo por delator da
Odebrecht que elogia os seus trabalhos, não apresentou nenhum documento
comprobatório do que declarou, sendo que existem diversas diferenças e
inconsistências entre os números que deveria controlar, e aqueles que diz ter
acertado com o partido/tesoureiro/campanha.
Também, não são compatíveis suas declarações relacionadas a
valores, datas, locais de recebimento, com aqueles declarados pelos delatores da
Odebrecht, o que será detalhado adiante.
Já o Sr. João Santana, diz42: “(...) Por uma profunda incompetência e
inapetência quase para tratar de negócios e de números, eu raramente ou quase nunca participava
desses acertos, até porque também tinha a sorte e a comodidade e a confiança de Mônica, que é
extremamente o contrário de mim nesse aspecto, na pessoa, que era minha sócia, que tratava dos
detalhes, mas dar o encaminhamento político, sim, e com nenhum cliente eu tratava de números...”
(grifamos).
41 Folha 19 da transcrição do depoimento 42 Folha 6 da transcrição do depoimento
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Muito embora conste em seu perfil biográfico43 que: “(...) ganhou o apelido
de “Patinhas”. Não por ser pão duro – é até mão aberta -, mas por exercer, “com tirania fiscal única,
o posto de tesoureiro do grêmio estudantil”, nos dias de hoje temos que concordar com sua
quase incompetência para tratar de negócios e números, pois na tentativa de envolver a
Presidenta Dilma no suposto caixa dois da Campanha Presidencial em questão, disse as
maiores aberrações em termos de administração, que somente fariam sentido em um
capitulo humorístico da minisserie, de baixíssima qualidade em seu roteiro, que é o que mais se
assemelha a seu depoimento.
Aqui começam as contradições, e as mais graves que necessitam
amplos esclarecimentos, pois resultaram na maior inverdade declarada de forma
leviana e sem qualquer fundamento ou comprovação, por ambos, de que a Presidente
Dilma Rousseff tinha conhecimento da existência de caixa dois na Campanha
Presidencial da Chapa Dilma/Temer.
Tal declaração infundada serviu apenas para dar manchetes difamatórias
sobre a Presidente Dilma e, talvez, se ficassem sem os esclarecimentos que virão na
sequência, poderia influenciar negativamente o Julgamento da presente
demanda.
É fácil entender que não prospera a tentativa rebuscada que o Sr. João
Santana elaborou para envolver a Presidenta Dilma, em um caixa dois que nunca existiu
na Chapa Dilma/Temer na disputa presidencial de 2014, conforme demonstraremos
abaixo com o simples grupamento de trechos de seu depoimento, onde menciona
especificamente este assunto:
Quando o Juiz Auxiliar, Doutor Bruno Cesar Lorencini,
questiona:
43 João Santana: um marqueteiro no poder; Luiz Maklouf Carvalho; 1º Edição, pg. 40/41, Editora Record
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“(...) em relação à Presidente Dilma, ela sabia que parte dos
valores que eram pagos pelo marketing político eram pagos de
forma não contabilizada, por caixa 2? 44
A resposta foi:
Note-se, Excelência, que sem nenhum argumento de prova, “e com
infelicidade”, ele diz que a Presidente sabia!
Mas o que chama atenção, aqui, é o fato dele ressaltar como principal
motivo pelo qual ele estava lá, depondo, ser envolver (indevidamente) a Presidente
Dilma em um suposto caixa dois na Campanha de 2014.
Mais adiante45 o Ministro Herman Benjamin questiona:
“De novo, como a sua esposa, a Sra. Mônica Moura, esta é uma
afirmação do senhor que tem um forte componente de novidade neste
processo como um todo. (....) Então vou repetir a pergunta do Dr.
Bruno. O senhor afirma que a Presidente infelizmente sabia?
A resposta foi:
44 Folha 15 da transcrição do depoimento 45 Folha 16 da transcrição do depoimento
“Infelizmente, sim, sabia. (...) Então eu
digo, infelizmente sim, ela sabia e eu
queria dizer que exatamente por isso que
nós estamos aqui discutindo ou
desvendando (...)”
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E continua o Ministro Herman46:
“O que o leva a esta convicção tão categórica, que fatos? Isto foi
tratado diretamente com a Presidente?
A resposta foi:
Ministro:
“Já naquela primeira reunião? 47
A resposta foi:
46 Folha 16 da transcrição do depoimento 47 Folha 11 da transcrição do depoimento
“Certo. Repito.”
“Foi. Inicialmente comigo e infelizmente. Comigo num primeiro
momento...”
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A resposta de João Santana não apresenta nenhum argumento
convincente de que a Presidente estava tratando de um suposto caixa dois.
Talvez o depoente por estar, eventualmente, insinuando naquela
ocasião a possibilidade de um recebimento por fora, agora tenta inverter a realidade dos
fatos.
Aquilo que o depoente chama de “Esse é o primeiro fato”, jamais
pode ser entendido que “estava claro que era caixa 2”.
“Abril e maio quando falei da.... Quando ela me disse que estava
organizando uma forma de validar pagamento que não (sic) iria
evitar os atrasos e, talvez, pela primeira vez eu ia ser seu (...) que ia
ter um pagamento que eu ia receber antecipadamente nessa
campanha. Nesse momento estava claro que era caixa 2, estava
claro. Então esse é um primeiro fato.
Depois, quando isso não se cumpriu, chegou agosto, já durante
período de realização, gravações. Eu falei com a Presidente
Dilma: Presidente, a senhora me prometeu, uma vez estava
sozinho, outra vez no Palácio da Alvorada, a senhora prometeu e
isso não se cumpriu, só uma pequena parte para ser realizado, tem
uma dívida ainda grande, já vai começar o pagamento oficial,
porque já está constituído o comitê financeiro da campanha, nós já
assinamos contrato com o partido, com a coligação e essa parte
prometida, que seria importante, inclusive, para imobilização
inicial, porque talvez uma campanha começa muito mais cedo e
contamos com uma estrutura que não está acontecendo. Então,
mais uma vez isso foi tratado.
E quando, setembro ou outubro, já perto do final do primeiro
turno, (....) então voltamos a falar sobre esse assunto.
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O fato da Presidente (segundo o depoente) dizer que estava
organizando uma forma de validar pagamentos, e que ele iria receber
antecipadamente, tem conotação absolutamente inversa.
Pois estaria pensando a candidata em validar o que supostamente diz
o depoente que seria um caixa 2 ?
Ainda: Imagina o depoente que receber antecipadamente é antes de
emitir a nota fiscal, ou até mesmo, sem emitir a nota fiscal?
Jamais! Antecipadamente neste contexto, fica evidente que é sem
atrasos como na Campanha anterior, talvez até referindo-se que pagaria a empresa do
depoente antecipadamente aos demais fornecedores, nunca supondo ou referindo-se a
pagamentos através de caixa 2, o que nunca existiu.
Ainda, corrobora o entendimento distorcido do depoente, ou melhor,
contradiz “a sua mirabolante construção”, o fato de que “isso não se cumpriu”, ou
seja, os pagamentos continuaram sendo efetuados com atraso (pagamentos oficiais,
evidente!).
Erra novamente o Sr. Santana quando declara que “chegou
agosto.....já vai começar o pagamento oficial,......então mais uma vez isso foi
tratado”.
Em Agosto já haviam começado os pagamentos à empresa do
depoente, que recebera naquele mês, R$ 25.000.000,00 (Vinte cinco milhões de reais), o
que equivale a 35,7% do total da Campanha, em parcelas pagas nos dias 05, 11, 20 e 29.
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Talvez entendendo que as respostas do depoente não eram
convincentes, como estamos demonstrando agora, o Ministro Herman
Benjamin prosseguiu:
MINISTRO:
“Mas o atraso a que faz referência poderia ser atraso genérico48.
Disse o Sr. João Santana:
Mais uma vez os fatos reais se distanciam das declarações do Sr. João
Santana, pois:
➢ Jamais poderia estar “implícito e explicito” que não era o atraso
oficial a que ele estava se referindo, pois ao contrário do que ele
declara, ospagamentos oficiais – e únicos –, estavam sendo
efetuados com atraso, e não religiosamente como diz o Sr.
Santana, conforme pode-se verificar na tabela a seguir, elaborada a
partir da prestação de contas da Chapa Dilma/Temer:
48 Folha 18 da transcrição do depoimento
“Mas nesse caso estava implícito e explicito que não era o atraso
oficial, porque a campanha estava saudando seus compromissos
religiosamente” (grifamos).
“Existe um borderô, está atualizado, que os candidatos têm acesso,
é até exigência do próprio Tribunal Eleitoral, onde mostra os
pagamentos (...)”
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➢ Ainda, além de não existir o referido borderô citado pelo Sr. João
Santana, podemos dizer que é uma pretensão muito grande dele,
imaginar que a Presidente da República, em plena campanha para
reeleição, acompanharia pessoalmente os pagamentos à empresa
dele, caso realmente existisse o referido borderô. Ressalta-se que, o
Sr. João Santana sequer acompanha as contas de sua própria
empresa, conforme afirmou várias vezes em seu depoimento.
Então, deveria a Presidente acompanhar e ter conhecimento das
contas de Campanha, uma vez que existe comitê financeiro e
tesoureiro designados especificamente para isso?
No entanto, neste tópico – após tantas afirmações infundadas,
infelizmente temos que concordar com o Sr. João Santana em dois aspectos:
(i) Somente nos tempos do grêmio estudantil do colégio Jesuíta Antônio
Vieira, tempos em que “dizem” exercer com tirania fiscal unica o posto de
tesoureiro, é que, talvez, pudesse opinar sobre números;
Nº NFVencimento
(c/apresentação)
Data do
PagamentoValor R$
Dias
Atraso
3 04.08.2014 05.08.2014 5.000.000,00 1
4 06.08.2014 11.08.2014 5.000.000,00 5
5 18.08.2014 20.08.2014 5.000.000,00 2
6 26.08.2014 29.08.2014 10.000.000,00 3
7 27.08.2014 03.09.2014 5.000.000,00 7
8 04.09.2014 16.09.2014 2.000.000,00 12
9 08.09.2014 30.09.2014 9.000.000,00 22
10 08.09.2014 03.10.2014 9.000.000,00 25
12 14.10.2014 21.10.2014 5.000.000,00 7
16 20.10.2014 29.10.2014 5.000.000,00 9
17 20.10.2014 21.11.2014 5.000.000,00 32
18 20.10.2014 24.11.2014 5.000.000,00 35
70.000.000,00TOTAL
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(ii) Ele está absolutamente certo quando diz que tem “uma profunda
incompetência e inapetência quase para tratar de negócios e de
números” (talvez não seja adequado o “quase”).
Ainda, talvez percebendo que o Sr. João Santana era mais um
depoente que estava trazendo aos autos somente presunções, no entanto de uma
forma melhor elaborada, com uma construção mais rebuscada visando não
deixar transparecer as expressões “eu acho que a Presidente sabia”, “eu
imagino que a Presidente sabia” ou “o entorno da conversa levaria a uma
compreensão de que se tratava de Caixa 2”, como tantos outros fizeram, o
eminente Relator Ministro Herman Benjamin concluiu seus questionamentos
sobre o assunto – caixa 2, conhecimento da Presidente Dilma – com a
pertinente e derradeira pergunta49:
“Em algum momento o senhor usou a expressão Caixa 2 para a
Presidente?
A resposta foi:
49 Folha 18 da transcrição do depoimento
“E até desnecessário. O termo Caixa 2 é desnecessário, porque é
uma rotina tão clara... Eu não me recordo de ter usado nunca a
expressão por absoluta falta de necessidade, porque era tudo muito
claro, mas falar caixa dois, exatamente a palavra, não. Nem eu
gosto de proferir essa palavra e acho que nenhum candidato gosta.
Ela então, muito menos” (grifamos).
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A resposta ofertada pelo Sr. João Santana à pergunta derradeira sobre
o tema, efetuada pelo Ministro Herman Benjamin, deixou absolutamente claro e
cristalino que, devido “as parcerias” que a empresa “Pólis” teve/tem com a Odebrecht
em vários Países da América Latina, normalmente em períodos eleitorais, conforme
sabe-se agora, para ele – João Santana, o termo Caixa 2 é desnecessário, “porque é
uma rotina tão clara...”.
Ainda, em um momento de realidade, felizmente o Sr. Santana
reconhece ao Ministro Herman, que a Presidente Dilma sequer pode escutar a palavra
“caixa 2” (quanto mais, então, participar de um negócio espurio desse tipo).
Em relação ao depoimento do Sr. João Santana, tendo em vista que o
mesmo tem bastante sincronia com aquele prestado pela Senhora Monica Moura, não
há mais o que esclarecer, pois, para não ficar repetitivo, as questões de valores, datas,
interlocutores, recebimentos, pagamentos e outros assuntos, apresentaremos adiante as
devidas contestações, quando trataremos das respostas ofertadas pela Sra. Monica.
Em relação à Mônica Moura, que se diz organizada e, ao que parece,
é mais experimentada com a parte administrativa e financeira da empresa Polis, o
principal a destacar refere-se aos valores por ela declarados a esse Juízo, verbalmente e
sem nenhum documento de prova, que não conferem com nenhum outro número
declarado pelos delatores da Odebrecht, na operação lavajato.
Há discrepâncias enormes que não se sustentam, ou melhor: que
tornam seu depoimento praticamente sem validade, sem nenhuma fidedignidade.
Estamos fazendo referência a números, o que até na ficção não pode
apresentar diferenças, pois com diz o ditado popular, “dois mais dois, são quatro”!
Nas contas peculiares de Monica Moura, as vezes é um, em outras são 8, quando não
esquece e não tem registros, etc..... E tudo na “casa dos milhões”.
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A seguir, passamos a apresentar sérias inconsistências existentes no
depoimento de Monica Moura , de extrema relevância e devem ser consideradas no
julgamento da ação:
➢ Já na informação do valor total da Campanha (segundo diz a Sra.
Monica), ela despreza R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) como
se fosse algo totalmente irrelevante, quando fala que “o valor total era
100 (cem) milhões, o valor cobrado, 105 (cento e cinco) para ser mais exato”50.
Chama a atenção também, o fato dela ter declarado que: “E aí ele falou
disso, e nós tratamos de qual seria o máximo que a gente conseguiria colocar por
dentro” 51(grifamos).
Analisando com mais atenção suas palavras e, tendo em vista a grande
intimidade que a mesma tinha com o pessoal da Odebrecht, mais especificamente
aqueles que trabalhavam no – agora conhecido – “departamento de operações
estruturadas” – está muito claro que o interesse de ter valores “por fora”, era dos
empresários (Polis e Odebrecht), que mantinham entre si uma espécie de joint venture
para campanhas no exterior, que tinham como premissas de atuação os pagamentos via
caixa 2 e a sonegação de impostos.
Nota-se que ela mesmo afirma isso quando diz que determinaria o
valor máximo que conseguiria colocar por dentro. Fica evidente que a empresária
queria limitar o valor por dentro, senão diria o valor mínimo! Por infelicidade, em 2014,
sob o comando da Presidente Dilma, o valor máximo da Sra. Monica foi o valor total
da Campanha, ou seja, R$ 70.000.000,00, integralmente tributados para fins de imposto
de renda e contribuição social sobre o lucro, e demais impostos, o que deve ter
incomodado a Administração da Polis.
50 Folha 11 da transcrição do depoimento 51 Folha 11 da transcrição do depoimento
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Não se sustentam as afirmações da Sra. Monica de que recebeu
valores “por fora” da Odebrecht, relacionados a Campanha de 2014. Fato que
numérica e cronologicamente é facílimo de comprovar, mesmo sem ter recebido
nenhum documento, sequer uma planilha ou mesmo um rascunho “construído” pela
senhora Monica para comprovar o que falou. Enfrentemos os pontos.
DA AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS DE CORROBORAÇÃOPOR PARTE
DE MONICA MOURA E JOAO SANTANA COMO DESCUMPRIMENTO
DO REGIME DE COLABORAÇÃO PREMIADA
Os colaboradores premiados Monica Moura e João Santana
descumpriram a obrigação legal de dizer a verdade e comprovar através de documentos.
Em petição abaixo reproduzida, protocolada um dia após o
depoimento perante o TSE, declararam que referidos documentos estariam com a PGR
e não se dignaram a trazer nenhuma cópia aos autos!
Ou seja, se negaram a colaborar com a justiça e com a verdade dos
fatos.
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DA AFIRMAÇÃO FALSA DE QUE TIVERAM PREJUÍZO EM 2014 E DO
DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO DE DIZER A VERDADE
Tanto Monica Moura, como João Santana, afirmaram que tiveram um
prejuízo de R$ 25 milhões de reais em relação a campanha presidencial, pois disseram
que teriam cobrado um total de 105 milhões de reais pelo seus serviços publicitários,
que comporiam 70 milhões de reais em pagamento oficial e 35 milhões não
contabilizados, sendo que apenas 10 milhões não contabilizados teriam sido pagos pela
Odebrecht em dinheiro.
Pois bem.
Afirma-se aqui, Excelência, mais uma vez e de forma
contundente, que Monica Moura e João Santana não receberam da campanha
presidencial da chapa Dilma-Temer nada além dos 70 milhoes pagos e
oficialmente declarados.
O resto é invencionice e fantasia mentirosa!
Com efeito, a Informação de Pesquisa e Investigação feita pela
Receita Federal, em atendimento a decisão judicial proferida pelo Juiz Sérgio Moro, e
assinada em 11 de dezembro de 2015 pelo auditor fiscal Claudinei Ignácio da Rosa, não
deixa margem a dúvidas: tanto a Pólis Propaganda, como João Santana e Monica Moura
auferiram lucros elevadíssimos no ano de 2014, sendo absolutamente mentirosa e
deslavada a afirmação de que teriam tido prejuízo na ordem de 25 milhões de reais!!!
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Pela Informação da Receita Federal, João Santana teria recebido lucros
superiores a R$ 21 milhões de reais, enquanto que a Polis Propaganda teria distribuído
mais de 34 milhões em lucros e dividendos no ano de 2014!!!!
Comprovado, portanto, através de documentos, que João Santana e
Monica Moura mentiram em juízo ao afirmarem terem tido prejuízos de 25 milhoes de
reais em 2014, quando informaram à Receita Federal elevadíssimos lucros auferidos no
mesmo período.
DA AFIRMAÇÃO FALSA E MENTIROSA DE TEREM
RECEBIDO 10 MILHOES DE REAIS EM DINHEIRO A TITULO DE
CAIXA 2 PELA ODEBRECHT EM FAVOR DA CAMPANHA
PRESIDENCIAL DE 2014 E DO DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO
DE DIZER A VERDADE
Em mais uma afirmação falsa e mentirosa, Monica Moura afirmou ter
recebido 10 milhões de reais, em dinheiro, da Odebrecht, a titulo de caixa 2, pelos
serviços publicitários prestados à campanha presidencial de 2014, nestes termos:
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Com efeito, em 2014, Monica Moura e João Santana fizeram 2
campanhas presidenciais: no Panamá para José Domingo Arias (com termino em maio)
e no Brasil, com termino em outubro.
Tanto os depoentes da Odebrecht (Marcelo Odebrecht, Hilberto Silva e
Fernando Migliaccio), como Monica Moura e João Santana, afirmaram e confirmaram
que a Odebrecht pagou pelos serviços publicitários da campanha no Panamá de 2014.
Monica Moura, perante o TSE, deu detalhes da campanha no Panamá:
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Pois bem.
Afirmou Monica Moura ter recebido em 2014 o valor de 10 milhões de
dólares, sendo 1,2 milhões de dólares na famosa conta Shellbill e 8 milhões de dólares
em espécie no Panamá.
A partir deste momento, a análise de números e planilhas da Odebrecht
e da conta Shellbill irão comprovar que Monica Moura e João Santana receberam em
2014 pela campanha do Panamá em espécie no Brasil, não tendo qualquer relação com
a campanha presidencial da chapa Dilma-Temer.
Vamos ao fatos.
a) Não houve pagamento da Odebrecht na conta Shellbill em 2014
Segundo planilha anexada aos autos pelo Dr. Nicolau Dino, em 20 de
Abril de 2017, a conta Shellbill não recebeu recursos da Odebrecht em 2014, o que
comprova não existir o pretenso pagamento de 1,2 milhão de dólares falsamente
afirmado por Monica Moura.
Trata-se de afirmação falsa, pois Monica Moura e João Santana nada
receberam na conta Shellbill.
b) Planilhas mywebday da Odebrecht mostram que o valor foi
pago no Brasil
Com efeito, no início de 2014, o valor médio do dólar variava em
torno de 2,4 reais, o que significa que 10 milhões de dólares representariam 24,2
milhões de reais.
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As planilhas mywebday da Odebrecht que atribuem pagamentos a
Monica Moura e João Santana, sob o codinome Feira, mostram pagamentos referentes
a uma negociação com DP (Diretor Presidente Marcelo Odebrecht) exatamente no
valor de 24,2 milhões de reais.
Percebe-se, com clareza, que os valores referem-se a
“complementos” de compromissos passados, os quais totalizam R$ 24.200.000,00
(Vinte e quatro milhões e duzentos mil reais= 10 milhões de dólares), indicando através
das datas, ser da Campanha eleitoral do Panamá.
Ainda, identifica-se outra “tela do sistema” onde aparecem
“requisições” referentes a “negociação” acima apresentada conforme reproduzimos
a seguir:
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Para um melhor entendimento, percebe-se que no rodapé desta
“tela” de “Requisições”, existem três lacunas indicando:
Negociação: foi o valor negociado;
Saldo após liberado: representa a diferença entre o valor negociado
(“Negociação”) e o somatório de todas as requisições que estão com “Status” de
“Liberada” (liberada não necessariamente estão pagas, executadas na linguagem da
Odebrecht);
Saldo após executado:representa a diferença entre o valor negociado
(“Negociação”) e o somatório de todas as requisições que estão com “Status” de
“Executadas” (pagas).
Portanto, essa documentação é mais uma comprovação de que os
valores não são da Campanha de 2014 do Brasil, mas sim da campanha no Panamá,
pois a tela de “Requisições” antes apresentada, traz saldo ZERO pendente de
pagamento em relação ao valor negociado.
Além disso, observa-se que ocorreram 44 pagamentos referente a essa
negociação, que é um “complemento”, portanto, é bem provável que os mesmos
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tenham iniciado em 2013 ou começo de 2014, o quê, mais uma vez, comprova não ter
relação com a Campanha eleitoral do Brasil em 2014.
Afirma referida planilha que seria a ultima parcela em 07/11/2014,
no valor de R$ 1 milhão de reais, como “ PAGO 44”, a significar a parcela n. 44 como
derradeira.
Ou seja, segundo a Odebrecht, em 07 de novembro de 2014
foram pagas todas as parcelas referentes ao valor da negociação de 24,2 milhoes
de reais, que perfazem exatamente o valor de 10 milhões de dólares que Monica
Moura afirmou ter recebido da campanha no Panamá.
Sem sombra de dúvidas, Odebrecht e Monica Moura, em sua joint
venture para realizar campanhas no exterior, usaram o “biombo Feira” para denominar
todo e qualquer valor pago pelos serviços publicitários no exterior e querem
criminosamente atribuir a campanha presidencial de 2014!
Por derradeiro, a maior comprovação de que esses pagamentos
referem-se a Campanha Eleitoral do Panamá, está na resposta que a Sra.
Mônica Moura oferece ao Juiz Sérgio Moro ao final do depoimento na Ação
Penal nº 505493238, a seguir transcrito:
Juiz Sérgio Moro:
“Não faz parte da denúncia aqui mas tem um contexto, tem um.... foram
encontradas algumas planilhas com pagamentos do grupo Odebrecht, também a
Senhora, sua empresa ou ao Senhor João Santana em 2014. Esses pagamentos
também são relativos a Campanhas no Brasil ou lá fora?
Resposta Sra. Mônica Moura:
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“Lá fora. Campanha do Panamá.”
Considerando que o Vice-Procurador Geral Eleitoral, Nicolao Dino, em 20 de Abril de
2017, trouxe aos autos deste processo o Relatório de Análise nº 077/2016 –
SPEA/PGR, o qual contempla o resultado da análise da documentação e
movimentações bancárias da conta denominada ZEAL (posteriormente SHELLBIL),
mantida no Heritage Bank, na Suíça, por João Cerqueira de Santana Filho e, neste
relatório não foi identificado nenhum valor depositado em referida conta no exercício
de 2014, oriundo de empresas off-shore utilizadas pelo grupo Odebrecht e, esta conta
(SHELLBIL) segundo Monica Moura e João Santana é a única utilizada para receber
valores do caixa dois da Odebrecht, certamente a planilha apresentada pelo Juiz Sérgio
Moro a Monica Moura refere-se a pagamentos no Brasil, e, com a mínima chance de
errar, deve ter sido a planilha da conciliação da conta “Paulistinha”, preparada por
Maria Lucia Guimarães Tavares, ex-funcionária do departamento de operações
estruturadas.
INCONSISTÊNCIAS DA PLANILHA PÓS ITALIA
Ademais, também se nota as inconsistências entre as datas informadas
e aquelas escritas nas planilhas da Odebrecht, que não suportam os valores recebidos
por ela em 2014 como sendo da Campanha Presidencial da Chapa Dilma/Temer em
2014.
Embora também sem nenhuma credibilidade, no entanto, é o único
documento que temos como base para análise.
Observa-se que a planilha apresentada pelo Sr. Hilberto M. A. da Silva
Filho (executivo da Odebrecht) para corroborar seu depoimento, cuja denominação é
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“Conta 2 – Posição Pós Itália”, é a única que traz anotações referentes a pagamentos
“Feira”52 no exercício de 2014, conforme a seguir reproduzimos:
Chama a atenção o fato de referida planilha ter data de 31 de Março
de 2014 e, em seu depoimento, a Sra. Monica dizer que suas negociação sobre valores
de Campanha “deve ter talvez entrado para o mês de junho”53.
“(...) Isso deve ter talvez entrado para o mês de junho, mas não me lembro das
datas, então eu não posso precisar, mas a terceira reunião já foi para fechar tudo,
já para definir, foi quando o Ministro Mantega me disse ok, está tudo sim, vai ser
assim, vai ser assado, uma parte assim e uma parte assada, que é a parte por
dentro e a parte por fora. A parte por dentro trate logo com Edinho, veja o
contrato e tudo direitinho, como sempre era, e a parte por fora ele me encaminhou
para conversar com a Odebrecht, (...)”
52 Codinome que dizem ser usado para identificar João Santana e Monica Moura na Odebrecht 53 Folha 13 da transcrição do depoimento
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Também, disse a Sra. Monica ao Ministro Herman Benjamin que, a
primeira conversa com o Ministro Guido Mantega, “foi mais ou menos em Maio de 2014 na
casa, na residência do Ministro”.54
Ainda, é importante ressaltar as seguintes respostas ofertadas pelo Sr.
Fernando Migliaccio às perguntas efetuadas pelo Juiz Auxiliar, Dr. Bruno César
Lorencini55, em relação as baixas em referida planilha, que no caso é o lançamento dos
16 milhões em questão:
“Juiz Auxiliar Eleitoral — E o momento que ele mandava dar essa
baixaque o senhor falou, quando o senhor fazia a baixa era o momento que
eledizia: faça esse pagamento. Ou era o momento que o senhor
efetivamente pagava?
Depoente — Efetivamente pagava.
Juiz Auxiliar Eleitoral — Era o momento que era feita a distribuição? Aí
o senhor dava baixa?
Depoente — Sim.
Conforme exposto, há inconsistências nas declarações da Sra. Monica
com as planilhas apresentadas pelos executivos da Odebrecht, pois é impossível ela ter
recebido qualquer valor referente a Campanha de 2014, antes de março de 2014 (data
da atualização da planilha), pois a primeira reunião para tratar do assunto financeiro,
segundo ela mesmo diz, foi em Maio, e o assunto foi concluído em Junho.
Portanto, a anotação constante na planilha como pagamento a “Feira”
(entenda-se João Santana e Monica Moura), referente a 2014, não conferem com as
declarações da Sra. Monica.
54 Folha 8 da transcrição do depoimento 55 Folha 33 da transcrição do depoimento
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Quem está faltando com a verdade?
Resposta – Todos ! Pois se tais pagamentos foram realizados,
não tem qualquer relação com a campanha presidencial da Chapa Dilma-
Temer!
➢ Outrossim, é mais espantoso ainda as inconsistências que se
apresentam quando se analisa em detalhes o que foi dito nos depoimentos pelas
pessoas envolvidas nos processos, tanto no Tribunal Superior Eleitoral, quanto na 13ª
Vara Federal da Seção Judiciária do Paraná, em confronto com a “minguada”
documentação – geralmente cópias de planilhas eletrônicas confeccionadas em Excel –
apresentadas pelos outros depoentes, uma vez que Monica Moura e João Santana NÃO
JUNTARAM UM MÍSERO DOCUMENTO AOS AUTOS.
Nesse sentido, vejamos um conjunto de respostas da Sra. Monica que
não se sustentam e, portanto, demonstram a mais absoluta inveracidade:
Quando o Juiz Auxiliar, Doutor Bruno Cesar Lorencini,
questiona:
“Ai quando começa a campanha de 2014, ficou 70 (setenta)
milhões, Caixa 1, e aí ficaram 35 (trinta e cinco) milhões pelo
Caixa 2. Como é que foi feito e sistematizado esse pagamento
dos R$ 35 (trinta e cinco) milhões? Como é que isso
funcionou?56
A resposta foi:
56 Folha 36 da transcrição do depoimento
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Ministro HERMAN:
“Dez milhões de reais?
A resposta foi:
Nota-se até aqui, a total inconsistência entre os valores declarados
pela Sr. Monica em seu depoimento e aqueles informados na planilha apresentada pelo
Sr. Marcelo Odebrecht no seu acordo de colaboração, que é a mesma apresentada pelo
Sr. Hilberto Filho para corroborar o seu depoimento neste Tribunal Superior Eleitoral.
Até o momento, somente vem se confirmando o número de
R$ 70.000.000,00 (Setenta milhões de reais), que foi o valor pago e declarado pela
Campanha Presidencial da Chapa Dilma/Temer em 2014.
Os supostos valores pagos por fora, alegados pela Odebrecht, Sr. João
Santana e Sra. Monica Moura, em momento algum são coincidentes com a
“Foi acertado primeiro, como eu disse, com o Hilberto e
depois foi com o Fernando e nós acertamos primeiro o
valor de 10 (Dez) milhões. Programamos isso para que
fosse pago e depois acertaríamos...”
“De reais. Tudo em reais. E que depois acertaríamos o
outro e o outro. Nesse dia já me avisou como sempre que
não pagaria tudo no mesmo ano, que não tinha como. O
que aconteceu nesse ano é que nós recebemos milhões em
parcelas no Brasil, várias parcelas, até novembro”
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documentação apresentada e declarações prestadas em depoimento, o que impossibilita
acreditar no que foi dito pelos mesmos, pois os números não “batem”!!!
OUTRAS INCONSISTÊNCIAS DIGNAS DE NOTA
Ainda, em relação a referido relatório preparado pela Procuradoria
Geral da Republica, existem erros no relatório e também inconsistências em relação ao
Termo de Colaboração nº 01, de Vinicius Veiga Borin, as quais por demonstrarem,
também, a fragilidade das informações que estão sendo oferecidas como provas ao
presente processo, assim como por ter grande influência na Denúncia apresentada pela
Força-Tarefa da Lava Jato em 28 de Abril de 2016, será apresentado no tópico
seguinte.
➢ O Relatório de Análise nº 077/2016 – SPEA/PGR, o qual
contempla o resultado da análise da documentação e movimentações bancárias da conta
denominada ZEAL (posteriormente SHELLBIL), mantida no Heritage Bank, na Suíça,
por João Cerqueira de Santana Filho, traz como valores depositados em referida conta
pelas off-shore utilizadas pela Odebrecht, o valor total de US$ 17.601.926,08
(Dezessete milhões, seiscentos e um mil, novecentos e vinte seis dólares e oito cents),
indicando ainda que desse total, US$ 9.882.208,39 (Nove milhões, oitocentos e oitenta
e dois mil, duzentos e oito dólares e trinta e nove cents) são oriundos da empresa
KLIENFELD SERVICES LTD. e US$ 7.719.717.69 (Sete milhões, setecentos e
dezenove mil, setecentos e dezessete dólares e sessenta e nove cents), são oriundos da
empresa INNOVATION RESEARCH ENG. DEVELOPMENT.
No Termo de Colaboração nº 01, de Vinicius Veiga Borin, consta o
valor total de US$ 16.633.510,00 (Dezesseis milhões, seiscentos e trinta e três mil,
quinhentos e dez dólares), oriundos das empresas KLIENFELD SERVICES LTD.,
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INNOVATION RESEARCH ENG. DEVELOPMENT. E e Magna International
Corp..
As duas informações estão erradas, conforme demonstraremos na
conciliação a seguir apresentada:
O erro apresentado no Termo de Colaboração no 01, de Vinicius
Veiga Borin, ocorreu devido o extrato da conta bancária da empresa INNOVATION,
em 27/Fev./2012, ter apresentado no histórico de lançamentos o nome SEHLLBILL,
e não SHELLBIL como é o correto, portanto, quando foi efetuada a planilha, através
de filtro por nome, esse lançamento não apareceu. Abaixo segue a reprodução do
lançamento que consta no extrato:
Data Extrato Empresa Valor US$ Data Extrato Empresa Valor US$ Data Extrato Empresa Valor US$
19.07.2011 INNOVATION 500.000,00 19.07.2011 INNOVATION - 19.07.2011 INNOVATION -
17.08.2011 INNOVATION 491.967,86 17.08.2011 INNOVATION 492.000,00 17.08.2011 INNOVATION 492.000,00
22.09.2011 INNOVATION 502.971,16 22.09.2011 KLIENFELD 503.000,00 20.09.2011 KLIENFELD 503.000,00
28.10.2011 INNOVATION 484.000,00 28.10.2011 MAGNA 484.000,00 28.10.2011 MAGNA 484.000,00
07.11.2011 INNOVATION 485.000,00 07.11.2011 INNOVATION 485.000,00 07.11.2011 INNOVATION 485.000,00
22.11.2011 INNOVATION 495.972,25 22.11.2011 INNOVATION 496.000,00 22.11.2011 INNOVATION 496.000,00
29.11.2011 INNOVATION 476.972,43 29.11.2011 INNOVATION 477.000,00 29.11.2011 INNOVATION 477.000,00
22.12.2011 INNOVATION 467.972,91 22.12.2011 INNOVATION 468.000,00 22.12.2011 INNOVATION 468.000,00
28.12.2011 INNOVATION 439.972,77 28.12.2011 MAGNA 440.000,00 28.12.2011 MAGNA 440.000,00
12.01.2012 INNOVATION 487.500,00 12.01.2012 INNOVATION 487.500,00 12.01.2012 INNOVATION 487.500,00
27.01.2012 INNOVATION 462.472,38 27.01.2012 INNOVATION 462.500,00 27.01.2012 INNOVATION 462.500,00
10.02.2012 INNOVATION 456.222,17 10.02.2012 INNOVATION 456.250,00 10.02.2012 INNOVATION 456.250,00
27.02.2012 INNOVATION 468.721,73 27.02.2012 INNOVATION - 27.02.2012 INNOVATION 468.750,00
29.03.2012 INNOVATION 499.972,03 29.03.2012 INNOVATION 500.000,00 29.03.2012 INNOVATION 500.000,00
13.04.2012 INNOVATION 500.000,00 13.04.2012 INNOVATION 500.000,00 13.04.2012 INNOVATION 500.000,00
30.04.2012 INNOVATION 500.000,00 30.04.2012 INNOVATION 500.000,00 30.04.2012 INNOVATION 500.000,00
25.05.2012 KLIENFELD 499.973,39 25.05.2012 KLIENFELD 500.000,00 25.05.2012 KLIENFELD 500.000,00
28.06.2012 KLIENFELD 1.000.000,00 28.06.2012 KLIENFELD 1.000.000,00 28.06.2012 KLIENFELD 1.000.000,00
05.07.2012 KLIENFELD 500.000,00 05.07.2012 KLIENFELD 500.000,00 05.07.2012 KLIENFELD 500.000,00
11.07.2012 KLIENFELD 1.000.000,00 11.07.2012 KLIENFELD 1.000.000,00 11.07.2012 KLIENFELD 1.000.000,00
19.07.2012 KLIENFELD 1.000.000,00 19.07.2012 KLIENFELD 1.000.000,00 19.07.2012 KLIENFELD 1.000.000,00
21.02.2013 KLIENFELD 1.100.000,00 21.02.2013 KLIENFELD 1.100.000,00 21.02.2013 KLIENFELD 1.100.000,00
01.03.2013 KLIENFELD 700.000,00 01.03.2013 KLIENFELD 700.000,00 01.03.2013 KLIENFELD 700.000,00
08.03.2013 KLIENFELD 800.000,00 08.03.2013 KLIENFELD 800.000,00 08.03.2013 KLIENFELD 800.000,00
18.03.2013 KLIENFELD 700.000,00 18.03.2013 KLIENFELD 700.000,00 18.03.2013 KLIENFELD 700.000,00
28.03.2013 KLIENFELD 749.975,00 28.03.2013 KLIENFELD 750.000,00 28.03.2013 KLIENFELD 750.000,00
12.04.2013 KLIENFELD 650.000,00 12.04.2013 KLIENFELD 650.000,00 12.04.2013 KLIENFELD 650.000,00
19.04.2013 KLIENFELD 850.000,00 19.04.2013 KLIENFELD 850.000,00 19.04.2013 KLIENFELD 850.000,00
01.05.2013 KLIENFELD 332.260,00 01.05.2013 KLIENFELD 332.260,00 01.05.2013 KLIENFELD 332.260,00
17.601.926,08 16.633.510,00 17.102.260,00
Relatório PGR Termo de Colaboração Informações Corretas
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Já no caso do relatório da Procuradoria Feral da República, além dos
valores terem sido informados em alguns casos líquidos das taxas (o que é irrelevante),
também foi atribuído um valor de US$ 500,000.00 (Quinhentos mil dólares) a
INNOVATION, em 19/Jul./2011, o qual não consta no extrato. Além disso, foram
atribuídos a INNOVATION que são oriundos da KLIENFELD e MAGNA.
Face ao exposto, a posição correta dos valores depositados na
SHELLBIL, oriundos das off-shore de uso do grupo Odebrecht, é a seguinte:
Klienfeld US$ 10.385.260,00
Innovation US$ 5.793.000,00
Magna US$ 924.000,00
TOTAL US$ 17.102.260,00
➢ Existem diversas outras discrepâncias entre as informações
prestadas pela Senhora Monica Moura, Senhor João Santana e também naquelas do Sr.
André Santana, quando comparadas aos depoimentos dos executivos da Odebrecht e,
principalmente aos números apresentados naquelas planilhas que eles denominaram
“Conta 1 – Posição Programa Especial Italiano” e “Conta 2 – Posição Pós Itália”.
Todavia, pelo exíguo período de tempo disponível por Lei para
elaborar as presentes alegações finais e, principalmente por julgar que o até aqui
exposto é mais do que suficiente para demonstrar que os depoimentos prestados são
repletos de inverdades, distorções, diferenças e incompatíveis com outras informações
compartilhadas, finalizaremos apontando a seguir, por julgar de extrema importância,
um erro na Denúncia oferecida em 28 de Abril de 2016, pelo Ministério Público
Federal à 13ª Vara Federal da Seção Judiciária do Paraná, encabeçada pelo Procurador
da República Deltan Martinazzo Dallagnol, da Força Tarefa Lava-Jato, a qual teve
distribuição por dependência aos autos nº 5046271-57.2015.404.7000 (IPL João
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Santana), 5007118-80.2016.404.7000 (IPL Maria Lucia Tavares e outros), 5003682-
16.2016.404.7000 (Busca e Apreensão), 5010479-08.2016.2016.404.7000 (Busca e
apreensão) e conexos.
A demonstração de referido erro, que também tem relação com o
processo em questão, está sendo apresentada visando destacar que a apresentação
incompleta de documentos de corroboração por parte dos executivos, funcionários e
outros que firmaram Termos de Colaboração com a Justiça, assim como o pouco
conhecimento pelos profissionais alheios a Odebrecht em relação ao funcionamento do
sistema que registrava a movimentação da contabilidade paralela/tesouraria da empresa
(Sistema MyWebDay), o qual ainda não foi disponibilizado integralmente aos
defensores, está dificultando e comprometendo até mesmo o conteúdo das Denúncias
apresentadas pelos Procuradores da República alocados em Curitiba, PR. Vejamos;
Na referida Denúncia, em seu item III.1.2, a folhas 94 e 95, está
sendo apresentada uma tabela contendo 45 pagamentos que totalizam R$ 23.500.000,00
(Vinte e três milhões e quinhentos mil reais), os quais foram extraídos em planilhas
apreendidas na residência de MARIA LUCIA TAVARES, as quais foram reproduzidas
na Denúncia.
Está errada a tabela apresentada, pois o correto são 42 pagamentos,
no total de R$ 22.000.000,00. Os Procuradores se confundem com o sistema
MyWebDay e a “Conciliação” da conta Paulistinha apreendida com MARIA LUCIA
TAVARES.
Os pagamentos relacionados sob os números 02/R$ 500.000,00,
06/R$ 500.000,00 e, 07/R$ 500.000,00 estão em duplicidade. Os Procuradores
utilizaram indevidamente os valores constantes na “conciliação” e, também, aqueles
da “Tela” de “Requisições” do sistema MyWebDay.
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Conforme explicações da própria MARIA LUCIA TAVARES em
seus Termos de Colaboração, não podemos considerar as datas, mas sim, os números
das “Requisições”, o que não foi atentado pelos Procuradores. Então, como há
diferenças de datas entre as “Requisições” inseridas no sistema e a efetiva data da
“Execução” (pagamento), foram consideradas em duplicidade as seguintes
“Requisições”:
Além disso, destacam os Procuradores a folha 93:
“(...) No período compreendido entre 24/10/2014 e 22/05/2014, Hilberto
Silva, Fernando Migliaccio, Luiz Eduardo Soares, executivos do Grupo
Odebrecht responsáveis pela Administração, gestão e coordenação do Setor de
Operações Estruturadas da Odebrecht...... (....) Após operarem um complexo
esquema de internalização de recursos ilícitos provenientes de crimes cometidos
contra a Petrobrás, mediante 45 remessas, efetuaram a entrega, em espécie, de
R$ 23.500.000,00 (Vinte e três milhões e quinhentos mil reais) a JOÃO
SANTANA eMONICA MOURA, a fim de, ao mesmo tempo, atender a
orientação recebida de JOÃO VACCARI – então tesoureiro do Partido dos
Trabalhadores – e ocultar e dissimular a natureza, origem, localização,
disposição, movimentação e propriedade de valores provenientes, direta e
indiretamente, dos delitos antecedentes de fraude a licitações, organização
criminosa, corrupção ativa e passiva, praticados em detrimento da Petrobrás.
Data no Sistema Valor no Sistema
Data na Conciliação Valor na Conciliação
29/Out./2014 500.000,00 02
30/Out./2014 500.000,00 03
31/Out./2014 500.000,00 06
30/Out./2014 500.000,00 05
05/Nov./2014 500.000,00 07
06/Nov./2014 500.000,00 08
Nº Requisição
P.14.165
Lançamento na
Denúncia
P.14.167
P.14.177
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Note-se que:
(i) Está sendo imputado ao Senhor Vaccari a responsabilidade
pelos valores de 2014 e 2015. O mesmo que está sendo
atribuído ao Ministro Guido Mantega e, ainda, querendo
atribuir responsabilidades a Presidente Dilma Rousseff, o
que não é admissível.
(ii) Conforme demonstrado, tudo indica que referidos valores
foram direcionados para a Campanha Eleitoral do Panamá,
portanto, nenhuma relação tem com a Campanha eleitoral da
Chapa Dilma/Temer em 2014, menos ainda com o Partido
dos Trabalhadores
(iii) Então, se são recursos oriundos da Petrobrás são gerados
pela própria Odebrecht, talvez com conhecimento de João
Santana e Monica Moura, pois são os únicos beneficiários
financeiros.
DO DEPOIMENTO MENTIROSO DE MONICA MOURA AO JUIZ
SERGIO MORO
Desde já, cumpre ressaltar que a Sra. Monica já mentiu em
audiência com o Juiz Sérgio Moro em seu ultimo depoimento na Ação Penal nº
505493238, depoimento este prestado já com o acordo de colaboração premiada
homologado peLo STF. Naquele ato processual, foi amplamente informada pelo Juiz
Sérgio Moro que, se mentir, responderá criminalmente e perderá o seu acordo de
colaboração.
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Naquela audiência, quando o advogado do ex Ministro Antônio
Palocci pergunta a ela se tiveram outras empresas que pagaram no Brasil ou no
Exterior por serviços de marketing político realizados no Brasil (trecho que está
entre os 36:26 e 37:38 minutos na gravação do depoimento), ela responde que apenas
uma outra empresa além da Odebrecht, mas no valor de R$ 500 ou R$ 400 mil, e uma
única vez.
Sabe-se agora através dos extratos da conta “SHELLBIL”, que foram
recebidos, além daqueles valores pagos pelo Sr. Zwi Skornicki (segundo a Sra. Mônica
referentes ao pagamento do saldo de Campanha de 2010), também valores no
montante de US$ 2,350,000.00 (Dois milhões, trezentos e cinquenta mil dólares),
depositados na conta SHELBIL através da Off-Shore denominada GOLDEN ROCK
FOUNDATION, e de uma outra offshore relacionada com a Andrade Gutierrez,
segundo disse a Sra. Monica a esse Juízo57.
Ou seja, a resposta dada em audiência ao Juiz Sérgio Moro não foi
verdadeira, o que releva uma prática rotineira de Monica Moura e João Santana: a de
mentir em juízo.
MONICA MOURA E JOÃO SANTANA DESCUMPRIRAM A OBRIGAÇÃO
DE DIZER A VERDADE, VIOLARAM O REGIME DA COLABORAÇÃO
PREMIADA E PRESTARAM FALSO TESTEMUNHO AO TSE
Portanto, evidenciadas as afirmações falsas prestadas por Monica
Moura e João Santana perante o Tribunal Superior Eleitoral, requer a defesa de Dilma
Rousseff não apenas sejam desconsiderados tais depoimentos como meio de prova no
presente processo, mas também sejam expedidos ofícios tanto ao Ministério Publico
Federal, como ao eminente Ministro Edson Fachin (STF) para adoção de medidas
57 Folha 19 da transcrição do depoimento
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atinentes à prática de crime de falso testemunho (art.342 CP), bem como para perda
dos benefícios do regime de colaboração premiada, à luz dos artigos, 4º, parágrafo 14 e
artigo 19 da Lei n. 12.850/13.
CONSIDERAÇÕES ESPECÍFICAS SOBRE FATOS QUE TANGENCIARAM
OS SUPOSTOS ILICITOS APONTADOS NAS FASES PRÉ-ODEBRECHT E
ODEBRECHT
1ª Consideração Específica - Sobre destinação de recursos do Diretório Nacional
do PT para a campanha presidencial da chapa Dilma-Temer
Diante de pretensas acusações formuladas por alguns colaboradores
premiados, de que teriam feito doações eleitorais ao PT, mediante recursos derivados
de “propina” durante o ano eleitoral de 2014, é fundamental esclarecer que, além de
não se poder afirmar que o PT tenha recebido recursos oriundos de propina, a
campanha presidencial da chapa Dilma-Temer não recebeu nenhum recurso do PT
advindo de mencionadas empresas.
O quadro demonstrativo a seguir espanca quaisquer dúvidas:
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De todos os doadores originários do PT cujos recursos foram
transferidos à campanha presidencial, percebe-se que apenas a Odebrecht, a Braskem e
a Andrade Gutierrez estariam entre as investigadas pela Operação Lava Jato.
E, nos presentes autos, o colaborador premiado Marcelo Odebrecht
disse que a Odebrecht e a Braskem fizeram doações oficiais e voluntárias ao PT e à
campanha presidencial em 2014, sem qualquer vinculação com eventuais pagamentos
de propinas.
Assim como Otavio Azevedo, da Andrade Gutierrez, também
afirmou não ter havido doação “contaminada” por pagamento de propina (o valor
transferido do PT foi de ínfimos R$ 25 mil reais).
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2ª. Consideração específica – Supostos pagamentos de propina
provenientes da obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte
Muito embora tenha sido aduzido por colaboradores premiados que
teria existido o pagamento de propinas proveniente das obras de Belo Monte, os
colaboradores foram categóricos ao afirmar que NENHUM valor proveniente desses
acertos foram utilizadosna campanha eleitoral da Chapa Dilma-Temer, não havendo
que se tecer quaisquer outros comentários a respeito do tema.
VII – DA PROVA PERICIAL CONTÁBIL E DA INDISCUTÍVEL
COMPROVAÇÃO DA REGULARIDADE DOS SERVIÇOS PRESTADOS
PELAS EMPRESAS PERICIADAS
Por meio de decisão ainda de lavra da Exma. Sra. Corregedora à
época Ministra Maria Thereza, foi determinada elaboração de perícia contábil nas
gráficas prestadoras de serviço da campanha:
2. Para perícia contábil nas empresas Focal Confecção e Comunicação Visual
Ltda., Gráfica VTPB Ltda., Editora Atitude, Red Seg Gráfica e Editora e
Focal Confecção e Comunicação Visual Ltda., nomeio peritos os Srs. 1) ERON
JUNIOR VIEIRA PESSOA CRC 20.785/DF, 2) JOSÉ CARLOS
VIEIRA PINTO CRC 141092-o/T-DF, 3) ALEXANDRE
VELLOSO DE ARAUJO CRC 023763/o-9 e 4) THIAGO JOSÉ
RODRIGUES DE QUEIROZ CRC: DF 024662/o-0 (todos servidores da
ASEPA deste TSE) que deverão realizar os trabalhos com o auxílio do
respectivo órgão técnico em que atuam, devendo a diligência se limitar e
circunscrever aos fatos relacionados ou úteis à campanha eleitoral de 2014 de
Dilma Rousseff e Michel Temer. Intimem-se os nomeados. Comunique-se a
Presidência desta e. Corte para as medidas de apoio necessárias. Os trabalhos
deverão ter início no dia 15/05/2016, salvo se necessária alteração para o futuro,
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devendo as partes, por seus advogados, diligenciar diretamente à ASEPA para
confirmação da data. Fixo prazo de 90 (noventa) dias para entrega do laudo, a
contar do início dos trabalhos, prorrogáveis, ante necessidade informada. Deverá o
laudo preencher todos os requisitos do art. 473 do CPC. Caso sua elaboração
exija a requisição de técnicos de outros órgãos, deverá a equipe informar esta e.
Corregedoria-Geral, observando-se este mesmo procedimento caso necessária a
requisição, em quaisquer órgãos, de documentos acobertados pelo sigilo.
O Parecer Contábil oficial foi apresentado pelos integrantes da
ASEPA, tendo sido este inclusivo em relação a prestação ou não prestação dos
serviços. Posteriormente as partes apresentaram pareces, dentre ele o Parecer Contábil
Divergente apresentado pela Representada, rebatendo, ponto a ponto, as premissas
encampadas pelos peritos oficiais.
Diante da falta de conclusão do Laudo Pericial Contábil elaborado
pelos Srs. Peritos Judiciais, foi deferido requerimento formulado pelo Ministério
Público para que fosse levantado sigilo bancário das empresas periciadas e constituída
Força Tarefa para auxiliar na complementação da prova pericial. Eis a decisão:
“Por força da decisão de quebra do sigilo bancário das empresas periciadas
FOCAL, REDESEG e VTPB, e considerando o volume de trabalho exigido
pelos órgãos técnicos deste Tribunal Superior Eleitoral, determino a constituição de
FORÇA TAREFA envolvendo órgãos e agentes técnicos da Polícia Federal,
Receita Federal e COAF, de natureza temporária e com o objetivo específico de
colaboração na avaliação das movimentações financeiras das empresas periciadas,
disponibilizadas pelo Banco Central do Brasil, elaborando parecer conclusivo nos
presentes autos.
A Força Tarefa deverá atuar em conjunto e em regime de colaboração com os
peritos judiciais nomeados na presente AIJE.
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Comunique-se à E. Presidência deste Tribunal Superior Eleitoral a presente
ordem, solicitando apoio nas relações institucionais, e providencie a Secretaria desta
COGE os contatos necessários com os órgãos supra mencionados para a
identificação e nomeação dos membros componentes da Força Tarefa.
Brasília, 19 de outubro de 2016.
MINISTRO HERMAN BENJAMIN”
Iniciados os trabalhos da Força Tarefa, a partir da juntada aos autos
dos documentos oriundos da decisão de quebra de sigilo bancário, a defesa da
Representada requereu o acesso aos mesmos, bem como o acompanhamento da
produção do exame pericial, por entender ali se desenvolverem atos de pericia contábil,
pedido esse indeferido em 17 de novembro de 2016.
Por entender que poderia haver prejuízos ao contraditório e a ampla
defesa, a defesa de Dilma Rousseff invocou a observância à Súmula Vinculante n.14 do
STF e apresentou pedido de reconsideração.
“Em novo indeferimento ao pleito, ficou decidido:
Despacho em 23/11/2016 - AIJE Nº 194358 MINISTRO HERMAN
BENJAMIN
Vistos.
A representada Dilma Vana Rousseff, por intermédio do Documento Protocolo nº
14.175/2016-TSE, postula, com fundamento no direito à ampla defesa e ao
contraditório, invocando a aplicação do Enunciado nº 14 da Súmula do STF, a
reconsideração da decisão de fls. 5.031-5.033, ao argumento de ser imprescindível
o acesso imediato a estes documentos e informações, que já se encontram nos autos e
estão à disposição somente da Força Tarefa e dos Srs. Peritos Judiciais, que não
são partes, mas auxiliares da Justiça.
Ao fundamentar a decisão que se pretende reconsiderar, assentei, no ponto, que:
(...)
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Importante, inicialmente, distinguir que não se confundem, no plano processual, o
incidente de quebra do sigilo bancário e a perícia complementar.
O primeiro consiste em um incidente de natureza cautelar, que pode ser deferido em
qualquer fase do processo judicial, cujo objetivo é, exatamente, coletar, classificar e
analisar as informações concernentes à movimentação bancária do investigado,
produzindo elementos de informação para a apuração de ocorrência de qualquer
ilícito; é o que expressa o artigo 4º, caput, da Lei Complementar n. 105/2001:
§ 4o A quebra de sigilo poderá ser decretada, quando necessária para apuração de
ocorrência de qualquer ilícito, em qualquer fase do inquérito ou do processo
judicial, e especialmente nos seguintes crimes: (...)
A Força Tarefa foi constituída exatamente para, a partir da expertise e dos
recursos operacionais dos órgãos envolvidos, realizar a profunda análise e
classificação dos dados bancários que, em estado bruto, nada contribuem para a
elucidação do objeto litigioso.
A perícia complementar, por sua vez, ocorrerá em um segundo momento,
exatamente quando já disponibilizadas as informações resultantes dos trabalhos
da Força Tarefa. Em tal ocasião, evidentemente, a legislação processual acerca da
prova pericial será rigorosamente observada, oportunizando-se às partes o pleno
acompanhamento de eventuais diligências e, também, o oferecimento de quesitos
adicionais e pedidos de esclarecimento.
Destaco, ainda, que todos os dados utilizados pela Força Tarefa em sua análise (o
nominado "material bruto" ) estarão disponibilizados às partes quando concluídos
os trabalhos daquela e iniciados os trabalhos periciais propriamente ditos. O que
não se sustenta, contudo, é a exigência de que os assistentes técnicos tenham acesso
a sistemas e recursos operacionais de órgãos públicos, como o Sistema de
Investigação de Movimentações Bancárias (SIMBA), sob a frágil alegação de que
a ampla defesa e o contraditório estariam prejudicados. Ora, se admitido tal
argumento, também seria tarefa do Juízo fornecer prévio treinamento e recursos
operacionais compatíveis para os assistentes técnicos antes de deferir qualquer
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pedido de quebra de sigilo bancário. Não há, obviamente, amparo jurídico a tal
pretensão.
Não se tratando, portanto, de acesso a documentos juntados aos autos e à míngua
de novos elementos, mantenho a decisão por seus próprios fundamentos.”
Dessa forma, a partir de 2 (duas) decisões proferidas, restou
esclarecido que:
a) Caberia à Força Tarefa a analise do material em “estado bruto”
obtido através de informações de quebra de sigilo bancário;
b) A pericia complementar ocorreria em segundo momento,
somente após a análise feita pela Força Tarefa;
c) Na pericia complementar, por evidente, seriam observadas
rigorosamente as normas processuais, para que as partes
acompanhassem diligências e formulassem quesitos adicionais e
pedidos de esclarecimento; e
d) Todas as informações e dados analisados pela Força Tarefa
estariam à disposição das partes, assim que iniciados os trabalhos
periciais “propriamente ditos”.
Esta última decisão é de 23 de novembro de 2016, momento em que
informações e dados haviam sido juntados aos autos e se iniciava a análise pela Força
Tarefa composta por integrantes da Policia Federal, Receita Federal e COAF e
coordenadas pelos Peritos do TSE.
Em 16 de dezembro de 2016, foi juntada aos autos Manifestação dos
Srs. Peritos Judiciais sobre o Parecer Contábil Divergente apresentado pela defesa de
Dilma Rousseff, bem como sobre apenas parte do trabalho feito pela Força Tarefa.
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Em continuidade foram também apresentados relatórios elaborados
pela Polícia Federal e Receita Federal.
Ocorre, entretanto, que muito embora os peritos tratem de questões
contábeis e numéricas, foram incapazes de confirmar a tese dos autores.
Estabelece o Código de Processo Civil, em seu artigo 373, I:
“Art.373.O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito.”
Também prevê o CPC algumas hipóteses de inversão do ônus da
prova, que não são aplicáveis às presentes ações reunidas.Nas presentes ações eleitorais
figuram como autores tanto o PSDB, como a Coligação Muda Brasil.
Portanto, incumbem a eles o ônus de provarem o que alegam, o que
não ocorreu, por meio de nenhuma prova produzida, inclusive a pericial.
Nunca é demais frisar que o Laudo Pericial Contábil inicialmente
apresentado pelo Colegiado de Peritos do Juízo foi considerado insuficiente pela defesa
de Dilma Rousseff e, nesse sentido, foi amplamente demonstrado e corroborado
através de farta documentação pelo Parecer Técnico Contábil Divergente elaborado
pelo seu Assistente Técnico.
Na ocasião, o AssistenteTécnico destacou na conclusão de seu
Parecer Tecnico Contábil Divergente, dentre outras, que: “Ficou patente através das
observações e constatações divergentes efetuadas no presente Parecer Técnico Contábil, amparadas em
farta documentação comprobatória – até em exagero, mas necessárias ao caso – que as verificações
realizadas pelos Peritos Judiciais são limitadas e incompletas; os exames omitem e/ou mal interpretam
as ocorrências e, ainda, apresentam erros no Laudo Pericial que alcançam o número
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de quase meio bilhão de unidades, narradas indevidamente como não entregues
à campanha.
Entretanto, as manifestações trazidas aos autos em 15 de Dezembro
próximo passado pelo Colegiado de Peritos do Juízo, em relação ao Parecer Técnico
Contábil Divergente apresentado pelo AssistenteTécnico, embora apresente sistemática
de apuração e demonstração diferenciada daquela utilizada pelo Assistente, corrige e
complementa o Laudo Pericial inicial e, principalmente, converge para a mesma
conclusão do Assistente Técnico em relação as empresas periciadas, ou seja,
“que:
(i) as empresas sob perícia existem de fato e de direito,
portanto não são de fachada;
(ii) as empresas produziram, seja em estabelecimento próprio
ou de terceiros, os materiais contratados pela campanha
eleitoral Dilma/Temer e;
(iii) existem evidencias suficientes que comprovam que os
materiais contratados foram efetivamente entregues à
campanha eleitoral Dilma/Temer.”
Na sequência, serão efetuados os devidos e necessários
esclarecimentos sobre os itens levantados pelo Colegiado de Peritos na manifestação
em questão, assim como serão explicitadas as conclusões convergentes trazidas
agora pelos Srs. Peritos na manifestação,através de ajustes e exames
complementares por eles apresentados, após a análise do Parecer Técnico
Contábil Divergente preparado pelo Assistente Técnico da Requerida.
Importante ressaltar ainda que, visando evitar maiores delongas no
processo, nossos comentários são dirigidos apenas e tão somente àqueles itens
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destacados pelos senhores Peritos Judiciais que efetivamente contribuem para o
deslinde do processo.
VI.a -SERVIÇOS GRÁFICOS E MÍDIA EXTERIOR LTDA(“VTPB”)
a) Importante iniciar as considerações pela empresa periciada em
epígrafe, tendo em vista que foi em relação a ela que o Laudo Pericial inicial trouxe a
maior inconsistência numérica, com influência direta nas conclusões ofertadas
pelos Peritos do Juízo.
Refere-se a inconsistência apontada pelo Assistente da Requerida, em
seu Parecer Técnico Contábil Divergente, que origina uma divergência indevida de
quase meio bilhão de unidades produzidas (423.994.076)!
Finalmente, a inconsistência agora foi devidamente corrigida
pelo Colegiado de Peritos do Juízo.
Para melhor explicitar a inconsistência e sua correção pelos
Peritos, devidamente trazida aos autos, através da manifestação sobre o Parecer
Técnico Divergente do Assistente da Requerida, transcrevemos o que foi
destacado no Laudo Pericial Inicial e, em seguida, as considerações dos Peritos Judiciais
que corrigiram a grave inconsistência antes apresentada:
I. Laudo Pericial Inicial, pg. 63 – CONCLUSÃO
(apresentado em 22/Ago./2016)
“As notas fiscais de subcontratação de outras empresas indicam a contratação de
1.043.916.000 unidades de produtos. As notas fiscais de remessa indicam que
desse total foram entregues 619.921.294 unidades de produtos, uma diferença de
423.994.076 unidades de produtos sem cobertura documental que foram
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produzidos e entregues aos seus contratantes, dentre eles, a chapa presidencial eleita
em 2014”. (Importante ressaltamos que o total de 1.043.916.000, é o
total contratado apenas com a chapa presidencial eleita em 2014).
II. Manifestação dos Peritos Judiciais, acerca do Parecer
Técnico Divergente apresentado pelo Assistente da Requerida -Pg. 30 e 31
(Apresentado em 15/Dez./2016)
“(...) a análise dos peritos deste Tribunal considerou as remessas suportadas por
documentação fiscal e conferidas por tipo de produto, de modo que quando se
compara as quantidades de cada tipo de produto contido nas notas fiscais de venda
da VTPB à chapa presidencial eleita com as quantidades constantes nas notas
fiscais de remessa e os DACTEs referentes a esses produtos, obtém-se o seguinte
resultado:
Observa-se que o Colegiado de Peritos Judiciais, após a análise do
Parecer Contábil Divergente preparado pelo Assistente da Requerida, bem como dos
documentos que são parte integrante do mesmo, retificaram a diferença
inicialmente apontada por eles, de “423.994.076 unidades de produtos sem
cobertura documental que foram produzidos e entregues”, para 2.364.000
unidades, o que representa uma diferença global na campanha de ínfimos R$
109.355,80.
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Insista-se: concluíram os Peritos que a diferença caiu que quase
meio bilhão de impressos ( 423.994.076) para pouco mais de dois milhões de
impressos (2.364.000)!!
Ou seja, reconheceram a grave inconsistência contida no Laudo
Pericial inicial.
Na mesma manifestação do Colegiado de Peritos Judiciais, na página
31, os mesmos apresentam diferenças de quantidades entre produtos, indicando que
foram entregues maior quantidade de uma especificação, compensada pela entrega de
menor quantidade de outra especificação, o que não interfere para a conclusão do
objeto da presente ação, uma vez que a diferença final apurada, representaria
apenas o valor de R$ 109.355,80.
Ainda, em relação a diferença errada,agora retificada de forma
eficiente pelo Colegiado de Peritos Judiciais, é importante destacar que o ajuste foi
propiciado pelos documentos acostados aos autos pelo AssistenteTécnico de
Requerida, que anexou todos os conhecimentos de transporte e notas de venda e
remessa ao seu Parecer Técnico Divergente, conforme observa-se no destaque feito
pelo Colegiado de Peritos Judiciais, a folha 24 da manifestação:
“No Parecer Divergente foram juntados Documentos Auxiliares de Conhecimento
de Transporte Eletrônico – DACTE emitidos pela empresa Realiza Express
Cargas Aéreas Ltda., CNPJ no 02.911.210/0001-67 e respectivas notas fiscais
eletrônicas de remessa que não haviam sido apresentadas pela VTPB”.
O destaque é necessário para ratificar a importância de toda a
documentação apresentada no Parecer Divergente preparado pelo Assistente
Técnico da Requerida.
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A título de esclarecimento, convém informar que tais documentos
foram obtidos pelo Assistente Técnico da Requerida junto a prestação de contas da
Chapa Dilma/Temer, entregue ao Tribunal Superior Eleitoral, e revisada pelos próprios
Peritos Judiciais, na qualidade de funcionários da ASEPA - Assessoria de Exame de
Contas Eleitorais e Partidárias.
b) Também, em relação a empresa VTPB, o Colegiado de Peritos
Judiciais, à página 31da manifestação, destaca que as amostras de materiais anexadas
pelo AssistenteTécnico da Requerida ao Parecer Técnico Divergente, não podem ser
consideradas para atestar parte ou totalidade das notas fiscais emitidas pela empresa
contratada, conforme reproduzimos a seguir:
“Outro ponto abordado no Parecer Divergente a respeito da VTPB, refere-se à
existência de modelos do material gráfico discriminado nas notas fiscais de venda,
cujas cópias são parte integrante do referido Parecer e, constam às fls. 4.502 –
4.557.
Entretanto, não há nenhuma vinculação às respectivas notas fiscais de venda nem
manifestação a respeito dos produtos supostamente comprovados por esses
modelos/amostras, razão pela qual tal tipo de comprovação não pode ser
considerada para atestar parte ou a totalidade das notas fiscais emitidas pela
empresa contratada”.
Em relação as considerações destacadas, é inevitável ressaltar que os
Peritos Judiciais limitaram suas análises quando da elaboração do Laudo Pericial e,
agora, na manifestação, estão novamente limitados aos documentos acostados pelo
AssistenteTécnico da Requerida, pois:
I- O que está anexado no Parecer Divergente, de folhas 4.502 a
4.557, como bem destacado na folha 4.502, refere-se a “Amostras
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dos Materiais produzidos pela VTPB (recebido durante as
diligências)” .
O AssistenteTécnico da Requerida, embora tenha elaborado um
extenso e completo Parecer Divergente, com 8.293 folhas, o mesmo, evidentemente,
não contempla a totalidade dos documentos entregues pelas empresas periciadas nas
diligências, bem como aqueles possíveis de obtenção em fontes externas públicas.
Ou seja: Competia aos Peritos Judiciais, também, analisar os
documentos recebidos em sua totalidade e opinar sobre os mesmos, o que
propiciaria a conclusão mais adequada e precisa, necessária ao julgamento da
causa.
II- Embora os Peritos Judiciais já tenham retificado o Laudo Pericial
inicialmente apresentado, através da manifestação em questão, na qual atestam a
entrega de 1.041.552.000 unidades, das 1.043.916.000 contratadas pela Chapa
Dilma/Temer junto a VTPB, e, consequentemente, atestam a produção,
independentemente de onde tenham sido produzidos os materiais, importante
ressaltar que os modelos não analisados pelos Peritos do Juízo e colocadas apenas
amostras no Parecer Divergente, foram apresentados de forma ordenada e vinculados
as notas fiscais de venda, pela própria empresa VTPB.
Tais documentos podem ser perfeitamente identificados no arquivo
denominado pelos Peritos Judiciais como “Protocolo no 6.093/2016”, nos seguintes folhas
e anexos: Anexo 1 – de folhas 193 a 275; Anexo 2 – de folhas 002 a 300; Anexo 3 – de folhas
002 a 300.Tais documentos (modelos dos materiais), embora recepcionados pelos
Peritos do Juízo, curiosamente não foram numerados no Protocolo no 6.093/2016.
Ainda, se houvesse necessidade de aprofundar os exames e ou
complementá-los, seria possível visualizar a matriz de todo o material produzido em
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formato “colorido”, disponibilizada pela empresa periciada aos Peritos Judiciais, e
relacionada no protocolo da empresa como “item 31”.
III- Para facilitar o entendimento e visualização deste Juízo do que foi
exposto nos itens I e II precedentes, reproduzimos a seguirapenas a título ilustrativo, 02
cópias de notas fiscais de vendas disponibilizadas pela empresa VTPB que, na
sequência do arquivo também disponibilizado, foi apresentado o modelo do material
produzido.
Ainda, nesse sentido, ressaltamos que todos esses modelos, em
cruzamento com as respectivas notas fiscais, já foram apresentados pela Chapa
Dilma/Temer na prestação de contas eleitorais, cuja análise foi feita pelos mesmos
Peritos do Juízo, na qualidade de funcionários da ASEPA - Assessoria de Exame de
Contas Eleitorais e Partidárias, onde, especificamente sobre este assunto, não houve
nenhuma ressalva.
Outrossim, para esgotar o esclarecimento, enfatizamos que a grande
maioria das notas fiscais de venda traz na discriminação dos produtos o Estado a que
os mesmos se referem. E, no material publicitário respectivo, está identificado o
candidato aGovernador e/ou a Câmara Estadual, e/ou ao Senado Federal e/ou a
Câmara Federal, o que permite com grande facilidade, confirmar a vinculação da nota
de venda com o material produzido.
Caso os modelos produzidos, apresentados em conjunto com as notas
fiscais pela empresa periciada ao Colegiado de Peritos tivesse sido julgado insuficiente,
incompleto ou ilegível, informamos que de forma um pouco mais trabalhosa, poder-se-
ia localizar os mesmos, alternativamente, na prestação de contas entregue ao TSE e,
ainda, nos próprios documentos entregues pela empresa periciada sob “item 31”, que
são as matrizes coloridas do que foi produzido e apresentado pelo VTPB à Perícia.
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E vamos além, conforme informou o Sr. Beckembauer Rivelino,
quando das diligências realizadas na sede da empresa VTPB, este informou que todo o
trabalho gráfico era terceirizado nas empresas, veja-se:
Aduziu também que entregou vasta documentação comprobatória da
prestação dos serviços à PGE:
Assim, além do laudo ser totalmente inconclusivo por não indicar
com certeza se existiram desvios ou não, tampouco a verdade real foi buscada pelo
colegiado de peritos, uma vez que tinham conhecimento da terceirização e se negaram a
investigá-la e auditá-la.
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VII.b - REDE SEG GRÁFICA E EDITORA – EIRELI (“REDE SEG”)
a) O volume de produtos adquiridos de referida Gráfica foi
infinitamente menor do que aquele adquirido da “VTPB”, portanto, mais fácil de ser
aferida a efetiva entrega dos produtos.
Embora os Peritos do Juízo destacam como equivocada a afirmação
do Assistente Técnico da Requerida, de que existe vínculo entre as empresas REDE
SEG e GRAFTEC e, portanto, estão interligadas58, a interligação é confirmada no
relatório da Polícia Federal (Força Tarefa), que traz a mesma conclusão do
Assistente da requerida nesse sentido, de forma muito mais objetiva e abrangente,
quando destaca:
Página 9:
Página 11:
58 O termo “interligadas” utilizado pelo Assistente Técnico da Requerida não é um adjetivo, mas sim, um verbo transitivo. Portanto, não faz referência a legislação societária, e muito menos a legislação das Sociedades por Ações (Lei no 6.404/76), conforme interpretaram indevidamente os Peritos Judiciais (Pg. 19 e 20).
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Portanto, confirmada a informação pela Força Tarefa de que as
empresas, inicialmente trazidas aos autos por meio do Parecer Divergente, possuem
“vínculo direto” através dos irmãos ZANARDO, não é equivocada a informação do
Assistente da Requerida e deve ser considerada.
Além disso, em relação a produção compartilhada, a mesma pode
ser perfeitamente inferida a partir da análise da documentação existente na prestação de
contas apresentada ao TSE pela Chapa Dilma-Temer, na qual constam vários
comprovantes de retiradas/entregas de mercadorias “da REDE SEG”, as quais
identifica-se que efetivamente ocorreram na GRAFTEC.Na ocasião da perícia, o
Colegiado de Peritos Judiciais não observou este fato e, portanto, também não
aprofundou os exames, trazendo aos autos conclusões equivocadas e baseadas em
exames incompletos, as quais necessitam ser retificadas.
Portanto, neste momento, já é possível a conclusão de que
realmente foi efetuada produção de material na GRAFTEC e entregues a
Campanha em nome da REDE SEG, através do relatório da Força Tarefa (Polícia
Federal) e, também, das seguintes novas evidências:
- O Sr. Edielson José Rocha, sócio proprietário da empresa prestadora
de serviços de transportes para a campanha – REALIZA EXPRESS – em depoimento
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prestado nos autos do processo, confirma o vínculo entre as empresas, conforme
destaque das folhas 5.509 e 5.514 a seguir:
Folha 5.509:
Folha 5.514:
O
fato de ter ou não ter funcionários registrados nas empresas, embora seja um dos
“meios” para a obtenção da prova, está sendo considerado como o“fim”, deixando-
se, inclusive, o objeto principal da perícia a margem das discussões, que entendemos
ser: - comprovação de que as empresas não são de fachada; - que todo o material
contratado pela Chapa Dilma-Temer foi efetivamente entregue e, ainda, que os
preços praticados são os normais de mercado.
Com efeito, para o deslinde da causa não há relevância a
comprovação ou não da existência de funcionários registrados nas empresas.
Uma vez já comprovado que o material foi efetivamente entregue, não há o
porquê duvidar se o mesmo foi ou não produzido.
É uma discussão absolutamente inócua em sede de ações
eleitorais!
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Está mais do que evidente que o material foi produzido por
terceiros e, as condições comerciais, trabalhistas, previdenciárias e tributárias
entre as empresas, não sao objeto destas ações eleitorais.
Também, é importante ressaltar que dificilmente será encontrado
“acordo comercial evidenciado entre as empresas” como destacam os Senhores Peritos.
Isto porque as operações de compra e venda, industrialização por
conta de terceiros e similares, de acordo com as práticas usuais de mercado,
normalmente não são formalizadas através de contratos escritos. Principalmente
aquelas que tem duração curta, por períodos determinados e cujos materiais estão bem
definidos, como é o caso detoda e qualquer Campanha eleitoral, inclusive às dos
Autores.
Outrossim, apenas para ilustrar o destaque, há fortes evidências de
que a empresa GRAFTEC não mantinha funcionários registrados, mas possuía
colaboradores em suas instalações desenvolvendo serviços, conforme se depreende do
depoimento do transportador, Sr. Edielson José Rocha, em resposta ao questionamento
feito pelo advogados dos Requerentes, Dr. José Eduardo Rangel de Alckmin:
Folha 5.525:
b) M
c)
d)
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Tais constatações cada vez mais corroboram a existência de produção
terceirizada, principalmente quando lidas em conjunto com o depoimento do
transportador, Sr. Edielson José Rocha, cujo trecho reproduzimos a seguir:
e) Outro fato de necessário destaque é a diferença apurada e
identificada pelo Assistente da Requerida,e trazida aos autos pelos Peritos Judiciais
de forma distorcida, conforme reproduzimos: “(...) Ou seja, o Parecer Divergente apresenta
documentos de remessa de unidades de produção a maior do que osdocumentos fiscais de venda
constantes dos autos da AIJE e da prestação de contas” (Pg. 20).
A diferença existente não édo Parecer Divergente, conforme
supõem os Peritos Judiciais, mas sim, existe realmente confrontando-se a
documentação fiscal relacionada à Campanha e emitida pela REDE SEG.Essa
divergência não foi detectada na revisão da prestação de contas e, tão pouco, pelos
próprios Peritos Judiciais que a trazem na manifestação de forma distorcida, como se
fosse erro do AssistenteTécnico.
Conforme posto no Parecer Divergente, fica evidente que não há
erros no mesmo, conforme destacam os Peritos Judiciais, mas sim, há divergência entre
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a documentação emitida pela “REDE SEG”, divergência essa devidamente
identificada e conciliada pelo Assistente Técnico da Requerida.
f) Ainda relacionado a “REDE SEG”, os Peritos do
Juízoapresentaram tabela onde identificam algumas remessas que, segundo eles, não
tem o devido Documento Auxiliar de Conhecimento de Transporte Eletrônico -
DACTE, cuja finalidade seria comprovar a efetiva entrega das mercadorias.
Nesse sentido, é importante ressaltar que as notas fiscais apontadas
pelos Peritos como “faltando o DACTE”, são aquelas que estão no Parecer Divergente
indicando como o destinatário das mercadorias a ELEIÇÃO 2014 – DILMA VANNA
ROUSSEFF PRESIDENTE e, ainda, está observado no Parecer Divergente que
referem-se a “produto entregue na REALIZA TRANSPORTES E
REDESPACHADO”.
Portanto, referidas mercadorias se entregues na REALIZA
TRANSPORTES pelo emitente, no caso a “RED SEG”, é provável que a Campanha
não tivesse o conhecimento de transporte e, tão pouco, nota fiscal de remessa, pois
poderiam ter sido entregues com a própria nota fiscal de venda, como acontecia em
alguns casos e é perfeitamente aceito pela legislação vigente.
Todavia, para verificar a efetiva entrega das mercadorias, é
função dos Peritos atestar a existência do REDESPACHO, ou seja, a saída
dessas mercadorias para os diretórios respectivos e candidatos que, nesse caso,
obrigatoriamente existe o conhecimento de transporte.
Nesse sentido, importante ressaltar que os Peritos Judiciais, por serem
funcionários da ASEPA, já fizeram (ou deveriam ter feito) referido procedimento
quando da revisão das contas da Campanha Presidencial, pois no relatório por eles
elaborado naquela ocasião, destacaram o seguinte como escopo da análise:
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“10. O escopo da análise limitou-se ao exame das receitas e despesasdeclaradas
pela candidata a [sic] Presidência da República, em conjunto com o candidato a
Vice-Presidente, em confronto com:
a) a movimentação financeira identificada por meio de extratos bancários;
b) os originais ou cópias da documentação fiscal que
comprovam osregistros efetuados, observados os art. 40, § 1º, e
art. 46 da Resolução-TSE nº 23.406/2014;(grifamos)
c) as respostas de pedidos de confirmações externas (circularizações – art. 49, § 2º
da Resolução-TSE nº 23.406/2014);
d) as informações prestadas voluntariamente por doadores e fornecedores (art. 70
da Resolução-TSE nº 23.406/2014); e os esclarecimentos e documentos
complementares, resultantes das diligências que se fizerem necessárias, com vistas a
verificar o atendimento às normas legais que regem a prestação de
contas.”
Para não inverter os princípios básicos do Direito, uma vez que o
ônus da prova é dos Autores, que não se manifestaram em momento algum apontando
quais mercadorias não foram entregues à Chapa Dilma/Temer, e fizeram apenas uma
suspeita genérica e, ainda, tendo em vista que os Peritos Judiciais não aprofundaram os
exames de forma a propiciar fidedignidade ao Laudo Pericial por eles apresentado, deve
ser considerado inconclusivo e utilizado apenas para confirmar que a prestação de
serviços realmente ocorreu.
VII.c - FOCAL CONFECÇÃO E COMUNICAÇÃO VISUAL LTDA.
As conclusões dos Peritos Judiciais na manifestação são distorcidas e
não refletem a realidade, conforme destacamos a seguir:
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a) A folhas 32, 33 e 34 da manifestação, os Peritos ressaltam que
existem notas fiscais contabilizadas, cujo serviço não foi prestado à Campanha
Presidencial, e cujas notas não foram registradas na prestação de contas e, ainda,
ressaltam os Peritos que referidas notas fiscais foram contabilizadas como recebidas em
espécie.
O Parecer Divergente esclarece e, é mantido o esclarecimento por ser
absolutamente prudente, que:
- Os serviços não foram prestados (fato destacado pelos Peritos);
- O recebimento em espécie pela empresa periciada não ocorreu, pois
se os serviços não foram prestados, não há porque se falar em
pagamento.
Ainda, jamais a campanha efetuou pagamento em espécie.
Portanto, evidente que se refere a erros contábeis e fiscais cometidos
pela empresa periciada, e nada tem de irregular com as contas da Campanha.
b) A folha 37 da manifestação, os Peritos alegam que estão
impossibilitados de fazer qualquer vinculação das fotos anexadas ao Parecer Divergente
com os eventos respectivos.
Ressaltamos que, com o mínimo esforço, é possível sim a
rastreabilidade das fotos e a identificação plena de onde foi o evento que as mesmas
ilustram, todavia, é necessário realizar investigação, procedimento básico na Perícia.
Prova disso está na própria manifestação dos Peritos, a folha 51, onde
detalham o procedimento que permite atestar as fotos.
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Infelizmente, na folha 51, foi destacado em detalhes, não para
comprovar o evento realizado na Praça México, que é a função da Perícia, mas sim,
para tentar diminuir a credibilidade do Parecer Divergente.
Muito importante destacar ainda que, os Peritos a folha 37,
destacam de forma correta que “(...) a foto, por si só, omissa a respectiva fonte,
pode representar que um evento foi realizado....”.
Todas as fotos foram fornecidas pela empresa periciada (fonte) e,
apenas a confirmação das mesmas em fontes externas, como internet, foi realizada pelo
Assistente Técnico da Requerida, procedimento este que também deve ser ou foi
efetuado pelos Peritos Judiciais.
c) Outra inconsistência apontada, completamente distorcida, está a
folhas 38 e 39 da manifestação.
Em referidas folhas, os Peritos do Juízo destacam como irregularidade
o fato de existirem cobranças de eventos cancelados, cujo atesto de recebimento foi
devidamente assinado por Nelson Martins.
Não há absolutamente nada de irregular em referidos eventos
cancelados, pois além de constar explicitamente nos documentos que os mesmos foram
cancelados, a empresa Periciada teve custos com montagem e desmontagem, dos quais
está sendo atestada a regularidade pelo Sr. Nelson Martins.
Incompreensível entender aonde estaria a irregularidade inspirada
pelos Peritos.
d) A folhas 40 a 46 da manifestação, os Peritos Judiciais apresentam
planilhas nas quais, segundo eles, existem irregularidades por existir fornecimento de
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materiais pela empresa periciada no eventos realizados, tudo detalhadamente
discriminado nos orçamentos.
Nesse caso, embora em nada acrescente à presente ação as
observações dos Peritos, é importante ressaltar que os mesmos estão extrapolando os
limites da perícia, uma vez que não cabe a eles julgar o que a Coordenação de
Campanha entendia como relevante o material a distribuir em comícios.
e) Por fim, em relação as considerações relacionadas a empresa
“FOCAL”, importante destacar o quejulgamos ser o maior fato comprobatório de que
os Peritos Judiciais estão se desviando do objeto principal da prova pericial.
Em um Parecer Divergente com mais de 8.000 folhas, apresentado
pelo Assistente Técnico da Requerida, o Colegiado de Peritos Judiciais “pinçou” 03
(três) únicas folhas que demonstram as instalações da antiga sede da empresa
operando (2010), e destacá-las indevidamente em sua manifestação como um erro, o
que não é verdadeiro.
As ilustrações referenciadas pelos Peritos Judiciais como um
erro, pois demonstraria a produção de 2010, e não 2014, assim como a produção
de outros candidatos, é completamente distorcida e equivocada.
Referidas ilustrações, como bem destacado pelo Assistente Técnico
da Requerida e mal interpretado pelos Peritos do Juízo, serviram para demonstrar as
instalações da antiga sede da empresa operando, a qual atualmente encontra-se
desocupada.
Há várias outras fotos dentre aquelas de folhas 8.135 a 8.293 do
Parecer Divergente, que tem por finalidade demonstrar a produção de 2014, as quais
foram solenemente silenciadas ou esquecidas pelos Peritos Judiciais.
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Para o perfeito entendimento da evidente distorção trazida pelos
Peritos Judiciais, transcrevemos o que consta no Parecer Divergente:
“(...) julgamos importante, também, anexar material onde aparece a produção da
empresa em 2014, confeccionando o material da campanha eleitoral
Dilma/Temer, assim como as instalações da antiga sede da
empresa, atualmente desocupada.” (grifamos).
Assim, não há que se falar em qualquer irregularidade quanto a
prestação dos serviços, até mesmo porque, se tomarmos os depoimentos
prestados perante esta ação judicial, especialmente a oitiva do senhor Carlos
Cortegoso, Clelia Mara dos Santos, Rogério Theodoro, José Alencar da Cunha
Neto, Vicente Jordão Jardim Mentone, Paulo Fernando Paes Landim e
Edielson José Rocha, comprovamos a efetiva montagem de todas as estruturas e
entrega do material gráfico.
Considerações Finais em Relação à Perícia
Com a máxima vênia, após contrapor a manifestação do “Colegiado
de Peritos Judiciais” e Parecer Técnico Divergente, verificamos que diversos erros
daquela primeira manifestação dos experts foram corrigidas.
Com efeito, apontaram os Srs. Peritos Judiciais que a expressiva
diferença foi diminuída para 2.364.000 unidades, o que representa financeiramente
ínfimos R$ 109.335,80, em relação as entregas de produtos da empresa “VTPB” , ou
seja, menos de 0,5% do valor contratado.
Da mesma forma, os Peritos Judiciais destacam diferenças de
quantidades não entregues pela “REDE SEG”, as quais não foram aprofundadas e são
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perfeitamente identificáveis, conforme também demonstrado pelo Assistente Técnico
da Referida em seu Parecer Técnico Divergente e destacado no item 2, letra “d” desta
manifestação.
Em relação a empresa “FOCAL”, o “Colegiado de Peritos
Judiciais” , na tentativa de diminuir a fidedignidade do Parecer Técnico Divergente,
demonstra ampla e claramente a possibilidade de comprovar a efetiva realização dos
eventos cobrados por referida empresa e, ainda, que os mesmos foram terceirizados
com outras empresas.
O procedimento utilizado pelos Peritos Judiciais para aferição de
todos os eventos, ficou demonstrado no único em que foi identificada distorção no
Parecer Técnico Divergente, que foi a ilustração do evento realizado na praça México,
em Porto Alegre, RS, com imagens de outro evento, realizado no Estádio Beira Rio,
também em Porto Alegre.
Quanto a todos os outros eventos, não foi destacada nenhuma
inconsistência pelo “Colegiado de Peritos Judiciais”.
Ainda, é importante destacar que a Força Tarefa, mais
especificamente o Relatório apresentado pela Policia Federal, corroborou o que já havia
sido destacado pelo Assistente Técnico da Requerida no Parecer Divergente, ou seja:
que existe vínculo entre a empresa “REDE SEG” e “GRAFTEC”, facilitando a
produção pela “GRAFTEC” por conta e ordem da “REDE SEG”, e ainda, trouxe a
informação de grande movimentação financeira migrando dos fundos disponíveis da
“REDE SEG” para a “GRAFTEC”.
A Força Tarefa corrobora, também, as conclusões do Assistente
Técnico da Requerida no sentido de que as diligências foram insuficientes e precisam
ser complementada.
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Nesse sentido, a Força Tarefa utiliza-se gentilmente da expressão
“realização de diligências de forma diferente”. Mas é prudente e assertiva, quando
destaca que “A obtenção imediata de documentos ou cópias dos mesmos,
combinada com diligências investigativas outras, como entrevista de todas as
pessoas de interesse, em ação coordenada e sigilosa, de esforço concentrado,
possibilitará ao Estado criar cenário adequado à busca da verdade, evitando-se a
criação de versões para os fatos sob apuração”.
Tudo exatamente ao encontro do que já havia ressaltado o Assistente
Técnico da Requerida em seu Parecer Técnico Divergente, cujos trechos de sua
conclusão mencionam que “Ficou patente através das observações e constatações
divergentes efetuadas no presente Parecer Técnico Divergente, amparadas em
farta documentação comprobatória – até em exagero, mas necessárias ao caso –
que as verificações realizadas pelos Peritos Judiciais são limitadas e
incompletas; os exames omitem e/ou mal interpretam as ocorrências e, ainda,
apresentam erros no Laudo Pericial que alcançam o número de quase meio
bilhão de unidades...”
Ressalta-se ainda que, ficou pacificado que as empresas periciadas
entregaram o material contratado, valendo-se de parcerias e/ou subcontratações
para produção da totalidade.
Comprovado, também, que a Chapa Dilma-Temer pagou
preços de mercado, inclusive, quando comparados com àqueles preços praticados
com a própria Chapa dos Requerentes, que também se utilizou dos serviços de uma das
gráficas ora investigadas-VTPB.
Vale realçar que, comprovado que todo o material foi
efetivamente entregue à Campanha, também é evidente que todo material foi
produzido!
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VIII - DA INOCORRÊNCIA DO ALEGADO DESEQUILÍBRIO DO PLEITO
POR ABUSO DE PODER ECONÔMICO E DA CONDUTA DO ENTÃO
CANDIDATO AÉCIO NEVES
Desde o início deste processo, a defesa de Dilma Rousseff, como uma
de suas teses de defesa, tem argumentado como uma das razões da inexistência dos
alegados abusos de poder político e econômico, que a chapa liderada por Aécio Neves
teria recebido doações das mesmas empresas, às vezes até em valores superiores, o que
desfiguraria a fantasiosa afirmação de "desequilíbrio do pleito".
Nunca é demais lembrar que a fls. 32 da petição inicial desta AIJE, os
Representantes afirmam que:
Também é oportuno realçar que os Representantes, em suas petições
inicias, pedem não apenas a cassação dos diplomas de Dilma Rousseff e Michel Temer,
como também a nomeação de Aécio Neves e Aloysio Nunes.
Ao longo da instrução probatória, em inúmeras oportunidades, a
defesa de Dilma Rousseff indagou aos depoentes sobre as doações feitas à chapa
adversária, merecendo especial destaque as perguntas feitas aos delatores Otavio
Azevedo e Ricardo Pessoa, que foram deferidas pelo Eminente Ministro Relator.
Trecho do depoimento de Otávio Azevedo em fls. 3528:
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Trecho do depoimento de Ricardo Pessoa em fls.3496
Continuação às fls. 3.497:
Trecho retirado das fls. 3499:
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De igual modo, como legitimo exercício do direito de defesa,
novamente os mesmos questionamentos foram feitos pela defesa de Dilma Rousseff
aos delatores Marcelo Odebrecht e Benedito Jr, que deram respostas contundentes,
tanto sobre doação oficial, como não oficial (Caixa 2) à chapa adversária.
Ao ser indagado sobre Aécio Neves, o colaborador premiado
Benedito Jr afirmou ter realizado pagamentos via caixa 2, atendendo a pedido do
candidato:
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Também se manifestou Marcelo Odebrecht, em vários trechos do seu
depoimento, a respeito dos pedidos de doações feitos por Aécio Neves, nas eleições de
2014:
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Embora as transcrições foram tarjadas em preto em razão das várias
menções a Aécio Neves, o áudio dos depoimentos foi preservado, sendo perfeitamente
possível conhecer do seu teor, caso se decida por manter o tarjeamento.
Com a máxima vênia, por óbvio, a afirmação de depoentes de que
teriam feito pagamentos via Caixa 2 à chapa dos Representantes, além de se subsumir à
hipótese do crime previsto no artigo 350 do Código Eleitoral, também mostra-se
fundamental como matéria de defesa da Representada.
Isto porque escancara que a chapa opositora, ao contrário do
afirmado em sua petição inicial, não teria qualquer prejuízo a sua campanha, pois além
de ter recebido doações oficiais, teria abastecido seus recursos com doações oriundas
de suposto Caixa 2, segundo os depoimentos de Benedito Jr. e Marcelo Odebrecht.
Portanto, a defesa de Dilma Rousseff requereu a reconsideração da
decisão de tarjar os trechos dos depoimentos de Marcelo Odebrecht e Benedito Jr que
mencionam as doações oficias e via caixa 2 à chapa adversária liderada por Aécio
Neves, por se tratar de matéria evidentemente pertinente à tese de defesa pela
inocorrência de abuso de poder político e econômico que acarretasse o desequilíbrio do
pleito.
Em segundo lugar, requereu ainda, a juntada de matéria publicada em
10 de dezembro de 2016 pelo Blog do Fausto Macedo (portal do Estadão Política), que
aponta Aécio Neves como sendo “Minerinho”, consta a reprodução de conversa
encontrada no telefone celular de Marcelo Odebrecht com Benedito Jr, assim como
email de Fernando Migliaccio a Maria Lucia Tavares, que corroboram as afirmações
feitas em juízo pelos delatores Marcelo Odebrecht e Benedito Jr, o que também
fundamentou o requerimento formulado para que fossem ouvidos Sergio Neves, André
Vital e Oswaldo Borges, que foram indeferidos.
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Neste ponto, vale registrar que a testemunha Maria Lucia Tavares
confirmou em seu depoimento ao TSE que o codinome “Mineirinho” figurava das
planilhas dos pagamentos não contabilizados da Odebrecht:
Assim sendo, além de restar não configurado o alegado “desequilíbrio
do pleito” sustentado pelos Representantes, requer se digne Vossa Excelência a:
(i) Remeter cópia dos depoimentos de Marcelo Odebrecht, Benedito Jr e
Maria Lucia Tavares, com levantamento do tarjeamento, ao
eminente Ministro Napoleão Maia Filho, Relator da Prestação de
Contas de Aécio Neves, para que proceda a investigação sobre as
gravíssimas ilegalidades apontadas pelos colaboradores premiados em
relação ao candidato Aecio Neves e a campanha presidencial de 2014
(ii) Expedir ofício ao Procurador Geral da República, com a remessa
cópia dos depoimentos de Marcelo Odebrecht, Benedito Jr e Maria
Lucia Tavares, com levantamento do tarjeamento, para que avalie a
instauração do procedimento investigatório em razão de eventual
prática do crime tipificado pelo artigo 350 do Código Eleitoral pelo
então candidato Aécio Neves.
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IX. APONTAMENTOS SOBRE A INDIVISIBILIDADE DA CHAPA DILMA-
TEMER
Com o devido respeito, embora confie plenamente que as presentes
ações eleitorais serão julgadas absolutamente improcedentes, em atenção ao princípio
da eventualidade, faz-se necessária a presente argumentação sobre a inquestionável
indivisibilidade de chapa, estatuída pelo artigo 91 do Código Eleitoral e reiteradas vezes
prestigiada pela jurisprudência do TSE, além dos necessários esclarecimentos sobre a
movimentação financeira das contas bancárias utilizadas pela chapa Dilma-Temer.
Como já restou demonstrado, Dilma Rousseff e Michel Temer,
prestaram conjuntamente suas contas, em ÚNICA PRESTAÇÃO DE CONTAS, e
possuem responsabilidade solidáriapela veracidade das informações contábeis e
financeiras da campanha presidencial, que teve um único administrador financeiro,
Edinho Silva.
Comprovou-se também que a contracorrente usada pelo candidato
Michel Temer destinou-se apenas a ser uma “conta de passagem” do PMDB,
destinando à campanha presidencial percentual irrisório de pouco mais de 1% daquilo
que foi efetivamente gasto. (conforme planilhas anexas).
Demonstrou-se ainda que a contracorrente em nome da candidata
Dilma Rousseff pagou pelas principais despesas destinadas ao então Vice-Presidente,
Michel Temer, como fretamento de jatinho, hospedagem, alimentação, salários dos seus
principais auxiliares, material gráfico, palanques, além de todo e qualquer serviço
publicitário feito pela equipe de João Santana.
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Aliás, o próprio João Santana afirmou ao TSE ter prestado serviços
publicitários ao Vice Michel Temer:
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De igual modo, comprovou-se às escâncaras, em todos os
depoimentos prestados em juízo, que Dilma Rousseff jamais conversou com qualquer
empresário sobre doação eleitoral, nem jamais tratou com qualquer fornecedor sobre os
serviços a serem prestados.
Estando claro no exposto por Marcelo Bahia Odebrecht, em seu
depoimento ao TSE, mostrado em trecho abaixo:
E adiante, complementa:
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E Edinho Silva deixa claro:
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E continua:
O mesmo não ocorreu com o Michel Temer, que como atestam
os depoimentos de Otávio Azevedo, Marcelo Odebrecht e Claudio Melo Filho,
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participou pessoalmente de reuniões no Palácio do Jaburu, que redundaram em
doações eleitorais ao PMDB.
Embora com posturas diferentes, os então candidatos Dilma e Temer:
a) compuseram uma única chapa;
b) de uma coligação partidária composta por 9 partidos políticos;
c) submeteram-se a registro único;
d) tiveram um único Administrador Financeiro;
e) apresentaram única e conjunta Prestação de Contas, aprovada
por unanimidade pelo TSE;
f) foram reeleitos, em chapa única e conjunta, com mais de 54
milhões e 500 mil votos;
A pretensa tese da separação de contas ou de responsabilidades entre
candidatos a Vice e Presidente não é nova, e vem sendo frequentemente rechaçada por
jurisprudência reiterada do Tribunal Superior Eleitoral.
Nos presentes autos, o Procurador Geral Eleitoral, Dr. Nicolau
Dino, em alentado parecer, posicionou-se pela INDIVISIBILIDADE DE
CHAPA, em conformidade com a jurisprudência pacifica do TSE e ainda
salientou que eventual mudança de entendimento por esta Corte, somente
surtiria efeitos para eleições futuras, em respeito ao acórdão proferido pelo STF
em sede de recurso extraordinário com repercussão geral RE 637485/RJ,
relatado pelo Ministro Gilmar Mendes, em 21.5.2013.
Ademais, a se demonstrar o entendimento pacificado, em
recentíssimo julgado, de 16 de novembro último, em que funcionou como relatora a
Min. Luciana Lóssio, o Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, decidiu pela
indivisibilidade da chapa de Prefeito e Vice-Prefeito, nos autos do ED-Respe 1-
21.2013.6.040030/AM:
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ELEIÇÕES 2012. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO
ESPECIAL. DESPROVIMENTO. PREFEITO. VICE-PREFEITO.
AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL (AIJE).
ABUSO DO PODER ECONÔMICO. CAMPANHA
ELEITORAL. CAPTAÇÃO E GASTOS. RECURSOS
FINANCEIROS. ILICITUDE. INDIVISIBILIDADE DA CHAPA.
CASSAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. AUSÊNCIA.
REJEIÇÃO.
1. A contradição apontada pelo embargante refere-se a fatos
isolados. Porém, a decisão de manter a cassação do prefeito se deu
pelo "conjunto da obra".
2. A ausência de trânsito dos recursos arrecadados em conta bancária
específica, a falta de documentos hábeis para a comprovação da
transação imobiliária e, particularmente, os gastos abusivos com a
contratação e alimentação de cabos eleitorais constituíram condutas
graves, pois exorbitaram do comportamento esperado daquele que
disputa um mandato eletivo e que deveria fazê-lo de forma
equilibrada em relação aos demais concorrentes.
3. Os embargos de declaração são admitidos para sanar a existência
de omissão, obscuridade ou contradição no julgado, nos termos do
art. 275, I e II, do Código Eleitoral, não se prestando a promover
novo julgamento da causa, se não houver omissão a ser suprida.
4. É inviável o inconformismo do embargante, que tem como
objetivo apenas novo julgamento da causa.
5. A cassação do mandato de vice-prefeito não decorre de
eventual prática de ato comissivo de sua parte, mas sim - na
linha da remansosa jurisprudência, bem como da mais
abalizada doutrina - em virtude da consequência lógico-jurídica
da indivisibilidade da chapa.
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6. Na composição de chapa única para candidatura ao pleito
majoritário, nos termos do art. 91 do Código Eleitoral, a relação
do vice é de plena subordinação ao titular.
7. Em função desse vínculo de subordinação do vice ao seu
titular, ainda que em nada tenha ele contribuído para os atos
que culminaram na cassação do diploma do prefeito, recairá
sobre o vice a cassação do registro ou do diploma auferido.
8. Embargos rejeitados.
(Embargos de Declaração em Recurso Especial Eleitoral nº 121,
Acórdão de 16/11/2016, Relator(a) Min. LUCIANA CHRISTINA
GUIMARÃES LÓSSIO, Publicação: DJE - Diário de justiça
eletrônico, Tomo 230, Data 05/12/2016, Página 325-326 ) (grifo
nosso).
CONCLUSÃO
Por todo o exposto, aguarda e confia a defesa da Representada Dilma
Rousseff, digne-se Vossa Excelência a receber as presentes alegações finais para que,
ao final, sejam apreciadas em julgamento por este Egrégio Tribunal Superior Eleitoral, a
fim de que:
1. Em acolhimento das preliminares suscitadas:
(i) Reconheça a perda superveniente interesse de agir naquelas ações que
têm como objeto a cassação do mandato eletivo, uma vez que o
Senado Federal decretou-lhe a perda do cargo de Presidenta da
Republica de modo que deve ser prolatada decisão de extinção da
ação sem apreciação do mérito quanto à cassação do mandato com
fulcro no artigo 485, inciso VI do novo Código de Processo Civil;
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(ii) Reconheça a litispendência, para decretar a extinção sem julgamento
de mérito da AIME -761 e da RP 8-46, com base no art. 485, V, do
CPC;
(iii) Reconheça a imprestabilidade das provas produzidas a partir do dia 1o
de março de 2017, notadamente aquelas concernentes à atuação dos
ex-funcionários da Odebrecht, réus e colaboradores premiados na
Operação Lava Jato, considerando que i) o seu conteúdo extrapola o
objeto das presentes ações; ii) a sua produção está eivada de vício de
nulidade absoluta, considerando que não foi assegurado à defesa o
amplo, pleno e efetivo exercício dos seus direitos ao contraditório e à
ampla defesa, negando-se também conteúdo à garantia do devido
processo legal;
(iv) Caso assim V. Exas. não entendam, o que se admite apenas por amor
ao debate, requer seja reconhecido o vício de nulidade absoluta das
referidas provas, determinando-se a retomada da marcha processual
de modo a se permitir o pleno exercício dos direitos ao contraditório
e à ampla defesa, com o deferimento de todas as provas requeridas
pela defesa da Representada (anteriormente especificadas);
(v) Seja reconhecida expressamente a ofensa: a) ao Artigo 7o do novo
Código de Processo Civil; b) aos incisos LIV e LV do Artigo 5o da
Constituição da República Federativa do Brasil; c) ao Artigo 14.1 do
Anexo ao Decreto no. 592, de 6 de julho de 1992, que promulgou o
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos; d) aos Artigos 8.2.c
e 8.2.f da Convenção Americana sobre Direitos Humanos,
promulgada pelo Decreto no 678, de 6 de novembro de 1992 (Pacto
de São José da Costa Rica, de 22 de novembro de 1969);
(vi) Evidenciadas as afirmações falsas prestadas por Marcelo Odebrecht,
Monica Moura e João Santana perante o Tribunal Superior Eleitoral,
requer a defesa de Dilma Rousseff não apenas sejam desconsiderados
tais depoimentos como meio de prova no presente processo, mas
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também sejam expedidos ofícios tanto ao Ministério Publico Federal,
como ao eminente Ministro Edson Fachin (STF) para adoção de
medidas atinentes à prática de crime de falso testemunho (art.342 CP),
bem como para perda dos benefícios do regime de colaboração
premiada, à luz dos artigos, 4º, parágrafo 14 e artigo 19 da Lei n.
12.850/13.
2. Em hipótese de julgamento do mérito:
(i) que julgue absolutamente improcedente esta ação de investigação
judicial eleitoral, assim como a representação e a ação de impugnação
de mandato eletivo a ela conexas, diante da comprovação da
inocorrência de ato de abuso de poder político ou econômico e da
absoluta regularidade na arrecadação e nas despesas da campanha
presidencial da chapa Dilma-Temer e da demonstração inequívoca de
que não restaram provados os fatos alegados pelos Autores em suas
exordiais.
Requer, ainda, a defesa de Dilma Rousseff, digne-se Vossa Excelência,
ainda no exercício da Relatoria do presente processo a:
a)Remeter cópia dos depoimentos de Marcelo Odebrecht, Benedito Jr
e Maria Lucia Tavares, com levantamento do tarjeamento, ao
eminente Ministro Napoleão Maia Filho, Relator da Prestação de
Contas de Aécio Neves, para que proceda a investigação sobre as
gravíssimas ilegalidades apontadas pelos colaboradores premiados em
relação ao candidato Aecio Neves e a campanha presidencial de 2014;
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b)Expedir ofício ao Procurador Geral da República, com a remessa
cópia dos depoimentos de Marcelo Odebrecht, Benedito Jr e Maria
Lucia Tavares, com levantamento do tarjeamento, para que avalie a
instauração do procedimento investigatório em razão de eventual
prática do crime tipificado pelo artigo 350 do Código Eleitoral pelo
então candidato Aécio Neves.
Pede deferimento.
Brasília, 08 de maio de 2017.
FLÁVIO CROCCE CAETANO ARNALDO VERSIANI LEITE SOARES
OAB/SP 130.202 OAB/DF 6.235
RENATO F MOURA FRANCO BRENO BERGSON SANTOS
OAB/DF 35.464 OAB/SE 4.403