excelentÍssima senhora doutora juÍza de direito … · como pato branco, houve consenso entre ......

29
1 EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE FRANCISCO BELTRÃO - PARANÁ O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, pelo Promotor de Justiça subscritor da presente peça, no uso de suas atribuições legais, com fulcro nos artigos, 127, 129, incisos II e III, da Constituição Federal, 25, IV, da Lei 8.625/93, 1º, IV e 5º, ambos, da Lei 7.347/85, e demais legislações aplicáveis à espécie, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA DECLARATÓRIA DE NULIDADE, COM PEDIDO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE E DE TUTELA ANTECIPADA em face da CÂMARA MUNICIPAL DE FRANCISCO BELTRÃO, pessoa jurídica de direito público, representada pela sua Presidente, vereadora ATANAZIA HELLMANN PEDRO, com sede na rua

Upload: duongthuy

Post on 09-Nov-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE FRANCISCO BELTRÃO - PARANÁ

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, pelo Promotor de Justiça subscritor da presente peça, no uso de suas atribuições legais, com fulcro nos artigos, 127, 129, incisos II e III, da Constituição Federal, 25, IV, da Lei 8.625/93, 1º, IV e 5º, ambos, da Lei 7.347/85, e demais legislações aplicáveis à espécie, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA DECLARATÓRIA DE NULIDADE, COM PEDIDO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE E DE TUTELA ANTECIPADA em face da

CÂMARA MUNICIPAL DE FRANCISCO BELTRÃO, pessoa jurídica de direito público, representada pela sua Presidente, vereadora ATANAZIA HELLMANN PEDRO, com sede na rua

2

Tenente Camargo, 2173, Centro, Francisco Beltrão, pelas razões de fato e de direito que seguem expostas:

I - DOS FATOS

Inicialmente, cumpre destacar que a presente Ação tem como objetivo a defesa do regime democrático de Direito e do patrimônio público e visa determinar que o Poder Legislativo de Francisco Beltrão se adapte às regras previstas na Constituição Federal, notadamente quanto à adoção do procedimento adequado para a fixação do número de vereadores no Município, em razão da recente e inconstitucional majoração do número de vereadores ocorrida neste Município, a qual foi realizada por meio de simples Resolução, com inequívoca afronta à Constituição Federal.

A propósito, torna-se importante salientar que a

instauração do Notícia de Fato que embasa esta Ação Civil Pública ocorreu após o Ministério Público ter tomado ciência de matéria jornalística veiculada no “Jornal de Beltrão”, datada do dia 08 de setembro de 2011, através da qual era noticiada a tramitação de Projeto de Emenda à Lei Orgânica do Município a qual versaria sobre o aumento em 50% (cinqüenta por cento) do número de vereadores de Francisco Beltrão – de 10 para 15 edis, sem que houvesse prévia discussão e divulgação do assunto perante a coletividade.

Oportuno comentar que neste período, a imprensa

jornalística e televisa do Paraná noticiava a intensa mobilização da sociedade civil, a qual se via indignada com a intenção dos representantes dos Poderes Legislativos de aumentarem o número de vereadores de seus municípios, fundamentando-se tão-somente na nova redação do art. 29 da Constituição Federal, sem que houvesse um prévio e maior aprofundamento do debate.

Discutia-se, na ocasião, se os projetos de emenda das

leis orgânicas que viabilizariam o aumento do número de edis estariam atendendo aos interesses coletivos ou, ao revés, ao interesse próprio da classe política, com vistas às próximas eleições.

3

A título ilustrativo, podemos citar que a mobilização

popular foi bastante intensa nos municípios de Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo, Maringá e graças a ela o próprio Poder Legislativo local decidiu não mais aumentar o número de seus representantes políticos, conforme inicialmente planejado. Já em outras localidades, como Pato Branco, houve consenso entre a população e a Câmara de Vereadores, viabilizando-se, assim, o aumento mínimo de cadeiras junto à Casa Legislativa.

Em Francisco Beltrão, especificamente, observamos que no dia 03 de agosto de 2001, os vereadores ATANAZIA HELLMANN PEDRON, DAZIO LUIZ ZANATTA, CELMO ALBINO SALVADORI e CELSO MARTIRES ANTUNES apresentaram o “Projeto de Emenda à Lei Orgânica n.º 017/2011”, através do qual propuseram a alteração do texto do art. 10 da Lei Orgânica do Município de Francisco Beltrão, nos seguintes termos:

Art. 10 – A Câmara é constituída de Vereadores eleitos na foram estabelecida em Lei, observado o número máximo de Vereadores.

I - de 30.000 (trinta mil) habitantes até 50.000 (cinqüenta mil) habitantes, 13 (treze) Vereadores;

II - de 50.000 (cinqüenta mil) habitantes até 80.000 (oitenta mil) habitantes, 15 (quinze) Vereadores; III - de 80.000 (oitenta mil) habitantes até 120.000 (cento e vinte mil) habitantes, 17 (dezessete) Vereadores; IV - de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes até 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes, 19 (dezenove) Vereadores V - de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes até 300.000 ( trezentos mil) habitantes, 21 (vinte e um) Vereadores Parágrafo Único: Quando ocorrer alteração do número de Vereadores, a fixação será feita por Resolução, até 60 (sessenta) dias antes das eleições municipais, respeitando os limites que tratam os incisos deste artigo.

No dia 14 de setembro de 2011, este mesmo grupo de

4

Vereadores, apresentou uma “Emenda Modificativa” do texto originalmente apresentado, propondo a alteração do parágrafo único do artigo, nesses moldes:

Parágrafo Único: Quando ocorrer alteração do número de Vereadores, a fixação será feita por Resolução, até 12 (doze) meses antes das eleições municipais, respeitando os limites que tratam os incisos deste artigo.

Incidentalmente à tramitação desta “Proposta de

Emenda”, já cotejando a grande relevância do tema, as três (03) Faculdades de Direito sediadas neste Município – UNIOESTE, CESUL e UNIPAR, realizaram um Seminário intitulado “ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DO AUMENTO DO NUMERO DE VEREADORES EM FRANCISCO BETRÃO”, contando com a participação de representantes do Poder Judiciário, do Ministério Público, do Poder Executivo, do Poder Legislativo, da OAB e da sociedade civil (advogado e professor universitário).

Neste encontro, anteviu-se o confronto de idéias e

disparidade de pensamentos acerca do que representaria a consecução do interesse público envolvendo o assunto.

Paralelamente, algumas entidades de classe se

manifestaram sobre o tema, cumprindo-nos registrar que: i- a ACEFB – Associação Comercial e Empresarial de Francisco Beltrão declarou que não se oporia ao aumento do número de Vereadores desde que fosse “mantido o valor atualmente gasto com a folha de pagamento dos legisladores. Haveria assim, diminuição do atual subsídio dos vereadores para admitir a inclusão de cadeiras sem acréscimo de despesas”; ii – a APPESP – Associação dos Aposentados do Paraná considerou “desfavorável o aumento de vereadores, pois achamos que o número existente é suficiente para exercer os deveres concebidos aos mesmos, acreditando também que o importante é a qualidade e não a quantidade. iii – a OAB se posicionou “contrária ao projeto de lei municipal que amplia o número de cadeiras no legislativo municipal em Francisco Beltrão – PR”

5

iv – a Maçonaria se posicionou contrariamente; v – o Rotary Clube de Francisco Beltrão – Cango consignou que “não é função do Rotary entrar em discussões de cunho político, religioso ou étnico. Porem como entidade social e que participa ativamente nas ações junto à comunidade, deveríamos ter sido procurados pelas autoridades governamentais do município para que nos explicassem as razões dessas mudanças bem como as vantagens e desvantagens das mesmas. A impressão que nos passa é que tudo foi feito para benefício único e exclusivo de poucos. Não questiono se esse aumento das vagas na Câmara será prejudicial à população geral, até porque ainda não sabemos quem as ocupará nas eleições seguintes, mas parece que o poder se concentra em quem mais tem interesse com isso e não nos passam detalhes de melhorias que possam aparecer com tais mudanças” vi – o Rotary Clube de Francisco Beltrão - Vila Nova expôs que “estivemos presentes na segunda-feira e terça-feira (19/09/ e 20/09) para iniciar um movimento de participação no nosso poder legislativo e pensando que lá fosse falado sobre pontos positivos e negativos do aumento de vereadores na Câmara Municipal, no entanto o que vimos foi um desrespeito a democracia, parecia um governo autoritário, uma ditadura. Queremos que esta idéia seja discutida com toda a comunidade beltronense e seja feito uma análise do que é melhor para o nosso município e, se possível que fosse pensado um projeto a longo prazo onde tivéssemos 01 (um) ou mais participantes de cada entidade da cidade, seja Associação de Moradores, Rotary, OAB, Maçonaria, ACEFB, INTERACT, ROTARACT, Universidades, enfim, para trabalhar em conjunto com o Poder Legislativo, Executivo e Judiciário para estudar as necessidades e dificuldades que a população enfrenta ...”

Houve, em seguida, manifestações públicas envolvendo

jovens, empresários e profissionais liberais contrários ao possível aumento das cadeiras junto ao órgão legislativo local, as quais surpreenderam os membros do Poder Legislativo1.

Registramos, nesse aspecto, que todas as

demonstrações cívicas ocorridas em Francisco Beltrão transcorreram de forma pacífica e democrática2, sem que a Polícia Militar e Civil 1 Faz parte deste procedimento um CD no qual foram gravadas os principais trechos das manifestações populares ocorridas em Francisco Beltrão, verificando-se o pacifismo do movimento e a postura adotadas pelos vereadores em relação a ele. 2 Sobre o assunto, consideramos oportuno transcrever parte da matéria jornalística escrita por CRISTIANA SABADIN, veiculada no “Jornal de Beltrão”, no dia 23/09/2011, pois, com sensibilidade,

6

registrassem qualquer ocorrência criminosa. Relevante comentarmos que tão-logo o Ministério

Público do Estado do Paraná observou o firme propósito da Câmara em majorar o número de Edis de Francisco Beltrão, à revelia dos inúmeros posicionamentos contrários e ausência de consenso, ele decidiu ir pessoalmente à sede do Poder Legislativo para alertar aos nobres Vereadores acerca do vício de constitucionalidade do Projeto de Emenda á Lei Orgânica.

Nesta ocasião, redigimos um Ofício no qual expusemos

nossa preocupação, nos seguintes termos: ... ... em Francisco Beltrão, diante do texto confeccionado pela Câmara

Legislativa, constata o Ministério Público que, se de um lado a redação do art. 10 e seus incisos encontra amparo na Constituição Federal, de outro, a redação conferida ao pertinente parágrafo único, não.

Ponderamos, nesse sentido, que o artigo 29 da Constituição Federal

estabelece que: “o Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal, na Constituição do respectivo Estado”.

Depreende-se da leitura do texto constitucional, portanto, que a fixação

do número de cadeiras da Câmara - mesmo quando decorrente da eventual necessidade de restar alterada a quantidade de Vereadores, tendo em vista a corolariedade que lhe é inerente -, somente poderá perferctibilizar-se através de Lei Orgânica e não por simples Resolução.

... sintetizou como se desenvolveu esse processo democrático: “ ... por alguns segundos, senti imensa saudade do seo Ivaldino. Se ele viveu esse momento lá do outro lado, não sei. O fato é que por ele – e por mim mesma – não fiquei alheia aos acontecimentos. Fui para frente da Câmara com a família inteira. Ficamos lá, a postos. A sensação de arrepio a cada grito de ordem era inevitável quando se corre sangue nas veias. Não tem jeito. Fiquei feliz pela mobilização que a galera conseguiu fazer. Um protesta que me lembra em dimensões bem menores de tamanho, mas não de relevância, o impeachment do ex-presidente Collor, em 1992. Aquela moçada de nariz de palhaço, erguendo cartazes com caras pintadas de verde e amarelo impressionou meu filho João Pedro. Ele só tem 9 anos, mas já entendeu (a seu jeito) o que é democracia, liberdade de expressão. Para João, era uma disputa entre o bem e o mal. No seu mundo de criança achava ele que os bons estavam lá fora, logo, o outro lado da história, lá dentro. A tentativa de tênar explicar a meu filho que a questão não pode ser vista com tanta simplicidade não foi em vão. Acho que ele entendeu o recado. Não se trata de bons ou maus, trata-se de lutar por uma causa.”

7

Assim, ante os argumentos técnico-jurídicos acima expostos, aduz o

Ministério Público que vê com grande preocupação a possibilidade do Poder Legislativo vir a aprovar um Projeto de Emenda à Lei Orgânica cuja constitucionalidade apresenta-se altamente questionável, sendo passível de futura judicialização.

Gostaríamos, por fim, de aproveitar o ensejo para nos colocar à

disposição de Vossas Excelências para melhor expor sobre a antinomia verificada, com o sincero e único propósito de contribuir para que o tanto Executivo, quanto o Legislativo, possam continuar a cumprir fielmente com os deveres que lhes são afetos, zelando pela proteção do interesse público, mediante obediência, material e formal, dos princípios e normas constitucionais.

Todavia, independentemente da relevância da matéria,

da grande polêmica instaurada acerca do tema, da ausência de informações, da manifestação da sociedade civil organizada contrária ao aumento do número de vereadores na Cidade, e, finalmente, da orientação exarada pelo Ministério Público do Estado do Paraná acerca da inconstitucionalidade do texto legal, a Câmara de Vereadores de Francisco Beltrão, mesmo assim, decidiu aprovar e promulgar o “Projeto de Emenda à Constituição n.º 17/11”.

Relevante comentar que no dia em que houve o

segundo turno de votação do já referido Projeto, dois (02) Vereadores do Município se sensibilizaram com toda a situação e decidiram votar contra a sua aprovação.

No dia 04 de outubro de 2011, fundamentando-se na

nova redação do art. 10 da Lei Orgânica de Francisco Beltrão, o Poder Legislativo Local acabou promulgando a Resolução n.º 001/2011 e, assim, de uma vez por todas, viabilizou o desejado aumento de 50% (cinqüenta por cento) do número de Edis neste município.

Segundo este ato: A Câmara Municipal de Vereadores de Francisco Beltrão, Estado do Paraná, através da sua Mesa Diretora, no uso de suas atribuições legais e considerando o disposto no inciso XI do art. 37 da Lei Orgânica do Município de Francisco Beltrão e conforme predispõe o parágrafo único do art. 10 da Lei Orgânica;

8

PROMULGA:

Art. 1º. – Fica fixado em 15 (quinze) o número de Vereadores na Câmara Municipal de Francisco Beltrão – Estado do Paraná para Legislatura 2013/2016.

Art. 2º - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Assim a partir da vigência desta Resolução, a Câmara

de Vereadores de Francisco Beltrão logrou êxito em nivelar o número de edis ao patamar máximo admitido pela Constituição Federal, passando este município a contar mais vereadores do que em diversas outras cidades mais populosas do Paraná, conforme se verifica através da tabela abaixo:

NÚMERO DE VEREADORES NOS MUNICIPIOS COM NÚMERO DE HABITANTES ENTRE 50.000 A 80.0000 – MÁXIMO DE 15 VEREADORES (art. 27, IV, “d”, CF).

NÚMERO DE VEREADORES MUNICÍPIO HABITANTES* 2008/2013 2014/2017

CASTRO 66.033 10 11 CIANORTE 69.731 12 12 FCO BELTRÃO 78.804 10 15 IRATI 55.882 10 10** PARANAVAÍ 81.484 10 10 PATO BRANCO 72.260 10 11 ROLÂNDIA 57.742 10 10*** TELÊMACO BORBA 69.226 10 13 UNIÃO DA VITÓRIA 52.176 15 13 * Fonte: IBGE (censo 2010); ** Municípios em que há discussão em trâmite; *** Redução determinada através de liminar do Tribunal de Justiça

NÚMERO DE VEREADORES NOS MUNICIPIOS COM NÚMERO DE HABITANTES ENTRE 80.000 A 120.0000 – MÁXIMO DE 17 VEREADORES (art. 27, IV, “d”, CF).

NÚMERO DE VEREADORES MUNICÍPIO HABITANTES* 2008/2013 2014/2017

ALMIRANTE TAMANDARÉ 99.514 11 15

9

APUCARANA 109.159 11 11 ARAPONGAS 104.010 11 11** ARAUCÁRIA 116.683 11 11** CAMBÉ 96.427 10 10 CAMPO LARGO 107.711 11 11 CAMPO MOURÃO 86.550 10 13 FAZENDA RIO GRANDE 81.551 10 13 PINHAIS 112.852 11 11 PIRAQUARA 91.783 10 10 SARANDI 80.406 10 10 TOLEDO 119.002 11 11** UMUARAMA 100.025 10 10** * Fonte: IBGE (censo 2010); ** Municípios em que há discussão em trâmite

Não bastasse a pura e simples gravidade de todos os

fatos já referidos, recentemente o Ministério Público do Estado constatou que um dos vereadores que participou de todo o processo legislativo ora questionado, ou seja, CELMO ALBINO SALVADORI, já teria sido definitivamente condenado pela prática de ato de improbidade administrativa nos autos da Ação Civil Pública n.º 182/2002 e, por isto, teria perdido a sua função pública e não mais estaria no gozo de seus direitos políticos.

Ante este quadro, torna-se evidente que todo o processo

legislativo do qual participou CELMO SALVADORI está eivado de nulidade, uma vez que este já havia sido considerado ímprobo pelo Poder Judiciário e jamais poderia figurar como representante do povo perante o Poder Legislativo, justamente quando se decidia uma matéria tão importante para a vida democrática de Francisco Beltrão.

Ora, diante do contexto apresentado, não restou outra

alternativa ao Ministério Público senão a de propor a presente Ação Civil Pública, cujo objetivo é tríplice: a) a declaração incidental da inconstitucionalidade formal do artigo 10 da Lei Orgânica; b) o reconhecimento judicial da nulidade de todo o processo legislativo ora questionado; c) a proteção do erário municipal contra a possibilidade de realização de despesas públicas fundamentadas em norma inconstitucional e que, por isto, nunca poderia gerar qualquer efeito jurídico.

10

II - DA LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO: O Poder Constituinte, sabiamente, dotou a

Constituição Federal de 1988, de importantes mecanismos de controle, incumbindo ao Ministério Público, o encargo de zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos, promovendo medidas necessárias à sua garantia (incs. II e III do art. 129, da Constituição Federal). A par da legitimação constitucional, a legislação ordinária autoriza o Ministério Público a propor Ação Civil Pública principal e cautelar (art. 5º da Lei nº 7347/85) de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico e paisagístico e a qualquer outro interesse difuso e coletivo, conforme art. 1º, incisos I a IV, do referido diploma especial, com a nova redação dada pelo art. 110, da Lei nº 8078/90 (Código de Defesa do Consumidor).

Em casos que tais, oportuno fixar a ampla legitimidade

do Ministério Público para defender e proteger o patrimônio público e direito difusos e coletivos da população desta Cidade e Comarca.

A propósito, convém esclarecer que os interesses

coletivos são aqueles cujos titulares são um grupo determinado de pessoas ou ao menos determinável. É a somatória de interesses individuais, determinados ou determináveis, que caracterizam os interesses coletivos, não importando o seu número elevado. São metaindividuais, atingindo grupos que possuem algo em comum. Já os interesses difusos dizem respeito a titulares dispersos na coletividade, com certa dificuldade de determinação.

Sob outro viés, a Constituição Federal também indicou

ser o Ministério Público, instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127, caput), bem como ao arrolar dentre suas funções

11

institucionais a de “zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública, aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia" (art. 129, incs. II e III), deu-lhe foro de Instituição de primeira grandeza, convocando-o para a efetiva defesa da sociedade.

O caput do art. 127, da Constituição Federal, é preciso

quando indica como função institucional do Ministério Público, a sua legitimidade ‘ad causam’, para em Juízo ou fora dele, tomar medidas legais cabíveis, na defesa da ordem jurídica.

Por interesse público deve-se entender o interesse pelo

bem geral, o interesse público primário. HUGO NIGRO MAZZILI, na sua obra Defesa dos

Direitos Difusos em Juízo, 4. edição, Editora RT, p.20, aponta: “o verdadeiro interesse público primário (o bem geral) identifica-se com o interesse social, o interesse da sociedade ou da coletividade”.

E outra obra, da Editora Saraiva, Regime Jurídico do

Ministério Público, HUGO NIGRO MAZZILLI, ao enfrentar a legitimidade do Ministério Público nas ações judiciais civis, comenta:“Em suma, já deixamos claro que, desde que haja alguma característica de indisponibilidade parcial ou absoluta de um interesse, ou desde que a defesa que qualquer interesse, disponível ou não, convenha a coletividade como um todo, ai será exigível à iniciativa ou intervenção do Ministério Público junto ao poder Judiciário”. ( p. 151)

Seguindo esta linha de raciocínio, cumpre-nos enfatizar que

a indevida fixação da quantidade de vereadores afeta o exercício correto do regime democrático e interesses difusos relacionados com direito de uma atividade administrativa proba, exigindo a atuação do Ministério Público, pela via judicial, para a correção dos desvios numéricos constatados, e, também, para evitar a realização de despesas públicas indevidas.

12

Cumpre enfatizar que em casos análogos os Tribunais brasileiros já têm admitido a intervenção do Ministério Público para enfrentar a matéria:

“LEGITIMIDADE AD CAUSAM – MP – PROPOSITURA DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA ADEQUAR COMPOSIÇÃO ORIGINAL DA CÂMARA MUNICIPAL AO MODESTO ÍNDICE POPULACIONAL – ADMISSIBILIDADE – Autorizado o Promotor de Justiça a buscar, no judiciário, pacificação da litigiosidade estimulada pelo poder público, em defesa do interesse coletivo. Cabimento do controle difuso ou incidental. Inteligência dos arts. 82, I, da Lei 8.078/90; 129, III, 29, IV, a, 97, 102, III, a, b e c § único; 42, X, 105, III, a, b e c, da CF e da Lei 7.347/85” (TJSP – AC 210.626-1 – 2ª C. – Rel. Des. Donaldo Armelin – j. 23.08.94 – in RJTJESP 163/13). “APELAÇÃO CÍVEL – Composição da Câmara de Vereadores – Fixação do número de componentes – Afronta ao artigo 9º, inciso I, da Lei Orgânica do Município e artigo 16, inciso V, alínea a, da Constituição Estadual – Ilegalidade manifesta do ato – Recurso desprovido”. (TJPr – AC 132.372-0 – 8ª C. – Rel. Des. Campos Marques – j. 14.04.03).

III - DO CABIMENTO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA E DA COMPETENCIA DO PODER JUDICIÁRIO PARA ANÁLISE DA MATÉRIA A Ação Civil Pública, que inclusive tem assento

constitucional, vem sendo utilizada atualmente para inúmeros fins que sequer tinham sido imaginados pelo legislador ordinário quando concebeu a Lei nº 7347/85.

Dela tem se valido o Ministério Público para a defesa

da sociedade, como é lembrado pelo insigne HUGO NIGRO MAZZILI (in " A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo", Ed. RT, 2ª Edição, p. 86), o qual afirmou que tal writ constitucional já superou, de já muito, os estreitos limites impostos pela lei acima nominada, podendo atualmente ser empregada para ação de conteúdo não meramente condenatório, mas também constitutivo e declaratório.

Tamanha hoje é a evolução da matéria que PINTO

FERREIRA (in "Comentários à CF", V. 1, p. 213) chegou a dizer que ainda que o ‘Parquet’ não possa propor Ação Popular Constitucional

13

em face do art. 5º da CF vigente, pode, porém, se utilizar da Ação Civil Pública, que é uma espécie de Ação Popular, para a defesa dos interesses difusos ou interesses coletivos.

Conseqüentemente, apreende-se que o Ministério

Público pode alcançar, pela via aqui escolhida, os mesmos resultados outorgados ao cidadão através da Ação Popular.

O acesso à justiça é protegido constitucionalmente pelo

art. 5º, inc. XXXV, da Constituição Federal, pois a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Constitui-se em valor fundamental da vida em sociedade. É puro exercício de democracia.

E nessa luta em busca da democracia e do

estabelecimento da supremacia da ordem jurídica, o Poder Judiciário tem de assumir o seu papel relevante na busca de soluções dos problemas sociais. Aliás, esse é o anseio de toda a população.

O Poder Judiciário é árbitro do bem público, pois a ele

foi deferido o poder de exercer o controle externo de legalidade, da natureza teleológica, sobre os atos dos demais Poderes da República em qualquer nível governamental. Nessa condição, sem que se considere interferência nos outros Poderes, ele deve agir para coibir a inconstitucionalidade, a ilegalidade, omissão, negligência e a prevaricação.

A rigor, quando o Poder Judiciário interfere na

avaliação de determinados interesses públicos e sociais faz "na condição legítima de órgão revisor da violação de direitos subjetivos e coletivos que deles derivam. Participa assim, como Poder, da persecução do objetivo do bem comum, impedindo qualquer desvio administrativo nesse caminho, receitando as ações ideológicas como instrumentos para a correção da atuação arbitrária". (in Discricionariedade Administrativa e Ação Civil Pública, RT 657/55).

14

Discorrendo sobre o mesmo tema o saudoso HELY LOPES MEIRELLES legou a seguinte lição: "Controle Judiciário ou judicial é exercido privativamente pelos órgãos do Poder Judiciário sobre os atos administrativos do Executivo, do Legislativo e do próprio Judiciário quando realiza atividade administrativa. É um controle a posteriori, unicamente de legalidade, por restrito à verificação da conformidade do ato com a norma legal que o rege".

Em outro ponto de sua exposição asseverou o Professor

que: “Os decretos legislativos e as resoluções das Mesas, embora sejam atos provindos do Legislativo, sujeitam-se ao controle judicial comum porque são materialmente administrativos, sempre vinculados ao regimento para sua emissão e capazes de lesar direitos individuais de terceiros nos seus efeitos internos e externos”. (in Direito Administrativo Brasileiro, 17 edição, 1992, Ed. Malheiros).

Ora, no caso dos autos, conforme já restou exposto, defendemos que a Resolução exarada pelo Poder Legislativo de Francisco Beltrão padece dos vícios de inconstitucionalidade e nulidade, motivo pelo qual jamais poderá autorizar o lícito aumento do número de vereadores de Francisco Beltrão, e, consequentemente, fundamentar a incremento das despesas necessárias ao pagamento dos subsídios referentes aos novos cargos de vereador.

IV - DA INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL DO ART. 10, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI ORGANICA E DA RESOLUÇÃO LEGISLATIVA Nº01/2011 Inicialmente, cumpre-nos esclarecer que a Emenda

Constitucional nº 58, de 23 de setembro de 2009, deu nova redação ao artigo 29 da Constitucional, delimitando o número máximo de edis passível de compor as Câmaras Municipais, segundo um critério populacional.

Vejamos: Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos

15

membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: (...) IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observado o limite máximo de: (...)

a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze mil) habitantes;

b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes;

c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes;

d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) habitantes;

e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte mil) habitantes;

f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento sessenta mil) habitantes;

(...)

Nota-se, da leitura do citado dispositivo constitucional,

que a Carta Magna jamais assumiu a preocupação de estabelecer de forma explícita o número de vereadores que cada município brasileiro deveria comportar.

Em verdade, o texto constitucional, apenas estabeleceu

um parâmetro de proporcionalidade para a fixação da quantidade de vereadores nos municípios brasileiros, correlacionando o número da população ao quantum máximo de vereadores possível de compor as Câmaras Municipais.

16

Em Francisco Beltrão, observamos que a Emenda à Lei Orgânica que alterou a redação do art. 10 deste texto apenas repetiu as diretrizes consagradas na Carta Magna, sem, contudo, delimitar o número exato de vereadores que deveria compor a Câmara Legislativa.

Todavia, destacamos, logo de início, que a alteração do número de cadeiras da Câmara- mesmo quando decorrente da eventual necessidade de adequação do texto da Lei Orgânica á atual redação da Constituição - somente poderia ter ocorrido através da alteração da própria Lei Orgânica.

Não obstante isso, verificamos que o aumento do

número de vereadores deste Município ocorreu mediante simples Resolução, com fundamento no art. 37, XI, da Lei Orgânica.

Entretanto, não se deve aceitar que a nova redação do

artigo 10 da Lei Orgânica de Francisco Beltrão possa ter autorizado o Poder Legislativo Municipal a alterar o número de vereadores por meio de simples Resolução, uma vez que a própria Constituição Federal determinou, de forma expressa, que a fixação do número de vereadores ocorrerá mediante alteração da Lei Orgânica.

Ora, nesta hipótese, o Poder Judiciário deve exercer um controle formal de constitucionalidade sobre o ato normativo exarado pelo Poder Legislativo local, observando-se nítida afronta ao processo legislativo estabelecido na Constituição para a produção de emenda à Lei Orgânica.

A propósito, torna-se oportuno esclarecermos que o

processo legislativo consiste “no conjunto coordenado de disposições que disciplina o procedimento a ser obedecido pelos órgãos competentes na produção das leis e atos normativos que derivam diretamente da própria Constituição (...). O respeito ao devido processo legislativo na elaboração das espécies normativas é um dogma corolário à observância dos princípio da legalidade consagrado constitucionalmente uma vez que ninguém será

17

obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa se não em virtude de espécie normativa devidamente elaborada pelo Poder competente segundo as normas de processo legislativo constitucional (...) As regras básicas de processo legislativo previstas na Constituição Federal como modelos obrigatórios às Constituições Estaduais, declarando que o modelo estruturador do processo legislativo, tal como delineado em seus aspectos fundamentais pela Carta da República impõe, enquanto padrão normativo, de compulsório atendimento, à observância incondicional dos Estados membros. O desrespeito às normas de processo legislativo acarretará a inconstitucionalidade formal da lei ou ato normativo produzido, possibilitando pelo controle repressivo de constitucionalidade por parte do Poder Judiciário tanto pelo método difuso, quanto pelo método concentrado. Saliente-se ainda que mesmo durante o processo legislativo, os parlamentares tem o direito público subjetivo à fiel observância de todas as regras previstas constitucionalmente para a elaboração de cada espécie normativa, podendo, pois, socorrerem-se ao Poder Judiciário, via mandado de segurança.

Trata-se da aplicação do princípio da simetria que

consiste na obrigação do legislador infraconstitucional seguir fielmente as opções de organização dos poderes escolhidas pelo constituinte federal3.

Aplicando-se tal entendimento à hipótese tratada na

presente demanda, verifica-se que a questão do aumento do número de 3 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO PIAUÍ. PREVISÃO DE NECESSIDADE DE EDIÇÃO DE LEI COMPLEMENTAR. PROCESSO LEGISLATIVO. NORMAS QUE VERSAM SOBRE SERVIDOR PÚBLICO. SITUAÇÕES EM QUE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL EXIGE LEI ORDINÁRIA. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA SIMETRIA. AÇÃO JULGADA PROCEDENTE. I – A inconstitucionalidade dos preceitos impugnados decorre da violação ao princípio da simetria, uma vez que a Constituição do Estado do Piauí exige a edição de Lei Complementar para o tratamento de matérias em relação às quais a Constituição Federal prevê o processo legislativo ordinário. II – A jurisprudência reiterada desta Corte é no sentido de que o Estado-membro, em tema de processo legislativo, deve observância cogente à sistemática ditada pela Constituição Federal. Precedentes. III – Ação julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade dos incisos III, VII, VIII, IX e X, e do parágrafo único do art. 77 da Constituição do Estado do Piauí.(ADI 2872, Relator(a): Min. EROS GRAU, Relator(a) p/ Acórdão: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2011, DJe-170 DIVULG 02-09-2011 PUBLIC 05-09-2011 EMENT VOL-02580-01 PP-00001)

18

vereadores deveria ter sido submetido ao processo legislativo de emenda à Lei Orgânica Municipal e não mediante Resolução.

Cumpre enfatizar que o processo legislativo de emenda

à Lei Orgânica exigiria, necessariamente: i) quorum qualificado de 1/3 dos membros do Legislativo para iniciar o processo; ii) discussão e votação em dois (02) turnos; e; iii) quorum qualificado de 2/3 (dois terços) dos votos dos membros da Câmara para aprovação da alteração do texto (art. 39, I, c/c art. 1º, das Disposições Transitórias da Lei Orgânica).

Na hipótese em comento, todavia, não foi este o procedimento adotado, uma vez que coube a Mesa Diretora da Câmara de Vereadores proceder ao aumento em 50% (cinqüenta por cento) do número de Edis de Francisco Beltrão, mediante a reles edição da Resolução n.º 01/2011.

Sob outro viés, destacamos que a fixação do número de

vereadores não diz respeito única e exclusivamente aos interesses do Poder Legislativo mas, sim, de toda a coletividade, motivo pelo qual jamais poderia ter sido viabilizada através de Resolução.

Advertimos, nesse sentido, que os artigos 37, XI, da Lei

Orgânica4 e o 93 do Regimento Interno da Câmera de Vereadores5, estabelecem que os projetos de resolução do Plenário ou da Mesa do Poder Legislativo destinam-se a regular apenas as matéria político- 4 Art. 37 É da competência exclusiva da Câmara Municipal: (...) XI - deliberar, mediante resolução, ou decreto legislativo, conforme for o caso sobre matéria de sua competência privativa sobre assuntos de sua economia interna e nos demais casos de sua competência privativa; 5 Art. 93 – Os projetos de resolução destinam-se a regular matéria político-administrativa, de competência da Câmara Municipal e do seu exclusivo interesse interno: I – organização e regulamentação dos serviços administrativos da Câmara; II – mudança de local de funcionamento da Câmara; III – destituição da Mesa ou de qualquer dos seus componentes; IV – fixação dos subsídios dos Vereadores e da verba de representação do Presidente da Câmara Municipal; V – perda de mandato de Vereador; VI – conclusões de Comissões de Inquérito; VII – alterações do Regimento Interno.

19

administrativa de competência da Câmara Municipal e do seu exclusivo interesse interno (ali especificadas), não se podendo interpretar tão extensivamente este preceito normativo, ao ponto de considerar a resolução como instrumento adequado aos fins colimados – fixação do número de vereadores.

Relevante comentar que o Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o Recurso Extraordinário nº 172.004-2, já se manifestou sobre a matéria e nesta ocasião o ilustre ministro Marco Aurélio também defendeu que o número de vereadores de cada município deve ser necessariamente estabelecido na Lei Orgânica:

“no mérito, bem glosou a Procuradoria Geral da República. Conforme consta no caput do art. 29 da Constituição Federal, o veículo próprio à fixação do número de vereadores é a Lei Orgânica do Município. Como esclarecido nos autos, deu-se o aumento de número de vereadores de 09 para 11 mediante simples resolução(fl.14) consignando o juízo Eleitoral que tal instrumento sequer foi divulgado, razão pela qual aos partidos realizaram as respectivas convenções e registraram os candidatos tendo como base a composição da Câmara Municipal por nove vereadores.

Impossível é desprezar a regra insculpida no art. 29 no que, vinculando a aprovação da lei orgânica em dois turnos, com interstício mínimo de dez dias e ao quorum de dois terços dos membros da Câmara Municipal, cola à deliberação no tocante às mateiros a serem disciplinadas com a necessária segurança. A formalidade exsurge como essencial e, portanto, indispensável à própria valia do ato. Frise-se, por oportuno, que a hipóteses tem enquadramento na Resolução nº1.083, no que revela que, no caso do silêncio da Lei Orgânica do Município prevalece o número de cadeiras da eleição pretérita.

Muito embora do teor da decisão depreenda-se que a

forma válida de fixação das cadeiras seja preceito da Lei Orgânica do Município, provejo estes embargos declaratórios, sem, no entanto, emprestar-lhes efeito modificativo. Faço-o para dizer da irrelevância do fato de a citada lei orgânica haver previsto tal fixação pela Câmara.

20

Este dado não é suficiente, por si só, a emprestar validade à Resolução baixada porquanto implica sobrepor-se a Lei Orgânica à Lei Básica Federal. Neste sentido é o meu voto.

Ministro Torquato Jardim, votando sobre a matéria,

teve a oportunidade de ressaltar: ‘Senhor Presidente, acompanho S. Exa, mas também por outro fundamento: é que a remessa à decisão exclusiva do Legislativo, mediante Resolução, em substituição à lei, exclui do processo de gênese da norma a possibilidade de manifestação do Chefe do Poder Executivo.

No caso dos autos, peço vênia àqueles que entendem de

forma diversa para concluir que esta decisão do Tribunal Superior Eleitoral é harmônica com a Carta da República, no que exige veículo próprio para a regência da matéria – a Lei Orgânica do Município – e que, não pode ser substituída por uma simples Resolução”.

O Tribunal de Justiça do Paraná, ao apreciar a Ação

Direta de Inconstitucionalidade n.º 134.603-8, também já se manifestou pela inconstitucionalidade de Resolução ou Decreto Legislativo para fixação do número de vereadores, sufragando igualmente o entendimento de que somente a Lei Orgânica poderia fazê-lo:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE -

DECRETO LEGISLATIVO QUE FIXA NÚMERO DE VEREADORES - INCONSTITUCIONALIDADE - PREVISÃO NA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL DE QUE A QUANTIDADE DEVE SER ESTABELECIDA PELA LEI ORGÂNICA LOCAL - NÚMERO, ADEMAIS, QUE SUPERA O MÁXIMO ESTABELECIDO NA CARTA ESTADUAL, PELO CRITÉRIO POPULACIONAL - PEDIDO PROCEDENTE. É a Lei Orgânica do Município, e não resolução da Câmara Legislativa, que deve fixar o número de vereadores, com observância, ademais, do limite imposto pela Constituição Estadual em decorrência do número de habitantes.

...

21

Questiona-se a validade, em face do art. 16, inc. V, letra c, da Constituição do Estado do Paraná, de decreto da Câmara Municipal de Cornélio Procópio que estabelece em 15 (quinze) o número de vereadores para o Município de Cornélio Procópio, alterando a quantidade de 13 (treze) edis.

A inconstitucionalidade da norma em questão se revela

clara, tanto pelo aspecto formal quanto pelo aspecto material Como bem observou o ilustre Procurador ERVIN

FERNANDO ZEIDLER, a fixação do número de vereadores por meio de ato legislativo simples revela-se frontal à determinação contida no art. 16, caput, da Constituição Estadual de que se faça por meio de inserção nas disposições da Lei Orgânica local

Não pode, assim, simples decreto legislativo estabelecer

o número de cadeiras da Câmara Municipal, alterando-se a cada legislatura de conformidade com critérios de conveniência. Nesse sentido já decidiu o Supremo Tribunal Federal ao estabelecer que o número deve ser fixado mediante preceito na lei Orgânica do Município e não por meio de simples resolução do órgão legislativo, de acordo com o disposto no art. 29 da Constituição Federal.

Conforme consignado na decisão concessiva da liminar

pelo então Presidente deste Tribunal, Des. TROIANO NETO, a Constituição Estadual dispõe que o número de vereadores deve estar fixado no texto mesmo da Lei Orgânica.

22

A Constituição Estadual, no particular, não trata apenas do modo de fixação do número de vereadores. No texto da Constituição o número de vereadores deve ser preceito integrado à Lei Orgânica. Daí que a Lei Orgânica não pode remeter para outro texto normativo, como o Decreto Legislativo, com quorum de votação diferenciado, a fixação do número de vereadores da Câmara Municipal.

Desse modo, o estabelecimento do número de vereadores por meio de simples resolução revela-se contrário à norma constitucional estadual, resultando a disposição em inconstitucionalidade formal.

Por conseqüência, o desrespeito ao processo legislativo

constitucionalmente previsto para a alteração do número de vereadores mediante a alteração do próprio texto da Lei Orgânica conduz inexoravelmente à declaração de inconstitucionalidade formal do parágrafo único, do art. 10, da Lei Orgânica, e, também, da referida Resolução 01/2011, tornando ilegal a majoração do número de Vereadores de Francisco Beltrão.

V - DA NULIDADE DA SESSÃO LEGISLATIVA

Independentemente da inconstitucionalidade formal acima apontada, pondera o Ministério Público que todo o processo legislativo que viabilizou a recente emenda do artigo 10 da Lei Orgânica do Município de Francisco Beltrão deve ser reconhecido como nulo.

Nesse diapasão, cumpre-nos informar que no ano de 2002, o Ministério Público do Paraná propôs Ação Civil Pública em face dos réus JAIR LINK (ex-vereador e presidente da Câmara de Vereadores no ano de 2000) e CELMO ALBINO SALVADORI (ex-presidente da Câmara no ano de 2001 e vereador nessa legislatura) visando o reconhecimento da prática de Ato de Improbidade Administrativa que Causou Prejuízo ao Erário (contratação irregular de serviços de contabilidade e de serviços de advocatícios pela Câmara de Vereadores de Francisco Beltrão)

23

Posteriormente à longa tramitação do feito (quase uma década), o Poder Judiciário de Primeira e Segunda Instância, reconheceram a nulidade do contrato celebrado entre o vereador CELMO ALBINO SALVADORI e contador JOÃO CARLOS BUSATTA, havendo o então Presidente da Câmara sido condenado pela de ato de improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário e que afronta os princípios que regem a Administração Pública, concomitantemente.

O vereador CELMO ALBINO SALVADORI, especificamente, foi condenado a: i) ressarcir dos danos decorrentes da contratação do réu JOÃO CARLOS BUSATTA, em solidariedade com esse; ii) pagamento de multa civil no valor equivalente a duas vezes o valor a ser ressarcido; iii) perda da função pública que eventualmente estiver exercendo; iv) suspensão dos direitos políticos pelo prazo de 05 (cinco) anos; v) proibição de contratação com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual sejam sócios majoritários, pelo prazo de 05 (cinco) anos

Esta decisão, frise-se, transitou em julgado para CELMO SALVADORI em julho de 2011, razão pela qual, a partir deste momento, ele já estava impossibilitado de exercer seus direitos políticos - ativa ou passivamente (art. 37, parágrafo 4º, da CRFB).

Ante este quadro, torna-se forçoso reconhecer que todo

o processo legislativo do qual participou CELMO SALVADORI está eivado de nulidade, uma vez que este parlamentar jamais poderia ter assinado o Projeto de Emenda à Lei Orgânica, participado de sua discussão e votação, e, finalmente, contribuído para edição da Resolução n.º 01/2011.

Nulo, destarte, todos os processos legislativos que deram origem a nova redação do art. 10 da Lei Orgânica do Município de Francisco Beltrão e à citada Resolução.

VI - DA LESÃO AO PATRIMONIO PÚBLICO

24

Sob este aspecto, observamos que o prejuízo ao erário resume-se no fato de que a partir do momento em que houve o inconstitucional aumento do número de vereadores em Francisco Beltrão, a Fazenda Pública do Município estará obrigada a arcar com o custo de todas as despesas públicas inerentes a esta infundada majoração.

Desta forma, a despesa pública deste Município será onerada, todos os meses, inconstitucionalmente.

Inegável, portanto, a importância da presente ação e as

graves consequências patrimoniais advindas ao erário municipal, que poderá, ou não, dispor de quantia significativa para aplicação no aperfeiçoamento dos serviços público essenciais.

Salientamos, a propósito, que o Poder Legislativo local

ainda não fixou o valor dos vencimentos de seus pares para a próxima legislatura, mas, mesmo assim, torna-se possível calcular a extensão dos prejuízos que serão amargados pelo erário do Município de Francisco Beltrão, tomando-se como parâmetro os atuais subsídios dos parlamentares.

Nesta legislatura, cada vereador aufere um subsídio

mensal de R$ 4.411,63 (quatro mil quatrocentos e onze reais e sessenta e três centavos), conduzindo-se a uma conclusão lógica de que cada edil recebe, anualmente, R$ 52.939,56 (cinqüenta e dois mil, novecentos e trinta e nove reais e cinqüenta e seis centavos), além de outras vantagens, tais como eventuais diárias, o que nos leva à triste realidade de que o Município, apesar das inúmeras carências que enfrenta, vem mensalmente despendendo grande soma de recursos públicos com o pagamento de 05 (cinco) vereadores a mais do que o limite permitido na Constituição Federal.

Ocorre, todavia, que diante de tudo o que já restou

acima exposto, esse incremento da despesa pública é inconstitucional e

25

ilegal, representando, assim, um gasto, somente a título de salários e sem nenhuma incidência de juros e/ou correção, de R$ 264.697,80 (duzentos e sessenta e quatro mil, seiscentos e noventa e sete reais e oitenta centavos), por ano, significando ainda, o valor de R$ 1.058.791,20 (um milhão, cinqüenta e oito mil, setecentos e noventa e um reais e vinte centavos) no período compreendido por uma legislatura completa, ou seja, a cada 04 (quatro) anos.

Como cediço, o contribuinte está cansado de pagar

tantos tributos sem constatar resultados satisfatórios na administração pública. Todos reclamam. Alguma providência precisa ser tomada para a diminuição dos gastos públicos desnecessários, especialmente na desmedida proliferação de cargos e funções públicas e, consequentemente, remuneração por normas inconstitucionais.

Num país como o Brasil, em que as dificuldades sociais

são evidentes, desde a falta de estrutura básica até a inexistência de recursos financeiros para muitas das famílias brasileiras, as quais, simplesmente, ficam à margem da sociedade organizada e muito distante daquela chamada "dignidade da pessoa humana", qualquer gasto em excesso representa um empobrecimento ainda maior, sem falar no desvio de recursos públicos, que poderiam gerar mais saúde, transporte, alimentação, educação, entre outras necessidades vitais para o ser humano.

Nesse contexto, a inconstitucionalidade observada na

Lei Orgânica significa um evidente prejuízo à população beltronense que certamente é quem pagará as despesas com a manutenção de um maior número de vereadores no município.

VII - DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

As tutelas de urgência surgem no Direito Adjetivo contemporâneo como medidas indispensáveis à efetividade do processo, nas quais o Estado, abrindo mão de parcela da segurança jurídica, presta imediatamente a tutela jurisdicional com base em

26

juízo de aparência. A propósito escreve TEORI ALBINO ZAVASCKI:“Em

casos que tais, insuficientes que são os mecanismos ordinários da prestação da tutela, faz se mister, para que não fique comprometida a eficácia da função jurisdicional monopolizada pelo Estado, a adoção de

medidas acautelatórias.”

Consoante a lição de JOSÉ CARLOS BARBOSA MOREIRA, ao se referir à tutela preventiva dos interesses coletivos ou difusos, “se a justiça civil tem aí um papel a desempenhar, ele será necessariamente o de prover no sentido de prevenir ofensas a tais interesses, ou de pelos mesmos fazê-las cessar o mais depressa possível e evitar-lhes a repetição; nunca o de simplesmente oferecer aos interessados o pífio consolo de uma indenização que de modo nenhum os compensaria adequadamente do prejuízo acaso sofrido, insuscetível de medir-se com o metro da pecúnia.” (In: Temas de direito processual. São Paulo: Saraiva, 1988, p. 24/35).

Nesse sentido, observamos que o art. 12 da Lei n.º 7.347/85 é expresso ao estabelecer que o “poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia”, e, que o art. 273, I, do Código de Processo Civil faculta ao juiz “antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação ção”

Ora, a verossimilhança das alegações é facilmente extraída das argumentações expendidas na presente inicial, bem como das peças de informação que a instruem, já que está patente a inconstitucionalidade da Lei Orgânica (parágrafo único do art. 10) e da Resolução que acabou por majorar o número de vereadores em Francisco Beltrão, e, também, a nulidade de todo o processo legislativo que a elaborou.

27

O fundado receio de dano irreparável à coletividade e ao patrimônio público do Município de Francisco Beltrão também está presente porque o inconstitucional e ilegal aumento do numero de vereadores imposto neste município acarretará despesas carecedoras de fundamentação constitucional e legal.

Ora, a República Federativa do Brasil constitui-se em

um Estado Democrático de Direito, não se podendo de forma alguma admitir que uma prática inconstitucional e ilegal possa onerar os cofres públicos municipais, obrigando-o a realizar despesas públicas que não possam ser justificadas no ordenamento jurídico pátrio e que, futuramente, não poderão mais ser objeto de ressarcimento para o erário em razão de sua natureza alimentar.

Sob outro viés, pontuamos que o fundado receio de

dano irreparável também pode ser observado a partir do momento em que antevemos a aproximação das eleições municipais de 2012. Ora, no atual arcabouço normativo, há enorme instabilidade jurídico-eleitoral, impondo-se que o Poder Judiciário se manifeste sobre a forma correta de fixação do número de vereadores em Francisco Beltrão para que os possíveis candidatos, partidos políticos e a comunidade em geral já possam se articular e o processo eleitoral possa transcorrer de forma serena e segura.

Registramos, mais uma vez, que o Ministério Público

tentou compor a situação de forma consensual junto ao Poder Legislativo local, mas este se manteve impassível e insensível de todas as manifestações públicas e argumentações jurídicas já relatadas.

Assim, o Ministério Público requer a concessão de

tutela antecipada para evitar que o Poder Legislativo possa proceder ao aumento do numero de vereadores, com base em textos legais inconstitucionais, devendo-se, portanto, manter o atual número de vereadores do Município, ou seja, 10 (dez) vagas.

28

VIII - DO PEDIDO Ante as razoes de fato e de direito acima expostas,

protesta o Ministério Público pela: a) A concessão da ANTECIPAÇÃO DA TUTELA para o

fim de: I- reconhecer a nulidade do processo legislativo da Emenda à Lei Orgânica nº 17/2011, bem como da Resolução nº 01/2011, da Câmara Municipal de Francisco Beltrão, diante de sua incompatibilidade vertical com o art. 29, caput, da Constituição Federal, e, também, diante da interveniência de vereador com direitos políticos suspenso durante todo o seu processo de elaboração; II- determinar que o Poder Legislativo Municipal se abstenha de aumentar o número de vereadores com base no art. 10, parágrafo único, da Lei Orgânica Municipal e/ou na Resolução nº 01/2011, enquanto não houver adequação da legislação municipal ao texto constitucional;

b) a citação da parte ré, na pessoa da sua Presidente,

ATANAZIA HELLMANN PEDRON, para apresentar defesa no prazo legal, bem como do Município de Francisco Beltrão, na pessoa de sua representante legal, para querendo, manifestar-se na presente ação civil pública;

c) A PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS da presente ação,

para o fim de: I- declarar a nulidade dos processos legislativos da Emenda à Lei Orgânica nº 17/2011 e da Resolução nº 01/2011, da Câmara Municipal de Francisco Beltrão, diante de sua inconstitucionalidade, por afronta ao art. 29, caput, da Constituição Federal; II- determinar que o Poder Legislativo Municipal se abstenha de aumentar o número de vereadores com base no art. 10, parágrafo único, da Lei Orgânica Municipal e/ou na Resolução nº 01/2011, devido à mencionada inconstitucionalidade, enquanto não houver adequação da legislação municipal ao texto constitucional, ou seja, via emenda à Lei Orgânica do Município de Francisco Beltrão; III - determinar que a Câmara de Vereadores de Francisco Beltrão fixe o número adequado de Vereadores através de emenda à Lei Orgânica.

29

d) Requer, ainda, a produção, se necessárias, de todas as provas

em direito admitidas, notadamente pericial, oral e documental, sem prejuízo dos documentos ora juntados.

e) Requer, finalmente, concedida a Liminar, seja

oficiado ao E. Juízo Eleitoral desta Comarca, para conhecimento e determinação de republicação pela Imprensa Oficial a propósito da proibição que se pretende impor ao Poder Legislativo Local para aumentar o número de Vereadores em Francisco Beltrão com base nas já referidas normas inconstitucionais (art. 10, parágrafo único da Lei Orgânica e Resolução n.º 001/ 2011 da Câmara de Vereadores).

f) A condenação da requerida nas cominações cabíveis

à espécie. Dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais),

para todos os efeitos. Francisco Beltrão, 04 de novembro 2011 Eduardo Alfredo de Melo Simões Monteiro Promotor de Justiça