excelente artigo de helena chagas sobre a deontologia da entrevista jornalística

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 Prof. Artur Araujo  e-mail: [email protected] / Página 1 de 2 PONTIF CIA UNIVER SIDA DE CAT LICA DE CAMPINAS CENTRO DE LINGUAGEM E COMUNICAÇÃ O FACULDADE DE JORNALISMO Decifra-me ou te devoro: a entrevista política - Excertos Helena Chagas CHAGAS, Helena. Decifra-me ou te devoro: a entrevista política. In: SEABRA, Roberto & SOUSA, Vivaldo de (Org). Jornalismo político: Teoria, história e técnicas. Rio de Janeiro: Record, 2006, p. 159-179 Entrevistar é decifrar. Um fato, uma situação, uma pessoa. É descobrir, descortinar, traz er à luz o desconhecido, o inesperado, às vezes o intuído mas nunca revelado. No dia -a-dia da cobertura política, tentamos ir sempre além do chamado declaratório, buscar os fatos cotejando verdades diversas para enfim chegar à informação de interesse público. A entrevista é ferramenta essencial nessa busca. Pode trazer uma denúncia capaz de derrubar presidentes. Pode representar, por si s ó, o fato histórico, como aquela de José Américo de Almeida a Carlos Lacerda que colocou um ponto final à censura do Estado Novo, abrindo caminho para a mudança política. Ou a entrevista pode, simplesmente, provocar a sociedade a refletir melhor sobre si mesma. Em qualqu er caso, a boa entrevista política terá colaborado de alguma forma para que o cidadão, mais informado, sinta-se habilitado a exercer seus direitos e fazer suas escolhas. Não que seja fácil. O maior problema é que nem todo mundo quer ser d ecifrado. Menos ainda em política, atividade em que discurso e palavra servem de instrumento para a construção de imagens no jogo ilusório das aparências. No jornalismo político, o papel do entrevistador é tornar claro, expor, abrir ao público ideias, informações, fatos e intenções que, muitas vezes, um agente político prefere omitir. E ele deve fazer isso sem se deixar devorar po r essas ilusões e aparências. A primeira regra básica do ofício de entrevistador, portanto, deve nascer da compreensão de que, por maiores que sejam as convergências, lealdades ou simpatias pessoais, jornalista e entrevistado estão de lados diferentes do balcão . Têm, em essência, objetivos divergentes. Um, obter informação de interesse da sociedade - e, unindo o útil ao agradável, matéria-prima para uma bela reportagem. Outro, vender o seu peixe - que, certas vezes, pode r ealmente ser muito bom, mas em outras estar deteriorado. Quem entrevista tem que cheirar e decidir se vai para a panela ou para o lixo. Mesmo na mais pacífica e cordial das entrevistas, naquela em que não se percebe nem sombra de conflito entre entrevistado-entrevistador e há entrosamento perfeito, isso deve ficar subjacente: nós aqui, eles lá. (...) A RECEITA É NÃO TER RECEITA, MAS ...  Entrevista é conversa, contato pessoal olho no olho entre entrevistado e entrevistador. Edgar Morin classifica a entrevista como uma comunicação pessoal, realizada com um objetivo de informação". Como em qualquer comunicação ou relação pessoal não existem receitas prontas para que funcione bem. Entrevistado e entrevistador muitas vezes estão se vendo pela primeira vez em outras  já se conhecem há anos. Em todos os casos, porém o ato de entrevistar e dar entrevista passa pelo convencimento e por certa dose de confiança. Exige também sensibilidade, na medida em que não se consegue captar o pensamento do outro sem tentar entendê-lo como um todo. Acho mesmo que o ato da entrevista envolve uma espécie de sedução. Sempre no melhor dos sentidos. Ora é o jornalista que está no papel de quem seduz, convencendo o outro a falar e ir mais longe do que pretendia nas revelações. Ora é o entrevistado, que tem como objetivo último de sua entrevista seduzir aqueles a que a ela tiverem acesso, convencendo-os de suas ideias, do brilhantismo de suas reflexões e da veracidade de suas infor mações - enfim, vendendo aquele peixe. Só o que não vale, para o entrevistador seduzido pelo entrevistado, é ficar a tal ponto impressionado e boq uiaberto com quem está falando que não consiga fazer as perguntas que deve. Mas, se não há receita pronta nem técnicas infalíveis para se garantir uma boa entrevista, existem procedimentos básicos que podem ajudar muito. Por exemplo:  Regra 1: Autenticidade e fidelidade - É a premissa na qual deve se basear qualquer entrevista. O entrevistado tem que ter certeza de que aquilo que está dizendo será fielmente reproduzido, sem erros ou distorções de sentido. E o leitor tem que saber que aquela entrevista que está lendo é autêntica, isto é, que o sujeito foi entrevistado e disse realmente aquilo. (...)  Regra 2: Clareza e objetividade - Em qualquer entrevista, sobre qualquer assunto, com qualquer pessoa, o jornalista deve fazer perguntas claras, curtas e isentas. Na entrevista política, não pode passar a impressão nem de que está levantando a bola para o entrevistado,  permitindo que ele fale apenas do que quer ou se desvie do assunto em questão, e nem de que está tentando induzi-lo a dizer qualquer coisa que não queira. A pergunta também não pode dar a oportunidade para que o entrevistado saia pela tangente e não responda nada. (...)  Regra 3: Preparação - É preciso estudar o assunto ou assuntos que serão abordados e conhecer o perfil do entrevistado. Disso depende o sucesso da entrevista. Ao mesmo tempo, é preciso incluir no roteiro aquelas perguntas que atendam à curiosidade do leitor/ouvinte/telespectador. Você tem obrigação de conhecer o tema. Ele não. (...)  Regra 4: Quem é quem - Entrevista não é debate de ideias de igual para igual entre entrevistador e entrevistado. Lembre-se: quem está ali para falar é ele. Ainda que você discorde do que está sendo dito e tenha concepções diferentes a respeito do tema, abstenha-se de

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8/2/2019 Excelente artigo de Helena Chagas sobre a deontologia da entrevista jornalística

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Prof. Artur Araujo  –e-mail: [email protected] / Página 1 de 2

PONTIF CIA UNIVERSIDADE CAT LICA DE CAMPINASCENTRO DE LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO

FACULDADE DE JORNALISMO 

Decifra-me ou te devoro: a entrevista política- Excertos

Helena Chagas

CHAGAS, Helena. Decifra-me ou te devoro: a entrevista política. In: SEABRA, Roberto &SOUSA, Vivaldo de (Org). Jornalismo político: Teoria, história e técnicas. Rio de Janeiro: Record,

2006, p. 159-179 Entrevistar é decifrar. Um fato, uma situação, uma pessoa. É descobrir, descortinar, trazer à

luz o desconhecido, o inesperado, às vezes o intuído mas nunca revelado. No dia-a-dia da coberturapolítica, tentamos ir sempre além do chamado declaratório, buscar os fatos cotejando verdadesdiversas para enfim chegar à informação de interesse público. A entrevista é ferramenta essencialnessa busca. Pode trazer uma denúncia capaz de derrubar presidentes. Pode representar, por si só, ofato histórico, como aquela de José Américo de Almeida a Carlos Lacerda que colocou um pontofinal à censura do Estado Novo, abrindo caminho para a mudança política. Ou a entrevista pode,simplesmente, provocar a sociedade a refletir melhor sobre si mesma. Em qualquer caso, a boa

entrevista política terá colaborado de alguma forma para que o cidadão, mais informado, sinta-sehabilitado a exercer seus direitos e fazer suas escolhas.

Não que seja fácil. O maior problema é que nem todo mundo quer ser decifrado. Menosainda em política, atividade em que discurso e palavra servem de instrumento para a construção deimagens no jogo ilusório das aparências. No jornalismo político, o papel do entrevistador é tornarclaro, expor, abrir ao público ideias, informações, fatos e intenções que, muitas vezes, um agentepolítico prefere omitir. E ele deve fazer isso sem se deixar devorar por essas ilusões e aparências.

A primeira regra básica do ofício de entrevistador, portanto, deve nascer da compreensão de que, por maiores quesejam as convergências, lealdades ou simpatias pessoais, jornalista e entrevistado estão de lados diferentes do balcão . Têm, emessência, objetivos divergentes. Um, obter informação de interesse da sociedade - e, unindo o útil ao agradável, matéria-prima parauma bela reportagem. Outro, vender o seu peixe - que, certas vezes, pode realmente ser muito bom, mas em outras estar deteriorado.Quem entrevista tem que cheirar e decidir se vai para a panela ou para o lixo. Mesmo na mais pacífica e cordial das entrevistas,naquela em que não se percebe nem sombra de conflito entre entrevistado-entrevistador e há entrosamento perfeito, isso deve ficar

subjacente: nós aqui, eles lá.(...)A RECEITA É NÃO TER RECEITA, MAS ...  Entrevista é conversa, contato pessoal olho no olho entre entrevistado e entrevistador. Edgar Morin classifica a entrevista

como “uma comunicação pessoal, realizada com um objetivo de informação". Como em qualquer comunicação ou relação pessoal nãoexistem receitas prontas para que funcione bem. Entrevistado e entrevistador muitas vezes estão se vendo pela primeira vez em outras

 já se conhecem há anos. Em todos os casos, porém o ato de entrevistar e dar entrevista passa pelo convencimento e por certadose de confiança. Exige também sensibilidade, na medida em que não se consegue captar o pensamento do outro sem tentarentendê-lo como um todo. Acho mesmo que o ato da entrevista envolve uma espécie de sedução. Sempre no melhor dos sentidos. Oraé o jornalista que está no papel de quem seduz, convencendo o outro a falar e ir mais longe do que pretendia nas revelações. Ora é oentrevistado, que tem como objetivo último de sua entrevista seduzir aqueles a que a ela tiverem acesso, convencendo-os de suasideias, do brilhantismo de suas reflexões e da veracidade de suas informações - enfim, vendendo aquele peixe. Só o que não vale, parao entrevistador seduzido pelo entrevistado, é ficar a tal ponto impressionado e boquiaberto com quem está falando que não consiga

fazer as perguntas que deve.Mas, se não há receita pronta nem técnicas infalíveis para se garantir uma boa entrevista, existem procedimentos básicos que

podem ajudar muito. Por exemplo: Regra 1: Autenticidade e fidelidade - É a premissa na qual deve se basear qualquer entrevista. O entrevistado tem que ter certeza de queaquilo que está dizendo será fielmente reproduzido, sem erros ou distorções de sentido. E o leitor tem que saber que aquela entrevista queestá lendo é autêntica, isto é, que o sujeito foi entrevistado e disse realmente aquilo.(...) Regra 2: Clareza e objetividade - Em qualquer entrevista, sobre qualquer assunto, com qualquer pessoa, o jornalista deve fazer perguntasclaras, curtas e isentas. Na entrevista política, não pode passar a impressão nem de que está levantando a bola para o entrevistado, permitindo que ele fale apenas do que quer ou se desvie do assunto em questão, e nem de que está tentando induzi-lo a dizer qualquer coisa que não queira. A pergunta também não pode dar a oportunidade para que o entrevistado saia pela tangente e não responda nada.(...) Regra 3: Preparação - É preciso estudar o assunto ou assuntos que serão abordados e conhecer o perfil do entrevistado. Disso depende osucesso da entrevista. Ao mesmo tempo, é preciso incluir no roteiro aquelas perguntas que atendam à curiosidade doleitor/ouvinte/telespectador. Você tem obrigação de conhecer o tema. Ele não.(...) Regra 4: Quem é quem - Entrevista não é debate de ideias de igual para igual entre entrevistador e entrevistado. Lembre-se: quem estáali para falar é ele. Ainda que você discorde do que está sendo dito e tenha concepções diferentes a respeito do tema, abstenha-se de

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verbalizar suas opiniões. Utilize o que você sabe para questionar o entrevistado. E é bom lembrar que ele é o dono da entrevista até a publicação, ou edição para ir ao ar.(...) Regra 5: Sem inibições - É possível perguntar tudo, mas tudo mesmo, a um entrevistado. Até mesmo se ele roubou ou cometeu qualquer outro delito. Mas com dois cuidados: o primeiro, educação o segundo, que a pergunta seja pertinente, coerente com os objetivos daentrevista.(...) Regra 6: Contexto - As condições em que foi feita a entrevista devem estar sempre claras para o leitor/ouvinte/telespectador. O local, oclima, as circunstâncias em que foi concedida a entrevista são informações que ajudam a compreender melhor quem é o entrevistado,quais são suas razões, como e por que se chegou a ele. É uma espécie de making of que ajuda o leitor/ouvinte/ telespectador a compor melhor o quadro.(...) Regra 7: Muito cuidado com entrevistas em off  - É preciso separar sempre, em qualquer ocasião, informação de opinião. Quando uma fonte dá informações off the records, não está dando do entrevista. A informação pode ser checada e usada para se elaborar uma matéria,respeitando-se o anonimato da fonte. Opiniões e análises, porém, só em on, com assinatura embaixo, em entrevista.(...) Regra 8: Entrevista ao vivo precisa ter técnica, ritmo, objetividade - É preciso deixar o entrevistado relaxar antes de encaixar as perguntas mais difíceis. Evitar perguntas do tipo "o senhor acha isso ou aquilo", que dão alternativas para o entrevistado. As perguntasdevem ser secas, curtas e diretas. Ele que se vire para responder.(...) Regra 9: Coletiva não é bagunça - Deve ser organizada, de preferência em um local em que todos possam sentar-se e fazer as perguntas

em ordem. Nas entrevistas formais de chefes de Estado e de Governo e outras autoridades, o ideal é que a ordem das perguntas sejadefinida por sorteio. Mas ní10 é obrigatório. Na Casa Branca, por exemplo, o presidente ou quem estiver dando o bríefing costumaescolher quem vai fazer pergunta entre os jornalistas que levantam o braço.(...)QUANDO A ENTREVISTA É O FATO POLÍTICOO sonho de todo repórter político é fazer uma entrevista que tenha o impacto daquela de Carlos Lacerda com José Américo

de Almeida, um marco na história do jornalismo político no país. Publicada no Correio da Manhã de 22 de fevereiro de 1945, e em OGlobo do dia seguinte, a entrevista rompeu a censura à imprensa instaurada pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) eteve repercussão tal que acelerou a derrubada da ditadura do Estado Novo, já abalada ao final da 2a Guerra Mundial. Ex-ministro deGetúlio, com quem rompeu após a decretação do Estado Novo em 1937, o político e romancista José Américo usou sua autoridademoral para denunciar uma tentativa de Getúlio de perpetuar-se mais tempo no poder. Com toda a sua credibilidade, soltou o verbo. “Épreciso que alguém fale, e fale alto, e diga tudo, custe o que custar."

Não teve formato pingue-pongue e nem aquele distanciamento imposto pela escola da objetividade do jornalismo moderno

essa que foi uma das entrevistas mais célebres de nossa história. O texto brilhante de Lacerda era opinativo, e entremeava afirmaçõesde José Américo com observações próprias. Vale lembrar um trecho do repórter: "O senhor José Américo é uma força telúrica.Parece, realmente, um homem profundamente enraizado na terra. A sua emoção, hoje fortalecida pelo ostracismo e pela dignidadecom que soube esperar, ressurge agora como força concentrada da longa meditação sobre os homens e os fatos do país. Não existeamargura, antes alegria, ainda que discreta, nas suas palavras. E ele se prepara, com indisfarçável orgulho, para enfrentar asconsequências de suas atitudes, considerando necessário falar agora, nunca depois deste momento."

De lá para cá, a imprensa e os políticos mudaram muito. As leis da objetividade fariam um editor ou redator depenar o textode Lacerda, excluindo adjetivos e impressões pessoais. Talvez tivessem também tentado enquadrar o próprio José Américo. Hoje, defato, dificilmente escreveríamos a entrevista dessa forma para um dos atuais jornais. Vivemos outro momento histórico, cultural,social e político. Mas temos que convir que boa parte da força da entrevista de José Américo resulta também do engajamento deLacerda, um ferrenho antigetulista. E assim ocorre com outros depoimentos que fizeram história.

(...)QUANDO A ENTREVISTA AJUDA A ENTENDER A HISTÓRIA

A entrevista política também é importante do ponto de vista histórico mesmo quando não faz revelações bombásticas. É umtipo de entrevista mais analítica, normalmente extensa, rica em bastidores e revelações sobre determinados episódios ou períodos quenos permite melhor entendê-los. Acaba tomando-se documento de uma época quando personagens históricos como ex-presidentes eoutros protagonistas de fatos decisivos resolvem falar e apresentar suas versões dos fatos, preencher lacunas, repor verdades - ou, pelomenos, as suas verdades. Nesses casos, quanto maior costuma ser o distanciamento temporal do personagem dos fatos narrados, maisfácil se obter franqueza e isenção. Ainda assim, é interessantíssimo, anos depois, ler relatos e impressões dados no calor dosacontecimentos.

É o caso de uma das primeiras entrevistas publicadas na imprensa brasileira. É de um magoado José Bonifácio de Andrada eSilva, o Patriarca da Independência, falando ao Tamoio, em setembro de 1823, pouco antes de ser preso e mandado para o exílio,explicando sua recente demissão depois de desentendimentos com D. Pedro I. Um trecho:

Vossa mercê bem sabe que eu tive a desgraça de ser o primeiro brasileiro a ser ministro de Estado: isto não podia passar pela goela doseuropeus, e o que é pior, nem pela de muitos brasileiros. Ajunte a isso que fui também o primeiro que trovejei nas alturas da Paulicéiacontra a perfídia das cortes portuguesas; o primeiro que preguei a Independência e a liberdade do Brasil (mas uma liberdade justa e

sensata debaixo das formas tutelares da Monarquia Constitucional); e nisto estou firme ainda agora, exceto se a salvação e Independência do Brasil exigir imperiosamente o contrário, o que Deus não permita ...