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Resumo de Filosofia para os Exames NacionaisCarlota Cabral Braga
Teorias sobre o livre-arbtrio:
O determinismo a base da conceo cientifica da natureza pois, se cada acontecimento no mundo
decorre necessariamente da serie de acontecimentos que o antecederam, ento nunca poderia dar-se o
caso de, tendo ocorrido o fenmeno X, que a causa de Y, este ultimo no ocorrer.
a) Determinismo Radical (incompatibilismo)Segundo o determinismo radical tambm as nossas aes esto relacionadas causalmente aos impulsos,
traos de carcter e experiencias que caracterizam a personalidade. Por isso, os seres humanos no tem
livre-arbtrio.
Portanto, incompatvel (incompatibilismo) com um mundo regido por leis, onde os acontecimentos se
sucedem em cadeias causais.
b) IndeterminismoJ segundo a fsica contempornea (mecnica quntica) impossvel prever o comportamento de um
dado sistema de partculas, pois elas comportam-se de uma maneira num momento e de outra maneira
no momento seguinte, sem que se possa encontrar a causa dessa mudana.
Assim sendo, podemos admitir que p indeterminismo que rege o mundo das micropartculas tambm se
aplica vontade humana.
c) Determinismo Moderado (compatibilismo)O determinismo moderado parte do conceito comum de liberdade e da convico que todos temos de
que, no existindo constrangimentos que o impeam, poderamos ter feito outra coisa, se assim o
tivssemos escolhido.
Assim, aceita a ideia de que, no mundo material, todos os fenmenos so causalmente relacionados e
que a vontade humana, sendo igualmente determinada, no entanto livre quando no for constrangida,isto , quando no for obrigada a escolher uma dada opo sob a ameaa de uma arma, por exemplo.
d) LibertarismoOs libertaristas consideram que as nossas aes nem so causalmente relacionadas nem aleatrias.
Partindo do pressuposto dualista de que o mundo material e a ao humana so de natureza diferente,
concluem que tambm se regem por leis diferentes e por essa razo, as leis que regem os fenmenos
corporais no se aplicam aos fenmenos mentais.
Embora as caractersticas psicolgicas do sujeito imponham limitaes ao livre-arbtrio, o ser humano
pode escolher e agir livremente de acordo com a escolha que faz. na mente que tm lugar os estados
mentais, e uma vez que a mente no uma entidade fsica, no est sujeita causalidade natural.
Em suma
Determinismo Radicalafirma que todos os acontecimentos , inclusive as opes humanas,
so causados por acontecimentos anteriores.
Indeterminismoafirma que as nossas aes no so determinadas
Determinismo Moderadoafirma que tudo no mundo natural determinado mas algumas
aes humanas so livre, por serem determinadas mas no constrangidas
Libertarismoafirma que todas as aes humanas resultam de deliberaes racionais e podemalterar o curso dos acontecimentos no mundo
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Resumo de Filosofia para os Exames NacionaisCarlota Cabral Braga
A proposta de John Searle
Livre-arbtrio e determinismo
ProblemaComo conciliar a convico humana de ter liberdade com as concees cientficas?
Tema: livre-arbtrio e determinismoObra :Mente, Crebro e Cincia, captulo VI
Percurso argumentativo do autor:
1) A refutao do compatibilismoa) Identificaodo problemab) Formulao da hiptesecompatibilistac) Refutaodo compatibilismo
2) Demonstrao da tese do autor1) A refutao do compatibilismo:
a) Identificao do problema (um dilema filosfico) Nema fsica clssicanem a fsica contemporneapermitem admitir que a vontade humana seja
livre
A liberdade humana e um facto da experiencia da nossa experienciaa certeza de que, no caso de uma opo, poderamos ter feito outra O nosso comportamentono previsvelcomo o comportamento de uma esfera num plano
inclinado
Poderamos ter agido de um modo diferente do modo como agimos
b) Formulao da hiptese compatibilista O livre-arbtrio humano compatvel com a conceo determinstica, pois tudo no mundo
natural determinado mas algumas aes humanas so livres, por serem determinadas mas
no constrangidas.
c) Refutao do compatibilismo1 momento: Reformulao do problema
O compatibilismo parte de uma formulao errada do problema No se trata de saber se h ou no razespsicolgicas ou compulses internas e causas fsicas
externas para agir
Trata-se de saber se essas causas nos levam a faze-lonecessariamenteQuesto:Poderia uma pessoa ter agido de outro modo no caso de permanecerem idnticas todas as
outras condies?
O compatibilismo responde: NOIsto implica a negao da tese da compatibilidade entre livre-arbtrio e determinismo. Ento, temos deconcluir que a formulao correta do problema conduz negao da liberdade da vontade
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Dualismo / Monismo:
Dualismoafirma que h duas substancias ou essncias diferentes no universo (matria e
espirito), e que os fenmenos mentais no so fenmenos fsicos
O erro de Descartes:
Segundo Antnio Damsio, Descartes errou ao defender o dualismo entre a conscincia e o corpo.
Argumentos de Searle:
1) a conceo de liberdade humana est essencialmente ligada conscinciae s atribumosliberdade ao seres conscientes
2) temos experiencia da conscincia; um fator essencial d existncia especificamente humanaConscincia uma qualidade da mente que engloba qualificaes como a subjetividade,
autoconscincia, a capacidade de se perceber a si mesmo e a relao entre si o ambiente
3) atribumos liberdade somente ao seres conscientes capazes de realizar aes voluntarias eintencionais, ou seja, caracterizadas pela intencionalidade
intencionalidade
a caracterstica pela qual os nossos atos mentais se dirigem ou se referem a objetos e estados de coisas
do mundo diferentes deles mesmos. (Searle )
a direccionalidade da conscincia para um qualquer objeto
4) temos experiencia da subjetividade dos nossos estados mentais(domnio a que s cada individuo tem acesso)
5) isso chocacom a pretenso da Cincia de ser completamente objetiva6) Apesar de no sabermos como resolver o problema da causalidade mental
(no sabermos explicar como que os nossos sentimentos e pensamentos exercem um efeito
causal sobre o mundo fsico)
7) Temos experienciada liberdade(isto , a convico de que a ao resultado da nossa deciso, e de que somos nos que
fazemos isso acontecer)
Concluso de Searle:
Portanto,as aes humanas so resultado de deliberaes racionais e podem alterar o curso dos
acontecimentos no mundo
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Tese de Searle:
1) injustificvel a afirmao de que o nosso comportamento psicologicamente compulsivo; asprovas existentes sugerem que o determinismo psicolgico falso
2) H livre-arbtrio;os fatores psicolgicos que operam em mim nem sempre ou mesmo em geral, no meimpelem a comportar-me de uma maneira particular; muitas vezes eu, falando em termos
psicolgicos, poderia ter feito algo de diferente daquilo que efetivamente fiz
3) A liberdade da vontade um facto;a evoluo deu-nos uma forma de experiencia da ao involuntria onde o sentido de
possibilidade de alternativas, est inserido na genuna estrutura do comportamento humano
consciente, voluntario e intencional
Apesar da liberdade ser incompatvel com o determinismo e de no a podermos explicar.
Em suma:
Segundo John Searle, no possvel conciliar a questo da liberdade com a questo do determinismo,
pois se por um lado tudo aquilo que sabemos sobre a fsica nos fora a negar a liberdade humana,
tambm verdade que as nossas prprias escolhas, as nossas decises, raciocnios e cogitaes
parecem provar a liberdade da nossa vontade. Para ele a convico na liberdade humana ocorre graas
experiencia de nos empenharmos em aes humanas, voluntarias e intencionais. No fundo a
experiencia da liberdade uma componente essencial de qualquer caso do agir com uma inteno, por
isso, no caso tpico da ao intencional no existe modo algum de erradicarmos a convico de
liberdade porque esta est inserida em toda a ao intencional normal e consciente.
Organograma concetual (Teses sobre o livre-arbtrio)
Incompatibilismooudeterminismo radical Indeterminismo
Compatibilismooudeterminismo
moderadoLibertarismo
O livre arbtrio incompatvel com a
conceo de um mundoregido por leis causais
Acontecimentos comoestados mentais so
aleatrios (sem causa)
Leis causais regem omundo; a aohumana livre:
determinada masno constrangida
As escolhas humanasno so determinadas
nem aleatrias.Resultam da
deliberao racionaldo agente
A liberdade humana uma liberdade limitada e condicionada.
Nos no somos livres de escolher aquilo que nos acontece, mas somos livres para responder desta ou
daquela maneira ao que nos acontece.
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A necessidade de fundamentao da moral anlise comparativa de duas perspetivas filosficas
Problema:
qual o fundamento da moralidade ?
qual o critrio para avaliar a moralidade das aes?
Para responder a estas questes , vamos estudar duas teorias:
1) Uma diz que o critrio o respeito pelos princpios teoria deontolgica2) A outra diz que o critrio so as suas consequncias teoria consequencialista ou utilitarista
Uma teoria deontolgica: a tica racional de Kant
Problema:
O que torna as aes boas ou ms ?
Qual o critrio para as avaliar ?
Legalidade e Moralidade:
A tica defendida por Kant um dos exemplos mais representativos de uma teoria
deontolgica. Segundo ele, o que torna a ao moral boa no o medo de ser descoberto, mas o
respeito pelo comportamento assumido porque esse o dever. Somente a inteno de respeitar o
dever confere ao valor moral.
moralidade e apresenta um critrio para avaliar a moralidade das aes.
Quando e em que circunstncias uma ao boa ? A ao boa ser a que respeita as regras ?
Kant afirma que se aes esto em conformidade com a norma, mas a opo do agente foi por interesse,por gostar de viver (por exemplo), e no por dever, estas so, ento, aes legais ou boas(legalidade).
Uma ao moral ou moralmente boa (moralidade), ento, uma ao que est em conformidade com a
norma e na qual, alem disso, a opo do agente no foi por inclinao, mas por dever.
Ou seja, a moralidade das aes resulta somente do cumprimento do dever
Fica, agora, clara a distino entre legalidadee moralidade
Teorias Deontologicas
( defendida por E. Kant )
as teorias ticas que fazem depender a moralidade ouimoralidade de uma aao do respeito pelos principios
devemos agir por obediencia a regrasExemplo: para Kant, defensor de uma teoria deontologica,
mentir errado por principio, ainda que o ato de mentirresulte em beneficios
Kant pergunta: Qual a razo porque agimos de umadeterminada forma, ou seja, qual foi a inteno da ao?
(preocupa-se com os meios)
Teorias Consequencialistas
( defendida por S. Mill )
as teorias eticas que fazem depender a moralidade ouimoralidade de um aao, das suas consequencias
devemos escolher a ao que tem as melhores consequenciasglobais
Exemplo: para Stuart Mill, defensor de uma teoriaconsequencialista, mentir pode, no limite, justificar-se emfuno das consequencias
Stuart Mill pergunta: queconsequencias resultaro das nossasaes?
(preocupa-se com os fins)
Deontologiadesigna a teoria
moral do dever; refere-se
tambm ao conjunto de deveres
de um grupo profissional
Realizado em conformidade com o dever Realizado por dever (autonomia)
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O ideal moral: tornar a vontade boa
Porque que esta distino entre a moralidade e a legalidade importante ?
importante porque s a moralidade manifesta a racionalidade, de que depende a dignidade humana
e o seu valor absoluto.
Ento porque que o ser humano no escolhe sempre a racionalidade ?Porque a vontade, a quem compete escolher e decidir realizar a ao, pode ser influenciada por aquilo a
que Kant chama de disposies.
Estas disposiesso para a :
Animalidade Humanidade Personalidade
Enquanto ser vivo; (a naturezaem nsinclinaes enecessidades sensveis)
Enquanto ser vivo e , ao mesmotempo, ser racional: (influencias
da sociedade/comunidade deinteresses)
Enquanto ser racional e capazde responsabilidade:
(experiencias autoimpostas pelarazo: desprendimento e
autonomia)
Uma vez que o corpo e a razo no tem os mesmo interesses e tendncias, a vontade fica sujeita aos
conflitos entre os diferentes tipos de disposies e dividida entre o dever de respeitar as motivaes
provenientes da racionalidade e as inclinaes e necessidades sensveis por dever, torna a nossa
vontade
A vontade pode e tem de escolher ( o que se chama livre-arbtrio), mas nem sempre escolhe o dever,
isto , a moralidade.Somente a escolha do dever por dever, torna a nossa vontade uma vontade boa.
por esta razo que Kant prope como ideal moral que cada ser humano se esforce por transformar a
sua vontade dividida e imperfeita numa vontade boa, isto , numa vontade que somente se determine a
agir por dever.
Dever e lei moralimperativo categrico da moralidade
O que agir por dever?
determinar-se pela disposio para a personalidade, que consiste na produo de leis a que a prpria
razo se submete.
Estas leis, tal como as leis da natureza, valem universalmente, contudo so diferentes, pois:
- Enquanto as leias naturais so descritivas(dizem como a natureza funciona), a lei moral
normativa(diz como os seres humanos se devemcomportar)
A lei moral apresenta-se sob a forma de uma imperativo categrico, isto , como uma ordem
incondicional, impondo a ao como necessria e justificando-a como fim em si mesma. Assim, o
enunciado do imperativo categrico :
Age apenas segundo uma mxima tal que possas, ao mesmo tempo, querer que ela se torne lei
universal
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Que quer isto dizer ?
Quer dizer que a regra particular que individualmente seguimos quando realizamos uma ao (a mxima)
deve ser aceite por todos os seres racionais; esta exigncia de universalizao da mxima que torna a
ao boa
Moralidade, autonomia e dignidade humana
a escolha da moralidade que permite ao ser humano tornar-se ser moral ou pessoa. Esse
novo estatuto, confere-lhe dignidade e valor absoluto.
Na obra Fundamentao da Metafisica dos Costumes, Kant, defende que a nossa vontade, na
medida em que se subordina a legislao subordinada que ela prpria elaborou, digna de respeito,
pois:
1) legisladora universal2) S tem de obedecer razo, isto , lei que impe a si mesmo, constituindo-se como sua
prpria lei
3) No est dependente das inclinaes sensveis (provenientes das disposies para aanimalidade e humanidade)
a esta propriedade da vontade de se constituir como a sua prpria lei que Kant chama autonomia
Duas coisas enchem o meu corao de admirao: o cu estrelado por cima de mim e a lei moral em
mim E. Kant
Segundo Kant, respeitar a pessoa tratar o individuo como um fim em si mesmo. O contrario, tratar a
pessoa como um instrumento ou um meio para alcanar um qualquer outro fim, instrumentalizar o ser
humano, ignorando e desprezando o seu estatuto de pessoa.
Fundamento e critrio de moralidade
Podemos agora responder s perguntas:
Qual o fundamento da moralidade das aes? Qual o critrio para avaliar a sua moralidade?
Afirmando que, para Kant:
O fundamentoda moralidade das aes a racionalidade, ou seja, a autonomia da vontade(que implica: o cumprimento do dever por dever, a independncia relativamente s disposies
para animalidade e para a humanidade e a opo pela personalidade)
O critriopara identificar uma ao como boa o carcter incondicional e universalizvel damxima que determina a escolha, ou seja, o carcter racional da lei moral
A autonomiada vontade o principio supremo da moralidade e o fundamento da dignidade e do respeito
devido ao ser moral ou pessoa
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A tica racional de Kant
Ser Humano
Disposio para a animalidade Disposio para a humanidade Disposio para a personalidade
inclinaesLei moral racional
Imperativo categrico
Ao legalCumpre a lei mas o mbil so as inclinaes
Deverrespeito absoluto pela lei moral
Ao moralpraticada unicamente por dever
Autonomia
Vontade boa(respeita a lei que a razo d a si
mesma)
Ser humano como fim em simesmo
Sem preoCom valor absoluto e dignidade
Em suma:Kant defende a existncia de uma tica deontolgica, puramente formal, livre de qualquer contedo e
independentemente da experiencia. uma tica dainteno, apenas podemos avaliar moralmente as intenes
com que as aes so praticadas e nunca as consequncias das mesmas. Uma ao para ser avaliada moralmente
tem de ser livre de qualquer constrangimento.
S a boa vontadefundamenta o valor moral de uma ao. Uma vontade boa uma vontade pura de
qualquer determinao sensvel, uma vontade desinteressada.
Agir moralmente agir por dever, mas agir por dever no o mesmo do que agir em conformidade com o dever.
Kant distingue, assim, as aes por dever, das aes em conformidade ao dever e das aes contrarias ao dever.
As aes contrarias ao dever tudo aquilo que errado fazermos, como roubar, matar, mentir, etc. so as aes
imorais e ilegais.
Quando agimos em conformidade com o dever, fazemos aquilo que correto fazermos, trata-se de uma ao legal
mas pode no ser moral, por exemplo, no roubar no supermercado. Se a pessoa no o faz por termedode ser
apanhada, a ao no de todo moral. Se no roubar no supermercado porque erradofaze-lo,
independentemente das consequncias, a sim agiu por dever, ou seja, moralmente de forma correta.
O dever a necessidade de realizar uma ao unicamente por respeito pela lei moral.
A lei moral impe-se de forma absoluta e no tem outro fundamento seno a razo. A lei moral apenas pode ser
representada atravs do imperativo categrico, que ordena incondicionalmente, este imperativo tem trs
formulaes:
1. Age unicamente segundo osprincpios que possas querer aomesmo tempo que se tornem umalei universal
2. Age como se os princpios da tuaao devessem ser erigidos pelatua vontade em lei universal danatureza
3. Age de tal modo que trates a humanidade,tanto na tua pessoa como na do outro, semprecomo um fim e nunca como um meio
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Uma teoria consequencialista: a tica utilitarista de Stuart Mill
Problema:
O que torna as aes boas ou ms ?
Qual o critrio para as avaliar?
O utilitarismo moderno, associado aos ideais liberais e democrticos, foi fundado por Jeremy Bentham e
Stuart Mill (1806 - 1876), tornando-se uma das teorias morais e politicas mais importantes do sculo XIX.
O utilitarismo inspirou muitos dos movimentos reformistas que moldaram a estrutura econmica, politica
e social das sociedades democrticas ocidentais; Bentham e Stuart Mill comprometeram-se na transformao e
aperfeioamento das leis e das instituies, empenhando-se, por exemplo, na defesa da abolio da escravatura, na
promoo da igualdade entre homens e mulheres e do direito de voto para todos.
Princpio da Utilidade ou da Maior Felicidade
Qual , segundo Stuart Mill, o fim da moralidade?
O que so aes boas (justas)?
Stuart Mill afirma que a utilidade ou o Principio da Maior Felicidade o principio moralem
que se baseia o utilitarismo.
Segundo este principio, uma ao boa quando promove a felicidade a nica coisa desejvel
como fim que , boa em si mesma.
Felicidade um estado de bem-estar, isto , de prazer e ausncia de dor ou sofrimento. Chama-se
hedonismo (grego hdon, prazer) a este tipo de conceo.
Assim sendo, e segundo o utilitarismo de Stuart Mill:
O fim da moralidade a felicidade O que torna uma ao boa a sua utilidade, isto , o seu contributo para criar a maior
felicidade (consequencialismo)
Na avaliao das consequncias o que se deve ter em conta a felicidade/infelicidade ouprazer/sofrimento que ela poder provocar
Para podermos poder fazer uma opo moral temos de:1. Inventariar todas as alternativas possveis2. Avaliar todas as consequncias de cada uma dessas alternativas3. Selecionar a alternativa que produzir mais felicidade/prazer/bem-estar
O credo que aceita a Utilidade ou o Princpio da Maior Felicidade como fundamento da moral
sustenta que as aes justas na proporo com que tendem a promover a felicidade; e injustas
enquanto tendem a produzir o contrario da felicidade. Entende-se por felicidade o prazer e a
ausncia de dor; por infelicidade a dor e a ausncia do prazer. () O prazer e a ausncia de dor so
as nicas coisas desejveis como fins; e todas as coisas desejveis so-no pelo prazer inerente a elas
mesmo ou meios para a promoo do prazer e a preveno da dor.
Stuart Mill, o Utilitarismo
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Coloca-se ento um problema: como medir e hierarquizar o prazer e o sofrimento? Haver uma
medida objetiva e rigorosa?
Distino qualitativas do prazer:
Benthamsugeriu que esta avaliao se fizesse em termos quantitativos:
Medir caractersticas como intensidade, durao, proximidade, etc., e somar os resultados
dessas medies para calcular se a ao produziria mais felicidade ou mais sofrimento.
Ora, nem todos os prazeres so iguais. Por isso, Stuart Millintroduziu a diferenciao qualitativados
prazeres:
Distinguindo, por um lado, os prazeres intelectuais ou espirituais, por outro, os prazeres
sensoriais ou corporais.
A tese defendida pelo autor : os prazeres espirituais so os mais valiosos
Os argumentos usados so:
Inteligncia, instruo, conhecimento, sentimentos, conscinciaso capacidades superioresdos seres humanos
As capacidades superioresso mais importantes que os instintos Satisfazer os instintos prprio dos animais Os seres humanos so mais exigentese so poucos os que se sentem felizes s com o prazer
prprio dos animais
Somente a satisfao dos prazeres intelectuais e espirituais proporcionam felicidadeaos sereshumanos
S. Mill distingue entre:
Assim, por ser exigente e no conceber felicidade em termos puramente fsicos que o ser humano
nunca se sente completamente satisfeito. Esta insatisfao, porem, prefervel a uma felicidade
resultante da satisfao de prazeres puramente fsicos pois isso equivaleria colocar-se a nvel
meramente animal.
S. Mill concluiuento, ser prefervel um homem insatisfeito a um porco satisfeito e ser melhor um
Scrates insatisfeito a um tolo insatisfeito.
Prazeres Superioresos prazeres epirituais ligados a
necessidades intelectuais, sociais,morais, esteticas, etc., como oprazer de apreciar um por-so-solou uma obra de arte, o prazer dedescobrir/criar ou de partilhar
afetos e conhecimentos ou deajudar os outros
Prazeres Inferioresos prazeres sensoriais ligados s
necessidades fsicas, como beber,comer,sexo.
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Resumindo:
A filosofia de S. Mill conhecida como a filosofia utilitarista e relaciona-se com o domnio da politica,
desenvolvendo uma defesa intransigente da liberdade. Ele considera que a utilidade ou o principio da maior
felicidade o fundamento da moralidade, defende que as aes esto certas na medida em que tendem a
promover a felicidade, erradas na medida em que promovem o oposto da felicidade.
Por felicidade, entende o prazer ou a ausncia de dor. O que importante so as consequncias dos atos, no
interessando as motivaes ou intenses pelas quais foram praticados.
Os utilitaristas tem em vista o bem comum. Uma ao tanto melhor quanto maior for o prazer ou bem-estar que
proporciona ao maior numero de pessoas possvel.
Stuart Mill distinguiu diversas espcies de prazer. Os prazeres dependentes das faculdades superiores do individuo,
ou seja, do espirito, so preferveis aos prazeres simplesmente carnais.
Confronto de duas teorias acerca da fundamentao da moral
Uma teoria deontolgica:tica racional de Kant(tese);
O valor moral das aes depende do respeito pelosprincpios
Uma teoria consequencialista:Utilitarismo de Stuart Mill(tese);
O valor moral das aes depende das suasconsequncias
Fundamento da moralidade
A Lei Moral e o Devercomo fim em si mesmo, isto , avontade boa
A Utilidadeou principio da Maior Felicidade
Critrio de avaliao da moralidade
O cumprimento do dever por dever ou a universalidadeda mxima tomada como regra da ao As consequncias previsveis da ao: uma ao boa aque traz mais felicidade global
O fim da moralidade
A autonomia, isto , a opo pela lei que a razo d a simesma
A felicidade global
Lei moral
Regra objetiva, universal e necessria, apresentando-sesob a forma de imperativo categrico, exigindo respeito
absoluto e incondicional
relativa, deixando de ser entendida como fidelidade aum conjunto de mandamentos ou a um conjunto de
regras inflexveis
Vantagens
Valoriza os princpios morais, no fazendo depender amoralidade de circunstncias
particulares. Valoriza a pessoa opondo-se suainstrumentalizao
Defende a imparcialidade e o altrusmo e prescreve afelicidade global como ideal moral e politico. Da
importncia aos efeitos prticos das aes
ObjeesAo prescrever o respeito absoluto pela norma moral,
pode legitimar aes com consequncias funestas parao individuo
Ao subordinar a moralidade ao critrio da utilidade,pode por em causa os direitos individuais e legitimar a
instrumentalizao dos indivduos.
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tica, Direito e Poltica (resumidamente)
A tica, o direito e a politica so campos que esto relacionados mas que no devem ser confundidos.
Esta relao entre eles advm do facto de estarem relacionados com o agir humano. Tanto a politica
como o direito devem ter como base os princpios ticos.
A realizao do ser humano no interior de uma sociedade essencialmente configurada pelo direito e
pela politica. Estas surgem devido necessidade de harmonizar os interesses individuais e coletivos de
forma no violenta, tendo em conta uma convivncia pacfica.
A politicatem a ver com os projetos sociais e com os direitos e deveres dos cidados. No fundo, uma
forma de enquadramento das relaes sociais que pretende organizar e gerir as relaes sociais tendo
em conta o bem-estar coletivo
Numa sociedade democrtica, a liberdade individual no pode ser arbitrariamente incondicional, pois o
direito de cada individuo realizao dos seus interesses e das suas aspiraes no pode eliminar o
direito realizao das aspiraes e interesses dos outros cidados.
Para isso necessrio o Estado de Direito, que a essncia de uma sociedade democrtica, que
equaciona o respeito pela liberdade individual como a garantia da liberdade civil
O estado , assim, a forma moderna de organizao politica
Por Estado de Direitoentendemos o sistema politico que respeita as liberdades de tal modo que
ningum, nem mesmo o prprio estado, se encontrem a cima da Lei.
O estado estabelece assim a igualdade entre todos perante a lei, reconhecendo a igualdade de direitos a
todos. a garantia ultima da igualdade e liberdade.
O que legitima a autoridade de um Estado?
Segundo Aristteles,o Estado a forma mais elaborada da sociedade. O Homem pornatureza um animal politico, no pode viver sozinho, nem sozinho poder alcanar a perfeio
de um Estado. A Politica torna-se, assim, a forma mais eficaz de civilizar e moderar os costumes
do Estado.
Segundo Locke, o Estado Natural abandonado atravs da luta pela propriedade privada.Consoante vai havendo um aumento dos bens materiais vo surgindo mais conflitos. ento
necessrio uma autoridade imparcial com poder legal e coercivo para resolver esses mesmo
conflitos. O Estado surge como forma de defesa dos direitos naturais. Ser o consentimento
popular que d legitimidade ao estado
O Direito o conjunto de normas que tm em conta a diferena de interesses entre os Homens,
tende a prever e a evitar conflitos e desacordos.
O Direito relaciona-se com valores como a justia, a igualdade, a segurana e a liberdade e assume uma
funo reguladora dos conflitos entre os indivduos. O cumprimento das suas normas garantido pela
existncia de sanses.
Direito positivo o conjunto de noemas jurdicas que vigoram num pais; Direito natural o conjunto de ideais que servem de modelo ao direito positivo.
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A Liberdade indissocivel da organizao social. Aparentemente podem surgir alguns conflitos de
interesses, como aparentemente o caso do direito igualdade e o direito diferena
Mas no h incompatibilidade entre o direito igualdade e o direito diferena. A igualdade pressupe
o direito de ser diferente.
O direito a igualdade concretiza-se na igualdade que todos os cidados devem ter em termos de
proteo social, segurana fsica, de acesso ao ensino e aos servios de sade, direito de expresso, etc.O direito diferena envolve direitos como ter opinies diferentes das dos outros, ter uma Religio
diferente etc.
Ajustiaimplica a legalidade e respeito pela lei.
O conceito de justia corresponde a um equilbrio entre a liberdade individual e sociedade. A justia
social tende a ser encarada como a igualdade de oportunidade e de direitos.
Relao entre tica e Poltica
Regulam as relaes de cada um consigo e com os outros
Oferecem meios diferentespara promover a dignidade e o aperfeioamentohumano
ticaNorma prescritivano tem sanes
penais
DireitoNorma coerciva - tem poder de
obrigar e plicar sanes
Fator agregador: do interesse detodos a existncia da comunidade
Fator desagregador: o egosmo e os
interesses particulares
A aplicao do poder de coagirexige instituies com autoridade
Polticaharmonizao da vidacomunitria
O desrespeito das normasmorais exige normas com mais
poder
O poder dos indivduos delegadoem instituies prprias
O EstadoFaz a gesto dos interesses privados e
pblicos;Os seus meios so:
Direito Governo Tribunais PoliticaForas
Armadas
Baseia-se na tripartiodo poder
PoderLegislativo
PoderExecutivo
PoderJudicial
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As relaes entre o Homem e o Estado e a legitimao da sua autoridade
Segundo John Locke
Problema:
O que legitima a autoridade do Estado?
Vivemos num mundo organizado politicamente, de tal modo que uma parte da nossa vida
estruturada e controlada pelas decises do Estado
Mas ser legitima esta interferncia do Estado? Teremos sempre de obedecer ao Estado?
Haver situaes em que legitimo desobedecer ou mesmo revoltarmo-nos contra o Estado? Qual o
fundamento da autoridade do Estado?
O problema da legitimidade do Estado assume particular relevncia no inicio da Idade Moderna,
com a progressiva secularizao da vida poltico-social.
Para esta secularizao contriburam diversos fatores. Destes destacam-se:
Os movimentos da Reforma/Contra-Reforma puseram fim crena no Guerra Civil Inglesa direito divino dos reis
Foi neste contexto, que filsofos como Thomas Hobbes, J. Locke (16321704), Rousseau e Kant
procuraram compreender e justificar as relaes entre o Homem e o Estado.
Foi com este objetivo que John Locke publicou Dois Tratados sobre o Governo Civilque se tornaram a
base do pensamento liberal e referencias clssicas da filosofia politica. No primeiro Tratado, recusa a
doutrina do direito divino dos reis , e no segundo, intitulado Ensaio sobre a verdadeira Origem,Extenso e Fim do Governo Civilprope uma explicao sobre a origem, os limites e os fins do poder
civil, subordinando a ao politica do Estado ao consentimento dos cidados e justificando a
desobedincia civil.
Sociedade sem Estado ou Estado da Natureza
Locke comea por questionar como seria a vida sem Estado, chamando Estado de Naturezaa esta
situao imaginria
Secularizao -
a progressiva
diminuio da
importncia da
religio na vida
comum das
sociedades
Estado de Natureza - designa a situao hipottica em que o seres humanos viveriam sem leis impostas por um governo e sem submisso a ningum,
regendo-se apenas pela lei natural, que o conjunto de leis estabelecidas por Deus e que todos os seres humanos tm inscritas na sua conscincia.
Caractersticas do Estado de Natureza:
1) Os seres humanos so livres e iguais, por isso, Tem os mesmos direitos No h qualquer hierarquia entre eles No h nenhuma autoridade superior vontade individual Somente o consentimento voluntario legitima que um individuo submeta algum sua autoridade
2) Todos os indivduos tem direito vida, liberdade e propriedade3) Embora o Estado de Naturezaseja um estado de Liberdade, no um estado de ausncia de leis, pois
Os seres humanos devem reger-se pela Lei Natural, instituda por Deus Segundo essa lei, ningum deve prejudicar a sade, a liberdade e a propriedade de outrem Os seres humanos esto obrigados a preservar a vida, a sua e a dos outros
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Do Estado de Natureza Sociedade Civil: o Contrato Social como fundamento da autoridade do Estado
Ora, se no Estado de Naturezaos indivduos so livres, porque razo decidem abdicar dessa liberdade e
constituir a Sociedade Civile o Estado?
No Estado de Naturezaningum tinha poder para garantir oCumprimento da lei natural, nem existia nenhuma autoridade
para julgar com imparcialidade os transgressores; por isso, os indivduos decidiram abdicar de certas
liberdades e celebrar um Contrato Socialatravs do qual cedem o seu poder ao Estado, incumbindo-o
de fazer as leis necessrias preveno dos direitos de todos, constituindo assim a Sociedade Civile o
Estado.
Foi, portanto, a necessidade de assegurar a proteo da vida,
d a liberdade e, sobretudo, da propriedade, que determinou a
passagem do Estado Natural Sociedade Civil, sendo o
Consentimento mutuo a base da legitimidade da autoridade
do Estado que, nos termos do Contrato Social, assume as seguintes obrigaes:
Assegurar o respeito pela lei natural Repor a ordem infringida, punindo os infratores Fazer as leis necessrias para garantir o bem comum Impor o cumprimento das leis Proteger os direitos individuais Governar segundo as leis estabelecidas Julgar e fazer reinar a justia Defender a paz, a segurana e o bem comum Respeitar a finalidade para que foi institudo, no exercendo o poder de modo absoluto e
discricionrio nem sendo mais poderoso do que os indivduos que serve
Por sua vez, ao decidirem prescindir de parte dos seus direitos, os indivduos reconhecem ao Estado o
direito de exercer sobre eles a sua autoridade, aceitando a correlativa obrigao da obedincia.
ESTADO NATURAL SOCIEDADE CIVIL / ESTADO
Vantagens
- Liberdade individual;
- Propriedade privada.
Limitaes / Insuficincias- No existe um juiz imparcialcom autoridade para julgar ostransgressores da Lei Natural;- Falta uma autoridade parapunir e repor a ordem.
Vantagens- Existncia de um poder comlegitimidade reconhecida paraassegurar a proteo dosdireitos naturais;- Possibilidade de fazer leisconsensuais para garantir o
bem comum.
Limitaes / Insuficincias- Limitao da liberdadeindividual;- Abuso do poder por partedo Estado e para alem doslimites previstos noContrato Social(contra a
vontade da maioria).
Em sntese:
J. Locke faz remontar a origem do poder politico a um Estado de Naturezaonde os seres humanos viveriam em plena liberdade e
igualdade, sem qualquer subordinao natural, isto , sem ningum com poder para dar ordens ou impor justia, regendo-se
todos pela lei natural.
A dificuldade de assegurar a proteo da vida e da liberdade, defender os direitos de propriedade e julgar imparcialmente em
causa prpria, repondo a ordem natural infringida, levou os seres humanos a estabelecer umContrato Social, o qual foi
voluntariamente celebrado (consentimento mutuo)
Atravs do Contrato Social,os indivduos cedem o seu poder ao Estado incumbindo-o de fazer e executar as leis necessrias
preservao dos direitos de todos.
O Estado assume a obrigao de garantir o bem comum no respeito pelos direitos naturais dos cidados
Os indivduos assumem a obrigao de respeitar as leis estabelecidas pelo Estado
Uma vez que o poder conferido voluntariamente, na base da confiana, visando garantir as liberdades individuais e a defesa dobem publico, os indivduos podem retirar a legitimidade ao governante que abuse do poder e revoltar-se contra o Estado.
Sociedade civil uma comunidade organizada
politicamente, visando a realizao de valores e fins comuns
Contrato Social o acordo pressuposto entre
indivduos que livremente e de livre
consentimento, prescindem de certas
liberdades em troca da proteo do Estado
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Teoria da Justia de John Rawls
Problema:
Como possvel uma sociedade justa ?
Os ideais de liberdade e igualdade na sociedade moderna
Embora os seres humanos tenham de viver em comunidade, os seus interesses so, muitas vezes,
antagnicos: h por um lado o individuo e os direitos que lhes so inerentes e, por outro, a necessidade
de cooperar para fins sociais.
Este conflito esta no centro da filosofia politica moderna, pois as concees polticas desenvolvidas
desde John Locke ate S. Mill, produziram uma revoluo nos conceitos de liberdade e igualdade politica.
A liberdade politicaassociada a um conjunto de direitos (expresso, reunio, manifestao, circulao,
propriedade..), foi definida na Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado da seguinte forma:
A tua liberdade acaba onde a dos outros comea
A liberdade politica, que se traduz no direito de voto, de participao cvica, de igualdade etc.,
reconhecida pelo menos nos textos constitucionais e nas restantes leis que regem os regimes
democrticos. Contudo a igualdade econmica e social parece ainda um objetivo por realizar
Locke defendeu a liberdade dos indivduos face ao Estado, a quem compete garantir o bom
funcionamento a sociedade atravs de uma ao meramente reguladora, judicial e de defesa dos
direitos dos indivduos.
A tese de Locke de que os Homens nascem livres e iguais foi retomada por outros pensadores
modernos, levando ao gradual reconhecimento do valor e da dignidade humana, que encontramostambm no pensamento cristo.
Porm, continuamos a viver num mundo profundamente desigual. Dado que compete ao Estado
assegurar no apenas o bem-estar dos cidados, mas uma distribuio mais justas dos direitos e
benefcios sociais, a questo da justia social e uma preocupao moral e politica relevante na
atualidade.
Foi a partir destes ideais que se desencadeou a Revoluo francesa, cuja divisa Liberdade, Igualdade e
Fraternidade se tornou um ideal a realizar. Estes princpios foram consagrados, em Frana, na
Declarao dos Direitos do Homem e do Cidadoe na Constituio Francesa, e, mais tarde, na
Declarao Universal dos Direitos do Homem.
A Liberdadeconsiste em poder fazer aquilo que no prejudica o outro; este visto como o limite minha
liberdade, mas igualmente como a sua garantia (principio da reciprocidade)
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neste contexto que se situa o filosofo contemporneo J. Rawls
Abordado a problemtica da justia social a partir de uma perspetiva democrtica e liberal, Rawls
publicou a obra Uma Teoria da Justia, onde prope uma conceo de sociedade justa, com base no
desenvolvimento do modelo terico do Contrato Social.
A Teoria da Justia de John Rawls tem pontos de contacto com a filosofia moral de Kant e com as teorias
contratualistas: o propsito do autor elaborar uma teoria que possa ser considerada alternativa s
concees utilitaristas muito em voga, e permita conciliar direitos iguais numa sociedade desigual sem
limitar a liberdade individual.
Teoria da Justia
Rawls, tal como Kant, considera a pessoa humana como sendo um ser simultaneamente livre, igual e fim
em si mesmo, recusando a sua instrumentalizao.
Partindo deste pressuposto, Rawls no poderia concordar com o utilitarismo, criticando:
A falta de um principio absoluto que servisse critrio universal para decidir o que justo ouinjusto
A subordinao do individuo a interesses sociais, no lhe reconhecendo direitos fundamentaisinviolveis
Que no tivesse em considerao a forma justa ou injusta como a felicidade distribudaA escolha racional dos princpios da justia social
O ser humano um ser social; a vida em sociedade permite-lhe obter vantagens mutuas. Porm, a
existncia de conflitos de interesses exige um conjunto de princpios que:
Sirvam de critrio para a atribuio de direitos e deveres Definam a distribuio adequada dos encargos e dos benefcios da cooperao social
E dado que Rawls pretende descobrir os princpios mais adequados para uma organizao poltico-social
justa, formula a seguinte pergunta:
Como chegar a um acordo unanime sobre os princpios que devem organizar as sociedades e acabar
com o conflito de interesses, garantindo uma distribuio equitativa das riquezas ?
Que tipo de princpios sero?
Rawls responde: so os princpios que seriam aceites por pessoas livres e racionais, colocadas numa
situao hipottica inicial de igualdade, e interessadas em prosseguir os seus prprios objetivos.
Chamou a isto a Posio Original
E por que que os parceiros nessa situao imaginaria fariam escolhas imparciais?
Rawls responde que seria por estarem sob o efeito de um vu de ignorncia, isto , por no conhecerem
nem as suas caractersticas pessoais, nem os seus interesses e objetivos particulares, nem o seu estatuto
social, nem o dos outros.
Posio Original uma situao imaginaria em que os parceiros so sujeitos racionais/morais livres e iguais, colocados sob o
efeito de um vu de ignorncia
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obvio que a melhor estratgia partir o bolo em fatias iguais, pois garante que no comer a fatia
mais pequena. Esta uma deciso racional e imparcial.
NaPosio Originalos sujeitos adotariam uma estratgia semelhante. Assim:
O acordo seria estabelecido em condies ideais de igualdade As circunstancias em que o acordo ou Contratoseria celebrado (Posio Original, cobertos pelo
vu da ignorncia) garantiriam a imparcialidade e a universalidade
A conceo dejustia como equidade, defendida por Rawls ficaria justificadaOs princpios da justia ou de uma sociedade bem ordenada
Colocados na Posio Original, os seres humanos escolheriam dois princpios:
PRIMEIRO PRINCIPIO SEGUNDO PRINCIPIO
O princpio de liberdade igual paratodos
A sociedade deve garantir amxima liberdade para cada
pessoa compatvel com umaliberdade igual para todos
Assegura as liberdades bsicas:liberdade politica, de religio, dereunio, de opinio, liberdade de
expresso, etc.; a liberdade dapessoa (direito integridade
pessoal; propriedade; proteoface deteno e priso
arbitrarias).
No pode ser violado a favor dautilidade social, por isso, em caso
de conflito de interesses, esteprincipio tem prioridade.
Principio da igualdadeA sociedade deve promover a distribuio igual da riqueza
As desigualdades econmicas devem ser distribudas por forma a que:
Proporcionem a maior expectativade beneficio aos menosfavorecidos
Principio da diferena
A sociedade deve promover adistribuioigual da riqueza,
exceto se existncia dedesigualdades econmicas e sociasbeneficiar os mais desfavorecidos(principio da vantagem mutua).
Soluo ideal para harmonizar os
interesses
Contribuies marginais dos maisricos (incorporao do principio da
fraternidade).
Dar ateno especial ao quenasceram em posies sociais
menos favorecidas, corrigindo ainfluencia destas contingncias por
forma a procurar uma maiorigualdade (Principio da
compensao).
Estejam ligados a funes e posiesabertas a todos, em situao deigualdade de oportunidade
Principio da igualdade deoportunidades
As desigualdades econmicas esociais devem estar ligadas a postos e
posies acessveis a todos emcondies de justa igualdade de
oportunidades
No justa a sociedade que permite
que os que tm mais talentosnaturais e condies para os
desenvolver tenham mais vantagensa no ser que essas vantagens
contribuam para o beneficio detodos.
Imaginemos a seguinte situao:
A Margarida faz uma festa de anos. Nessa festa a me pede-lhe para partir o bolo, dizendo-lhe que as fatias sero
sorteadas e que cada um dos convidados comer somente a fatia que lhe couber no sorteio. Suponhamos, ainda que a
Margarida muito gulosa e, por isso, no quer correr o risco de lhe sair no sorteio a fatia mais pequena
Como dever partir o bolo?
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Assim, para Rawls:
O Primeiro Principio exige a igualdade na atribuio dos direitos e deveres bsicos, enquanto osegundo afirma que as desigualdades econmicas e sociais so justas apenas se delas
resultarem vantagens compensadoras para todos, em particular para os membros mais
desfavorecidos da sociedade; A obteno de maiores benefcios econmicos e sociais no pode servir de justificao para a
violao do direito a iguais liberdades bsicas
O direito a liberdades bsicas iguais a base da coexistncia pacifica e da tolerncia e spoder limitado ou ser objeto de compromisso quando entrar em conflito com outras liberdades
bsicas
Uma sociedade justa quando opta por um principio geral de distribuio igualitriaRawls acreditava que o respeito pelos princpios bsicos da justiao principio de Liberdade bsica e o
principio de Igualdade permitiriam:
Diminuir gradualmente as desigualdades na distribuio dos bens entre ricos e pobres e entre
pases ricos e pobres.
Atingir o equilbrio entre a liberdade individual e a igualdade
Conciliar as vantagens de um igualitarismo puro e de uma sociedade dominada pelas leis de
mercado e da concorrncia
Desobedincia civil e objeo de conscincia
Problema:
Que tipos de injustia justificam a desobedincia civil ?
O problema da legitimidade da desobedincia civil
Decorre do Contrato Sociala obrigao de obedincia dos cidados ao estado.
Rawls reconheceu que mesmo nos estados democrticos, h violaes dos princpios da justia que
legitimam a desobedincia civil.
Este ato de alguma gravidade, por isso devemos saber em que circunstancias ou sob que condies
que a desobedincia civil tem justificao. O recurso desobedincia civil exige a ponderao dosseguintes aspetos:
1. Identificar os tipos de injustia que constituem causas adequadas de desobedincia civil: A violao persistente dos princpios bsicos, sobretudo das liberdades fundamentais,
tais como a negao do direito de voto ou do direito de ocupar cargos pblicos a
certas minorias, ou a negao da liberdade religiosa
As violaes evidentes da segunda parte do segundo principio, o da igualdadeequitativa de oportunidades
2. Recorrer desobedincia civil somente em ultimo caso: somente nas situaes em quefracassaram os apelos normais maioria politica existente, em que foram ignoradas todas as
tentativas para fazer com que a lei fosse revogada e em que os protestos e demonstraeslegalmente permitidos no tiveram resposta favorvel
Desobedincia civil um ato publico, de natureza politica e no violento, decidido em conscincia e contrario lei,
praticado com o objetivo de provocar uma mudana nas leis ou na politica seguida pelo governo
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3. Ponderar o risco de desordem e anarquia que pode provocar: deve ser autolimitado nos casosem que houver risco de poder vir a provocar uma rutura no funcionamento normal das
instituies, no respeito pela lei e pela constituio, com consequncias negativas para todos.
Caracterizao da desobedincia civil e da objeo de conscincia
A DESOBEDIENCIA CICIL OBJEO DE CONSCIENCIAUm ato publico, de natureza politica e no violento, decidido em conscinciae contrario lei, sob a forma de concentraes ou desfiles, ocupao deinstalaes, etc., praticado com o objetivo de provocar uma mudana nas leisou na politica seguida pelo governo. Os ativistas denunciam uma lei ou umamedida governativa injusta, apelando modernizao da maioria epressionando as instituies a mudar e a negociar.
Ato politico:
dirige-se maioria que detm poder politico guiado e justificado por princpios polticos, isto ,
princpios de justia.
Ato pblico:
apela a princpios e praticada publicamente Ato no violento:
tenta evitar o uso da violncia, em especial contra as pessoasdecidido em conscincia dentro dos limites jurdicos:
a natureza publica e no violenta do ato, revelam que oscidados aceitam as consequncias jurdicas da conduta dedesobedincia
Um ato individual deincumprimento de uma ordempublica por razoes deconscincia.
No um atopraticado no frumpublico
Baseia-se em razoesde conscincia
Os objetos invocamprincpios polticos(pacifismo porexemplo), oureligiosos ou outrosque no estejam deacordo com a ordemconstitucional.
O papel da desobedincia civil
Qual o papel da desobedincia civil num sistema constitucional e num regime democrtico?
Uma vez que o dever de obedincia decorre do reconhecimento da igualdade e da conceo da
sociedade civil como forma de cooperao entre iguais, a desobedincia civil s possvel numa
sociedade que possui uma forma de governo democrtico isso que justifica que aqueles que so
vitimas de injustia fiquem desvinculados do dever de obedincia.
A desobedincia civil serve para impedir a violao sistemtica dos princpios de justia ou para os
corrigir. Numa sociedade quase justa um fator de estabilidade na medida em que, utilizada de
forma moderada e ponderada ajuda a manter e a fortalecer as instituies justas.
Mas legitimo perguntar: no poder tornar-se numa ameaa estabilidade do poder legitimamente
constitudo e um convite anarquia?
Do ponto de vista esse risco no existe, desde que sejam devidamente respeitadas as condies para o
recurso desobedincia civil, nomeadamente a que exige que esta desobedincia seja usado somente
como ultimo recurso e que seja autolimitada, nomeadamente, quando representar um grande risco
politico
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Uma teoria da justia (Rawls)
Posio Original Vu de Ignorncia
Escolha reacional equitativa Imparcialidade
Princpios da justiaPrincpios orientadores para a estrutura bsica da sociedade justificados com base numa escolha racional
das partes - sujeitos livres e racionais num ato publico (Contrato Social)
Primeiro Principio
Todos devem ter liberdades bsicas iguais
Segundo principio
Principio de igualdade de oportunidades -acessoequitativo aos bens sociais
Principio da diferena- correo das
desigualdades
Sociedade bem ordenada, isto , justa
Garante as Liberdades bsicasD ateno especial ao que nasceram em posies sociais desfavorecidas, por forma a procurar uma maior
igualdade (Principio da compensao)Promove contribuies marginais dos mais ricos (incorporao do principio da fraternidade);
Tolera as desigualdades econmicas e sociais desde que todos tenham igualdade de oportunidades
Obrigaes
do estado
Organizar a sociedade civil com base nos princpios dajustia;
Harmonizar as liberdades individuais com a igualdade;Respeitar os princpios da justia
dos cidados
Obedecer s leis
Desobedincia civil - legitimo desobedecerquando ocorram serias violaes da justia
Em sntese:
Segundo John Rawls e a sua teoria da justia social, a justia deve ser identificada com a equidade, esta
corresponde concretizao da justia em cada caso. Para ele, existem dois princpios da justia: o da igualdade,
que diz respeito defesa das liberdades fundamentais, como a de expresso, a de voto ou de propriedade; e o dadiferena, que diz respeito distribuio de benefcios consoante as necessidades, visa estabelecer a justia social.
Estes dois princpios esto na base daquilo que ele considera uma sociedade justa, para isso, necessrio
criar uma sociedade constituda por seres racionais, livres e iguais que devem ser imparciais, ou seja, cobertos pelo
vu da ignorncia, este vu a condio inicial da equidade.
Temos, depois, mecanismos que pretendem defender os ideais de justia, de liberdade e de igualdade,
como o caso da defesa dos direitos humanos.
Os direitos humanos so direitos que dizem respeito ao Homem em virtude da sua essncia, independentemente
do sistema jurdico e politico em que est inserido. Tm como base a dignidade do Homem e assentam em ideais
como os de liberdade e igualdade
No seculo passado surgiram as organizaes de solidariedade internacional que promovem o equilbrio
entre os povos tendo em conta os princpios de justia internacional
Concluindo, a vivencia em comum exige a politica e o direito para organizar a sociedade e regular osconflitos, tanto uma como o outro tm por base e como princpios a tica
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A experiencia e o juzo esttico
Problema:
O que a experiencia esttica?
No nosso dia a dia utilizamos a palavra esttica frequentemente, mas qual ser o significado filosficodesta palavra?
No domnio da filosofia, designamos por esttica a teoria a cerca da arte, que procura explicar o que a
arte e qual a importncia que ela tem para o ser humano.
A esttica analisa assim, a experiencia esttica e as concees de beleza e de arte:
A palavra esttica deriva do gregoasthesisque significa sensao, portanto segundo esta orientaoum objeto esttico ser aquele que provoca em ns algum tipo de sentimento ou emoo.
Mas a mesma palavra tambm se relaciona com outro termo gregopoesisque significa atividadeartstica mas na sua componente espiritual. Ao mesmo tempo temos o termoarsque significa
trabalhar ou produzir com habilidade ou inteligncia. Juntando todos estes termos, chegamos ao objeto
esttico: algo que produzido com habilidade e inteligncia pelo artista, que estimula a nossa
sensibilidade e provoca em ns algum tipo de sentimento ou emoo.A atitude esttica uma atitude valorativaque consiste na capacidade que o Homem tem de reagir
perante determinados objetos, sentindo um prazer esttico.
Este prazer esttico pode ser sentido perante uma obra de arte ou perante a natureza. Quando esta
experiencia esttica ocorre perante um fenmeno natural provoca em ns uma sensao de admirao
e de fascnio.
Kant define do seguinte modo a subjetividade e o desinteresse caractersticos da experiencia esttica:
O contacto com os objetos faz-se atravs dos sentidos. Todos
temos sensibilidade, isto , capacidade de recebermos
informaes e percebe-las como sendo referidas aos objetos,
nos quais reconhecemos um conjunto de determinadas caractersticas.
Ora, se nos colocarmos numa atitude esttica, percebemos os objetos como de que se gosta ou no se
gosta.
Esta sensibilidade existe em todos os seres humanos mas podemos apur-la tornando-nos mais
sensveis e exigentes, atravs do contacto com os objetos, podemos aprender a ver e a sentir e aceder a
aspetos que no so visveis imediatamente. A educao da sensibilidade esttica pode fazer-se a partir:
Do contacto frequente com as obras de arte, aprendendo a captar aspetos cada vez mais especficos De aquisio de conhecimentos sobre o autor e a obra, pois a apreciao esttica de um quadro de Van
Gogh, por exemplo, pode depender tambm da compreenso do contexto, dos cnones estticos quepresidiram sua criao, dos meios tcnicos usados etc.
Chamamos atitudeestticaa esta atitude desinteressada, fixada apenas no sentimento de prazer proporcionado pela perceo do objeto.
apreender pela suafaculdade de conhecimento () um edifcio regular conforme a fins, algo totalmente diverso do
que ser consciente desta representao com a sensao de comprazimento. Aqui a representao referida
inteiramente ao sujeito e na verdade ao seu sentimento de prazer ou desprazer. () A cor verde dos prados
pertencem sensao objetiva, como perceo de um objeto dos sentidos; o seu agrado, porm pertence sensao
subjetiva, ao sentimento () do comprazimento.
Kant, Critica da Faculdade de Julgar
Chamamos de sensibilidade esttica
capacidade de perceber e apreciar as
formas em termos de um sentimento
de agrado ou desagrado
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Em sntese:
Se adotarmos uma atitude esttica e olharmos os objetos de um ponto de vista desinteressado,
fixando-nos no sentimento de agrado que o objeto esttico nos d, acedemos a uma experiencia afetiva
de agrado e de prazer a que chamamos experiencia esttica
Segundo Kant, a experiencia esttica no se centra no objeto, nas suas caractersticas ouutilidade, nem tem qualquer preocupao de ordem pratica. Ele refere-se simplesmente ao sentimento
de prazer ou de desprazer vivido pelo sujeito
Se educarmos a nossa sensibilidade esttica, podemos aceder a experiencias estticas de grau
mais elevado.
Teorias acerca do juzo esttico: subjetivismo e objetivismo estticos
Fazemos as nossas apreciaes dos objetos em termos de beleza em frases do tipo a Piet uma
escultura magnfica! esta frase exprime um juzo esttico.
O que determinante para a apreciao expressa no juzo
esttico, a emoo que sentimos quando observamos o
objeto esttico ou so as suas caractersticas?
A cada uma destas duas alternativas corresponde uma conceo acerca da natureza dos juzos estticos
Subjetivismo esttico Objetivismo esttico
Os juzos estticos so subjetivos
A beleza depende dos sentimentos de prazerprovocados pela contemplao desinteressada doobjeto esttico
Os juzos estticos so objetivos
A beleza depende das propriedades do objeto,independentemente do que sente o observador
Subjetivismo esttico de Kant
Segundo Kant, quando afirmamos que um objeto belo, o que estamos a dizer que a sua
representao produziu em ns um sentimento de prazer, ou seja, o que estamos a avaliar no o
objeto mas o sentimento que a sua representao noa provocou. Por isso, para Kant, os juzos estticos
designam o modo como o sujeito afetado pela representao do objeto
Kant afirma:
Como se pode constatar pela citao acime representada o juzo esttico:
No expressa caractersticas do objeto Refere-se ao sentimento de prazer resultante da representao do objeto
Chamamosjuzo esttico expresso da
apreciao dos objetos em termos de beleza
Se algum me perguntasse se acho belo um palcio que vejo ante mim, ento posso na verdade dizer: no gosto desta espcie de coisas
que so feitas simplesmente para embasbacar, ou como aquele chefe iroqus, a quem em Paris nada lhe agrada mais do que as tabernas;
posso alm disso, () recriminar a vaidade dos grandes, que se servem do suor do povo para coisas suprfluas; () Pode-se conceder-me e
aprovar tudo isto; s que agora no se trata disso. Quer-se saber somente se esta simples representao do objeto [palcio]em mim
acompanhada de comprazimento, por indiferente que sempre eu possa ser com respeito existncia do objeto desta representao.
Kant, Crtica da Faculdade de Julgar
Kant chama gosto capacidade de julgar o sentimento de prazer ou desprazer que acompanha a representao de um objeto.
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Se o gosto que julga com base no sentimento de prazer ou desprazer, ento, o juzo esttico :
1. Um juzo de gosto sobre o belo;2. Subjetivo
Segundo Kant, dizer que a Piet bela! significa dizer que:
A sua contemplao acompanhada de comprazimento, isto , de um sentimento de prazer Que esse sentimento de prazer no depende de nenhum interesse no objeto A beleza no designa uma propriedade de Piet A beleza refere o sentimento de prazer que a representao da Pietprovoca no sujeito
Por ser subjetivo, o juzo esttico ser expresso de uma opinio pessoal que vale s para o prprio
individuo?
Diz Kant:
Como se pode concluir. Kant afirma que o juzo esttico :
Singular, pois refere-se apenas ao sujeito que ajuza Universalmente subjetivo, pois deve ser vlido para todos os sujeitos que julgam
desinteressadamente.
A tese de Kant de que o juzo esttico subjetivamente universal
A universalidade subjetiva do juzo esttico no significa que exista consenso, pois o juzo esttico
apenas comunica a necessidade de adeso universal uma vez que quem ajuza desinteressada s pode
julgar dessa maneira.
O sublime
Ser que a contemplao de dois cenrios diferentes desperta o mesmo tipo de comprazimento?
APrado florado
BRochedos audazes e nuvens de troves
A contemplao de um prado florido proporciona um sentimento de agrado que a nossa faculdade do
gosto julga ou ajuza como belo. No juzo esttico sobre o belo, o comprazimento tranquilo; a
afirmao o prado belo, traduz um sentimento de agrado positivo que mantem o espirito atrado pelo
objeto em serena contemplao.
Ora a contemplao de uma tempestade, como descrita no cenrio B, no proporciona o
mesmo tipo de comprazimento.
O subjetivismo esttico faz depender o valor
esttico dos objetos do sentimento de prazer
que a sua contemplao provoca
O belo o que representado sem conceitos como objeto de um comprazimento universal.
Aquilo a respeito de cujo comprazimento algum consciente de que nele prprio independentemente de todo o interesse, isso ele no podeajuizar de outro modo seno que tem de conter um fundamento de comprazimento para qualquer um (). Consequentemente, tem que se
atribui ao juzo de gosto, com a conscincia da separao nele de todo o interesse, uma reivindicao de validade para qualquer um, sem
universalidade fundada sobre objetos, isto , uma reivindicao de universalidade subjetiva tem de estar ligada a esse juzo.
Kant, Critica da Faculdade de Julgar
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Diz Kant:
Trata-se, agora, j no do belo mas do sublime.A palavra sublimesignifica elevado, superior, grandioso,
por isso, a experiencia do sublime, segundo Kant, refere-se a um sentir-se superado por algo que nos
ultrapassa de maneira ilimitada.
O sublime pode ser aquilo que grande para alm de toda a
comparao , ou seja, o infinitamente grande (sublime matemtico) ou aquilo que excede infinitamente
as nossas prprias foras (sublime dinmica).
Tamanha grandiosa manifestao de poder proporciona um sentimento misto de prazer e de desprazer,
pois essa potencia obriga-nos a reconhecer a nossa fraqueza mas simultaneamente d-nos conscincia
de termos uma faculdade cuja natureza nos leva para alem de todos os nossos padres e medidas finitas
e limitadas. A descoberta desta possibilidade de superao dos limites fixados pela nossa natureza
animal e sensvel produz um sentimento positivo.
Segundo Kant, ao contrario do belo ( que definimos como o sentimento de comprazimento suscitado
pela contemplao da forma do objeto ), o sublime simultaneamente:
O sentimento de temor e de respeito suscitado pela incapacidade de imaginao, paracompreender aquilo que a excede em poder e grandeza;
Sentimento de atrao e de seduo pelo objeto da (natureza) cuja representao determina oespirito a pensar a prpria natureza como totalidade (ideia de Mundo) e a pensar-se a si mesmo
como natureza supra-sensivel concretizada atravs da moralidade.
O belo prepara-nos para amar sem interesse algo, ate mesmo a natureza; o sublime
para estim-lo, mesmo contra o nosso interesse (sensvel). ()(Kant, Crtica da Faculdade do Juzo)
Objetivismo esttico
O objetivismo esttico faz depender o juzo esttico de critrios objetivos, por isso, quando se trata deapreciar a arte, o que deve ser determinante so as caractersticas formais do objeto.
A questo que agora se coloca a de saber quais so as caractersticas do objeto e como
identifica-las quando materializadas nas diferentes formas de arte.
Segundo o filosofo americano Monroe Beardsley (defensor do objetivismo), a apreciao
esttica de um objeto faz-se a partir de um conjunto de qualidades estticas inerentes ao objeto (a
unidade, a intensidade e a complexidade).
Somente o objeto que possuir essas caractersticas e que poder desencadear no observador
uma experiencia esttica, sendo por essa razo, uma obra de arte.
O ilimitado oceano revolto, uma alta queda dagua de uma rio poderoso, etc., tornam a nossa capacidade de resistncia de
uma pequenez insignificante em comparao com o seu poder. Mas o seu espetculo s se torna tanto mais atraente, quanto
mais terrvel ele , contanto nos encontremos em segurana; e de bom grado denominaremos esses objetos sublimes porque eles
elevam as foras da alma acima da mediana, e permitem descobrir em ns uma faculdade de resistncia de espcie totalmente
diversa, a qual nos encoraja a medir-nos com a omnipotncia da natureza
Kant, Crtica da Faculdade de Juzo
Sublime aquilo em comparao
com o qual tudo o mais pequeno
O objetivismofaz depender a apreciao esttica de um conjunto de caractersticas existentes no objeto
esttico
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Em suma:
Segundo Kant, o juzo esttico algo de intermdio entre a faculdade de conhecer e a faculdade de
desejar. O juzo de gosto no , segundo ele, um juzo de conhecimento mas um juzo esttico, cujo
fundamento subjetivo.
Para distinguir se algo belo ou no, refere-se representao, no pelo entendimento ao objeto com
vista ao conhecimento, mal pela faculdade da imaginao ao sujeito, e ao sentimento de prazer oudesprazer.
Quando pergunto se algo belo, quero saber se a simples representao do objeto em mim
acompanhada de comprazimento (atividade humana a que o sentimento de prazer est ligado), ou seja,
o belo aponta para a forma como me estou a sentir em relao a algo.
A obra de arte de Kant tem de ser puramente desinteressada e o juzo esttico exprime apenas uma
satisfao puramente contemplativa, que conduz a um sentimento de prazer.
A dimenso religiosaanlise e compreenso da experiencia religiosa
Faz parte da natureza humana, a tendncia para a crena religiosa, esta uma das caractersticas
culturais de todas as sociedades. Desde o inicio da humanidade que possvel encontrarmos rituais e
crenas religiosas.
A Religio serve como elemento de coeso social, une os elementos de uma sociedade, emtorno de algo que tm em comum, alis a prpria palavra Religio deriva do latim religar (ligar,
unir).
O sagrado a ideia me de todas as religies. Todas elas caracterizam-se por uma relao que
estabelecida com o domnio do sagrado.
E o que o sagrado?
O sagrado aquilo que ultrapassa a experiencia sensvel, o domnio do transcendente, aquilo que
mais importante, superior e intocvel, objeto de adorao e devoo. O sagrado existe em oposio ao
profano. O profano tudo aquilo que banal e quotidiano. As manifestaes do sagrado chamamos
hierofania.
A primeira forma de o Homem se relacionar com o transcendentee com o sagrado foram osmitos.Os Homens questionavam-se sobre o que os rodeavam, sobre a natureza e surgiram as
primeiras tentativas de explicao do real. O mito pode ser definido como explicao ou
interpretao da realidade csmica e humana atravs de um relato alegrico.
As primeiras religies que acompanham esses mitos tenham um carcter politesta(crena em vrios
Deuses), embora essas religies politestas no tenham desaparecido, vemos hoje em dia, um
predomnio de religies monotestas(crena num nico Deus).
O questionamento religioso deriva da pergunta pelo sentido da nossa existncia. O Homemvive angustiado com a sua existncia e sobretudo por saber que essa existncia vai ter um fim.
A este facto d-se o nome de experiencia de finitude. A resposta religiosa termina com a
angustia da experiencia da finitude. Para os crentes, a angustia da morte superada com a
esperana de uma vida superior a esta.
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As verdades religiosas, so verdades reveladas, que no so questionadas pelos crentes, tornando-se
dogmas.
A presena divina provoca no ser humano um sentimento de proteo e de receio. Por um lado, existe
um amor e uma adorao ilimitados, por outro lado um horror e medo. Este sentimento deriva do facto
de que por um lado se amar o ser superior que deu a vida e que protege e por outro teme esse ser
superior to forte e poderoso que pode retirar aquilo que deu (a vida) e ou pode retirar a sua proteoou at mesmo castiga-lo por uma conduta indevida.
A importncia da f na vida humana torna-se mais visvel aquando das situaes-limite. Estassegundo Karl Jaspers, ocorrem quando passamos por uma situao que no podemos modificar,
alterar ou eliminar segundo a nossa vontade, somos assim obrigados a vive-las. o caso da
morte de algum que nos querido, ou uma doena grave ou uma tragedia natural. Como no
podemos fugir, somos obrigados a ultrapassa-las, cada um sua maneira.
As dimenses pessoal ou social das religies
A dimenso social da Religio indispensvel para compreendermos o Homem e a sua historia. Uma
Religio caracteriza-se pela existncia de um conjunto de crenas, de regras e de ritos que so aceites e
partilhados por uma comunidade. Nesta comunidade existe a unio da dimenso pessoal com a
dimenso social da Religio, assim uma experiencia que pessoalmente vivida mas ao mesmo tempo
socialmente partilhada.
Assim, a Religio ganha um carcter pblico atravs do cultoreligioso, que tem uma dimensocoletiva. Esse culto vincula os crentes perante o grupo e est intimamente relacionado com os
ritos, estes so a parte formal e cerimonial do culto.
Atitudes face a existncia de Deus: Crena religiosa: acredita-se que Deus existe; Atesmo:acredita-se que Deus no existe; Agnosticismo:no se tem uma opinio, por isso no se afirma sobre a existncia de Deus
Religio, razo e ftarefas e desafios da tolerncia
Na sociedade Ocidental contempornea so visveis uma dessacralizao(perda daimportncia do sagrado) e uma secularizao(a perda da importncia da igreja). O Homem tem
vindo a perder a sua f religiosa, substituindo-a por uma atitude de descrena, motivada pela
evoluo da cincia e pela sociedade de consumo onde todos vivemos. No entanto, esta
atitude tambm fez com que surgissem fundamentalismos religiosos em todo o mundo, que
tm levado a atitudes de intolerncia e mesmo de violncia.
A prpria coexistncia de religies tambm no tem sido pacifica, pois a nossa historia tem sido feita de
guerras tendo como pretexto motivos religiosos. E ainda hoje em dia, vemos que grande parte dos
conflitos mundiais tm como fundamento as diferentes religies.
As relaes entre a f e razonem sempre tm sido pacificas. Na Antiguidade clssica havia umpredomnio da razo (os gregos procuravam obter conhecimentos verdadeiros atravs de processos
puramente racionais), enquanto que na Idade Media houve um predomnio da f (na poca medieval,
todo saber, formao e educao existiam apenas no interior da Igreja), na modernidade houve uma
separao dos dois domnios (essa separao ocorre com a conscincia de que eles pertencem a domnios
com naturezas diferentes e permitiu cincia desenvolver todo o seu potencial).
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F e Razo:
Argumento Ontolgico
Segundo Santo Anselmo, Deus aquilo maior do que o qual nada se pode pensar. Logo, se temos a
ideia de Deus no nosso esprito, ele tem de existir na realidade, pois se existisse apenas na nossa mente,
todas as outras coisas seriam maiores do que Deus. Descartes continua, seculos mais tarde, esteargumento, mas com a ideia de perfeio. Se uma das caractersticas que atribumos a Deus a
perfeio, ento Ele tem de existir seno no seria Perfeito.
Argumento Cosmolgico
Segundo esta teoria tudo tem um comeo e um fim. Se tudo tem uma causa, temos de recuar ate
causa primeira, ou seja, o Criador.
Argumento Teleolgico
Ou do Desgnio, o nome deste argumento deriva do grego Teleos, que significafim, para isso
necessrio a existncia de um Criador que planeou esse fim.
A posio Kantiana:
A pergunta kantiana, O que posso esperar?, remete-nos para a questo religiosa, segundo ele a
Religio uma fonte de esperana para ultrapassar o sofrimento, uma promessa de felicidade e
imortalidade.
Segundo Kant, a moral no a doutrina sobre como nos tornaremos felizes mas como devemos ser
dignos da felicidade. S quando se acrescenta a Religio que surge a esperana de um dia
participarmos na felicidade, na medida em que tivemos o cuidado de dela no sermos indignos.
A causa suprema da Natureza um ser que pelo entendimento e pela vontade Deus.
Matria de 11 ano
(Muito Resumido)
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ArgumentaoDistino validade/verdade
O que a Lgica?
A palavra lgica deriva do grego logos, que significa razo, pensamento, discurso. Por isso, podemos
dizer que a lgica a disciplina que estuda as condies de coerncia do pensamento e do discurso. a
disciplina que investiga os princpios gerais do pensamento vlido.
A palavra lgicaderiva do termo grego logos.
Aristteles considerado o criador da lgica
( sc. IV a.C. )
Logica simblica Moderna :
Processo de construo iniciado por Gottfried Lebnix Desenvolvida apenas a partir dos finais do seculo XIX por matemticos como George Bodle()
Lgica :
Todos ns recorremos a ela no quotidiano
- Deriva do grego Logos (significa razo pensamento discurso).
- Podemos dizer que a lgica a disciplina que estuda as condies
de coerncia e validade do pensamento e do discurso
(p/ evitar erros e contradies)
- investiga os princpios gerais do pensamento.
Qual a importncia / utilidade da lgica?
1. A logica analisa as condies de coerncia do pensamento e do discurso2. A logica analisa a validade e verdade do pensamento e do discurso3. A logica proporciona os meios que possibilitam a organizao coerente e correta do pensamento e
do discurso.
Princpios lgicos do pensamento
O nosso pensamento rege-se por trs princpios lgicos:
O princpio da identidade uma coisa igual a si mesma e em termos de proposies, umaproposio idntica a ela prpria;
O principio da no-contradiouma coisa no pode ser e no ser ao mesmo tempo, sob omesmo ponto de vista;
O principio do terceiro-excludouma coisa ou ou no , no existe uma terceira opo.
Elementos importantes para a estruturao do pensamento:
- estuda os argumentos sob o seu aspeto formal;
- procura determinar os princpios que os argumentos devem
observar para serem validos;
- o seu estudo aperfeioa a nossa capacidade argumentativa;
- reduz possveis equvocos ou erros de pensamento.
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Elementos Estruturantes dos Argumentos:
- Os instrumentos lgicos utilizados pelo nosso pensamento so igualmente trs :
- Conceito / termo: o elemento base do nosso pensamento, deriva de uma operao mental de abstrao
que rene as caractersticas essenciais dos seres. A sua expresso verbal o termo.
- Podemos distinguir a compreenso e extenso dos conceitos
Compreensoconjunto de caractersticas ou atributos que definem esse conceito Extensoconjunto de seres a que esse conceito se refere- A compreenso e extenso variam segundo uma ordem inversa, quando aumenta a extenso a
compreenso diminui, e vice versa.
Extenso
Ser humano ; Homem ; Desportista ; Futebolista ; Goleador ; Cristiano Ronaldo
Compreenso
- Juzo / Proposio :
- uma relao entre conceitos , ou seja, a afirmao ou negao de algo sobre um
conceito.
- Os juzos podem ser qualificados em relao sua quantidade (universal ou particular ) e
em relao sua qualidade ( afirmativa ou negativa ).
- Tradicionalmente distinguimos 4 tipos de juzos: A,E, I e O.
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Raciocnio / argumento :
- um raciocnio ou inferncia uma relao entre juzos. A sua expresso verbal o argumento
- podemos apresentar trs tipos de raciocnios:
Os dedutivosneste tipo de argumento a verdade das premissas assegura a verdade daconcluso. Se as premissas forem verdadeiras e o seu encadeamento adequado, a concluso sernecessariamente verdadeira.
- Os argumentos dedutivos no acrescentam nada de novo ao que sabemos.
Os IndutivosNeste caso, a concluso ultrapassa o contedo das premissas. Embora estaspossam ser verdadeiras, a concluso apenas provvel.
Por AnalogiaNeste tipo de argumento parte-se da semelhana entre duas coisas, para seconcluir que a propriedade de uma a mesma que podemos encontrar na outra. As diferenas
especificas so ignoradas.
- A concluso de um argumento dedutivo uma consequncia necessria ou logica das
premissas
Raciocnio = Inferncia
Raciocinar = Inferir
Inferncia -> uma operao mental pelo qual de uma ou de mais proposies antecedentes,
conclumos que outra estava implicitamente contida.
Relao entre Validade e Verdade
- so dois termos que aparecem frequentemente quando falamos da lgica;
- Se eu disser Hoje est a chover a frase valida do ponto de vista formal esta bem constituda, no entanto
pode ser falsa, no caso de hoje estar sol.
- assim , a validade diz respeito ao que afirmado na proposio, diz respeito forma / estrutura do raciocnio.
- a verdade diz respeito ao que afirmado ou negado pela proposio, ou seja, ao seu aspeto material que
pode ser verificado empiricamente.
- Vlidos mas no verdadeiros
- Verdadeiros mas no vlidos
Argumentos podem ser
- Falsos e invlidos- Verdadeiros e vlidos (argumento slido)
Distribuio dos termos :
Proposio Sujeito Predicado
A Distribudo No Distribudo
I No Distribudo No Distribudo
E Distribudo Distribudo
O No Distribudo Distribudo
Regraos predicados s esto distribudos nas proposies negativas
Formas de Inferncia vlidas
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Lgica silogstica ou aristotlica
- a primeira e nica teorizao da logica ficou a dever se a Aristteles
- os estudos de logica que Aristteles empreendeu centraram-se na analise dos argumentos dedutivos
apresentados sobre a forma padronizada que se designa de forma silogstica.- um silogismo um argumento dedutivo constitudo por trs proposies (2 premissas 1 concluso)
- As proposies apresentam-se sob a forma categrica, isto , afirmam ou negam sem impor
qualquer condio.
Forma cannicapodemos transformar os enunciados em forma cannica que resulta da combinao de
formas logicas das premissas e concluses que constituem o argumento.
Exemplo:
Todos os homem que existem so mortais, como Scrates homem Scrates mortal
Forma cannica: Todos os Homens so mortais (A) Todo(s) (so)
Scrates e homem (E ) Nenhum
Scrates mortal ( I ) Algum (so)
(O) Algum(s) no ( so)
Os Silogismos (regras estrutura princpios )
Termos :
Termo mdio(M) ou(TM) Termo medio Termo maior Termo menor Termo maior(T) ou(T >) Termo menor(t) ou(T
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Figuras e Modos dos silogismos :
1 figura 2Figura 3Figura 4 Figura
S P S P S P S P
S P S P S P S P
Termo Mdio
Modos dos Silogismos
Designa-se por modo cada uma das formas que o silogismo pode tomar derivado da quantidade equalidade das proposies que o constituem.
Cada proposio pode ser dos tipo "A" (universal afirmativa), "E" (universal negativa), "I" (particular afirmativa) ou
"O" (particular negativa).
Exemplo do modo A A I
;As baleias so vertebrados(A)As baleias so animais aquticos(A)Logo, alguns animais aquticos so vertebrados (I).
No total das combinaes podemos ter 256 modos possveis, no entanto so 19 modos so legtimos. Os restantesso sofismas do tipo:I I A, A I O , E E E, E I A ...
As falcias silogsticas:
Falcias formaiserros de raciocnio derivados do incumprimento das regras logsticas. Nascem de
dificuldades de passagem das premissas para a concluso.
A falacia dos quatro termosinfringe a regra que diz que um silogismo s pode conter trs termos
A falacia da no distribuio do termo medioinfringe a regra que diz que o termo medio tem de
estar na forma universal pelo menos 1 vez , isto , tem de estar distribudo
A falacia da ilcita maior - infringe a regra que diz que nenhum termo pode ser maior na concluso
do que nas premissas, neste caso o termo maior
A falacia da ilcita menor - infringe a regra que diz que nenhum termo pode ser maior na concluso
do que nas premissas, neste caso o termo menor
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Argumentao e retrica
As trs dimenses do discurso:
As trs dimenses do discurso so compostas pela sintaxeque estuda a relao entre os signos
lingusticos - , semnticaque estuda a relao dos signos lingusticos com significado - e a
pragmticaque estuda a relao dos signos lingusticos com os sujeitos falantes. As trs formam a
semiticaestudo dos signos lingusticos
O Domnio do Discurso Argumentativo
A procura de adeso do auditrio:
Argumentarprtica corrente na vida quotidiana que ocorre, ao comunicar com outras pessoas,
quando procuramos defender pontos de vista e opinies, e tem como objeto persuadir os outros da
justeza das nossas opinies.
A diferena entre discurso argumentativo e discurso logico-demonstrativo:
O discurso que produzimos quando argumentamos tem caractersticas muito diferentes do discurso
logico-demonstrativo.
O discurso logico-demonstrativo ocorre frequentemente no mbito de diferentes disciplinas cientificas e
caracterizado pelo recurso a processos dedutivo-demonstrativos e pela linguagem rigorosa, isto ,
supe um tipo de racionalidade onde impera o rigor e onde no h lugar para a discusso controvrsia.
Enquanto que, O discurso argumentativo ocorre quando so abordados assuntos controversos que
suscitam polemica e se caracteriza pela utilizao de argumentos constitudos por premissas que so
discutveis e no implicam necessariamente a concluso, isto , apenas a suportam e sugerem.
Argumentao e Retorica:
Com o discurso argumentativo persuadir o auditrio, ou seja, aquele ou queles que o ouvem ou leem,
de uma dada tese. Por esta razo, aquele que argumenta procura falar ou escrever bem, recorrendo a
processos estilsticos que permitem que o discurso seja compreendido e aceite. Existe assim um lao
substantivo entre a argumentao e retorica entendida esta como a arte de bem falar, a arte de falar de
forma eloquente ( discurso retorico-argumentativo)
Demonstrao Argumentao
Pertence logica informal Ocorre em contexto cientifico O discurso impessoal e puramente racional Recorre a linguagens especificas dotadas de
rigor e preciso
Parte de premissas previamenteestabelecidas
do domnio constringente : as conclusesimpe-se com caracter de necessidade
Apresenta-se como evidente,independentemente da aprovao doauditrio
Pertence logica formal Ocorre em situaes de vida corrente O discurso pessoal e contextualizado,
podendo apelar para os afetos Utiliza a linguagem natural, ambgua e
imprecisa Parte de premissas discutveis e questionveis do domnio do verosmil e do prefervel A sua aceitao depende da aprovao do
auditrio
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