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EVOLUÇÃO HISTÓRICA a) Código Comercial de 1850 ! Parte I: Do comerciante e das sociedades comerciais; ! Parte II: Do comércio marítimo; ! Parte III: Das quebras (que já havia sido revogada pelo Dec. 7664: Lei de Falência). Neste período, o Direito Comercial era regido pela Teoria dos Atos de Comércio, onde importantes atividades econômicas não eram regulamentadas pelo Direito Comercial. Assim, aquelas atividades, por mais relevantes economicamente que fossem, se não consideradas atos de mercancia (Regulamento n. 737/1850), não receberiam tratamento da legislação especial. Ex.: não teriam o benefício da Lei de Falência. b) Código Civil : art. 2045: revoga a primeira parte do Código Comercial de 1850. A parte que se refere a Direito Marítimo ainda encontra-se em vigor. Art. 2.045. Revogam-se a Lei n o 3.071, de 1 o de janeiro de 1916 - Código Civil e a Parte Primeira do Código Comercial, Lei n o 556, de 25 de junho de 1850. Com o Código Civil de 2002, adota-se a Teoria da Empresa, onde: TEORIA DA EMPRESA EMPRESÁRIO SOCIEDADE EMPRESÁRIA Pessoa Física: art. 966 Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Pessoa Jurídica: art. 982 Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as

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EVOLUÇÃO HISTÓRICA

a) Código Comercial de 1850

! Parte I: Do comerciante e das sociedades comerciais;

! Parte II: Do comércio marítimo;

! Parte III: Das quebras (que já havia sido revogada pelo Dec. 7664: Lei

de Falência).

Neste período, o Direito Comercial era regido pela Teoria dos Atos de

Comércio, onde importantes atividades econômicas não eram regulamentadas pelo

Direito Comercial. Assim, aquelas atividades, por mais relevantes economicamente

que fossem, se não consideradas atos de mercancia (Regulamento n. 737/1850),

não receberiam tratamento da legislação especial. Ex.: não teriam o benefício da

Lei de Falência.

b) Código Civil: art. 2045: revoga a primeira parte do Código Comercial de

1850. A parte que se refere a Direito Marítimo ainda encontra-se em vigor.

Art. 2.045. Revogam-se a Lei no 3.071, de 1o de

janeiro de 1916 - Código Civil e a Parte Primeira

do Código Comercial, Lei no 556, de 25 de junho

de 1850.

Com o Código Civil de 2002, adota-se a Teoria da Empresa, onde:

TEORIA DA EMPRESA

EMPRESÁRIO SOCIEDADE EMPRESÁRIA

Pessoa Física: art. 966

Art. 966. Considera-se empresário

quem exerce profissionalmente

atividade econômica organizada para a

produção ou a circulação de bens ou de

serviços.

Pessoa Jurídica: art. 982

Art. 982. Salvo as exceções expressas,

considera-se empresária a sociedade

que tem por objeto o exercício de

atividade própria de empresário sujeito

a registro (art. 967); e, simples, as

demais.

Parágrafo único. Independentemente de

seu objeto, considera-se empresária a

sociedade por ações; e, simples, a

cooperativa.

O conceito de empresário contido no art. 966 aplica-se tanto para

pessoa física quanto para pessoa jurídica, tendo em vista que conceitua o que seja

empresário. Assim, considera-se empresário aquele que:

1) CONCEITO DE EMPRESÁRIO: art. 966

Art. 966. Considera-se empresário quem exerce

profissionalmente atividade econômica organizada

para a produção ou a circulação de bens ou de

serviços.

! Profissionalmente: para que se configure a profissionalidade,

deve haver a habitualidade;

! Exerce atividade econômica: atividade econômica visa o lucro

/ intuito lucrativo;

! Organizada: para o Direito Empresarial, organização significa

a reunião dos quatro fatores de produção, quais sejam:

a) Mão-de-obra;

b) Matéria-prima;

c) Capital;

d) Tecnologia: uma simples máquina registradora é considerada

tecnologia. Não é necessária a existência de tecnologia de ponta.

Na ausência de um destes fatores de produção, não há mais que

se falar em organização.

Na ausência de mão-de-obra contratada não se fala mais em

organização.

Ex¹.: A faz trufas em casa, as embrulha e as venda na faculdade.

Há habitualidade, intuito lucrativo. No entanto, não há mão-de-

obra. Assim, não há organização. Não havendo organização, ele

não é considerado empresário.

Ex².: A e B montam um bar, onde fica estabelecido que

trabalharão em conjunto. Não contratam empregados. Não há

organização. Não há empresarialidade. Portanto, não é

considerada sociedade empresária.

STJ já definiu que prestadora de serviços é sociedade empresária.

Exemplos de sociedades empresárias: montadora de veículos,

banco, loja de roupas, agência de turismo.

! Para a produção ou circulação

! De bens ou serviços

Não é porque empresário individual possui CNPJ que ele é pessoa

jurídica. O condomínio possui CNPJ e também não é pessoa jurídica. A finalidade do

CNPJ é meramente para fins tributários, ou seja, para que pessoa física tenha

mesmo tratamento tributário dado para pessoa jurídica.

Obs.: João e Maria são sócios de uma sociedade empresarial. Quem

exerce a atividade empresarial é a sociedade, e não seus sócios, os quais são

simplesmente sócios de uma pessoa jurídica. Eles não são empresários (pessoa

física que exerce atividade empresarial).

Parágrafo único. Não se considera empresário

quem exerce profissão intelectual, de natureza

científica, literária ou artística, ainda com o

concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se

o exercício da profissão constituir elemento

de empresa.

O parágrafo único, art. 966, disciplina sobre aquele que não se

considera empresário, ou seja, aquele que exerce:

! Atividade intelectual: os chamados profissionais liberais, como

por exemplo, médicos, contadores, engenheiros, arquitetos,

advogados, etc., devendo ser analisados tanto no âmbito da

pessoa física quanto jurídica.

! De natureza:

a) Científica: ex.: médico, advogado, engenheiro.

b) Literária: ex.: jornalista;

c) Artística: ex.: atores, escultores, pintores.

! Ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores;

! Salvo se o exercício da profissão constituir elemento de

empresa

Ex¹.: dois médicos constituem clínica e contratam secretária, faxineira e

contador. Não passa a ser sociedade empresária, tendo em vista a disposição do

parágrafo único, art. 966 (ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores).

Ex².: dois médicos constituem clínica e a ampliam, instalando UTI e

venda de plano de saúde, bem como lanchonete. Nenhuma destas atividades se

configura como sendo atividade intelectual, sendo que esta tornou-se elemento de

empresa. Com isto, toda a atividade passa a ser de empresário. Neste momento,

pode-se afirmar que o hospital é uma atividade empresária por lá não haver

somente a prestação de serviços de natureza intelectual.

2) REQUISITOS:

São requisitos para ser empresário:

Art. 972. Podem exercer a atividade de

empresário os que estiverem em pleno gozo da

capacidade civil e não forem legalmente

impedidos.

! Pleno gozo da capacidade civil:

a) Emancipado: pode exercer atividade empresarial;

b) Menor: de acordo com o art. 974 (CC), o menor pode exercer

atividade empresarial para dar continuidade ao exercício da

atividade empresarial, antes exercida por seus pais ou autor de

herança.

Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de

representante ou devidamente assistido,

continuar a empresa antes exercida por ele

enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de

herança.

§ 1o Nos casos deste artigo, precederá

autorização judicial, após exame das

circunstâncias e dos riscos da empresa, bem

como da conveniência em continuá-la, podendo a

autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os

pais, tutores ou representantes legais do menor

ou do interdito, sem prejuízo dos direitos

adquiridos por terceiros.

§ 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa

os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da

sucessão ou da interdição, desde que estranhos

ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do

alvará que conceder a autorização.

A lei não está protegendo o menor, mas preservando a empresa que já

estava em atividade.

c) Incapaz: poderá continuar o exercício da empresa, por meio

de representante legal;

Para que o menor exerça atividade empresarial é necessária a

autorização judicial e que esteja devidamente representado ou assistido.

Art. 976. A prova da emancipação e da

autorização do incapaz, nos casos do art. 974, e a

de eventual revogação desta, serão inscritas ou

averbadas no Registro Público de Empresas

Mercantis.

Parágrafo único. O uso da nova firma caberá,

conforme o caso, ao gerente; ou ao representante

do incapaz; ou a este, quando puder ser

autorizado.

! Não forem legalmente impedidos: art. 1011, §1º

§ 1o Não podem ser administradores, além das

pessoas impedidas por lei especial, os

condenados a pena que vede, ainda que

temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou

por crime falimentar, de prevaricação, peita ou

suborno, concussão, peculato; ou contra a

economia popular, contra o sistema financeiro

nacional, contra as normas de defesa da

concorrência, contra as relações de consumo, a fé

pública ou a propriedade, enquanto perdurarem

os efeitos da condenação.

Os impedidos de exercer a atividade empresarial tendo em vista

impedimento por lei especial, como por exemplo magistrado, podem ser sócios de

sociedade empresária; estão impedidos de serem administradores.

O falido, entretanto, pode ter sentença de extinção das obrigações do

falido. Quando esta estiver transitado em julgado, ele poderá voltar a exercer a

atividade empresarial.

Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar

sociedade, entre si ou com terceiros, desde que

não tenham casado no regime da comunhão

universal de bens, ou no da separação

obrigatória.

Art. 978. O empresário casado pode, sem

necessidade de outorga conjugal, qualquer que

seja o regime de bens, alienar os imóveis que

integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los

de ônus real.

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648,

nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do

outro, exceto no regime da separação absoluta:

I - alienar ou gravar de ônus real os bens

imóveis;

II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses

bens ou direitos;

III - prestar fiança ou aval;

IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de

bens comuns, ou dos que possam integrar futura

meação.

Parágrafo único. São válidas as doações nupciais

feitas aos filhos quando casarem ou

estabelecerem economia separada.

Regra especial no que diz respeito à contratação de sociedade

empresária entre cônjuges.

Para o Direito Empresarial, para a alienação de bens do casal, há que se

observar a regra especial (art. 978), que se configura como exceção à regra geral

contida no art. 1647.

Princípio da Unidade Patrimonial: tanto pessoa física quanto jurídica

possuem um único patrimônio.

Ex.: empresário individual tem um imóvel para sua habitação, um carro

e um sítio. Também tem bens destinados para a exploração da atividade

empresarial. Todos estes bens são patrimônio da pessoa física, do empresário

individual. Não há como fazer a distinção de tais bens. Há unidade patrimonial.

Para a satisfação das dívidas da atividade empresarial, podem estes

bens pessoais serem objeto de execução? Sim, tendo em vista o fato de que não há

separação de patrimônio.

Da mesma forma quando há dívida pessoal. Para a satisfação desta,

pode recair sobre bens destinados para a exploração da atividade empresarial.

Fundamento: princípio da unidade patrimonial.

Se você é pessoa física e pretende separação dos patrimônios, há que se

constituir sociedade empresária, uma pessoa jurídica. Esta, ao adquirir

personalidade jurídica própria, adquire titularidade patrimonial.

Ex.: empresário individual compra imóvel. Na frente deste imóvel ele

explora a atividade empresarial, sendo que nos fundos, mora com sua família.

Referido imóvel é utilizado tanto para atividade empresarial quanto para uso da

família. Este imóvel é penhorável ou não?

Posicionamento STJ: é impenhorável.

E quando imóvel está em nome da pessoa jurídica?

Recurso /SC (STJ): não há que se falar em impenhorabilidade de imóvel

registrado em nome de sociedade comercial.

Recurso 326019 / MA: imóvel que pertence à sociedade comercial e

serve de residência para os sócios é penhorável pois, supõem-se que bem de

família seja de propriedade familiar.

Documento 5

Íntegra do

Acórdão

Acompanhamento

Processual

Resultado sem

Formatação Imprimir/Salvar

Processo

REsp 326019 / MA

RECURSO ESPECIAL

2001/0057430-4

Relator(a)

Processo

REsp 326019 / MA

RECURSO ESPECIAL

2001/0057430-4

Relator(a)

Ministro ARI PARGENDLER (1104)

Órgão Julgador

T3 - TERCEIRA TURMA

Data do Julgamento

18/04/2002

Data da Publicação/Fonte

DJ 05.08.2002 p. 330

Ementa

CIVIL. BEM DE FAMÍLIA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Imóvel que, pertencente a

sociedade comercial, serve de residência para os sócios; penhorabilidade, porque a

caracterização do bem de família supõe que a propriedade seja da entidade familiar.

Recurso especial conhecido e provido.

Acórdão

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,

acordam os Ministros da TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por

unanimidade, conhecer do recurso especial e lhe dar provimento. Os Srs. Ministros

Carlos Alberto Menezes Direito, Nancy Andrighi e Castro Filho votaram com o Sr.

Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Antônio de Pádua Ribeiro.

Resumo Estruturado

POSSIBILIDADE, PENHORA, BEM IMOVEL, PROPRIEDADE, SOCIEDADE FAMILIAR,

DECORRENCIA, DIVERSIDADE, ENTIDADE FAMILIAR, IRRELEVANCIA, UTILIZAÇÃO,

RESIDENCIA, SOCIO, NÃO CARACTERIZAÇÃO, BEM DE FAMILIA.

Referência Legislativa

LEG:FED LEI:008009 ANO:1990

ART. 00001

LEG.:FED CFD:****** ANO:1988

***** CF-88 CONSTITUIÇÃO FEDERAL

ART.:00226

Doutrina

OBRA: EL ABUSO DE LA PERSONALIDAD JURIDICA, DEPALMA, P. 17 E SEGUINTES.

AUTOR : JUAN DOBSON

Veja

STJ - RESP 35281-MG (RSTJ 73/261, REVJUR 214/46)

3) OBRIGACOES DO EMPRESÁRIO:

São obrigações do empresário:

a) REGISTRO, antes do início da atividade empresarial, de acordo com

art. 967 (CC):

Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário

no Registro Público de Empresas Mercantis da

respectiva sede, antes do início de sua atividade.

Registro Público de Empresas Mercantis: Lei n. 8934/94, a qual

disciplina sobre o SINREM (Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis),

o qual é composto por dois órgãos, quais sejam:

a) DNRC (Departamento Nacional de Registro de Comércio): órgão

federal, o qual configura-se como órgão normatizador e fiscalizador. Substituído

pelo DREI (Departamento de Registro Empresarial e Integração).

b) Juntas Comerciais: órgãos estaduais, que se configuram como

órgãos executores, sendo que são nas Juntas Comerciais que se deve proceder ao

registro do empresário. São duas as modalidades de subordinação das Juntas

Comerciais, quais sejam:

! Subordinação técnica: ao órgão normatizador (DNRC)

! Subordinação administrativa: à unidade da Federação (ex.: quem

paga a remuneração dos vogais é o Estado).

IMPORTANTE:

Ex.: pretendo meu registro como empresário individual, o qual é negado

pelo Presidente da Junta Comercial. Posso ingressar com mandado de segurança.

Mas qual será a Justiça competente?

STF: Rec. 199796 / RS: Justiça Federal. Fundamento: tecnicamente,

Junta está subordinada a órgão federal, qual seja, o DNRC.

No entanto, existem exceções à regra do art. 967, quais sejam, as

elencadas no art. 971:

Art. 971. O empresário, cuja atividade rural

constitua sua principal profissão, pode,

observadas as formalidades de que tratam o art.

968 e seus parágrafos, requerer inscrição no

Registro Público de Empresas Mercantis da

respectiva sede, caso em que, depois de inscrito,

ficará equiparado, para todos os efeitos, ao

empresário sujeito a registro.

Para o empresário rural o registro é facultativo. Caso efetue o registro,

ficará equiparado ao empresário. A finalidade deste dispositivo: facultatividade do

registro para pequeno produtor rural, ao passo que, para a agroindústria, o registro

é obrigatório.

Conseqüências da ausência de registro:

! Não poderá requerer a falência de um terceiro;

! Não poderá pleitear recuperação judicial;

! Tratando-se de sociedade, a responsabilidade dos sócios será

ilimitada;

! Não participar de licitações

b) ESCRITURAÇÃO:

Está dispensado da escrituração dos livros o pequeno empresário, de

acordo com o art. 1079. Cuidado, não é microempresa ou empresa de pequeno

porte, mas sim pequeno empresário.

Estão sujeitos a fiscalização tributária ou

previdenciária quaisquer livros comerciais,

limitado o exame aos pontos objeto da

investigação.

LC n. 123/07, art. 68:

Art. 68. Considera-se pequeno empresário, para

efeito de aplicação do disposto nos arts. 970 e

1.179 da Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de

2002, o empresário individual caracterizado como

microempresa na forma desta Lei Complementar

que aufira receita bruta anual de até R$

36.000,00 (trinta e seis mil reais).

Quando é decretada a falência e não há escrituração dos livros, há

caracterização de crime falimentar, de acordo com art. 178, Lei n. 11.101/05.

Art. 178. Deixar de elaborar, escriturar ou

autenticar, antes ou depois da sentença que

decretar a falência, conceder a recuperação

judicial ou homologar o plano de recuperação

extrajudicial, os documentos de escrituração

contábil obrigatórios:

Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e

multa, se o fato não constitui crime mais grave.

A lei não fala em escriturar com falhas, o que não se configura como

crime falimentar. Este é configurado quando não há a escrituração ou autenticação

dos documentos escriturais.

Art. 104. A decretação da falência impõe ao falido

os seguintes deveres:

II – depositar em cartório, no ato de assinatura

do termo de comparecimento, os seus livros

obrigatórios, a fim de serem entregues ao

administrador judicial, depois de encerrados por

termos assinados pelo juiz;

Parágrafo único. Faltando ao

cumprimento de quaisquer dos deveres

que esta Lei lhe impõe, após intimado

pelo juiz a fazê-lo, responderá o falido

por crime de desobediência.

c) REALIZAÇÃO DE BALANÇOS:

! Balanço patrimonial: art. 1188.

Art. 1.188. O balanço patrimonial deverá

exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real

da empresa e, atendidas as peculiaridades desta,

bem como as disposições das leis especiais,

indicará, distintamente, o ativo e o passivo.

Parágrafo único. Lei especial disporá sobre as

informações que acompanharão o balanço

patrimonial, em caso de sociedades coligadas.

Apuração de ativo e passivo.

! Balanço de resultado econômico: art. 1189

Art. 1.189. O balanço de resultado econômico, ou

demonstração da conta de lucros e perdas,

acompanhará o balanço patrimonial e dele

constarão crédito e débito, na forma da lei

especial.

Apuração dos resultados.

EXERCICIOS – TEORIA GERAL DA EMPRESA

1. (OAB/MG 2006/02)

O Sr. Silvio Pompeu, prospero empresário individual estabelecido em

Vespasiano/MG, veio a falecer em virtude de um acidente de carro. Era

viúvo, deixou como únicos herdeiros seus dois filhos, Thiago e João Pedro,

como 08 e 12 anos respectivamente. O tutor dos menores ouviu dizer que

apenas pode exercer atividade de empresário quem estiver em pleno gozo

da capacidade civil. Em razão disso, deseja encerrar as atividades do

negocio promissor e rentável deixado pelo pai dos menores, pois não

pretende exercer sua função de tutor de forma contraria à lei, nem assumir

o risco de que os menores venham a comprometer, com a continuidade do

negocio, o patrimônio imobiliário e a reserva em dinheiro que seu pai

também lhes deixou, as razoes pelas quais o tutor dos menores pretende

encerrar o negocio tem justificativa legal? comente o caso. Redija um

parecer sobre o tema.

2. (OAB IV Exame Unificado) Diogo exerce o comércio de equipamentos

eletrô nicos, por meio de estabelecimento instalado no Centro do Rio de

Janeiro. Observe-se que Diogo não se registrou como empresário perante a

Junta Comercial.

Com base nesse cenário, responda:

a) São válidos os negócios jurídicos de compra e venda realizados por Diogo

no curso de sua atividade? (Valor: 0,65)

b) Quais os principais efeitos da ausê ncia de registro de Diogo como

empresário? (Valor: 0,6)

3. (OAB V Exame Unificado) Matias, empresário individual que explorava

serviç os de transporte de cargas pesadas, faleceu em 8/3/2010, deixando

cinco filhos, sendo dois – José e Carlos – fruto de seu primeiro casamento

com Maria (falecida em 30/7/1978) e trê s – Pedro, Fábio e Francisco – de

seu segundo casamento com Joana, atual viúva e inventariante do espólio

dos bens deixados por Matias. Por tal razão, Joana figura como

administradora da empresa exercida pelo espólio, enquanto sucessor do

empresário falecido.

Ao visitar o estabelecimento onde se encontra centralizada a referida

atividade empresária, Carlos constata que, dos 48 caminhões anteriormente

existentes, 13 encontram-se estacionados e outros 20 em funcionamento,

sendo que os demais teriam sido vendidos por Joana, segundo

informaç ões obtidas do supervisor do estabelecimento, a quem cabe o

controle dos veículos.

Por outro lado, Carlos verifica aparente enriquecimento súbito de Pedro e

Fábio, os quais, mesmo sendo estudantes sem renda, adquirem,

respectivamente e em nome próprio, imóveis no valor de R$ 300.000,00 e

R$ 450.000,00.

Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os

argumentos jurídicos apropriados e a fundamentaç ão legal pertinente ao

caso.

a) Pode Carlos, sob o argumento de suspeita de desvio de bens do

estabelecimento por Joana, requerer a exibiç ão integral dos livros

empresariais do espólio de Matias? (Valor: 0,45)

b) Independentemente da questão “a” acima, supondo-se que conste do

Livro Diário do espólio de Matias a alienaç ão de 15 caminhões de sua

propriedade, pode tal prova prevalecer caso Joana apresente documentos

comprobatórios da locaç ão desses veículos e do recebimento dos

respectivos aluguéis? Responda examinando o efeito probatório dos livros

empresariais obrigatórios. (Valor: 0,80)

4. (CESPE 2006/02) Indique onde se deve registrar uma companhia que

tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural, se na

Junta Comercial ou no Registro Civil das Pessoas Jurídicas.

Justifique sua resposta.

5. (MG 2006/03) João Olavo é produtor e comerciante de laranjas e sua

atividade ganhou significativo impulso nos últimos anos, com vendas para o

exterior.

Contratou trinta empregados, mantém escrituração regular e se dedica

exclusivamente a essa função. João Olavo pretende formalizar sua atividade,

mediante os registros próprios. Procura o seu Escritório de Advocacia para

indagar se pode se registrar na Junta Comercial como empresário e quais as

conseqü .ncias.

6. (MG 2008/02) O Sr. Pedro de Lara e a Sra. Araci de Almeida são casados

entre si, pelo regime da comunhão parcial de bens e são sócios de uma

sociedade empresária, de responsabilidade limitada, cujo objeto social é a

construção, a compra e a venda de bens imóveis. A administração da

sociedade compete apenas ao sócio Pedro. O sócio administrador vendeu

recentemente vários apartamentos de propriedade da sociedade. A outra

sócia, Araci, procura por você e pergunta se “é legal a alienação de bens

imóveis da sociedade, sem a outorga conjugal”.

Responda fundamentadamente, analisando as peculiaridades do caso.

7. (CESPE 2006/03) Suponha que um empresário, além do estabelecimento

que mantém em um shopping, possua um sítio na Web, por meio do qual

negocie com sua clientela. Considerando o atual estágio do direito

empresarial, responda, de modo justificado, ao seguinte questionamento:

que categoria jurídica é mais adequada para acolher o referido sítio, a de

estabelecimento ou a de ponto empresarial?

ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL:

Arts. 1.142 a 1.149.

1) CONCEITO: art. 1.142

Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo

complexo de bens organizado, para exercício da

empresa, por empresário, ou por sociedade

empresária.

São os bens corpóreos e os bens incorpóreos. Não é só o bem imóvel

que compõe o estabelecimento empresarial, mas sim um conjunto de bens.

BENS INCORPÓREOS BENS CORPOREOS

Sinais distintivos; privilégios industriais;

obras literárias; ponto empresarial;

créditos.

Terrenos, edifícios, construções,

mercadorias, mobiliários, utensílios,

veículos, dinheiro, títulos.

Deste modo, estabelecimento é uma universalidade de bens. Mas é uma

universalidade de direito ou uma universalidade de fato?

Bens coletivos ou universais: constituídos por vários bens singulares

(embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais),

considerados em conjunto, formando um todo único, que passa a ter

individualidade própria, distinta da dos seus objetos componentes, que conservam

sua autonomia funcional. Podem ser:

a) Universalidade de fato: por formar um conjunto de bens

singulares, corpóreos e homogêneos, ligados entre si pela

vontade humana para a consecução de um fim. Ex.:

biblioteca;

b) Universalidade de direito: constituída por bens singulares,

corpóreos e heterogêneos ou incorpóreos, a que a norma

jurídica, com o intuito de produzir certos efeitos, dando-

lhe unidade. Ex.: patrimônio, massa falida e herança.

Como o estabelecimento é universalidade de bens, não se configura

como sujeito de direito, mas sim como objeto de Direito. Deste modo, pode ser

vendido, arrendado, dado como usufruto.

Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto

unitário de direitos e de negócios jurídicos,

translativos ou constitutivos, que sejam

compatíveis com a sua natureza.

2) TRESPASSE:

É o contrato de compra e venda de estabelecimento empresarial.

Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a

alienação, o usufruto ou arrendamento do

estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a

terceiros depois de averbado à margem da

inscrição do empresário, ou da sociedade

empresária, no Registro Público de Empresas

Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.

Não preenchidos tais requisitos, o contrato não terá produzirá efeitos

somente perante terceiros. No entanto, será plenamente válido para as partes.

Figuras:

a) Adquirente:

b) Alienante:

Ex.: padaria Ki Pão LTDA, a qual possui dois estabelecimentos

empresariais. Pretende vender a unidade II. A pessoa jurídica Forno Quente LTDA

pretende adquirir esta unidade colocada à venda. Aqui há o contrato de trespasse,

na prática conhecido como “passe do ponto”.

Não há que se confundir trespasse com cessão de cotas.

Com o trespasse todas as dívidas do estabelecimento correm por conta

do estabelecimento.

O adquirente responde por dívidas anteriores ao contrato de trespasse?

Art. 1.146:

Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento

responde pelo pagamento dos débitos

anteriores à transferência, desde que

regularmente contabilizados, continuando o

devedor primitivo solidariamente obrigado

pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos

créditos vencidos, da publicação, e, quanto

aos outros, da data do vencimento.

O alienante é denominado devedor primitivo, o qual responde

solidariamente da seguinte forma:

a) Se a dívida for vencida: um ano da data da publicação do contrato de

trespasse;

b) Dos demais: um ano da data do vencimento.

E quando estabelecimento é vendido para terceiro. Após três meses

monto outro negócio, no mesmo ramo, em frente ao que foi vendido

anteriormente.

Está prática é permitida, desde que autorizada no contrato de trespasse.

Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o

alienante do estabelecimento não pode fazer

concorrência ao adquirente, nos cinco anos

subseqüentes à transferência.

Parágrafo único. No caso de arrendamento ou

usufruto do estabelecimento, a proibição

prevista neste artigo persistirá durante o

prazo do contrato.

3) FUNDO DE COMÉRCIO / AZIENDA

De acordo com a posição majoritária, estabelecimento empresarial é

sinônimo de fundo de comércio ou de azienda (Fábio Ulhoa Coelho).

Resp. 704726 / RS (STJ): fundo de comércio e estabelecimento

empresarial são sinônimos.

Processo

REsp 704726 / RS

RECURSO ESPECIAL

2004/0163648-0

Relator(a)

Ministra ELIANA CALMON (1114)

Órgão Julgador

T2 - SEGUNDA TURMA

Data do Julgamento

15/12/2005

Data da Publicação/Fonte

DJ 06.03.2006 p. 329

Ementa

ADMINISTRATIVO – DESAPROPRIAÇÃO DE EMPRESA – INDENIZAÇÃO – FUNDO DE

COMÉRCIO – JUROS COMPENSATÓRIOS – JUROS MORATÓRIOS – HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS.

1. A jurisprudência desta Corte consolidou-se no sentido de incluir

na indenização de empresa expropriada o valor do fundo de comércio.

2. O fundo de comércio é considerado patrimônio incorpóreo, sendo

composto de bens como nome comercial, ponto comercial e aviamento,

entendendo-se como tal a aptidão que tem a empresa de produzir

lucros.

3. A empresa que esteja temporariamente paralisada ou com problemas

fiscais, tal como intervenção estatal, não está despida do seu

patrimônio incorpóreo, o qual oscila de valor, a depender do estágio

de sua credibilidade no mercado. Situação devidamente sopesada pelo

Tribunal de origem que adotou o arbitramento feito pelo perito,

estimando o fundo de comércio em 1/3 (um terço) do patrimônio

líquido ajustado a 31/05/1985.

4. O STJ, em atenção ao princípio tempus regit actum, tem afastado a

aplicação de medidas provisórias a feitos anteriores ao seu advento.

Assim, o art. 15-B do Decreto 3.365/41 (introduzido pela MP

1.901-30/1999, publicada em 27/09/99) só tem aplicação nas

desapropriações ajuizadas após sua vigência. Precedentes.

5. Incide, na hipótese, juros compensatórios de 12% ao ano, seja

porque a imissão na posse foi anterior ao advento da MP 1.577/97,

seja porque suspensa a eficácia do artigo 15-A da MP 2.109/2001 pelo

STF, com plena aplicação das Súmulas 618/STF e 69/STJ.

6. Honorários de advogado que devem obedecer à sistemática da MP

2.109/2001 (porque fixados pelo Tribunal na sua vigência), com a

redução para 5% (cinco por cento) do valor da diferença entre a

oferta e a indenização.

7. Recurso especial da União provido em parte.

Acórdão

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima

indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior

Tribunal de Justiça "A Turma, por unanimidade, deu parcial

provimento ao recurso, nos termos do voto da Sra.

Ministra-Relatora." Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Castro

Meira e Francisco Peçanha Martins votaram com a Sra. Ministra

Relatora.

Resumo Estruturado

POSSIBILIDADE, INCLUSÃO, FUNDO DE COMÉRCIO, VALOR, INDENIZAÇÃO,

ÂMBITO, AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO / HIPÓTESE, UNIÃO FEDERAL,

DESAPROPRIAÇÃO, AÇÕES, PROPRIEDADE, SOCIEDADE DE CRÉDITO

FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO, LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL /

CARACTERIZAÇÃO, BEM INCORPÓREO, EMPRESA; OBSERVÂNCIA, JURISPRUDÊNCIA

DOMINANTE, STJ.

INCIDÊNCIA, JUROS COMPENSATÓRIOS, PERCENTUAL, 12%, ANO, ÂMBITO,

AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO, INDEPENDÊNCIA, IMISSÃO NA POSSE, ANTES, OU,

APÓS, VIGÊNCIA, MEDIDA PROVISÓRIA, 1997, REDUÇÃO, JUROS

COMPENSATÓRIOS, 6%, ANO / DECORRÊNCIA, DECISÃO JUDICIAL, STF,

SUSPENSÃO, EFICÁCIA, PARTE, ARTIGO, MEDIDA PROVISÓRIA, 1997,

PREVISÃO, LIMITE MÁXIMO, JUROS COMPENSATÓRIOS, 6%, ANO; APLICAÇÃO,

PRINCÍPIO, TEMPUS REGIT ACTUM; INCIDÊNCIA, SÚMULA, STF, E, STJ;

OBSERVÂNCIA, PRECEDENTE, SEGUNDA TURMA, STJ.

INAPLICABILIDADE, MEDIDA PROVISÓRIA, 1999, ALTERAÇÃO, LEI,

DESAPROPRIAÇÃO, COM, REFERÊNCIA, JUROS DE MORA / HIPÓTESE, AÇÃO

JUDICIAL, AJUIZAMENTO, ANTES, PUBLICAÇÃO, MEDIDA PROVISÓRIA, 1999,

PREVISÃO, INCIDÊNCIA, JUROS DE MORA, A PARTIR, PRIMEIRO DIA,

JANEIRO, POSTERIOR, ANO, OBRIGATORIEDADE, PAGAMENTO, INDENIZAÇÃO /

OBSERVÂNCIA, JURISPRUDÊNCIA, E, SÚMULA, STJ.

CABIMENTO, REDUÇÃO, HONORÁRIOS, ADVOGADO, AÇÃO DE

DESAPROPRIAÇÃO, COM, OBSERVÂNCIA, LIMITE MÁXIMO, 5%, VALOR,

DIFERENÇA, ENTRE, OFERTA, E, INDENIZAÇÃO / HIPÓTESE, JULGAMENTO,

RECURSO JUDICIAL, TRIBUNAL A QUO, PERÍODO, VIGÊNCIA, MEDIDA

PROVISÓRIA, 2001 / OBSERVÂNCIA, PRECEDENTE, STJ.

Entenda o uso da barra e do ponto e vírgula.

Referência Legislativa

LEG:FED LEI:007315 ANO:1985

ART:00002

LEG:FED DEC:091290 ANO:1985

LEG:FED DEL:003365 ANO:1941

***** LD-41 LEI DE DESAPROPRIAÇÃO

ART:0015A ART:0015B ART:00027 PAR:00001

(ART. 15A COM REDAÇÃO DADA PELA MEDIDA PROVISÓRIA N. 1.577/1997, ART.

27, §1º COM A REDAÇÃO DADA PELA MEDIDA PROVISÓRIA N. 2.109/2001 E ART.

15B COM REDAÇÃO DADA PELA MEDIDA PROVISÓRIA N. 1.901-30/1999)

LEG:FED MPR:001577 ANO:1997

ART:00001

LEG:FED MPR:002109 ANO:2001

(MEDIDA PROVISÓRIA N. 2.109-53/2001)

LEG:FED MPR:001901 ANO:1999

(MEDIDA PROVISÓRIA N. 1.901-30/1999)

LEG:FED SUM:******

***** SUM(STF) SÚMULA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

SUM:000618

LEG:FED SUM:******

***** SUM(STJ) SÚMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

SUM:000069 SUM:000070

Veja

(DESAPROPRIAÇÃO DE EMPRESA - INDENIZAÇÃO DO FUNDO DE COMÉRCIO)

STF - RE 96823/SP

STJ - RESP 77122-PR (RSTJ 88/180, RDR 6/287, LEXSTJ 84/208),

RESP 35938-SP (RSTJ 56/306, REVFOR 329/234),

RESP 406502-SP (RJADCOAS 35/50), RESP 569997-SE

(AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO - JUROS COMPENSATÓRIOS)

STF - ADI 2332 MC/DF

STJ - RESP 703818-MS, RESP 493529-RS,

AGRG NO AG 390271-SP, AGRG NO AG 430958-PR,

RESP 395754-RS

(EXPROPRIATÓRIA - JUROS MORATÓRIOS)

STJ - RESP 439385-SP, RESP 654148-MA,

AGRG NO AG 554015-RS, ERESP 615018-RS,

RESP 771446-RS, EDCL NO RESP 439014-RJ,

RESP 616664-MA

(DESAPROPRIAÇÃO - HONORÁRIOS DE ADVOGADO)

STJ - RESP 704928-RJ, RESP 689369-PB,

AGRG NO RESP 596868-SP

4) AVIAMENTO:

Significa o potencial de lucratividade do estabelecimento empresarial.

É um atributo do estabelecimento comercial.

Prof. Oscar Barreto Filho: “assim como a saúde está para o corpo, o

aviamento está para o estabelecimento empresarial”.

EXERCICIOS – ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

01. (OAB BA 2004/02) Em 01.01.2000, Marcelo de Souza firmou,

na condição de locatário, contrato de locação para fins

não residenciais, realizado por escrito e com prazo de

cinco anos. Durante o primeiro ano (2000), realizou

atividades de mercearia no local. Todavia, devido as

novas oportunidade financeiras, Marcelo resolveu mudar

o ramo empresarial para o de calcados, o qual ja

completou três anos e nove meses (setembro de 2004).

Agora, Marcelo pretende prorrogar o seu contrato de

locação, atraves de Ação Renovatória. Terá Marcelo

direito a essa ação? Justifique. Redija um parecer sobre

o tema.

02. (OAB CESPE 2007/1) João, empresário individual e um grande

chefe de cozinha, manteve ao longo de dez anos um

restaurante de comida portuguesa que contava com

clientela fiel e constante. Todavia, seduzido pela

proposta feita por Marcos, um de seus fornecedores,

alienou seu estabelecimento por R$300.000,00, valor

suficiente para que João se aposentasse. Entretanto,

depois de dois anos sem realizar atividades empresariais

no ramo, formou com Jose a sociedade Restaurante

Veneza Ltda., um sofisticado restaurante de comida

italiana. A antiga clientela de João, tomando

conhecimento do novo empreendimento, passou a

freqüenta-lo, desviando-se do antigo restaurante,

alienado a Marcos, que, por sua vez, ao tomar pé da

situação, procurou um advogado para ajuizar uma ação

para inibir a conduta de João, bem como haver os

prejuízos por ele experimentados.

03. (CESPE 2006/02) Redija um texto que responda, da

forma mais justificada possível, ao seguinte

questionamento: em um contrato de trespasse do

estabelecimento empresarial, pode o alienante, entre os

bens que integram a universalidade, transferir o seu

nome empresarial?

04. (OAB CESPE 2006/3) A sociedade Silva e Silva

Comercio de Alimentos Ltda foi constituída para a

exploração da atividade de restaurante. Percebendo

oportunidades de negocio, a sociedade alugou um

imóvel, por contrato escrito e por prazo certo de dois

anos, situado no centro de uma cidade recém tornada

turística. Como era de se esperar, o restaurante tornou-

se um sucesso. Apesar disso, necessitava de recursos

que a pessoa coletiva não tinha e, as vésperas do final

da locação, o restaurante (estabelecimento) foi alienado

à America Restaurantes S/A. Esta, por sua vez, entrou

em acordo com o proprietário do imóvel, que aceitou a

sub-rogacao no contrato locatício, e, desde logo, firmou

mais um contrato escrito, então por prazo certo de um

ano. A sucessão das empresas transcorreu de forma

tranqüila. Entretanto, próximo ao final da segunda

locação, a America Restaurantes S/A procurou o locador

para entabular novo contrato. O senhorio, todavia,

relutou, deixando claro que a relação locatícia

ultrapassasse o termo final sem nova avença escrita.

Pretendia, com isso, descaracterizar eventual direito da

locatária a uma ação renovatória. Assim, apos dois

meses do final do contrato escrito, ele – locador –

concordou em conceder um novo instrumento a

sociedade, agora pelo prazo de dois anos, como tinha

feito inicialmente com Silva e Silva Comercio de

Alimentos Ltda. No primeiro semestre do ultimo ano da

locação, a America Restaurante S/A marcou uma reunião

com o senhorio, a fim de lhe mostrar o seu direito à ação

renovatória, bem como tentar chegar a um consenso

acerca da renovação voluntaria da avença existente

entre as partes. Contudo, nessa reunião, o proprietário

do imóvel recusou-se peremptoriamente a firmar novo

contrato. Ademais, afirmou que a sociedade não tinha

direito à renovação, sob os seguintes fundamentos: 1.

Tinha contratos escritos e, portanto, a posse legitima do

imóvel, por somente três anos; 2. Caso fosse admitida,

absurdamente, a contagem do tempo de contrato da

Silva e Silva Comercio de Alimentos Ltda., não haveria

uma soma ininterrupta de contratos escritos pelo prazo

de cinco anos, visto que teria havido uma interrupção de

dois meses; e, por fim 3. No ultimo ano, tinha

conhecimento que o restaurante deixara de ser um self-

service para se tornar um sofisticado estabelecimento

italiano, tendo mudado, portanto, de ramo de atividade.

Os administradores de America Restaurante S/A, saíram

da reunião e se encaminharam diretamente ao escritório

do advogado, buscando obter parecer para embasar

juridicamente a sua tese do preenchimento de todos os

requisitos da ação renovatória. No contexto dessa

situação hipotética, redija um parecer devidamente

justificado, fundamentando a pretensão da locatária.

NOME EMPRESARIAL:

Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a

firma ou a denominação adotada, de

conformidade com este Capítulo, para o exercício

de empresa.

Parágrafo único. Equipara-se ao nome

empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a

denominação das sociedades simples, associações

e fundações.

Identifica o empresário ou a sociedade empresária.

1) MODALIDADES:

Modalidades de nome empresarial:

a) Firma:

! Firma individual: utilizada somente pelo empresário

individual.

Art. 1.156. O empresário opera sob firma

constituída por seu nome, completo ou

abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação

mais precisa da sua pessoa ou do gênero de

atividade.

Ex.: José da Silva / J. Silva / José da Silva Professor / J. Silva

Indústria Têxtil.

! Firma social: utilizada por algumas sociedades empresárias,

ou seja, só aplicada para aqueles tipos societários com sócios

com tipo de responsabilidade ilimitada.

Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de

responsabilidade ilimitada operará sob

firma, na qual somente os nomes daqueles

poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao

nome de um deles a expressão "e companhia" ou

sua abreviatura.

Parágrafo único. Ficam solidária e ilimitadamente

responsáveis pelas obrigações contraídas sob a

firma social aqueles que, por seus nomes,

figurarem na firma da sociedade de que trata este

artigo.

Ex.: sociedade em comandita simples, sociedade em nome coletivo.

b) Denominação: utilizada por alguns tipos societários, quais sejam,

aquelas que possuem sócios com responsabilidade limitada.

Regra: sociedade anônima e sociedade limitada.

Exceção: art. 1158: a limitada pode adotar tanto firma social quanto

denominação, desde que tenha a expressão Limitada ou LTDA.

Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma

ou denominação, integradas pela palavra final

"limitada" ou a sua abreviatura.

§ 1o A firma será composta com o nome de um ou

mais sócios, desde que pessoas físicas, de modo

indicativo da relação social.

§ 2o A denominação deve designar o objeto da

sociedade, sendo permitido nela figurar o nome

de um ou mais sócios.

§ 3o A omissão da palavra "limitada" determina a

responsabilidade solidária e ilimitada dos

administradores que assim empregarem a firma

ou a denominação da sociedade.

A distinção entre firma social e denominação encontra-se na sua

estruturação. Deste modo:

FIRMA SOCIAL DENOMINAÇÃO

Formada pelo nome de um, alguns ou

todos os sócios pessoas físicas, podendo

ser por extenso ou abreviado; neste

caso, utilizar-se-á o termo Cia.

Formada pelo elemento fantasia.

Pode ter nome do sócio (exceção), mas

como forma de homenagem ao sócio

fundador ou que é essencial para o

desenvolvimento da atividade

empresarial.

Ex.: J.Silva e Cia. LTDA. Ex.: Móveis Bom Jesus.

E como sei quando é firma ou denominação quando nome empresarial é

formado por nome civil de um dos sócios?

Ex.: (magistratura / DF): §2º, art. 1158, ou seja, quando só há o nome

civil dos sócios sempre será firma. Para ser denominação, com a utilização do nome

dos sócios, obrigatoriamente deve constar o tipo de atividade empresarial que

está sendo explorada.

§ 2o A denominação deve designar o objeto da

sociedade, sendo permitido nela figurar o nome

de um ou mais sócios.

Ex.: José da Silva e Renata Carneiro LTDA: obrigatoriamente firma.

Ex.: José da Silva e Renata Carneiro Produtos Agropecuários LTDA:

denominação, pois está inserido o tipo de atividade explorada.

3) PROTEÇÃO:

Quando empresário ou sociedade empresária efetua registro,

automaticamente nome empresarial estará protegido.

Art. 33. A proteção ao nome empresarial decorre

automaticamente do arquivamento dos atos

constitutivos de firma individual e de sociedades,

ou de suas alterações.

A proteção ao nome empresarial é em âmbito estadual, de acordo com

ao art. 1166 (CC):

Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos

constitutivos das pessoas jurídicas, ou as

respectivas averbações, no registro próprio,

asseguram o uso exclusivo do nome nos limites

do respectivo Estado.

Parágrafo único. O uso previsto neste artigo

estender-se-á a todo o território nacional, se

registrado na forma da lei especial.

Não há que se confundir nome empresarial com marca.

NOME EMPRESARIAL MARCA

Identifica o sujeito que explora a

atividade empresarial

Identifica um produto ou um serviço

(art. 122, Lei n. 9279/96)

Art. 122. São suscetíveis de

registro como marca os sinais

distintivos visualmente

perceptíveis, não

compreendidos nas proibições

legais.

Registro feito na Junta Comercial Registrada no INPI (Instituto Nacional

da Propriedade Industrial)

Proteção no âmbito estadual Proteção no âmbito nacional

Inalienável Alienável

(Concurso para Delegado Federal): Nome empresarial pode ser objeto

de alienação?

Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser

objeto de alienação.

Parágrafo único. O adquirente de

estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o

contrato o permitir, usar o nome do alienante,

precedido do seu próprio, com a qualificação de

sucessor.

Nome empresarial é inalienável. Tem natureza jurídica de direito de

personalidade. No entanto, adquirente pode continuar utilizando nome do cedente,

desde que precedido de seu próprio nome e com a qualificação de sucessor.

EXERCICIOS – NOME EMPRESARIAL

1. Os sócios de uma sociedade por quotas de responsabilidade limitada

denominada Doce & Salgados Ltda, inscrita na Junta Comercial do Estado do

Espírito Santo, descobrem, no Estado do Rio de Janeiro, uma sociedade, na

mesma atividade que a sua, utilizando igual denominação social. Tais sócios

procuram o seu escritório de advocacia buscando uma orientação sobre a

proteção jurídica conferida ao nome empresarial pelo ordenamento brasileiro e

sua diferença com a proteção concedida ao registro de marca.

QUADRO GERAL DAS SOCIEDADES

1. SOCIEDADE EMPRESÁRIA: Art. 982, CC diz ser aquela que exerce uma

atividade de empresário.

Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-

se empresária a sociedade que tem por objeto o

exercício de atividade própria de empresário

sujeito a registro (art. 967); e, simples, as

demais.

Parágrafo único. Independentemente de seu

objeto, considera-se empresária a sociedade por

ações; e, simples, a cooperativa.

Perceba que o art. 982 utiliza-se de um método de exclusão para definir

as sociedades. Quando ela não for considerada empresária ela obrigatoriamente

será simples. Não há uma espécie de sociedade mista.

Foi analisado o que é empresário e o que não é.

No art. 983, CC o legislador prevê que a sociedade empresária deve se

constituir em:

• - Sociedade em nome coletivo

• - Sociedade em Comandita Simples

• - Sociedade em Comandita por ações

• - Sociedade Anônima (S/A)

• - Sociedade Limitada

Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-

se segundo um dos tipos regulados nos arts.

1.039 a 1.092; a sociedade simples pode

constituir-se de conformidade com um desses

tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas

que lhe são próprias.

Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições

concernentes à sociedade em conta de

participação e à cooperativa, bem como as

constantes de leis especiais que, para o exercício

de certas atividades, imponham a constituição da

sociedade segundo determinado tipo.

Antes de analisar o rol das Sociedades Simples, veja o art. 982,

parágrafo único, CC. Perceba que a sociedade por ações são sempre empresárias,

dessa forma serão sempre consideradas sociedades empresárias. E as Cooperativas

serão sempre consideradas Sociedades Simples.

2. SOCIEDADE SIMPLES: é aquela considerada não empresária. O seu rol se

compõe:

• - Sociedade em nome coletivo

• - Sociedade em comandita simples

• - Sociedade Limitada

Art. 983, CC.

Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-

se segundo um dos tipos regulados nos arts.

1.039 a 1.092; a sociedade simples pode

constituir-se de conformidade com um desses

tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas

que lhe são próprias.

As sociedades simples somente podem adotar as regras do CC, e assim

receberá o nome de SOCIEDADE SIMPLES PURA.

E o que se deve saber é qual o órgão competente para o registro dessas

sociedades, dessa forma, se for uma SOCIEDADE EMPRESÁRIA o registro deve ser

feito na JUNTA COMERCIAL. Se for SOCIEDADE SIMPLES o registro deve ser no

REGISTRO CIVIL DE PESSOA JURÍDICA.

São as chamadas sociedades personificadas, ou seja, são aquelas

sociedades que possuem personalidade jurídica.

Art. 985 (CC): sociedade empresária adquire personalidade jurídica com

seu registro no órgão competente.

Art. 985. A sociedade adquire personalidade

jurídica com a inscrição, no registro próprio e na

forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45

e 1.150).

A sociedade empresária adquire sua personalidade jurídica com seu

registro na Junta Comercial; a sociedade simples, por sua, com registro de seus

atos constitutivos no Cartório de Registro de Pessoa Jurídica.

(PFN): onde a sociedade cooperativa deve se registrar, sendo ela

uma sociedade simples? Em que pese ser uma sociedade simples, a cooperativa

deve se registrar na Junta Comercial. Trata-se de uma exceção. Pode até haver

registro no Cartório de Registro de Pessoa Jurídica. No entanto, não consegue seu

CNPJ.

A sociedade de advogados é uma sociedade simples, mas só adquire

personalidade jurídica com arquivamento de seu ato constitutivo na OAB. Trata-se

de outra exceção.

EXERCICIOS – QUADRO GERAL DAS SOCIEDADES

1. (OAB RJ 2007/1) Roberto de Castro, sócio de uma sociedade simples,

deseja mudar o nome da pessoa jurídica e envia ao seu

advogado a seguinte consulta: qual e o quorum exigido

por lei para se modificar o nome de uma sociedade

simples? Diante dessa consulta, na qualidade de advogado

de Roberto, elabore um parecer, devidamente

fundamentado, com a referencia à legislação pertinente,

para responder à indagação.

2. (OAB RJ 2007/1) Cássio Concetto, contabilista e administrador da

sociedade simples Concetto Tepaz Contadores Associados,

realizou operações ultra vires, causando prejuízos a

diversas pessoas jurídicas. A sociedade simples foi

excluída de todas as lides em que foi demandada pelos

atos ultra vires do administrador, porem vários

prejudicados por esses atos reuniram-se em litisconsórcio

e pleitearam indenização pelos prejuízos materiais

sofridos, pedindo a desconsideração da personalidade

jurídica na ação movida em face de o administrador vir a

responder com seus bens pessoais. Elabore um parecer,

de forma fundamentada, às seguintes questões, com

relação à situação hipotética acima apresentada.

a) Que base jurídica ampara esse tipo de sociedade em

pedido de exclusão dos feitos em que foi demandada

por atos ultra vire como os de Cássio Concetto?

b) Os atos ultra vires praticados pelo administrador

ensejam a aplicação da desconsideração da

personalidade jurídica na ação indenizatória, sendo

absolutamente certo que houve ato ilícito e dano aos

autores?

3. (RJ 2007/02 Exame 33) Em uma sociedade simples, do

tipo limitada, o contrato é omisso quanto a sucessão por

morte de sócio. Faleceu o sócio X, detentor de 40% do

capital social, e os demais sócios têm várias restrições em

relação à participação da única herdeira e inventariante do

espólio, a esposa do de cujus, porém não querem a

aplicação da solução legal para o caso vertente.

Consultam, então, advogado(a), acerca da possibilidade

jurídica de

admissão, na sociedade, de Y, sobrinha do de cujus,

pessoa muito competente, considerada de grande valia

para o empreendimento, mas que não tem vocação

hereditária na sucessão de X, em substituição da herdeira.

Na condição de advogado(a) contratado pela sociedade

acima mencionada, responda à consulta, com o devido

amparo legal.

3. (GO 2004/03) José da Cruz decidiu se retirar de uma sociedade

simples, com participação contratual de 15% que manteve

durante oito anos, sem cláusula de responsabilidade

solidária, com mais quatro sócios, sendo que a averbação

da alteração contratual decorrente de seu desligamento

aconteceu em 03 de abril de 2.004, simultaneamente à

sua retirada. Ocorre que a sociedade havia contraído

anteriormente uma dívida com financiamento, garantida

pelo patrimônio da mesma, patrimônio esse que se

mostrou insuficiente para cobrir o débito no vencimento e

que foi executado em dezembro de 2004. Pergunta-se: o

fato de José da Cruz ter-se retirado da sociedade oito

meses antes de vencida a obrigação assumida pela

sociedade o exime de suas responsabilidades para com ela

e para com terceiros? Qualquer que seja a resposta,

positiva ou negativa, responder fundamentando

legalmente.

5. A sociedade Clínica São Lucas teve seus atos

constitutivos arquivados no Cartório de Registro de

Pessoas Júridicas sem que figurasse no nome, ainda que

abreviadamente, a palavra "Limitada". Proposta ação de

execução baseada em título executivo judicial contra a

pessoa jurídica em apreço e seus sócios administradores,

constatou-se que a executada não possuía bens aptos a

satisfazer a obrigação exequenda, mesmo porque os bens

guarneciam outras penhoras.

Em face dessa situação hipotética, responda, de forma

fundamentada, se foi correta a inserção dos sócios no polo

passivo da execução e discorra sobre a adoção do tipo

societário pelas sociedades simples e se ha algum tipo de

vantagem nesta opção.

SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS

Além das sociedades personificadas, há, ainda, as sociedades não

personificadas, que são aquelas que não possuem personalidade jurídica.

São elas:

a) SOCIEDADE EM COMUM: disciplinada pelo art. 986 (CC):

Art. 986. Enquanto não inscritos os atos

constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por

ações em organização, pelo disposto neste

Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que

com ele forem compatíveis, as normas da

sociedade simples.

Antes do NCC, quando a sociedade não era registrada, esta recebia o

nome de sociedade irregular (tinha contrato não registrado) e sociedade

de fato (nem contrato tem). Com advento do NCC, não perdura mais

esta discussão doutrinária. Aquelas que não arquivam seus atos

constitutivos são chamadas sociedades em comum.

No entanto, tem que ter cuidado com a leitura do art. 990.

Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e

ilimitadamente pelas obrigações sociais,

excluído do benefício de ordem, previsto no art.

1.024, aquele que contratou pela sociedade.

Aqui a responsabilidade é entre os sócios e não

entre sociedade e terceiros.

Assim, quando uma sociedade é irregular, ela é uma sociedade em

comum. Neste caso, a responsabilidade dos sócios é ilimitada. Neste

caso, se os bens sociais não forem suficientes para pagar a dívida, a

dívida pode repercutir no patrimônio pessoal dos sócios, por se tratar de

um tipo societário com responsabilidade ilimitada.

São dois os tipos de responsabilidade que os sócios têm perante a

sociedade. Além disto, há a responsabilidade dos sócios entre si.

A responsabilidade que o sócio tem perante a sociedade é subsidiária,

por força do próprio art. 1024, ou seja, primeiro os bens da sociedade e,

posteriormente, os bens dos sócios. Este é o chamado benefício de

ordem.

Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não

podem ser executados por dívidas da sociedade,

senão depois de executados os bens sociais.

No entanto, a responsabilidade de que trata o art. 990, é a

responsabilidade dos sócios entre si, qual seja, solidária e ilimitada.

Exclui-se, deste benefício de ordem, aquele sócio que contratou pela

sociedade.

Quando sociedade adquire personalidade jurídica ela terá três atributos,

quais sejam:

! Titularidade processual: esta sociedade, agora, tem

legitimidade para demandar ou para ser demandado. Pode

ser pólo ativo ou passivo de uma ação judicial;

! Titularidade negocial ou obrigacional: a sociedade pode

realizar negócios jurídicos (ex.: contrato de locação,

comodato, compra e venda, etc.);

! Autonomia patrimonial: a sociedade tem patrimônio

próprio. Ex.: tem um imóvel, o qual pode ser registrado em

nome da pessoa jurídica, por ela ter autonomia patrimonial.

Ex.: sócios A e B; sociedade C. O patrimônio é da pessoa jurídica C.

Na sociedade em comum, de quem é o patrimônio?

Como é sociedade em comum, não teve atos constitutivos levados a

registro; não tendo, assim, personalidade jurídica. Neste caso, não tem

autonomia patrimonial. Assim, são titulares do patrimônio, os sócios da

sociedade em comum, de acordo com disposto no art. 988:

Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem

patrimônio especial, do qual os sócios são

titulares em comum.

b) SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO:

Art. 991. Na sociedade em conta de participação,

a atividade constitutiva do objeto social é exercida

unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome

individual e sob sua própria e exclusiva

responsabilidade, participando os demais dos

resultados correspondentes.

Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-

somente o sócio ostensivo; e, exclusivamente

perante este, o sócio participante, nos termos do

contrato social.

Duas categorias de sócios:

! Sócio ostensivo: é o único que vai exercer o objeto social, ou

seja, é o único a administrar a sociedade. É ele quem tem

responsabilidade exclusiva, ou seja, só ele que tem

responsabilidade. Por fim, ele age em nome próprio / individual.

! Sócio participante ou sócio oculto: com NCC a melhor

terminologia é de sócio participante, sendo sócio oculto

resquícios do Código Comercial.

A sociedade em conta de participação não tem personalidade jurídica.

Portanto, não tem nome empresarial. Pode até ter título fantasia, mas

não pode ter nome empresarial. Deste modo, tudo o que se faz, não se

faz em nome da sociedade, mas sim em nome do sócio ostensivo.

Art. 1.162. A sociedade em conta de participação

não pode ter firma ou denominação.

Exemplo típico de sociedade em conta de participação: flat: em sua

grande maioria são sociedades em conta de participação, onde

construtora, que não tem dinheiro para construir a obra, ingressa como

sócio ostensivo e seus funcionários como sócios participantes. No

entanto, neste flat, algumas unidades serão suas. Ainda que tenha a

responsabilidade exclusiva, há vantagens. Ademais, o flat será

administrado pela própria construtora, a qual tem remuneração mensal

por isto.

Para os sócios participantes também é interessante, por terem unidades,

alguém administrando, e, além de tudo, não há qualquer tipo de

responsabilidade.

Em virtude disto que há a regra do parágrafo único do art. 991, ou seja,

perante terceiro, somente o sócio ostensivo que responde.

Aspecto processual relevante: pretende ingressar com sociedade em

conta de participação. Quem figura no pólo passivo? O sócio ostensivo.

A sociedade em comum não possui personalidade jurídica. Não é

registrada. Levando-se seu contrato à Junta Comercial para ser

registrado, adquire personalidade jurídica própria, adotando o tipo

societário que mais lhe convier. A partir do momento que a leva a

registro, aplica-se a regra do art. 985.

Já a sociedade em conta de participação, levando seu contrato a registro

na Junta Comercial, este será aceito. No entanto, ela não passa a ser

uma sociedade personificada, continuando a ser uma sociedade não

personificada. Assim, tem-se uma exceção à regra do art. 985.

Art. 993. O contrato social produz efeito somente

entre os sócios, e a eventual inscrição de seu

instrumento em qualquer registro NÃO confere

personalidade jurídica à sociedade.

Exceção à regra do art. 985.

Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de

fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio

participante não pode tomar parte nas relações do

sócio ostensivo com terceiros, sob pena de

responder solidariamente com este pelas

obrigações em que intervier.

EXERCICIOS - SOCIEDADES NÃO PERFONIFICADAS

1. Um dos sócios de certa sociedade em comum ajuizou uma ação de execução

contra RL Produtos Ltda, em ração de inadimplemento de varias obrigações. No

curso do processo, constatou a confusão patrimonial entre os bens da pessoa

jurídica devedora e de seus dois sócios, razão pela qual pretende requerer ao juízo

competente a desconsideração da personalidade jurídica de RL Produtos Ltda.

Em face dessa situação hipotética, responda, de forma fundamentada, às seguintes

questões:

a) A razão apontada é suficiente para provocar a desconsideração da

personalidade jurídica da sociedade empresaria?

b) Quais requisitos são estabelecidos no Código Civil para a desconsideração da

personalidade jurídica?

2. (FGV – XII Exame Unificado) Vida Natural Legumes e Verduras Ltda. é uma

sociedade empresária, com sede em Kaloré, cujo objeto é a produç ão e

comercializaç ão de produtos orgâ nicos e hidropô nicos. A sociedade celebrou

contrato com duraç ão de 5 (cinco) anos para o fornecimento de hortigranjeiros a

uma rede de supermercados, cujos estabelecimentos são de titularidade de uma

sociedade anô nima fechada. Após o decurso de 30 (trinta) meses, a sociedade,

que até então cumprira rigorosamente todas as suas obrigaç ões, tornou-se

inadimplente e as entregas passaram a sofrer atrasos e queda sensível na

qualidade dos produtos. O inadimplemento é resultado, entre outros fatores, da

gestão fraudulenta de um ex-sócio e administrador, ao desviar recursos para o

patrimô nio de “laranjas”, causando enormes prejuízos à sociedade.

A sociedade anô nima ajuizou aç ão para obter a resoluç ão do contrato e o

pagamento de perdas e danos pelo inadimplemento e lucros cessantes. O pedido foi

julgado procedente e, na sentenç a, o juiz decretou de ofício a desconsideraç ão

da personalidade jurídica para estender a todos os sócios atuais, de modo

subsidiário, a obrigaç ão de reparar os danos sofridos pela fornecida. Foi

determinado o bloqueio das contas bancárias da sociedade, dos sócios e a

indisponibilidade de seus bens.

Com base nas informaç ões acima, responda aos itens a seguir.

1. A) No caso descrito, pode o juiz decretar de ofício a desconsideraç ão da

personalidade jurídica? Fundamente com amparo legal. (Valor: 0,50)

2. B) O descumprimento do contrato de fornecimento dá ensejo à

desconsideraç ão, com extensão aos sócios da obrigaç ão assumida pela

sociedade? (Valor: 0,75)

3. (RJ 2005/02 Exame 27) Comente a pertinência da presente afirmação: “À luz do

artigo 985 da Lei 10406/2002 (Código Civil), o registro do contrato social de uma

sociedade em conta de participação confere-lhe, a partir de então, personalidade

jurídica, sendo que os atos anteriores ao registro somente produzem efeitos entre

os sócios, não podendo, contudo, a falta de registro ser oposta a terceiros”.

4. (MG 2007/03) Qual o efeito jurídico para terceiros estranhos à sociedade do

registro do contrato social da sociedade em conta de participação em cartório de

títulos e documentos?

5. (GO 2005/02) Em uma Sociedade em Conta de Participação, em cujo contrato

social existe

estipulação restritiva ao número de sócios, JOAQUIM XAVIER, sócio ostensivo,

admitiu três novos sócios sem o consentimento expresso dos demais. Pergunta-se.

Na condição de sócio ostensivo, no presente caso, ele detém tais poderes ou não?

Responder fundamentando legalmente.

SOCIEDADES PERSONIFICADAS

CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES PERSONIFICADAS:

1) Sociedade de Pessoas ou Sociedade de Capital:

Critério adotado: leva-se em conta o grau de dependência da

sociedade em relação às qualidades subjetivas dos sócios.

Quando a qualificação do sócio, seu aspecto subjetivo, seus

atributos são importantes para o desenvolvimento da atividade

empresarial, tem-se uma sociedade de pessoas.

Já quando tais características são dispensáveis, tem-se uma

sociedade de capitais, onde é indispensável o dinheiro aportado

pelos sócios. Uma S/A sempre será uma sociedade de capital, por

não importar as características pessoais dos sócios, mas sim o

capital por eles aportado.

2) Sociedade Contratual e Sociedade Institucional:

O critério é o de constituição e dissolução do vínculo societário.

Toda sociedade contratual é constituída por um contrato social,

onde a relação entre sócios e sociedade será norteada pelos

princípios contratuais.

Ex.: um dos sócios vem a falecer. Este sócio tem herdeiros. Neste

caso, o herdeiro é obrigado a ingressar na sociedade? Não, pois

prevalecem os princípios contratuais, destacando-se a liberdade

para contratar. Assim, ele não tem que, necessariamente, ser sócio

de uma sociedade contratual.

Já na sociedade institucional, ela é constituída por um estatuto

social. Aqui, nas relações entre sócios e sociedade não incide

princípios contratuais, mas sim regras estatutárias definidas na Lei

n. 6404/76 (LSA).

Ex.: acionista de S/A e este acionista falece, deixando herdeiros,

estes são obrigados a ingressar na sociedade, ocupando,

imediatamente, a posição daquele que faleceu. Caso ele não queira

ser acionista, deverá alienar ações. No entanto, ainda que por

prazo pequeno, terá que integrar o quadro societário.

São sociedades institucionais: S/A e sociedade em comandita por

ações. As demais são sociedades contratuais.

3) Sociedade Ilimitada, Sociedade Limitada ou Sociedade

Mista:

Critério: responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais.

Ilimitada: todos os sócios respondem com seu patrimônio pessoal

pelas obrigações sociais.

Ex.: sociedade em nome coletivo.

Limitada: em princípio, sócios não respondem com seu patrimônio

pessoal pelas obrigações sócias.

Ex.: sociedade limitada.

Mista: uma parte dos sócios tem responsabilidade limitada e outra

parte, responsabilidade ilimitada.

Ex.: sociedade em comandita simples.

4) Sociedade Nacional ou Sociedade Estrangeira:

Para definir se sociedade é nacional ou não, há que se analisarem

dois requisitos do art. 1126:

Art. 1.126. É nacional a sociedade organizada de

conformidade com a lei brasileira e que tenha no

País a sede de sua administração.

Parágrafo único. Quando a lei exigir que todos ou

alguns sócios sejam brasileiros, as ações da

sociedade anônima revestirão, no silêncio da lei, a

forma nominativa. Qualquer que seja o tipo da

sociedade, na sua sede ficará arquivada cópia

autêntica do documento comprobatório da

nacionalidade dos sócios.

Assim, pouco importa, por exemplo, onde sócios residam, de onde

provenha o dinheiro, etc. Há que se analisar sob qual legislação foi

organizada e onde se encontra a sede de sua administração.

Na ausência de um destes requisitos a sociedade será estrangeira.

Art. 1.134. A sociedade estrangeira, qualquer

que seja o seu objeto (pouco importa a atividade

que está sendo explorada), não pode, sem

autorização do Poder Executivo (Federal),

funcionar no País, ainda que por estabelecimentos

subordinados, podendo, todavia, ressalvados os

casos expressos em lei, ser acionista de sociedade

anônima brasileira.

§ 1o Ao requerimento de autorização devem

juntar-se:

I - prova de se achar a sociedade constituída

conforme a lei de seu país;

II - inteiro teor do contrato ou do estatuto;

III - relação dos membros de todos os órgãos da

administração da sociedade, com nome,

nacionalidade, profissão, domicílio e, salvo quanto

a ações ao portador, o valor da participação de

cada um no capital da sociedade;

IV - cópia do ato que autorizou o funcionamento

no Brasil e fixou o capital destinado às operações

no território nacional;

V - prova de nomeação do representante no

Brasil, com poderes expressos para aceitar as

condições exigidas para a autorização;

VI - último balanço.

§ 2o Os documentos serão autenticados, de

conformidade com a lei nacional da sociedade

requerente, legalizados no consulado brasileiro da

respectiva sede e acompanhados de tradução em

vernáculo.

SOCIEDADE EM NOME COLETIVO: art. 1039

Art. 1.039. Somente pessoas físicas podem

tomar parte na sociedade em nome coletivo,

respondendo todos os sócios, solidária e

ilimitadamente, pelas obrigações sociais.

Parágrafo único. Sem prejuízo da

responsabilidade perante terceiros, podem os

sócios, no ato constitutivo, ou por unânime

convenção posterior, limitar entre si a

responsabilidade de cada um.

A limitação da responsabilidade é entre os sócios.

Só pode ser sócio pessoa física. Os sócios têm responsabilidade

ilimitada e solidariamente. Esta solidariedade é a mesma da sociedade em comum,

ou seja, a responsabilidade entre os sócios que será solidária. Em relação à

sociedade, a responsabilidade será subsidiária.

Tipo societário raro, tendo em vista que pode haver a limitação da

responsabilidade dos sócios.

SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES: art. 1045

Art. 1.045. Na sociedade em comandita simples

tomam parte sócios de duas categorias: os

comanditados, pessoas físicas, responsáveis

solidária e ilimitadamente pelas obrigações

sociais; e os comanditários, obrigados somente

pelo valor de sua quota.

Parágrafo único. O contrato deve discriminar os

comanditados e os comanditários.

Duas espécies de sócios:

! Comanditário: pode ser tanto pessoa física quanto pessoa

jurídica (lembra estagiário).

! Comanditado: só pode ser pessoa física; tem responsabilidade

ilimitada e solidária (lembra advogado / tem responsabilidade

mais ampla que o estagiário).

É um tipo de sociedade mista.

SOCIEDADE LIMITADA:

Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas

omissões deste Capítulo, pelas normas da

sociedade simples.

Parágrafo único. O contrato social poderá prever a

regência supletiva da sociedade limitada pelas

normas da sociedade anônima.

Art. 1040: no capítulo de sociedade em nome coletivo, e no que seja

omisso, pelas regras da sociedade simples.

Art. 1.040. A sociedade em nome coletivo se rege

pelas normas deste Capítulo e, no que seja

omisso, pelas do Capítulo antecedente.

Sempre que houver omissão na sociedade em comandita simples,

também se aplica a regra da sociedade simples.

Deste modo, qual a teoria geral do direito societário hoje?

São as regras da sociedade simples, basta observar um dos objetivos

que nortearam seu surgimento.

Em caso de omissão, pode-se não aplicar as normas da sociedade

simples, mas sim da S/A. No entanto, isto só poderá ocorrer quando contrato social

expressamente o preveja, devendo, ainda, as normas serem compatíveis com a

sociedade limitada.

1) CONSTITUIÇÃO:

Requisitos de Validade:

a) Agente capaz:

A pessoa jurídica também pode ser sócio de sociedade limitada. Não se

exige somente a presença de pessoas físicas.

Menor pode ser sócio de sociedade limitada? Questão já vista

envolvendo empresário individual (art. 974: menor pode continuar a

exercer a empresa).

Problema já resolvido pelo STF. Menor pode ser sócio de limitada. Para

isto, entretanto, o capital social deve estar totalmente integralizado.

Além disto, este menor não pode exercer a administração da sociedade.

Rext. 82433 / SP

RE 82433 / SP - SÃO PAULO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Relator(a): Min. XAVIER DE ALBUQUERQUE

Julgamento: 26/05/1976 Órgão Julgador: TRIBUNAL PLENO

Publicação

DJ 08-07-1976 PP-*****

RTJ VOL-00078-02 PP-00608

Ementa

SOCIEDADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA.

PARTICIPAÇÃO DE MENORES, COM CAPITAL INTEGRALIZADO E SEM

PODERES DE GERENCIA E ADMINISTRAÇÃO COM COTISTAS.

ADMISSIBILIDADE RECONHECIDA, SEM OFENSA AO ART. 1 DO CÓDIGO

COMERCIAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO CONHECIDO.

Indexação

SOCIEDADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA, CAPITAL

INTEGRALIZADO, PARTICIPAÇÃO DE MENORES

Observação

DOCUMENTO INCLUIDO SEM REVISÃO DO STF

ANO: 1976 AUD:16-06-1976

VOTAÇÃO: UNÂNIME.

RESULTADO: NÃO CONHECIDO.

ALTERAÇÃO: 19.03.96, (SMK).

fim do documento

b) Objeto lícito;

c) Forma legal.

Pode ser por instrumento público quanto particular.

Em ambos os casos é imprescindível o visto do advogado, sob pena de

nulidade (art. 3º, Estatuto da OAB).

Requisitos Especiais:

a) Contribuição dos sócios:

Quando sócios constituem a sociedade empresária, entendem que, para

dar início à atividade empresarial, o capital social deve ser de R$

100mil. Capital social é o valor / a quantia destinada para a exploração

da atividade. Esta quantia é provinda da contribuição dos sócios.

Assim, capital social é o valor destinado para a exploração da atividade,

provindo da contribuição dos sócios.

Quando os sócios se comprometem a colocar o percentual na sociedade,

este ato de comprometimento se denomina de subscrição. Já quando

efetivamente pagam sua participação societária, este ato se chama

integralização.

SUBSCRIÇÃO INTEGRALIZAÇÃO

Comprometimento Pagamento

O capital social, provindo da contribuição dos sócios, é um dos requisitos

especiais.

b) Distribuição dos resultados: art. 1008

Art. 1.008. É nula a estipulação contratual que

exclua qualquer sócio de participar dos lucros e

das perdas.

Quando houver tal cláusula, esta será nula, tendo

em vista os requisitos essenciais do art. 997.

VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas

perdas.

A participação da distribuição dos resultados é um dos direitos dos

sócios, configurando-se como um dos requisitos especiais.

Pressupostos de Existência:

A sociedade tem que ter:

a) Pluralidade de sócios:

Uma sociedade limitada tem que ter dois ou mais sócios.

Exceção: sociedade unipessoal. De forma originária, a sociedade não

pode ser unipessoal. No entanto, de forma incidental sim.

Ex.: João e Maria são sócios de uma sociedade limitada. A convivência

entre eles fica difícil e eles optam pela separação. Neste momento,

sociedade fica só com uma sócia, Maria. Aqui há uma sociedade

unipessoal. Não há que se falar em extinção da sociedade. A lei lhe

conferiu um prazo para que haja ingresso de novo sócio, qual seja, um

prazo de 180 dias.

Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando

ocorrer:

IV - a falta de pluralidade de sócios, não

reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;

E quando finda este prazo? Passado este prazo, é caso de dissolução

total da sociedade empresária. Encerra-se a atividade empresarial.

O brasileiro não quer ser empresário individual. Quer ter sociedade, a

fim de limitação da responsabilidade, mas também não quer ter sócios.

Na prática, constitui sociedade com esposa, ficando com 99% e

passando 1% para a esposa.

Mas é possível sociedade entre cônjuges? Sim, de acordo com art. 977:

Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar

sociedade, entre si ou com terceiros, desde que

não tenham casado no regime da comunhão

universal de bens, ou no da separação

obrigatória.

No entanto a lei veda a possibilidade de sociedade entre cônjuges

quando casados no regime da comunhão universal de bens ou da

separação obrigatória.

Comunhão parcial e participação final nos aquestos permite a sociedade

entre cônjuges.

Com a comunhão universal legislador tentou evitar a confusão

patrimonial. Neste caso a sociedade virou uma ficção e não tem como

individualizar os bens.

No regime de separação obrigatória, dentre os vários fundamentos, um

dos motivos seria para que se evite o “golpe do baú”. Para quem se casa

acima dos 60 anos o regime é o da separação obrigatória.

Ex.: pessoa com 80 anos. Casa-se com mulher de 20 anos. Montam um

sociedade. Mulher com 1% e marido com 99%. Não integraliza com

dinheiro, mas bens que não se comunicam para ela em virtude do

regime de bens. No caso de falecimento do homem, ela fica com os

bens, que não poderiam ser passados a ela.

b) Affectio Societatis:

De acordo com Fábio Ulhoa Coelho: “configura-se como a disposição dos

sócios em formar e manter a sociedade uns com os outros. Quando não

existe ou desaparece este ânimo, a sociedade não se constitui ou deve

ser dissolvida”.

É o ajuste comum de vontade entre os sócios.

2) RESPONSABILIDADE DOS SOCIOS:

A responsabilidade dos sócios está restrita ao valor de suas cotas, mas

todos os sócios respondem solidariamente pelo que falta para a integralização do

capital social.

Na prática, não tem mais responsabilidade. Por isso que banco sempre

pede cópia do contrato social, juros altos, etc.

E quando um dos sócios não integralizou suas cotas?

Quando o sócio não integraliza, recebe a denominação de sócio remisso,

ou seja, aquele que não integraliza total ou parcialmente as suas cotas.

Quando o capital social não está totalmente integralizado, credor pode

cobrar a dívida de todos os sócios, tendo em vista regra do art. 1052.

Art. 1.052. Na sociedade limitada, a

responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor

de suas quotas, mas todos respondem

solidariamente pela integralização do capital

social.

Exceções: quando que a responsabilidade será ilimitada:

a) Dívida trabalhista: jurisprudência pacífica. Não importa se

responsabilidade é limitada, sempre atingirá o patrimônio dos

sócios;

b) Dívida com o INSS: também responsabilidade ilimitada;

c) Casos de desconsideração da personalidade jurídica;

d) Quando a sociedade não for levada a registro;

e) Violação ao art. 977 (CC): que trata da sociedade entre

cônjuges. A princípio, a Junta não aceita. No entanto, caso aceite, a

responsabilidade entre os sócios será ilimitada. Posicionamento já

pacífico na jurisprudência: se sociedade constituída antes da

vigência do CC, não há problema; está regra é para as sociedades

constituídas após a vigência do CC, em razão do ato jurídico

perfeito e do direito adquirido;

Nestas hipóteses, todos terão responsabilidade ilimitada.

No entanto, em algumas situações apenas alguns sócios terão

responsabilidade ilimitada. São elas:

Art. 1.080. As deliberações infringentes do

contrato ou da lei tornam ilimitada a

responsabilidade dos que expressamente as

aprovaram.

Art. 135 (CTN). São pessoalmente responsáveis

pelos créditos correspondentes a obrigações

tributárias resultantes de atos praticados com

excesso de poderes ou infração de lei, contrato

social ou estatutos:

I - as pessoas referidas no artigo anterior;

II - os mandatários, prepostos e empregados;

III - os diretores, gerentes ou representantes de

pessoas jurídicas de direito privado.

Quem é responsabilizado é o administrador, e não

todos os sócios. No entanto, em qualquer caso de

não pagamento de impostos o administrador será

responsabilizado ilimitadamente? De acordo com

STJ, duas situações:

a) Sociedade não pagou porque não tinha

recursos para tanto: sociedade foi

inadimplente. Neste caso, administrador não

será responsabilizado.

b) Sociedade possuía recursos para pagar

impostos e, por deliberação da sociedade,

deixa de pagar, não há inadimplência, mas

sim sonegação. Em caso de sonegação, o

administrador será responsabilizado.

3) COTAS SOCIAIS:

O capital social está dividido em cotas, as quais conferem a seus

titulares, o status de sócio.

As cotas podem ser pagas:

a) Dinheiro.

b) Créditos: ex.: nota promissória a vencer no prazo de 90 dias. Quem

integraliza com créditos, responde pela solvência.

c) Bens: ex.: apartamento. Quem integraliza com créditos, responde

pela evicção. Quando a integralização é com bens imóveis, não

precisa pagar o ITBI, de acordo com art. 156, §2º (CF):

Art. 156. Compete aos Municípios instituir

impostos sobre:

II - transmissão "inter vivos", a qualquer título,

por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza

ou acessão física, e de direitos reais sobre

imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão

de direitos a sua aquisição;

§ 2º - O imposto previsto no inciso II:

I - não incide sobre a transmissão de bens ou

direitos incorporados ao patrimônio de pessoa

jurídica em realização de capital, nem sobre a

transmissão de bens ou direitos decorrente de

fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa

jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade

preponderante do adquirente for a compra e

venda desses bens ou direitos, locação de bens

imóveis ou arrendamento mercantil;

II - compete ao Município da situação do bem.

Não é possível a integralização das cotas com serviço, de acordo com

art. 1055, §2º:

Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas,

iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a

cada sócio.

§ 2o É vedada contribuição que consista em

prestação de serviços.

No entanto, pode ser “dada” participação

societária a título de compra de know-how. Neste

caso, tem-se a figura do sócio, diferentemente do

que ocorre com a sociedade simples, onde pode

haver integralização com prestação de serviços.

Como se faz a transferência das cotas?

Através da cessão de cotas. Quem define como se dará a cessão, é o

contrato social. No entanto, se este for omisso, aplicar-se-á a regra do art. 1057.

Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode

ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem

seja sócio, independentemente de audiência

dos outros, ou a estranho, se não houver

oposição de titulares de mais de um quarto

do capital social. Portanto, deve haver anuência

de ¾ do capital social.

Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à

sociedade e terceiros, inclusive para os fins do

parágrafo único do art. 1.003, a partir da

averbação do respectivo instrumento, subscrito

pelos sócios anuentes.

Art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota,

sem a correspondente modificação do contrato

social com o consentimento dos demais sócios,

não terá eficácia quanto a estes e à sociedade.

Parágrafo único. Até dois anos depois de

averbada a modificação do contrato, responde o

cedente solidariamente com o cessionário,

perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações

que tinha como sócio. Este parágrafo gera

dúvidas no momento de sua interpretação.

As cotas sociais são penhoráveis?

De acordo com STJ:

! É sociedade de pessoas ou sociedade de capital? Se for sociedade

de capital, a cota é penhorável. Já, se for sociedade de pessoas,

onde, geralmente, contrato tem cláusula que impede ingresso de

terceiro estranho na sociedade, esta cláusula prevalece. Se faço

a arrematação das cotas, me torno sócio daquela sociedade.

STJ diz que, ainda sendo sociedade de pessoas, é penhorável, tendo em

vista o princípio da ordem pública.

Documento 1

Processo

AgRg no Ag 894161 / SC

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO

2007/0082222-5

Relator(a)

Ministro JOSÉ DELGADO (1105)

Órgão Julgador

T1 - PRIMEIRA TURMA

Data do Julgamento

11/09/2007

Data da Publicação/Fonte

DJ 08.10.2007 p. 224

Ementa

TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO

FISCAL. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO NO ACÓRDÃO A QUO. PENHORA DE COTAS DE

SOCIEDADE DE RESPONSABILIDADE. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. MATÉRIA DE

PROVA. PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE. SÚMULA 7/STJ.

1. Cuida-se de agravo regimental interposto por Indústria e Comércio Arno

Gartner Ltda. contra decisão com o seguinte entendimento: a) não consta o vício

da omissão a ensejar a anulação do julgado por violação do art. 535, II, do CPC; b)

possibilidade de penhora de cotas de responsabilidade limitada encontra-se em

sintonia com o entendimento deste STJ; c) questões de ordem fática não podem ser

revistas na via especial em face da vedação sumular n. 7/STJ.

2. Entendimento do TRF da 4ª Região de que inexiste óbice à penhorabilidade de

cotas sociais em virtude de dívida particular não concernente à empresa encontra

respaldo na jurisprudência deste STJ: "As cotas sociais podem ser penhoradas,

pouco importando a restrição contratual, considerando que não há vedação

legal para tanto e que o contrato não pode impor vedação que a lei não criou" (REsp

234.391/MG, DJ de 12/02/2001).

3. De igual modo: REsp 712.747/DF, Rel. Min. Castro Filho, DJ de 10/04/2006,

AgRg no Ag 475.591/RS, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ de

23/06/2003, AgRg no Ag 347.829/SP, Rel. Min. Ari Pargendler, DJ de 01/10/2001.

4. A alegação de que a execução não se processou em obediência ao que dispõe o

art. 620 do CPC (menor onerosidade), porquanto existentes outros bens passíveis

de penhora enseja a análise de questões fáticas. Incidência da Súmula n. 7/STJ.

5. Ausência de violação do art. 535 II, do CPC, já que o Tribunal de origem, posto

que com fundamento diverso do pretendido pela recorrente, analisou de forma

efetiva a matéria posta em debate na lide.

6. Agravo regimental não-provido.

Acórdão

de penhora enseja a análise de questões fáticas. Incidência da Súmula n. 7/STJ.

5. Ausência de violação do art. 535 II, do CPC, já que o Tribunal de origem, posto

que com fundamento diverso do pretendido pela recorrente, analisou de forma

efetiva a matéria posta em debate na lide.

6. Agravo regimental não-provido.

Acórdão

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,

acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por

unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr.

Ministro Relator. Os Srs. Ministros Francisco Falcão, Luiz Fux, Teori Albino Zavascki

e Denise Arruda votaram com o Sr. Ministro Relator.

Resumo Estruturado

VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMAÇÕES.

Referência Legislativa

LEG:FED SUM:******

***** SUM(STJ) SÚMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

ART:00007

LEG:FED LEI:005869 ANO:1973

***** CPC-73 CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973

ART:00620

Veja

(PENHORA DE COTAS DE SOCIEDADE DE RESPONSABILIDADE LIMITADA)

STJ - RESP 234391-MG (JBCC 188/240, REVJUR 281/92),

RESP 712747-DF, AGRG NO AG 475591-RS,

AGRG NO AG 347829-SP

(ARTIGO 557 DO CPC - CELERIDADE E ECONOMIA PROCESSUAL)

STJ - AGRG NO AG 515497-RJ

No entanto, deve ser dada prevalência para sócios ou sociedades.

Na maioria das vezes, credor só pretende satisfazer seu crédito, não

tendo interesse em se tornar sócio.

Neste caso, há que se analisar a regra do art. 1026, ou seja, não é

necessário que se penhore a cota, mas sim seu lucro.

Art. 1.026. O credor particular de sócio pode, na

insuficiência de outros bens do devedor, fazer

recair a execução sobre o que a este couber nos

lucros da sociedade, ou na parte que lhe tocar em

liquidação.

Parágrafo único. Se a sociedade não estiver

dissolvida, pode o credor requerer a liquidação da

quota do devedor, cujo valor, apurado na forma

do art. 1.031, será depositado em dinheiro, no

juízo da execução, até noventa dias após aquela

liquidação.

4) DELIBERAÇÕES SOCIAIS:

Art. 1.072. As deliberações dos sócios, obedecido

o disposto no art. 1.010, serão tomadas em

reunião ou em assembléia, conforme previsto no

contrato social, devendo ser convocadas pelos

administradores nos casos previstos em lei ou no

contrato.

§ 1o A deliberação em assembléia será

obrigatória se o número dos sócios for superior

a dez.

§ 2o Dispensam-se as formalidades de convocação

previstas no § 3o do art. 1.152, quando todos os

sócios comparecerem ou se declararem, por

escrito, cientes do local, data, hora e ordem do

dia.

§ 3o A reunião ou a assembléia tornam-se

dispensáveis quando todos os sócios decidirem,

por escrito, sobre a matéria que seria objeto

delas.

§ 4o No caso do inciso VIII do artigo antecedente,

os administradores, se houver urgência e com

autorização de titulares de mais da metade do

capital social, podem requerer concordata

preventiva.

§ 5o As deliberações tomadas de conformidade

com a lei e o contrato vinculam todos os sócios,

ainda que ausentes ou dissidentes.

§ 6o Aplica-se às reuniões dos sócios, nos casos

omissos no contrato, o disposto na presente

Seção sobre a assembléia.

As regras sobre assembléia estão todas disciplinadas no Código Civil, o

qual não traz regras sobre reuniões.

Art. 1.079. Aplica-se às reuniões dos sócios, nos

casos omissos no contrato, o estabelecido nesta

Seção sobre a assembléia, obedecido o disposto

no § 1o do art. 1.072.

Qual é o quorum geral para as decisões da limitada?

Art. 1.010. Quando, por lei ou pelo contrato

social, competir aos sócios decidir sobre os

negócios da sociedade, as deliberações serão

tomadas por maioria de votos, contados

segundo o valor das quotas de cada um.

§ 1o Para formação da maioria absoluta são

necessários votos correspondentes a mais de

metade do capital.

§ 2o Prevalece a decisão sufragada por maior

número de sócios no caso de empate, e, se este

persistir, decidirá o juiz.

Critério de desempate.

Ex.: A, B e C. A tem 50%; B 30% e C 20%. B e C

votam não. Este prevalece.

Mas e se A transfere 1% para um laranja. Neste

caso, 50% disse sim e 50% disse não. Dois sócios

disseram sim, dois sócios disseram não.

Agora utiliza-se o segundo critério de desempate,

qual seja, decisão judicial.

Pode ser cláusula de compromisso arbitral, desde

que prevista em contrato.

§ 3o Responde por perdas e danos o sócio que,

tendo em alguma operação interesse contrário ao

da sociedade, participar da deliberação que a

aprove graças a seu voto.

Art. 1.076. Ressalvado o disposto no art. 1.061 e

no § 1o do art. 1.063, as deliberações dos sócios

serão tomadas:

I - pelos votos correspondentes, no mínimo, a

três quartos do capital social, nos casos previstos

nos incisos V e VI do art. 1.071;

II - pelos votos correspondentes a mais de

metade do capital social, nos casos previstos nos

incisos II, III, IV e VIII do art. 1.071;

III - pela maioria de votos dos presentes, nos

demais casos previstos na lei ou no contrato, se

este não exigir maioria mais elevada.

5) ADMINISTRADOR:

De acordo com art. 1060, o administrador será nomeado no contrato

social ou em ato separado (ex.: ata de assembléia).

Art. 1.060. A sociedade limitada é administrada

por uma ou mais pessoas designadas no contrato

social ou em ato separado.

Parágrafo único. A administração atribuída no

contrato a todos os sócios não se estende de

pleno direito aos que posteriormente adquiram

essa qualidade.

No entanto, sobre a responsabilidade do administrador há que se

analisar o art. 1011.

Art. 1.011. O administrador da sociedade deverá

ter, no exercício de suas funções, o cuidado e a

diligência que todo homem ativo e probo costuma

empregar na administração de seus próprios

negócios.

§ 1o Não podem ser administradores, além das

pessoas impedidas por lei especial, os condenados

a pena que vede, ainda que temporariamente, o

acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar,

de prevaricação, peita ou suborno (VIDE

ENUNCIADO 60 CJF), concussão, peculato; ou

contra a economia popular, contra o sistema

financeiro nacional, contra as normas de defesa

da concorrência, contra as relações de consumo,

a fé pública ou a propriedade, enquanto

perdurarem os efeitos da condenação.

§ 2o Aplicam-se à atividade dos administradores,

no que couber, as disposições concernentes ao

mandato.

Tanto sócio quanto não sócio podem ser administradores de uma

limitada.

Dois requisitos para não sócio poder ser administrador (art. 1062):

! Cláusula expressa no contrato social permitindo que não sócio

seja administrador;

! Tem que ter a aprovação dos sócios, dependendo o quorum de

aprovação do capital social. Assim:

" Se esta totalmente integralizado: ²/³ do capital social

aprovando;

" Não está totalmente integralizado: unanimidade do capital

social.

Art. 1.062. O administrador designado em ato

separado investir-se-á no cargo mediante termo

de posse no livro de atas da administração.

§ 1o Se o termo não for assinado nos trinta dias

seguintes à designação, esta se tornará sem

efeito.

§ 2o Nos dez dias seguintes ao da investidura,

deve o administrador requerer seja averbada sua

nomeação no registro competente, mencionando

o seu nome, nacionalidade, estado civil,

residência, com exibição de documento de

identidade, o ato e a data da nomeação e o prazo

de gestão.

DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE:

1) DISSOLUÇÃO PARCIAL:

(COPIAR PRIMEIRAS HIPOTESES)

Exclusão do Sócio Minoritário:

! Por simples alteração contratual;

! Deve ter praticado atos de inegável gravidade;

! Contrato com previsão prevendo exclusão por justa causa.

Ainda que tenham ocorrido tais hipóteses, ele ainda não poderá ser

excluído. Deve lhe ser garantido o direito de resposta (p.u., art. 1085).

Quando majoritário pratica atos de inegável gravidade, para sua

expulsão, é necessária ação judicial cabível.

Art. 1.085. Ressalvado o disposto no art. 1.030,

quando a maioria dos sócios, representativa de

mais da metade do capital social, entender que

um ou mais sócios estão pondo em risco a

continuidade da empresa, em virtude de atos de

inegável gravidade, poderá excluí-los da

sociedade, mediante alteração do contrato social,

desde que prevista neste a exclusão por justa

causa.

Parágrafo único. A exclusão somente poderá ser

determinada em reunião ou assembléia

especialmente convocada para esse fim, ciente o

acusado em tempo hábil para permitir seu

comparecimento e o exercício do direito de

defesa.

Cota Liquidada a Pedido do Credor:

Se sócio é excluído, tem direito de retirada ou cotas liquidadas, qual o

valor da operação? Qual valor a ser liquidado? De acordo com regra do art. 1031,

ou seja, através do balanço patrimonial especialmente levantado.

Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se

resolver em relação a um sócio, o valor da sua

quota, considerada pelo montante efetivamente

realizado, liquidar-se-á, salvo disposição

contratual em contrário, com base na situação

patrimonial da sociedade, à data da resolução,

verificada em balanço especialmente levantado.

SÚMULA Nº 265

Na apuração de haveres, não prevalece o balanço

não aprovado pelo sócio falecido ou que se

retirou.

2) DISSOLUÇÃO TOTAL:

a) Decurso do Prazo:

b) Vontade dos Sócios:

c) Falência da Sociedade:

d) Unipessoalidade por mais de 180 dias:

e) Extinção da autorização para funcionamento:

f) Exauri mento do objeto social:

Ocorre no caso de ausência de mercado.

Ex.: loja que vende antena de VHS.

g) Anulação da constituição da sociedade

SOCIEDADE ANONIMA:

Lei n. 6404.

1) CONCEITO:

Sociedade Anônima é a sociedade cujo capital social está dividido em

ações. Aqui não há que se falar em sócios, mas sim em acionistas.

2) CARACTERISTICA:

a) Sempre será empresária;

b) Sempre será de capital;

c) É estatutária.

3) ESPECIES:

Tanto na companhia aberta quanto na fechada, a responsabilidade do

acionista está restrita ao preço de emissão das ações.

Diferença com a limitada: pacto de solidariedade pelo que falta para a

integralização. Na S/A não há este pacto de solidariedade.

Art. 4o Para os efeitos desta Lei, a companhia é

aberta ou fechada conforme os valores mobiliários

de sua emissão estejam ou não admitidos à

negociação no mercado de valores mobiliários.

(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

a) Companhia Aberta:

É aquela em que seus valores mobiliários são admitidos à negociação no

mercado de valores mobiliários.

Geralmente os grandes investimentos, pois os acionistas que cuidam a

fundação da S/A não possuem recursos suficientes para desenvolver a

atividade empresarial a ser explorada. Com isto, fazem a oferta pública

de ações.

b) Companhia Fechada:

É aquela em que seus valores mobiliários não são admitidos à

negociação no mercado de valores mobiliários.

Tanto a companhia aberta quanto a fechada podem ter, como objeto

social, o desenvolvimento de uma atividade empresarial. No entanto, há que se

observar o art. 2º, §3º. Assim, ela pode ter como único objeto a participação em

outras sociedades.

Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer

empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à

ordem pública e aos bons costumes.

§ 3º A companhia pode ter por objeto participar

de outras sociedades; ainda que não prevista no

estatuto, a participação é facultada como meio de

realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de

incentivos fiscais.

Quando tem pessoa jurídica que tem como objeto a participação em

outra sociedade, tem-se a caracterização de uma holding, ou seja, a sociedade que

tem por objeto a participação em outras sociedades.

A Limitada também pode ser uma holding, não necessariamente só a

S/A.

4) CONSTITUIÇÃO DA S/A:

Há que se observar os requisitos preliminares elencados no art. 80, LSA:

Art. 80. A constituição da companhia depende do

cumprimento dos seguintes requisitos

preliminares:

I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas,

de todas as ações em que se divide o capital

social fixado no estatuto;

É o que chamamos de pluralidade de sócios. Na

S/A, assim como nas demais sociedades, há que

haver a pluralidade de sócios. Também há que se

observar que não bastam somente dois sócios,

pois, de acordo com a lei, para Conselho

Administrativo, há que ter, no mínimo, três

acionistas.

No entanto, há exceções a esta regra, quais

sejam:

a) Empresa pública: pode ser unipessoal, tendo

apenas um único acionista.

b) Subsidiária integral: art. 251: é um tipo de

S/A que admite um único acionista, sendo

este, necessariamente, uma sociedade

nacional. Ex.: a Transpreto, cujo único

acionista é a Petrobras.

Art. 251. A companhia pode ser constituída,

mediante escritura pública, tendo como único

acionista sociedade brasileira.

§ 1º A sociedade que subscrever em bens o

capital de subsidiária integral deverá aprovar o

laudo de avaliação de que trata o artigo 8º,

respondendo nos termos do § 6º do artigo 8º e do

artigo 10 e seu parágrafo único.

§ 2º A companhia pode ser convertida em

subsidiária integral mediante aquisição, por

sociedade brasileira, de todas as suas ações, ou

nos termos do artigo 252.

II - realização, como entrada, de 10% (dez por

cento), no mínimo, do preço de emissão das

ações subscritas em dinheiro;

Regra geral: entrada de 10% em dinheiro.

Exceção: tratando-se de instituição financeira, o

percentual de 10% passa para 50%.

III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em

outro estabelecimento bancário autorizado pela

Comissão de Valores Mobiliários, da parte do

capital realizado em dinheiro.

CVM: Comissão de Valores Mobiliários.

A S/A fechada não precisa de autorização da CVM

para seu funcionamento.

Parágrafo único. O disposto no número II não se

aplica às companhias para as quais a lei exige

realização inicial de parte maior do capital social.

5) ÓRGÃOS SOCIETARIOS:

AC / DC

a) Assembléia Geral:

É o órgão deliberativo máximo da S/A.

São duas as espécies de Assembléia Geral:

! AGO (Assembléia Geral Ordinária): deverá ser realizada

anualmente nos primeiros quatro meses seguintes ao término

do exercício social. Geralmente coincide com exercício

financeiro (1/1 a 31/12) e deliberará sobre:

Destinação do lucro;

Tomar as contas dos administradores;

Eleição de administradores e membros do Conselho

Fiscal;

Aprovação da correção da expressão monetária do

capital social.

! AGE (Assembléia Geral Extraordinária): tudo o que não for

objeto da AGO será deliberado na AGE. Os temas da AGO são

de competência privativa.

b) Conselho de Administração:

Único órgão da S/A que é facultativo.

No entanto, nas seguintes hipóteses será obrigatório:

! S/A aberta: art. 138:

Art. 138. A administração da companhia

competirá, conforme dispuser o estatuto, ao

conselho de administração e à diretoria, ou

somente à diretoria.

§ 1º O conselho de administração é órgão de

deliberação colegiada, sendo a representação da

companhia privativa dos diretores.

§ 2º As companhias abertas e as de capital

autorizado terão, obrigatoriamente, conselho de

administração.

! S/A de capital autorizado (art. 168, LSA): não é necessária

alteração do estatuto para aumento do capital social, tendo

em vista a prévia autorização deste.

Art. 168. O estatuto pode conter autorização para

aumento do capital social independentemente de

reforma estatutária.

§ 1º A autorização deverá especificar:

a) o limite de aumento, em valor do capital ou em

número de ações, e as espécies e classes das

ações que poderão ser emitidas;

b) o órgão competente para deliberar sobre as

emissões, que poderá ser a assembléia-geral ou o

conselho de administração;

c) as condições a que estiverem sujeitas as

emissões;

d) os casos ou as condições em que os acionistas

terão direito de preferência para subscrição, ou de

inexistência desse direito (artigo 172).

§ 2º O limite de autorização, quando fixado em

valor do capital social, será anualmente corrigido

pela assembléia-geral ordinária, com base nos

mesmos índices adotados na correção do capital

social.

§ 3º O estatuto pode prever que a companhia,

dentro do limite de capital autorizado, e de acordo

com plano aprovado pela assembléia-geral,

outorgue opção de compra de ações a seus

administradores ou empregados, ou a pessoas

naturais que prestem serviços à companhia ou a

sociedade sob seu controle.

! Sociedade de Economia Mista: arts. 238 e 239

Art. 238. A pessoa jurídica que controla a

companhia de economia mista tem os deveres e

responsabilidades do acionista controlador

(artigos 116 e 117), mas poderá orientar as

atividades da companhia de modo a atender ao

interesse público que justificou a sua criação.

Art. 239. As companhias de economia mista terão

obrigatoriamente Conselho de Administração,

assegurado à minoria o direito de eleger um dos

conselheiros, se maior número não lhes couber

pelo processo de voto múltiplo.

Parágrafo único. Os deveres e responsabilidades

dos administradores das companhias de economia

mista são os mesmos dos administradores das

companhias abertas.

Composição do Conselho de Administração:

! Mínimo de três membros;

! Todos devem ser pessoas naturais e acionistas;

2ª fase magistratura / DF: é possível constituição de S/A aberta

somente com dois acionistas? Na verdade não, pois esta tem

obrigatoriedade do Conselho de Administração, o qual exige o mínimo

de três acionistas pessoas físicas para compô-lo.

Sua grande finalidade é a fiscalização da diretoria e diretrizes de .

c) Diretoria:

Composição:

! Mínimo de dois membros;

! Acionistas ou não;

! Residentes no país.

Quais são os órgãos de administração? Exclui Assembléia Geral, por ser

órgão deliberativo. Exclui, também, Conselho de Fiscalização, por ser

órgão fiscalizatório. O Conselho de Administração é órgão facultativo.

Assim, quando ele existe, compõe os órgãos de administração, mas não

é regra obrigatória como ocorre com a Diretoria.

d) Conselho Fiscal: art. 161, LSA:

Art. 161. A companhia terá um conselho fiscal e o

estatuto disporá sobre seu funcionamento, de

modo permanente ou nos exercícios sociais em

que for instalado a pedido de acionistas.

Existência obrigatória. No entanto, pode estar

desativado, sendo acionado pelos interessados.

Deste modo:

! Existência obrigatória;

! Funcionamento facultativo.

Tem sempre que existir, mas nem sempre tem

que funcionar.

§ 1º O conselho fiscal será composto de, no

mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco)

membros, e suplentes em igual número,

acionistas ou não, eleitos pela assembléia-geral.

§ 2º O conselho fiscal, quando o funcionamento

não for permanente, será instalado pela

assembléia-geral a pedido de acionistas que

representem, no mínimo, 0,1 (um décimo) das

ações com direito a voto, ou 5% (cinco por cento)

das ações sem direito a voto, e cada período de

seu funcionamento terminará na primeira

assembléia-geral ordinária após a sua instalação.

§ 3º O pedido de funcionamento do conselho

fiscal, ainda que a matéria não conste do anúncio

de convocação, poderá ser formulado em

qualquer assembléia-geral, que elegerá os seus

membros.

§ 4º Na constituição do conselho fiscal serão

observadas as seguintes normas:

a) os titulares de ações preferenciais sem direito a

voto, ou com voto restrito, terão direito de eleger,

em votação em separado, 1 (um) membro e

respectivo suplente; igual direito terão os

acionistas minoritários, desde que representem,

em conjunto, 10% (dez por cento) ou mais das

ações com direito a voto;

b) ressalvado o disposto na alínea anterior, os

demais acionistas com direito a voto poderão

eleger os membros efetivos e suplentes que, em

qualquer caso, serão em número igual ao dos

eleitos nos termos da alínea a, mais um.

§ 5º Os membros do conselho fiscal e seus

suplentes exercerão seus cargos até a primeira

assembléia-geral ordinária que se realizar após a

sua eleição, e poderão ser reeleitos.

§ 6o Os membros do conselho fiscal e seus

suplentes exercerão seus cargos até a primeira

assembléia-geral ordinária que se realizar após a

sua eleição, e poderão ser reeleitos. (Incluído pela

Lei nº 10.303, de 2001)

§ 7o A função de membro do conselho fiscal é

indelegável. (Incluído pela Lei nº 10.303, de

2001)

Obs.: é órgão de existência obrigatória. No entanto, seu

funcionamento será facultativo.

Composição:

! Mínimo de três e máximo de cinco;

! Acionistas ou não;

! Com igual número de suplentes.

! Residentes no país.

6) VALORES MOBILIÁRIOS:

a) Ações:

São frações do capital social que conferem ao seu titular direito de sócio

da S/A.

São espécies de ações:

! Ordinárias: são aquelas que conferem direitos comuns ao

acionista. De acordo com o art. 110, LSA, a ação ordinária

sempre vai ter direito de voto.

Art. 110. A cada ação ordinária corresponde 1

(um) voto nas deliberações da assembléia-geral.

§ 1º O estatuto pode estabelecer limitação ao

número de votos de cada acionista.

§ 2º É vedado atribuir voto plural a qualquer

classe de ações.

! Preferenciais: conferem vantagens econômicas ou políticas.

Podem ter, por exemplo, prioridade de recebimento, ou seja,

quando S/A recebe o lucro, primeiramente paga os acionistas

preferencialistas. Também podem receber até 10% mais que

a ação ordinária. Em contrapartida, este acionista

preferencialista não tem direito a voto ou este voto é

limitado.

! Ações de gozo e fruição: art. 44, §5º:

Art. 44. O estatuto ou a assembléia-geral

extraordinária pode autorizar a aplicação de

lucros ou reservas no resgate ou na amortização

de ações, determinando as condições e o modo de

proceder-se à operação.

§ 1º O resgate consiste no pagamento do valor

das ações para retirá-las definitivamente de

circulação, com redução ou não do capital social,

mantido o mesmo capital, será atribuído, quando

for o caso, novo valor nominal às ações

remanescentes.

§ 2º A amortização consiste na distribuição aos

acionistas, a título de antecipação e sem redução

do capital social, de quantias que lhes poderiam

tocar em caso de liquidação da companhia.

§ 3º A amortização pode ser integral ou parcial e

abranger todas as classes de ações ou só uma

delas.

§ 4º O resgate e a amortização que não

abrangerem a totalidade das ações de uma

mesma classe serão feitos mediante sorteio;

sorteadas ações custodiadas nos termos do artigo

41, a instituição financeira especificará, mediante

rateio, as resgatadas ou amortizadas, se outra

forma não estiver prevista no contrato de

custódia.

§ 5º As ações integralmente amortizadas

poderão ser substituídas por ações de

fruição, com as restrições fixadas pelo

estatuto ou pela assembléia-geral que

deliberar a amortização; em qualquer caso,

ocorrendo liquidação da companhia, as ações

amortizadas só concorrerão ao acervo

líquido depois de assegurado às ações não a

amortizadas valor igual ao da amortização,

corrigido monetariamente.

§ 6o Salvo disposição em contrário do estatuto

social, o resgate de ações de uma ou mais classes

só será efetuado se, em assembléia especial

convocada para deliberar essa matéria específica,

for aprovado por acionistas que representem, no

mínimo, a metade das ações da(s) classe(s)

atingida(s).(Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)

Amortização: quando, a título antecipatório, recebe o que teria

direito no caso de dissolução da sociedade. A ação ordinária ou

preferencial que se tinha, é substituída por uma ação de gozo ou

fruição, para que se saiba que os direitos creditícios daquele

acionista já foram pagos antecipadamente.

Direitos Essenciais do Acionista: art. 109: nem estatuto nem

Assembléia Geral podem privar o acionista destes direitos. São eles:

Art. 109. Nem o estatuto social nem a

assembléia-geral poderão privar o acionista dos

direitos de:

I - participar dos lucros sociais;

II - participar do acervo da companhia, em caso

de liquidação;

III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a

gestão dos negócios sociais;

IV - preferência para a subscrição de ações,

partes beneficiárias conversíveis em ações,

debêntures conversíveis em ações e bônus de

subscrição, observado o disposto nos artigos 171

e 172;

V - retirar-se da sociedade nos casos previstos

nesta Lei.

Direito de voto não é direito essencial de acionista.

Formas de integralização das ações na S/A:

! Dinheiro;

! Bens;

! Créditos.

Não pode haver integralização com serviço.

b) Debêntures: art. 52, LSA

Art. 52. A companhia poderá emitir debêntures

que conferirão aos seus titulares direito de

crédito contra ela, nas condições constantes da

escritura de emissão e, se houver, do

certificado.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de

2001)

Quando S/A necessite de dinheiro, ela pode buscar financiamento em

bancos ou emitir debêntures. A emissão de debêntures é mais utilizada.

A Gradiente, quando se encontrava em crise, emitiu debêntures, que a

tiraram da crise. Hoje em crise novamente.

Caso a sociedade empresária não as pague na data aprazada, como

titular tem direito de crédito, pode ingressar com ação de execução,

tendo em vista que, de acordo com disposto no CPC, as debêntures

constituem-se como títulos executivos extrajudiciais.

As debêntures podem ser convertidas em ações.

A diferença com commercial paper: na debênture a lei não estabelece

prazo, só que o reembolso deverá ser feito a médio ou longo prazo.

c) Commercial Paper:

Tem a mesma estrutura das debêntures. A diferença é que aqui há

instrução normativa da CVM informando que os commercial paper

deverão ser pagos entre 30 a 180 dias.

d) Bônus de Subscrição: art. 75, parágrafo único, LSA:

Art. 75. A companhia poderá emitir, dentro do

limite de aumento de capital autorizado no

estatuto (artigo 168), títulos negociáveis

denominados "Bônus de Subscrição".

Parágrafo único. Os bônus de subscrição

conferirão aos seus titulares, nas condições

constantes do certificado, direito de subscrever

ações do capital social, que será exercido

mediante apresentação do título à companhia e

pagamento do preço de emissão das ações.

Título que confere ao seu titular direito de preferência na emissão de

novas ações.

Ex.: cia. em alta; ninguém consegue comprar ações. Emissão de bônus

de subscrição. Posteriormente, quando S/A emite novas ações, as

oferece para os titulares de bônus de subscrição.

Mas acionista não tem a preferência? Sim. Mas neste caso, quem tem o

bônus é que terá a preferência, pois, ao emitir o bônus, procura,

primeiramente, o acionista. Mais uma das formas de captação de

recurso.

e) Partes Beneficiárias: art. 46, LSA

Art. 46. A companhia pode criar, a qualquer

tempo, títulos negociáveis, sem valor nominal e

estranhos ao capital social, denominados "partes

beneficiárias".

§ 1º As partes beneficiárias conferirão aos seus

titulares direito de crédito eventual contra a

companhia, consistente na participação nos lucros

anuais (artigo 190).

§ 2º A participação atribuída às partes

beneficiárias, inclusive para formação de reserva

para resgate, se houver, não ultrapassará 0,1

(um décimo) dos lucros.

§ 3º É vedado conferir às partes beneficiárias

qualquer direito privativo de acionista, salvo o de

fiscalizar, nos termos desta Lei, os atos dos

administradores.

§ 4º É proibida a criação de mais de uma classe

ou série de partes beneficiárias.

Partes beneficiárias são títulos negociáveis sem valor nominal

estranhos ao capital social que conferirão aos seus titulares direito de

crédito eventual contra a companhia, consistente na participação dos

lucros anuais durante determinado tempo. Ex.: 3% dos lucros anuais

por cinco anos.

Também confere direito de crédito; todavia, tal direito é eventual, pois,

se tem o lucro, recebe; caso não haja, não recebe nada.

Estranhas ao capital social: ações são frações do capital social. Deste

modo, quando diz que, embora participe dos lucros, não se considera

acionista, ou seja, não tem os direitos próprios dos acionistas.

7) SOCIEDADES COLIGADAS OU LIGAÇÕES SOCIETÁRIAS: possua a maioria

dos votos nas deliberações dos quotistas ou da assembléia geral e o poder de

eleger a maioria dos administradores;

II - a sociedade cujo controle, referido no inciso

antecedente, esteja em poder de outra, mediante

ações ou quotas possuídas por sociedades ou

sociedades por esta já controladas.

A controlada pode ser direta ou indireta.

8) REORGANIZAÇÕES SOCIETÁRIAS:

a) Transformação:

É a operação pela qual, a sociedade passa, independentemente de

dissolução e liquidação, de tipo societário para outro.

Transformação não é forma de extinção, diversamente do que ocorre

com a fusão, incorporação ou cisão.

b) Fusão:

É a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades, extinguindo

estas e dando origem a uma nova sociedade que lhes sucederá em

todos os direitos e obrigações.

c) Incorporação:

É a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por

outra que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. A

incorporadora continua em atividade, sendo, entretanto, acrescentada

de B, a qual será extinta. Não há criação de uma nova sociedade, como

ocorre na fusão.

d) Cisão:

Operação na qual sociedade transfere parcelas do seu patrimônio para

uma ou mais sociedades, constituídas para este fim ou já existentes,

extinguindo-se a companhia cindida. Será total, se houver versão de

todo o seu patrimônio ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão.

Haverá extinção somente na cisão total. A cisão parcial se configura

como reorganização societária.

EXERCICIOS – SOCIEDADES PERSONIFICADAS 1. O Sr. Nordano Silva, Ricardo Silva, Alberto Silva e Carlos Silva são sócios de

uma sociedade limitada empresária, cujo objeto social é compra e venda de bens

móveis e imóveis. A administração da sociedade compete aos sócios Nordano e

Ricardo, em conjunto ou isoladamente, podendo cada um assinar pela sociedade

sem a presença do outro. Após terem acesso a publicação de balanços de

concorrentes, resolveram capitalizar a sociedade. Em razão disto, os

administradores resolveram vender vários bens imóveis de propriedade da

sociedade. Os outros sócios, Alberto e Carlos, procuram por você e formulam a

seguinte consulta: é legal o que os administradores da sociedade fizeram,

vendendo bens imóveis da sociedade, sem a nossa autorização? Explique

analisando todas as peculiaridades do caso.

2. A Clínica de Repouso Santa Clara LTDA, sociedade constituída por tempo

indeterminado com capital de seis sócios, cujas cotas integralizadas eram em

número de 100 para cada um e um patrimônio total avaliado em três milhões de

reais, por meras divergências de natureza administrativa, sem qualquer previsão

legal, teve um dos sócios Joaquim da Silva expulso da sociedade pelos demais, sem

qualquer ressarcimento ou apuração de haveres, o que causou imediata reação por

parte do sócio prejudicado, através da competente ação judicial. Pergunta-se: a)

qual é a ação proposta pelo mesmo, no sentido de recuperar seu capital investido?

b) a forma utilizada pela sociedade foi correta? Discorra sobre a expulsão de sócio,

fundamentando sua resposta.

3. A empresa Astra LTDA de comércio de material de construção estipulou em seu

contrato constitutivo de 2003 como seria a participação de cada sócio nos lucros da

empresa, à razão de 10% para cada um, apurados no final do exercício.

Posteriormente, alterou-se o contrato social para, a partir de 2004, por deliberação

de 75% dos sócios, no sentido de que este percentual atinja 20% e cujo registro da

ata de alteração se dê no órgão competente. Pergunta-se: o procedimento é

correto ou não? Fundamentar legalmente.

4. Em uma sociedade limitada constituída em 1998, com contrato arquivado na

junta comercial, Alfonso, titular de 55% do capital social, durante reunião de sócios

sem a participação da maioria dos membros do corpo social, aprovou, contra o voto

dos demais presentes, a alteração do objeto para substituir a atividade social, até

então voltada para a comercialização de artigos infantis, pela comercialização de

artigos militares, incluindo-se uniformes. Os demais sócios, que se opuseram à

alteração da atividade social, alegando a ilegalidade da deliberação por parte do

sócio Alfonso, decidiram exercer seu direito de retirada e pagamento de haveres, o

que foi feito tempestivamente.

O pedido dos sócios dissidentes foi rejeitado por Alfonso, sob a justificativa do

efeito legal da deliberação, visto que, desde a constituição da sociedade, está

previsto no contrato que as alterações possam ser efetivadas por maioria simples

do capital social; ademais, segundo Alfonso, o gênero da atividade -

comercialização de bens - permanece o mesmo. Para negar o pagamento de

haveres aos sócios dissidentes, Alfonso alegou também que o contrato social prevê

a regência supletiva pela Lei das Sociedades Anônimas (S.A.).

Com base na situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado da

sociedade, redija a peça profissional - parecer - acerca do caso, incluindo respostas

justificadas às questões a seguir:

- A deliberação tomada por Alfonso e o argumento por ele apresentado são válidos?

- A alteração do objeto, nos termos descritos no enunciado, autoriza o recesso?

- A regência supletiva do contrato pela Lei das S.A. ampara a atitude do sócio

majoritário?

- Mantendo-se inarredável o sócio Alfonso em suas convicções, que medida podem

tomar os demais sócios?

5. Pedro Régis, Bernardino Batista, José de Moura e Caldas Brandão são os únicos

sócios da sociedade Laticínios Zabelê Ltda. EPP. O primeiro sócio é titular de 70%

(setenta por cento) do capital e os demais sócios possuem 10% (dez por cento)

cada. Todos os sócios são domiciliados em Rio Tinto, Estado da Paraíba, onde

também é a sede da pessoa jurídica. A administraç ão da sociedade cabe,

alternativamente, aos sócios Pedro Régis e José de Moura.

A sociedade foi constituída em 1994 e seu quadro social manteve-se inalterado até

os dias atuais. O capital social, aumentado em 2010, é de R$ 1.700.000,00 (hum

milhão e setecentos mil reais), totalmente integralizado.

Em 26/03/2012, Caldas Brandão ficou vencido na deliberaç ão dos sócios, tomada

em assembleia, que aprovou a ampliaç ão do objeto social para incluir a atividade

de beneficiamento e comercializaç ão de milho. Profundamente insatisfeito com os

novos rumos que a sociedade iria tomar e com os efeitos da deliberaç ão, o sócio

dissidente manifestou aos demais sócios por escrito, em 15/04/2012, sua

pretensão de retirar-se da sociedade, em caráter irrevogável, caso a decisão não

fosse revertida. Os sócios afirmaram que não mudariam a decisão, e que não

caberia outra alternativa a Caldas Brandão senão conformar-se com o ocorrido, em

face do princípio majoritário das deliberaç ões sociais.

Em razão da negativa manifestada pelos demais sócios com a pretensão de

retirada, Caldas Brandão procura um advogado, no dia 15 de maio de 2012, para

orientá-lo na defesa de seus interesses. Pelas informaç ões e documentos

apresentados, verifica-se que:

(i) a sociedade foi constituída por prazo determinado, até 31 de dezembro de 2000,

prorrogada a vigê ncia do contrato por 20 (vinte) anos, a contar de 1o de janeiro

de 2001;

(ii) o contrato social prevê a livre cessão das quotas;

(iii) não há cláusula de regê ncia supletiva pela lei das sociedades por aç ões.

Com base nas informaç ões prestadas e que a Comarca de Rio Tinto é de Vara

Única, elabore a peç a adequada na defesa dos direitos do sócio. (Valor: 5,0)

6. Em 09/10/2011, Quilombo Comércio de Equipamentos Eletrô nicos Ltda., com

sede e principal estabelecimento em Abelardo Luz, Estado de Santa Catarina, teve

sua falê ncia requerida por Indústria e Comércio de Eletrô nicos Otacílio Costa

Ltda., com fundamento no Art. 94, I, da Lei n. 11.101/05. O devedor, em profunda

crise econô mico-financeira, sem condiç ão de atender aos requisitos para

pleitear sua recuperaç ão judicial, não conseguiu elidir o pedido de fale�ncia. O

pedido foi julgado procedente em 11/11/2011, sendo nomeado pelo Juiz de Direito

da Vara Única da Comarca de Abelardo Luz, o Dr. José Cerqueira como

administrador judicial.

Ato contínuo à assinatura do termo de compromisso, o administrador judicial

efetuou a arrecadaç ão separada dos bens e documentos do falido, além da

avaliaç ão dos bens. Durante a arrecadaç ão foram encontrados no

estabelecimento do devedor 200 (duzentos) computadores e igual número de

monitores. Esses bens foram referidos no inventário como bens do falido,

adquiridos em 15/09/2011 de Informática e TI d ́Agronô mica Ltda. pelo valor de

R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais).

Paulo Lopes, único administrador de Informática de TI d ́Agronô mica Ltda.,

procura você para orientá-lo na defesa de seus interesses diante da falê ncia de

Quilombo Comércio de Equipamentos Eletrô nicos Ltda. Pelas informaç ões e

documentos apresentados, fica evidenciado que o devedor não efetuou nenhum

pagamento pela aquisiç ão dos 200 (duzentos) computadores e monitores, que a

venda foi a prazo e em 12 (doze) parcelas, e que a mercadoria foi recebida no dia

30/09/2011 por Leoberto Leal, gerente da sociedade.

Diligente, você procura imediatamente o Dr. José Cerqueira e verifica que consta

do auto de arrecadaç ão referê ncia aos computadores e monitores, devidamente

identificados pelas informaç ões contidas na nota fiscal e número de série de cada

equipamento. A mercadoria foi avaliada pelo mesmo valor da venda - R$

400.000,00 - e ainda está no acervo da massa falida.

Na qualidade de advogado(a) de Informática e TI d ́Agronô mica Ltda., elabore a

peç a adequada, ciente de que não é do interesse do cliente o cumprimento do

contrato pelo administrador judicial. (Valor: 5,0)

7. Em 27/02/2011, XYZ Alimentos S.A., companhia aberta, ajuizou aç ão para

responsabilizar seu ex-diretor de planejamento, “M”, por prejuízos causados à

companhia decorrentes de venda, realizada em 27/09/2005, de produto da

Companhia a preç o inferior ao de mercado, em troca de vantagem pessoal.

Em sua defesa, “M” alegou que não houve a realizaç ão prévia de assembleia da

companhia que houvesse deliberado o ajuizamento da demanda e que as contas de

toda administraç ão referentes ao exercício de 2005 haviam sido aprovadas pela

assembleia geral ordinária, ocorrida em 03/02/2006, cuja ata foi devidamente

arquivada e publicada na imprensa oficial no dia 05/02/2006, não podendo este

tema ser passível de rediscussão em razão do decurso do tempo.

Em sede de recurso, a 1a Câ mara Cível do Tribunal de Justiç a do Estado do

Piauí reconheceu os fatos de que (i) não houve a prévia assembleia para aprovar

ajuizamento da aç ão; e de que (ii) as contas de “M” referentes ao exercício de

2005 foram aprovadas em uma assembleia, em cujas deliberaç ões não se

verificou erro, dolo, fraude ou simulaç ão incorridos ou perpetrados por quem dela

participou. No entanto, manteve a condenaç ão do ex-diretor que havia sido

imposta pela sentenç a da 1a instâ ncia, que entendeu prevalecer, no caso, o art.

158, I, da Lei n. 6.404/76, sobre qualquer outro dispositivo legal desta Lei,

sobretudo os que embasam os argumentos de “M”.

Assim, na qualidade de advogado de “M” e utilizando os argumentos por ele

expendidos em sua defesa, diante do acórdão proferido pelo Tribunal, elabore a

peç a cabível. Para tanto, suponha que o Tribunal de Justiç a do Estado do Piauí

possua apenas o total de 10 varas cíveis, duas câ maras cíveis e nenhuma vice-

presidê ncia.

Deve ser levado em consideraç ão, pelo examinando, que não cabem Embargos

de Declaraç ão. A simples menç ão ou transcriç ão do dispositivo legal não

pontua. (Valor: 5,0)

8. João, economista renomado, foi durante cinco anos acionista da Garrafas

Produç ão e Comércio de Bebidas S.A.

Seis meses depois de ter alienado a totalidade de suas aç ões, é nomeado

Conselheiro de Administraç ão da Companhia. Preocupado com as suas novas

responsabilidades, João consulta um advogado para esclarecer as seguintes

dúvidas:

A) João pode residir no exterior? (Valor: 0,50)

B) João já ocupa o cargo de conselheiro fiscal de Alfa Comércio de Eletrô nicos

S.A. Ele precisa renunciar ao cargo?

(Valor: 0,25)

C) O fato de João ter alienado a totalidade das aç ões de emissão da companhia

que possuía em sua titularidade, não sendo, portanto, acionista da Garrafas

Produç ão e Comércio de Bebidas S.A, representa um fato impeditivo à

ocupaç ão do cargo? (Valor: 0,50)

Responda, justificadamente, empregando os argumentos jurídicos apropriados e

apresentando a fundamentaç ão legal pertinente ao caso.

9. João e Carlos são administradores da Snob Veículos Importados S.A., pessoa

jurídica com capital social de R$ 1.500.000,00 e com domicílio na cidade de

Goiâ nia – GO. João, acionista da companhia, no último exercício social, praticou

vários atos contrários à lei e ao estatuto da sociedade empresária, além de cometer

atos culposos e dolosos. Contratada empresa de auditoria, foi constatado que João

causara prejuízos à referida sociedade por comprar veículo por valor superior ao de

mercado, vender veículos, a prazo, a terceiros, sem cláusula de atualizaç ão

monetária, por vender veículos com prejuízo, utilizar bens da sociedade para uso

particular e usar recursos da companhia para manutenç ão de bens particulares.

Carlos, amigo íntimo de João, mesmo tendo tomado conhecimento de todos os atos

ilícitos perpetrados, não tomou qualquer atitude em relaç ão aos fatos: não

informou os demais dirigentes da companhia nem tentou impedir as práticas de

João. Instalada assembleia geral, foi decidido que a companhia não promoveria

aç ão de responsabilidade contra João. Contudo, Marcos e Sandoval, acionistas

que representam 15% do capital social, ajuizaram aç ão de reparaç ão de danos

contra João e Carlos, a fim de verem reparados os prejuízos causados à Snob

Veículos Importados S.A. Em sede de contestaç ão, os réus alegaram a

ilegitimidade ativa ad causam de Marcos e Sandoval; a ilegitimidade passiva de

Carlos, por ele não ter praticado qualquer ato ilícito; a ilegalidade da conduta de

Marcos e Sandoval, que promoverem a aç ão de reparaç ão de danos a despeito

da decisão da assembléia geral. Arguiram, ainda, que os pedidos insertos na

petiç ão inicial seriam incertos e indeterminados e que não teriam sido praticados

quaisquer atos ilícitos por parte dos administradores. Assim, o juízo competente

determinou aos autores que se manifestassem, no prazo de 10 dias.

Considerando a situaç ão hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a)

constituído(a) por Marcos e Sandoval, elabore a peç a profissional que entender

cabível para a defesa dos interesses de seus clientes, abordando, com fulcro na

doutrina e na jurisprudê ncia, todos os aspectos de direito material e processual

pertinentes.

TÍTULOS DE CRÉDITOS

A legislação aplicável vai depender do título, assim, temos no caso de

LETRA DE CÂMBIO e NOTA PROMISSÓRIA a aplicação do Decreto 57.663/66,

também denominado Lei Uniforme. Se o assunto for CHEQUE será aplicado a Lei

7.357/85. Se o assunto for DUPLICATA será aplicado a lei 5.474/68.

E quanto às disposições do CC aos títulos de crédito? Perceba que sua

aplicação é subsidiária conforme o art. 903, CC.

PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS

Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.

01. CARTULARIDADE: por esse princípio o crédito deve estar representado

(materializado) em um documento (título). Para a transferência do crédito é necessária a

transferência do documento. Não há que se falar em exigibilidade do crédito sem a

apresentação do documento.

Para a transferência do crédito não é suficiente o endosso.

Veja o art. 585, I, CPC – se não houver o pagamento de um cheque, letra de câmbio,

nota promissória, será necessária uma ação de execução e para tanto, não é possível

utilizar a cópia autenticada dos mesmos, é necessário o documento. O STJ admite a

cópia em casos raros, como por exemplo, se o mesmo estiver sendo objeto de uma ação

de estelionato. Veja: REsp 820.121-ES, Rel. originário Min. Humberto Gomes de

Barros, Rel. para o acórdão Min. Sidnei Beneti, julgado em 10/8/2010.

Obs.: É interessante o tema da “despapelização” dos títulos de crédito, diante dos

avanços tecnológicos na modernidade, ao os quais relativizaram tal princípio.

Exemplo claro da mitigação da exigência da cártula seria a possibilidade de emissão das

duplicatas eletrônicas nos dias atuais, isto é, retirando a necessidade de sua existência

via cártula.

.

02. LITERALIDADE: por esse princípio, só tem validade para o direito cambiário

aquilo que está literalmente escrito em um título de crédito, o que representa mais uma

garantia ao credor.

Dessa forma, o endosso e o aval podem ser dados, mas devem ser feitos no próprio

título. Só tem validade aquilo que está constando literalmente no título de crédito. Da

mesma forma, o termo de quitação deve ser dado no título de crédito, e não em um

papel separado.

03. AUTONOMIA: note as seguintes situações:

- as relações jurídico-cambiais são autônomas e independentes entre si (abstração).

- o devedor não poderá opor exceções pessoais a terceiros de boa-fé (inoponibilidade).

Dessa forma, imagine, Alexandre está interessado em comprar um celular e Renato está

querendo vender o celular dele. O celular será vendido no valor de 500 reais e

Alexandre quer pagar através de uma Nota Promissória. Quando Alexandre começa a

desfrutar do mesmo, percebe que ele não funciona direito, e devolve o celular e pede a

nota promissória, mas Renato se recusa a devolvê-la, e se ele chegar a executar a nota,

Alexandre pode apresentar uma exceção pessoal. Perceba que a causa de que deu

origem a essa promissória foi a compra e venda do celular (isso é denominado de causa

subjacente). Imagine que Renato endossa essa nota promissória e a transfere para um

terceiro de boa-fé. Na data do vencimento, o que agora possui a nota vai procurar

Alexandre para o pagamento da nota. Pela autonomia, as relações jurídico-cambiais são

autônomas e independentes entre si. Dessa forma, Alexandre não pode se recusar ao

pagamento dessa nota para o terceiro de boa-fé, somente contra o Renato. Para o

terceiro, pouco importa a causa que deu origem ao surgimento do crédito, ele tem o seu

direito de crédito garantido. À medida que o título circula para um terceiro de boa-fé,

ele se desprende da causa de origem da emissão.

OBS: EXECUTIVIDADE não é princípio, é um atributo do título de crédito, elencados

no artigo 585 do CPC.

CLASSIFICAÇÃO

Existem cerca de 13 classificações, mas para fins didáticos e para concursos serão

estudadas apenas 04 classificações.

01. QUANTO AO MODELO: Materialização

a) VINCULADO: é aquele cuja forma, o modelo vem previamente definido em

legislação. Exemplo: duplicata e cheque.

b) LIVRE: é aquele cuja forma não vem definida em lei. Ex: nota promissória e letra de

câmbio.

02. QUANTO ÀS HIPÓTESES DE EMISSÃO: Causa

a) CAUSAL: é aquele que só pode ser emitido mediante a ocorrência de uma

determinada causa definida em legislação. Exemplo: duplicata (depende de uma compra

e venda mercantil ou de uma prestação de serviços) – art. 20 da Lei n. 5474/68.

b) NÃO CAUSAL: pode ser emitido em qualquer causa, em qualquer circunstância.

Exemplo: Cheque.

03. QUANTO À SUA CIRCULAÇÃO: Como

a) AO PORTADOR: é aquele que não identifica o beneficiário. Ele circula com a

simples nominação.

b) NOMINAL: é aquele que identifica o beneficiário. Para sua circulação depende se o

mesmo é à ordem ou não à ordem.

- Se for à ordem, circula por meio de endosso. Quem transfere por endosso

responde pela existência e pela solvência do título. Há uma presunção de que os títulos

são à ordem, já que é o que traz mais garantias, é a regra.

- Se for não à ordem, circula por meio de cessão civil. Quem transfere pela

cessão civil responde apenas pela existência, não reponde pela solvência, ou seja, não

tem responsabilidade pelo pagamento. O emitente não goza do princípio da

inoponibilidade, podendo alegar o que lhe aprouver em matéria de defesa.

OBS: Essa classificação é mais tradicional. Desde a lei 8.021/90 não se admitem mais

títulos ao portador, salvo se lei especial permitir o seu uso. Exemplo: Lei 9.069/95, art.

69.

OBS: ART. 914, CC:

Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso, não responde o endossante pelo cumprimento da prestação constante do título.

§ 1o Assumindo responsabilidade pelo pagamento, o endossante se torna devedor solidário.

§ 2o Pagando o título, tem o endossante ação de regresso contra os coobrigados anteriores.

Para o CC o endosso tem o mesmo efeito de cessão civil. E, de acordo com o CC, o

endossante não responde pela solvência do título, somente de acordo com a lei especial.

c) NOMINATIVO: Trata-se de inovação legislativa. Além de identificar o beneficiário,

o título nominativo transfere-se mediante termo, em registro do emitente, assinado pelo

proprietário e pelo adquirente. Está previsto nos arts. 921/922 do CC/02.

Art. 922. Transfere-se o título nominativo mediante termo, em registro do emitente, assinado pelo proprietário e pelo adquirente.

04. QUANTO À ESTRUTURA: Figuras intervenientes no ato da emissão

a) ORDEM DE PAGAMENTO: temos 03 intervenientes

- dá a ordem: sacador/emitente

-recebe a ordem: sacador

- destinatário da ordem: tomador/beneficiário

Exemplo: os demais títulos – duplicata, cheque e letra de câmbio.

b) PROMESSA DE PAGAMENTO: temos 02 intervenientes

- promitente

- tomador/beneficiário

Exemplo: nota promissória.

05. QUANTO À ESSÊNCIA : O porquê

a) PRÓPRIO: É aquele que traz em si uma verdadeira operação de crédito. Ex.: letra de

câmbio e nota promissória.

b) IMPRÓPRIO: Encerram outras operações. Ex.: cheque e duplicata.

LETRA DE CÂMBIO

- dá a ordem (é denominado de SACADOR ou EMITENTE)

- recebe a ordem (é denominado de SACADO). É ele quem dá o aceite.

- tomador/beneficiário

REFERÊNCIA LEGISLATIVA

- Decreto 2044/1908

- Decreto 57663/66 (Lei Uniforme de Genebra)

- Código Civil de 2002

Saque é a emissão ou criação do título de crédito.

Aceite é o ato de concordância com a ordem de pagamento dada. É ato cambiário

privativo do sacado, somente ele pode dar o aceite. Quando o sacado dá o aceite, ele se

torna o devedor principal do título. Neste caso o sacador será apenas um co-devedor do

mesmo. Dessa forma, por serem devedores solidários, fica a critério do credor escolher

quem será o executado, mas se ele escolher diretamente o sacador para pagamento do

título, o mesmo terá o direito de regresso contra o devedor principal, coisa que este não

vai possuir.

Em caso de RECUSA DO ACEITE temos os seguintes efeitos:

a) tornar o sacador como devedor principal

b) vencimento antecipado do título de crédito

Caso não exista cláusula não à ordem, o tomador/beneficiário pode endossar esse título,

e OS EFEITOS DO ENDOSSO nesse caso são:

a) Transferência da titularidade do crédito do endossante para o endossatário (quem está

recebendo).

b) tornar o endossante co-devedor do título. O endosso pode ser dado no VERSO e para

isso, basta uma simples assinatura. E no ANVERSO? É possível endossar dessa forma?

Sim, mas, para tanto, não basta a assinatura, pois além dela é necessário uma expressão

identificadora, tais como: “pague-se a”, “endosso a” etc.

Além disso, o endosso pode ser EM PRETO (está identificado o endossatário) ou EM

BRANCO (quando não está identificado o endossatário).

É possível o ENDOSSO PARCIAL? Perceba que o endosso se aperfeiçoa com a

tradição, com a entrega do título, dessa forma, o endosso parcial é NULO, não sendo

admitido.

E o que é ENDOSSO PÓSTUMO ou TARDIO? É aquele dado depois do vencimento

do título, o que é perfeitamente possível, mas o mais importante é saber quais serão os

seus efeitos:

- se foi dado apenas depois do vencimento, tem efeito de endosso.

- se além do vencimento teve protesto, ou ainda, a expiração do prazo de protesto, ele

não tem mais efeito de endosso, e sim, efeito de cessão civil.

E o que é ENDOSSO IMPRÓPRIO? O que foi estudado até agora recebe o nome de

endosso próprio ou translativo. As espécies de endosso impróprio são:

- endosso mandato ou endosso por procuração

- endosso caução ou pignoratício

O endosso impróprio não opera a transferência da titularidade do crédito, ele tem a

finalidade de legitimar a posse de um terceiro. Dessa forma, contratar o serviço de

cobrança de um banco é necessário dar o endosso mandato para que se legitime a posse

do mesmo, assim estará escrito “endosso para cobrança”.

Já o endosso caução é aquele que serve para instituir penhor sobre o título de crédito,

para dar garantia.

AVAL

-avalista

- avalizado (devedor principal ou co-devedor)

O aval é GARANTIA, não transfere nenhum tipo de titularidade.

Como se faz o aval? No anverso do título, é necessária apenas a simples assinatura,

enquanto no endosso é necessária também a expressão identificadora. Porém, não se

esqueça de que, no verso, a simples assinatura do título completa o endosso, já para o

aval, também é necessária uma expressão identificadora.

O aval também pode ser EM PRETO ou EM BRANCO (não identifica o avalizado).

No aval em branco, somente o sacador emitente é que será o avalizado.

É possível o AVAL PARCIAL? Decreto 57.663/66, art. 30:

Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma determinada, pode ser garantido por aval.

Parágrafo único. É vedado o aval parcial.

AVAL FIANÇA

Só em título de crédito. Só em contrato.

É autônomo.

OBS: Em caso de morte do avalizado ou

sua incapacidade o avalista continua

responsável, justamente porque o aval é

autônomo.

É acessório.

Não possui benefício de ordem. Possui benefício de ordem.

OBS: Antes existia uma quarta diferença, preconizada no artigo 1.647 do CC, que não

mais subsiste, de acordo com o enunciado nº 132 das Jornadas de Direito Civil.

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:

I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;

III - prestar fiança ou aval;

IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.

Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada.

ENUNCIADO Nº 132:

Proposição sobre o art. 1.647, inc. III, do novo Código Civil: OUTORGA CONJUGAL EM AVAL. Suprimir as expressões “ou aval” do inc. III do art. 1.647 do novo Código Civil. Justificativa: Exigir anuência do cônjuge para a outorga de aval é afrontar a Lei Uniforme de Genebra e descaracterizar o instituto. Ademais, a celeridade indispensável para a circulação dos títulos de crédito é incompatível com essa exigência, pois não se pode esperar que, na celebração de um negócio corriqueiro, lastreado em cambial ou duplicata, seja necessário, para a obtenção de um aval, ir à busca do cônjuge e da certidão de seu casamento, determinadora do respectivo regime de bens.

ESPÉCIES DE VENCIMENTO DE UMA LETRA DE CÂMBIO

a) À VISTA: o título é exigível de imediato, a qualquer tempo.

b) COM DATA CERTA ou FIXADA/ À PRAZO: fixa data futura e certa em que o

título vence.

c) A CERTO TERMO DA VISTA: é o número “x” de dias contados de uma data

inicial. E conta-se da data do aceite.

d) A CERTO TERMO DA DATA: é o número “x” de dias contados de uma data inicial.

E conta-se da data da emissão do título. Inclusive a doutrina critica isso.

Obs.: Na contagem do prazo na letra a tempo certo da vista e a tempo certo da data, não

se inclui o dia do aceite nem o dia da emissão, respectivamente.

NOTA PROMISSÓRIA

REFERÊNCIA LEGISLATIVA

- Decreto 2044/1908

- Decreto 57663/66 (Lei Uniforme de Genebra)

- Código Civil de 2002

- Existem apenas duas figuras intervenientes (promessa de pagamento):

1) promitente ou subscritor ou emitente. Aqui não há a figura do sacado, já que esse

recebe a ordem de pagamento e, no entanto, o que temos aqui é a promessa de

pagamento. E quanto ao aceite? Existe? Não. Dessa forma, não se admite o aceite em

uma nota promissória.

2) tomador/beneficiário

As mesmas regras do endosso e do aval para pagamento e vencimentos se aplicam

também para a nota promissória.

E sobre a nota promissória aplica-se o princípio da autonomia? Sim, mas não se esqueça

da súmula 258 do STJ.

Súmula 258 - Enunciado A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou.

E, neste caso, a nota promissória não goza de autonomia.

DUPLICATA

É título causal

- compra e venda mercantil

- prestação de serviços

REFERÊNCIA LEGISLATIVA

- Lei 5474/68 (Lei das Duplicatas)

- Aplicam-se subsidiariamente:

- Decretos 2044/1908 e 57663/66

- Lei 9492/97

Na compra e venda mercantil é obrigatória a emissão da fatura (documento que

comprova a C/V mercantil) e desta, poderá ser emitida uma duplicata.

- sacador: é o vendedor ou o prestador de serviço.

- sacado: é o comprador ou aquele que recebeu a prestação do serviço.

- tomador/beneficiário: vendedor ou o prestador do serviço.

A figura do aceite na duplicata é OBRIGATÓRIA, ao contrário do caso da letra de

câmbio. E há alguma situação em que o aceite pode ser recusado? Sim, a lei prevê

algumas hipóteses em que a renúncia é admitida. Porém, inexiste a possibilidade do

aceite parcial.

HIPÓTESES LEGAIS QUE PERMITEM A RECUSA DO ACEITE NA DUPLICATA

(art. 8º da Lei das Duplicatas):

a) Em caso de avaria/não recebimento da mercadoria/não prestação do serviço.

b) Em caso de vício/defeito de quantidade ou qualidade.

c) Divergência quanto a prazo, preço e condições de pagamento.

CHEQUE

REFERÊNCIA LEGISLATIVA

- Lei 7.357/85

É uma ordem de pagamento à vista e considera-se não escrita qualquer menção em

contrário. Logo aquela cláusula de “bom para”, que consubstancia a pós-datação do

cheque, é considerada como não escrita para o direito cambiário. E a boa-fé objetiva?

Isso é assunto para o direito civil (vide súmula 370 do STJ]), pois para o direito

empresarial, é considerado como não escrito.

SÚMULA Nº 370/STJ:

CARACTERIZA DANO MORAL A APRESENTAÇÃO ANTECIPADA DE

CHEQUE PRÉ-DATADO.

Obs.: A pós-datação do cheque não modifica seu prazo de apresentação nem o prazo de

prescrição do título. (STJ. 4ª Turma. REsp 1.124.709-TO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,

julgado em 18/6/2013 (Info 528).

REQUISITOS DO CHEQUE

- constar a expressão “cheque”

- ordem incondicional de pagamento de quantia determinada

- constar o nome do banco ou da instituição financeira pagadora

- indicação do lugar de pagamento

- indicação da data e do lugar de emissão

- assinatura

Art . 1º O cheque contêm:

I - a denominação ‘’cheque’’ inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é redigido;

II - a ordem incondicional de pagar quantia determinada;

III - o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado);

IV - a indicação do lugar de pagamento;

V - a indicação da data e do lugar de emissão;

VI - a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais.

Parágrafo único - A assinatura do emitente ou a de seu mandatário com poderes especiais pode ser constituída, na forma de legislação específica, por chancela mecânica ou processo equivalente.

Art . 2º O título, a que falte qualquer dos requisitos enumerados no artigo precedente não vale como cheque, salvo nos casos determinados a seguir:

I - na falta de indicação especial, é considerado lugar de pagamento o lugar designado junto ao nome do sacado; se designados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro deles; não existindo qualquer indicação, o cheque é pagável no lugar de sua emissão;

II - não indicado o lugar de emissão, considera-se emitido o cheque no lugar indicado junto ao nome do emitente.

OBS: há requisitos não essenciais ou supríveis ou acidentais. São eles: art. 2°, I e II.

Perceba que a data de emissão não é requisito suprível, mas o lugar de emissão é.

Súmula 387, STF

A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto.

- sacador (correntista)

- sacado (banco ou instituição financeira)

- tomador (credor)

Há a figura do aceite no cheque? Se tiver fundo disponível o banco está obrigado a

pagá-lo. Não se admite o aceite.

Art . 6º O cheque não admite aceite considerando-se não escrita qualquer declaração com esse sentido.

E sobre o ENDOSSO NO CHEQUE? Pode ser no verso, anverso, em preto, em branco,

e não pode ser parcial, assim como na duplicata.

Tem limite de endosso para o cheque? Antes, só se admitia um endosso (em razão da

CPMF). Agora, cheque não tem mais limite de endosso.

Cabe endosso mandato no cheque? Sim, mas tem uma regra importante a ser observada.

Quem endossa é denominado endossante-mandante. E há também o endossatário-

mandatário. E se ocorrer a morte do endossante mandante, há extinção desse endosso

mandato? Veja a regra geral, art. 682, CC:

Art. 682. Cessa o mandato:

I - pela revogação ou pela renúncia;

II - pela morte ou interdição de uma das partes;

III - pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o mandatário para os exercer;

IV - pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio.

E, neste caso, temos a lei de cheque:

Art . 26 Quando o endosso contiver a cláusula ‘’valor em cobrança’’, ‘’para cobrança’’, ‘’por procuração’’, ou qualquer outra que implique apenas mandato, o portador pode exercer todos os direitos resultantes do cheque, mas só pode lançar no cheque endosso-mandato. Neste caso, os obrigados somente podem invocar contra o portador as exceções oponíveis ao endossante.

Parágrafo único. O mandato contido no endosso não se extingue por morte do endossante ou por superveniência de sua incapacidade.

Se existirem dois ou mais cheques para pagamento de forma simultânea e o correntista

não possui fundos para pagamento de ambos, qual o que será pago primeiro? Será pago

o cheque de data de emissão mais antiga. E se a data for a mesma? Paga-se o cheque de

número inferior (numeração do cheque).

Em caso de pagamento parcial do cheque, é possível ao portador do cheque recusar o

seu pagamento parcial? Veja o art. 38, parágrafo único:

Art . 38 O sacado pode exigir, ao pagar o cheque, que este lhe seja entregue quitado pelo portador.

Parágrafo único. O portador não pode recusar pagamento parcial, e, nesse caso, o sacado pode exigir que esse pagamento conste do cheque e que o portador lhe dê a respectiva quitação.

Se o banco sacado quiser dar pagamento parcial, o portador do cheque não pode recusar

a recebê-lo, mas não é permitido a ele exigir esse tipo de pagamento.

E em caso de conta conjunta, como fica essa situação? E se um deles emite cheque sem

provisão de fundos, quem deve figurar como pólo passivo dessa ação? O STJ sobre esse

assunto aceita a solidariedade ativa no sentido em que ambos podem movimentar a

conta, mas não há que se falar na conta conjunta sobre a solidariedade passiva e,

portanto, somente aquele que emitiu o cheque é o responsável pelo pagamento. REsp

336.632

Processo

REsp 336632 / ES

RECURSO ESPECIAL

2001/0092088-0

Relator(a)

Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR (1110)

Órgão Julgador

T4 - QUARTA TURMA

Data do Julgamento

06/02/2003

Data da Publicação/Fonte

DJ 31.03.2003 p. 227

Ementa

COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. AUTORA. NOME

DE FANTASIA SEMELHANTE À DENOMINAÇÃO CORRETA.

ILEGITIMIDADE ATIVA AFASTADA. CHEQUES. CO-TITULARIDADE DE

CONTA BANCÁRIA CONJUNTA. INSUFICIÊNCIA DE FUNDOS.

ILEGITIMIDADE PASSIVA DO CORRENTISTA NÃO EMITENTE DA

CÁRTULA. LEI N. 7.357/85, ART. 51.

I. Mera discrepância, inclusive diminuta, entre o nome da empresa

credora mencionado no cheque e a sua denominação social verdadeira,

não constitui motivo para afastar a sua legitimidade ativa para a

cobrança, via monitória, do valor devido.

II. Ilegitimidade passiva, contudo, do esposo da emitente da

cártula, posto que na qualidade de co-titular de conta corrente

conjunta, inobstante possua legitimidade para movimentar os fundos

de que também é proprietário, não o torna co-responsável pelas

dívidas assumidas por sua esposa individualmente, em face da emissão

de cheques destituídos de cobertura financeira, pelos quais somente

ela responde.

III. Precedentes do STJ.

IV. Recurso especial conhecido em parte e provido, para excluir o

recorrente da lide.

Prazo de apresentação do cheque:

- 30 dias: mesma praça

- 60 dias: em praça diferente

Contados da data de emissão.

Art . 33 O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior.

Parágrafo único - Quando o cheque é emitido entre lugares com calendários diferentes, considera-se como de emissão o dia correspondente do calendário do lugar de pagamento.

Finalidade do prazo de apresentação:

a) Quando tratarmos do prazo prescricional, para o emitente do cheque é contado do fim

do prazo de apresentação. Dessa forma, a finalidade é dar início ao prazo prescricional.

b) O art. 47, II da Lei de Cheque diz que só é possível a execução do endossante do

cheque se ele foi apresentado no prazo legal. Perceba que não se pode executar o

endossante, mas é possível endossar o emitente. O STF editou a súmula 600 para

resolver esse caso.

SÚMULA Nº. 600

CABE AÇÃO EXECUTIVA CONTRA O EMITENTE E SEUS AVALISTAS, AINDA

QUE NÃO APRESENTADO O CHEQUE AO SACADO NO PRAZO LEGAL,

DESDE QUE NÃO PRESCRITA A AÇÃO CAMBIÁRIA.

Art . 47 Pode o portador promover a execução do cheque:

I - contra o emitente e seu avalista;

II - contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque apresentado em tempo hábil e a recusa de pagamento é comprovada pelo protesto ou por declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por câmara de compensação.

§ 1º Qualquer das declarações previstas neste artigo dispensa o protesto e produz os efeitos deste.

§ 2º Os signatários respondem pelos danos causados por declarações inexatas.

§ 3º O portador que não apresentar o cheque em tempo hábil, ou não comprovar a recusa de pagamento pela forma indicada neste artigo, perde o direito de execução contra o emitente, se este tinha fundos disponíveis

durante o prazo de apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja imputável.

§ 4º A execução independe do protesto e das declarações previstas neste artigo, se a apresentação ou o pagamento do cheque são obstados pelo fato de o sacado ter sido submetido a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência.

Obs.: Prescrito o cheque, caberá o ajuizamento da AÇÃO MONITÓRIA ou AÇÃO DE LOCUPLETAMENTO ILÍCITO. Segundo informativo do STJ (STJ. 2ª Seção. REsp 1.094.571-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. em 4/2/2013 (recurso repetitivo) (Info 513)), nessa ação, não se discute a causa debendi, isto é, a causa que deu origem ao título de crédito (no caso, o cheque). Portanto, é desnecessária a demonstração da causa de sua emissão, cabendo ao réu o ônus de provar, se quiser, a inexistência do débito.

PRAZO PRESCRICIONAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

Devedor principal e

avalista

Co-devedor avalista

(endossante)

Direito de regresso

Letra de Câmbio e

Nota Promissória

03 anos, contados

da data do

vencimento.

01 ano, contados do

protesto.

06 meses, contados

do pagamento ou de

quando demandado

(ou seja, citado).

Duplicata 03 anos, contados

da data do

vencimento.

01 ano, contados do

protesto.

01 ano, contado do

pagamento ou de

quando demandado

(ou seja, citado).

Cheque 6 meses, contados

do fim do prazo de

apresentação.

6 meses, contados

do protesto, mas na

prática ele não é

necessário. Veja o

art. 47, II da lei de

cheque.

6 meses, contados

do pagamento ou de

quando demandado.

EXERCICIOS – TITULOS DE CREDITO

1. Irmãos Silva Ltda. ajuizou ação constritiva para a cobrança de Nota

Promissória em face de Pedro Bulcão, na qualidade de emitente, e de Tiago

Pinheiro, na qualidade de avalista. Pedro Bulcão, após os trâmites legais,

opôs embargos, alegando a invalidade da cobrança por falsidade de

assinatura, pois não emitira o título. Tal alegação foi comprovada por exame

pericial. Tiago Pinheiro argüiu, diante da nulidade da assinatura, a

insubsistência de seu aval. Há procedência na argüição do avalista? Por quê?

Indique o dispositivo legal.

2. "A" passou um cheque para "B", sendo este garantido por aval por "C".

Ocorre que "A" não cumpriu com sua obrigação de pagamento a "B",

alegando em sua defesa que a obrigação era nula, por razão não relacionada

a vício de forma. "B", inconformado com a situação, busca seu escritório de

advocacia e pergunta como fica a posição de "C" neste caso e se há

viabilidade de seu cobrar dele a obrigação contida neste título. Responda

objetivamente, indicando os dispositivos legais pertinentes.

3. O cheque visado ou administrativo, devido às suas particularidades e

garantias, deve ser obrigatoriamente recebido como pagamento nas

relações de consumo? Justifique e fundamente.

4. Aplica-se à nota promissória a vedação de aval parcial, prevista no art. 897,

§ único do Código Civil? Justifique a resposta, indicando o dispositivo legal

aplicável.

5. (OAB CESPE 2006/2) No ano de 2003, na cidade de Recife, iniciou-se a

construção do “Praiano Business Center Apart Hotel”. A finalidade principal

do respectivo empreendedor, Praino Business Center Apart Hotel Ltda., era

construir um condomínio edilício situado à beira da praia de Boa Viagem,

vender as unidades autônomas a terceiros e, a seguir, construir, com estes,

sociedade em conta de participação para a exploração hoteleira. O arranjo

societário tinha a seguinte conformação: i) a Praino Business Center Apart

Hotel Ltda. seria a sócia ostensiva, única responsável pela administração do

negocio e pelas obrigações perante terceiros, e, por isso, receberia parte da

conta em participação; ii) os proprietários das unidades autônomas seriam

sócios-participantes, que permitiriam o uso dos correlatos bens imóveis pelo

negocio, sem responsabilidade perante terceiros, e concorreriam, também,

no lucro. Alienadas todas as unidades e encerrada a construção do prédio,

em final de 2005, deu-se inicio às atividades do Praino Business Center

Apart Hotel. Entretanto, às vésperas de começar a exploração do negocio, a

Praino Business Center Apart Hotel Ltda. adquiriu, da Ximenes Moveis

Funcionais S/A, vasto mobiliário para guarnecer os apartamentos. Todos os

bens comprados foram entregues na data aprazada. Contudo, o Apart Hotel

não pagou por eles. Apos varias tentativas, a Ximenes percebeu que havia

sido ludibriada e não viria a receber o valor acertado. Nesse contexto,

descobriu que Lucas de Jesus, grande empresário local, era dono de três

unidades do “Praiano” e, contra ele, emitiu uma duplicata, no valor de

R$28.000,00, correspondentes ao mobiliário que ocupou seus apartamentos.

Lucas se recusou a pagar o titulo, o qual foi apresentado a protesto.

Desesperado, Lucas, que não deseja ter o seu nome vinculado à pecha de

mau pagador, procurou um advogado, para que fosse ajuizada medida

judicial obstativa do registro do protesto.

Na qualidade de advogado procurado, diante dos fatos hipotéticos acima

narrados e atento ao exíguo prazo que a lei estabelece na espécie, elabora a

petição inicial para atender ao cliente.

6. (OAB GO 2003/01) João da Silva comprou no dia 10 de janeiro de 2006 um

aparelho de TV de 29 polegadas na loja Casa Carioca, dando em pagamento

5 (cinco) cheques no valor unitário de R$250,00 (duzentos e cinqüenta

reais), sendo o primeiro à vista e os quatro restantes “pré-datados”, com

vencimento para 10 de fevereiro, 10 de março, 10 de abril e 10 de maio,

respectivamente. Ocorre que no dia 10 de março a loja apresentou ao

banco, para saque, também os cheques vencíveis em abril e maio, o que

veio prejudicar o comprador que não possuía fundos suficientes em sua

conta, acarretando ao mesmo, alem da falta de credito na praça e a

retomada do bem adquirido, o encerramento de sua conta bancaria.

Indignado o cliente decidiu processar a loja. Pergunta-se: como advogado

de João, promova a ação cabível.

7. (OAB CESPE / 2004) Eficaz Administração e Serviços Ltda., pessoa jurídica

de direito privado, domiciliada em Brasília/DF e atuante no ramo de

prestação de serviços de limpeza e conservação, manteve contato

telefônico, com o objetivo de adquirir mercadorias necessárias às suas

atividades, com Ripestre Produtos Ltda., que se apresentou como possível

fornecedora. No entanto, nenhuma mercadoria solicitada foi entregue no

domicilio de Eficaz Administração e Serviços Ltda.