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EVOLUÇÃO HISTÓRICA
a) Código Comercial de 1850
! Parte I: Do comerciante e das sociedades comerciais;
! Parte II: Do comércio marítimo;
! Parte III: Das quebras (que já havia sido revogada pelo Dec. 7664: Lei
de Falência).
Neste período, o Direito Comercial era regido pela Teoria dos Atos de
Comércio, onde importantes atividades econômicas não eram regulamentadas pelo
Direito Comercial. Assim, aquelas atividades, por mais relevantes economicamente
que fossem, se não consideradas atos de mercancia (Regulamento n. 737/1850),
não receberiam tratamento da legislação especial. Ex.: não teriam o benefício da
Lei de Falência.
b) Código Civil: art. 2045: revoga a primeira parte do Código Comercial de
1850. A parte que se refere a Direito Marítimo ainda encontra-se em vigor.
Art. 2.045. Revogam-se a Lei no 3.071, de 1o de
janeiro de 1916 - Código Civil e a Parte Primeira
do Código Comercial, Lei no 556, de 25 de junho
de 1850.
Com o Código Civil de 2002, adota-se a Teoria da Empresa, onde:
TEORIA DA EMPRESA
EMPRESÁRIO SOCIEDADE EMPRESÁRIA
Pessoa Física: art. 966
Art. 966. Considera-se empresário
quem exerce profissionalmente
atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens ou de
serviços.
Pessoa Jurídica: art. 982
Art. 982. Salvo as exceções expressas,
considera-se empresária a sociedade
que tem por objeto o exercício de
atividade própria de empresário sujeito
a registro (art. 967); e, simples, as
demais.
Parágrafo único. Independentemente de
seu objeto, considera-se empresária a
sociedade por ações; e, simples, a
cooperativa.
O conceito de empresário contido no art. 966 aplica-se tanto para
pessoa física quanto para pessoa jurídica, tendo em vista que conceitua o que seja
empresário. Assim, considera-se empresário aquele que:
1) CONCEITO DE EMPRESÁRIO: art. 966
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce
profissionalmente atividade econômica organizada
para a produção ou a circulação de bens ou de
serviços.
! Profissionalmente: para que se configure a profissionalidade,
deve haver a habitualidade;
! Exerce atividade econômica: atividade econômica visa o lucro
/ intuito lucrativo;
! Organizada: para o Direito Empresarial, organização significa
a reunião dos quatro fatores de produção, quais sejam:
a) Mão-de-obra;
b) Matéria-prima;
c) Capital;
d) Tecnologia: uma simples máquina registradora é considerada
tecnologia. Não é necessária a existência de tecnologia de ponta.
Na ausência de um destes fatores de produção, não há mais que
se falar em organização.
Na ausência de mão-de-obra contratada não se fala mais em
organização.
Ex¹.: A faz trufas em casa, as embrulha e as venda na faculdade.
Há habitualidade, intuito lucrativo. No entanto, não há mão-de-
obra. Assim, não há organização. Não havendo organização, ele
não é considerado empresário.
Ex².: A e B montam um bar, onde fica estabelecido que
trabalharão em conjunto. Não contratam empregados. Não há
organização. Não há empresarialidade. Portanto, não é
considerada sociedade empresária.
STJ já definiu que prestadora de serviços é sociedade empresária.
Exemplos de sociedades empresárias: montadora de veículos,
banco, loja de roupas, agência de turismo.
! Para a produção ou circulação
! De bens ou serviços
Não é porque empresário individual possui CNPJ que ele é pessoa
jurídica. O condomínio possui CNPJ e também não é pessoa jurídica. A finalidade do
CNPJ é meramente para fins tributários, ou seja, para que pessoa física tenha
mesmo tratamento tributário dado para pessoa jurídica.
Obs.: João e Maria são sócios de uma sociedade empresarial. Quem
exerce a atividade empresarial é a sociedade, e não seus sócios, os quais são
simplesmente sócios de uma pessoa jurídica. Eles não são empresários (pessoa
física que exerce atividade empresarial).
Parágrafo único. Não se considera empresário
quem exerce profissão intelectual, de natureza
científica, literária ou artística, ainda com o
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se
o exercício da profissão constituir elemento
de empresa.
O parágrafo único, art. 966, disciplina sobre aquele que não se
considera empresário, ou seja, aquele que exerce:
! Atividade intelectual: os chamados profissionais liberais, como
por exemplo, médicos, contadores, engenheiros, arquitetos,
advogados, etc., devendo ser analisados tanto no âmbito da
pessoa física quanto jurídica.
! De natureza:
a) Científica: ex.: médico, advogado, engenheiro.
b) Literária: ex.: jornalista;
c) Artística: ex.: atores, escultores, pintores.
! Ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores;
! Salvo se o exercício da profissão constituir elemento de
empresa
Ex¹.: dois médicos constituem clínica e contratam secretária, faxineira e
contador. Não passa a ser sociedade empresária, tendo em vista a disposição do
parágrafo único, art. 966 (ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores).
Ex².: dois médicos constituem clínica e a ampliam, instalando UTI e
venda de plano de saúde, bem como lanchonete. Nenhuma destas atividades se
configura como sendo atividade intelectual, sendo que esta tornou-se elemento de
empresa. Com isto, toda a atividade passa a ser de empresário. Neste momento,
pode-se afirmar que o hospital é uma atividade empresária por lá não haver
somente a prestação de serviços de natureza intelectual.
2) REQUISITOS:
São requisitos para ser empresário:
Art. 972. Podem exercer a atividade de
empresário os que estiverem em pleno gozo da
capacidade civil e não forem legalmente
impedidos.
! Pleno gozo da capacidade civil:
a) Emancipado: pode exercer atividade empresarial;
b) Menor: de acordo com o art. 974 (CC), o menor pode exercer
atividade empresarial para dar continuidade ao exercício da
atividade empresarial, antes exercida por seus pais ou autor de
herança.
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de
representante ou devidamente assistido,
continuar a empresa antes exercida por ele
enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de
herança.
§ 1o Nos casos deste artigo, precederá
autorização judicial, após exame das
circunstâncias e dos riscos da empresa, bem
como da conveniência em continuá-la, podendo a
autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os
pais, tutores ou representantes legais do menor
ou do interdito, sem prejuízo dos direitos
adquiridos por terceiros.
§ 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa
os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da
sucessão ou da interdição, desde que estranhos
ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do
alvará que conceder a autorização.
A lei não está protegendo o menor, mas preservando a empresa que já
estava em atividade.
c) Incapaz: poderá continuar o exercício da empresa, por meio
de representante legal;
Para que o menor exerça atividade empresarial é necessária a
autorização judicial e que esteja devidamente representado ou assistido.
Art. 976. A prova da emancipação e da
autorização do incapaz, nos casos do art. 974, e a
de eventual revogação desta, serão inscritas ou
averbadas no Registro Público de Empresas
Mercantis.
Parágrafo único. O uso da nova firma caberá,
conforme o caso, ao gerente; ou ao representante
do incapaz; ou a este, quando puder ser
autorizado.
! Não forem legalmente impedidos: art. 1011, §1º
§ 1o Não podem ser administradores, além das
pessoas impedidas por lei especial, os
condenados a pena que vede, ainda que
temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou
por crime falimentar, de prevaricação, peita ou
suborno, concussão, peculato; ou contra a
economia popular, contra o sistema financeiro
nacional, contra as normas de defesa da
concorrência, contra as relações de consumo, a fé
pública ou a propriedade, enquanto perdurarem
os efeitos da condenação.
Os impedidos de exercer a atividade empresarial tendo em vista
impedimento por lei especial, como por exemplo magistrado, podem ser sócios de
sociedade empresária; estão impedidos de serem administradores.
O falido, entretanto, pode ter sentença de extinção das obrigações do
falido. Quando esta estiver transitado em julgado, ele poderá voltar a exercer a
atividade empresarial.
Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar
sociedade, entre si ou com terceiros, desde que
não tenham casado no regime da comunhão
universal de bens, ou no da separação
obrigatória.
Art. 978. O empresário casado pode, sem
necessidade de outorga conjugal, qualquer que
seja o regime de bens, alienar os imóveis que
integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los
de ônus real.
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648,
nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do
outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens
imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses
bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de
bens comuns, ou dos que possam integrar futura
meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais
feitas aos filhos quando casarem ou
estabelecerem economia separada.
Regra especial no que diz respeito à contratação de sociedade
empresária entre cônjuges.
Para o Direito Empresarial, para a alienação de bens do casal, há que se
observar a regra especial (art. 978), que se configura como exceção à regra geral
contida no art. 1647.
Princípio da Unidade Patrimonial: tanto pessoa física quanto jurídica
possuem um único patrimônio.
Ex.: empresário individual tem um imóvel para sua habitação, um carro
e um sítio. Também tem bens destinados para a exploração da atividade
empresarial. Todos estes bens são patrimônio da pessoa física, do empresário
individual. Não há como fazer a distinção de tais bens. Há unidade patrimonial.
Para a satisfação das dívidas da atividade empresarial, podem estes
bens pessoais serem objeto de execução? Sim, tendo em vista o fato de que não há
separação de patrimônio.
Da mesma forma quando há dívida pessoal. Para a satisfação desta,
pode recair sobre bens destinados para a exploração da atividade empresarial.
Fundamento: princípio da unidade patrimonial.
Se você é pessoa física e pretende separação dos patrimônios, há que se
constituir sociedade empresária, uma pessoa jurídica. Esta, ao adquirir
personalidade jurídica própria, adquire titularidade patrimonial.
Ex.: empresário individual compra imóvel. Na frente deste imóvel ele
explora a atividade empresarial, sendo que nos fundos, mora com sua família.
Referido imóvel é utilizado tanto para atividade empresarial quanto para uso da
família. Este imóvel é penhorável ou não?
Posicionamento STJ: é impenhorável.
E quando imóvel está em nome da pessoa jurídica?
Recurso /SC (STJ): não há que se falar em impenhorabilidade de imóvel
registrado em nome de sociedade comercial.
Recurso 326019 / MA: imóvel que pertence à sociedade comercial e
serve de residência para os sócios é penhorável pois, supõem-se que bem de
família seja de propriedade familiar.
Documento 5
Íntegra do
Acórdão
Acompanhamento
Processual
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Processo
REsp 326019 / MA
RECURSO ESPECIAL
2001/0057430-4
Relator(a)
Processo
REsp 326019 / MA
RECURSO ESPECIAL
2001/0057430-4
Relator(a)
Ministro ARI PARGENDLER (1104)
Órgão Julgador
T3 - TERCEIRA TURMA
Data do Julgamento
18/04/2002
Data da Publicação/Fonte
DJ 05.08.2002 p. 330
Ementa
CIVIL. BEM DE FAMÍLIA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Imóvel que, pertencente a
sociedade comercial, serve de residência para os sócios; penhorabilidade, porque a
caracterização do bem de família supõe que a propriedade seja da entidade familiar.
Recurso especial conhecido e provido.
Acórdão
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por
unanimidade, conhecer do recurso especial e lhe dar provimento. Os Srs. Ministros
Carlos Alberto Menezes Direito, Nancy Andrighi e Castro Filho votaram com o Sr.
Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Antônio de Pádua Ribeiro.
Resumo Estruturado
POSSIBILIDADE, PENHORA, BEM IMOVEL, PROPRIEDADE, SOCIEDADE FAMILIAR,
DECORRENCIA, DIVERSIDADE, ENTIDADE FAMILIAR, IRRELEVANCIA, UTILIZAÇÃO,
RESIDENCIA, SOCIO, NÃO CARACTERIZAÇÃO, BEM DE FAMILIA.
Referência Legislativa
LEG:FED LEI:008009 ANO:1990
ART. 00001
LEG.:FED CFD:****** ANO:1988
***** CF-88 CONSTITUIÇÃO FEDERAL
ART.:00226
Doutrina
OBRA: EL ABUSO DE LA PERSONALIDAD JURIDICA, DEPALMA, P. 17 E SEGUINTES.
AUTOR : JUAN DOBSON
Veja
STJ - RESP 35281-MG (RSTJ 73/261, REVJUR 214/46)
3) OBRIGACOES DO EMPRESÁRIO:
São obrigações do empresário:
a) REGISTRO, antes do início da atividade empresarial, de acordo com
art. 967 (CC):
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário
no Registro Público de Empresas Mercantis da
respectiva sede, antes do início de sua atividade.
Registro Público de Empresas Mercantis: Lei n. 8934/94, a qual
disciplina sobre o SINREM (Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis),
o qual é composto por dois órgãos, quais sejam:
a) DNRC (Departamento Nacional de Registro de Comércio): órgão
federal, o qual configura-se como órgão normatizador e fiscalizador. Substituído
pelo DREI (Departamento de Registro Empresarial e Integração).
b) Juntas Comerciais: órgãos estaduais, que se configuram como
órgãos executores, sendo que são nas Juntas Comerciais que se deve proceder ao
registro do empresário. São duas as modalidades de subordinação das Juntas
Comerciais, quais sejam:
! Subordinação técnica: ao órgão normatizador (DNRC)
! Subordinação administrativa: à unidade da Federação (ex.: quem
paga a remuneração dos vogais é o Estado).
IMPORTANTE:
Ex.: pretendo meu registro como empresário individual, o qual é negado
pelo Presidente da Junta Comercial. Posso ingressar com mandado de segurança.
Mas qual será a Justiça competente?
STF: Rec. 199796 / RS: Justiça Federal. Fundamento: tecnicamente,
Junta está subordinada a órgão federal, qual seja, o DNRC.
No entanto, existem exceções à regra do art. 967, quais sejam, as
elencadas no art. 971:
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural
constitua sua principal profissão, pode,
observadas as formalidades de que tratam o art.
968 e seus parágrafos, requerer inscrição no
Registro Público de Empresas Mercantis da
respectiva sede, caso em que, depois de inscrito,
ficará equiparado, para todos os efeitos, ao
empresário sujeito a registro.
Para o empresário rural o registro é facultativo. Caso efetue o registro,
ficará equiparado ao empresário. A finalidade deste dispositivo: facultatividade do
registro para pequeno produtor rural, ao passo que, para a agroindústria, o registro
é obrigatório.
Conseqüências da ausência de registro:
! Não poderá requerer a falência de um terceiro;
! Não poderá pleitear recuperação judicial;
! Tratando-se de sociedade, a responsabilidade dos sócios será
ilimitada;
! Não participar de licitações
b) ESCRITURAÇÃO:
Está dispensado da escrituração dos livros o pequeno empresário, de
acordo com o art. 1079. Cuidado, não é microempresa ou empresa de pequeno
porte, mas sim pequeno empresário.
Estão sujeitos a fiscalização tributária ou
previdenciária quaisquer livros comerciais,
limitado o exame aos pontos objeto da
investigação.
LC n. 123/07, art. 68:
Art. 68. Considera-se pequeno empresário, para
efeito de aplicação do disposto nos arts. 970 e
1.179 da Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de
2002, o empresário individual caracterizado como
microempresa na forma desta Lei Complementar
que aufira receita bruta anual de até R$
36.000,00 (trinta e seis mil reais).
Quando é decretada a falência e não há escrituração dos livros, há
caracterização de crime falimentar, de acordo com art. 178, Lei n. 11.101/05.
Art. 178. Deixar de elaborar, escriturar ou
autenticar, antes ou depois da sentença que
decretar a falência, conceder a recuperação
judicial ou homologar o plano de recuperação
extrajudicial, os documentos de escrituração
contábil obrigatórios:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e
multa, se o fato não constitui crime mais grave.
A lei não fala em escriturar com falhas, o que não se configura como
crime falimentar. Este é configurado quando não há a escrituração ou autenticação
dos documentos escriturais.
Art. 104. A decretação da falência impõe ao falido
os seguintes deveres:
II – depositar em cartório, no ato de assinatura
do termo de comparecimento, os seus livros
obrigatórios, a fim de serem entregues ao
administrador judicial, depois de encerrados por
termos assinados pelo juiz;
Parágrafo único. Faltando ao
cumprimento de quaisquer dos deveres
que esta Lei lhe impõe, após intimado
pelo juiz a fazê-lo, responderá o falido
por crime de desobediência.
c) REALIZAÇÃO DE BALANÇOS:
! Balanço patrimonial: art. 1188.
Art. 1.188. O balanço patrimonial deverá
exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real
da empresa e, atendidas as peculiaridades desta,
bem como as disposições das leis especiais,
indicará, distintamente, o ativo e o passivo.
Parágrafo único. Lei especial disporá sobre as
informações que acompanharão o balanço
patrimonial, em caso de sociedades coligadas.
Apuração de ativo e passivo.
! Balanço de resultado econômico: art. 1189
Art. 1.189. O balanço de resultado econômico, ou
demonstração da conta de lucros e perdas,
acompanhará o balanço patrimonial e dele
constarão crédito e débito, na forma da lei
especial.
Apuração dos resultados.
EXERCICIOS – TEORIA GERAL DA EMPRESA
1. (OAB/MG 2006/02)
O Sr. Silvio Pompeu, prospero empresário individual estabelecido em
Vespasiano/MG, veio a falecer em virtude de um acidente de carro. Era
viúvo, deixou como únicos herdeiros seus dois filhos, Thiago e João Pedro,
como 08 e 12 anos respectivamente. O tutor dos menores ouviu dizer que
apenas pode exercer atividade de empresário quem estiver em pleno gozo
da capacidade civil. Em razão disso, deseja encerrar as atividades do
negocio promissor e rentável deixado pelo pai dos menores, pois não
pretende exercer sua função de tutor de forma contraria à lei, nem assumir
o risco de que os menores venham a comprometer, com a continuidade do
negocio, o patrimônio imobiliário e a reserva em dinheiro que seu pai
também lhes deixou, as razoes pelas quais o tutor dos menores pretende
encerrar o negocio tem justificativa legal? comente o caso. Redija um
parecer sobre o tema.
2. (OAB IV Exame Unificado) Diogo exerce o comércio de equipamentos
eletrô nicos, por meio de estabelecimento instalado no Centro do Rio de
Janeiro. Observe-se que Diogo não se registrou como empresário perante a
Junta Comercial.
Com base nesse cenário, responda:
a) São válidos os negócios jurídicos de compra e venda realizados por Diogo
no curso de sua atividade? (Valor: 0,65)
b) Quais os principais efeitos da ausê ncia de registro de Diogo como
empresário? (Valor: 0,6)
3. (OAB V Exame Unificado) Matias, empresário individual que explorava
serviç os de transporte de cargas pesadas, faleceu em 8/3/2010, deixando
cinco filhos, sendo dois – José e Carlos – fruto de seu primeiro casamento
com Maria (falecida em 30/7/1978) e trê s – Pedro, Fábio e Francisco – de
seu segundo casamento com Joana, atual viúva e inventariante do espólio
dos bens deixados por Matias. Por tal razão, Joana figura como
administradora da empresa exercida pelo espólio, enquanto sucessor do
empresário falecido.
Ao visitar o estabelecimento onde se encontra centralizada a referida
atividade empresária, Carlos constata que, dos 48 caminhões anteriormente
existentes, 13 encontram-se estacionados e outros 20 em funcionamento,
sendo que os demais teriam sido vendidos por Joana, segundo
informaç ões obtidas do supervisor do estabelecimento, a quem cabe o
controle dos veículos.
Por outro lado, Carlos verifica aparente enriquecimento súbito de Pedro e
Fábio, os quais, mesmo sendo estudantes sem renda, adquirem,
respectivamente e em nome próprio, imóveis no valor de R$ 300.000,00 e
R$ 450.000,00.
Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os
argumentos jurídicos apropriados e a fundamentaç ão legal pertinente ao
caso.
a) Pode Carlos, sob o argumento de suspeita de desvio de bens do
estabelecimento por Joana, requerer a exibiç ão integral dos livros
empresariais do espólio de Matias? (Valor: 0,45)
b) Independentemente da questão “a” acima, supondo-se que conste do
Livro Diário do espólio de Matias a alienaç ão de 15 caminhões de sua
propriedade, pode tal prova prevalecer caso Joana apresente documentos
comprobatórios da locaç ão desses veículos e do recebimento dos
respectivos aluguéis? Responda examinando o efeito probatório dos livros
empresariais obrigatórios. (Valor: 0,80)
4. (CESPE 2006/02) Indique onde se deve registrar uma companhia que
tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural, se na
Junta Comercial ou no Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
Justifique sua resposta.
5. (MG 2006/03) João Olavo é produtor e comerciante de laranjas e sua
atividade ganhou significativo impulso nos últimos anos, com vendas para o
exterior.
Contratou trinta empregados, mantém escrituração regular e se dedica
exclusivamente a essa função. João Olavo pretende formalizar sua atividade,
mediante os registros próprios. Procura o seu Escritório de Advocacia para
indagar se pode se registrar na Junta Comercial como empresário e quais as
conseqü .ncias.
6. (MG 2008/02) O Sr. Pedro de Lara e a Sra. Araci de Almeida são casados
entre si, pelo regime da comunhão parcial de bens e são sócios de uma
sociedade empresária, de responsabilidade limitada, cujo objeto social é a
construção, a compra e a venda de bens imóveis. A administração da
sociedade compete apenas ao sócio Pedro. O sócio administrador vendeu
recentemente vários apartamentos de propriedade da sociedade. A outra
sócia, Araci, procura por você e pergunta se “é legal a alienação de bens
imóveis da sociedade, sem a outorga conjugal”.
Responda fundamentadamente, analisando as peculiaridades do caso.
7. (CESPE 2006/03) Suponha que um empresário, além do estabelecimento
que mantém em um shopping, possua um sítio na Web, por meio do qual
negocie com sua clientela. Considerando o atual estágio do direito
empresarial, responda, de modo justificado, ao seguinte questionamento:
que categoria jurídica é mais adequada para acolher o referido sítio, a de
estabelecimento ou a de ponto empresarial?
ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL:
Arts. 1.142 a 1.149.
1) CONCEITO: art. 1.142
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo
complexo de bens organizado, para exercício da
empresa, por empresário, ou por sociedade
empresária.
São os bens corpóreos e os bens incorpóreos. Não é só o bem imóvel
que compõe o estabelecimento empresarial, mas sim um conjunto de bens.
BENS INCORPÓREOS BENS CORPOREOS
Sinais distintivos; privilégios industriais;
obras literárias; ponto empresarial;
créditos.
Terrenos, edifícios, construções,
mercadorias, mobiliários, utensílios,
veículos, dinheiro, títulos.
Deste modo, estabelecimento é uma universalidade de bens. Mas é uma
universalidade de direito ou uma universalidade de fato?
Bens coletivos ou universais: constituídos por vários bens singulares
(embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais),
considerados em conjunto, formando um todo único, que passa a ter
individualidade própria, distinta da dos seus objetos componentes, que conservam
sua autonomia funcional. Podem ser:
a) Universalidade de fato: por formar um conjunto de bens
singulares, corpóreos e homogêneos, ligados entre si pela
vontade humana para a consecução de um fim. Ex.:
biblioteca;
b) Universalidade de direito: constituída por bens singulares,
corpóreos e heterogêneos ou incorpóreos, a que a norma
jurídica, com o intuito de produzir certos efeitos, dando-
lhe unidade. Ex.: patrimônio, massa falida e herança.
Como o estabelecimento é universalidade de bens, não se configura
como sujeito de direito, mas sim como objeto de Direito. Deste modo, pode ser
vendido, arrendado, dado como usufruto.
Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto
unitário de direitos e de negócios jurídicos,
translativos ou constitutivos, que sejam
compatíveis com a sua natureza.
2) TRESPASSE:
É o contrato de compra e venda de estabelecimento empresarial.
Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a
alienação, o usufruto ou arrendamento do
estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a
terceiros depois de averbado à margem da
inscrição do empresário, ou da sociedade
empresária, no Registro Público de Empresas
Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.
Não preenchidos tais requisitos, o contrato não terá produzirá efeitos
somente perante terceiros. No entanto, será plenamente válido para as partes.
Figuras:
a) Adquirente:
b) Alienante:
Ex.: padaria Ki Pão LTDA, a qual possui dois estabelecimentos
empresariais. Pretende vender a unidade II. A pessoa jurídica Forno Quente LTDA
pretende adquirir esta unidade colocada à venda. Aqui há o contrato de trespasse,
na prática conhecido como “passe do ponto”.
Não há que se confundir trespasse com cessão de cotas.
Com o trespasse todas as dívidas do estabelecimento correm por conta
do estabelecimento.
O adquirente responde por dívidas anteriores ao contrato de trespasse?
Art. 1.146:
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento
responde pelo pagamento dos débitos
anteriores à transferência, desde que
regularmente contabilizados, continuando o
devedor primitivo solidariamente obrigado
pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos
créditos vencidos, da publicação, e, quanto
aos outros, da data do vencimento.
O alienante é denominado devedor primitivo, o qual responde
solidariamente da seguinte forma:
a) Se a dívida for vencida: um ano da data da publicação do contrato de
trespasse;
b) Dos demais: um ano da data do vencimento.
E quando estabelecimento é vendido para terceiro. Após três meses
monto outro negócio, no mesmo ramo, em frente ao que foi vendido
anteriormente.
Está prática é permitida, desde que autorizada no contrato de trespasse.
Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o
alienante do estabelecimento não pode fazer
concorrência ao adquirente, nos cinco anos
subseqüentes à transferência.
Parágrafo único. No caso de arrendamento ou
usufruto do estabelecimento, a proibição
prevista neste artigo persistirá durante o
prazo do contrato.
3) FUNDO DE COMÉRCIO / AZIENDA
De acordo com a posição majoritária, estabelecimento empresarial é
sinônimo de fundo de comércio ou de azienda (Fábio Ulhoa Coelho).
Resp. 704726 / RS (STJ): fundo de comércio e estabelecimento
empresarial são sinônimos.
Processo
REsp 704726 / RS
RECURSO ESPECIAL
2004/0163648-0
Relator(a)
Ministra ELIANA CALMON (1114)
Órgão Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA
Data do Julgamento
15/12/2005
Data da Publicação/Fonte
DJ 06.03.2006 p. 329
Ementa
ADMINISTRATIVO – DESAPROPRIAÇÃO DE EMPRESA – INDENIZAÇÃO – FUNDO DE
COMÉRCIO – JUROS COMPENSATÓRIOS – JUROS MORATÓRIOS – HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS.
1. A jurisprudência desta Corte consolidou-se no sentido de incluir
na indenização de empresa expropriada o valor do fundo de comércio.
2. O fundo de comércio é considerado patrimônio incorpóreo, sendo
composto de bens como nome comercial, ponto comercial e aviamento,
entendendo-se como tal a aptidão que tem a empresa de produzir
lucros.
3. A empresa que esteja temporariamente paralisada ou com problemas
fiscais, tal como intervenção estatal, não está despida do seu
patrimônio incorpóreo, o qual oscila de valor, a depender do estágio
de sua credibilidade no mercado. Situação devidamente sopesada pelo
Tribunal de origem que adotou o arbitramento feito pelo perito,
estimando o fundo de comércio em 1/3 (um terço) do patrimônio
líquido ajustado a 31/05/1985.
4. O STJ, em atenção ao princípio tempus regit actum, tem afastado a
aplicação de medidas provisórias a feitos anteriores ao seu advento.
Assim, o art. 15-B do Decreto 3.365/41 (introduzido pela MP
1.901-30/1999, publicada em 27/09/99) só tem aplicação nas
desapropriações ajuizadas após sua vigência. Precedentes.
5. Incide, na hipótese, juros compensatórios de 12% ao ano, seja
porque a imissão na posse foi anterior ao advento da MP 1.577/97,
seja porque suspensa a eficácia do artigo 15-A da MP 2.109/2001 pelo
STF, com plena aplicação das Súmulas 618/STF e 69/STJ.
6. Honorários de advogado que devem obedecer à sistemática da MP
2.109/2001 (porque fixados pelo Tribunal na sua vigência), com a
redução para 5% (cinco por cento) do valor da diferença entre a
oferta e a indenização.
7. Recurso especial da União provido em parte.
Acórdão
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima
indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior
Tribunal de Justiça "A Turma, por unanimidade, deu parcial
provimento ao recurso, nos termos do voto da Sra.
Ministra-Relatora." Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Castro
Meira e Francisco Peçanha Martins votaram com a Sra. Ministra
Relatora.
Resumo Estruturado
POSSIBILIDADE, INCLUSÃO, FUNDO DE COMÉRCIO, VALOR, INDENIZAÇÃO,
ÂMBITO, AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO / HIPÓTESE, UNIÃO FEDERAL,
DESAPROPRIAÇÃO, AÇÕES, PROPRIEDADE, SOCIEDADE DE CRÉDITO
FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO, LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL /
CARACTERIZAÇÃO, BEM INCORPÓREO, EMPRESA; OBSERVÂNCIA, JURISPRUDÊNCIA
DOMINANTE, STJ.
INCIDÊNCIA, JUROS COMPENSATÓRIOS, PERCENTUAL, 12%, ANO, ÂMBITO,
AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO, INDEPENDÊNCIA, IMISSÃO NA POSSE, ANTES, OU,
APÓS, VIGÊNCIA, MEDIDA PROVISÓRIA, 1997, REDUÇÃO, JUROS
COMPENSATÓRIOS, 6%, ANO / DECORRÊNCIA, DECISÃO JUDICIAL, STF,
SUSPENSÃO, EFICÁCIA, PARTE, ARTIGO, MEDIDA PROVISÓRIA, 1997,
PREVISÃO, LIMITE MÁXIMO, JUROS COMPENSATÓRIOS, 6%, ANO; APLICAÇÃO,
PRINCÍPIO, TEMPUS REGIT ACTUM; INCIDÊNCIA, SÚMULA, STF, E, STJ;
OBSERVÂNCIA, PRECEDENTE, SEGUNDA TURMA, STJ.
INAPLICABILIDADE, MEDIDA PROVISÓRIA, 1999, ALTERAÇÃO, LEI,
DESAPROPRIAÇÃO, COM, REFERÊNCIA, JUROS DE MORA / HIPÓTESE, AÇÃO
JUDICIAL, AJUIZAMENTO, ANTES, PUBLICAÇÃO, MEDIDA PROVISÓRIA, 1999,
PREVISÃO, INCIDÊNCIA, JUROS DE MORA, A PARTIR, PRIMEIRO DIA,
JANEIRO, POSTERIOR, ANO, OBRIGATORIEDADE, PAGAMENTO, INDENIZAÇÃO /
OBSERVÂNCIA, JURISPRUDÊNCIA, E, SÚMULA, STJ.
CABIMENTO, REDUÇÃO, HONORÁRIOS, ADVOGADO, AÇÃO DE
DESAPROPRIAÇÃO, COM, OBSERVÂNCIA, LIMITE MÁXIMO, 5%, VALOR,
DIFERENÇA, ENTRE, OFERTA, E, INDENIZAÇÃO / HIPÓTESE, JULGAMENTO,
RECURSO JUDICIAL, TRIBUNAL A QUO, PERÍODO, VIGÊNCIA, MEDIDA
PROVISÓRIA, 2001 / OBSERVÂNCIA, PRECEDENTE, STJ.
Entenda o uso da barra e do ponto e vírgula.
Referência Legislativa
LEG:FED LEI:007315 ANO:1985
ART:00002
LEG:FED DEC:091290 ANO:1985
LEG:FED DEL:003365 ANO:1941
***** LD-41 LEI DE DESAPROPRIAÇÃO
ART:0015A ART:0015B ART:00027 PAR:00001
(ART. 15A COM REDAÇÃO DADA PELA MEDIDA PROVISÓRIA N. 1.577/1997, ART.
27, §1º COM A REDAÇÃO DADA PELA MEDIDA PROVISÓRIA N. 2.109/2001 E ART.
15B COM REDAÇÃO DADA PELA MEDIDA PROVISÓRIA N. 1.901-30/1999)
LEG:FED MPR:001577 ANO:1997
ART:00001
LEG:FED MPR:002109 ANO:2001
(MEDIDA PROVISÓRIA N. 2.109-53/2001)
LEG:FED MPR:001901 ANO:1999
(MEDIDA PROVISÓRIA N. 1.901-30/1999)
LEG:FED SUM:******
***** SUM(STF) SÚMULA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
SUM:000618
LEG:FED SUM:******
***** SUM(STJ) SÚMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
SUM:000069 SUM:000070
Veja
(DESAPROPRIAÇÃO DE EMPRESA - INDENIZAÇÃO DO FUNDO DE COMÉRCIO)
STF - RE 96823/SP
STJ - RESP 77122-PR (RSTJ 88/180, RDR 6/287, LEXSTJ 84/208),
RESP 35938-SP (RSTJ 56/306, REVFOR 329/234),
RESP 406502-SP (RJADCOAS 35/50), RESP 569997-SE
(AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO - JUROS COMPENSATÓRIOS)
STF - ADI 2332 MC/DF
STJ - RESP 703818-MS, RESP 493529-RS,
AGRG NO AG 390271-SP, AGRG NO AG 430958-PR,
RESP 395754-RS
(EXPROPRIATÓRIA - JUROS MORATÓRIOS)
STJ - RESP 439385-SP, RESP 654148-MA,
AGRG NO AG 554015-RS, ERESP 615018-RS,
RESP 771446-RS, EDCL NO RESP 439014-RJ,
RESP 616664-MA
(DESAPROPRIAÇÃO - HONORÁRIOS DE ADVOGADO)
STJ - RESP 704928-RJ, RESP 689369-PB,
AGRG NO RESP 596868-SP
4) AVIAMENTO:
Significa o potencial de lucratividade do estabelecimento empresarial.
É um atributo do estabelecimento comercial.
Prof. Oscar Barreto Filho: “assim como a saúde está para o corpo, o
aviamento está para o estabelecimento empresarial”.
EXERCICIOS – ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
01. (OAB BA 2004/02) Em 01.01.2000, Marcelo de Souza firmou,
na condição de locatário, contrato de locação para fins
não residenciais, realizado por escrito e com prazo de
cinco anos. Durante o primeiro ano (2000), realizou
atividades de mercearia no local. Todavia, devido as
novas oportunidade financeiras, Marcelo resolveu mudar
o ramo empresarial para o de calcados, o qual ja
completou três anos e nove meses (setembro de 2004).
Agora, Marcelo pretende prorrogar o seu contrato de
locação, atraves de Ação Renovatória. Terá Marcelo
direito a essa ação? Justifique. Redija um parecer sobre
o tema.
02. (OAB CESPE 2007/1) João, empresário individual e um grande
chefe de cozinha, manteve ao longo de dez anos um
restaurante de comida portuguesa que contava com
clientela fiel e constante. Todavia, seduzido pela
proposta feita por Marcos, um de seus fornecedores,
alienou seu estabelecimento por R$300.000,00, valor
suficiente para que João se aposentasse. Entretanto,
depois de dois anos sem realizar atividades empresariais
no ramo, formou com Jose a sociedade Restaurante
Veneza Ltda., um sofisticado restaurante de comida
italiana. A antiga clientela de João, tomando
conhecimento do novo empreendimento, passou a
freqüenta-lo, desviando-se do antigo restaurante,
alienado a Marcos, que, por sua vez, ao tomar pé da
situação, procurou um advogado para ajuizar uma ação
para inibir a conduta de João, bem como haver os
prejuízos por ele experimentados.
03. (CESPE 2006/02) Redija um texto que responda, da
forma mais justificada possível, ao seguinte
questionamento: em um contrato de trespasse do
estabelecimento empresarial, pode o alienante, entre os
bens que integram a universalidade, transferir o seu
nome empresarial?
04. (OAB CESPE 2006/3) A sociedade Silva e Silva
Comercio de Alimentos Ltda foi constituída para a
exploração da atividade de restaurante. Percebendo
oportunidades de negocio, a sociedade alugou um
imóvel, por contrato escrito e por prazo certo de dois
anos, situado no centro de uma cidade recém tornada
turística. Como era de se esperar, o restaurante tornou-
se um sucesso. Apesar disso, necessitava de recursos
que a pessoa coletiva não tinha e, as vésperas do final
da locação, o restaurante (estabelecimento) foi alienado
à America Restaurantes S/A. Esta, por sua vez, entrou
em acordo com o proprietário do imóvel, que aceitou a
sub-rogacao no contrato locatício, e, desde logo, firmou
mais um contrato escrito, então por prazo certo de um
ano. A sucessão das empresas transcorreu de forma
tranqüila. Entretanto, próximo ao final da segunda
locação, a America Restaurantes S/A procurou o locador
para entabular novo contrato. O senhorio, todavia,
relutou, deixando claro que a relação locatícia
ultrapassasse o termo final sem nova avença escrita.
Pretendia, com isso, descaracterizar eventual direito da
locatária a uma ação renovatória. Assim, apos dois
meses do final do contrato escrito, ele – locador –
concordou em conceder um novo instrumento a
sociedade, agora pelo prazo de dois anos, como tinha
feito inicialmente com Silva e Silva Comercio de
Alimentos Ltda. No primeiro semestre do ultimo ano da
locação, a America Restaurante S/A marcou uma reunião
com o senhorio, a fim de lhe mostrar o seu direito à ação
renovatória, bem como tentar chegar a um consenso
acerca da renovação voluntaria da avença existente
entre as partes. Contudo, nessa reunião, o proprietário
do imóvel recusou-se peremptoriamente a firmar novo
contrato. Ademais, afirmou que a sociedade não tinha
direito à renovação, sob os seguintes fundamentos: 1.
Tinha contratos escritos e, portanto, a posse legitima do
imóvel, por somente três anos; 2. Caso fosse admitida,
absurdamente, a contagem do tempo de contrato da
Silva e Silva Comercio de Alimentos Ltda., não haveria
uma soma ininterrupta de contratos escritos pelo prazo
de cinco anos, visto que teria havido uma interrupção de
dois meses; e, por fim 3. No ultimo ano, tinha
conhecimento que o restaurante deixara de ser um self-
service para se tornar um sofisticado estabelecimento
italiano, tendo mudado, portanto, de ramo de atividade.
Os administradores de America Restaurante S/A, saíram
da reunião e se encaminharam diretamente ao escritório
do advogado, buscando obter parecer para embasar
juridicamente a sua tese do preenchimento de todos os
requisitos da ação renovatória. No contexto dessa
situação hipotética, redija um parecer devidamente
justificado, fundamentando a pretensão da locatária.
NOME EMPRESARIAL:
Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a
firma ou a denominação adotada, de
conformidade com este Capítulo, para o exercício
de empresa.
Parágrafo único. Equipara-se ao nome
empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a
denominação das sociedades simples, associações
e fundações.
Identifica o empresário ou a sociedade empresária.
1) MODALIDADES:
Modalidades de nome empresarial:
a) Firma:
! Firma individual: utilizada somente pelo empresário
individual.
Art. 1.156. O empresário opera sob firma
constituída por seu nome, completo ou
abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação
mais precisa da sua pessoa ou do gênero de
atividade.
Ex.: José da Silva / J. Silva / José da Silva Professor / J. Silva
Indústria Têxtil.
! Firma social: utilizada por algumas sociedades empresárias,
ou seja, só aplicada para aqueles tipos societários com sócios
com tipo de responsabilidade ilimitada.
Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de
responsabilidade ilimitada operará sob
firma, na qual somente os nomes daqueles
poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao
nome de um deles a expressão "e companhia" ou
sua abreviatura.
Parágrafo único. Ficam solidária e ilimitadamente
responsáveis pelas obrigações contraídas sob a
firma social aqueles que, por seus nomes,
figurarem na firma da sociedade de que trata este
artigo.
Ex.: sociedade em comandita simples, sociedade em nome coletivo.
b) Denominação: utilizada por alguns tipos societários, quais sejam,
aquelas que possuem sócios com responsabilidade limitada.
Regra: sociedade anônima e sociedade limitada.
Exceção: art. 1158: a limitada pode adotar tanto firma social quanto
denominação, desde que tenha a expressão Limitada ou LTDA.
Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma
ou denominação, integradas pela palavra final
"limitada" ou a sua abreviatura.
§ 1o A firma será composta com o nome de um ou
mais sócios, desde que pessoas físicas, de modo
indicativo da relação social.
§ 2o A denominação deve designar o objeto da
sociedade, sendo permitido nela figurar o nome
de um ou mais sócios.
§ 3o A omissão da palavra "limitada" determina a
responsabilidade solidária e ilimitada dos
administradores que assim empregarem a firma
ou a denominação da sociedade.
A distinção entre firma social e denominação encontra-se na sua
estruturação. Deste modo:
FIRMA SOCIAL DENOMINAÇÃO
Formada pelo nome de um, alguns ou
todos os sócios pessoas físicas, podendo
ser por extenso ou abreviado; neste
caso, utilizar-se-á o termo Cia.
Formada pelo elemento fantasia.
Pode ter nome do sócio (exceção), mas
como forma de homenagem ao sócio
fundador ou que é essencial para o
desenvolvimento da atividade
empresarial.
Ex.: J.Silva e Cia. LTDA. Ex.: Móveis Bom Jesus.
E como sei quando é firma ou denominação quando nome empresarial é
formado por nome civil de um dos sócios?
Ex.: (magistratura / DF): §2º, art. 1158, ou seja, quando só há o nome
civil dos sócios sempre será firma. Para ser denominação, com a utilização do nome
dos sócios, obrigatoriamente deve constar o tipo de atividade empresarial que
está sendo explorada.
§ 2o A denominação deve designar o objeto da
sociedade, sendo permitido nela figurar o nome
de um ou mais sócios.
Ex.: José da Silva e Renata Carneiro LTDA: obrigatoriamente firma.
Ex.: José da Silva e Renata Carneiro Produtos Agropecuários LTDA:
denominação, pois está inserido o tipo de atividade explorada.
3) PROTEÇÃO:
Quando empresário ou sociedade empresária efetua registro,
automaticamente nome empresarial estará protegido.
Art. 33. A proteção ao nome empresarial decorre
automaticamente do arquivamento dos atos
constitutivos de firma individual e de sociedades,
ou de suas alterações.
A proteção ao nome empresarial é em âmbito estadual, de acordo com
ao art. 1166 (CC):
Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos
constitutivos das pessoas jurídicas, ou as
respectivas averbações, no registro próprio,
asseguram o uso exclusivo do nome nos limites
do respectivo Estado.
Parágrafo único. O uso previsto neste artigo
estender-se-á a todo o território nacional, se
registrado na forma da lei especial.
Não há que se confundir nome empresarial com marca.
NOME EMPRESARIAL MARCA
Identifica o sujeito que explora a
atividade empresarial
Identifica um produto ou um serviço
(art. 122, Lei n. 9279/96)
Art. 122. São suscetíveis de
registro como marca os sinais
distintivos visualmente
perceptíveis, não
compreendidos nas proibições
legais.
Registro feito na Junta Comercial Registrada no INPI (Instituto Nacional
da Propriedade Industrial)
Proteção no âmbito estadual Proteção no âmbito nacional
Inalienável Alienável
(Concurso para Delegado Federal): Nome empresarial pode ser objeto
de alienação?
Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser
objeto de alienação.
Parágrafo único. O adquirente de
estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o
contrato o permitir, usar o nome do alienante,
precedido do seu próprio, com a qualificação de
sucessor.
Nome empresarial é inalienável. Tem natureza jurídica de direito de
personalidade. No entanto, adquirente pode continuar utilizando nome do cedente,
desde que precedido de seu próprio nome e com a qualificação de sucessor.
EXERCICIOS – NOME EMPRESARIAL
1. Os sócios de uma sociedade por quotas de responsabilidade limitada
denominada Doce & Salgados Ltda, inscrita na Junta Comercial do Estado do
Espírito Santo, descobrem, no Estado do Rio de Janeiro, uma sociedade, na
mesma atividade que a sua, utilizando igual denominação social. Tais sócios
procuram o seu escritório de advocacia buscando uma orientação sobre a
proteção jurídica conferida ao nome empresarial pelo ordenamento brasileiro e
sua diferença com a proteção concedida ao registro de marca.
QUADRO GERAL DAS SOCIEDADES
1. SOCIEDADE EMPRESÁRIA: Art. 982, CC diz ser aquela que exerce uma
atividade de empresário.
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-
se empresária a sociedade que tem por objeto o
exercício de atividade própria de empresário
sujeito a registro (art. 967); e, simples, as
demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu
objeto, considera-se empresária a sociedade por
ações; e, simples, a cooperativa.
Perceba que o art. 982 utiliza-se de um método de exclusão para definir
as sociedades. Quando ela não for considerada empresária ela obrigatoriamente
será simples. Não há uma espécie de sociedade mista.
Foi analisado o que é empresário e o que não é.
No art. 983, CC o legislador prevê que a sociedade empresária deve se
constituir em:
• - Sociedade em nome coletivo
• - Sociedade em Comandita Simples
• - Sociedade em Comandita por ações
• - Sociedade Anônima (S/A)
• - Sociedade Limitada
Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-
se segundo um dos tipos regulados nos arts.
1.039 a 1.092; a sociedade simples pode
constituir-se de conformidade com um desses
tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas
que lhe são próprias.
Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições
concernentes à sociedade em conta de
participação e à cooperativa, bem como as
constantes de leis especiais que, para o exercício
de certas atividades, imponham a constituição da
sociedade segundo determinado tipo.
Antes de analisar o rol das Sociedades Simples, veja o art. 982,
parágrafo único, CC. Perceba que a sociedade por ações são sempre empresárias,
dessa forma serão sempre consideradas sociedades empresárias. E as Cooperativas
serão sempre consideradas Sociedades Simples.
2. SOCIEDADE SIMPLES: é aquela considerada não empresária. O seu rol se
compõe:
• - Sociedade em nome coletivo
• - Sociedade em comandita simples
• - Sociedade Limitada
Art. 983, CC.
Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-
se segundo um dos tipos regulados nos arts.
1.039 a 1.092; a sociedade simples pode
constituir-se de conformidade com um desses
tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas
que lhe são próprias.
As sociedades simples somente podem adotar as regras do CC, e assim
receberá o nome de SOCIEDADE SIMPLES PURA.
E o que se deve saber é qual o órgão competente para o registro dessas
sociedades, dessa forma, se for uma SOCIEDADE EMPRESÁRIA o registro deve ser
feito na JUNTA COMERCIAL. Se for SOCIEDADE SIMPLES o registro deve ser no
REGISTRO CIVIL DE PESSOA JURÍDICA.
São as chamadas sociedades personificadas, ou seja, são aquelas
sociedades que possuem personalidade jurídica.
Art. 985 (CC): sociedade empresária adquire personalidade jurídica com
seu registro no órgão competente.
Art. 985. A sociedade adquire personalidade
jurídica com a inscrição, no registro próprio e na
forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45
e 1.150).
A sociedade empresária adquire sua personalidade jurídica com seu
registro na Junta Comercial; a sociedade simples, por sua, com registro de seus
atos constitutivos no Cartório de Registro de Pessoa Jurídica.
(PFN): onde a sociedade cooperativa deve se registrar, sendo ela
uma sociedade simples? Em que pese ser uma sociedade simples, a cooperativa
deve se registrar na Junta Comercial. Trata-se de uma exceção. Pode até haver
registro no Cartório de Registro de Pessoa Jurídica. No entanto, não consegue seu
CNPJ.
A sociedade de advogados é uma sociedade simples, mas só adquire
personalidade jurídica com arquivamento de seu ato constitutivo na OAB. Trata-se
de outra exceção.
EXERCICIOS – QUADRO GERAL DAS SOCIEDADES
1. (OAB RJ 2007/1) Roberto de Castro, sócio de uma sociedade simples,
deseja mudar o nome da pessoa jurídica e envia ao seu
advogado a seguinte consulta: qual e o quorum exigido
por lei para se modificar o nome de uma sociedade
simples? Diante dessa consulta, na qualidade de advogado
de Roberto, elabore um parecer, devidamente
fundamentado, com a referencia à legislação pertinente,
para responder à indagação.
2. (OAB RJ 2007/1) Cássio Concetto, contabilista e administrador da
sociedade simples Concetto Tepaz Contadores Associados,
realizou operações ultra vires, causando prejuízos a
diversas pessoas jurídicas. A sociedade simples foi
excluída de todas as lides em que foi demandada pelos
atos ultra vires do administrador, porem vários
prejudicados por esses atos reuniram-se em litisconsórcio
e pleitearam indenização pelos prejuízos materiais
sofridos, pedindo a desconsideração da personalidade
jurídica na ação movida em face de o administrador vir a
responder com seus bens pessoais. Elabore um parecer,
de forma fundamentada, às seguintes questões, com
relação à situação hipotética acima apresentada.
a) Que base jurídica ampara esse tipo de sociedade em
pedido de exclusão dos feitos em que foi demandada
por atos ultra vire como os de Cássio Concetto?
b) Os atos ultra vires praticados pelo administrador
ensejam a aplicação da desconsideração da
personalidade jurídica na ação indenizatória, sendo
absolutamente certo que houve ato ilícito e dano aos
autores?
3. (RJ 2007/02 Exame 33) Em uma sociedade simples, do
tipo limitada, o contrato é omisso quanto a sucessão por
morte de sócio. Faleceu o sócio X, detentor de 40% do
capital social, e os demais sócios têm várias restrições em
relação à participação da única herdeira e inventariante do
espólio, a esposa do de cujus, porém não querem a
aplicação da solução legal para o caso vertente.
Consultam, então, advogado(a), acerca da possibilidade
jurídica de
admissão, na sociedade, de Y, sobrinha do de cujus,
pessoa muito competente, considerada de grande valia
para o empreendimento, mas que não tem vocação
hereditária na sucessão de X, em substituição da herdeira.
Na condição de advogado(a) contratado pela sociedade
acima mencionada, responda à consulta, com o devido
amparo legal.
3. (GO 2004/03) José da Cruz decidiu se retirar de uma sociedade
simples, com participação contratual de 15% que manteve
durante oito anos, sem cláusula de responsabilidade
solidária, com mais quatro sócios, sendo que a averbação
da alteração contratual decorrente de seu desligamento
aconteceu em 03 de abril de 2.004, simultaneamente à
sua retirada. Ocorre que a sociedade havia contraído
anteriormente uma dívida com financiamento, garantida
pelo patrimônio da mesma, patrimônio esse que se
mostrou insuficiente para cobrir o débito no vencimento e
que foi executado em dezembro de 2004. Pergunta-se: o
fato de José da Cruz ter-se retirado da sociedade oito
meses antes de vencida a obrigação assumida pela
sociedade o exime de suas responsabilidades para com ela
e para com terceiros? Qualquer que seja a resposta,
positiva ou negativa, responder fundamentando
legalmente.
5. A sociedade Clínica São Lucas teve seus atos
constitutivos arquivados no Cartório de Registro de
Pessoas Júridicas sem que figurasse no nome, ainda que
abreviadamente, a palavra "Limitada". Proposta ação de
execução baseada em título executivo judicial contra a
pessoa jurídica em apreço e seus sócios administradores,
constatou-se que a executada não possuía bens aptos a
satisfazer a obrigação exequenda, mesmo porque os bens
guarneciam outras penhoras.
Em face dessa situação hipotética, responda, de forma
fundamentada, se foi correta a inserção dos sócios no polo
passivo da execução e discorra sobre a adoção do tipo
societário pelas sociedades simples e se ha algum tipo de
vantagem nesta opção.
SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS
Além das sociedades personificadas, há, ainda, as sociedades não
personificadas, que são aquelas que não possuem personalidade jurídica.
São elas:
a) SOCIEDADE EM COMUM: disciplinada pelo art. 986 (CC):
Art. 986. Enquanto não inscritos os atos
constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por
ações em organização, pelo disposto neste
Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que
com ele forem compatíveis, as normas da
sociedade simples.
Antes do NCC, quando a sociedade não era registrada, esta recebia o
nome de sociedade irregular (tinha contrato não registrado) e sociedade
de fato (nem contrato tem). Com advento do NCC, não perdura mais
esta discussão doutrinária. Aquelas que não arquivam seus atos
constitutivos são chamadas sociedades em comum.
No entanto, tem que ter cuidado com a leitura do art. 990.
Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e
ilimitadamente pelas obrigações sociais,
excluído do benefício de ordem, previsto no art.
1.024, aquele que contratou pela sociedade.
Aqui a responsabilidade é entre os sócios e não
entre sociedade e terceiros.
Assim, quando uma sociedade é irregular, ela é uma sociedade em
comum. Neste caso, a responsabilidade dos sócios é ilimitada. Neste
caso, se os bens sociais não forem suficientes para pagar a dívida, a
dívida pode repercutir no patrimônio pessoal dos sócios, por se tratar de
um tipo societário com responsabilidade ilimitada.
São dois os tipos de responsabilidade que os sócios têm perante a
sociedade. Além disto, há a responsabilidade dos sócios entre si.
A responsabilidade que o sócio tem perante a sociedade é subsidiária,
por força do próprio art. 1024, ou seja, primeiro os bens da sociedade e,
posteriormente, os bens dos sócios. Este é o chamado benefício de
ordem.
Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não
podem ser executados por dívidas da sociedade,
senão depois de executados os bens sociais.
No entanto, a responsabilidade de que trata o art. 990, é a
responsabilidade dos sócios entre si, qual seja, solidária e ilimitada.
Exclui-se, deste benefício de ordem, aquele sócio que contratou pela
sociedade.
Quando sociedade adquire personalidade jurídica ela terá três atributos,
quais sejam:
! Titularidade processual: esta sociedade, agora, tem
legitimidade para demandar ou para ser demandado. Pode
ser pólo ativo ou passivo de uma ação judicial;
! Titularidade negocial ou obrigacional: a sociedade pode
realizar negócios jurídicos (ex.: contrato de locação,
comodato, compra e venda, etc.);
! Autonomia patrimonial: a sociedade tem patrimônio
próprio. Ex.: tem um imóvel, o qual pode ser registrado em
nome da pessoa jurídica, por ela ter autonomia patrimonial.
Ex.: sócios A e B; sociedade C. O patrimônio é da pessoa jurídica C.
Na sociedade em comum, de quem é o patrimônio?
Como é sociedade em comum, não teve atos constitutivos levados a
registro; não tendo, assim, personalidade jurídica. Neste caso, não tem
autonomia patrimonial. Assim, são titulares do patrimônio, os sócios da
sociedade em comum, de acordo com disposto no art. 988:
Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem
patrimônio especial, do qual os sócios são
titulares em comum.
b) SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO:
Art. 991. Na sociedade em conta de participação,
a atividade constitutiva do objeto social é exercida
unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome
individual e sob sua própria e exclusiva
responsabilidade, participando os demais dos
resultados correspondentes.
Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-
somente o sócio ostensivo; e, exclusivamente
perante este, o sócio participante, nos termos do
contrato social.
Duas categorias de sócios:
! Sócio ostensivo: é o único que vai exercer o objeto social, ou
seja, é o único a administrar a sociedade. É ele quem tem
responsabilidade exclusiva, ou seja, só ele que tem
responsabilidade. Por fim, ele age em nome próprio / individual.
! Sócio participante ou sócio oculto: com NCC a melhor
terminologia é de sócio participante, sendo sócio oculto
resquícios do Código Comercial.
A sociedade em conta de participação não tem personalidade jurídica.
Portanto, não tem nome empresarial. Pode até ter título fantasia, mas
não pode ter nome empresarial. Deste modo, tudo o que se faz, não se
faz em nome da sociedade, mas sim em nome do sócio ostensivo.
Art. 1.162. A sociedade em conta de participação
não pode ter firma ou denominação.
Exemplo típico de sociedade em conta de participação: flat: em sua
grande maioria são sociedades em conta de participação, onde
construtora, que não tem dinheiro para construir a obra, ingressa como
sócio ostensivo e seus funcionários como sócios participantes. No
entanto, neste flat, algumas unidades serão suas. Ainda que tenha a
responsabilidade exclusiva, há vantagens. Ademais, o flat será
administrado pela própria construtora, a qual tem remuneração mensal
por isto.
Para os sócios participantes também é interessante, por terem unidades,
alguém administrando, e, além de tudo, não há qualquer tipo de
responsabilidade.
Em virtude disto que há a regra do parágrafo único do art. 991, ou seja,
perante terceiro, somente o sócio ostensivo que responde.
Aspecto processual relevante: pretende ingressar com sociedade em
conta de participação. Quem figura no pólo passivo? O sócio ostensivo.
A sociedade em comum não possui personalidade jurídica. Não é
registrada. Levando-se seu contrato à Junta Comercial para ser
registrado, adquire personalidade jurídica própria, adotando o tipo
societário que mais lhe convier. A partir do momento que a leva a
registro, aplica-se a regra do art. 985.
Já a sociedade em conta de participação, levando seu contrato a registro
na Junta Comercial, este será aceito. No entanto, ela não passa a ser
uma sociedade personificada, continuando a ser uma sociedade não
personificada. Assim, tem-se uma exceção à regra do art. 985.
Art. 993. O contrato social produz efeito somente
entre os sócios, e a eventual inscrição de seu
instrumento em qualquer registro NÃO confere
personalidade jurídica à sociedade.
Exceção à regra do art. 985.
Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de
fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio
participante não pode tomar parte nas relações do
sócio ostensivo com terceiros, sob pena de
responder solidariamente com este pelas
obrigações em que intervier.
EXERCICIOS - SOCIEDADES NÃO PERFONIFICADAS
1. Um dos sócios de certa sociedade em comum ajuizou uma ação de execução
contra RL Produtos Ltda, em ração de inadimplemento de varias obrigações. No
curso do processo, constatou a confusão patrimonial entre os bens da pessoa
jurídica devedora e de seus dois sócios, razão pela qual pretende requerer ao juízo
competente a desconsideração da personalidade jurídica de RL Produtos Ltda.
Em face dessa situação hipotética, responda, de forma fundamentada, às seguintes
questões:
a) A razão apontada é suficiente para provocar a desconsideração da
personalidade jurídica da sociedade empresaria?
b) Quais requisitos são estabelecidos no Código Civil para a desconsideração da
personalidade jurídica?
2. (FGV – XII Exame Unificado) Vida Natural Legumes e Verduras Ltda. é uma
sociedade empresária, com sede em Kaloré, cujo objeto é a produç ão e
comercializaç ão de produtos orgâ nicos e hidropô nicos. A sociedade celebrou
contrato com duraç ão de 5 (cinco) anos para o fornecimento de hortigranjeiros a
uma rede de supermercados, cujos estabelecimentos são de titularidade de uma
sociedade anô nima fechada. Após o decurso de 30 (trinta) meses, a sociedade,
que até então cumprira rigorosamente todas as suas obrigaç ões, tornou-se
inadimplente e as entregas passaram a sofrer atrasos e queda sensível na
qualidade dos produtos. O inadimplemento é resultado, entre outros fatores, da
gestão fraudulenta de um ex-sócio e administrador, ao desviar recursos para o
patrimô nio de “laranjas”, causando enormes prejuízos à sociedade.
A sociedade anô nima ajuizou aç ão para obter a resoluç ão do contrato e o
pagamento de perdas e danos pelo inadimplemento e lucros cessantes. O pedido foi
julgado procedente e, na sentenç a, o juiz decretou de ofício a desconsideraç ão
da personalidade jurídica para estender a todos os sócios atuais, de modo
subsidiário, a obrigaç ão de reparar os danos sofridos pela fornecida. Foi
determinado o bloqueio das contas bancárias da sociedade, dos sócios e a
indisponibilidade de seus bens.
Com base nas informaç ões acima, responda aos itens a seguir.
1. A) No caso descrito, pode o juiz decretar de ofício a desconsideraç ão da
personalidade jurídica? Fundamente com amparo legal. (Valor: 0,50)
2. B) O descumprimento do contrato de fornecimento dá ensejo à
desconsideraç ão, com extensão aos sócios da obrigaç ão assumida pela
sociedade? (Valor: 0,75)
3. (RJ 2005/02 Exame 27) Comente a pertinência da presente afirmação: “À luz do
artigo 985 da Lei 10406/2002 (Código Civil), o registro do contrato social de uma
sociedade em conta de participação confere-lhe, a partir de então, personalidade
jurídica, sendo que os atos anteriores ao registro somente produzem efeitos entre
os sócios, não podendo, contudo, a falta de registro ser oposta a terceiros”.
4. (MG 2007/03) Qual o efeito jurídico para terceiros estranhos à sociedade do
registro do contrato social da sociedade em conta de participação em cartório de
títulos e documentos?
5. (GO 2005/02) Em uma Sociedade em Conta de Participação, em cujo contrato
social existe
estipulação restritiva ao número de sócios, JOAQUIM XAVIER, sócio ostensivo,
admitiu três novos sócios sem o consentimento expresso dos demais. Pergunta-se.
Na condição de sócio ostensivo, no presente caso, ele detém tais poderes ou não?
Responder fundamentando legalmente.
SOCIEDADES PERSONIFICADAS
CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES PERSONIFICADAS:
1) Sociedade de Pessoas ou Sociedade de Capital:
Critério adotado: leva-se em conta o grau de dependência da
sociedade em relação às qualidades subjetivas dos sócios.
Quando a qualificação do sócio, seu aspecto subjetivo, seus
atributos são importantes para o desenvolvimento da atividade
empresarial, tem-se uma sociedade de pessoas.
Já quando tais características são dispensáveis, tem-se uma
sociedade de capitais, onde é indispensável o dinheiro aportado
pelos sócios. Uma S/A sempre será uma sociedade de capital, por
não importar as características pessoais dos sócios, mas sim o
capital por eles aportado.
2) Sociedade Contratual e Sociedade Institucional:
O critério é o de constituição e dissolução do vínculo societário.
Toda sociedade contratual é constituída por um contrato social,
onde a relação entre sócios e sociedade será norteada pelos
princípios contratuais.
Ex.: um dos sócios vem a falecer. Este sócio tem herdeiros. Neste
caso, o herdeiro é obrigado a ingressar na sociedade? Não, pois
prevalecem os princípios contratuais, destacando-se a liberdade
para contratar. Assim, ele não tem que, necessariamente, ser sócio
de uma sociedade contratual.
Já na sociedade institucional, ela é constituída por um estatuto
social. Aqui, nas relações entre sócios e sociedade não incide
princípios contratuais, mas sim regras estatutárias definidas na Lei
n. 6404/76 (LSA).
Ex.: acionista de S/A e este acionista falece, deixando herdeiros,
estes são obrigados a ingressar na sociedade, ocupando,
imediatamente, a posição daquele que faleceu. Caso ele não queira
ser acionista, deverá alienar ações. No entanto, ainda que por
prazo pequeno, terá que integrar o quadro societário.
São sociedades institucionais: S/A e sociedade em comandita por
ações. As demais são sociedades contratuais.
3) Sociedade Ilimitada, Sociedade Limitada ou Sociedade
Mista:
Critério: responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais.
Ilimitada: todos os sócios respondem com seu patrimônio pessoal
pelas obrigações sociais.
Ex.: sociedade em nome coletivo.
Limitada: em princípio, sócios não respondem com seu patrimônio
pessoal pelas obrigações sócias.
Ex.: sociedade limitada.
Mista: uma parte dos sócios tem responsabilidade limitada e outra
parte, responsabilidade ilimitada.
Ex.: sociedade em comandita simples.
4) Sociedade Nacional ou Sociedade Estrangeira:
Para definir se sociedade é nacional ou não, há que se analisarem
dois requisitos do art. 1126:
Art. 1.126. É nacional a sociedade organizada de
conformidade com a lei brasileira e que tenha no
País a sede de sua administração.
Parágrafo único. Quando a lei exigir que todos ou
alguns sócios sejam brasileiros, as ações da
sociedade anônima revestirão, no silêncio da lei, a
forma nominativa. Qualquer que seja o tipo da
sociedade, na sua sede ficará arquivada cópia
autêntica do documento comprobatório da
nacionalidade dos sócios.
Assim, pouco importa, por exemplo, onde sócios residam, de onde
provenha o dinheiro, etc. Há que se analisar sob qual legislação foi
organizada e onde se encontra a sede de sua administração.
Na ausência de um destes requisitos a sociedade será estrangeira.
Art. 1.134. A sociedade estrangeira, qualquer
que seja o seu objeto (pouco importa a atividade
que está sendo explorada), não pode, sem
autorização do Poder Executivo (Federal),
funcionar no País, ainda que por estabelecimentos
subordinados, podendo, todavia, ressalvados os
casos expressos em lei, ser acionista de sociedade
anônima brasileira.
§ 1o Ao requerimento de autorização devem
juntar-se:
I - prova de se achar a sociedade constituída
conforme a lei de seu país;
II - inteiro teor do contrato ou do estatuto;
III - relação dos membros de todos os órgãos da
administração da sociedade, com nome,
nacionalidade, profissão, domicílio e, salvo quanto
a ações ao portador, o valor da participação de
cada um no capital da sociedade;
IV - cópia do ato que autorizou o funcionamento
no Brasil e fixou o capital destinado às operações
no território nacional;
V - prova de nomeação do representante no
Brasil, com poderes expressos para aceitar as
condições exigidas para a autorização;
VI - último balanço.
§ 2o Os documentos serão autenticados, de
conformidade com a lei nacional da sociedade
requerente, legalizados no consulado brasileiro da
respectiva sede e acompanhados de tradução em
vernáculo.
SOCIEDADE EM NOME COLETIVO: art. 1039
Art. 1.039. Somente pessoas físicas podem
tomar parte na sociedade em nome coletivo,
respondendo todos os sócios, solidária e
ilimitadamente, pelas obrigações sociais.
Parágrafo único. Sem prejuízo da
responsabilidade perante terceiros, podem os
sócios, no ato constitutivo, ou por unânime
convenção posterior, limitar entre si a
responsabilidade de cada um.
A limitação da responsabilidade é entre os sócios.
Só pode ser sócio pessoa física. Os sócios têm responsabilidade
ilimitada e solidariamente. Esta solidariedade é a mesma da sociedade em comum,
ou seja, a responsabilidade entre os sócios que será solidária. Em relação à
sociedade, a responsabilidade será subsidiária.
Tipo societário raro, tendo em vista que pode haver a limitação da
responsabilidade dos sócios.
SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES: art. 1045
Art. 1.045. Na sociedade em comandita simples
tomam parte sócios de duas categorias: os
comanditados, pessoas físicas, responsáveis
solidária e ilimitadamente pelas obrigações
sociais; e os comanditários, obrigados somente
pelo valor de sua quota.
Parágrafo único. O contrato deve discriminar os
comanditados e os comanditários.
Duas espécies de sócios:
! Comanditário: pode ser tanto pessoa física quanto pessoa
jurídica (lembra estagiário).
! Comanditado: só pode ser pessoa física; tem responsabilidade
ilimitada e solidária (lembra advogado / tem responsabilidade
mais ampla que o estagiário).
É um tipo de sociedade mista.
SOCIEDADE LIMITADA:
Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas
omissões deste Capítulo, pelas normas da
sociedade simples.
Parágrafo único. O contrato social poderá prever a
regência supletiva da sociedade limitada pelas
normas da sociedade anônima.
Art. 1040: no capítulo de sociedade em nome coletivo, e no que seja
omisso, pelas regras da sociedade simples.
Art. 1.040. A sociedade em nome coletivo se rege
pelas normas deste Capítulo e, no que seja
omisso, pelas do Capítulo antecedente.
Sempre que houver omissão na sociedade em comandita simples,
também se aplica a regra da sociedade simples.
Deste modo, qual a teoria geral do direito societário hoje?
São as regras da sociedade simples, basta observar um dos objetivos
que nortearam seu surgimento.
Em caso de omissão, pode-se não aplicar as normas da sociedade
simples, mas sim da S/A. No entanto, isto só poderá ocorrer quando contrato social
expressamente o preveja, devendo, ainda, as normas serem compatíveis com a
sociedade limitada.
1) CONSTITUIÇÃO:
Requisitos de Validade:
a) Agente capaz:
A pessoa jurídica também pode ser sócio de sociedade limitada. Não se
exige somente a presença de pessoas físicas.
Menor pode ser sócio de sociedade limitada? Questão já vista
envolvendo empresário individual (art. 974: menor pode continuar a
exercer a empresa).
Problema já resolvido pelo STF. Menor pode ser sócio de limitada. Para
isto, entretanto, o capital social deve estar totalmente integralizado.
Além disto, este menor não pode exercer a administração da sociedade.
Rext. 82433 / SP
RE 82433 / SP - SÃO PAULO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Relator(a): Min. XAVIER DE ALBUQUERQUE
Julgamento: 26/05/1976 Órgão Julgador: TRIBUNAL PLENO
Publicação
DJ 08-07-1976 PP-*****
RTJ VOL-00078-02 PP-00608
Ementa
SOCIEDADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA.
PARTICIPAÇÃO DE MENORES, COM CAPITAL INTEGRALIZADO E SEM
PODERES DE GERENCIA E ADMINISTRAÇÃO COM COTISTAS.
ADMISSIBILIDADE RECONHECIDA, SEM OFENSA AO ART. 1 DO CÓDIGO
COMERCIAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO CONHECIDO.
Indexação
SOCIEDADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA, CAPITAL
INTEGRALIZADO, PARTICIPAÇÃO DE MENORES
Observação
DOCUMENTO INCLUIDO SEM REVISÃO DO STF
ANO: 1976 AUD:16-06-1976
VOTAÇÃO: UNÂNIME.
RESULTADO: NÃO CONHECIDO.
ALTERAÇÃO: 19.03.96, (SMK).
fim do documento
b) Objeto lícito;
c) Forma legal.
Pode ser por instrumento público quanto particular.
Em ambos os casos é imprescindível o visto do advogado, sob pena de
nulidade (art. 3º, Estatuto da OAB).
Requisitos Especiais:
a) Contribuição dos sócios:
Quando sócios constituem a sociedade empresária, entendem que, para
dar início à atividade empresarial, o capital social deve ser de R$
100mil. Capital social é o valor / a quantia destinada para a exploração
da atividade. Esta quantia é provinda da contribuição dos sócios.
Assim, capital social é o valor destinado para a exploração da atividade,
provindo da contribuição dos sócios.
Quando os sócios se comprometem a colocar o percentual na sociedade,
este ato de comprometimento se denomina de subscrição. Já quando
efetivamente pagam sua participação societária, este ato se chama
integralização.
SUBSCRIÇÃO INTEGRALIZAÇÃO
Comprometimento Pagamento
O capital social, provindo da contribuição dos sócios, é um dos requisitos
especiais.
b) Distribuição dos resultados: art. 1008
Art. 1.008. É nula a estipulação contratual que
exclua qualquer sócio de participar dos lucros e
das perdas.
Quando houver tal cláusula, esta será nula, tendo
em vista os requisitos essenciais do art. 997.
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas
perdas.
A participação da distribuição dos resultados é um dos direitos dos
sócios, configurando-se como um dos requisitos especiais.
Pressupostos de Existência:
A sociedade tem que ter:
a) Pluralidade de sócios:
Uma sociedade limitada tem que ter dois ou mais sócios.
Exceção: sociedade unipessoal. De forma originária, a sociedade não
pode ser unipessoal. No entanto, de forma incidental sim.
Ex.: João e Maria são sócios de uma sociedade limitada. A convivência
entre eles fica difícil e eles optam pela separação. Neste momento,
sociedade fica só com uma sócia, Maria. Aqui há uma sociedade
unipessoal. Não há que se falar em extinção da sociedade. A lei lhe
conferiu um prazo para que haja ingresso de novo sócio, qual seja, um
prazo de 180 dias.
Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando
ocorrer:
IV - a falta de pluralidade de sócios, não
reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;
E quando finda este prazo? Passado este prazo, é caso de dissolução
total da sociedade empresária. Encerra-se a atividade empresarial.
O brasileiro não quer ser empresário individual. Quer ter sociedade, a
fim de limitação da responsabilidade, mas também não quer ter sócios.
Na prática, constitui sociedade com esposa, ficando com 99% e
passando 1% para a esposa.
Mas é possível sociedade entre cônjuges? Sim, de acordo com art. 977:
Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar
sociedade, entre si ou com terceiros, desde que
não tenham casado no regime da comunhão
universal de bens, ou no da separação
obrigatória.
No entanto a lei veda a possibilidade de sociedade entre cônjuges
quando casados no regime da comunhão universal de bens ou da
separação obrigatória.
Comunhão parcial e participação final nos aquestos permite a sociedade
entre cônjuges.
Com a comunhão universal legislador tentou evitar a confusão
patrimonial. Neste caso a sociedade virou uma ficção e não tem como
individualizar os bens.
No regime de separação obrigatória, dentre os vários fundamentos, um
dos motivos seria para que se evite o “golpe do baú”. Para quem se casa
acima dos 60 anos o regime é o da separação obrigatória.
Ex.: pessoa com 80 anos. Casa-se com mulher de 20 anos. Montam um
sociedade. Mulher com 1% e marido com 99%. Não integraliza com
dinheiro, mas bens que não se comunicam para ela em virtude do
regime de bens. No caso de falecimento do homem, ela fica com os
bens, que não poderiam ser passados a ela.
b) Affectio Societatis:
De acordo com Fábio Ulhoa Coelho: “configura-se como a disposição dos
sócios em formar e manter a sociedade uns com os outros. Quando não
existe ou desaparece este ânimo, a sociedade não se constitui ou deve
ser dissolvida”.
É o ajuste comum de vontade entre os sócios.
2) RESPONSABILIDADE DOS SOCIOS:
A responsabilidade dos sócios está restrita ao valor de suas cotas, mas
todos os sócios respondem solidariamente pelo que falta para a integralização do
capital social.
Na prática, não tem mais responsabilidade. Por isso que banco sempre
pede cópia do contrato social, juros altos, etc.
E quando um dos sócios não integralizou suas cotas?
Quando o sócio não integraliza, recebe a denominação de sócio remisso,
ou seja, aquele que não integraliza total ou parcialmente as suas cotas.
Quando o capital social não está totalmente integralizado, credor pode
cobrar a dívida de todos os sócios, tendo em vista regra do art. 1052.
Art. 1.052. Na sociedade limitada, a
responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor
de suas quotas, mas todos respondem
solidariamente pela integralização do capital
social.
Exceções: quando que a responsabilidade será ilimitada:
a) Dívida trabalhista: jurisprudência pacífica. Não importa se
responsabilidade é limitada, sempre atingirá o patrimônio dos
sócios;
b) Dívida com o INSS: também responsabilidade ilimitada;
c) Casos de desconsideração da personalidade jurídica;
d) Quando a sociedade não for levada a registro;
e) Violação ao art. 977 (CC): que trata da sociedade entre
cônjuges. A princípio, a Junta não aceita. No entanto, caso aceite, a
responsabilidade entre os sócios será ilimitada. Posicionamento já
pacífico na jurisprudência: se sociedade constituída antes da
vigência do CC, não há problema; está regra é para as sociedades
constituídas após a vigência do CC, em razão do ato jurídico
perfeito e do direito adquirido;
Nestas hipóteses, todos terão responsabilidade ilimitada.
No entanto, em algumas situações apenas alguns sócios terão
responsabilidade ilimitada. São elas:
Art. 1.080. As deliberações infringentes do
contrato ou da lei tornam ilimitada a
responsabilidade dos que expressamente as
aprovaram.
Art. 135 (CTN). São pessoalmente responsáveis
pelos créditos correspondentes a obrigações
tributárias resultantes de atos praticados com
excesso de poderes ou infração de lei, contrato
social ou estatutos:
I - as pessoas referidas no artigo anterior;
II - os mandatários, prepostos e empregados;
III - os diretores, gerentes ou representantes de
pessoas jurídicas de direito privado.
Quem é responsabilizado é o administrador, e não
todos os sócios. No entanto, em qualquer caso de
não pagamento de impostos o administrador será
responsabilizado ilimitadamente? De acordo com
STJ, duas situações:
a) Sociedade não pagou porque não tinha
recursos para tanto: sociedade foi
inadimplente. Neste caso, administrador não
será responsabilizado.
b) Sociedade possuía recursos para pagar
impostos e, por deliberação da sociedade,
deixa de pagar, não há inadimplência, mas
sim sonegação. Em caso de sonegação, o
administrador será responsabilizado.
3) COTAS SOCIAIS:
O capital social está dividido em cotas, as quais conferem a seus
titulares, o status de sócio.
As cotas podem ser pagas:
a) Dinheiro.
b) Créditos: ex.: nota promissória a vencer no prazo de 90 dias. Quem
integraliza com créditos, responde pela solvência.
c) Bens: ex.: apartamento. Quem integraliza com créditos, responde
pela evicção. Quando a integralização é com bens imóveis, não
precisa pagar o ITBI, de acordo com art. 156, §2º (CF):
Art. 156. Compete aos Municípios instituir
impostos sobre:
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título,
por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza
ou acessão física, e de direitos reais sobre
imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão
de direitos a sua aquisição;
§ 2º - O imposto previsto no inciso II:
I - não incide sobre a transmissão de bens ou
direitos incorporados ao patrimônio de pessoa
jurídica em realização de capital, nem sobre a
transmissão de bens ou direitos decorrente de
fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa
jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade
preponderante do adquirente for a compra e
venda desses bens ou direitos, locação de bens
imóveis ou arrendamento mercantil;
II - compete ao Município da situação do bem.
Não é possível a integralização das cotas com serviço, de acordo com
art. 1055, §2º:
Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas,
iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a
cada sócio.
§ 2o É vedada contribuição que consista em
prestação de serviços.
No entanto, pode ser “dada” participação
societária a título de compra de know-how. Neste
caso, tem-se a figura do sócio, diferentemente do
que ocorre com a sociedade simples, onde pode
haver integralização com prestação de serviços.
Como se faz a transferência das cotas?
Através da cessão de cotas. Quem define como se dará a cessão, é o
contrato social. No entanto, se este for omisso, aplicar-se-á a regra do art. 1057.
Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode
ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem
seja sócio, independentemente de audiência
dos outros, ou a estranho, se não houver
oposição de titulares de mais de um quarto
do capital social. Portanto, deve haver anuência
de ¾ do capital social.
Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à
sociedade e terceiros, inclusive para os fins do
parágrafo único do art. 1.003, a partir da
averbação do respectivo instrumento, subscrito
pelos sócios anuentes.
Art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota,
sem a correspondente modificação do contrato
social com o consentimento dos demais sócios,
não terá eficácia quanto a estes e à sociedade.
Parágrafo único. Até dois anos depois de
averbada a modificação do contrato, responde o
cedente solidariamente com o cessionário,
perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações
que tinha como sócio. Este parágrafo gera
dúvidas no momento de sua interpretação.
As cotas sociais são penhoráveis?
De acordo com STJ:
! É sociedade de pessoas ou sociedade de capital? Se for sociedade
de capital, a cota é penhorável. Já, se for sociedade de pessoas,
onde, geralmente, contrato tem cláusula que impede ingresso de
terceiro estranho na sociedade, esta cláusula prevalece. Se faço
a arrematação das cotas, me torno sócio daquela sociedade.
STJ diz que, ainda sendo sociedade de pessoas, é penhorável, tendo em
vista o princípio da ordem pública.
Documento 1
Processo
AgRg no Ag 894161 / SC
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO
2007/0082222-5
Relator(a)
Ministro JOSÉ DELGADO (1105)
Órgão Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA
Data do Julgamento
11/09/2007
Data da Publicação/Fonte
DJ 08.10.2007 p. 224
Ementa
TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO
FISCAL. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO NO ACÓRDÃO A QUO. PENHORA DE COTAS DE
SOCIEDADE DE RESPONSABILIDADE. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. MATÉRIA DE
PROVA. PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE. SÚMULA 7/STJ.
1. Cuida-se de agravo regimental interposto por Indústria e Comércio Arno
Gartner Ltda. contra decisão com o seguinte entendimento: a) não consta o vício
da omissão a ensejar a anulação do julgado por violação do art. 535, II, do CPC; b)
possibilidade de penhora de cotas de responsabilidade limitada encontra-se em
sintonia com o entendimento deste STJ; c) questões de ordem fática não podem ser
revistas na via especial em face da vedação sumular n. 7/STJ.
2. Entendimento do TRF da 4ª Região de que inexiste óbice à penhorabilidade de
cotas sociais em virtude de dívida particular não concernente à empresa encontra
respaldo na jurisprudência deste STJ: "As cotas sociais podem ser penhoradas,
pouco importando a restrição contratual, considerando que não há vedação
legal para tanto e que o contrato não pode impor vedação que a lei não criou" (REsp
234.391/MG, DJ de 12/02/2001).
3. De igual modo: REsp 712.747/DF, Rel. Min. Castro Filho, DJ de 10/04/2006,
AgRg no Ag 475.591/RS, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ de
23/06/2003, AgRg no Ag 347.829/SP, Rel. Min. Ari Pargendler, DJ de 01/10/2001.
4. A alegação de que a execução não se processou em obediência ao que dispõe o
art. 620 do CPC (menor onerosidade), porquanto existentes outros bens passíveis
de penhora enseja a análise de questões fáticas. Incidência da Súmula n. 7/STJ.
5. Ausência de violação do art. 535 II, do CPC, já que o Tribunal de origem, posto
que com fundamento diverso do pretendido pela recorrente, analisou de forma
efetiva a matéria posta em debate na lide.
6. Agravo regimental não-provido.
Acórdão
de penhora enseja a análise de questões fáticas. Incidência da Súmula n. 7/STJ.
5. Ausência de violação do art. 535 II, do CPC, já que o Tribunal de origem, posto
que com fundamento diverso do pretendido pela recorrente, analisou de forma
efetiva a matéria posta em debate na lide.
6. Agravo regimental não-provido.
Acórdão
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por
unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr.
Ministro Relator. Os Srs. Ministros Francisco Falcão, Luiz Fux, Teori Albino Zavascki
e Denise Arruda votaram com o Sr. Ministro Relator.
Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMAÇÕES.
Referência Legislativa
LEG:FED SUM:******
***** SUM(STJ) SÚMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
ART:00007
LEG:FED LEI:005869 ANO:1973
***** CPC-73 CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973
ART:00620
Veja
(PENHORA DE COTAS DE SOCIEDADE DE RESPONSABILIDADE LIMITADA)
STJ - RESP 234391-MG (JBCC 188/240, REVJUR 281/92),
RESP 712747-DF, AGRG NO AG 475591-RS,
AGRG NO AG 347829-SP
(ARTIGO 557 DO CPC - CELERIDADE E ECONOMIA PROCESSUAL)
STJ - AGRG NO AG 515497-RJ
No entanto, deve ser dada prevalência para sócios ou sociedades.
Na maioria das vezes, credor só pretende satisfazer seu crédito, não
tendo interesse em se tornar sócio.
Neste caso, há que se analisar a regra do art. 1026, ou seja, não é
necessário que se penhore a cota, mas sim seu lucro.
Art. 1.026. O credor particular de sócio pode, na
insuficiência de outros bens do devedor, fazer
recair a execução sobre o que a este couber nos
lucros da sociedade, ou na parte que lhe tocar em
liquidação.
Parágrafo único. Se a sociedade não estiver
dissolvida, pode o credor requerer a liquidação da
quota do devedor, cujo valor, apurado na forma
do art. 1.031, será depositado em dinheiro, no
juízo da execução, até noventa dias após aquela
liquidação.
4) DELIBERAÇÕES SOCIAIS:
Art. 1.072. As deliberações dos sócios, obedecido
o disposto no art. 1.010, serão tomadas em
reunião ou em assembléia, conforme previsto no
contrato social, devendo ser convocadas pelos
administradores nos casos previstos em lei ou no
contrato.
§ 1o A deliberação em assembléia será
obrigatória se o número dos sócios for superior
a dez.
§ 2o Dispensam-se as formalidades de convocação
previstas no § 3o do art. 1.152, quando todos os
sócios comparecerem ou se declararem, por
escrito, cientes do local, data, hora e ordem do
dia.
§ 3o A reunião ou a assembléia tornam-se
dispensáveis quando todos os sócios decidirem,
por escrito, sobre a matéria que seria objeto
delas.
§ 4o No caso do inciso VIII do artigo antecedente,
os administradores, se houver urgência e com
autorização de titulares de mais da metade do
capital social, podem requerer concordata
preventiva.
§ 5o As deliberações tomadas de conformidade
com a lei e o contrato vinculam todos os sócios,
ainda que ausentes ou dissidentes.
§ 6o Aplica-se às reuniões dos sócios, nos casos
omissos no contrato, o disposto na presente
Seção sobre a assembléia.
As regras sobre assembléia estão todas disciplinadas no Código Civil, o
qual não traz regras sobre reuniões.
Art. 1.079. Aplica-se às reuniões dos sócios, nos
casos omissos no contrato, o estabelecido nesta
Seção sobre a assembléia, obedecido o disposto
no § 1o do art. 1.072.
Qual é o quorum geral para as decisões da limitada?
Art. 1.010. Quando, por lei ou pelo contrato
social, competir aos sócios decidir sobre os
negócios da sociedade, as deliberações serão
tomadas por maioria de votos, contados
segundo o valor das quotas de cada um.
§ 1o Para formação da maioria absoluta são
necessários votos correspondentes a mais de
metade do capital.
§ 2o Prevalece a decisão sufragada por maior
número de sócios no caso de empate, e, se este
persistir, decidirá o juiz.
Critério de desempate.
Ex.: A, B e C. A tem 50%; B 30% e C 20%. B e C
votam não. Este prevalece.
Mas e se A transfere 1% para um laranja. Neste
caso, 50% disse sim e 50% disse não. Dois sócios
disseram sim, dois sócios disseram não.
Agora utiliza-se o segundo critério de desempate,
qual seja, decisão judicial.
Pode ser cláusula de compromisso arbitral, desde
que prevista em contrato.
§ 3o Responde por perdas e danos o sócio que,
tendo em alguma operação interesse contrário ao
da sociedade, participar da deliberação que a
aprove graças a seu voto.
Art. 1.076. Ressalvado o disposto no art. 1.061 e
no § 1o do art. 1.063, as deliberações dos sócios
serão tomadas:
I - pelos votos correspondentes, no mínimo, a
três quartos do capital social, nos casos previstos
nos incisos V e VI do art. 1.071;
II - pelos votos correspondentes a mais de
metade do capital social, nos casos previstos nos
incisos II, III, IV e VIII do art. 1.071;
III - pela maioria de votos dos presentes, nos
demais casos previstos na lei ou no contrato, se
este não exigir maioria mais elevada.
5) ADMINISTRADOR:
De acordo com art. 1060, o administrador será nomeado no contrato
social ou em ato separado (ex.: ata de assembléia).
Art. 1.060. A sociedade limitada é administrada
por uma ou mais pessoas designadas no contrato
social ou em ato separado.
Parágrafo único. A administração atribuída no
contrato a todos os sócios não se estende de
pleno direito aos que posteriormente adquiram
essa qualidade.
No entanto, sobre a responsabilidade do administrador há que se
analisar o art. 1011.
Art. 1.011. O administrador da sociedade deverá
ter, no exercício de suas funções, o cuidado e a
diligência que todo homem ativo e probo costuma
empregar na administração de seus próprios
negócios.
§ 1o Não podem ser administradores, além das
pessoas impedidas por lei especial, os condenados
a pena que vede, ainda que temporariamente, o
acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar,
de prevaricação, peita ou suborno (VIDE
ENUNCIADO 60 CJF), concussão, peculato; ou
contra a economia popular, contra o sistema
financeiro nacional, contra as normas de defesa
da concorrência, contra as relações de consumo,
a fé pública ou a propriedade, enquanto
perdurarem os efeitos da condenação.
§ 2o Aplicam-se à atividade dos administradores,
no que couber, as disposições concernentes ao
mandato.
Tanto sócio quanto não sócio podem ser administradores de uma
limitada.
Dois requisitos para não sócio poder ser administrador (art. 1062):
! Cláusula expressa no contrato social permitindo que não sócio
seja administrador;
! Tem que ter a aprovação dos sócios, dependendo o quorum de
aprovação do capital social. Assim:
" Se esta totalmente integralizado: ²/³ do capital social
aprovando;
" Não está totalmente integralizado: unanimidade do capital
social.
Art. 1.062. O administrador designado em ato
separado investir-se-á no cargo mediante termo
de posse no livro de atas da administração.
§ 1o Se o termo não for assinado nos trinta dias
seguintes à designação, esta se tornará sem
efeito.
§ 2o Nos dez dias seguintes ao da investidura,
deve o administrador requerer seja averbada sua
nomeação no registro competente, mencionando
o seu nome, nacionalidade, estado civil,
residência, com exibição de documento de
identidade, o ato e a data da nomeação e o prazo
de gestão.
DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE:
1) DISSOLUÇÃO PARCIAL:
(COPIAR PRIMEIRAS HIPOTESES)
Exclusão do Sócio Minoritário:
! Por simples alteração contratual;
! Deve ter praticado atos de inegável gravidade;
! Contrato com previsão prevendo exclusão por justa causa.
Ainda que tenham ocorrido tais hipóteses, ele ainda não poderá ser
excluído. Deve lhe ser garantido o direito de resposta (p.u., art. 1085).
Quando majoritário pratica atos de inegável gravidade, para sua
expulsão, é necessária ação judicial cabível.
Art. 1.085. Ressalvado o disposto no art. 1.030,
quando a maioria dos sócios, representativa de
mais da metade do capital social, entender que
um ou mais sócios estão pondo em risco a
continuidade da empresa, em virtude de atos de
inegável gravidade, poderá excluí-los da
sociedade, mediante alteração do contrato social,
desde que prevista neste a exclusão por justa
causa.
Parágrafo único. A exclusão somente poderá ser
determinada em reunião ou assembléia
especialmente convocada para esse fim, ciente o
acusado em tempo hábil para permitir seu
comparecimento e o exercício do direito de
defesa.
Cota Liquidada a Pedido do Credor:
Se sócio é excluído, tem direito de retirada ou cotas liquidadas, qual o
valor da operação? Qual valor a ser liquidado? De acordo com regra do art. 1031,
ou seja, através do balanço patrimonial especialmente levantado.
Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se
resolver em relação a um sócio, o valor da sua
quota, considerada pelo montante efetivamente
realizado, liquidar-se-á, salvo disposição
contratual em contrário, com base na situação
patrimonial da sociedade, à data da resolução,
verificada em balanço especialmente levantado.
SÚMULA Nº 265
Na apuração de haveres, não prevalece o balanço
não aprovado pelo sócio falecido ou que se
retirou.
2) DISSOLUÇÃO TOTAL:
a) Decurso do Prazo:
b) Vontade dos Sócios:
c) Falência da Sociedade:
d) Unipessoalidade por mais de 180 dias:
e) Extinção da autorização para funcionamento:
f) Exauri mento do objeto social:
Ocorre no caso de ausência de mercado.
Ex.: loja que vende antena de VHS.
g) Anulação da constituição da sociedade
SOCIEDADE ANONIMA:
Lei n. 6404.
1) CONCEITO:
Sociedade Anônima é a sociedade cujo capital social está dividido em
ações. Aqui não há que se falar em sócios, mas sim em acionistas.
2) CARACTERISTICA:
a) Sempre será empresária;
b) Sempre será de capital;
c) É estatutária.
3) ESPECIES:
Tanto na companhia aberta quanto na fechada, a responsabilidade do
acionista está restrita ao preço de emissão das ações.
Diferença com a limitada: pacto de solidariedade pelo que falta para a
integralização. Na S/A não há este pacto de solidariedade.
Art. 4o Para os efeitos desta Lei, a companhia é
aberta ou fechada conforme os valores mobiliários
de sua emissão estejam ou não admitidos à
negociação no mercado de valores mobiliários.
(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
a) Companhia Aberta:
É aquela em que seus valores mobiliários são admitidos à negociação no
mercado de valores mobiliários.
Geralmente os grandes investimentos, pois os acionistas que cuidam a
fundação da S/A não possuem recursos suficientes para desenvolver a
atividade empresarial a ser explorada. Com isto, fazem a oferta pública
de ações.
b) Companhia Fechada:
É aquela em que seus valores mobiliários não são admitidos à
negociação no mercado de valores mobiliários.
Tanto a companhia aberta quanto a fechada podem ter, como objeto
social, o desenvolvimento de uma atividade empresarial. No entanto, há que se
observar o art. 2º, §3º. Assim, ela pode ter como único objeto a participação em
outras sociedades.
Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer
empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à
ordem pública e aos bons costumes.
§ 3º A companhia pode ter por objeto participar
de outras sociedades; ainda que não prevista no
estatuto, a participação é facultada como meio de
realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de
incentivos fiscais.
Quando tem pessoa jurídica que tem como objeto a participação em
outra sociedade, tem-se a caracterização de uma holding, ou seja, a sociedade que
tem por objeto a participação em outras sociedades.
A Limitada também pode ser uma holding, não necessariamente só a
S/A.
4) CONSTITUIÇÃO DA S/A:
Há que se observar os requisitos preliminares elencados no art. 80, LSA:
Art. 80. A constituição da companhia depende do
cumprimento dos seguintes requisitos
preliminares:
I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas,
de todas as ações em que se divide o capital
social fixado no estatuto;
É o que chamamos de pluralidade de sócios. Na
S/A, assim como nas demais sociedades, há que
haver a pluralidade de sócios. Também há que se
observar que não bastam somente dois sócios,
pois, de acordo com a lei, para Conselho
Administrativo, há que ter, no mínimo, três
acionistas.
No entanto, há exceções a esta regra, quais
sejam:
a) Empresa pública: pode ser unipessoal, tendo
apenas um único acionista.
b) Subsidiária integral: art. 251: é um tipo de
S/A que admite um único acionista, sendo
este, necessariamente, uma sociedade
nacional. Ex.: a Transpreto, cujo único
acionista é a Petrobras.
Art. 251. A companhia pode ser constituída,
mediante escritura pública, tendo como único
acionista sociedade brasileira.
§ 1º A sociedade que subscrever em bens o
capital de subsidiária integral deverá aprovar o
laudo de avaliação de que trata o artigo 8º,
respondendo nos termos do § 6º do artigo 8º e do
artigo 10 e seu parágrafo único.
§ 2º A companhia pode ser convertida em
subsidiária integral mediante aquisição, por
sociedade brasileira, de todas as suas ações, ou
nos termos do artigo 252.
II - realização, como entrada, de 10% (dez por
cento), no mínimo, do preço de emissão das
ações subscritas em dinheiro;
Regra geral: entrada de 10% em dinheiro.
Exceção: tratando-se de instituição financeira, o
percentual de 10% passa para 50%.
III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em
outro estabelecimento bancário autorizado pela
Comissão de Valores Mobiliários, da parte do
capital realizado em dinheiro.
CVM: Comissão de Valores Mobiliários.
A S/A fechada não precisa de autorização da CVM
para seu funcionamento.
Parágrafo único. O disposto no número II não se
aplica às companhias para as quais a lei exige
realização inicial de parte maior do capital social.
5) ÓRGÃOS SOCIETARIOS:
AC / DC
a) Assembléia Geral:
É o órgão deliberativo máximo da S/A.
São duas as espécies de Assembléia Geral:
! AGO (Assembléia Geral Ordinária): deverá ser realizada
anualmente nos primeiros quatro meses seguintes ao término
do exercício social. Geralmente coincide com exercício
financeiro (1/1 a 31/12) e deliberará sobre:
Destinação do lucro;
Tomar as contas dos administradores;
Eleição de administradores e membros do Conselho
Fiscal;
Aprovação da correção da expressão monetária do
capital social.
! AGE (Assembléia Geral Extraordinária): tudo o que não for
objeto da AGO será deliberado na AGE. Os temas da AGO são
de competência privativa.
b) Conselho de Administração:
Único órgão da S/A que é facultativo.
No entanto, nas seguintes hipóteses será obrigatório:
! S/A aberta: art. 138:
Art. 138. A administração da companhia
competirá, conforme dispuser o estatuto, ao
conselho de administração e à diretoria, ou
somente à diretoria.
§ 1º O conselho de administração é órgão de
deliberação colegiada, sendo a representação da
companhia privativa dos diretores.
§ 2º As companhias abertas e as de capital
autorizado terão, obrigatoriamente, conselho de
administração.
! S/A de capital autorizado (art. 168, LSA): não é necessária
alteração do estatuto para aumento do capital social, tendo
em vista a prévia autorização deste.
Art. 168. O estatuto pode conter autorização para
aumento do capital social independentemente de
reforma estatutária.
§ 1º A autorização deverá especificar:
a) o limite de aumento, em valor do capital ou em
número de ações, e as espécies e classes das
ações que poderão ser emitidas;
b) o órgão competente para deliberar sobre as
emissões, que poderá ser a assembléia-geral ou o
conselho de administração;
c) as condições a que estiverem sujeitas as
emissões;
d) os casos ou as condições em que os acionistas
terão direito de preferência para subscrição, ou de
inexistência desse direito (artigo 172).
§ 2º O limite de autorização, quando fixado em
valor do capital social, será anualmente corrigido
pela assembléia-geral ordinária, com base nos
mesmos índices adotados na correção do capital
social.
§ 3º O estatuto pode prever que a companhia,
dentro do limite de capital autorizado, e de acordo
com plano aprovado pela assembléia-geral,
outorgue opção de compra de ações a seus
administradores ou empregados, ou a pessoas
naturais que prestem serviços à companhia ou a
sociedade sob seu controle.
! Sociedade de Economia Mista: arts. 238 e 239
Art. 238. A pessoa jurídica que controla a
companhia de economia mista tem os deveres e
responsabilidades do acionista controlador
(artigos 116 e 117), mas poderá orientar as
atividades da companhia de modo a atender ao
interesse público que justificou a sua criação.
Art. 239. As companhias de economia mista terão
obrigatoriamente Conselho de Administração,
assegurado à minoria o direito de eleger um dos
conselheiros, se maior número não lhes couber
pelo processo de voto múltiplo.
Parágrafo único. Os deveres e responsabilidades
dos administradores das companhias de economia
mista são os mesmos dos administradores das
companhias abertas.
Composição do Conselho de Administração:
! Mínimo de três membros;
! Todos devem ser pessoas naturais e acionistas;
2ª fase magistratura / DF: é possível constituição de S/A aberta
somente com dois acionistas? Na verdade não, pois esta tem
obrigatoriedade do Conselho de Administração, o qual exige o mínimo
de três acionistas pessoas físicas para compô-lo.
Sua grande finalidade é a fiscalização da diretoria e diretrizes de .
c) Diretoria:
Composição:
! Mínimo de dois membros;
! Acionistas ou não;
! Residentes no país.
Quais são os órgãos de administração? Exclui Assembléia Geral, por ser
órgão deliberativo. Exclui, também, Conselho de Fiscalização, por ser
órgão fiscalizatório. O Conselho de Administração é órgão facultativo.
Assim, quando ele existe, compõe os órgãos de administração, mas não
é regra obrigatória como ocorre com a Diretoria.
d) Conselho Fiscal: art. 161, LSA:
Art. 161. A companhia terá um conselho fiscal e o
estatuto disporá sobre seu funcionamento, de
modo permanente ou nos exercícios sociais em
que for instalado a pedido de acionistas.
Existência obrigatória. No entanto, pode estar
desativado, sendo acionado pelos interessados.
Deste modo:
! Existência obrigatória;
! Funcionamento facultativo.
Tem sempre que existir, mas nem sempre tem
que funcionar.
§ 1º O conselho fiscal será composto de, no
mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco)
membros, e suplentes em igual número,
acionistas ou não, eleitos pela assembléia-geral.
§ 2º O conselho fiscal, quando o funcionamento
não for permanente, será instalado pela
assembléia-geral a pedido de acionistas que
representem, no mínimo, 0,1 (um décimo) das
ações com direito a voto, ou 5% (cinco por cento)
das ações sem direito a voto, e cada período de
seu funcionamento terminará na primeira
assembléia-geral ordinária após a sua instalação.
§ 3º O pedido de funcionamento do conselho
fiscal, ainda que a matéria não conste do anúncio
de convocação, poderá ser formulado em
qualquer assembléia-geral, que elegerá os seus
membros.
§ 4º Na constituição do conselho fiscal serão
observadas as seguintes normas:
a) os titulares de ações preferenciais sem direito a
voto, ou com voto restrito, terão direito de eleger,
em votação em separado, 1 (um) membro e
respectivo suplente; igual direito terão os
acionistas minoritários, desde que representem,
em conjunto, 10% (dez por cento) ou mais das
ações com direito a voto;
b) ressalvado o disposto na alínea anterior, os
demais acionistas com direito a voto poderão
eleger os membros efetivos e suplentes que, em
qualquer caso, serão em número igual ao dos
eleitos nos termos da alínea a, mais um.
§ 5º Os membros do conselho fiscal e seus
suplentes exercerão seus cargos até a primeira
assembléia-geral ordinária que se realizar após a
sua eleição, e poderão ser reeleitos.
§ 6o Os membros do conselho fiscal e seus
suplentes exercerão seus cargos até a primeira
assembléia-geral ordinária que se realizar após a
sua eleição, e poderão ser reeleitos. (Incluído pela
Lei nº 10.303, de 2001)
§ 7o A função de membro do conselho fiscal é
indelegável. (Incluído pela Lei nº 10.303, de
2001)
Obs.: é órgão de existência obrigatória. No entanto, seu
funcionamento será facultativo.
Composição:
! Mínimo de três e máximo de cinco;
! Acionistas ou não;
! Com igual número de suplentes.
! Residentes no país.
6) VALORES MOBILIÁRIOS:
a) Ações:
São frações do capital social que conferem ao seu titular direito de sócio
da S/A.
São espécies de ações:
! Ordinárias: são aquelas que conferem direitos comuns ao
acionista. De acordo com o art. 110, LSA, a ação ordinária
sempre vai ter direito de voto.
Art. 110. A cada ação ordinária corresponde 1
(um) voto nas deliberações da assembléia-geral.
§ 1º O estatuto pode estabelecer limitação ao
número de votos de cada acionista.
§ 2º É vedado atribuir voto plural a qualquer
classe de ações.
! Preferenciais: conferem vantagens econômicas ou políticas.
Podem ter, por exemplo, prioridade de recebimento, ou seja,
quando S/A recebe o lucro, primeiramente paga os acionistas
preferencialistas. Também podem receber até 10% mais que
a ação ordinária. Em contrapartida, este acionista
preferencialista não tem direito a voto ou este voto é
limitado.
! Ações de gozo e fruição: art. 44, §5º:
Art. 44. O estatuto ou a assembléia-geral
extraordinária pode autorizar a aplicação de
lucros ou reservas no resgate ou na amortização
de ações, determinando as condições e o modo de
proceder-se à operação.
§ 1º O resgate consiste no pagamento do valor
das ações para retirá-las definitivamente de
circulação, com redução ou não do capital social,
mantido o mesmo capital, será atribuído, quando
for o caso, novo valor nominal às ações
remanescentes.
§ 2º A amortização consiste na distribuição aos
acionistas, a título de antecipação e sem redução
do capital social, de quantias que lhes poderiam
tocar em caso de liquidação da companhia.
§ 3º A amortização pode ser integral ou parcial e
abranger todas as classes de ações ou só uma
delas.
§ 4º O resgate e a amortização que não
abrangerem a totalidade das ações de uma
mesma classe serão feitos mediante sorteio;
sorteadas ações custodiadas nos termos do artigo
41, a instituição financeira especificará, mediante
rateio, as resgatadas ou amortizadas, se outra
forma não estiver prevista no contrato de
custódia.
§ 5º As ações integralmente amortizadas
poderão ser substituídas por ações de
fruição, com as restrições fixadas pelo
estatuto ou pela assembléia-geral que
deliberar a amortização; em qualquer caso,
ocorrendo liquidação da companhia, as ações
amortizadas só concorrerão ao acervo
líquido depois de assegurado às ações não a
amortizadas valor igual ao da amortização,
corrigido monetariamente.
§ 6o Salvo disposição em contrário do estatuto
social, o resgate de ações de uma ou mais classes
só será efetuado se, em assembléia especial
convocada para deliberar essa matéria específica,
for aprovado por acionistas que representem, no
mínimo, a metade das ações da(s) classe(s)
atingida(s).(Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
Amortização: quando, a título antecipatório, recebe o que teria
direito no caso de dissolução da sociedade. A ação ordinária ou
preferencial que se tinha, é substituída por uma ação de gozo ou
fruição, para que se saiba que os direitos creditícios daquele
acionista já foram pagos antecipadamente.
Direitos Essenciais do Acionista: art. 109: nem estatuto nem
Assembléia Geral podem privar o acionista destes direitos. São eles:
Art. 109. Nem o estatuto social nem a
assembléia-geral poderão privar o acionista dos
direitos de:
I - participar dos lucros sociais;
II - participar do acervo da companhia, em caso
de liquidação;
III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a
gestão dos negócios sociais;
IV - preferência para a subscrição de ações,
partes beneficiárias conversíveis em ações,
debêntures conversíveis em ações e bônus de
subscrição, observado o disposto nos artigos 171
e 172;
V - retirar-se da sociedade nos casos previstos
nesta Lei.
Direito de voto não é direito essencial de acionista.
Formas de integralização das ações na S/A:
! Dinheiro;
! Bens;
! Créditos.
Não pode haver integralização com serviço.
b) Debêntures: art. 52, LSA
Art. 52. A companhia poderá emitir debêntures
que conferirão aos seus titulares direito de
crédito contra ela, nas condições constantes da
escritura de emissão e, se houver, do
certificado.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de
2001)
Quando S/A necessite de dinheiro, ela pode buscar financiamento em
bancos ou emitir debêntures. A emissão de debêntures é mais utilizada.
A Gradiente, quando se encontrava em crise, emitiu debêntures, que a
tiraram da crise. Hoje em crise novamente.
Caso a sociedade empresária não as pague na data aprazada, como
titular tem direito de crédito, pode ingressar com ação de execução,
tendo em vista que, de acordo com disposto no CPC, as debêntures
constituem-se como títulos executivos extrajudiciais.
As debêntures podem ser convertidas em ações.
A diferença com commercial paper: na debênture a lei não estabelece
prazo, só que o reembolso deverá ser feito a médio ou longo prazo.
c) Commercial Paper:
Tem a mesma estrutura das debêntures. A diferença é que aqui há
instrução normativa da CVM informando que os commercial paper
deverão ser pagos entre 30 a 180 dias.
d) Bônus de Subscrição: art. 75, parágrafo único, LSA:
Art. 75. A companhia poderá emitir, dentro do
limite de aumento de capital autorizado no
estatuto (artigo 168), títulos negociáveis
denominados "Bônus de Subscrição".
Parágrafo único. Os bônus de subscrição
conferirão aos seus titulares, nas condições
constantes do certificado, direito de subscrever
ações do capital social, que será exercido
mediante apresentação do título à companhia e
pagamento do preço de emissão das ações.
Título que confere ao seu titular direito de preferência na emissão de
novas ações.
Ex.: cia. em alta; ninguém consegue comprar ações. Emissão de bônus
de subscrição. Posteriormente, quando S/A emite novas ações, as
oferece para os titulares de bônus de subscrição.
Mas acionista não tem a preferência? Sim. Mas neste caso, quem tem o
bônus é que terá a preferência, pois, ao emitir o bônus, procura,
primeiramente, o acionista. Mais uma das formas de captação de
recurso.
e) Partes Beneficiárias: art. 46, LSA
Art. 46. A companhia pode criar, a qualquer
tempo, títulos negociáveis, sem valor nominal e
estranhos ao capital social, denominados "partes
beneficiárias".
§ 1º As partes beneficiárias conferirão aos seus
titulares direito de crédito eventual contra a
companhia, consistente na participação nos lucros
anuais (artigo 190).
§ 2º A participação atribuída às partes
beneficiárias, inclusive para formação de reserva
para resgate, se houver, não ultrapassará 0,1
(um décimo) dos lucros.
§ 3º É vedado conferir às partes beneficiárias
qualquer direito privativo de acionista, salvo o de
fiscalizar, nos termos desta Lei, os atos dos
administradores.
§ 4º É proibida a criação de mais de uma classe
ou série de partes beneficiárias.
Partes beneficiárias são títulos negociáveis sem valor nominal
estranhos ao capital social que conferirão aos seus titulares direito de
crédito eventual contra a companhia, consistente na participação dos
lucros anuais durante determinado tempo. Ex.: 3% dos lucros anuais
por cinco anos.
Também confere direito de crédito; todavia, tal direito é eventual, pois,
se tem o lucro, recebe; caso não haja, não recebe nada.
Estranhas ao capital social: ações são frações do capital social. Deste
modo, quando diz que, embora participe dos lucros, não se considera
acionista, ou seja, não tem os direitos próprios dos acionistas.
7) SOCIEDADES COLIGADAS OU LIGAÇÕES SOCIETÁRIAS: possua a maioria
dos votos nas deliberações dos quotistas ou da assembléia geral e o poder de
eleger a maioria dos administradores;
II - a sociedade cujo controle, referido no inciso
antecedente, esteja em poder de outra, mediante
ações ou quotas possuídas por sociedades ou
sociedades por esta já controladas.
A controlada pode ser direta ou indireta.
8) REORGANIZAÇÕES SOCIETÁRIAS:
a) Transformação:
É a operação pela qual, a sociedade passa, independentemente de
dissolução e liquidação, de tipo societário para outro.
Transformação não é forma de extinção, diversamente do que ocorre
com a fusão, incorporação ou cisão.
b) Fusão:
É a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades, extinguindo
estas e dando origem a uma nova sociedade que lhes sucederá em
todos os direitos e obrigações.
c) Incorporação:
É a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por
outra que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. A
incorporadora continua em atividade, sendo, entretanto, acrescentada
de B, a qual será extinta. Não há criação de uma nova sociedade, como
ocorre na fusão.
d) Cisão:
Operação na qual sociedade transfere parcelas do seu patrimônio para
uma ou mais sociedades, constituídas para este fim ou já existentes,
extinguindo-se a companhia cindida. Será total, se houver versão de
todo o seu patrimônio ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão.
Haverá extinção somente na cisão total. A cisão parcial se configura
como reorganização societária.
EXERCICIOS – SOCIEDADES PERSONIFICADAS 1. O Sr. Nordano Silva, Ricardo Silva, Alberto Silva e Carlos Silva são sócios de
uma sociedade limitada empresária, cujo objeto social é compra e venda de bens
móveis e imóveis. A administração da sociedade compete aos sócios Nordano e
Ricardo, em conjunto ou isoladamente, podendo cada um assinar pela sociedade
sem a presença do outro. Após terem acesso a publicação de balanços de
concorrentes, resolveram capitalizar a sociedade. Em razão disto, os
administradores resolveram vender vários bens imóveis de propriedade da
sociedade. Os outros sócios, Alberto e Carlos, procuram por você e formulam a
seguinte consulta: é legal o que os administradores da sociedade fizeram,
vendendo bens imóveis da sociedade, sem a nossa autorização? Explique
analisando todas as peculiaridades do caso.
2. A Clínica de Repouso Santa Clara LTDA, sociedade constituída por tempo
indeterminado com capital de seis sócios, cujas cotas integralizadas eram em
número de 100 para cada um e um patrimônio total avaliado em três milhões de
reais, por meras divergências de natureza administrativa, sem qualquer previsão
legal, teve um dos sócios Joaquim da Silva expulso da sociedade pelos demais, sem
qualquer ressarcimento ou apuração de haveres, o que causou imediata reação por
parte do sócio prejudicado, através da competente ação judicial. Pergunta-se: a)
qual é a ação proposta pelo mesmo, no sentido de recuperar seu capital investido?
b) a forma utilizada pela sociedade foi correta? Discorra sobre a expulsão de sócio,
fundamentando sua resposta.
3. A empresa Astra LTDA de comércio de material de construção estipulou em seu
contrato constitutivo de 2003 como seria a participação de cada sócio nos lucros da
empresa, à razão de 10% para cada um, apurados no final do exercício.
Posteriormente, alterou-se o contrato social para, a partir de 2004, por deliberação
de 75% dos sócios, no sentido de que este percentual atinja 20% e cujo registro da
ata de alteração se dê no órgão competente. Pergunta-se: o procedimento é
correto ou não? Fundamentar legalmente.
4. Em uma sociedade limitada constituída em 1998, com contrato arquivado na
junta comercial, Alfonso, titular de 55% do capital social, durante reunião de sócios
sem a participação da maioria dos membros do corpo social, aprovou, contra o voto
dos demais presentes, a alteração do objeto para substituir a atividade social, até
então voltada para a comercialização de artigos infantis, pela comercialização de
artigos militares, incluindo-se uniformes. Os demais sócios, que se opuseram à
alteração da atividade social, alegando a ilegalidade da deliberação por parte do
sócio Alfonso, decidiram exercer seu direito de retirada e pagamento de haveres, o
que foi feito tempestivamente.
O pedido dos sócios dissidentes foi rejeitado por Alfonso, sob a justificativa do
efeito legal da deliberação, visto que, desde a constituição da sociedade, está
previsto no contrato que as alterações possam ser efetivadas por maioria simples
do capital social; ademais, segundo Alfonso, o gênero da atividade -
comercialização de bens - permanece o mesmo. Para negar o pagamento de
haveres aos sócios dissidentes, Alfonso alegou também que o contrato social prevê
a regência supletiva pela Lei das Sociedades Anônimas (S.A.).
Com base na situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado da
sociedade, redija a peça profissional - parecer - acerca do caso, incluindo respostas
justificadas às questões a seguir:
- A deliberação tomada por Alfonso e o argumento por ele apresentado são válidos?
- A alteração do objeto, nos termos descritos no enunciado, autoriza o recesso?
- A regência supletiva do contrato pela Lei das S.A. ampara a atitude do sócio
majoritário?
- Mantendo-se inarredável o sócio Alfonso em suas convicções, que medida podem
tomar os demais sócios?
5. Pedro Régis, Bernardino Batista, José de Moura e Caldas Brandão são os únicos
sócios da sociedade Laticínios Zabelê Ltda. EPP. O primeiro sócio é titular de 70%
(setenta por cento) do capital e os demais sócios possuem 10% (dez por cento)
cada. Todos os sócios são domiciliados em Rio Tinto, Estado da Paraíba, onde
também é a sede da pessoa jurídica. A administraç ão da sociedade cabe,
alternativamente, aos sócios Pedro Régis e José de Moura.
A sociedade foi constituída em 1994 e seu quadro social manteve-se inalterado até
os dias atuais. O capital social, aumentado em 2010, é de R$ 1.700.000,00 (hum
milhão e setecentos mil reais), totalmente integralizado.
Em 26/03/2012, Caldas Brandão ficou vencido na deliberaç ão dos sócios, tomada
em assembleia, que aprovou a ampliaç ão do objeto social para incluir a atividade
de beneficiamento e comercializaç ão de milho. Profundamente insatisfeito com os
novos rumos que a sociedade iria tomar e com os efeitos da deliberaç ão, o sócio
dissidente manifestou aos demais sócios por escrito, em 15/04/2012, sua
pretensão de retirar-se da sociedade, em caráter irrevogável, caso a decisão não
fosse revertida. Os sócios afirmaram que não mudariam a decisão, e que não
caberia outra alternativa a Caldas Brandão senão conformar-se com o ocorrido, em
face do princípio majoritário das deliberaç ões sociais.
Em razão da negativa manifestada pelos demais sócios com a pretensão de
retirada, Caldas Brandão procura um advogado, no dia 15 de maio de 2012, para
orientá-lo na defesa de seus interesses. Pelas informaç ões e documentos
apresentados, verifica-se que:
(i) a sociedade foi constituída por prazo determinado, até 31 de dezembro de 2000,
prorrogada a vigê ncia do contrato por 20 (vinte) anos, a contar de 1o de janeiro
de 2001;
(ii) o contrato social prevê a livre cessão das quotas;
(iii) não há cláusula de regê ncia supletiva pela lei das sociedades por aç ões.
Com base nas informaç ões prestadas e que a Comarca de Rio Tinto é de Vara
Única, elabore a peç a adequada na defesa dos direitos do sócio. (Valor: 5,0)
6. Em 09/10/2011, Quilombo Comércio de Equipamentos Eletrô nicos Ltda., com
sede e principal estabelecimento em Abelardo Luz, Estado de Santa Catarina, teve
sua falê ncia requerida por Indústria e Comércio de Eletrô nicos Otacílio Costa
Ltda., com fundamento no Art. 94, I, da Lei n. 11.101/05. O devedor, em profunda
crise econô mico-financeira, sem condiç ão de atender aos requisitos para
pleitear sua recuperaç ão judicial, não conseguiu elidir o pedido de fale�ncia. O
pedido foi julgado procedente em 11/11/2011, sendo nomeado pelo Juiz de Direito
da Vara Única da Comarca de Abelardo Luz, o Dr. José Cerqueira como
administrador judicial.
Ato contínuo à assinatura do termo de compromisso, o administrador judicial
efetuou a arrecadaç ão separada dos bens e documentos do falido, além da
avaliaç ão dos bens. Durante a arrecadaç ão foram encontrados no
estabelecimento do devedor 200 (duzentos) computadores e igual número de
monitores. Esses bens foram referidos no inventário como bens do falido,
adquiridos em 15/09/2011 de Informática e TI d ́Agronô mica Ltda. pelo valor de
R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais).
Paulo Lopes, único administrador de Informática de TI d ́Agronô mica Ltda.,
procura você para orientá-lo na defesa de seus interesses diante da falê ncia de
Quilombo Comércio de Equipamentos Eletrô nicos Ltda. Pelas informaç ões e
documentos apresentados, fica evidenciado que o devedor não efetuou nenhum
pagamento pela aquisiç ão dos 200 (duzentos) computadores e monitores, que a
venda foi a prazo e em 12 (doze) parcelas, e que a mercadoria foi recebida no dia
30/09/2011 por Leoberto Leal, gerente da sociedade.
Diligente, você procura imediatamente o Dr. José Cerqueira e verifica que consta
do auto de arrecadaç ão referê ncia aos computadores e monitores, devidamente
identificados pelas informaç ões contidas na nota fiscal e número de série de cada
equipamento. A mercadoria foi avaliada pelo mesmo valor da venda - R$
400.000,00 - e ainda está no acervo da massa falida.
Na qualidade de advogado(a) de Informática e TI d ́Agronô mica Ltda., elabore a
peç a adequada, ciente de que não é do interesse do cliente o cumprimento do
contrato pelo administrador judicial. (Valor: 5,0)
7. Em 27/02/2011, XYZ Alimentos S.A., companhia aberta, ajuizou aç ão para
responsabilizar seu ex-diretor de planejamento, “M”, por prejuízos causados à
companhia decorrentes de venda, realizada em 27/09/2005, de produto da
Companhia a preç o inferior ao de mercado, em troca de vantagem pessoal.
Em sua defesa, “M” alegou que não houve a realizaç ão prévia de assembleia da
companhia que houvesse deliberado o ajuizamento da demanda e que as contas de
toda administraç ão referentes ao exercício de 2005 haviam sido aprovadas pela
assembleia geral ordinária, ocorrida em 03/02/2006, cuja ata foi devidamente
arquivada e publicada na imprensa oficial no dia 05/02/2006, não podendo este
tema ser passível de rediscussão em razão do decurso do tempo.
Em sede de recurso, a 1a Câ mara Cível do Tribunal de Justiç a do Estado do
Piauí reconheceu os fatos de que (i) não houve a prévia assembleia para aprovar
ajuizamento da aç ão; e de que (ii) as contas de “M” referentes ao exercício de
2005 foram aprovadas em uma assembleia, em cujas deliberaç ões não se
verificou erro, dolo, fraude ou simulaç ão incorridos ou perpetrados por quem dela
participou. No entanto, manteve a condenaç ão do ex-diretor que havia sido
imposta pela sentenç a da 1a instâ ncia, que entendeu prevalecer, no caso, o art.
158, I, da Lei n. 6.404/76, sobre qualquer outro dispositivo legal desta Lei,
sobretudo os que embasam os argumentos de “M”.
Assim, na qualidade de advogado de “M” e utilizando os argumentos por ele
expendidos em sua defesa, diante do acórdão proferido pelo Tribunal, elabore a
peç a cabível. Para tanto, suponha que o Tribunal de Justiç a do Estado do Piauí
possua apenas o total de 10 varas cíveis, duas câ maras cíveis e nenhuma vice-
presidê ncia.
Deve ser levado em consideraç ão, pelo examinando, que não cabem Embargos
de Declaraç ão. A simples menç ão ou transcriç ão do dispositivo legal não
pontua. (Valor: 5,0)
8. João, economista renomado, foi durante cinco anos acionista da Garrafas
Produç ão e Comércio de Bebidas S.A.
Seis meses depois de ter alienado a totalidade de suas aç ões, é nomeado
Conselheiro de Administraç ão da Companhia. Preocupado com as suas novas
responsabilidades, João consulta um advogado para esclarecer as seguintes
dúvidas:
A) João pode residir no exterior? (Valor: 0,50)
B) João já ocupa o cargo de conselheiro fiscal de Alfa Comércio de Eletrô nicos
S.A. Ele precisa renunciar ao cargo?
(Valor: 0,25)
C) O fato de João ter alienado a totalidade das aç ões de emissão da companhia
que possuía em sua titularidade, não sendo, portanto, acionista da Garrafas
Produç ão e Comércio de Bebidas S.A, representa um fato impeditivo à
ocupaç ão do cargo? (Valor: 0,50)
Responda, justificadamente, empregando os argumentos jurídicos apropriados e
apresentando a fundamentaç ão legal pertinente ao caso.
9. João e Carlos são administradores da Snob Veículos Importados S.A., pessoa
jurídica com capital social de R$ 1.500.000,00 e com domicílio na cidade de
Goiâ nia – GO. João, acionista da companhia, no último exercício social, praticou
vários atos contrários à lei e ao estatuto da sociedade empresária, além de cometer
atos culposos e dolosos. Contratada empresa de auditoria, foi constatado que João
causara prejuízos à referida sociedade por comprar veículo por valor superior ao de
mercado, vender veículos, a prazo, a terceiros, sem cláusula de atualizaç ão
monetária, por vender veículos com prejuízo, utilizar bens da sociedade para uso
particular e usar recursos da companhia para manutenç ão de bens particulares.
Carlos, amigo íntimo de João, mesmo tendo tomado conhecimento de todos os atos
ilícitos perpetrados, não tomou qualquer atitude em relaç ão aos fatos: não
informou os demais dirigentes da companhia nem tentou impedir as práticas de
João. Instalada assembleia geral, foi decidido que a companhia não promoveria
aç ão de responsabilidade contra João. Contudo, Marcos e Sandoval, acionistas
que representam 15% do capital social, ajuizaram aç ão de reparaç ão de danos
contra João e Carlos, a fim de verem reparados os prejuízos causados à Snob
Veículos Importados S.A. Em sede de contestaç ão, os réus alegaram a
ilegitimidade ativa ad causam de Marcos e Sandoval; a ilegitimidade passiva de
Carlos, por ele não ter praticado qualquer ato ilícito; a ilegalidade da conduta de
Marcos e Sandoval, que promoverem a aç ão de reparaç ão de danos a despeito
da decisão da assembléia geral. Arguiram, ainda, que os pedidos insertos na
petiç ão inicial seriam incertos e indeterminados e que não teriam sido praticados
quaisquer atos ilícitos por parte dos administradores. Assim, o juízo competente
determinou aos autores que se manifestassem, no prazo de 10 dias.
Considerando a situaç ão hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a)
constituído(a) por Marcos e Sandoval, elabore a peç a profissional que entender
cabível para a defesa dos interesses de seus clientes, abordando, com fulcro na
doutrina e na jurisprudê ncia, todos os aspectos de direito material e processual
pertinentes.
TÍTULOS DE CRÉDITOS
A legislação aplicável vai depender do título, assim, temos no caso de
LETRA DE CÂMBIO e NOTA PROMISSÓRIA a aplicação do Decreto 57.663/66,
também denominado Lei Uniforme. Se o assunto for CHEQUE será aplicado a Lei
7.357/85. Se o assunto for DUPLICATA será aplicado a lei 5.474/68.
E quanto às disposições do CC aos títulos de crédito? Perceba que sua
aplicação é subsidiária conforme o art. 903, CC.
PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.
01. CARTULARIDADE: por esse princípio o crédito deve estar representado
(materializado) em um documento (título). Para a transferência do crédito é necessária a
transferência do documento. Não há que se falar em exigibilidade do crédito sem a
apresentação do documento.
Para a transferência do crédito não é suficiente o endosso.
Veja o art. 585, I, CPC – se não houver o pagamento de um cheque, letra de câmbio,
nota promissória, será necessária uma ação de execução e para tanto, não é possível
utilizar a cópia autenticada dos mesmos, é necessário o documento. O STJ admite a
cópia em casos raros, como por exemplo, se o mesmo estiver sendo objeto de uma ação
de estelionato. Veja: REsp 820.121-ES, Rel. originário Min. Humberto Gomes de
Barros, Rel. para o acórdão Min. Sidnei Beneti, julgado em 10/8/2010.
Obs.: É interessante o tema da “despapelização” dos títulos de crédito, diante dos
avanços tecnológicos na modernidade, ao os quais relativizaram tal princípio.
Exemplo claro da mitigação da exigência da cártula seria a possibilidade de emissão das
duplicatas eletrônicas nos dias atuais, isto é, retirando a necessidade de sua existência
via cártula.
.
02. LITERALIDADE: por esse princípio, só tem validade para o direito cambiário
aquilo que está literalmente escrito em um título de crédito, o que representa mais uma
garantia ao credor.
Dessa forma, o endosso e o aval podem ser dados, mas devem ser feitos no próprio
título. Só tem validade aquilo que está constando literalmente no título de crédito. Da
mesma forma, o termo de quitação deve ser dado no título de crédito, e não em um
papel separado.
03. AUTONOMIA: note as seguintes situações:
- as relações jurídico-cambiais são autônomas e independentes entre si (abstração).
- o devedor não poderá opor exceções pessoais a terceiros de boa-fé (inoponibilidade).
Dessa forma, imagine, Alexandre está interessado em comprar um celular e Renato está
querendo vender o celular dele. O celular será vendido no valor de 500 reais e
Alexandre quer pagar através de uma Nota Promissória. Quando Alexandre começa a
desfrutar do mesmo, percebe que ele não funciona direito, e devolve o celular e pede a
nota promissória, mas Renato se recusa a devolvê-la, e se ele chegar a executar a nota,
Alexandre pode apresentar uma exceção pessoal. Perceba que a causa de que deu
origem a essa promissória foi a compra e venda do celular (isso é denominado de causa
subjacente). Imagine que Renato endossa essa nota promissória e a transfere para um
terceiro de boa-fé. Na data do vencimento, o que agora possui a nota vai procurar
Alexandre para o pagamento da nota. Pela autonomia, as relações jurídico-cambiais são
autônomas e independentes entre si. Dessa forma, Alexandre não pode se recusar ao
pagamento dessa nota para o terceiro de boa-fé, somente contra o Renato. Para o
terceiro, pouco importa a causa que deu origem ao surgimento do crédito, ele tem o seu
direito de crédito garantido. À medida que o título circula para um terceiro de boa-fé,
ele se desprende da causa de origem da emissão.
OBS: EXECUTIVIDADE não é princípio, é um atributo do título de crédito, elencados
no artigo 585 do CPC.
CLASSIFICAÇÃO
Existem cerca de 13 classificações, mas para fins didáticos e para concursos serão
estudadas apenas 04 classificações.
01. QUANTO AO MODELO: Materialização
a) VINCULADO: é aquele cuja forma, o modelo vem previamente definido em
legislação. Exemplo: duplicata e cheque.
b) LIVRE: é aquele cuja forma não vem definida em lei. Ex: nota promissória e letra de
câmbio.
02. QUANTO ÀS HIPÓTESES DE EMISSÃO: Causa
a) CAUSAL: é aquele que só pode ser emitido mediante a ocorrência de uma
determinada causa definida em legislação. Exemplo: duplicata (depende de uma compra
e venda mercantil ou de uma prestação de serviços) – art. 20 da Lei n. 5474/68.
b) NÃO CAUSAL: pode ser emitido em qualquer causa, em qualquer circunstância.
Exemplo: Cheque.
03. QUANTO À SUA CIRCULAÇÃO: Como
a) AO PORTADOR: é aquele que não identifica o beneficiário. Ele circula com a
simples nominação.
b) NOMINAL: é aquele que identifica o beneficiário. Para sua circulação depende se o
mesmo é à ordem ou não à ordem.
- Se for à ordem, circula por meio de endosso. Quem transfere por endosso
responde pela existência e pela solvência do título. Há uma presunção de que os títulos
são à ordem, já que é o que traz mais garantias, é a regra.
- Se for não à ordem, circula por meio de cessão civil. Quem transfere pela
cessão civil responde apenas pela existência, não reponde pela solvência, ou seja, não
tem responsabilidade pelo pagamento. O emitente não goza do princípio da
inoponibilidade, podendo alegar o que lhe aprouver em matéria de defesa.
OBS: Essa classificação é mais tradicional. Desde a lei 8.021/90 não se admitem mais
títulos ao portador, salvo se lei especial permitir o seu uso. Exemplo: Lei 9.069/95, art.
69.
OBS: ART. 914, CC:
Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso, não responde o endossante pelo cumprimento da prestação constante do título.
§ 1o Assumindo responsabilidade pelo pagamento, o endossante se torna devedor solidário.
§ 2o Pagando o título, tem o endossante ação de regresso contra os coobrigados anteriores.
Para o CC o endosso tem o mesmo efeito de cessão civil. E, de acordo com o CC, o
endossante não responde pela solvência do título, somente de acordo com a lei especial.
c) NOMINATIVO: Trata-se de inovação legislativa. Além de identificar o beneficiário,
o título nominativo transfere-se mediante termo, em registro do emitente, assinado pelo
proprietário e pelo adquirente. Está previsto nos arts. 921/922 do CC/02.
Art. 922. Transfere-se o título nominativo mediante termo, em registro do emitente, assinado pelo proprietário e pelo adquirente.
04. QUANTO À ESTRUTURA: Figuras intervenientes no ato da emissão
a) ORDEM DE PAGAMENTO: temos 03 intervenientes
- dá a ordem: sacador/emitente
-recebe a ordem: sacador
- destinatário da ordem: tomador/beneficiário
Exemplo: os demais títulos – duplicata, cheque e letra de câmbio.
b) PROMESSA DE PAGAMENTO: temos 02 intervenientes
- promitente
- tomador/beneficiário
Exemplo: nota promissória.
05. QUANTO À ESSÊNCIA : O porquê
a) PRÓPRIO: É aquele que traz em si uma verdadeira operação de crédito. Ex.: letra de
câmbio e nota promissória.
b) IMPRÓPRIO: Encerram outras operações. Ex.: cheque e duplicata.
LETRA DE CÂMBIO
- dá a ordem (é denominado de SACADOR ou EMITENTE)
- recebe a ordem (é denominado de SACADO). É ele quem dá o aceite.
- tomador/beneficiário
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
- Decreto 2044/1908
- Decreto 57663/66 (Lei Uniforme de Genebra)
- Código Civil de 2002
Saque é a emissão ou criação do título de crédito.
Aceite é o ato de concordância com a ordem de pagamento dada. É ato cambiário
privativo do sacado, somente ele pode dar o aceite. Quando o sacado dá o aceite, ele se
torna o devedor principal do título. Neste caso o sacador será apenas um co-devedor do
mesmo. Dessa forma, por serem devedores solidários, fica a critério do credor escolher
quem será o executado, mas se ele escolher diretamente o sacador para pagamento do
título, o mesmo terá o direito de regresso contra o devedor principal, coisa que este não
vai possuir.
Em caso de RECUSA DO ACEITE temos os seguintes efeitos:
a) tornar o sacador como devedor principal
b) vencimento antecipado do título de crédito
Caso não exista cláusula não à ordem, o tomador/beneficiário pode endossar esse título,
e OS EFEITOS DO ENDOSSO nesse caso são:
a) Transferência da titularidade do crédito do endossante para o endossatário (quem está
recebendo).
b) tornar o endossante co-devedor do título. O endosso pode ser dado no VERSO e para
isso, basta uma simples assinatura. E no ANVERSO? É possível endossar dessa forma?
Sim, mas, para tanto, não basta a assinatura, pois além dela é necessário uma expressão
identificadora, tais como: “pague-se a”, “endosso a” etc.
Além disso, o endosso pode ser EM PRETO (está identificado o endossatário) ou EM
BRANCO (quando não está identificado o endossatário).
É possível o ENDOSSO PARCIAL? Perceba que o endosso se aperfeiçoa com a
tradição, com a entrega do título, dessa forma, o endosso parcial é NULO, não sendo
admitido.
E o que é ENDOSSO PÓSTUMO ou TARDIO? É aquele dado depois do vencimento
do título, o que é perfeitamente possível, mas o mais importante é saber quais serão os
seus efeitos:
- se foi dado apenas depois do vencimento, tem efeito de endosso.
- se além do vencimento teve protesto, ou ainda, a expiração do prazo de protesto, ele
não tem mais efeito de endosso, e sim, efeito de cessão civil.
E o que é ENDOSSO IMPRÓPRIO? O que foi estudado até agora recebe o nome de
endosso próprio ou translativo. As espécies de endosso impróprio são:
- endosso mandato ou endosso por procuração
- endosso caução ou pignoratício
O endosso impróprio não opera a transferência da titularidade do crédito, ele tem a
finalidade de legitimar a posse de um terceiro. Dessa forma, contratar o serviço de
cobrança de um banco é necessário dar o endosso mandato para que se legitime a posse
do mesmo, assim estará escrito “endosso para cobrança”.
Já o endosso caução é aquele que serve para instituir penhor sobre o título de crédito,
para dar garantia.
AVAL
-avalista
- avalizado (devedor principal ou co-devedor)
O aval é GARANTIA, não transfere nenhum tipo de titularidade.
Como se faz o aval? No anverso do título, é necessária apenas a simples assinatura,
enquanto no endosso é necessária também a expressão identificadora. Porém, não se
esqueça de que, no verso, a simples assinatura do título completa o endosso, já para o
aval, também é necessária uma expressão identificadora.
O aval também pode ser EM PRETO ou EM BRANCO (não identifica o avalizado).
No aval em branco, somente o sacador emitente é que será o avalizado.
É possível o AVAL PARCIAL? Decreto 57.663/66, art. 30:
Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma determinada, pode ser garantido por aval.
Parágrafo único. É vedado o aval parcial.
AVAL FIANÇA
Só em título de crédito. Só em contrato.
É autônomo.
OBS: Em caso de morte do avalizado ou
sua incapacidade o avalista continua
responsável, justamente porque o aval é
autônomo.
É acessório.
Não possui benefício de ordem. Possui benefício de ordem.
OBS: Antes existia uma quarta diferença, preconizada no artigo 1.647 do CC, que não
mais subsiste, de acordo com o enunciado nº 132 das Jornadas de Direito Civil.
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada.
ENUNCIADO Nº 132:
Proposição sobre o art. 1.647, inc. III, do novo Código Civil: OUTORGA CONJUGAL EM AVAL. Suprimir as expressões “ou aval” do inc. III do art. 1.647 do novo Código Civil. Justificativa: Exigir anuência do cônjuge para a outorga de aval é afrontar a Lei Uniforme de Genebra e descaracterizar o instituto. Ademais, a celeridade indispensável para a circulação dos títulos de crédito é incompatível com essa exigência, pois não se pode esperar que, na celebração de um negócio corriqueiro, lastreado em cambial ou duplicata, seja necessário, para a obtenção de um aval, ir à busca do cônjuge e da certidão de seu casamento, determinadora do respectivo regime de bens.
ESPÉCIES DE VENCIMENTO DE UMA LETRA DE CÂMBIO
a) À VISTA: o título é exigível de imediato, a qualquer tempo.
b) COM DATA CERTA ou FIXADA/ À PRAZO: fixa data futura e certa em que o
título vence.
c) A CERTO TERMO DA VISTA: é o número “x” de dias contados de uma data
inicial. E conta-se da data do aceite.
d) A CERTO TERMO DA DATA: é o número “x” de dias contados de uma data inicial.
E conta-se da data da emissão do título. Inclusive a doutrina critica isso.
Obs.: Na contagem do prazo na letra a tempo certo da vista e a tempo certo da data, não
se inclui o dia do aceite nem o dia da emissão, respectivamente.
NOTA PROMISSÓRIA
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
- Decreto 2044/1908
- Decreto 57663/66 (Lei Uniforme de Genebra)
- Código Civil de 2002
- Existem apenas duas figuras intervenientes (promessa de pagamento):
1) promitente ou subscritor ou emitente. Aqui não há a figura do sacado, já que esse
recebe a ordem de pagamento e, no entanto, o que temos aqui é a promessa de
pagamento. E quanto ao aceite? Existe? Não. Dessa forma, não se admite o aceite em
uma nota promissória.
2) tomador/beneficiário
As mesmas regras do endosso e do aval para pagamento e vencimentos se aplicam
também para a nota promissória.
E sobre a nota promissória aplica-se o princípio da autonomia? Sim, mas não se esqueça
da súmula 258 do STJ.
Súmula 258 - Enunciado A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou.
E, neste caso, a nota promissória não goza de autonomia.
DUPLICATA
É título causal
- compra e venda mercantil
- prestação de serviços
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
- Lei 5474/68 (Lei das Duplicatas)
- Aplicam-se subsidiariamente:
- Decretos 2044/1908 e 57663/66
- Lei 9492/97
Na compra e venda mercantil é obrigatória a emissão da fatura (documento que
comprova a C/V mercantil) e desta, poderá ser emitida uma duplicata.
- sacador: é o vendedor ou o prestador de serviço.
- sacado: é o comprador ou aquele que recebeu a prestação do serviço.
- tomador/beneficiário: vendedor ou o prestador do serviço.
A figura do aceite na duplicata é OBRIGATÓRIA, ao contrário do caso da letra de
câmbio. E há alguma situação em que o aceite pode ser recusado? Sim, a lei prevê
algumas hipóteses em que a renúncia é admitida. Porém, inexiste a possibilidade do
aceite parcial.
HIPÓTESES LEGAIS QUE PERMITEM A RECUSA DO ACEITE NA DUPLICATA
(art. 8º da Lei das Duplicatas):
a) Em caso de avaria/não recebimento da mercadoria/não prestação do serviço.
b) Em caso de vício/defeito de quantidade ou qualidade.
c) Divergência quanto a prazo, preço e condições de pagamento.
CHEQUE
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
- Lei 7.357/85
É uma ordem de pagamento à vista e considera-se não escrita qualquer menção em
contrário. Logo aquela cláusula de “bom para”, que consubstancia a pós-datação do
cheque, é considerada como não escrita para o direito cambiário. E a boa-fé objetiva?
Isso é assunto para o direito civil (vide súmula 370 do STJ]), pois para o direito
empresarial, é considerado como não escrito.
SÚMULA Nº 370/STJ:
CARACTERIZA DANO MORAL A APRESENTAÇÃO ANTECIPADA DE
CHEQUE PRÉ-DATADO.
Obs.: A pós-datação do cheque não modifica seu prazo de apresentação nem o prazo de
prescrição do título. (STJ. 4ª Turma. REsp 1.124.709-TO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 18/6/2013 (Info 528).
REQUISITOS DO CHEQUE
- constar a expressão “cheque”
- ordem incondicional de pagamento de quantia determinada
- constar o nome do banco ou da instituição financeira pagadora
- indicação do lugar de pagamento
- indicação da data e do lugar de emissão
- assinatura
Art . 1º O cheque contêm:
I - a denominação ‘’cheque’’ inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é redigido;
II - a ordem incondicional de pagar quantia determinada;
III - o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado);
IV - a indicação do lugar de pagamento;
V - a indicação da data e do lugar de emissão;
VI - a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais.
Parágrafo único - A assinatura do emitente ou a de seu mandatário com poderes especiais pode ser constituída, na forma de legislação específica, por chancela mecânica ou processo equivalente.
Art . 2º O título, a que falte qualquer dos requisitos enumerados no artigo precedente não vale como cheque, salvo nos casos determinados a seguir:
I - na falta de indicação especial, é considerado lugar de pagamento o lugar designado junto ao nome do sacado; se designados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro deles; não existindo qualquer indicação, o cheque é pagável no lugar de sua emissão;
II - não indicado o lugar de emissão, considera-se emitido o cheque no lugar indicado junto ao nome do emitente.
OBS: há requisitos não essenciais ou supríveis ou acidentais. São eles: art. 2°, I e II.
Perceba que a data de emissão não é requisito suprível, mas o lugar de emissão é.
Súmula 387, STF
A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto.
- sacador (correntista)
- sacado (banco ou instituição financeira)
- tomador (credor)
Há a figura do aceite no cheque? Se tiver fundo disponível o banco está obrigado a
pagá-lo. Não se admite o aceite.
Art . 6º O cheque não admite aceite considerando-se não escrita qualquer declaração com esse sentido.
E sobre o ENDOSSO NO CHEQUE? Pode ser no verso, anverso, em preto, em branco,
e não pode ser parcial, assim como na duplicata.
Tem limite de endosso para o cheque? Antes, só se admitia um endosso (em razão da
CPMF). Agora, cheque não tem mais limite de endosso.
Cabe endosso mandato no cheque? Sim, mas tem uma regra importante a ser observada.
Quem endossa é denominado endossante-mandante. E há também o endossatário-
mandatário. E se ocorrer a morte do endossante mandante, há extinção desse endosso
mandato? Veja a regra geral, art. 682, CC:
Art. 682. Cessa o mandato:
I - pela revogação ou pela renúncia;
II - pela morte ou interdição de uma das partes;
III - pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o mandatário para os exercer;
IV - pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio.
E, neste caso, temos a lei de cheque:
Art . 26 Quando o endosso contiver a cláusula ‘’valor em cobrança’’, ‘’para cobrança’’, ‘’por procuração’’, ou qualquer outra que implique apenas mandato, o portador pode exercer todos os direitos resultantes do cheque, mas só pode lançar no cheque endosso-mandato. Neste caso, os obrigados somente podem invocar contra o portador as exceções oponíveis ao endossante.
Parágrafo único. O mandato contido no endosso não se extingue por morte do endossante ou por superveniência de sua incapacidade.
Se existirem dois ou mais cheques para pagamento de forma simultânea e o correntista
não possui fundos para pagamento de ambos, qual o que será pago primeiro? Será pago
o cheque de data de emissão mais antiga. E se a data for a mesma? Paga-se o cheque de
número inferior (numeração do cheque).
Em caso de pagamento parcial do cheque, é possível ao portador do cheque recusar o
seu pagamento parcial? Veja o art. 38, parágrafo único:
Art . 38 O sacado pode exigir, ao pagar o cheque, que este lhe seja entregue quitado pelo portador.
Parágrafo único. O portador não pode recusar pagamento parcial, e, nesse caso, o sacado pode exigir que esse pagamento conste do cheque e que o portador lhe dê a respectiva quitação.
Se o banco sacado quiser dar pagamento parcial, o portador do cheque não pode recusar
a recebê-lo, mas não é permitido a ele exigir esse tipo de pagamento.
E em caso de conta conjunta, como fica essa situação? E se um deles emite cheque sem
provisão de fundos, quem deve figurar como pólo passivo dessa ação? O STJ sobre esse
assunto aceita a solidariedade ativa no sentido em que ambos podem movimentar a
conta, mas não há que se falar na conta conjunta sobre a solidariedade passiva e,
portanto, somente aquele que emitiu o cheque é o responsável pelo pagamento. REsp
336.632
Processo
REsp 336632 / ES
RECURSO ESPECIAL
2001/0092088-0
Relator(a)
Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR (1110)
Órgão Julgador
T4 - QUARTA TURMA
Data do Julgamento
06/02/2003
Data da Publicação/Fonte
DJ 31.03.2003 p. 227
Ementa
COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. AUTORA. NOME
DE FANTASIA SEMELHANTE À DENOMINAÇÃO CORRETA.
ILEGITIMIDADE ATIVA AFASTADA. CHEQUES. CO-TITULARIDADE DE
CONTA BANCÁRIA CONJUNTA. INSUFICIÊNCIA DE FUNDOS.
ILEGITIMIDADE PASSIVA DO CORRENTISTA NÃO EMITENTE DA
CÁRTULA. LEI N. 7.357/85, ART. 51.
I. Mera discrepância, inclusive diminuta, entre o nome da empresa
credora mencionado no cheque e a sua denominação social verdadeira,
não constitui motivo para afastar a sua legitimidade ativa para a
cobrança, via monitória, do valor devido.
II. Ilegitimidade passiva, contudo, do esposo da emitente da
cártula, posto que na qualidade de co-titular de conta corrente
conjunta, inobstante possua legitimidade para movimentar os fundos
de que também é proprietário, não o torna co-responsável pelas
dívidas assumidas por sua esposa individualmente, em face da emissão
de cheques destituídos de cobertura financeira, pelos quais somente
ela responde.
III. Precedentes do STJ.
IV. Recurso especial conhecido em parte e provido, para excluir o
recorrente da lide.
Prazo de apresentação do cheque:
- 30 dias: mesma praça
- 60 dias: em praça diferente
Contados da data de emissão.
Art . 33 O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior.
Parágrafo único - Quando o cheque é emitido entre lugares com calendários diferentes, considera-se como de emissão o dia correspondente do calendário do lugar de pagamento.
Finalidade do prazo de apresentação:
a) Quando tratarmos do prazo prescricional, para o emitente do cheque é contado do fim
do prazo de apresentação. Dessa forma, a finalidade é dar início ao prazo prescricional.
b) O art. 47, II da Lei de Cheque diz que só é possível a execução do endossante do
cheque se ele foi apresentado no prazo legal. Perceba que não se pode executar o
endossante, mas é possível endossar o emitente. O STF editou a súmula 600 para
resolver esse caso.
SÚMULA Nº. 600
CABE AÇÃO EXECUTIVA CONTRA O EMITENTE E SEUS AVALISTAS, AINDA
QUE NÃO APRESENTADO O CHEQUE AO SACADO NO PRAZO LEGAL,
DESDE QUE NÃO PRESCRITA A AÇÃO CAMBIÁRIA.
Art . 47 Pode o portador promover a execução do cheque:
I - contra o emitente e seu avalista;
II - contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque apresentado em tempo hábil e a recusa de pagamento é comprovada pelo protesto ou por declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por câmara de compensação.
§ 1º Qualquer das declarações previstas neste artigo dispensa o protesto e produz os efeitos deste.
§ 2º Os signatários respondem pelos danos causados por declarações inexatas.
§ 3º O portador que não apresentar o cheque em tempo hábil, ou não comprovar a recusa de pagamento pela forma indicada neste artigo, perde o direito de execução contra o emitente, se este tinha fundos disponíveis
durante o prazo de apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja imputável.
§ 4º A execução independe do protesto e das declarações previstas neste artigo, se a apresentação ou o pagamento do cheque são obstados pelo fato de o sacado ter sido submetido a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência.
Obs.: Prescrito o cheque, caberá o ajuizamento da AÇÃO MONITÓRIA ou AÇÃO DE LOCUPLETAMENTO ILÍCITO. Segundo informativo do STJ (STJ. 2ª Seção. REsp 1.094.571-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. em 4/2/2013 (recurso repetitivo) (Info 513)), nessa ação, não se discute a causa debendi, isto é, a causa que deu origem ao título de crédito (no caso, o cheque). Portanto, é desnecessária a demonstração da causa de sua emissão, cabendo ao réu o ônus de provar, se quiser, a inexistência do débito.
PRAZO PRESCRICIONAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
Devedor principal e
avalista
Co-devedor avalista
(endossante)
Direito de regresso
Letra de Câmbio e
Nota Promissória
03 anos, contados
da data do
vencimento.
01 ano, contados do
protesto.
06 meses, contados
do pagamento ou de
quando demandado
(ou seja, citado).
Duplicata 03 anos, contados
da data do
vencimento.
01 ano, contados do
protesto.
01 ano, contado do
pagamento ou de
quando demandado
(ou seja, citado).
Cheque 6 meses, contados
do fim do prazo de
apresentação.
6 meses, contados
do protesto, mas na
prática ele não é
necessário. Veja o
art. 47, II da lei de
cheque.
6 meses, contados
do pagamento ou de
quando demandado.
EXERCICIOS – TITULOS DE CREDITO
1. Irmãos Silva Ltda. ajuizou ação constritiva para a cobrança de Nota
Promissória em face de Pedro Bulcão, na qualidade de emitente, e de Tiago
Pinheiro, na qualidade de avalista. Pedro Bulcão, após os trâmites legais,
opôs embargos, alegando a invalidade da cobrança por falsidade de
assinatura, pois não emitira o título. Tal alegação foi comprovada por exame
pericial. Tiago Pinheiro argüiu, diante da nulidade da assinatura, a
insubsistência de seu aval. Há procedência na argüição do avalista? Por quê?
Indique o dispositivo legal.
2. "A" passou um cheque para "B", sendo este garantido por aval por "C".
Ocorre que "A" não cumpriu com sua obrigação de pagamento a "B",
alegando em sua defesa que a obrigação era nula, por razão não relacionada
a vício de forma. "B", inconformado com a situação, busca seu escritório de
advocacia e pergunta como fica a posição de "C" neste caso e se há
viabilidade de seu cobrar dele a obrigação contida neste título. Responda
objetivamente, indicando os dispositivos legais pertinentes.
3. O cheque visado ou administrativo, devido às suas particularidades e
garantias, deve ser obrigatoriamente recebido como pagamento nas
relações de consumo? Justifique e fundamente.
4. Aplica-se à nota promissória a vedação de aval parcial, prevista no art. 897,
§ único do Código Civil? Justifique a resposta, indicando o dispositivo legal
aplicável.
5. (OAB CESPE 2006/2) No ano de 2003, na cidade de Recife, iniciou-se a
construção do “Praiano Business Center Apart Hotel”. A finalidade principal
do respectivo empreendedor, Praino Business Center Apart Hotel Ltda., era
construir um condomínio edilício situado à beira da praia de Boa Viagem,
vender as unidades autônomas a terceiros e, a seguir, construir, com estes,
sociedade em conta de participação para a exploração hoteleira. O arranjo
societário tinha a seguinte conformação: i) a Praino Business Center Apart
Hotel Ltda. seria a sócia ostensiva, única responsável pela administração do
negocio e pelas obrigações perante terceiros, e, por isso, receberia parte da
conta em participação; ii) os proprietários das unidades autônomas seriam
sócios-participantes, que permitiriam o uso dos correlatos bens imóveis pelo
negocio, sem responsabilidade perante terceiros, e concorreriam, também,
no lucro. Alienadas todas as unidades e encerrada a construção do prédio,
em final de 2005, deu-se inicio às atividades do Praino Business Center
Apart Hotel. Entretanto, às vésperas de começar a exploração do negocio, a
Praino Business Center Apart Hotel Ltda. adquiriu, da Ximenes Moveis
Funcionais S/A, vasto mobiliário para guarnecer os apartamentos. Todos os
bens comprados foram entregues na data aprazada. Contudo, o Apart Hotel
não pagou por eles. Apos varias tentativas, a Ximenes percebeu que havia
sido ludibriada e não viria a receber o valor acertado. Nesse contexto,
descobriu que Lucas de Jesus, grande empresário local, era dono de três
unidades do “Praiano” e, contra ele, emitiu uma duplicata, no valor de
R$28.000,00, correspondentes ao mobiliário que ocupou seus apartamentos.
Lucas se recusou a pagar o titulo, o qual foi apresentado a protesto.
Desesperado, Lucas, que não deseja ter o seu nome vinculado à pecha de
mau pagador, procurou um advogado, para que fosse ajuizada medida
judicial obstativa do registro do protesto.
Na qualidade de advogado procurado, diante dos fatos hipotéticos acima
narrados e atento ao exíguo prazo que a lei estabelece na espécie, elabora a
petição inicial para atender ao cliente.
6. (OAB GO 2003/01) João da Silva comprou no dia 10 de janeiro de 2006 um
aparelho de TV de 29 polegadas na loja Casa Carioca, dando em pagamento
5 (cinco) cheques no valor unitário de R$250,00 (duzentos e cinqüenta
reais), sendo o primeiro à vista e os quatro restantes “pré-datados”, com
vencimento para 10 de fevereiro, 10 de março, 10 de abril e 10 de maio,
respectivamente. Ocorre que no dia 10 de março a loja apresentou ao
banco, para saque, também os cheques vencíveis em abril e maio, o que
veio prejudicar o comprador que não possuía fundos suficientes em sua
conta, acarretando ao mesmo, alem da falta de credito na praça e a
retomada do bem adquirido, o encerramento de sua conta bancaria.
Indignado o cliente decidiu processar a loja. Pergunta-se: como advogado
de João, promova a ação cabível.
7. (OAB CESPE / 2004) Eficaz Administração e Serviços Ltda., pessoa jurídica
de direito privado, domiciliada em Brasília/DF e atuante no ramo de
prestação de serviços de limpeza e conservação, manteve contato
telefônico, com o objetivo de adquirir mercadorias necessárias às suas
atividades, com Ripestre Produtos Ltda., que se apresentou como possível
fornecedora. No entanto, nenhuma mercadoria solicitada foi entregue no
domicilio de Eficaz Administração e Serviços Ltda.