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Econômica, Rio de Janeiro, v.9, n.1, p.89-112, junho 2007 Evolução e realocação espacial do emprego formal – 1995-2005 Lauro Ramos* Resumo – As diferenças espaciais da evolução do funcionamento do mercado de trabalho já foram identificadas em alguns estudos, tendo por base a PNAD. Se, por um lado, o comportamento do nível da ocupação parece ser espacial- mente neutro, o do emprego formal, da ocupação industrial e da informalida- de é heterogêneo, principalmente no que diz respeito ao recorte metropolita- no. Esse estudo examina sob ótica semelhante as evidências para o emprego formal com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), um registro administração que é basicamente ma enumeração desse segmento. As diferenças são confirmadas e fica claro que o padrão é diferente nos períodos de 1995 a 1999 e de 2001 a 2005. Um exercício que procura avaliar simultaneamente o impacto espacial das mudanças nas estruturas setoriais da ocupação permite identificar que, no primeiro deles, o processo foi capitaneado pela despolarização industrial, mar- cado pelo esvaziamento das regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Já no segundo o principal fator foi a descentralização da administração pública, que engloba um espectro de fluxos espaciais do emprego bem mais amplo. Palavras-chave – Brasil, Mercado de Trabalho, Emprego Formal. JEL – J21, J4 1. Introdução Estudos anteriores que privilegiaram a análise da evolução do mer- cado de trabalho brasileiro no período que se seguiu ao início do proces- so de abertura comercial mostraram que essa evolução não foi territorial e setorialmente neutra para todas as variáveis de interesse na avaliação * Pesquisador do IPEA, com apoio do CNPq. Av. Presidente Antonio Carlos, 51/14º andar – Castelo, Rio de Janeiro – RJ – 20020-010. E-mail: [email protected].

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Evolução e realocação espacialdo emprego formal – 1995-2005

Lauro Ramos*

Resumo – As diferenças espaciais da evolução do funcionamento do mercadode trabalho já foram identificadas em alguns estudos, tendo por base a PNAD.Se, por um lado, o comportamento do nível da ocupação parece ser espacial-mente neutro, o do emprego formal, da ocupação industrial e da informalida-de é heterogêneo, principalmente no que diz respeito ao recorte metropolita-no. Esse estudo examina sob ótica semelhante as evidências para o empregoformal com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) doMinistério do Trabalho e Emprego (MTE), um registro administração que ébasicamente ma enumeração desse segmento. As diferenças são confirmadas efica claro que o padrão é diferente nos períodos de 1995 a 1999 e de 2001 a2005. Um exercício que procura avaliar simultaneamente o impacto espacialdas mudanças nas estruturas setoriais da ocupação permite identificar que, noprimeiro deles, o processo foi capitaneado pela despolarização industrial, mar-cado pelo esvaziamento das regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio deJaneiro. Já no segundo o principal fator foi a descentralização da administraçãopública, que engloba um espectro de fluxos espaciais do emprego bem maisamplo.

Palavras-chave – Brasil, Mercado de Trabalho, Emprego Formal.

JEL – J21, J4

1. Introdução

Estudos anteriores que privilegiaram a análise da evolução do mer-cado de trabalho brasileiro no período que se seguiu ao início do proces-so de abertura comercial mostraram que essa evolução não foi territoriale setorialmente neutra para todas as variáveis de interesse na avaliação

* Pesquisador do IPEA, com apoio do CNPq. Av. Presidente Antonio Carlos, 51/14ºandar – Castelo, Rio de Janeiro – RJ – 20020-010. E-mail: [email protected].

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do desempenho desse mercado.1 Enquanto a ocupação total e a taxa dedesemprego, por exemplo, tiveram um comportamento homogêneo se-gundo vários recortes geográficos, o mesmo não ocorreu no que diz res-peito a outros agregados, como o emprego formal – trabalhadores comcarteira, estatutários e militares – e o emprego na indústria,2 com refle-xos flagrantes sobre a informalidade. Conforme assinalado em RAMOS EFERREIRA (2005), nesses casos chama a atenção a existência de uma claradicotomia entre as áreas metropolitanas e as não-metropolitanas.3

Esse resultado, obtido a partir das informações das Pesquisas Nacio-nais por Amostras de Domicílios (PNADs), tem implicações importan-tes, pois revela que as inferências feitas a partir das estatísticas da Pesqui-sa Mensal de Emprego (PME) – pesquisa domiciliar contemporânea ede freqüência mensal, e por isso mesmo muito utilizada como referên-cia para diagnosticar o estado das artes no mercado de trabalho – nemsempre refletem bem a realidade no plano nacional, uma vez que essaverificação se restringe a um conjunto de seis regiões metropolitanas(RMs), deixando à parte as diferenças espaciais existentes nas dinâmicasdos mercados metropolitano e não-metropolitano.

Paralelamente às alterações na distribuição espacial, no caso doemprego formal em particular chama a atenção o comportamento da-dos índices de expansão do número de postos de trabalho. Conformebem documentado em PASSOS ET ALII (2005) e em outros trabalhos quetratam do assunto, depois de crescer de forma claudicante durante qua-se toda a década de 1990, em parte devido ao próprio processo de aber-tura comercial e à sobrevalorização cambial que se seguiu ao Plano Real,a expansão do emprego formal atingiu taxas superiores às do crescimen-to do PIB na década atual. Essa recuperação expressiva abrangeu inclu-sive o âmbito da indústria de transformação, segmento econômico maisafetado no período anterior. Outros segmentos com desempenho aca-nhado no final da década anterior que passaram a apresentar expansãosignificativa do emprego formal na atual são o do comércio e o da admi-nistração pública.4

Nesse contexto, o objetivo deste estudo é investigar mais detalhada-mente o crescimento e a despolarização do emprego formal, com ênfasenos segmentos da indústria de transformação e da administração pública.

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Tradicionalmente considerados redutos de postos de trabalho de maiorqualidade, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais(RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)5, esses setores se-rão privilegiados pela abordagem aqui proposta porque oferecem umpanorama mais rico para a compreensão da trajetória dos índices deemprego formal num quadro econômico bastante significativo. Enquantoa PNAD é uma pesquisa domiciliar de caráter amostral, a RAIS é umregistro administrativo (RA) que representa uma enumeração pratica-mente completa do setor formal.6 Como em 1994/1995 a RAIS passoupor importantes modificações metodológicas, que comprometem emparte a comparação dos resultados relativos à caracterização da naturezadas ocupações e setores de atividade com os índices correspondentesdos anos anteriores, o período de investigação terá seu ponto de partidanesse biênio e se prolongará até 2005, ano mais recente para o qual osdados estão disponíveis.

O caráter censitário da RAIS e o interesse em vínculos formais atornam mais adequada para o objetivo desse estudo. A ressalva a ser fei-ta, conforme bem apontado em RAMOS (2005), é que os RAs, em funçãode sua própria razão de existir, fornecem uma base de dados de naturezamais contábil, que os torna, de certo modo, pouco propícios para o tra-tamento estatístico.7 Além disso, embora represente um aprimoramentodo RA a ação da fiscalização que, identificando as firmas que não repor-taram os dados em um determinado ano, as força, então, a prestar infor-mações no ano seguinte, essa forma de registro tendeu a induzir umcrescimento do emprego formal que não necessariamente existiu.8 Demodo mais geral, a qualidade e consistência das informações prestadaspodem variar no tempo, e essa potencial oscilação acaba por prejudicara comparação temporal. Não obstante essa qualificação, a RAIS será usa-da aqui para esse propósito, como comumente se faz em estudos simila-res a este.

Afora esta breve introdução, o trabalho contém três outras seções.A primeira apresenta uma descrição da evolução do emprego formalnos setores da indústria de transformação e da administração pública,especificados por áreas metropolitanas e não-metropolitanas, regiõesgeográficas e unidades da federação. A segunda seção expõe uma meto-

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dologia própria para apreciar o impacto das mudanças na dinâmica re-gional e da estrutura setorial do emprego sobre a distribuição espacial,considerando as mesmas especificações arroladas na seção anterior. Porfim, a terceira e última parte resume os principais pontos identificadosno trabalho.

2. Evolução do emprego formal total

O conjunto de Tabelas 1, 2 e 3 sumaria algumas informações impor-tantes acerca da variação do número de postos de trabalho formais en-tre 1995 e 2005, de acordo com a RAIS.9 No período, o nível do empregono setor formal passou de 23,75 milhões para 33,24 milhões, com a gera-ção líquida de quase 10 milhões de postos de trabalho. O crescimentono plano nacional foi de 40,0%, o que equivale a uma média anual de2,8%. Conforme pode ser visto na Tabela 1, a quase totalidade dessageração de empregos foi alcançada de 1999 em diante – uma médiaanual de 1,2 milhões/ano, contra pouco mais de 300mil/ano noquadriênio anterior. Em termos de taxas, 33,0% do crescimento total nodecênio ocorreram entre 1999 e 2005, uma média de quase 4,9% a.a.,enquanto a taxa acumulada entre 1995 e 1999 não passou de 5,3%, pou-co menos de 1,3% a.a. Por si só, essa constatação é indicativa10 de que amudança de regime cambial funciona, na prática, como um “divisor deáguas” para fins de análise da questão de geração de postos de trabalhoformais.

Outro ponto a ser destacado é a discrepância nas respectivas taxasde crescimento acumuladas do nível de emprego formal entre as áreasmetropolitanas e não-metropolitanas:11 enquanto no Brasil não-metro-politano a expansão foi de 48,6%, o conjunto das regiões metropolita-nas (RMs) ficou bem abaixo, não passando de 23,6%. Ao restringir ouniverso apenas às seis RMs pela PME, o crescimento verificado é deapenas 9,8%, e inclui, ademais, em seu período incial, uma virtual estag-nação, fruto da retração observada em São Paulo e no Rio de Janeiro.Uma conseqüência desse crescimento desbalanceado é que as áreasmetropolitanas perderam representatividade: sua participação no índi-

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ce total do emprego formal caiu de majoritários 50,3% para 44,4, umaperda de 5,9 pontos percentuais (p.p.). Isso se deveu quase que exclusi-vamente ao conjunto coberto pela PME, que apresentou queda de 5,7p.p., com as duas maiores metrópoles – São Paulo e Rio de Janeiro –tendo sido responsáveis por 5,0 p.p. da redução total. Essa diferença dedesempenho deixa bastante claro que a PME, de uso bastante difundidopor captar movimentos conjunturais no mercado metropolitano, nemsempre reflete com acurácia a realidade do mercado de trabalho em suaglobalidade.

Para as grandes regiões geográficas, houve um crescimento acen-tuado, registrando-se os seus menores níveis em 1995: na região Norte, oemprego formal aumentou 81,4%, e na região Centro-Oeste chegou a68,7%, o que corresponde a uma expansão média superior a 6% a.a e5% a.a., respectivamente. As regiões Nordeste e Sul, embora de formamais modesta, também cresceram acima da média nacional. A regiãoSudeste, onde se encontram mais da metade dos postos de trabalho pro-tegidos, foi a que experimentou o menor crescimento, assinalado em29,8%. Assim, apesar de manter a posição majoritária, a região Sudestefoi a única que perdeu participação no período – 4,1 p.p. –, passando de55,8% em 1995 para 51,8% em 2005. Vale destacar, também, que as va-riações na participação segundo as regiões geográficas foram menoresdo que entre as áreas metropolitanas e não-metropolitanas. Essa dife-rença indica provavelmente uma peculiaridade do padrão da migraçãodo emprego formal, assunto que será investigado a seguir

A Tabela 2 detalha as variações dos índices de emprego formal se-gundo as unidades da federação (UFs). Os estados que apresentaram asmaiores taxas de crescimento nesse intervalo foram aqueles situados emáreas de expansão de fronteira agrícola, com destaque para Tocantins,Mato Grosso e Goiás. Há que destacar, além das UFs da região Norte eCentro-Oeste em geral, algumas da região Nordeste, principalmenteBahia e Ceará, que registraram crescimentos bem acima da média nacional.

Mais do que permitir identificar os estados que cresceram acima damédia, o que chama a atenção na tabela é o reduzido número dos quetiveram um desempenho abaixo dela – apenas seis. Dentre estes sobres-saem os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, que apresentaram as

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menores taxas de crescimento –18,7% e26,6%, respectivamente – e, porisso, foram por larga margem os que experimentaram as maiores redu-ções nas suas participações no total: –1,72 p.p. e 3,10 p.p., nessa ordem.12

Em linhas gerais, o comportamento do emprego formal foi relativa-mente homogêneo para grande parte das UFs: praticamente metade delasteve um crescimento entre 30% e 60%. Essa percepção de homogenei-dade é parcialmente corroborada pela constatação de que o índice deturbulência13 é menor entre os 27 estados – 5,6% – quando não se consi-dera a partição entre áreas metropolitanas ou não; quando se leva emconta essa especificação, o índice atinge a marca de 5,9%.

De fato, uma breve inspeção dos resultados que constam da Tabela2.1, na qual os estados que possuem regiões metropolitanas são dividi-dos nas suas parcelas metropolitanas e não-metropolitanas, torna essarealidade mais fácil de ser compreendida.14 Primeiro, das 26 áreas não-metropolitanas, apenas cinco têm crescimento abaixo da média: Paraí-ba, Alagoas e o “interior” de Pernambuco, São Paulo e do Rio Grandedo Sul – no caso das três primeiras, por uma margem ínfima. Segundo,das dez RMs sete têm uma performance inferior à do país como um todo,e as outras três estão bem pouco acima. Mais uma vez, São Paulo e Rio deJaneiro foram o destaque negativo, com acentuadas perdas relativas.

Ou seja, em termos de realocação espacial do emprego formal, orecorte mais relevante é, sem dúvida, aquele que opera com a discrimi-nação entre áreas metropolitanas e não-metropolitanas, que se impõe àdesagregação que envolve as UFs. Mais que isso, quando a segunda par-tição é sobreposta à primeira, o aumento do índice de turbulência émarginal. A combinação dessas duas evidências permite inferir que adinâmica espacial no que diz respeito ao emprego formal foi marcadapela migração de postos de trabalho das RMs para o interior dos pró-prios estados e/ou para estados adjacentes.

A Tabela 3 fornece elementos para identificar mudanças na compo-sição dos vínculos formais segundo outros atributos individuais e setoresde atividade. Em primeiro lugar, há uma evolução na participação relati-va das mulheres entre 1995 e 2005, de 3,0 p.p. Por certo esse aumentoreflete em boa medida a maior representatividade da população femini-na no conjunto da força de trabalho, mas não deixa de ser digno de nota

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o fato de ele ter ocorrido com maior intensidade no intervalo 1995-1999(1,8 p.p.), quando a conjuntura de mercado era bem menos propíciapara a obtenção de empregos formais.15

Em segundo lugar, o recorte educacional permite confirmar a cres-cente exigência de qualificação para o ingresso no setor protegido.16 Valesalientar que todos os grupos de trabalhares cuja formação não chega aonível do primeiro grau completo sofreram reduções na sua participaçãonesse segmento do mercado de trabalho, e, o que é mais impressionante,todos eles apresentaram crescimento negativo, ou seja, experimentaramreduções absolutas no período.17 O panorama é completamente distintono que diz respeito ao contingente que tem pelo menos o primeiro graucompleto, caracterizando claramente uma dicotomia: não apenas se ob-serva que todos os grupos aí contidos cresceram, como também se perce-be que essa expansão foi tendeu a favorecer aqueles que têm, agora, pelomenos o segundo grau completo. O conjunto desses trabalhadores comgrau mais elevado de escolaridade entre aqueles que possuem vínculoempregatício formal chegou, em 2005, a mais da metade (52,6%) do to-tal, uma elevação de quase 20 p.p. em comparação com os 33,1% aferidosem 1995.18 A intensidade dessas alterações reflete a expressividade do va-lor do índice de turbulência a elas pertinente – 20,6% – ,que supera emmuito o valor associado às mudanças espaciais.

Em terceiro lugar, a desagregação, estimada a partir dos gruposetários, revela uma redução absoluta na faixa mais jovem – até 17 anosde idade – e uma redução relativa na faixa que vai dos 18 aos 39 anos. Ogrupo etário que mais cresceu no âmbito do setor formal, e conseqüen-temente aumentou sua participação, foi aquele situado entre 40 e 65anos. Essa evidência complementa aquela fornecida pela composiçãoeducacional, indicando que o segmento formal do mercado de trabalhose tornou bastante mais exigente em qualificação, seja a adquirida pelaeducação formal, seja a que advém de experiência.

Por fim, uma partição de particular interesse por estar mais direta-mente associada à natureza do processo econômico refere-se aos setoresde atividade. A informalidade cresceu muito nas áreas metropolitanasnos anos 1990, expansão que foi neutralizada por uma redução, aindaque modesta, nas demais áreas (RAMOS E FERREIRA, 2006). Uma explica-

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ção plausível para esse fato seria a conjunção da migração de atividadesmais formais para o interior com a deterioração dos graus de formaliza-ção dos seus vínculos. A Tabela 3 não fornece evidências cabais nessesentido, mas chama a atenção o fato de que o setor econômico que so-freu a maior redução na sua participação nesse tipo de ocupação – 2,39p.p. – foi a indústria de transformação, bem como a administração pú-blica – 0,53 p.p., tradicionais redutos de bons empregos. As seções se-guintes serão dedicadas a um exame mais detalhado do padrão da dinâ-mica espacial desses segmentos.

2.1. Evolução do emprego formal na indústria

O emprego formal na indústria de transformação, que em 1995 res-pondia por mais de 20% do total de postos de trabalho dessa natureza,experimentou um ritmo de crescimento mais modesto – apenas 25,2% –em comparação com o índice de crescimento global do emprego for-mal: de 4,90 milhões em 1995, a quantidade de trabalhadores formaisnesse setor passou para 6,13 milhões em 2005, número correspondentea 18,5% do total. Conforme pode ser visto na Tabela 4, tal como se pôdeobservar para o agregado, a mudança de regime cambial no início de1999 parece demarcar dois períodos distintos, mas, nesse caso, essa dis-tinção toma forma ainda mais aguda, já que entre 1995 e 1999 houve, naverdade, uma destruição líquida de quase 300 mil postos de trabalho nosetor. Nos anos seguintes houve uma geração líquida de 1,5 milhões deempregos formais na indústria, o que corresponde a uma apreciável taxamédia de expansão anual de 4,9%.19

De forma análoga, o contraste entre o comportamento nas regiõesmetropolitanas e nas áreas não-metropolitanas também foi mais agudono caso da indústria que no do agregado. Na verdade, entre 1995 e 2005houve um encolhimento do emprego formal nesse segmento econômi-co nas RMs, concentrado naquelas cobertas pela PME: nessas últimas,houve uma destruição de 156 mil postos de trabalho que não chegou aser compensada pela geração líquida de 107 mil nas demais. Em contra-partida, nas áreas não-metropolitanas o crescimento acumulado foi de48,7%, concentrado no período mais recente, o que acarretou um au-mento de 10,3 p.p. na sua participação relativa.

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Vale lembrar que o deslocamento do emprego industrial das RMspara as demais áreas foi um dos principais fatos estilizados da década de1990 identificados por RAMOS E FERREIRA (2005), com base na PNAD. 20 Oresultado aqui obtido com os dados da RAIS não só reforça aquela con-clusão, como também a qualifica, o que é mais importante. Antes demais, fica claro que o processo de migração da ocupação na indústriaocorreu quando o objeto de análise era o emprego formal em sentidoestrito; além disso, no que tange aos vínculos protegidos, esse fenômenoé característico das RMs cobertas pela PME, na medida em que apenasPorto Alegre mostrou crescimento no período assinalado, ao mesmotempo que Rio de Janeiro e São Paulo, as duas maiores,21 experimenta-ram drásticas reduções. Estes dados não só confirmam a hipótese dedespolarização do emprego de qualidade na indústria, como tambémpermitem concluir que o uso dos resultados da PME para avaliar o pa-drão de comportamento do mercado de trabalho leva a diagnósticosequivocados, na medida em que indica aumentos exagerados, ou mes-mo inexistentes, no grau de informalidade na indústria.

Vale destacar também que, ao contrário do verificado para o em-prego formal como um todo, no segmento industrial a realocação entregrandes regiões geográficas foi mais intensa. Respalda essa afirmação adiferença observada entre os índices de turbulências associados às mi-grações do emprego formal como um todo – 4,1% – e do emprego for-mal na indústria, que é de 8,2%. As maiores variações regionais para estesetor aconteceram na região Sudeste, onde o índice caiu de 61,1%, em1995, para 52,9% em 2005, e na região Sul, onde se registrou a maiorvariação positiva – 3,34 p.p. Todas as demais regiões aumentaram a fra-ção de sua participação no total,22 mas de forma menos marcante.

As informações acerca da redistribuição entre as UFs na Tabela 5são, a princípio, um pouco surpreendentes. Afinal de contas, para osrecortes analisados até aqui a intensidade dos movimentos espaciais paraa indústria foi maior do que para o agregado. Não obstante, apenas trêsestados tiveram um desempenho inferior à média no tocante à expan-são do emprego industrial – São Paulo, Pernambuco e Rio de Janeiro23 –,enquanto que no concernente ao emprego formal como um todo foramem maior número – os mesmos três estados mais Rio Grande do Sul,Alagoas e, em menor escala, a Paraíba.

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Na verdade, a maior heterogeneidade do comportamento do em-prego na indústria está intimamente associada a esse aparente parado-xo. Embora sejam apenas três os estados com crescimento abaixo damédia, em todos estes ocorreu uma retração do nível do emprego for-mal, sendo a mais destacada a do Rio de Janeiro, que chegou a 12,9%.Como conseqüência, as participações relativas desses estados no totaldiminuíram, e no caso de São Paulo a perda foi 6,87 p.p. Além disso,para o emprego formal como um todo há uma elevada concentração emtorno da média, o que não acontece no setor industrial, onde 18 estadostêm um crescimento superior ao dobro da média nacional, de sorte quea amplitude das variações nas participações individuais foi de 8,82 p.p.,comparado a 3,90 p.p. no caso do agregado. As maiores taxas de cres-cimento ocorreram para estados que tinham baixa quantidade de víncu-los formais em 1995, particularmente nas regiões Norte e Centro-Oeste,enquanto os maiores aumentos nas fatias do emprego formal na indús-tria foram observadas na região Sul, particularmente nos estados doParaná e Santa Catarina – 1,95 p.p. e 1,30 p.p., respectivamente.

A intensidade da realocação espacial do emprego industrial entreas UFs é confirmada pelo índice de turbulência de 9,7%. Contudo, ape-sar de ser mais elevado que o do emprego total, esse índice ainda é bas-tante parecido com o da partição segundo o critério “regiões metropoli-tanas”. Nesse contexto, os resultados das Tabelas 4 e 5 ratificam de diversasformas o processo de despolarização anteriormente identificado: a) dassete áreas que tiveram uma performance inferior à média, cinco são RMsda PME; b) as duas maiores delas, São Paulo e Rio de Janeiro, têm que-das na participação que praticamente equivalem aos ganhos de todas asáreas que ampliaram suas fatias no emprego industrial formal; c) apenasduas áreas não-metropolitanas apresentaram desempenho comparativa-mente fraco, no Rio de Janeiro e em Pernambuco (no caso do Mara-nhão a redução foi mínima); d) em todas as UFs que possuem RMs,incluindo estas duas últimas, o desempenho das áreas não-metropolita-nas foi superior; e e) das sete áreas que mais expandiram sua participa-ção, cinco foram não-metropolitanas de UFs onde há uma metrópole;entre estas cabe salientar a do estado do Paraná, que lidera com 1,61p.p., e a do estado de São Paulo, que aumentou 0,68 p.p.24

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Assim, de modo geral, a dinâmica de realocação espacial do empre-go formal na indústria apresentou um padrão parecido com aquele ob-servado para a totalidade do setor protegido; no setor industrial, porém,a intensidade dessa dinâmica foi mais aguda,25 especialmente na segun-da metade da década anterior, e se concentrou nas duas maiores RMs,que foram alvo de um processo de forte despolarização.

2.2. Evolução do emprego formal na administração pública

Os dados apresentados na Tabela 6 mostram que o emprego formalna administração pública também teve um desempenho melhor no se-gundo que no primeiro período, embora não de forma tão flagrantecomo no caso da indústria: aqui se registram taxas médias de 4,0% a.a.entre 1999 e 2005, e 2,3% a.a. entre 1995 e 1999. Chama a atenção,contudo, o fato de que o esvaziamento das metrópoles foi mais intenso –uma perda de 12,4 p.p. na participação do emprego formal do setor – egeneralizado, à exceção apenas de Recife e Fortaleza, que tiveram umdesempenho acima da média nacional. Além disso, embora novamentetenha havido uma perda apreciável na representatividade das RMs deSão Paulo e Rio de Janeiro, a magnitude, especialmente para a primeira,foi bem menor que a que se observou para a indústria. O mesmo podeser dito a respeito do conjunto das RMs da PME (perda de 5,8 p.p. con-tra 10,6 p.p. no caso da indústria), sendo que agora o desempenho infe-rior à média ocorreu também para as metrópoles não cobertas pela PME.Por fim, é importante notar que praticamente todo esse processo deperda de importância relativa das metrópoles no âmbito da administra-ção pública ocorreu no segundo período, quando houve uma retraçãodo nível do emprego formal nas RMs e uma expansão próxima de 60%fora delas. Essa alteração fez com que a participação delas no total caíssede 52% para menos de 40% em um intervalo de seis anos.

Como conseqüência desse esvaziamento mais generalizado dasmetrópoles no período recente, a realocação espacial, em termos degrandes regiões geográficas, penalizou, além do Sudeste, também a re-gião Sul. As regiões Norte e Nordeste foram as maiores beneficiadas,com taxas de crescimento bem acima da média. Já para a Centro-Oeste o

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comportamento do emprego formal na administração pública foi ligei-ramente intrigante, tendo havido uma sutil perda relativa no primeiroquadriênio, seguida de recuperação nos anos seguintes, de sorte que noperíodo como um todo se auferiu um ganho modesto.

A Tabela 7 mostra o comportamento para esse setor por UF e ajudaa esclarecer o caráter mais abrangente da realocação espacial na admi-nistração pública. Ao passo que, como foi visto, houve apenas quatro“perdedores” no setor industrial, entre os quais Rio de Janeiro e SãoPaulo foram os de maior expressão, nesse outro segmento dez UFs apre-sentaram desempenho inferior à média para o crescimento do empregoformal. O estado de São Paulo continua a se destacar, com uma retraçãode 3,5 p.p. na sua participação, mas agora Paraná, Rio Grande do Sul eDistrito Federal juntam-se ao Rio de Janeiro na lista que apresenta per-das palpáveis. As outras cinco UFs, quatro delas do Nordeste, apresenta-ram contrações bem menores. Entre os beneficiados pela realocação doemprego na administração pública, o destaque é para Bahia, Ceará eMinas Gerais (apesar do fraco desempenho de Belo Horizonte), queexperimentaram ganhos na sua participação da ordem de 1 p.p.

As mudanças na estrutura do emprego desse setor parecem, por-tanto, importantes para entender a realocação espacial, em particularna década anual. De forma distinta da indústria de transformação, ondeo termo “despolarização” parece mais adequado para designar o tipo demudança ocorrida, definida basicamente pelas perdas das RMs de SãoPaulo e Rio de Janeiro, na administração pública o fenômeno oferecesinais mais evidentes de uma descentralização propriamente dita, umavez que abrange um abrandamento da relevância das metrópoles comoum todo e das duas regiões geográficas de maior desenvolvimento e di-namismo.

3. O efeito da realocação setorial sobre as mudançasespaciais do emprego formal

Para procurar analisar de forma conjunta os efeitos das mudançasna dinâmica espacial da estrutura setorial sobre a distribuição espacial

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do emprego, faremos uso de uma modelagem relativamente simples etransparente, que pode ser encarada como uma versão simplificada dotradicional modelo shift-share.26

Para tanto, a relação de natureza contábil que expressa o empregototal em uma determinada unidade espacial, ou região (r), como o so-matório desse tipo de emprego ao longo de todos os setores de atividadeeconômica em cada instante de tempo:

(1)

onde:rtE : nível total do emprego formal na unidade espacial (região) r no

instante t;rite : nível do emprego formal no setor i da região r no instante t.

O vetor { }RrE rt ,...,1, = fornece, então, a distribuição espacial do em-

prego formal segundo a partição R. Através da definição de it

ritr

it Ees = onde:

∑=r

ritit eE : nível total do emprego formal no setor i no instante t;

rits : fração do emprego formal total do setor i no instante t na região r;

é possível introduzir de forma mais explícita a noção da relação entreestrutura setorial e distribuição espacial na equação (1), que pode entãoser reescrita como:

(2)

A partir daí é possível simular qual teria sido o nível do empregoformal na região r no tempo t, caso a distribuição do emprego nos diver-sos setores segundo a partição espacial considerada fosse aquela obser-vada em um instante de referência t ; essa estimativa é dada pela seguin-te expressão:27

(3)

O vetor { }RrE rt ,...,1, = fornece, então, a distribuição “emprego” se-

gundo a partição R , que prevaleceria em t caso não tivesse havido alte-

∑=i

rit

rt eE

iti

rit

rt EsE ∑=

iti

rti

rt EsE ∑=

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rações nas dinâmicas espaciais dos diversos setores; assim, que as estrutu-ras setoriais do emprego tivessem permanecido as mesmas que em t paratodos eles.

A diferença entre os elementos correspondentes dos dois vetoresfornece os ganhos/perdas de emprego formal para cada região – ∆Er

tt#,advindos das mudanças observadas nas estruturas setoriais de empregoentre os dois instantes de tempo, isto é:

∆Ertt# = ∑ (sr

it – srit#) Eit = Er

t – #Ert (4)

Com isso é possível verificar não apenas como cada região foi afeta-da pelas mudanças setoriais, mas também como esse resultado pode seratribuído a cada um dos setores em particular através da explicitação decada componente do somatório. Essas diferenças, para efeito de simpli-ficação, serão doravante denominadas “efeito realocação setorial”. 28

O restante da seção é dedicado à aplicação dessa técnica para ocômputo do efeito “realocação” para as três especificações listadas naseção 2 – metropolitano, grandes regiões e UFs.29 A tabela 8 mostra queo efeito realocação setorial foi negativo para as regiões metropolitanas,ou seja, as mudanças na estrutura do emprego, para o conjunto e noplano de cada setor, foram praticamente sempre no sentido de deslocaro emprego formal para as áreas não-metropolitanas: em 1999 o níveldesse tipo de ocupação era inferior em cerca de 580 mil postos de traba-lho do que chegaria a ser caso tivesse prevalecido a distribuição de 1995,e em 2005 estava 2,2 milhões abaixo do que teria atingido se se mantives-se constante a estrutura de 1999 e quase 3,0 milhões a menos do quepoderia ter segundo o padrão de 1995.

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Em que pese a penalização ser generalizada, dois pontos chamam aatenção: (i) entre 1995 e 1999 ela foi muito intensa na indústria de trans-formação e respondeu por quase metade do efeito total; e (ii) embora adespolarização industrial tenha continuado no período mais recente, adescentralização da administração pública, inexistente no primeiro pe-ríodo, posteriormente se tornou o fenômeno de maior importância, res-ponsável pelo “deslocamento” de mais de 950 mil vagas para as áreasnão-metropolitanas, novamente quase metade do total. Considerando ointervalo como um todo, comércio e serviços também apresentam umacontribuição relevante. Embora a mera apreciação dos dados na seção 2indicasse a importância relativa da indústria de transformação e da admi-nistração pública, os resultados do exercício na Tabela 8 emprestam co-res mais nítidas para a visualização da intensidade dos processos em cadaperíodo.

Tabela 8Tabela 8Tabela 8Tabela 8Tabela 8Efeito Realocação Espacial por Setor – Regiões MetropolitanasEfeito Realocação Espacial por Setor – Regiões MetropolitanasEfeito Realocação Espacial por Setor – Regiões MetropolitanasEfeito Realocação Espacial por Setor – Regiões MetropolitanasEfeito Realocação Espacial por Setor – Regiões Metropolitanas

Fonte: Elaboração própria a partir da RAIS

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A Tabela 9 mostra os resultados do efeito “realocação setorial”, oíndice total e os índices parciais correspondentes aos principais setoressobre a distribuição espacial segundo as grandes regiões geográficas. Noagregado, a região Sudeste é a grande fonte da migração de postos detrabalho formais: o movimento aí registrado é próximo da marca de 1,4milhão no decênio 1995-2005. As Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oestesão os principais destinos desse fluxo, em magnitudes semelhantes. Nosegundo período, todavia, a Região Sul também se apresenta como pon-to de origem dessa migração, o que se deve basicamente à descentraliza-ção da administração pública, que também a atinge, influindo mormen-te sobre suas duas metrópoles – Curitiba e Porto Alegre. No que dizrespeito à Região Sul, mesmo considerando sua mudança de padrão decrescimento nos anos recentes, sobretudo quando se comparam os re-sultados das Tabelas 8 e 9, fica claro que o efeito de migração de postos

Tabela 9Tabela 9Tabela 9Tabela 9Tabela 9Efeito Realocação Espacial por Setor – Grandes RegiõesEfeito Realocação Espacial por Setor – Grandes RegiõesEfeito Realocação Espacial por Setor – Grandes RegiõesEfeito Realocação Espacial por Setor – Grandes RegiõesEfeito Realocação Espacial por Setor – Grandes Regiões

Fonte: Elaboração própria a partir da RAIS

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de trabalho ditado pela realocação do emprego setorial é mais forte emtermos da partição “metropolitano” do que por regiões geográficas. Semmaiores surpresas e respaldando os fatos estilizados identificados na se-ção anterior, a natureza diferenciada na forma e no tempo da dinâmicasetorial da indústria e da administração pública explica o padrão derealocação espacial segundo as regiões geográficas (a soma dos dois, nacoluna direita da tabela, é elevada para todas, menos o Centro-Oeste).

O efeito “realocação setorial” no plano das UFs tem um padrãobem mais difuso, mantendo, não obstante, as linhas gerais das partiçõesanteriores nos dois períodos. Quando considerado o intervalo como umtodo, distinguem-se seis estados para os quais o efeito realocação é nega-tivo – São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco, mos-trados na Tabela 10, além de Alagoas e Paraíba, em proporções diminu-tas –, e seis com ganhos expressivos – os quatro abaixo listados, um decada região, mais Mato Grosso e Pará. Para as outras 15 UFs, esse efeitoé positivo e sua quantificação, inferior a 100 mil postos de trabalho.

Tabela 10Tabela 10Tabela 10Tabela 10Tabela 10Efeito Realocação Espacial por Setor – UFs: 2005-1995Efeito Realocação Espacial por Setor – UFs: 2005-1995Efeito Realocação Espacial por Setor – UFs: 2005-1995Efeito Realocação Espacial por Setor – UFs: 2005-1995Efeito Realocação Espacial por Setor – UFs: 2005-1995

Fonte: Elaboração própria a partir da RAIS

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Os oito estados mostrados acima confirmam em geral a importân-cia dos dois setores que a presente análise destaca, embora não de formatão flagrante quanto no caso das desagregações por RMs e grandes re-giões. Para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina o percentual é baixo,no primeiro porque o efeito da indústria é modesto e no segundo devi-do à neutralidade desse efeito sobre o setor de administração pública.Talvez o caso mais interessante seja o de Pernambuco, que foi afetadopela desindustrialização (e perda de expressão de outros setores), masfortemente favorecido pela descentralização da administração.

4. Avaliação da evolução do emprego formalno período 1995-05

Os dados da RAIS mostram que houve, tanto para o emprego for-mal como um todo quanto no caso da indústria em particular, dois mo-mentos bastante distintos no padrão de expansão entre 1995 e 2005: ointervalo que se estende de 1995 até 1999 e o que vai deste ano até 2005.No primeiro quadriênio o rendimento foi bastante fraco, com poucocrescimento no agregado, redução do nível de emprego formal na in-dústria e um desempenho apenas razoável na administração pública. Jáno segundo, o ritmo de criação de empregos protegidos foi bem maisintenso, pujante até, ocorrendo uma boa recuperação da indústria euma aceleração não setor de administração pública.

Essa diferença de comportamento está associada a uma conjugaçãode fatores que tornou o ambiente econômico pouco propício para acriação de empregos em geral, e protegidos em particular, no primeiroperíodo. A economia, no bojo da estratégia de abertura comercial, pas-sava por um processo de estabilização de preços sustentado por umapolítica cambial que valorizava o real, em meio a um cenário de instabi-lidade no sistema financeiro internacional, então marcado por uma sé-rie de ataques a moedas nacionais. A incerteza daí derivada arrefecia, eplausivelmente reprimia, a demanda por trabalho. No segundo perío-do, com o advento da mudança de regime cambial e diante de um cená-rio econômico internacional bastante favorável, o grau de incerteza di-

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minuiu consideravelmente e a geração de postos de trabalho foi estimu-lada. Essa mudança de conjuntura acarretou um crescimento expressivodo emprego formal, em parte impulsionado até pela existência de umademanda reprimida no período anterior.

Outra característica de destaque do padrão de evolução do empre-go formal está relacionada com sua distribuição espacial. O processo derealocação geográfica foi marcado pela despolarização, principalmenteatravés da redução de sua concentração nas RMs. O emprego formalmigrou para fora das metrópoles, em particular para o conjunto daque-las cobertas pela PME, e manifestamente para as duas maiores regiõesmetropolitanas do país, São Paulo e Rio de Janeiro. Os maiores benefi-ciários desse esvaziamento metropolitano foram as áreas não-metropoli-tanas dos próprios estados dessas capitais – inclusive, com alguma sur-presa, o interior do Estado do Rio de Janeiro – e os estados vizinhos. Aparcela não-metropolitana de Minas Gerais, Paraná e Bahia, e os Estadosde Santa Catarina, Goiás e Mato Grosso, foram os segmentos geográficosque mais aumentaram sua participação no total do emprego protegido.

O emprego formal na indústria, seguindo a mesma toada, tambémexperimentou um padrão espacial de despolarização. A intensidade foi,na verdade, maior e mais centrada nas RMs de São Paulo e Rio de Janei-ro, os dois maiores pólos industriais do país, responsáveis pelo índicetotal do encolhimento metropolitano em termos absolutos. No outroextremo, os Estados do Paraná, Ceará e Rio Grande do Sul, com desta-que para suas áreas não-metropolitanas, junto a Santa Catarina e Goiás,foram os estratos geográficos que mais aumentaram suas participações.Quanto à administração pública, no que concerne ao período de 1999 a2005, o processo de realocação espacial foi mais abrangente e envolveuuma perda de importância relativa generalizada das metrópoles, refleti-da principalmente no desempenho das regiões Sudeste e Sul. No planodas UFs, as perdas também foram bastante disseminadas, atingindo atéalguns estados do Nordeste, embora tenham sido mais agudas para o Sule o Sudeste.

Os efeitos da realocação do emprego setorial sobre a distribuiçãoespacial do emprego formal, oriundos de metodologia que incorpora osmovimentos de todos os setores à análise, confirmam a importância dos

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dois setores aqui abordados para entender a dinâmica espacial dessetipo de emprego. A despolarização industrial no final da década ante-rior e a descentralização da administração pública no início da atualmostram um padrão espacial comum, particularmente no que se refereàs RMs vis-à-vis as áreas não-metropolitanas. A despolarização industrialé um fenômeno relativamente conhecido, analisado e documentado,enquanto a descentralização da administração pública requer esforçoadicional de pesquisa para determinar suas possíveis causas e seus con-tornos, mais difusos à medida que a desagregação espacial analisada émais fina.

De qualquer modo, a combinação desses dois processos confirma etorna mais fácil a compreensão das indicações discordantes a respeitoda evolução da informalidade fornecidas pela PNAD e pela PME, e suge-re cautela na interpretação dos dados contemporâneos para fins de ava-liação de tendências da conjuntura fornecidos pela pesquisa domiciliarmensal do IBGE.

Notas1 Para uma discussão mais abrangente acerca dos impactos da abertura comercial so-

bre empregos e salários no Brasil, ver ARBACHE E CORSEUIL (2004), CORSEUIL E KUME

(2003) e SOARES (2001).2 Para uma análise mais detalhada do caso do emprego industrial, ver GONZAGA E CORSEUIL

(2001) e BONELLI (1999).3 A existência da chamada “guerra fiscal” entre as unidades da federação, bem como a

degradação das grandes metrópoles em geral, são comumente arroladas entre as ra-zões que explicariam tal processo. Em tempos mais recentes, a tendência de descen-tralização da administração pública também pode ser incluída entre os fatores poten-cialmente responsáveis por mudanças espaciais no emprego formal. Uma avaliaçãoespecífica desses pontos, contudo, escapa ao escopo do trabalho. Para o leitor interes-sado são fornecidas na Bibliografia indicações de literatura pertinente.

4 Uma possível razão para a descentralização do emprego na administração públicapode estar na mudança operada na composição do gasto público em função de alte-rações no ICMS, como proporção do PIB, as transferências para estados e municí-pios, e a criação da DRU. Para uma análise dessa mudança. ver Giambiagi (2007).

5. As informações da RAIS, fornecidas em caráter compulsório pelas empresas, retra-tam o estoque de vínculos formais ativos no dia 31 de dezembro de cada ano.

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6 Para uma avaliação sintética das vantagens e desvantagens de pesquisas domiciliaresvis-à-vis registros administrativos, ver TAFNER (2006), capítulo 5.

7 Normalmente a sua existência está associada a fins de acompanhamento de políticaspúblicas e/ou fiscalização do cumprimento de normas legais, através da obrigatorie-dade da prestação de informações pelas firmas. O fato de que essa reportagem repre-senta custos que nem sempre têm benefícios claros como contrapartida, bem como apossibilidade de o empenho individual ser afetado pela existência de externalidadesnegativas, fazem com que a qualidade das informações seja difícil de ser controlada, edeixe a desejar.

8 Nesse sentido, o próprio crescimento recente do setor exportador, que pelas regras enormas que tem de cumprir é necessariamente mais “visível” e, portanto, passível defiscalização, pode com toda probabilidade ter causado um efeito desse tipo.

9 Dada a quantidade de informações contidas nas tabelas, estas são inseridas no final dotrabalho, no intuito preservar em alguma medida a fluidez da leitura.

10 A comprovação de existência de uma relação causal está fora do escopo do estudo.Para discussão a respeito, ver RIBEIRO ET ALLI (2004).

11 Cumpre assinalar que o Distrito Federal foi incluído entre as regiões metropolitanas.12 Apesar disso, eles ainda respondiam por cerca de 40% do total de vínculos protegidos

em 2005.13 O índice de turbulência (ITtt0

) representa a menor parcela de postos de trabalho queteriam de ser realocados no período final (t) para reconstituir a distribuição original(t0). Ele varia entre 0 e 1 e, quanto maior o seu valor, maiores as mudanças espaciais.Conforme definido e ilustrado em Barros et alli (1997), no caso de uma partição emgrupos da população ele pode ser calculado através da expressão ∑ −=

r

rt

rtttIT

00 2

1 φφ , onder representa os grupos da repartição espacial considerada e r

tφ é a fração do empregototal no grupo r no tempo t. Ou, de forma mais simples, basta somar as variaçõespositivas nas participações entre t0 e t.

14 Quando se considera essa partição estendida, o índice turbulência sobe para 6,7%.15 Uma boa discussão sobre o aumento da participação feminina pode ser encontrada

em SCORZAFAVE E MENEZES-FILHO (2001).16 Para uma análise detalhada das mudanças da demanda por trabalho em favor da mão-

de-obra qualificada e seus impactos no mercado de trabalho, ver REIS (2006).17 Ver TAFNER (2006), capítulo 5, para evidências a respeito na PNAD.18 No intervalo 1995-1999 também ocorreu aumento nessa participação, mas restrito a

5,4 p.p.19 O bom momento da economia internacional na maior parte desse período foi, sem

dúvida, outro fator favorável para esse formidável crescimento recente.20 O resultado obtido nesse trabalho diz respeito à ocupação total na indústria, incluin-

do o trabalho informal.

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21 Essas duas RMs são responsáveis por cerca de 2/3 da amostra da PME.22 Por isso mesmo, o índice de turbulência é idêntico à queda na participação relativa da

Região Sudeste.23 Tanto o nível quanto a magnitude da redução da participação relativa do Maranhão

contribuem para que ela possa ser negligenciada.24 Informações completas sobre essa desagregação podem ser obtidas com os autores,

ou calculadas a partir das tabelas 4 e 5.25 O índice de turbulência nesse caso fiou em 11,2%;26 Para uma descrição mais extensa dessa técnica analítica, ver ARCELUS (1984).27 A hipótese implícita é que eventuais incrementos de produtividade em um setor qual-

quer são homogêneos ao longo das regiões.28 O somatório desse efeito, considerando a totalidade das regiões, é nulo, como pode

ser facilmente visto a partir de (4). Analogamente, o somatório de um componentesetorial isolado ao longo de todas regiões é também zero.

29 Por limitações de espaço serão apresentados apenas alguns resultados selecionados doexercício para cada partição. As informações completas estão disponíveis com o autor.

Sector and Spatial Reallocation ofFormal Employment – 1995-2005

Abstract – Differences in the spatial pattern of Brazilian labor market evolutionhave already been identified in other studies based on the national householdsurveys (PNAD). On the one hand, the behavior of the total level occupationseems to spatially neutral. On the other, the pattern for formal employment,industrial occupation as well as the degree of informality is not. This study triesto take advantage of another source of information collected by the Ministry ofLabor at the firm level that constitutes an enumeration of the formal sector,RAIS/MTE, to examine more closely what happened to formal employmentbetween 1995 and 2005. The results support the previous findings, and it becomesclear that there are two different patterns: one for the 1995-199 and other forthe 2001-2005 periods. An exercise similar to the shift share analysis modelrevealed that changes in the employment structure at the sector level wereimportant for these results. In the first interval the spatial process was driven byan industrial depolarization, with an intense migration of employment in thissegment from the metropolitan regions of São Paulo and Rio de Janeiro toother areas. In the second the decentralization of public administration was themain factor, entailing a larger variety of regional flows.

Key words – Brazil, Labor Market, Formal Employment.

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4 • ECONÔMICA V.9 N.1 – ANEXO – TABELAS

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6 • ECONÔMICA V.9 N.1 – ANEXO – TABELAS

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8 • ECONÔMICA V.9 N.1 – ANEXO – TABELAS

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10 • ECONÔMICA V.9 N.1 – ANEXO – TABELAS

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LAURO RAMOS • 111

Econômica, Rio de Janeiro, v.9, n.1, p.89-112, junho 2007

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112 • EVOLUÇÃO E REALOCAÇÃO ESPACIAL DO EMPREGO FORMAL – 1995-2005

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Recebido para publicação em dezembro de 2005.Aprovado para publicação em maio de 2007.